Relações Internacionais e Globalização · Relações internacionais no pós-Guerra Fria •Em...

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Relações Internacionais e Globalização DAESHR014- 13SB (4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI [email protected] UFABC – 2018.I (Ano 3 do Golpe) Aula 7/8 3ª e 5ª-feira, 13 e 15 de março

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Relações Internacionais e Globalização DAESHR014- 13SB

(4-0-4)

Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI

[email protected]

UFABC – 2018.I

(Ano 3 do Golpe)

Aula 7/8

3ª e 5ª-feira, 13 e 15 de março

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Marielle Franco

Anderson Pedro Gomes

“Novas” e “velhas” agendas das Relações Internacionais no pós-

Guerra Fria

e

Revisão 7

Módulo I: Origens de nosso tempo presente

Aula 7 (3ª-feira, 13 de março): “Novas” e “velhas” agendas das Relações Internacionais.

Texto base:

SATO, Eiiti (2000) “A agenda internacional depois da Guerra Fria: novos temas e novas percepções”, p. 138-167, http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v43n1/v43n1a07.pdf

Texto complementar:

STRANGE, Susan (1997) “The problem or the solution? Capitalism and the state system”, p. 236-246, in: GILL, Stephen e MITTELMAN, James H. (1997).

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Relações internacionais no pós-Guerra Fria

• Em aulas anteriores, discutimos as origens da globalização neoliberal e os fatores que levaram a seu “triunfo” sobre outras formas de organização da vida econômica, social e política.

• Entre os fatores que explicam esse “triunfo”, o colapso do bloco socialista liderado pela URSS desempenha papel fundamental. Com efeito, o desaparecimento do principal antagonista do bloco capitalista, liderado pelo poder hegemônico estadunidense, pareceu anunciar a vitória definitiva, eterna, do capitalismo liberal.

• Sem um antagonista, sem uma alternativa real, ainda que tendo seus defeitos, ao capitalismo, as forças capitalistas puderam agir com muito mais desembaraço.

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Relações internacionais no pós-Guerra Fria

• Como nos lembra Kagan (2012), a hegemonia estadunidense nunca deixou de ser confrontada e questionada. As críticas e enfrentamentos ocorriam no plano doméstico e internacional e vinham de indivíduos, grupos sociais e Estados. A Guerra Fria e o Terceiro Mundismo representaram por algum tempo um questionamento sério à hegemonia estadunidense.

• A globalização neoliberal iniciou o desmonte dos arranjos institucionais que sustentaram o acelerado crescimento econômico experimentado pelo centro e pela periferia do capitalismo nas duas décadas e meia que se seguiram ao pós-II GM.

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Relações internacionais no pós-Guerra Fria

• Com o colapso do bloco socialista liderado pela URSS em 1989 e dois anos depois, 1991, o colapso da própria URSS, as teorias, conceitos e interpretações sobre o sistema internacional tiveram que ser revistas a fundo.

• Grande parte do aparato teórico e conceitual desenvolvido no pós-II GM para analisar as relações internacionais se tornou obsoleto da noite para o dia.

• Noções até então centrais como Guerra Fria, segurança estratégica, sistema internacional bipolar, entre outras, se tornaram peças do museu das ideias.

• Não apenas conceitos e teorias deixaram de fazer sentido: as estruturas institucionais dos Estados mudaram.

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Relações internacionais no pós-Guerra Fria

• O que ficaria do mundo construído pela hegemonia estadunidense no pós-II GM?

• O que precisaria ser reinventado?

• Quais as novidades e temas emergentes que surgiriam (ou saíram das sombras para assumir papel mais central no palco das relações internacionais)?

• Nas palavras de Sato: “como e em que sentido as transformações ocorridas na estrutura das relações internacionais se refletem na agenda internacional”? (2000, p. 138).

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “Na atualidade, diferentemente do que ocorria até duas ou três décadas atrás, é muito difícil de se construir um paradigma claramente definido para se caracterizar a realidade internacional. Até bem recentemente era possível reconhecer a existência de padrões e forças predominantes no meio internacional, notadamente a confrontação leste-oeste. Na atualidade, padrões como “globalização” e “emergência de atores não-estatais” são difusos por natureza, o que dificulta a formulação de políticas organicamente estruturadas. (...) Essa realidade, muito mais variada e dinâmica, representa uma considerável ampliação de oportunidades, mas significa também maior dificuldade na construção de estratégias de inserção internacional.” (Sato 2000: 167) 13

A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “Neste final de século, a agenda internacional se apresenta muito diferente. A separação entre high politics e low politics deixou de existir e novos itens passaram a ocupar lugar de destaque: meio ambiente, narcotráfico, as novas bases da competitividade internacional, direitos humanos, conflitos étnico-religiosos, entre outros. Na verdade, as questões relativas à segurança estratégica não deixaram de ocupar posição de destaque, mas passaram a ser vistas de modo cada vez mais integrado a esses novos temas da agenda internacional.” (Sato 2000: 139)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “A maioria das análises produzidas nos anos 90 sobre as relações internacionais inicia destacando a importância central do fim da Guerra Fria como condicionante da política internacional. (...) No entanto, o fim da Guerra Fria não deve ser interpretado como um episódio e sim como parte de um amplo processo de mudança. Eventos como a queda do muro de Berlim e o colapso da União Soviética devem ser vistos por seu sentido emblemático, como um referencial importante, que deixa claro o fato de que o mundo passava a viver uma nova época.” (Sato 2000: 139)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “Na condição de processo histórico, os eventos associados ao fim da Guerra Fria formaram, na verdade, o epílogo de uma longa sucessão de fatos. (...) Assim sendo, a análise das mudanças ocorridas no sistema internacional deve considerar vários desenvolvimentos que ocorreram ao longo de, pelo menos, duas décadas. Esses desenvolvimentos estavam associados a mudanças tecnológicas e econômicas e, até mesmo, a transformações no quadro de valores sociais, que faziam emergir um novo conjunto de referenciais para a política exterior dos países.” (Sato 2000: 139)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “Apesar de tudo, a Guerra Fria foi, ao longo de quatro décadas, ao mesmo tempo, produto de uma época e também justificativa para a ação política. Estratégias de segurança, programas internacionais de cooperação técnica e econômica e até mesmo disputas políticas dentro dos países geralmente eram consideradas a partir do entendimento da Guerra Fria como um referencial importante, às vezes central, nos processos de tomada de decisão. Em consequência, o seu desaparecimento trouxe também, para os analistas, a tarefa de encontrar novas explicações para as possíveis forças que moveriam a política internacional.” (Sato 2000: 140)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “O fim da Guerra Fria teve um papel importante na mudança da agenda internacional. A mudança não apareceu de modo tão evidente na composição dessa agenda, mas sim no grau de importância atribuída às diversas questões. Isto é, a maioria das questões integrantes dessa agenda já existia, no entanto, a maneira pela qual essas questões passaram a ser percebidas é que sofreu transformações significativas com o fim da Guerra Fria.” (Sato 2000: 142)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• Sato aponta três grandes conjuntos de novas questões da agenda internacional pós-Guerra Fria:

– A governança de bens públicos globais (paradoxo de Olson ou dilema da ação coletiva: bens públicos e free rider);

– Os desequilíbrios internacionais nos níveis de desenvolvimento econômico, social e tecnológico entre países;

– O surgimento de novos atores não-estatais e suas relações com atores estatais.

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “What is it that we need to explain?” (Strange 1997: 236)

• “My contribution, therefore, is to question the premise that there is such a discrete field of study as ‘International Relations’, and also challenge the relevance of the problematic with which it has been concerned for half a century or so in the United States (and for rather longer in Europe).” (Strange 1997: 236-237)

• “(…) Let us consider the two really big questions that have dominated political and academic debate for most of the past century. One is ‘socialism or capitalism’? The other is ‘peace or war’?” (Strange 1997: 237)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “My subjective perception is that the biggest change foreshadowing the Ps and Qs of the future has been the internationalisation of production that has been gathering speed in the worl economy for the past two decades. That, in my opinion, is the womb in which the big issues of the next century are already coming to term.” (Strange 1997: 241)

• “First of all, it calls for a focus on technological change – although technology is a factor seldom included in basic political or economic theory. Second, it calls for attention to be paid in the processes of credit creation in a market economy – another factor too often neglected in political and economic theory.” (Strange 1997: 243)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “(...) The potential solution of the (...) uneven development of North and South that dominated much debate from the 1960s on. The internationalisation of production is busily closing the much-debated North-South gap by transferring industry from the developed to the developing countries – or at least to a steadily rising number of them.” (Strange 1997: 245)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “The downside of this solution is the problem of meeting the adjustment costs for workers, and often for whole communities and regions, in the developed countries.” (Strange 1997: 245)

• “But there are at least two other important problems foreshadowed by recent political-economic change that are the counterpart or product of apparent solutions. One is ecological. The other is financial.” (Strange 1997: 245)

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A agenda internacional depois da Guerra Fria

• “As Robert Cox once intuitevely perceived, the international political system based on states’ mutual recognition ot each other’s formal sovereignity is an obstacle, not a means to co-operation sufficient to preserve social cohesion and stability (Cox, 1982). An alternative task is indeed to discern the coalition of forces that might combine across state frontiers to restore some sanity in the management of human affairs”. (Strange 1997: 246)

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1. Defina a atual globalização (globalização neoliberal) em seus principais traços políticos, econômicos, institucionais, tecnológicos e ideológicos, comparando-a com períodos prévios de globalização. Cite pelo menos 2 textos de 2 autorxs do nosso programa para sustentar sua argumentação.

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2. Explique a relação entre a globalização neoliberal e a quinta revolução industrial. Cite pelo menos 2 textos de 2 autorxs do nosso programa para sustentar sua argumentação

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3. A globalização neoliberal causou profundas alterações nos arranjos políticos e econômicos tanto no centro do capitalismo como em sua periferia. Em especial, os compromissos de classes vigentes nas três décadas seguintes à II GM no centro e na periferia foram quase completamente abandonados. Defina os arranjos institucionais que vigoraram no centro e na periferia do capitalismo entre os anos de 1945 e fins da década de 1970 e explique em linhas gerais os arranjos institucionais que viriam a substituí-los nas décadas de 1980-1990. Cite pelo menos 2 textos de 2 autorxs do nosso programa para sustentar sua argumentação.

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4. Do ponto de vista da globalização neoliberal, quais as principais consequências da queda da URSS? Cite pelo menos 2 textos de 2 autorxs do nosso programa para sustentar sua argumentação.

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5. No debate sobre manutenção ou queda da hegemonia estadunidense há argumentos para todos os gostos. Em sua opinião, quais são os argumentos mais fortes em relação à interpretação de manutenção da hegemonia estadunidense? E os argumentos mais fortes em relação à interpretação de queda da hegemonia estadunidense? Cite pelo menos 2 textos de 2 autorxs do nosso programa para sustentar sua argumentação.

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6. O fim da Guerra Fria teve um impacto profundo nos debates do campo das relações internacionais, provocando uma renovação temática importante. Fazendo referência a pelo menos 2 autorxs de nosso curso, aponte diferenças entre o campo das relações internacionais antes e depois do fim da Guerra Fria e discorra sobre o seguinte ponto: quais os temas que hoje, quase três décadas depois do fim da Guerra Fria, continuam atuais?