Relaçoes Humanas
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Prefcio
reflexo e autocrtica. Os autores explicam tambm como a acupuntura pode ajudar na reduo
da sintomatologia do stress. Os assuntos explorados neste livro no apenas elucidam o tema em
termos tericos, mas tambm contribuem de modo prtico para a compreenso de uma
diversidade de relacionamentos. Neste sentido, a obra poder ajudar as pessoas a viver melhor
e a no desperdiar, relaes com potencial para serem extremamente prazerosas por muito
tempo. De modo brilhante, o livro aborda os temas com aprofundamento, trazendo subsdios
prticos tanto para terapeutas quanto para leigos e, assim, consistindo em uma importante
contribuio cientfica, acadmica e social. Sua leitura proporcionar importante conhecimento
para profissionais de sade mental psiclogos e psiquiatras , e tambm para o leigo, que
muito se beneficiar das dicas para a compreenso e para o desenvolvimento de
relacionamentos mais prazerosos. Boa leitura e bons relacionamentos!
Compreendendo o Stress Emocional
Marlda Emmanuel Novaes Lipp
INTRODUO
Hans Selye, conhecido como o pai da estressologia, enfatizava que s quem est morto
no tem stress. Dizia ele que o stress parte inerente do viver e que necessrio se torna
aprender a lidar de forma eficaz com os desafios bons e maus do decorrer da vida (Selye, 1956,
1974). Embora seja impossvel eliminar os estressores do dia a dia, est dentro da capacidade
humana aprender e praticar estratgias de manejo das tenses que possibilitem uma vida mais
tranquila e de melhor qualidade. esta a parte mais otimista do estudo do stress: a ideia de que
todos, independentemente de idade, sexo ou condio econmica, podem, a qualquer
momento, aprender a lidar melhor com as tenses da vida.
A sociedade atual caracterizada pela sua volatilidade. Tudo muda, rpida e
profundamente, nos dias atuais, e, como consequncia, o mundo est cada vez mais
estressante. Assaltos, mudanas de valores, tecnologia avanada, crescente desestruturao
familiar, alteraes nos hbitos sexuais, casamentos de duas casas, oportunidades de boas
carreiras, excesso de competio e muitos outros fatores externos e internos contribuem para
que se viva com altos nveis de stress. Em momentos de crise ou de mudanas, sobrevivem
melhor os mais bem preparados para lidar com o que novo. As estratgias de enfrentamento
podem ser aprendidas naturalmente ou por meio de um processo teraputico.
Compreendendo o Stres Emocional
Ainda hoje, o organismo do ser humano reage ao stress de um trodo fisiolgico igual a
de seus antepassados, do ponto de vista fisiolgico. O stress uma reao que objetiva
preservar a vida. Assim, o homem da antiguidade ficava com o corao acelerado na hora de
enfrentar as feras porque precisava fazer circular mais sangue nas pernas e nos braos, a fim de
que estes ficassem mais fortes e ele pudesse lutar ou fugir. Encolhia os ombros, escondendo a
jugular, com medo de que o animal pulasse em seu pescoo e o matasse.
Atualmente, nossos estressores, de modo geral, no requerem mais esta reao de luta
ou fuga identificada por Canon (1929). Nossa luta verbal e mais sutil. Deste modo, na maioria
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das vezes, a reao ao stress que ainda temos no mais til nem necessria. Ela nos prepara
para uma ao que j no to exigida e at condenada, como nos casos em que um ataque
de fria no trnsito ocorre em funo de uma reao ao stress. Este preparo fisiolgico para agir
contra o estressor de modo fsico altamente negativo para o homem do sculo XXI, pois,
devido sofisticao atual, torna-se necessrio enfrentar nossos oponentes com habilidades
sociais. A nfase na competncia social, na assertividade, e no mais na fora fsica, portanto
importante aprender a reduzir a excitabilidade orgnica originada do stress e desenvolver
tcnicas ou estratgias mais atuais e socialmente aceitas para lidar com os embates da vida.
Embora haja um componente geneticamente determinado na reao automtica ao
stress, a cultura de cada momento da sociedade define, sem dvida, quais estratgias de
enfrentamento devem ser utilizadas pelo indivduo em cada poca. de se prever que, neste
exato momento, a evoluo do ser humano, que ocorre com uma lentido impressionante,
esteja modificando a reao antiga que os nossos antepassados tinham ao stress. Algumas
pessoas j esto lidando com ele de modo menos fsico. Outras j esto sabendo controlar as
reaes ao stress e no ficam por longos perodos naquele estado de luta ou fuga. Que
estratgias de enfrentamento surgiro ou sero mais adequadas para os anos vindouros
depender dos tipos de estressores presentes na sociedade globalizada. A melhor estratgia de
enfrentamento aquela apropriada ao estressor do momento, aquela que fornece uma soluo
para o desafio enfrentado sem causar grandes danos para o organismo, sejam eles fsicos,
emocionais ou sociais. Quando se tenta utilizar um enfrentamento inadequado demanda
presente, o stress se manifesta.
fcil entender quem vai sobreviver s mudanas to dramticas que esto ocorrendo.
Sero justamente aqueles de ns que esto se adaptando e mudando seu modo de reagir aos
agentes estressores. isto que torna fundamental o aprendizado de novas estratgias de
enfrentamento que nos ajudem a lidar com o stress do mundo moderno (Lipp, 2005). O ideal
seria que estas estratgias mais adequadas atualidade fossem aprendidas na infncia, com
pais e professores. Muitas vezes, - porm, estes tambm. no foram treinados no manejo do
stress e, logicamente, no conseguem ensinar s crianas aquilo que no aprenderam. Esta
lacuna, tanto em adultos como em crianas, pode ser eliminada com o aprendizado por meio de
livros, de artigos, ou de um processo teraputico centrado nesta problemtica. Se o stress for
bem compreendido e controlado, pode, at certo ponto, ser positivo, pois preparar o
organismo para lidar com situaes difceis da vida. Porm, se no for controlado e estiver
constantemente na pessoa, poder contribuir para o desenvolvimento de presso alta, enfarte,
artrite, asma e doenas de pele, na rea fsica, e de ansiedade, depresso e pnico, na rea
psicolgica.
Os primeiros passos para tal aprendizado consistem em compreender o que constitui o
stress, conseguir identificar seus sintomas fsicos e mentais, entender suas fontes e, acima de
tudo, utilizar os meios de preveno e de reduo do stress em seu organismo como um todo,
tanto no mbito fsico como no emocional. necessrio procurar saber sempre mais sobre o
stress porque a responsabilidade pela prpria vida clt natureza indelegvel, portanto, no se
deve encarregar os outros do dever de procurar o prprio bem-estar.
DEFININDO O STRESS
Stress uma reao que envolve componentes fsicos, psicolgicos, mentais e
hormonais. Ela ocorre diante de qualquer desafio, po-
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sitivo ou negativo, real ou imaginrio, que exija uma grande adaptao e que produza desgaste
no organismo. Tal desgaste causado pelas alteraes psicofisiolgicas que ocorrem quando a
pessoa se v forada a enfrentar uma situao que, de um modo ou de outro, a irrite, a
amedronte, a excite ou a confunda, ou mesmo que a faa imensamente feliz. Qualquer situao
que desperte uma emoo forte, boa ou m, que exija mudana, pode ser uma fonte de stress.
Stress tambm pode ser definido como um estado de tenso mental e fsica que produz
um desequilbrio no funcionamento global do ser humano e enfraquece seu sistema
imunolgico, deixando-o sujeito a infeces e doenas. O stress resulta de uma interao entre
a pessoa e o mundo em que ela vive. O modo como ela percebe e interpreta o seu ambiente ,
muitas vezes, o fator preponderante para determinar que reao ela ter. Independentemente
do que causou o stress, as reaes das pessoas (mos suadas, dor de cabea, taquicardia,
respirao ofegante, etc.) so muito semelhantes no incio do processo de stress. Mais tarde,
quando o stress j est em fase mais adiantada, que diferenas ocorrem, dependendo dos
pontos mais vulnerveis da pessoa. Devido ao perfeitamente integrada do stress sobre todo
o organismo humano, seus sintomas podem ter uma caracterizao somtica ou psicolgica.
MECANISMO DE AO DO STRESS
Quando algo ocorre na vida de uma pessoa, causando mudanas, o corpo faz um esforo
para se adaptar nova situao. As mudanas fisiolgicas associadas s reaes ao stress so
processadas pelas vrias partes do sistema lmbico. Quando um estressor excita o hipotlamo,
uma cadeia de reaes bioqumicas altera o funcionamento de quase todas as partes do corpo.
O sistema nervoso autnomo mobiliza o corpo para lidar com o stress e a glndulas suprarrenais
produzem adrenalina e corti-co- ides. Se a produo destas substncias for excessiva ou muito
prolongada, problemas srios de desgaste orgnico podem ocorrer.
O stress muito severo acarreta um aumento do crtex das glndulas suprarrenais. Estas,
por sua vez, comeam a produzir corticosteroides em excesso, especialmente cortisona, um dos
hormnios responsveis pela reao de stress. A fim de produzir os corticosteroides, as
glndulas utilizam uma quantidade grande de lipdios (gordura) e, portanto, depauperam-se. Os
lipdios so essenciais para a sntese dos hormnios corticosteroides. Assim, quanto maior for o
nvel de stress, maior ficar o crtex das glndulas suprarrenais e maior ser a depauperao
das mesmas.
RESILINCIA E VULNERABILIDADE
interessante notar que algumas pessoas so mais e outras so menos propensas a
desenvolver stress, dependendo de sua resilincia aos desafios da vida. Reivich e Shatt (2002)
definiram resilincia como a habilidade de perseverar e de adaptar-se quando as coisas no
esto bem. O conceito de resilincia antagnico ao de vulnerabilidade. Porm, estes no so
conceitos excludentes, e sim parte de um mesmo contnuo; em um extremo ficam os indivduos
altamente sensveis, os hipervulnerveis aos eventos vitais, e no outro ficam as pessoas
altamente resilientes (Anthony & Cohler, 1987).
Vulnerabilidade envolve a noo de que as pessoas so diferentes e, assim, reagem de
modo distinto a eventos aparentemente semelhantes. O que leva as pessoas a responder de
forma to dspar uma constante rea de pesquisa (Freire, Lopes, Veras, Valena, et al., 2007).
Uma hiptese que tal diversidade seja oriunda no apenas da constituio biolgica e do
ambiente social, mas tambm do mecanismo de percepo do mundo ao seu redor (Beck, Rush,
Shaw, & Emery, 1997). O conjunto de tendncias inatas, interagindo com as experincias de
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vida, gera urna matriz de vulnerabilidades e de resistncias em propores extremamente
individuais e especficas. A interao destes fatores na vida ck. diferentes pessoas, em contextos
diversos, com as peculiaridades prprias de cada indivduo, resulta em mltiplas caractersticas
e habilidades de enfrentamento s adversidades (Lipp, Malagris, Oliveira & Prieto, 2009).
SINTOMAS DO STRESS
Alguns sintomas do stress so identificados facilmente, como mos suadas, respirao
rpida, taquicardia, acidez do estmago, tenso musculares e dor de cabea. Outros so to
sutis que a pessoa s vezes nem a percebe. Entre os sintomas mais difceis de identificar est o
desinteresse por quaisquer atividades no diretamente relacionadas causa do stress. O
relacionamento entre a pessoa estressada e as outras torna-se complicado, e ela comea a
sentir-se distante dos outros emocionalmente. Outro sintoma a sensao de estar doente, sem
que realmente haja qualquer distrbio fsico aparente. Ansiedade, depresso e raiva podem
estar diretamente relacionadas ao stress excessivo. Recentemente, descobriu-se que a
percepo de risco tambm fica alterada durante perodos de stress, provavelmente porque a
pessoa se concentra muito no estressor que lhe mais importante e no se fixa no que se passa
ao seu redor (Lipp et al., 2013). O Anexo A (Lipp, Mala-gris & Novais, 2011) apresenta uma lista
dos sintomas mais comuns na pessoa estressada que pode servir de ajuda para a identificao
da presena de stress.
O AGRAVAMENTO DO STRESS
O processo de stress divide-se em quatro fases: alerta, resistncia, quase exausto e
exausto. Cada etapa possui caractersticas prprias e sintomas tpicos:
Alerta: nesta fase, a pessoa produz muita adrenalina e fica em estado de prontido para
lidar com a situao que precisa enfrentar. Embora tenha taquicardia, tenso muscular e
insnia, ela se sente forte e capaz. a fase positiva do stress. Se a fase de alerta for mantida por
perodos muito prolongados ou se novos estressores se acumularem, o organismo entrar em
ao para impedir o desgaste total de energia, partindo para a fase de resistncia. Nesta etapa,
resiste-se aos estressores e tenta-se restabelecer o equilbrio interior que foi quebrado na fase
de alerta. A produtividade cai dramaticamente. Caracteriza-se pela produo de cortisol. A
vulnerabilidade da pessoa a vrus e bactrias se acentua.
Resistncia: ocorre quando a pessoa tenta se adaptar situao, isto , tenta
restabelecer um equilbrio interno. medida que este equilbrio atingido, alguns dos sintomas
iniciais desaparecem. Esta adaptao, porm, utiliza a energia que o organismo necessita para
outras funes vitais.
Quase exausto: quando a tenso excede o limite do gerencivel, a resistncia fsica
e emocional comea a ceder. Ainda h momentos em que a pessoa consegue pensar de modo
claro e objetivo, tomar decises, rir de piadas e trabalhar, porm, tudo isto feito com esforo
e estes perodos de funcionamento normal se intercalam com momentos de total desconforto.
H muita ansiedade nesta fase. A pessoa experimenta uma gangorra emocional. O cortisol
produzido em maior quantidade e comea a ter o efeito negativo de destruir as defesas
imunolgicas. Doenas comeam a surgir.
Exausto: a fase mais negativa do stress, a patolgica. o momento em que um
desequilbrio interior muito grande ocorre. A pessoa entra em depresso, no consegue se
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concentrar ou trabalhar. Suas decises muitas vezes so impensadas. Doenas graves podem
surgir, como lceras, presso alta, psorase, vitiligo. A depresso muito comum nesta fase.
Sintomas do stress de acordo com as fases e a gravidade
Os Quadros 1.1 a 1.4 apresentam alguns sintomas que as pessoas tm relatado quando
se encontram em cada fase do stress. O diagnstico deve ser feito por um psiclogo
especializado, mas os quadros a seguir fornecem uma noo geral do agravamento do stress
(I,ipp, Ma-lagris & Novais, 2011).
Quadro 1.1 Dificuldades relatadas por pessoas que se encontram na fase de alerta do
stress
Sono: Dificuldade para dormir muito acentuada devido adrenalina. Sexo: Libido alta,
muita energia. O sexo ajuda a relaxar. Trabalho: Grande produtividade e criatividade, pode varar
a noite sem dificuldade. Corpo: Tenso, msculos retesados. No incio da fase ocorrem
taquicardia (corao disparado), sudorese, falta de fome e de sono, mandbula tensa, respirao
mais ofegante do que o normal. O organismo reage em uma perfeita unio entre mente e corpo,
a tenso do corpo encontra correspondncia na mente. Humor: Eufrico. Pode ter grande
irritabilidade devido tenso fsica e mental experimentada.
Quadro 1.2 Dificuldades relatadas por pessoas que se encontram na fase de resistncia
do stress
Sono: Normalizado. Sexo: Libido comea a baixar, pouca energia. O sexo no causa
interesse. Trabalho: Produtividade e criatividade voltam ao normal, mas s vezes no consegue
ter novas ideias. Corpo: Cansado, mesmo tendo dormido bem. O esforo de resistir ao stress se
manifesta em certa sensao de cansao. A memria comea a falhar. Mesmo no estando
ainda com nenhuma doena, o organismo sente-se "doente". Humor: Cansado, s se preocupa
com a fonte de seu stress. Repete o mesmo assunto, torna-se tedioso.
Quadro 1.3 Dificuldades relatadas por pessoas que se encontram na. Fase de quase
exausto do stress
Sono: Insone, acorda muito cedo e no consegue voltar a dormir.
Sexo: Libido quase desaparece. A energia para o sexo est sendo usada na luta contra o
stress e a pessoa perde o interesse. Trabalho: Produtividade e criatividade caem drasticamente.
Consegue somente dar conta da rotina, mas no cria nem tem ideias originais. Corpo: Cansado.
Uma sensao de desgaste aparece. A memria muito afetada e a pessoa esquece fatos
corriqueiros, at seu prprio telefone. Doenas comeam a surgir. As mulheres podem
apresentar dificuldades na rea ginecolgica. Todo o organismo sente-se mal. Ansiedade passa
a ser sentida quase todo dia. Humor: A vida comea a perder o brilho, no acha graa nas coisas,
no quer socializar, no sente vontade de aceitar convites ou de convidar. Considera tudo muito
sem graa e as pessoas parecem tediosas.
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Quadro 1.4 Dificuldades relatadas por pessoas que se encontram na fase de exausto
do stress
Sono: Dorme pouco, acorda ceadssimo, no se sente revigorado pelo sono. Sexo: Libido
desaparece quase completamente. Trabalho: No consegue mais trabalhar normalmente, no
produz, no consegue se concentrar nem decidir. O trabalho perde o interesse. Corpo:
Desgastado e cansado. Doenas graves podem ocorrer, como depresso, lceras, presso alta,
diabetes, enfarte, psorase, etc. No h mais como resistir ao stress, a batalha foi perdida. A
pessoa necessita de ajuda mdica e psicolgica para se recuperar. Em casos mais graves pode
culminar na morte. Humor: No socializa, foge dos amigos, no vai a festas, perde o senso de
humor, fica aptico. Muita pessoa tem vontade de morrer.
O QUE PODE CAUSAR STRESS
Eventos que geram tenso mental ou psicolgica so chamados de estressores. Embora
existam alguns estressores universais, que afetam a todos, independentemente de cultura ou
de gentica, como morte, frio, calor excessivo, fome, sede e dor, h outros que impactam
pessoas de modo diferente, conforme foi discutido anteriormente. Muitas vezes um mesmo
evento causa reaes distintas dependendo da pessoa, devido vulnerabilidade e
interpretao que cada um d ao ocorrido.
Estressores externos
Alguns estressores so facilmente reconhecidos. Podem ser constitudos de relaes mal
resolvidas, perdas (sentimentais, de emprego, de dinheiro, de prestgio, etc.), dificuldades
financeiras, excesso de trabalho, expectativas da sociedade, preconceitos, tratamento desigual,
responsabilidades em demasia ou aposentadoria. Podem ser provenientes tambm de eventos
positivos que exijam uma grande adaptao, como nascimento de filho, casamento, promoo
e, at, ser sorteado na loteria. A gravidade do stress eliciado depender da interao de diversos
atributos, tais como a intensidade do estressor, as estratgias de enfrentamento....
Disponveis, o nvel de vulnerabilidade pessoal, a resilincia e o momento. interessante notar
que o momento no qual o estressor ocorre tem grande influncia em como a pessoa reagir.
Uma pessoa pode lidar muito bem com uma perda em certa ocasio e no em outra, em funo
das conjunturas que esteja vivenciando. Deste modo, sugere-se que a resistncia ao stress no
ser sempre igual. Mesmo as pessoas mais fortes podem vir a ter episdios de stress por
estarem fragilizadas pelas circunstncias que enfrentam na vida em determinado momento. Os
estressores externos criam tenso emocionais devido necessidade de se ter que lidar com eles,
mas existem outros estressores que merecem ateno, que so de origem interna.
Estressores internos
Muitas vezes, no h causa aparente para a tenso mental ou fsica que um ser humano
sente. Porm, h fatores individuais que podem gerar tanta, ou mais, tenso do que os
estressores externos. Tais fatores so chamados de fontes internas. Alguns exemplos so:
negativismo ou pessimismo, ideias preconcebidas, perfeccionismo, pressa, conflito sobre
papis, cimes, obsessividade e, acima de tudo, o modo estressante de se ver o mundo.
H pessoas que parecem possuir um radar que identifica aspectos negativos de tudo ,o
que ocorre. Estas pessoas criam stress com o pensamento. Nem sempre os perigos ou ameaas
-
so reais. s vezes elas imaginam ou interpretam uma situao como sendo perigosa ou
ameaadora quando, na verdade, ela no . Quando o perigo real e imediato, o organismo
volta ao seu estado normal de relaxamento e os sintomas regridem assim que o perigo deixa de
existir. Porm, nas situaes em que o pensamento o estressor, a fonte de stress se torna mais
grave, pois ela est constantemente ativa, dentro da pessoa. Nestes casos, o organismo fica em
estado de stress permanentemente, diminuindo a resistncia a doenas e prejudicando a
qualidade de vida. O stress que vem de dentro pode ser pior do que o gerado pelos estressores.
externos, pois acompanha a pessoa a cada minuto do dia e em tudo o que ela faz.
Atualmente, um dos estressores mais frequentes a chamada doena da pressa, uma
sensao crnica de estar sempre apressado, de no poder perder tempo em nada que no seja
relacionado ao trabalho. O Anexo B contm algumas perguntas que permitem a identificao da
presena da doena da pressa.
COMO RECONHECER O STRESS E DIFERENCI-LO DE OUTRAS DOENAS
Como primeiro passo para evitar as consequncias negativas do stress, importante
aprender a reconhecer seus sintomas. O-Anexo A oferece uma lista de possveis sintomas. Um
nico no deve ser considerado como indicativo, mas vrios deles podem ser uma indicao da
presena do stress. O diagnstico preciso s deve ser feito por um especialista.
Em geral, a pessoa que procura um mdico especialista deixa de mencionar os sintomas
que julga pertencerem a outra especialidade. Por exemplo, quantas pessoas se lembrariam de
dizer ao cardiologista que esto com urticria ou diarreia? O especialista de determinada rea,
por sua vez, frequentemente no faz uma avaliao de sintomas de reas mdicas
aparentemente independentes da sua. Neste contexto, quantos sabem, por exemplo, que o
excesso de cries, as aftas frequentes e os problemas de gengiva podem estar relacionados ao
stress? Na verdade, muito comum que o stress no seja diagnosticado e que o mal se agrave
com o passar o tempo e a falta de tratamento adequado.
A combinao de tratamento mdico e psicolgico torna-se essencial nos casos de
comprometimento grave. Como vrios dos sintomas do stress podem ser tambm sintomas de
outros problemas, principalmente de doenas cardacas, aconselhvel que um check-up
mdico seja feito a fim de detectar se h problemas fsicos envolvidos. claro que, em muitas
situaes, o comprometimento fsico j consequncia de um stress excessivo e prolongado.
Ainda assim, em casos de taquicardia, suor abundante, dor no peito e hipertenso arterial, que
podem ser sinais tanto de stress como de um princpio de infarto, fundamental que se procure
primeiramente um pronto-socorro, e, depois, se avalie se stress ou no....
COMO PREVENIR O STRESS
A percepo do mundo, de seus aspectos negativos e positivos, produto da
aprendizagem. Se esta percepo gera stress, possvel desaprender os maus hbitos e
aprender novos valores, novos modos de pensar e de encarar a vida que sejam mais positivos e
que, portanto, no permitam que o stress torne-se excessivo. Sendo assim, uma maneira de
evitar o stress pela chamada "reavaliao de estressores", ou "reestruturao cognitiva", como
conhecida na terapia cognitivo-comporta-mental. Ela consiste em ver o outro lado de cada
situao, procurando interpretar o mundo de modo mais realista, menos estressgeno.
Quanto ao stress oriundo de fontes externas, o melhor modo de a pessoa se proteger
planejando sua vida de forma que as mudanas, festividades, frias, etc., sejam bastante
-
espaadas entre si. Tambm importante controlar a afobao e reservar um tempo para o
lazer e a descontrao, lembrando-se de que a vida , essencialmente, uma tarefa inacabada e
que o tempo fixo, no adiantando tentar estic-lo como um elstico ele no estica e nem
pode ser emprestado. Deve-se organizar a vida em termos de prioridades e lembrar que o
"vencedor da corrida de camundongos continua a ser simplesmente um camundongo". Por mais
que uma pessoa se afobe, ela no ser mais do que um ser humano como qualquer outro. Desta
forma, o mais importante para evitar o stress excessivo conhecer os prprios limites e respeit-
los. Alm disso, ter uma vida saudvel e cultivar bons hbitos de vida protege o organismo, assim
como produz uma sensao de bem-estar.
COMO LIDAR COM O STRESS
Normalmente, uma pessoa capaz de sobreviver a aborrecimentos emocionais -e at
de ganhar confiana e autoestima quando consegue conduzir estas experincias comuns de
vida de maneira eficiente. Mas importante, para a sade mental e fsica de um indivduo, saber
lidar construtivamente com a ansiedade e a tenso quando elas ocorrem, especialmente se os
episdios forem frequentes e severos. A seguir, so listadas algumas medidas prticas que
podem ajudar.
1. Conversar sobre os problemas com algum de confiana. Isto geralmente ajuda a
aliviar a tenso e a esclarecer o que poderia estar causando o stress.
2. Em situaes problemticas, parar um pouco de pensar no problema para readquirir
o controle. Dar um passeio, contar at dez, assistir a um filme e fazer uma viagem curta podem
ser eficazes, mas deve-se estar preparado para voltar e lidar com a questo.
3. Se perceber que usa a raiva como uma maneira frequente de responder s situaes
desagradveis, tentar conter o impulso, descarregando-a por meio de alguma atividade fsica,
como coopera, jardinagem, limpeza, tnis ou caminhada. Extravasar a energia retida d tempo
para se preparar melhor para resolver o problema.
4. Caso esteja frequentemente entrando em discusses e sentindo--se obstinado,
procurar admitir a possibilidade de estar errado. Se isto no for de todo possvel, tentar ouvir,
com calma, o que as outras pessoas tm a dizer. Normalmente, quando se tenta chegar a um
acordo, os outros tambm fazem um esforo neste sentido. O resultado ser um alvio de
tenso, uma soluo prtica que melhorar a forma como voc sente-se em relao a si mesmo
por ter lidado com a situao com maturidade.
5. Fazer algo pelos outros. Se estiver percebendo que a ateno est principalmente
focada em seus problemas, tentar desviai-la para outra pessoa ou coisa, fazendo caridade,
ouvindo os problemas de um colega de trabalho (talvez ele retribua um dia) ou ajudando
algum.
6. Fazer uma coisa de cada vez. Quando se experimenta muita tenso, at as tarefas
simples parecem insuportveis. medida que se supera cada tarefa, nota-se que as coisas no
esto to terrveis assim.
7. Evitar a imagem do super-heri. Vrias pessoas esperam muito de si mesmas e se
preocupam constantemente por pensar que no esto alcanando tanto quanto deveriam.
Apesar de a perfeio parecer o ideal, quem tenta obt-la est se convidando a falhar, uma vez
que impossvel conviver com esta expectativa irracional.
-
8. Controlar o criticismo. Em virtude das prprias necessidades e imperfeies,
geralmente espera-se muito dos outros, o que leva a frustraes. Lembrar-se de que cada
pessoa tem seus direitos de se desenvolver individualmente costuma ajudar. Procurando os
pontos positivos dos outros e ajudando-os a desenvolver essas qualidades, pode-se ganhar
tambm uma melhor apreciao de si mesmo.
9. Marcar uma rotina de recreao. Vrias pessoas levam a vida muito a srio, na qual
no permitem que haja tempo para exerccios regulares ou para passatempos absorventes e
agradveis.
10. Caso sinta-se deixado de lado das atividades de amigos, fazer um esforo assertivo
e tentar participar. Muitas vezes as pessoas imaginam-se rejeitadas e negligenciadas porque
tm, elas prprias, se autor rejeitado devido autocrtica.
11. Melhorar seu dilogo interior. Na maioria das vezes, a ansiedade eliminada
quando substitumos o medo do fracasso pela esperana do sucesso.
CONSIDERAES FINAIS
impossvel eliminar o stress de nossas vidas: ele existe em todas as pessoas. Podemos,
porm, evitar que o stress se torne excessivo por meio de algumas medidas, as quais incluem
uma mudana na nossa atitude perante os eventos corriqueiros e inesperados da vida, um
regime alimentar antistress e exerccios fsicos e de relaxamento.
A compreenso de o que o stress, de seus sintomas e de suas fases pode levar o ser
humano a utilizar a seu favor a fora gerada pelo stress que seja inevitvel. A falta de
conhecimento sobre o assunto e de tratamento adequado pode, por outro lado, conduzir a
resultados desastrosos, como vrias doenas orgnicas. Ignorar o perigo de um stress excessivo
e prolongado pode ser muito prejudicial. O ideal no fugir at porque isto seria impossvel
, e sim aprender a enfrent-lo de modo adequado.
ANEXO A* Voc tem sintomas de stress?
(Este questionrio no objetiva diagnosticar. Deve-se procurar um especialista caso se
deseje um diagnstico na rea.) Assinale se voc tem tido os sinais de stress abaixo e indique a
frequncia. Quantas vezes na ltima semana voc sentiu: 1. Que a tenso muscular na nuca o
incomodava e que o pescoo estava rgido? Sim: Quantas vezes:
2. Tanta irritao que teve o impulso de ser indelicado ou rude com as outras pessoas
por pouca provocao? Sim: Quantas vezes:
3. Lapsos de memria em relao a pequenas coisas? Sim: Quantas vezes:
4. Sensao de incompetncia ou de que no conseguiria lidar com as exigncias do
presente? Sim: Quantas vezes:
5. Cansao de manh como se o corpo estivesse pedindo "cama"? Sim: Quantas vezes:
6. Que estava repetindo coisas que j dissera ou pensando repetidamente no mesmo
assunto, sem desligar? Sim: Quantas vezes:
-
7. Sensao de ansiedade, um receio vago, uma inquietude interior? Sim: Quantas vezes:
8. Que estava trabalhando em um nvel de competncia abaixo do seu normal? Sim:
Quantas vezes:
9. Que mesmo se alimentando de modo adequado, o estmago ardia com acidez? Sim:
Quantas vezes:
11. Que nada mais valia a pena? Sim: Quantas vezes:
12. Distrbio do sono, ou dormindo demais ou de menos? Sim: Quantas vezes:
Some o nmero de itens nos quais a frequncia 4 ou mais. Se no assinalou nenhum
Parabns, seu corpo est em pleno funcionamento.
Se marcou frequncia de 4 ou mais em no mximo 3 itens A vida pode estar um pouco
estressante para voc. Avalie o que est ocorrendo. Veja o que est exigindo demais de sua
resistncia. Pode ser o mundo l fora, pode ser voc mesmo. Fortalea o seu organismo. Utilize
tcnicas de relaxamento como preveno dos possveis efeitos negativos do stress, a fim de
reduzir a tenso mental e fsica que est sentindo.
Se marcou frequncia de 4 ou mais em 4 a 8 itens Seu nvel de stress se assemelha ao
das pessoas diagnosticadas com stress alto. Talvez voc esteja exigindo demais do seu
organismo e chegando ao seu limite. Considere uma mudana de estilo de vida e de hbitos.
Analise o quanto seu prprio modo de ser pode estar contribuindo para a tenso que est
sentindo e utilize tcnicas de relaxamento para reduzi-a. Aumente o consumo de frutas e de
verduras e procure fazer exerccio fsico trs vezes por semana durante 30 minutos.
Se marcou frequncia de 4 ou mais em mais de 8 itens Seu nvel de stress se assemelha
ao das pessoas diagnosticadas com stress altssimo. Cuidado! Seria bom procurar a ajuda de um
psiclogo especializado. Sem dvida, voc tem fontes de stress representadas pelo mundo ao
seu redor (pode ser famlia, ocupao, sociedade, etc.) e fontes internas (seu modo de pensar,
de sentir, de ser) com as quais precisa aprender a lidar. Aumente o consumo de frutas e verduras
e procure fazer exerccio fsico trs vezes por semana durante 30 minutos. Alm de procurar um
psiclogo, que o ajudar a lidar com os eventos estressores de sua vida, necessrio dar ateno
s manifestaes fsicas que esteja sentindo e buscar um mdico especialista na rea
prejudicada. Se voc acredita estar estressado, alm de tomar os cuidados mencionados acima,
tente no se preocupar com as pequenas coisas. Tudo so pequenas coisas... s vezes, no o
acontecimento em si que causa stress, mas o modo como ns o interpretamos. As ideias
negativas promovem emoes, desagradveis e acabam favorecendo um desequilbrio interior.
A experincia clnica mostra que as pessoas podem escolher as emoes que vo sentir por meio
do controle do pensamento. O otimista pensa que seus sonhos se realizaro, o pessimista pensa
que os pesadelos que iro se concretizar. Pensar de modo otimista e positivo faz tudo parecer
mais leve.
ANEXO B* Voc tem sinais da doena da pressa? (Este questionrio no se presta a
diagnosticar. Deve-se procurar um especialista caso se deseje um diagnstico na rea.)
Responda sinceramente s perguntas a seguir e verifique se voc faz parte do grupo das pessoas
"apressadas".
-
1. Durante uma conversa coletiva, voc costuma confirmar, por meio de expresses
como "sim", "evidentemente", " claro", enquanto outras pessoas esto falando? ( ) Sim ( ) No
2. Quando no est fazendo nada, voc tem uma vaga sensao de desconforto ou
remorso? ( ) Sim ( ) No
3. Voc tem o costume de fazer duas ou mais coisas ao mesmo tempo? ( ) Sim ( )
4. Na maioria das vezes, voc muito rpido no pensamento e nas aes? ( ) Sim ( ) No
5. Quando se depara com pessoas que incluem muitos detalhes ao contar uma histria,
voc fica irritado? ( ) Sim ( ) No
6. Voc normalmente pensa em vrios assuntos ao mesmo tempo? ( 1 Sim ( ) No
4 ou mais respostas afirmativas Voc tem sinais da doena, ou sndrome, da pressa.
Procure fazer pausas na sua rotina pesada e lance mo de alternativas para relaxar. Lembre-se
de que melhor chegar atrasado nesta vida do que cedo demais na outra.
3 respostas afirmativas Voc no portador da sndrome da pressa, mas apresenta certa
tendncia a adquiri-la.
2 respostas afirmativas Voc est no grupo ideal, o das pessoas que vivem as coisas de
acordo com o tempo natural, sem apress-las.
INTRODUO
Estamos na era das doenas relativas ao estilo de vida. Atualmente, as doenas crnicas
no transmissveis (DCNT; doenas cardiovasculares, como enfarte e acidente vascular cerebral,
diabetes, cncer e doenas pulmonares crnicas) constituem a principal causa de mortes que,
em sua maior parte, seriam evitveis por meio de estilos de vida mais saudveis. No entanto,
estudos epidemiolgicos no mundo todo mostram que as pessoas esto, cada vez mais,
assumindo hbitos e estilos de vida no saudveis.
No Brasil, o Ministrio da Sade realiza anualmente uma grande pesquisa, denominada
Vigilncia de Fatores de Risco e Proteo para Doenas Crnicas por Inqurito Telefnico
(Vigitel), que abrange todas as capitais dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal e visa a
avaliar a prevalncia de importantes fatores de risco para doenas crnicas no transmissveis.
A concluso da pesquisa tem sido que grande parte dos brasileiros no pratica atividade fsica,
come muita gordura e poucas frutos e vegetais, fuma muito e faz uso abusivo do lcool. O que
mais preocupa a constatao, ao longo dos anos, de que apesar de todas as campanhas
realizadas para-a melhoria desses fatores do estilo de vida,. no so vistas mudanas
significativas nos hbitos dos brasileiros.
Do ponto de vista global, a Organizao Mundial da Sade (OMS) tem considerado o
stress excessivo um problema de sade pblica. Nos