Registo ed153

24
www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 05 de Maio de 2011 | ed. 153 | 0.50 O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284 PUB LIVRO Memórias contra o esquecimento Magistrada do Ministério Público, em Évora, Aurora Rodrigues publica livro em que recorda os longos dias de prisão e tortura nos calabouços da PIDE. “Este livro também é um grito, uma revolta da memória. Há coisas que têm de ser ditas”, diz a autora em entrevista exclusiva. Carlos Zorrinho em ENTREVISTA 18 18 Agravam-se os números da sinistralidade grave no Alentejo, com mais mortos e feridos do que em 2010. “O pRóxIMO gOVERNO dEVE dISpOR dE MAIORIA” Cabeça-de-lista do PS por Évora defende que o próximo governo deve ter maio- ria absoluta. E quer recuperar para o PS o segundo deputado por Évora. 06/07 09 Sócrates recebe apoio de autarcas independentes Pág.08 Eleitos em listas de cidadãos independentes, os autarcas de Alandroal, Estremoz, Redondo e Sines mani- festaram durante um almoço na Serra d’Ossa o seu apoio a José Sócrates. Dizem ser quem “reúne melhores condições para levar a cabo o programa de austeridade e enfrentar as dificuldades que vamos ter”. TURISMO Novo hotel 5 estrelas Pág.16 O L’AND Vineyards, primeiro empreendimento desenvolvido pela Sousa Cunhal Turismo em Montemor- o-Novo e que elege o vinho como âncora da sua inspira- ção, foi inaugurado depois de um investimento de 44 mi- lhões de euros. Trata-se do quarto empreendimento de 5 estrelas a abrir no Alentejo. Reguengos de Monsaraz promove o melhor da olaria ibérica Pág.12 Os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, São Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, e Salvatierra de los Barros, na Extremadura espanhola, juntam-se mais uma vez na Festa Ibérica da Olaria e do Barro (FIOBAR). A décima sétima edição deste certame vai decorrer de amanhã até domingo. agrava-se Sinistralidade

description

Edição 153 do Semanário Registo

Transcript of Registo ed153

Page 1: Registo ed153

www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 05 de Maio de 2011 | ed. 153 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

266771284

PUB

LIVRO Memórias contra o esquecimentoMagistrada do Ministério Público, em Évora, Aurora Rodrigues publica livro em que recorda os longos dias de prisão e tortura nos calabouços da PIDE. “Este livro também é um grito, uma revolta da memória. Há coisas que têm de ser ditas”, diz a autora em entrevista exclusiva.

Carlos Zorrinhoem ENTREVISTA

1818

Agravam-se os números da sinistralidade grave no Alentejo, com mais mortos e feridos do que em 2010.

“O pRóxIMO gOVERNO dEVE dISpOR dE MAIORIA”Cabeça-de-lista do PS por Évora defende que o próximo governo deve ter maio-ria absoluta. E quer recuperar para o PS o segundo deputado por Évora.

06/07

09

Sócrates recebe apoio de autarcas independentes

Pág.08 Eleitos em listas de cidadãos independentes, os autarcas de Alandroal, Estremoz, Redondo e Sines mani-festaram durante um almoço na Serra d’Ossa o seu apoio a José Sócrates. Dizem ser quem “reúne melhores condições para levar a cabo o programa de austeridade e enfrentar as dificuldades que vamos ter”.

TURISMONovo hotel 5 estrelasPág.16 O L’AND Vineyards, primeiro empreendimento desenvolvido pela Sousa Cunhal Turismo em Montemor-o-Novo e que elege o vinho como âncora da sua inspira-ção, foi inaugurado depois de um investimento de 44 mi-lhões de euros. Trata-se do quarto empreendimento de 5 estrelas a abrir no Alentejo.

Reguengos de Monsaraz promove o melhor da olaria ibérica

Pág.12 Os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, São Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, e Salvatierra de los Barros, na Extremadura espanhola, juntam-se mais uma vez na Festa Ibérica da Olaria e do Barro (FIOBAR). A décima sétima edição deste certame vai decorrer de amanhã até domingo.

agrava-seSinistralidade

Page 2: Registo ed153

2 05 Maio ‘11

A Abrir

director Nuno Pitti Ferreira ([email protected]) Editor Luís Maneta

propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 5099759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 751 179 fax 266 751 179 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; departamento Comercial Teresa Mira ([email protected]) paginação Arte&design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Fotografia Luís Pardal (editor) Colaboradores Pedro Galego; Pedro Gama; Carlos Moura; Capoulas Santos; Sónia Ramos Ferro; Carlos Sezões; Margarida Pedrosa; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; Luís Martins Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 ERC.ICS 125430 Tiragem 10.000 ex distribuição Nacional periodicidade Semanal/Quinta-Feira Nº.depósito Legal 291523/09 distribuição Miranda Faustino, Lda

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

Não perca o seu Semanário REgISTO (gratuito) nas bancas!Tabacaria Central

Rua do Raimundo, n.º4 (Junto à Praça do Giraldo)Évora - Tel. 266 702 161

Tabacaria Rico Papelaria, Drogaria Arco Iris

Papelaria O Cantinho

Rua António José de Almeida, n.º3 (Junto à REPSOL)

Évora - 266 709 500Praceta Infante D. Henrique

4-4A - 7000 Évora

Horta Figueiras 7000 Évora

Folheando Artigos Papelaria,Jornais e Revistas, Lda

Intermarché-lj 18, Horta Figueiras 7000 Évora - 266 771 463

PUB

“A verdade da mentira?”

ww

w.egoisthedonism.w

ordpress.comPedro H

enriques | Cartoonista

Trinta minutos de teatro

No dia 26 de Abril do corrente ano Só-crates deu uma entrevista à TVI, onde demonstrou mais uma vez as suas qua-lidades de camaleão político. Tranquilo e sereno, não é o mesmo homem irritado e prepotente que todos conhecemos, que dispara ofensas em todas as direcções. Não. Sócrates é um homem renovado, cordato e de fácil trato, preocupado em preservar o Presidente da República. O que o marketing político e o “Luís” não fazem por este homem.

Sócrates transpira cinismo, num exer-cício de paz podre e de falso respeito pe-los outros protagonistas da vida política portuguesa, que chega a causar náuseas. Conhecemo-lo como Primeiro-ministro há seis anos mas apresenta-se-nos agora como se fosse o salvador da pátria, como se tivesse aterrado algures em Portugal, depois de um prolongado lifting ao ca-rácter e ao espírito.

Esta nova roupagem de homem de consenso e de diálogo não passou des-percebida à jornalista Judite Sousa, que estranhou a ausência do tom crispado ao que Sócrates respondeu que o “diálogo e a negociação não são sinal de fraque-za.” Pois não, mas então porque não ne-gociou o PEC IV antes de o apresentar em Bruxelas? Excelente oportunidade perdida para provar as suas súbitas qua-lidades de homem de Estado.

Diz Sócrates que um político deve saber separar as questões pessoais das questões políticas. Nada mais correcto, mas ele nunca o fez, nem dentro do pró-prio partido. Quem não é por ele é contra ele, logo está fora das listas de Deputa-dos.

As cartas do PSD ao Governo fazem-lhe estalar o falso verniz. A final, o esqueleto escondido dentro do armário não é uma ficção. O deficit de 2010 já vai em 9.1. Não tem importância, tal deve-se a alterações metodológicas devido à inclusão das contas do BPN, BPP e das empresas de transporte, em falência téc-nica. Para o Primeiro-ministro, o pro-blema é o PSD fazer perguntas sobre as contas guardadas na gaveta, como car-tas de amor antigas e comprometedoras. Não é a própria existência dessas contas, que desesperadamente continua a querer ocultar. Para Sócrates, pedir esclareci-

mentos e transparência nas contas pú-blicas é fazer “guerrilha política”. Mas quando questionado sobre a expressão utilizada por José Lelo para descrever o discurso do Presidente da República, não respondeu. Isso é que é guerrilha política, de baixo nível e ofensiva, bem ao estilo de um político a quem faltam todos os atributos de um ser de bom sen-so, a quem, por isso, deveria ser interdito o exercício da vida pública.

Questionado sobre o que fará caso seja considerado um obstáculo ao enten-dimento político por parte de todos os partidos políticos, Sócrates, que tem in-vocado o interesse nacional, esconde-se atrás do argumento mais fácil: foi reelei-to secretário-geral do Partido Socialista. Uma forma legitima de dizer que está agarrado ao poder.

Sócrates sempre disse que Portugal não precisava de ajuda externa. Agora diz que sempre considerou a ajuda ex-terna como o último recurso. Em 4 de Abril, Sócrates dizia que entre ele e o FMI estavam 10 milhões de portugue-ses. Dois dias depois, anuncia o pedido de ajuda externa. Seguramente um dos dias mais negros da sua carreira política. “Fiz o meu melhor para que não chegás-semos aqui.” O melhor de Sócrates foi a bancarrota.

Ninguém tem dúvidas de que se o PEC IV tivesse obtido aprovação, já es-taríamos a discutir o PEC V. Não é no espaço de um mês que um país fica sem dinheiro para solver as suas responsabi-lidades.

Nunca deixou cair um Ministro, afir-ma. Esqueceu-se do Ministro da Saúde, Correia de Campos e da anterior Minis-tra da Educação, Maria de Lurdes Ro-drigues.

Luís Amado e Jaime Gama estão des-gastados e querem dedicar-se à família. Sócrates deveria fazer o mesmo, depois de se ter consagrado o líder do desem-prego, dos juros e da divida pública, do nível de endividamento do Estado, das empresas e das famílias, do deficit da balança corrente, da crise na justiça, do abandono escolar (temos a 3.ª maior taxa em toda a OCDE) e da pobreza infantil (8.ª maior taxa dos países da mesma or-ganização), entre outras.

A publicação de um livro, entrevistas e con-ferências vieram trazer à memória um país onde existia uma polícia política que matava e torturava. Para que não se esqueça.

Os primeiros meses de 2011 foram marca-dos pelo aumento da sinistralidade grave no Alentejo e no distrito de Évora., quando comparada com o ano passado.

protagonistas

p18

p09Fernanda Ramos

Aurora Rodrigues

Sónia ramoS ferroJurista

Page 3: Registo ed153

3

Política

Redacção | Registo

O Bloco de Esquerda quer criar bolsas de arrendamento que permitam recuperar os centros históricos e ajudar jovens e fa-mílias carenciadas. “Não existe intervenção adequada ao ní-vel da manutenção dos centros históricos e da recuperação dos edifícios. Não se investe porque não há dinheiro, não se gera di-nheiro porque não se investe e o património vai caindo”, diz Mi-guel Sampaio, cabeça-de-lista do Bloco por Évora.

A ideia é recuperar as propos-tas de um projecto-lei que pre-vê a criação de uma bolsa de habitação para arrendamento destinada a responder às graves carências habitacionais ainda existentes, estimadas em cerca de 200 mil fogos, de acordo com o estudo de diagnóstico realiza-do no âmbito do Plano Estratégi-co de Habitação.

A ideia é “incentivar a utili-zação de habitações desocupa-das, dinamizando o mercado de arrendamento”. O que assume particular relevo em centros históricos classificados, como o de Évora.

“A nossa proposta é a recupe-ração dos centros históricos atra-vés de um programa específico com intervenção das autarquias e do Estado, recorrendo a fundos europeus e colocando os edifí-cios recuperados numa bolsa de arrendamento”, explica Miguel Sampaio. “Dentro de um deter-minado prazo, ou quando o di-nheiro investido na recuperação do edifício tivesse sido recupera-do, a gestão do imóvel voltaria a ser entregue ao res-pectivo proprietá-rio”.

“É uma aposta que tem duas vertentes: cria-ção de emprego e recuperação dos centros históricos com todas as conse-quências que daí derivam, a nível do au-m e n t o

do turismo, defesa sustentada do comércio tradicional e maior qualidade de vida”, acrescenta o candidato por Évora.

A proposta é que a bolsa seja gerida pelas respectivas câmaras municipais, integrando edifícios desocupados pertencentes ao património público ou privado que seriam depois arrendadas tendo em conta os rendimentos dos agregados familiares inte-ressados e a existência de meno-res ou pessoas com deficiência na família.

O projecto-lei foi “chumbado” na Assembleia da República. Mas o BE promete reapresentá-lo nas propostas eleitorais. Isto por-que existem 1,6 milhões de fogos a necessitar de intervenção e 326 mil (8% do total) muito degrada-dos, enquanto cerca de 85% dos fogos concluídos corresponde a habitação nova. “O país dos proprietários é o país do endi-vidamento das famílias, do seu empobrecimento real, da sua de-pendência ao sistema financei-ro, do aumento exponencial do preço dos imóveis: em 20 anos, desde 1988, o valor das habita-ções registou um crescimento de 208%”.

Resorts “são perigosos”

Outra aposta da candidatura do Bloco por Évora será o Turismo. Com os olhos postos nos projec-tos de interessa nacional (PIN) anunciados para a zona de Al-queva: “O que está acontecer com a criação dos grandes resorts em torno do Alqueva é uma aposta perigosa em termos de desenvol-vimento”, garante Miguel Sam-paio. “Não é esse tipo de turismo

que cria emprego e fixa popu-lações mas que propicia a

especulação imobiliária”. “Os resorts estão nas

mãos de grupos econó-micos que têm as suas próprias distribuidoras e funcionam em circui-to fechado. Não são os produtores locais que os abastecem, nem as po-

pulações da região ali têm trabalho

pois exi-gem uma mão-de-

o b r a espe -

Património e turismo são duas das apostas da candidatura do Bloco de Esquerda por Évora

D.R:

Proposta para reabilitar centros históricos.

Bloco querbolsa de arrendamento

cializada que não existe em zo-nas deprimidas como a nossa”.

Para o BE, mais do “trabalho sazonal”, a aposta no sector do turismo deve ser feita de forma “inteligente e fundamentada”. Ou seja, “incentivando e apoian-do” núcleos de turismo rural e turismo especializado – “como o birdwatching, por exemplo” – que possibilitem “a criação de emprego local e o contacto dos turistas com a região”.

“Não estamos absolutamente contra esse modelo dos grandes empreendimentos mas tem de haver uma aposta importante noutro tipo de turismo”.

O cabeça-de-lista do Bloco está igualmente contra a proposta recentemente avançada pelo presidente da Entidade Regio-nal Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, que considera “urgente” alterar o modelo de gestão do património cultural na região, sugerindo, entre outras medi-das, que a gestão seja entregue a agentes e estruturas privadas.

“A defesa do património tem de passar por uma aposta públi-ca e não por entregar a explora-ção do edificado a particulares”, contrapõe Miguel Sampaio.Miguel Sampaio lidera lista do BE por Évora

O Tribunal de Évora rejeitou uma candidatura às elei-ções legislativas, por ter sido apresentada em nome indi-vidual, tendo o candidato já sido notificado da decisão. O resultado do sorteio das candidaturas, num total de 15, apresentadas no tribunal, indica em 13.º lugar o nome de Manuel da Conceição Marques, sem apresentar qualquer sigla.

Fonte judicial adianta que não foi admitida a candida-tura e que o candidato não recorreu, no prazo estabele-cido, da decisão. Segundo a Lei Eleitoral da Assembleia da República, “as candida-turas são apresentadas pelos partidos políticos, isolada-mente ou em coligação, desde que registados até ao início do prazo de apresentação de candidaturas e as listas podem integrar cidadãos não inscritos nos respectivos partidos”.

Tribunalrejeita candidato

O cabeça de lista do PSD às legislativas pelo círculo de Beja, Carlos Moedas, acusou o primeiro-ministro, José Sócrates, de ter usado “sem escrúpulos o dinheiro das reformas dos portugueses para financiar a sua estraté-gia suicida”.

Em causa está uma notícia do Diário Económico, intitu-lada “Dívida pública arrasta PPR do Estado para pior retorno de sempre”, segun-do a qual os certificados de reforma lançados pelo Estado em Março de 2008 “regista-ram nos últimos 12 meses uma rentabilidade negativa de 4,64 por cento”.

“Num país em que deve-mos fazer tudo para incenti-var a poupança, José Sócrates delapida a poupança dos futuros reformados. Esta ac-ção é o pior que um Governo consciente poderia fazer”, acrescentou o candidato social-democrata por Beja.

Moedas acusaSócrates

Page 4: Registo ed153

4 05 Maio ‘11

Política

Um País Surrealistaantónio CoSta da Silvaeconomista

No mesmo dia que o Primeiro-Mi-nistro português vem fazer a festa da negociação da dívida do Estado português com a troika, sabemos que as obras do TGV já arrancaram há alguns meses. É estranho, como é que um País que não tem dinhei-ro, que paga juros de uma forma exorbitante, consegue fazer obras faraónicas, sem garantias da sua viabilidade económica e financeira. Como alguém dizia “os Romanos devem estar loucos”.

Máquinas escavadoras, camiões de transporte de terras e um gran-de fosso a ser aberto numa encosta para permitir a chegada do TGV. As obras decorrem a alta velocidade entre o Parque das Nações e a Es-tação de Braço de Prata, bem como por boa parte da Linha do Norte em

Lisboa e da Linha de Cintura, até ao Areeiro, anunciava a SIC.

Há algo de surrealista no meio disto tudo. Um País onde o Primei-ro-Ministro vem falar dum futuro melhor para os portugueses, onde as coisas não parecem ser assim tão más, consegue continuar a desgo-vernar alegremente Portugal. Cus-ta-me entender isto!

Um País que foi levado pratica-mente à banca rota por este Gover-no, até parece que acabou de ser sal-vo. Nada de mais errado nisto tudo. Será que as pessoas acreditam no lhes foi comunicado?

Apesar do dourar da pílula, os tempos vão ser duros para os por-tugueses. Os dados do FMI, UE e BCP, colocam Portugal em recessão durante mais 2 anos (-2% ao ano).

Recessão significa desemprego. Significa que vamos atingir valores inimagináveis há alguns anos atrás. Estamos a falar de pessoas e não da redução de uma despesa qualquer. Muito cuidado!

É claro que ninguém vai falar

disto!Há pouco tempo tínhamos um

Primeiro-Ministro que dizia que não governava com o FMI, que não necessitávamos de apoio do FMI, que as medidas do PEC 4 eram suficientes. Agora temos o mesmo chefe de Governo a dizer que afi-nal isto é a melhor coisa do mundo. Chama-se a isto o quê?

Todos lhe diziam qual o caminho, mas nunca o quis seguir. Forçou-nos a pagar juros (desde há muito tempo) dificílimos de pagar, seguiu em frente para o precipício. Forçou-nos a pedir empréstimos a entida-des altamente duvidosas, mas não quis saber. Chegámos ao inevitável, negociar o melhor possível com um credor que vai estar dentro da nossa governação. É essa a nova realida-

de.É claro que a máquina da propa-

ganda, artificial, de plástico e ma-nuseadora dos textos em teleponto, não vai deixar de criar inúmeras ilusões. Esta nova técnica de venda da banha da cobra, até pode resultar temporariamente, mas não vai du-rar para sempre.

Espero que a lucidez esteja na cabeça dos portugueses, que não se tentem pelos inúmeros passes de mágica que vão passar pela sua frente. Espero que os portugueses castiguem definitivamente quem nos trouxe para esta triste situação.

E na verdade, quem nos trouxe para esta triste e grave situação tem um rosto, chama-se José Sócrates, ainda Primeiro-Ministro de Portu-gal.

Querer mudar e argumentar o contrárioeduardo luCianoadvogado

Neste espaço de pré-campanha e campanha eleitoral os contactos pessoais são uma verdadeira fonte de argumentos que parecendo ir no caminho certo desembocam em op-ções erradas.

Desse conjunto de frases, “bo-cas” e palpites emergem três supos-tos argumentos que acabam sempre na mesma conclusão: não vale a pena votar.

Comigo eles não se governamÉ um argumento usado por aque-

les que estando descontentes com a situação política e social, entendem que ao não votar retiram legitimi-dade a quem governa e a quem está na oposição.

Dizem-no com uma tal convicção e com o suporte num sorriso que transparece superioridade que lhes parece não poder ser rebatido tal “argumento”.

Mas afinal, se os que estão des-contentes não votarem quem sobra para votar? Os que beneficiam das opções políticas dominantes e que nos empurraram para o buraco onde estamos metidos. O exercício consequente desta afirmação tem exactamente o resultado contrário ao objectivo enunciado. Se as víti-mas das opções políticas dos últi-mos 35 anos não votarem, a conse-quência é que “eles” irão continuar a governar-se à custa dos mesmos de sempre. Querem apostar comigo que pode haver bancários que pen-sam assim, mas que não há nenhum banqueiro que defenda o mesmo?

Os partidos são todos iguaisOra aí está o supra sumo da argu-

mentação do abstencionista típico. Medem todos os actores políticos pela mesma bitola sem analisarem diferenças e semelhanças.

No mesmo saco ficam os que

D.R.

“Agora temos o mesmo chefe de Governo a dizer que afinal isto é a melhor coisa do mundo. Chama-se a isto o quê?“.

aprovaram os PEC e os que os com-bateram, os que aprovaram as alte-rações às leis laborais e os que as combateram no parlamento e nas ruas, os que apresentaram propos-tas de lei de combate à precariedade e os que se uniram para as chumbar.

É fácil atirar a “bojarda” à mesa do café e a seguir dar uma dentada no pastel de nata com a certeza de que se disse uma coisa óbvia.

Mas é possível demonstrar as di-ferenças. No nosso distrito foram eleitos três deputados (CDU, PS e PSD). O deputado eleito pela CDU fez 174 perguntas e requerimentos ao governo, o do PSD fez 27 e o do PS 0 (zero). O deputado eleito pela CDU apresentou 231 projectos de lei e outras iniciativas, o do PSD 10 e o do PS 3. O deputado eleito pela CDU apresentou 111 propostas para o distrito no Orçamento de Estado, o do PSD 1 e o do PS 0 (zero).

Todos iguais? Talvez os partidos da alternância sejam muito pareci-dos, mas têm que concordar que é de uma enorme injustiça meter no mesmo saco os que têm responsa-bilidades pelo que estamos a passar e os que defendem uma política al-ternativa.

Não há alternativaEste argumento é usado pelos

abstencionistas e por aqueles que fingindo estar dispostos a mudar pretendem convencer-nos que não mudam porque não há alternativa.

São os adeptos do voto útil no PS para derrotar o PSD ou vice-versa. Quantas conversas não desembo-cam na frase “vocês têm razão mas não conseguem lá chegar”.

É preciso demonstrar que votar no PS, no PSD ou no CDS enquanto votos alternativos, é de uma inutili-dade gritante.

Na actual conjuntura ainda mais evidente isso se torna. Se ganhar o PS o governo será PS com o PSD e o CDS. Se ganhar o PSD o governo será PSD com o PS e o CDS. Se me conseguirem explicar a utilidade deste voto e que diferença fará…

Existe de facto alternativa. Exis-tem soluções políticas fora deste carrossel que gire por onde girar, gira sempre em função dos mesmos interesses.

Claro que para a comunicação social dominante existem os “prin-cipais partidos” e os outros. Esta forma aparentemente inocente de apresentar a coisa é desde logo con-dicionadora do verdadeiro debate que se deve fazer.

Que importa discutir as diferen-ças entre PS e PSD se no essencial estão de acordo quanto às soluções?

E que importa valorizar essas solu-ções se são exactamente as mesmas que nos conduziram aqui?

O medo é o suporte deste argu-mento. No dia em que os portugue-ses perderem o medo e ousarem mudar, será possível o tal governo patriótico e de esquerda que reali-ze uma política diferente em defesa dos interesses da maioria dos por-tugueses.

No dia 5 de Junho no nosso distri-to é possível dar um contributo de-cisivo para esse objectivo, elegendo mais deputados da CDU, elegendo mais deputados de confiança.

Vamos lá conversar com toda a gente, por mais definitivas que sejam as suas opiniões. Não há ar-gumentos, por muito básicos e re-dutores que sejam, que não possam ser desmontados e combatidos com os factos e as convicções de quem defende uma política diferente para um outro futuro.

“No dia em que os portugueses per-derem o medo e ousarem mudar, será possível o tal governo patriótico e de esquerda que realize uma políti-ca diferente em defesa dos inter-esses da maioria dos portugueses “.

Page 5: Registo ed153

5

Política

PUB

Os iguais e os diferentesCarloS mouraengenheiro

Os discursos dos quatro homens que desempenharam, por eleição, as funções da mais alta magistratu-ra do Estado, na bizarra cerimónia de comemoração do 37º aniversário da Revolução de 25 de Abril, mos-traram com meridiana clareza que as responsabilidades da presente situação em que o país se encontra não tem nem igual distribuição pelo espectro político nem pode ter por solução qualquer tipo de entendi-mento alargado. Mostraram-no mas não pelo que disseram, mas antes por aquilo que pelos seus discursos ficou oculto.

Pretender que a situação actual se deve a termos “vivido acima das nossas posses”, que é necessário um esforço comum, ou que não vale a pena estar a determinar “culpados”, não só é absolutamente falso, como procura evitar mostrar que os mes-mos que agora discursam foram, uns mais, outros menos, mas todos eles, responsáveis à vez e cúmplices da paulatina destruição do sistema produtivo nacional, da descarada transformação da dívida privada em dívida pública, e do acatamento de uma fórmula de convergência eco-

nómica com os restantes países da zona Euro, nominal, mas não real, que consagrou uma moeda forte que favorecia os interesses comerciais da Alemanha em detrimento da for-tíssima contracção das exportações nacionais.

Os partidos, que agora se deno-minam de “arco do poder”, como se a decisão sobre a escolha de quem exerce o poder não coubesse, ou fosse suposto caber, ao povo sobe-rano, e a quem já tentaram chamar de “arco constitucional”, omitindo que o CDS votou contra a constitui-ção de 76, e que portanto não se revê no regime de Abril, vêm desde os primeiros Governos constitucionais promovendo as mais diversas altera-ções, às quais esta mesma constitui-ção não esteve isenta, consagrando assim as alterações que conduziram à actual situação económica.

As soluções governativas que conduziram ao desastre, de que pro-curam culpabilizar agora o povo, tentam ainda assim e mesmo peran-te a intervenção externa, que diga-se com todas as letras não passa de pura agiotagem com uma “ajuda” que será paga a peso de ouro, manter o con-

trolo da situação, lutando pela prorro-gativa de serem os sátrapas de FMI, BCE e UE, na aplicação das medidas exigidas por estes a Portugal.

A ampla convergência que nos propõem, e na qual muitos se dei-xam conduzir, permite-lhes conti-nuar as mesmas políticas que apli-caram, aliás permite-lhes ganhar fôlego suficiente para que os portu-gueses aceitem situações aviltantes de maiores cortes de salários e rega-lias sociais, sem que estas conduzam a nenhuma solução, tal como não o conduziram nem na Grécia nem na Irlanda – Como pode alguém imagi-nar que aqui seria diferente?

Apesar de rejeitar categoricamente a dívida que nos impõem, que na ver-dade é uma dívida criada pelo dinhei-

ro que o Estado colocou nos Bancos, a proposta apresentada de renego-ciação da dívida, que é apresentada pelo PCP e que colhe nos partidos à esquerda, nem sequer pode ser apon-tada como uma solução utópica de comunistas e esquerdistas, uma vez que a agência Bloomberg (esse ca-nal insuspeitíssimo de esquerdismo) apresenta a mesma medida como solução para os países do sul, sem afundar a economia e fazer disparar o desemprego.

É por demais óbvio que contraria-mente ao que é dito as opiniões dos partidos à esquerda não só contam, como são absolutamente fundamen-tais para alterar o curso da situação. Mas contar não significa um grande entendimento ou coligação. Os par-tidos são entidades emanantes da sociedade, com projectos de organi-zação económica e social próprios e na maior parte das vezes irreconcili-áveis, não é possível que num mes-mo governo se encontrem propostas absolutamente antagónicas. Aconte-ce que umas são as dos responsáveis pela actual situação e as outras da-queles que criticaram, alertaram e propuseram alternativas.

“É necessário um esforço comum, ou que não vale a pena estar a deter-minar culpados“.

O PCP quer que o PS explique “com urgência” a “promiscui-dade reinante entre funções do Estado e a campanha eleitoral” socialista. Em causa está a presença de Capoulas Santos, presidente da Federa-ção de Évora do PS na cerimó-nia de inauguração das obras numa escola em Vila Viçosa (ver artigo nesta edição).

“Ao longo destes últimos seis anos, no Distrito de Évora, sempre se verificou uma promiscuidade entre as diversas instituições e o aparelho partidário do PS. Sempre denunciámos e luta-mos contra essa situação, mas estando o país em período de campanha eleitoral e sendo o próprio 1.º Ministro a dar esse exemplo o episódio assume uma outra gravidade”, diz fonte da DOREV.

Acusando o PS de “desnor-te”, o PCP diz que “num mo-mento em que o povo do dis-trito e do País enfrenta tantas dificuldades em resultado da politica do PS, esta atitude do 1.º Ministro é chocante pois já não olha a meios para atingir os seus objectivos. A mesma fonte admite levar o caso à Comissão Nacional de Eleições.

PCP crítica “promiscuidade”

Page 6: Registo ed153

6 05 Maio ‘11

Entrevista

”O próximo governo deve dispor de um suporte maioritário“

Carlos Zorrinho, cabeça-de-lista do Partido Socialista pelo círculo eleitoral de Évora às próximas legislativas

Luís Maneta | Registo

Apesar do resultado das son-dagens, o PS parte para estas eleições na expectativa de as ganhar?

A nossa atitude perante as elei-ções não é a de ganhar ou per-der. É uma atitude de achar que continuamos a ser importantes para o país e que a continuida-de do PS no governo é a melhor solução face às dificuldades que estamos a atravessar e para as quais é necessária uma resposta com experiência, com contac-tos internacionais, com pessoas determinadas e, naturalmente,

com alguma renovação. Estas eleições não foram desejadas por nós mas o que verificamos é que quem as provocou não demons-tra nenhuma preparação para assumir o lugar. O PSD aspira ao poder, com legitimidade demo-crática, mas não tem preparação para o assumir.

Esta situação difícil, de que falou, resulta de seis anos de governação liderada pelo PS?

Há muita coisa boa em Por-tugal reflexo de seis anos de governação do PS. E há um dese-quilíbrio macroeconómico que

resulta do contexto internacio-nal e da ligação deste contexto à realidade do país. Países como Portugal, Grécia e Irlanda, com economias pequenas e muito abertas, ficaram muito vulnerá-veis ao choque que começou nos Estados Unidos, depois contami-nou a Grécia sem uma resposta atempada da União Europeia.

Era impossível antecipar a extensão da crise?

Era imprevisível o que agora ocorreu. Portugal vive agora um momento difícil, fez o que tinha a fazer nas alturas certas, foi dos países que mais resistiu à crise

mas é também dos países maus vulneráveis. É muito importante nesta fase darmos a volta, tomar as medidas e fazer as reformas necessárias e, mais uma vez, o PS e em particular José Sócrates está mais preparado para o fazer do que as alternativas.

É mais ou menos consensu-al na sociedade portuguesa que o próximo governo de-verá ser de maioria. Ora, nes-te contexto, José Sócrates de-monstrou dificuldades em fazer acordos com os outros partidos?

Em primeiro lugar quero di-

zer-lhe que foi pena o Presidente da República não ter criado con-dições para que este governo fos-se de maioria. Nessa altura, o PS reuniu com todos os partidos e a todos eles fez propostas de traba-lho em conjunto. Todos sabiam que vinham aí tempos difíceis e nenhum quis assumir essa res-ponsabilidade.

O Presidente deveria ter sido mais interventivo?

Penso que sim. Como também penso que deveria ter sido mais interventivo em termos de bom senso antes de se ter dado a de-missão do governo. Fico muito

Page 7: Registo ed153

7

Não há um plano “b”, a pen-sar num Bloco Central sem o actual primeiro-ministro?

Não vale a pena fazer gran-des previsões. É importante que os portugueses escolham quem querem que governe Portugal. A escolha muito clara é entre José Sócrates, um homem preparado, determinado, com experiência, ou Pedro Passos Coelho, um lí-der que alguns já disseram ser bem-intencionado mas que tem demonstrado uma enorme de-sorientação e incapacidade em definir o rumo que quer trilhar. Escolhida a referência, haverá nas forças políticas e na socie-dade portuguesa a capacidade de criar uma solução adequada para vencer os desafios que te-mos pela frente.

O ciclo de governos minori-tários chegou ao fim?

As pessoas têm muitas vezes tendência para seguir experi-ências diferentes. A seguir ao governo minoritário de Antó-nio Guterres houve vontade de um governo mais forte, depois novamente de um governo sem maioria .... é legítimo mas temos de pensar porque é que noutras democracias as coisas funcio-nam de outra maneira. Não é normal nas democracias ociden-tais haver soluções de governo minoritárias ainda para mais em tempos como este, muito di-fíceis, em que é necessário fazer muitas reformas. Não ganhamos nada com isso. É preciso haver capacidade de conversar. Há um momento primeiro, que é o da escolha, e depois é necessário fazer alguma consensualização de posições e há condições na so-ciedade portuguesa para o fazer.

O Carlos Zorrinho volta a ser candidato por Évora. Desta vez é para ir ocupar o lugar no Parlamento? Os eleito-res vão votar num deputado para os representar no Parla-mento?

Tenho muita honra de ser elei-to deputado desde 1995. Nunca deixei o Parlamento para desem-penhar qualquer função que não fosse directamente correla-cionada com o facto de ter sido eleito deputado. Deixei o Parla-mento para ser secretário de Es-tado da Administração Interna, coordenador do Pro-Alentejo, coordenador do Plano Tecnoló-gico e agora para ser secretário de Estado da Energia e da Inova-ção. O que garanto aos meus elei-tores é que não deixarei o Parla-mento para exercer funções que não sejam correlacionadas com a eleição de deputado.

O aceitar de outras funções por parte de um deputado é positivo para o distrito que o elegeu?

O facto de o PS há muitos anos em Évora conseguir ter cabeças de lista do distrito, chamados a exercer outras funções, tem permitido uma coisa muito in-

“Há menos razões para um voto de protesto e mais razões para um voto afirmativo, num lado ou noutro. Nessa perspectiva, a nossa ambição é eleger dois depu-tados por Évora. A verdade é que nesses pormeno-res, na eleição de um deputado ou dois num sítio ou noutro, pode estar a diferença entre uma vitória ou não do PS”.

teressante: 8 personalidades do distrito têm hoje uma visibili-dade nacional devido ao seu de-sempenho como deputados. Isso deu-nos experiência política, capacidade de influenciar, e po-tenciou o poder do distrito que, dada a dimensão demográfica que temos, é relativo. Portanto, o facto de ter sido eleito deputado e desempenhado outras funções dá-me a satisfação de ter feito coisas de que gostei muito e ter dado a oportunidade a outras pessoas, com muito valor e mui-ta qualidade, para desempenha-rem funções no Parlamento.

Mas no momento de votar é o seu nome que está à frente da lista.

Quando votarem em Évora, é razoável as pessoas pensarem que estão a votar em mim e no professor Bravo Nico [número dois na lista do PS]. O PS ambi-ciona nestas eleições eleger dois deputados em Évora. E é impor-tante que assim seja. Os eleitores saberão também que se eu ou o professor Bravo Nico deixarmos a Assembleia da República será para representar o distrito nou-tra função política. Quem vem a seguir fará perfeitamente o tra-balho de deputado.

O objectivo eleitoral do PS/Évora é a eleição de dois de-putados?

Ficámos a 700 votos do se-gundo deputado nas últimas eleições legislativas. Estas elei-ções vão ser muito disputadas, é preciso que as pessoas ponde-rem muito bem o sentido do seu voto. Houve muito voto de pro-testo nas últimas eleições, que eu compreendo, mas o que agora está em jogo são dois modelos de governação completamente diferentes. Um modelo com sen-sibilidade social, outro que visa destruir a escola pública, serviço nacional de saúde, privatizar a Caixa Geral de Depósito e des-truir a sociedade tal como nós a conhecemos, com um Estado ágil e forte em que as pessoas se sentem protegidas.

Quer dizer que há menos ra-zões para o voto de protesto?

Há menos razões para um voto de protesto e mais razões para um voto afirmativo, num lado ou noutro. Nessa perspecti-va, a nossa ambição é eleger dois deputados por Évora. A verda-de é que nesses pormenores, na eleição de um deputado ou dois num sítio ou noutro, pode estar a diferença entre uma vitória ou não do PS ... recordo que em 2002 não fui eleito numa lista em que era número 2 por menos de 100 votos e isso aconteceu em mais 4 ou 5 distritos, o que fez a diferen-ça entre uma maioria absoluta do PSD e do CDS, que houve na altura, ou uma solução de gover-no completamente diferente. To-dos os votos contam.

O PS vai comprometer-se com a construção do novo hospital de Évora?

O país precisa de um novo hos-pital central, Évora também. Há todas as condições para o fazer, ainda por cima porque não está

<Nas últimas eleições lregislativas, o PS obteve no

distrito 35,01% dos votos, tendo “perdido” um deputado para

o PSD. Desta vez, o objectivo eleitoral dos socialistas é voltar a conquistar dois lugares por

Évora. >

35%NÚMERO

“Não posso revelar as negociações que estão a decorrer neste momento [com a troika] mas posso dar-lhe a certeza que o gov-erno se bem batido contra tudo e contra todos, pelo TGV”.

Luís Pardal | Registo

satisfeito ao ouvir as recentes declarações do Presidente da República no sentido de agora ir ser mais interventivo. Penso que o próximo governo, face às circunstâncias, deve dispor de um suporte maioritário no Par-lamento.

E José Sócrates tem condições para fazer esses acordos?

Ao contrário de outros líde-res, José Sócrates já disse que está disponível para governar com outros partidos e para não colocar qualquer condição em relação às lideranças de outros partidos. O PSD diz querer falar com o PS mas quer mudar o lí-der do Partido Socialista e isso é algo que não é democrático pois cada partido escolhe os seus líde-res. José Sócrates está disponível para trabalhar com todos os ou-tros líderes partidários, natural-mente com base em princípios fundamentais como a adesão ao projecto europeu, a manutenção no Euro e outros princípios bási-cos do nosso desenvolvimento social.

sujeito a financiamentos exter-nos. O próprio Hospital de Évora tem recursos e património que lhe permite construir um novo hospital e, portanto, nós vamos bater-nos até à exaustação para que seja feito. Como aliás irão prosseguir outras obras. Aliás, o último ano e meio foi muito difí-cil mas o governo cumpriu a sua missão, foram feitos e inaugu-rados diversos centros de saúde, unidades de saúde familiares ...

Tendo aumentado as dificul-dades de acesso aos serviços de saúde.

Isso e uma questão diferente que obrigou o Ministério da Saú-de a ir buscar médicos a Cuba e à Colômbia e que se prende com a dificuldade de recursos huma-nos. Os médicos não se podem fabricar. Tudo o que dependia de decisão política e foi feito.

Quanto ao TgV?Defendo que se construa a li-

nha de TGV entre Lisboa e Ma-drid, que tem tido uma oposição brutal. Era bom para Portugal [que a linha de alta velocida-de fosse construída]. Mas, para mim, muito mais importante é a ligação em bitola europeia entre Sines e a Europa. Isso é absolutamente determinante. Sines é uma chave para o desen-volvimento de Portugal. Quan-do algumas pessoas dizem não perceber como é que se mantém o TGV até ao Poceirão sem cons-truir a terceira ponte sobre o Tejo é porque não perceberam nada – a ligação logística ao Poceirão e a Sines é decisiva para Portugal.

É um projecto que um gover-no liderado pelo PS irá man-ter?

O governo tem resistido a tudo e todos. Não posso revelar as ne-gociações que estão a decorrer neste momento [com a troika FMI/Banco Central Europeu/União Europeia] mas posso dar-lhe a certeza que o governo se bem batido contra tudo e contra todos, mesmo dentro do país, por manter o TGV e toda esta linha de desenvolvimento logístico entre Sines, Poceirão, Évora e El-vas, porque fará toda a diferença no Alentejo.

Faz sentido nesta conjun-tura apresentar programas eleitorais à moda antiga?

Penso que não. O que faz cada vez mais sentido é os partidos dizerem o que consideram es-sencial. Nós faremos isso. Fare-mos uma carta de compromisso aos cidadãos do nosso distrito em que nos comprometemos a bater-nos para que o Alentejo continue a ter o tratamento ade-quado à sua especificidade.

De que forma?As distâncias são muito gran-

des. As apostas, por exemplo, nas creches, nas unidades de saúde familiares, nos cuidados conti-nuados, nos sistemas de apoio domiciliário, protecção social, são ainda mais importantes do que noutras zonas do país. Por outro lado, tem de haver discri-minação positiva nas medidas que permitam atrair pessoas.

Page 8: Registo ed153

8 05 Maio ‘11

Regional

Redacção | Registo

O período oficial de campanha ainda vem longe. Mas o líder socialista já segue em ritmo de eleições: em Évora, no passado sábado, reuniu com militantes do partido, posou para a foto com jovens apoiantes e atacou o PSD. No domingo, já depois de ter deixado de lado o papel de primeiro-ministro – inaugurou as obras numa escola de Vila Viçosa (ver caixa) – foi almoçar com quatro autarcas eleitos em listas independentes: Alfredo Barroso (Redondo), João Grilo (Alandroal), Luís Mourinha (Es-tremoz) e Manuel Coelho (Sines) querem que à frente do governo continue José Sócrates.

“É aquele que reúne melho-res condições para levar a cabo o programa de austeridade e enfrentar as dificuldades que vamos ter”, garante Alfredo Barroso, que nas últimas presi-denciais apoiou Cavaco Silva. “Estamos aqui para enfrentar as dificuldades e estar solidá-rios com aquilo que o Governo vai ter que fazer e esperamos que seja com José Sócrates como primeiro-ministro”.

Manuel Coelho concorda: “Queremos que o país se desen-volva nas áreas do investimento produtivo e na defesa dos três pilares do estado social: Serviço Nacional de Saúde, Educação e Segurança Social”. O que, na sua opinião, só acontecerá se o PS voltar a ganhar as eleições.

“É um apoio que recebo com alegria, não apenas pelo signi-ficado que tem, mas, principal-mente, por aquilo que significa em termos do trabalho que fize-mos no Alentejo, nomeadamen-

Sócrates inicia em Évoracaminhada eleitoral

Como é que surgiu esta iniciativa de apoio a José Sócrates?

A iniciativa partiu de uma conversa entre nós. Sendo nós presidentes de câmara eleitos por movimentos independentes entende-mos que num momento de dificuldade não nos devía-mos alhear da situação mas assumir uma posição muito clara em relação ao futuro e ao que nos espera. Sabemos das dificuldades mas tam-bém sabemos que alguém as terá de enfrentar. E conside-ramos que dos candidatos [a primeiro-ministro] José Só-crates é o que reúne melhores condições para levar a cabo o programa de austeridade que vamos ter de enfrentar, além de reconhecermos que foi nos últimos anos que muito se investiu no Alentejo.

O que vão dizer ao primei-ro-minsistro?

Que pode contar com o nosso apoio. Vai ser, com cer-teza, uma campanha dura, as dificuldades virão depois das eleições mas estaremos cá para as enfrentar e para estar solidários em relação ao que o próximo governo terá de fazer.

Este apoio quer dizer que estes autarcas poderão vir a ser candidatos em listas do Partido Socialista?

Não, não tem rigorosamen-te nada a ver com as eleições autárquicas. Cada um fala por si. Eu, quando aconte-ceu a minha situação [saída do PCP] disse que partidos nunca mais. Não tenho nada contra os partidos, são fun-damentais para o funciona-mento do regime democráti-co, mas partidos nunca mais. O movimento de cidadãos continuará no Redondo mas isso não impede que tenha-mos um bom relacionamento com os partidos que enten-derem que a cidadania é útil para corrigir alguns dos seus defeitos e falhas de funciona-mento.

“Partidos nunca mais”

Alfredo Barroso

Poses para a fotografia, jantar com militantes, apoio de autarcas independentes: já cheira a eleições.te no Alqueva, na ligação entre Sines e Beja e no Aeroporto de Beja”, respondeu José Sócrates.

No distrito de Évora, os socia-listas elevaram a fasquia eleito-ral assumindo que o objectivo é a reconquista do segundo de-putado, perdido há um ano para o PSD. “O PS ambiciona nestas eleições eleger dois deputados em Évora”, diz abertamente Car-los Zorrinho.

Já Capoulas Santos acredita que a escolha de um outsider para liderar a lista social-demo-crata pode ajudar a “consolidar” o resultado do PS: “Em Lisboa já ninguém se atreve a mandar um candidato para Évora, contra a vontade dos militantes da res-pectiva distrital”.

Homenagem a militantes

No dia anterior, durante um jantar com militantes em que homenageou Rui Nabeiro, João Cutileiro, António Medinas e Dinis Vital, o líder socialista di-rigiu o discurso para a política nacional, desafiando o PSD a apresentar o programa eleitoral: “Eu tenho uma mensagem para o PSD e é muito simples, parem de jogar este jogo infantil, apre-sentem as vossas propostas”. Isto porque “não é possível continu-armos nesta situação”, com um partido “apenas a dizer mal de tudo e de todos, sem apresentar nenhuma proposta”.

“Esse partido que abre uma crise política, não deveria ter a responsabilidade de, ao mesmo tempo, dizer ao país qual é a al-ternativa?”, interrogou, antes de passar à temática da Educa-ção, que marcou todo o fim-de-semana. Sócrates garante que o PS vai “continuar a investir nas escolas” porque “a melhor forma de apostarmos numa economia melhor é qualificarmos melhor os portugueses”.

“A obrigação mais importan-te do Estado não é apenas dar educação a todos. É dar uma boa educação a todos”, com “igualda-de de oportunidades no acesso ao conhecimento”, frisou.

O secretário-geral do PS insis-tiu nos investimentos efectua-dos na requalificação das escolas públicas, apontando o exemplo do distrito de Évora, onde 10 es-colas secundárias estão abrangi-das por obras de requalificação, seis das quais já concluídas.

“A obrigação mais importan-te do Estado não é apenas dar educação a todos. É dar uma boa educação a todos”, garantiu Só-crates, disparando novamente na direcção do PSD: “Bom, mas se acham que não devemos in-vestir em escolas, talvez não se importem de responder a esta pequena pergunta. Então deve-ríamos investir em quê?”.

Entre duas acções partidárias – uma em Évora e outra na Aldeia da Serra (Redondo) – José Sócrates presidiu a uma iniciativa oficial: a inaugu-ração das obras de renovação da Escola Secundária Hortên-sia de Castro, em Vila Viçosa, em que foram investidos 12,3 milhões de euros. Mas negou estar a fazer campanha com meios do Estado, garantindo que está a cumprir uma das suas “obrigações”.

“Campanha? Eu vim aqui partilhar com o presidente da câmara e com a direcção da escola a felicidade de terem uma nova escola e acho que isso é uma das minhas obrigações.

“Venho aqui com o sen-timento de quem está a defender o investimento na escola pública e a defender

aqueles que se empenham para termos uma melhor educação no nosso país. Isto faz parte das minhas obriga-ções”, frisou.

Durante o fim-de-semana acentuou o tom das críticas ao PSD em matéria de Educa-ção: “Eles acham que escolas boas só no privado. Escolas públicas podem ser qualquer coisa, mas não é assim que eu vejo isto. Pelo contrário”. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Educação, entraram em funcionamen-to, no início do terceiro perí-odo lectivo mais 15 escolas secundárias requalificadas pela Parque Escolar, ao abri-go do Programa de Moderni-zação das Escolas do Ensino Secundário que já permitiu requalificar um total de 90 estabelecimentos de ensino.

Primeiro-ministro nega campanha com meios do Estado

Sócrates jantou em Évora com militantes socialistas. Bem-disposto, posou para a fotografia com um grupo de jovens.

D.R.

Page 9: Registo ed153

9

Regional

Ao contrário da convicção popular, não é à sexta-feira nem ao fim-de-semana que ocorrem os acidentes mais graves nas estradas do distrito de Évora. Em 2010, o pior dia foi mesmo a segunda-feira, com 91 dos 540 acidentes registados, segundo fonte da ANSR. Foi também à segunda-fei-ra que se registaram mais mortes: 5 (27,8% do total).A maior parte dos aciden-tes no distrito ocorreu durante a tarde, entre as 12 e as 18 horas (206), sendo que os casos mais graves sucederam entre as 18 e as 21 horas: 6 mortes em 94 acidentes.Mais de metade dos aci-dentes resulta do despiste de viaturas (287), a que se seguem as colisões (208) e os atropelamentos (45).Os dados da ANSR indi-cam ainda que 16 das 18 vítimas mortais no distrito em 2010 ocorreram em estradas nacionais. O concelho do distrito com o maior número de acidentes foi o de Évora: 154, 5 mortos e 206 feridos, 26 dos quais em estado grave. Mas é em Mourão que o índice de gravidade (número de mortos por cada 100 aci-dentes com vítimas) é mais elevado: 33,3. A explicação é simples: Em 2010 ocor-reram apenas 3 acidentes, dos quais resultou 1 morto.

Segunda fatídica

Acidentes fazem mais mortes nas estradas do AlentejoA sinistralidade grave aumentou desde o início do ano. Restrições orçamentais levam GNR a cortar combustível.

Luís Maneta | Registo

Mais mortos e mais feridos gra-ves. O ano está a ser trágico nas estradas do Alentejo, com o agravamento da sinistralidade face a 2010. Fonte da Autoridade Nacional de Segurança Rodovi-ária (ANSR) avança ao Registo os números oficiais: entre 1 de Janeiro e 30 de Abril morreram 17 pessoas em consequência de acidentes rodoviários, mais 3 do que em idêntico período do ano passado. Também o número de feridos graves subiu: 69 nos primeiros quatro meses do ano, contra 58 em 2010.

No distrito de Évora o núme-ro de mortos mantém-se iden-tico nos dois períodos: 8. Mas o de feridos graves “disparou” de 18 para 26, reflectindo já os dois grandes acidentes ocorridos em finais de Abril e que provoca-ram 3 mortos.

O mais grave aconteceu na Estrada Nacional 254, próximo de Redondo, por volta das 9h20, quando o automóvel conduzido por um jovem de 24 anos entrou em despiste indo embater vio-lentamente na dianteira de um outro automóvel, que seguia no sentido Évora/Redondo.

No carro que se despistou se-guiam 5 homens. Um perdeu a vida no momento do embate – a

violência do choque fez com que tivesse sido decapitado, sendo o corpo projectado algumas de-zenas de metros. Outro morre-ria alguns minutos depois, no interior de uma ambulância, quando a equipa do INEM fazia os possíveis para o estabilizar e encaminhar para o Hospital de Évora. Do acidente resultaram mais quatro feridos, três dos quais em estado grave.

Embora as causas do acidente estejam a ser investigadas pela GNR, tanto bombeiros como forças de segurança e populares que acorreram ao local têm pou-cas dúvidas sobre como tudo se terá passado: “Excesso de veloci-dade e, eventualmente, álcool a mais. Se não viesse tão depressa, com certeza que teria sido possí-vel controlar o carro na curva e evitar esta tragédia”.

Segundo o Rodrigo Moura, comandante dos Bombeiros Vo-luntários de Redondo, a colisão deu-se numa zona da EN 254 onde “ocorrem alguns acidentes: “É uma zona com duas curvas, depois de uma recta, e o piso está em bom estado. A estrada é boa”.

Dias antes, na Estrada Nacio-nal 4, entre Montemor-o-Novo e Arraiolos, colisão frontal entre dois veículos ligeiros resultou na morte de uma mulher com 68 anos de idade e em 5 feridos, 4

O despiste de um veículo ligeiro de passageiros, segunda-feira ao início da noite, provocou um morto e dois feridos graves. O aci-dente ocorreu na Estrada Nacional 18, entre Évora-monte e Estremoz.Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora, as operações de socorro envolveram 14 bombeiros da corporação de Estremoz, apoiados por quatro viatu-ras, além de duas equipas do INEM.A Estrada Nacional 18 é uma das que regista maior sinistralidade no distrito de Évora – em 2010 foi pal-co de 4 acidentes de viação com vítimas mortais, de que resultaram 1 morto (na sequência de uma colisão frontal) e 5 feridos graves.Também a Nacional 256, junto a Vila Viçosa, foi pal-co a 19 de Abril de um cho-que entre um camião e um automóvel que provocou quatro feridos graves, um deles levado para Lisboa.

Mais vítimas mortais

Com 2 mortos e 4 feridos, este acidente próximo de Redondo foi um dos mais graves registados no Alentejo durante os primeiros meses do ano

dos quais em estado grave.Apesar de o acidente ter ocorri-

do numa zona conhecida como Serra de Lebres, trata-se de um troço de estrada com uma recta com mais de 500 metros de ex-tensão e boa visibilidade. “Ou foi uma distracção momentânea, uma ultrapassagem mal calcu-lada ou algo de muito inespera-do aconteceu pois não há uma explicação simples para uma co-lisão frontal neste local”, avança fonte dos bombeiros.

O comandante dos Bombeiros de Montemor-o-Novo, João Coe-lho, reconhece tratar-se de uma estrada onde “por vezes” suce-dem acidentes com gravidade, “normalmente originados” por velocidades excessivas.

A nível nacional, a tendência

é também de agravamento da sinistralidade. Fonte da ANSR avança ao Registo terem sido contabilizados desde o início do ano 221 mortos, o que representa uma subida de 8,8% face a 2010 e uma clara inversão na tendên-cia “decrescente” registada nos últimos anos.

O que mudou? Fonte da GNR avança ao Registo que foi o “enquadramento” da missão e o dinheiro disponível. Ou seja: “Foi posto de lado o trabalho de prevenção, de visibilidade dos militares na estrada, em detri-mento de acções de caça à mul-ta, com radares escondidos atrás das moitas”.

Também o dinheiro é cada vez menos. A 18 de Fevereiro, o pro-grama de redução de encargos orçamentais da GNR enviado a todo o dispositivo veio impor uma redução de 20% na despesa em combustível e lubrificantes “sem afectar a actividade opera-cional”. Em alguns comandos e destacamentos territoriais e de trânsito, a poupança em com-bustíveis chega mesmo aos 50%.

Em Beja, onde o número de mortes nas estradas subiu nos primeiros 4 meses do ano de 2 para 6, alguns destacamentos e postos da GNR foram obrigados a efectuar cortes de 50 a 60% na factura de combustíveis.

<Entre Janeiro e Abril morreram 17 pessoas nas

estradas do Alentejo, segundo dados oficiais. O número de

feridos graves é de 69, mais 11 do que em 2010.>

17NÚMERO

Luís Pardal | Registo

Page 10: Registo ed153

10 05 Maio ‘11

Regional

Admite-se que os processos sociais são di-fíceis, senão impossíveis de prever devido à multiplicidade dos actores, à relativa au-tonomia das decisões, ao carácter instável das opiniões, atitudes etc. A ideia que tem vindo a crescer nos últimos anos é que a eclosão de certos fenómenos de grande amplidão pode ser prevista, embora seja difícil prever com exactidão o momen-to em que se produzirão. O movimento popular na Alemanha de Leste, que leva à queda do Muro de Berlim era previsível? E o desmoronamento da União Soviética em 1990? E Maio de 1968? E as revoluções nos países árabes? E o 25 de Abril? Sim, eram previsíveis com probabilidade muito elevada: mas ninguém sabia quando iriam acontecer, nem prever qual seria o acontecimento aparentemente menor que, noutras circunstâncias, teria ficado sem efeitos notáveis. O que explica a disparida-de entre a quase certeza do “se” e a incer-teza do “quando” e da causa pontual que o despoleta, é o estado dos sistemas sociais e culturais em que ocorrem. Este estado chama-se “metaestabilidade” e é o estado dum sistema que muda muito lentamente (atingido um “mínimo local”) e portanto parece “perfeitamente estável”. Mas esse estado pode, com um acréscimo de energia (acção) modesto, transformar-se de modo brutal num outro estado (um “mínimo ab-soluto”). É aqui que intervêm os cavalos do Lago Ladoga (S. Petersburgo): uma noite de grande frio súbito, ouviu-se o que parecia uma gigantesca explosão vinda desse lago. Quem no dia seguinte se aproximou do lago, viu as cabeças de centenas de cavalos emergindo da espessa camada de gelo à superfície do lago. As águas arrefeceram bruscamente (muito abaixo de 0ºC) sem gelar. Foi o choque da entrada dos cavalos nas águas que desencadeou a transição “explosiva” do estado líquido ao estado sólido da água. É este tipo de “catástrofe” – transição brutal de um estado para outro, qualitativamente diferente, que se produz quando “rebentam” as revoluções. No Lago Ladoga, a “tensão” foi provocada pelo estado de “superfusão” da água: discrepân-cia entre a temperatura (muito abaixo do ponto de fusão – gelo) e o estado – líquido – da água. Na Tunísia, a auto imolação pelo fogo de um só homem bastou para lançar nas ruas centenas de milhares de manifes-tantes. As tensões acumuladas eram fortís-simas, bem conhecidas e tornavam quase certo que “algo” de grande iria acontecer: só não se sabia quando. Nestas situações, é possível prever que algo brutal vai aconte-cer: mas não exactamente quando, nem o que precipitará o movimento. .

CIDEHUS - Universidade de Évora e Academia [email protected]

antropólogoJosé rodrigues dos Santos*

Um olhar antropológico

Os cavalos do Lago Ladoga

22

PUB

Redacção | Registo

Filipa Cachapa, licenciada e mes-tranda em Sociologia na Universida-de de Évora está entre os 10 finalistas do FameLab. Trata-se de um concur-so internacional de comunicação científica, com a participação de 16 países, em que os participantes têm 3 minutos para apresentar um tema científico a um público não especia-lizado

A iniciativa é do Cheltenham Science Festival, organizado em Por-tugal pelo Ciência Viva em parceria com o British Council.

Filipa Cachapa apresentou ao vivo no Centro Ciência Viva de Sintra a comunicação antes gravada em ví-deo e assegurou o passaporte para a final no Pavilhão do Conhecimen-to – Ciência Viva em Lisboa e ainda para frequentar uma “MasterClass” de comunicação em ciência.

Dedicado à comunicação de ciên-cia, o FameLab aposta num formato parecido com o dos “Ídolos”, o famoso programa televisivo. Os concorren-tes, que têm que ser maiores de 18 anos, fazem apresentações de 3 mi-nutos sobre um tópico de ciência e/ou tecnologia à escolha, perante um júri, sem recurso a PowerPoint ou qualquer outro dispositivo electró-nico de apresentação e com uso limi-tado de materiais de apoio portáteis.

Em apenas 3 minutos, Filipa sin-tetiza as principais conclusões do trabalho de seminário que em con-junto com Luís Matias desenvolveu enquanto finalista de Sociologia na Universidade de Évora. “Decidi pegar no Facebook e desmontar so-ciologicamente o modo como as pes-soas se relacionam através das redes sociais virtuais”, afirma.

A ideia teve força e basta agora esperar pelo resultado final. Apesar disso, o desafio é “enorme”, reconhe-ce: “Não apenas porque participo pela via das Ciências Sociais, o que é raro neste tipo de concursos, como também porque o vencedor do ano passado foi Alexandre Aibéo, um jovem doutorado em… Astronomia”.

Os 10 concorrentes finalistas para a Final Nacional irão frequentar no fim-de-semana de 14 e 15 de Maio de 2011 uma MasterClass de comu-nicação em ciência com Quentin

Facebook leva aluna de Évora ao ”Ídolos“ da CiênciaEstudante de Sociologia da Universidade de Évora está entre os 10 finalistas do FameLab.

Cooper - – jornalista de ciência, apre-sentador do programa da BBC Rádio 4 “Material World”.

Finalmente, a 22 de Maio, tem lugar a grande final nacional com apresentação perante o público e um júri, no Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva, em Lisboa.

O vencedor participará na final internacional do FameLab no Chel-tenham Science Festival, no Reino Unido, de 7 a 12 de Junho onde com-pete com os vencedores dos concur-sos realizados em outros países.

Portugal participou em 2010 pela primeira fez nesta iniciativa, cuja ideia é motivar quem trabalha em

ciência, particularmente estudan-tes, a desenvolverem mecanismos eficazes de transmitires os seus co-nhecimentos a pessoas sem forma-ção científica.

“Vivemos numa sociedade que é cada vez mais sofisticada cientí-fica e tecnologicamente. Por isso é importante que as pessoas tenham informação para poderem tomar as decisões certas”, explica Catari-na Amorim, antiga investigadora de imunologia na Universidade de Oxford, Inglaterra, onde permanece a desenvolver um projecto de divul-gação de ciência portuguesa e a cola-borar com a Ciência Viva.

Filipa Cachapa explica em 3 minutos como as pessoas se relacionam nas redes sociais.

O Hospital José Joaquim Fernan-des, em Beja, realizou o primeiro implante de pacemaker biven-tricular do Alentejo, utilizado no tratamento de doentes com insuficiência cardíaca que sofram também de dessincronia ventricu-lar (paciente cujos ventrículos não efectuam os batimentos de forma sincronizada). De acordo com Luís de Moura Duarte, médico cardiologista, foi

iniciada uma “nova etapa” da arritmologia no Alentejo. ”A partir de agora, os doentes da região que sofram desta patologia altamente incapacitante vão poder ser assis-tidos no Hospital de Beja, sem ne-cessidade de ser transferidos para outras unidades mais distantes”, acrescenta este especialista.Todos os anos, só na Europa, são diagnosticados mais de 600 mil casos de insuficiência cardíaca.

Hospital de Beja realiza implante

D.R.

Page 11: Registo ed153

11 PUB

Page 12: Registo ed153

12 05 Maio ‘11

Pedro Galego | Registo

Os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, São Pedro do Corval, no concelho de Re-guengos de Monsaraz, e Salva-tierra de los Barros, na Extrema-dura espanhola, juntam-se mais uma vez na Festa Ibérica da Ola-ria e do Barro (FIOBAR).

A décima sétima edição deste certame organizado em conjun-to pelo Município de Reguengos de Monsaraz, Ayuntamiento de Salvatierra de los Barros e Junta de Freguesia de Corval vai de-correr de amanhã até domingo (8 de Maio), no Pavilhão da Ola-ria e do Barro, em São Pedro do Corval, com a participação de 59 olarias de Portugal e de Espa-nha.

Segundo a organização, a “FIOBAR é um evento transfron-

teiriço de promoção cultural e turística de uma importante ma-nifestação artística e artesanal: a olaria”.

Organizada em anos alterna-dos em cada município, com esta iniciativa “pretende-se valorizar a olaria, chamar a atenção para o seu valor artesanal e artístico e apontar estratégias para o seu desenvolvimento económico e profissional”.

O local do evento é a cada dois anos a aldeia de São Pedro do Corval, considerado o maior centro oleiro de Portugal (ver caixa), com 23 olarias em acti-vidade. Durante os três dias de exposição e festa é possível assis-tir ao vivo a esta arte ancestral e adquirir peças produzidas pelos artesãos a preços de ocasião. Nélia Santos, da olaria do Pa-talim, uma das 23 que subsiste

desta actividade em São Pedro Corval explicou ao Registo que a sobrevivência deste sector de-pende, nos dias de hoje, da ex-portação.

“São bons clientes e bons pa-gadores. As encomendas são de pronto liquidadas e é curioso perceber que cada país tem a sua particularidade na hora de pro-curar”, disse a oleira que conta com mais de 14 anos de experi-ência.

O rol de países clientes do Pa-talim – que exporta há mais de 25 anos - passa desde a Austrália, aos Estados Unidos, Brasil, Tan-zânia e alguns países europeus, como a Holanda a Dinamarca e a Itália, entre outros.

“Na Tanzânia pedem utensí-lios para manusear o fogo, em barro vermelho. Os holandeses procuram elementos decorati-

vos, sobretudo com flores, que também é parte da tradição da-quele país. No Brasil são utensí-lios para levar à mesa como os azeitoneiros e jarros para o vi-nho, ao passo que em Espanha quer motivos decorativos mais modernos, contemporâneos. Em Portugal temos clientes que compram, por exemplo potes para o mel. Felizmente temos muito trabalho”, assegura a ar-tesã, que actualmente divide ta-refas no Patalim com mais cinco trabalhadores.

“Já fomos 12, agora somos seis, e em breves esperamos poder contratar mais gente. Reduzir pessoal foi a maneira de superar a crise”, explicou, acrescentando que o segredo passa mesmo pela exportação, que significa actual-mente cerca de 70% do volume de negócios daquela olaria.

Reguengoso melhor da olaria ibérica

OlariaAí está mais uma edição da Festa Ibérica da Olaria e do Barro, onde se encontram oleiros de São Pedro do Corval e de Salva-tierra de Los Bar-rios.

“A olaria e as artes tradicio-nais são o que nos distingue e assumem uma grande importância no nosso con-celho, daí a nossa vontade de promover o que nos torna únicos” José Calixto

Actual Festa Ibérica da Olaria e do Barro

Page 13: Registo ed153

13

1. Olaria O design é imagem

de marca de algumas peças de artesanato.

3. Esther MerinoA festa encerra ao ritmo do flamenco, com Esther Merino

(21h30).

2. grupo CoralO Grupo Coral de

Monsaraz vai actuar domingo, às 17 horas.

para ver

Apostar napromoção

O presidente da Câmara de Re-guengos de Monsaraz, José Ca-lixto, considera este género de eventos fundamental para a promoção do concelho e da re-gião. “A olaria e as artes tradi-cionais são o que nos distingue e assumem uma grande impor-tância no nosso concelho, daí a nossa vontade de seguir com esta linha que nos tem orien-tado desde 2005, de promover o que nos torna únicos. São activi-dades seculares que não podem ser desvalorizadas”, disse ao Registo o autarca, convicto que esta organização conjunta com o Ayuntamiento de Salvatierra de los Barros tem tudo para atrair a São Pedro do Corval mais de dez mil pessoas durante os três dias do certame.

Lutar pela promoção da ac-tividade oleira, defender o seu valor na economia local e tornar o sector atractivo aos jovens são outras das bandeiras de Reguen-gos em relação a esta activida-de, cada vez mais englobada na oferta turística que actualmente caracteriza o concelho.

“Quem quiser vir à FIOBAR, além de ver uma extraordinária mostra dos valores e tradições ancestrais desta actividade, tem também Monsaraz para visitar, o centro náutico junto ao gran-de lago de Alqueva, o enoturis-mo, o megalitismo, entre outras opções para um fim-de-semana preenchido”, referiu.

O autarca de Reguengos de Monsaraz explicou ainda que esta opção de promoção é para continuar, apesar dos constran-gimentos financeiros e econó-micos que são transversais a toda a sociedade portuguesa.

“A inclusão desta aldeia de oleiros, destas tradições e desta mostra única nos folhetos turísti-cos e apostar na sua promoção a nível local, regional e nacional é o que de melhor podemos fazer. O mesmo fazemos com o nosso património, cuja construção não

é da nossa responsabilidade mas é nosso dever preservá-lo e dá-lo a conhecer da melhor maneira”, considera o edil, reafirmando que este tem sido o caminho para fazer crescer o concelho em tempos de crise, tornando-o mais atractivo para nacionais e estrangeiros.

“Basta passar por Monsaraz ao fim-de-semana, onde, em dias de bom tempo, se recebem cerca de dois mil turistas, para perce-ber que esta estratégia está a re-sultar e que é por este caminho que vamos continuar a promo-ver Reguengos”, sublinha o pre-sidente da Câmara, José Calixto.

José Calixto

O programa da FIOBAR 2011 inicia-se amanhã às 10h30, no Pavilhão da Olaria e do Barro, com um espectáculo infantil a cargo dos alunos do Jardim-de-infância e da Es-cola Básica do 1º Ciclo de São Pedro do Corval. A cerimónia oficial de abertura do certa-me realiza-se pelas 18h, no jardim público de São Pedro do Corval, com a actuação da Banda da Sociedade Filarmó-nica Corvalense e do grupo de sevilhanas El Poderio. A partir das 21h, no Pavilhão da Olaria e do Barro, decorre o Festival Ibérico de Música Popular e Tradicional com a participação da Banda e do Coro Polifónico da Sociedade Filarmónica Corvalense e no-vamente do grupo El Poderio. No sábado, dia 7, a partir das 9h30, na antiga Olaria Gui-marães e Velho, decorrem as Jornadas Ibéricas de Olaria e Cerâmica. Pelas 15h00, no Pavilhão da Olaria e do Barro, realiza-se o Workshop de Pintura e Roda e à noite, a partir das 21h30, a actuação do grupo Andarilhos.

Festa

Artesanato Olaria remonta ao domínio árabe

D.R. Luís Pardal | Registo

O Centro Oleiro de São Pedro do Corval é considerado o maior de Portugal com 23 olarias em acti-vidade que continuam a pintar os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o pastor, a apanha da azeitona e a vindima.

A olaria data a sua existência, ao menos, do período da domi-nação árabe, conforme o atesta o teor do Foral Afonsino outor-gado a Monsaraz em 1276, mas também, a linguagem e a ter-minologia muito próprias ainda em uso.

Segundo a organização da

FIOBAR, “no Corval podem ser encontradas as mais belas e for-mosas peças de barro, trabalha-das por habilidosos artesãos que assim continuam uma tradição multissecular de fabrico de lou-ça tosca, vidrada e decorativa, de extraordinário valor estético e etnográfico”, aproveitando os barros das herdades vizinhas.

“Constituindo um autêntico espelho da vida rural e dos cos-tumes ancestrais, a olaria de S. Pedro do Corval, o seu espírito muito próprio e as suas excep-cionais qualidades são os genuí-

nos responsáveis pela criação de peças de grande utilidade, efeito decorativo ímpar, impondo-se naturalmente pelo conjunto das suas tonalidades e pela beleza campestre das suas composi-ções”, acrescentam.

A olaria de S. Pedro do Corval é hoje uma marca registada pois o Mmunicípio de Reguengos de Monsaraz registou em 2008 no Instituto Nacional da Proprie-dade Industrial as marcas na-cionais “Olaria de São Pedro do Corval”, “Rota da Olaria”, “Rota dos Oleiros” e “Olaria”.

Olarias de São pedro do Corval

D.R.

Page 14: Registo ed153

14 05 Maio ‘11

Regional

PUB

Alunas da Escola Gabriel Pereira lançam operação “Dar Vida”Objectivo é esclarecer dúvidas e desfazer mitos sobre a transplantação de órgãos e as doenças raras. Dia 13 há recolha de sangue na escola.Redacção | Registo

Já realizaram uma conferência sobre a doação e transplantação de órgãos, em que participou Maria João Aguiar, coordenado-ra nacional das Unidades de Co-lheita. Fizeram uma página na Internet sobre a temática. Dia 13 de Maio vão organizar, na sala polivalente da biblioteca, uma recolha de sangue em colabora-ção com a Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Évora. São quatro alunas da Escola Se-cundária Gabriel Pereira. E estão empenhadas na operação “Dar Vida”.

A ideia é esclarecer dúvidas e desfazer preconceitos sobre a transplantação de órgãos e as doenças raras, ao mesmo tempo que procuram mobilizar e sensi-bilizar a comunidade local para a relevância destes temas a nível pessoal e familiar.

“Com o crescente desenvolvi-mento científico-tecnológico, surgiram novas técnicas médi-cas relacionadas com o proces-

so de transplantação de órgãos e foram diagnosticadas muitas doenças raras até aí desconheci-das. A comunidade não está de-vidamente informada, surgindo comummente dúvidas, mitos e preconceitos”.

O tema do projecto foi escolhi-do de acordo com as perspecti-vas futuras, visto que todos os elementos do grupo pretendem candidatar-se a um curso supe-rior na área da saúde, estando também relacionado com disci-plinas opcionais do Secundário, como a Biologia, a Psicologia e a Química.

“Um aspecto importante que nos levou a optar por este tema foi o facto de permitir uma cons-tante interacção com o meio, ao nível da comunidade escolar, de hospitais e de outras entidades ligadas à área da saúde, de insti-tuições de solidariedade e tam-bém ao nível do cidadão indivi-dual”, explicam as alunas, que já realizaram questionários à co-munidade escolar e à população em geral e elaboraram cartazes e

Alunas organizaram conferência com Maria João Aguiar.

folhetos informativos.

Em 2010, Portugal registou uma ligeira diminuição do número de transplantes, de acordo com o relatório da Autoridade para os Serviços de Sangue e Transplan-tação. Transplantes de rim, por exemplo, foram feitos menos 22,

de fígado menos 10 e de pâncreas menos cinco. Em contrapartida, subiu o número de transplantes de córneas e de forma menos significativa, mas também com tendência positiva, o número de transplantes cardíacos. Os hos-pitais portugueses fizeram 893 transplantes, menos 35 que no

ano anterior.Nem todos os números são, no

entanto, maus. O número de da-dores por milhão de habitantes é de 30 em Portugal – média que é superior à da generalidade dos países europeus. “Somos o se-gundo maior país do mundo em colheita, mas em transplante somos o primeiro país do mun-do em fígados”, diz Maria João Aguiar.

Desde o início do mês que cin-co helicópteros do Instituto Na-cional de Emergência Médica (INEM) passaram a transportar órgãos para transplantes, depois de um protocolo assinado a Au-toridade para os Serviços de San-gue e da Transplantação (ASST).

“A actividade de transplanta-ção não fazia parte das activida-des de emergência e, por isso, era mais difícil recorrer ao serviço de helitransporte do INEM. Classi-ficamo-la como uma actividade de emergência e os helicópteros do INEM passam a estar dispo-níveis”, diz o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro.

Luís Pardal | Registo

Page 15: Registo ed153

15

Regional

Redacção | Registo

Quando, um dia, o tio vai jantar lá a casa e descobre que é o sobri-nho que lava a loiça, a conversa azeda. Porque partilhar tarefas domésticas, como tratar da co-zinha ou passar a roupa a ferro, “não é território exclusivo de nenhum género”, a associação de desenvolvimento local Terras Dentro e uma turma da Escola Secundária de Montemor-o-Novo produziram um “kit” para promover a igualdade entre ho-mens e mulheres.

“Os estereótipos e os precon-ceitos estão tão enraizados que as pessoas nem têm consciência da desigualdade que praticam, sobretudo em meios rurais”, diz Carla Malaca, uma das respon-sáveis pelo projecto. “A nossa ideia foi criar um produto que permitisse direccionar a questão da igualdade de género e da vio-lência no namoro para públicos mais jovens, em contexto esco-lar e de formação”.

Por isso, foi lançado o desafio a uma turma do 12º ano para elaborar um conjunto de mate-riais sobre estas temáticas. “Se queremos um produto que sirva os jovens desta faixa etária faz sentido que sejam eles a definir os conteúdos que mais lhes in-teressam, da forma mais direc-ta possível”. O resultado foi um “kit” intitulado “Azul no Rosa” formado com um DVD com qua-tro pequenos filmes e uma ban-da desenhada sobre a formação das mentalidades e os valores da igualdade de oportunidades en-tre homens e mulheres: “Muito foi conquistado mas muito há ainda a fazer nesta história”.

Os actores dos quatro filmes são os próprios alunos, e foram também eles que escreveram os textos sobre temáticas como a divisão de tarefas domésticas e os estereótipos em contextos

“Kit” promove igualdade de género junto dos alunos do secundárioUm grupo de alunos da escola de Montemor-o-Novo lançou um DVD com pistas contra os preconceitos e a violência doméstica.

da vida familiar, profissional e social, entre os quais a “eterna questão” da mulher ao volante ou os constrangimentos asso-ciados aos piropos e ao assédio sexual.

“Na primeira abordagem que fizemos aos alunos, todos diziam que hoje em dia as coisas estão muito diferentes, tudo muito moderno e muito partilhado entre homens e mulheres. Mas depois, quando chegávamos às questões concretas, eram sem-pre as mães e as avós a tratar da casa”, revela Carla Malaca, acres-centando que os alunos acaba-ram por “ir descobrindo” ao lon-go do projecto situações em que, de forma mais ou menos cons-ciente, também eles “tinham interiorizado desigualdade de acessibilidade aos direitos”.

Um dos vídeos aborda a vio-lência no namoro, problema que afecta 25% das jovens portugue-sas com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos, segundo um estudo da Universidade do Minho. “É uma questão trans-versal a toda a sociedade mas é vivida de forma mais vincada nos meios rurais. Apesar de es-

condida pelas mulheres, por vergonha, a violência do-méstica existe e toda a gen-te sabe o que se passa mas não faz nada nem sequer fala do assunto porque to-dos se conhecem”.

Co-financiada por fun-dos comunitários e apoia-da pela Câmara Municipal

de Montemor-o-Novo, a pri-meira edição do kit “Azul no

Rosa” teve uma distribuição gratuita de 300 exemplares. “To-

dos os materiais foram debatidos com técnicos e especialistas nes-tas áreas. A ideia é ser utilizado por entidades que trabalham em educação, formal ou não formal”, diz Alexandra Correia, vice-pre-sidente da Terras Dentro.

O kit “Azul no Rosa” é ofe-recido a escolas, entidades formadoras ou associações de desenvolvimento local interes-sadas em “contribuir pela sua intervenção educacional para a mudança de mentalidades”. Os filmes e a banda desenhada foram pensados para se consti-tuírem como “instrumentos de apoio à intervenção pedagógi-ca” na temática da igualdade de género, explica Alexandra Correia, vice-presidente da Terras Dentro, associação que completa este mês 20 anos de actividade no Alentejo.

Outro objectivo é o “reforço das capacidades críticas” de alunos e alunas, “tornando-os agentes da sua própria mu-

dança, ao introduzir a consciência da aná-lise do género na acção pedagógica e no relacionamen-to social”.

O kit é acom-panhado por um guião no qual são apontadas propos-tas de actividades para promover na sala de aulas uma “cultura de igualdade” entre homens e mulhe-res. O texto está traduzido em quatro línguas e, segundo a associação, existe a hipótese de todo o conjunto ser igual-mente traduzido para alemão, espanhol, francês e inglês, “em

Mudar mentalidades

parceria com alunos de escolas de cada um dos países”.

D.R.

Évora organiza iniciativas contra a hipertensão

Redacção | Registo

A Sociedade Portuguesa de Hi-pertensão assinala a 17 de Maio o Dia Mundial da Hipertensão. Este ano o tema é: “Conheça os seus números, meça a pressão arterial”. E Évora foi a cidade es-colhida para ser a capital da hi-pertensão arterial.

O objectivo é lembrar que “é preciso medir a pressão arterial que nunca poderá atingir valo-res superiores a 14/9 e aumen-tar o diagnóstico e o controlo”.

“Está provado que só o controlo dos números poderá levar a um maior controlo da pressão arte-rial”, explica José Nazaré, presi-dente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.

À semelhança dos anos ante-riores vão realizar-se em Évora rastreios gratuitos à pressão arte-rial e outros factores de risco car-diovascular (como a diabetes e o excesso de peso), numa iniciati-va acompanhada por médicos e enfermeiros que começam por fazer uma sessão de esclareci-

mento a cada um dos interessa-dos, e posteriormente avaliam a pressão arterial, o peso, a altura, o IMC (índice de massa corporal) e a glicemia.

Os rastreios realizam-se na Praça do Giraldo, onde todos os interessados se podem dirigir entre as 9h às 18h30.

Évora, capital da hipertensão 2011, será o palco de diversas actividades que pretendem sen-sibilizar a população para este problema que tem vindo a afec-tar cada vez mais jovens em Por-

tugal.A manhã começa com ras-

treios e com aconselhamento de modos de vida saudável. Será distribuído a todos os presentes, Pão Vida, que é um pão com mais fibra e baixo teor de sal, concebido pela AIPAN (Asso-ciação dos Industriais de Pani-ficação, Pastelaria e Similares do Norte) e aprovado pela Socieda-de Portuguesa de Hipertensão.

A hipertensão, ou também conhecida como ‘tensão alta’, é uma doença crónica que não

apresenta sintomas mas afecta e danifica artérias e vários órgãos vitais do corpo humano. Em Portugal, atinge quase metade da população (42%) mas apenas 39% estão tratados e de toda a população com hipertensão só cerca de 11% estão controlados. Um outro factor preocupante é que uma percentagem cada vez maior dos jovens e crianças sofre de hipertensão, o que se deve ao consumo excessivo de sal aliado à falta de exercício físico e à obe-sidade que se verifica.

Dia Mundial da Hipertensão vai ser assinalado no Alentejo, com rastreios gratuitos. Doença atinge 42% da população portuguesa.

Page 16: Registo ed153

16 05 Maio ‘11

Economia & Negócios

Sousa Cunhal é um grupo nacional familiar de produção de bens (agrícolas, pecuários e derivados) e serviços (ecoturis-mo e turismo sustentável). A sua visão de negócio baseia-se na diferenciação e qualificação dos produtos e serviços através da sua qualidade intrínseca e ambiental. A diferenciação resulta, igualmente, da produ-ção de bens com especificidade

regional marcada resultante, por exemplo, de processos de produção tradicionais.

O grupo adoptou, em 1999, como orientação estratégica fundamental, a conversão para o modo de produção agricul-tura biológica da generalidade das explorações e dos respecti-vos produtos vegetais.

A qualidade ambiental é vista como uma componente

intrínseca, pelo que a obtenção de graus de sustentabilidade elevados deve contribuir e não prejudicar o nível global de qua-lidade dos empreendimentos.

A Sousa Cunhal produz duas marcas de vinho: Amoreira da Torre e Amoreira da Torre Reserva, o qual foi considerado pela Blue Wine como um dos 5 melhores vinhos alentejanos de 2007.

Grupo aposta na diversificação de produtos

Restaurante Transportando os visitantes numa viagem gastronómica, a cozinha do chefe Miguel Laffan inspira-se no ambien-te natural que rodeia o espa-ço para criar uma carta com pratos de influência alen-tejana com uma interpreta-ção actual. Mensalmente é apresentado um menu onde a ideia base são as viagens e o encontro de culturas e sa-bores, combinando a cozinha mediterrânica e alentejana com influências contemporâ-neas e orientais.

SPAInserido na paisagem L’AND Vineyards, em torno de um vale central de vinha, o Spa Vinotherapie Caudalie pro-porciona uma experiência única de serenidade e prazer, com rituais exclusivos, mas-sagens e tratamentos de bele-za baseados na uva e produ-tos naturais. A arquitectura do Spa inclui um design que combina subtilmente estru-turas feitas de madeira clara, pedras macias e o famoso “banho de barrica”

DescobrirRedacção | Registo

O L’AND Vineyards, primeiro empreendimento desenvolvido pela Sousa Cunhal Turismo em Montemor-o-Novo e que elege o vinho como âncora da sua inspi-ração, foi inaugurado depois de um investimento de 44 milhões de euros. Trata-se do quarto em-preendimento de 5 estrelas a abrir no Alentejo.

O projecto assenta numa ver-tente imobiliária e turística, tendo sido inaugurado o núcleo central do empreendimento, onde está localizada a adega, o “wine clube”, spa, restaurante e loja de produtos exclusivos com acesso a proprietários e hóspe-des. O hotel, com 22 suites, entra em fase de “soft opening” até ao próximo dia 15 de Maio.

Proporcionando uma experi-ência rural única num ambiente exclusivo e contemporâneo, o L’AND Vineyards desenvolve-se em torno de um vale central de vinha, olival e um lago, comu-nicante com as diversas unida-des de alojamento que nascem na paisagem ordenadas em pe-quenos núcleos, recuperando a tipologia tradicional das im-plantações dos montes alenteja-nos.

Com cerca de 66 hectares, o projecto está organizado em sete núcleos, que compreendem 145 unidades e uma área central que integra todos os serviços turísti-cos do empreendimento.

Cinco arquitectos de renome internacional assinam a paisa-gem, conferindo uma persona-lidade própria e distinta a cada núcleo, com uma arquitectura contemporânea de autor que reinterpreta as casas-pátio medi-terrânicas de tradição romana e árabe.

Este projecto original que ele-ge o vinho como âncora da sua inspiração, vem proporcionar uma experiência rural única que permite a todos os proprietá-rios tornarem-se produtores viti-vinícolas com garrafas persona-lizadas, sempre com o apoio da equipa do enólogo, Paulo Laure-

Sousa Cunhal inaugura “wine resort” de luxo em Montemor-o-NovoInvestimento de 44 milhões de euros em projecto turístico e imobiliário. Trata-se da quarta unidade de 5 estrelas a abrir no Alentejo.

ano, que acompanha de perto o crescimento da uva e da vinha até ao momento da vindima.

A Adega está operacional para a recepção de uva com diferen-tes níveis de selecção, fermenta-ções com temperatura controla-da, salas de armazenagem em depósito ou barricas com condi-cionamento térmico, diferentes opções de embalagem e salas de estágio em garrafa. As micro-cubas individuais, cuja madeira será seleccionada pelos proprie-tários, permitirão o desenho de vinhos completamente perso-nalizados, a partir das uvas pre-viamente seleccionadas.

Cada proprietário terá a pos-sibilidade de produzir o seu próprio vinho, escolher a sua própria embalagem, bem como um rótulo personalizado. Esta produção poderá ser armaze-nada, em cofres individuais na garrafeira do restaurante do al-deamento, oferecida ou mesmo comercializada.

Tanto os proprietários como os hóspedes do hotel serão mem-bros exclusivos do “wine club”, um espaço privilegiado de pro-moção da cultura do vinho e da partilha de experiências, como acesso à Adega para a produção do vinho, vindima da vinha comum, cursos de enologia, con-cursos de vinho e eventos temá-ticos.

O primeiro vinho L’AND Vineyards - Reserva 2009 foi produzido com uvas das cas-tas Touriga Nacional, Alicante

Bouschet e Touriga Franca que desenham as cores, sabores e aromas das 5 mil garrafas. Uma rigorosa selecção de uvas, com uma vinificação muito cuidada

e uma maturação em barricas de carvalho francês produziram um vinho de cor granada, aro-mas de frutas negras, mentas, especiaria e tosta, num conjunto

estruturado, longo e de enorme elegância.

Nos vinhos L’AND só são usa-das castas nacionais, sendo a produção de uva reduzida subs-tancialmente para concentrar o vinho e aumentar a quantidade. Cada colheita é feita à mão em caixas de pequena quantidade com rigorosa selecção de uvas.

Integrando a arquitectura na natureza e beleza natural, o L’AND Vineyards Resort 5 estre-las conta apenas com 22 suites, numa atmosfera de luxo. Dez de-las permitem a experiência úni-ca de dormir “debaixo das estre-las”, através da abertura integral do tecto oferecendo a observa-ção do céu nocturno aos visitan-tes, além de integrarem no pátio privado uma piscina aquecida.

D.R.

D.R.

D.R.

Page 17: Registo ed153

17

Cultura

PUB

17

Redacção | Registo

A B&G, com o apoio da Fundação Eugénio de Almeida apresenta, nos próximos dias 7 e 21 de Maio, Música no Fórum, uma iniciativa que traz a Évora duas grandes vozes da música portuguesa.

“O Meu Fado”, o primeiro dos dois con-certos, será interpretado por Salvador Ta-borda e tem lugar já no próximo sábado dia 7, pelas 21h30, no Fórum Eugénio.

Salvador Taborda possuiu uma voz de contornos intimistas e melancólicos e um classicismo intemporal, aliados a uma so-briedade e bom gosto que lhe atribuíram já o aplauso do público e dos críticos mais exigentes.

Da sua discografia fazem parte cinco álbuns de Fado, além de participações em álbuns colectivos. O último disco “O que tinha de ser” representa uma incursão na área da canção romântica, embora com o seu cunho muito pessoal em que o fado

está sempre presente. Acompanham-no Diogo Quadros, na

guitarra portuguesa, João Maria Veiga, na viola e Francisco Gaspar no contrabaixo.

No dia 21, Lara Li e Miguel Braga apre-sentam “Nós, Voz e Eles”, um espectáculo que reflecte a cumplicidade musical en-tre piano e voz, e que recupera, num re-gisto jazzístico, alguns temas conhecidos da música ligeira portuguesa.

Senhora de uma voz versátil que lhe permite interpretar temas desde o jazz à música de raiz africana, Lara Li marcou o panorama musical português com melo-dias como “Telepatia” e “Jura”.

Miguel Braga, que a acompanha ao piano, é músico, compositor, arranjador e produtor. Tem uma longa experiência musical, que passa por actuações no Hot Club em Lisboa e Via Brasil em Paris, bem como com grandes nomes mundiais do jazz, como Chick Corea Electrik Band e The Miles Davis Ban.

Salvador Taborda e Lara Li dão música no Fórum

Évora

D.R.

A Câmara de Évora inaugurou a no Con-vento dos Remédios uma exposição itine-rante intitulada “Vinha das Caliças: uma Necrópole da Idade do Ferro”, que faz uma apresentação dos trabalhos arqueológicos realizados na necrópole (cemitério), com cerca de 2700 anos, descoberta ao lado da barragem do Pisão (Beja).

Os trabalhos arqueológicos foram fi-nanciados pela Empresa de Desenvolvi-mento de Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) pelas necessidades de prosseguir as obras de um canal de rega e reúne um núcleo de cinco dezenas de sepulturas es-cavadas no substrato de base – a caliça – que dá nome ao local.

O recinto funerário, do tamanho de um campo de futebol, foi intervencionado em 2009 e é semelhante a uma arquitectura tumular fenícia. Pela análise do espólio, a Vinha das Caliças protegeu durante 2700 anos, apesar dos ataques pontuais de salteadores, os enterramentos/ossadas

de homens e mulheres do período crono-lógico correspondente à I Idade do Ferro, entre os séculos VIII e V a.C..

Além das ossadas foram encontrados objectos que acompanhavam os mortos nesta comunidade, dos quais se desta-cam dois enigmáticos escaravelhos com resquícios da cultura egípcia e um extra-ordinário toucador constituído por uma colher, uma pinça e outro objecto ligados por um argola de bronze.

Durante os oito meses dos trabalhos fo-ram identificadas cerca de 50 sepulturas com indivíduos inumados em decúbito lateral. Numa das sepulturas centrais da necrópole, no interior de um espaço rec-tangular bem demarcado, foi identificado um guerreiro, presumivelmente o líder desta comunidade.

Muitos indivíduos foram sepultados com materiais bélicos, como pontas de lança e punhais, mas também se encon-travam oferendas colocadas sobre pratos.

Exposição mostra necrópole da Idade do Ferro

Convento dos Remédios

Page 18: Registo ed153

18 05 Maio ‘11

Cultura

Luís Maneta | Registo

Só há quatro anos Aurora Rodri-gues, magistrada do Ministério Público em Évora, ganhou cora-gem para consultar o processo. O “seu” processo. O processo depo-sitado nos arquivos da PIDE, em cujos calabouços foi interrogada, torturada, humilhada, por ousar pensar de forma livre, sem as amarras impostas pela ditadura de Salazar e Marcelo Caetano, por exprimir esse pensamento e por ser contra a guerra. Era es-tudante na Faculdade de Direito de Lisboa. Tinha 21 anos. E foi sujeita a dois períodos contínuos de tortura do sono de 16 e 4 dias, intervalados apenas por uma se-mana. Foi espancada.

Prisão de Caxias, Maio de 1973. “A primeira coisa que me fazem, logo à entrada do Reduto Sul, numa espécie de secreta-ria, é despirem-me. Despiram-me completamente. Quem me despiu foram as mulheres, mas fizeram-no num espaço aberto. O objectivo único era a humi-lhação” (p.86).

Sim, esta é uma história do passado recente de um Portugal onde se matavam e torturavam pessoas por pensarem de forma contrária à do governo. Não, este não é um capítulo encerrado, nem o será enquanto perdurar na memória colectiva, enquanto houver capacidade para nos in-dignarmos quando um primei-ro-ministro, que por sinal é hoje Presidente da República, agra-ciar um ex-agente da PIDE com a atribuição de uma pensão vitalí-cia. Esse agente tem nome: Óscar Cardoso. E, por sinal, também integrou o grupo de torcionários que “interrogou” Aurora Rodri-gues. O inspector do processo foi Américo da Silva Carvalho. Foi-lhe recusado advogado por “haver incon-veniente para a investiga-ção”.

“Há uma coisa que nunca contei, porque é das que mais me afligiu. Nunca ouvi que tives-sem feito isto a outra pessoa. Fizeram-nos já numa fase adiantada da tortura. Ou foi para me manter acordada ou porque disse uma vez a uma pide que não sabia nadar, o cer-to é que, a partir de certa altura, eles enchiam a água do lavató-

rio, que estava na casa de banho e metiam-me a cabeça lá den-tro. O lavatório não dava para meter a cabeça completamente, metiam-me a cara, empurravam para baixo e eu ficava a sufocar” (p.95).

O reavivar dos longos dias de tortura passados em Caxias, le-vou Aurora Rodrigues a escrever um livro – “Gente Comum – uma história na PIDE”, já em segunda edição, onde relata os seus pri-meiros anos de vida, da infân-cia em Mértola e Castro Verde – “O meu envolvimento com as questões da resistência começou praticamente na infância” (p.59) – ao 7º ano feito no Liceu de Beja e daí à Faculdade de Direito, onde aderiu ao MRPP muito por influência de Ribeiro Santos, assassinado pela PIDE com um tiro à queima-roupa no dia 12 de Outubro de 1972, nas instalações da universidade.

“Tenho isto absolutamente vivo. Eu estava ao pé dele, que-ria falar-lhe, saber o que ele ti-nha, como é que estava e ele, de repente, mudou de cor, ficou branco e ainda disse ‘depressa!’. Foi então que foi levado para o hospital de Santa Maria. Penso que as pessoas não se apercebe-ram bem da gravidade porque, como inicialmente estava cons-ciente, não se percebia que ia morrer (p.73)”.

O seu envolvimento na luta política torna-se imparável. Par-ticipa em manifestações, distri-bui comunicados, pinta paredes. “A primeira pintura que fiz foi no liceu D. Pedro V, Abaixo a es-cola-quartel!, que acho que fazia todo o sentido” (p. 78). Para 3 de Maio de 1973 está marcado um protesto na Faculdade de Letras contra a prisão de estudantes. A polícia de choque carrega con-

tra os manifestantes. São presos 21 estudantes, entre os quais Aurora Rodrigues. É entregue à PIDE. Queriam que falasse, que denunciasse, que referisse nomes. São-lhe apontados dois

Para que a memória não se apagueAurora Rodrigues publica livro onde recorda prisão e tortura nos calabouços da PIDE.

caminhos: “Tens duas vias, a via da colaboração e a via do sacrifício. Se escolheres a via do sacrifício, levas mais tempo mas

o resultado é mesmo” (p.93). A resposta foi decidida: “Não presto declara-ções”. Seguiu-se a tortura. A do sono: “Quando a tor-tura do sono acabou, dessa primeira vez, ao fim de 16 dias inteiros, já não me segu-rava de pé (…)

eu caía e para eles conseguirem que estivesse ali sentada, sem estar deitada no chão, nem cair, tinham que me agarrar (…) esta-va a ficar inconsciente” (p. 114). A do espancamento, previamen-

te anunciada: “Não sei quanto tempo é que ele bateu. Ele batia com um cassetete e com joelha-das no músculo, do lado da per-na, por cima do joelho e na cara batia com as mãos” (p. 106). A psicológica: “Durante um tem-po chegavam lá e diziam que, se queria ainda ver o meu pai com vida, tinha que colaborar, que o meu pai estava a morrer” (p. 102).

Aurora Rodrigues não que-brou, não falou, resistiu. “Se aquilo era uma batalha fui eu que venci. Fomos tendo as nos-sas pequenas vitórias e pondo os pides no lugar deles. A dita-dura ia caindo também assim, quando éramos nós que vencía-mos e vencíamos muitas vezes”” (p.125). Foi libertada a 28 de Ju-lho de 1973.

“Durante bastante tempo tive muita resistência a reviver a mi-nha prisão. Tinha de continuar a viver, pôr uma pedra em cima e

fazer uma vida normal, o mais normal que conseguisse. Prova-velmente não era isso que devia ter feito. Devia ter falado disto mais cedo e pedido apoio, mas nisto como em muitas coisas, fiz aquilo de que fui capaz. Pertur-bava-me demasiado” (p. 117).

“Resolveu contar. Precisava de o fazer, porque há deveres de memória, para que não se cons-trua sobre o esquecimento uma sociedade comum, para que não se desbarate a dimensão da es-fera pública e para que não se perca o sabor da vida”, diz Pau-la Godinho, do departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lis-boa. Aurora Rodrigues resolveu contar. E ao seu relato pessoal acrescentou documentos, como a lista de objectos que lhe foram apreendidos pela PIDE, onde se inclui um livro de poesia.

Presa pela PIDE quando era estudante de Direito, Aurora Rodrigues foi vítima durante 20 dias da tortura do sono.

Luís Pardal | Registo

Page 19: Registo ed153

19

Cultura

PUB

19

Luís Maneta | Registo

Só há quatro anos é que consultou os autos do seu processo na PIDE. Por-quê tanto tempo depois?

Quando saí [do MRPP] em 1977 e quan-do terminou este período da minha vida, fui trabalhar. Uma pessoa não pode le-var às costas, a pesar sempre, estas suas circunstâncias. Eu tinha de trabalhar e fi-lo logo quando abandonei a actividade político-partidária. Fi-lo, primeiro, como professora em Serpa, depois fui para a Madeira e só depois ingressei no Ministé-rio Público.

Foi esse o tempo necessário para re-viver essas memórias?

Não só o tempo, foi referido por algumas pessoas de forma incorrecta que havia processos que os historiadores não con-sultavam porque os próprios não tinham consultado ou porque impediam essa consulta e que essas eram pessoas que tinham falado. E eu acho isso uma injus-tiça e uma apreciação muito superficial. Por um lado porque não é verdade que a maior parte das pessoas tenham falado e, por outro, porque uma parte das pessoas tem de viver pondo de lado essa memó-ria, para não doer tanto. Eu fui ver o meu processo, inclusivamente com uma cole-ga do Ministério Público de Évora que um dia me disse “vamos lá”. E fomos.

No livro refere Óscar Cardoso como um dos pides que a interrogou. Ora, ele foi agraciado por um governo li-derado pelo então Presidente da Re-pública …

… o senhor é que disse isso.

Sim, sou eu o recordo. Mas como é que encara esse episódio?

A questão do branqueamento é algo que vem de longe e logo desde o início, desde 1974. Não sei porquê, pode ser que os historiadores estudem isso. Mas o que é certo é que os pides, em grande medida, foram logo libertados nesse dia. Há pides, por exemplo no Porto, que foram liber-tados logo. Outros foram libertados de Alcoentre pois não acredito que tenham

“Os pides não foram julgados”Um grito de revolta contra o branqueamento da História.

fugido, isso teria sido uma proeza extraor-dinária. Deixaram-nos fugir. Os pides não foram julgados.

Sente algum ressentimento em re-lação a um país onde se agraciam ex-pides?

Eu do país gosto muito. Esses casos, esses branqueamentos não são representativos do país. É claro que me revolto, aliás este livro também é um grito, uma revolta da memória. Há coisas que têm de ser ditas. Não é verdade que os pides não tenham torturado, eles torturaram da forma que eu descrevo uma miúda de 21 anos mas torturaram muitos outros, muitas mu-lheres e muitos homens, e a maior parte deles não aparece em lado nenhum, está absolutamente escondido. Mas não foi o povo que o escondeu, não são os jovens que não sabem.

Então quem esconde?Todo um sistema que tem vários lados,

vários prismas. Não podemos dizer que foi este ou aquele, é o poder que faz isso. Um primeiro-ministro e um ministro das Finanças, dos quais não vou dizer o nome, assinaram um despacho a agraciar dois ex-pides mas não vou aprofundar este tema. É todo um sistema que ainda existe. As coisas não deram a volta que ti-nham de dar mas estão muito diferentes, o país está hoje muito diferente daquilo que foi.

“O que é certo é que os pides, em grande medi-da, foram logo liberta-dos nesse dia. Há pides, por exemplo no Porto, que foram libertados logo. Outros foram lib-ertados de Alcoentre (...) deixaram-nos fugir“.

Luís Pardal | Registo

Page 20: Registo ed153

20 05 Maio ‘11

Roteiro

ÉvoraEncontro dE Músicostodas as quartas-feiras Hora: 22h00local: espaço Celeiros,rua eborim, 18voltaram os encontros de músi-cos. a ideia é pegar no repertório de música para dançar e a prazo animar de vez em quando a aula de danças do mundo com música ao vivo! Qualquer instrumento é bem-vindo! entrada livre

MúsicAtEAtroÉvoraUM MUndo – três diMEnsõEs18 de fevereiro a 12 de Junholocal: igreja de S. vicenteBlank Canvas, segunda geração, estão longe, nos propósitos, de ser uma conquista e uma originalidade do nosso tempo. o que é mani-festamente original neste grupo constituído por antónio Couvinha, Chris alford e Peter de Jong é a assumida individualidade dos seus olhares.

EXPosiÇÃo

PUB

PortelPAssEios Por cá…8 de maio a 30 de Julho Com o inicio da Primavera, come-ça mais uma aventura, ao sábado à descoberta das Paisagens de Portel. de abril a Julho, percor-rem-se os caminhos na Serra de Portel, a flora da Serra permite-nos usufruir de aromas caracteris-ticos deste nosso alentejo. nestes passeios descobrem-se habitos e tradições ancestrais que marcam a vida do homem rural.

nAtUrEZAÉvoradAnÇAs do MUndoPArA criAnÇAsterças-feiras, às 18h00local: espaço Celeirosnas danças do mundo para crianças abordamos diferentes formas de estar e de se expressar em grupo, tendo como base o movimento, jogos rítmi-cos, orientação espacial, criatividade, etc.... numa viagem à volta do mundo, visitaremos outros países e outras formas de viver e sentir a música de cada país e de cada continente.

Assistência Técnica | Máquinas de cápsulas |

Máquinas de venda automáticabebidas frias | bebidas quentes | snacks

A l e n t e j oTlm. 962 689 434 Email: v.marques@netvisão.pt

Page 21: Registo ed153

21

Lazer

7 2 5 4 6

8 1 7 4 3

3 2 7

8 2 5 6

4 6

4 2 7 1

6 1 5

2 1 9 3 7

8 7 2 9 6

SudoKu

nota: o objectivo do jogo é completar os espaços em branco com algarismos de 1 a 9, de modo que cada número apareça apenas uma vez na linha, grade e coluna.

O Assédio

Sugestão de filmeSugestão de leitura

Autores: Arturo pérez-Reverte Realizador: Justin LinSinópse:

desde que Brian e mia toretto (Brewster) soltaram dom da prisão, eles ultra-passaram várias fronteiras para evitar as autoridades. instalados agora no rio de Janeiro, terão de realizar um último trabalho para conquistar a liberdade. en-quanto reúnem uma equipa de elite com condutores de topo, estes aliados im-prováveis sabem que esta é a única oportunidade para enfrentar o empresário corrupto que os quer matar a todos. mas ele não é o único que os persegue.o duro agente federal luke Hobbs (Johnson) nunca falha um alvo. Quando é destacado para perseguir

Velocidade Furiosa 5

Sinópse:

Pode jogar-se uma partida de xadrez usando uma cidade como tabuleiro?

Cádis, 1811. nas ruas da mais liberal cidade euro-peia trava-se uma batalha muito singular. Jovens mulheres são encontra-das mortas. e em cada lugar, momentos antes da descoberta do cadáver, explode uma bomba fran-cesa. estes acontecimen-tos traçam um estranho mapa sobre a cidade: um complexo tabuleiro de xadrez em que a mão de um misterioso jogador – um assassino impie-doso, o acaso, a direcção do vento, o cálculo das

Carta Dominante: Valete de Espadas, que significa que deverá manter-se sem-pre alerta.Amor: Andará muito exigente em relação ao seu par. Liberte toda a criatividade que existe dentro de si e aprenda a contemplar o Belo.Saúde: Sentir-se-á cheio de energia.Dinheiro: Aproveite bem as oportunida-des.Números da Semana: 8, 11, 22, 29, 32, 34.Pensamento positivo: Estou alerta pois sei que o Universo me traz oportunidades para melhorar.

Carta Dominante: Ás de Espadas, que significa Sucesso.Amor: Irá ter notícias de uma pessoa mui-to especial, com a qual não mantém con-tacto já há algum tempo. Que a alegria de viver esteja sempre na sua vida!Saúde: Momento calmo, sem preocupa-ções.Dinheiro: Sem problemas neste campo da sua vida.Números da Semana: 5, 6, 10, 28, 32, 39.Pensamento positivo: O sucesso espera por mim, porque eu mereço!

Carta Dominante: 4 de Copas, que significa Desgosto.Amor: Organize um jantar para reunir os seus amigos. Procure gastar o seu tempo na realização de coisas úteis a si e aos outros.Saúde: A rotina poderá levá-lo a estados depressivos. Combata-os com optimismo!Dinheiro: Não se precipite nos gastos.Números da Semana: 2, 3, 9, 20, 30, 45.Pensamento positivo: Venço os desgostos através da Fé e do Amor.

Carta Dominante: Ás de Paus, que signi-fica Energia.Amor: Demonstre o seu amor através de um jantar romântico. Que os seus mais be-los sonhos se tornem realidade.Saúde: O seu sistema imunitário está muito sensível, seja prudente. Dinheiro: Momento favorável.Números da Semana: 7, 9, 10, 22, 33, 44.Pensamento positivo: Tenho a energia necessária para alcançar tudo o que mais desejo.

Carta Dominante: 2 de Paus, que significa Perda de Oportunidades Amor: A seta do Cupido espera por si. Que a beleza da Aurora invada a sua vida!Saúde: Tendência para dores musculares.Dinheiro: Boa altura para comprar casa, desde que aproveite as oportunidades cer-tas.Números da Semana: 11, 17, 22, 40, 43, 49.Pensamento positivo: Acredito em mim, sei que sou capaz!

Carta Dominante: 9 de Copas, que signi-fica Vitória.Amor: A sua vida amorosa dará uma grande volta brevemente. Que a alegria de viver esteja sempre na sua vida!Saúde: Consulte o seu médico.Dinheiro: Evite gastos supérfluos.Números da Semana: 4, 8, 25, 30, 47, 49.Pensamento positivo: Eu venço os meus pensamentos, sou optimista!

Carta Dominante: Rainha de Ouros, que significa Ambição.Amor: Aproveite com muita sabedoria os conselhos da sua família. Perdoe aos outros e a si próprio.Saúde: Coma alimentos com mais vitami-nas.Dinheiro: Não misture a amizade com os ne-gócios, poderá vir a arrepender-se se o fizer.Números da Semana: 14, 21, 30, 33, 38, 45.Pensamento positivo: A minha maior am-bição é ser feliz.

Carta Dominante: Rei de Paus, que signi-fica Força.Amor: Não deixe que a pessoa que tem ao seu lado sinta a falta da sua atenção e cari-nho. A felicidade é de tal forma importante que deve esforçar-se para a alcançar.Saúde: O seu sistema nervoso anda um pou-co alterado.Dinheiro: Os investimentos estão favore-cidos.Números da Semana: 1, 4, 6, 9, 15, 20.Pensamento positivo: A Força do pen-samento positivo ajuda-me a superar to-das as provas.

Carta Dominante: 7 de Espadas, que signi-fica Novos Planos. Amor: Sentir-se-á liberto para expressar os seus sentimentos e amar livremente. Que o seu tempo seja gasto a amar!Saúde: Estará melhor do que habitualmente.Dinheiro: Boa altura para pedir um aumen-to ao seu chefe.Números da Semana: 2, 11, 23, 30, 35, 39.Pensamento positivo: Acredito nos meus planos, por isso ponho-os em prática!

Carta Dominante: 9 de Espadas, que sig-nifica Mau Pressentimento. Amor: Não se deixe iludir pelo aspecto físico, procure ver primeiro quem as pessoas são real-mente por dentro. Seja verdadeiro, a verdade é eterna e a mentira dura apenas algum tempo. Saúde: Poderá sofrer de alguma retenção de líquidos.Dinheiro: Não seja irresponsável e pense bem no seu futuro.Números da Semana: 8, 15, 19, 36, 38, 42.Pensamento positivo: Quando estou triste, penso nas coisas boas que tenho à minha volta e sorrio.

Carta Dominante: 4 de Espadas, que signi-fica Inquietação. Amor: Dê mais atenção à pessoa que tem a seu lado. Não deixe que os assuntos domésti-cos interfiram na sua vida amorosa. Saúde: Faça exames médicos.Dinheiro: Pode fazer aquele negócio que tanto deseja.Números da Semana: 1, 5, 19, 25, 40, 47.Pensamento positivo: Sossego o meu co-ração ouvindo a voz da intuição.

Carta Dominante: 10 de Paus, que signi-fica Sucessos Temporários.Amor: O seu coração poderá ser invadido pela saudade, que o vai deixar melancó-lico. Não se deixe manipular pelos seus próprios pensamentos! Saúde: Previna-se contra constipações.Dinheiro: Nada o preocupará.Números da Semana: 12, 15, 22, 29, 35, 36.Pensamento positivo: Estou atento, sei que o sucesso exige um esforço constante.

Carneiro

HORÓSCOPO SEMANAL

Balança

Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 37Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 38Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 39Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 40Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 41Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 42

Touro Gémeos

Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 31Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 32Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 33

Caranguejo Leão Virgem

Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 34Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 35Horóscopo Diário Ligue já!

760 10 77 36

Escorpião Sagitário Capricórnio Aquário Peixes

Telefone: 21 318 25 91 E-mail: [email protected]

PUB

dom e Brian, ele e a sua equipa de intervenção desencadeiam uma missão de grande escala para os capturar. mas enquanto a sua equipa invade o Brasil, Hobbs apercebe-se que não consegue separar os bons dos maus. agora, terá de confiar nos seus ins-tintos para apanhar a sua presa… antes que alguém o faça.

probabilidades – move as peças que determinam o destino dos protago-nistas. enredados neste enigmático jogo estão um polícia corrupto, a herdeira de um império comercial, um corsário sem escrúpulos, um taxidermista misantropo e espião, um guerrilheiro bondoso e um excêntrico artilheiro francês.

Page 22: Registo ed153

Anuncie no seu jornal rEGistotodos os anuncios classificados de venda, compra, trespasse, arrendamento ou emprego, serão publicados gratuitamente nesta página

(à excepção dos módulos). Basta enviar uma mensagem com o seu classificado para o mail.: [email protected]ÁRIO

Alugo Escritóriocom 30 m2 no centro de Évora.

Mobilado. contacto: 914857898

COMPRA/ALuGA-SE

ALuGO quARTO DuPLO – a estudante em viven-da no Bacelo, 250€ com despesas incluídas. CON-TACTO: 960041500

ARRENDO – armazéns com áreas desde de 100m² até 400m², com escritórios, vestuários e WC`s.Na estra-da do Bacêlo para os Cana-viais, Évora. CONTACTO: 96 9064291

ALuGO SOTãO 80M2 – vivenda no Bacelo com 1 quarto,1 sala, casa de banho e serventia de cozinha. CONTACTO: 960041500

ALuGA-SE quARTO – com WC privativo a ra-paz estudante bem local-izado. Frigorifico, TV, água e luz incluído. CONTACTO: 969708873

CEDE-SE POSiçãO – Bar no centro histórico em Évora. 200m2 - Muito potencial CONTACTO: 966228739

VENDO – casa T3 a três km de Reguengos de Mon-saraz, com quintal, por 50 mil euros. CONTACTO: 925256563 DAS 9 AO MEiO DiA

VENDE-SE Ou ALuGA-SE – Armazém na estação N.Sra Machede. CON-TACTO: 266706982 Ou 963059977

ARRENDA-SE GARAGEM – Em Évora. Ampla e bem localizada, em bairro perto do centro histórico. CON-TACTO: 968946097

ALuGAM-SE quARTOS – Na cidade de Évora, a raparigas estudantes uni-

versitárias, com serventia de cozinha, sala e restantes áreas comuns. Excelente localização, muito perto do Polo Univ. L. Verney. CON-TACTO: 927419277

ALuGO ESCRiTÓRiO – Com 30 m2 no centro de Évora. Mobilado CON-TACTO: 914857898

EMPREGO

SERViFiNANçA - HOME- SOLuTiONS - SF - iN-SuRANCE – Recruta consultores imobiliários a recibos verdes. CONTAC-TO: 915914699 (MARCiO CAHANOViCH) Évora - Malagueira

E x P L i C A ç õ E S – Matemática 2.º e 3.º Ciclo, Geometria descritiva, Secundário e Universidade. CONTACTO: 967291937

ANiMADORA SOCiOCuL-TuRAL cuida de crianças, com meses até aos 10 anos quem estiver interesado/a a saber mais é so contactar CONTACTO: 913984380

SERViçO – Fazem-se arranjos de costura. CON-TACTO: 968719764

OFERECE-SE – Senhora para limpeza para algumas horas por dia. CONTACTO: 961148236

SENHORA PROCuRA – trabalho em serviços domésticos, passar a ferro e tomar conta de idosos. CONTACTO: 933227209

TRABALHOS – em Pho-toshop, Autocad e 3d Stu-dio. Dão-se explicações de Geometria Descritiva CON-TACTO: 916 128 914

OFERECE-SE – Senhora para limpeza no periodo da manhã (ligar só de manhã) CONTACTO: 965759113

OFERECE-SE – Senhora responsável, procura tra-balho de limpeza, passar a ferro, cuidar de idosos e crianças CONTACTO: 969703102

OFERECE-SE – Srº. 50 A. EDUCADO HONESTO, MUITO ACTIVO. Oferece-se para motorista ligeiros particulares ou empresas. Carta condução 30 anos , conhecimentos informat-ica/administração, social, comunicativo, boa apre-sentação. posteriormente enviarei curriculo se assim o entenderem contacto CONTACTO: 926069997

ENCONTROu-SE

CADELA ADuLTA – cor amarela, raça indefinida, na zona industrial. Está à guarda do Cantinho dos Animais. CONTACTO: 964648988

CãO JOVEM PRETO – cru-zado de Labrador, junto à escola da Malagueira. Está à guarda do Cantinho dos Animais. CONTACTO: 964648988

CãO DE RAçA CANiCHE – pêlo comprido, de cor branco, com cerca de 6 meses. CONTACTO: 965371990 (só para este assunto)

CãO JOVEM – côr creme, porte médio/pequeno, perto da C.C.R.A. Tem coleira. Entra-se à guarda do Cantinho dos Animais. CONTACTO: 964648988

CACHORRA – côr preta, porte médio/pequeno, no

Rossio de S. Braz. Coleira com guizo. Encontra-se à guarda do Cantinho dos Animais. CONTACTO: 964648988

CADELA JOVEM – côr amarelo mel, porte médio, perto do Hospital Veter-inário da Muralha de Évora. Tem microchip. CONTAC-TO: 965371990 (só para este assunto)

DuAS CACHORRiNHAS – Bia e a Matilde, muito sociáveis, com pessoas e animais, brincalhonas como é natural na idade e espertas. com cerca de 8 meses. CONTACTO: 937014592 (só para este assunto)

OuTROS

CRÉDiTOS – Pessoal, Habitação, Automóvel e Consolidação com ou sem incidentes. Não cobramos despesas de Consultoria. CONTACTO: 915914699 (MARCiO CAHANOViCH) SERVIFINANÇA - ÉVORA - MALAQUEIRA | HOME- SO-LUTIONS - IMOBILIÁRIO

COMPRA-SE – azeitona e lenhas de abate e limpeza. CONTACTO: 934095908

VENDE-SE – Agapornis Fishers e Rosicollis. CON-TACTO: 937099715

VENDO – Caravana des-montável em bom estado c/ documentos. Pneus e farolins novos, 2 camas de casal, cozinha c/ fogão, frigorífico. Fácil transporte, não provoca esforço à viatura. Peso 400 Kg. Tem Avançado. Bom preço. CONTACTO: 960040337

a Cercidiana vai promover mais um ano a Campanha do Pirilampo magico entre 7 e 29 de maio. este evento conta uma serie de iniciativas, todas com a finalidade de inflamar o propósito da venda dos pirilampos com o estabelecimento de parcerias e provas vivas de cidadania que emergem na cidade de Évora. É um tempo em que apreciamos uma aproximação por parte de pessoas e entidades juntar-se na causa da defesa do direito à dignidade da pessoa com deficiencia, causa esta que passa também pela obrigação que todos temos em contribuir para melhorar a qualidade da sua vida.assim pensando, assim nos jogámos à organização da viii Prova de Kart solidária Pi-rilampo mágico no dia 21 de maio, no Kartódromo de Évora, pelas 17.00H.

uma percentagem da sua inscrição reverterá a favor da Cercidiana. Colabore Participando!

Viii ProVA soLidáriA dE KArt/cErcidiAnA

Page 23: Registo ed153

23

Eventos

Évora recria caminho da missa

O “Caminho da Missa”, um anti-go percurso rural que ligava os principais centros de culto reli-gioso da zona das “quintas” de Évora – Sr. dos Aflitos, S. Roque e N. Sra. do Espinheiro, foi recu-perado pela Câmara Municipal de Évora, em colaboração com as juntas de freguesia do Bacelo e Canaviais.

Com alguns dos troços anti-gos agora reabilitados de modo a reconstituir o trajecto tão pró-ximo do original quanto possí-vel, o “Caminho da Missa”, que também coincide em parte com o caminho medieval das “Cin-

co Cêpas”, faz também a ligação com a Ecopista e com o Percur-so Ambiental da Água da Prata (Aqueduto).

Para dar a conhecer à popula-ção o “Caminho da Missa”, que na sua extensão máxima corres-ponde a 10 quilómetros, foi cria-do um programa que prevê a re-alização do percurso a pé ou em bicicleta, sendo que a concentra-ção é junto ao Hotel Convento do Espinheiro, terminando junto à igreja do Sr. dos Aflitos.

O “Caminho da Missa”, com um grau de dificuldade baixo, foi, entretanto, alvo de um pedi-

do de registo e homologação jun-to da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, o que permitirá uma maior divul-gação junto das comunidades de caminheiros nacionais e inter-nacionais.

Antigo percurso rural ligava os principais centros de culto religioso nas “quintas” dos arredores da cidade.

Eddy Merckx vai ser homenageado pela Câmara de Évora no próximo fim-de-semana.

Penta vencedor do ”Tour“apadrinha prova amadoraRedacção | Registo

O belga Eddy Merckx, penta vencedor do “Tour” e do “Giro”, ciclista profissional entre 1961 e 1978, está em Évora até 8 de Maio, patrocinando com o seu nome uma prova para amadores que faz parte do calendário in-ternacional: o GrandFondo Eddy Merckx do UCI World Cycling Tour (UWCT).

Composto por uma série de provas, que tradicionalmente são conhecidas por Grandfondo, o UWCT tem como finalidade para os participantes o acesso ao Campeonato do Mundo de Masters e Ciclistas não Profissio-nais que para poderem disputar o ambicionado Jersey Arco-Íris terão que se qualificar numa das Grandfondo.

Este tipo de competição, muito popular noutros países da Euro-pa, tem como objectivo consti-tuir uma festa do ciclismo pelo que tem uma estrutura e um regulamento que possibilita a participação de todos os ciclistas que queiram estar presentes, in-dependentemente do seu nível competitivo.

O percurso da prova de Évora, que decorrerá no dia 8 (domin-go), é bastante exigente, pois os 157 quilómetros da prova con-tam com duas subidas conside-ráveis na Serra d’Ossa e em Mon-saraz e a chegada será junto ao Templo Romano, onde será dada a partida (10h00).

Com um total de 525 vitórias em toda a sua carreira, Eddy Merckx, considerado em 2000 pela revista francesa Vélo como o melhor ciclista de sempre, será homenageado pela Câmara Mu-nicipal de Évora, no dia 6, no Salão Nobre dos Paços do Conce-lho, pelas 18h00.

No dia 8 junta-se aos outros

participantes - e traz com ele antigos colegas de equipa – que vão partir do Templo de Roma-no para um percurso com um prémio de montanha em plena Serra d’ Ossa. A chegada far-se-á no local da partida.

O Grandfondo Eddy Merkx constitui uma excelente opor-tunidade de pedalar ao lado de

uma lenda viva do ciclismo, e que ombreou várias vezes com o malogrado Joaquim Agostinho.

A prova conta com mais de uma centena de inscrições, sen-do organizada pelo Grupo Des-portivo e Cultural de Santo An-tónio, Câmara de Évora, União Velocipédica Portuguesa, UCI e Instituto do Desporto.

Considerado uma “lenda viva” do ciclismo mundial, Eddy Merckx vai pedalar ao lado de ciclistas amadores.

O Presidente da República, Cavaco Silva, irá encerrar no próximo domingo a 28ª edi-ção da Ovibeja que este ano, em clima de pré-eleições, se transformará em palco de romaria política: por ali irão passar diversos líderes parti-dários: Pedro Passos Coelho (PSD), Paulo Portas (PP) e Jerónimo de Sousa (PCP) são presenças já confirmadas.

Transformada no principal foco das atenções, na Ovibeja acontecem muitas e agradá-veis surpresas.

Entre as novidades deste ano conta-se a Alameda da Ovibeja transformada em floresta, além do já conhe-cido pavilhão “Sabor Alen-tejo” com prova e venda dos produtos agro-alimentares de excelência. Haverá ainda o habitual pavilhão do azeite.

As Ovinoites que prome-tem ser, mais uma vez, bas-tante animadas. Hoje sobem ao palco da Arena Multiusos, os Expensive Soul. Amanhã, a animação da noite está a cargo dos Buraka Som Siste-ma. E sábado promete uma enchente histórica com Xutos & Pontapés.

Além dos espectáculos integrados nas Ovinoites, a feira contempla ainda diaria-mente um programa cultural e recreativo da responsa-bilidade dos municípios alentejanos presentes e, entre outras iniciativas, activida-des de animação sociocultu-ral da responsabilidade da Delegação de Beja da Escola Bento de Jesus Caraça.

Ovibejaaté domingo

Certame

D.R.

D.R

.

Page 24: Registo ed153

SEMANÁRIO

Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 ÉvoraTel. 266 751 179 Fax 266 751 179Email [email protected]

Redacção | Registo

O município de Vendas Novas organiza, entre os dias 13 e 15 de Maio, a 5ª edição do Festival da Gastronomia, Artesanato e Pro-dutos Locais, a 4ª edição do Fes-tival da Bifana e, pela primeira vez, a Feira de Actividades Eco-nómicas de Vendas Novas. A iniciativa arranca a 13 de Maio, pelas 18h00, com a abertura ofi-cial e o lançamento da marca “Bifanas de Vendas Novas”, re-centemente registada pelo Mu-nicípio no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

Para além dos expositores lo-cais e dos espectáculos musicais, as tradicionais “tasquinhas” com os saborosos e variados pe-tiscos alentejanos e a caracterís-tica bifana de Vendas Novas são elementos que distinguem este Festival.

A bifana é uma especialidade que marca o património gastro-nómico e a história de Vendas Novas pois há mais de 30 anos que sacia apetites aqui e além fronteiras … Ela tem o dom de conseguir despertar os nossos cinco sentidos. Primeiro quando entramos no café ou restaurante deixamo-nos levar pelo aroma que logo abre o apetite, da cozi-nha soam as pancadas do mar-telo que tornam tenrinho e mais saboroso o bife.

Quando a bifana chega fi-nalmente à mesa, a cor do pão meio torrado deixando antever a dourada bifana, o papo-seco que ainda quente se sente fume-gar nos nossos dedos, tudo nos conduz para o espoletar do mo-mento final ou seja, o prazer da primeira dentada.

Não faltará animação nestes dias com música pelos Peña Ka-

limotxo na altura da abertura do certame e no dia 14 às 17h30. No dia 13 haverá fado de Fernanda Oliveira e convidados e no dia 14 a animação está a cargo do gru-po Canta Brasil, ambos às 22h00. No domingo, dia 15, pelas 17h00, será a vez da actuação da Tuna da Academia Sénior de Vendas Novas.

Durante os três dias poderão ainda ser apreciados trabalhos artesanais, produtos locais e va-riados petiscos alentejanos.

A iniciativa está integrada no programa de comemorações do 18º aniversário da elevação de Vendas Novas a cidade que de-corre de 7 a 21 de Maio, com um vasto rol de actividade, onde se destaca, no dia 14, o lançamento do programa “Anima Mercado” com uma demonstração culiná-ria pelos “chef´s” João Garcia e David Costa.

Os “The Moonshiners” actu-am no próximo sábado, dia 7, às 22h00, no auditório municipal de Vendas Novas.

A banda vai buscar o seu nome à designação dada aos destila-dores clandestinos, os quais, aproveitando a cumplicidade da noite (com o testemunho da Lua) produziam, em alambiques mais ou menos artesanais, mistelas às quais provavelmente só mesmo os mais optimistas (ou os me-nos avisados) ousariam chamar Whisky.

Se ainda hoje existem “mo-onshiners”, reportemo-nos po-rém à especial importância que assumiram durante o período da chamada “Lei Seca”.

Aí vamos encontrar o blues como um misto de canção de tra-balho, de rebeldia, de margina-lidade e, obviamente, de paixão que lhe está inevitável e fatal-mente associada.

Além dos blues, a banda – fun-dada em 1996 – é marcadamente influenciada por correntes artís-ticas como o soul, rock e “world music”. Em Janeiro de 2010, como que “renascem das cinzas” com a entrada de Eloísa Menezes de Oli-veira para vocalista.

Turismo

Alentejo apresenta ObservatórioA Entidade Regional Turismo do Alentejo vai apresentar esta tarde, no Hotel M’ar de AR Muralhas, em Évora, o site do Observatório Regional do Turismo do Alentejo e os seus primeiros resultados às unidades de alojamento da região.Trata-se de uma projecto lançado em 2010 em parceria com as instituições de ensino superior e as associações empresariais do Alentejo.A iniciativa tem como missão a criação de um instrumento de apoio ao planeamento e prospectiva do sector turístico, capaz de produzir informação técnica que favoreça a promoção, sustentabilidade, e a inovação do tecido empresarial.

Moonshiners no auditório

Bifanas, e muito mais, para “saborear” Vendas Novas

Vendas Novas Festival

D.R.

Tradicional bifana já é marca registada

PUB