Relatório 01 - Quanti Exp. I - Calibração de Vidrarias
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Relatório nº 1
Calibração de aparelhos volumétricos
Jade Boscaglia Vieira da Cunha
Jenifer Rigo Almeida
Ludmila Rocha Rodrigues
Vitória, 12 de dezembro
2° Semestre/2012
1. INTRODUÇÃO
Alcançar o valor real de uma medição é quase impraticável, pois medidas
invariavelmente envolvem erros e incertezas. É possível minimizar os erros fazendo
uma cadeia de medições podendo chegar a um valor próximo ao real. Esses erros
podem ser sistemáticos ou aleatórios. [1] Os erros sistemáticos ou determinados são
aqueles de causas identificáveis e valores definíveis relacionados à instrumentação,
à metodologia ou ao operador. Como por exemplo, calibrações falhas,
comportamentos não ideais de sistemas analíticos e imprudências, respectivamente. [1,2] Os erros aleatórios ou ainda, indeterminados, são gerados por variáveis
incontroláveis, estão embutidos em toda e qualquer medida e não podem ser
totalmente eliminados, sendo uma fonte de incertezas, pois os fatores contribuintes
para esse tipo de erro são dificilmente detectáveis e os erros são muito pequenos
individualmente, portanto o seu efeito é cumulativo. [1, 2]
Os erros, em geral, podem ser causados também pelas incertezas nos
resultados. Num experimento em laboratório é essencial a anotação de grandezas
físicas obtidas a partir do procedimento realizado. Ao se apresentar o resultado de
uma medição se torna fundamental a indicação quantitativa da qualidade do
resultado para que assim a confiabilidade do mesmo seja avaliada. A ausência
dessa indicação implica em resultados de medição que não podem ser comparados,
seja entre eles mesmos seja com valores de referência fornecidos numa
especificação ou norma. Esta indicação é expressa pela incerteza, um valor
associado ao resultado declarado de uma medição que agrupa em si todos os
componentes de erro conhecidos ou suspeitos tenha sido avaliado e as correções
adequadas. [3]
Matematicamente, pode ser definida como uma fração da menor divisão
escalar, ou seja, é no dígito duvidoso que se encontra a incerteza da medida,
resultando numa amplitude representada por ± a incerteza fixada pelo operador de
acordo com a leitura de escala do instrumento utilizado na medição. Esta é
caracterizada como incerteza absoluta. Já a incerteza relativa é dada pelo quociente
entre a incerteza absoluta e a medida obtida, comumente é explícita em termos
percentuais. [4]
2
Para a garantia de qualidade e confiabilidade dos resultados nas medições
químicas a metrologia, que é a ciência das medições, utiliza o desenvolvimento de
métodos de referência na organização de padrões, que em química são chamados
de materiais de referência. Os resultados obtidos a partir das medições realizadas
em uma análise química dependem de como estas foram realizadas e da aplicação
das chamadas boas práticas de laboratório (BPL), práticas estas que evitam
operações desnecessárias e reforçam os cuidados durante as etapas críticas. [5,6]
Atualmente a metrologia tem se tornado cada vez mais importante e visada
pelos países, principalmente pelo Brasil, por aspectos referentes à qualidade que
são decisivos em um mercado globalizado. Além do ganho em qualidade, deve-se
ainda destacar que os gastos relacionados à metrologia representam atualmente um
percentual muito menor do que o percentual de retrabalho e desperdício na cadeia
de produção. [6]
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
2.1. Calibração de um balão volumétrico
A calibração foi realizada para um balão volumétrico de 100,00 mL. A aferição
de um balão volumétrico é feita pela pesagem da quantidade de água que ele
suporta. Primeiramente o balão foi pesado seco e posteriormente foi adicionado de
água até o menisco do balão para que este pudesse ser pesado, tal procedimento
foi realizado em triplicata.
2.2. Calibração de pipetas
A calibração foi realizada para as pipetas de 10,00 mL e 25,00 mL. A aferição
de uma pipeta é feita pela pesagem da quantidade de água que por ela é escoada.
As medições foram realizadas em triplicata e a água escoada em cada uma das
vezes foi posta em um béquer para posterior pesagem.
2.3. Calibração de buretas
A calibração foi realizada para as buretas de 25,00 mL e 50,00 mL. A aferição
de uma bureta é feita pela pesagem da quantidade de água que por ela é escoada
em intervalos de 5,00 ou 10,00 mL. Para a bureta de 25,00 mL o intervalo usado foi 3
o de 5,00 mL e para a bureta de 50,00 mL o intervalo usado foi de 10,00 mL. Após
cada intervalo o béquer contendo a massa de água foi pesado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Fórmulas utilizadas
- Massa específica (densidade): ρ=mV (1)
- Volume médio: V mé d=V 1+V 2+V 3
3 (2)
- Variância: s2=(V 1−V mé d)
2+(V 2−V mé d)2+(V 3−V mé d)
2
n−1 (3)
- Desvio padrão: s=√s2 (4)
- Modelo matemático para estimativa do volume de uma vidraria volumétrica:
(5)
Sendo que:
V20 = volume a temperatura de 20oC, em mL;
ma = massa da água, em g;
ρágua = massa específica da água, em g/cm³;
ρar = massa específica do ar, em g/cm³;
ρB = massa específica dos pesos de calibração da balança, em g/cm³;
γ = coeficiente volumétrico de expansão térmica da vidraria, em oC-1;
Tágua = temperatura da água usada no ensaio, em oC;
Na qual os valores são:
ρágua = 1 g/ cm³;
ρar = 0,001 g/cm³;
4
ρB = 7,8 g/ cm³;
γ = 2,0x10-5 oC-1;
Tágua = 28 oC.[7]
3.2. Cálculos
Para os cálculos de volume foi utilizada a Fórmula 1 como: V=mρ .
Para variância usou-se Fórmula 3, e para desvio a Fórmula 4.
Com isso pode-se construir a Tabela 1 abaixo que explicita os resultados
obtidos.
Tabela 1 – Cálculos da aferição dos aparelhos volumétricos.
Vidraria V1 (cm³) V2 (cm³) V3 (cm³) Vméd (cm³) s2 sBalão
Volumétrico
(100,00 mL)
100,006 99,964 100,091 100,02 4,19x10-3 6,47x10-2
Pipeta
(25,00 mL)
24,880 24,937 24,872 24,90 1,28x10-3 3,57x10-2
Pipeta
(10,00 mL)
9,953 9,991 9,960 9,97 4,15x10-4 2,04x10-2
Bureta
(25,00 mL)
24,821 24,952 25,067 24,95 1,52x10-2 1,23x10-1
Bureta
(50,00 mL)
49,543 49,545 49,447 49,51 3,13x10-3 5,59x10-2
Na tabela em seguida encontram-se os valores indicados baseando-se os cálculos
de volume através da Fórmula 5, e os demais idem ao anterior.
5
Tabela 2 – Cálculos da aferição dos aparelhos volumétricos utilizando a Fórmula 5.
Vidraria V1 (cm³) V2 (cm³) V3 (cm³) Vméd (cm³) s2 sBalão
Volumétrico
(100,00 mL)
99,754 99,658 99,785 99,73 4,39x10-3 6,63x10-2
Pipeta
(25,00 mL)
24,804 24,861 24,796 24,82 1,26x10-3 3,55x10-2
Pipeta
(10,00 mL)
9,922 9,960 9,929 9,94 4,22x10-4 2,05x10-2
Bureta
(25,00 mL)
24,745 24,876 24,990 24,87 1,50x10-2 1,22x10-1
Bureta
(50,00 mL)
49,391 49,393 49,296 49,36 3,07x10-3 5,54x10-2
Analisando-se os volumes encontrados, conforme a Tabela 3 percebe-se que
os valores não se encontram na faixa dos limites de tolerância de vidrarias. Esses
resultados foram ocasionados por erros ou desvios, que são presentes em qualquer
medição. Podem ter sido provocados por diversos fatores tais como erro na aferição
do menisco, vidrarias mal higienizadas, influência da temperatura da água e do
ambiente, balança desestabilizada como também pelo fato de o experimento ter sido
realizado por vários manipuladores, entre outros.
Tabela 3 – Limites de tolerância para algumas vidrarias.
6
3.3. Teste “F”
A média dos volumes obtidos pelos grupos está representada na Tabela 3. Os
respectivos grupos são:
Grupo 1: Jade, Jenifer e Ludmila;
Grupo 2: Leandro, Pedro e Wanderson;
Grupo 3: Carolina Maria, Tereza e Henrique;
Grupo 4: Mayra, Samira e Tamires.
Tabela 4 – Média dos volumes.
Na tabela em seguida encontram-se os valores de variância para todos os
grupos.
Tabela 5 – Variâncias.
7
Média dos Volumes (mL)
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4
Balão
Volumétrico
(100,00 mL)
100,02 99,88 99,69 99,77
Pipeta (25,00 mL) 24,90 24,87 24,84 24,97
Pipeta (10,00 mL) 9,97 10,13 10,02 9,95
Bureta (25,00 mL) 24,95 24,81 24,74 25,02
Bureta (50,00 mL) 49,51 49,94 49,57 49,82
Vidraria Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4Balão Volumétrico
(100,00 mL)
4,19x10-3 4,00x10-3 8,35x10-4 3,24x10-2
Pipeta (25,00 mL) 1,28x10-3 3,60x10-2 1,00x10-2 4,00x10-4
Pipeta (10,00 mL) 4,15x10-4 5,00x10-4 1,69x10-6 9,00x10-4
Bureta (25,00 mL) 1,52x10-2 1,16x10-3 1,09x10-3 1,60x10-3
Bureta (50,00 mL) 3,13x10-3 2,17x10-3 4,10x10-3 1,69x10-2
Realizando-se o Teste “F” através da razão entre as variâncias pode-se
construir a Tabela 6:
Tabela 6 – Teste “F”.
Vidraria Grupo 1Grupo 2
Grupo 1Grupo 3
Grupo 1Grupo 4
Balão Volumétrico
(100,00 mL)
1,05 5,02 7,73
Pipeta (25,00 mL) 3,55 7,81 3,20
Pipeta (10,00 mL) 28,10 245,56 2,17
Bureta (25,00 mL) 13,10 13,94 9,50
Bureta (50,00 mL) 1,44 1,31 5,40
Perante os valores obtidos no teste “F” tem-se que quase a maioria das
vidrarias utilizadas pelos demais grupos, em relação às vidrarias do grupo 1 são
semelhantes, exceto as pipetas de 10,00 mL dos grupos 2 e 3.
8
Segundo Cienfuegos (2005), pela Tabela 7 [8], quando os graus de liberdade
são iguais a 2 o valor do teste deve estar abaixo de 19,00 e na Tabela 5 verificam-se
valores discrepantes nos testes das pipetas de 10 mL do grupo 1 em relação aos
grupos 2 e 3.
Tabela 7 - Tabela da distribuição F com percentis 95% de significância
Uma possível atribuição deste resultado pode ser às medições bastante
similares das massas de água fazendo com que a média dos volumes fosse um
valor muito próximo ao esperado, conseqüentemente as variâncias foram
extremamente pequenas. E então, na equação da razão das variâncias,
matematicamente, um valor muito pequeno de denominador gera um resultado
muito grande.
9
4. CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto, pode-se concluir que a aferição de aparelhos é
muito importante para que as análises e os experimentos sejam feitos com um bom
grau de confiabilidade. Frente aos resultados infere-se que a calibração dos
instrumentos de medição relacionando-se o grupo 1 com os demais, não foi
satisfatória, pois os valores encontrados não conferiram a exatidão e a precisão
necessárias para uma calibração eficiente dentro dos limites de tolerância e que as
vidrarias, de acordo com o teste “F”, em sua maioria, não apresentaram diferenças
grandes entre si.
Os desvios ocasionais estão associados a erros sistemáticos e aleatórios
conforme discutido anteriormente como, por exemplo, oscilações de temperatura,
condições do instrumento utilizado e imprudência dos operadores.
10
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] - SKOOG, Douglas. A. et al. Fundamentos de Química Analítica. 8 ed. São
Paulo: Cengage Learning, 2012. Tradução de Marco Tadeu Grassi. Revisão técnica
de Celio Pasquini. p. 83, 84, 88, 89, 98, 99.
[2] - Elementos da teoria dos erros: Flutuações nas Medidas. Departamento de
Física da UFSC. Disponível em:
<http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/erros-ifusp/flutuacoes.html>. Acesso em: 5 dez.
2012.
[3] - Elementos da teoria dos erros: Incertezas. Departamento de Física da UFSC.
Disponível em: <http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/erros-ifusp/incertezas.html>. Acesso
em: 9 dez. 2012.
[4] – GALLAS, Márcia Russman. Incerteza de medição. Instituto de Física.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<http://www.if.ufrgs.br/~marcia/medidas.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2012.
[5] - Associação Brasileira de Química (Org). Metrologia Química. Revista de
química industrial. 4º trimestre de 2012. Rio de Janeiro. Disponível em: <
http://www.abq.org.br/rqi/ >. Acesso em: 5 dez. 2012.
[6] - ALVEZ, N.P.; MORAES, D.N. Metrologia Química e a utilização de materiais de referência em medições químicas. QUIMLAB. Universidade do Vale do
Paraíba. Disponível em: <http://www.quimlab.com.br/PDF-LA/Artigo%20Revista
%20Anal%EDtica.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012.
[7] - YOUNG, H.D.; FREEDMAN, R.A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed.
Tradução Cláudia Santana. Revisão técnica Adir Moysés. São Paulo: Pearson,
2008.
[8] CIENFUEGOS, Freddy. Estatística Aplicada ao Laboratório. Rio de Janeiro:
Interciência, 2005.
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