Registo ed186

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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 22 de Dezembro de 2011 | ed. 186 | 0.50 O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284 PUB Economia A Câmara de Évora aprovou o plano de actividade e orçamento para 2012, no valor de 102 milhões de euros. Os documentos, que vão ser submetidos à aprovação da Assembleia Municipal, passaram com os votos favoráveis dos vereadores do PS, a abstenção do PSD e os votos contra dos autarcas da CDU. Previstos aumentos na tarifa de água. PCP diz ser necessário “saneamento financeiro” da autarquia. 03 D.R. Trabalho escravo preocupa bispo D. Vitalino Dantas denuncia intermediários que exploram trabalhadores asiáticos. O bispo de Beja denuncia indícios de “traba- lho escravo” de asiáticos. A propósito do Dia Internacional do Migrante, D. Vitalino Dan- tas regista que há estrangeiros a trabalhar dia e noite em explorações agrícolas alentejanas. “Em certos sectores, especialmente na Agri- cultura, faz recurso a grandes grupos sobre- tudo de países asiáticos que vêm e ficam quase num gueto…ali fechados. Creio que haverá talvez alguma espécie de trabalho escravo. Estão habituados lá nos seus paí- ses a um trabalho mais escravo ainda sem grandes direitos”. As autoridades policiais garantem que vão reforçar a vigilância. Câmara de Évora aprova orçamento Comércio Sucesso em tempo de crise Pág.08 Há três anos o grupo Dou- rado Distribuição decidiu investir numa loja gourmet no centro de Évora, para dar mais visibilidade aos produtos que a empresa há décadas distribuiu por todo o país, sobretudo no sector vinícola. Este ano, apesar da crise, a loja aumentou o volume de facturação em 23%. D.R. 05 05 D.R. Campo Maior “Case study” demográfico Pág.09 O concelho de Campo Maior é o único do distrito de Portalegre e um dos poucos alentejanos que ga- nhou população na última década, com um aumento de 4,84 por cento, segundo dados dos Censos 2011. D.R. 03

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Edição 186 do Semanário Registo

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www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 22 de Dezembro de 2011 | ed. 186 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

266771284

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Economia A Câmara de Évora aprovou o plano de actividade e orçamento para 2012, no valor de 102 milhões de euros. Os documentos, que vão ser submetidos à aprovação da Assembleia Municipal, passaram com os votos favoráveis dos vereadores do PS, a abstenção do PSD e os votos contra dos autarcas da CDU. Previstos aumentos na tarifa de água. PCP diz ser necessário “saneamento financeiro” da autarquia.

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Trabalho escravo preocupa bispoD. Vitalino Dantas denuncia intermediários que exploram trabalhadores asiáticos.O bispo de Beja denuncia indícios de “traba-lho escravo” de asiáticos. A propósito do Dia Internacional do Migrante, D. Vitalino Dan-tas regista que há estrangeiros a trabalhar dia e noite em explorações agrícolas alentejanas.

“Em certos sectores, especialmente na Agri-cultura, faz recurso a grandes grupos sobre-tudo de países asiáticos que vêm e ficam quase num gueto…ali fechados. Creio que haverá talvez alguma espécie de trabalho

escravo. Estão habituados lá nos seus paí-ses a um trabalho mais escravo ainda sem grandes direitos”. As autoridades policiais garantem que vão reforçar a vigilância.

Câmara de Évora aprova orçamento

ComércioSucesso em tempo de crisePág.08 Há três anos o grupo Dou-rado Distribuição decidiu investir numa loja gourmet no centro de Évora, para dar mais visibilidade aos produtos que a empresa há décadas distribuiu por todo o país, sobretudo no sector vinícola. Este ano, apesar da crise, a loja aumentou o volume de facturação em 23%.

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Campo Maior“Case study” demográficoPág.09 O concelho de Campo Maior é o único do distrito de Portalegre e um dos poucos alentejanos que ga-nhou população na última década, com um aumento de 4,84 por cento, segundo dados dos Censos 2011.

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A Abrir

Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected]) Editor Luís Godinho

Propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 751 179 fax 266 751 179 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento Comercial Teresa Mira ([email protected]) Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Fotografia Luís Pardal (editor) Colaboradores Pedro Galego; Carlos Moura; Capoulas Santos; Carlos Sezões; Margarida Pedrosa; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; Luís Martins; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 ERC.ICS 125430 Tiragem 10.000 ex Distribuição Nacional

Periodicidade Semanal/Quinta-Feira Nº.Depósito Legal 291523/09 Distribuição Miranda Faustino, Lda

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

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w.egoisthedonism.w

ordpress.comPedro H

enriques | Cartoonista

“Kim Jong-Il”

José Sócrates, ex-primeiro ministro de Portugal, defendeu numa Conferência em Paris, que é essencial apostar no financiamento para desenvolver a eco-nomia.

“Para pequenos países como Portu-gal e Espanha, pagar a dívida é uma ideia de criança. As dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se. Foi assim que eu estudei”, afirmou o ex-primeiro ministro José Sócrates, em Paris.

Ainda a procissão se encontrava no adro e vem o vice-presidente da banca-da parlamentar do PS, Pedro Nuno Santos, num jantar de Natal do PS em Castelo de Paiva, lançar mais gasolina para esta vasta fogueira.

Deixou-nos umas “brilhantes” frases que também se tornaram célebres. Até parece que esta triste ideia pegou den-tro do principal partido da oposição.

“Estou a marimbar-me que nos cha-mem irresponsáveis. Temos uma bom-ba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagarmos [a dívida].” Esta foi uma das frases mais bombástica usada por este protagoni-sta.

“Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos”, acrescentou Pedro Nuno Santos. Mais: “Se não pagarmos a dívida e se lhes dissermos, as pernas dos banqueiros alemães até tremem.” Foi assim que este elemento do PS se referiu à forma de pagamento da divida do estado português.

Parece-me que o mundo está a ficar virado às avessas. Como é que estas pes-soas têm o descaramento de afirmarem da não necessidade em se honrarem os compromissos do estado português? Pessoas estas, com fortíssimas respon-sabilidades na divida criada aos portu-gueses.

Num período em que é pedido um es-forço colossal aos portugueses, às suas empresas e ao próprio estado, como é possível tamanho descaramento?

Se ainda restassem algumas dúvidas, ficamos a perceber como é que estas pessoas encaram o problema da dívida, da sua expansão e do seu pagamento. Por isso chegámos à situação em que nos encontramos.

Foi graças a estes senhores que o País ficou altamente condicionado, inclu-sive na sua autonomia, perante orga-nizações internacionais que esperam uma resposta responsável dos gover-nantes e de todos os portugueses.

O que se fez em Portugal ao longo dos últimos anos foi altamente desas-troso. Sofremos agora por todos esses males então criados. Temos o Governo português a procurar corrigir o mais rapidamente possível todos estes prob-lemas. Estas correcções são dolorosas,

Não pagamos?António CostA dA silvAEconomista

Fez esta semana, precisamente 50 anos, que, «a morte saiu à rua», e a famigerada PIDE assassinou, a tiro, o artista militante José Dias Coelho, assinando um dos seus múltiplos e hediondos crimes.

Em todos os tempos a cultura sem-pre foi perseguida pelos opressores, e a actual opressão por uma entidade parda, denominada os mercados, não é excepção.

A cultura e o conhecimento, podem ser, e são, caminhos para a aquisição da autonomia, da consciência crítica e da transformação social na medida em que reflectem, criticam e denun-ciam as desigualdades e os abusos por parte dos opressores. “Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pres-supõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro.” (Albert Ca-mus)

Como é dito no Manifesto em defe-sa da Cultura, recentemente apresen-tado por um grupo de personalidades ligadas à cultura, tais como Alice Vieira, José Barata Moura, ou João Botelho, “A Cultura enquanto serviço público que assegura o direito de to-dos ao acesso, à criação e à fruição cultural. A Cultura, elemento cen-tral na formação da consciência da soberania e da identidade nacional, dialogando, de igual para igual, com toda a cultura de todos os povos do mundo. A Cultura, com o seu imenso potencial de criação, liberdade, trans-

formação e resistência. A Cultura que, tal como a emancipação do trab-alho, é parte essencial do património do futuro.”

Infelizmente, no nosso concelho, a política cultural é um autêntico de-sastre, com os agentes culturais em situação de ruptura e com a gestão PS sem qualquer capacidade de re-alização de actividades culturais de relevo.

Exemplo desta lamentável situa-ção, é a situação dramática vivida pela companhia teatral CENDREV, situação que se deve aos cortes imp-ostos pelo anterior, e pelo actual Gov-erno, e ao atraso no pagamento dos subsídios municipais.

Como é dito no texto da petição, «O Homem não se alimenta só de pão», que está a correr on-line, “Cada vez que uma companhia de teatro de-saparece, é Mozart que assassinam, podia ter dito Saint-Exupéry. Virá a cidade de Évora a ser o local dessa acção criminosa?”

Outros exemplos são altamente alarmantes, como o encerramento do Museu do Artesanato, património das artes populares, importante in-strumento da salvaguarda da nossa identidade, ou a desclassificação do Museu de Évora através da passagem da sua tutela do Instituto dos Museus e Conservação (IMC) para a Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), desaparecendo assim o único museu que ao sul do Tejo fazia parte da rede pública de museus.

Mas, como diz Barata Moura, “O Portugal de Abril não é um episódio revoluto, não é um capítulo encer-rado, não é uma galeria de esperan-ças desmaiadas. O Portugal de Abril, uma vez lançado às águas da história do nosso povo, é uma obra de mui-tos maios que continua a desafiar a imaginação, a lucidez, o trabalho, de um destino colectivo nosso que – apesar, dentro e para além de todas as vicissitudes desfavoráveis e con-trárias – não abdicamos de escrever e de inscrever no corpo das realidades.”

A morte saiu à rua num dia assimVão dizendo em toda a parte o Pintor morreu(Zeca Afonso)

ClArA GráCioProfessora na Universidade de Évora

mas não podemos esquecer quem são os responsáveis pela criação desta tor-mentosa situação, a qual temos obriga-toriamente de nos livrar.

Com a comunidade internacional e os nossos credores com os olhos postos em nós, este tipo de afirmações vêm preju-dicar ainda mais o nosso País. Espero que o principal partido da oposição as-suma as suas responsabilidades e que contribuía para a resolução dos prob-lemas existentes.

Não estamos em maré de demagogias baratas, mas sim numa fase em que o contributo positivo de todos é funda-mental.

È também fundamental reagir a esta crise e perspectivar um futuro melhor para todos os portugueses. É este o meu desejo de Natal.

“Em todos os tempos a cultura sempre foi per-seguida pelos opressores, e a actual opressão por uma entidade parda, denomi-nada os mercados, não é excepção”.

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Actualdocumento aprovado com os votos favoráveis dos autarcas do Ps, abstenção do Psd e votos contra do PCP.

Câmara de Évora aprova orçamento de 102 milhões

A Câmara de Évora aprovou o plano de ac-tividade e orçamento para 2012, no valor de 102 milhões de euros. Os documentos, que vão ser submetidos à aprovação da Assembleia Municipal, passaram com os votos favoráveis dos vereadores do PS, a abstenção do PSD e os votos contra dos autarcas da CDU.

O presidente da autarquia alerta no entanto para a dificuldade em atingir os objectivos em termos de receita só com recursos próprios da autarquia. “Tudo de-pende da vontade que o Governo tiver em criar mecanismos legislativos que permi-tam à câmara, a prazo, ter acesso a crédito que nos permita atingir esse valor”, diz José Ernesto Oliveira.

De acordo com o autarca, o montante de 102 milhões de euros corresponde à verba necessária para manter a actividade da Câmara e “pagar toda a dívida que temos a fornecedores”, entre os quais a Águas do Centro Alentejo.

“Se o Governo vier a decidir criar linhas de crédito ou perspectivas de contracção de empréstimo, tal como o próprio tem em exercício com a chamada ajuda exter-na, e se isso for possível aos municípios, conseguiremos as verbas necessárias para cumprir este orçamento”. Caso con-trário, “o município por si só terá muitas dificuldades em concretizar os objectivos do orçamento”.

Presidente da autarquia quer aceder a crédito para pagar a fornecedores, in-cluindo à empresa águas do Centro Alentejo.

O vereador da CDU Eduardo Luciano considera o documento “extraordinaria-mente empolado” e dá como exemplo a receita deste ano: “A receita previsível de 2011 são 40 milhões de euros”, pelo que “um orçamento de 102 milhões está, cla-ramente, desfasado da realidade”, refere (ver caixa).

Já o vereador social-democrata Antó-nio Dieb destacou que o PSD “conseguiu que, pela primeira vez em muitos anos, fosse analisada toda realidade do muni-cípio e apresentado um orçamento com valores reais e totais dos compromissos assumidos”.

“O que se passou na câmara foi que du-

rante vários anos não foram orçamenta-dos compromissos assumidos e aquilo que se passa, neste momento, é que a ver-dade está explanada neste documento”, afirmou o autarca à Diana FM.

António Dieb referiu ainda que é ne-cessário encontrar “instrumentos ade-quados”, para ser “possível regularizar os compromissos perante os fornecedores e atingir o reequilíbrio financeiro”.

O plano e o orçamento do município foram aprovados na sexta-feira, em reu-nião de câmara extraordinária, com os votos favoráveis dos três eleitos do PS, a abstenção do vereador do PSD e os votos contra da CDU.

Orçamento “passou” na Câmara mas ainda irá a debate na Assembleia Municipal de Évora.

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Eduardo Lourenço, ensaísta, filóso-fo, professor universitário e prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora em 2001, foi distinguido com o prémio Pessoa 2011 pelo seu trabalho de reflexão crítica ao longo de mais de meio século.

A reedição da obra completa do ensaísta, um projecto coordenado cientificamente pela Universidade de Évora e financiado pela Fundação Gulbenkian, foi um dos motivos para a atribuição do prémio.

O júri do prémio refere que “num momento crítico da História e da so-ciedade portuguesa, torna-se imperio-so e urgente prestar reconhecimento ao exemplo de uma personalidade intelectual, cultural, ética e cívica que marcou o século XX português”.

Para o júri, do qual Eduardo Louren-ço foi membro até 1993, este prémio pretende prestigiar o filósofo e a sua intervenção na sociedade, “ao longo de décadas de dedicação, labor e curio-sidade intelectual, que o levaram à constituição de uma obra filosófica, ensaística e literária sem paralelo”.

Filósofo com Prémio Pessoa

Eduardo Lourenço

Em Dezembro a TREVO, empresa de transportes colectivos urbanos de Évora, volta a recuperar a acção “Trevolivre”. Durante todos os sába-dos, os clientes vão poder viajar na Linha Azul gratuitamente e fazer as suas compras de Natal no comércio tradicional de Évora.

Esta iniciativa que tem reunido muito sucesso junto da população tem como objectivos promover e incenti-var o recurso ao transporte colectivo.

“Esta acção permite dar a conhecer os serviços da TREVO e as suas vanta-gens, bem como permitir que toda a população possa deslocar-se conforta-velmente para fazer as suas compras de Natal e usufruir do nosso serviço de forma gratuita”, diz Pedro Deus, administrador da empresa.

Transportes à “borla”

Évora

O vereador do PCP na Câmara de Évora, Eduardo Luciano, diz que a situação da autarquia é “claramente de desequilíbrio financeiro conjuntural” que “aponta para a necessidade imperiosa de se avançar de imediato para um plano de saneamento financeiro”.

“A questão que se coloca hoje à maioria que gere o município é, para quando um plano de pagamentos e que plano de paga-mentos, sendo certo que a lei o irá impor”.

“Estes documentos previsionais re-flectem a real dimensão do desastre fi-nanceiro a que a gestão do PS e o garrote financeiro dos sucessivos governos con-duziram o município de Évora, estando plasmado nos seus números a dívida co-lossal do município”, acrescenta Eduardo Luciano, considerando tratar-se de um orçamento “gravoso” para os munícipes

Luciano defende “saneamento”uma vez que “não haverá qualquer obra nova a realizar nem investimento rele-vante a concretizar.

Para o vereador do PCP trata-se de um orçamento que para “tentar minimizar” os efeitos da “opção desastrosa de ade-rir ao sistema multimunicipal da Águas do Centro Alentejo” prevê um “aumento brutal das receitas provenientes da água e saneamento o que irá significar um au-mento preço da água aos consumidores na mesma proporção”.

Luciano reforça que no exercício de 2011 a CME “apresentou um orçamento corrigi-do de 71,6 milhões de euros. “Até ao final de Setembro a CME conseguiu executar o valor de 28,6 milhões de euros. Projectan-do este valor prevê-se que a CME conse-guirá, na melhor das hipóteses, uma exe-cução de 40 milhões de euros”.

“Reproduzindo, de forma muito opti-mista, esta realidade para 2012 percebe-se claramente que este não é seguramente um orçamento de verdade”, assinala.

PCP critica “desequilíbrio financeiro” da CME.

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Actual

Agregados familiares indicados por associações de solidariedade receberam vales de compras de 50 euros.

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A Câmara Municipal de Évora decidiu neste Natal utilizar a maior parte da ver-ba disponível para as iluminações de Na-tal no apoio às famílias mais carenciadas do concelho.

Denominada “Évora, distrito mágico”, a campanha foi desenvolvida em parceria com a Associação Comercial do Distrito de Évora e permitiu distribuir 10 mil eu-ros em vales de compras por famílias ca-renciadas do concelho.

Os agregados familiares foram refe-renciados pelas associações Pão e Paz e Cáritas Diocesana, sendo os vales, no montante de 50 euros, utilizados em es-tabelecimentos comerciais do concelho que aderiram à iniciativa. No total foram apoiados 210 agregados familiares, totali-zando mais de 500 munícipes.

A vereadora da Câmara de Évora, Cláu-dia Sousa Pereira, explicou que tal acção se insere na relação entre a Câmara e a Associação Comercial no que concerne à iluminação das ruas do Centro Histórico nesta quadra festiva, a qual visa atrair um maior número de pessoas ao centro da cidade e assim dinamizar mais as ven-das no comércio tradicional.

“Este ano nós preferimos trocar a ver-tente estética pela vertente solidária, ou seja, daquilo que estava previsto gastar em iluminações de rua retiramos apenas uma pequena verba para as iluminações que este ano estão aí e a maior parte da verba optámos por entregá-la às pessoas mais carenciadas”.

“Juntamente com duas associações que trabalham directamente com pessoas e famílias carenciadas - a Pão e Paz e a Cari-tas Diocesana - fizemos uma selecção dos mais carenciados e entregámos-lhe va-les no valor de 50 euros para utilizar em compras no comércio tradicional”, acres-centa Cláudia Sousa Pereira.

Campanha de Natal apoia 210 famílias carenciadasCampanha envolveu 500 pessoas nos concelhos de Évora e viana do Alentejo.

Segundo a autarca, “por ser novidade”, a iniciativa ainda não conta com uma grande adesão de representantes do co-mércio tradicional fora do Centro Históri-co, mais concretamente nos bairros e nas freguesias.

“Trata-se de uma iniciativa muito vá-lida, que vai representar o princípio de uma relação ainda melhor com a Associa-ção Comercial, não só na época natalícia, como noutras situações, nomeadamente na dinamização do Centro Histórico”, re-fere.

Em comunicado, a Associação Comer-cial do Distrito de Évora manifestou a sua satisfação pela forma como decorreu a campanha, não apenas em Évora mas também em Viana do Alentejo.

“Esta iniciativa propõe-se lançar uma onda de solidariedade entre todos, uma vez que ao fazerem-se as compras de Na-tal, nas lojas aderentes, se está a entrar numa cadeia de solidariedade entre os consumidores, o comércio local e os mu-nicípios”, refere este organismo.

Vales de compras podem ser trocados no comércio tradicional.

O município de Reguengos de Monsa-raz assinou o contrato de consignação das obras para a instalação da Biblio-teca Municipal no Palácio Rojão (an-tigo Palácio dos Condes de Monsaraz), um edifício construído em meados do século XIX.

Segundo a autarquia, a instalação da Biblioteca Municipal represen-ta um investimento de quase 1,4 milhões de euros, valor que integra a obra de construção civil, informati-zação, aquisição de mobiliário e uma colecção inicial de livros.

“Construir uma biblioteca moderna, agradável e bem equipada será muito importante para o processo educativo dos alunos que frequentam os estabele-cimentos de ensino do concelho, mas é também um espaço adequado para que todos os interessados possam consultar a vasta documentação e bibliografia existente no Arquivo Municipal”, diz o presidente da autarquia, José Calixto.

O Palácio Rojão, edifício que ao lon-go da sua existência tem estado ligado à cultura e à educação, albergando durante várias décadas as escolas do ensino preparatório e secundário, localiza-se no centro da cidade e tem uma tipologia que corresponde à de uma casa apalaçada com a arquitectu-ra exterior marcada por uma fachada principal com andar nobre com 14 ja-nelas de sacada iguais e uma de maior altura implantada no eixo da entrada. Interiormente, o edifício dispõe de várias dependências com pinturas murais e de tecto a cal e a fresco, no-meadamente nos átrios, na escadaria e numa das salas do segundo piso.

1,4 milhões para biblioteca

Reguengos

O produtor alentejano Serrano Mira - Sociedade Vinícola que gere a Herdade das Servas, em Estremoz, acaba de ser distinguido pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Ino-vação (IAPMEI) como estatuto de PME Líder, atribuído no âmbito do Programa FINCRESCE a empresas nacionais com perfis de desempenho superiores.

“É com muito entusiasmo que recebe-mos esta distinção. É importante na me-dida em que reforça a imagem e notorie-dade da Herdade das Servas, mas acima de tudo porque reflecte a qualidade do nosso trabalho num contexto económico e empresarial”, assinalam os proprietá-rios das Herdade das Servas, Carlos e Luís Serrano Mira.

“Investimento, criação de emprego, inovação e internacionalização são, cada vez mais, palavras de ordem no seio da

Servas ganham PME Líder

Herdade das Servas.” As PME Líder são empresas que pelas

suas qualidades de desempenho e perfil de risco se posicionem como motor da economia nacional em diferentes sectores de actividade, prosseguindo estratégias de crescimento e liderança competitiva.

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O coordenador da operação de Natal “10 milhões de estrelas – um gesto para a paz” considera que os portu-gueses “estão mobilizados” para a iniciativa cujas receitas revertem em 65% para as diversas Caritas diocesa-nas espalhadas pelo país, que se deba-tem actualmente com falta de recur-sos para responderem a um número crescente de famílias em dificuldades.

Todos os meses surgem cerca de 1400 novos pedidos de ajuda, o que equiva-le a uma média de 17 famílias por dia.

Através da compra de uma vela (1 euro), os portugueses vão estar tam-bém a contribuir (35% do montante recolhido) para apoiar as populações desfavorecidas da Somália, pais do nordeste africano que se debate hoje com a pior seca dos últimos 60 anos.

Velas solidárias

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Actual

d. vitalino dantas diz ter constatado a presença de intermediários que exploram trabalhadores asiáticos.

Bispo de Beja denuncia ”indícios“ de trabalho escravo no Alentejo

O Bispo de Beja denuncia indícios de “tra-balho escravo” de asiáticos no Alentejo. Em declarações feitas à Renascença a pro-pósito do Dia Internacional do Migrante, D. Vitalino Dantas regista que há estran-geiros a trabalhar dia e noite em explora-ções agrícolas alentejanas.

“Em certos sectores, especialmente na Agricultura, faz recurso a grandes grupos sobretudo de países asiáticos que vêm e ficam quase num gueto…ali fechados. Creio que haverá talvez alguma espécie de trabalho escravo. Estão habituados lá nos seus países a um trabalho mais escra-vo ainda sem grandes direitos”.

O bispo lembra que ainda que algumas destas explorações foram visitadas re-centemente por Cavaco Silva. “Ainda no outro dia lá visitava uma exploração agrí-cola e fez grandes elogias, mas a grande maioria das pessoas que lá trabalham são

sindicato confirma suspei-tas. Autoridades vão refor-çar vigilância.

A sazonalidade acaba por “potenciar a exploração de homens e mulheres” pro-venientes de países onde o trabalho mui-tas vezes também se assemelha à “escra-vatura”.

Na sequência da denúncia de D. Vita-lino Dantas, as autoridades policiais de-cidiram reforçar a vigilância aos campos agrícolas do Alentejo para encontrarem eventuais casos de exploração laboral e escravatura. Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e GNR dizem estar preo-cupados, sobretudo, com os trabalhos sa-zonais, como é o caso da apanha da azei-tona, que leva para a região um grande número de imigrantes, a maioria oriunda de países de Leste.

“A existirem, estas situações afectarão sobretudo cidadãos estrangeiros, a tra-balharem em condições precárias e que ficam na região alguns meses”, disse ao Correio da Manhã fonte da GNR envolvi-da na operação ‘Azeitona Segura’, que vi-gia os campos agrícolas durante esta cam-panha no olival, que decorre até final de Fevereiro.

D.R.

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grupos vindos da Ásia que se sujeitam àque-le ritmo de trabalho sazonal quase dia e noite”.

Durante as suas visitas pastorais, D. Vitalino Dan-tas diz ter consta-tado a presença de intermediá-rios que exploram os asiáticos no Alentejo, os quais vivem num nível de vida superior à custa dos que trou-xeram.

“Não digo que seja g e n e r a l i z a d o ,

mas há pólos e alturas do ano, nomeadamente

nestas fases em que há mais necessidade de mão-de-obra, em que há o aproveitamento claro destas pessoas, aproveitando o seu desconhecimento da legislação portu-guesa. São pessoas que são quase impor-tadas e colocadas no nosso país de formas enviesadas, ou até ile-gais”, confirma Casimi-ro Santos, coordenador

da União dos Sindica-tos do Distrito de

Beja.

A despesa anual média dos agregados familiares é de 20 400 euros de acordo com Inquérito às Despesas das Famí-lias 2010/2011. As famílias alentejanas são as que têm menos recursos, fican-do 17,8% abaixo da média nacional.

O valor de despesa representa um aumento de 15,9% em termos nomi-nais e de 5,9% em termos de volume, face aos resultados apurados em 2006.

Estima-se que 57,0% da despesa anual média dos agregados familiares corresponde a despesas em habitação (29,2%), em transportes (14,5%) e em produtos alimentares (13,3%).

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2010/2011, a despe-sa anual média é superior à média nacional apenas nas regiões de Lisboa e Norte, mais significativamente no caso da primeira (+9,7%) do que na segunda (+1,3%).

No conjunto das restantes regiões, as diferenças face à média nacional são as seguintes: no Alentejo -17,8%, na Região Autónoma dos Açores -11,6%, na Região Autónoma da Madeira -8,9%, no Centro -6,0% e no Algarve -2,1%.

Face a 2005/2006, o nível de despesa anual média por agregado regista acréscimos na ordem dos 20% na maioria das regiões, apontando para uma redução das assimetrias: +21,6% na região Norte, +20,2% no Centro, +20,0% na Região Autónoma da Ma-deira e +19,2% no Alentejo.

Estima-se que 57,0% dos gastos fami-liares correspondam a despesas em ha-bitação (29,2%), em transportes (14,5%) e em produtos alimentares (13,3%).

Alentejo no fim da lista

Despesas familiares

Pelo terceiro ano consecutivo, o Prémio Auroralia – organizado em conjunto pela LUCI e pela Schréder – premeia as melhores iniciativas em termos de iluminação urbana susten-tável. O júri escolheu atribuir os pré-mios a Arraiolos (Portugal), Nivelles (Bélgica) e St. Helens (Reino Unido), assim como uma menção especial a Remchingen (Alemanha).

No caso da vila alentejana o projec-to consistiu na iluminação do centro histórico com tecnologia LED, tendo sido completamente renovada as luminárias convencionais equipadas com lâmpadas tradicionais de vapor de mercúrio.

O objectivo foi triplo: aumentar o nível de iluminação, oferecer uma luz com melhor qualidade e reduzir de forma rigorosa o consumo energético e as emissões de CO2. Ao projectar uma luz branca quente, as 401 Rivara – cujo nome é uma homenagem a um ilustre cidadão da vila, escritor e homem de estado do século XIX – ofe-recem uma “excelente restituição cro-mática e um grande conforto visual”.

Arraiolos ganha prémio

Inovação

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Actual

Ministra da Agricultura visitou herdade em Monforte onde decorre a parte experimental do projecto.

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Universidade de Évora constrói máquina para apanha de azeitonaEquipamento em fase de pré-produção destina-se a olivais intensivos.Sofia Ascenso | Texto

A Universidade de Évora está a desen-volver o projecto de uma máquina de colheita em contínuo de azeitona. O equi-pamento, em versão pré-produção, foi apresentado no olival da Herdade da Tor-re das Figueiras, em Monforte, onde está a ser desenvolvida a parte experimental, e contou com a presença da Ministra da Agricultura, Assunção Cristas.

O equipamento está vocacionado para

o olival intensivo, com cerca de 400 árvo-res por hectare, e destaca-se pela aborda-gem lateral feita às árvores, pelo uso do tractor agrícola como fonte de potência e pela versatilidade e adaptabilidade a qualquer exploração.

A linha de trabalho na mecanização da olivicultura teve início em 1995, quando os investigadores se começaram a aper-ceber do desenvolvimento do sector da olivicultura em Portugal e do seu poten-cial económico mas também do facto de se tratar de uma área muito deficitária em termos de tecnologia. Entre o olival tradicional, suportado essencialmente por mão-de-obra, e o olival super inten-sivo com uma tecnologia apurada, base-ada nas máquinas de vindimar, nasce para um nicho de mercado, o projecto da Universidade de Évora: duas máquinas, simétricas, com peças em comum que abordam a linha de arvores lado a lado.

Neste momento, o projecto entra na fase de desenvolvimento de produto, fase em que as universidades e os centros de investigação já não costumam estar en-volvidos. “Se houvesse financiamento para construir mais máquinas, seriam os próprios olivicultores que nos dariam o feedback, mas para isso é preciso dinhei-ro. Outra hipótese é vender a ideia a um grande fabricante que continue o proces-so” refere o professor Oliveira Peça, um dos investigadores do projecto.

“Juntar a universidade e as empresas no desenvolvimento de uma máquina inovadora demonstra que, com inovação, agregação de vontades e espírito de equi-pa, é possível gerar conhecimento e ino-vação em Portugal e a agricultura precisa disso”, diz Assunção Cristas.

A presença dos jovens estudantes de licenciatura e de mestrado da UE no ter-reno a operar a máquina é “um belíssimo exemplo” segundo a ministra, que “ins-pira, estimula e dá boas perspectivas de esperança neste sector”. “Precisamos que os jovens venham para a agricultura e ponham a mão na terra. Esta ideia de que temos um sector dinâmico e inovador que apela aos jovens é muito importante porque precisamos de fazer esta renova-ção no mundo da agricultura”.

Assunção Cristas e o reitor da Universidade de Évora, Carlos Braumann, na Torre das Figueiras.

Um estudo recente do Observador Cetelem revela que são os jovens, entre os 18 e os 24 anos, a faixa etária que mais consulta a Internet antes de efectuar as compras de Natal. O estu-do mostra também que os indivíduos entre os 55 e os 65 anos não fazem uma pesquisa prévia na Internet antes de iniciar as suas compras.

Num panorama geral, os consumi-dores portugueses recorrem pouco à Internet como meio de consulta para fazer as suas compras de Natal. Ape-nas 12% dos inquiridos admite fazer uma pesquisa prévia antes de adqui-rir algum presente.

Internet, antes das compras

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8 22 Dezembro ‘11

Exclusivo

Caso de sucesso em tempos de crise. Grupo dourado factura dois milhões de euros por ano.

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Loja “gourmet” aumenta facturação em 23%

Pedro Galego | Texto

Há três anos o grupo Dourado Distribuição decidiu investir numa loja gourmet no centro de Évora, para dar mais visibilida-de aos produtos que a empresa há décadas distribuiu por todo o país, sobretudo no sector viní-cola. A Divinus Gourmet é hoje um caso de sucesso, e mesmo em tempo de crise registou uma su-bida de facturação, em relação a 2010, de 23 por cento.

Os escaparates da loja na praça 1º de Maio são compostos pelos vinhos e sabores, sobretudo alen-tejanos, que fazem as delícias dos apreciadores de enchidos, choco-lates, compotas, licores, biscoitos, especiarias, ervas secas, patés, queijo, entre muitos outros.

O espaço rege-se através da ex-posição de variadíssimos e origi-

Empresa aposta em produtos alimentares.

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nais produtos, complementados com uma área onde se podem apreciar e degustar vinhos ou outros produtos sentado nos sofás ou nas várias mesas disponíveis.

“Por sermos tão novos no mer-cado ainda não sentimos a crise, e felizmente temos subido sempre as vendas ano após ano. O gru-po Dourado factura anualmente cerca de dois milhões de euros, tendo a loja um peso de 120 mil euros”, disse ao Registo Sandra Dourado, uma das responsáveis pela Divinus.

Os clientes são sobretudo turis-tas estrangeiros que fazem ques-tão levar recordações saborosas da passagem pelo Alentejo, mas os eborenses também começa-ram a aderir ao conceito, sobretu-do em épocas de maior consumo, como o Natal.

“A mentalidade das pessoas mudou e a crise também as ensi-nou a gastar no que é necessário em vez do acessório. E preferem a qualidade à quantidade”, con-

siderou o rosto de um caso de su-cesso no comércio tradicional.

“As pessoas por estes dias têm procurado de tudo. Deste as gar-rafas de vinho, aos outros produ-tos alimentares. Os cabazes que combinam vários produtos tam-bém têm sido um sucesso”, expli-cou Sandra Dourado.

Muito do sucesso da Divinus Gourmet também se deve à loca-lização estratégica, junto ao Mer-cado Municipal, espaço recente-mente remodelado e que ganhou nova vida. “Este espaço foi-nos apresentado pelo Departamento de Desenvolvimento Económico da Câmara, achámos muito in-teressante e decidimos avançar, aproveitando para reestruturar a empresa e adoptar uma filosofia diferente, tirando partido da nos-sa experiência na distribuição dos melhores vinhos da região”, sublinhou.

A empresa está também aos poucos a apostar em produtos de qualidade de outras regiões.

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Exclusivo

Censos regista aumento populacional de 4,84% . Um “case study”, diz o presidente da autarquia.

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Campo Maior contraria despovoamento

Pedro Galego | Texto

O concelho de Campo Maior é o único do distrito de Portalegre e um dos poucos alentejanos que ganhou população na última década, com um aumento de 4,84 por cento, segundo dados dos Censos 2011. O autarca cam-pomaiorense diz mesmo que se pode tratar de “um case study” e que este dado justifica-se so-bretudo com a importância das empresas da região, cuja âncora económica é representada pela Delta Cafés, da família Nabeiro.

“A vila tem muito para ofere-cer, estando a base do aumento populacional na fixação empre-sarial”, disse recentemente à co-municação social o autarca da vila raiana.

Segundo os dados prelimina-res dos Censos 2011 e em compa-

Concelho cresce à “sombra” da delta.

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ração com os Censos 2001, ape-nas cinco dos 47 concelhos do Alentejo ganharam população na última década, tendo Sines registado a maior subida (5,03 por cento).

Esta tendência positiva de Sines só é seguida pelos muni-cípios de Campo Maior (aumen-to de 4,84 por cento), Viana do Alentejo (2,33), Vendas Novas (1,88) e Évora (0,98). Em 2001, a região contava com 535 753 habi-tantes, mas nos Censos 2011 já só são contabilizados 510 906 mora-dores, o que traduz menos 24 847 pessoas a residirem no Alentejo.

O segredo do sucesso, a fixação empresarial, que leva a que haja mais população a querer residir naquele concelho, muito se deve ao trabalho desenvolvido nas úl-timas décadas pela Delta Cafés.

Fundada em 1961 pelo comen-dador Rui Nabeiro, a Delta é uma empresa especializada na torra e comercialização de café. Líder no mercado nacional, ex-

porta para mais de duas dezenas de países e selecciona origens provenientes dos quatro cantos do mundo.

“É uma empresa com gestão de rosto humano, cujos valores assentam numa atitude respon-sável para com o futuro do pla-neta”, refere o grupo que emprega cerca de dois mil colaboradores nas várias empresas sedeadas por todo o país, mas cuja casa mãe sempre esteve em Campo Maior.

O concelho, segundo os dados dos Censos 2011 tem actualmen-te 8793 habitantes.

Este ano ficou também marca-do na localidade pela realização das Festas do Povo, conhecidas internacionalmente pelas deze-nas de ruas enfeitadas com flores de papel e que nesta última edi-ção receberam perto de um mi-lhão de habitantes, entre os quais as principais figuras do Estado, como o Presidente da República, Cavaco Silva, e o primeiro-minis-tro, Pedro Passos Coelho.

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10 22 Dezembro ‘11

Exclusivo

Estimativas apontam para a existência de 1,5 milhões de espécies de fungos em todo o mundo.

Os cogumelos - Diversidade e ecologia

Celeste Santos e Silva e Rogério Louro Universidade de Évora

Tal como os frutos produzidos pelas plantas, os cogumelos são estruturas reprodutoras produzidas por fungos, durante uma fase do seu ciclo de vida, e que representam a única parte visível destes mesmos seres vivos. Mas nem todos os fungos possuem estru-turas reprodutoras macroscópicas (ou vi-síveis a olho nu) e como tal o termo cogu-melo frequentemente aplica-se apenas às estruturas reprodutoras formadas du-rante a reprodução sexuada em alguns grupos de fungos, nomeadamente nos Basidiomycota e Ascomycota.

Estimativas recentes apontam para a existência de aproximadamente 1,5 milhões de espécies de fungos em todo o mundo, das quais cerca de 55000 são produtoras de cogumelos (macrofun-gos).

Esta enorme diversidade faz do rei-no Fungi um dos maiores grupos de organismos conhecidos, podendo ser encontrados praticamente em todos os habitats naturais e semi-naturais, des-de as florestas tropicais às planícies ge-ladas da Antártida.

Contudo é nos ecossistemas flores-tais onde estes encontram o seu óptimo ecológico, ou seja, as condições ideais para se instalarem. Estas condições di-ferem de espécie para espécie e estão relacionadas, principalmente, com o seu modo de nutrição.

À semelhança dos animais e con-trariamente às plantas, os fungos não possuem clorofila e são por essa razão incapazes de produzir o seu próprio ali-mento, dependendo de outros seres vi-vos ou de matéria orgânica para obter a energia e os nutrientes de que neces-sitam.

No entanto, os fungos não possuem os sistemas nem os órgãos especiali-zados característicos da maioria dos animais e não partilham da sua mobi-lidade estando geralmente confinados num substrato (p. ex. no solo, em tron-cos, restos vegetais e animais).

Para se susterem adoptaram diver-sas estratégias nutricionais podendo: alimentar-se dos nutrientes que extra-em da decomposição dos substratos que colonizam (fungos sapróbios), parasitar animais e ou plantas para conseguirem retirar os nutrientes essenciais para o seu metabolismo (fungos parasitas) ou estabelecer relações de simbiose com as plantas, facilitando a absorção de água e nutrientes para a planta e recebendo em troca os nutrientes de que necessi-tam (fungos micorrízicos).

A evolução das plantas está tão pro-fundamente relacionada com a dos fungos, que de certa forma pode dizer-se que os estes grupos evoluíram em conjunto. Por este motivo, algumas es-pécies de fungos podem ser exclusivas de determinado habitat e/ou associa-rem-se apenas a uma espécie vegetal, enquanto outras podem ser menos exi-

todos os anos, com a chegada do outono e das primeiras chuvas surgem súbita e misteriosamente os cogumelos silves-tres vestindo os nossos prados, florestas, parques e jardins, com uma enorme panóplia de cores e formas, dando origem a um espectáculo de incontestável beleza. Contudo, o que nós observamos é apenas “a ponta do iceberg”.

gentes quanto a requisitos de habitat ou espécies hospedeiras. Em seguida, referem-se algumas espécies de macro-fungos características dos ecossistemas mais relevantes de Portugal.

Pinhais de Pinus pinea (pinheiro man-so) e Pinus pinaster (pinheiro bravo)

Bastante frequentes a norte do Tejo, em toda a península de Setúbal e me-nos vulgarmente a sul (em pequenos núcleos), a diversidade micológica des-tes pinhais varia em função da altitude a que se encontram e da sua orientação. Contudo, várias espécies de macrofun-gos, tais como as sanchas (Lactarius deliciosus, L. sanguifluus, L. semisan-guifluus) e os tortulhos (Boletus pino-philus), consideradas como excelentes comestíveis, são comuns nestes bosques ou podem ser encontradas associadas a estes pinheiros.

Carvalhais de Quercus robur (carva-lho-alvarinho), de Q. pyrenaica (carva-lho-negral), de Q. faginea (carvalho-português)

Distribuídos por quase todo o terri-tório nacional, destes bosques restam actualmente pequenas manchas flo-restais sobretudo a norte do Tejo, que no entanto exibem algumas das mais belas espécies de macrofungos bem como outras bastante apreciadas do ponto de vista gastronómico. De entre as espécies de cogumelos comestíveis existentes nestes bosques destacam-se, os rapazinhos (Cantharellus cibarius),

as amanitas dos césares (Amanita ca-esarea), as línguas-de-gato (Hydnum repandum) e os tortulhos ou cepas (Bo-letus edulis e Boletus aereus).

Soutos e castinçais de Castanea sativa (castanheiro)

Mais abundantes na região a norte do Tejo, em zonas com altitudes supe-riores a 500 metros e com baixas tem-peraturas no Inverno, apresentam uma enorme riqueza em espécies de macro-fungos, sendo que Russula, Lactarius, Amanita, Inocybe e Cortinarius são al-guns dos géneros de macrofungos me-lhor representados nestes ecossistemas. De destacar ainda a presença de várias cogumelos comestíveis, tais como, os rapazinhos (Cantharellus cibarius), as amanitas dos césares (Amanita caesa-rea), os tortulhos ou cepas (Boletus edu-lis), entre outros.

Montados de Quercus suber (sobreiro) e Q. rotundifolia (azinheira)

Dominando as paisagens do sul de Portugal, estes ecossistemas semi-na-turais resultantes da transformação dos bosques de sobro e azinho originais, exibem uma enorme diversidade mico-lógica, fruto da abundância de nichos ecológicos criada pela multiplicidade de usos tradicionalmente associada à exploração dos montados. Como tal, poderemos encontrar nestes ecossiste-mas não só espécies de macrofungos habitualmente associadas ao sobrei-ro e à azinheira mas também espécies

que surgem em zonas dominadas por arbustos, como por exemplo a túbe-ra (Terfezia spp.) e a silarca (Amanita ponderosa), os cogumelos “Ex libris” da região Alentejo. Outras espécies de cogumelos comestíveis existentes nes-tes bosques incluem, os rapazinhos (Cantharellus cibarius), as amanitas dos césares (Amanita caesarea), os pé azul (Lepista nuda) as línguas-de-gato (Hydnum repandum) e os tortulhos ou cepas (Boletus edulis, Boletus aereus, Boletus reticulatus).

Prados, pastagens e outras áreas ocu-padas por vegetação herbácea

Não possuindo grande expressão em Portugal e em muitos casos apresentan-do sinais claros de degradação devido à intensidade de pastoreio e outros facto-res antropogénicos, estes ecossistemas são bastante ricos em espécies sapró-bias pertencentes aos géneros Agari-cus, Bovista, Clitocybe, Melanoleuca, Lepista, Coprinus e Psilocybe, muitas das quais produzem os célebres “anéis de fadas”. De destacar ainda a presença de várias cogumelos comestíveis, tais como, o champignon comum (Agaricus bisporus), a bola de neve (Agaricus ar-vensis), o champignon do campo (Aga-ricus campestris), o coprino cabeludo (Coprinus commatus), o pé azul (Le-pista nuda) e as púcaras ou fradinhos (Macrolepiota procera), este último sem sombra de dúvida o cogumelo silvestre comestível mais conhecido de Norte a Sul de Portugal.

Celeste Santos e Silva

SEMANÁRIO

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Radartodos os estudiosos do Cante o constataram: a média das idades dos grupos corais não pára de aumentar.

Como salvaguardar formas culturais vivas: uma estratégia para o Cante

José Rodrigues dos Santos | Texto

Muito mais difícil do que a dos monu-mentos é a salvaguarda dos objectos sim-bólicos, ou “imateriais” como os que vi-sam as respectivas listas da Unesco.

Trata-se, sem excepção, de modos de ex-pressão artística, intelectual, técnica, cuja existência depende directamente da vida duma colectividade que é sua portadora: que a conhece, exerce, recria e transfor-ma, e a transmite.

Esta íntima ligação entre a forma cultu-ral e a colectividade que a criou e usa asso-cia em grande medida o destino da forma cultural enquanto “património” ao desti-no da colectividade: salvaguardar a pri-meira passa quase sempre pela preserva-ção da vitalidade da segunda. Mas antes de reflectir às modalidades de acção que exige a salvaguarda dum património cul-tural imaterial, a primeira pergunta é a de saber em que consiste essa forma cultural.

No nosso caso, é indispensável determi-nar primeiro em que consiste o que tem sido designado pelo termo vago de “Cante”. As definições que têm sido propostas são pouco satisfatórias, e partem do pressupos-to que toda a gente deve saber o que é. Mas verifica-se que não é bem assim.

Definir o Cante pelo conjunto de pe-ças (um reportório, um “cancioneiro”), ou pela organização das performances (o ca-rácter polifónico, uma certa distribuição e organização das partes − “ponto”, “alto”, coro), ou ainda pela presença de peças de estrutura melódica modal (associadas a outras de estrutura tonal), é pôr de lado um grande número de peças ou de per-formances que os praticantes desta forma cultural nela por certo incluem e consi-deram como “bons exemplos”.

Cada um destes critérios, separadamen-te é incapaz de definir precisamente o Cante e nem os três em conjunto são su-ficientes. Uma definição conceptual terá que tomar posição sobre a) o que é essen-cial no Cante e b) sobre o que o distingue das formas vizinhas.

Propus, há algum tempo, a ideia que o Cante é antes de mais uma maneira de cantar que se define como uma arte da ornamentação da linha melódica, a par com a utilização de materiais musicais próprios (fraseado, intervalos, cadências, etc.). Desta característica central decorrem numerosos atributos que são reconheci-dos como próprios do Cante: a necessária lentidão, a moderação das acentuações, os melismas e até certas “anomalias” har-mónicas, a ausência de coreografia.

Todas estas características têm sido as-sinaladas, com maior ou menor relevo segundo os autores, sem todavia que lhes tenha sido reconhecido o estatuto de ca-racteres centrais.

Existem variedades de canto menos clássicas nas zonas de “fronteira”.

No caso do Cante, o núcleo central pode-ria ser caracterizado pela implementação duma arte da ornamentação melódica (em que o melisma, ao proliferar, pode ir ao pon-to de comprometer a estrutura harmónica), pela sua associação ao desenvolvimento virtualmente polifónico, pela ausência de coreografia (não é música de baile ou dan-ça) e por um certo tipo de poesia.

Mas existem variedades de canto menos clássicas nas zonas de “fronteira”, na vizi-nhança com outras formas culturais; são peças híbridas e menos características que as que correspondem ao núcleo central (exemplos, “O Verão”, moda recente, ou “A menina Florentina”, mais antiga, da auto-ria de Vicente Rodrigues, anos 1950).

Se “salvaguardar” património imaterial quer dizer “manter vivo”, então a salvaguar-da implica a existência duma comunidade de praticantes, a continuidade da prática e a sua capacidade para transmitir o saber duma geração para a seguinte. Todas estas condições são incertas no caso do Cante.

Todos os estudiosos do Cante o consta-taram: a média das idades dos membros dos grupos corais não pára de aumentar; muitos dos excelentes cantadores que co-nhecíamos há dez anos, desapareceram. Muitos outros, felizmente ainda vivos, deixaram de poder cantar. E a adesão dos jovens é muito limitada.

Os nossos interlocutores no terreno per-cepcionam-no claramente: a “base social” dos praticantes tradicionais do Cante está a extinguir-se. Nestas condições, uma es-tratégia de salvaguarda do Cante exige que se realizem, entre outros, os seguin-tes tipos de acção:

1 - O registo, sonoro e visual do maior número possível de performances, por

parte da maior variedade possível de gru-pos, em várias circunstâncias (e não só nos espectáculos públicos); organizando um arquivo acessível.

2 - Reforçar dos meios de que dispõem os grupos actuais, nomeadamente em ter-mos logísticos (melhorar as condições ma-teriais das “sedes”; valorizar os espólios dos pequenos “museus” montados pelos gru-pos; facilitar os transportes dos cantadores para os ensaios, encontros, etc.);

3 – Fomentar a transmissão às novas gerações, independentemente do uso do traje (muitas vezes sentido pelos mais jo-vens como “disfarce” um pouco ridículo), criando situações de aprendizagem desli-gadas dos aspectos formais do “folclore”;

4 - Associar pessoal qualificado na or-ganização de eventos, por exemplo nos encontros de grupos, pessoal com saber e humildade, capaz de respeitar o carácter próprio do Cante, as maneiras de estar dos cantadores e cantadeiras, a fim de melho-rar significativamente a coerência artísti-ca e o conforto tanto dos cantadores como dos públicos;

5 - Encorajar a aprendizagem sistemá-tica, por parte dum número importante de pessoas qualificadas, das maneiras de cantar (atenção ao plural!) próprias de pequenas regiões do Alentejo, de grupos e até de cantadores excepcionais. Estas pessoas poderão ser os “mediadores” da transmissão futura.

6 - Fomentar o trabalho científico de aná-lise da poética do Cante, da música e da cul-tura subjacente à prática do Cante, que per-mita a preservação consciente da diferença entre o Cante e as formas vizinhas (Campa-niça, Saias, Fado) ou coexistentes (música ligeira veiculada pelos mass media).

7 – Fomentar a composição de músicas experimentais a partir dos “materiais” musicais do Cante (estruturas harmóni-cas, melodias, cadências e intervalos ca-racterísticos, ornamentação, timbres, etc.), que lhe dêem audiência fora dos circuitos puramente locais e do público do folclore.

Num resumo abrupto, poderíamos ex-primir o objectivo da salvaguarda no lon-go prazo do seguinte modo: sabendo que a colectividade de que é originário o Cante (populações de trabalhadores rurais alen-tejanos) se extinguirá irremediavelmente, trata-se de manter viva a prática por essas populações, a fim de ganhar tempo para que surjam novas colectividades que pos-sam tomar a seu cargo a continuação.

Foi o que aconteceu com o Blues, canto dos escravos libertos do Delta do Mississí-pi, no mundo rural profundo do Sul, que “migrou” para as cidades, “contaminou” populações urbanas (negras, decerto, mas também brancas) e se impôs no mundo inteiro. Foi o que aconteceu com o Fla-menco, agora património mundial, Can-te Jondo dos “Gitanos” andaluzes, e que “invadiu” a Espanha inteira e passou as fronteiras políticas e étnicas. E foi tam-bém o destino do Tango de la Plata, mais um item do mesmo património. E são, permanecem, “Blues”, “Flamenco”, “Tan-go”, fiéis ao essencial, mesmo que para sobreviver tenham tido que adaptar-se, transformar-se, inovar.

O Cante já está espalhado pelo mundo: há que dar-lhe a força necessária para evoluir… permanecendo fiel.

Projecto “Dinâmicas do “cante” na cultura popular alentejana”, financiado pela Fundação para a Ciência e a

Tecnologia (FCT) - FCOMP-01-0124-FEDER-007036. No âmbito do CIDEHUS-UÉ – Centro Interdisciplinar de História, Culturas

e Sociedades da Universidade de Évora, em parceria com a Associação “A Moda”.

Grupo coral feminino “Flores da Primavera”, de Ervidel. O Cante Alentejano vai ser candidato a Património Mundial da UNESCO.

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Radar

Fotojornalistas premiados pela Estação imagem mostram trabalhos na igreja de são vicente, em Évora.

Num plano terra a terra, a patrimoniali-zação destes objectos monumentais pode atrair visitantes, estimular o turismo e dinamizar as economias locais o que, seja dito a bem da verdade, é o que motiva as colectividades que se lançam na patrimo-nialização.

Contudo, reconhecendo que desde os primeiros tempos, no século XIX, o mito da “cidade museu” reforçava o constran-gimento sobre as actividades normais dos habitantes, estas ainda pouco se ressen-tiam das proibições e obrigações propria-mente patrimoniais. O “Estado Novo”, ao inverter a relação que estabelecem as de-mocracias entre o que é permitido e o que é proibido, tendia a proibir tudo o que não fosse explicitamente autorizado.

A regulamentação da vida social ia ao pormenor: em definitivo, quem se tornas-se desagradável para o poder teria sempre alguma falha a alguma regra, por onde o Estado lhe pudesse pegar. Por isso, a pa-trimonialização foi, por assim dizer, em-bebida na regulamentação geral de tudo, tanto mais que a dinâmica económica era fraca e não exercia uma pressão forte sobre o construído. As cidades, edifícios e monumentos, eram em muitos casos “na-turalmente” preservados, quando mais não fosse, por simples inércia.

Sendo Évora, em muitos aspectos pa-trimoniais, um caso à parte no Portu-gal do salazarismo, a cidade continuou a ser caso à parte depois do 25 de Abril, ao passar directamente daquele regime para o controlo pelos comunistas. Estes não tinham obviamente experiência do exercício do poder nacional ou autárqui-co, mas tinham uma ideologia na qual o controlo dos cidadãos, das actividades, etc., passava pela regulamentação total, o que de certo modo os preparava para dar continuidade à antiga forma de exercício do poder, mudando apenas, com os deten-tores do poder, a retórica.

Quando o movimento de patrimonia-lização se generalizou, em parte devido à súbita percepção dos novos perigos que a dinâmica económica gerada no pós-25 de Abril fazia correr aos bens edificados e urbanos em geral, a transformação da cidade em objecto patrimonial apresen-tou-se como uma evidência. Consensual, porque ia no sentido do mito da “cidade museu” que certas elites eborenses ti-nham cultivado (em parte contra o sen-timento da “população em geral”, ou seja do cidadão comum), e porque patrimo-nializar queria dizer legitimar um tipo de hiper-regulamentação que necessi-tava, nestes novos tempos, de encontrar um fundamento diferente daquele que as pequenas elites burguesas evocavam.

José Rodrigues dos SantosAntropólogo, Academia Militar e CI-

DEHUS, Universidade de Évora20 de Novembro de 2011.

[email protected]

Um olhar antropológico

Évora – Património e controlo

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JosÉ rodriGUEs dos sAntos*Antropólogo

Redacção | Registo

A Câmara Municipal de Évora e a Esta-ção Imagem, em parceria com a Câmara Mundial de Mora, expõem na Igreja de S. Vicente as imagens vencedoras do Pré-mio de Fotojornalismo 2011. A mostra está patente até 22 de Janeiro.

A exposição Prémio Fotojornalismo 2011 Estação Imagem / Câmara de Mora apresenta as reportagens vencedoras daquela que é a segunda edição do Prémio dinamizado pela Estação Ima-gem, uma associação sem fins lucrati-vos dedicada ao estudo e promoção da imagem, com principal destaque para o trabalho de Nelson Aires que, com uma

Fotojornalistas mostramtrabalhos premiadosMostra de trabalhos premia-dos pela Estação imagem pode ser vista em Évora.

reportagem sobre um caso de “bullying” numa escola de Mirandela, garantiu a conquista do principal galardão do Pré-mio, vencendo igualmente na categoria Série de Retratos.

O concurso estreou-se em 2010 e, nesta segunda edição, a organização recebeu 164 inscrições de fotojornalistas, que sub-meteram 462 reportagens, num total de 4 968 fotografias.

Nelson Aires foi também o vencedor da categoria Série de Retratos, com “Bairro da Estação”, sendo premiados ainda Tiago Miranda, pela reportagem “Retratos de um Despedimento”, e Daniel Rocha, com “Candidatos Presidenciais”, no segundo e terceiro lugar, respetivamente.

Na categoria de Notícias, o primeiro classificado foi Enric Vives Rubio, por uma reportagem sobre a Madeira, o se-gundo foi Nelson Garrido, com o trabalho “Papa pela TV”, e o terceiro foi Carlos Pal-

ma, por “Kingdom of Empty Dreams”.O primeiro lugar na categoria de Vida

Quotidiana coube a José Carlos Carvalho (“Mãe entre Muros”), sendo ainda premia-dos António Pedro Santos (“Campismo”), em segundo, e Augusto Brázio (“Cova da Moura”), em terceiro.

Este último fotojornalista conquistou a categoria Ambiente, com a reportagem “Natureza”, tendo o júri distinguido ape-nas outro fotógrafo, com o segundo pré-mio: Valter Vinagre, com o trabalho “Ani-mais de Estimação”.

A Estação Imagem é uma associação sem fins lucrativos dedicada ao estudo e promoção da imagem, com particular enfoque na fotografia documental. Cria-da em Mora e elegendo o Alentejo como campo de acção, a Estação Imagem pro-põe-se dar um contributo activo à luta contra a desertificação e o isolamento da região.

D.R

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O Ensemble Contemporaneus apresenta amanhã em Évora, no Teatro Garcia de Resende, “Così Fan Tutte”, ópera buffa de Wolfgang Amadeus Mozart.

Datada de 1790, com libreto de Loren-zo da Ponte, esta ópera foi comissionada pelo Imperador Josef II, tendo a sua es-treia ocorrido em Viena no Burgtheater sob direcção musical do próprio compo-sitor. Dividida em dois actos sublinha as

Ópera de Mozart no Garcia de ResendeContemporaneus encena “Coisa Fan tutte”.

tensões sociais entre as várias classes jo-gando com questões de ordem moral.

Così Fan Tutte conta com a direção mu-sical de Vera Batista e encenação de Hele-na Estanislau, sendo a sua apresentação em Évora organizada pela Direcção Re-gional de Cultura do Alentejo.

Em 2011 a Contemporaneus assumiu o desafio de realizar uma ópera de Mozart, com a orquestra do Ensemble Contempo-raneus, com um número de elementos mais alargado, com seis cantores solistas, e uma encenação contemporânea.

“Così fan tutte” (Assim fazem todas), é

a penúltima ópera escrita por Wolfgang Amadeus Mozart em 1790. “Così fan tut-te” aparenta ser uma simples comédia de enganos, mais vai muito mais longe do que isso. É uma bela história universal de amor e desengano, compreendida e identificada por todo o público, que já foi jovem, teve um primeiro amor e sofreu desgostos amorosos.

E a versão que agora a Contemporaneus decidiu apresentar é uma escolha que pretende evidenciar claramente este lado puro, inocente e idílico da juventude e do acreditar num só primeiro e único amor.

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Pelo interior dos interiores, o jornalista nuno Ferreira observou Portugal, atento aos pormenores.

Radar

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Jornalista cruzou Portugal ... a pénuno Ferreira levou 2 anos a percorrer o país. A aventura foi publicada em livro.“Se toda a gente anda a viajar e a escrever sobre todos os cantos do mundo, pensei en-tão, porque não revisitar o interior do meu país a pé e escrever sobre o que vou encon-trando pelo caminho?»

Em Fevereiro de 2008, o jornalista Nuno Ferreira iniciou a pé, em Sagres, um longo e demorado périplo pelo que é habitualmen-te designado “Portugal profundo”. Ao longo de mais de dois anos, com percalços e inter-rupções pelo meio, enquanto passava por vagabundo, contrabandista ou peregrino a Fátima, redescobria um país esquecido, muitas vezes entregue a si próprio, a lutar desesperadamente contra a desertificação.

A caminhar do Algarve ao Minho pelo interior dos interiores, pôde ir observan-do Portugal, atento aos pormenores: uma partida de futebol num campo pelado, um funeral, a partida para a pesca de uma traineira sobrevoada por gaivotas, a azáfama de um restaurante de estrada re-pleto de camionistas, um idoso lavrando com a ajuda do burro a última das coure-las transmontanas.

Pelo caminho, foi encontrando e conver-

sando com aqueles que teimam em viver longe das grandes cidades e mantêm viva a chama das tradições culturais e do regiona-lismo: músicos, artesãos, poetas populares,

aldeões guardadores da memória de um povo.

Foi redescobrindo também as belezas escondidas do país: Vales estreitos entre

fragas em São Macário, cascatas perdidas na Serra de São Mamede, lameiros entre as águas bravias e geladas de rios trans-montanos como o Maçãs ou o Sabor, searas ondulantes e douradas na planície alente-jana, garranos à solta entre a névoa da Serra Amarela.

“Portugal a Pé” é uma obra que retrata em mais de 400 páginas de texto e centenas de imagens a travessia que ocupou o jornalis-ta ao longo de dois anos. Da ponta de Sagres ao extremo Norte de Portugal, o Nuno en-controu um “país que vivia do campo e que sofreu uma profunda sangria de gentes”.

Uma travessia que emocionou. Ao ca-minhante doeu a solidão dos nossos idosos, espantou o número de pessoas que reabi-litam a tradicional gaita-de-foles, maravi-lhou a nossa paisagem natural. Uma via-gem à margem dos habituais roteiros dos noticiários. Um país de sobreviventes que não estão dependentes do “próximo discur-so à nação do político”.

Em entrevista ao “Café Portugal”, Nuno Ferreira explica: “O país que atravesso é um país que vivia do campo, que sofreu uma profunda sangria de gentes para o estran-geiro e para os centros urbanos do litoral, que foi muito beneficiado por novas estra-das e auto-estradas mas permanece sem alternativa ao modelo rural”.

Évora foi um dos locais de passagem na rota deste “Portugal a Pé”.

D.R.

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SEMANÁRIO

Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 ÉvoraTel. 266 751 179 Fax 266 751 179Email [email protected]

“Enquanto o oleiro vai e vem, folgam as cores” é o título da exposição de fotografia de Liete Quintal que está patente até ao dia 26 de Fevereiro de 2012 na Igreja de Santiago, na vila me-dieval de Monsaraz.

Liete Quintal fotografou a Olaria Joaquim Lagareiro, uma das 22 olarias em actividade no Centro Oleiro de S. Pedro do Corval, considerado o maior de Portugal. Nesta olaria com mais de um século de existência produzem-se louças ou objectos de barro de forma artesanal e in-dustrial.

“A minha primeira visita ao local foi num fim-de-semana, quando a fábrica se encontra-va fechada. Imediatamente fui arrebatada pelos fachos de luz natural oriundos de fendas do telhado ou de frestas de janelas. Cores, texturas e formas deixa-

vam o lugar-comum semanal para ganharem um novo valor”, diz Liete Quintal.

As fotografias da exposição “Enquanto o oleiro vai e vem, folgam as cores” reflectem o jogo entre o visível, a abstracção e a repetição, capaz de conduzir para além do que está representado. A luz presente em cada fotografia é o que dá o tom de unicidade e si-multaneamente de pluralidade do conjunto à mostra.

Liete Quintal afirma que “ao longo do trabalho, dois aspec-tos estimulavam o meu retorno: as novas e diferentes produções de louças que surgiam a cada semana e a inconstância da luz primaveril. Os objectos e a iluminação natural geravam formas e criavam espaços para além das suas origens. O silêncio foi a companhia que emprestou a serenidade necessária para

deixar-me ficar e apreciar o que a luz revelava em diferentes horas do dia. Sendo assim, decidi que as fotografias deveriam ser reali-zadas na folga dos que ali inves-tiam horas”.

O Centro Oleiro de S. Pedro do Corval é considerado o maior de Portugal com 22 olarias em acti-vidade que continuam a pintar os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o pastor, a apanha da azeitona e a vindi-ma. A olaria de S. Pedro do Cor-val data a sua existência desde o período da dominação árabe, conforme o atesta o teor do Foral Afonsino outorgado a Monsaraz em 1276, mas também a lingua-gem e a terminologia muito pró-prias ainda em uso.

Em S. Pedro do Corval podem ser encontradas as mais belas e formosas peças de barro, traba-lhadas por habilidosos artesãos.

Desporto

Dakar em BejaA chegada das primei-ras equipas ao “check-point” da primeira etapa, está prevista para as 18:00h do dia 30 de De-zembro no recinto frente ao Castelo da cidade de Beja.Mais de 30 equipas são esperadas na recepção junto ao estacionamento do Castelo, onde se fará o ultimo controlo da primeira etapa na tenda de “checkpoint” de prova. Após o controlo de chegada, efectuado pelos comissários, as equipas serão recebidas com um “welcome drink” oferecido pelo Município de Beja.A comitiva da Organi-zação e as equipas irão percorrer um circuito urbano antes de se deslocarem para o Hotel Clube de Campo Vila Galé onde se reúnem para o jantar de grupo. O projecto Portugal – Dakar Challenge, criado em 2009, pela Global Share Eventos, recria a aventura mítica do rally Paris Dakar numa ver-tente lúdica e turística.

“Enquanto o oleiro vai e vem folgam ascores”

Monsaraz

D.R.

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Olaria Lagareiro vista pela objectiva de Liete Quintal.

Uma explosão de gás provocou quatro feridos, três dos quais em estado grave, em São Romão, concelho de Vila Viçosa.

A explosão ouviu-se em toda a aldeia. Além do rasto de des-truição, deixou três feridos em estado grave – avós e neta – transportados pelo INEM para hospitais de Lisboa e do Porto. Uma outra pessoa, com feri-mentos ligeiros, foi levada para o Hospital de Elvas.

Alertado pelo barulho da ex-plosão, João Lagareiro correu para a porta de casa. “Vi o vizi-nho [um dos feridos graves] a correr pela rua com a roupa a arder. Vinha em chamas. Atirei-me sobre ele aqui perto de casa”, conta João Lagareiro. “Estava tudo em chamas e as pessoas aflitas”, acrescenta João Piréu, outro vizinho.

Os feridos são dois avós pater-nos, a avó materna e uma me-nina de 16 meses, com queima-duras graves na face e nas mãos e que foi levada para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediá-tricos do Hospital da Estefânia, em Lisboa, onde se encontra in-ternada em estado considerado “estável”.

Explosão faz quatro feridos

Vila Viçosa