RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

143
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAUDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR COM AS FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Priscila Weber Santa Maria, RS, Brasil 2012

Transcript of RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

Page 1: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAUDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA

RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR COM AS

FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Priscila Weber

Santa Maria, RS, Brasil

2012

  

Page 2: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 3: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR COM AS FUNÇÕES

ESTOMATOGNÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO

Priscila Weber

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Área de

Concentração em Fonoaudiologia e Comunicação Humana: Clínica e Promoção, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Distúrbios da

Comunicação Humana.

Orientadora: Profª. Drª. Eliane Castilhos Rodrigues Corrêa Co-orientadora: Profª. Drª. Ana Maria Toniolo da Silva

Santa Maria, RS, Brasil

2012

  

Page 4: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 5: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado

RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR COM AS FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO

elaborada por Priscila Weber

como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana

COMISSÃO EXAMINADORA:

Eliane Castilhos Rodrigues Corrêa, Profª. Drª. (Presidente/Orientador)

Ana Maria Toniolo da Silva, Profª. Drª. (UFSM) (coorientadora)

Carolina Lisbôa Mezzomo, Profª. Drª. (UFSM)

Lilian Gerdi Kittel Ries, Profª. Drª. (UDESC)

Santa Maria, 27 de Fevereiro de 2012.

Page 6: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 7: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Oldemar e Inês,

cujo apoio e amor incondicional me conduziram até aqui.

“Vocês são os pilares que sustentam a minha vida, meus amores, minha família”.

Page 8: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 9: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter me presenteado com

uma família maravilhosa, onde encontro apoio e incentivo em tudo o que faço. Muito

obrigada por estar sempre iluminando os meus caminhos.

Agradeço à minha querida mãe, Helena Inês, por ser minha fonte de incentivo

e inspiração. Tua presença constante foi fundamental para que eu pudesse enfrentar

este desafio.

Agradeço ao meu pai, Oldemar, por ter me proporcionado condições para

viver momentos como este, de plena realização pessoal e profissional. Estou certa

de que a tua presença espiritual me deu força e serenidade para concluir este

trabalho.

Às minhas queridas irmãs Patrícia, Raquel, Bianca e Nathália, por estarem

sempre ao meu lado. Quero agradecer principalmente pelo amor, amizade e

constante apoio. Muito Obrigada!

À minha orientadora, Profª Eliane, por ter compartilhado comigo o seu

conhecimento enriquecedor e, principalmente, por ter sido uma grande parceira

nesta caminhada em busca do meu aperfeiçoamento profissional. Para mim, tu és

um dos grandes motivos pelos quais me orgulho em ser Fisioterapeuta, exemplo de

amor e dedicação à nossa profissão.

À minha co-orientadora, Profª Ana, pela importante contribuição neste

trabalho. A Profª. Anaelena Bragança de Moraes, que me auxiliou em toda a análise

estatística. Muito Obrigada!

Aos membros da banca examinadora, Profª. Drª. Lilian Gerdi Kittel Ries, Profª.

Drª. Carolina Lisbôa Mezzomo e Profª. Drª. Márcia Keske-Soares pela gentileza em

participar da avaliação deste trabalho e pela possibilidade de aprimorá-lo.

Agradeço à direção da Policlínica Cauzzo, especialmente ao Dr. Barradas,

por ter disponibilizado o espaço físico para a realização deste trabalho. À minha

colega e amiga Jordana, por ter “segurado as pontas” na clínica durante todo esse

tempo em que priorizei a pós-graduação. Muito obrigada pelo apoio!

Ao amigo Diego Corrêa, técnico em radiologia, pela realização dos exames de

radiografia, parte fundamental desta pesquisa. Muito obrigada!

Ao Ortodontista Fábio Matte, meu cunhado e amigo, que se disponibilizou a

me ajudar para que parte deste trabalho fosse realizada.

Page 10: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 11: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

Às voluntárias que participaram deste estudo, pelo interesse, disponibilidade

e, principalmente, pela paciência em participar das avaliações.

Um agradecimento especial à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio financeiro.

Às queridas Olga e Ana, pelo incentivo ao meu aprimoramento profissional.

Aproveito a oportunidade para agradecer também o apoio que vocês me deram logo

depois de formada e por confiarem no meu trabalho.

As minhas queridas amigas, Juliana, Geovana e Fabiana, pelo

companheirismo e disponibilidade em me ajudar nas coletas. Sem vocês nada teria

sido possível, muito obrigada! Contem comigo sempre!

Por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a

realização deste trabalho, porém não se encontram nominalmente citados.

 

Page 12: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 13: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa,

nunca tem medo e nunca se arrepende”.

Leonardo da Vinci

Page 14: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 15: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

RESUMO

Dissertação de Mestrado Programa de Pós Graduação em Distúrbios da comunicação Humana

Universidade Federal de Santa Maria

RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR COM AS FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO

AUTORA: PRISCILA WEBER ORIENTADORA: ELIANE CASTILHOS RODRIGUES CORRÊA

COORIENTADORA: ANA MARIA TONIOLO DA SILVA Data e Local da Defesa: 27 de Fevereiro de 2012, Santa Maria

A postura craniocervical pode interferir diretamente na posição da mandíbula e do osso hióide e conseqüentemente na realização das funções de mastigação e deglutição. Outro fator que pode repercutir nocivamente sobre as funções alimentares seria uma alteração do próprio sistema, como por exemplo, a presença de uma Desordem Temporomandibular (DTM). Este estudo teve como objetivo investigar a relação da postura craniocervical e da DTM com as funções de mastigação e deglutição. 70 indivíduos do gênero feminino foram divididos em dois grupos quanto à presença de DTM segundo o instrumento Critérios de Diagnóstico para Pesquisa de Desordem Temporomandibular (RDC/TMD): 34 indivíduos com DTM e 36 sem DTM. A postura craniocervical e a posição mandibular e do osso hióide foram aferidas pela análise cefalométrica. A avaliação das funções de mastigação e deglutição foi baseada no Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE). Foram observadas correlações significativas entre o ângulo crânio-vertebral e as variáveis referentes à posição do osso hióide: distância do osso hióide ao mento (p=0,02) e à mandíbula (p=0,03). O ângulo referente à anteriorização da cabeça também apresentou uma correlação significativa com a medida relativa à distância do osso hióide à mandíbula (p=0,00). O grau de curvatura cervical demonstrou uma correlação moderada em relação à distância do osso hióide à terceira vértebra cervical (p=0,01). Foram observadas alterações posturais importantes, porém estas não foram associadas à maior freqüência de comportamentos atípicos durante as funções de mastigação e deglutição. Os indivíduos com DTM apresentaram uma diferença significativa quanto à postura de língua (p=0,03) e lábios (p=0,04) durante a função de deglutição, bem como a adoção de um padrão mastigatório unilateral crônico (p=0,03) mais freqüentemente observado. Os achados cefalométricos confirmaram a relação anatômica entre a postura craniocervical, mandíbula e osso hióide. No entanto, não foi possível associar a presença dos desvios posturais craniocervicais observados com a ocorrência de alterações nas funções de mastigação e deglutição. Por outro lado, a presença da DTM repercutiu na maior freqüência de alterações nas funções alimentares.

Palavras-chave: Transtornos da articulação temporomandibular. Postura. Cefalometria. Mastigação. Deglutição.

 

Page 16: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 17: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

ABSTRACT

Master’s Degree Dissertation Master Course in Human Communication Disorders

Federal University of Santa Maria

RELATION OF THE CRANIOCERVICAL POSTURE AND TEMPOROMANDIBULAR DISORDER WITH THE STOMATOGNATHIC

ALIMENTAIRES FUNCTIONS AUTHOR: PRISCILA WEBER

ADVISOR: ELIANE CASTILHOS RODRIGUES CORRÊA CO-ADVISOR: ANA MARIA TONIOLO DA SILVA

Date and Location of Defense: Santa Maria, February 27

Craniocervical posture can interfere directly on the mandibular and hyoid bone position as well as on the masticatory and swallowing functions. On the other hand a stomatognathic alteration such as temporomandibular disorder (TMD) can be a harmful factor on the alimentaires functions. This study aimed to investigate the craniocervical posture and TMD relation on the masticatory and swallowing functions. 70 women were divided according to TMD diagnostic evaluated by the Research Diagnostic Criteria (RDC/TMD): 34 with TMD and 36 without signs and symptoms of TMD. Craniocervical posture and mandibular and hyoid bone variables were measured by cephalometric analysis. Masticatory and swallowing function evaluation was performed according to a protocol of orofacial myofunctional evaluation with Scores (OMES). It was observed significant correlations between craniovertebral angle and hyoid bone position variables: linear distance from the hyoid bone to the menton (p=0,02) and to the mandible (p=0,03). The angle which measured the anterior position of the head also demonstrated a significant correlation with the linear distance between hyoid bone and jaw (p=0,00). Degree of cervical curvature showed a correlation between the linear distance from hyoid bone to the third cervical vertebra (p=0,01). An important craniocervical postural change was observed in the group although there was no association between them and a higher frequency of atypical behaviors evaluated during masticatory and swallowing functions. TMD subjects showed a significant difference on tongue (p=0,03) and lip (p=0,04) posture during swallowing. Chronic unilateral chewing pattern was also observed in the TMD group (p=0,03). In spite of the anatomical relation between craniocervical posture and mandibular and hyoid bone position it was not possible to confirm that the postural alterations observed could be associated to damages on masticatory and swallowing functions. Nonetheless, TMD presence resulted on a higher frequency of myofunctional alterations during these functions.

Key-Words: Temporomandibular joint disorders. Posture. Cephalometry. Mastication. Swallowing.

Page 18: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 19: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1 Tabela 1 - Confiabilidade intra-examinador das variáveis cefalométricas ........ ........ 76

Tabela 2 - Correlação entre a postura craniocervical com a posição da mandíbula e

do osso hióide .......................................................................................... 77

Tabela 3 - Presença de alterações posturais craniocervicais (1 e 2 a 3) e sua relação

com a avaliação das funções de mastigação e deglutição. ...................... 78

ARTIGO 2 Tabela 1 - Variáveis demográficas dos grupos com e sem DTM .............................. 94

Tabela 2 - Confiabilidade intra-examinador das variáveis cefalométricas ................. 95

Tabela 3 - Variáveis referentes à posição mandibular e do osso hióide em indivíduos

com e sem DTM ....................................................................................... 95

Tabela 4 - Avaliação miofuncional orofacial das funções alimentares em indivíduos

com e sem DTM ....................................................................................... 96

Page 20: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 21: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Pontos anatômicos utilizados na análise cefalométrica da postura

craniocervical ........................................................................................... 59

Quadro 2 - Linhas de referência traçadas na análise cefalométrica da postura

craniocervical ........................................................................................... 59

Quadro 3 - Variáveis cefalométricas craniocervicais ................................................. 60

Quadro 4 - Variáveis cefalométricas segundo Rocabado ......................................... 61

Quadro 5 - Pontos anatômicos utilizados na análise da posição mandibular e do

osso hióide ............................................................................................... 63

Quadro 6 - Linhas utilizadas na análise da posição mandibular e do osso hióide ..... 63

Quadro 7 - Variáveis cefalométricas referentes à posição mandibular e do osso

hióide ........................................................................................................ 63

ARTIGO 1 Quadro 1 - Linhas e ângulos de referência traçados na análise cefalométrica da

postura craniocervical e da posição mandibular ....................................... 72

Quadro 2 - Variáveis cefalométricas referentes à postura craniocervical e à posição

mandibular e do osso hióide ..................................................................... 72

ARTIGO 2 Quadro 1 - Variáveis cefalométricas referentes à posição mandibular e do hióide ... 92

Page 22: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 23: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Relação oclusal no plano frontal ............................................................... 56

Figura 2 - Perfil direito, relação primeiro molar .......................................................... 56

Figura 3 - Perfil esquerdo, relação primeiro molar .................................................... 56

Figura 4 - Relação NSL/CVT e NSL/OPT.. ............................................................... 60

Figura 5 - Relação CVT/EVT ..................................................................................... 60

Figura 6 - Ângulo crânio-vertebral ............................................................................. 61

Figura 7 - Triângulo hióideo....................................................................................... 61

Figura 8 - Traçado para determinação do ponto central do corpo vertebral .............. 62

Figura 9 - Ilustração do ângulo de anteriorização da cabeça .................................... 62

Figura 10- Ângulo NSL/ML - Inclinação da mandíbula em relação ao crânio. ........... 64

Figura 11 - Posição espacial do osso hióide... .......................................................... 64

ARTIGO 1 Figura 1- Pontos anatômicos utilizados na análise cefalométrica.. ........................... 71

Figura 2- Frequência de alterações posturais encontradas no grupo de estudo a

partir da análise cefalométrica. ................................................................... 75

ARTIGO 2 Figura 1- Representação da posição mandibular e do osso hióide ........................... 92

Page 24: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 25: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

LISTA DE SIGLAS

AMIOFE – Protocolo de avaliação miofuncional oral com escores ATM – Articulação Temporomandibular CEP – Comitê de Ética em Pesquisa DTM – Desordem Temporomandibular IMC – Índice de massa corpórea

PNC – Posição natural da cabeça

RDC/TMD - Inventário de Critérios de Diagnóstico para Pesquisa de DTM

UFSM – Universidade Federal de Santa Maria

  

Page 26: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 27: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

LISTA DE ANEXOS

Anexo A - Certificado de apresentação para apreciação ética ................................ 123

Anexo B - Critérios de Diagnóstico Para Pesquisa em Desordem

Temporomandibular (RDC/TMD) – Eixo I ............................................... 125

Anexo C - Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE)

– adaptado ............................................................................................ 129

 

 

Page 28: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 29: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A - Material de divulgação da pesquisa em mídia impressa..... ............... 133

Apêndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................... 135

Apêndice C – Ficha de anamnese .......................................................................... 139

Apêndice D - Avaliação ortodôntica ........................................................................ 141

 

Page 30: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 31: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 33 2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 37

2.1 Sistema estomatognático ................................................................................. 37

2.1.1 Função de mastigação .................................................................................... 37

2.1.2 Função de deglutição ....................................................................................... 39

2.2 Postura craniocervical ...................................................................................... 40

2.2.1 Análise postural cefalométrica .......................................................................... 42

2.2.2 Aspectos anatômicos da relação entre a postura craniocervical e

componentes do sistema estomatognático ............................................................... 43

2.2.3 Aspectos funcionais da relação entre a postura craniocervical e funções

alimentares ................................................................................................................ 47

2.3 Desordem temporomandibular e as funções de mastigação e deglutição .. 50

3 METODOLOGIA ............................................................................................... 53

3.1 Tipo e local da Pesquisa ................................................................................... 53

3.2 Seleção dos voluntários ................................................................................... 53

3.2.1 Aspectos Éticos ................................................................................................ 53

3.2.2 Critérios de inclusão ......................................................................................... 54

3.2.3 Critérios de exclusão ........................................................................................ 54

3.3 Procedimentos para seleção e divisão da amostra ....................................... 55

3.3.1 Ficha de anamnese .......................................................................................... 55

3.3.2 Avaliação ortodôntica ....................................................................................... 55

3.3.3 Avaliação clínica da DTM ................................................................................. 57

3.4 Procedimentos para coleta dos dados ............................................................ 58

3.4.1 Avaliação Cefalométrica ................................................................................... 58

3.4.1.1 Procedimento Radiográfico ........................................................................... 58

3.4.1.2 Traçado cefalométrico da postura craniocervical .......................................... 58

3.4.1.3 Traçado cefalométrico da posição mandibular e do osso hióide ................... 62

3.4.2 Avaliação das funções de mastigação e deglutição ......................................... 64

3.4 Análise Estatística ............................................................................................. 65

Page 32: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 33: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

4 – ARTIGOS DE PESQUISA ........................................................................... 67

ARTIGO 1 - RELAÇÃO CRANIOCERVICAL, MANDÍBULA E OSSO HIÓIDE E SUA INFLUÊNCIA NAS FUNÇÕES ALIMENTARES. ............ 67

Resumo .................................................................................................................... 67

Abstract .................................................................................................................... 68

Introdução ................................................................................................................ 69

Material e Métodos .................................................................................................. 70

Resultados ............................................................................................................... 74

Discussão ................................................................................................................ 79

Conclusão ................................................................................................................ 83

Referências bibliográficas ...................................................................................... 84

ARTIGO 2 – AS FUNÇÕES DE MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO EM MULHERES JOVENS COM DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR. . 87

Resumo .................................................................................................................... 87

Abstract .................................................................................................................... 88

Introdução ................................................................................................................ 89

Material e Métodos .................................................................................................. 90

Resultados ............................................................................................................... 94

Discussão ................................................................................................................ 97

Conclusão .............................................................................................................. 100

Referências bibliográficas .................................................................................... 102

5 DISCUSSÃO .................................................................................................... 105

6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 109

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 111

ANEXOS ............................................................................................................... 121

APÊNDICES ........................................................................................................ 131

 

Page 34: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 35: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

1 INTRODUÇÃO

O sistema estomatognático consiste em uma das mais complexas unidades

anatômicas e funcionais do corpo humano. Ele é integrado por um conjunto de

estruturas musculoesqueléticas, suprido por um complexo aparato nervoso e

vascular, que trabalham em harmonia na realização das funções de mastigação,

deglutição, respiração e fono-articulação (MACIEL, 2003; PAIVA et al., 2008).

Sob o ponto de vista esquelético craniofacial, pode-se dizer que as funções

estomatognáticas de mastigação e deglutição caracterizam-se, principalmente, pelos

movimentos da mandíbula e do osso hióideo, respectivamente (SLAVICEK, 2010;

PERRY; BAE; KUEHN, 2011). Estes movimentos são realizados pela musculatura

mastigatória e supra e infra-hióidea que, por sua vez, estão relacionadas ao sistema

muscular responsável pela manutenção da postura craniocervical (BIAZOTTO-

GONZALEZ, 2005; ARMIJO-OLIVO et al., 2006). Desta forma, a posição da cabeça

e da coluna cervical pode interferir diretamente na condição estrutural e funcional da

mandíbula e do osso hióide e, conseqüentemente, na realização das funções

estomatognáticas (SILVEIRA et al., 2006).

Uma função mastigatória satisfatória é exercida através de uma coordenada

interação entre os movimentos mandibulares, da língua e do osso hióide (MATSUO;

PALMER, 2009) associada ao desempenho dos músculos mastigatórios (PEREIRA

et al., 2007).

Na deglutição, a estabilização da mandíbula ao crânio é o primeiro evento

fisiológico que permite a ação da língua e do osso hióide, na propulsão do bolo

alimentar da orofaringe ao esôfago. Esta estabilização requer uma contração

isométrica dos músculos elevadores da mandíbula, ao mesmo tempo em que os

músculos do pescoço contribuem para equilibrar o crânio sobre a cervical,

permitindo o deslocamento hióideo (MONACO et al. 2008). A função do hióide é

fundamental na propulsão do bolo alimentar, na proteção da via aérea contra a

aspiração e na passagem do alimento pelo esfíncter esofágico superior (KIM;

McCULLOUGH, 2008; MATSUO; PALMER, 2009; PEARSON; LANGMORE;

ZUMWATT, 2010).

A relação entre o sistema estomatognático e a postura craniocervical pode

embasar-se, portanto, no conceito de “Unidade Craniocervicomandibular” que define

Page 36: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

34  

 

a unidade morfofuncional compreendida pela cabeça, pescoço e mandíbula

(VILLANUEVA et al., 2004).

Neste contexto, a coluna cervical articula-se ao crânio através da articulação

atlanto-occiptal e este, por sua vez, liga-se à mandíbula pelas articulações

temporomandibulares. O hióide, apesar de não se articular ao sistema, estabelece

conexões musculares com a base do crânio e com a sínfise mandibular, e fasciais

com a coluna cervical (ROCABADO, 1983).

A relação destas estruturas é estabelecida ainda pelo sinergismo dos

músculos mastigatórios e cervicais. Qualquer desequilíbrio entre estes músculos,

pode gerar hiperatividade muscular que se transmite por todo o sistema

craniocervicomandibular, alterando a posição da cabeça, da coluna cervical, da

mandíbula (CORRÊA; BÉRZIN, 2004; RITZEL et al., 2007) e do osso hióide

(ROCABADO,1983).

Isso pode ser observado na alteração postural craniocervical mais

comumente avaliada: a anteriorização da cabeça, caracterizada pela hiperextensão

do crânio e da coluna cervical superior, e pela flexão da coluna cervical inferior

(SILVA; QUEIROZ; DÍAZ-SERRANO, 2008). A adoção desta postura dificulta o

deslocamento do osso hióide, pela desvantagem biomecânica dos músculos supra-

hióideos (MAYS; PALMER; KUHLEMEIER, 2009) e traciona a mandíbula

posteriormente, alterando a posição das articulações temporomandibulares

(CORRÊA; BÉRZIN, 2004).

Além da alteração postural craniocervical, outro fator que pode repercutir

nocivamente sobre o bom funcionamento das funções de mastigação e deglutição,

seria uma alteração funcional do próprio sistema, como por exemplo, a presença de

uma desordem temporomandibular (DTM).

A DTM é clinicamente manifestada por dor articular e/ou muscular, limitação

dos movimentos mandibulares, alteração da função muscular mastigatória e

presença de ruídos articulares que podem indicar deslocamento do disco e/ou

degeneração articular (DURHAM, 2008; STRINI et al., 2009).

O comprometimento da integridade articular temporomandibular e da ação

dos músculos mastigatórios, supra e infra-hióideos pode ser a resposta aos

comportamentos atípicos observados durante a realização das funções alimentares

(FELÍCIO et al. 2008). Além disso, admite-se que a presença concomitante de DTM

e alterações miofuncionais orofaciais, possam estar relacionadas à dor crônica, em

Page 37: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

35  

 

resposta a perpetuação de sintomas craniomandibulares mantidos por tempo

prolongado (BAKKE; HANSDOTTIR, 2008)

Diante do exposto, pretende-se, com este estudo, investigar a relação da

postura craniocervical e da desordem temporomandibular com as funções de

mastigação e deglutição.

Convém mencionar, que postura craniocervical influencia sobre todas as

funções estomatognáticas. Nesse estudo, priorizaram-se as funções alimentares em

função da abrangência do tema, excluindo-se a respiração e a fonoarticulação, que

podem ser mais bem investigadas em estudos subseqüentes.

A presente pesquisa foi estruturada em seis capítulos: o primeiro, destinado a

introdução, aborda os conceitos que serviram de fundamentação para o estudo, bem

como expõe o objetivo geral deste. O segundo refere-se à revisão de literatura e o

terceiro à metodologia, onde são expostos, respectivamente, o embasamento teórico

científico e os procedimentos por meio dos quais este estudo foi realizado. A seguir,

o quarto capítulo compreende os artigos científicos elaborados a partir dos

resultados encontrados.

O primeiro artigo se propõe a investigar, através da análise cefalométrica e da

avaliação miofuncional, a relação da postura craniocervical e do sistema

estomatognático sob um ponto de vista anatômico e funcional, respectivamente.

O segundo artigo apresenta um estudo sobre a avaliação das funções de

mastigação e deglutição em indivíduos com diagnóstico de desordem

temporomandibular comparados a um grupo controle.

O quinto capítulo expõe uma breve discussão geral dos resultados, e o sexto

as conclusões do estudo. As referências bibliográficas referentes a todo o estudo

encontram-se citadas no sétimo e último capítulo. Os apêndices e anexos, ao final

do trabalho, propõem-se a ilustrar e esclarecer os instrumentos de avaliação

utilizados.

Page 38: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 39: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Sistema estomatognático O Sistema estomatognático identifica um conjunto complexo de estruturas

que atuam nas funções de respiração, mastigação e deglutição, consideradas vitais

ao organismo, sendo igualmente responsáveis na produção da fala (MACIEL, 2003,

FELÍCIO et al., 2008).

As estruturas que compõem este sistema, podem ser distinguidas em

estáticas e dinâmicas. As primeiras, correspondem aos arcos dentários, à maxila e à

mandíbula, relacionadas entre si pela articulação temporomandibular. Ainda fazem

parte dessas estruturas, os demais ossos do crânio e o osso hióide. As estruturas

dinâmicas por sua vez, são representadas pelos músculos que executam as funções

estomatognáticas (SILVA et al., 2004).

Segundo Felício, Melchior e Silva (2010), as disfunções miofuncionais

orofaciais correspondem às alterações na aparência, postura e mobilidade destas

estruturas, bem como à incapacidade ou ineficiência na relização das funções

estomatognáticas.

Diversos estudos buscam elucidar as possíveis causas para as disfunções

miofuncionais orofaciais, dentre as quais, destacamos a postura craniocervical e a

presença da disfunção temporomandibular, que serão abordadas no decorrer deste

capítulo, no contexto das funções alimentares de mastigação e deglutição.

2.1.1 Função de Mastigação

A habilidade do sistema estomatognático em preparar o alimento na cavidade

oral para uma boa digestão é considerada uma função vital do organismo, e está

relacionada à condição geral de saúde do indivíduo (SLAVICEK, 2010). O objetivo

da mastigação é realizar a incisão do alimento, bem como a sua trituração e

pulverização, formando assim, um bolo alimentar homogêneo e coeso apto a ser

deglutido (MATSUO; PALMER, 2008).

Uma função mastigatória ideal é estabelecida, quando o indivíduo deglute o

bolo no tempo correto, o que significa que houve a trituração do alimento e que a

Page 40: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

38  

 

quantidade de saliva foi suficiente para torná-lo apto para a futura digestão

(PEREIRA, 2007).

Além disso, a mastigação eficiente deve despender o mínimo de energia, pois

é exercida através de uma coordenada interação entre os movimentos mandibulares

com os movimentos da língua, das bochechas, do palato mole, do osso hióide

(MATSUO; PALMER, 2008) e com o alinhamento do plano oclusal e o desempenho

dos músculos mastigatórios (PEREIRA, 2007).

No adulto, o padrão mastigatório apresenta uma abertura medial, seguida de

uma ampla excursão lateral mandibular, até a posição de intercuspidação dos

dentes no fechamento da mandíbula. Assim, a relação mandibular com os músculos

mastigatórios, deve permitir a dinâmica da oclusão dos dentes na trituração e na

formação do bolo alimentar (ZHAO; MONAHAN, 2007).

Concomitantemente, os movimentos sincronizados entre a língua e as

bochechas, reposicionam o alimento continuamente sobre as superfícies oclusais

antes de cada posicionamento mandibular em intercuspidação. Além disso, os

movimentos da língua transferem o alimento de um lado para o outro, fazendo o

revezamento entre o lado de trabalho e o lado de balanceio, o que caracteriza o

padrão mastigatório bilateral alternado, freqüentemente observado no adulto

(MIOCHE; HIIEMAE; PALMER, 2002).

Na literatura que aborda o assunto, o padrão mastigatório tem gerado

opiniões controversas sobre o ato de mastigar bilateralmente ou preferencialmente

de um lado só. Enquanto uns referem-se ao padrão unilateral crônico como atípico

(FELÍCIO et al., 2007), outros garantem que este pode apenas estar concordando

com o lado dominante do olho, ouvido e do membro superior e inferior (NISSAN et

al., 2004), ou ainda estar relacionado ao lado de maior contato oclusal e força da

musculatura mastigatória (MARTINEZ-GOMIS et al., 2009), podendo estar, portanto,

presente em indivíduos considerados hígidos.

Como prova disso, outro estudo revelou que o padrão mastigatório está muito

relacionado com o tamanho e o tipo de alimento ingerido, bem como o número de

ciclos mastigatórios necessários para a quebra deste alimento. A introdução de um

alimento mais duro, por exemplo, implicará em um maior número de investidas para

o seu preparo, o que, ocasionalmente, pode levar a transferência deste para ambos

os lados a fim de evitar a fadiga. Por outro lado, o preparo de um alimento macio,

pode ser realizado mais rápido e de forma eficaz apenas de um lado, sem que isso

Page 41: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

39  

 

determine uma alteração miofuncional mastigatória. (PAPHANGKORAKIT;

THOTHONGKAM; SUPANONT, 2006).

Contrariamente ao exposto, um padrão mastigatório bilateral alternado foi

observado em adultos jovens (20-29 anos), que não apresentavam nenhuma perda

dentária e que não referiam nenhuma sintomatologia relacionada à articulação

temporomandibular. Assim, os autores sustentam a hipótese de que o padrão

bilateral alternado deve ser considerado o padrão típico dos indivíduos que não

apresentam problemas dento faciais (DIERNBERGER et al., 2008).

Corroborando com esta hipótese, Gomes et al. (2010), ao verificarem o

desempenho mastigatório de indivíduos saudáveis através da análise do material

triturado, concluíram que os indivíduos que mastigaram bilateralmente o alimento,

obtiveram melhor desempenho do que aqueles que apresentaram um padrão

unilateral, considerando este prejudicial à função mastigatória.

Slavicek (2010) subdivide a mastigação unilateral em crônica ou preferencial.

A crônica é aquela em que mais de 95% do tempo da função mastigatória ocorre

apenas de um lado, enquanto que na unilateral preferencial isso ocorre em 66% do

tempo em que a função é exercida. Esta parece ser uma boa forma de

diferenciarmos um padrão mastigatório verdadeiramente atípico, daquele exercido

dos dois lados, mas onde a preferência unilateral seja observada.

2.1.2 Função de deglutição

A partir do momento em que mastigação encerra, dá-se início ao processo de

deglutição, um reflexo neuro-motor complexo que recruta mais de vinte e cinco

músculos e cinco nervos craniais diferentes (SLAVICEK, 2010).

A deglutição pode ser dividida em três fases: oral, faríngea e esofágica, sendo

a fase oral subdividida em preparatória e propulsora do alimento. As diferentes

etapas do processo dependem do tipo de alimento ingerido, seja ele sólido ou

líquido (MATSUO; PALMER, 2008).

No caso da ingestão de um alimento sólido, a fase oral preparatória consiste

na quebra do alimento em partículas menores e à mistura deste com a saliva,

formando um bolo homogêneo e apto para a deglutição. A fase propulsora, por sua

vez. caracteriza-se pelo movimento da língua na propulsão deste, da cavidade oral,

para a faríngea (MATSUO; HIIEMAE; PALMER, 2005; MATSUO; PALMER, 2009).

Page 42: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

40  

 

Na deglutição do adulto saudável, parte do bolo alimentar formado pode ser

agregada na orofaringe antes de ser deglutido, de modo que o restante do alimento

permaneça na cavidade oral sendo triturado e misturado à saliva. Dessa forma,

admite-se que exista uma transição entre a fase propulsora e a faríngea,

determinada pelo acúmulo do bolo na orofaringe sem, no entanto, comprometer a

função de respiração (PALMER; RUDIN; LARA, 1992).

A fase faríngea é complexa e requer que uma série de eventos ocorra de

forma concomitante. Estes eventos incluem: (1) deslocamento ântero-superior do

osso hióide e da cartilagem tireóidea; (2) fechamento da epiglote; (3) fechamento

das pregas vocais (4) abertura do esfíncter esofágico superior. Tudo isso deve

ocorrer sincronicamente, a partir da propulsão do bolo da cavidade oral e a

contração dos músculos constritores da faringe (COOK et al., 1998).

O deslocamento ântero-superior do osso hióide ocorre a partir do momento

em que o bolo passa para a cavidade faríngea, marcando o início da deglutição

propriamente dita. A contração da base da língua e dos músculos supra-hióideos

traciona o hióide para cima e para frente, o que, conseqüentemente, proporciona o

fechamento da epiglote e a abertura do esfíncter esofágico superior (ROBBINS et

al., 1992). Assim, o deslocamento do osso hióide é essencial para a proteção da via

aérea durante a deglutição, bem como para a passagem segura e eficiente do bolo

alimentar para o esôfago (KIM; MCCULLOUGH, 2008; SHENG et al., 2009

PEARSON; LANGMORE; ZUMWALT, 2010; JOLIEN, 2011).

A fase esofágica consiste na entrada do alimento pelo esfíncter esofágico

superior e o seu deslocamento ao estômago para ser digerido (MATSUO; PALMER,

2008).

2.2 Postura craniocervical A posição ideal da cabeça no espaço depende de três planos: plano óptico,

plano transversal oclusal (mastigatório) e plano aurículo nasal. Estes três planos

mantêm entre si uma relação horizontal e paralela que assegura a estabilidade

postural do crânio, estando esta garantida também pelos mecanorreceptores da

parte superior da coluna cervical (CESAR; TOSATTO; BIASOTTO-GONZALEZ,

2006). Armijo-Olivo et al., (2006) complementam inserindo também o sistema

Page 43: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

41  

 

vestibular, a posição do osso hióide e a atividade neuromuscular como fatores

responsáveis pelo controle postural craniocervical.

Souchard (2001) refere que os segmentos do corpo humano estão anatômica

e funcionalmente relacionados através de cadeias musculares interligadas, cujos

comportamentos elásticos caracterizam a postura do indivíduo. Dessa forma,

nenhuma unidade muscular funciona isoladamente, ao ponto que as tensões são

transmitidas ao longo de toda a cadeia, ou seja, qualquer alteração em um

segmento do corpo é compensada pelas estruturas adjacentes, a fim de manter o

equilíbrio postural. Paralelamente a estas compensações, se estabelecem as

alterações posturais, que inicialmente são incorporadas ao esquema corporal do

indivíduo, mas que em longo prazo, podem resultar em dor e alteração da função.

No que se refere à postura craniocervical, Biasotto-Gonzalez (2005) afirma

que é necessário um equilíbrio entre as cadeias musculares anterior e posterior do

pescoço para manter a cabeça na posição desejada. Os músculos mastigatórios e

também os supra e infra-hióideos participam da cadeia muscular anterior, atuando

sincronicamente com os músculos cervicais, no controle postural do sistema

craniocervicomandibular.

Segundo Valdez (2002), enquanto o equilíbrio entre as cadeias for mantido, a

cabeça encontrar-se-á perfeitamente equilibrada sobre a articulação atlanto-occiptal,

a coluna cervical demonstrará uma suave curva lordótica, enquanto que os côndilos

mandibulares ocuparão a porção média e superior da superfície articular do osso

temporal, na denominada relação cêntrica. Nesta posição, poderão ser executadas

todas as funções estomatognáticas sem a produção de interferências ou desvios

mandibulares.

A alteração postural craniocervical mais comum consiste no posicionamento

anteriorizado da cabeça. Esta posição leva a hiperextensão do crânio e da coluna

cervical superior, que por sua vez, é acompanhada de uma flexão da curvatura

cervical inferior e retrusão mandibular (WODA; PIONCHON; PALLA, 2001;

HENRÍQUEZ et al., 2003).

Segundo Silva, Queiroz e Díaz-serrano (2008), as alterações posturais

craniocervicais, podem se estruturar em resposta a uma adaptação fisiológica ao

meio, ou ainda serem mantidas pelos indivíduos como resposta a uma condição

patológica, exercendo, de qualquer maneira, influência estrutural e funcional sobre o

sistema estomatognático.

Page 44: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

42  

 

2.2.1 Análise postural cefalométrica

Uma das formas de obtermos uma avaliação detalhada da morfologia

craniofacial e cervical consiste na análise cefalométrica (SCHNEIDER et al., 2009).

Por meio da radiografia, é possível uma visualização mais objetiva das estruturas,

que neste caso, não sofrem influência dos tecidos moles, como pode eventualmente

ocorrer na análise visual e biofotogramétrica (ARMIJO – OLIVO et al., 2006).

Sendo assim, a cefalometria é considerada, dentre os demais, o método mais

acurado e, portanto, preferível no âmbito da pesquisa científica, que por sua vez

exige maior rigor metodológico. Por outro lado, a análise cefalométrica tem pouca

repercussão na prática clínica, pois esbarra na limitação quanto a sua aplicabilidade,

devido aos custos relativamente mais elevados, e também devido à complexidade

da técnica (BRYDEN; FITZGERALD, 2001).

Ao optar pela análise cefalométrica, deve-se atentar, principalmente, para a

escolha do plano de referência durante a tomada radiográfica. Neste contexto, a

posição natural da cabeça (PNC) tem sido adotada, considerando a ótima

confiabilidade e baixa variabilidade que esta oferece. Além disso, a PNC demonstrou

menor variabilidade do que os planos de referência que utilizam pontos anatômicos

intracranianos, como a linha sela-násio e o plano horizontal de Frankfourt (MADSEN;

SAMPSON; TOWNSEND, 2008). Sendo uma posição reprodutível, ela pode ser

utilizada para fazer comparações entre traçados cefalométricos obtidos em dois

momentos ou ainda entre diferentes indivíduos (McGUINNESS; McDONALD, 2006).

Broca (1862, apud MADSEN; SAMPSON;TOWNSEND, 2008) define a PNC

como a posição em que o indivíduo encontra-se de pé, com o plano visual paralelo à

horizontal. Considera-se que a PNC seja estabelecida nos primeiros anos de vida,

sendo influenciada pelo sistema de equilíbrio postural, sistema visual e de

propriocepção dos músculos e ligamentos, integrados durante a manutenção da

postura ereta (McGUINNESS; McDONALD, 2006).

Estudos recentes têm utilizado a cefalometria como ferramenta de análise do

alinhamento da cabeça e da coluna cervical em indivíduos com e sem DTM,

considerando a hipótese de uma possível associação entre a dor craniomandibular

com presença de alterações posturais no segmento craniocervical (VISSCHER et al.,

2002; ANDRADE; GOMES; TEIXEIRA-SALAMELA, 2007; MATHEUS et al., 2009;

IUNES et al., 2009). O que convém salientar aqui, é que em todos eles os

Page 45: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

43  

 

voluntários foram orientados para que mantivessem a sua postura habitual durante a

tomada radiográfica. Dessa forma, enfatiza-se a importância da escolha da PNC, por

representar fidedignamente o posicionamento das estruturas craniocervicais.

Neste contexto, o método de reprodução da PNC mais utilizado, consiste na

“mirror position”. Dessa forma, o sujeito é instruído a olhar para o reflexo dos seus

olhos no espelho, que geralmente está posicionado a um metro de distancia

(VISSCHER et al., 2002; CIANCAGLINI et al., 2003; ROSA; MORAES, 2009).

A PNC obtida desta forma consiste na reprodução verdadeira da postura

craniocervical, à medida que nenhum fator externo, como o cefalostato, influenciará

sobre a mesma, a não ser o próprio sistema visual e tônico-postural do indivíduo.

(LUNDSTRÖM; LUNDSTRÖM, 1992).

Ainda, em relação à PNC, durante a tomada radiográfica, o técnico adapta o

equipamento conforme a altura do sujeito, padronizando, no entanto, a mesma

distancia foco filme, nos casos de estudos que buscam investigar a postura

craniocervical de vários indivíduos.

A segunda consideração a ser feita em relação à análise cefalométrica,

consiste na forma como serão realizados os traçados. A confiabilidade do traçado

manual já foi demonstrada na literatura por Sayinsu et al. (2007). Os autores

analisaram 30 radiografias laterais, randomizadas de um banco de dados, sendo

mensuradas 18 medidas angulares e 13 medidas lineares. Dois examinadores

avaliaram o traçado manual e digital realizado por um Software, o qual demonstrou

que as medidas cefalométricas realizadas pelos dois métodos, possuíram elevado

índice de correlação na análise inter e intra-examinadores.

2.2.2 Aspectos anatômicos da relação entre a postura craniocervical e componentes

do sistema estomatognático

A harmonia e o equilíbrio entre a forma e a função são essenciais na

determinação da condição de saúde do sistema estomatognático (KIWAMU et al.,

2007). Assim, compreender a relação anatômica entre a postura craniocervical,

mandíbula e osso hióide, pode elucidar as alterações biomecânicas que podem

eventualmente comprometer as funções estomatognáticas, particularmente, as

funções de mastigação e deglutição.

Page 46: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

44  

 

Atualmente, se utiliza o conceito “Unidade Craniocervicomandibular” para

definir a unidade morfofuncional compreendida pela cabeça, pescoço e mandíbula,

considerando a interação dinâmica e a íntima relação que existe entre seus

componentes, tanto no estado de saúde como no de enfermidade (VILLANUEVA et

al., 2004).

A relação de equilíbrio postural entre o crânio, a mandíbula e a coluna

cervical, é de fundamental importância para a manutenção da funcionalidade deste

sistema. O hióide é o único osso do corpo humano que não se articula com nenhum

outro osso, mas estabelece conexões fasciais com a coluna cervical, e, musculares

com a base do crânio e com a sínfise mandibular, interferindo, portanto, em todo o

sistema (ROCABADO, 1983).

Os músculos supra-hióideos incluem os músculos genio-hióideo, estilo-

hióideo, milo-hióideo e o digástrico anterior e posterior. O genio-hióideo e o estilo-

hióideo originam-se da mandíbula e da base do crânio respectivamente. O milo-

hiódeo consiste de uma parte anterior e outra posterior, que se originam na

mandíbula e inserem-se no osso hióide. Os músculos digástricos, anterior e

posterior, originam-se na mandíbula e na base do crânio respectivamente, e

compartilham de um mesmo tendão até o osso hióide (PEARSON; LANGMORE;

ZUMWALT, 2010). Conjuntamente com os músculos mastigatórios, os supra-

hióideos também interferem na curvatura cervical ao atuarem como antagonistas

dos músculos cervicais posteriores (DOUGLAS; AVOGLIO; OLIVEIRA, 2010).

Isso sugere que alterações posturais craniocervicais, podem resultar em

variações na morfologia craniofacial, que deve ser compreendida como a relação

anatômica entre o crânio e a mandíbula, a maxila e o osso hióide (MAYS; PALMER;

KUHLEMEIER, 2009). Em outras palavras, a posição da cabeça interfere

diretamente na postura da mandíbula, fato constatado porque há, na relação do

crânio com a coluna cervical, uma intervenção da mandíbula e do osso hióide

(ROCABADO, 1983).

Essa relação já era definida por Brodie (1950, apud SCHNEIDER et al.,

2009), o qual afirmava que o equilíbrio postural da cabeça envolvia a participação

dos músculos mastigatórios e dos supra e infra-hióideos, associando o crânio com a

mandíbula, a mandíbula com o osso hióide e o osso hióide com a cintura escapular.

Conectando cada um desses elementos há a coluna cervical, que por meio de

Page 47: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

45  

 

extensões, flexões, inclinações e movimentos rotacionais, interferem em todo o

conjunto.

Biasotto-Gonzalez (2005) afirma que a adoção de uma postura anteriorizada

da cabeça resultará no aumento da tensão dos músculos supra e infra-hióideos, por

isso a mandíbula é tracionada para trás e para baixo, fazendo com que a articulação

temporomandibular assuma uma postura viciosa. Da mesma forma, os músculos

mastigatórios também terão seu funcionamento prejudicado, pela alteração das

posições mandibular e oclusal. Além disso, foi constatado em outro estudo, que a

rotação posterior do crânio gera aumento da atividade elétrica dos músculos supra-

hióideos, enquanto que uma flexão do crânio determina uma hiperatividade dos

músculos mastigatórios e cervicais (YAMABE et al., 1999).

Visscher et al. (2000), relataram que a postura da cabeça também influencia a

distância intra-articular temporomandibular, alterando a relação cêntrica dos côndilos

na posição de repouso mandibular. Um estudo recente de Forrester et al. (2010)

relata a importância da relação cêntrica dos côndilos, a medida que uma função

muscular mastigatória máxima foi observada nesta posição em adultos saudáveis.

Considerando que as funções estomatognáticas caracterizam-se

principalmente pela utilização dos movimentos mandibulares e pela eficiência

muscular que envolve o sistema, é de fundamental importância que a mandíbula

assuma uma postura fisiológica, a fim de permitir uma adequada amplitude de

movimento e desempenho mastigatório. Esta, por sua vez, somente é estabelecida

por uma relação craniocervical que permita uma função balanceada dos grupos

musculares cervicais, e mastigatórios, os quais mantêm o equilíbrio de todo o

sistema (VILLANUEVA et al., 2004).

Diversos estudos eletromiográficos têm demonstrado a relação entre o

sistema estomatognático e craniocervical por meio da influência recíproca entre os

músculos mastigatórios e cervicais. (CIUFFOLO et al. 2005; FERRARIO et al.

2006CENEVIZ et al., 2006; TECCO et al., 2007; SFORZA et al., 2011, LODETTI et

al., 2012).

Esta interação foi demonstrada em indivíduos saudáveis, pelo aumento da

atividade elétrica do músculo trapézio superior (SFORZA et al., 2011) e

esternocleidomastoídeo (CIUFFOLO et al., 2005; FERRARIO et al., 2006) durante a

contração voluntária máxima do músculo masseter em intercuspidação das

superfícies oclusais. No estudo de Sforza et al. (2010) , foi observada para o

Page 48: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

46  

 

músculo trapézio superior, uma atividade elétrica representativa de 7 a 12% da sua

contração voluntária máxima nesta situação.

Neste contexto, Shiau et al. (2003), verificaram, durante a função

mastigatória, uma co-ativação do músculo esternocleidomastoídeo proporcional à

consistência do alimento ingerido. Isso nos demonstra que, frente à necessidade de

impor mais força para a trituração de alimentos duros, parece haver um sinergismo

entre os músculos mastigatórios e aqueles responsáveis pelo controle postural

craniocervical.

Além do sinergismo com os músculos elevadores da mandíbula, os músculos

cervicais parecem também estabelecer uma relação com os músculos depressores,

os supra e infra-hióideos. Armijo-Olivo e Magee (2006) verificaram um aumento da

atividade elétrica dos músculos trapézio superior e esplênio da cabeça, durante a

aplicação de uma força de resistência à abertura mandibular. Os autores sugerem

que este achado se deve a necessidade de estabilização craniocervicomandibular

frente à imposição de forças contrárias a ação do movimento do sistema.

Por outro lado, apesar da maioria dos estudos demonstrarem a relação

biomecânica entre os sistemas estomatognático e craniocervical, estudos recentes

contestam o assunto.

Polliti et al. (2010) concluíram, durante o máximo apertamento dentário, que

os indivíduos sem alterações oclusais e do aparato mastigatório, não apresentaram

nenhuma alteração na atividade elétrica observada para o músculo trapézio

superior. Os autores acreditam que uma relação entre músculos mastigatórios e

cervicais, pode ser unicamente demonstrada, em casos onde se observa uma

disfunção do sistema estomatognático, como por exemplo, na presença de uma

desordem temporomandibular.

Sob as mesmas condições, Forrester et al. (2010), observaram a presença de

atividade elétrica nos músculos esternocleidomastóideo e trapézio superior, no

entanto, os autores consideraram o achado insignificante se comparado ao sinal

eletromiográfico aferido durante a contração voluntária máxima destes músculos.

Corroborando com este ponto de vista, Perinetti et al. (2011) questionam a

relevância científica dos estudos que abordam a relação neuromuscular entre os

sistemas estomatognático e postural. Os autores referem que os estudos sobre o

tema demonstram a existência de uma correlação neuromuscular entre o aparato

mastigatório e os demais segmentos corporais, no entanto, essa correlação é

Page 49: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

47  

 

pequena, sem relevância clínica e embasada em estudos com baixo rigor

metodológico.

Por outro lado, a abordagem sobre o assunto que permeia a relação entre os

sistemas estomatognático e postural, não pode abranger da mesma forma a postura

craniocervical e a corporal como um todo. Esta ressalva foi feita também por

Perinnetti (2009), o qual refere que, admitir uma correlação entre o sistema

estomatognático, cabeça e coluna cervical não infere que exista, da mesma forma,

uma influência deste sobre os demais segmentos corporais e vice-versa.

2.2.3 Aspectos funcionais da relação entre a postura craniocervical e funções

alimentares

A relação biomecânica existente entre o crânio, coluna cervical, mandíbula e

osso hióide justifica a influência da postura craniocervical no desempenho das

funções estomatognáticas (SILVEIRA et al., 2006). Complementando, Silva et al.

(2004) referem que uma alteração na postura da cabeça e pescoço pode interferir,

principalmente, na realização das funções alimentares de mastigação e deglutição, à

medida que modificam a posição da mandíbula e do osso hióide, respectivamente.

O deslocamento do osso hióide é um evento primordial na realização da

função de deglutição, uma vez que dele dependem a proteção da via aérea inferior e

o transporte do bolo alimentar ao esôfago, através da abertura do esfíncter

esofágico superior (KIM; MCCULLOUGH, 2008; SHENG et al., 2009 PEARSON;

LANGMORE; ZUMWALT, 2010; JOLIEN, 2011).

Para que isso ocorra de forma eficiente, a mandíbula assume uma posição

fixa e estável, através da intercuspidação das superfícies oclusais, imediatamente

antes da língua impulsionar o bolo alimentar para a orofaringe. (PERRY; BAE;

KUEHN, 2011). Neste contexto, Monaco et al. (2008), observaram uma discreta,

porém contínua ativação do músculo esternocleidomastóideo (ECM) durante a

deglutição da saliva em indivíduos saudáveis. Segundo os autores, a contração do

ECM auxilia na estabilização da postura da cabeça, enquanto a mandíbula é levada

em posição de intercuspidação, instantes antes da deglutição propriamente dita.

A estabilização mandibular, por sua vez, permite a contração dos supra-

hióideos e, conseqüentemente, a tração do osso hióide e da laringe na direção

ântero-posterior, a tempo de garantir uma função de deglutição segura (MONACO et

Page 50: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

48  

 

al., 2008; PERRY; BAE; KUEHN, 2011). Considerando que os músculos que elevam

o hióide e a laringe se inserem na mandíbula, a posição que esta assume interfere

diretamente no desempenho destes músculos, tendo por base a capacidade de

gerar força pela relação comprimento-tensão (VAN EIJDEN; KORFAGE;

BRUGMAN, 1997).

Além da posição da mandíbula, a posição inicial do osso hióideo também

deve ser considerada. Para Perry, Bae e Kuehn (2011), se o osso hióide estiver em

uma posição mais inferior, será necessário um maior deslocamento em direção

ântero-superior, exigindo maior ação dos músculos supra-hióideos.

Mays, Palmer e Kuhlemeier (2009), avaliaram, através de videofluoroscopia, a

relação do ângulo FMA, formado entre o plano de Frankfurt (plano horizontal do

crânio) e o plano mandibular (plano que intercepta o bordo inferior da mandíbula),

com o deslocamento do osso hióide. Os autores concluíram haver uma correlação

moderada e inversa deste ângulo com o deslocamento anterior do osso hióide,

sugerindo que a relação entre a morfologia craniofacial e as funções orofaciais pode

estar baseada na alteração do comprimento muscular. Neste caso, um ângulo FMA

maior determina uma posição mais baixa da sínfise mentoniana, a qual pode

submeter os músculos supra-hióides a uma posição de desvantagem, reduzindo seu

desempenho de tração sobre o osso hióide durante o processo de deglutição.

O osso hióide também se move constantemente durante a função

mastigatória. Ao possuir conexões com a base do crânio, a mandíbula, o esterno e a

cartilagem cricóide, o osso hióide desempenha um papel muito importante no

controle dos movimentos da língua e da mandíbula na preparação do bolo alimentar

(MATSUO; PALMER, 2008).

Assim, a partir do exposto, o deslocamento do osso hióide pode ser

determinado, não somente pelos músculos que nele se inserem, mas, de uma forma

geral, pela postura craniocervical e mandibular (GERMAN et al., 2011).

A relação entre postura corporal e mastigação foi investigada no estudo de

Silva et al. (2004). O estudo contou com apenas 15 indivíduos, sendo a postura

aferida de forma subjetiva pela análise antroposcópica, no entanto, trata-se de um

dos poucos estudos que procurou relacionar a avaliação postural com a avaliação

miofuncional orofacial. Os autores concluíram que, apesar de não ter sido possível

estabelecer uma associação significante, 60% da amostra estudada apresentaram

alteração de cadeia muscular anterior e alteração na função mastigatória.

Page 51: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

49  

 

Outra consideração importante a ser feita, refere-se à relação da língua com o

sistema craniocervicomandibular e o osso hióide. Segundo Matos e Sekito (2009), a

língua é um órgão formado por um conjunto de músculos extrínsecos, cuja finalidade

é dar suporte aos músculos intrínsecos, para que estes realizem os deslocamentos

em diversos sentidos.

À medida que a musculatura extrínseca apresenta relações com o crânio e

com a coluna cervical (LANDOVZY et al., 2009), bem como com a mandíbula e o

osso hióide (CATRIONA; PASCAL, 2008; TSUKUDA et al., 2009), a postura destas

estruturas deve ser considerada, frente à comportamentos atípicos deste órgão, na

realização das funções estomatognáticas.

Neste contexto, Landovzy et al. (2009), descreveram a necessidade de uma

visão integrada do complexo craniocervicomandibular e orofacial, particularmente

quando se pretende programar uma terapia miofuncional. No que se referem à

língua, os autores relataram que o reequilíbrio do sistema postural craniocervical

deve preceder a terapia fonoaudiológica, a fim de corrigir primeiramente as

estruturas esqueléticas que dão suporte ao órgão. Eles ainda sugerem a aplicação

de técnicas osteopáticas de liberação do crânio e da coluna cervical, relacionadas

ao suporte posterior da língua, e do osso hióide, integrante do suporte da base da

língua.

A terapia miofuncional fonoaudiológica, que adota técnicas posturais na

reabilitação de pacientes disfágicos, também pode ser um exemplo prático para o

entendimento da relação existente entre a postura craniocervical e o sistema

estomatognático. Segundo Sakuma e Kida (2010), a modificação da posição da

cabeça auxilia na movimentação do bolo alimentar através do trânsito orofaríngeo,

servindo também como proteção da via aérea contra aspirações, em pacientes que

apresentam transtornos neurológicos de deglutição.

Embasados nos aspectos supracitados, acredita-se que uma postura

craniocervical equilibrada, seja fundamental para que se possa oferecer o suporte

necessário ao bom desempenho dos músculos mastigatórios e aqueles envolvidos

na função de deglutição.

Page 52: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

50  

 

2.3 Desordem Temporomandibular e as funções de mastigação e deglutição La Touche et al. (2009), definem o termo desordem temporomandibular para

englobar as diversas patologias que possam vir a comprometer a região

estomatognática. Segundo a Academia Americana de Dor Orofacial, a DTM é

definida como um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios,

as articulações temporomandibulares, juntamente com as demais estruturas

associadas (CARRARA; CONTI; BARBOSA, 2010).

Iunes et al. (2009) referem que disfunções do sistema estomatognático são

cada vez mais freqüentemente observadas na população atual, 50% a 75% dela

apresentam no mínimo um sinal de DTM, sendo que destes, 25% apresentam

alguma sintomatologia. Em estudos epidemiológicos entre estudantes universitários,

foi estimado que 41,3% a 68,6% da população apresentaram algum sinal ou sintoma

de DTM (PEDRONI; OLIVEIRA; GUARATINI, 2003; BONJARDIM, 2009).

A etiologia da DTM é considerada multifatorial, podendo estar relacionado a

um desequilíbrio entre os fatores oclusais, anatômicos, psicológicos e

neuromusculares, traumas extrínsecos, hábitos parafuncionais, postura corporal

entre outros (PEDRONI; OLIVEIRA; BÉRZIN, 2006). Neste contexto, Carrara, Conti

e Barbosa (2010) referem a importância de uma anamnese completa no diagnóstico

da DTM, que contemple a identificação de fatores predisponentes (que aumentam o

risco de DTM), fatores iniciadores (que causam a DTM) e perpetuadores (que

interferem no controle da patologia).

Segundo Strini et al. (2009), os sinais mais comumente observados na

avaliação diagnóstica da DTM incluem: dor articular ou muscular à palpação,

limitação e/ou incoordenação dos movimentos mandibulares e ruídos articulares.

Quanto aos sintomas mais freqüentemente relatados pelos pacientes

destacam-se: a dor facial, referida sobre a região da articulação e dos músculos

mastigatórios, zumbido, vertigem (CARRARA; CONTI; BARBOSA, 2010), a

alteração da visão ou mesmo queixa de mal estar e cefaléia, podendo ainda estar

acompanhada de estresse psicológico, o qual interfere nas atividades diárias do

indivíduo (BORINI, 2005).

A DTM é considerada altamente debilitante à medida que altera,

preferencialmente, a perfeita realização das funções estomatognáticas alimentares

Page 53: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

51  

 

de mastigação e deglutição (OLIVEIRA; ARCANJO, 2008; FELÍCIO; MELCHIOR;

SILVA, 2010).

Segundo Felício et al. (2008), a ocorrência de desordens miofuncionais

orofaciais pode ser a conseqüência da presença de DTM, uma vez que os estímulos

nociceptivos podem alterar a função muscular, que por sua vez é a resposta aos

comportamentos atípicos observados nas estruturas e funções estomatognáticas.

Para Bakke e Hansdottir (2008), a dor crônica, relacionada à perpetuação de sinais

e sintomas de DTM, mantida por um tempo prolongado, pode ser o motivo de

ineficiência dos movimentos mandibulares no desempenho destas funções.

O impacto da DTM nas funções de mastigação e deglutição tem sido

investigado sobre vários aspectos, sendo reportado em indivíduos que apresentam

dor craniomandibular: menor excursão mandibular durante o ato de mastigar,

atividade elétrica mais prolongada durante a mastigação de alimentos duros (SHIAU

et al., 2003); menor força de contração dos músculos mastigatórios, menor eficiência

da trituração dos alimentos e maior número de ciclos mastigatórios quando

comparados à indivíduos assintomáticos (PEREIRA et al., 2007).

No que se refere à avaliação miofuncional orofacial, os aspectos que são

abordados se restringem ao comportamento dos lábios e da língua na função de

deglutição e ao padrão mastigatório na função de mastigação, bem como a

presença de postura alterada e/ou movimentação da cabeça, tensão nos músculos

fasciais e escape do alimento (FELÍCIO; FERREIRA, 2008).

Diversos estudos têm demonstrado que indivíduos com DTM, freqüentemente

apresentam algum tipo de desordem na fase oral da deglutição. Com o intuito de

evitar a dor, a língua atua de forma compensatória, interpondo-se nos arcos

dentários quando é chegado o momento de impulsionar o bolo alimentar para a

faringe (FELICÍO et al., 2008; FELÍCIO; MELCHIOR; SILVA, 2010).

Recentemente, Felício, Melchior e Silva, (2010) avaliaram o efeito da terapia

miofuncional em sujeitos com DTM, cuja avaliação foi feita mediante o Protocolo de

Avaliação Miofuncional Oral com Escores (AMIOFE) (FELÍCIO; FERREIRA, 2008).

Na avaliação que precedeu o tratamento, os autores observaram uma

diferença significativa entre indivíduos com DTM e assintomáticos, em detrimento do

primeiro, no que se refere à amplitude dos movimentos mandibulares, postura

vertical da mandíbula, e na realização das funções de mastigação e deglutição.

Page 54: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

52  

 

No estudo de Slavicek (2010) sobre a mastigação humana, diversos tipos

mastigatórios foram identificados: bilateral alternado, bilateral vertical, unilateral

crônico, unilateral preferencial e mastigação anterior. Segundo, Felício et al. (2007)

pacientes com DTM tendem a apresentar mastigação unilateral crônica. No estudo

de Diernberger et al. (2008), a escolha do padrão unilateral foi associado com sinais

e sintomas unilaterais de DTM, como dor muscular e articular e deslocamento de

disco.

Recentemente, Ratnasari et al. (2011) concluíram que, para alimentos duros,

a presença de deslocamento de disco unilateral foi determinante na escolha do lado

mastigatório, mesmo em pacientes assintomáticos. Foi observado, que os indivíduos

preferiram mastigar do mesmo lado do deslocamento, fato que os autores

atribuíram, em parte, à maior translação do côndilo ocorrer no lado do balanceio

(MINAGI et al., 1997).

A oclusão e a severidade das desordens craniomandibulares, também

parecem estar associadas com a função mastigatória (FELÍCIO et al., 1991). Quanto

maior o número de interferências oclusais, maior a severidade da DTM, maior o

tempo de mastigação de um determinado tipo de alimento e mais pronunciados os

movimentos mastigatórios atípicos (FELÍCIO et al., 2007).

Outro estudo também relata a prevalência de mastigação unilateral em

sujeitos com DTM, a qual interfere diretamente na perpetuação de sinais e sintomas

desta desordem (REINHARD et al., 2006). Bakke e Hansdottir (2008), afirmam que,

na adoção de padrões mastigatórios atípicos, a demanda funcional adaptativa pode

interpor a tolerância estrutural das articulações temporomandibulares,

estabelecendo a DTM. Esta, por sua vez, resultará em alteração dos movimentos

mandibulares e conseqüentemente em alterações funcionais orais.

Page 55: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo e local da Pesquisa

Esta pesquisa consiste em um estudo observacional transversal, quantitativo

e comparativo. A pesquisa foi realizada no Serviço de Fisioterapia da Policlínica

Cauzzo & Meirelles e na Clínica de Radiologia Clinirad, ambos localizados na ERS -

509 (faixa velha de Camobi).

3.2 Seleção dos Voluntários A divulgação da pesquisa, para a obtenção dos voluntários, foi feita mediante

a mídia impressa e eletrônica (APÊNDICE A). Entre os meses de agosto de 2010 e

maio de 2011, um total de noventa e quatro indivíduos entrou em contato com a

pesquisadora, destes, setenta foram incluídos na pesquisa, mediante os critérios de

inclusão e exclusão. Os setenta sujeitos foram divididos em dois grupos mediante o

diagnóstico de DTM: o G1 composto por 34 indivíduos com DTM e o G2 com 36

indivíduos sem DTM.

O número de participantes não se baseou em cálculo amostral, uma vez que

não foi possível realizá-lo, pois não foram encontrados estudos com a mesma

metodologia. Portanto, foi considerada a média de participantes em estudos

similares (KOLLIAS; KROGSTAD, 1999; KIM; McCULLOUGH, 2008; SAHIM

SAGLAM; UYDAS, 2006; ANDRADE; KIM; McCULLOUGH, 2008; GOMES;

MATOS;SEKITO, 2009; MACHADO; CRESPO, 2011).

3.2.1 Aspectos Éticos

Esta pesquisa faz parte de um projeto maior intitulado ¨Sistema crânio-

cérvico-mandibular: enfoque diagnóstico e terapêutico multifatorial¨, submetido à

aprovação do comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UFSM, conforme resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), sob o número do processo

23081.019091/2008-65 e número do CAAE (Certificado de Apresentação para

Apreciação Ética) 0281.0.243.000-08 (ANEXO A).

Page 56: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

54  

 

Os voluntários foram esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos a

serem realizados, bem como os benefícios e possíveis desconfortos. Além disso,

lhes foi assegurada a garantia de quaisquer esclarecimentos sobre a pesquisa,

antes e durante o seu curso, juntamente com o CEP e/ou com o pesquisador

responsável; a liberdade de recusar a participar ou retirar o seu consentimento, em

qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado

e a privacidade quanto ao sigilo dos dados confidenciais envolvidos na pesquisa.

Após, os participantes assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido (APÊNDICE B) e foram incluídos na pesquisa.

3.2.2 Critérios de Inclusão

Como critérios de inclusão no G1 foram considerados o gênero feminino, a

idade entre 19 e 35 anos e a presença de DTM, referida e confirmada pela aplicação

do Critério de Diagnóstico para Pesquisa de Desordem Temporomandibular

(RDC/TMD) (DWORKIN; Le RESCHE, 1992) (ANEXO B).

No G2, foram incluídos igualmente indivíduos do sexo feminino, com idades

entre 19 e 35 anos, porém assintomáticos para DTM, sendo que a ausência do

diagnóstico desta desordem também confirmada pela aplicação do RDC/TMD.

Considerando a proposta do estudo, convém mencionar que a escolha da

faixa etária foi proposital, uma vez que alterações posturais significativas têm sido

observadas em indivíduos que compõem a parcela ativa da população e, por esse

motivo, se tornam mais vulneráveis aos maus hábitos posturais (ANDRADE e

GOMES, 2007). Por outro lado, por serem jovens, os mesmos não apresentariam

possíveis alterações morfofuncionais orofaciais características do processo de

envelhecimento (MARCHESAN, 1998). Além disso, considerando a presença de

DTM, sabe-se que uma maior freqüência de sinais e sintomas desta desordem tem

sido relatada na literatura em mulheres adultas jovens (MOBILIO et al. 2010).

3.2.3 Critérios de Exclusão

Como critérios de exclusão para ambos os grupos, foram considerados:

história de trauma facial e/ou craniocervical; presença de deformidades

musculoesqueléticas (escolioses, má formação óssea congênita), realização de

Page 57: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

55  

 

procedimentos cirúrgicos ortopédicos craniomandibulares e/ou cervicais prévios;

classificação de oclusão II e III de Angle (ANGLE, 1989; apud SHRIKANT, 2011)

falhas dentárias, alterações oclusais do tipo, mordida aberta anterior e posterior,

mordida cruzada, mordida de topo e sobremordida bem como uso de aparelho

ortodôntico vigente a realização da pesquisa.

3.3 Procedimentos para seleção e divisão da amostra

3.3.1 Ficha de anamnese

A fim de contemplar os critérios de exclusão do estudo, primeiramente os

sujeitos responderam a uma ficha de anamnese, constituída por questões sobre a

ocorrência de qualquer comprometimento por trauma, deformidade, má formação

óssea congênita e/ou realização de procedimento cirúrgico referente à região facial

e/ou craniocervical (APÊNDICE C).

3.3.2 Avaliação ortodôntica

A avaliação ortodôntica teve por finalidade avaliar os indivíduos quanto à

presença de maloclusões e possíveis falhas dentárias. Sempre pelo mesmo

avaliador, foram realizadas três fotografias intra-orais dos indivíduos (FIGURAS 1, 2

e 3), com o auxílio de afastadores externos, para melhor visualização da relação do

primeiro molar superior com o primeiro molar inferior.

As fotografias foram analisadas por um Cirurgião Dentista, especialista na

área de Ortodontia, que teve como base uma ficha de Avaliação Ortodôntica

(APÊNDICE D).

Page 58: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

56  

 

Figura 1 - Relação oclusal plano frontal

Figura 2 - Perfil direito, relação primeiro molar

Figura 3 - Perfil esquerdo, relação primeiro molar

Page 59: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

57  

 

3.3.3 Avaliação clínica da DTM

O diagnóstico da DTM foi realizado com a finalidade de dividir os indivíduos

em dois grupos, quanto à presença ou não da desordem, e foi aferido por meio do

instrumento Critérios de Diagnóstico para Pesquisa de Desordens

Temporomandibulares (RDC/TMD – EIXO 1).

O eixo I realiza o diagnóstico físico das desordens musculares e/ou

articulares, classificando os indivíduos em três grupos:

I) Diagnósticos musculares

a) Dor miofascial

b) Dor miofascial com abertura limitada

II) Deslocamento de disco

a) Deslocamento de disco com redução

b) Deslocamento de disco sem redução com abertura limitada

c) Deslocamento de disco sem redução e sem abertura limitada

III) Artralgia, artrite, artrose

a) Artralgia

b) Osteoartrite da ATM

c) Osteoartrose da ATM

Quando o indivíduo receber um diagnóstico muscular (Grupo I), este deverá

aferir as duas articulações. Quanto às desordens intra-articulares e do disco, cada

articulação separadamente pode conter no máximo um diagnóstico do Grupo III e

um diagnóstico do Grupo II, respectivamente.

Assim, o indivíduo pode ser avaliado com até no máximo cinco diagnósticos

(um diagnóstico muscular, mais um diagnóstico do grupo II e/ou um diagnóstico do

grupo III para cada articulação).

Um único examinador, treinado para aplicação do sistema de diagnóstico

RDC/TMD, conduziu as avaliações. Para avaliação da amplitude de movimento

mandibular, durante a execução da abertura da boca (passiva e ativa), desvios

laterais direito e esquerdo e protrusão, foi utilizado um paquímetro digital.

Page 60: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

58  

 

3.4 Procedimentos para coleta dos dados

3.4.1 Avaliação cefalométrica

3.4.1.1 Procedimento Radiográfico

Os indivíduos foram submetidos a uma radiografia lateral direita do crânio e

coluna cervical, em posição ortostática habitual. Com o intuito de promover o

posicionamento natural da cabeça, durante a incidência radiográfica, eles foram

instruídos a olhar para o reflexo dos seus olhos no espelho localizado a um metro de

distancia (SOLOW; SANDHAM, 2002, VISSCHER et al., 2002; CIANCAGLINI et al,

2003; ROSA; MORAES, 2009).

A radiografia foi realizada no equipamento Orthophos Plus (Siemens,

Alemanha) com o chassis posicionado paralelo à face e imediatamente adjacente ao

ombro do indivíduo. Foi utilizado chassis com filme T MAT G Kodak de 18x24 cm,

com uma distancia foco filme fixa em 1,52 m. O exame foi realizado em

conformidade com o protocolo de radioproteção de acordo com a portaria 453 de

01/06/1998 (Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária).

3.4.1.2 Traçado Cefalométrico da postura craniocervical

Todos os ângulos foram traçados manualmente por um mesmo examinador.

Os cefalogramas foram desenhados em papel acetato, com auxílio de uma lapiseira

(grafite 0.3 mm), estando as radiografias sobre um negatoscópio, a fim de permitir

uma melhor visualização das estruturas. Para realização das medidas angulares, foi

utilizado um transferidor, e para as medidas lineares, uma régua milimetrada. Com

um intervalo de uma semana, 20 radiografias foram escolhidas aleatoriamente para

uma segunda análise, a fim de verificar a confiabilidade do traçado realizado.

Os pontos anatômicos, demarcados para o traçado das linhas e ângulos dos

cefalogramas, estão descritos no quadro 1.

Page 61: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

59  

 

Pontos Definições Sp Espinha nasal anterior Pm Espinha nasal posterior N Nasio – ponto mais anterior da sutura fronto-nasal S Sela – centro da sela túrcica O Ponto mais inferior da base do osso occiptal H Ponto mais anterior e superior do corpo do osso hióide

RGn Ponto mais inferior e posterior da sínfise mentoniana CV2tg Ponto mais superior e posterior do dente de C2 CV2 ip Ponto mais posterior e inferior do corpo de C2 CV2Ap Ponto tangente ao ápice do dente de C2 CV2ia Ponto mais anterior e inferior do corpo de C2 CV3ai Ponto mais anterior e inferior do corpo de C3 CV4ip Ponto mais posterior e inferior do corpo de C4 CV6ip Ponto mais posterior e inferior do corpo de C6

Ce1 – Ce6 Pontos centrais dos corpos vertebrais de C1 a C6 Quadro 1 - Pontos anatômicos utilizados na análise cefalométrica da postura craniocervical

Foram consideradas seis variáveis referentes à postura craniocervical. A

inclinação da base do crânio em relação a coluna cervical foi avaliada em dois

níveis: NSL/CVT e NSL/OPT (SOLOW; TALLGREN, 1976 apud SOLOW;

SONNESEN, 1998; SOLOW; SANDHAM, 2002; CURRIE et al., 2009). Para a

mensuração da curvatura cervical, foi utilizada a relação CVT/EVT (TECCO; TETE;

FESTA, 2007; CURRIE et al., 2009). A descrição das linhas de referência, traçadas

para a análise cefalométrica, e das variáveis craniocervicais estão descritas nos

quadros 2 e 3 respectivamente, e nas figuras 4 e 5.

Linhas Definições NSL Linha Sela-násio – linha que passa entre N e S OPT Linha entre CV2tg e CV2ip CVT Linha entre CV2tg e CV4ip EVT Linha entre CV6ip e CV4ip

Quadro 2 - Linhas de referência traçadas na análise cefalométrica da postura craniocervical

Page 62: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

60  

 

Variáveis Definições NSL/CVT Inclinação da base do crânio em relação a cervical (C2 – C4) NSL/OPT Inclinação da base do crânio em relação a cervical superior

Relação cervical EVT/CVT Lordose cervical

Quadro 3 - Variáveis cefalométricas craniocervicais

Figura 4 - Relação NSL/CVT e NSL/OPT

Figura 5 - Relação CVT/EVT

Para a análise da curvatura da coluna cervical e da postura da cabeça em

relação a cervical superior, também foram utilizados dois traçados de Rocabado

(1983), recentemente descritos por Schneider et al. (2009); Matheus et al. (2009);

Iunes et al. (2009) e Currie et al. (2009):

• Distância H – H’ (triângulo hióideo): envolve planos entre a coluna cervical e

a sínfise mentoniana. Primeiramente determina-se o Retrognátio (RGn). Em seguida

traça-se uma linha entre o ponto mais ântero-inferior de C3 (CV3ai) até o ponto RGn,

e unem-se os pontos CV3ai – H, e H – RGn. Desta forma se obtém o triângulo

hióideo.

• Ângulo crânio-vertebral: é formado pelo plano de McGregor (plano que

tangencia a base do osso occiptal até alcançar a espinha nasal posterior) e pelo

plano odontóideo (que parte do ápice do processo odontóide de C2 até o ponto mais

anterior e inferior do corpo de C2). É utilizado para avaliar a posição ântero-posterior

do crânio em relação à coluna cervical.

Page 63: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

61  

 

A descrição dos variáveis cefalométricas supracitadas, bem como os seus

valores de normalidade, encontram-se no Quadro 4 e nas Figuras 6 e 7.

Ângulos Descrição Valores de normalidade

Distância

H – H’

Triângulo hióideo

Hióide até 5 mm abaixo da linha C3 – RGn = lordose cervical fisiológica

Hióide sobre a linha C3 – RGn = retificação Hióide acima da linha C3 – RGn = inversão

CVA Ângulo

crânio-vertebral

96º-106º = postura normal da cabeça < 96º = extensão da cabeça >106º = flexão da cabeça

Quadro 4 - Variáveis cefalométricas segundo Rocabado

Figura 6 - Ângulo crânio-vertebral

Figura 7 - Triângulo hióideo

A posição de anteriorização da cabeça, foi obtida por meio do ângulo formado

entre a linha CPL (Craniocervical postural line) com a horizontal verdadeira, descrito

por Visscher et al. (2002).

Para formar a linha CPL, primeiramente foi traçado o centro dos corpos das

seis primeiras vértebras cervicais, por meio do cruzamento da diagonal 1 (ponto

ântero-superior ao ponto póstero-inferior do corpo da vértebra) com a diagonal 2

(ponto póstero-superior ao ponto ântero-inferior do corpo da vértebra), conforme

ilustra a Figura 8.

Page 64: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

62  

 

Figura 8 - Traçado para determinação do ponto central do corpo vertebral: D1 – diagonal 1; D2 – diagonal 2; C – ponto central do corpo vertebral

A linha CPL faz intersecção com o centro das seis primeiras vértebras

cervicais (cruzando quanto mais próximo possível os pontos centrais). O ângulo

formado entre a linha CPL com a horizontal está demonstrado na figura 9.

Figura 9 - Ilustração do ângulo de anteriorização da cabeça (CPL – Horizontal)

3.4.1.3. Traçado cefalométrico da posição mandibular e do osso hióide

A variável referente à posição mandibular foi baseada na inclinação da

mandíbula em relação à base do crânio (SOLOW; TALLGREN, 1976), previamente

descrita por Solow e Sonnesen (1998) e Solow e Sandham (2002). Além disso, foi

aferida a posição espacial do osso hióide (SHENG et al., 2009), por meio da

Page 65: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

63  

 

distância linear desta estrutura óssea ao mento, à mandíbula e à terceira vértebra

cervical.

A descrição dos pontos anatômicos e das linhas de referência utilizados,

estão representados nos quadros 5 e 6. As variáveis representativas da posição

mandibular e do osso hióide, estão descritas no quadro 7 e ilustradas nas figuras 10 e

11.

Pontos de Referência Definição

N Nasio – o ponto mais anterior da sutura fronto-nasal S Sela – centro da Sela Túrcica

RGn Retrognátio – ponto mais póstero-inferior da sínfise mentoniana Me Mentoniano – ponto mais inferior na sínfise mandibular

CV3ai Ponto mais anterior e inferior ao corpo de C3 Quadro 5 - Pontos anatômicos utilizados para a análise da posição mandibular e do osso hióide.

Linhas de Referência Definição

ML Linha mandibular – tangente ao bordo inferior da mandíbula através do Gn

NSL Linha Sela-Násio – A linha que passa entre N e S Quadro 6 - Linhas utilizadas na análise da posição mandibular e do osso hióide.

Variáveis Definições NSL/ML Inclinação da base do crânio em relação à mandíbula Hy/C3 Distância do hióide a terceira vértebra cervical Hy/Me Distância do hióide ao mento Hy/ML Distância do hióide ao plano mandibular

Quadro 7 - Variáveis cefalométricas referentes a posição mandibular e do osso hióide.

Page 66: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

64  

 

Figura 10 - Ângulo NSL/ML - Inclinação da mandíbula em relação ao crânio.

  Figura 11 - Posição espacial do osso hióide: H1 – distância do osso hióide ao mento; H2 – distância do osso hióide à terceira vértebra cervical; H3 – distância do osso hióide à mandíbula. 3.4.2 Avaliação das funções de mastigação e deglutição

A avaliação das funções de mastigação e deglutição foi realizada por uma

única fonoaudióloga, com experiência na avaliação da motricidade orofacial. A

avaliação foi baseada no Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com

Escores (AMIOFE) (ANEXO C), de Felício e Ferreira (2008).

Na avaliação da deglutição, enfatizou-se, principalmente, o comportamento

dos lábios e da língua durante a realização da função. Quanto aos lábios,

considerou-se atípica a oclusão labial com esforço ou o não vedamento da cavidade

oral, enquanto a oclusão sem esforço aparente foi considerada padrão típico para

Page 67: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

65  

 

esta função. A interposição da língua aos arcos dentários inferiu o padrão atípico,

sendo o padrão típico, considerado quando esta estivesse contida na cavidade oral,

na papila palatina, durante a ação deglutitória. Outros comportamentos e sinais de

alteração avaliados foram: presença da movimentação da cabeça e tensão dos

músculos faciais durante a função.

Quanto à função mastigatória, quando esta era realizada em ambos os lados

das superfícies oclusais, considerou-se a mastigação bilateral vertical como padrão

atípico e, a forma alternada, como padrão típico. Quando realizada apenas de um

lado, caracterizou uma mastigação unilateral crônica ou preferencial, adotando-se

estas como padrão atípico e típico, respectivamente. Segundo o protocolo, o padrão

crônico é aquele em que mais de 95% do tempo da função mastigatória ocorre

apenas de um lado, enquanto que no unilateral preferencial isso ocorre em 66% do

tempo em que a função é exercida. Outros comportamentos e sinais de alteração

observados na função mastigatória foram: presença de movimentos e/ou postura

alterada da cabeça.

Ambas as funções foram testadas utilizando-se pão francês. Particularmente,

na função de deglutição, foi também oferecida água durante o exame.

3.3 Análise Estatística

O coeficiente de correlação intraclasse – ICC, analisado por meio do software

SPSS 17.0, foi utilizado para verificar a confiabilidade das medidas cefalométricas.

Os valores de ICC foram classificados da seguinte maneira: ICC < 0.4, confiabilidade

fraca; entre 0.4 < ICC < 0.75, confiabilidade moderada; e ICC > 0.75, confiabilidade

excelente (FLEISS, LEVI e PAIK, 2003).

As demais análises foram realizadas por meio do software STATISTICA 7.1.

A normalidade das variáveis posturais cefalométricas e demográficas de idade e

IMC (índice de massa corporal) foram verificadas pelo teste de Lilliefors. Para

identificar diferenças entre os grupos nestas variáveis, foi utilizado o teste t de

Student para amostras independentes.

Para as variáveis cefalométricas, foi calculado também o tamanho do efeito

(d) proposto por Cohen (1992): d = X1 – X2/ S’, onde S’= , S1

representa o desvio padrão do primeiro grupo e S2 o desvio padrão do segundo

Page 68: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

66  

 

grupo. Um valor de d = 0,20 representa um tamanho de efeito pequeno, d = 0,50,

médio, e d = 0,80, grande. O poder estatístico foi calculado separadamente para

todas as variáveis cefalométricas. É aceitável um poder igual a 0,8 ou maior, para

que a chance de encontrar uma diferença estatística seja de 80% ou mais.

Procedeu-se uma análise intra-grupo da correlação entre as variáveis

cefalométricas referentes à postura craniocervical, com as variáveis referentes à

posição mandibular e do osso hióide através do coeficiente de Pearson que varia de

-1 (correlação negativa, variáveis variam em sentido contrário) a 1 (correlação

positiva, variáveis variam no mesmo sentido). A correlação foi considerada forte para

valores de coeficiente de correlação (r) maior ou igual a 0,7; moderada quando 0,3 <

r < 0,7, e fraca quando 0 < r < 0,3 (CHAN, 2003).

Uma estatística descritiva foi realizada para verificar a porcentagem de

voluntárias em cada grupo segundo a presença de DTM, número de alterações

posturais craniocervicais e ainda de acordo com os aspectos avaliados nas funções

de mastigação e deglutição. O teste do qui-quadrado e o teste para a diferença entre

as proporções populacionais verificaram as diferenças de porcentagem entre os

grupos. Em todos os testes admitiu-se um nível de significância de 5% (p<0,05).

Page 69: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

4 – ARTIGOS DE PESQUISA

ARTIGO 1 - RELAÇÃO CRANIOCERVICAL, MANDÍBULA E OSSO HIÓIDE E SUA INFLUÊNCIA NAS FUNÇÕES ALIMENTARES

Resumo Introdução: a postura craniocervical pode interferir na posição da mandíbula e

do osso hióide e conseqüentemente na realização das funções alimentares.

Objetivo: avaliar a relação anatômica entre a postura craniocervical, mandíbula

e osso hióide e a sua influência sobre as funções de mastigação e deglutição.

Materiais e Métodos: foram avaliadas 36 mulheres com idade entre 19 e 35

anos sem diagnóstico de desordem temporomandibular. As variáveis referentes

à postura craniocervical e à posição mandibular e do osso hióide foram aferidas

por meio da análise cefalométrica. As funções alimentares foram avaliadas

segundo o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores.

Resultados: foram observadas correlações significativas entre o ângulo crânio-

vertebral com a distância do osso hióide ao mento (p=0,02) e à mandíbula

(p=0,03). Da mesma forma comportou-se o ângulo referente à anteriorização da

cabeça com a medida relativa à distância do osso hióide à mandíbula (p=0,00).

O grau de curvatura cervical demonstrou uma correlação significativa em

relação à distância do osso hióide à terceira vértebra cervical (p=0,01).

Alterações na inclinação do crânio sobre a coluna cervical nos dois níveis foram

as únicas variáveis a demonstrar uma correlação significativa com a posição

mandibular. Foram observadas alterações posturais importantes, porém estas

não foram associadas à maior freqüência de comportamentos atípicos durante

as funções alimentares. Conclusão: Os achados cefalométricos confirmaram a

relação anatômica entre a postura craniocervical, mandíbula e osso hióide.

Porém, a associação entre as alterações da postura craniocervical e o

comprometimento das funções alimentares não foi comprovada. Sugere-se que,

frente a um desequilíbrio músculo-esquelético, o corpo se readapte de forma

com que as funções alimentares não sejam afetadas.

Palavras-chave: postura, mastigação, deglutição, cefalometria.

Page 70: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

68  

Journal of Apllied Oral Science 

CRANIOCERVICAL, MANDIBLE AND HYOID BONE RELATION AND ITS INFLUENCE ON ALIMENTAIRES FUNCTIONS

Abstract Introduction: Craniocervical posture can interfere directly on mandibular and

hyoid bone position as well as on the alimentaires functions. Objective: To

evaluate the anatomical relation between craniocervical posture and mandibular

and hyoid bone position and its influence on the masticatory and swallowing

functions. Material and Methods: 36 women from 19 to 35 years old, without

temporomandibular disorder diagnosis, were evaluated. Craniocervical posture

and mandibular and hyoid bone variables were measured by cephalometric

analysis. Masticatory and swallowing function evaluations were performed

according to a protocol of orofacial myofunctional evaluation with Scores.

Results: Significant correlations were observed between craniovertebral angle

and the linear distance from the hyoid bone to the menton (p=0,02) and to the

mandible (p=0,03). The angle which measured the forward head position also

demonstrated a significant correlation with the linear distance between hyoid

bone and jaw (p=0,00). The cervical curvature degree showed a significant

correlation between the linear distances from hyoid bone to the third cervical

vertebra (p=0,01). Alterations of the cranium base inclination in relation to the

cervical column at the two levels (NSL/CVT and NSL/OPT) were the only

variables which showed a significant correlation with the mandible position.

Important craniocervical postural changes were observed in the group, although

there was no association between them and a higher frequency of atypical

behaviors evaluated during masticatory and swallowing functions. Conclusion: Cephalometric findings confirm the anatomical relationship between

craniocervical posture, mandible and hyoid bone. However, the association

between craniocervical posture alterations and masticatory and swallowing

function impairments was not proven. Such findings suggest that, facing of a

musculoskeletal imbalance, body readapts itself ensuring that alimentaires

functions won’t be affected.

Key-words: posture, mastication, deglutition, cephalometry.

Page 71: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

69  

Journal of Apllied Oral Science 

Introdução

Considerando os princípios da biomecânica humana, sabe-se que há uma

interdependência entre a condição estrutural e a ação do movimento. Em outras

palavras, a ação muscular, da qual depende a realização de inúmeras funções do

organismo, é determinada pela relação de equilíbrio músculo-esquelético dos

segmentos corporais observado na postura dita ideal1.

Assim, a influência da postura craniocervical sobre a funcionalidade do

sistema estomatognático, pode embasar-se no conceito de unidade

craniocervicomandibular, que define a relação músculo-esquelética compreendida

pela cabeça, pescoço e mandíbula2. O osso hióide, apesar de não se articular ao

sistema, mantém conexões musculares com a base do crânio e com a sínfise

mandibular, e, fasciais, com a coluna cervical3. Um sinergismo entre músculos

tônico-posturais cervicais, mastigatórios e supra e infra-hióideos é estabelecido ao

ponto que, uma alteração na postura craniocervical pode vir a alterar,

conseqüentemente, a posição mandibular e do osso hióide4.

As condições de repouso mandibular e do osso hióide, por sua vez, são

determinantes na realização das funções estomatognáticas alimentares. A

mastigação eficiente é exercida através de uma coordenada interação entre os

movimentos da mandíbula, língua e do osso hióide5 com o alinhamento do plano

oclusal e o desempenho dos músculos mastigatórios6.

Na deglutição, a estabilização da mandíbula ao crânio, é o primeiro evento

fisiológico que permite a ação da língua e do osso hióide na propulsão do bolo

alimentar. O deslocamento ântero-superior do osso hióide é também fundamental na

proteção da via aérea contra a aspiração e na passagem do alimento pelo esfíncter

esofágico superior7-9.

A partir do exposto, pode-se inferir que a postura craniocervical correta seja

necessária para o bom desempenho das funções alimentares. Assim, o presente

estudo tem por objetivo investigar a relação anatômica entre a postura

craniocervical, mandíbula e osso hióide, bem como a sua influência sobre as

funções de mastigação e deglutição. Considerando abrangência do tema, optou-se

por enfatizar o estudo destas funções, excluindo-se a respiração e a fonoarticulação,

que podem ser mais bem investigadas em estudos subseqüentes.

Page 72: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

70  

Journal of Apllied Oral Science 

Materiais e Métodos

A pesquisa constitui-se de um estudo transversal, observacional de

abordagem quantitativa. Foram convidadas a participar deste estudo, mulheres com

idades entre 19 e 35 anos, interessadas em receber uma avaliação funcional da

região orofacial e cervical gratuitamente. O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM), conforme parecer número 0048.0.243.000-08, reconhecido pela Comissão

Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Por meio de questionário de anamnese, foram excluídos da pesquisa

indivíduos com relato de trauma facial e/ou procedimentos cirúrgicos ortopédicos

craniomandibulares e/ou cervicais; e deformidades musculoesqueléticas. Ainda

foram considerados critérios de exclusão do estudo: diagnóstico de desordem

temporomandibular (DTM), alterações oclusais classe II e III de Angle10, falhas

dentárias, mordida aberta anterior e posterior, mordida cruzada, de topo e

sobremordida, bem como uso de aparelho ortodôntico atual.

Na seleção do grupo de estudo, a presença de DTM foi avaliada segundo o

instrumento Critérios de Diagnósticos para pesquisa de Desordem

Temporomandibular RDC/TMD11 por um único examinador. As maloclusões foram

avaliadas por um Ortodontista por meio da observação de fotografias intra-orais.

Entre os meses de agosto de 2010 e maio de 2011, um total de 94 indivíduos

procurou a pesquisadora em resposta à divulgação do estudo em mídia impressa e

eletrônica. Destes, 58 foram excluídos: 34 com diagnóstico de DTM, 10 com

alterações de oclusão, 2 por terem se submetido a cirurgia ortognática, 9 por

fazerem uso de aparelho ortodôntico e 2 com diagnóstico de escoliose.

Os indivíduos que foram excluídos do estudo pela presença de maloclusões

e, aqueles participantes que apresentavam alterações fonoaudiológicas e posturais

importantes com sintomatologia dolorosa, foram orientados a buscar tratamento

especializado, sendo esta iniciativa, no entanto, de sua responsabilidade. Os

participantes com diagnóstico de DTM foram convidados a participar do projeto de

atuação fisioterapêutica nas desordens temporomandibulares, realizado junto às

dependências do Laboratório de Motricidade Orofacial da UFSM.

O índice de massa corporal (IMC) das voluntárias foi calculado, e, juntamente

com a idade, foram analisados para caracterizar o grupo de estudo. Este, foi

Page 73: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

71  

Journal of Apllied Oral Science 

composto por 36 mulheres que concordaram em participar do estudo e assinaram o

termo de consentimento livre e esclarecido.

Para a análise cefalométrica, as voluntárias foram submetidas a uma

radiografia lateral direita do crânio e coluna cervical em posição ortostática. A fim de

reproduzir o posicionamento natural da cabeça, as mesmas mantiveram o olhar fixo

para o reflexo dos seus olhos no espelho localizado a um metro de distância12.

A radiografia foi realizada no equipamento Orthophos Plus (Siemens,

Alemanha), com uma distancia foco filme fixa em 1,52 m. O exame foi realizado em

conformidade com o protocolo de radioproteção de acordo com a portaria 453 de

01/06/1998 (Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária).

As variáveis foram mensuradas por um único examinador manualmente. Com

um intervalo de uma semana, 20 radiografias foram escolhidas aleatoriamente para

uma segunda análise, a fim de verificar a confiabilidade do traçado realizado.

Os pontos anatômicos utilizados na análise cefalométrica, estão descritos na

figura 1. No quadro 1, estão definidos os ângulos e linhas traçados a partir deles. .

Figura 1: Pontos anatômicos utilizados na análise cefalométrica: Sp – espinha nasal anterior; Pm – espinha nasal posterior; N (násio) - ponto mais anterior da sutura fronto-nasal; S (Sela) – centro da sela túrcica; H - ponto mais anterior e superior do corpo do osso hióide; O - ponto mais inferior da base do osso occiptal; RGn (retrognátio) - ponto mais inferior e posterior da sínfise mentoniana; Me (Mentoniano) – ponto mais inferior na sínfise mandibular; CV2tg - ponto tangente a extremidade superior e posterior do dente da segunda vértebra cervical (C2); CV2ip - ponto mais posterior e inferior do corpo de C2; CV2Ap – ponto tangente ao ápice do dente de C2; CV2ia - ponto mais anterior e inferior do corpo de C2; CV3ai - ponto mais anterior e inferior do corpo de C3; CV4ip - ponto mais posterior e inferior do corpo de C4; CV6ip - ponto mais posterior e inferior do corpo de C6; Ce1 a Ce7 - pontos centrais dos corpos vertebrais de C1 a C7.

Page 74: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

72  

Journal of Apllied Oral Science 

Linhas Definições

NSL Linha Sela-násio – linha que passa entre N e S

OPT Linha entre CV2tg e CV2ip

CVT Linha entre CV2tg e CV4ip

EVT Linha entre CV6ip e CV4ip

ML Linha tangente ao bordo inferior da mandíbula através do Gn

Ângulos Definições

CVA Ângulo formado pela intersecção das linhas que interceptam os pontos

O – SP – PM e CV2Ap - CV2ia

CPL Ângulo formado pela intersecção da linha que intercepta os pontos

Ce1 à Ce6 com a horizontal

Quadro 1 - Linhas e ângulos de referência traçados na análise cefalométrica da postura craniocervical e da posição mandibular

No quadro 2 estão descritas as variáveis cefalométricas avaliadas: cinco

variáveis referentes à postura craniocervical3,13,14, uma referente à posição

mandibular13 e três relacionadas à posição do osso hióide15.

Variáveis Posturais Craniocervicais

NSL/CVT Inclinação do crânio em relação à cervical (C2 – C4)

NSL/OPT Inclinação do crânio em relação à C2

CVT/EVT Lordose cervical

CVA Flexão/extensão da cabeça

CPL Anteriorização da cabeça

Posição do osso hióide e da mandíbula

NSL/ML Inclinação da base do crânio em relação à mandíbula

Hy/C3 Distância do hióide a terceira vértebra cervical

Hy/Me Distância do hióide ao mento

Hy/ML Distância do hióide ao plano mandibular

Quadro 2 - Variáveis cefalométricas referentes à postura craniocervical e à posição mandibular e do osso hióide A fim de investigar a influência da postura craniocervical sobre os aspectos

avaliados nas funções de mastigação e deglutição, a curvatura cervical e a posição

de flexão/extensão da cabeça foram também interpretadas por meio dos seus

valores de normalidade. A posição da cabeça foi ainda classificada em mais ou

menos anteriorizada.

Page 75: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

73  

Journal of Apllied Oral Science 

A partir do traçado do triângulo hióideo obteve-se a relação da curva cervical.

O triângulo consiste na união dos pontos CV3ai - RGn, CV3ai - H, e H – RGn

(Quadro 1). A curvatura é determinada pela posição do hióide em relação à linha

CV3ai – RGn: hióide localizado até 5 mm abaixo desta linha indica lordose cervical

fisiológica, sobre a linha, retificação cervical e hióide acima da linha corresponde à

inversão da curva3.

O ângulo crânio-vertebral (CVA) classifica gradualmente a posição ântero-

posterior do crânio em relação à coluna cervical: CVA entre 96º-106º corresponde à

postura normal da cabeça, < 96º, extensão da cabeça e >106º, flexão da cabeça3.

A partir do ângulo CPL12, distinguiram-se os indivíduos com uma posição mais

anteriorizada da cabeça: CPL < 80º, daqueles que apresentaram uma menor

anteriorização da mesma: CPL ≥ 80º.

A avaliação das funções alimentares de mastigação e deglutição foi baseada

no Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE)16 e

conduzida por uma única fonoaudióloga habilitada.

Na avaliação da deglutição, quanto ao comportamento dos lábios, considerou-

se atípica a oclusão labial com esforço ou o não vedamento da cavidade oral,

enquanto a oclusão sem esforço aparente foi considerada padrão típico para esta

função. A interposição da língua aos arcos dentários inferiu o padrão atípico, sendo

o padrão típico considerado quando esta estivesse contida na cavidade oral, em

contato com o palato duro, durante a ação deglutitória. Outros comportamentos e

sinais de alteração avaliados foram a presença da movimentação da cabeça e a

tensão dos músculos faciais durante a função.

Quanto à função mastigatória, quando esta era realizada em ambos os lados

das superfícies oclusais, considerou-se a mastigação bilateral vertical como padrão

atípico e, a forma alternada como padrão típico. Quando realizada apenas de um

lado, caracterizou uma mastigação unilateral crônica ou preferencial, adotando-se

estas como padrão atípico ou típico, respectivamente. Outros comportamentos e

sinais de alteração observados na função mastigatória foram: a presença de

movimentos e/ou postura alterada da cabeça.

Ambas as funções foram testadas utilizando-se pão francês. Particularmente,

na função de deglutição, foi também oferecida água durante o exame.

Page 76: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

74  

Journal of Apllied Oral Science 

Para a aplicação do teste estatístico foram reunidas as classificações leve e

moderada, referentes à oclusão dos lábios na deglutição, e protruída em excesso e

adaptada, referentes ao comportamento da língua nesta função.

Análise Estatística

Foi realizada uma análise descritiva dos dados com apresentação em forma

tabular e gráfica. O coeficiente de correlação intraclasse – ICC foi utilizado para

verificar a confiabilidade das medidas cefalométricas. Os valores de ICC foram

classificados da seguinte maneira: ICC < 0.4 confiabilidade fraca entre 0.4 < ICC <

0.75 confiabilidade moderada e ICC > 0.75 confiabilidade excelente17.

Para verificar a normalidade dos dados, foi aplicado o teste de Lilliefors nas

variáveis angulares e lineares cefalométricas. A correlação entre as variáveis

cefalométricas referentes à postura craniocervical com as variáveis referentes à

posição mandibular e do osso hióide, foi testada pelo coeficiente de Pearson (r). A

correlação foi considerada forte para valores de r > 0,7; moderada quando 0,3 < r <

0,7, e fraca quando 0 < r < 0,318. Uma estatística descritiva foi realizada para

verificar a porcentagem de voluntárias em cada grupo segundo o número de

alterações posturais craniocervicais e ainda de acordo com os aspectos avaliados

nas funções de mastigação e deglutição. O teste de Qui-quadrado verificou a

diferença de porcentagem entre os grupos. Em todos os testes admitiu-se um nível

de significância de 5%

Resultados Foram avaliadas 36 mulheres com média de idade de 23,77 ± 3,47 anos e

IMC de 22,61 ± 4,38 Kg/cm2.

No figura 2, estão representados os resultados referentes à postura

craniocervical a partir da análise cefalométrica.

Page 77: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

75  

Journal of Apllied Oral Science 

Figura 2: Frequência de alterações posturais encontradas no grupo de estudo a partir da análise cefalométrica.

Constatou-se que 86,11% dos indivíduos apresentaram alterações na curva

cervical, sendo que a retificação da curva de lordose foi a mais aparente (77,78%).

Pouco menos da metade da amostra (47,23%), apresentou alteração na posição da

cabeça em relação à cervical superior, onde foi mais observada a posição de

hiperextensão (30,56%). A anteriorização da cabeça foi mais evidente em 41,67%

dos indivíduos avaliados.

Os resultados do coeficiente de correlação intraclasse (ICC), demonstraram

excelentes níveis de confiabilidade para todos os ângulos mensurados pelo

avaliador em dois momentos distintos, como mostra a tabela 1.

Page 78: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

76  

Journal of Apllied Oral Science 

Tabela 1 – Confiabilidade intra-examinador das variáveis cefalométricas

Ângulos ICC Intervalo de Confiança p

NSL/CVT 0,986 0,964 – 0,955 0,00*

NSL/OPT 0,994 0,986 – 0,998 0,00*

CVT/EVT 0,979 0,947 – 0,992 0,00*

CVA 0,995 0,987 – 0,998 0,00*

CPL

0,901 0,754 – 0,960 0,00*

NSL/ML

0,918 0,797 – 0,967 0,00*

Hy/C3

0,994 0,984 – 0,997 0,00*

Hy/ML

0,990 0,976 – 0,996 0,00*

Hy/Me

0,990 0,975 – 0,996 0,00*

CVA: ângulo craniovertebral; CVT/EVT: relação da curva cervical; CPL: ângulo referente á interiorização da cabeça; NSL/OPT: inclinação da base do crânio em relação à C2; NSL/CVT: inclinação da base do crânio em relação à cervical; Hy/C3: distância do hióide à terceira vértebra cervical; Hy/Me: distância do hióide ao mento Hy/ML: distância do hióide ao plano mandibular; NSL/ML: inclinação da base do crânio em relação à mandíbula; n=20.

Na tabela 2, estão representadas as correlações entre as variáveis posturais

craniocervicais com as variáveis que aferiram a posição da mandíbula e do osso

hióide. Nela está demonstrado que a maior parte destas correlações foi significante.

A partir da análise da tabela, pode-se inferir que a hiperextensão da cabeça foi

correlacionada a uma distância maior do osso hióide à mandíbula e ao mento. Uma

maior anteriorização da cabeça interferiu, da mesma forma, sobre a distância do osso

hióide à mandíbula.

Houve correlação negativa significante entre a curvatura cervical e a distância

entre o osso hióide e a terceira vértebra cervical, ou seja, a diminuição da primeira

com o aumento da segunda.

O grau de inclinação da base do crânio sobre a coluna cervical nos dois níveis

(NSL/OPT e NSL/CVT) apresentou correlação positiva com a distância do osso hióide

ao mento, à mandíbula, e à terceira vértebra cervical. Estas também foram as únicas

variáveis que obtiveram uma correlação significante com a posição mandibular

(NSL/ML).

Page 79: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

77  

Journal of Apllied Oral Science 

Tabela 2 - Correlação entre a postura craniocervical com a posição da mandíbula e do osso hioide

Variáveis NSL/ML Hy/Me Hy/ML Hy/C3

NSL/OPT 0,38* 0,40* 0,34* 0,32*

NSL/CVT 0,42* 0,41* 0,36* 0,33*

CVT/EVT -0,23 0,30 0,12 -0,40*

CVA -0,27 -0,48* -0,45* -0,34*

CPL -0,23 -0,17 -0,51** -0,11

CVA: ângulo craniovertebral; CVT/EVT: relação da curva cervical; CPL: ângulo referente á interiorização da cabeça; NSL/OPT: inclinação da base do crânio em relação à C2; NSL/CVT: inclinação da base do crânio em relação à cervical; Hy/C3: distância do hióide à terceira vértebra cervical; Hy/Me: distância do hióide ao mento; Hy/ML: distância do hióide ao plano mandibular; NSL/ML: inclinação da base do crânio em relação à mandíbula. Resultados expressos em valor de r (coeficiente de correlação de Pearson). n = 36; nível de significância: *p<0,05; **p<0,01

Tendo em vista que todos os indivíduos apresentaram pelo menos uma

alteração postural, considerando a posição de flexão/extensão e anteriorização da

cabeça e curva cervical, não foi possível fazer uma associação entre a presença ou

ausência de alteração postural craniocervical com a avaliação das funções de

mastigação e deglutição. Assim, para a aplicação do teste estatístico, optou-se por

dividir os indivíduos quanto à presença de apenas uma ou à presença de duas a três

destas alterações (tabela 3). Pelo mesmo motivo, como apenas um indivíduo

apresentou mastigação unilateral crônica, as subdivisões do padrão unilateral

preferencial e crônico foram unificadas.

Conforme demonstrado na tabela 3, não houve uma associação entre um

maior comprometimento da postura craniocervical com as alterações observadas

durante as funções de mastigação e deglutição pela avaliação miofuncional

orofacial.

Page 80: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

78  

Journal of Apllied Oral Science 

Tabela 3 - Presença de alterações posturais craniocervicais (1 e 2 a 3) e sua relação com a avaliação das funções de mastigação e deglutição.

    1 ALTERAÇÃO (n = 16) 2 A 3 ALTERAÇÕES (n = 20) 

    F % f %  P

Oclusão dos Lábios na 

deglutição 

Típico  13 81,25 17 85 0,57 

Com esforço  3 18,75 3 15 

Postura da Língua na 

deglutição 

Típico  15 93,75 20 100 0,42 

Interposta  1 6,25 0 0 

Movimento da Cabeça 

na deglutição 

Ausente  15 93,75 18 90 0,53 

Presente  1 6,25 2 10 

Tensão dos músculos 

faciais na deglutição 

Ausente  13 81,25 16 80 0,61 

Presente  3 18,75 4 20 

Padrão mastigatório 

Bilateral alternado 

8  50  9  55 

0,54 Unilateral preferencial      ou crônico 

8  50  11  45 

Movimento da cabeça na mastigação 

Ausente  16 100 19 95 0,56 

Presente  0 0 1 5 

Postura alterada da cabeça na mastigação 

Ausente  16 100 18 90 0,32 

Presente  0 0 2 10 

Alterações posturais craniocervicais consideradas: anteriorização da cabeça, alteração em flexão/extensão da cabeça e alteração da curva cervical, (1) presença de uma destas alterações; (2 a 3) presença de 2 e/ou 3 alterações. *teste Qui-Quadrado: p<0,05

Considerando a totalidade do grupo amostral (n=36), as alterações mais

freqüentemente observadas durante a função deglutitória foram: esforço na oclusão

dos lábios e tensão dos músculos faciais na função de deglutição, presentes em

16,66% (6/36) e 19,44% (7/36) respectivamente. Na função de mastigação, o padrão

bilateral simultâneo não foi observado. Assim, o padrão apresentou-se típico em

todos os sujeitos que realizaram a função bilateralmente. A mastigação unilateral foi

observada em 52,77% (19/36) da amostra estudada.

Page 81: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

79  

Journal of Apllied Oral Science 

Discussão

Todos os indivíduos do grupo de estudo apresentaram pelo menos um desvio

postural no segmento craniocervical. A modificação da curva de lordose fisiológica

foi a alteração postural mais evidente, uma vez que, 86,11% dos indivíduos,

apresentaram algum tipo de desvio, seja retificação, presente na grande maioria, ou

ainda, inversão da curva cervical.

A presença de alterações posturais significativas tem sido observada,

particularmente, em indivíduos que compõem a parcela ativa da população e que,

portanto, se tornam mais vulneráveis aos vícios e maus hábitos posturais. Uma

diminuição da lordose cervical foi previamente descrita em indivíduos

compreendidos na mesma faixa etária do presente estudo, sobre a qual, os autores

alertam ser uma manifestação postural grave em individuos ainda muito jovens19.

A partir da análise das correlações entre as variáveis posturais craniocervicais,

com as variáveis referentes à posição do osso hióide, constatou-se que a

hiperextensão da cabeça foi correlacionada com uma maior distância do osso hióide

à mandíbula e ao mento. Outros estudos apresentaram resultados similares, uma

vez que a diminuição do ângulo crânio-vertebral demonstrou uma correlação

significativa com o aumento da distância Hy/ML20, 21,22 e Hy/Me 20,22.

Uma maior anteriorização da cabeça também foi correlacionada com uma maior

distância Hy/ML, possivelmente por ser esta uma alteração que comumente

acompanha a hiperextensão do crânio, a fim de horizontalizar o plano óptico23, mas

que, em contrapartida, coloca a sínfise mentoniana em uma posição mais elevada.

Considerando a posição do osso hióide em relação à terceira vértebra cervical,

no estudo de Muto et al.22, a distância Hy/C3 permaneceu constante, independente

da posição do crânio. Em contrapartida, Özbek et al. 21 evidenciaram uma correlação

significativa entre a posição de anteriorização e hiperextensão do crânio, com o

aumento da distância Hy/C3, o que pôde ser observado similarmente no presente

estudo, em que houve uma correlação significativa e inversa entre esta variável com

o ângulo crânio-vertebral.

A relação entre a postura craniocervical com o osso hióide pode ser o reflexo

da posição da língua na cavidade oral. O osso hióide ancora a musculatura da

língua, fazendo com que, uma posição mais baixa deste, tracione a língua para

baixo e para trás reduzindo o espaço aéreo. Frente à necessidade vital de manter o

Page 82: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

80  

Journal of Apllied Oral Science 

espaço aéreo, a alteração craniocervical atua de modo compensatório, tracionando

o hióide para longe da parede posterior faríngea (aumentando a distância Hy/C3)

acomodando a língua e garantindo assim a permeabilidade da via aérea 21.

Alterações na inclinação do crânio sobre a coluna cervical nos dois níveis

(NSL/CVT e NSL/OPT) apresentaram uma correlação moderada e significativa com

a distância do osso hióide ao mento, também previamente demonstrada na literatura 22. Considerando as distâncias Hy/ML e Hy/C3, tais variáveis também apresentaram

correlações moderadas. No entanto, o mesmo não foi observado em outro estudo 21.

Segundo Sahim-Saglam e Uydas (2006) 24, a posição craniocervical, aferida

também pelas variáveis NSL/OPT e NSL/CVT, não foi relacionada à posição do osso

hióide. Na comparação desta em relação ao sexo dos indivíduos avaliados, os

autores observaram, nas mulheres, uma posição mais póstero-superior do osso

hióide.

As variáveis NSL/CVT e NSL/OPT foram as únicas a demonstrar uma

correlação significativa com a posição mandibular (NSL/ML). Tal fato ilustra

claramente a interdependência entre as estruturas que formam a unidade

biomecânica representada pelo sistema craniocervicomandibular 2.

Considerando que os principais músculos que deslocam o osso hióide superior

(milo-hióide) e anteriormente (geniohióide) originam-se na mandíbula, a posição que

esta assume, interfere diretamente na ação destes músculos nas funções

estomatognáticas, pela relação comprimento-tensão9.

Alterações na posição do osso hióide podem também ser correlacionadas ao

grau de curvatura da coluna cervical, uma vez que os músculos supra e infra-

hióideos atuam como antagonistas dos músculos cervicais posteriores,

mantenedores da lordose cervical fisiológica. Uma posição mais elevada do hióide

pode estar relacionada ao processo de retificação e inversão desta curvatura3. Neste

estudo, os coeficientes de correlação positivos entre a variável CVT/EVT com as

variáveis Hy/Me e Hy/ML concordam com este raciocínio, considerando que a

retificação da curva se correlacionou com a diminuição da distância do osso hióide à

mandíbula e ao mento. No entanto, tais correlações, além de fracas, não foram

significantes.

Para Hellsing20, a retificação da curva cervical foi correlacionada a uma posição

mais baixa do osso hióide, porém as correlações, bem como neste estudo, não

foram significantes. Similarmente, em um grupo de indivíduos jovens, observou-se

Page 83: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

81  

Journal of Apllied Oral Science 

que a posição do osso hióide na direção vertical e horizontal em relação à C3

permaneceu a mesma, apesar de terem sido detectadas uma redução importante da

lordose cervical19.

Neste estudo, a relação CVT/EVT somente demonstrou correlação significante

com a variável Hy/C3, uma vez que a tendência à retificação e à inversão da curva

cervical se correlacionou com uma maior distância Hy/C3. Considerando-se que o

aumento da tensão dos músculos supra e infra-hióideos, juntamente com os demais

músculos da cadeia anterior, tende a provocar a retificação da curva cervical, supõe-

se que o osso hióide seja também tracionado para uma posição mais anteriorizada,

distanciando-o da terceira vértebra cervical.

Kollias e Krosgstad25 observaram que a anteriorização da cabeça foi

acompanhada por uma redução da lordose fisiológica, e uma diminuição do espaço

aéreo faríngeo, provavelmente pela aproximação da língua contra a parede faríngea

posterior. Sugere-se, portanto que, além da relação da biomecânica postural, o

aumento da distância Hy/C3 ocorra na tentativa de desobstruir a via aérea por meio

da tração hióidea, pela sua relação com a base da língua.

Confirmada a relação anatômica entre crânio, coluna cervical, mandíbula e

osso hióide, a hipótese de que as alterações posturais craniocervicais pudessem

intervir na realização das funções estomatognáticas alimentares foi considerada. No

entanto, não houve uma associação entre o maior comprometimento da postura

craniocervical com a percepção de funções atípicas durante a mastigação e a

deglutição pela avaliação miofuncional orofacial.

Silva et al.26 apresentaram uma proposta similar a deste estudo, no entanto,

apenas 15 indivíduos foram avaliados pela análise antroposcópica. Assim como

demonstrado neste estudo, os autores observaram que todos os indivíduos

apresentaram pelo menos uma alteração postural no segmento craniocervical.

Também não foi possível estabelecer uma associação significante entre alterações

posturais e do sistema estomatognático. No entanto, 60% da amostra estudada

apresentaram alteração de cadeia muscular anterior e alteração na função

mastigatória.

A função atípica, segundo a concepção de Marchesan27, tem origem

neuromuscular, podendo ser causada, dentre outros fatores, pela postura

inadequada da cabeça. Para a autora, a forma e a função estão intimamente

relacionadas, sendo elas determinantes na realização dos comportamentos

Page 84: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

82  

Journal of Apllied Oral Science 

orofaciais típicas. Por outro lado, frente a uma alteração estrutural, as funções

poderão ser mantidas através de ações compensatórias, mecanismo encontrado

pelo corpo para continuar desempenhando as funções vitais de mastigação e

deglutição. Isso pode explicar, em parte, o fato de que, apesar de terem sido

observadas alterações craniocervicais em todos os sujeitos, estas não foram

associadas às alterações miofuncionais orofaciais.

Corroborando com este raciocínio, Douglas, Avoglio e Oliveira28 afirmam que

quando algum tipo de perturbação intervém sobre o controle motor do sistema

estomatognático, o corpo se adapta a fim de manter a perfeita realização das

funções. Isso ocorre até o ponto em que as reações adaptativas se tornam

insuficientes para interporem as falhas no sistema. Neste caso, porém, as funções já

sofrerão os efeitos dos sinais e sintomas de uma desordem estomatognática

instalada, como pode ser observado, por exemplo, na presença de uma desordem

temporomandibular (DTM), previamente relacionada a comportamentos atípicos de

mastigação e de deglutição29. Assim, sugere-se que os comportamentos atípicos

foram menos evidentes na amostra estudada, uma vez que a presença de DTM foi

considerada fator de exclusão do estudo.

A investigação das alterações posturais e suas conseqüências no desempenho

das funções estomatognáticas, observadas por meio da avaliação miofuncional

orofacial apresenta uma limitação em relação à pesquisa científica.

Neste trabalho, sugere-se que a alteração postural não tenha influenciado

sobre as atipias das funções alimentares devido à possibilidade do organismo

adaptar-se às condições estruturais. Com isso, adverte-se que a avaliação da

postura craniocervical não seja negligenciada na avaliação da motricidade orofacial,

sendo a recíproca verdadeira, propiciando a intervenção não só terapêutica como

preventiva.

Neste contexto, é relevante mencionar que, apesar de terem sido observadas

alterações posturais importantes em todos os sujeitos do estudo, nenhum deles

referiu já ter realizado tratamento fisioterapêutico para correção de tais desvios

posturais. Da mesma forma, mesmo tendo diagnosticado alterações miofuncionais

orofaciais durante as funções alimentares, em alguns indivíduos, o mesmo

desconhecimento sobre a intervenção fonoaudiológica foi demonstrado. Assim,

acredita-se que este estudo foi também relevante no sentido de divulgar aos seus

Page 85: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

83  

Journal of Apllied Oral Science 

participantes, sobre a atuação fisioterapêutica e fonoaudiológica no tratamento dos

desvios posturais e na readequação das funções alimentares.

Conclusão

No grupo estudado, observou-se, pelo menos, um desvio postural no segmento

craniocervical, a destacar a retificação e a inversão da curvatura cervical.

A relação anatômica entre crânio, coluna cervical, mandíbula e osso hióide foi

demonstrada pela significante correlação entre as variáveis, principalmente aquelas

referentes à postura craniocervical e ao posicionamento espacial do osso hióide.

Contudo, a associação entre a presença de alterações posturais craniocervicais

e o comprometimento das funções alimentares de mastigação e deglutição não foi

comprovada. Tais achados sugerem que, frente a um desequilíbrio músculo-

esquelético, o corpo se readapta garantindo que estas funções não sejam afetadas.

Page 86: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

84  

Journal of Apllied Oral Science 

Referências Bibliográficas

1 - Sakaguchi K, Mehta NR, Abdallah EF, Forgione AG, Hirayama H, Kawasaki T. et al. Examination of the relationship between mandibular position and body posture. J Craniomandib Pract. 2007;24(4). 2 – Villanueva P, Valenzuela S, Santander H, Zuniga C, Ravera MJ, Miralles R. Efecto de la postura de cabeza em mediciones de la vía aérea. Rev CEFAC. 2004;6(1):44-8. 3 - Rocabado M. Biomechanical Relationship of the Cranial, Cervical and hyoid Regions. J Craniomandib Pract. 1983;1(3):61-6. 4 - Ritzel CH, Dienfenthaeler F, Rodrigues AM, Guimarães ACS, Vaz MA. Temporomandibular joint dysfunction and trapezius muscle fatigability. Rev Bras Fisiot. 2007;5:333-9. 5 - Matsuo K, Palmer JB. Anatomy and physiology of feeding and swallowing: normal and abnormal. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2008;19(4):691-707. 6 – Pereira LJ, Gavião MBD, Engelen L, Bilt AV. Mastication and swallowing: influence of fluid addition to foods. Jour Appl Oral Sci. 2007;15(1):55-60. 7 - Kim Y, Mccullough GH. Maximum hyoid displacement in normal swallowing. Dysphagia. 2008;23(3):274-9. 8 - Matsuo K, Palmer JB. Coordination of mastication, swallowing and breathing. Jpn Dent Sci Rev. 2009;45(1):31-40. 9 - Pearson WG, Langmore SF, Zumwalt AC. Evaluating the structural properties of suprahyoid muscles and their potential for moving the hyoid. Dysphagia. 2010. 10 - Shrikant S; Ganapathy K; Reddy PR; Thomas M. Correlation of the anteroposterior relationships of the dental arch and jaw-base in subjects class I, class II, and class III malocclusion. Int J Contempor Dentistry. 2011;2(2):68-73. 11 – Dworkin SF, Leresche L. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. J Craniomandib Disord. 1992;6(4):301-55. 12 - Rosa LP; Moraes LC. Estudo comparativo da influência do método de posicionamento convencional e natural de cabeça para obtenção de radiografias laterais cefalométricas utilizando análise crânio-cervical. Cienc Odontol Bras. 2009;12(1):56-62. 13 - Solow B, Sonnesen L. Head Posture and Malocclusion. Eur J Ortho. 1998;20(6):685-93.

Page 87: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

85  

Journal of Apllied Oral Science 

14 - Currie P, Lobo-Lob S; Stark P, Metha N. The effect of maxillary molar distalization on cervical posture. J Stomat Occ Med. 2009;2(2):65-9. 15 - Sheng CM, Lin LH, Su Y, Tsai HH. Developmental changes in pharyngeal airway depth and hyoid bone position from childhood to young adulthood. Angle Orthod. 2009;79(3):284-90. 16 - Felício CM, Ferreira CLP. Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores. Int J Otorhinolaryngol. 2008;72(3):367-75. 17 – Fleiss JL, Levin B, Paik MC. Statistical Methods for Rates and Proportions. New Jersey : John Wiley & Sons Inc; 2003. The Measurement of Interrrater Agreement; p. 598-623. 18 - Chan VH. Biostatistics 104: Correlational Analysis. Singapore Med J. 2003;44(12):614-19. 19 – Andrade AV, Gomes PF, Teixeira-Salmela LF. Cervical spine alignment and hyoid bone positioning with temporomandibular disorders. J Oral Rehabil. 2007;34(10):767-72. 20 - Hellsing E. Changes in the pharyngeal airway in relation to extension of the head. Eur J Orthod. 1989;11(4):359-65. 21 - Özbek MM, Miyamoto K, Lowe AA, Fleetham JA. Natural head posture, upper airway morphology and obstructive sleep apnoea severity in adults. Eur J Orthod. 1998;20(2):133-143. 22 – Muto T, Takeda S, Kanazawa M, Yamazaki A, Fujiwara Y, Mizoguchi I. The effect of head posture on the pharyngeal airway space (PAS). Int J Oral Maxillofac Surg. 2002;31(6):579-83. 23 – Silva FWGP, Queiroz AM, Díaz-Serrano KV. Alteraciones posturales y su repercussion en el sistema estomatognático. Acta Odontol Venez. 2008;46(4):1-17. 24 - Sahin Saglam AM, Uydas NE. Relationship between head posture and hyoid position in adult females and males. Int J Oral Maxillofac Surg. 2006;34(2)85-92. 25 - Kollias I, Krogstad O. Adult Craniocervical and pharyngeal changes – a longitudinal cephalometric study between 22 e 42 years of age. Part I: morphological craniocervical and hyoid bone changes. Eur J Orthod. 1999;21(4):333-44. 26 – Silva APPP, Vitalino RAB, Martinez M, Chiappetta ALML. Correlação entre postura corporal e mastigação após dentição mista. Rev CEFAC. 2004;6(4) 363-9. 27 – Marchesan IQ. Fundamentos em Fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 1998. Deglutição: diagnóstico e possibilidade terapêutica; p.51-58.

Page 88: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

86  

Journal of Apllied Oral Science 

28 – Douglas CR, Avoglio JLV, Oliveira H. Stomatognathic adaptive motor syndrome is the correct diagnosis for temporomandibular disorder. Med Hypotheses. 2010;74(4):710-18. 29 - Felício CM, Melchior MO, Da Silva MAMR. Effects of orofacial myofunctional therapy on temporomandibular disorders. J Craniomand Pract. 2010;28(4):249-

Page 89: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

ARTIGO 2 - AS FUNÇÕES DE MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO EM MULHERES JOVENS COM DESORDEM TEMPOROMANDIBULAR

Resumo Introdução: Uma alteração estrutural e funcional do sistema estomatognático,

como a presença de uma desordem temporomandibular (DTM), pode ser um

fator nocivo às funções de mastigação e deglutição. Objetivo: avaliar as

funções de mastigação e deglutição em mulheres com e sem DTM. O estudo

ainda se propôs a investigar a posição da mandíbula e o do osso hióide em

ambos os grupos por serem estruturas importantes para a realização destas

funções. Materiais e Métodos: 70 mulheres foram avaliadas quanto à

presença de DTM segundo o instrumento Critérios de Diagnóstico para

Pesquisa de Desordem Temporomandibular (RDC/TMD): 34 com diagnóstico

de DTM constituíram o grupo de estudo (GE) e, 36 participaram do grupo

controle (GC). A avaliação das funções de mastigação e deglutição foi baseada

no Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE). As

variáveis referentes à posição da mandíbula e osso hióide foram aferidas pela

análise cefalométrica. Resultados: os indivíduos com DTM apresentaram uma

diferença significante quanto à postura de língua (p=0,03) e lábios (p=0,04)

durante a função de deglutição, bem como a adoção mais frequente de um

padrão mastigatório unilateral crônico (p=0,03). Além disso, apresentaram uma

posição mais baixa do osso hióide em relação à mandíbula (p=0,00).

Conclusão: A presença de DTM promoveu uma maior freqüência de alterações

miofuncionais orofaciais durante as funções de mastigação e deglutição. A

maior distância entre o osso hióide e a mandíbula, bem como a presença da

sintomatologia álgica, pode justificar, em parte, os comportamentos atípicos da

língua e dos lábios observados no grupo com DTM. A repercussão da DTM

sobre as funções alimentares em uma faixa etária jovem justifica a importância

do diagnóstico e da intervenção terapêutica precoce nestes indivíduos.

Palavras-chave: Transtornos da articulação temporomandibular, mastigação,

deglutição, cefalometria.

Page 90: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

88  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

MASTICATORY AND SWALLOWING FUNCTIONS IN YOUNG WOMEN WITH TEMPOROMANDIBULAR DISORDER

Abstract Introduction: A stomatognathic structural and functional alteration such as

temporomandibular disorder (TMD) can be a harmful factor on the masticatory

and swallowing functions. Objective: To evaluate the masticatory and

swallowing functions in women with and without TMD. The study also aimed to

investigate the position of the mandible and the hyoid bone in both groups as

they are important structures in the development of these functions. Material and Methods: 70 women were evaluated in relation to TMD diagnosis

according to the Research Diagnostic Criteria (RDC/TMD): 34 composed the

study group (SG) with TMD and 36 with no signs and symptoms of TMD took

part in the control group (CG). Evaluation of the masticatory and swallowing

functions was performed according to the Protocol of Orofacial Myofunctional

Evaluation with Scores (OMES). Mandibular and hyoid bone position variables

were measured by cephalometric analysis. Results: TMD subjects showed a

significant difference on tongue (p=0,03) and lip (p=0,04) posture during

swallowing function. Chronic unilateral chewing pattern was more frequently

adopted in the TMD group (p=0,03). Moreover, TMD subjects presented a

lower position of the hyoid bone in relation to the mandible (p=0,00). Conclusion: TMD presence resulted on the highest frequency of myofunctional

alterations during masticatory and swallowing functions. A greater distance from

hyoid bone to the mandible in addition with the presence of painful symptom can

justify, partly, the atypical behaviors observed on TMD group. The TMD

repercussion on alimentaires functions in a young age group justifies the

importance of an earlier diagnosis and therapeutic intervention in these

individuals.

Key-words: temporomandibular joint disorders, mastication, swallowing,

cephalometry

Page 91: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

89  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

Introdução As desordens temporomandibulares envolvem um conjunto de sinais e

sintomas representados por dor articular e/ou muscular, limitação dos movimentos

mandibulares, alteração da função muscular mastigatória e presença de ruídos

articulares1. A manifestação de um, ou a combinação destes fatores pode influenciar

nocivamente no desempenho das funções estomatognáticas, particularmente nas

funções de mastigação e deglutição 2.

O comprometimento da integridade articular temporomandibular e da ação

dos músculos mastigatórios e supra e infra-hióideos, pode ser a resposta aos

comportamentos atípicos observados durante estas funções3. Além disso, admite-se

que a presença concomitante de DTM e alterações miofuncionais orofaciais, possam

estar relacionadas à dor crônica, em resposta à perpetuação de sintomas

craniomandibulares mantidos por tempo prolongado4.

Ainda, em relação à modulação da dor crônica, complementa-se que

indivíduos com DTM exibem uma sensibilidade maior à dor, que ocorre devido à

falhas na modulação dos estímulos nociceptivos no nível central. Assim, a

hiperalgesia, pode aumentar a suscetibilidade para a ocorrência de distúrbios

miofuncionais orofaciais em indivíduos acometidos por esta desordem5.

Diversos estudos têm demonstrado que indivíduos com DTM freqüentemente

apresentam algum tipo de alteração na fase oral da deglutição. Com a intenção de

evitar a dor no ato de deglutir, a língua atua de forma compensatória, interpondo-se

nos arcos dentários durante a propulsão do alimento para a faringe.

Concomitantemente, uma contração dos músculos periorbiculares e do músculo

mentual também pode ser observada, denotando esforço na realização da função2,3.

A mastigação é igualmente influenciada pela dor, uma vez que a adoção de um

padrão unilateral crônico pode ser comumente observado em casos de DTM6,7.

Considerando as implicações da desordem no desempenho miofuncional

orofacial, o presente estudo se propôs a avaliar as funções de mastigação e

deglutição em mulheres com e sem DTM. Em função da abrangência do tema,

optou-se por enfatizar o estudo destas funções, excluindo-se a respiração e a

fonoarticulação, que podem ser mais bem investigadas em estudos subseqüentes. O

estudo ainda objetivou avaliar a posição da mandíbula e do osso hióide em ambos

os grupos, por serem estruturas importantes na realização destas funções. .

Page 92: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

90  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

Materiais e Métodos

A presente pesquisa constitui-se de um estudo transversal, observacional de

abordagem quantitativa. O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), conforme

parecer número 0048.0.243.000-08, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética

em Pesquisa (CONEP).

Por meio da mídia impressa e eletrônica, mulheres com idades entre 19 e 35

anos, interessadas em receber uma avaliação da região orofacial e cervical

gratuitamente, foram convidadas a participar do estudo. As participantes, após

serem informadas sobre os objetivos e procedimentos, foram incluídas na pesquisa,

mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Considerando a ocorrência de DTM, convém mencionar que a escolha da

faixa etária foi proposital, visto que uma maior freqüência de sinais e sintomas desta

desordem tem sido relatada na literatura em mulheres adultas jovens8. Por outro

lado, por serem jovens, os mesmos não apresentariam possíveis alterações

morfofuncionais orofaciais, características do processo de envelhecimento.

Por meio de questionário de anamnese, foram excluídos da pesquisa,

indivíduos com relato de trauma facial e/ou procedimentos cirúrgicos ortopédicos

craniomandibulares e/ou cervicais prévios; e deformidades musculoesqueléticas

(escolioses, má formação óssea congênita). Ainda foram considerados critérios de

exclusão, alterações oclusais classe II e III de Angle9, falhas dentárias, mordida

aberta anterior e posterior, mordida cruzada, de topo e sobremordida, bem como uso

de aparelho ortodôntico vigente a realização da pesquisa. Para a avaliação das

maloclusões, três fotografias intra-orais, realizadas pelo mesmo examinador, foram

tiradas dos indivíduos em máxima interscupidação, sendo posteriormente analisadas

por um Ortodontista.

Dos 94 indivíduos que entraram em contato com a pesquisadora 24 foram

excluídos: 10 por maloclusão, 2 por terem se submetido à cirurgia ortognática, 9 pelo

uso de aparelho ortodôntico e 2 com diagnóstico de escoliose.

Os indivíduos que apresentaram alterações oclusais e fonoaudiológicas,

foram orientados a buscar tratamento especializado, sendo esta iniciativa, no

entanto, de sua inteira responsabilidade. Indivíduos com diagnóstico de DTM foram

convidados a participar do projeto de atuação fisioterapêutica nas desordens

Page 93: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

91  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

temporomandibulares realizado junto às dependências do Laboratório de

Motricidade Orofacial da UFSM.

O diagnóstico da DTM foi realizado com a finalidade de dividir os indivíduos

em dois grupos segundo a presença ou não da desordem, e foi aferido por meio do

instrumento Critérios de Diagnóstico para Pesquisa de Desordens

Temporomandibulares (RDC/TMD)10. Foram avaliados: o padrão de abertura

mandibular, as regiões de dor referida, as amplitudes de movimento mandibulares

bem como a presença de ruídos articulares durante a realização dos mesmos e a

sensibilidade dolorosa à palpação articular e muscular. Os diagnósticos possíveis

abrangem três subgrupos: desordens musculares (Grupo I), deslocamentos de disco

(Grupo II) e artralgia, osteoartrite e osteoartrose (Grupo III).

De 70 mulheres que contemplaram os critérios de inclusão e exclusão, 34

fizeram parte do grupo de estudo (GE) por apresentarem um ou mais diagnósticos

de DTM enquanto que o grupo controle (GC) foi formado por 36 voluntárias.

O peso e a altura das voluntárias foram registrados, sendo o índice de massa

corporal (IMC) calculado a partir da fórmula IMC = peso/altura2, obtidos com a

finalidade de caracterizar e padronizar os grupos juntamente com o fator idade.

Para a análise cefalométrica, uma radiografia lateral direita do crânio e coluna

cervical foi realizada em postura ortostática adotando-se a posição natural da

cabeça (PNC). Para reproduzir a PNC os indivíduos mantiveram o olhar fixo para o

reflexo dos seus olhos no espelho localizado a um metro de distânci11.

A radiografia foi realizada no equipamento Orthophos Plus (Siemens,

Alemanha) mantendo-se uma distancia foco filme fixa em 1,52 m. O exame foi

realizado em conformidade com o protocolo de radioproteção de acordo com a

portaria 453 de 01/06/1998 (Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária).

As variáveis foram mensuradas por um único examinador através do traçado

cefalométrico manual. Com um intervalo de uma semana, 20 radiografias foram

escolhidas aleatoriamente para uma segunda análise, a fim de verificar a

confiabilidade do traçado realizado.

As variáveis cefalométricas referentes à posição mandibular12 e do osso

hióide13 estão descritas no quadro 1 e ilustradas na figura 1.

Page 94: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

92  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

Variáveis Descrição

NSL/ML Inclinação da base do crânio em relação à mandíbula

Hy/C3 Distância do hióide a terceira vértebra cervical

Hy/Me Distância do hióide ao mento

Hy/ML Distância do hióide ao plano mandibular

Quadro 1 - Variáveis cefalométricas referentes à posição mandibular e do hióide: NSL: linha násio – sela; ML: linha tangente ao bordo inferior da mandíbula; Hy: ponto mais anterior e superior do corpo do osso hióide; Me: ponto mais inferior na sínfise mandibular; C3: ponto mais anterior e inferior do corpo da terceira vértebra cervical.

Figura 1 – Representação da posição mandibular e do osso hióide: NSL/ML: inclinação da mandíbula em relação à base do crânio; Hy/Me – distância do osso hióide ao mento; Hy/C3 – distância do hióide à terceira vértebra cervical; Hy/ML – distância do osso hióide à mandíbula.

Avaliação das funções de mastigação e deglutição foi baseada no Protocolo

de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE)14. Uma fonoaudióloga,

habilitada para análise da motricidade orofacial, aplicou o protocolo de avaliação.

Na avaliação da deglutição, quanto ao comportamento dos lábios, considerou-

se atípica a oclusão labial com esforço ou o não vedamento da cavidade oral,

enquanto a oclusão sem esforço aparente foi considerada padrão típico para esta

função. A interposição da língua aos arcos dentários inferiu o padrão atípico, sendo

o padrão típico observado quando esta estivesse contida na cavidade oral durante a

ação deglutitória. Outros comportamentos e sinais de alteração avaliados foram a

presença da movimentação da cabeça e a tensão dos músculos faciais durante a

função.

Page 95: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

93  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

Quanto à função mastigatória, quando esta era realizada em ambos os lados

das superfícies oclusais, considerou-se a mastigação bilateral vertical como padrão

atípico e, a forma alternada como padrão típico. Quando realizada apenas de um

lado, caracterizou uma mastigação unilateral crônica ou preferencial, adotando-se

estas como padrão atípico ou típico, respectivamente. Segundo o protocolo, o

padrão crônico é aquele em que mais de 95% do tempo da função mastigatória

ocorre apenas de um lado, enquanto que no unilateral preferencial isso ocorre em

66% do tempo em que a função é exercida.Outros comportamentos e sinais de

alteração observados na função mastigatória foram a presença de movimentos e/ou

postura alterada da cabeça.

Ambas as funções foram testadas utilizando-se pão francês. Particularmente,

na função de deglutição, foi também oferecida água durante o exame.

Para a aplicação do teste estatístico foram reunidas as classificações leve e

moderada, referentes à oclusão dos lábios na deglutição, assim como as

classificações protruída em excesso e adaptada, referentes ao comportamento da

língua nesta mesma função.

Análise Estatística

Foi realizada uma análise descritiva dos dados com apresentação em forma

tabular. O coeficiente de correlação intraclasse – ICC foi utilizado para verificar a

confiabilidade das medidas cefalométricas. Os valores de ICC foram classificados da

seguinte maneira: ICC < 0.4 confiabilidade fraca, entre 0.4 < ICC < 0.75,

confiabilidade moderada e ICC > 0.75, confiabilidade excelente15.

Para verificar a normalidade dos dados, foi aplicado o teste de Lilliefors nas

variáveis demográficas de idade, IMC e posturais cefalométricas. Para identificar

diferenças entre os grupos nestas variáveis, foi utilizado o teste t de Student para

amostras independentes.

Para as variáveis cefalométricas, foi calculado também o tamanho do efeito

(d) utilizando o modelo proposto por Cohen16 para diferenças de médias de dois

grupos independentes. De acordo com os critérios de Cohen, um valor de d = 0,20

representa um tamanho de efeito pequeno, d = 0,50, médio, e d = 0,80, grande. A

partir dos resultados do tamanho do efeito, foi possível estimar o poder estatístico.

Neste estudo, ele foi calculado separadamente para todas as variáveis

Page 96: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

94  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

cefalométricas, na comparação entre indivíduos com DTM e controles. É aceitável

um poder igual a 0,8 ou maior, para que a chance de encontrar uma diferença

estatística seja de 80% ou mais.

Uma estatística descritiva foi realizada para verificar a porcentagem de

voluntárias em cada grupo segundo a presença de DTM e ainda de acordo com os

aspectos avaliados nas funções de mastigação e deglutição. O teste para a

diferença entre as proporções populacionais verificou as diferenças de porcentagem

entre os grupos. Em todos os testes admitiu-se um nível de significância de 5%. Resultados A caracterização dos grupos com e sem DTM considerando a idade e o IMC

encontram-se na tabela 1, onde não foi observada diferença estatística entre os

grupos em relação a estas variáveis.

Tabela 1 - Variáveis demográficas dos grupos com e sem DTM

Variáveis DTM (n=34) Sem DTM (n=36)

Média ± DP Média ± DP p

Idade (anos)

24,38 ± 4,00

23,77 ± 3,47

0,50

IMC (Kg/cm2)

22,20 ± 3,37

22,61 ± 4,38

0,66 IMC: Índice de massa corporal; Kg: quilograma; cm2: centímetro quadrado; DP: desvio padrão; p:nível de significância (teste t de Student).

Dos 34 indivíduos que apresentaram DTM, 44,12% apresentaram DTM

miofascial, 44,12% DTM mista (presença de dor miofascial associada a um ou mais

diagnósticos do grupo II e/ou III), e 11,76% somente diagnóstico do grupo III.

Os resultados do coeficiente de correlação intraclasse (ICC) demonstraram

excelentes níveis de confiabilidade para todos os ângulos mensurados pelo

avaliador, em dois momentos distintos, como mostra a tabela 2.

Page 97: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

95  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

Tabela 2 – Confiabilidade intra-examinador das variáveis cefalométricas

Ângulos ICC Intervalo de Confiança p

NSL/ML 0,918 0,797 – 0,967 0,00*

Hy/C3 0,994 0,984 – 0,997 0,00*

Hy/ML 0,990 0,976 – 0,996 0,00*

Hy/Me 0,990 0,975 – 0,996 0,00*

NSL/ML: inclinação da base do crânio em relação à mandíbula, Hy/C3: distância do hióide à terceira vértebra cervical; Hy/Me: distância do hióide ao mento; C3/Me: distância da terceira vértebra cervical ao mento; Hy/ML: distância do hióide ao plano mandibular.

Conforme demonstrado na tabela 3, a variável referente a distância do osso

hióide à mandíbula diferiu significativamente entre os grupos. A posição da

mandíbula não apresentou diferença estatística entre os grupos.

Tabela 3 - Variáveis referentes à posição mandibular e do osso hióide em indivíduos com e sem DTM

Variáveis DTM (n = 34) Sem DTM (n = 36) Poder

Estatístico % Média ± DP Média ± DP p d

NSL/ML

32,41 ± 7,02

31,02 ± 5,80

0,37

0,21

21

Hy/C3

40,29 ± 5,43

42,13 ± 5,51

0,13

0,34

40

Hy/Me

55,08 ± 10,82

57,86 ± 7,88

0,22

0,24

25

Hy/ML

16,70 ± 6,01

12,77 ± 5,48

0,00*

0,70

89

Hy/C3: distância do hióide à terceira vértebra cervical; Hy/Me: distância do hióide ao mento; C3/Me: distância da terceira vértebra cervical ao mento; Hy/ML: distância do hióide ao plano mandibular; NSL/ML: inclinação da base do crânio em relação à mandíbula; DP: desvio padrão; *estatisticamente significativo: p<0,01 (teste t de Student), d = tamanho do efeito (Cohen’s d)

Com relação à variável Hy/ML, foi observado um valor de magnitude de

efeito moderado na comparação entre os grupos, indicando uma distância

significativamente maior entre osso hióide e mandíbula no grupo com DTM. Neste

caso, foi observado um poder estatístico elevado (89%), o que demonstra a

consistência deste resultado e que o tamanho da amostra foi adequado.

A análise do tamanho do efeito para as demais variáveis demonstrou uma

magnitude de efeito pequena. Considerando o poder estatístico baixo observado

para estas variáveis, estes resultados devem ser interpretados com cautela, visto

que a significância estatística poderia ter sido observada frente ao aumento do

tamanho amostral.

Page 98: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

96  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

A associação entre a presença de DTM e a avaliação miofuncional orofacial

das funções de deglutição e mastigação está demonstrada na tabela 4.

Tabela 4 – Avaliação miofuncional orofacial das funções alimentares em indivíduos com e sem DTM

    SEM DTM ( n = 34) COM DTM (n = 36) 

    f % f %  p

Oclusão dos Lábios na 

deglutição 

Típico  30 83,33 21 61,76 0,03* 

Com esforço  6 16,67 13 38,24 

Postura da Língua na 

deglutição 

Típico  35 97,22 28 82,35 0,04* 

Interposta  1 2,78 6 17,65 

Movimento da Cabeça 

na deglutição 

Ausente  33 91,67 30 88,23 0,63 

Presente  3 8,33 4 11,76 

Tensão dos músculos 

faciais na deglutição 

Ausente  29 80,56 27 79,41 

0,90 Presente  7  19,44  7  20,59 

Padrão mastigatório 

Bilateral alternado 

17  47,28  16  47,06 0,98 

Unilateral  19 52,78 18 52,94 

Mastigação unilateral Preferencial  18 94,74 12 66,67 

0,00* Crônica  1 5,26 6 33,33 

Movimento da cabeça na mastigação 

Ausente  35 97,22 34 100 0,30 

Presente  1 2,78 0 0 

Postura alterada da cabeça na mastigação 

Ausente  34 94,44 30 88,24 0,35 

Presente  2 5,56 4 11,76 

f: freqüência; *teste para a diferença entre duas proporções populacionais: *p<0,05.

Verificou-se uma associação estatisticamente significativa entre a presença

de DTM e as alterações miofuncionais referentes à postura dos lábios e da língua,

durante a função de deglutição. O grupo com DTM apresentou uma freqüência

significativamente maior de indivíduos que apresentaram esforço dos lábios durante

a oclusão. A mesma situação foi observada no comportamento da língua, uma vez

Page 99: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

97  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

que foi observada uma freqüência maior da interposição lingual aos arcos dentários

nas mulheres com DTM. A diferença de proporção entre os grupos foi significante.

Quanto ao padrão mastigatório ser unilateral ou bilateral os grupos não

diferiram entre si. No entanto, quando o padrão foi unilateral, este foi demonstrado

de forma crônica mais freqüentemente no grupo com DTM quando comparado ao

grupo controle.

Discussão

A partir da análise cefalométrica, foi constatada uma diferença quanto à

posição vertical do osso hióide entre os grupos avaliados. As mulheres com DTM

apresentaram uma distância Hy/ML significativamente maior, sugerindo uma posição

mais baixa do osso hióide na presença desta desordem. Por outro lado, estudos

recentes que também aferiram a posição vertical do osso hióide em indivíduos com e

sem DTM, não encontraram nenhuma diferença entre eles17,18.

Em dois grupos de mulheres jovens e saudáveis, um deles composto por 65 e

outro por 24 indivíduos, foi observado que a média da distância entre o osso hióide e

o plano mandibular foi de 10,30 ± 5,24 e de 11,85 ± 4,77 milímetros,

respectivamente 13,19. Constata-se que os valores médios supracitados assemelham-

se aos demonstrados pelo grupo controle do presente estudo, que apresentaram,

em média, uma distância Hy/ML de 12,77 ± 5,48 milímetros, sendo que, no grupo

com DTM, o valor médio da mesma variável foi de 16,70 ± 6,01 milímetros.

Em outro estudo, foi observado, em um grupo de indivíduos com DTM, que

50% dos indivíduos apresentavam o osso hióide localizado inferiormente ao padrão

de normalidade, enquanto que no grupo assintomático esse percentual foi de 23%20.

Sugere-se que, a tensão dos músculos mastigatórios, comumente observada

em indivíduos com DTM, possa ter comprometido a relação comprimento-tensão dos

músculos supra e infra-hióideos, alterando, conseqüentemente, a posição vertical do

osso hióide.

Uma distância maior entre o osso hióide e o plano mandibular foi também

observada em crianças que apresentavam deglutição atípica, quando comparadas a

um grupo controle21. Segundo os autores deste estudo, dentre as alterações

anatômicas relacionadas aos eventos atípicos observados na função de deglutição,

Page 100: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

98  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

destaca-se a posição do osso hióide, por ser ele a estrutura de inserção de diversos

músculos envolvidos nesta função, principalmente da língua.

Neste estudo, foi constatado que o grupo com DTM apresentou, durante a

função deglutitória, uma interposição lingual sobre os arcos dentários.

Assim, acredita-se que a alteração na posição do osso hióide possa ter

repercutido sobre a ação da língua durante a deglutição. O posicionamento inferior

desta estrutura pode provocar uma tração póstero-inferior da língua,

comprometendo o seu desempenho durante a função17 .

Pelo raciocínio inverso, pode-se inferir também que os comportamentos

atípicos da língua instalados, possivelmente como ação compensatória frente à dor

experimentada pelos indivíduos com DTM, fazem com que o osso hióide se

reposicione com a intenção de manter a integridade da função.

Frente a estas considerações, sugere-se que estudos futuros investiguem a

relação de causa e efeito entre o aumento da distância vertical do osso hióide e os

comportamentos atípicos da língua durante a função alimentar de deglutição.

Além da interposição lingual, foi constatado que o grupo com DTM apresentou

mais freqüentemente um esforço dos lábios durante o ato de deglutir, corroborando

com achados de outro estudo22.

Alterações na fase oral da deglutição podem ser decorrentes da necessidade

de evitar estímulos nociceptivos, provenientes da intercuspidação das superfícies

oclusais, evento que estabiliza a mandíbula imediatamente antes da língua

impulsionar o bolo alimentar para a faringe23.

Ao nível do complexo trigêmino-cervical há uma convergência de aferências

nociceptivas e proprioceptivas. Dessa forma, a dor facial miogênica pode

comprometer a ação dos músculos mastigatórios24 e, conseqüentemente, as

estruturas e funções estomatognáticas4. Este fato foi constatado em outros estudos,

em que foi demonstrado que indivíduos com DTM apresentaram menor força de

contração muscular em intercuspidação4, a qual se justificou pela dor de origem

miogênica25,26. Além disso, sabe-se que indivíduos com DTM apresentam uma

hiperalgesia devido a falhas no sistema de processamento da dor, que por sua vez,

é mais vulnerável em indivíduos do gênero feminino5.

Assim, considerando que a grande maioria dos indivíduos que participaram

deste estudo apresentou dor miogênica e, sendo estes, representados

Page 101: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

99  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

exclusivamente por mulheres, sugere-se que os comportamentos atípicos dos lábios

e da língua sejam creditados, em parte, ao estímulo doloroso.

Complementando, em um estudo recente, os autores relataram que, frente ao

quadro doloroso que se instala nos indivíduos com DTM, a língua atua de modo

compensatório, como se fosse uma placa de oclusão, interpondo-se nos arcos

dentários previamente ao evento da deglutição3. Em outro estudo, 47,73% dos

indivíduos com DTM apresentaram a posição de repouso da língua interposta e/ou

inferior aos arcos dentários, a qual pode predizer o seu comportamento durante a

função de deglutição27.

Além da dor, sugere-se ainda, que a participação exagerada da musculatura

perioral, observada na presença de DTM, sirva para interpor à força de interposição

lingual, cujo objetivo é de impedir o escape do alimento da cavidade oral durante a

ação deglutitória.

Quanto ao padrão mastigatório ser unilateral ou bilateral, os grupos não

diferiram entre si. No entanto, quando o padrão foi unilateral, a forma crônica

ocorreu mais freqüentemente no grupo com DTM quando comparado ao grupo

controle. Diversos estudos relatam a prevalência da mastigação unilateral crônica

entre indivíduos com DTM3,6,7 referida como um padrão atípico por comprometer o

desempenho da função3.

Alterações da função muscular mastigatória em indivíduos que apresentam

DTM têm sido demonstradas em estudos eletromiográficos. O que se observa, é

uma assimetria referente à atividade elétrica dos músculos masseter e temporal

anterior direito e esquerdo, durante a contração voluntária máxima destes músculos

no apertamento dentário 28. No estudo de Felício et al.29, o desequilíbrio da atividade

elétrica foi correlacionado à severidade de DTM. Assim, alterações no recrutamento

muscular mastigatório podem ser vistas, entre outras coisas, como um mecanismo

de compensação para o alívio do sintoma álgico.

Neste estudo, o fato da mastigação ter assumido um padrão unilateral crônico

nos indivíduos com DTM, pode dever-se à presença da dor e/ou de um

comprometimento articular observado neste grupo. Além disso, considerando a

literatura recente sobre o assunto, pode-se ainda sugerir que ela seja o reflexo de

uma atividade assimétrica entre os pares de músculos mastigatórios.

Page 102: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

100  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

Por outro lado, a mastigação unilateral preferencial tem sido relatada em

indivíduos hígidos, podendo estar relacionada ao lado de maior força muscular e

contato oclusal30, ou ainda ao lado dominante31.

No grupo controle, observou-se que a freqüência de indivíduos que

apresentaram mastigação bilateral alternada e unilateral preferencial foi similar.

Assim, considerando a variabilidade do padrão mastigatório observado neste grupo,

corrobora-se com estas hipóteses, apesar deste estudo não relacionar estes

resultados a nenhuma situação de causa e efeito.

A repercussão da DTM sobre as funções alimentares em uma faixa etária

jovem justifica a importância do diagnóstico e da intervenção terapêutica precoce

nestes indivíduos. Neste contexto, é relevante mencionar que, do grupo com DTM,

apenas três indivíduos referiram já ter realizado tratamento fonoaudiológico,

enquanto seis já haviam realizado fisioterapia. No entanto, a busca por estes

profissionais aconteceu por outros motivos, uma vez que, nenhum dos sujeitos

questionados, sabia da atuação fisioterapêutica e fonoaudiológica no tratamento dos

sinais e sintomas de DTM e na readequação das funções alimentares

respectivamente.

Por fim, os resultados deste estudo, reforçam a necessidade do

fonoaudiólogo e do fisioterapeuta considerarem a possibilidade da DTM estar

relacionada aos comportamentos atípicos, observados durante as funções de

mastigação e deglutição.

Conclusão

A presença de DTM repercutiu na maior freqüência de alterações

miofuncionais orofaciais durante as funções de mastigação e deglutição. Foi

constatado que os indivíduos com DTM apresentaram alterações durante a fase oral

da deglutição, em relação ao grupo controle, tais como maior esforço dos lábios e

interposição da língua na realização desta função.

Uma maior distância do osso hióide à mandíbula foi também observada no

grupo com DTM, o que pode explicar o comportamento atípico da língua durante a

função deglutitória.

No grupo controle, observou-se que a freqüência de indivíduos com

mastigação bilateral alternada e unilateral preferencial foi similar, sugerindo que,

Page 103: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

101  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

mesmo os indivíduos hígidos, possuem um lado de preferência mastigatória

independente da ocorrência de DTM. O padrão unilateral crônico, qualificado como

padrão mastigatório atípico, foi observado mais freqüentemente no grupo com DTM,

podendo este ser atribuído à influência da sintomatologia dolorosa.

Page 104: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

102  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

Referências Bibliográficas

1 - Strini PJSA, Souza GC, Junior RB, Strini PJSA, Neto AJF. Alterações biomecânicas em pacientes portadores de disfunção temporomandibular antes e após o uso de dispositivos oclusais. Rev Odonto. 2009;17(33):42-7.

2 – Ferreira CLP, Da Silva MARR, Felício CM. Orofacial Myofunctional Disorder In Subjects with Temporomandibular Disorder. J Craniomand Pract. 2009;27(4):268-74.

3 - Felício CM, Melchior MO, Da Silva MAMR. Effects of orofacial myofunctional therapy on temporomandibular disorders. J Craniomand Pract. 2010;28(4):249-59.

4 - Bakke M, Hansdottir R. Mandibular function in patients with temporomandibular joint pain: a 3 year follow-up. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;106(2):227-34.

5 – Sarlani E, Greenspan JD. Evidence for generalized hyperalgesia in temporomandibular disorders patients. Pain. 2003;102(3)221-26.

6 – Diernberger S, Bernhardt O, Schwahn C, Kordass B. Self-reported chewing side preference and its association with occlusal, temporomandibular and prosthodontic factors: results from the population-based Study of Health in Pomerania. J Oral Rehabil. 2008;35(8):613-20.

7 – Ratnasari A, Hasegaea K, Oki K, Kawakami S, Yanagi Y, Asaumi JI, Minagi S. Manifestation of preferred chewing side for hard food on TMJ disc displacement side. J Oral Rehabil. 2011;38(1)12-17.

8 - Mobilio N, Casetta I, Cesnik E, Catapano S. Prevalence of self-reported symptoms related to temporomandibular disorders in Italian population. J Oral Rehabil. 2011;38:884-90. 9 - Shrikant S; Ganapathy K; Reddy PR; Thomas M. Correlation of the anteroposterior relationships of the dental arch and jaw-base in subjects class I, class II, and class III malocclusion. Int J Contempor Dentistry. 2011;2(2):68-73. 10 – Dworkin SF, Leresche L. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. J Craniomand Disord. 1992;6(4):301-55.

11 - Rosa LP; Moraes LC. Estudo comparativo da influência do método de posicionamento convencional e natural de cabeça para obtenção de radiografias laterais cefalométricas utilizando análise crânio-cervical. Cienc Odontol Bras. 2009;12(1):56-62.

12 - Solow B, Sonnesen L. Head Posture and Malocclusion. Eur J Orthod. 1998;20(6):685-93.

13 - Sheng CM, Lin LH, Su Y, Tsai HH. Developmental changes in pharyngeal airway depth and hyoid bone position from childhood to young adulthood. Angle Orthod. 2009;79(3):284-90.

Page 105: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

103  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

14 - Felício CM, Ferreira CLP. Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores. Int J Otorhinolaryngol. 2008;72(3):367-75.

15 - Fleiss JL, Levin B, Paik MC. Statistical Methods for Rates and Proportions. New Jersey : John Wiley & Sons Inc; 2003. The Measurement of Interrrater Agreement; p. 598-623.

16 – Cohen J. Quantitative methods in psychology: a Power primer. Psychological Bulletin. 1992;112(1):155-9.

17 – Andrade AV, Gomes PF, Teixeira-Salmela LF. Cervical spine alignment and hyoid bone positioning with temporomandibular disorders. J Oral Rehabil. 2007;34(10):767-72.

18 - Iunes DH, Carvalho LCF, Oliveira AS, Bevilaqua-Grossi D. Craniocervical posture analysis in patients with temporomandibular disorder. Rev Bras Fisiot. 2009;13(1)89-95.

19 - Kollias I, Krogstad O. Adult Craniocervical and pharyngeal changes – a longitudinal cephalometric study between 22 e 42 years of age. Part I: morphological craniocervical and hyoid bone changes. Eur J Orthod. 1999;21(4):333-44.

20 – Matheus RA, Ramos-Perez FMM, Menezes AV, Ambrosano GMB, Haiter-Neto

F, Bóscolo FN, Almeida SM. The relationship between temporomandibular dysfunction and head and cervical posture. J Appl Oral Sci. 2009;17(3):204-8.

21 - Machado AJJ, Crespo AN. Radiographic position of the hyoid bone in children with atypical deglutition. Eur J Orthod. 2011;4:1-5.

22 - Matos VF, Sekito FM. Estudo do posicionamento de língua e lábios em sujeitos com disfunção temporomandibular e dor orofacial. Rev CEFAC. 2009;11(3):370-7.

23 – Perry JL, Bae Y, Kuehn DP. Effect of posture on deglutitive biomechanics in healthy individuals. Dysphagia. 2011.

24 - Monaco A, Cattaneo R, Spadaro A, Giannoni M. Surface electromyography pattern of human swallowing. BMC Oral Health. 2008;8(6)2-11.

25 - Shiau YY, Peng CC, Wen SC, Lin LD, Wang JS, Lou KL. The effects of masseter muscle pain on biting performance. J Oral Rehabil. 2003;30(10):978-84.

26 – Pereira LJ, Steenks MH, De Wijer A, Speksnijder CM, Bilt VD. Masticatory function in subacute TMD patients before and after treatment. J Oral Rehabil. 2009;36(6)391-402.

27 – Mazzetto MO, Nascimento G, Gomes, NMS. Estudo da prevalência das alterações estomatognáticas em pacientes com disfunção temporomandibular. J Bras Fonoaudiol. 2002;3(11):140-7.

28 – Tartaglia GM, Lodetti G, Paiva G, De Felício CM, Sforza C. Surface eletromyographic assessment of patients with long lasting temporomandibular joint disorder pain. Jour Eletromyogr Kinesiol. 2011;21:659-64.

Page 106: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

104  

Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 

29 - De Felício CM, Ferreira CLP, Medeiros APM, Da Silva MAMR, Tartaglia GL, Sforza C. Eletromyographic indices, orofacial myofunctional status and temporomandibular disorder severity: a correlation study. In press___Jour Eletromyogr Kinesiol. 2011 30 - Gomes SGF, Custodio W, Jufer JSM, Cury AADB, Garcia RCMR. Correlation of mastication and masticatory movements and effect of chewing side preference. Braz Dent J. 2010;21(4):351-5.

31 – Martinez-Gomis J, Lujan-Climent M, Palau S, Bizar J, Salsench J, Peraire M. Relationship between chewing side preference and handedness and lateral asymmetry of peripheral factors. Arch Oral Biol. 2009;54(2):101-7.

Page 107: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

5 DISCUSSÃO

O equilíbrio entre a forma e a função é considerado fator determinante para o

comportamento orofacial normal (MARCHESAN, 1998). Assim, este estudo, em um

primeiro momento, buscou investigar uma possível associação entre a presença de

alterações posturais craniocervicais, com eventos atípicos observados durante as

funções de mastigação e deglutição.

Quanto às alterações posturais, todos os indivíduos apresentaram pelo

menos um desvio no segmento craniocervical, considerando a posição de

flexão/extensão e anteriorização da cabeça e a modificação da curva cervical. A

retificação e a inversão da curvatura cervical foram as alterações mais evidentes.

Cabe salientar que a opção pela análise postural cefalométrica foi fundamental, uma

vez que que se torna inviável uma avaliação fidedigna da curva cervical por meio de

outros métodos, a citar a avaliação antroposcópica e a biofotogramétrica.

Considerando a relação anatômica entre os sistemas postural craniocervical e

estomatognático, foi confirmada, por meio da análise cefalométrica, a influência da

postura da cabeça e pescoço sobre a posição mandibular e do osso hióide.

Apesar dos estudos eletromiográficos recentes divergirem suas conclusões

sobre esta relação, tomando por base os resultados encontrados, pode-se dizer que

o sistema estomatognático mantém um sinergismo musculoesquelético com o crânio

e a coluna cervical. Por outro lado, a existência da relação entre o sistema

estomatognático e craniocervical verificada neste estudo, não implica em considerar

que a postura corporal global, estática e dinâmica, também possa estar envolvida.

Além disso, para que se possam firmar conclusões específicas quanto à relação

neuromuscular abordada nos estudos eletromiográficos, sugere-se que futuras

investigações sejam feitas, a fim de avaliar a atividade elétrica dos músculos

posturais craniocervicais e daqueles responsáveis pela ação hióidea e mandibular,

concomitantemente à realização das funções estomatognáticas alimentares.

Apesar de estabelecida a relação anatômica estrutural entre o sistema

estomatognático, crânio e coluna cervical, não foi possível, com base nos resultados

da avaliação miofuncional orofacial, associar a presença das alterações posturais

craniocervicais, observadas no grupo de estudo, com a ocorrência de

comportamentos atípicos, durante as funções de mastigação e deglutição.

Page 108: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

106  

 

Sugere-se, que tais resultados sejam creditados aos mecanismos de

compensação do corpo, ou seja, à forma como ele se readapta a condição estrutural

para continuar desempenhando as suas funções. Souchard (2001) descreve que o

corpo está sob constantes ajustes de forma a manter as hegemonias, aqui

representadas pelas funções vitais alimentares. Para este autor, os mecanismos

compensatórios são inicialmente incorporados ao esquema corporal do indivíduo, de

forma com que tudo funcione em perfeita harmonia. Porém, em longo prazo, o corpo

funcionando por meio de uma biomecânica alterada, pode vir a sofrer com o

desencadeamento de sintomas álgicos e a presença de alterações funcionais.

Este raciocínio é compartilhado por Douglas, Avoglio e Oliveira (2010), os

quais afirmam que as reações adaptativas ocorrem até o ponto de se tornarem

insuficientes para interporem a presença de sinais e sintomas de uma desordem

estomatognática instalada, como por exemplo, a presença de uma DTM.

Para esclarecer esta hipótese, em um segundo momento, este estudo se

propôs também a investigar a presença de comportamentos atípicos durante as

funções de mastigação e deglutição em indivíduos com DTM, comparados a

indivíduos assintomáticos.

Foi constatado que os indivíduos com DTM apresentaram mais

freqüentemente alterações funcionais alimentares, sendo os aspectos que os

diferenciaram do grupo-controle: ação perioral e interposição da língua durante a

deglutição e presença do padrão unilateral crônico durante a função mastigatória.

Em concordância com autores que discorreram sobre o tema (BAKKE;

HANSDOTTIR, 2008, FELÍCIO; MELCHIOR; SILVA, 2010), acredita-se que a

sintomatologia dolorosa possa fundamentar a relação entre a presença de DTM com

os comportamentos orofaciais atípicos observados neste grupo. Além disso, a

posição mais inferior do osso hióide, observada nos indivíduos com DTM, pode

explicar, em parte, os comportamentos atípicos da língua, pela tração póstero-

inferior que exerce sobre o órgão com este deslocamento.

O presente estudo abordou relações cuja carência de pesquisas científicas

pode ser constatada. A Fonoaudiologia parece reconhecer a importância do

alinhamento craniocervical no contexto da terapia miofuncional, porém, carece de

evidências científicas que embasem a influencia da alteração postural sobre a

posição e a função dos órgãos fonoarticulatórios. Por outro lado, não foram

encontrados estudos prévios que abordem a avaliação miofuncional orofacial em

Page 109: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

107  

 

indivíduos com DTM paralelamente à investigação da posição do osso hióide. Neste

estudo, resultados relevantes foram obtidos referentes a estes aspectos.

Assim, acredita-se que estas constatações poderão ser do interesse de

odontólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e demais profissionais envolvidos,

dada a interdisciplinaridade do assunto, uma vez que poderão auxiliá-los na reflexão

da sua prática clínica e no âmbito de novas pesquisas científicas que abordem o

tema.

Page 110: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 111: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

6 CONCLUSÃO

Apesar da freqüência elevada de alterações posturais, e da confirmação da

relação anatômica entre o crânio, coluna cervical, mandíbula e osso hióide, não foi

possível estabelecer uma associação entre a presença de alterações posturais

craniocervicais, com a ocorrência de comportamentos atípicos observados durante

as funções de mastigação e deglutição. Por outro lado, alterações nas funções

alimentares foram observadas na presença da DTM.

Considerando a falta de bibliografia científica sobre o tema, torna-se relevante

que estudos futuros continuem investigando a relação da postura craniocervical nas

funções de mastigação e deglutição. Sugere-se que sejam abordados outros

métodos que não a avaliação miofuncional orofacial, visto que, partindo

exclusivamente do olhar clínico do fonoaudiólogo, aspectos importantes possam ser

mascarados pelos mecanismos de compensação do indivíduo.

Page 112: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 113: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, A.V.; GOMES, P.F.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F. Cervical spine alignment and hyoid bone positioning with temporomandibular disorders. Journal of Oral Rehabilitation, v. 34, n. 10, p. 767-772, out. 2007. ANEGAWA, E.; TSUYAMA, H.; KUSUKAWA, J. Lateral cephalometric analysis of the pharyngeal airway space affected by head posture. International Journal of Oral Maxillofacial Surgery, v. 37, n. 9, p. 805-809, set. 2008. ARMIJO-OLIVO, S. et al. A comparison of the head and cervical posture between the self-balanced position and the Frankfurt method. Journal of Oral Rehabilitation, v. 33, n. 3, p. 194-201, mar. 2006. ARMIJO-OLIVO, S.; MAGEE, D.J. Eletromyographic activity of the masticatory and cervical muscles during resisted jaw opening movement. Journal of Oral Rehabilitation, v. 34, p.184.194, mai. 2007. BAKKE, M.; HANSDOTTIR, R. Mandibular function in patients with temporomandibular joint pain: a 3 year follow-up. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology Endodontology, v. 106, n. 2, p. 227-34, ago. 2008. BIASOTTO-GONZALEZ, D.A. Abordagem interdisciplinar das disfunções temporomandibulares. São Paulo: Manole, 2005. Cap.3, p.33-46. BONJARDIM L. R. et al. Association between symptoms of temporomandibular disorder and gender, morphological occlusion and psychological factors in a group of university student. Indian Journal of Dental Research, v. 20, n. 2, p. 190-4, abr./jun. 2009. BORINI, C. B. Análise da atividade eletromiográfica de músculos mastigatórios em portadores de DTM durante mastigação. 2005. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Piracicaba, 2005. BRYDEN L, FITZGERALD D. The influence of posture and alteration of function upon the craniocervical and craniofacial region. In: Craniofacial dysfunction and pain: manual therapy, assessment, and management. Londres: Butterworth-Heinemann, 2001. p. 164-71, CARRARA, S.V.; CONTI, P.C.R.; BARBOSA, J.S. Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Dental Press Journal of Orthodontics, v. 15, n. 3, p. 114-20, mai./jun. 2010. CESAR, G.M.; TOSATO, J.P.; BIASOTTO GONZALEZ, D.A. Correlation between occlusion and cervical posture in patients with bruxism. Compendium of Continuing Education Dentistry, v. 27, n. 8, p. 463-66, 2006. CHAN, V.H. Biostatistics 104: Correlational Analysis. Singapore Medical Journal, v.44, n.12, p.614-619, 2003.

Page 114: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

112  

 

CHAVES, T.C. et al. Craniocervical posture and hyoid bone position in children with mild and moderate asthma and mouth breathing. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, v. 74, n. 9, p.1021-1027, set. 2010. CIANCAGLINI, R. et al. Orientation of craniofacial planes and temporomandibular disorder in Young adults with normal occlusion. Journal of Oral Rehabilitation, v.30, n. 9, p. 878-86, set. 2003. CENEVIZ, C.; MEHTA, N.R.; FORGIONE, A.; SANDS, M.J.; ABDALLAH, E.F. et al. The immediate effect of changing mandibular position on the EMG activity of the masseter, temporalis, sternocleidomastoid, and trapezius muscles. Journal of Craniomandibular Practice, v. 24, n. 4, p. 237-244, 2006. CIUFFOLO, F.; MANZOLI, L.; FERRITO, A.L.; TECCO, S.; D’ATILLIO, M. Surface eletromyographic response of the neck muscles to maximal voluntary clenching of the teeth. Journal of Oral Rehabilitation. v. 32, p.79-84, mar. 2005. COHEN, J. Quantitative methods in psychology: a Power primer. Psychological Bulletin, v.112, n.1, p.155-159, 1992. COOK, I.J. et al. Timing of videofluoroscopic, manometric events and bolus transit timing during the oral and pharyngeal phases of swallowing. Dysphagia, v. 4, n. 1, p. 8-15, 1998. CORRÊA E.C.R.; BÉRZIN F. Temporomandibular disorder and dysfunctional breathing. Brazilian Journal of Oral Science, v. 3, n. 10, p. 498-502, 2004. CUCCIA, A.M.; LOTTI, M.; CARADONNA, D. Oral breathing and head posture. Angle Orthodontist, v. 78, n. 1, p.77-82, nov. 2008. CURRIE, P. et al. The effect of maxillary molar distalization on cervical posture. International Journal of Stomatology & Occlusion Medicine, v. 2, n. 2, p. 65-69, 2009. DIERNBERGER, S. et al. Self-reported chewing side preference and its association with occlusal, temporomandibular and prosthodontic factors: results from the population-based Study of Health in Pomerania. Journal of Oral Rehabilitation, v. 35, n. 8, p. 613-20, ago. 2008. DOUGLAS, C.R.; AVOGLIO, J.L.V.; OLIVEIRA, H. Stomatognathic adaptive motor syndrome is the correct diagnosis for temporomandibular disorder. Medical Hypotheses, v. 74, n. 4, p. 710-718, abr. 2010. DURHAN, J. Temporomandibular disorders (TMD): an overview. Oral Surgery, v. 1, n. 2, p. 60-8, mai. 2008. DWORKIN, S.F.; LERESCHE, L. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. Journal of Craniomandibular Disorders, v. 6, n. 4, p. 301-55, 1992.

Page 115: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

113  

 

FELÍCIO, C.M. et al. Myofunctional therapy combined with splint in treatment of temporomandibular joint dysfunction pain syndrome. Brazilian Dental Journal, v. 2, n. 1, p. 27-33, 1991. FELÍCIO, C.M.; FARIA, T.G.; RODRIGUES da SILVA, M.A.M et al. Desordem temporomandibular: relações entre sintomas otológicos e orofaciais. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 70, n. 6, p. 786-93, 2004. FELÍCIO, C.M. et al. Masticatory performance in adults related to temporomandibular disorder and dental occlusion. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 19, n. 2, p. 151-8, abr./jun. 2007. FELÍCIO, C.M.; FERREIRA, C.L.P. Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores. International Journal of Otorhinolaryngology, v. 72, n. 3, p. 367-75, mar. 2008. FELÍCIO, C.M. et al. Otologic symptoms of temporomandibular disorder and effect of orofacial myofunctional therapy. Journal of Craniomandibular Practice, v. 26, n. 2, p. 118-25, abr. 2008. FELÍCIO, C.M.; MELCHIOR, M.O.; SILVA, M.A.M.R. da. Effects of orofacial myofunctional therapy on temporomandibular disorders. Journal of Craniomandibular Practice, v. 28, n. 4, p. 249-59, out. 2010. FELÍCIO, C. M.; FERREIRA, C.L.P.; MEDEIROS, A.P.M.; DA SILVA, M.A.M.R.; TARTAGLIA, G.L.; SFORZA, C. Eletromyographic indices, orofacial myofunctional status and temporomandibular disorder severity: a correlation study. Journal of Eletromyography and Kinesiology, 2011 FERRARIO, V.F.; TARTAGLIA, G.M.; GALLETTA, A.; GRASSI, G.P.; SFORZA, C. The influence of occlusion on jaw and neck muscle activity: a surface EMG study in healthy Young adults. Journal of Oral Rehabilitation. v.33, p.341-348, 2006. FERREIRA, C.L.P.; RODRIGUES Da SILVA M.A.R.; FELÍCIO, C.M. Orofacial Myofunctional Disorder In Subjects with Temporomandibular Disorder.Journal of Craniomandibular Practice, v. 27, n. 4, p. 268-274, out. 2009. FLEISS, J.L.; LEVI, B.; PAIK, M.C. Statistical Methods for Rates and Proportions. New Jersey: John Wiley & Sons Inc; 2003. The Measurement of Interrrater Agreement, p. 598-623. FORRESTER, S.E. et al. Neuromuscular function in healthy occlusion. Journal of Oral Rehabilitation, v. 37, n. 9, p. 663-69, set. 2010. GERMAN, R.Z. et al. The concept of hyoid posture. Dysphagia, v. 26, n. 2, p. 97-98, 2011.

Page 116: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

114  

 

GOMES, S.G.F. et al. Correlation of mastication and masticatory movements and effect of chewing side preference. Brazilian Dental Journal, v. 21, n. 4, p. 351-55, 2010. HELLSING, E. Changes in the pharyngeal airway in relation to extension of the head. European Journal of Orthodontics, v. 11, n. 4, p.359-365, 1989. HENRÍQUEZ, J. et al. Análisis de la estabilidad ortostática craneocervical em adultos jóvenes mapuches. International Journal of Morphology, v. 21, n. 2, p. 149-53, 2003. IUNES, D.H. et al. Craniocervical posture analysis in patients with temporomandibular disorder. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 13, n. 1, p. 89-95, 2009. JOLLIEN G.J. et al. Biomechanical analysis of hyoid bone displacement in videofluoroscopy: a systematic review of intervention effects. Dysphagia, v. 26, n. 2, p.171-182, 2011. KIM, Y.; McCULLOUGH, G.H. Maximum hyoid displacement in normal swallowing. Dysphagia, v. 23, n. 3, p. 274-79. 2008. KIWAMU, K. et al. Examination of the relationship between mandibular position and body posture. Journal of Craniomandibular Practice. v. 24, n. 4, out. 2007. KOLLIAS, I.; KROGSTAD, O. Adult Craniocervical and pharyngeal changes – a longitudinal cephalometric study between 22 e 42 years of age. Part I: morphological craniocervical and hyoid bone changes. European Journal of Orthodontics, v. 21, n. 4, p.333-344, 1999. LA TOUCHE, R. et al. The effects of manual therapy and exercise directed at the cervical spine on pain and pressure pain sensitivity in patients with myofascial temporomandibular disorders. Journal of Oral Rehabilitation, v. 36, p. 644-52, 2009. LANDOUZY, J.M. et al. The tongue: deglutition, orofacial functions and craniofacial growth. International Orthodontics, v. 7, n. 3, p. 227-56, jan. 2009. MADSEN, D.P.; SAMPSON, W.J.; TOWNSEND, G.C. Craniofacial reference plane variation and natural head position. European Journal of Orthodontics, v. 30, n. 5, p.532-40, jul. 2008. LODETTI, G.; MAPELLI, A.; MUSTO, F.; ROSATI, R.; SFORZA, C. EMG spectral characteristics of masticatory muscles and upper trapezius during maximum voluntary clenching. Journal of Eletromyography and Kinesiology. v. 22, p.103-112, 2012. McGUINNESS, N.J.; McDONALD J.P. Changes in natural head position observed immediately and one year after rapid maxillary expansion. European Journal of Orthodontics, v. 28, n. 2, p.126-34, set. 2006.

Page 117: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

115  

 

MACHADO, A.J.J.; CRESPO, A.N. Radiographic position of the hyoid bone in children with atypical deglutition. European Journal of Orthodontics, v. 4, p.1-5, dez. 2011. MACIEL, R.N. ATM e dores craniofaciais: fisiopatologia básica. 2 ed. São Paulo: Santos, 2003. MARQUESAN, I.Q. Deglutição: diagnostic e possibilidade terapêutica. In: _____. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 1998. Cap.6, p.51-58. MARTINEZ-GOMES, J. et al. Relationship between chewing side preference and handedness and lateral asymmetry of peripheral factors. Archives of oral Biology, v. 54, n. 2, p. 101-107, fev. 2009. MATHEUS, R.A. et al. The relationship between temporomandibular dysfunction and head and cervical posture. Journal of Applied Oral Science, v. 17, n. 3, p. 204-8, mai./jun. 2009. MATOS, V.F.; SEKITO, F.M.; Estudo do posicionamento de língua e lábios em sujeitos com disfunção temporomandibular e dor orofacial. Revista CEFAC, v. 11, n. 3, p. 370-377, 2009. MATSUO, K.; HIMMAE, K.M.; PALMER, J.B. Cyclic motion of the soft palate in feeding. Journal of Dental Research, v. 84, n. 1, p. 39-42, jan. 2005. MATSUO, K.; PALMER, J.B. Anatomy and physiology of feeding and swallowing: normal and abnormal. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America, v. 19, n. 4, p. 691-707, nov. 2008. MATSUO, K.; PALMER, J.B. Coordination of mastication, swallowing and breathing. Japanese Dental Science Review, v. 45, n. 1, p. 31-40, mai. 2009. MAYS, K.A.; PALMER, J.B.; KUHLEMEIER, K.V. Influence of craniofacial morphology and hyoid movement: a preliminary correlation study. Dysphagia, v. 24, n. 1, p. 71-76, 2009. MAZZETTO, M.O.; NASCIMENTO, G.; GOMES, N.M.S. Estudo da prevalência das alterações estomatognáticas em pacientes com disfunção temporomandibular. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, v.3, n.11, p.140-147, 2002. MINAGI, S. et al. Effect of balancing side occlusion on the ipsilateral TMJ dynamic under clenching. Journal of Oral Rehabilitation, v. 24, n. 1, p. 57-62, jan. 1997. MIOCHE L.; HIIEMAE, K.M.; PALMER, J.B. A postero-anterior videofluorographic study of the intra-oral management of food on man. Archives of Oral Biology, v. 47, n. 4, p. 267-80, abr. 2002.

Page 118: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

116  

 

MOBILIO, N.; CASETTA, I.; CESNIK, E.; CATAPANO, S. Prevalence of self-reported symptoms related to temporomandibular disorders in Italian population. Journal of Oral Rehabilitation. v.38, p.884-890, 2011. MONACO, A. et al. Surface electromyography pattern of human swallowing. BMC Oral Health, v. 8, n. 6, p. 2-11, mar. 2008. MUTO, T. et al. The effect of head posture on the pharyngeal airway space (PAS). International Journal of Oral Maxillofacial Surgery, v. 31, n. 6, p.579-583, dez. 2002. NISSAN, J. et al. Chewing side preference as a type of hemispheric laterality, Journal of Oral Rehabilitation, v. 31, p. 2-7, 2004. OLIVEIRA, L.D.S.; ARCANJO, G.N. Avaliação das alterações posturais da cabeça e da coluna cervical em pacientes com disfunções Têmporo-mandibulares. Revista Terapia Manual, v. 6, n. 28, p. 326-32, 2008. ÖZBEK, M.M et al. Natural head posture, upper airway morphology and obstructive sleep apnoea severity in adults. European Journal of Orthodontics, v. 20, n. 2, p.133-143, 1998. PAIVA, L de J.N.G. Tratamento multidisciplinar das ATMs: Odontologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Psicologia. São Paulo: Santos, 2008. PALMER, J.B. et al. Coordination of mastication and swallowing. Dysphagia, v. 7, n. 4, p. 187-200, 1992. PAPHANGKORAKIT, J.; THOTHONGKAM, N.; SUPANONT, N. Chewing side determination of three food textures. Journal of Oral Rehabilitation, v. 33, n. 1, p. 2-7, jan. 2006. PEARSON W.G.; LANGMORE, S.F.; ZUMWALT, A.C. Evaluating the structural properties of suprahyoid muscles and their potential for moving the hyoid. Dysphagia, nov. 2010. PEDRONI, C.R.; OLIVEIRA, A.S.; GUARATINI, M.I. Prevalence study of signs and symptoms of temporomandibular disorder in university student. Journal of Oral Rehabilitation, v. 30, n. 3, p. 283-9, mar. 2003. PEDRONI, C.R.; OLIVEIRA, A.S.; BERZIN, F. Pain characteristics of temporomandibular disorder – a pilot study in patients with cervical spine dysfunction. Journal of Applied Oral Science, v.14, n.5, p. 388-92, set/out. 2006. PEREIRA, L.J. et al. Mastication and swallowing: influence of fluid addition to foods. Journal of Applied Oral Science, v. 15, n. 1, p. 55-60, jan./fev. 2007. PEREIRA, L.J.; STEENKS, M.H.; De WIJER, A. et al. Masticatory function in subacute TMD patients before and after treatment. Journal of Oral Rehabilitation, v. 36, n. 6, p.391-402, jun. 2009.

Page 119: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

117  

 

PERINNETTI, G. Correlations between the stomatognathic sustem and body posture: biological or clinical implications? Clinics. v. 64, n. 2, p.77-78, 2009. PERINNETTI, G.; TÜRP, J.C.; PRIMOZIC, J.; Di LENARDA, R.; CONTARDO, L. Associations between masticatory system and muscle activity of other body districts. A meta-analysis os surface electromyography studies. Journal of Eletromyography and Kinesiology, v. 21, p.877-884, 2011. PERRY, J.L.; BAE, Y.; KUEHN, D.P. Effect of posture on deglutitive biomechanics in healthy individuals. Dysphagia, abr. 2011. POLLITTI, F.; AMORIM, C.F.; OLIVEIRA, L.H.S.; GUERRA, F.D.; PIERES, I.L.S.; PALOMARI, E.T. Maximal clenching effort influence on the eletromyographic of the trapezius muscle in healthy subjects. Journal of Bodywork and Movement Therapies, v. 14, p.345-351, 2010. RATNASARI, A. et al. Manifestation of preferred chewing side for hard food on TMJ disc displacement side. Journal of Oral Rehabilitation, v. 38, n. 1, p. 12-17, jun. 2011. REINHARDT, R. et al. The unilateral chewing phenomenon, occlusion and TMD. Journal of Craniomandibular Practice, v. 24, n. 3, p. 166-70, jul. 2006. RITZEL, CH. et al. Temporomandibular joint dysfunction and trapezius muscle fatigability. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 11, n. 5, p. 333-39, set/out. 2007. ROBBINS, J.A. et al. Oropharyngeal swallowing in normal adults of different ages. Gastroenterolgy, v. 103, n. 3, p. 823-29, 1992. ROCABADO, M. Biomechanical Relationship of the Cranial, Cervical and hyoid Regions. Journal of Craniomandibular Practice, v. 1, n. 3, p. 61-6, jun/ago. 1983. ROSA, L.P.; MORAES, L.C. Estudo comparativo da influência do método de posicionamento convencional e natural de cabeça para obtenção de radiografias laterais cefalométricas utilizando análise crânio-cervical. Ciência Odontológica Brasileira, v. 12, n. 1, p. 56-62, 2009. SAHIN SAGLAM, A.M.; UYDAS, N.E. Relationship between head posture and hyoid position in adult females and males. International Journal of Oral Maxillofacial Surgery, v. 34, n. 2, p.85-92, mar. 2006 SAKAGUCHI K, MEHTA NR, ABDALLAH EF, FORGIONE AG, HIRAYAMA H, KAWASAKI T. Et al. Examination of the relationship between mandibular position and body posture. Journal of Craniomandibular Practice, v. 24, n.4, 2007 SAKUMA, T.; KIDA, I. Relationship between ease of swallowing and deglutition-related muscle activity in various postures. Journal of Oral Rehabilitation, v. 37, n. 8, p. 583-89, 2010.

Page 120: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

118  

 

SANTANA-MORA U.; CUDEIRO, J.; MORA-BERMÚDEZ, M.J.; RILO-POUSA, B.; FERREIRA-PINHO, J.C. et al. Changes in EMG activity during clenching in chronic pain patients with unilateral temporomandibular disorders. Journal of Eletromyography and Kinesiology, v. 19, p.543-549, 2009. SARLANI E, GREENSPAN JD. Evidence for generalized hyperalgesia in temporomandibular disorders patients. Pain, v. 102, n. 3, p.221-26, 2003 SCHNEIDER, P.F.; BECHHAUSER, T.L.; RABELLO, R. Análise do traça do cefalométrico de Rocabado antes e após o uso do protocolo básico do Método equilibrador neuromuscular. Revista Terapia manual, v. 7, n.31, p. 202-07, maio/jun. 2009. SFORZA, C.; ROSATI, R.; de MENEZES, M.; MUSTO, F.; TOMA, M. EMG analysis of trapezius and masticatory muscles: experimental protocol and data reproducibility. Journal of Oral Rehabilitation. v.38, p.648-654, 2011. SHENG, C. et al. Developmental changes in pharyngeal airway depth and hyoid bone position from childhood to young adulthood. Angle Orthodontist, v. 79, n. 3, p.284-290, mai. 2009. SHIAU, Y.Y. et al. The effects of masseter muscle pain on biting performance. Journal of Oral Rehabilitation, v. 30, n. 10, p. 978-84, out. 2003. SHRIKANT, S.; GANAPATHY, K.; REDDY, P.R.; THOMAS, M. Correlation of the anteroposterior relationships of the dental arch and jaw-base in subjects class I, class II, and class III malocclusion. International journal of Contemporary Dentistry, v. 2, n. 2; p. 68-73, março, 2011. SILVA, A.P.P.P. et al. Correlação entre postura corporal e mastigação após dentição mista. Revista CEFAC, v. 6, n.4, p. 363-9, out./dez. 2004. SILVA, F.W.G.P.; QUEIROZ, A.M.; DÍAZ-SERRANO, K.V. Alteraciones posturales y su repercussion en el sistema estomatognático. Acta Odontológica Venezuelana, v. 46, n. 4, p. 1-17, 2008. SILVEIRA, M.C.; SÍGOLO, C.; QUINTAL, M.; SAKANO, E.; TESSITORE, A. Proposta de documentação fotográfica em motricidade oral. Revista CEFAC, v. 8, n. 4, p. 485-92, out./dez. 2006. SILVA, A.P.P.P. et al. Correlação entre postura corporal e mastigação após dentição mista. Revista CEFAC, v. 6, n. 4, p. 363-9, out./dez. 2004. SILVA, F.W.G.P.; QUEIROZ, A.M.; DÍAZ-SERRANO, K.V. Alteraciones posturales y su repercussion en el sistema estomatognático. Acta Odontológica Venezuelana, v. 46, n. 4, p. 1-17, 2008. SLAVICEK, G. Human mastication. International Journal of Stomatology and Occlusion Medicine, v. 3, n. 1, p. 29-41, jan. 2010.

Page 121: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

119  

 

SOLOW, B.; SANDHAM, A. Cranio-cervical posture: a factor in the development and function of the dentofacial structures. European Journal of Orthodontics, v. 24, n. 5, p.447-56, 2002. SOLOW, B.; SONNESEN, L. Head Posture and Malocclusion. European Journal of Orthodontics, v. 20, n. 6, p. 685-93, 1998. SOUCHARD, P. O stretching global ativo. 2. ed. São Paulo: Summus, 2001. STEELE, C.M.; PASCAL, H.H.M.V.L. The dynamics of lingual-mandibular coordination during liquid swallowing. Dysphagia, v. 23, n. 1, p. 33-46, 2008. STRINI, P.J.S.A. et al. Alterações biomecânicas em pacientes portadores de disfunção temporomandibular antes e após o uso de dispositivos oclusais. Revista Odonto, v. 17, n. 33, p. 42-47, jan/jun. 2009. TARTAGLIA, G.M.; LODETTI, G.; PAIVA, G.; De FELÍCIO, C.M.; SFORZA, C. Surface eletromyographic assessment of patients with long lasting temporomandibular joint disorder pain. Journal of Eletromyography and Kinesiology, v. 21, p.659-664, 2011. TECCO, S.; CAPUTI, S.; TETE, S.; ORSINI, G.; FESTA, F. Eletromyographic activity of masticatory, neck and trunk muscles of subjects with different mandibular divergence. Angle Orthodontics, v. 77, n. 2, p.260-265, 2007. TECCO, S.; TETE, S.; FESTA, F. Relation between cervical posture on lateral skull radiographs and electromyographic activity of masticatory muscles in Caucasian adult women: a cross-sectional study. Journal of Oral Rehabilitation, v.34, n. 9, p. 652-662, set. 2007. TSUKADA, T. et al. Effects of food texture and head posture on oropharyngeal swallowing. Journal of Applied Oral Physiology, v.106, n. 6, p.1848-1857, jun. 2009. VALDEZ, J.C.A. Relações entre postura corporal e sistema estomatognático. Jornal Brasileiro de Oclusão, ATM e dor Orofacial, v. 2, n. 6, p. 155-164, 2002. VAN EIJDEN, T.M.G.J.; KORFAGE, J.A.M.; BRUGMAN, P. Architecture of the human jaw-closing and jaw-opening muscles. The anatomical Record, v. 248, n.3, p. 464-474, 1997. VILLANUEVA, P. et al. Efecto de la postura de cabeza em mediciones de la vía aérea. Revista CEFAC, v. 6, n. 1, p. 44-8, jan-mar, 2004. VISSCHER, C.M. et al. Kinematics of the human mandible for different head postures. Journal of Oral Rehabilitation, v. 27, n. 4, p. 299-305, 2000. VISSCHER C.M. et al. Is there a relationship between head posture and craniomandibular pain? Journal of Oral Rehabilitation, v. 29, n.11, p. 1030-1036, 2002.

Page 122: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

120  

 

WODA, A.; PIONCHON, P.; PALLA, S. Regulation of mandibular posture: mechanisms and clinical implications. Critical Reviews in Oral Biology and Medicine, v. 12, n. 2, p. 166-78, 2001. YAMABE, Y.; YAMASHITA, R.; FUJII, H. Head, neck and trunk movements accompanying jaw tapping. Journal of Oral Rehabilitation, v. 26, n. 11, p. 900-905, nov. 1999. ZHAO, L.; MONAHAM, R. Functional assessment of the stomatognathic system. Clinics in Plastic Surgery, v. 34, n. 3, p. 1-9, jul. 2007.

Page 123: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

ANEXOS

   

Page 124: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 125: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

ANEXO A – CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO PARA APRECIAÇÃO ÉTICA

CARTA DE APROVAÇÃO

O Comitê de Ética em Pesquisa – UFSM, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – (CONEP/MS) analisou o protocolo de pesquisa: Título: Sistema crânio-cérvico-mandibular: enfoque diagnóstico e terapêutico multifatorial Número do processo: 23081.019091/2008-65 CAAE (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética): 0281.0.243.000-08 Pesquisador Responsável: Eliane Castilhos Rodrigues Corrêa Este projeto foi APROVADO em seus aspectos éticos e metodológicos de acordo com as Diretrizes estabelecidas na Resolução 196/96 e complementares do Conselho Nacional de Saúde. Toda e qualquer alteração do Projeto, assim como os eventos adversos graves, deverão ser comunicados imediatamente a este Comitê. O pesquisador deve apresentar ao CEP: Janeiro/2010 Relatório final Os membros do CEP-UFSM não participaram do processo de avaliação dos projetos onde constam como pesquisadores. DATA DA REUNIÃO DE APROVAÇÃO: 27/01/2009 Santa Maria, 29 de Janeiro de 2009. Félix Alexandre Antunes Soares Vice-Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa-UFSM Registro CONEP N. 243. PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.

Page 126: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 127: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

ANEXO B – CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA PESQUISA EM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (RDC/DTM) – Eixo I

NOME:........................................................................................................................................ DATA DE NASCIMENTO:........../........../.......... IDADE ATUAL:................. SEXO:................... DATA DA AVALIAÇÃO: ............/........../........... EXAMINADOR:...............................................

Page 128: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

126  

 

Page 129: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

127  

 

Page 130: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

128  

 

Page 131: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

ANEXO C – PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCORES (AMIOFE) - Adaptado

NOME:........................................................................................................................................ DATA DA AVALIAÇÃO: ............/........../........... EXAMINADOR:...............................................

FUNÇÃO: DEGLUTIÇÃO Deglutição: Comportamento dos lábios Escores Oclusão normal dos lábios Sem aparentar esforço (3) Oclusão dos lábios com esforço

Leve (2) Moderada (1)

Não vedam a Cavidade Oral Severa (1) Deglutição: Comportamento da língua Escores Contida na cavidade oral Normal (3) Interposta aos arcos dentários

Adaptação ou disfunção (2) Protruída em excesso (1)

Deglutição: Outros comportamentos e sinais de alteração Escores Movimentação da cabeça Ausente (1)

Presente (0) Tensão dos Músculos Faciais

Ausente (1) Presente (0)

FUNÇÃO: MASTIGAÇÃO Mastigação Escores Bilateral Alternada (4)

simultânea (vertical) (3) Unilateral Preferencial (66% do mesmo

lado) (2)

Crônica (95% do mesmo lado)

(1)

Outros comportamentos e sinais de alteração Escores Movimentação da cabeça Ausente (1)

Presente (0) Postura alterada Ausente (1) Presente (0)

Page 132: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 133: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

APÊNDICES

Page 134: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 135: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

APÊNDICE A – DIVULGAÇÃO DA PESQUISA EM MÍDIA IMPRESSA

Page 136: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 137: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana

Mestranda Pesquisadora: Priscila Weber Endereço para contato: Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) – Rua Floriano Peixoto – 1751, 7º andar – Telefone (55)32209239 ou (55) 99678173 Profª Orientadora: Drª. Ft. Eliane Castilhos Rodrigues Corrêa Profª Co-Orientadora: Drª. Fg. Ana Maria Toniolo da Silva

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Convido você a participar da minha pesquisa intitulada: “Postura Craniocervical e sua

Relação com o Sistema Estomatognático” que se propõe a investigar a postura da cabeça e

coluna cervical através de dois métodos de avaliação. Além disso, o trabalho tem por

objetivo averiguar se há correlações entre alterações no posicionamento da cabeça e coluna

cervical com as possíveis disfunções que possam vir a comprometer essas estruturas bem

como as inter-relações dessas alterações com o funcionamento do sistema estomatognático

(conjunto de estruturas bucais).

Primeiramente você irá responder há algumas perguntas referentes à sua

constituição corporal (peso e altura), às atividades desempenhadas diariamente (ocupação,

prática de atividade física), história de traumas e/ou doenças pregressas, se realizou

procedimentos cirúrgicos na região orofacial, se tem queixa de dor ou desconforto na região

da cabeça e coluna cervical, os tratamentos realizados bem como uso de medicamentos,

presença de hábitos orais que podem estar alterados, além de algumas informações sobre

os seus hábitos durante o sono.

Posteriormente você será avaliado quanto à presença de Disfunção

Temporomandibular onde você terá que responder há um novo questionário e onde também

será feita a avaliação da função mandibular e da articulação temporomandibular por um

avaliador treinado e capacitado. Aqui, alguns testes serão feitos através da palpação de

estruturas dentro da sua boca, no entanto serão tomadas as devidas medidas de higiene

fazendo uso de luvas estéreis. Ainda será avaliada a presença ou não de disfunção na

coluna cervical, quando será solicitado que você realize alguns movimentos com o pescoço

para que então possa ser investigada a qualidade e a amplitude destes movimentos bem

como a presença ou não de dor.

Por último você será avaliado por uma fonoaudióloga, que irá verificar o estado das

estruturas que estão fora da sua boca (lábios, bochechas, mandíbula) e dentro da sua boca

(língua, dentes, céu da boca), sempre usando luvas, sem causar qualquer desconforto ou

 

Page 138: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

136  

 

dor. Além disso, ela irá avaliar a forma como você realiza algumas funções: o ato de

mastigar e deglutir (engolir) (para estes testes será oferecido pão “cacetinho” e água

mineral) e também a forma como você respira.

Quanto à avaliação da postura da cabeça e coluna cervical serão testados dois

métodos: a Biofotogrametria e a Cefalometria.

A Biofotogrametria avalia a postura através de fotografias tiradas da parte do corpo

que se deseja avaliar. Como neste trabalho queremos avaliar a posição da cabeça e

pescoço você terá que estar com a parte superior do seu corpo despida (sem você for do

sexo feminino será solicitado que você faça uso de um top). Para que possamos fazer as

medidas da posição da cabeça e pescoço, serão colocadas bolinhas de isopor com fita

adesiva em algumas estruturas ósseas do seu corpo. Além das fotografias que serão tiradas

da cabeça e pescoço, obteremos também uma fotografia dos seus dentes, estando a boca

fechada e os lábios separados por um afastador, previamente higienizado, que serve para

esta finalidade.

Por outro lado, a cefalometria avalia a postura da cabeça e pescoço através de

imagens de raio-x. O exame será realizado por um Técnico em Radiologia experiente, que

seguirá rigidamente o que consta no protocolo de radioproteção de acordo com a portaria

453 de 01/06/1998 (Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária).

Ao participar desta pesquisa você conhecerá melhor a sua postura além de ter a

oportunidade de realizar uma avaliação abrangente das estruturas que envolvem a cabeça e

o pescoço podendo tomar conhecimento de aspectos relacionados ás alterações posturais

presentes, à integridade e ao funcionamento deste sistema, sendo encaminhado ao final da

pesquisa, se necessário, para tratamento especializado. Os encaminhamentos, no entanto,

não garantem o seu atendimento, sendo realizada apenas a indicação de locais e/ou

profissionais aos quais você deve buscar atendimento, sendo esta iniciativa de sua inteira

responsabilidade.

Esta pesquisa não oferece risco. O desconforto poderá existir devido ao tempo total

da avaliação, que pode ser de aproximadamente 1 hora e 30 minutos. Vale lembrar que a

participação neste estudo não lhe acarretará nenhum custo e por outro lado nenhum

benefício financeiro, sendo, portanto exercida de forma voluntária.

Todas as informações colhidas nas avaliações são confidenciais sendo que as

mesmas serão utilizadas única e exclusivamente para análise da pesquisa e em eventos

científicos da área ou áreas afins. É permitido que você desista de participar da pesquisa em

qualquer momento da mesma, sem que isto acarrete qualquer prejuízo ou constrangimento.

Além disso, você poderá receber, sempre que solicitar, informações atualizadas sobre todos

os procedimentos, objetivos e resultados do estudo realizado pela pesquisadora ou pelo

comitê de ética em pesquisa da UFSM.

Page 139: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

137  

 

Pelo presente termo de consentimento, declaro que estou de acordo em participar

deste projeto de pesquisa, livre de qualquer tipo de constrangimento, sendo garantido que

não serei identificado, que será respeitada minha privacidade e confidencialidade, que fui

informado de forma clara dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos aos quais serei

submetido, dos riscos, desconfortos e benefícios. Fui igualmente informado da garantia de

receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida e da liberdade

de retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que haja prejuízo de qualquer

ordem.

Assim, eu _______________________________________________________, portador (a)

da carteira de identidade de número ______________________________, afirmo que, após

a leitura deste documento e de esclarecimentos dados pela mestranda Priscila Weber, sobre

os itens acima, concordo com a realização desta pesquisa e autorizo a participação, como

também autorizo a publicação em meio acadêmico dos dados, informações, fotografias, e

outros procedimentos coletados nesta pesquisa.

Assinatura ____________________________________________________________

Assinatura da pesquisadora (Ft. Priscila Weber)___________________________________

Toda e qualquer dúvida poderá ser esclarecida, a qualquer momento, pela

pesquisadora Priscila Weber pelo telefone (55) 99678173

Santa Maria, __________de__________________de 201__

Para maiores esclarecimentos entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – CEP – UFSM pelo endereço: Av. Roraima, 1000 – Prédio da Reitoria – 7º andar – sala 702 Cidade Universitária – Bairro Camobi 97105 900 – Santa Maria – RS Tel (55) 32209362 - email: [email protected]

Page 140: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...
Page 141: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

APÊNDICE C - FICHA DE ANAMNESE

NOME:...................................................................................................................................

DATA DE NASCIMENTO:........./........../.......... IDADE ATUAL:............ SEXO:.........................

DATA DA AVALIAÇÃO: ............/........../...........

EMAIL:....................................................................................................................................

PESO: ................................... ALTURA:....................................

DOMINÂNCIA: ( ) DESTRO ( ) CANHOTO

1) Você já sofreu algum tipo de trauma que acometesse a região da cabeça e/ou da

coluna cervical?

Sim ( ) Não ( )

Em caso afirmativo indique a região lesada___________________________

2) Já se submeteu a qualquer procedimento cirúrgico que envolvesse cabeça e

pescoço?

Sim ( ) Qual?_______________________________________Não ( )

3) Você possui algum diagnóstico médico referente a qualquer patologia da coluna

cervical (hérnia de disco, escoliose, etc) ou demais estruturas que envolvem a

cabeça e o pescoço?

Sim ( ) __________________________________Não ( )

4) Refere alguma queixa relacionada à sua coluna cervical e/ou a sua cabeça?

Sim ( ) Qual?____________________________________________

Não? ____________________________________________________

5) Hábitos Orais Parafuncionais Umidificar os lábios: não

sim Época: ___________________

Bruxismo (ranger dentes):

não

sim

[ ] diurno [ ] noturno

Apertamento dentário:

não

sim Quando: _________________

Onicofagia (roer unhas):

não

sim Quando: _________________

Morder mucosa oral:

não

sim Quando: _________________

Morder objetos:

não

sim

Qual: _________________

Quando: ______________________

Page 142: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

140  

 

5) Tratamentos realizados:

MOTIVO Fonoaudiológico:

não Sim atual

Médico:

não Sim atual

Psicológico:

não Sim atual

Fisioterápico:

não Sim atual

Odontológico: não Sim atual

Procedimento:

aparelho fixo

placa oclusal

aparelho removível

placa miorelaxante

Page 143: RELAÇÃO DA POSTURA CRANIOCERVICAL E DA DESORDEM ...

 

APÊNDICE D– AVALIAÇÃO ORTODÔNTICA NOME:........................................................................................................................................ DATA DE NASCIMENTO:........../........../.......... IDADE ATUAL:................. SEXO:................... DATA DA AVALIAÇÃO: ............/........../........... EXAMINADOR:...............................................

• CLASSIFICAÇÃO DA OCLUSÃO (Relação Molar) (.....)oclusão normal (.....) classe I (.....) classe II......................... 1ª divisão (.....) subdivisão D (.....) E (.....) 2ª divisão (.....) subdivisão D (.....) E (.....) (.....) classe III......................... subdivisão D (.....) E (.....)

• OUTRAS MALOCLUSÕES (.....) Mordida de topo (.....) Mordida Cruzada anterior (.....) Mordida Cruzada Posterior (.....) Sobressaliência (.....) Mordida Aberta Anterior (.....) Mordida Aberta Posterior (.....) Sobremordida