Relações Internacionais

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Relações Internacionais - Conceito As Relações Internacionais (abreviadas como RI ou REL) visam ao estudo sistemático das relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países cujos reflexos transcendam as fronteiras de um Estado, as empresas, tenham como locus o sistema internacional. Entre os atores internacionais, destacam-se os Estados, as empresas transnacionais, as organizações internacionais e as organizações não-governamentais. Pode se focar tanto na política externa de determinado Estado, quanto no conjunto estrutural das interações entre os atores internacionais. Além da ciência política, as Relações Internacionais mergulham em diversos campos como a Economia, a História, o Direito internacional, a Filosofia, a Geografia, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e estudos culturais. Envolve uma cadeia de diversos assuntos incluindo mas não limitados a: globalização, soberania, sustentabilidade, proliferação nuclear, nacionalismo, desenvolvimento econômico, sistema financeiro, terrorismo/antiterrorismo, crime organizado, segurança humana, intervencionismo e direitos humanos. Evolução histórica das Relações Internacionais A disciplina das Relações Internacionais, do ponto de vista acadêmico, é relativamente nova no contexto da história mundial. Sua institucionalização ocorre apenas em 1919, junto à Universidade de Gales, logo após o término da primeira Guerra Mundial. Todavia, como ciência, tem suas raízes em tempos longínquos, v.g., nos primeiros relacionamentos entre os homens e suas incipientes comunidades. Com a evolução do homem e a formação de seus respectivos valores (morais, culturais, religiosos, políticos, econômicos, etc), a história demonstra à saciedade o surgimento de relações entre as diversas civilizações que se seguiram até o século XIII.

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Resumo sobre relações internacionais, seu conceito e evolução histórica.

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Relaes Internacionais - ConceitoAs Relaes Internacionais (abreviadas como RI ou REL) visam ao estudo sistemtico das relaes polticas, econmicas e sociais entre diferentes pases cujos reflexos transcendam as fronteiras de um Estado, as empresas, tenham como locus o sistema internacional. Entre os atores internacionais, destacam-se os Estados, as empresas transnacionais, as organizaes internacionais e as organizaes no-governamentais. Pode se focar tanto na poltica externa de determinado Estado, quanto no conjunto estrutural das interaes entre os atores internacionais. Alm da cincia poltica, as Relaes Internacionais mergulham em diversos campos como a Economia, a Histria, o Direito internacional, a Filosofia, a Geografia, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e estudos culturais. Envolve uma cadeia de diversos assuntos incluindo mas no limitados a: globalizao, soberania, sustentabilidade, proliferao nuclear, nacionalismo, desenvolvimento econmico, sistema financeiro, terrorismo/antiterrorismo, crime organizado, segurana humana, intervencionismo e direitos humanos. Evoluo histrica das Relaes Internacionais

A disciplina das Relaes Internacionais, do ponto de vista acadmico, relativamente nova no contexto da histria mundial. Sua institucionalizao ocorre apenas em 1919, junto Universidade de Gales, logo aps o trmino da primeira Guerra Mundial.

Todavia, como cincia, tem suas razes em tempos longnquos, v.g., nos primeiros relacionamentos entre os homens e suas incipientes comunidades. Com a evoluo do homem e a formao de seus respectivos valores (morais, culturais, religiosos, polticos, econmicos, etc), a histria demonstra saciedade o surgimento de relaes entre as diversas civilizaes que se seguiram at o sculo XIII.

Tais relacionamentos, sejam eles de comrcio, religiosos ou at mesmo de guerra, representaram efetivamente uma evoluo das Relaes Internacionais como cincia. No entanto, estes relacionamentos invariavelmente possuam natureza meramente circunstancial, no dando margem ao desenvolvimento das Relaes Internacionais de uma forma sistemtica. O princpio do equilbrio do poder e da fora, bem como o da defesa coletiva, eram at ento desconhecidos .

Isto s veio a se tornar conhecido no perodo da Idade Mdia, com o aparecimento do EstadoNao, quando um destacado desenvolvimento projetou-se entre as sociedades, aproximando seus povos . O fortalecimento do Estado importou em uma maior interao entre os indivduos e suas respectivas sociedades, dando nfase s Relaes Internacionais, que passam a ser quotidianas e mais complexas, com traos mais definidos. Entre os sculos XVI e XIX, os principais Estados Europeus lanaram-se conquista do mundo.Outros Estados emergem no curso das Revolues Industriais, como Estados Unidos da Amrica e Japo . Tal realidade provocou uma manifestao intensa das Relaes Internacionais, que assumiram gradativamente uma importncia maior no cenrio mundial.

Contudo, a partir do sculo XX que as Relaes Internacionais ganham espao de forma definitiva dentro do contexto mundial, principalmente aps o trmino da Segunda Grande Guerra. Com a nova ordem mundial que se formou desde ento, surgiram Organismos Internacionais (ONU, OEA, CEPAL, etc.), os quais proporcionaram e impuseram um estreitamento das relaes entre os Estados membros, atravs de uma mundializao das relaes, sobretudo do ponto de vista diplomtico e comercial.

O processo de descolonizao, que deu origem a outros tantos pases que passaram a fazer parte do contexto internacional, tambm fator que contribuiu para a consolidao das Relaes Internacionais como disciplina.

Mas ainda havia o obstculo da chamada Guerra Fria, advinda do ps-guerra, que atravs de seu ranoso binmio Capitalismo X Socialismo, dificultava em muito as Relaes Internacionais entre os pases pertencentes a cada bloco. Com a queda do Muro de Berlim (inimaginvel durante muitos anos) e o surpreendente desmembramento da Unio Sovitica, que culminou com a abertura e desmembramento tambm do Leste Europeu, sucedeu-se uma enorme guinada na ordem mundial.

Com a afirmao do capitalismo e a mundializao das relaes, as perspectivas passaram a ser vistas sob um prisma ainda mais global, sem barreiras ideolgicas, o que sem dvida impulsionou o estudo das Relaes Internacionais.

Por todo o exposto, constata-se que a disciplina das Relaes Internacionais est diretamente ligada ordem mundial e atualidade dos valores que envolvem o seu respectivo contexto. Em verdade, analisando a evoluo histrica da disciplina desde os seus primrdios at os dias atuais, possvel dizer que as Relaes Internacionais podem ser entendidas, em sua vertente acadmica, como o estudo sistemtico da ordem mundial, isto , das relaes entre Estados e atores relevantes do sistema internacional, assim como das transformaes desse sistema ao longo do tempo.

2. OS PARADIGMAS INTERPRETATIVOS DAS RELAES INTERNACIONAIS

Os paradigmas interpretativos consistem nos modelos indicativos de interpretao dos distintos fluxos de interesse entre os Estados. Em outras palavras, os paradigmas interpretativos das Relaes Internacionais so modelos de interpretao que variam conforme a carga axiolgica que carregam. o modo pelo qual o cientista visualiza, analisa e compreende a ordem mundial, direcionado pelos valores que o modelo de interpretao utilizado delimita.A doutrina, ao longo da evoluo da disciplina, estabeleceu a existncia de quatro paradigmas interpretativos das Relaes Internacionais: o modelo idealista, o modelo realista, o modelo da dependncia e o modelo da interdependncia.

O MODELO IDEALISTA foi formado no perodo havido entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Sofreu em sua origem, fortes influncias dos pensamentos de Jean-Jaques Rosseau, principalmente de sua clssica obra o Contrato Social, que pregava a existncia de uma sociedade perfeita. O principal apoiador deste paradigma foi Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos da Amrica, reconhecidamente adepto do liberalismo.

Este paradigma exerceu sua maior influncia no cenrio mundial com o advento da Liga das Naes, que tinha como objetivo maior a pacificao da ordem mundial, como reao moral e poltica aos horrores da Primeira Grande Guerra. Visava, na prtica, evitar um novo conflito e tinha por escopo a definio da justia como arcabouo das relaes entre os Estados, centrando seus fundamentos nos valores na paz universal.

Sua principal contribuio para a as Relaes Internacionais foi o estabelecimento de certos princpios, inspirados em certas regras ticas, os quais fizeram com que as Relaes Internacionais passassem a ser mais abertas, transparentes e democrticas. Com o desencadeamento da Segunda Grande Guerra, o paradigma idealista acabou sendo posto de lado pela doutrina, em virtude do seu aparente fracasso em evitar o novo conflito blico.

O PARADIGMA REALISTA surge a partir da Segunda Guerra Mundial, apresentando-se como reao ao paradigma idealista. Suas origens so encontradas na obra de Nicolau Maquiavel, denominada "O prncipe" (1532), e na obra de Thomas Hobbes, denominada "O Leviat" (1615). A partir do realismo poltico, as Relaes Internacionais passaram a ser regidas pelo grau de poder de cada Estado. A poltica domstica tida como distinta da poltica internacional e o Estado o nico ator reconhecido.

Nas Relaes Internacionais, o que passa a imperar um sistema anrquico, prevalecendo a fora e o conflito na busca do poder. Os princpios morais e democrticos so aplicados apenas no mbito da poltica interna. A paz somente possvel quando h o equilbrio entre o poder e a fora dos Estados oponentes.

Como forma de crtica ao realismo poltico (realismo tradicional), que no se adequava perfeitamente ao panorama global que se formou aps a Segunda Guerra, surgiu na dcada de sessenta o chamado neo-realismo (ramificao do paradigma do realismo), pelo qual se sustentava a busca da segurana como causa ltima da prtica poltica no sistema internacional. O argumento central desta nova viso do realismo consiste em destacar a limitao da soberania e a paralela reduo da insegurana decorrente dos compromissos institucionais.O PARADIGMA DA DEPENDNCIA, por sua vez, procura analisar as Relaes Internacionais sob o ponto de vista econmico. Coloca-se em debate a questo do desenvolvimento dos pases menos favorecidos economicamente e as desigualdades existentes entre o centro e a periferia mundial. Sua origem encontrada na clssica obra Dependncia e desenvolvimento na Amrica Latina, elaborada em 1969 por Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto.

O paradigma da dependncia recebe ainda o aporte terico da corrente marxista e da corrente estruturalista, procurando questionar respectivamente os problemas do imperialismo e a situao de marginalidade em que vivem certos Estados. Para os adeptos deste paradigma, no s o Estado funciona como ator nas Relaes Internacionais, mas tambm as organizaes no governamentais, as organizaes internacionais, as empresas transnacionais e os movimentos de libertao, entre outros.

O MODELO DA INTERDEPENDNCIA, tambm conhecido como paradigma do transnacionalismo, do multicentrismo ou do pluralismo, surgiu no final dos anos sessenta juntamente como paradigma da dependncia. Por este paradigma, no s dimenso econmica mundial importante nas Relaes Internacionais, mas tambm o desenvolvimento das tecnologias das comunicaes em massa e o poder das empresas transnacionais. Com essa viso, afasta-se a idia do paradigma realista, de que as Relaes Internacionais so apenas representadas por conflitos, demonstrando-se que estas podem ser tambm cooperativas.

O Estado passa a ser cada vez menos soberano, com o surgimento de novos atores intergovernamentais, transnacionais e supranacionais, rompendo-se as fronteiras existentes. As Relaes Internacionais no so mais interpretadas atravs do modelo realista-conflitivo e interestatal, mas de outro modelo, desenhado em moldes de interpretao tecnolgica, cultural, econmica e poltica. Alis, segundo a tese de Marshall McLuhan, em sua obra "O meio a Mensagem", de 1967, os meios de transporte e de comunicao de massa vieram transformar o mundo numa imensa aldeia global.

No atual contexto mundial, onde o desenvolvimento tecnolgico proporciona um estgio avanado de globalizao e interao entre os povos e naes, o paradigma da interdependncia aquele que vem sendo empregado com maior intensidade nas Relaes Internacionais. Apesar disso, mesmo o modelo da interdependncia vem apresentando carncias, desafiando os doutrinadores a buscar um quinto e novo paradigma das relaes internacionais, ainda em estudo.

Bibliografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Relaes_internacionais -Enciclopdia Eletrnica - Artigo sobre relaes internacionais, conceito, evoluo histrica e aplicaes. (em portugus)http://www.bresciani.com.br/index.php?codwebsite=&codpagina=00008739&codnoticia=0000003081- Artigo sobre direito internacional e relaes internacionaisBARB, Esther: Relaciones * HALLIDAY, Fred. Repensando as Relaes Internacionais. Porto Alegre: UFRGS, 1999. JACKSON, R.; SORENSEN, G. Introduo s Relaes Internacionais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.