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  • 6/10/2014 Regra de So Bento (c. 530) | Histria Medieval - Prof. Dr. Ricardo da Costa

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    Regra de So Bento (c. 530)

    So Bento de Nrsia (480-547)Trad.: Dom Joo Evangelista Enout, OSB (http://www.osb.org.br/djoao.html)

    Consultado em Mosteiro de So Bento do Rio de Janeiro (http://www.osb.org.br/)

    Prlogo

    1. Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu corao; recebe de boa vontade eexecuta eficazmente o conselho de um bom pai 2. para que voltes, pelo labor da obedincia,quele de quem te afastaste pela desdia da desobedincia. 3. A ti, pois, se dirige agora a minhapalavra, quem quer que sejas que, renunciando s prprias vontades, empunhas as gloriosas epoderosssimas armas da obedincia para militar sob o Cristo Senhor, verdadeiro Rei. 4. Antes detudo, quando encetares algo de bom, pede-lhe com orao muito insistente que seja por eleplenamente realizado 5. a fim de que nunca venha a entristecer-se, por causa das nossas msaes, aquele que j se dignou contar-nos no nmero de seus filhos 6. assim, pois, devemosobedecer-lhe em todo tempo, usando de seus dons a ns concedidos para que no s no venhajamais, como pai irado, a deserdar seus filhos 7. nem tenha tambm, qual Senhor temvel, irritadocom nossas ms aes, de entregar-nos pena eterna como pssimos servos que o no quiseramseguir para a glria. 8. Levantemo-nos ento finalmente, pois a Escritura nos desperta dizendo:"J hora de nos levantarmos do sono". 9. E, com os olhos abertos para a luz defica, ouamos,ouvidos atentos, o que nos adverte a voz divina que clama todos os dias: 10. "Hoje, se ouvirdes asua voz, no permitais que se enduream vossos coraes" 11. e de novo: "Quem tem ouvidos paraouvir, oua o que o Esprito diz s igrejas". 12. E que diz? "Vinde, meus filhos, ouvi-me, eu vosensinarei o temor do Senhor. 13. Correi enquanto tiverdes a luz da vida, para que as trevas damorte no vos envolvam". 14. E procurando o Senhor o seu operrio na multido do povo, ao qualclama estas coisas, diz ainda: 15. "Qual o homem que quer a vida e deseja ver diasfelizes?" 16. Se, ouvindo, responderes: "Eu", dir-te- Deus:17. "Se queres possuir a verdadeira eperptua vida, guarda a tua lngua de dizer o mal e que teus lbios no profiram a falsidade,afasta-te do mal e faze o bem, procura a paz e segue-a". 18. E quando tiveres feito isso, estaromeus olhos sobre ti e meus ouvidos junto s tuas preces, e antes que me invoques dir-te-ei: "Eis-me aqui". 19. Que h de mais doce para ns, carssimos irmos, do que esta voz do Senhor aconvidar-nos? 20. Eis que pela sua piedade nos mostra o Senhor o caminho da vida. 21. Cingidos,pois, os rins com a f e a observncia das boas aes, guiados pelo Evangelho, trilhemos os seuscaminhos para que mereamos ver aquele que nos chamou para o seu reino. 22. Se queremoshabitar na tenda real do acampamento desse reino, preciso correr pelo caminho das boas obras,de outra forma nunca se h de chegar l. 23. Mas, com o profeta, interroguemos o Senhor,dizendo-lhe: "Senhor, quem habitar na vossa tenda e descansar na vossa montanhasanta?". 24. Depois dessa pergunta, irmos, ouamos o Senhor que responde e nos mostra ocaminho dessa mesma tenda, 25. dizendo: " aquele que caminha sem mancha e realiza ajustia; 26. aquele que fala a verdade no seu corao, que no traz o dolo em sua lngua, 27. queno faz o mal ao prximo e no d acolhida injria contra o seu prximo". 28. aquele quequando o maligno diabo tenta persuadi-lo de alguma coisa, repelindo-o das vistas do seu corao,a ele e suas sugestes, redu-lo a nada, agarra os seus pensamentos ainda ao nascer e quebra-os deencontro ao Cristo. 29.So aqueles que, temendo o Senhor, no se tornam orgulhosos por causade sua boa observncia, mas, julgando que mesmo as coisas boas que tm em si no as puderampor si, mas foram feitas pelo Senhor, 30. glorificam Aquele que neles opera, dizendo com oprofeta: "No a ns, Senhor, no a ns, mas ao vosso nome dai Glria". 31. Como, alis, o ApstoloPaulo no atribua a si prprio coisa alguma de sua pregao, quando dizia: "Pela graa de Deussou o que sou" 32. e ainda: "Quem se glorifica, que se glorifique no Senhor". 33. Eis porque noEvangelho diz o Senhor: "quele que ouve estas minhas palavras e as pe em prtica, compar-lo-ei ao homem sbio que edificou sua casa sobre a pedra, 34. cresceram os rios, sopraram os ventose investiram contra a casa; e ela no ruiu porque estava fundada sobre pedra". 35. Em concluso

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    espera o Senhor todos os dias que nos empenhemos em responder com atos s suas santasexortaes. 36. Por essa razo, os dias desta vida nos so prolongados como trguas para aemenda dos nossos vcios, 37. conforme diz o Apstolo: "Ento ignoras que a pacincia de Deus teconduz penitncia?". 38. Pois diz o bom Senhor: "No quero a morte do pecador, mas sim que seconverta e viva". 39. Como, pois, irmos, interrogssemos o Senhor a respeito de quem mora emsua tenda, ouvimos em resposta, qual a condio para l habitar: a ns compete cumprir com aobrigao do morador! 40. Portanto, preciso preparar nossos coraes e nossos corpos paramilitar na santa obedincia dos preceitos; 41. e em tudo aquilo que nossa natureza tiver menorespossibilidades, roguemos ao Senhor que ordene a sua graa que nos preste auxlio. 42. E, se,fugindo das penas do inferno, queremos chegar vida eterna, 43. enquanto tempo, e aindaestamos neste corpo e possvel realizar todas essas coisas no decorrer desta vida deluz, 44. cumpre correr e agir, agora, de forma que nos aproveite para sempre. 45. Devemos, pois,constituir uma escola de servio do Senhor. 46.Nesta instituio esperamos nada estabelecer despero ou de pesado. 47. Mas se aparecer alguma coisa um pouco mais rigorosa, ditada pormotivo de eqidade, para emenda dos vcios ou conservao da caridade 48. no fujas logo,tomado de pavor, do caminho da salvao, que nunca se abre seno por estreito incio. 49. Mas,com o progresso da vida monstica e da f, dilata-se o corao e com inenarrvel doura de amor percorrido o caminho dos mandamentos de Deus. 50. De modo que no nos separando jamaisdo seu magistrio e perseverando no mosteiro, sob a sua doutrina, at a morte, participemos, pelapacincia, dos sofrimentos do Cristo a fim de tambm merecermos ser co-herdeiros de seu reino.Amm.

    Comea o texto da Regra chamada Regra porque dirige os Costumes dos que a ela obedecem

    Captulo 1: Dos gneros de monges

    1. sabido que h quatro gneros de monges. 2. O primeiro o dos cenobitas, isto , omonasterial, dos que militam sob uma Regra e um Abade. 3. O segundo gnero o dosanacoretas, isto , dos eremitas, daqueles que, no por um fervor inicial da vida monstica, masatravs de provao diuturna no mosteiro, 4. instrudos ento na companhia de muitosaprenderam a lutar contra o demnio 5.e, bem adestrados nas fileiras fraternas, j esto segurospara a luta isolada do deserto, sem a consolao de outrem, e aptos para combater com asprprias mos e braos, ajudando-os Deus, contra os vcios da carne e dos pensamentos. 6. Oterceiro gnero de monges, e detestvel, o dos sarabatas, que, no tendo sido provados, como oouro na fornalha, por nenhuma regra, mestra pela experincia, mas amolecidos como numanatureza de chumbo, 7. conservam-se por suas obras fiis ao sculo, e so conhecidos por mentira Deus pela tonsura. 8. So aqueles que se encerram dois ou trs ou mesmo sozinhos, sem pastor,no nos apriscos do Senhor, mas nos seus prprios; a satisfao dos desejos para eles lei, 9. vistoque tudo quanto julgam dever fazer ou preferem, chamam de santo, e o que no desejam reputamilcito. 10. O quarto gnero de monges o chamado dos girvagos, que por toda a sua vida sehospedam nas diferentes provncias, por trs ou quatro dias nas celas de outrosmonges, 11. sempre vagando e nunca estveis, escravos das prprias vontades e das sedues dagula, e em tudo piores que os sarabatas. 12. Sobre o misrrimo modo de vida de todos esses melhor calar que dizer algo. 13. Deixando-os de parte, vamos dispor, com o auxilio do Senhor,sobre o poderosssimo gnero dos cenobitas.

    Captulo 2 - Como deve ser o Abade

    1. O Abade digno de presidir ao mosteiro deve lembrar-se sempre daquilo que chamado, ecorresponder pelas aes ao nome de superior. 2. Com efeito, cr-se que, no mosteiro ele faz asvezes do Cristo, pois chamado pelo mesmo cognome que Este, 3. no dizer do Apstolo:"Recebestes o esprito de adoo de filhos, no qual clamamos: ABBA, Pai. 4. " Por isso o Abadenada deve ensinar, determinar ou ordenar, que seja contrrio ao preceito do Senhor, 5. mas que asua ordem e ensinamento, como o fermento da divina justia se espalhe na mente dosdiscpulos; 6. lembre-se sempre o abade de que da sua doutrina e da obedincia dos discpulos, deambas essas coisas, ser feita apreciao no tremendo juzo de Deus. 7. E saiba o Abade que atribudo culpa do pastor tudo aquilo que o Pai de famlia puder encontrar de menos noprogresso das ovelhas. 8. Em compensao, de outra maneira ser, se a um rebanho irrequieto edesobediente tiver sido dispensada toda diligncia do pastor e oferecido todo o empenho na cura

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    de seu atos malsos; 9. absolvido ento o pastor no juzo do Senhor, diga ao mesmo com oProfeta: "No escondi vossa justia em meu corao, manifestei vossa verdade e a vossa salvao;eles, porm, com desdm desprezaram-me". 10. E ento, finalmente, que prevalea a prpriamorte como pena para as ovelhas que desobedeceram aos seus cuidados. 11. Portanto, quandoalgum recebe o nome de Abade, deve presidir a seus discpulos usando de uma dupladoutrina, 12. isto , apresente as coisas boas e santas, mais pelas aes do que pelas palavras, demodo que aos discpulos capazes de entend-las proponha os mandamentos do Senhor por meiode palavras, e aos duros de corao e aos mais simples mostre os preceitos divinos pelas prpriasaes. 13. Assim, tudo quanto ensinar aos discpulos como sendo nocivo, indique pela suamaneira de agir que no se deve praticar, a fim de que. pregando aos outros, no se torne eleprprio rprobo, 14. e Deus no lhe diga um dia como a um pecador: "Por que narras as minhasleis e anuncias o meu testamento pela tua boca? tu que odiaste a disciplina e atiraste para trs deti as minhas palavras", 15. e ainda: "Vias o argueiro no olho de teu irmo e no viste a trave no teuprprio". 16. Que no seja feita por ele distino de pessoas no mosteiro. 17. Que um no sejamais amado que outro, a no ser aquele que for reconhecido melhor nas boas aes ou naobedincia. 18.No anteponha o nascido livre ao originrio de condio servil, a no ser que existaoutra causa razovel para isso; 19. pois se parecer ao Abade que deve faz-lo por questo dejustia, f-lo- seja qual for a condio social; caso contrrio, mantenham todos seus prprioslugares, 20. porque, servo ou livre, somos todos um em Cristo e sob um s Senhor caminhamossubmissos na mesma milcia de servido: "Porque no h em Deus acepo depessoas". 21. Somente num ponto somos por ele distinguidos, isto , se formos melhores do que osoutros nas boas obras e humildes. 22. Seja pois igual a caridade dele para com todos; que uma sdisciplina seja proposta a todos, conforme os merecimentos de cada um. 23. Portanto, em suadoutrina deve sempre o Abade observar aquela frmula do Apstolo: "Repreende, exorta,admoesta", 24. isto , temperando as ocasies umas com as outras, os carinhos com os rigores,mostre a severidade de um mestre e o pio afeto de um pai, quer dizer: 25. aos indisciplinados einquietos deve repreender mais duramente, mas aos obedientes, mansos e pacientes, deve exortara que progridam ainda mais, e quanto aos negligentes e desdenhosos, advertimos que osrepreenda e castigue. 26. No dissimule as faltas dos culpados, mas logo que comearem a brotarampute-as pela raiz, como lhe for possvel, lembrando-se da desgraa de Heli, sacerdote deSilo. 27. Aos mais honestos e de nimo compreensvel, censure por palavras em primeira esegunda advertncia; 28. porm aos improbos, duros e soberbos ou desobedientes reprima comvaradas ou outro castigo corporal, desde o incio da falta, sabendo que est escrito: "O estulto nose corrige com palavras". 29. E mais: "Bate no teu filho com a vara e livrars a sua alma damorte". 30. Deve sempre lembrar-se o Abade daquilo que ; lembrar-se de como chamado, esaber que daquele a quem mais se confia mais se exige. 31. E saiba que coisa difcil e rduarecebeu: reger as almas e servir aos temperamentos de muitos; a este com carinho, quele, porm,com repreenses, a outro com persuases 32. segundo a maneira de ser ou a inteligncia de cadaum, de tal modo se conforme e se adapte a todos, que no somente no venha a sofrer perdas norebanho que lhe foi confiado, mas tambm se alegre com o aumento da boa grei. 33. Antes detudo, que no trate com mais solicitude das coisas transitrias, terrenas e caducas,negligenciando ou tendo em pouco a salvao das almas que lhe foram confiadas, 34. mas pensesempre que recebeu almas a dirigir, das quais dever tambm prestar contas. 35. E para que novenha, porventura, a alegar falta de recursos, lembrar-se- do que esta escrito: "Buscai primeiroreino de Deus e sua justia, e todas as coisas vos sero dadas por acrscimo"; 36. e ainda: "Nadafalta aos que O temem". 37. E saiba que quem recebeu almas a dirigir, deve preparar-se paraprestar contas. 38. Saiba como certo que de todo o nmero de irmos que tiver possudo sob seucuidado, no dia do juzo, dever prestar contas ao Senhor das almas de todos eles, e mais, semdvida tambm da sua prpria alma. 39. E assim, temendo sempre a futura apreciao do pastoracerca das ovelhas que lhe foram confiadas enquanto cuida das contas alheias, torna-se solcitopara com a suas prprias, 40. e enquanto com suas exortaes subministra a emenda aos outros,consegue ele prprio emendar-se de seu vcios.

    Captulo 3 - Da convocao dos irmos a conselho

    1. Todas as vezes que deverem ser feitas coisas importantes no mosteiro, convoque o Abade toda acomunidade e diga ele prprio de que se trata. 2. Ouvindo o conselho dos irmos, considereconsigo mesmo e faa o que julgar mais til. 3. Dissemos que todos fossem chamados a conselho

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    porque muitas vezes o Senhor revela ao mais moo o que melhor. 4. Dem pois os irmos o seuconselho com toda a submisso da humildade e no ousem defender arrogantemente o seuparecer, e 5. que a soluo dependa antes do arbtrio do Abade, e todos lhe obedeam no que eletiver julgado ser mais salutar; 6. mas, assim como convm aos discpulos obedecer ao mestre,tambm a este convm dispor todas as coisas com prudncia e justia. 7. Em tudo, pois, sigamtodos a Regra como mestra, nem dela se desvie algum temerariamente. 8. Ningum, nomosteiro, siga a vontade do prprio corao, 9. nem ouse discutir insolentemente com seu abade,nem mesmo discutir com ele fora do mosteiro. 10. E, se ousar faz-lo, seja submetido disciplinaregular. 11. No entanto, que o prprio abade faa tudo com temor de Deus e observncia da Regra,cnscio de que, sem dvida alguma, de todos os seus juzos dever dar contas a Deus, justssimojuiz. 12. Se, porm, for preciso fazer alguma coisa de menor importncia dentre os negcios domosteiro, use o Abade somente do conselho dos mais velhos, 13. conforme o que est escrito:"Faze tudo com conselho e depois de feito no te arrependers".

    Captulo 4 - Quais so os instrumentos das boas obras

    1. Primeiramente, amar ao Senhor Deus de todo o corao, com toda a alma, com todas asforas. 2. Depois, amar ao prximo como a si mesmo. 3. Em seguida, no matar. 4. No cometeradultrio.5. No furtar. 6. No cobiar. 7. No levantar falso testemunho. 8. Honrar todos oshomens. 9. E no fazer a outrem o que no quer que lhe seja feito. 10. Abnegar-se a si mesmo paraseguir o Cristo.11. Castigar o corpo. 12. No abraar as delcias. 13. Amar o jejum. 14. Reconfortaros pobres. 15. Vestir os nus. 16. Visitar os enfermos. 17. Sepultar os mortos. 18. Socorrer natribulao. 19. Consolar o que sofre. 20. Fazer-se alheio s coisas do mundo. 21. Nada antepor aoamor de Cristo. 22. No satisfazer a ira. 23. No reservar tempo para a clera. 24. No conservar afalsidade no corao. 25. No conceder paz simulada. 26. No se afastar da caridade. 27. No jurarpara no vir a perjurar. 28. Proferir a verdade de corao e de boca. 29. No retribuir o mal com omal. 30. No fazer injustia, mas suportar pacientemente as que lhe so feitas. 31. Amar osinimigos. 32. No retribuir com maldio aos que o amaldioam, mas antes abeno-los. 33. Suportar perseguio pela justia. 34. No ser soberbo. 35. No ser dado ao vinho. 36. Noser guloso. 37. No ser apegado ao sono. 38. No ser preguioso. 39. No sermurmurador. 40. No ser detrator. 41. Colocar toda a esperana em Deus. 42. O que achar de bemem si, atribu-lo a Deus e no a si mesmo. 43. Mas, quanto ao mal, saber que sempre obra sua ea si mesmo atribu-lo. 44. Temer o dia do juzo. 45. Ter pavor do inferno. 46. Desejar a vida eternacom toda a cobia espiritual. 47. Ter diariamente diante dos olhos a morte a surpreend-lo. 48. Vigiar a toda hora os atos de sua vida. 49. Saber como certo que Deus o v em todolugar. 50. Quebrar imediatamente de encontro ao Cristo os maus pensamentos que lhe advm aocorao e revel-los a um conselheiro espiritual. 51. Guardar sua boca da palavra m ouperversa. 52. No gostar de falar muito. 53. No falar palavras vs ou que s sirvam para provocarriso. 54. No gostar do riso excessivo ou ruidoso. 55. Ouvir de boa vontade as santasleituras. 56. Dar-se freqentemente orao. 57. Confessar todos os dias a Deus na orao, comlgrimas e gemidos, as faltas passadas e 58. da por diante emendar-se delas. 59. No satisfazer osdesejos da carne. 60. Odiar a prpria vontade. 61. Obedecer em tudo s ordens do Abade, mesmoque este, o que no acontea, proceda de outra forma, lembrando-se do preceito do Senhor:"Fazei o que dizem, mas no o que fazem". 62. No querer ser tido como santo antes que o seja,mas primeiramente s-lo para que como tal o tenham com mais fundamento. 63.Pr em prticadiariamente os preceitos de Deus. 64. Amar a castidade. 65. No odiar a ningum. 66. No tercimes. 67. No exercer a inveja. 68. No amar a rixa. 69. Fugir da vanglria. 70. Venerar os maisvelhos. 71. Amar os mais moos. 72. Orar, no amor de Cristo, pelos inimigos. 73. Voltar paz,antes do pr-do-sol, com aqueles com quem teve desavena. 74. E nunca desesperar damisericrdia de Deus. 75. Eis a os instrumentos da arte espiritual: 76. se forem postos em aopor ns, dia e noite, sem cessar, e devolvidos no dia do juzo, seremos recompensados peloSenhor com aquele prmio que Ele mesmo prometeu: 77. "O que olhos no viram nem ouvidosouviram preparou Deus para aqueles que o amam". 78. So, porm, os claustros do mosteiro e aestabilidade na comunidade a oficina onde executaremos diligentemente tudo isso.

    Captulo 5 - Da obedincia

    1. O primeiro grau da humildade a obedincia sem demora. 2. peculiar queles que estimamnada haver mais caro que o Cristo; 3. por causa do santo servio que professaram, por causa do

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    medo do inferno ou por causa da glria da vida eterna, 4. desconhecem o que seja demorar naexecuo de alguma coisa logo que ordenada pelo superior, como sendo por Deusordenada. 5. Deles diz o Senhor: "Logo ao ouvir-me, obedeceu-me". 6. E do mesmo modo diz aosdoutores: "Quem vos ouve a mim ouve". 7. Pois so esses mesmos que, deixando imediatamenteas coisas que lhes dizem respeito e abandonando a prpria vontade, 8. desocupando logo as mose deixando inacabado o que faziam, seguem com seus atos, tendo os passos j dispostos para aobedincia, a voz de quem ordena. 9. E, como que num s momento, ambas as coisas - a ordemrecm-dada do mestre e a perfeita obedincia do discpulo - so realizadas simultnea erapidamente, na prontido do temor de Deus. 10. Apodera-se deles o desejo de caminhar para avida eterna; 11. por isso, lanam-se como que de assalto ao caminho estreito do qual diz o Senhor:"Estreito o caminho que conduz vida", 12.e assim, no tendo, como norma de vida a prpriavontade, nem obedecendo aos prprios desejos e prazeres, mas caminhando sob o juzo edomnio de outro e vivendo em comunidade, desejam que um Abade lhes presida. 13. Imitam,sem dvida, aquela mxima do Senhor que diz: "No vim fazer minha vontade, mas a dAqueleque me enviou". 14. Mas essa mesma obedincia somente ser digna da aceitao de Deus e doceaos homens, se o que ordenado for executado sem tremor, sem delongas, no mornamente, nocom murmurao, nem com resposta de quem no quer. 15.Porque a obedincia prestada aossuperiores tributada a Deus. Ele prprio disse: "Quem vos ouve, a mim me ouve". 16. E convmque seja prestada de boa vontade pelos discpulos, porque "Deus ama aquele que d comalegria". 17. Pois, se o discpulo obedecer de m vontade e se murmurar, mesmo que no com aboca, mas s no corao, 18. ainda que cumpra a ordem, no ser mais o seu ato aceito por Deusque v seu corao a murmurar; 19. e por tal ao no consegue graa alguma, e, ainda mais,incorre no castigo dos murmuradores se no se emendar pela satisfao.

    Captulo 6 - Do silncio

    1. Faamos o que diz o profeta: "Eu disse, guardarei os meus caminhos para que no peque pelalngua: pus uma guarda minha boca: emudeci, humilhei-me e calei as coisas boas". 2. Aquimostra o Profeta que, se, s vezes, se devem calar mesmo as boas conversas, por causa do silncio,quanto mais no devero ser suprimidas as ms palavras, por causa do castigo do pecado? 3. Porisso, ainda que se trate de conversas boas, santas e prprias a edificar, raramente seja concedidaaos discpulos perfeitos licena de falar, por causa da gravidade do silncio, 4. pois est escrito:"Falando muito no foges ao pecado", 5. e em outro lugar: "a morte e a vida esto em poder dalngua". 6. Com efeito, falar e ensinar compete ao mestre; ao discpulo convm calar eouvir. 7. Por isso, se preciso pedir alguma coisa ao superior, que se pea com toda a humildade esubmisso da reverncia. 8. J quanto s brincadeiras, palavras ociosas e que provocam riso,condenamo-las em todos os lugares a uma eterna clausura, para tais palavras no permitimos aodiscpulo abrir a boca.

    Captulo 7 - Da humildade

    1. Irmos, a Escritura divina nos clama dizendo: "Todo aquele que se exalta ser humilhado e todoaquele que se humilha ser exaltado". 2. Indica-nos com isso que toda elevao um gnero dasoberba, 3. da qual o Profeta mostra precaver-se quando diz: "Senhor, o meu corao no seexaltou, nem foram altivos meus olhos; no andei nas grandezas, nem em maravilhas acima demim. 4.Mas, que seria de mim se no me tivesse feito humilde, se tivesse exaltado minha alma?Como aquele que desmamado de sua me, assim retribuirias a minha alma. 5. Se, portanto,irmos, queremos atingir o cume da suma humildade e se queremos chegar rapidamente quelaexaltao celeste para a qual se sobe pela humildade da vida presente, 6. deve ser erguida, pelaascenso de nossos atos, aquela escada que apareceu em sonho a Jac, na qual lhe erammostrados anjos que subiam e desciam. 7. Essa descida e subida, sem dvida, outra coisa nosignifica, para ns, seno que pela exaltao se desce e pela humildade se sobe. 8. Essa escadaereta a nossa vida no mundo, a qual elevada ao cu pelo Senhor, se nosso corao sehumilha. 9. Quanto aos lados da escada, dizemos que so o nosso corpo e alma, e nesses lados avocao divina inseriu, para serem galgados, os diversos graus da humildade e dadisciplina. 10. Assim, o primeiro grau da humildade consiste em que, pondo sempre o mongediante dos olhos o temor de Deus, evite, absolutamente, qualquer esquecimento, 11. e esteja, aocontrrio, sempre lembrado de tudo o que Deus ordenou, revolva sempre, no esprito, no s queo inferno queima, por causa de seus pecados, os que desprezam a Deus, mas tambm que a vida

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    eterna est preparada para os que temem a Deus; 12. e, defendendo-se a todo tempo dos pecadose vcios, isto , dos pecados do pensamento, da lngua, das mos, dos ps e da vontade prpria,como tambm dos desejos da carne, 13. considere-se o homem visto do cu, a todo momento, porDeus, e suas aes vistas em toda parte pelo olhar da divindade e anunciadas a todo instantepelos anjos. 14.Mostra-nos isso o Profeta quando afirma estar Deus sempre presente aos nossospensamentos: "Deus que perscruta os coraes e os rins". 15. E tambm: "Deus conhece ospensamentos dos homens". 16. E ainda: "De longe percebestes os meus pensamentos" 17. e "opensamento do homem vos ser confessado". 18. Portanto, para que esteja vigilante quanto aosseus pensamentos maus, diga sempre, em seu corao, o irmo empenhado em seu prprio bem:"se me preservar da minha iniqidade, serei, ento, imaculado diante dEle". 19. Assim, -nosproibido fazer a prpria vontade, visto que nos diz a Escritura: "Afasta-te das tuas prpriasvontades". 20. E, tambm, porque rogamos a Deus na orao que se faa em ns a suavontade. 21. Aprendemos, pois, com razo, a no fazer a prpria vontade, enquanto nosacautelamos com aquilo que diz a Escritura: "H caminhos considerados retos pelos homens cujofim mergulha at o fundo do inferno", 22. e enquanto, tambm, nos apavoramos com o que foidito dos negligentes: "Corromperam-se e tornaram-se abominveis nos seus prazeres". 23. Porisso, quando nos achamos diante dos desejos da carne, creiamos que Deus est sempre presentejunto a ns, pois disse o Profeta ao Senhor: "Diante de vs est todo o meu desejo". 24. Devemos,portanto, acautelar-nos contra o mau desejo, porque a morte foi colocada junto porta doprazer. 25. Sobre isso a Escritura preceitua dizendo: "No andes atrs de tuasconcupiscncias". 26. Logo, se os olhos do Senhor "observam os bons e os maus", 27. e "o Senhorsempre olha do cu os filhos dos homens para ver se h algum inteligente ou que procura aDeus"28. e se, pelos anjos que nos foram designados, todas as coisas que fazemos so,cotidianamente, dia e noite, anunciadas ao Senhor, 29. devemos ter cuidado, irmos, a toda hora,como diz o Profeta no salmo, para que no acontea que Deus nos veja no momento em quecamos no mal, tornando-nos inteis, 30. e para que, vindo a poupar-nos nessa ocasio porque Bom e espera sempre que nos tornemos melhores, no venha a dizer-nos no futuro: "Fizeste isto ecalei-me". 31. O segundo grau da humildade consiste em que, no amando a prpria vontade, nose deleite o monge em realizar os seus desejos, 32. mas imite nas aes aquela palavra do Senhor:"No vim fazer a minha vontade, mas a dAquele que me enviou". 33. Do mesmo modo, diz aEscritura: "O prazer traz consigo a pena e a necessidade gera a coroa". 34. O terceiro grau dahumildade consiste em que, por amor de Deus, se submeta o monge, com inteira obedincia aosuperior, imitando o Senhor, de quem disse o Apstolo: "Fez-se obediente at a morte". 35. Oquarto grau da humildade consiste em que, no exerccio dessa mesma obedincia abrace o mongea pacincia, de nimo sereno, nas coisas duras e adversas, ainda mesmo que se lhe tenhamdirigido injrias, 36. e, suportando tudo, no se entregue nem se v embora, pois diz a Escritura:"Aquele que perseverar at o fim ser salvo". 37. E tambm: "Que se revigore o teu corao esuporta o Senhor". 38. E a fim de mostrar que o que fiel deve suportar todas as coisas, mesmo asadversas, pelo Senhor, diz a Escritura, na pessoa dos que sofrem: "Por vs, somos entregues todosos dias morte; somos considerados como ovelhas a serem sacrificadas". 39. Seguros na esperanada retribuio divina, prosseguem alegres dizendo: "Mas superamos tudo por causa daquele quenos amou". 40. Tambm, em outro lugar, diz a Escritura: " Deus, provastes-nos,experimentastes-nos no fogo, como no fogo provada a prata: induzistes-nos a cair no lao,impusestes tribulaes sobre os nossos ombros".41. E para mostrar que devemos estar submetidosa um superior, continua: "Impusestes homens sobre nossas cabeas". 42. Cumprindo, alm disso,com pacincia o preceito do Senhor nas adversidades e injrias, se lhes batem numa face,oferecem a outra; a quem lhes toma a tnica cedem tambm o manto; obrigados a uma milha,andam duas; 43. suportam, como Paulo Apstolo, os falsos irmos e abenoam aqueles que osamaldioam. 44. O quinto grau da humildade consiste em no esconder o monge ao seu Abadetodos os maus pensamentos que lhe vm ao corao, ou o que de mal tenha cometidoocultamente, mas em lho revelar humildemente, 45. exortando-nos a este respeito a Escrituraquando diz: "Revela ao Senhor o teu caminho e espera nele". 46. E quando diz ainda: "Confessaiao Senhor porque ele bom, porque sua misericrdia eterna". 47. Do mesmo modo o Profeta:"Dei a conhecer a Vs a minha falta e no escondi as minhas injustias. 48. Disse: acusar-me-ei deminhas injustias diante do Senhor, e perdoastes a maldade de meu corao". 49. O sexto grau dahumildade consiste em que esteja o monge contente com o que h de mais vil e com a situaomais extrema e, em tudo que lhe seja ordenado fazer, se considere mau e indigno

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    operrio, 50. dizendo-se a si mesmo com o Profeta: "Fui reduzido a nada e no o sabia; tornei-mecomo um animal diante de Vs, porm estou sempre convosco". 51. O stimo grau da humildadeconsiste em que o monge se diga inferior e mais vil que todos, no s com a boca, mas quetambm o creia no ntimo pulsar do corao, 52.humilhando-se e dizendo com o Profeta: "Eu,porm, sou um verme e no um homem, a vergonha dos homens e a abjeo do povo: 53. exaltei-me, mas, depois fui humilhado e confundido". 54. E ainda: " bom para mim que me tenhaishumilhado, para que aprenda os vossos mandamentos". 55. O oitavo grau da humildade consisteem que s faa o monge o que lhe exortam a Regra comum do mosteiro e os exemplos de seusmaiores. 56. O nono grau da humildade consiste em que o monge negue o falar a sua lngua,entregando-se ao silncio; nada diga, at que seja interrogado, 57. pois mostra a Escritura que "nomuito falar no se foge ao pecado" 58. e que "o homem que fala muito no se encaminhar bemsobre a terra". 59. O dcimo grau da humildade consiste em que no seja o monge fcil e prontoao riso, porque est escrito: "O estulto eleva sua voz quando ri".60. O undcimo grau dahumildade consiste em, quando falar, faz-lo o monge suavemente e sem riso, humildemente ecom gravidade, com poucas e razoveis palavras e no em alta voz, 61.conforme o que estescrito: "O sbio manifesta-se com poucas palavras". 62. O duodcimo grau da humildadeconsiste em que no s no corao tenha o monge a humildade, mas a deixe transparecer sempre,no prprio corpo, aos que o vem, 63. isto , que no ofcio divino, no oratrio, no mosteiro, nahorta, quando em caminho, no campo ou onde quer que esteja, sentado, andando ou em p,tenha sempre a cabea inclinada, os olhos fixos no cho, 64. considerando-se a cada momentoculpado de seus pecados, tenha-se j como presente diante do tremendo juzo deDeus, 65.dizendo-se a si mesmo, no corao, aquilo que aquele publicano do Evangelho disse,com os olhos pregados no cho: "Senhor, no sou digno, eu pecador, de levantar os olhos aoscus". 66. E ainda, com o Profeta: "Estou completamente curvado e humilhado". 67. Tendo, porconseguinte, subido todos esses degraus da humildade, o monge atingir logo, aquela caridade deDeus, que, quando perfeita, afasta o temor; 68. por meio dela tudo o que observava antes no semmedo comear a realizar sem nenhum labor, como que naturalmente, pelo costume, 69. nomais por temor do inferno, mas por amor de Cristo, pelo prprio costume bom e pela deleitaodas virtudes. 70. Eis o que, no seu operrio, j purificado dos vcios e pecados, se dignar o Senhormanifestar por meio do Esprito Santo.

    Captulo 8 - Dos Ofcios Divinos durante a noite

    1. Em tempo de inverno, isto , de primeiro de novembro at a Pscoa, em considerao ao que razovel, devem os monges levantar-se oitava hora da noite 2. de modo que durmam um poucomais da metade da noite e se levantem tendo j feita a digesto. 3. O tempo que resta depois dasViglias seja empregado na preparao de algum trecho do saltrio ou das lies, por parte dosirmos que disto necessitarem. 4. Da Pscoa, porm, at o referido dia primeiro de novembro,seja regulada a hora de tal maneira que as Matinas que devem ser celebradas quando comea aclarear, venham em seguida ao ofcio das Viglias, depois de brevssimo intervalo, durante o qualos irmos saem para as necessidades naturais.

    Captulo 9 - Quantos salmos devem ser ditos nas Horas noturnas

    1. No tempo de inverno acima citado, diga-se em primeiro lugar o versculo, repetido trs vezes:"Senhor, abrireis os meus lbios e minha boca anunciar vosso louvor", 2. ao qual deve seracrescentado o salmo terceiro e o "Glria". 3. Depois desse, o salmo nonagsimo quarto, comantfona, ou ento cantado. 4. Segue-se o Ambrosiano e depois seis salmos comantfonas. 5. Recitados esses e dito o versculo, o Abade d a bno; depois, achando-se todossentados nos bancos sejam lidas pelos irmos, um de cada vez, trs lies do livro que est sobre aestante. Entre elas cantem-se trs responsrios. 6. Dois destes responsrios so ditos sem"Glria", porm, depois da terceira lio, quem est cantando diga o "Glria". 7. Quando essecomear, levantem-se logo todos de seus assentos em honra e reverncia SantssimaTrindade. 8. Leiam-se, nas Viglias, os livros de autoria divina, tanto do Antigo como do NovoTestamento, e tambm as exposies que sobre eles fizeram os Padres catlicos conhecidos eortodoxos. 9. A essas trs lies com seus responsrios, sigam-se os seis salmos restantes cantadoscom "Aleluia". 10. Vm, em seguida, a lio do Apstolo, que deve ser recitada de cor, o versculoe a splica da litania, isto , "Kyrie eleison", 11. e assim terminem as Viglias noturnas.

    Captulo 10 - Como ser celebrado no vero o louvor divino

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    1. De Pscoa at primeiro de novembro, mantenha-se, quanto salmodia, a mesma medida acimadeterminada; 2. as lies do livro, porm, por causa da brevidade das noites, no so lidas; emlugar dessas trs lies, seja recitada de memria uma do Antigo Testamento, seguida deresponsrio breve, 3. e cumpram-se todas as outras coisas como ficou dito acima, isto : quenunca se digam nas Viglias noturnas, menos de doze salmos alm do terceiro e do nonagsimoquarto.

    Captulo 11 - Como sero celebradas as Viglias aos domingos

    1. Aos domingos, levante-se mais cedo para as Viglias, 2. nas quais se mantenha a mesma medidaj referida, isto : modulados, conforme dispusemos acima, seis salmos e o versculo, e estandotodos convenientemente e pela ordem assentados nos bancos, leiam-se no livro, como jmencionamos, quatro lies com seus responsrios; 3. s o quarto responsrio dito por quemest cantando o "Gloria", ao comeo do qual se levantem todos com reverncia. 4. A essas liessigam-se, por ordem, outros seis salmos com antfonas, como os anteriores, e oversculo. 5. Terminados esses, voltam-se a ler outras quatro lies com seus responsrios, namesma ordem que acima. 6. Em seguida, digam-se trs cnticos dos Profetas que o Abadedeterminar, os quais sejam salmodiados com "Aleluia". 7. Dito tambm o versculo, sejam lidascom a bno do Abade outras quatro lies do Novo Testamento, na mesma ordem queacima. 8. Depois do quarto responsrio o abade entoa o hino "Te Deum laudamus". 9. Uma vezterminado, leia o Abade o Evangelho, permanecendo todos de p com reverncia etemor. 10. Quando essa leitura terminar, respondam todos: "Amm"; e o abade prossegue logocom o hino "Te decet laus", e, dada a bno, comecem as Matinas. 11. Essa disposio das Vigliaspara o domingo deve ser mantida, como est, em todo tempo, tanto no vero quanto noinverno, 12. a no ser que, por acaso, e que tal no acontea, os monges se levantem mais tarde ese tenha de abreviar algo das lies ou dos responsrios. 13. Haja, porm, todo o cuidado para queisso no venha a suceder; se, porm, acontecer, satisfaa dignamente a Deus no oratrio, aquelepor cuja culpa veio esse fato a verificar-se.

    Captulo 12 - Como ser realizada a solenidade das matinas

    1. Nas Matinas de domingo, 2. diga-se em primeiro lugar o salmo sexagsimo sexto, sem antfona,em tom direto. Diga-se, depois, o quinquagsimo, com "Aleluia". 3. Em seguida, o centsimodcimo stimo e o sexagsimo segundo; 4. seguem-se ento os "Benedicite", e os "Laudate", umalio do Apocalipse de cor, o responsrio, o ambrosiano, o versculo, o cntico do Evangelho, alitania, e est terminado.

    Captulo 13 - Como sero realizadas as matinas em dia comum

    1. Nos dias comuns, porm, a solenidade das Matinas seja assim realizada, 2. a saber: recita-se osalmo sexagsimo sexto sem antfona, um tanto lentamente, como no domingo, de modo quetodos cheguem para o quinquagsimo, o qual deve ser recitado com antfona. 3. Depois desse,recitem-se outros dois salmos, segundo o costume, isto , 4. segunda-feira, o quinto e o trigsimoquinto; 5.tera-feira, o quadragsimo segundo e o quinquagsimo sexto; 6. quarta-feira, osexagsimo terceiro e o sexagsimo quarto; 7. quinta-feira, o octogsimo stimo e o octogsimonono; 8. sexta-feira, o septuagsimo quinto e o nonagsimo primeiro; 9. sbado, o centsimoquadragsimo segundo e o cntico do Deuteronmio, que deve ser dividido em dois"Gloria". 10. Nos outros dias, diga-se um cntico dos Profetas, um para cada dia, como canta aIgreja Romana. 11. A esses seguem-se os "Laudate", depois uma lio do Apstolo recitada dememria, o responsrio, o ambrosiano, o versculo, o cntico do Evangelho, a litania, e estcompleto. 12. No termine, de forma alguma, o ofcio da manh ou da tarde sem que o superiordiga, em ltimo lugar, por inteiro e de modo que todos ouam, a orao dominical, por causa dosespinhos de escndalos que costumam surgir, 13. de maneira que, interpelados os irmos pelapromessa da prpria orao que esto rezando: "perdoai-nos assim como ns perdoamos", sepreservem de tais vcios. 14. Nos demais ofcios diga-se a ltima parte dessa orao, de modo a serrespondido por todos: "Mas livrai-nos do mal".

    Captulo 14 - Como sero celebradas as Viglias nos natalcios dos Santos

    1. Nas festas dos Santos e em todas as solenidades, proceda-se do mesmo modo que indicamospara o domingo 2. exceto que, quanto aos salmos, antfonas e lies, sejam ditos os que

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    pertencem prpria festa; mantenha-se, porm, a mesma disposio acima descrita.

    Captulo 15 - Em quais pocas ser dito o Aleluia

    1. Da Santa Pscoa at Pentecostes, diga-se sem interrupo o "Aleluia" tanto nos salmos comonos responsrios. 2. De Pentecostes at o incio da Quaresma, diga-se todas as noites, massomente com os seis ltimos salmos dos noturnos. 3. Em todo domingo, fora da Quaresma,digam-se com "Aleluia" os Cnticos, as Matinas, Prima, Tera, Sexta e Noa; entretanto, asVsperas sejam ditas com antfona. 4. Quanto aos responsrios, nunca so ditos com "Aleluia", ano ser de Pscoa at Pentecostes.

    Captulo 16 - Como sero celebrados os ofcios durante o dia

    1. Diz o Profeta: "Louvei-vos sete vezes por dia". 2. Assim, tambm ns realizaremos esse sagradonmero, se, por ocasio das Matinas, Prima, Tera, Sexta, Noa, Vsperas e Completas,cumprirmos os deveres da nossa servido; 3. porque foi destas Horas do dia que ele disse:"Louvei-vos sete vezes por dia". 4. Quanto s Viglias noturnas, diz da mesma forma o mesmoprofeta: "Levantava-me no meio da noite para louvar-vos". 5. Rendamos, portanto, nessas horas,louvores ao nosso Criador "sobre os juzos da sua justia", isto , nas Matinas, Prima, Tera, Sexta,Noa, Vsperas e Completas; e noite, levantemo-nos para louv-Lo.

    Captulo 17 - Quantos salmos devero ser cantados nessas mesmas horas

    1. J dispusemos a Ordem da Salmodia, dos Noturnos e das Matinas; vejamos agora a das Horasseguintes. 2. Hora de Prima sejam ditos: trs salmos separadamente, no sob um s"Gloria", 3. e o hino da mesma Hora, que vir depois do versculo " Deus, vinde em meu auxlio"e antes que sejam comeados os salmos. 4. Terminados os trs salmos, recitem-se uma lio, oversculo, "Kyrie eleison", e faam-se as oraes finais. 5. Tera, Sexta, e Noa sejam celebradassegundo a mesma ordem, isto : versculo, hinos de cada uma das Horas, trs salmos, lio eversculo, "Kyrie eleison" e as oraes finais. 6. Se a comunidade for grande, sejam os salmoscantados com antfona; se for pequena, em tom direto. 7. A sinaxe vespertina consta de quatrosalmos com antfonas; 8. depois dos quais deve ser recitada uma lio; em seguida o responsrio,o ambrosiano, o versculo, o cntico do Evangelho, a litania, a orao dominical e as oraesfinais. 9. As Completas compreendem a recitao de trs salmos, que devem ser ditos em tomdireto, sem antfona; 10. Depois deles, o hino da mesma Hora, uma lio, o versculo, o "Kyrieeleison", a bno e as oraes finais.

    Captulo 18 - Em que ordem os mesmos salmos devem ser ditos

    1. Diga-se o versculo: " Deus, vinde em meu auxlio; apressai-vos, Senhor, em socorrer-me", oGlria, e depois o Hino de cada uma das Horas. 2. Em seguida, na hora de Prima do domingo,devem ser ditas quatro divises do salmo centsimo dcimo oitavo; 3. nas demais Horas, isto ,Tera, Sexta e Noa digam-se trs divises do referido salmo centsimo dcimo oitavo. 4. Na Primada Segunda feira, digam-se trs salmos, a saber: o primeiro, o segundo e o sexto. 5. E assim emcada dia, at o domingo, digam-se na Prima, por ordem, trs salmos at o dcimo nono; de talmodo que sejam divididos em dois o salmo nono e o dcimo stimo. 6. E faa-se assim, para quesempre se comecem as Viglias do domingo pelo vigsimo. 7. Na Tera, Sexta e Noa da segunda-feira, digam-se as nove divises que restam do salmo centsimo dcimo oitavo, trs em cadaHora. 8. Percorrido, portanto, o salmo centsimo dcimo oitavo nos dois dias - domingo esegunda-feira, 9. j na Tera, Sexta e Noa da tera-feira, salmodiam-se trs salmos de cada vez, docentsimo dcimo nono at o centsimo vigsimo stimo, isto , nove salmos. 10. Repitam-sesempre esses salmos pelas mesmas Horas at o domingo, conservando-se de maneira uniforme etodos os dias a disposio dos hinos, bem assim como a das lies e versculos; 11. e, assim sendo,comece-se sempre no domingo com o centsimo dcimo oitavo. 12. As Vsperas sejam cantadasdiariamente pela modulao de quatro salmos. 13. Esses salmos vo do centsimo nono at ocentsimo quadragsimo stimo, 14. excetuados alguns que dentre esses foram tirados para outrasHoras, isto , do centsimo dcimo stimo ao centsimo vigsimo stimo, mais o centsimotrigsimo terceiro e o centsimo quadragsimo segundo; 15. todos os demais devem ser ditos nasVsperas. 16. Como, porm, ficam faltando trs salmos, devem ser divididos os mais longos dentreos supracitados, isto , o centsimo trigsimo oitavo, o centsimo quadragsimo terceiro e ocentsimo quadragsimo quarto. 17. O centsimo dcimo sexto, por ser pequeno, seja unido ao

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    centsimo dcimo quinto. 18. Distribuda, pois, a ordem dos salmos vespertinos, quanto aorestante - isto , a lio, o responsrio, o hino, o versculo e o cntico - proceda-se comodeterminamos acima. 19. Nas Completas, repitam-se todos os dias os mesmos salmos: o quarto, ononagsimo e o centsimo trigsimo terceiro. 20. Disposta a ordem da salmodia diurna,distribuam-se igualmente todos os salmos que restam, pelas sete Viglias da noite, 21. partindo-se,naturalmente, os que, dentre eles forem mais longos e estabelecendo-se doze para cadanoite. 22. Advertimos de modo especial que, se porventura essa distribuio dos salmos noagradar a algum, que ordene como achar melhor; 23. mas, seja como for, atenda a que sejasalmodiado cada semana, integralmente, o saltrio de cento e cinqenta salmos e que se comecesempre, de novo, nas Viglias do domingo, 24. porque os monges que, no decurso da semana,recitam menos do que o saltrio com os cnticos costumeiros revelam ser por demais frouxo oservio de sua devoo. 25. Pois lemos que os nossos santos Pais realizavam, corajosamente, emum s dia isso que oxal ns indolentes, cumprimos no decorrer de toda uma semana.

    Captulo 19 - Da maneira de salmodiar

    1. Cremos estar em toda parte a presena divina e que "os olho do Senhor vem em todo lugar osbons e os maus". 2. Creiamos nisso principalmente e sem dvida alguma, quando estamospresentes ao Ofcio Divino. 3. Lembremo-nos, pois, sempre, do que diz o Profeta: "Servi ao Senhorno temor". 4. E tambm: "Salmodiai sabiamente". 5. E ainda: "Cantar-vos-ei em face dosanjos". 6.Consideremos, pois, de que maneira cumpre estar na presena da Divindade e de seusanjos; 7. e tal seja a nossa presena na salmodia, que nossa mente concorde com nossa voz.

    Captulo 20 - Da reverncia na orao

    1. Se queremos sugerir alguma coisa aos homens poderosos, no ousamos faz-lo a no ser comhumildade e reverncia; 2. quanto mais no se dever empregar toda a humildade e pureza dedevoo para suplicar ao Senhor Deus de todas as coisas? 3. E saibamos que seremos ouvidos, nocom o muito falar, mas com a pureza do corao e a compuno das lgrimas. 4. Por isso, aorao deve ser breve e pura, a no ser que, por ventura, venha a prolongar-se por um afeto deinspirao da graa divina. 5. Em comunidade, porm, que a orao seja bastante abreviada e,dado o sinal pelo superior, levantem-se todos ao mesmo tempo.

    Captulo 21 - Dos decanos do mosteiro

    1. Se a comunidade for numerosa, sejam escolhidos, dentre os seus membros, irmos de bomtestemunho e de vida monstica santa, e constitudos Decanos; 2. empreguem sua solicitude emtudo o que diz respeito s suas decanias, conforme os mandamentos de Deus e os preceitos doseu Abade. 3. Que os Decanos eleitos sejam tais que possa o Abade, com segurana, repartir comeles o seu nus; 4. e no sejam escolhidos pela ordem na comunidade, mas segundo o mrito davida e a doutrina da sabedoria. 5. Se algum dentre os Decanos, acaso inchado por qualquersoberba, for julgado merecedor de repreenso, seja repreendido uma, duas, at trs vezes; se noquiser emendar-se seja destitudo 6. e ponha-se em seu lugar outro que seja digno. 7. O mesmodeterminamos a respeito do Prior.

    Captulo 22 - Como devem dormir os monges

    1. Durma cada um em uma cama. 2. Tenham seus leitos de acordo com o modo de vivermonstico e conforme o abade distribuir. 3. Se for possvel, durmam todos num mesmo lugar; se,porm, o nmero no o permitir, durmam aos grupos de dez ou vinte, em companhia de mongesmais velhos que sejam solcitos para com eles. 4. Esteja acesa nesse recinto uma candeia seminterrupo, at o amanhecer. 5. Durmam vestidos e cingidos com cintos ou cordas, mas de formaque no tenham, enquanto dormem, as facas a seu lado, a fim de que no venham elas a ferir,durante o sono, quem est dormindo; 6. e de modo que estejam os monges sempre prontos e,assim, dado o sinal, levantando-se sem demora, apressem-se mutuamente e antecipem-se noOfcio Divino, porm com toda gravidade e modstia. 7. Que os irmos mais jovens no tenhamleitos juntos, mas intercalados com os dos mais velhos. 8. Levantando-se para o Ofcio Divinochamem-se mutuamente, para que no tenham desculpas os sonolentos; faam-no, porm, commoderao.

    Captulo 23 - Da excomunho pelas faltas

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    1. Se houver algum irmo teimoso ou desobediente, soberbo ou murmurador, ou em algum modocontrrio santa Regra, e desprezador dos preceitos dos seus superiores, 2. seja ele admoestado,conforme o preceito de nosso Senhor, a primeira e a segunda vez, em particular pelos seussuperiores. 3. Se no se emendar, seja repreendido publicamente, diante de todos. 4. Se porm,nem assim se corrigir sofra a excomunho, caso possa compreender o que seja essa pena. 5. Se,entretanto, est de nimo endurecido, seja submetido a castigo corporal.

    Captulo 24 - Qual deve ser o modo de proceder-se excomunho

    1. A medida tanto da excomunho como da disciplina, deve regular-se segundo a espcie dafalta, 2. e esta espcie das faltas est sob critrio do julgamento do abade. 3. Se algum irmoincorrer em faltas mais leves, seja privado da participao mesa. 4. Ser este o proceder de quemest privado da mesa: no entoe salmo, nem antfona no oratrio, nem recite lio at que tenhasido dada a devida satisfao. 5. Receba sozinho a sua refeio depois da refeio dosirmos; 6. de modo que, por exemplo, se os irmos vo tomar a refeio hora sexta, aqueleirmo o far hora nona; se os irmos nona, ele hora de Vsperas, 7. at que tenha obtido operdo por conveniente satisfao.

    Captulo 25 - Das faltas mais graves

    1. Que seja suspenso da mesa e tambm do oratrio o irmo culpado de faltas mais graves. 2. Quenenhum irmo se junte a ele em nenhuma espcie de relao, nem para lhe falar. 3. Estejasozinho no trabalho que lhe for determinado, permanecendo no luto da penitncia, cientedaquela terrvel sentena do Apstolo que diz: 4. "Este homem foi assim entregue morte dacarne para que seu esprito se salve no dia do Senhor". 5. Faa a ss a sua refeio na medida e nahora que o Abade julgar convenientes, 6. no seja abenoado por ningum que por ele passe, nemtambm a comida que lhe dada.

    Captulo 26 - Dos que sem autorizao se juntam aos excomungados

    1. Se algum irmo ousar juntar-se, de qualquer modo, ao irmo excomungado sem ordem doAbade, ou de falar com ele ou mandar-lhe um recado, 2. aplique-se-lhe o mesmo castigo deexcomunho.

    Captulo 27 - Como deve o Abade ser solcito para com os excomungados

    1. Cuide o Abade com toda a solicitude dos irmos que carem em faltas, porque "no para ossadios que o mdico necessrio, mas para os que esto doentes". 2. Por isso, como sbio mdico,deve usar de todos os meios, enviar "simpectas", isto , irmos mais velhos e sbios 3. que, emparticular, consolem o irmo flutuante e o induzam a uma humilde satisfao, o consolem "paraque no seja absorvido por demasiada tristeza", 4. mas, como diz ainda o Apstolo, "confirme-se acaridade para com ele", e rezem todos por ele. 5. O Abade deve, pois, empregar extraordinriasolicitude e deve empenhar-se com toda sagacidade e indstria, para que no perca alguma dasovelhas a si confiadas. 6. Reconhecer, pois, ter recebido a cura das almas enfermas, e no atirania sobre as ss; 7. tema a ameaa do profeta, atravs da qual Deus nos diz: "o que veis gordoassumeis e o que era fraco lanveis fora". 8. Imite o pio exemplo do bom pastor que, deixando asnoventa e nove ovelhas nos montes, saiu a procurar uma nica ovelha que desgarrara, 9. de cujafraqueza a tal ponto se compadeceu, que se dignou coloc-la em seus sagrados ombros e assimtraz-la de novo ao aprisco.

    Captulo 28 - Daqueles que muitas vezes corrigidos no quiserem emendar-se

    1. Se algum irmo freqentes vezes corrigido por qualquer culpa no se emendar, nem mesmodepois de excomungado, que incida sobre ele uma correo mais severa, isto , use-se o castigodas varas. 2. Se nem assim se corrigir, ou se por acaso, o que no acontea, exaltado pela soberba,quiser mesmo defender suas aes, faa ento o Abade como sbio mdico: 3. se aplicou asfomentaes, os ungentos das exortaes, os medicamentos das divinas Escrituras e enfim acauterizao da excomunho e das pancadas de vara 4. e vir que nada obtm com sua indstria,aplique ento o que maior: a sua orao e a de todos os irmos por ele, 5. para que o Senhor, quetudo pode, opere a salvao do irmo enfermo. 6. Se nem dessa maneira se curar, use j agora oAbade o ferro da amputao, como diz o Apstolo: "Tirai o mal do meio de vs" e tambm: 7. "Seo infiel se vai, que se v", [8] a fim de que uma ovelha enferma no contagie todo o rebanho.

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    Captulo 29 - Se devem ser novamente recebidos os irmos que saem do mosteiro

    1. O irmo que sai do mosteiro por culpa prpria, se quiser voltar, prometa, antes, uma completaemenda do vcio que foi a causa de sua sada, 2. e ento seja recebido no ltimo lugar, para queassim se prove a sua humildade. 3. Se de novo sair, seja assim recebido at trs vezes, j sabendoque depois lhe ser negado todo caminho de volta.

    Captulo 30 - De que maneira sero corrigidos os de menor idade

    1. Cada idade e cada inteligncia deve ser tratada segundo medidas prprias. 2. Por isso, osmeninos e adolescentes ou os que no podem compreender que espcie de pena , na verdade, aexcomunho, 3. quando cometem alguma falta, sejam afligidos com muitos jejuns ou castigadoscom speras varas, para que se curem.

    Captulo 31 - Como deve ser o Celeireiro do mosteiro

    1. Seja escolhido para Celeireiro do mosteiro, dentre os membros da comunidade, um irmosbio, maduro de carter, sbrio, que no coma muito, no seja orgulhoso, nem turbulento, neminjuriador, nem tardo, nem prdigo, 2. mas temente a Deus; que seja como um pai para toda acomunidade. 3. Tome conta de tudo; 4. nada faa sem ordem do Abade. 5. Cumpra o que forordenado. 6. No entristea seus irmos. 7. Se algum irmo, por acaso, lhe pedir alguma coisadesarrazoadamente, no o entristea desprezando-o, mas negue, razoavelmente, com humildade,ao que pede mal. 8.Guarde a sua alma, lembrando-se sempre daquela palavra do Apstolo:"Quem tiver administrado bem, ter adquirido para si um bom lugar". 9. Cuide com todasolicitude dos enfermos, das crianas, dos hspedes e dos pobres, sabendo, sem dvida alguma,que dever prestar contas de todos esses, no dia do juzo. 10. Veja todos os objetos do mosteiro edemais utenslios como vasos sagrados do altar. 11. Nada negligencie. 12. No se entregue avareza, nem seja prdigo e esbanjador dos bens do mosteiro; mas faa tudo com medida econforme a ordem do Abade. 13. Tenha antes de tudo humildade e no possuindo a coisa com queatender a algum, entregue-lhe como resposta uma boa palavra, 14. conforme o que est escrito:"A boa palavra est acima da melhor ddiva". 15.Mantenha sob seus cuidados tudo o que o Abadedeterminar, no presuma, porm, a respeito do que lhe tiver proibido. 16. Oferea aos irmos aparte estabelecida para cada um, sem arrogncia ou demora, a fim de que no se escandalizem,lembrado da palavra divina sobre o que deve merecer "quem escandalizar um destespequeninos". 17. Se a comunidade for numerosa, sejam-lhe dados auxiliares com a ajuda dos quaiscumpra, com o esprito em paz, o ofcio que lhe foi confiado. 18. s horas convenientes seja dadoo que deve ser dado e pedido o que deve ser pedido, 19. para que ningum se perturbe nem seentristea na casa de Deus.

    Captulo 32 - Das ferramentas e objetos do mosteiro

    1. Quanto aos utenslios do mosteiro em ferramentas ou vesturio, ou quaisquer outras coisas,procure o Abade irmos de cuja vida e costumes esteja seguro 2. e, como julgar til, consigne-lhesos respectivos objetos para tomar conta e recolher. 3. Mantenha o abade um inventrio dessesobjetos, para que saiba o que d e o que recebe, medida que os irmos se sucedem nodesempenho do que lhes for incumbido. 4. Se algum deixar as coisas do mosteiro sujas ou astratar negligentemente, seja repreendido; 5. se no se emendar, seja submetido disciplinaregular.

    Captulo 33 - Se os monges devem possuir alguma coisa de prprio

    1. Especialmente este vcio deve ser cortado do mosteiro pela raiz; 2. ningum ouse dar ou receberalguma coisa sem ordem do Abade, 3. nem ter nada de prprio, nada absolutamente, nem livro,nem tabuinhas, nem estilete, absolutamente nada, 4. j que no lhes lcito ter a seu arbtrio nemo prprio corpo nem a vontade; 5. porm, todas as coisas necessrias devem esperar do pai domosteiro, e no seja lcito a ningum possuir o que o Abade no tiver dado ou permitido. 6. Sejatudo comum a todos, como est escrito, nem diga nem tenha algum a presuno de achar quealguma coisa lhe pertence. 7. Se for surpreendido algum a deleitar-se com este pssimo vcio,seja admoestado primeira e segunda vez, 8. se no se emendar, seja submetido correo.

    Captulo 34 - Se todos devem receber igualmente o necessrio

    1. Como est escrito, repartia-se para cada um conforme lhe era necessrio. 2. No dizemos, com

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    isso, que deva haver acepo de pessoas, o que no acontea, mas sim considerao pelasfraquezas,3. de forma que quem precisar de menos d graas a Deus e no se entristea porisso; 4. quem precisar de mais, humilhe-se em sua fraqueza e no se orgulhe por causa damisericrdia que obteve.5. E, assim, todos os membros da comunidade estaro em paz. 6. Antesde tudo, que no surja o mal da murmurao em qualquer palavra ou atitude, seja qual for acausa. 7. Se algum for assim surpreendido, seja submetido a castigo mais severo.

    Captulo 35 - Dos semanrios da cozinha

    1. Que os irmos se sirvam mutuamente e ningum seja dispensado do ofcio da cozinha, a noser no caso de doena ou se se tratar de algum ocupado em assunto de grande utilidade; 2. poispor esse meio se adquire maior recompensa e caridade. 3. Para os fracos, arranjem-se auxiliares, afim de que no o faam com tristeza; 4. ainda conforme o estado da comunidade e a situao dolugar, que todos tenham auxiliares. 5. Se a comunidade for numerosa, seja o Celeireiro dispensadoda cozinha, e tambm, como dissemos, os que estiverem ocupados em assuntos de maiorutilidade. 6. Os demais sirvam-se mutuamente na caridade. 7. O que vai terminar sua semanafaa, no sbado, a limpeza; 8. lavem as toalhas com que os irmos enxugam as mos e osps; 9. ambos, tanto o que sai como o que entra, lavem os ps de todos. 10. Devolva aquele aoCeleireiro os objetos do seu ofcio, limpos e perfeitos; 11. entregue-os outra vez o Celeireiro ao queentra, para que saiba o que d e o que recebe. 12. Os semanrios recebam, uma hora antes darefeio, alm da poro estabelecida, um pouco de po e algo para beber, 13. a fim de que, nahora da refeio, sirvam a seus irmos sem murmurar e sem grande cansao; 14. no entanto, nosdias solenes, esperem at depois da Missa. 15. No domingo, logo que acabem as Matinas, ossemanrios que entram e os que saem prostrem-se no oratrio, aos ps de todos, pedindo queorem por eles. 16. Aquele que termina a semana diga o seguinte versculo: "Bendito o SenhorDeus que me ajudou e consolou". 17. Dito isso trs vezes e recebida a bno, sai; prossiga o quecomea a semana, dizendo: " Deus vinde em meu auxlio; Senhor, apressai-vos em socorrer-me". 18. Tambm isso seja repetido trs vezes por todos e, recebida a bno, entre no seu ofcio.

    Captulo 36 - Dos irmos enfermos

    1. Antes de tudo e acima de tudo deve tratar-se dos enfermos de modo que se lhes sirva comoverdadeiramente ao Cristo, 2. pois Ele disse: "Fui enfermo e visitastes-me" 3. e "Aquilo que fizestesa um destes pequeninos, a mim o fizestes". 4. Mas que os prprios enfermos considerem que soservidos em honra a Deus e no entristeam com sua superfluidade aos irmos que lhesservem. 5. No entanto, devem os doentes ser levados pacientemente, porque por meio deles seadquire recompensa mais copiosa. 6. Portanto, tenha o abade o mximo cuidado para que nosofram nenhuma negligncia. 7. Haja uma cela destinada especialmente a estes irmos enfermos,e um servo temente a Deus, diligente e solcito. 8. O uso dos banhos seja oferecido aos doentessempre que convm; mas aos sos, e sobretudo aos jovens, seja raramente concedido. 9. Tambma alimentao de carnes seja concedida aos enfermos por demais fracos, para que se restabeleam,mas logo que tiverem melhorado abstenham-se todos de carnes, como de costume. 10. Quetenha, pois, o Abade o mximo cuidado em que os enfermos no sejam negligenciados nem pelosCeleireiros nem pelos que lhes servem, pois sobre ele recai qualquer falta que tenha sidocometida pelos discpulos.

    Captulo 37 - Dos velhos e das crianas

    1. Ainda que a prpria natureza humana seja levada misericrdia para com estas idades, velhos ecrianas, no entanto que a autoridade da Regra olhe tambm por eles. 2. Considere-se sempre afraqueza que lhes prpria, e no se mantenha para com eles o rigor da Regra no que diz respeitoaos alimentos; 3. haja sim, em relao a eles, uma pia considerao e tenham antecipadas as horasregulares.

    Captulo 38 - Do leitor semanrio

    1. s mesas dos irmos no deve faltar a leitura; no deve ler a quem quer que, por acaso, seapodere do livro, mas sim o que vai ler durante toda a semana, a comear do domingo. 2. Depoisda Missa e da Comunho, pea a todos que orem por ele para que Deus afaste dele o esprito desoberba. 3. No oratrio, recitem todos, por trs vezes, o seguinte versculo, iniciando-o o prprioleitor: "Abri, Senhor, os meus lbios, e minha boca anunciar vosso louvor"; 4. e tendo assim

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    recebido a bno, entre a ler. 5. Faa-se o mximo silncio, de modo que no se oua nenhumcochicho ou voz, a no ser a do que est lendo. 6. Quanto s coisas que so necessrias aos queesto comendo e bebendo, sirvam-se mutuamente os irmos, de tal modo que ningum precisepedir coisa alguma. 7.Se porm se precisar de qualquer coisa, seja antes pedida por algum som ousinal do que, por palavra. 8. Nem ouse algum fazer alguma pergunta sobre a leitura, ou outroassunto qualquer, para que se no d ocasio, 9. a no ser que o superior, porventura, queiradizer, brevemente, alguma coisa, para edificao. 10. O leitor semanrio, antes de comear a ler,recebe o "misto" por causa da Comunho e para que no acontea ser-lhe pesado suportar ojejum; 11. faa, porm, depois, a refeio com os semanrios da cozinha e os serventes. 12. Noleiam nem cantem os irmos segundo a ordem da comunidade, mas faam-no aqueles queedificam os ouvintes.

    Captulo 39 - Da medida da comida

    1. Cremos que so suficientes para a refeio cotidiana, quer seja esta sexta ou nona hora, emtodas as mesas, dois pratos de cozidos, por causa das fraquezas de muitos, 2. a fim de que aqueleque no puder, por acaso, comer de um prato, coma do outro. 3. Portanto dois pratos de cozidosbastem a todos os irmos; e se houver frutas ou legumes frescos, sejam acrescentados em terceirolugar. 4. Seja suficiente uma libra de po bem pesada, para o dia todo, quer haja uma s refeio,quer haja jantar e ceia. 5. Se houver ceia, seja guardada pelo Celeireiro a tera parte da libra eentregue aos que vo cear. 6. Mas, se por acaso tiverem feito um trabalho maior, estar ao critrioe em poder do Abade acrescentar, se convier, alguma coisa, 7. afastados antes de mais nadaexcessos de comida, e de modo que nunca sobrevenha ao monge a indigesto, 8. porque nada to contrrio a tudo o que cristo como os excessos na comida, 9. conforme diz Nosso Senhor:"Cuidai que os vossos coraes no se tornem pesados pela gula". 10. Aos meninos de pouca idadeno se sirva a mesma quantidade, mas sim menos que aos maiores, guardada em tudo asobriedade. 11. Abstenham-se todos completamente de carnes de quadrpedes, exceto os doentesdemasiadamente fracos.

    Captulo 40 - Da medida da bebida

    1. Cada um recebe de Deus um dom particular, este de um modo, aquele de outro; 2. por isso, com algum escrpulo que estabelecemos ns a medida para a alimentao de outros; 3. noentanto, atendendo necessidade dos fracos, achamos ser suficiente, para cada um, uma hminade vinho por dia. 4. Aqueles, porm, aos quais Deus d a fora de tolerar a abstinncia, saibamque recebero recompensa especial. 5. Se a necessidade do lugar, o trabalho ou o rigor do veroexigir mais, fique ao arbtrio do superior, considerando em tudo que no sobrevenha saciedade ouembriaguez. 6.Ainda que leiamos no ser absolutamente prprio dos monges fazer uso do vinho,como em nossos tempos disso no se podem persuadir os monges, ao menos convenhamos emque no bebamos at a saciedade, mas parcamente, 7. porque "o vinho faz apostatar mesmo ossbios". 8. Onde, porm, a necessidade do lugar exigir que nem a referida medida se possaencontrar, mas muito menos ou absolutamente nada, bendigam a Deus os que ali vivem e nomurmurem: 9. antes de tudo exortamo-los a que vivam sem murmuraes.

    Captulo 41 - A que horas convm fazer as refeies

    1. Da Santa Pscoa at Pentecostes, faam os irmos a refeio hora sexta e ceiem tarde. 2. Apartir de Pentecostes, entretanto, por todo o vero, se os monges no tm os trabalhos doscampos ou no os perturba o excesso do vero, jejuem quarta e sexta-feira at a hora nona; 3. nosdemais dias jantem hora sexta. 4. Se tiverem trabalho nos campos ou se o rigor do vero forexcessivo, o jantar deve ser mantido hora sexta: ao Abade caiba tomar a providncia. 5. E, assim,que tempere e disponha tudo, de modo que as almas se salvem e que faam os irmos, sem justamurmurao, o que tm de fazer. 6. De 14 de setembro at o incio da Quaresma faam a refeiosempre hora nona. 7. Durante a Quaresma, entretanto, at a Pscoa faam-na hora deVsperas. 8. Sejam essas celebradas de tal modo, que os irmos no precisem, refeio, da luz deuma lmpada, mas que tudo esteja terminado com a luz do dia. 9. E mesmo em todas as pocasesteja tanto a hora da Ceia como a do jantar de tal modo disposta, que tudo se faa sob a luz dodia.

    Captulo 42 - Que ningum fale depois das Completas

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    1. Os monges devem, em todo tempo, esforar-se por guardar o silncio, mas principalmente nashoras da noite. 2. Por isso, em qualquer poca do ano, seja de jejum, seja a poca em que hjantar;3. se for poca em que h jantar, logo que se levantarem da refeio, sentem-se todosjuntos e leia um deles as Colaes ou as "Vidas dos Pais", ou mesmo outra coisa que edifique osouvintes; 4.no, porm, o Heptateuco ou o livro dos Reis, porque no seria til, s intelignciasfracas, ouvir essas partes da Escritura, nesta hora; sejam lidas, porm, em outras horas. 5. Se,entretanto, for dia de jejum, recitadas as Vsperas, depois de pequeno intervalo, dirijam-se logopara a leitura das Colaes, conforme dissemos; 6. e, lidas quatro ou cinco folhas ou quanto ahora permitir, 7. renam-se todos os que vo chegando no decorrer da leitura, isto no caso dealgum ter ficado ocupado em ofcio que lhe fora confiado. 8. Estando, pois, todos juntos, recitemas Completas; saindo das Completas, no haja mais licena para ningum falar o que quer queseja. 9. Se algum for encontrado transgredindo esta regra do silncio, seja submetido a severocastigo; 10. exceto se sobrevier alguma necessidade da parte dos hspedes ou se, por acaso, oAbade ordenar alguma coisa a algum. 11. Mas mesmo isso seja feito com suma gravidade ehonestssima moderao.

    Captulo 43 - Dos que chegam tarde ao Ofcio Divino ou mesa

    1. Na hora do Ofcio Divino, logo que for ouvido o sinal, deixando tudo que estiver nas mos,corra-se com toda a pressa, 2. mas com gravidade, para que a escurrilidade no encontreincentivo. 3.Portanto nada se anteponha ao Ofcio Divino. 4. Se algum chegar s Vigliasnoturnas depois do "Glria" do salmo nonagsimo quarto, que, por isso, queremos que seja ditode modo muito prolongado e vagarosamente, no fique no lugar de sua ordem no coro, 5. mas noltimo de todos ou em lugar parte determinado pelo Abade para tais negligentes, a fim de quesejam vistos por ele e por todos; 6. at que, terminado o Ofcio Divino, faa penitncia porpblica satisfao. 7. Se achamos que devem ficar no ltimo lugar ou em lugar separado, paraque, vistos por todos, ao menos, pela prpria vergonha, se emendem. 8. Pois se permanecessemfora do oratrio, haveria talvez algum que ou se acomodaria novamente e dormiria, ou ento seassentaria do lado de fora, ou se entregaria a conversas e daria ocasio ao maligno; 9. entrem,pois, no recinto para que nem tudo percam e da por diante, se emendem. 10. as Horas diurnas, oque ainda no tiver chegado ao Ofcio Divino depois do versculo e do "Glria" do primeiro salmoque se diz depois do referido versculo, fique no ltimo lugar, conforme a lei que estabelecemosacima: 11. nem presuma associar-se ao coro dos que salmodiam, at que tenha feito satisfao, ano ser que o Abade, pelo seu perdo, d licena, 12. mas, ainda assim, que o culpado satisfaa poressa falta. 13. Quanto mesa, quem no tiver chegado antes do versculo, de modo que todosdigam o versculo e orem juntos e se sentem ao mesmo tempo mesa - 14. quem no tiverchegado a tempo, por negligncia ou culpa, seja castigado por este motivo at duas vezes; 15. sede novo no se emendar, no lhe seja permitida a participao mesa comum, mas faa a refeioa ss, 16. separado do consrcio de todos, sendo-lhe tirada a poro de vinho, at que tenha feitosatisfao, e se tenha emendado. 17. Seja tratado da mesma forma quem no estiver presente aoversculo que se diz depois da refeio. 18. E ningum presuma servir-se de algum alimento oubebida antes ou depois da hora estabelecida. 19. Mas quanto quele que no quis aceitar algumacoisa que lhe tenha sido oferecida pelo superior, na hora em que desejar aquilo que antes recusouou outra coisa qualquer, absolutamente nada receba, at conveniente emenda.

    Captulo 44 - Como devem fazer satisfao os que tiverem sido excomungados

    1. Aquele que por culpas graves tiver sido excomungado do oratrio e da mesa, na hora em que nooratrio se termina o Ofcio Divino, permanea prostrado diante das portas do oratrio, sem nadadizer, 2. com o rosto em terra, estendido e inclinado aos ps de todos os que saem dooratrio. 3. E faa isso por tanto tempo, at julgar o Abade que j est feita a satisfao. 4. Quandovier a ordem do Abade, lance-se aos ps do mesmo Abade e depois aos de todos, para que rezempor ele. 5. E, ento, se o Abade mandar, seja recebido no coro, no lugar de ordem que o Abadedeterminar; 6.mas de tal modo que no presuma entoar, no oratrio, salmo ou lio ou o quequer que seja, sem que, de novo o Abade ordene. 7. E em todas as Horas, ao terminar o OfcioDivino, prostre-se por terra, no lugar onde estiver; 8. e assim d satisfao at que, de novo, lheordene o Abade que cesse da por diante essa satisfao. 9. Aqueles que, por culpas leves, soexcomungados apenas da mesa, faam satisfao no oratrio, at a ordem do Abade. 10. Faam-naat que o Abade os abenoe e diga: Basta.

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    Captulo 45 - Dos que erram no oratrio

    1. Se algum errar quando recitar um salmo, responsrio, antfona ou lio, e se no se humilhar,ali mesmo, diante de todos por uma satisfao, sofra castigo maior, 2. de vez que no quiscorrigir, pela humildade, a falta que cometeu por negligncia. 3. As crianas por tal falta recebampancadas.

    Captulo 46 - Daqueles que cometem faltas em quaisquer outras coisas

    1. Se algum, ocupado em qualquer trabalho na cozinha, no celeiro, no cumprimento de umaordem, na padaria, na horta, enquanto trabalha em algum ofcio e em qualquer lugar que seja,cometer alguma falta, 2. quebrar ou perder qualquer coisa, ou exceder-se em qualquer lugar 3. eno vier imediatamente, diante do abade e da comunidade, espontaneamente, satisfazer e revelaro seu delito,4. quando a culpa for conhecida por outro, seja submetido a maior castigo. 5. Mas, sea causa de seu pecado estiver escondida na alma, manifeste-o somente ao abade ou aosconselheiros espirituais,6. a algum que saiba curar as prprias chagas e as dos outros e no asrevela e conta em pblico.

    Captulo 47 - Como deve ser dado o sinal para o Ofcio Divino

    1. Esteja ao cuidado do Abade o dever de anunciar a hora do Ofcio Divino, de dia e de noite; eleprprio d o sinal ou ento encarregue desse cuidado a um irmo de tal modo solcito, que todasas coisas se realizem nas horas competentes. 2. Entoem os salmos e antfonas, depois do Abade,na respectiva ordem, aqueles aos quais for ordenado. 3. No presuma cantar ou ler, a no serquem pode desempenhar esse ofcio de modo que se edifiquem os ouvintes; 4. e seja feito comhumildade, gravidade e tremor por quem o Abade tiver mandado.

    Captulo 48 - Do trabalho manual cotidiano

    1. A ociosidade inimiga da alma; por isso, em certas horas devem ocupar-se os irmos com otrabalho manual, e em outras horas com a leitura espiritual. 2. Pela seguinte disposio, cremospoder ordenar os tempos dessas duas ocupaes: 3. isto , que da Pscoa at o dia 14 de setembro,saindo os irmos pela manh, trabalhem da primeira hora at cerca da quarta, naquilo que fornecessrio. 4. Da hora quarta at mais ou menos o princpio da hora sexta, entreguem-se leitura. 5. Depois da sexta, levantando-se da mesa, repousem em seus leitos com todo o silncio;se acaso algum quiser ler, leia para si, de modo que no incomode a outro. 6. Celebre-se a Noamais cedo, pelo fim da oitava hora, e de novo trabalhem no que for preciso fazer at a tarde. 7. Se,porm, a necessidade do lugar ou a pobreza exigirem que se ocupem, pessoalmente, em colher osprodutos da terra, no se entristeam por isso, 8. porque ento so verdadeiros monges se vivemdo trabalho de suas mos, como tambm os nossos Pais e os Apstolos. 9. Tudo, porm, se faacomedidamente por causa dos fracos. 10. De 14 de setembro at o incio da Quaresma,entreguem-se leitura at o fim da hora segunda, 11. no fim da qual se celebre a Tera; e at ahora nona trabalhem todos nos afazeres que lhes forem designados. 12. Dado o primeiro sinal danona hora, deixem todos os seus respectivos trabalhos e preparem-se para quando tocar osinal. 13. Depois da refeio, entreguem-se s suas leituras ou aos salmos. 14. Nos dias daQuaresma, porm, da manh at o fim da hora terceira, entreguem-se s suas leituras, e at o fimda dcima hora trabalhem no que lhes for designado. 15. Nesses dias de Quaresma, recebam todosrespectivamente livros da biblioteca e leiam-nos pela ordem e por inteiro; 16. esses livros sodistribudos no incio da Quaresma. 17. Antes de tudo, porm, designem-se um ou dois dos maisvelhos, os quais circulem no mosteiro nas horas em que os irmos se entregam leitura 18. evero se no h, por acaso, algum irmo tomado de acdia, que se entrega ao cio ou sconversas, e no est aplicado leitura e no somente intil a si prprio como tambm distraios outros. 19. Se um tal for encontrado, o que no acontea, seja castigado primeira e segundavez: 20. se no se emendar, seja submetido correo regular de tal modo que os demaistemam. 22. Que um irmo no se junte a outro em horas inconvenientes. 23. Tambm nodomingo, entreguem-se todos leitura, menos aqueles que foram designados para os diversosofcios. 24. Se, entretanto, algum for to negligente ou relaxado, que no queira ou no possameditar ou ler, determine-se-lhe um trabalho que possa fazer, para que no fique toa. 25. Aosirmos enfermos ou delicados designe-se um trabalho ou ofcio, de tal sorte que no fiquemociosos nem sejam oprimidos ou afugentados pela violncia do trabalho; 26. a fraqueza dessesdeve ser levada em considerao pelo Abade.

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    Captulo 49 - Da observncia da Quaresma

    1. Se bem que a vida do monge deva ser, em todo tempo, uma observncia de Quaresma, 2. como,porm, esta fora de poucos, por isso aconselhamos os monges a guardarem, com toda a pureza,a sua vida nesses dias de Quaresma 3. e tambm a apagarem, nesses santos dias, todas asnegligncias dos outros tempos. 4. E isso ser feito dignamente, se nos preservamos de todos osvcios e nos entregamos orao com lgrimas, leitura, compuno do corao e abstinncia. 5. Acrescentemos, portanto, nesses dias, alguma coisa ao encargo habitual da nossaservido: oraes especiais, abstinncia de comida e bebida; 6. e assim oferea cada um a Deus, deespontnea vontade, com a alegria do Esprito Santo, alguma coisa alm da medida estabelecidapara si; 7. isto : subtraia ao seu corpo algo da comida, da bebida, do sono, da conversa, daescurrilidade, e, na alegria do desejo espiritual, espere a Santa Pscoa. 8. Entretanto, mesmoaquilo que cada um oferece, sugira-o ao seu Abade, e seja realizado com a orao e a vontadedele, 9. pois o que feito sem a permisso do pai espiritual ser reputado como presuno evanglria e no como digno de recompensa. 10. Portanto, tudo deve ser feito com a vontade doAbade.

    Captulo 50 - Dos irmos que trabalham longe do oratrio ou esto em viagem

    1. Os irmos que se encontram em um trabalho to distante que no podem acorrer na devidahora ao oratrio, 2. e tendo o Abade ponderado que assim , 3. celebrem o Ofcio Divino alimesmo onde trabalham, dobrando os joelhos, com temor divino. 4. Da mesma forma, os que somandados em viagem no deixem passar as horas estabelecidas, mas celebrem-nas consigomesmos, como podem e no negligenciem cumprir com o encargo de sua servido.

    Captulo 51 - Dos irmos que partem para no muito longe

    1. No presuma comer fora o irmo que mandado a um afazer qualquer e que esperado nomosteiro no mesmo dia, ainda que seja instantemente convidado por qualquer pessoa; 2. a noser que, porventura, o Abade lhe tenha dado ordem para isso. 3. Se proceder de outra forma, sejaexcomungado.

    Captulo 52 - Do oratrio do mosteiro

    1. Que o oratrio seja o que o nome indica, nem se faa ou se guarde ali coisa alguma que lhe sejaalheio. 2. Terminado o Ofcio Divino, saiam todos com sumo silncio e tenha-se reverncia paracom Deus; 3. de modo que se acaso um irmo quiser rezar em particular, no seja impedido pelaimoderao de outro. 4. Se tambm outro, porventura, quiser rezar em silncio, entresimplesmente e ore, no com voz clamorosa, mas com lgrimas e pureza de corao. 5. Quem noprocede desta maneira, no tenha, pois, permisso de, terminado o Ofcio Divino, permanecer nooratrio, como foi dito, para que outro no venha a ser perturbado.

    Captulo 53 - Da recepo dos hspedes

    1. Todos os hspedes que chegarem ao mosteiro sejam recebidos como o Cristo, pois Ele prprioir dizer: "Fui hspede e me recebestes". 2. E se dispense a todos a devida honra, principalmenteaos irmos na f e aos peregrinos. 3. Logo que um hspede for anunciado, corra-lhe ao encontro osuperior ou os irmos, com toda a solicitude da caridade; 4. primeiro, rezem em comum e assimse associem na paz. 5. No seja oferecido esse sculo da paz sem que, antes, tenha havido aorao, por causa das iluses diablicas. 6. Nessa mesma saudao mostre-se toda a humildade.Em todos os hspedes que chegam e que saem, adore-se, 7. com a cabea inclinada ou com todo ocorpo prostrado por terra, o Cristo que recebido na pessoa deles. 8. Recebidos os hspedes,sejam conduzidos para a orao e depois sente-se com eles o superior ou quem esseordenar. 9. Leia-se diante do hspede a lei divina para que se edifique e depois disso apresente-se-lhe um tratamento cheio de humanidade. 10. Seja o jejum rompido pelo superior por causa doshspedes; a no ser que se trate de um dos dias principais de jejum, que no se possaviolar; 11. mas os irmos continuem a observar as normas de jejum. 12. Que o Abade sirva a guapara as mos dos hspedes; 13. lave o Abade, bem assim como toda a comunidade, os ps de todosos hspedes; 14. depois de lav-los, digam o versculo: "Recebemos, Senhor, vossa misericrdia nomeio de vosso templo". 15. Mostre-se principalmente um cuidado solcito na recepo dos pobrese peregrinos, porque sobretudo na pessoa desses, Cristo recebido; de resto o poder dos ricos,por si s, j exige que se lhes prestem honras. 16. Seja a cozinha do Abade e dos hspedes

  • 6/10/2014 Regra de So Bento (c. 530) | Histria Medieval - Prof. Dr. Ricardo da Costa

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    separada, de modo que os irmos no sejam incomodados, com a chegada, em horas incertas, doshspedes, que nunca faltam no mosteiro. 17. Entrem todos os anos para o trabalho dessa cozinhadois irmos que desempenhem bem esse ofcio. 18. Sejam-lhes concedidos auxiliares quandoprecisarem, para que sirvam sem murmurao; e do mesmo modo, quando tm menos ocupao,deixem esse ofcio, para trabalhar no que lhes for ordenado. 19. E no s em relao a esses, masem todos os ofcios do mosteiro, seja este o critrio: se precisarem de auxiliares, 20. sejam-lhesconcedidos; por outro lado, quando esto livres, obedeam ao que lhes for ordenado. 21. Domesmo modo, cuide do recinto reservado aos hspedes um irmo cuja alma seja possuda pelotemor de Deus: 22. haja ali leitos suficientemente arrumados e seja a casa de Deus sabiamenteadministrada por monges sbios. 23. De modo algum se associe ou converse com os hspedesquem no tiver recebido permisso: 24. se encontrar ou vir algum deles, sade-o humildemente,como dissemos, e, pedida a bno, afaste-se, dizendo no lhe ser permitido conversar com oshspedes.

    Captulo 54 - Se o monge deve receber cartas ou qualquer outra coisa

    1. No seja permitido de modo algum o monge receber ou enviar a seus pais ou a qualquer pessoaou um ao outro cartas, eulgias, ou quaisquer pequenos presentes, sem permisso do abade. 2. Etambm, se alguma coisa lhe for enviada pelos seus pais, no presuma receb-la sem que sejamostrada ao Abade. 3. Se ordenar que a receba, esteja ainda no poder do Abade ordenar a quem acoisa deve ser dada: 4. e no se entristea o irmo a quem, porventura, a coisa fora enviada, a fimde no dar ocasio ao diabo. 5. Quem presumir proceder de outra maneira, seja submetido disciplina regular.

    Captulo 55 - Do vesturio e do calado dos irmos

    1. Sejam dadas vestes aos irmos de acordo com as condies e temperatura dos lugares em quehabitam 2. porque, nas regies frias, tem-se necessidade de mais, e nas quentes, demenos. 3. Cabe ao Abade a considerao disso. 4. Cremos, porm, que, para os lugares detemperatura mediana, aos monges so suficientes uma cogula e uma tnica para cada um: 5. acogula felpuda no inverno, fina ou mais usada no vero, 6. e um escapulrio para o trabalho; paraos ps: meias e calado. 7. No se preocupem os monges com a cor e qualidade de todas essascoisas, mas sejam as que se puderem encontrar no lugar onde moram e as que puderem seradquiridas mais barato. 8. Providencie o Abade a respeito da medida, para que estas vestes nofiquem curtas para quem as usa, mas de boa medida. 9. Os que recebem novas entreguemsempre, ao mesmo tempo, as velhas, que devem ser recolocadas na rouparia, para ospobres. 10. Basta ao monge possuir duas tnicas e duas cogulas, para a noite e para poder lav-las; 11. o que houver a mais suprfluo e deve ser cortado. 12. E devolvam tambm os calados etudo o que est velho, quando recebem os novos. 13. Os que so mandados em viagem recebamcalas, da rouparia, e devolvam-nas lavadas, ao mesmo lugar, quando voltarem. 14. Suas cogulas etnicas sejam um pouco melhores que as de costume; recebam-nas da rouparia e, voltando,restituam-nas. 15. Como peas que guarnecem o leito, bastam uma esteira, uma colcha, umcobertor e um travesseiro. 16. Esses leitos devem ser freqentemente revistados pelo Abade paraque no haja ali coisas particulares. 17. E aquele com quem for encontrada alguma coisa que norecebeu do Abade, seja submetido a pesadssimo castigo. 18. E para que este vcio da propriedadeseja amputado pela raiz, seja dado pelo Abade tudo o que necessrio, 19. isto : cogula, tnica,meias, calado, cinto, faca, estilete, agulha, leno, tabuinhas, para que se tire a todos a desculpade necessidade. 20. No entanto, considere sempre o Abade aquela sentena dos Atos dosApstolos que diz: "Era dado a cada um conforme precisava". 21. Assim, pois, considere o Abadeas fraquezas dos que precisam e no a m vontade dos invejosos. 22. Mas, em todas as suasdecises, pense na retribuio de Deus.

    Captulo 56 - Da mesa do Abade

    1. Tenha sempre o Abade a sua mesa com os hspedes e peregrinos. 2. Toda vez, porm, que noh hspedes, esteja em seu poder chamar dentre os irmos os que quiser; 3. mas um ou dois dosmais velhos devem sempre ser deixados com os irmos, por causa da disciplina.

    Captulo 57 - Dos artistas do mosteiro

    1. Se h artistas no mosteiro, que executem suas artes com toda a humildade, se o Abade o

  • 6/10/2014 Regra de So Bento (c. 530) | Histria Medieval - Prof. Dr. Ricardo da Costa

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    permitir. 2. E se algum dentre eles se ensoberbece em vista do conhecimento que tem de sua arte,pois parece-lhe que com isso alguma vantagem traz ao mosteiro, 3. que seja esse tal afastado desua arte e no volte a ela a no ser que, depois de se ter humilhado, o Abade, porventura, lheordene de novo. 4. Se, dentre os trabalhos dos artistas, alguma coisa deve ser vendida, cuidemaqueles por cujas mos devem passar essas coisas de no ousar cometer algumafraude. 5. Lembrem-se de Ananias e Safira, para que a mesma morte que esses mereceram nocorpo no venham a sofrer na alma 6. aqueles e todos os que cometerem alguma fraude com osbens do mosteiro. 7. Quanto aos prprios preos, que no se insinue o mal da avareza, 8. masvenda-se sempre um pouco mais barato do que pode ser vendido pelos seculares, 9. para que emtudo seja Deus glorificado.

    Captulo 58 - Da maneira de proceder recepo dos irmos

    1. Apresentando-se algum para a vida monstica, no se lhe conceda fcil ingresso, 2. mas, comodiz o Apstolo: "Provai os espritos, se so de Deus". 3. Portanto, se aquele que vem, perseverarbatendo porta e se depois de quatro ou cinco dias, sendo-lhe feitas injrias e dificuldade paraentrar, parece suportar pacientemente e persistir no seu pedido 4. conceda-se-lhe o ingresso, epermanea alguns dias na cela dos hspedes. 5. Fique, depois, na cela dos novios, onde esses seexercitam, comem e dormem. 6. Seja designado para eles um dos mais velhos, que seja apto aobter o progresso das almas e que se dedique a eles com todo o interesse. 7. Que haja solicitudeem ver se procura verdadeiramente a Deus, se solcito para com o Ofcio Divino, a obedincia eos oprbrios. 8. Sejam-lhe dadas a conhecer, previamente, todas as coisas duras e speras pelasquais se vai a Deus. 9. Se prometer a perseverana na sua estabilidade, depois de decorridos doismeses, leia-se-lhe por inteiro esta Regra, 10. e diga-se-lhe: Eis a lei sob a qual queres militar: sepodes observ-la entra; mas se no podes, sai livremente. 11. Se ainda ficar, seja ento conduzido referida cela dos novios e seja de novo provado, em toda pacincia. 12. Passados seis meses, leia-se-lhe a Regra, a fim que saiba para o que ingressa. 13. Se ainda permanece, depois de quatromeses, releia-se-lhe novamente a mesma Regra. 14. E se, tendo deliberado consigo mesmo,prometer guardar todas as coisas e observar tudo quanto lhe for ordenado, seja ento recebido nacomunidade,15. sabendo estar estabelecido, pela lei da Regra, que a partir daquele dia no lhe mais lcito sair do mosteiro, 16. nem retirar o pescoo ao jugo da Regra, a qual lhe foi permitidorecusar ou aceitar por to demorada deliberao. 17. No oratrio, diante de todos, prometa o quevai ser recebido a sua estabilidade e conversao de seus costumes, e a obedincia, 18. diante deDeus e de seus Santos, a fim de que, se alguma vez proceder de outro modo, saiba que sercondenado por aquele de quem zomba. 19. Desta sua promessa faa uma petio no nome dosSantos cujas relquias a esto e do Abade presente. 20.Escreva tal petio com sua prpria mo;ou ento, se no souber escrever, escreva outro rogado por ele, e que o novio faa um sinal e acoloque com sua prpria mo sobre o altar. 21. Quando a tiver colocado, comece logo o seguinteversculo: Suscipe me, Domine, secundum eloquium tuum et vivam, et non confundas me abexpectatione mea. 22. Responda toda a comunidade este versculo, por trs vezes,acrescentando: Gloria Patri. 23. Prosterna-se, ento, o irmo novio aos ps de cada um para queorem por ele; e j daquele dia em diante seja considerado na comunidade. 24. Se possui quaisquerbens, ou os distribua antes aos pobres, ou, por solene doao, os confira ao mosteiro, nadareservando para si de todas essas coisas: 25. pois sabe que, deste dia em diante, nem sobre oprprio corpo ter poder. 26. Portanto, seja logo no oratrio despojado das roupas seculares comque est vestido, e seja vestido com as roupas do mosteiro. 27. As vestes que despiu sejamcolocadas na rouparia, onde devem ser conservadas, 28. para que, se algum dia, por persuaso dodemnio, consentir em sair do mosteiro - que isso no acontea! - seja expulso, despido dasroupas do mosteiro. 29. No lhe seja entregue, porm, aquela sua petio que o Abade tirou decima do altar, mas fique guardada no mosteiro.

    Captulo 59 - Dos filhos dos nobres ou dos pobres que so oferecidos

    1. Se porventura, algum nobre oferece o seu filho a Deus no mosteiro, se o jovem de menoridade faam os seus pais a petio de que falamos acima; 2. e envol