reintegração de Posse aniversário Pavor em flamenguinho · editora Gráfica atitude ltda. –...

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Jornal Regional de Barueri www.redebrasilatual.com.br BARUERI nº 1 Março de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Descaso com Parque Imperial é criticado pela população Pág. 7 BAIRRO ABANDONO TOTAL Barueri faz 63 anos. E, olhando bem, ninguém lhe dá a idade que tem Pág. 2 ANIVERSáRIO A FESTA É NOSSA PINHEIRINHO Governo do Estado usa força bruta para desalojar famílias em São José dos Campos Pág. 5 UM VERDADEIRO CHOQUE DE HORROR Regularização de imóveis de até 150 m 2 vai até o dia 14 de junho Pág. 3 HABITAçãO LEI DA ANISTIA Povo do bairro teme que tropa de choque reviva massacre do Pinheirinho REINTEGRAçãO DE POSSE PAVOR EM FLAMENGUINHO

Transcript of reintegração de Posse aniversário Pavor em flamenguinho · editora Gráfica atitude ltda. –...

Jornal Regional de Barueri

www.redebrasilatual.com.br Barueri

nº 1 Março de 2012

DistribuiçãoGratuita

Descaso com Parque Imperial é criticado pela população

Pág. 7

bairro

abandono total

Barueri faz 63 anos. E, olhando bem, ninguém lhe dá a idade que tem

Pág. 2

aniversário

a festa é nossa

Pinheirinho

Governo do Estado usa força bruta para desalojar famílias em São José dos Campos

Pág. 5

um verdadeiro choque de horror

Regularização de imóveis de até 150 m2

vai até o dia 14 de junhoPág. 3

habitação

lei da anistia

Povo do bairro teme que tropa de choque reviva massacre do Pinheirinho

reintegração de Posse

Pavor em flamenguinho

2 Barueri

expediente Rede brasil atual – baruerieditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros Redação Enio Lourenço Revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008 apoio AMABARE – Amigos de Apoio a Barueri e Região – tiragem: 10 mil exemplares distribuição Gratuita

editorial

Há três episódios recentes da política estadual paulista que ilustram bem a serviço de que interesses pulsa o governo do Es-tado e para que serve a Polícia Militar: primeiro foi a invasão da Universidade de São Paulo e a consequente prisão de dezenas de estudantes, num melancólico episódio de força desmedida. De-pois, veio a malfadada ação contra os dependentes de droga da Cracolândia, em que os doentes foram tratados como criminosos pelo Estado. E, mais recentemente, o choque de horror produzido pela tropa da PM para desalojar mais de 6.000 pessoas do bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba – vale lembrar que a ação foi urdida de maneira furtiva e rápida, pois as partes negociavam com o governo federal quando uma reintegração de posse foi dada pelo juiz Rodrigo Capez, irmão do deputado federal Fernando Capez, do PSDB, a pedido da massa falida da empresa Selecta, do doleiro Naji Nahas.

Insatisfeitos com essas investidas estapafúrdias, o governo e a Justiça se aliam novamente para retirar do bairro do Fla-menguinho, em Osasco, na divisa com Barueri, 600 famílias que ali moram há mais de 40 anos. Levada a efeito, a decisão será lamentável. Da mesma forma como se lamentam as inves-tidas estaduais – em conluio com a CCR Via Oeste, empresa que monopoliza o pedágio – contra o acesso livre à rodovia Castelo Branco, na passagem do Jardim Mutinga.

Por fim, no mês do aniversário de Barueri, a Prefeitura nos brinda com uma boa notícia, a da prorrogação da Lei de Anis-tia, pela qual os cidadãos podem regularizar seus imóveis até junho. Pena é que, no geral, a sensação seja de que a cidade está abandonada. Basta olhar com atenção o que se passa, por exemplo, no Jardim Imperial. Uma tristeza.

É isso. Boa leitura!

aniversário

Parabéns: barueri faz 63 anos

a origem do nome

Cidade é um polo de desenvolvimento econômico

Barueri faz aniversário em 26 de março. O município, de 66 km² e 230 mil habitantes, é polo industrial e de serviços da região metropolitana, a 26,5 km de São Paulo. Em meados do século 16, o padre João de Al-meida chegou aqui com alguns índios de Cananeia e fundou o aldeamento de Maruery. A al-deia foi governada pela Com-panhia de Jesus até 1640, mas disputas entre jesuítas e fazen-deiros, como Antônio Raposo Tavares, sobre as terras provo-caram a fuga dos religiosos. Só em 1733, os padres carmelitas receberam ordem de adminis-

Barueri é uma mistura da palavra francesa barrière, que significa barreira, queda, obstáculo, com o vocábulo indígena Maruery, que quer dizer rio encachoeirado, sig-

nificando barreira que enca-choeira o rio – a área ficava na bifurcação do rio Anhembi, como era chamado o rio Tietê. A denominação Flor Vermelha que Encanta, que muitos acre-

ditam ser o significado de Barueri, é um slogan da cidade e se deve à existência de muitas flores vermelhas, os hibiscos, às margens do rio Barueri Mirim.

trar a aldeia, ficando ela sob a jurisdição de Santana de Parnaí-ba até o século 20.

O desenvolvimento econô-mico de Barueri começou com a construção da estação ferro-viária, em 1875, da Estrada de Ferro Sorocabana, tornando-se um importante entreposto de cargas. O crescimento le-vou a um movimento emanci-pacionista popular. Em 1948, o governador Adhemar de Barros elevou Barueri a muni-cípio. Em 1949, foi instalado o primeiro governo municipal e a Câmara de Vereadores.

Nos anos 1960, a constru-

ção da Rodovia Castelo Branco possibilitou a ocupação e gera-ção de empregos na região oeste da metrópole. Na onda desen-volvimentista, em 1973, a Câ-mara Municipal aprovou a Lei de Zoneamento Industrial, que favoreceu a criação de pólos empresariais como Alphaville e Tamboré e trouxe empresas de serviços e indústrias importan-tes de metalurgia, farmacêutica, bens de consumo e um terminal da Petrobras.

Com essa história arrojada de progresso, Barueri faz 63 anos. O futuro lhe pertence! Parabéns, Barueri!

Os Alckmistasestão chegando

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a cidade, fundada no século 16, ganhou autonomia em 1949

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habitação

regularização de imóveis vai até dia 14 de junhoProrrogada por mais seis meses a Lei de Anistia de construções clandestinas ou irregulares Por Dr. Robson Prado

O cidadão pode regularizar seu imóvel na Prefeitura, in-clusive os que possuem mais de uma edificação no mes-mo lote. A regularização traz tranquilidade aos moradores, valoriza o imóvel e facilita a venda ou aquisição.

A grande dificuldade para comprar um imóvel é que as pessoas não têm o dinheiro todo para adquiri-lo e se valem de um financiamento bancário ou de um consórcio. Para isso, é preciso que os documentos do imóvel estejam em ordem: que ele esteja matriculado no cartório, com planta aprovada na Prefeitura – Habite-se ou Alvará de Anistia – e a cons-trução esteja averbada no car-tório. A falta de documenta-ção também é problema para quem precisa vender um imó-vel – a pessoa não consegue vender via financiamento ban-cário, somente à vista, o que aumenta o tempo para venda e desvaloriza o imóvel.

Para construir o imóvel de forma regular é preciso

que um engenheiro ou arqui-teto projete e construa a obra, segundo as leis da Prefeitu-ra. Contudo, por causa do custo, as pessoas constroem suas casas por conta própria ou contratam profissionais da construção. O resultado disso reside nas condições da cons-trução e na falta de documen-

to que aprove o imóvel após concluído. Outro entrave para a construção regular são os altos custos com impostos: o Imposto Sobre Serviços (ISS) e o recolhimento previdenciá-rio ao INSS.

A vantagem da anistia é que a construção clandestina ou ir-regular estará regularizada na

Prefeitura. Porém, ela deve ter condições mínimas de habita-bilidade, higiene, salubridade, segurança de uso e estabili-dade. Deve, por exemplo, ser de alvenaria, não ficar junto a rios, córregos, fundos de vale, galerias, canalizações, linhas de energia de alta tensão, fer-rovias, rodovias e estradas. As

edificações inacabadas podem ser regularizadas se estiverem cobertas, caracterizando situa-ção consolidada. Com a anis-tia, há a dispensa do pagamen-to de taxas para residências de até 150 m². Existem também dispositivos que possibilitam ao proprietário minimizar os custos e prazos, por meio do Procedimento Simplificado.

Com o alvará de anistia em mãos, o interessado deve ir ao INSS para obter a Cer-tidão Negativa de Débito e pode alegar o “instituto da decadência”, no caso de o imóvel ter sido construído há mais de 10 anos, isentar-se do recolhimento previdenciário e solicitar ao cartório de registro a averbação da construção na matrícula do imóvel.

Para mais informações, procure a Seurb/Engenharia, no Ganha Tempo Municipal (Setor Azul), telefone 4199- -1334, ou a sede da Secreta-ria, na Rua Tarumã, nº 51, Be-thaville I (Centro), telefones: 4199-1350/1355.

Política

vereadores e secretário de furlan estão ameaçadosProcuradoria Regional Eleitoral pede cassação de políticos que mudaram de partido neste ano

Todos se enquadram na lei de infidelidade partidária, caso a saída tenha ocorrido sem justa causa. São eles: Sér-gio Baganha e José de Melo, que trocaram o DEM pelo PPL; Marcos de Castro Shuler e Orozimbo Donizete Lustosa, o Zetti Bombeirinho, que saí-

ram do PSB para o PSC; Nilton Humberto Melão, que foi do PR para o PHS, e o presidente da Câmara Municipal, Josué Perei-ra da Silva, que saiu do PTB e se filiou ao PV. Os vereadores foram notificados pela Procura-doria na sessão da Câmara de 7 de fevereiro e devem prestar es-

vista aérea de barueri: muitas construções podem ser beneficiadas pela lei de anistia

clarecimentos sobre a mudan-ça de partido. O desembarga-dor irá avaliar as justificativas e dar o parecer sobre a cassa-ção do mandato. O secretário de Indústria Comércio e Tra-balho, Luiz Carlos de Souza, também entrou na lista por ter mudado do PSB para o PSC.

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Prefeito rubens furlan

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reintegração de Posse

População do flamenguinho teme ser o novo PinheirinhoOsasco sofre processo de despejo semelhante ao ocorrido em São José dos Campos Por Enio Lourenço

Dia 3 de março de 2012, sábado, 15 horas. A reporta-gem do Brasil Atual chega à comunidade do Flamenguinho, bairro que fica em Osasco, na fronteira com Barueri, e onde moram 600 famílias pobres, a maioria em barracos com portas abertas para enfrentar o calor. Pelas ruas de terra ba-tida, as crianças se divertem: elas corrrem, pedalam, jogam bolinhas de gude, se abraçam às bonecas sem braços. A vi-zinhança conversa. Os homens preferem jogar bilhar num bar, enquanto outros descansam sem camisa nos barracos. Entre

os jovens, há quem se prepare para a balada. Nada transpa-rece anormalidade depois de uma semana de trabalho.

Entretanto, os moradores do Flamenguinho mantêm-se alerta, porque uma decisão ju-dicial, que independe da von-tade deles, pede a reintegração de posse do terreno onde vi-vem. E, pelo que eles ouviram falar muito recentemente, um povo igual a eles foi despejado com força bruta no bairro do Pinheirinho, em São José do Campos. E eles estão descon-fiados de que a mesma sorte infeliz se repita.

Desde o dia 2 de feverei-ro, a Justiça Estadual expediu sentença favorável à empresa Terra Nova Engenharia, dona do terreno do Flamenguinho, do empresário da constru-ção civil que todos chamam pelo prenome Miguel. Dizem – uns aos outros – que a tro-pa vai chegar e mandar ver. Por isso, há tensão nas 3.000 pessoas que habitam a área. Quando a reportagem fala-va em reintegração de posse, o pacato Flamenguinho se perdia nas falas ansiosas, se aflorava nos relatos. O medo anda acima de tudo.as ruas da comunidade: o medo por trás da calma aparente

menguinho, 40 anos moradia, um problema básicoA comunidade Flamen-

guinho existe há mais de 40 anos e é composta por três áreas: a área dos Baianos, de propriedade municipal, e outras duas áreas privadas, objetos da reintegração de posse, onde vive a maior parte da população. Segun-do a prefeitura de Osasco, em 2004, existia lá um em-preendimento do CDHU, que era uma parceria entre

o proprietário e o governo do Estado. Foi construído um conjunto habitacional de vários prédios e liberou-se uma segunda área para novo empreendimento, que nunca foi feito. Mas na área permaneceram 12 famílias que não aceitaram se trans-ferir para o CDHU. Em 2011, no terreno onde esta-vam instaladas as 12 famí-lias, hoje estão 600.

A defensora pública Bruna Nunes, que pediu o adiamento do despejo, diz que a ausên-cia do Estado é em parte ver-dadeira. “Algumas famílias foram cadastradas nos progra-mas habitacionais, mas como a população cresce o controle vai se perdendo.” Contudo, ela não isenta a Prefeitura do compromisso com os cida-dãos do Flamenguinho. “O conflito é entre a Terra Nova

e moradores do Flamenguinho, mas as pessoas têm o direito à moradia e o Estado não pode abandoná-las. A Prefeitura deve

oferecer assistência a todos com os programas habitacio-nais ou mesmo com uma bol-sa-aluguel para realocá-los.”

a luta para impedir o despejoo cartão de visitaOs moradores lutam pela

moradia, organizam-se e fa-zem reuniões para impedir o despejo e conseguir ajuda da Prefeitura. O coordenador do Projeto Sapos – ONG que luta por moradia –, Carlos Rober-to de Almeida, afirma que “a ideia é tornar público o que ocorre no Flamenguinho, com

manifestações, levando ônibus com moradores à Prefeitura e à Câmara dos Vereadores”.

Para a pastora da igreja evangélica Deise de Souza, de 40 anos, que mora lá há pouco tempo, a Prefeitura anda es-quecida do povo. “Não exis-te plano para nós, ninguém vem aqui, a gente não está

cadastrada nos projetos habi-tacionais, não há nada. Dizem apenas que aqui é um terreno particular, mas nós não somos leigos de tudo. A gente sabe que o governo federal tem o programa Minha Casa Minha Vida e que ele pode ajudar. Nós só queremos morar com dignidade.”

Lixo, entulho, sucata, ferro velho e três caçambas que não comportam os resíduos da região. Fátima Olivei-ra diz que “às vezes, a Prefeitura de Osasco aparece e pega o lixo das ca-çambas. Os bueiros, entupidos, repre-sam água, onde as crianças brincam,

nas poças. Há risco de leptospirose”. O secretário de Obras, Waldir Ribeiro Filho, põe a culpa no povo, que desrespeita a coleta. “Nem um playground para inibir o descarte de lixo eles respeitam.”

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5Barueri

Pinheirinho

a desastrosa ação da polícia. e outros desastres

a Justiça dos ricos devolveu a terra a um criminoso

Tropa de Choque desaloja seis mil moradores do Pinheirinho, em São José dos CamposMadrugada de 22 de janeiro,

domingo. A maioria dos habi-tantes de São Paulo dorme. À socapa, com contingente cin-co vezes maior do que o usado para a ocupação da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, dois mil soldados da Polícia Militar paulista iniciam uma operação de guerra, das maiores em tem-pos recentes. De repente, a tropa aparece com cavalos, cachor-ros, escudos, cassetetes, carros blindados, revólveres, pistolas com balas de borracha, sprays de pimenta, bombas de gás la-crimogêneo, tratores. E invade as casas. Os inimigos não são chefões do tráfico de drogas nem banqueiros flagrados em esquemas de lavagem de dinhei-ro. São 1.500 famílias – seis mil pessoas – do Pinheirinho, bair-ro de São José dos Campos, no Vale do Paraíba. Elas não têm nem como pegar seus documen-tos, mas tentam resistir. Montam barricadas, atiram pedras e paus, queimam carros.

A história acaba com muita fumaça, gritos, choro e feridos.

Alvo de um imbróglio judicial, a área foi ocupada pelas famí-lias há sete anos. O terreno de 1 milhão de m² pertence à em-presa falida Selecta, do doleiro Naji Nahas (veja abaixo). Há pouco tempo, Edson Cury, pre-feito de São José dos Campos, do PSDB, solicitou à Justiça Estadual a reintegração de pos-se da área, a pretexto de cobrar uma dívida de R$ 15 milhões da Selecta em IPTU (Imposto Pre-dial e Territorial Urbano).

No início de janeiro, a PM já tentara desocupar o terreno,

mas a resistência dos morado-res abortou a operação. No dia 20, a Justiça Federal suspendeu a reintegração de posse. Um acordo firmado entre a Selecta e os advogados dos moradores, na presença de deputados de diferentes partidos, garantia a suspensão por 15 dias. Porém, alegando “conflito de interes-ses”, o desembargador Rodrigo Capez (irmão do deputado fede-ral Fernando Capez, do PSDB), que respondia pela presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo, ignorou a decisão fede-

O Pinheirinho era de um casal de alemães assassinado misteriosamente em 1969. A terra, sem herdeiros – portan-to do Estado –, caiu nas mãos de Naji Nahas, um libanês que chegou aqui nos anos 1960, trazendo muitos dólares na ba-gagem. Em 1980, Nahas já era bem mais rico do que quando chegou: era dono de haras e in-vestia na Bolsa de Valores do

Rio de Janeiro. Mas, em 1989, ele se sujou na quebra da bolsa carioca. Acusado de manipular o preço de ações para vendê-las por mais, Nahas acabou preso sob regime domiciliar. Conde-nado a 24 anos de prisão por cri-me de colarinho branco, contra a economia popular e formação de quadrilha, ele foi inocentado em 2004, mas voltou aos jor-nais com a operação Satiagraha,

acusado de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais.

Hoje, o Pinheirinho perten-ce à massa falida da empresa Selecta, de Naji Nahas, e vale R$ 180 milhões. Antes aban-donada, a área foi ocupada pe-las famílias agora despejadas. Nela havia ruas pavimentadas, energia elétrica, água, coleta de lixo, comércio e igrejas. Se o local fosse considerado

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), como o mo-vimento queria, o bairro se-ria de moradias populares, o que diminuiria seu valor de mercado. Mas a especu-lação está de olho na área, que está próxima a um setor industrial de alta tecnologia e faz fronteira com condo-mínios de luxo de Jacareí, cidade vizinha.

ral e fez prevalecer a decisão da juíza Márcia Mathey Loureiro, da 6ª Vara Cível de São José dos Campos, que determinava a reintegração de posse da área. Confiantes na validade da limi-nar da Justiça Federal e no acor-do firmado com a Selecta, os moradores não se organizaram para resistir.

A imprensa internacional – o britânico The Guardian, por exemplo – divulgou mortes na operação. A informação não foi confirmada oficialmente. Nin-guém sabe o saldo de feridos. O

secretário nacional de Articula-ção Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, foi baleado na perna. “Pelas costas, recebi tiros de bala de borracha, que me atin-giram a perna” – disse. Jornalis-tas e deputados foram impedidos de entrar no Pinheirinho depois da ação. O governo tentou jogar a culpa nos moradores pela vio-lência – um dia depois da desas-trosa ação, a Secretaria de Segu-rança Pública divulgou que uma verdadeira fortuna em cocaína (338 quilos) fora encontrada na área desocupada.

A truculência da polícia pau-lista do governador tucano Ge-raldo Alckmin recebeu críticas da opinião pública internacio-nal. No dia 27, a relatora espe-cial da Organização das Nações Unidas (ONU) Raquel Rolnik cobrou explicações das autori-dades brasileiras sobre o caso. Ela disse que a operação foi marcada por “gravíssimas vio-lações dos direitos humanos” e que o país caminha para trás em questões de cidadania.

a polícia e sua violência costumeira: pôs fogo nas casas e rendeu o povo armado de paus

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6 Barueri

Política

d i r e t a s Por Sandra Barbosa

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Semáforo no Engenho Novo causa transtornoNo final da Avenida Capitão Francisco César, num cruza-mento com fluxo nos quatro lados, foram instalados quatro semáforos que abrem ao mesmo tempo nos lados opostos. Resultado: para virar à direita ou à esquerda, o motorista

depende da boa vontade de seu colega, que viaja em sentido oposto, de parar e dar passagem. Impacientes, os pedestres atravessam independentemente do farol. Podem ocorrer mortes.

Saúde: a demora nas consultas e examesA população reclama da marcação de consultas e exames. Os médicos dizem que os pacientes faltam muito às consul-tas e que esse pode ser um dos motivos para a longa espera. Sugestão: por que não se cria uma central de telemarketing

para os agendamentos? Bastaria um telefonema ao paciente, com dois dias de antecedência à consulta, para confirmá-la – muitos esquecem a data devido ao tempo de espera, ou resolvem o problema de outra forma, até com a perigosa automedicação. Paralelamente a isso, haveria uma fila de espera que se movi-mentaria a cada paciente que não confirmasse sua agenda.

Cadê a Prefeitura?No Engenho Novo há problemas demais. Na esquina das Ruas Marechal Hermes da Fonseca e Capitão Francisco César, o entulho não é recolhido há meses. As calçadas es-tão quebradas e os pedestres têm de andar na rua, entre os

carros. Uma cratera no asfalto empoça a água e contribui para a proliferação da dengue. Num desses buracos, cabe meia perna de um transeunte de estatura mediana. Nenhuma providência é tomada pela Prefeitura.

Ponto de ônibusA manutenção e a higiene nos pontos de ônibus do Parque Imperial estão horríveis. O mato invadiu o lugar do cidadão que se utiliza do transporte público.

Eleições 2012O PT pode disputar a Prefeitura da cidade com nome pró-prio. Dia 18 de março, no encontro municipal de filiados, será batido o martelo pela coligação ou nome próprio. Entre os pré-candidatos, os nomes mais cotados são de Ronaldo

Araújo e Baltasar Rosa, presidente e ex-presidente do partido, ambos com dé-cadas de militância, e do professor e vereador Agnério Néri. Porém, a estratégia do partido é aumentar a participação no Legislativo – hoje o PT tem apenas uma cadeira. Com mais de 200 mil eleitores, este ano será a primeira vez que a eleição em Barueri poderá ter segundo turno. Para se eleger um vereador serão precisos 8.000 votos. A Câmara passará de 14 para 21 vereadores. A eleição a vereador é a mais difícil, pois se costuma votar no amigo e não em um projeto. O eleitor precisa repensar esse conceito para fazer as mudanças na política.

E a nossa faculdade gratuita?Recebi um e-mail de Kleber de Oliveira, morador da Al-deia de Barueri, estupefato com sua descoberta em relação à pseudofaculdade gratuita de Barueri, aliás uma concessão da PUC chamada bolsa-Barueri. A tal bolsa se destina a um

estudante para cada nove pagantes de mensalidade integral – a mensalidade mínima na PUC é de R$ 1.200,00, o que a torna uma das mais caras do Brasil. O pior é que para concorrer à bolsa, o interessado aprovado no vestibular deve pagar as mensalidades e não pode ficar inadimplente até que saia o edital, o que geralmente ocorre no fim do ano. Até lá, ninguém sabe se será contemplado. Cabe a pergunta: que faculdade gratuita é essa e para quem?

Pedágio

associação quer garantia de acesso livre à casteloGrupo AMABARE – Amigos de Apoio a Barueri e Região – lidera reivindicação da cidade

No final de outubro, os usu-ários do acesso livre à Castelo Branco – que fica em frente à Petrobrás, no Jardim Mutinga – foram surpreendidos com a informação de que ele seria fechado pela CCR Via Oeste. O acesso existe desde meados da década de 70. O povo se mobilizou. Houve assembleia, duas manifestações populares – ambas em novembro – e 13

mil assinaturas em um abaixo- -assinado, que culminaram na instauração de Inquérito Civil Público pelo Ministério Públi-co de Barueri. Vários verea-dores, deputados e secretários estavam presentes.

Na véspera da segunda manifestação, em 11 de no-vembro, os moradores presen-ciaram a derrubada da guarita e da cancela que impediriam

o acesso, pelos mesmos fun-cionários que a construíram. As comunidades locais estão alertas. Para elas, o acesso só não foi fechado porque não interessa ao governo munici-pal, uma vez que este ano há eleição. Mas não há documen-to oficial que garanta que o acesso não será fechado, nem o empenho de alguma autori-dade política para que se tenha

em mãos um documento, ape-sar de muitas conversas.

Depois dessa manifestação, houve uma reunião de avalia-ção e foi criado o grupo AMA-BARE – Amigos de Apoio a Barueri e Região –, composto de moradores, empresários, li-deranças e usuários do acesso, no intuito de lutar pelos inte-resses coletivos da região.

No primeiro semestre de

2012, o grupo AMABARE vai realizar uma assembleia e convidar autoridades polí-ticas da região, inclusive os pré-candidatos ao governo municipal, para tratar dos as-suntos de interesse coletivo – o convite será estendido ao prefeito Rubens Furlan, ao vice-prefeito Ziccardi, a ve- readores e a deputados estadu-ais e federais.

7Barueri

bairro

conselho tutelar

o descaso com 20 mil pessoas do Parque imperial

truculência e fraude na eleição para proteger crianças

População tem de se deslocar de ônibus para pagar uma simples conta bancária

Barueri assistiu a uma das maiores falcatruas de que se tem notícia no Brasil Por Denilson Campos

A entrada para o Parque Imperial está abandonada. Quem chega ao bairro, depara-se, à direita, com um depósito de carros abandonados e lixo acumulado. No local havia uma pista de skate, uma qua-dra e um pequeno playground, que serviam à diversão de jovens e crianças. Porém, a Prefeitura demoliu a área sem dar qualquer explicação à co-munidade. Esse espaço aban-donado fica ao lado da Escola Municipal Rita de Jesus, na divisa com o Morro do Socó. Agora, a Prefeitura constrói um “parquinho” na subida da Avenida Chico Mendes, na única entrada do bairro, à bei-ra do precipício, onde passa o Rodoanel.

O Parque Imperial é um bairro gigantesco: possui 20 mil moradores, nove linhas de ônibus, diversas escolas, igre-jas, ONGs, associações comu-nitárias, uma base da Polícia Militar, posto de saúde, biblio-teca e um grande comércio. Por ironia, não há nenhuma casa lo-térica. Para pagar suas contas, os moradores deslocam-se de ônibus ou de carro a Alphavil-le, implicando em mais gastos e perda de tempo nos congestio-namentos. Também é estressan-te entrar ou sair do bairro pela única via de acesso – não há ou-tro acesso ao Parque Imperial. A situação se agrava quando é preciso socorrer alguém nos hospitais e prontos-socorros, em Osasco ou Barueri.

Em 24 de julho de 2011, Barueri conviveu com uma farsa na eleição de cinco con-selheiros tutelares. O povo não escolheu com liberdade as pessoas que defenderiam o direito das crianças e ado-lescentes da cidade. Ao con-trário. Viu-se manipulação e truculência. A chapa com cinco candidatos preferidos do prefeito Furlan estava escolhida – Furlan e seus secretários faziam até boca-de--urna com sua “chapinha” na mão. A farsa estava mon-tada na Escola Municipal Professora Elvira Lefevre,

no Centro. Primeiro houve um apagão de energia elétrica na escola. Depois, atrasaram em mais de duas horas a entrada do povo, que fora em massa votar. Não havia fila para ido-sos, cadeirantes, gestantes ou mães com criança de colo. Por isso, muitos desistiam de votar, depois de quatro horas de fila. As urnas eletrônicas eram par-ticulares – “a Justiça Eleitoral se negou a enviar as oficiais” – diziam. O promotor fingia não ver nada. A Guarda Municipal intimidava os outros 54 candi-datos e reprimia os vereadores que queriam fiscalizar a elei-

ção. O resultado estava progra-mado: a vitória dos cinco can-didatos da chapa do prefeito.

Depois, os abusos conti-nuaram. O prefeito cantou vi-tória em outdoors espalhados pela cidade. Houve então uma reunião com 24 ex-candidatos e companheiros, dentre eles o presidente do PT em Barueri, Ronaldo Araújo, e Baltasar Rosa, advogado, que se ofe-receu para defender a causa. Foi aberto processo judicial, com apresentação de 125 do-cumentos de prova, para de-monstrar ao Juiz da Infância e Juventude de Barueri que a

eleição dos conselheiros foi fraudada. Após longa espera, veio a primeira vitória. O juiz mandou citar o réu da ação e o prefeito está sendo processado pelo abuso – o processo núme-ro 721/2011 é público e está na

Vara da Infância e Juventude de Barueri. Mas a luta con-tinua. É preciso punir todos os responsáveis pela fraude. Estão em jogo a democracia e os direitos da infância em nossa cidade.

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8 Barueri

foto síntese – chafariz do centro

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Palavras cruzadasPalavras cruzadas

respostas

Palavras cruzadas

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Mensagens, críticas e sugestões: [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem ter nome, telefone e endereço do remetente. Para ler on-line todas as edições do jornal Brasil Atual, clique <www.redebrasilatual.com.br/jornais>.

vale o que vier

horizontal – 1. Indivíduo que dirige qualquer veículo; Casa 2. Estágio, fase; Ensinamento sobre determinada área de conhecimento, dado por professor a alunos ou a um auditório 3. Conjunto composto pelos seres vivos e seus cenários originais 4. Reunir-se para formar casal ou para procriação 5. Tecido leve em forma de tela muito fina; Ou, em inglês 6. O natural ou habitante de uma ilha; Canção, Cantiga 7. Que domina ou exerce poder 8. Sigla do Estado do Amazonas; Sufixo que transmite a ideia de natureza, origem, semelhança; Símb. do rádio 9. O período de tempo que vai do começo da manhã ao pôr-do-sol; Símbolo de Curie, unidade de medida de radioatividade; Cidade do interior de São Paulo 10. Matar (-se) em sacrifício a uma divindade ou causa.

vertical – 1. Punição imposta por lei 2. Pico do Estado de Minas Gerais 3. O mesmo que folha de flandres; Hospital de Messejana; Exprime dor, tristeza, desespero ou, às vezes, alegria, contentamento 4. Uma das entidades mais poderosas da Igreja Católica 5. Perversão sexual; Que não tem outro igual 6. Anel; Tonalidade da cor azul 7. Aquele que não tem sorte 8. O clarão da Lua; Sigla de Rondônia; Sigla do Paraná 9. Sigla de Alagoas; Em 297 a.C. restaurou o seu reino no Épiro 10. Ramificação; Associação dos Alcoólicos Anônimos.

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Palavras cruzadas

PILOTOLARETAPAAULAnATUREzAMACASALAROLOdORPILHEUARIAdOMInAdORAMInORAdIACIPOAEIMOLARA

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