Relato final do V Encontro do Fórum Nacional de … Estadual de Campinas (IGE-Unicamp) e da...

14
Introdução O V Encontro do Fórum Nacional de Cursos de Geologia, promovido pelo Instituto de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pela Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), aconteceu entre os dias 13 e 16 de junho de 2005, em Cuiabá (MT), no Auditório João Balduíno, da UFMT. Para sua realização, o encontro teve o apoio do Centro Matogrossense de Estudos Geológicos da UFMT (Cematege-UFMT), da Sociedade Bra- sileira de Geologia (SBG), do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetu- ra e Agronomia (Confea), do Conselho Regional de Engelharia, Arquitetu- ra e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), do Centro Geociências da Uni- versidade Federal do Pará (CG-UFPA), do Instituto de Geociências da Uni- versidade Estadual de Campinas (IGE-Unicamp) e da Federação Nacional dos Geólogos (Febrageo). O plenário do Fórum foi composto pela representação dos Cursos de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Univer- sidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Nacional de Brasília (UNB), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal do Ceará (UFCE) e do Curso de Licenciatura em Geologia e Ciências Ambientais da USP, totalizando 12 (doze) dos 20 (vinte) cursos das escolas de Geologia do Brasil, identificadas por suas respectivas coordenações, vice-coordenações ou representações indicadas. Também participaram coordenadores associados, José Fernando Pina Assis Universidade Federal do Pará – UFPA Aquiles Lazzarotto Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT Universidade Estadual de Campinas – Unicamp Relato final do V Encontro do Fórum Nacional de Cursos de Geologia Cuiabá (MT), junho de 2005 1 TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006 GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA * Este documento deve ser referido como segue: Assis J.F.P., Lazzarotto A. 2006. Relato Final do V Encontro do Fórum Nacional de Cursos de Geologia. Cuiabá, junho de 2005. Terræ Didatica, 2(1):91-104. <htp:// www.ige.unicamp.br/ terraedidatica/>. Documento-base inédito: Assis J.F.P., Lazzarotto A. 2005. Síntese das contribuições do V Encontro do Fórum Nacional de Cursos de Geologia. Cuiabá, 13.06 a 16.06.2005. 1 Texto elaborado pelo prof. Fernando Pina (presidente do Fórum) a partir do registro diário das anotações feitas pelo prof. Aquiles Lazzarotto (relator do encontro) além das informações e citações fornecidas verbalmente pelos participantes do encontro.

Transcript of Relato final do V Encontro do Fórum Nacional de … Estadual de Campinas (IGE-Unicamp) e da...

Introdução

O V Encontro do Fórum Nacional de Cursos de Geologia, promovido peloInstituto de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de MatoGrosso (UFMT) e pela Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), aconteceuentre os dias 13 e 16 de junho de 2005, em Cuiabá (MT), no Auditório JoãoBalduíno, da UFMT.

Para sua realização, o encontro teve o apoio do Centro Matogrossensede Estudos Geológicos da UFMT (Cematege-UFMT), da Sociedade Bra-sileira de Geologia (SBG), do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetu-ra e Agronomia (Confea), do Conselho Regional de Engelharia, Arquitetu-ra e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), do Centro Geociências da Uni-versidade Federal do Pará (CG-UFPA), do Instituto de Geociências da Uni-versidade Estadual de Campinas (IGE-Unicamp) e da Federação Nacionaldos Geólogos (Febrageo).

O plenário do Fórum foi composto pela representação dos Cursos deGeologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Univer-sidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Pará (UFPA),Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas(Unicamp), Universidade Nacional de Brasília (UNB), Universidade doVale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal do Ceará (UFCE)e do Curso de Licenciatura em Geologia e Ciências Ambientais da USP,totalizando 12 (doze) dos 20 (vinte) cursos das escolas de Geologia do Brasil,identificadas por suas respectivas coordenações, vice-coordenações ourepresentações indicadas. Também participaram coordenadores associados,

José Fernando Pina AssisUniversidade Federal do Pará – UFPA

Aquiles LazzarottoUniversidade Federal do Mato Grosso – UFMT

Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

Relato final do V Encontro do FórumNacional de Cursos de Geologia

Cuiabá (MT), junho de 20051

TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

* Este documento deve serreferido como segue:

Assis J.F.P., Lazzarotto A. 2006.Relato Final do V Encontro doFórum Nacional de Cursos deGeologia. Cuiabá, junho de2005. Terræ Didatica,2(1):91-104. <htp://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/>.

Documento-base inédito:

Assis J.F.P., Lazzarotto A. 2005.Síntese das contribuições do VEncontro do Fórum Nacionalde Cursos de Geologia. Cuiabá,13.06 a 16.06.2005.

1 Texto elaborado pelo prof.Fernando Pina (presidente doFórum) a partir do registrodiário das anotações feitas peloprof. Aquiles Lazzarotto (relatordo encontro) além dasinformações e citaçõesfornecidas verbalmente pelosparticipantes do encontro.

J.F.P. Assis, A. Lazzarotto TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

92

diretores de unidades, docentes e estudantes doInstituto de Ciências Exatas e da Terra da UFMT,além de um representante do CREA-SP.

Durante três dias foram colocadas em pautaquestões que afetam a operacionalização e o desem-penho acadêmico dos cursos de Geologia, cujos re-sultados estão sintetizados neste relato, elaboradoa partir dos dados coletados pelo relator do encon-tro e pelo presidente do Fórum. Nele são apresen-tadas propostas, recomendações, decisões, e temasidentificados para posterior ação conjunta. Algunsdos trechos são citações literais dos autores, en-quanto outros foram obtidos a partir de informa-ção prestada pelos participantes do encontro.

O encontro dividiu-se em dois tópicos principais:

1. A Formação Acadêmica.

2. O Geólogo e o Mercado de Trabalho.

Temas discutidos

� Projetos Pedagógicos: implantação e opera-cionalização;

� Desenvolvimento Curricular: inovações etendências;

� Agências Reguladoras: seu papel na formaçãodo geólogo;

� Instituto Eschwege e a interrupção do mapea-mento curricular;

� Educação à Distância: experiências e pers-pectivas;

� Educação de base e os projetos para difusão dasGeociências;

� Atribuições profissionais em geologia;� Perfil do egresso à luz do mercado: perfis

exigidos;� CONGEO: estrutura e importância de sua

criação;� Ensino de Geologia no Brasil: o olhar dos

estudantes.

13 de junho

Abertura do encontro

A cerimônia de abertura do encontro foi rea-lizada a partir da formação de uma mesa plenáriaassim composta: profa. Matilde Araki Crudo, pró-reitora de Ensino de Graduação da UFMT(representando o reitor da UFMT), prof. Carlos

Antonio Dornellas, diretor do Instituto de Ciên-cias Exatas e da Terra da UFMT, Graziella Mei-relles, representante dos estudantes do Curso deGeologia da UFMT e o prof. José Fernando PinaAssis, da UFPA e presidente do Fórum Nacional deCursos de Geologia.

Exerceram o uso da palavra a profa. Matilde, oprof. Fernando Pina e acadêmica Graziella, oca-sião na qual saudaram os membros do Fórum e de-mais pessoas ali presentes, desejando sucesso ao en-contro que se iniciava. Desfeita a mesa após as boasvindas, o encontro teve continuidade, com a apre-sentação dos temas.

Formação acadêmica

Palestra: Projetos pedagógicos: implantação eoperacionalização

Apresentador: Francisco Egídio Cavalcanti Pinho (UFMT)

Moderador: Ticiano José Saraiva dos Santos (Unicamp)

O autor apresentou conceitos básicos sobre aestrutura dos Projetos Pedagógicos e as dificulda-des de se discutir o assunto no âmbito dos colegia-dos de curso. O projeto pedagógico deve ser cons-truído continuamente. Segundo ele a proposta queexiste no MEC não muda muitos pontos em rela-ção aos currículos atualmente em vigor.

Destaca que, em vários cursos, algumas disci-plinas básicas de áreas de absorção de geólogos se-quer são oferecidas. Ainda segundo o autor, trêsanos após a implantação do Fórum, menos de 50%dos cursos conseguiu implantar os projetos ou es-tão em avançado processo de discussão. Dos de-mais, não há notícia de discussão do projeto.

O que falta mudar? Qual a participação dosprofessores na discussão de mudanças curriculares?Há uma aversão dos professores a essa discussãopor falta de formação pedagógica. O processo é len-to e exige muita paciência.

Debate

Questões levantadas:

� há despreparo dos docentes para pensar as mu-danças; é preciso fazer com que o docente penseque isso pode mudar;

� os colegiados de curso devem se aproximar doprofessor fazendo com que ele entenda cadavez mais sobre projeto pedagógico;

93

TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006 J.F.P. Assis, A. Lazzarotto

� é preciso mudar os cursos, porque há necessi-dade de que ocorra essa mudança;

� as áreas de conhecimento técnico nunca se pre-ocuparam com a linguagem e o instrumentalpedagógico;

� falta uma discussão sobre os fundamentosepistemológicos; a geologia pouco avançou naspropostas epistemológicas;

� é preciso conhecer a Lei de Diretrizes e Basesda Educação Nacional vigente;

� há necessidade de retomar a discussão depolíticas públicas e agora não há espaço paradiscussão;

� o professor de geologia tem que ter clareza deseu papel como professor de uma universida-de, que é muito diferente do papel de um pro-fissional liberal;

� é preciso tornar nossas aulas diferentes daque-las tradicionais pois os estudantes lidam comtecnologias muito modernas se comparadascom as que ainda são utilizadas em sala de aula;

� é necessário ter ousadia até mesmo para come-ter erros; os processos são lentos;

� a experiência da UFMT mostra que um dospoucos cursos que ainda não fizeram sua ava-liação foi o de Geologia;

� não graduamos professores e nosso produto éem grande parte apresentado para o mercadode trabalho; as escolas que se destacam no cená-rio brasileiro são aquelas que têm ousadia paraatender mais rapidamente às demandas demercado;

� é preciso que os cursos garantam uma sólidaformação básica antes que seja definido o per-fil da formação profissional;

� há necessidade de fazer a SBG atuar mais inci-sivamente junto ao MEC, como o faz a OAB;

� os currículos de geologia em sua média sãobons porém a universidade pública brasileiratem que encarar a decisão de ser verdadeira-mente uma universidade;

� na USP foram criadas habilitações para o cur-so de geologia, mas deliberou-se que os diplo-mas conteriam as habilitações, apenas quando,e se, o aluno a requeresse; após seis anos de apli-cação do currículo sequer um diploma de ha-bilitação foi requerido;

� na UFRJ, com a reforma implementada em2004, o colegiado está em transição entre oscurrículos velho e novo e já há problemas como novo.

Desenvolvimento curricular

Palestra: Formação acadêmica: inovações etendências

Apresentador: Luiz Henrique Ronchi (Unisinos)

Moderador: Dermeval do Carmo (UNB)

O palestrante apresentou o processo desenvol-vido pela Unisinos para sua reformulação cur-ricular. Em números, são 3.060 horas de disciplinasobrigatórias, 120h de disciplinas de livre escolha,240h de oficinas da área das humanidades, 300h deatividades complementares, além de 744h de ativi-dades de campo (20% do total), totalizando 4.464h.

Segundo o autor, o projeto se apóia na elimina-ção das disciplinas, criando projetos de aprendiza-gem. Ainda destacou a existência do Parecer CNE/CSE 329/2004 disponível na página do MEC que,embora não homologado, mostra a exigência de ummínimo de 3.600 horas para os cursos de Geolo-gia; essa recomendação deixa claro que a exigênciamínima deve ser superior àquela indicada peloFórum. Este, no encontro de Campinas (2002,Nummer et al. 2005), definiu como patamar mí-nimo 3.000 horas. Houve concordância dos pre-sentes em Cuiabá quando à elevação do patamarmínimo exigido.

Debate

Questões levantadas:

� há necessidade de aumentar o corpo docentedas universidades; poucas delas têm númerosuficiente de docentes; em média os professo-res ministram 07 horas-aula por semana, e al-gumas disciplinas não são ofertadas em todosos semestres.

� a graduação depende do MEC, pois os recur-sos de pesquisa são direcionados exclusivamen-te para pesquisa.

� é necessário contabilizar as horas gastas com asatividades de campo como parte da carga ho-rária das disciplinas;

� nesse aspecto o curso de geologia da UFPA re-solveu a questão criando em seu projeto peda-gógico disciplinas exclusivas para realização de

J.F.P. Assis, A. Lazzarotto TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

94

trabalhos de campo, desmembrando cargashorárias das demais disciplinas;

� os projetos de ensino são vinculados à pesqui-sa que está sendo desenvolvida pelo professore, não raro, a avaliação está vinculada à atuaçãodo aluno nesses projetos.

� há uma experiência na qual o professor se co-loca na sala de aula somente para resolver ques-tões enquanto o aluno está encarregado de es-tudar o programa que lhe é fornecido.

� há necessidade de que os professores reavaliema avaliação; os colegiados de curso poderiamavaliar todos os estudantes ao final do ano ousemestre letivo. Para isso seria necessário pôr emfuncionamento a representação das matérias;isto forçará os docentes ao cumprimento doconteúdo porque eles saberiam que seus alunosserão avaliados no final do ano pelo colegiado.

� outra possibilidade é garantir departamental-mente que todas as disciplinas estejam sempresob a responsabilidade de dois professores, nomínimo. Não deveria haver disciplinas a cargode apenas um professor.

� na UFPA o trabalho final de graduação (TCC)tem metade da nota dada pelo orientador e aoutra metade dada pelo relator do projeto quegerou o trabalho. Como o TCC cristaliza odoutor na UFPA, ele visualiza o futuro alunode pós-graduação.

� a eliminação radical das disciplinas, como aUnisinos propõe, pode causar certa dificulda-de operacional. As experiências em algumasáreas e cursos pelo país, que trabalham segun-do grandes temas envolvendo a transdisciplina-ridade podem dar certo, mas devem ser olha-das com certo cuidado. Caso haja diminuiçãodos recursos de projetos de pesquisa, como fi-cará o curso da Unisinos, no caso dos progra-mas de atividades?

� outra experiência vem sendo aplicada no âm-bito da UFPA: a extinção dos departamentos.O programa de interiorização da universidadeatua em 10 campi pelo interior do estado, nosquais não há departamentos. Os professores sãovinculados aos colegiados dos cursos de gra-duação que lá funcionam, podendo participarde tantos colegiados quanto sejam os cursospara os quais ministrem aula. O novo estatutoda UFPA, que está em discussão, propõe es-tender essa característica organizacional para asede, em Belém.

Discussão temática

Geologia ambiental, recursos hídricos,geologia de petróleo, gemologia?

Mapeamento geológico: instrumento centralde formação profissional

� Programas institucionais

� Financiamento externo

� Convênios interinstitucionais

Há cobranças do MEC para que os cursos sejammais específicos nas flexibilizações. Na UFRGS ha-via a crença de que a aplicação de ênfases seria asaída aceita nacionalmente. O currículo foi estrutu-rado em núcleos temáticos, criados pensando na ênfasede finalização do curso de geologia, porém recen-temente os núcleos foram extintos. A implantaçãode ênfase seria um problema muito sério. As ênfa-ses ou habilitações poderão funcionar, desde queatreladas às linhas de pesquisa nos departamentos.

Não há qualquer decisão do CREA ou da SBGpropondo formar o geólogo especializado. Nãointeressa formar um profissional especializado apartir da graduação. Isso pode complicar inclusivea obtenção de registro no CREA.

A flexibilização pensada na UFMT foi a de ofe-recer optativas que permitissem ao aluno caminharpor suas preferências. Mas o espaço privilegiadopara isso seria o trabalho final de graduação. Deve-mos continuar preparando o geólogo com forma-ção ampla.

Os cursos de geologia estão mudando, queira-mos ou não. Porém a ênfase ou habilitação podeinviabilizar a empregabilidade do egresso. Na UFPAa proposta curricular determinou duas mudançassignificativas: a desvinculação das cargas horáriasde campo, transformando-as em disciplinas práticasde campo e a otimização (enxugamento) das cargashorárias, com eliminação de superposição de temasentre disciplinas. Isto permitirá que no último se-mestre o aluno possa escolher disciplinas de umaárea temática: geologia de petróleo (com apoio daANP), geologia de recursos minerais (com supor-te do PRONEX) e geologia dos recursos hídricose de meio-ambiente (com apoio dos programas lo-cais de pós-graduação).

No caso da UFRGS houve uma mudança cur-ricular radical e agora vão sendo feitos pequenosajustes, para acertar detalhes. Recentemente come-çou a haver pressões por novas mudanças. Faz-seuma mudança grande uma vez e depois, por um

95

TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006 J.F.P. Assis, A. Lazzarotto

bom tempo são feitos reajustes, acertos. Houve aopção de ênfase ao estruturar o currículo, na pró-pria escolha das cargas horárias.

Sempre aparecerão novas áreas. Os coordena-dores presentes acham que sua função é mesmo ade formar geólogos. O estudante poderá fazer dis-ciplinas e reforçar a ênfase que lhe interessar.

A questão do mapeamento geológico

Em que pesem as inovações e as pressões doMEC e do MERCADO, a temática do mapeamen-to geológico aparece em todos cursos. O Fórum teminsistido na manutenção do mapeamento geológi-co como instrumento essencial para a formação dogeólogo no país, vendo-o como carro-chefe da for-mação profissional; os programas interins-titucionais são o caminho para sua realização.

Há uma luta para que as instituições financi-em integralmente os cursos de geologia que abri-gam. O Fórum insiste que não se pode abrir mãodisso. Há que se institucionalizar a atividade comofundamental.

Os mapeamentos iniciaram uma revolução nasCiências como um todo. Temos que avançar paraalém disso. A linguagem dos mapas consegue apro-ximar profissionais de diferentes áreas de conheci-mento. Talvez seja o caso de o Fórum indicar quetodas as universidades criem disciplinas de cam-po, como o fez a UFPA.

Na UFMG há recursos, mas são destinados pa-ra o conjunto dos cursos que possuem aulas decampo. Na prática, vendem-se mapas para a CPRMpara poder pagar a realização dos trabalhos demapeamento. É necessário efetivamente mostrar aimportância da geologia e do mapeamento geoló-gico para o país e a necessidade de formar os pro-fissionais com a qualificação de bons mapeadores.

O documento final do Fórum poderia explici-tar a necessidade de que o Serviço Geológico doBrasil (CPRM) firmasse parcerias com as univer-sidades para dar suporte aos trabalhos de mapea-mento de final de curso. A CPRM jamais voltará ater um corpo técnico como o de que já dispôs.

Outro aspecto a ser ressaltado é o de que o ma-peamento geológico é a base para tudo o mais. Umaprova disso é o fato de que a CPRM vem compilan-do dados produzidos pelas universidades nos últi-mos vinte anos, além de existir um fundo de mine-ração vinculado aos fundos setoriais. Sugeriu-seque o Fórum proponha que parte desse fundo sejautilizado na formação de geólogos.

Há alguns anos a Petrobras desenvolveu pro-gramas de apoio à melhoria dos cursos de gradua-ção em geologia. A Companhia Vale do Rio Doceparticipou de programas de convênio com escolasde geologia.

É preciso buscar novas formas de articulação,para pressionar ministérios específicos. Quem sabe,fazer lobby para obrigar o MEC a apoiar as escolasde geologia na questão do mapeamento geológico.

O Fórum deve portanto aprovar uma recomenda-ção forte ao MEC e também aos nossos reitores para querevejam as atuais posturas relativas ao financiamento dasatividades de campo dos cursos de geologia do país.

Precisamos formar geólogos que façam omapeamento para a CPRM. Ela mesma deve pro-mover a realização de concursos para absorver osegressos, todos aptos para realização de mapea-mento. Seu quadro técnico é basicamente compos-to por profissionais (entre eles, geólogos) forma-dos pelas universidades brasileiras, que apresentamexatamente o perfil necessário e suficiente para oprograma de mapeamento básico do país. A CPRMtem que entender isso.

14 de junho de 2005

Estímulo ao desenvolvimentodos cursos de Geologia

Palestra: O papel das agências reguladorasna formação do geólogo

Apresentador: João Graciano Filho (UFRJ)

Moderador: Dermeval Aparecido do Carmo (UnB)

O trabalho apresentou a contribuição da Agên-cia Nacional de Petróleo (ANP) no processo deformação do geólogo brasileiro a partir do modeloque vem sendo utilizado na UFRJ. Foram citadosprojetos nas seguintes universidades:

� UNESP-DGS (SP) Geologia e Ciências Geo-ambientais Aplicadas ao Setor de Petróleo &Gás;

� UFF-GGO/LAGEMAR (RJ) Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geofísica Marinha;

� UFRN-PPGG/MSc (RN) Programa de For-mação em Geologia, Geofísica e Informáticano Setor Petróleo & Gás Natural na UFRN;

� UFPA-CPGf/DGf (PA) Geofísica Aplicada àExploração e Desenvolvimento de Reservató-rios de Petróleo e Gás Natural;

J.F.P. Assis, A. Lazzarotto TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

96

� UFPE-DGEO (PE) Formação de RecursosHumanos para o Setor Petróleo & Gás em Geo-ciências e Engenharia Civil;

� UFBA-IGEO/PGeof (BA) Programa de Pós-Graduação e Graduação em Geofísica e Geo-logia para o Setor Petróleo & Gás;

� UFRGS-IG (RS) Geologia do Petróleo;� UERJ-FGEl-DEPA (RJ) Formação de Profis-

sionais Qualificados em Análise de Bacia Apli-cada à Exploração de Petróleo & Gás;

� UFRJ-DGEO (RJ) Capacitação de RecursosHumanos em Geologia do Petróleo;

� UENF-LENEP (RJ) Programa de Engenhariade Exploração e Produção de Petróleo.

Resultados do programa desenvolvido na UFRJ até 2004:

� 11 alunos receberam bolsa (5 de graduação, 3de mestrado e 3 de doutorado);

� reforma do laboratório de informática geológica;� implementação do laboratório de geologia de

petróleo;� início do Programa de Ensino à Distância para

Geologia (EADGeo ), com o Curso de 16h ofe-recido pelo EDUWEB para uso do AulaNet®

em dezembro de 2004;� envolvimento de 16 professores do DGEL para

ofertar disciplinas do PRH-18 e básicas doCurso de Geologia/ UFRJ;

� inserção dos alunos no mercado de trabalho;� aquisição de bibliografia e equipamento mul-

timídia para todas as salas de aula com recur-sos do PRH;

Debate

Questões levantadas e respostas

� Os equipamentos adquiridos são usados por todos osalunos?O que se pode estender, é estendido a todo odepartamento.

� Há metas para ampliar a concessão de bolsas?A proposta é estender o curso para os não-bol-sistas do PRH e também financiar projetos deTCC para graduandos.

� Qual o montante dos recursos envolvidos?São dez universidades com financiamento signi-ficativo. São recursos consideráveis, com boa ta-xa de bancada. O Departamento de Geologiada UFRJ é diferenciado do resto do Instituto:

foi todo reformado com recursos tanto do PRHquanto de outros projetos de pesquisa de profes-sores (FINEP) cujos recursos podem prever até10% para a melhoria física do espaço do curso.

� Como é o processo de avaliação do programa?As avaliações são feitas isoladamente em cadauniversidade. Neste ano muda o sistema, comum encontro geral em Salvador, onde cadaPRH enviará 3 ou 4 estudantes para fazerapresentação oral de trabalhos e os demais empainel. Os critérios dão valor à diversificaçãode áreas ligadas a petróleo. Valorizam tambéma existência de seções específicas de petróleono seminário do PIBIC da UFRJ. Outro crité-rio é a absorção dos alunos pelo mercado detrabalho. No caso do Rio, há o privilégio dalocalização geográfica, onde há muitas empre-sas de petróleo sediadas.

� Os investimentos são todos em cima da taxa debancada?As salas de aula foram reformadas com auxílioda taxa de bancada, cujo valor é superior ao va-lor das bolsas. Há, é claro, regras na aplicaçãodesses recursos.

� Como é feito o processo de acesso aos dados produzi-dos, por exemplo por outras universidades? Como éfeita a divulgação desses dados?A ANP financia a pesquisa da universidade masnão libera seus dados. Temos acordo com aPetrobras em que uma parte dos dados seja si-gilosa e outra possa ser trazida a público. Issonos obriga a ser muito criteriosos na seleçãodos projetos de candidatos à pós-graduação.Qualquer trabalho que envolva material quetenha que ser conseguido via ANP, a gente cortado projeto, pois esse material não chega emtempo para o aluno utilizar.

� Como o PRH ajuda na graduação em geologia daUFRJ?Ajuda de uma maneira geral nas atividades doDepartamento, porque há uma leitura de quea geologia do petróleo implica a existência deum bom geólogo. Na UFRJ divulgamos a pla-nilha de custos do projeto para conhecimentode todo o departamento e, de maneira geral osprojetos repassam para o departamento 5% deseus recursos.

O presidente do Fórum destacou que a UFPAmanteve durante 7 anos um programa de formaçãode geofísicos de petróleo em nível de pós-graduação

97

TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006 J.F.P. Assis, A. Lazzarotto

projetos em todo o país. Deve haver universidadesem que não se divulga o que acontece nesses proje-tos, sequer entre os colegas na própria instituição.

As agências poderiam fazer muito mais pelasuniversidades, frente à enormidade de recursosexistentes na área do petróleo.

O Fórum reivindica a publicação de dados pelainstituição que os produz e que isso tenha a anuên-cia da ANP e da Petrobras, enfatizando que é ab-surdo a universidade ter financiamento de pesqui-

sa da ANP mas não ter acesso aos da-dos da ANP.

No próximo encontro do Fórum asituação dos projetos deverá ser trazida commais aporte de informação e clareza, paracompararmos as possíveis diferenças.

Palestra: A Geologia e o ensino à distância

Apresentador: Dermeval Aparecido do Carmo (UnB)

Moderador: José Fernando Pina Assis (UFPA)

O trabalho foi apresentado em ver-são on-line por meio da conexão com apágina <http://moodle.cead.unb.br/disciplinas>, da UnB. A página mos-tra cursos que são oferecidos via internet.Pelo regimento da UnB, as turmas deeducação à distância necessitam de pelomenos três aulas presenciais em cadadisciplina para serem validados seusresultados.

strictu senso. Ao cabo desse tempo, o convênio foidenunciado e poucos, dos vários pós-graduados da-quele programa, trabalham hoje com petróleo. Ne-nhum foi absorvido pela própria Petrobras.

Continuando, disse que a palestra veio ao encon-tro daquilo que gostaríamos que acontecesse. Umaprovocação para que todos os coordenadores bus-quem saber o que acontece em suas universidades.O objetivo de trazer o tema para debate no Fórumfoi mostrar o quanto a gente não sabe sobre esses

Figura 1 – Exemplo de aplicação em ensinoà distância. À esquerda, tópicos quepodem ser selecionados e acessadospelo participante de um curso semi-presencial de Paleontologia. À direita,número de disciplinas oferecidas poralguns departamentos da UnB

J.F.P. Assis, A. Lazzarotto TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

98

Foi utilizada como exemplo a sala virtual do cur-so de paleontologia, onde os participantes pude-ram interagir com o professor virtual, respondendoquestionário de avaliação.

Durante a palestra houve várias intervenções,principalmente solicitando informações sobre a ope-racionalização de sistemas de salas de aula virtual esobre o funcionamento de cursos à distância.

O geólogo e o mercado de trabalho

Palestra: O perfil do egresso à luz domercado de trabalho

Apresentador: Francisco Egídio Cavalcante Pinho (UFMT)

Moderador: João Graciano Filho (UFRJ)

O apresentador fez levantamento sobre mer-cado de trabalho, mostrando que as pesquisas járealizadas identificam a necessidade de formar umprofissional em condições de trabalhar em qual-quer área de atuação das ciências geológicas, cominteresse e capacidade para o trabalho de campo;que tenha atitude ética, autônoma, crítica, empre-endedora e atuação propositiva, na busca de solu-ções para as questões de interesse da sociedade.

Mostrou ainda que a proposta de atribuiçõesprofissionais que está para ser votada no Confeadestaca novas competências a serem atribuídas aogeólogo e as necessidades conseqüentes de os cur-sos de geologia atenderem a essa formação. Emseguida apresentou uma síntese das áreas de atua-ção dos profissionais geólogos no período de 1964a 1979 e afirmou que, com a globalização do mer-cado, a pesquisa mineral retorna seus investimen-tos aos níveis que esperamos seja definitivo.

Debates

Questões levantadas

O Fórum tem insistido em discutir esse tema einsistido em não apontar soluções. Estamos ocu-pando o tempo das discussões com reformulações,projetos pedagógicos, enquanto nos esquecemos dediscutir os sinais do mercado de trabalho. Precisa-mos estar à frente disso.

� No Pará, um dos estados que mais empregamgeólogos no momento, há quatro linhas de atua-ção que demandam contratações: 1) a minera-ção de metais, com o ouro liderando o empre-go; 2) a mineração de materiais de classe dois,na qual o exagero e o despreparo das empresasvêm causando contaminação de aqüíferos, uma

vez que se dá particularmente em torno das re-giões urbanas, pois devido ao baixo valor de mer-cado o material tem de ser explorado em áreaspróximas do mercado consumidor. Na regiãometropolitana de Belém, areia e barro paraconstrução civil são extraídos em larga escala apartir de sedimentos da Formação Barreiras,abaixo da qual ocorre o aquífero Pirabas. O con-tínuo desbastar do terreno para atingir camadasmelhores para consumo do material classe-doistem rebaixado níveis freáticos locais do aquíferoe causa problemas às comunidades vizinhas àextração; 3) outra frente de emprego está na áreaambiental, como p. ex. o problema já tradicio-nal de vazamento de produtos dos tanquesarmazenadores em postos de combustível. Amigração desses produtos em direção a córregos,ou até diretamente para terrenos urbanos, pro-voca problemas para a saúde das populaçõesatingidas; 4) o ensino, já que a criação de novoscursos de licenciatura em novas universidadestem levado a uma demanda por professores deGeologia Introdutória nos mais diversos cur-sos. Vários ex-alunos abandonaram o trabalhoem empresas e estão dando aulas nos CEFETs,no ensino fundamental e nos cursos citados.

� Um dos campos de atuação que vem crescen-do é o do emprego na gestão municipal. As pre-feituras de todas as cidades terão que fazer (oureformular) planos diretores e neles cabe a pre-sença do geólogo. A esse respeito os cursos pre-cisam despertar os alunos para a área de geologiaurbana. Cabe ao Fórum emitir um alerta para aexistência destas novas áreas, sem no entantose deixar levar por modismos e tendências demomento. Seria interessante que a SBG reto-masse a campanha que deu muito certo em SãoPaulo: um geólogo em cada município.

� O mercado de trabalho tem oferecido novasfrentes de atuação. Há setores novos, além deforte retomada da gemologia. Devemos tradu-zir certas necessidades de mercado em nossoscurrículos com ações realizadas ao final do cur-so, quando o geólogo, de fato, já está formado.

� Por outro lado, é importante que as escolas sepreocupem com o problema cada vez maior dascondições de trabalho oferecidas nessas áreascitadas. Como são elas? Há uma diversidadede condições de trabalho, que variam desde omáximo conforto até condições bem precári-as, dependendo da empresa. As terceirizadasnão garantem muita coisa e a terceirização tem

99

TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006 J.F.P. Assis, A. Lazzarotto

se dado com empresas procurando geólogosvinculados a empresas de recursos humanos,no fenômeno da quarteirização.

Precisamos mostrar para a sociedade aquilo queo geólogo pode fazer. Trabalhos como o Universida-de Aberta, em que a universidade se abre à visitaçãode alunos do ensino médio. Precisamos discutircomo é que as escolas podem fazer a geologia maisconhecida. Os alunos precisam aprender tudo oque se relaciona às suas competências profissionais.

É necessário que sejam enfatizadas as questõeséticas e a fiscalização dos trabalhos para evitar queprofissionais mal-preparados cometam irregulari-dades, como às vezes acontece no caso de locaçãoe perfuração de poços.

Em 1981 as pesquisas informavam que 15.000geólogos não dariam conta das necessidades de reali-zação das demandas de geologia existentes no Brasil,mesmo trabalhando 24 horas por dia. Vieram asreformas e os planos econômicos que diminuíramas possibilidades de absorção desse contingente.

Hoje, além das atividades minerárias (petróleoe gás, água e energéticos), o Estado continua em-pregando geólogos, na área de fiscalização (Recei-ta Federal, INSS, Polícia Federal, Delegacia doTrabalho, Incra, Ibama, Funai, demarcação de áre-as indígenas). As prefeituras de cidades com maisde 50 mil habitantes têm que ter um cargo degeólogo na carreira.

É preciso que nossas entidades de classe se tor-nem mais organizadas. A universidade deve estaratenta aos encaminhamentos dados às políticaspúblicas, porque elas é que definirão a empregabi-lidade daqueles que são formados.

Seria proveitoso se o Fórum abrisse seus encontros àparticipação de profissionais de outras áreas do conheci-mento, para expor a eles as possibilidades de suporte queum geólogo pode dar aos seus respectivos trabalhos.

Várias universidades possuem incubadoras, quedão assistência às tentativas, mas com resultadosiguais àqueles apresentados pelo SEBRAE. Os está-gios na Unicamp são monitorados pela universida-de e só se pode estagiar em empresas que são cadas-tradas e acompanhadas pela comissão de estágios.

Os projetos pedagógicos hoje permitem quefaçamos uma série de atividades que não implicama criação de novas disciplinas para atender ao mer-cado. Podemos oferecer seminários específicos queconstem do histórico escolar dos alunos. Temos quepensar em trabalhar com adequações de conteú-dos para ampliar a visão de nossos estudantes nasmais diversas áreas.

Na UFRGS a entidade de representação aca-dêmica tradicionalmente trabalha num programachamado DIVULGEO, atuando nos shoppings e nosparques muito freqüentados aos domingos. A USPrealiza o evento As Profissões, no qual alunosrecebem grupos agendados e mostram as insta-lações, com palestras etc. Alunos são preparados emuniciados de material para visitas a escolas deensino básico. O aluno de primeiro ano tem umalinguagem pouco técnica e isso facilita a comu-nicação com os estudantes do ensino básico. A SBGtomou como bandeira a questão da geologia noensino médio.

15 de junho de 2005

Os geólogos formados nas universidades brasileiras

Palestra - Atribuições profissionais do geólogo

Apresentador: Nivaldo J. Bosio (Febrageo)

Moderador: Dermeval Aparecido do Carmo (UnB)

O palestrante iniciou historiando o processo deformação do geólogo no Brasil. Destacou que ageologia foi instituída no país contrariamente àopinião de outros da universidade. Foi decisãoimposta pelo então presidente Juscelino Kubistchektendo os cursos sido implantados em quatro lo-cais. Um deles foi em São Paulo, na Faculdade deFilosofia, Ciências e Letras da USP.

Em 1960 começou a tramitar o projeto de leique estabeleceria as competências para o exercícioda profissão do geólogo. Foram então criadas a Lei5194, de 24 de dezembro de 1966, que regulamentao Conselho Federal de Engenharia e a Lei 4076, de23 de junho de 1962, que regulamenta o exercícioda profissão geólogo e que desde então definemestas atribuições. Atualmente, com a diversificaçãodas atividades, há disputas eventuais sobre quemdeve trabalhar com águas subterrâneas, com hidro-geologia. Há várias instâncias menores da legisla-ção, entre elas a Decisão Normativa 059, de 9 demaio de 1997, do Confea, a Decisão Normativa063, de 5 de março de 1999, do Confea, a DecisãoNormativa 071, de 14 de dezembro de 2001, doConfea (sobre uso de explosivos em obras), e aResolução 359, de 31 de julho de 1991, do Confea(engenheiro de segurança do trabalho).

No momento tramita uma Proposta de Resolu-ção do Confea definindo as atribuições da profissãode geólogo, em relação à profissão de engenheirode minas.

J.F.P. Assis, A. Lazzarotto TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

100

A proposta concede atribuições diferenciadas,de acordo com a característica do currículo integra-lizado pelo profissional, tendo em vista que a novaLDB permite ao estudante montar seu próprio cur-rículo, acrescendo habilidades e conhecimentos dediversas áreas além daquelas que são característi-cas gerais de seu curso de graduação.

Pela proposta, um engenheiro com formaçãoem construção civil pode acrescentar ao seucurrículo disciplinas de outras áreas, como arqui-tetura, engenharia elétrica, engenharia mecânica,urbanismo etc., e assim requerer junto ao CREA aextensão de suas atribuições para atividades relati-vas a essas disciplinas. Do mesmo modo, um en-genheiro de minas poderá atuar em áreas nas quaisaté o momento somente o geólogo tem atribuiçãolegal para tal.

Em seguida o palestrante fez um detalhamentoda proposta, destacando as ou áreas de atuação nasquais o engenheiro de minas poderá entrar (sem tera devida formação acadêmica) retirando assim, o espa-ço de trabalho do geólogo.

Abaixo estão as áreas: destacadas em itálico,aquelas nas quais o engenheiro de minas passará ater direito de atuação legal, caso a proposta sejaaprovada.

� Estratigrafia Geologia de Mina. Geologia do Petró-leo. Fotogeologia. Geomorfologia, Geofísica, e Geo-química. Levantamentos Geológicos, Geofísicose Geoquímicos. Geodiversidade;

� Geodésia, Tecnologia dos Levantamentos Topo-gráficos, Batimétricos e Geodésicos. Geoposi-cionamento. Desenho Topográfico e Geológico.Elaboração de Plantas e Mapas. Fotogrametria.Sensoriamento Remoto. Fotointerpretação;

� Geofísica, Amostragens e Ensaios in situ) nasObras de Engenharia. Desmontes, Movimenta-ção e Obras de Solo e Rocha. CaracterizaçãoTecnológica e Comportamento Mecânico eHidráulico dos Materiais Terrestres. Estabilida-de de Taludes. Abertura de Poços e Vias Subter-râneas. Locação e Perfuração de Poços de Petróleo eGás. Técnicas Extrativas, Otimização da Explotaçãoe Métodos de Recuperação.

� Reservas Minerais em Geral, e de Hidrocarbone-tos em Particular. Caracterização, Identificação,Qualificação, Avaliação e Mensuração de De-pósitos, Jazidas, e Substâncias Minerais, Ge-mológicas ou Fósseis. Economia Mineral. Re-latórios e Requerimentos sobre Pesquisa e La-vra de Reservas Minerais de Jazidas, sobre

Qualidade do Minério, e sobre Exeqüibilidadee Viabilidade Técnico-Econômica de Lavra.Determinação de Valor Econômico de Jazidas.

� Sistemas e Métodos Geofísicos e GeoquímicosAplicados à Hidrogeologia. Sistemas e Métodosda Hidrogeologia para Avaliação da Potencia-lidade e Qualidade das Reservas de Água Sub-terrânea. Aproveitamento, monitoramento eControle da Recarga, Proteção, Preservação,Análise de Risco, Vulnerabilidade, Recuperação,Remediação e Utilização Racional dos Aqüí-feros. Modelagem de Aqüíferos. Captação deÁguas Subterrâneas para Abastecimento Doméstico eIndustrial. Poços Tubulares. Hidráulica de poços.

� Recursos Naturais. Geodiversidade. Bacias Hi-drográficas. Ecologia. Impacto, Controle e Via-bilidade Ambientais. Diagnósticos Ambientais,Análise de Riscos. Sistemas e Métodos de Pro-teção, Manejo, Gestão, Ordenamento e Preser-vação Ambiental. Zonas de Proteção à Capta-ção de Águas Subterrâneas e de Mananciais deSuperfície. Monitoramento e Mitigação de Im-pactos Ambientais. Controle de Poluição Am-biental (Ar, Água Superficial e Subterrânea, Soloe Subsolo). Implantação de Aterros de ResíduosSólidos Industriais. Recuperação de Áreas Degrada-das e Revalorização de Regiões.

� Legislação e Outorga de Licença para Lavra e Ex-ploração de Recursos Hídricos e Minerais. Avaliações,Perícias e Arbitragens no âmbito da Modalidade.

Segundo o palestrante este último parágrafomostra o desconhecimento da proposta para coma legislação maior: segundo a lei, o direito de outor-ga não cabe ao profissional mas aos organismos le-galmente estabelecidos para tal, no caso o Depar-tamento Nacional da Produção Mineral (DNPM).

Foi apresentada integralmente a proposta deresolução que define e disciplina as atribuições paratodos aqueles profissionais vinculados aos CREAsdo país.

O apresentador esclareceu que a partir da apro-vação da resolução que decidirá sobre atribuiçõesnos casos de questionamento legal será um juiz que,por ser leigo em muitos dos casos, levará em contaaquilo em que o currículo dê suporte a ele.

O Brasil vive de uma regulamentação legal,independente da efetiva competência do indivíduo.Para os engenheiros tudo é mais fácil, pois podemfazer tudo o que está na área. A engenharia mexecom 70% do PIB nacional, e tem poder.

101

TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006 J.F.P. Assis, A. Lazzarotto

A Geologia, por sua vez, é composta por umgrupo reduzido e disperso, com núcleos isolados,como é o caso da Petrobras, das universidades etc.

Caso houvesse maior mobilização, poderíamosatuar com organização curricular, dentro e fora dopróprio Confea.

Segundo o palestrante, o grande problema dacategoria hoje é a atribuição profissional, porque aLei 4076 diz pouco sobre aquilo que o geólogo faz.É necessário ter uma lei que inclua essas atribuições.

Perguntado sobre as vantagens de criação deum conselho próprio para a categoria (CONGEO)disse “não achar adequado o momento e que estamos ain-da muito frágeis” e arrematou dizendo: “o momentonão é de se brigar pelo CONGEO, mas de centrar forçasna questão das atribuições profissionais da categoria dentrodo próprio Sistema Confea-CREAs ”.

Ao final de sua apresentação o palestrantefez as seguintes propostas ao Fórum:

� Recomendar ao Fórum o envio de um docu-mento ao Confea protestando contra a propostaapresentada, consubstanciada pelo Anexo II,apresentado em sua palestra.

� Que cada escola de Geologia encaminhe seucurrículo para ele, para que possa caracterizaras diferenças de atribuições entre geólogos,geofísicos e engenheiros de minas.

� Sugeriu que os currículos sejam pragmáticos.

A palestra seguinte “Sindicalização do Geólogo”não foi apresentada devido à ausência do palestran-te. Assim, foi aberto um espaço para apresentaçãode temas transversais e oportunos, como foi o casodo tema abaixo descrito.

Palestra: Relações internacionais com os

povos da região andina

Apresentador: Serafim Carvalho Mello (UFMT)

Moderador: José Fernando Pina Assis (UFPA)

O apresentador destacou a necessidade demaior interrelacionamento do Brasil com seus vi-zinhos do lado oeste. Disse que um dos objetivosdo trabalho apresentado decorreu da necessidadede encontrar calcário, bem mineral escasso emMato Grosso. Em 2002 foi organizada uma viagempara as universidades da região andina, atravessan-do o Peru, Chile e Bolívia. A caravana incluiu em-presários, 22 professores da UFMT, além de

políticos, num processo que ficou conhecido comoa “redescoberta da América”.

O objetivo da palestra foi mostrar os resulta-dos obtidos e estimular que as escolas de geologiabusquem atravessar os Andes, entrando em locaisonde se respira geologia, ver geleiras, ver todo umacervo de trabalhos e conhecimentos acadêmicoslá produzidos.

Palestra: O Eschwege e a interrupção

do mapeamento curricular

Apresentador: Luis Guilherme Knauer (UFMG)

Moderador: José Fernando Pina Assis (UFPA)

O apresentador fez inicialmente um históricodos estágios de mapeamento e do próprio institutoEschwege: segundo ele, os estágios no Eschwegeforam criados em meados da década de 1970 pormeio de termo de convênio Brasil/Alemanha Oci-dental e vigiram assim até 1978 quando o convê-nio foi encerrado.

Com isso o Instituto Eschwege foi entregue pe-lo MEC à UFMG que passou a manter e custearos estágios na década seguinte.

A partir de 1990 o programa começou a contarcom suporte financeiro do CNPq, com professo-res-orientadores do Departamento de Geologia daUFMG passando a residir em Diamantina. Isso foimantido até o ano 2000 quando teve início um pro-cesso progressivo de desresponsabilização do Departa-mento de Geologia da UFMG em relação ao Ins-tituto Eschwege, com o retorno dos professores-orientadores a Belo Horizonte, o que aumentou asdificuldades para a realização dos estágios.

Em 2001 o Instituto Eschwege passou a fazerparte do Instituto Casa da Glória, um organismomaior que passou a atender atividades ligadas nãoapenas à geologia mas também aos cursos de Tu-rismo e Geografia da UFMG.

Em 2004 o termo de convênio com o CNPq,estabelecido e vigindo desde 1984, não foi renova-do. Isso criou definitivamente o impasse que per-siste até o momento.

O palestrante apresentou em seguida sua pro-posta para solucionar o problema:

� O Programa Eschwege, normatizado pela Pró-reitoria de Extensão da UFMG, deverá ofere-cer a realização 10 estágios/ano com duas se-manas de duração cada um, para atender até24 alunos de cada escola, num total aproxima-do de 240 alunos.

J.F.P. Assis, A. Lazzarotto TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

102

A proposta será viabilizada a partir da celebra-ção de um convênio com o Ministério das Minas eEnergia (CPRM) que permita reestruturar efetiva-mente a oferta dos estágios. Em contrapartida o De-partamento de Geologia da UFMG produzirá qua-tro cartas geológicas em escala 1:150.000, acompa-nhadas de relatórios, coleções de amostras e lâminascorrespondentes.

Também estão sendo mantidos contatos compelo menos duas grandes empresas, solicitando adoação de dois carros por cada uma, (uma van e umcarro pequeno).

Da parte das escolas poderá haver a indivi-dualização dos estágios segundo os suas necessida-des. Elas enviariam professores para acompanhar osestágios (quantos e quando desejassem) e, com otempo e interesse, alguns deles poderiam fazer partedo corpo de orientadores do Centro de GeologiaEschwege, mesmo continuando em suas escolas deorigem. Esses “novos” orientadores seriam estimu-lados a trabalhar com outras escolas que não a deorigem.

Por fim a proposta apresentou a idéia da criaçãode um conselho consultivo do programa de ensinodo Instituto Eschwege, com sugestão de representa-ção da CPRM, da ENEGE e das escolas envolvidas.

Debate

Questões levantadas

� Com a limitação a 24 vagas por turma, e em sequerendo manter a convivência entre turmasde diferentes escolas, muitas delas terão proble-mas de custos para enviar seus ônibus mais deuma vez ao ano.

� Na UFMT a disciplina Estágio Curricular, pre-vista para ser cumprida no Eschwege, é obriga-tória e não pode ser oferecida em duas turmas;já estamos analisando tornar a disciplina optativae criar uma opção de mapeamento no próprioestado de Mato Grosso.

� Na UFRGS todos os cursos de geologia têmcondições de oferecer um mapeamento geoló-gico em suas cercanias, de boa qualidade, mas oestágio no Eschwege permite diminuir aendogenia, com os alunos podendo compararqualidade, modos de fazer as coisas, troca de ex-periências entre os estudantes de diferentes es-colas e trazer críticas para casa, o que ajuda acuidar da qualidade dos cursos.

� A UFPA usa o Eschwege como prêmio para es-tudantes de boa qualidade pois realiza seu está-gio curricular em áreas da Faixa Araguaia ouCinturão Brasiliano no nordeste. Os alunos daUFMT devem exigir da instituição que banqueseu estágio no Eschwege ou que, caso oEschwege não venha a se viabilizar, um estágioseja feito em alguma área aqui no próprio Estadode Mato Grosso.

� No encontro do Fórum em Araxá houve umaposição tomada de que não deveríamos pagarpelo estágio, pois isso era uma proposta neoli-beral de desresponsabilização do MEC. Na épo-ca em que se negociou o estágio curricular daUFMT com o Eschwege, havia recursos paramanter o nosso estudante lá. Isso agora mudou,gerando novas dificuldades para a universida-de, que é pequena, para alocar mais recursos.

Ao final da discussão foi formada comissão com-posta por quatro membros do Fórum que discutirá aproposta apresentada pelo palestrante, junto ao Sub-Secretário do Ministério das Minas e Energia emBrasília. Foram escolhidos os professores RicardoWeska, Dermeval Aparecido do Carmo, Luis Gui-lherme Knauer e José Fernando Pina Assis.

Difusão das geociências na educação de base

Palestra: A Importância da difusão doconhecimento em Geologia

Apresentador: Paulo Cesar Boggiani (USP)

Moderador: Ticiano Saraiva dos Santos (Unicamp)

O palestrante apresentou o Programa PRODI-GEO o qual, por meio da estrutura de organizaçãoestudantil na USP, desenvolve projetos sociais, uti-lizando conhecimentos geológicos para prevençãode acidentes em áreas de risco, na divulgação degeologia nas escolas de ensino médio, nos cursi-nhos pré-vestibular e nas feiras de profissões.

O projeto é desenvolvido pelo CEPEGE –Centro Acadêmico de Geologia da USP, pela GeoJúnior – Empresa Júnior do IGC/USP e pelo GGeo– Grupo da Geo de Espeleologia. Apresenta os se-guintes programas:

1. Profissão Geólogo: executado pela Empresa GeoJúnior com objetivo de atingir alunos do ensi-no médio de escolas particulares, cursinhos efeiras de profissões;

103

TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006 J.F.P. Assis, A. Lazzarotto

2. Capacitação de Monitores em Unidades de Con-servação: desenvolvido pela Empresa Geo Júniore pelo GGeo, com atuação na Flona de Ipanemaem Iperó-SP e no Parque Estadual Turístico doAlto da Ribeira (PETAR) em Iporanga- SP.

3. Armando o Barranco: capacitação de comunida-des para atuar em áreas de risco-geológico. Bus-ca divulgar o que é a geologia, para que serve ogeólogo, onde e como ele atua, ministrando cur-sos de formação de monitores.

Palestra: O ensino de Geologia sob a ótica estudantil

Apresentadora: Graziella Meirelles (Aluna do Curso

de Geologia – UFMT)

Moderador: José Fernando Pina Assis (UFPA)

A apresentadora levantou as seguintes questões:

� como anda a Reforma Universitária?

� qual a posição do Fórum a esse respeito?

� quais são as propostas encaminhadas até omomento?

� que resoluções o Fórum já colocou em prática?

� como é o reconhecimento do Fórum junto aoMEC?

� há solução à vista para a novela Eschwege?

Em seguida passou a descrever a realidade docurso de geologia da UFMT: estrutura (informática,museu, equipamentos, convênios/parcerias, aulas decampo, grade curricular), enfatizando que há proble-mas de manutenção dos equipamentos de informá-tica, às vezes levando até à perda de equipamentos.

Caracterizou o Museu como um ponto de refe-rência para o recebimento de visitas e que, apesardisso, não apresenta boas condições de acondiciona-mento do acervo; disse que há propostas para mudan-ça de local, passando a integrar o espaço de visitaçãopública ao zoológico próximo do instituto; disse tam-bém que é pretensão criar um museu itinerante.

Destacou a aquisição de alguns novos equipa-mentos para laboratórios, porém frisou que há pro-blemas com parcerias, e que na UFMT não há umasituação privilegiada como a de outras escolas, quetêm convênios com grandes empresas.

Definiu as aulas de campo como ponto alto docurso, porém vê problemas em algumas disciplinas,acrescentando que, até o momento, os alunos nãoconhecem o projeto pedagógico do curso.

Terminou solicitando ao Fórum que inicie umadiscussão sobre a reforma universitária, pois os alu-

nos sentem necessidade de outros olhares e análisessobre a reforma.

Em esclarecimento às questões inicialmente le-vantadas, o prof. Fernando Pina disse que o Fórumnão é entidade ligada ao MEC, mas age como inter-locutor junto ao Ministério. Disse que o Fórum éfruto da vontade dos cursos de Geologia, na medidaem que alguns problemas necessitavam deidentificação e solução comum. É composto pelarepresentação das coordenações de cursos de geolo-gia de todas as escolas, além de representantes daFebrageo, Confea, e da comissão pró-ENEGE. Éum organismo que discute problemas e apresentasugestões e recomendações. Disse que várias delastêm sido refletidas nos projetos pedagógicos citandocomo importantes a que determina a manutençãode um núcleo comum para a formação do geólogo(a despeito da flexibilização curricular proposta peloMEC) e a que define o valor mínimo de 700 horas/aula destinadas aos trabalhos de campo.

Esclareceu ainda que o Fórum foi reconhecidopela SBG como sua Comissão de Ensino. Enfatizoua realidade de que todos os temas que o Fórum vemdebatendo têm sido provocados pelas instâncias in-ternas aos cursos, onde tudo tem que ser discutido.Um desses exemplos é o dos projetos pedagógicosque vem sendo insistentemente mantido na ordemdo dia dos diversos encontros e, apesar disso, aindadeixam muitas dúvidas entre as diversas escolas, prin-cipalmente devido à liberdade organizativa que anova LDB permitiu. Disse que o assunto deve en-volver todos e ser discutido a fundo.

Como nada mais havia para discutir e tendo sidoesgotada a agenda proposta para o encontro, o prof.Fernando Pina colocou em discussão a escolha dolocal para sediar o próximo encontro do Fórum. Desdeo IV Encontro de Araxá, apresentaram-se duas su-gestões: Rio de Janeiro, pelo prof. João Graciano(UFRJ) e Porto Alegre, pela profa. Fátima Bitencourt(UFRGS). Feita a votação, o Rio de Janeiro obteveseis votos, contra três votos dados a Porto Alegre,ficando assim as três IES mantenedoras de cursosde Geologia: UERJ, UFRJ e UFRRJ encarregadasde organizar o VI Encontro do Fórum Nacional deCursos de Geologia a ser realizado em junho de 2006.

Avaliação e proposições do V Encontro

Considerando a maturidade dos participantes esobretudo, as necessárias modificações estruturaispelas quais vêm passando todos os Cursos de

J.F.P. Assis, A. Lazzarotto TERRÆ DIDATICA 2(1):91-104, 2006

104

Geologia do país, o V Encontro do Fórum foi consi-derado altamente positivo pelos participantes.

As propostas de mudanças, necessárias em de-corrência da aplicação das regras dispostas nas Di-retrizes Curriculares, aliada à troca de experiênci-as vividas pelos coordenadores de curso presentesao encontro, foram essenciais para a superação deeventuais impasses.

O encontro de Cuiabá permitiu um novoolhar dos próprios docentes em relação aos seuscursos de origem, promovido pela observação econstatação das diferenças e similitudes registradaspelos demais. Certamente os cursos de geologiacontam com espaço permanente de discussão deseus problemas, ao mesmo tempo em que a cadaencontro aumenta ainda mais o peso político dassuas deliberações.

Decisões e Recomendações Especiais do Fórum

Ao final do encontro foram tomadas as seguin-tes decisões e recomendações dos participantes paragarantir a continuidade dos trabalhos e consolidara integração entre os cursos de Geologia do Brasil:

� Mobilizar efetivamente a categoria, posicio-nado-se radicalmente contra as tentativas demodificação das atribuições profissionais doGeólogo e Engenheiro de Minas, conformeproposta a ser votada no âmbito do SistemaConfea/CREAs.

� Assumir e apoiar decisivamente o projeto quepropõe a retomada das atividades de mapea-mento geológico no Centro de GeologiaEschwege;

� Criação de grupo de trabalho formado por qua-tro membros do Fórum para discutir junto aoMinistério das Minas e Energia o projeto aci-ma referido, as partir de solicitação feita porseu sub-secretário Cláudio Scliar;

� Estimular as escolas de geologia do país a desen-volverem programas, projetos e/ou atividadesque visem a divulgação das geociências no âmbi-to da educação fundamental a exemplo do queo PRODIGEO vem fazendo em São Paulo;

Considerações finais

Em nome da Presidência do Fórum o prof. Fer-nando Pina finalizou o encontro externando suasesperanças de que o V Encontro tenha permitido

definitivamente fazer do Fórum uma instância efeti-va e formal de acompanhamento do ensino de geo-logia no país, registrando o espírito de equipe quecaracterizou o trabalho dos membros participantes,palestrantes e moderadores, estimulando o debate eo intercâmbio de experiências visando o fortaleci-mento dos cursos de graduação em Geologia dasdiversas universidades brasileiras.

Destacou o esforço dos participantes (profes-sores, estudantes e pessoal de apoio logístico e ma-terial) para com o sucesso do encontro, à despeitoda pequena representação do mesmo. Agradeceu eelogiou a participação ímpar dos alunos do Cursode Geologia da UFMT.

Agradeceu a acolhida maravilhosa recebida portodos os participantes do encontro, vinda das pes-soas envolvidas com sua organização, particular-mente representada pelos profs. Ricardo Weska eAquiles Lazzarotto, respectivamente coordenador erelator do evento, que, num esforço enorme, deramao encontro um caráter de seriedade e dedicação.

Estendeu seus agradecimentos à UniversidadeFederal de Mato Grosso (UFMT) representadapelos membros do Instituto de Ciências Exatas eda Terra (ICET), pelo brilhantismo e presteza comque organizou e sediou o evento.

Finalmente sugeriu como tema para discussãonos próximos encontros o gravíssimo envelhecimentoprogressivo dos quadros docentes das escolas de geo-logia no país, sem que as administrações das uni-versidades tomem atitudes com a presteza neces-sária para manter o fluxo de docentes e evitar solu-ções de continuidade, com o uso do recurso da con-tratação de professores temporários, que em geralpassam por uma situação trabalhista vexatória.

Referência

Nummer A.R., Godoy A.M., Lazzarotto A., Carneiro

C.D.R., Schultz C.L., Tubbs Filho D., Guimarães

E.M., Althoff F., Assis J.F.P., Pinho F.E.C., So-

breira F., Carvalho I.S., Sabadia J.A.B., Fernandes

Filho L.A., Toledo M.C.M.de, Fernandes M.L.S.,

Costa R.D.da, Machado R., Menegat R., Nadalin

R.J., Santos R.A.A.dos, Vasconcelos S.M.S.,

Marques T.M., Souza Z.S.de. 2005. Diretrizes

Curriculares para os Cursos de Graduação em

Geologia e Engenharia Geológica. Terræ Didatica,

1(1):64-69. <http://www.ige.unicamp.br/

terraedidatica/>.