Regras para elaborar anteprojecto

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Etapas para a elaboração de um Pré-Projeto A conclusão de um Curso de Comunicação Social com responsabilidade e seriedade. Antoniella Devanier O Pré-projeto é uma visão antecipada da pesquisa e representa um planejamento dos passos que serão efetuados até a conclusão do Projeto Experimental. O Pré-Projeto é um instrumento técnico que conduz a ações. Todo pré-projeto é modificado quando transformado em projeto, entretanto as linhas mestras geralmente permanecem até a conclusão do trabalho. Quanto mais elaborado um pré-projeto, mais chances de desenvolvimento de um trabalho eficaz, coerente que contribua efetivamente com a produção do conhecimento. As perguntas chaves que devem ser respondidas num pré-projeto são: “...o que será pesquisado? Por que a pesquisa é necessária? Como será pesquisado? Que recursos humanos, intelectuais, bibliográficos, técnicos, instrumentais e financeiros serão mobilizados? Em que período?” (SANTAELLA, 2001, p.152) 1. Título do projeto : Nome(s) do(s) integrante(s) Nome(s) do(s) possíveis orientadore(s) Neste tópico, tem-se o título do pré-projeto que deve ser sucinto e especificar de que se trata o recorte realizado sobre o tema escolhido. Os nomes de todos os autores do pré-projeto e possíveis orientadores em ordem de prioridade. Ao escolher o(s) orientador (es), os estudantes devem observar o currículo e a vida profissional do mesmo, esquecendo-se de afinidades ou antipatias pessoais. A adequação entre a experiência acadêmica e profissional do orientador e o tema do pré-projeto facilita o desenvolvimento do trabalho e promove resultados positivos nas pesquisas e práticas comunicacionais. Afinal, a pesquisa e a prática da Comunicação são abrangentes, com várias especializações que devem ser levadas em consideração na escolha dos possíveis orientadores. 2. Delimitação do tema e do problema: Para iniciar esta etapa, deve-se realizar, anteriormente, uma coleta de informações preliminares por intermédio da leitura de livros e textos e/ou visitas técnicas. Assim, torna-se 1

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Etapas para a elaboração de um Pré-Projeto A conclusão de um Curso de Comunicação Social com responsabilidade e seriedade.

Antoniella Devanier

O Pré-projeto é uma visão antecipada da pesquisa e representa um planejamento dos passos

que serão efetuados até a conclusão do Projeto Experimental. O Pré-Projeto é um instrumento

técnico que conduz a ações. Todo pré-projeto é modificado quando transformado em projeto,

entretanto as linhas mestras geralmente permanecem até a conclusão do trabalho. Quanto mais

elaborado um pré-projeto, mais chances de desenvolvimento de um trabalho eficaz, coerente que

contribua efetivamente com a produção do conhecimento. As perguntas chaves que devem ser

respondidas num pré-projeto são:

“...o que será pesquisado? Por que a pesquisa é necessária? Como será pesquisado? Que recursos humanos, intelectuais, bibliográficos, técnicos, instrumentais e financeiros serão mobilizados? Em que período?” (SANTAELLA, 2001, p.152)

1. Título do projeto :

Nome(s) do(s) integrante(s) Nome(s) do(s) possíveis orientadore(s)

Neste tópico, tem-se o título do pré-projeto que deve ser sucinto e especificar de que se trata

o recorte realizado sobre o tema escolhido. Os nomes de todos os autores do pré-projeto e

possíveis orientadores em ordem de prioridade. Ao escolher o(s) orientador (es), os estudantes

devem observar o currículo e a vida profissional do mesmo, esquecendo-se de afinidades ou

antipatias pessoais. A adequação entre a experiência acadêmica e profissional do orientador e o

tema do pré-projeto facilita o desenvolvimento do trabalho e promove resultados positivos nas

pesquisas e práticas comunicacionais. Afinal, a pesquisa e a prática da Comunicação são

abrangentes, com várias especializações que devem ser levadas em consideração na escolha dos

possíveis orientadores.

2. Delimitação do tema e do problema:

Para iniciar esta etapa, deve-se realizar, anteriormente, uma coleta de informações

preliminares por intermédio da leitura de livros e textos e/ou visitas técnicas. Assim, torna-se 1

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possível delinear um recorte específico que viabilize a concretização do projeto. A execução

desta etapa deve ser realizada com a consulta aos especialistas, possíveis orientadores do

trabalho. Nesta etapa, deve-se ouvir mais de um professor ou especialista para absorver todos os

pontos de vista, amadurecendo o texto que definirá qual o tema e problema que o Projeto

Experimental pretende desmembrar. Todas as leituras sobre o tema, desenvolvidas no decorrer

do curso, são importantes para a elaboração desta parte do pré-projeto. Este acúmulo representa

um quadro de referência pessoal que pode ser adquirido tanto pelas experiências práticas na área

do tema escolhido quanto pelas leituras essenciais sobre o tema. Assim, pode-se construir a

delimitação da questão proposta pela pesquisa.

O que seria um problema ou questão da pesquisa? Seria um enunciado, uma pergunta que

ainda apresenta sem solução ou respostas e o Projeto Experimental deverá encontrar estas

soluções e procurar responder todas as perguntas inerentes ao problema na conclusão do Projeto

Experimental. Esta dificuldade sem solução deverá ser enfrentada no desenvolvimento do

trabalho. A definição do problema da pesquisa é importante tanto em trabalhos monográficos

quanto em produtos da comunicação, pois os temas de uma campanha publicitária, de um vídeo

ou programa de rádio devem também definir qual o problema central que deve ser resolvido de

forma prática ou teórica.

2.1- Introdução:

Deve-se contextualizar o tema e o problema, definidos no pré-projeto, já apresentando o tema

de uma maneira que contextualize essas questões tanto com características do objeto de estudo

escolhido quanto com fatores históricos, culturais e sociais que englobem este objeto de estudo.

Vale ressaltar neste espaço os motivos que explicitam a originalidade de sua pesquisa e apontem

as pesquisas prévias realizadas que comprovem ser o seu tema original.

2.2- Relevância do tema e justificativas:

Ao construir o texto que tente pontuar a relevância do tema, o(s) autor (es) do pré-projeto

devem indicar quais livros ou textos já trataram deste assunto, mas não resolveram o problema

que o Projeto Experimental proposto quer solucionar. Indicar também outros produtos criados

em torno do mesmo tema.

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Assim, as justificativas para a realização de determinado Projeto Experimental devem

acompanhar uma análise crítica de textos, livros e/ou produtos da comunicação que já

abordaram de alguma forma o tema, mostrando em que sentido o seu pré-projeto deverá ser

aceito pelo orientador e pelo programa de Comunicação Social. O texto deve ser elaborado

segundo um roteiro que Santaella afirma incluir:

“... importância do tema de um ponto de vista geral; sua importância para casos particulares em questão; possibilidades de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto; descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares etc..” (SANTAELLA, 2001, p.174)

3- Objetivos:

As metas de um pré-projeto devem ser bem definidas e correspondem à explicitação dos

objetivos do trabalho. Os objetivos podem ser gerais e específicos, sendo que os objetivos

específicos têm:

“... uma função intermediária e instrumental de modo a permitir que o objetivo geral seja atingido ou que ele seja aplicado a situações particulares (LAKATOS e MARCONI, 1992, p. 103)

Neste tópico, os verbos devem estar no infinitivo, sintetizando de forma clara os horizontes do

projeto, em sintonia com o cronograma de desenvolvimento apresentado no pré-projeto. Deve-se

pensar tanto a curto prazo, nos primeiros meses de elaboração do Projeto Experimental, quanto a

longo prazo, na etapa de conclusão do Projeto Experimental. Os objetivos do pré-projeto devem

ser pensados em função da realidade do tema e do próprio pesquisador, pois não adianta elaborar

objetivos excepcionais que não serão concretizados em tempo hábil para finalização do trabalho

exposto no cronograma.

4. Apresentação das Hipóteses:

A hipótese depende do problema da pesquisa exposto no tópico 2, delimitação do tema e do

problema. Refere-se a uma resposta antecipada, resumida, tendo uma forma afirmativa, sendo

uma aposta do pesquisador baseada nas leituras e experiências do mesmo sobre o problema e o

tema apresentados. A hipótese pode ser confirmada ou negada no decorrer do trabalho.

As hipóteses podem apontar a existência ou não de relações entre os fenômenos, descrever

características de certos fenômenos ou situações, afirmar a existência ou não de determinados

fenômenos. Segundo Santaella, o enunciado de cada hipótese não deve estar em contradição nem

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com a teoria, nem com o conhecimento científico mais amplo usado como referencial teórico.

Santaella afirma também:

“... toda e qualquer pesquisa deve contar com a formulação de hipóteses, caso contrário, estará lhe faltando um norte, pois função da hipótese é servir como bússola. Ela está no cerne das pesquisas experimentais, pois nestas, a observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor tal ou tal causa ou conseqüência, suposição esta que se constitui na hipótese que só pode ser demonstrada por meio do teste dos fatos, ou seja, da experimentação...” (SANTAELLA, 2001, p.179).

5. Explicitação do Quadro Teórico de Referência:

A comunicação é concebida evidentemente como uma área multi e transdisciplinar. Neste

universo, tem-se as pesquisas quantitativas e não quantitativas. Nas pesquisas quantitativas,

mais utilizadas na área de Publicidade e Propaganda, principalmente nos estudos de pesquisa de

opinião pública, os dados estatísticos devem ser tabelados e evidenciados, enquanto nas

pesquisas não quantitativas, a fundamentação teórica é a estrutura que oferece confiança à

pesquisa. As opções teóricas surgem das exigências internas de cada pesquisa e o levantamento

bibliográfico é conquistado ao se construir o problema de pesquisa.

Neste momento, todo o esforço intelectual evidencia-se, pois a construção de um sólido

quadro teórico de referência depende dos quatro anos de dedicação e trabalho extra-sala de aula.

O uso adequado das referências teóricas depende dos bons fichamentos realizados, das leituras e

reflexões que esclareceram conceitos e teorias. Deve-se explicitar os principais textos e teorias

contribuíram para a escolha do problema e elaboração das hipóteses:

“...o quadro de referência teórico consiste no corpo teórico no qual a pesquisa encontrará seus fundamentos. Ora, todo pensamento existe em uma corrente de pensamento. Pensamentos têm genealogia, situando-se, portanto, em um contexto teórico maior. Por isso, quando um corpo teórico é escolhido pelo pesquisador, este precisa ter em mente o contexto mais amplo em que esse corpo se insere...” (SANTAELLA, 2001, p. 184)

6. Indicação dos procedimentos metodológicos e técnicos:

A metodologia oferece suporte para o projeto de pesquisa. Não há projeto sem problema,

hipóteses e metodologia. O método depende do tipo de pesquisa que se decidiu realizar. Deve-se

explicitar se a pesquisa é empírica, com trabalho de campo ou laboratório, uma pesquisa teórica,

histórica. Neste item, cabe explicitar qual a abordagem da pesquisa, se evidencia o econômico,

político, cultural, social, histórico ou técnico. Têm-se, por exemplo, abordagens filosóficas,

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estético-alegóricas e interpretativas. Dentro das abordagens filosóficas, pode-se observar os

seguintes domínios: hermenêutica, fenomenologia, semiótica, estruturalismo, marxismo, teoria

social. Dentro das abordagens estético-alegóricas, tem-se o foco nas linguagens e características

estéticas que podem envolver diversas concepções desde psicológicas que priorizam a percepção

visual até as concepções de intencionalidade ou finalidade das produções que envolvem a

Estética de Peirce, por exemplo. Nas abordagens interpretativas e críticas, deve-se observar os

domínios do conhecimento em comunicação que contam com a semiologia, a pragmática, a

midiologia, a cibernética e a psicanálise. Deve-se considerar também os estudos antropológicos

dentro do universo das abordagens interpretativas e críticas.

Lógico que, em estudos de comunicação, as interfaces são necessárias, podendo-se utilizar,

por exemplo, tanto da semiótica quanto da psicanálise. Torna-se necessário esclarecer, nos

aspectos metodológicos que tipo de coleta de dados será realizada, quais documentos serão

consultados, se haverá entrevistas e a relação da metodologia com o quadro de referência

bibliográfica. Além disto, mostra-se necessário que se especifique quais recursos técnicos e

humanos serão usados no desenvolvimento do Projeto Experimental, pontuando, então se haverá

uso do laboratório de fotografia, informática, TV e Vídeo, dos monitores, do técnico de TV e

VÍDEO, quantidade de fitas, etc. Trata-se de uma previsão que auxilia no planejamento das

atividades.

7. A Equipe de Pesquisa:

Neste tópico, cabe nomear os integrantes da equipe e incluir uma pequena biografia de cada

um, além de descrever a função de cada membro no desenvolvimento do trabalho.

8. Cronograma de desenvolvimento:

Neste momento, deve-se construir uma tabela com datas que contemplem a realização de

pesquisa em campo, coleta de dados e referências bibliográficas, construção da Introdução, dos

capítulos e conclusão do trabalho. Além disto, deve contar com os períodos previstos para a

utilização dos laboratórios e recursos técnicos da instituição. Trata-se de uma previsão necessária

para o planejamento do Projeto Experimental. O estudante deve, assim, acompanhar o calendário

acadêmico da instituição.

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9.Bibliografia Específica:

REFERÊNCIA BÁSICA:

LOPES, Maria Immacolata Vassalo de. Pesquisa em Comunicação: formulação de um modelo metodológico. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2001.SANTAELLA, Lúcia. Comunicação e Pesquisa. Projetos para mestrado e doutorado. São Paulo:

Hacker editores, 2001.SANTAELLA, Lúcia. Estética de Platão a Peirce. São Paulo: Ed Experimento, 1994.SANTAELLA, Lucia. Teoria Geral dos Signos. São Paulo: Ática, 1995.SANTAELLA, Lúcia. Texto. In: Palavras da Crítica. Tendências e Conceitos no Estudo da Literatura. Rio de Janeiro: Imago Ed, 1992 (Coleção Pierre Mernard). BARROS, Aidil de Jesus Paes de; Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

REFERÊNCIA COMPLEMENTAR:

ARISTÓTELES. A Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.(Série Clássica, Volume 1).

BAHKTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.BARTHES, Roland. O Prazer do Texto. 3.ª edição. São Paulo: Ed Perspectiva, 1993.CHALLUB, Samira. A Metalinguagem. 2ª edição. São Paulo: Ed Ática, 1988.(Série Princípios, n.44). Livro, 1959.GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.MORIN, Edgar. A Cabeça Bem Feita: Repensar a Reforma- Reformar o Pensamento. Tradução: Eloá

Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.MORIN, Edgar. O Método 4. As idéias. Habitat, vida, costumes, organização. Tradução de Juremir

Machado da Silva. 2.ª edição. 1.ª reimpressão. Porto Alegre: Ed Sulina, 2001.NOTH, Winfried. Panorama da Semiótica. De Platão a Peirce. São Paulo, Annablume, 1995(Coleção

E,3).PAZ, Otavio. Os Filhos do Barro. Do Romantismo à Vanguarda. Tradução de Olga Savary. Rio de

Janeiro: Ed Nova Fronteira, 1984.PEIRCE, Charles. Divisão dos Signos. In: Semiótica. São Paulo: Ed Perspectiva, 1999.(pg 45-pg61)PEIRCE, Charles. Semiótica e Filosofia. Introdução, seleção e tradução de Octanny Silveira da Mota e

Leonidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix, EDUSP, 1975.TODOROV, Tzvetan. Dicionário Enciclopédico das Ciências da Linguagem. São Paulo: Ed.

Perspectiva, 1972.(pg319-320).SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22. ed. rev. São Paulo. Cortez, 2002.LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo, Atlas, 1991.

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