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R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.155 • Outubro 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

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R$ 5,00

ISSN 1

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.155 • Outubro 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Outubro, 2008 / N o 2.155

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:

Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:

Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Bons e maus pensamentos

Entrevista: Rosa Maria da Silva Araújo

O Espiritismo no Piauí

Presença de Chico Xavier

Fixação mental – Francisco de Menezes Dias da Cruz

Esflorando o Evangelho

Na cruz – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Rússia – Espiritismo nas asas do Esperanto... –

Affonso Soares

Visão do cimo – Amaral Ornellas

Seara Espírita

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SumárioExpediente

PARA O BRASIL

Assinatura anual R$ 39,00

Número avulso R$ 5,00

PARA O EXTERIOR

Assinatura anual US$ 35,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mail: [email protected]

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Religião e Ciência – Juvanir Borges de Souza

A força da psicologia pré-natal – Carlos Abranches

A missão e o missionário

Para lidar com obsessores – Richard Simonetti

Causas da obsessão – Allan Kardec

Telepatia (Capa) – Christiano Torchi

Subsídios para o aperfeiçoamento das Instituições

do Movimento Espírita – Antonio Cesar Perri de Carvalho

Em dia com o Espiritismo – A criação dos seres vivos

e do homem – Marta Antunes Moura

Divina sílaba – Americano do Brasil

As moradas do Pai à luz do Consolador –

A. Merci Spada Borges

Lançamento do filme Bezerra de Menezes

Divaldo Franco na FEB-Rio

FEB na 20ª Bienal do Livro de São Paulo

Cristianismo Redivivo – O candidato a discípulo –

Haroldo Dutra Dias

Notícias do III Encontro Nacional de Coordenadores

do ESDE

Importância e objetivo do ESDE – Cecília Rocha

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Editorial

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studando o assunto relacionado com a influência oculta dos Espíritos em

nossos pensamentos e atos, na questão 467 de O Livro dos Espíritos (Ed.

FEB), Allan Kardec pergunta: Pode o homem eximir-se da influência dos Es-

píritos que procuram arrastá-lo ao mal? E os Espíritos superiores respondem: “Pode,

visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos

que, pelos seus pensamentos, os atraem”.

Em seguida, na questão 469, indaga: Por que meio podemos neutralizar a influên-

cia dos maus Espíritos?, recebendo a seguinte resposta: “Praticando o bem e pondo

em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e

aniquilareis o império que desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às suges-

tões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia

entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. [...]”.

Observa-se, com base neste diálogo de Allan Kardec com os Espíritos superiores,

que a causa dos problemas decorrentes da influência dos Espíritos em nossas vidas

está em nós mesmos. E a solução desses problemas, também. Depende, apenas, do

pensamento correto e da atitude adequada que nos cabe adotar.

Quando soubermos direcionar o nosso pensamento sempre no sentido da práti-

ca do bem, cultivando permanentemente a fraternidade, o amor ao próximo, o res-

peito ao nosso semelhante e o propósito sincero de nos aprimorar cada vez mais,

intelectual e moralmente, estaremos – pela lei de afinidade que rege o relaciona-

mento entre Espíritos encarnados e desencarnados –, atraindo a presença dos Es-

píritos superiores e bons e afastando os Espíritos inferiores e maus.

É exatamente em razão desta realidade que Jesus asseverou em seu Evangelho:

“Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. (Marcos, 14:38.)

E

Bons e mauspensamentos

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s estudiosos e seguidoresda Doutrina Espírita sa-bem que ela, em sua gran-

de abrangência, contém ensinosreligiosos e outros de caráter cien-tífico e filosófico.

É natural que a Nova Revelação,oriunda da Espiritualidade supe-rior, abranja todos os aspectos re-presentativos tanto dos sentimen-tos mais elevados dos seres huma-nos, quanto de seus mais variadosconhecimentos sobre si mesmos esobre todas as coisas que os cercam.

Mas a Doutrina Consoladora foimuito mais além, comprovando acontinuidade da existência nosmundos espirituais, onde a vidasegue, após a denominada morte,que é apenas a cessação da ligaçãoda essência espiritual com a maté-ria orgânica, no mundo material.

Ficaram assim confirmadas: aimortalidade dos seres espirituais,aceita por diversas religiões; a li-gação das esferas espirituais comos mundos materiais; e uma sériede conseqüências ensinadas pelasreligiões, mas só comprovadas pe-lo Espiritismo.

Cita Carlos Imbassahy, em seu

livro Religião, um trecho retiradodo opúsculo intitulado El Cristia-

nismo afrontando los problemas

de la humanidad, escrito por umadepto protestante, que bem ilus-tra a concordância de diversasidéias religiosas, e a confirmação

ou a retificação de algumas delaspelo Espiritismo, o Consoladorprometido e enviado por Jesus.

Eis o trecho referido:

“Damos as boas-vindas e acei-

tamos qualquer qualidade no-

bre de pessoas ou sistemas não

cristãos, como uma nova prova

de que o Pai Celestial, que en-

viou o seu Filho a este mundo,

não permitiu, em parte alguma,

que deixem de existir testemu-

nhos que testifiquem dele.

‘Sem procurar fazer uma sínte-

se desses sistemas e só para de-

monstrar como apreciamos os

valores espirituais de outras re-

ligiões e crenças, reconhecemos

como parte da verdade supre-

ma esse sentido da majestade

de Deus e, como conseqüência,

essa reverência no culto, que são

tão notáveis no islamismo; a

profunda simpatia pela dor que

fustiga a humanidade, assim co-

mo os esforços altruísticos por

dela se libertar, que constitui o

cerne do budismo; o desejo de es-

tar em contato e comunhão com

a Realidade suprema e última,

OJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

CiênciaReligião e

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concebida como algo espiritual,

que é tão predominante no hin-

duísmo; a crença em uma ordem

universal e moral e, como resul-

tado, a insistência na conduta

moral, que tão eficazmente incul-

ca o confucionismo; as investiga-

ções desinteressadas e os esforços

por encontrar a verdade e por au-

mentar o bem-estar humano, que

soem ser tão evidentes em todos

aqueles que se dedicam à civiliza-

ção secular, mas que não aceitam

o Cristo como Salvador e Senhor.

‘Fazemos em especial um cha-

mamento ao povo judaico, cujas

escrituras fizemos nossas, dos

quais nos veio o Cristo segundo

a carne, para que abram seus

corações e volvam o olhar para

esse Senhor, em quem se cum-

pre a esperança de sua nação, sua

mensagem profética e seu zelo

pela santidade.” (Op. cit., “Pala-

vras preliminares”, Ed. FEB.)

Quem escreveu o texto acimatranscrito não era espírita, masum adepto da Reforma protestan-te, que acreditava nos ensinos eexemplos do Cristo e tinha seucoração aberto para os mais ele-vados sentimentos em relação atodas as criaturas, independente-mente da religião que professam.

Entendeu ele o amor ao próxi-mo como a si mesmo, conformeas lições de Jesus, sem exclusão denenhuma criatura humana, pormais diferentes sejam sua crença,seus princípios, sua nacionalidade.

É a solidariedade, o amor, na suamáxima significação e amplitude, talcomo aprendemos no Evangelho.

É também a expressão daqueleque busca o Espiritismo, em ummundo que ainda está longe de en-tender a mensagem do Consolador,em toda a sua significação e pure-za com que os Espíritos revelado-res o apresentaram aos homens.

É lógico e intuitivo que as reli-giões que buscam entender e pra-ticar as leis de Deus, o Criador doUniverso, têm como objetivo, an-tes de tudo, conhecê-las para vi-venciá-las.

Entretanto, as imperfeições hu-manas levam muitos religiosos àsinterpretações infelizes e à presun-ção de certeza e infalibilidade, dis-torcendo a realidade e a verdade.

O que se observa neste mundoé o exclusivismo, o combate deidéias e a incompreensão entre osadeptos de diferentes crenças, oque torna difícil, impossível mes-mo, o cumprimento de suas fina-lidades essenciais.

Não se pode negar que já tem ha-vido algum progresso nas relaçõese no entendimento entre religiososde diferentes cultos. Mas está aindalonge o ideal a ser atingido, em quepredomine o amor, a solidariedade,a compreensão, a humildade, sobrea ignorância, os interesses imediatis-tas e a presunção de superioridade.

No que compete ao Espiritis-mo, como religião, sua tarefa estáexpressa no conjunto da DoutrinaConsoladora, cabendo-lhe os es-clarecimentos de ordem moral-in-telectual, dirigindo-se ao coraçãohumano e apelando aos sentimen-tos nobres de cada ser, sem prejuí-zo da preocupação constante coma educação, em seu sentido amplo,

e com os conhecimentos úteis e va-riados de todas as ciências que seocupam da matéria e do espírito.

Sem presunção infundada, arealidade é que a Doutrina Espíritaé o Consolador que, em seu con-junto, projeta claridades nos que acompreendem e, sem dúvida, é elaa revelação divina prometida porJesus há dois mil anos.

Como ensina Kardec, a crença éum ato de entendimento que, porisso mesmo, não pode ser imposta.

Cada religião pretende ter ex-clusividade sobre a verdade.

O Espiritismo preconiza o co-nhecimento como base da verda-deira fé, unindo-a à razão esclare-cida, excluindo assim a fé cega.

Para a Doutrina Espírita, Deusé o Criador incriado, eterno, a in-teligência suprema, causa primá-ria de todas as coisas. Deus é Espí-rito, como afirmou Jesus.

Ciência é o conhecimento or-ganizado obtido mediante a ob-servação e a experiência dos fatos,através de métodos apropriados.

Pode ser entendida tambémcomo a soma dos conhecimentosque servem a determinada finali-dade, ou o conjunto dos conheci-mentos humanos.

Dois são os elementos constituti-vos do Universo: espírito e matéria.

Em um mundo material, como aTerra, era natural que seus habitan-tes se impressionassem e se interes-sassem, antes de tudo, pelo elemen-to material, por ser ele facilmenteperceptível aos órgãos do corpo hu-mano, também da mesma natureza.

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Já o elemento espiritual, não im-pressionando diretamente os sen-tidos materiais, pela sua sutileza,senão em situações especiais, sem-pre foi de muito mais difícil per-cepção e por isso negado e des-prezado, através dos milênios.

Ainda na atualidade subsistemciências e cientistas, assim como fi-losofias, que não admitem a exis-tência do Espírito, apesar do pro-gresso alcançado pela Humanida-de, que trouxe a comprovação ine-gável não somente da existência doelemento espiritual, mas tambémde sua importância superior à damatéria, já que é o elemento quesubsiste sempre na eternidade.

Infelizmente, a maioria doscultores das diversas ciências, emnosso mundo, são materialistas,mas se nota que pelo menos umaminoria deles já despertou para arealidade do espírito presente emtodo o Universo.

O progresso, lei divina, abran-gente de toda a Criação, modificará,com certeza, o equívoco do mate-rialismo, que foi muito mais domi-nante no passado que na atualidade.

São chegados os tempos emque religiões e ciências, as duasalavancas dos bons sentimentos,da inteligência e dos conhecimen-tos dos homens, em campos dife-rentes mas visando ambas a con-quista das verdades, unir-se-ão pa-ra o aperfeiçoamento equilibrado,individual e coletivo.

Os que crêem somente no quepertence ao mundo material aindavão negar, por algum tempo, umaciência nova que explica e comprovaa existência de uma realidade porta-

dora de conhecimentos comprova-dos, os quais nenhuma filosofia pu-dera compreender e explicar: o Espi-ritismo ou Doutrina dos Espíritos.

Essa Doutrina revelada pelosEspíritos, tendo à frente o Espíri-to da Verdade, abre, com seus en-sinos e comprovações, uma novaperspectiva de extrema amplitudepara toda a Humanidade, atual efutura, pelas novas revelações quetraz a respeito da vida.

Como tudo que é consideradonovidade, a Doutrina Espírita, reve-lada nos meados do século XIX, en-controu muitos opositores nas re-ligiões tradicionais, nos materialis-tas e niilistas, e nos cientistas que sóaceitam a matéria como realidade.

Entretanto, a prevalência da ver-dade sobre os enganos e ilusões,de acordo com as leis naturais, éuma questão de tempo, uma vezque a Humanidade se renova cons-tantemente, não somente em de-corrência da lei da reencarnação,mas também em virtude do pro-

gresso e da evolução das idéias,com a prevalência do superior so-bre o inferior, conforme demonstraa história do homem no mundo.

Como adverte Allan Kardec, na“Introdução”, item VII, de O Livro

dos Espíritos:

Quando as crenças espíritas se

houverem vulgarizado, quando

estiverem aceitas pelas massas

humanas [...] com elas se dará o

que tem acontecido a todas as

idéias novas que hão encontra-

do oposição: os sábios se rende-

rão à evidência. Lá chegarão,

individualmente, pela força das

coisas. [...] Enquanto isso não

se verifica, os que, sem estudo

prévio e aprofundado da maté-

ria, se pronunciam pela negati-

va e escarnecem de quem não

lhes subscreve o conceito, es-

quecem que o mesmo se deu

com a maior parte das grandes

descobertas que fazem honra à

Humanidade. [...]

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pequeno Olivier tem ape-nas dois meses, mas jáenfrenta a angústia de se

ver no meio de uma decisão dra-mática.

Sua mãe tem muitos filhos e,por não dispor de meios paracriar mais um, decidiu doá-lo. Obebê aguarda numa instituiçãofrancesa a data legalmente estabe-lecida pela legislação do país paraque a adoção seja feita.

O prazo de espera correspon-de a um tempo definido pelasautoridades para que a mãe bio-lógica possa mudar de idéia e vol-tar atrás em sua decisão, o que,no caso de Olivier, acaba nãoacontecendo.

Desde o momento em que foiconsiderado “adotável”, começa-ram a aparecer sintomas estra-nhos no corpo do pequeno. Cros-tas impressionantes surgiram em

seu rosto e couro cabeludo. A pe-le começou a descamar e as viasrespiratórias, a chiar fortemente.

Por não conseguirem lidar como novo quadro clínico do bebê, osmédicos decidem chamar umapsicanalista. É quando entra emcena Caroline Eliacheff, que vaimudar a existência de Olivier, nomomento grave dos primeiroscontatos dele com a vida.

Este caso está narrado no livroCorpos que gritam.1 Eliacheff éuma das psicanalistas mais reco-nhecidas dentro de um movimen-to que há cerca de trinta anos vemmudando o perfil do tratamentode crianças em fase pré e pós-natal.

A psicanálise de bebês e de re-cém-nascidos tem crescido sobre-tudo na França. Além de Caroli-ne, outros profissionais, que tam-

bém integram o time de especia-listas nessa abordagem diferencia-da, são Myriam Szejer2 e Catheri-ne Druon na França, e RomanaNegri, na Itália.

No Brasil, uma das maiores es-tudiosas do assunto é a psicólogaclínica polonesa Joanna Wilheim,que veio para o país ainda na in-fância com os pais, durante a Se-gunda Guerra Mundial. Seu inte-resse por psiquismo pré-natal co-meçou na década de 1960. Nosanos seguintes, a partir de umaexperiência pessoal com o psica-nalista indiano Wilfred Bion, pas-sou a investigar a presença de ins-crições traumáticas pré-natais namente de crianças, adolescentese/ou adultos.

Seu interesse pelo tema levou-aa fundar, em 1991, a AssociaçãoBrasileira para o Estudo do Psi-quismo Pré e Perinatal (ABREP).

A força da

psicologiapré-natal

OCA R LO S AB R A N C H E S

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É autora do livro O que é Psicolo-

gia Pré-natal,3 no qual me baseiopara escrever este artigo.

A chamada psicanálise de be-bês consiste em utilizar a palavrafalada com recém-nascidos, quan-do estes manifestam algum tipode sofrimento.

Nesta abordagem, o psicana-lista procura apreender, atravésdo relato que lhe fazem os paisou aqueles que cuidam do bebê,o que em sua história – seja du-rante a vida intra-uterina, ou nahistória de sua família antes delevir-a-ser – teria constituído asmatrizes dos sintomas que eleapresenta.

Ao “conversar” com o bebê, oprofissional dá nome à memória“instalada” no seu corpo. Como oque existe na vivência do recém--nascido é uma dor, o psicanalistacoloca em seu lugar um significa-do, onde antes só existia o “nãodito”, uma “falta de palavras”.

Entre os pressupostos mais im-portantes para a realização dessetrabalho, estão a crença de que ocorpo guarda a memória de tudoque lhe ocorre, de que cada célulado corpo registra toda vivênciapré e pós-natal, e que os recém--nascidos (incluindo prematuros)sentem dor e merecem ser respei-tados em seus limites.

A Doutrina Espírita ressalta aimportância de se considerar a me-mória prévia do ser como estru-tura fundamental de sua condição

existencial. O “inconsciente” deFreud é a parte da atividade mentalque inclui os desejos e as aspiraçõesprimitivas ou reprimidas.

O Espírito Joanna de Ângelisafirma que para a PsicologiaTranspessoal esse inconsciente é oespírito, que se encarrega do con-trole da inteligência fisiológica esuas memórias – campo perispiri-tual –, as áreas dos instintos e dasemoções, as faculdades efunções paranormais,abrangendo as me-diúnicas.4

O EspíritoAndré Luiz ana-lisa essa ques-tão com pro-fundidade nolivro No Mundo

Maior,5 quandodialoga com o instru-tor Calderaro. O Benfeitorexplica que o ser humanotem, em sua constituição ce-rebral, como que um castelocom três regiões distintas, oucom três andares, para me-lhor entendimento: “[...] noprimeiro [esclarece Caldera-ro] situamos a ‘residência denossos impulsos automáti-cos’, simbolizando o su-mário vivo dosserviços realiza-dos; no segun-do, localizamos

o ‘domicílio das conquistas atuais’,onde se erguem e se consolidamas qualidades nobres que estamosedificando [no presente]; no ter-ceiro, temos a ‘casa das noções su-periores’, indicando as eminênciasque nos cumpre atingir [...]”.

Calderaro esclarece que “[...]distribuímos, deste modo, nos trêsandares, o subconsciente, o cons-ciente e o superconsciente. Como

vemos, possuímos, emnós mesmos, o passado, o

presente e o futuro”.5

Pode-se intuir comisso que o bebê

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efetivamente car-rega em si, em suas

células, em seu corpo, o que trazno Espírito imortal, ou seja, todaa sua carga de verdades pessoaisque lhe evidenciam a evolução. Sea Ciência está se instrumentali-zando para acessar esses dados,tanto melhor para todos, que fica-rão face a face cada vez mais rapi-damente com a verdade da pre-existência do Espírito e sua totalinfluência nas condições de saúdedo corpo, tanto no aspecto físicoquanto no emocional.

Olivier chegou para a consultacom Eliacheff nos braços da ber-çarista que cuidava dele. Depoisde se inteirar mais a fundo do ca-so, a doutora disse a ele o quantosua mãe lhe queria bem. Ressaltouque a opção que ela tomou de dei-xá-lo para adoção foi para ofere-cer-lhe oportunidades de vidamelhores do que as que ela lhepoderia dar.

A terapeuta afirmou ain-da que, para que ele fosseaceito pela sua família de ado-ção, precisava mudar de pe-

le a fim de recuperar a saúdee iniciar uma nova etapa na

vida.Após uma semana desse con-

tato, Olivier retornou ao atendi-mento. Sua pele estava totalmen-te curada, mas a respiração haviase tornado mais ruidosa do queantes. Caroline se dirigiu ao be-bê, acariciando o seu umbigo edizendo-lhe:

“– Quando você estava noventre de sua mãe, você não res-pirava. Sua mãe o alimentavaatravés da placenta à qual vocêestava ligado pelo cordão umbi-lical. Esse cordão chegava aí nolugar onde está a minha mão. Elefoi cortado quando você nasceu.Você está respirando muito mal,talvez para reencontrar a suamãe de antes da separação,quando você estava dentro dela e não respirava”.

Depois de uma breve pausa,carregada de carinho e respeitopela condição do bebê, a psicana-lista retomou a fala:

“– Se você decidiu viver, nãopode viver sem respirar. A suamãe de antes, você a traz dentrode si, dentro de seu coração. Não épor você ter respirado que a per-deu. Não é deixando de respirarque irá reencontrá-la”.

Quando terminou sua fala,Eliacheff constatou, abismada,tanto quanto a berçarista, que arespiração do bebê estava absolu-tamente normalizada!

Esse tipo de relato reforça aprofunda sintonia da DoutrinaEspírita com as mais avançadaspesquisas da Ciência, sobretudoas que consideram a delicadaquestão da vida intra-uterina.

Em breve tempo, esperamosque os cientistas constatem que amemória, que por enquanto, pa-ra eles, “mora” no corpo, residena verdade em local mais pro-fundo, nas entranhas da consti-tuição espiritual.

Ela tem sua matriz no Espíritoe se espraia célula a célula, comoimpacto direto das emanações doperispírito.

Enquanto aguardamos o domí-nio dessa consciência, aplaudimosos avanços científicos da Psicolo-gia, inegavelmente importantespara a Humanidade, em que seresgata a grandeza do momentode chegada do Espírito a uma no-va encarnação.

Referências:1ELIACHEFF, Caroline. Corpos que gritam.

São Paulo: Ed. Ática, 1995.2WILHEIM, Joanna. O que é psicologia

pré-natal. São Paulo: Ed. Casa do Psicó-

logo, 1997.3SZEJER, Miriam. Palavras para nascer: a

escuta psicanalítica na maternidade. São

Paulo: Ed. Casa do Psicólogo, 1999.4FRANCO, Divaldo Pereira. Autodescobri-

mento: uma busca interior. Pelo Espírito

Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, 1995.

p. 62.5XAVIER, Francisco C. No mundo maior.

Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3, p. 54; e cap. 4.

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Reformador: O Movimento Espí-

rita se estende por todo o Estado do

Piauí? Há quantos centros adesos à

Federação?

Rosa: O Movimento Espírita sedesenvolve em 27 cidades doPiauí, incluindo a Capital. Há noEstado 57 centros espíritas, dentreestes, 22 são unidos à FederaçãoEspírita Piauiense (FEPI). Há ain-da, na Capital, 2 Entidades Espe-cializadas (Associação Médico--Espírita (AME-PI) e a Cruzadados Militares-Espíritas (CME)), noInterior, mais 8 grupos de Estu-dos Espíritas.

Reformador: Desde quando há

Movimento Espírita no Piauí?

Como ele se desenvolve no

Estado?

Rosa: Existe Movimento Es-pírita no Piauí desde 1903,quando foi fundada, na ci-dade de Amarante, a primeiraInstituição Espírita do Esta-do, denominada “Cen-tro Espírita Fé,

Esperança e Caridade”. No Piauí,o Movimento Espírita, que já con-ta com 105 anos, tem-se desen-volvido de forma lenta, em ter-mos de expansão no número decentros espíritas; no entanto, vemcrescendo muito nos últimostempos a preocupação pelo estu-

do e pela formação do trabalha-dor espírita. Temos intensificadoo trabalho federativo, realizando,na Capital e no Interior, reu-niões, cursos, seminários, ofici-nas e encontros destinados aosdirigentes e trabalhadores espíri-tas, para atualização de conheci-mentos doutrinários e aprimo-ramento das atividades básicas

do Centro Espírita, de acordocom a nova edição de Orienta-

ção ao Centro Espírita.

Reformador: Existe alguma

característica especial do Mo-

vimento Espírita no Piauí?

Rosa: No Piauí, no entendi-mento da maioria dos cen-tros espíritas, unir-se à Fe-deração Espírita Estadual

não constitui uma necessi-dade imprescindível para o

desenvolvimento das ativida-des de Unificação do Movi-

mento Espírita. Os centros espí-ritas participam normalmen-

te das atividades federativas,

RO S A MA R I A DA S I LVA AR A Ú J OEntrevista

O Espiritismono Piauí

Rosa Maria da Silva Araújo, presidente da Federação Espírita Piauiense,comenta os esforços para se ampliar o trabalho pela união e

fortalecimento do Movimento Espírita no Piauí

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inclusive das reuniões do Con-selho Federativo Estadual, e bus-cam, na FEPI, apoio e orientaçãopara o desenvolvimento de suasatividades. Mesmo respeitando es-sa idéia, desenvolvemos um traba-lho de conscientização e de con-quista junto a esses centros espíri-tas, mostrando que, adesos à Fe-deração Estadual, podemos nostornar mais unidos e mais fortale-cidos para garantir que o desen-volvimento das atividades de Uni-ficação do Movimento Espírita noEstado se torne mais eficaz e efi-ciente.

Reformador: E como anda a difu-

são do Espiritismo no Estado?

Rosa: A difusão do Espiritismo noPiauí tem melhorado considera-velmente. Tem-se intensificado arealização de eventos voltados pa-ra o estudo das obras da Codifica-ção Espírita e para a divulgação daDoutrina nas casas espíritas e emlocais públicos não espíritas. Te-mos conseguido mais espaço nosmeios de comunicação. Em 2007implantamos um Programa deRádio na Capital, denominadoMensageiro de Luz, que vai ao arsemanalmente; firmamos convê-nio com a TV Assembléia do Piauí– Canal 16 (TV aberta) –, para aexibição semanal, e retransmissãodo Programa Terceira Revelação,da FEB, por um período de cincoanos. Na Internet, reativamos o si-te próprio da Federativa e criamosuma coluna espírita no Portal AZ.Para divulgar as atividades federa-tivas e dos centros espíritas, im-plantamos um Boletim Informa-

tivo, com publicação bimestral edistribuição gratuita.

Reformador: Tem havido come-

morações dos Sesquicentenários no

Piauí?

Rosa: Em comemoração ao Ses-quicentenário de O Livro dos Espí-

ritos, realizamos uma programa-ção com atividades diversificadas,possibilitando o envolvimento detodos os que compõem o Movi-mento Espírita no Piauí, como:Ciclo de Palestras, Sessão Solenena Assembléia Legislativa do Esta-do, Distribuição de material dedivulgação, Exposição de banners

e posters sobre Kardec, Jesus e O

Livro dos Espíritos, encerrando ascomemorações na FEPI com umTributo a Allan Kardec. Estamos,também, desenvolvendo, nos cen-tros espíritas, um Ciclo de Pales-tras com o tema “150 anos da Re-

vista Espírita e do Primeiro CentroEspírita do Mundo”. Na oportuni-dade, divulgamos a promoção daColeção Revista Espírita, feita pe-la FEB, e efetuamos distribuição decartazes e folhetos alusivos ao Ses-quicentenário da Revista Espírita.

Reformador: Como estão atuando

com o “Plano de Trabalho para o

Movimento Espírita Brasileiro”?

Rosa: Logo após o Encontro sobreo “Plano de Trabalho”, realizado emFortaleza, com a equipe do Con-selho Federativo Nacional daFederação Espírita Brasileira, reu-nimos na FEPI os dirigentes e tra-balhadores dos centros espíritas eapresentamos o “Plano de Traba-lho para o Movimento Espírita

Brasileiro (2007-2012)”, aprovadopelo CFN. Orientamos os centrosespíritas para elaborarem Projetosde adequação de suas atividadescom base no novo Orientação ao

Centro Espírita. Estamos realizan-do um trabalho de acompanha-mento, visitando as casas espíritase, na oportunidade, fornecemosmais orientações e apoio para odesenvolvimento dos seus traba-lhos. No Plano de Ação 2008 daFederativa, programamos nossasações fundamentadas nas Diretri-zes do “Plano de Trabalho para oMovimento Espírita Brasileiro”.

Reformador: Alguma mensagem

ao leitor de Reformador?

Rosa: Agradecemos a oportuni-dade oferecida à FEPI para apre-sentar nesta entrevista algumas in-formações acerca do trabalho de-senvolvido pelo Movimento Es-pírita do Piauí. Continuamos fir-mes no propósito de trabalhar pe-la união e pelo fortalecimento doMovimento Espírita em nosso Es-tado, respeitando sempre a auto-nomia administrativa e as pe-culiaridades das casas espíritas.Consideramos sempre atual a li-ção contida na mensagem “Uni-ficação”, de Bezerra de Menezes:“O serviço da unificação em nos-sas fileiras é urgente, mas nãoapressado. Uma afirmativa pare-ce destruir a outra. Mas não é as-sim. É urgente porque define ob-jetivo a que devemos todos vi-sar; mas não apressado, porquan-to não nos compete violentar cons-ciência alguma” (Reformador, dez.//1975, p. 11(275)).

12 Reformador • Outubro 2008 370

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uando o Prof. HippolyteLéon Denizard Rivail pre-senciou, pela primeira

vez, em maio de 1855, na casa daSra. Plainemaison, os fenômenosdas mesas girantes e de escritamediúnica numa ardósia, sentiua seriedade do assunto e, depois,passando a freqüentar as reuniõessemanais na residência da famí-lia Baudin, começou a estudá-loscom critério científico, aplicando--lhes o método experimental.

“Compreendi, antes de tudo[afirma em suas memórias], agravidade da exploração que iaempreender; percebi, naqueles fe-nômenos, a chave do problematão obscuro e tão controvertidodo passado e do futuro da Huma-nidade, a solução que eu procura-va em toda a minha vida. Era, emsuma, toda uma revolução nasidéias e nas crenças [...].”1

O Prof. Rivail questionou osEspíritos, através da mediunida-de das Srtas. Baudin, acerca dosproblemas relacionados com a

Filosofia, a Psicologia e o mun-do espiritual, e quando o mate-rial reunido “constituía um todoe ganhava as proporções de umadoutrina”, teve “a idéia de publicaros ensinos recebidos, para ins-trução de toda a gente”.2 Desco-nhecia, contudo, a dimensão e osignificado do trabalho que vi-nha executando.

Somente em abril de 1856 –cerca de um ano após o início desuas experiências –, quando fre-qüentava, também, as reuniõesna casa do Sr. Roustan e da mé-dium sonâmbula Srta. Japhet,foi-lhe feita a primeira revelaçãode sua missão, ratificada, dias de-pois, pelo Espírito Hahnemann.

O Espírito Verdade confirma--lhe a missão, em 12 de junho de1856, fala-lhe do seu significadoe alerta-o sobre os percalços queenfrentará: “[...] a missão dos re-formadores é prenhe de escolhose perigos. Previno-te de que é ru-de a tua, porquanto se trata deabalar e transformar o mundo in-teiro. Não suponhas que te baste

publicar um livro, dois livros, dezlivros, para em seguida ficarestranqüilamente em casa. Tens queexpor a tua pessoa”.3

O Prof. Rivail não vacila diantedo quadro de dificuldades, perse-guições, calúnias, traições, de queserá alvo; aceita sem titubear amissão que lhe é confiada e seentrega humildemente à oração:“Senhor! pois que te dignastelançar os olhos sobre mim paracumprimento dos teus desíg-nios, faça-se a tua vontade! Estánas tuas mãos a minha vida; dis-põe do teu servo”.4

É assim que o ilustre cidadão eemérito educador Prof. Rivail saide cena, emergindo a figura notá-vel de Allan Kardec, Codificadorda Doutrina Espírita – o Conso-lador prometido por Jesus.

Fonte: Reformador – Editorial da Edição

Comemorativa do Bicentenário de Nas-

cimento de Allan Kardec (1804-2004) –

de outubro de 2004, p. 4(362).

A missão e omissionário

Q

1KARDEC, Allan. Obras póstumas. 34. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2004. p. 268. 2Idem, ibidem. p. 270.

3Idem, ibidem. p. 282.

4Idem, ibidem. p. 283.

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o item 6, capítulo X, de O Evangelho segundo o Es-

piritismo, comenta AllanKardec:

[…] A morte, como sabemos,

não nos livra dos nossos inimigos;

os Espíritos vingativos perseguem,

muitas vezes, com seu ódio, no

além-túmulo, aqueles contra os

quais guardam rancor; donde de-

corre a falsidade do provérbio que

diz: “Morto o animal, morto o ve-

neno”, quando aplicado ao ho-

mem. O Espírito mau espera que o

outro, a quem ele quer mal, esteja

preso ao seu corpo e, assim, menos

livre, para mais facilmente o ator-

mentar, ferir nos seus interesses,

ou nas suas mais caras afeições.

Nesse fato reside a causa da maio-

ria dos casos de obsessão […].

Essa observação de Kardec si-tua-se por incisivo libelo contraa pena de morte.

O condenado, transferido com-pulsoriamente para o mundo es-piritual, simplesmente se revesti-

ria de invisibilidade e passaria aperseguir os responsáveis porsua condenação.

Embora sofrendo os horroresde uma morte violenta para aqual não tinha nenhum preparo,e apresentando desajustes varia-dos relacionados com seu com-portamento criminoso enquantovivo, ele tenderá a permanecerjungido à vida física, predispostoa iniciativas de vingança, pró-prias de seu caráter.

O ideal seria aplicar a sábiaorientação de Jesus (Mateus, 9:12):

Não necessitam de médico os

sãos, mas, sim, os doentes.

O criminoso é um doente moral.

Deve ser tratado e não supos-

tamente eliminado.

Nas reuniões mediúnicas dedesobsessão, causa perplexidadeo grande número de Espíritosque exercem vingança por pre-juízos sofridos em pretérita exis-

tência. Perseguem os responsá-veis, impondo-lhes variados pro-blemas de saúde física e psíquica.

Parecem ter perdido o contatocom a realidade, dominados pelodesejo de revide, sem atentaremao passar do tempo, contabili-zando, não raro, dezenas de anose até séculos.

Localizam e assediam seus de-safetos com a intenção de sub-metê-los a toda sorte de sofri-mentos e desajustes.

E quem é mais digno de comi-seração?

O obsidiado, pela inconseqüên-cia criminosa do passado, ou o ob-sessor, pela agressividade feroz dopresente?

O obsidiado, que ofendeu, ou oobsessor, que não soube perdoar?

O obsidiado, que colhe espi-nhos que semeou, ou o obsessor,que se dilacera nos propósitos devingança?

É difícil lidar com um Espíritonessa condição, fixado na idéiade que seus desafetos, que tantoo fizeram sofrer, devem experi-

NR I C H A R D S I M O N E T T I

Para lidar com

obsessores

l

14 Reformador • Outubro 2008 372

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mentar sofrimentos mil vezesacentuados.

Inútil racionalizar, dizendo-lheque responderá por seus atos, queestá sendo insensível, que não estáagindo de conformidade com asleis divinas.

É impermeável aos apelos darazão.

Melhor evocar o coração.Lidei há pouco com uma si-

tuação dessa natureza.O obsessor mostrava-se irre-

dutível na perseguição que exer-cia sobre um desafeto. Pretendiainduzi-lo ao suicídio.

O caso viera parar no atendi-mento fraterno do Centro, poriniciativa de um familiar, preo-cupado com o estado de abati-mento e desânimo do obsidiado.

E ali estava o algoz, conversan-do conosco no processo mediúni-co, alheio à nossa argumentação.

De nada adiantou falar-lhedas conseqüências de seus atos,do crime que estava cometendo,dos sofrimentos que estava im-pondo a toda uma família, emnome do ódio.

Em certo momento, justifi-cando-se, explicou:

– Aquele de quem você se com-padece é um criminoso sem per-dão. Na existência passada ele foium coronel nordestino. Movidopela ambição, invadiu minhasterras, exterminou a mim e a todaa minha família, esposa e três fi-lhos, e apossou-se de todos osmeus haveres. Estive a vagar semsossego por muito tempo. Agorao localizei nesta nova existência epretendo fazer justiça. Vou indu-

zi-lo ao suicídio e provocarei adesagregação de sua família.

A experiência ensinou-me queem situações assim o primeiropasso é captar a simpatia do ma-nifestante, concordando comseus propósitos.

Foi o que fiz.– Sua revolta é justa. O crime

que seu desafeto cometeu é im-perdoável.

– Ainda bem que concorda co-migo, porquanto não descansa-rei enquanto o miserável não pa-gar pelos seus crimes!

– Desculpe, mas fico imagi-nando se valeu a pena ficar tantotempo dominado pelo ódio, aponto de perder a própria noçãodo tempo. Pelo que você relatou,aquela tragédia aconteceu hámais de um século…

– Ainda que se passem muitosséculos, não importa! Querovingança!

Então, amigo leitor, veio o ape-lo do coração.

– E a sua família?…– O que tem minha família?– Mantém contato com a es-

posa e filhos?– Não, nunca mais os vi.– Não acha estranho, já que

desencarnaram juntos?– Nada disso importa! Apenas

a justiça! – Não sente saudades?– Não quero pensar nisso!– Nunca procurou definir por

que não os encontra?– Certamente esqueceram de

mim, seguiram seu caminho.– E se eu lhe disser que men-

tores espirituais querem colocá--lo em contato com eles?

– Não acredito! Você quer en-ganar-me!

– É verdade! Seus familiares têmprocurado aproximar-se, mas vo-cê não os vê, porquanto seus olhos

15Outubro 2008 • Reformador 373

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estão obscurecidos pelo ódio. Ago-ra meu irmão, surgiu a grande chan-ce. Aproveite! Esqueça o passado!

O obsessor sensibilizou-se.– Você tem certeza de que os

reencontrarei?– Fique tranqüilo.– O que devo fazer?– Mentores espirituais conver-

sarão com você e lhe prometo queem breve reencontrará a família.Rendamos graças a Deus, cuja mi-sericórdia nos oferece infinitasoportunidades de reabilitação.

Em seguida orei, naquela evo-cação que parte do imo da almaquando nos sensibilizamos comas misérias alheias, rogando a Je-sus amparasse aquele nosso irmãono seu propósito de renunciar àvingança.

O médium chorava, extrava-sando a emoção da entidade.

Mais uma vez o amor triunfa-ra sobre o ódio.

A partir daquele dia a situaçãocomeçou a mudar no lar do ex-

-obsidiado, livre da pressão dotenaz perseguidor.

Sempre imagino, amigo leitor,como seria maravilhoso se pudés-semos ter milhões de grupos me-diúnicos, mundo afora, em condi-ções de ajudar Espíritos pertur-bados e perturbadores que enxa-meiam nosso mundo.

Teríamos prodigioso sanea-mento em nossa psicosfera, me-lhorando em muito as condiçõesde vida na Terra.

Para os companheiros que li-dam com Espíritos dessa natu-

reza, a recomendação de Jesus(Marcos, 9:29):

Esta casta não pode ser afasta-

da a não ser com oração e jejum.

A oração contrita e pura dequem está imbuído dos propósi-tos de servir e o jejum dos mauspensamentos, dos sentimentosinferiores, das más palavras sãoiniciativas que sustentam a sin-

tonia vibratória com mentoresespirituais, fundamental ao su-cesso da doutrinação.

Vem deles a inspiração parauma ação capaz de sensibilizar emodificar as disposições dessesnossos irmãos desajustados e in-felizes, mergulhados em vende-tas cruéis.

Isso porque não sabem queo ódio é a negação do amor, leisuprema de Deus.

l

16 Reformador • Outubro 2008 374

s causas da obsessão variam, de acordo com o caráter doEspírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indi-

víduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempode outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que odesejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer queos outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormen-tar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstramais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo quea paciência o leva a cansar-se. Com o irritar-se e mostrar-se des-peitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu persegui-dor. Esses Espíritos agem, não raro, por ódio e inveja do bem; daío lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas.Um deles se apegou como “tinha” a uma honrada família do nossoconhecimento, à qual, aliás, não teve a satisfação de enganar.Interrogado acerca do motivo por que se agarrara a pessoas dis-tintas, em vez de o fazer a homens maus como ele, respondeu:estes não me causam inveja. Outros são guiados por um senti-mento de covardia, que os induz a se aproveitarem da fraquezamoral de certos indivíduos, que eles sabem incapazes de lhes resis-tirem. Um destes últimos, que subjugava um rapaz de inteligênciamuito apoucada, interrogado sobre os motivos dessa escolha, res-pondeu: Tenho grandíssima necessidade de atormentar alguém;

uma pessoa criteriosa me repeliria; ligo-me a um idiota, que nenhu-

ma força me opõe.

A

Fonte: O livro dos médiuns. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XXIII,

item 245.

Allan Kardec

Causas da obsessão

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nalisando, superficialmente embora, o pro-blema da fixação mental, depois da morte,convém não esquecer que a alma, quando

encarnada, permanece munida do equipamento fi-siológico que lhe faculta o atrito constante com a na-tureza exterior.

As reações contínuas, hauridas pelos nervos da or-ganização sensorial, determinando a compulsóriamovimentação do cérebro, associadas aos múltiplosserviços da alimentação, da higiene e da preservaçãoorgânica, estabelecem todo um conjunto vibratóriode emoções e sensações sobre as cordas sensíveis damemória, valendo por impactos diretos da luta evo-lutiva no espírito em desenvolvimento, obrigando-oa exteriorizar-se para a conquista de experiência.

Esse exercício incessante, enquanto a alma se de-mora no mundo físico, trabalha o cosmo mental,inclinando-o a buscar no bem o clima da atividadeque o investirá na posse dos recursos de elevação.

Como sabemos, todo bem é expansão, crescimen-to e harmonia e todo mal é condensação, atraso edesequilíbrio.

O bem é a onda permanente da vida a irradiar-secomo o Sol e o mal pode ser considerado comosendo essa mesma onda, a enovelar-se sobre si mes-ma, gerando a treva enquistada.

Ambos personalizam o amor que é libertação e oegoísmo, que é cárcere.

E se a alma não conseguiu desvencilhar-se, en-quanto na Terra, das variadas cadeias de egoísmo,como sejam o ódio e a revolta, a perversidade e a de-linqüência, o fanatismo e a vingança, a paixão e ovício, em se afastando do corpo de carne, pela impo-sição da morte, assemelha-se a um balão eletromag-

nético, pejado de sombra e cativo aos processos davida inferior, a retirar-se dos plexos que lhe garan-tiam a retenção, através da dupla cadeia de gângliosdo grande simpático, projetando-se na esfera espiri-tual, não com a leveza específica, suscetível de alçá-laa níveis superiores, em circuito aberto, mas sim com adensidade característica da fixação mental a que seafeiçoa, sofrendo em si os choques e entrechoquesdas suas próprias forças desvairadas, em circuitofechado sobre si mesma, revelando lamentável dese-quilíbrio que pode perdurar até mesmo por séculos,conforme a concentração do pensamento na desar-monia em que se compraz.

Nesse sentido, podemos simbolizar a vontade comosendo a âncora que retém a embarcação do espíritoem seu clima ideal.

É necessário, assim, consagrar nossa vida ao bemcompleto, a fim de que estejamos de acordo com aLei Divina, escalando, ao seu influxo, os acumes daVida Superior.

E é por isso que, encarecendo o valor da reencar-nação, como preciosa oportunidade de progresso,lembraremos aqui as palavras do Senhor, no versícu-lo 35, do capítulo 12, no Evangelho do ApóstoloJoão: “Avançai enquanto tendes luz para que as tre-vas não vos alcancem, porque todo aquele que cami-nha nas trevas marchará fatalmente sob o nevoeiro,perdendo o próprio rumo”.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Instruções psicofônicas. 9. ed. Rio

de Janeiro: 2006. Cap. 60.

Fixaçãomental

17Outubro 2008 • Reformador 375

A

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito Francisco de Menezes Dias da Cruz

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ransmissão oculta dopensamento”: esta foia expressão utilizada

por Allan Kardec (1804-1869)para designar o fenômeno da“telepatia”, termo que provavel-mente ainda não existia na épocaem que lançou O Livro dos Espí-

ritos (1857), terminologia estaque teria sido proposta por Fre-deric W. H. Myers (1843-1901)em 1882, e adotada nos traba-lhos da Society for Psychical Re-

search, de Londres. Myers, consi-derado um dos fundadores damoderna psicologia e psiquia-tria, assim a definiu:

Entendo por telepatia a trans-

missão do pensamento e das

sensações feitas pelo Espírito de

um indivíduo sobre outro sem

que seja pronunciada uma pa-

lavra, escrito um vocábulo ou

feito um sinal.1

Os Espíritos, ao responderem auma indagação de Kardec, desig-

nam-na como “telegrafia humana”,profetizando que “[...] será umdia um meio universal de corres-pondência”.2

A telepatia pode dar-se, es-tando o Espírito acordado oudormindo. Acontece de encar-nado para encarnado, de de-sencarnado para desencarnado,de encarnado para desencarnadoe de desencarnado para encar-nado, dependendo da sintoniaou do tipo de pensamento ema-nado do Espírito.

Sem o pensamento – fontecausal das manifestações do Espí-rito, fenômeno por meio do qualeste cria e se relaciona com os de-mais seres – não haveria telepatia.

Quem pensa não é o cérebroou o corpo físico, mas sim o Es-pírito, que alguns denominammente (psique, do grego), quefunciona à maneira de estaçãoemissora e receptora, uma espé-cie de poderosa antena.

Sem o Espírito ou a alma –bem disseram os benfeitores doespaço –, o corpo seria apenas“simples massa de carne seminteligência [...]”.3

O pensamento não é um enteilusório como costumamos ima-ginar; ele é muito real. Ele é a

“força sutil e inexaurível do Espí-rito”.4 Pensar é irradiar... Quan-do pensamos, geramos “[...] in-fracorpúsculos ou [...] linhas deforça do mundo subatômico,criador de correntes de bem oude mal, grandeza ou decadência,vida ou morte, segundo a von-tade que o exterioriza e dirige.[...]”.5 Portanto, o pensamentopode ser nossa asa libertadora ounossa prisão, pois somos o quepensamos.

O Espírito André Luiz, emmuitos de seus livros, reporta-seà “matéria mental” de baixa qua-lidade que prevalece na psicos-fera terrestre, produto da ema-nação coletiva dos pensamentosdos habitantes de nosso globo,ainda atrasado moralmente. Emuma dessas obras, colhemos asseguintes observações, resultan-tes do diálogo entre dois Espíri-tos, em visita à crosta terrestre,numa grande cidade:

– Estão vendo aquelas manchas

escuras na via pública? [...]

....................................................

– São nuvens de bactérias varia-

das. Flutuam quase sempre

também, em grupos compac-

tos, obedecendo ao princípio

Telepatia

“T

CH R I S T I A N O TO RC H I

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Capa

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das afinidades. Reparem aque-

les arabescos de sombra...

....................................................

[...] São zonas de matéria men-

tal inferior, matéria que é expe-

lida incessantemente por certa

classe de pessoas. [...]6

Conscientes de que o pensamen-to é força criadora, estas informa-ções não nos causam estranheza,justificando-se, com razão, o adá-gio: “[...] quem pensa, está fazen-do alguma coisa alhures. [...]”.7

Muitas experiências científi-cas já demonstraram a realidadedos pensamentos e a possibili-dade de transmiti-los, telepati-camente, isto é, independentedos órgãos da fala ou indepen-dente da escrita ou de qualqueroutro meio de comunicação os-tensivo.

Se formos um pouco mais ob-servadores, constataremos que,freqüentemente, estamos exerci-tando esta faculdade, mesmosem perceber, isto é, de formainconsciente.

A propósito, Kardec perguntouaos imortais: “Como se comuni-cam entre si os Espíritos?”. E a res-posta não se fez esperar:

Eles se vêem e se compreen-

dem. A palavra é material: é o

reflexo do Espírito. O fluido

universal estabelece entre eles

constante comunicação; é o veí-

culo da transmissão de seus

pensamentos, como, para vós, o

ar o é do som. É uma espécie de

telégrafo universal, que liga to-

dos os mundos e permite que

os Espíritos se correspondam

de um mundo a outro.8

Léon Denis (1846-1927), oapóstolo do Espiritismo, conti-nuador de Kardec, identifica ofenômeno da telepatia como “re-bentos isolados da vida superiorno seio da Humanidade”:9

A ação telepática não conhece

limites; suprime todos os obstá-

culos e liga os vivos da Terra aos

vivos do Espaço, o mundo visí-

vel aos mundos invisíveis, o ho-

mem a Deus; une-os da manei-

ra mais estreita, mais íntima.

Os meios de transmissão que ela

nos revela constituem a base das

relações sociais entre os Espíritos,

o seu modo usual de permuta-

rem as idéias e as sensações. [...]

....................................................

[...] O pensamento e a vontade

são a ferramenta por excelên-

cia, com a qual tudo podemos

transformar em nós e à roda de

nós. Tenhamos somente pensa-

mentos elevados e puros; aspi-

remos a tudo o que é grande,

nobre e belo. Pouco a pouco

sentiremos regenerar-se o nosso

próprio ser, e com ele, do mes-

mo modo, todas as camadas so-

ciais, o globo e a Humanidade!

E, em nossa ascensão, chegare-

mos a compreender e a praticar

melhor a comunhão universal

que une todos os seres. [...].9

Não poderíamos deixar de citaraqui a prece, tida por Denis comouma das mais altas expressões datelepatia:

A prece é uma invocação, me-

diante a qual o homem entra,

pelo pensamento, em comuni-

cação com o ser a quem se di-

rige. [...]

O Espiritismo torna com-

preensível a ação da prece, ex-

plicando o modo de transmis-

são do pensamento, quer no

caso em que o ser a quem ora-

mos acuda ao nosso apelo,

quer no em que apenas lhe

chegue o nosso pensamento.

Para apreendermos o que ocor-

re em tal circunstância, preci-

samos conceber mergulhados

no fluido universal, que ocupa

o espaço, todos os seres, encar-

nados e desencarnados, tal qual

nos achamos, neste mundo,

dentro da atmosfera. Esse

fluido recebe da vonta-

de uma impulsão; ele

é o veículo do pen-

samento, como o

ar o é do som,

com a dife-

rença de que

as vibrações

do ar são

circuns-

19Outubro 2008 • Reformador 377

Capa

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critas, ao passo que as do flui-

do universal se estendem ao in-

finito. Dirigido, pois, o pensa-

mento para um ser qualquer,

na Terra ou no espaço, de en-

carnado para desencarnado,

ou vice-versa, uma corrente

fluídica se estabelece entre

um e outro, transmitindo de

um ao outro o pensamento,

como o ar transmite o som.

A energia da corrente guarda

proporção com a do pensa-

mento e da vontade. É assim

que os Espíritos ouvem a pre-

ce que lhes é dirigida, qual-

quer que seja o lugar onde se

encontrem; é assim que os

Espíritos se comunicam entre

si, que nos transmitem suas

inspirações, que relações se

estabelecem a distância entre

encarnados.10

Resumindo, a base da tele-patia repousa sobre a sintoniamental entre pessoas que pen-sam ou vibram na mesma faixa,estejam elas encarnadas ou de-sencarnadas.

Quando pensamos, emitimosondas mentais, que podem ounão ser sintonizadas por outrosEspíritos. Isso vai depender dograu de afinidade ou sintonia en-tre os seres pensantes.

A telepatia, como faculdade detransmissão direta dos pensa-mentos, um dia será praticadapor toda a Humanidade terrena,quando tivermos ascendido a pa-tamares superiores, ocasião emque poderemos ler as mentes unsdos outros, sem qualquer tipo de

constrangimento ou receio, co-mo se fosse um livro aberto, semque consigamos dissimular nos-sos pensamentos.11

Este tempo ainda está muitolonge, entretanto, nada obsta queprossigamos nos esforçando, comvistas à transformação moral,agora mais conscientes de nossasresponsabilidades, o que nos per-mitirá, no futuro, o desabrocharcompleto de nossas faculdadessublimes, denunciadoras de senti-mentos elevados.

Avaliemos a qualidade de nos-sas criações mentais. Que tipode pensamentos estamos emi-tindo? Eles estão contribuindopara melhorar ou piorar a psi-cosfera terrena?

Com o objetivo de melhor re-fletirmos sobre as respostas aestas questões, encerramos estemodesto artigo com a mensa-gem atribuída a um poeta anô-nimo, de grande significaçãopara nós, Espíritos em processode aprendizagem:

Vigiemos nossos pensamentos,

porque eles se converterão em

[palavras.

Vigiemos nossas palavras,

porque elas se transformarão

[em atos.

Vigiemos nossos atos, porque

eles formarão os nossos

[hábitos.

Vigiemos nossos hábitos,

porque eles moldarão o nosso

[caráter.

Vigiemos nosso caráter, porque

ele formará o nosso

DESTINO.12

Referências:1BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espí-

rita no tempo e no espaço. 800 verbetes

especializados. 2. ed. São Paulo: Panora-

ma, 2001. p. 348.2KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 80.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte se-

gunda, cap. XXV, item 285.3______. O livro dos espíritos. 91. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2007. Parte segunda,

cap. II, questão 136b.4XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-

canismos da mediunidade. Pelo Espírito

André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2006. Cap. 9, item Corrente do pensa-

mento, p. 82.5XAVIER, Francisco C. Roteiro. Pelo Espíri-

to Emmanuel. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Cap. 30, p. 128. Apud O Espiritismo

de A a Z (FEB), verbete “Pensamento”.6______. Os mensageiros. Pelo Espírito

André Luiz. 45. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Cap. 40, p. 248-249.7______. Nosso lar. Pelo Espírito André

Luiz. 59. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

Cap. 12, p. 83.8KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte se-

gunda, cap. VI, questão 282.9DENIS, Léon. O problema do ser, do

destino e da dor. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Primeira parte, cap. VI, p. 121,

129 e 132.10KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Cap. XXVII, itens 9 e 10.11______. O livro dos espíritos. 91. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte segunda,

cap. VI, questão 283.12TORCHI, Christiano. Espiritismo passo

a passo com Kardec. 2. ed. 1a reimpres-

são. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 9,

p. 481-482.

20 Reformador • Outubro 2008 378

Capa

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21Outubro 2008 • Reformador 379

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

Na cruz“Ele salvou a muitos e a si mesmo não pôde salvar-se.”

(MATEUS, 27:42.)

im, ele redimira a muitos...

Estendera o amor e a verdade, a paz e a luz, levantara enfermos e ressuscita-

ra mortos.

Entretanto, para ele mesmo erguia-se a cruz entre ladrões.

Em verdade, para quem se exaltara tanto, para quem atingira o pináculo, suge-

rindo indiretamente a própria condição de Redentor e Rei, a queda era enorme...

Era o Príncipe da Paz e achava-se vencido pela guerra dos interesses inferiores.

Era o Salvador e não se salvava.

Era o Justo e padecia a suprema injustiça.

Jazia o Senhor flagelado e vencido.

Para o consenso humano era a extrema perda.

Caíra, todavia, na cruz.

Sangrando, mas de pé.

Supliciado, mas de braços abertos.

Relegado ao sofrimento, mas suspenso da Terra.

Rodeado de ódio e sarcasmo, mas de coração içado ao Amor.

Tombara, vilipendiado e esquecido, mas, no outro dia, transformava a própria

dor em glória divina. Pendera-lhe a fronte, empastada de sangue, no madeiro, e res-

surgia, à luz do Sol, ao hálito de um jardim.

Convertia-se a derrota escura em vitória resplandecente. Cobria-se o lenho

afrontoso de claridades celestiais para a Terra inteira.

Assim também ocorre no círculo de nossas vidas.

Não tropeces no fácil triunfo ou na auréola barata dos crucificadores. Toda vez

que as circunstâncias te compelirem a modificar o roteiro da própria vida, prefere

o sacrifício de ti mesmo, transformando a tua dor em auxílio para muitos, porque

todos aqueles que recebem a cruz, em favor dos semelhantes, descobrem o trilho da

eterna ressurreição.

S

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. 36. ed. 1a reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 46.

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22 Reformador • Outubro 2008380

s propostas de planejamen-to e de organização admi-nistrativa e doutrinária das

instituições vêm se intensificandono Movimento Espírita. Oportunocomentário de Allan Kardec refe-renda estas providências: “[...] o

que caracteriza a revelação espírita

é o ser divina a sua origem e da ini-

ciativa dos Espíritos, sendo a sua

elaboração fruto do trabalho do

homem”.1 O Codificador lega-nosainda orientações sobre o funcio-namento de grupos espíritas esuas experiências na Sociedade Pa-risiense de Estudos Espíritas, naRevista Espírita, em O Livro dos

Médiuns e Obras Póstumas.Esses assuntos são abordados,

também, nas obras psicográficas deFrancisco Cândido Xavier.

Setencia Emmanuel:

Na essência, cada homem é ser-

vidor pelo trabalho que realiza

na obra do Supremo Pai, e, si-

multaneamente, é administrador,

porquanto cada criatura huma-

na detém possibilidades enor-

mes no plano em que moureja.2

André Luiz esclarece:

[...] Nossos serviços são distri-

buídos numa organização que

se aperfeiçoa dia a dia [...].

A colônia, que é essencialmen-

te de trabalho e realização, di-

vide-se em seis Ministérios,

orientados, cada qual, por do-

ze Ministros.3

Em outra obra alerta:

Examinar os temas de serviço

que lhe digam respeito para

não estagnar os próprios recur-

sos na irresponsabilidade des-

trutiva ou na rotina perniciosa.

Da busca incessante da perfeição,

procede a competência real.4

E, em entrevista com o EspíritoWilliam James, este comenta:

Temos aprendido que não sur-

gem construções estáveis ao

impulso do improviso. A seara

espírita pede plantação de prin-

cípios espíritas. E não existe

plantação eficiente sem cultiva-

dores dedicados. Ampliemos a

área de nosso concurso indivi-

dual e elevemos o nível de com-

preensão das nossas responsa-

bilidades para com a obra do

Espiritismo. [...] Cada compa-

nheiro, cada agrupamento e ca-

da país terão do Espiritismo o

que dele fizerem. [...]5

As informações espirituais so-bre o compromisso das pessoascom o planejamento e as açõessão explícitas.

Nos últimos anos, alguns proje-tos se desenvolvem no ConselhoFederativo Nacional da FederaçãoEspírita Brasileira. Em conse-qüência de proposta inicial daUnião das Sociedades Espíritas doEstado de São Paulo, como desdo-bramento, houve a formação deComissão Temporária com o obje-tivo de analisar propostas visandoo aperfeiçoamento do trabalho deunificação com base no “PactoÁureo” e estudar o seu aprimora-mento,6 gerando projetos aprova-dos pelo citado CFN na sua Reuniãode 2001,7 como o da “Atividade de

Movimento Espíritadas Instituições e do

Subsídios para o aperfeiçoamento

AAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

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Preparação de Trabalhadores Espí-ritas”, que redundou no curso “Ca-pacitação Administrativa da CasaEspírita”, aprovado em Reunião Or-dinária realizada em novembro de2002.8 Esta proposta foi analisadanas Reuniões das Comissões Regio-nais do CFN durante o 1o semestrede 2003 e, no semestre seguinte,foram efetivados onze semináriosem microrregiões com os represen-tantes das Entidades Federativas Es-taduais, que se incumbiram de im-plantar o Curso em seus Estados.

Também ocorreram reflexosinternacionais. A partir de semi-nário desenvolvido pelo Conse-lho Espírita Internacional, duran-te reunião do Conselho Espíritados Estados Unidos, em 2004, sur-giu a proposta para a promoção,de um Seminário mais detalhado,que evoluiu para a realização do“Curso Internacional para Forma-

ção do Trabalhador Espírita”, pro-movido pelo CEI em parceriacom a FEB, em Brasília, no mês dejulho de 2005. Daí em diante, comoprograma de trabalho do CEI, osseminários de Gestão Doutrináriae Administrativa foram desenvol-vidos em vários países.

Simultaneamente, iniciava-se arevisão de Orientação ao Centro

Espírita, cuja primeira versão foiaprovada em Reunião do CFN de1980. O referido documento foireanalisado em Comissões Regio-nais do CFN, aprovado na Reu-nião do CFN de 2006 e lançadoem Reunião Especial do CFN nodia 12 de abril de 2007, na véspe-ra da abertura do 2o CongressoEspírita Brasileiro.

O Orientação ao Centro Espíri-

ta é apresentado:

A título de sugestão e de subsí-

dio [...] de orientações e material

de apoio, [...] para as atividades

dos Centros e demais institui-

ções espíritas, visando facilitar

as tarefas de seus trabalhadores,

no encaminhamento de assun-

tos doutrinários, administrati-

vos, jurídicos e de unificação.9

A nova versão contém orienta-ções para as atividades: PalestrasPúblicas; Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita; AtendimentoEspiritual no Centro Espírita; Es-tudo e Educação da Mediunidade;Reunião Mediúnica; EvangelizaçãoEspírita da Infância e da Juventu-de; Divulgação da Doutrina Espí-rita; Serviço de Assistência e Pro-moção Social Espírita; AtividadesAdministrativas; Participação doCentro Espírita nas Atividades deUnificação do Movimento Espírita;Recomendações Jurídicas (Obriga-ções Legais); e Recomendações eObservações Gerais.

Um pouco antes, na Reunião de2005, o CFN aprovou o projetode Comemorações do Sesquicen-tenário de O Livro dos Espíritos,incluindo a elaboração de um “Pla-no de Trabalho para o Movimen-to Espírita Brasileiro”. Iniciaram-seos diálogos para coleta de subsí-dios e, na Reunião acima citada,de 2007, o Conselho aprovou o

23Outubro 2008 • Reformador 381

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“Plano de Trabalho para o Movi-mento Espírita Brasileiro (2007--2012)”.10 Este “Plano” é compostopor: 1) Diretrizes: definem as prio-ridades institucionais de carátergeral e abrangente, que são: a difu-são da Doutrina Espírita; a pre-servação da unidade de princípiosda Doutrina Espírita; a divulgação daDoutrina Espírita; a adequação emultiplicação dos Centros Espíri-tas; a união dos espíritas e a unifi-cação do Movimento Espírita; acapacitação do trabalhador espíri-ta; a participação na sociedade; 2)Objetivos: estabelecem o que oMovimento Espírita deve alcançarao longo do período proposto; 3)Ações e Projetos: propõem as ati-vidades operacionais para a im-plementação do Plano de Traba-lho. As ações e projetos poderãoser realizados pelas instituições es-píritas do Brasil, especialmente asEntidades Federativas Estaduais,com o apoio do Conselho Federa-tivo Nacional da FEB.10 Com esteobjetivo, a Secretaria-Geral do CFNvem promovendo seminários jun-to às Federativas.

Como a base do Movimento é oCentro Espírita, é em função des-

te que devem serelaborados os pro-jetos de ação. Daí aimportância de sedinamizar as ativi-dades previstas emOrientação ao Centro

Espírita, em coerên-cia com as diretrizes eobjetivos do “Plano

de Trabalho”.Ao final da Reunião do CFN

que aprovou o “Plano de Traba-lho”, Bezerra de Menezes opinou:

A programação que estabele-

cestes para este qüinqüênio é

bem significativa, porque ver-

teu do Alto, onde se encontrava

elaborada, e vós a vestistes com

as considerações hábeis e apli-

cáveis a esta atualidade.

Este é o grande momento, fi-

lhos da alma.11

No conjunto, as ações decor-rentes do Curso de CapacitaçãoAdministrativa, de Orientação ao

Centro Espírita e do “Plano de Tra-balho” representam um esforço sig-nificativo para a integração, a di-namização e o aperfeiçoamento dasinstituições e do Movimento Espí-rita, coerentes com o contexto denossa época e com a missão defi-nida em O Livro dos Espíritos: “[...]instruir e esclarecer os homens,abrindo uma Nova Era para a re-generação da Humanidade”.12

Referências:1KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. 1a reim-

pressão. Tradução Guillon Ribeiro. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. Cap. I, item 13.

2XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo

Espírito Emmanuel. 36. ed. 1a reimpres-

são. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 75.3______. Nosso lar. Pelo Espírito André

Luiz. 59. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

Cap. 8, p. 56.4VIEIRA, W. Conduta espírita. Pelo Espí-

rito André Luiz. 31. ed. 1a reimpressão.

Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 8, p. 41.5XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, W. Entre

irmãos de outras terras. Por Espíritos

Diversos. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2004. Cap. 5, p. 30.6Súmula da Ata da Reunião Ordinária do

Conselho Federativo Nacional, realizada

em Brasília, no período de 10 a 12 de

novembro de 2000. Reformador, maio

de 2001, p. 28(154)-30(156).7Súmula da Ata da Reunião Ordinária do

Conselho Federativo Nacional, realizada

em Brasília, no período de 9 a 11 de no-

vembro de 2001. Reformador, junho de

2002, p. 28(186)-33(191).8Súmula da Ata da Reunião Ordinária do

Conselho Federativo Nacional, realizada

em Brasília, no período de 8 a 10 de no-

vembro de 2002. Reformador, Edição

Especial, maio de 2003, p. 4-5.9Orientação ao Centro Espírita. Federação

Espírita Brasileira – Conselho Federativo

Nacional. Rio de Janeiro: FEB, 2007. 4ª

capa.10

“Plano de Trabalho para o Movimento

Espírita Brasileiro (2007-2012)”. In: Refor-

mador, Edição Especial, julho de 2007.11

FRANCO, DIVALDO P. “O Médio-dia da

Era Nova”. Pelo Espírito Bezerra de Me-

nezes. In: Reformador, junho de 2007,

p. 8(214)-9(215).12

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Tradução de Evandro Noleto Bezerra.

Edição Comemorativa do Sesquicentená-

rio. Rio de Janeiro: FEB, 2006. “Prolegô-

menos”.

24 Reformador • Outubro 2008382

reformador Outubro 2008 - b.qxp 2/17/aaaa 09:36 Page 24

Page 25: reformador Outubro 2008 - a.qxp

xistem atualmente duas prin-cipais teorias sobre a criaçãodo homem: Criacionismo e

Evolucionismo. A primeira, funda-mentada no livro Gênesis, da Bí-blia, defende a idéia de que Deuscriou o homem e os demais seresvivos há menos de 10 mil anos. Asegunda prega que o homem e osdemais seres vivos resultam de umalenta e gradual transformação queremonta há milhões de anos.

Ambas as teorias estão subdividi-das em diferentes correntes interpre-tativas, ou escolas. No Criacionismo

as mais conhecidas são: a) Teoriado Intervalo: estabelece que entre acriação dos céus (Gn., 1:8), da Ter-ra, (Gn., 1:9-10), dos seres vivos(Gn., 1:11-25) e do homem (Gn.,1:26-27) ocorreu um longo interva-

lo de tempo, simbolicamente repre-sentado nos seis dias da Criação. Éuma escola que conjuga evidênciasgeológicas e cosmológicas à criaçãodivina; b) Teoria do Dia-Era: ensinaque cada dia da Criação é um sím-bolo que pode compreender mi-lhões de anos, não o período de 24horas; c) Teoria Progressiva: aceitao Big Bang (grande explosão que te-ria originado o Universo, segundo aCiência) e a maioria das teorias daFísica Moderna, vistas como meiosauxiliares para o entendimento dacriação divina. Essa teoria afirmaque todos os seres vivos foramcriados de modo progressivo e se-qüencial por Deus, mas sem rela-ção de parentesco ou ancestralida-de; d) Design Inteligente: é a versãocriacionista de maior repercussão

nos círculos acadêmicos e científi-cos, tendo como base as orienta-ções da Química e da Genética.

Na Teoria Evolucionista identifica-mos duas grandes correntes de pen-samento: as que associam idéiasfilosóficas, científicas e religiosas, eas que são exclusivamente materia-listas. A escola denominada evolu-cionista-teísta pertence ao primeirogrupo. No geral, admite que a des-crição do Gênesis é simbólica e que oprocesso criativo de Deus deve bus-car apoio nos postulados científicosda evolução. Os seus seguidores nãoencontram oposição entre a Ciên-cia e a Fé. O outro grupo, conheci-do como evolucionista-materialista,

E

Em dia com o Espiritismo

A criação dos

seres vivose do homem

MA RTA AN T U N E S MO U R A

25Outubro 2008 • Reformador 383

reformador Outubro 2008 - b.qxp 2/17/aaaa 09:37 Page 25

Page 26: reformador Outubro 2008 - a.qxp

não aceita a interferência de Deus oude qualquer expressão sobrenaturalna criação dos seres vivos. Investigaa Natureza por meio de métodoscientíficos, apresentando conclusõesconsideradas racionais e lógicas.

Em geral, podemos dizer que asreligiões (catolicismo e protestan-tismo) e algumas filosofias espiri-tualistas ocidentais, como o Espi-ritismo, são evolucionistas-teístas.

A Doutrina Espírita ensina que acriação dos seres vivos, incluída a es-pécie humana, é realizada por Deus.Esclarece que há dois elementos ge-rais do Universo: espírito e matéria:

[...] Deus, espírito e matéria

constituem o princípio de tudo o

que existe, a trindade universal.

Mas, ao elemento material se tem

que juntar o fluido universal, que

desempenha o papel de interme-

diário entre o espírito e a matéria

propriamente dita, por demais

grosseira para que o espírito pos-

sa exercer ação sobre ela. [...]1

Estas informações, prestadas pe-los Espíritos orientadores da Codi-ficação Espírita, contêm dados queimplicam análises adicionais, con-siderando a importância do bomentendimento do assunto. Assim,é preciso não esquecer que o ele-mento material forma as diversasmatérias, ponderáveis e imponde-ráveis, existentes no Universo, quesão identificadas como subprodu-tos do fluido cósmico universal,inclusive o fluido vital que fornecevitalidade aos seres vivos. Por ou-tro lado, é preciso fazer distinçãoentre as expressões espírito (pala-

vra escrita em minúscula) e Espí-

rito (escrita em letra maiúscula),citadas nas obras da Codificação.Tais palavras não são sinônimas.

Ensina a Doutrina Espírita queo espírito é “o princípio inteligentedo Universo”,2 sendo “a inteligên-cia seu atributo essencial”.3 O prin-cípio inteligente, ou espiritual, pas-sa por um processo de elaboraçãonos reinos inferiores da Natureza,principalmente no reino animal,em ambos os planos da vida (o es-piritual e o físico), até transformar--se no ser denominado Espírito:

[...] Os Espíritos são a individua-

lização do princípio inteligente,

como os corpos são a individuali-

zação do princípio material [...].4

A individualização do princípiointeligente, ou espírito, efetua-se“numa série de existências que pre-cedem o período a que chamais Hu-manidade”,5 esclarecem os Orien-tadores da Vida Maior. São exis-tências nas quais “[...] o princípiointeligente se elabora, se individua-liza pouco a pouco e se ensaia paraa vida [...]”.6 A passagem do princí-pio inteligente nos reinos da Natu-reza, em ambos os planos da vida,sob os cuidados dos Seres Angélicos,prepostos do Cristo, representa ex-periências úteis à aquisição de co-nhecimentos que, mais tarde, serãoutilizados pelo ser em sua condiçãode Espírito, propriamente dito:

[...] É de certo modo, um traba-

lho preparatório, como o da ger-

minação, por efeito do qual o

princípio inteligente sofre uma

transformação e se torna Espírito.

Entra então no período da huma-

nização, começando a ter cons-

ciência do seu futuro, capacida-

de de distinguir o bem do mal e a

responsabilidade dos seus atos.

Assim, à fase da infância se segue

a da adolescência, vindo depois a

da juventude e da madureza. [...]6

O Espírito André Luiz nomeia demônada o princípio espiritual, infor-mando que, nos primórdios da for-mação da Terra,“[...] os MinistrosAngélicos da Sabedoria Divina, coma supervisão do Cristo de Deus,lançaram os fundamentos da vidano corpo ciclópico do planeta”:7

[A mônada], [...] através do nas-

cimento e morte da forma, sofre

constantes modificações nos dois

planos em que se manifesta, razão

pela qual variados elos da evo-

lução fogem à pesquisa dos na-

turalistas, por representarem

estágios da consciência fragmen-

tária fora do campo carnal pro-

priamente dito, nas regiões extra-

-físicas, em que essa mesma cons-

ciência incompleta prossegue ela-

borando o seu veículo sutil, en-

tão classificado como protoforma

humana, correspondente ao grau

evolutivo em que se encontra.8

Entretanto, é sempre oportunorecordar: depois que o princípiointeligente adquire a soma de apren-dizados em sua passagem pelos rei-nos da Natureza, nos planos físicoe espiritual, encontra-se então ap-to para o processo de humanização.Este processo, porém, não se realiza

26 Reformador • Outubro 2008384

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de imediato, nem de forma automá-tica.A humanização do princípio in-teligente acontece em mundos apro-priados, onde o novo ser é prepara-do para a sua primeira encarnaçãocomo Espírito, entidade humana,esclarecem os Espíritos orientadores:

[...] O período da humanização

começa, geralmente, em mun-

dos ainda inferiores à Terra. Is-

to, entretanto, não constitui re-

gra absoluta, pois pode suceder

que um Espírito, desde o seu iní-

cio humano, esteja apto a viver

na Terra. Não é freqüente o ca-

so; constitui antes uma exceção.9

Vemos assim que a longa jor-nada do princípio inteligente, ini-ciada no momento de formaçãoda Terra e concluída na fase de hu-manização, exigiu milênios de tra-balho incessante:

[...] alcançando os pitecantro-

póides da era quaternária, que

antecederam as embrionárias ci-

vilizações paleolíticas, a mônada

vertida do Plano Espiritual so-

bre o Plano Físico atravessou os

mais rudes crivos da adaptação

e seleção, assimilando os valores

múltiplos da organização, da re-

produção, da memória, do ins-

tinto, da sensibilidade, da per-

cepção e da preservação própria,

penetrando, assim, pelas vias da

inteligência mais completa e la-

boriosamente adquirida, nas

faixas inaugurais da razão.10

Tudo isso reflete, de forma ine-quívoca, a manifestação da sabe-

doria e misericórdia divinas, sem-pre intermediadas por Jesus, a fimde que o ser em processo ascen-sional possa alcançar a plataformaevolutiva humana, já possuidorde pensamento contínuo, neces-sário à implementação da memó-ria, do raciocínio e dos processosintelectivos, e base da razão. Comesses talentos, o homem desenvol-ve a capacidade de discernir o maldo bem, de usar corretamente olivre-arbítrio, de desenvolver sen-timentos, e de perceber a si mes-mo, o próximo e a Deus.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 27.

2Idem, ibidem. Questão 23.

3Idem, ibidem. Questão 24.

4Idem, ibidem. Questão 79.

5Idem, ibidem. Questão 607.

6Idem, ibidem. Questão 607a.

7XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Evolução em dois mundos. Pelo Espírito

André Luiz. 25. ed. 1ª reimpressão. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, cap. 3,

item Primórdios da Vida, p. 37.8Idem, ibidem. Item Elos desconhecidos

da Evolução, p. 42.9KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 607b.10

XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Evo-

lução em dois mundos. Pelo Espírito An-

dré Luiz. 25. ed. 1a reimpressão. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2008. Primeira parte, cap. 3,

item Faixas inaugurais da Razão, p. 41.

27Outubro 2008 • Reformador 385

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Poetas redivivos. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB,

1994. Cap. 57, p. 87.

Americano do Brasil

Divina sílabaSempre o Nome Sagrado – a Sílaba Divina –Dos astros recordando alígeras galeras,Nas correntes do Azul, às supremas esferasOnde o jorro da luz se represa e esborcina...

Das alturas do Céu ao bojo das crateras,Do mar em vagalhões à fonte pequenina,Dos cimos da montanha às entranhas da mina,Do clarão do presente à sombra de outras eras...

Da relva pisoteada ao tronco erguido a prumo,Da brisa bonançosa ao furacão sem rumo,Da leveza da palha ao peso do granito...

Do gênio angelical à bactéria no solo,De vida em vida, passo a passo, pólo a pólo,Tudo fala de Deus na glória do Infinito!...

reformador Outubro 2008 - b.qxp 2/17/aaaa 09:37 Page 27

Page 28: reformador Outubro 2008 - a.qxp

versão em esperanto do livro Suicídio e suas

Conseqüências, de Gerson Simões Montei-ro, recebeu importante e objetiva acolhida

no conceituado periódico esperantista russo La

Ondo de Esperanto (A Onda do Esperanto).Nikolaj Pen/ukov, crítico de literatura da revis-

ta, analisa em seu número de julho passado o tex-to de Memmortigo kaj 1iaj Konsekvencoj, em tra-dução de Givanildo Ramos Costa, criteriosamenterevisado pelos escritores Paulo Sérgio Viana e Be-nedicto Silva e editado pela Sociedade Editora Es-pírita F. V. Lorenz.

Pen/ukov não é espírita, mas como crítico cons-ciencioso põe em foco o conteúdo sem induzir oleitor a qualquer posição com juízos facciosos.

Alguns trechos de sua crítica evidenciam tantoa excelência da compilação de Gerson Monteiroquanto o valor da tradução:

Como as outras reli-

giões, o Espiritismo

tem no suicídio um

pecado, mas, ao

contrário do Cris-

tianismo, afir-

ma não se tra-

tar de pecado

sem remissão.

O autor apresenta

muitos relatos de espíritos que, tendo desencarna-

do por suicídio, contactam o mundo dos vivos

através de médiuns.

Sobre esses relatos, Pen/ukov propõe um resumoque revela seu perfeito entendimento acerca de algu-mas conseqüências comuns nos casos de suicídio:

A primeira decepção que os aguarda é a realidade

da vida espiritual... e esta vida se lhes apresenta

pior pelos ásperos tormentos causados por sua

decisão de extrema rebeldia.

[...] Durante longos anos, sen-

tem as impressões terríveis do

Rússia – Espiritismonas asas do Esperanto...

A

28 Reformador • Outubro 2008386

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

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tóxico que lhes aniquilou as

energias; a perfuração do cé-

rebro pelo projétil disparado

pela arma usada no gesto

horrível; a pressão das pesa-

das rodas sob as quais se jo-

garam na ânsia de abando-

nar a vida; a passagem, sobre

seus despojos, da água em

que se afogaram, na crimi-

nosa fuga dos seus deveres

no mundo. Mas, geralmente,

a pior impressão de um sui-

cida é experimentar, minuto

após minuto, o processo de

desintegração do corpo dei-

xado no seio da terra, cheia

de vermes e podridões.

E prossegue em abordagens seguras sobre asconseqüências do suicídio em futuras encarna-ções: doenças congênitas, acidentes graves commutilações, perturbações mentais; acerca do pe-

rigo de se cultivar idéias de sui-cídio, considerando as influên-cias obsessoras provenientes domundo invisível; acerca da con-figuração sinistra das regiões es-pirituais onde provisoriamenteestagiam tais Espíritos; e, prin-cipalmente, acerca do auxílio quelhes é prestado por Espíritossocorristas.

Por não ser espírita e exercero ofício de crítico, Pen/ukovexpõe, sem contudo endossá--las, as teorias que negam a rea-lidade espiritual desvendadapela mediunidade, mas não sefurta a um comentário final,bem sugestivo:

Isso, porém, não tem muita importância, desde

que essas terríveis descrições e os relatos como-

ventes evitem que pelo menos uma criatura se

desvie do gesto fatal e conserve a sua vida.

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O mundo atormentado é nau em desatinoSob a fúria do mar que se agita e encapela...Tudo treme ao pavor da indômita procelaE o homem – pobre viajor – é o triste

[peregrino.

Mas, além, surge a mão do Condutor Divino,Doce, renovadora, imaculada e bela,Busca o Celeste Amor que longe se acastela,E acende para a Terra a luz de outro destino.

A voz dum só Pastor, uma só fé que bradeConcórdia e entendimento a toda a

[Humanidade,Na vitória do bem, purificado e santo.

Ruge agora a tormenta... entretanto, a alvoradaPresidirá com Cristo à vida transformadaAo clarão imortal da glória do Esperanto.

(Soneto recebido psicograficamente por Francisco Cândido Xavier, publicado em Reformador de junho de 1951, p. 6(122).)

Visão do cimo

Amaral Ornellas

Capa do livro Suicídio e suas

Conseqüências em esperanto

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30 Reformador • Outubro 2008388

ois mil anos são passadosdesde aqueles tempos emque a voz de Jesus se fez

ouvir sobre a ambiência sombriada Terra:

Não se turbe o vosso coração.

Credes em Deus, crede também

em mim. Há muitas moradas

na casa de meu Pai. Se assim

não fosse eu vo-lo teria dito;

pois vou preparar-vos o lugar

[...] para que, onde eu esti-

ver, estejais vós tam-

bém. (João, 14:1-3.)

Jesus se refere aosmundos materiaise espirituais quecirculam pelo es-paço infinito. Ca-da mundo está des-tinado a acolherencarnados ou de-sencarnados de acor-do com o grau de

adiantamento ou de in-

ferioridade moral em quese encontram. Esses mun-dos classificam-se em primi-

tivos, de provas e expiações, re-generadores, felizes e celestes oudivinos. (O Evangelho segundo o

Espiritismo, cap. III.)A Terra, no contexto univer-

sal, não é um recanto de lazer, esim um planeta que acolhe almasem provas e expiações. Conside-rada, ao mesmo tempo, hospital,penitenciária, escola, daí partem

os Espíritos para mundos me-lhores após comprovar, no tra-balho do bem, a cura de suasmoléstias morais.

Diz a tradição religiosa que,após a morte do corpo, a almapode ir para o céu, o inferno ou opurgatório. Os Espíritos da Codi-ficação Espírita esclarecem que“são simples alegorias: por todaparte há Espíritos ditosos e indi-tosos. [...] os Espíritos de uma

mesma ordem se reúnem porsimpatia; mas podem reu-

nir-se onde queiram,quando são perfeitos”.

(O Livro dos Espí-

ritos, questão 1012,Ed. FEB.) E ainda:

“Que se deve enten-

der por purgatório?”

“Dores físicas e mo-

rais: o tempo da ex-

piação. Quase sem-

pre, na Terra é que

fazeis o vosso purgató-

rio e que Deus vos obriga a

expiar as vossas faltas.” (Op.

cit., questão 1013.)

As moradas do Pai à

DA. ME RC I SPA DA B O RG E S

luz do Consolador

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Aceitar as penas eternas é ad-mitir a existência de um Criadorincapaz de perdoar e que conde-na injustamente os que comete-ram tanto pequenas, quanto gran-des faltas.

Jesus inaugurou a era do Amor.Desfez a imagem distorcida queos homens faziam de Deus eproclamou a existência de umDeus “único, onipotente, sobe-ranamente justo e bom” (O Livro

dos Espíritos, questão 13). Sendoo amor a excelência de seus atri-butos, enviou Jesus, guia e mo-delo mais perfeito (O Livro dos

Espíritos, questão 625), para con-duzir os passos da Humanidadeem sua direção. Jamais suas cria-turas seriam condenadas às pe-nas eternas. Se assim fosse, operdão, ensinado e exemplifica-do pelo Cristo, não teria razãode ser.

O perdão é a chave que abre asportas da regeneração. Eis a res-posta do Mestre quando questio-nado por Pedro:

Senhor, até quantas vezes o

meu irmão pecará contra

mim, e eu lhe perdoarei? Até

sete? Jesus lhe disse: Não te

digo que até sete, mas até

setenta vezes sete. (Mateus,

18:21-22.)

Em todo o Evangelho, Jesusexalta o perdão das ofensas e, doalto da cruz, dá o maior testemu-nho de suas palavras.

A linguagem de Jesus é ricaem metáforas e simbolismos. In-terpretar a expressão fogo do in-

ferno ao pé da letra é contradi-zer o amor que transcende deseus ensinos.

Existe uma visão futura maisplena de esperança e de amor doque a proposta por Jesus? O queseria mais racional? Crer em umaúnica existência, sem qualquerfio de esperança, amargurado sobo pavor das penas eternas, semchance de novas oportunidades,ou acreditar nas diferentes mora-das que acolhem os Espíritos deacordo com o grau de progressoalcançado por eles?

Deus é misericórdia, é amor.Ele perdoa suas criaturas atravésde novas oportunidades.

E como seria? Naturalmente,pela reencarnação; tantas vezesquantas necessárias, até o Espíritoquitar os débitos com a Lei, ao mes-mo tempo em que edifica a pró-pria evolução. O Evangelho regis-tra inúmeras referências à reen-carnação e à vida espiritual. Essaverdade, com o passar dos sécu-los, foi encoberta pelos interessesvigentes da época. O homem,para preservar o poder, dissemi-nou o fantasma do medo, criandoum futuro de sofrimento atroz,que gerou a crença nas penas eter-

nas. As claridades do Consoladorprometido por Jesus vieram res-taurar a crença na reencarnação edevolver ao homem a esperançade refazer sua jornada evolutiva.

A reencarnação é o perfeitomecanismo da justiça divina.

Uma análise sincera dos pen-samentos, das palavras e dos atos

pode proporcionar ao homem aprevisão do seu futuro. Virtudesou defeitos aqui cultivados serãoos atributos da vida futura. E, deacordo com a lei de afinidade,que rege o Universo e todos os se-res da criação, automaticamenteo Espírito será atraído por aque-les a quem se afinam em virtu-des ou imperfeições. A Lei Divi-na se incumbe de aproximar ossemelhantes. Os projetos nobres,as tarefas edificantes serão pas-saporte para o trabalho do bem.Por outro lado, os comprometi-mentos delituosos agrilhoarãoos comparsas criminosos em re-giões inferiores. O homem é oconstrutor em potencial do seufuturo.

As moradas espirituais, cons-tituídas de matéria sutil, são edi-ficadas pela força do pensamen-to. O pensamento equilibrado nobem constrói maravilhas. Entre-tanto, as regiões inferiores, pro-duto das mentes em desequilí-brio, refletem os sombrios pro-cedimentos em que se aprazem.Tais Espíritos, tanto se lesam comsuas atitudes criminosas, que en-

terram os talentos da organiza-ção, da beleza, do discernimen-to, sob os escombros da descren-ça, do ódio e da vingança. Am-bientados no cultivo de pensa-mentos e ações delituosos, con-tinuarão, no mundo espiritual,ostentando a mente em desajus-te. Sentem-se injustiçados, sem,contudo, admitirem que foramaprisionados nas próprias teias queteceram. Assim permanecem, vo-

luntariamente, no reduto da dor

31Outubro 2008 • Reformador 389

l

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No dia da data de nascimen-to de Bezerra de Menezes – 29 deagosto –, o filme Bezerra de Me-

nezes: o Diário de um Espírito foilançado no circuito de cinemasde cerca de 40 cidades brasileiras.

Anteriormente, no dia 16 deagosto, foram realizadas avant-

-premières do filme Bezerra de Me-

nezes: o Diário de um Espírito emquatorze capitais brasileiras. EmBrasília, ocorreu numa das salasde cinema do ParkShopping. Asessão cinematográfica foi pre-cedida de saudações de César de

Jesus Moutinho, presidente daFederação Espírita do DistritoFederal; Antonio Cesar Perri deCarvalho, diretor da FederaçãoEspírita Brasileira e representan-do-a; e de Luís Eduardo Girão,produtor do filme. Após a exibi-ção da película, os artistas quecompareceram ao evento foramconvidados para uma entrevistacom o público: Carlos Vereza(papel de Bezerra de Menezes,adulto), Ana Rosa, o garoto Lu-cas (papel de Bezerra de Mene-zes, criança), B. Paiva, bem co-mo os diretores Glauber Filho eJoe Pimentel.

Lançamento do filmeBezerra de Menezes

educativa, até que se proponhamà recuperação do equilíbrio e dapaz. O arrependimento e a trans-formação moral lhes abrirão asportas de novas oportunidades.É a manifestação da justiça divi-na que dá a cada um segundo as

suas obras.As regiões infelizes nada mais

são do que projeções da rebeldiados próprios habitantes. Toda-via, o tempo de expiação é de du-

ração transitória, jamais eterna,como querem os adeptos do in-ferno. Por isso, Jesus adverte: “Co-nhecereis a verdade, e a verdadevos libertará”. (João, 8:32.)

Por outro lado, um céu deociosidade e contemplação é uto-pia. Na realidade, existem, sim,regiões sublimadas e dinâmicas,em que almas enobrecidas sededicam ao trabalho do bem uni-versal. Portanto, céu, inferno epurgatório, do ponto de vista teo-lógico, são crenças que não se sus-tentam. Allan Kardec esclarece:

A localização absoluta das re-

giões das penas e recompensas

só na imaginação do homem

existe. Provém da sua tendên-

cia a materializar e circunscre-

ver as coisas, cuja essência in-

finita não lhe é possível com-

preender. (O Livro dos Espíri-

tos, questão 1012, comentário

de Kardec.)

Foi necessário que as luzes doConsolador projetassem sua cla-ridade sobre os homens para queentendessem as verdades conti-das no Evangelho de Jesus.

32 Reformador • Outubro 2008390

Carlos Vereza, Ana Rosa

e Lucas

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A visita de Divaldo Pereira Fran-co à Sede Seccional da FEB, na tar-de de 10 de agosto passado, propor-cionou às aproximadamente 800pessoas ali reunidas um momentode preciosa edificação.

Durante cerca de 90 minutos,Divaldo discorreu, entre outros,sobre temas da Psiquiatria e daPsicologia, vinculando-os à fe-nomenologia espírita, com espe-ciais abordagens nos campos daobsessão e da conduta humana,tudo envolvendo numa saboro-sa leveza de oratória que a todosencantou.

Fatos mediúnicos em que Di-valdo foi protagonista, desde suainfância, e que se prolongarampor longos 40 anos, tiveram ali oseu desfecho exposto e comenta-do, levando os assistentes à como-ção, ao mesmo tempo em que lheseram prodigalizados profundosensinos sobre a poderosa e benfa-

zeja eficácia da aplicação dos prin-cípios do Evangelho a todas as si-tuações em que mergulhamos, nostestes provacionais e nas repercus-sões expiatórias do passado.

A Mesa dos trabalhos foi diri-gida pelo presidente da FEB, Nes-tor João Masotti, contando tam-bém com a participação de Aloí-sio Ghiggino, diretor do Conse-lho Espírita do Estado do Rio de

Janeiro (CEERJ), e de represen-tantes dos Movimentos Espíritasda Argentina e do Paraguai, res-pectivamente, Cláudia Marta Ma-glio e Milcíades Lescano.

Divaldo, após a memorávelsessão, ainda fraternalmente es-tendeu sua permanência na SedeHistórica da FEB para uma ses-são de autógrafos em livros porele psicografados.

Divaldo Francona FEB-RIO

Aspecto parcial do público

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A 20a edição da Bienal Interna-cional do Livro celebrou o encon-tro de grandes editoras. E, pela sex-ta vez consecutiva, a Federação Es-pírita Brasileira (FEB) participoudo evento em 250m², com lança-mentos, relançamentos e autógra-fos em um espaço literário, bate--papo sobre obras, atividades comcrianças e muito mais. Junto com aADELER, reuniu grandes nomes doEspiritismo, em uma área de 490m²dedicados à literatura espírita.

A Editora ofereceu ao públicomais de 400 títulos, sendo 37 doConselho Espírita Internacional(CEI) nos idiomas alemão, inglês,espanhol, francês e húngaro; 16

obras da Uniãodas SociedadesEspíritas do Es-tado de São Paulo (USE); 42 títu-los em apostilas sobre Evangeliza-ção, ESDE e estudo mediúnico etc.A revista Reformador também teveo seu espaço. Exemplares de 2007,2008 e capas plásticas foram dis-ponibilizados ao público, assim co-mo 4.000 exemplares do mês desetembro que foram distribuídoscomo cortesia aos que adquiriamalguma obra no estande.

Com o objetivo de divulgar aDoutrina Espírita, promover o há-bito da leitura desde cedo e incenti-var a importância dos livros na for-

mação de valores éticos e na educa-ção da criança e do adolescente, aFEB repetiu o sucesso das Bienaisdos anos anteriores com um espa-ço dedicado ao público infanto-ju-venil: maquiagem artística, escultu-ras em balões, oficina de pintura e“Contando Histórias com a FEB”.A onça-pintada que foi destaque naBienal do Rio de Janeiro em 2007 es-teve em São Paulo junto à criançada.

Títulos infantis, com ilustraçõesde traços mo-dernos e colo-ridos e histó-rias que envol-vem o imagi-nário infantilforam lançadosno evento. Sãoeles Cavalinho

de Flores, de Magdalena del ValleGomide, Meu Avô Desencarnou, deDaniella e Fernanda Priolli Fon-seca e Carvalho, Perigo na Mata eO Macaco Conselheiro, de Tieloy,Recados do Além, Um Sonho Fan-

tástico, Uma Viagem Inesquecível,A Vitória de Nélio, A Volta de Ma-

riana, de Cecília Rocha em parce-ria com Eloína Lopes e Clara Araú-jo. Volta às Aulas e O Maior Brejo

do Mundo, de Adeilson Salles.Os autores infantis Daniella e

Fernanda Priolli Fonseca e Carva-lho, Clara Araújo, Magdalena del

FEB na 20ª Bienal do

Livro de São Paulo

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Estande da FEB durante a Bienal de São Paulo

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Valle Gomide e Adeilson Salles esti-veram presentes autografando suasobras, participando das atividadesdo espaço infantil e recebendo ocarinho de crianças, pais e educa-dores que visitaram o estande.

Além desses, outros autoresconvidados pela FEB, para disse-minar o estudo e a doutrina espí-rita ao público adulto, estiverampresentes: Gerson Simões Mon-teiro (No Roteiro de Jesus),Geraldo Campetti So-brinho (organiza-dor de O Espiritis-

mo de A a Z e daRevista Espírita,

1858-1859 – Índi-

ce Geral), Evan-dro Noleto Bezer-ra (tradutor de O

Evangelho segundo o

Espiritismo e O Livro dos

Médiuns) e Dalva Silva Souza, au-tora de Os Caminhos do Amor.

Os livros infantis mais vendidosforam: Meu Avô Desencarnou, deDaniella e Fernanda Priolli Fonse-ca e Carvalho, e O Segredo da On-

ça-Pintada, de Adeilson Salles.No cenário adulto, as obras O

Livro dos Espíritos, O Livro dos Mé-

diuns e O Evangelho segundo o Es-

piritismo, traduzidas por EvandroNoleto, foram bem recebidas pelopúblico.

Com o propósito de massificara divulgação da Doutrina Espíri-ta, a Editora levou para o evento:catálogo dos livros em portuguêse em outros idiomas, marcadoresde páginas, primeiros capítulos,adesivos dos livros infantis etc.

Aproximadamente 240 milmateriais foram distri-

buídos aos visitan-tes do estande.

A repercussãoda FEB na Bie-nal alcançou nãoapenas o grande

público presen-te, mas também

aqueles ouvintes deemissoras como a Rádio

Rio de Janeiro, a Rádio Boa Novae a da Legião da Boa Vontade, quepuderam ouvir entrevistas de au-tores e do presidente Nestor JoãoMasotti, ao longo do evento.

Momentos de descontração,união pela literatura, divulgação doEspiritismo foram intensos duran-te os onze dias de Bienal, trazendo

ao público a certeza do trabalho dequalidade da FEB, que não mediuesforços para levar a todos materialliterário de excelente apresentação,com valioso conteúdo doutrinário.

Os livros mais vendidos foram:O Evangelho segundo o Espiritis-

mo (nova tradução), Minha Vida

em outra Vida, Nosso Lar, No Ro-

teiro de Jesus, Meu Avô Desencar-

nou, O Livro dos Espíritos, Jesus no

Lar, O Segredo da Onça-Pintada,O Espiritismo de A a Z e Memó-

rias de um Suicida.

Espaço infantil com várias atrações para as crianças

Títulos do CEI

35Outubro 2008 • Reformador 393

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a visão profética de Jere-mias, Deus compara sua pa-lavra com “um martelo que

despedaça a rocha” (Jr., 23:29). E oTalmud comenta: “Tal qual a rochaque se parte em muitos fragmentossob o golpe do martelo, assim cadapalavra do Santíssimo, bendito seja,foi dividida em setenta expressões”(B. Shabat, 83b) – uma multiplici-dade de significados e interpreta-ções. Por esta razão, diz o Midrashque “a Torah2 tem setenta faces”(Midrash Rabá, Números, 13:15).

Advertidos da complexidadeque envolve a atividade do intér-prete das Escrituras, podemos exa-minar a bela passagem do Evange-lho de Lucas, na qual o candidato

a discípulo pede a Jesus a conces-são de tempo, antes de aceitar oconvite para segui-lo; eis o texto:

E disse a outro: Segue-me. Mas,

ele disse: Permite-me ir primei-

ro enterrar meu pai. Mas, ele

respondeu: Deixa que os mor-

tos enterrem seus mortos; tu,

porém, vai e proclama o Reino

de Deus. (Lucas, 9:59-60.)

Muitos intérpretes acreditamque o pai acabara de morrer ou es-tava prestes a expirar. Nesse caso, ocandidato a discípulo pedia singelapermissão para oferecer ao cadáverdo genitor a bênção da sepultura.

O sepultamento dos pais eraconsiderado um dever religioso dosjudeus, uma espécie de desdobra-mento do mandamento “honrarpai e mãe”. (Gênesis, 50:5; Êxodo,20:12; Deuteronômio, 5:16; Tobias,4:3-4.) Desse dever estavam isen-tos somente o sumo sacerdote eaqueles que fizeram o voto de

nazireu (Levítico, 21:10-11; Núme-ros, 6:6-7).

Não ser sepultado era uma mal-dição, uma vergonha (Deuteronô-mio, 28:26; Salmos, 79:2), razão pe-la qual o dever do sepultamentotinha primazia sobre o estudo daLei, o serviço do Templo, o sacri-fício da Páscoa, a observância dacircuncisão, a recitação do Shemáe a leitura da Megillah (B. Berak-hot 3a; B. Megillah 3b). Até os sa-cerdotes, que deveriam evitar acontaminação do contato com ca-dáveres, tinham permissão parasepultar seus pais (Levítico, 21:2-3).

A questão, posta nestes termos,oferece enormes dificuldades aoexegeta. Joaquim Jeremias salien-tou algumas delas:

[...] Ao chamar para o círculo

dos discípulos que o acompa-

nhavam, Jesus imprimiu um

tom de urgência ao seu apelo. A

Eliseu foi permitido despedir-se

da sua família (1Rs., 19:20), mas

N

Cristianismo Redivivo

HA RO L D O DU T R A D I A S

“[...] O Compositor compõe uma música, e a obra está terminada. O Escultor cinzela o seu mármore, e um dia a estátua está acabada. Mas a tarefa do exegeta nunca tem fim. Ele pode parar, apenas, para registrar, um tanto timidamente, as suas descobertas em certo ponto do tempo, orando para

que elas tenham alguma utilidade para outras pessoas, e para que eletenha sido fiel ao que lhe foi dado, até então. [...].”

1

O candidato a discípulo

1BAILEY, Kenneth E. Through peasant

eyes. Michigan: Eerdmans PublishingCompany, 1983. Preface, p. 7.

2Torah, em sentido amplo, significa a “re-velação divina”. Em sentido estrito, signifi-ca o pentateuco mosaico, ou seja, os cincoprimeiros livros da Bíblia hebraica.

36 Reformador • Outubro 2008 394

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Jesus não concede essa licença

(Lc., 9:61), e até mesmo rejeita

o pedido de um filho que roga

se lhe permita cumprir o mais

elementar dever de um filho, a

saber, o de sepultar o seu pai. O

sepultamento se fazia na Pales-

tina no próprio dia da morte e

em seguida faziam-se dois dias

de luto, quando a família enlu-

tada recebia as expressões de

condolência. Jesus não pode

conceder essa prorrogação. Por

que tanta urgência? [...].3

Observando essa primeira “fa-ce” da interpretação do texto, con-cluímos que a exigência de Jesus ésuperior à de Elias, que permitiua Eliseu despedir-se de seus pais(1Reis, 19:19-21), mas iguala-seà exigência de Deus, que não per-mitiu ao profeta Ezequiel fazer lu-to por sua mulher (Ez., 24:15-24).

Jesus redefine o núcleo familiarsobre as bases da obediência à von-tade de Deus, e não sobre os laçossangüíneos (Mateus, 12:46-50),advertindo que o discipulado éduro, e exige um compromissoabsoluto e permanente.

Allan Kardec resume magistral-mente essa idéia:

Sem discutir as palavras, deve-se

aqui procurar o pensamento, que

era, evidentemente, este:“Os inte-

resses da vida futura prevalecem

sobre todos os interesses e todas

as considerações humanas”, por-

que esse pensamento está de

acordo com a substância da dou-

trina de Jesus, ao passo que a idéia

de uma renunciação à família se-

ria a negação dessa doutrina.4

Os comentaristas orientais, porsua vez, considerando os aspectosculturais do texto, fazem observaçõesinteressantes. Ibn al-Salibi comenta:

Deixa-me ir sepultar significa:

deixa-me ir e servir meu pai en-

quanto ele é vivo; depois que ele

morrer, eu o sepultarei e virei.5

A mesma idéia é apresentadapelo comentarista árabe Sa’id:

[...] O segundo (discípulo) está

olhando para um futuro longín-

quo, pois adia sua decisão de se-

guir Jesus para um tempo poste-

rior à morte do seu pai [...]. Se o

seu pai tivesse realmente morri-

do, por que naquele exato mo-

mento ele não estava velando o

corpo dele? Na verdade, ele pre-

tende adiar o assunto de seguir

Jesus para um futuro distante,

quando o seu pai, velho, morres-

se. Mal sabe ele que Jesus, den-

tro de muito pouco tempo en-

tregará o seu espírito. [...].6

Kenneth Bailey, após ter vivido47 anos em comunidades agríco-las do Oriente Médio, pesquisan-do os aspectos culturais e literá-rios que estão por trás dos textosdo Novo Testamento, afirma:

[...] A frase “enterrar o pai” é

expressão idiomática tradicio-

nal que se refere especificamen-

te aos deveres do filho de ficar

em casa e cuidar de seus pais até

que eles jazam em paz, para

descansar com todo o respeito.

3JEREMIAS, Joaquim. Teologia do novo

testamento. São Paulo: Editora Hagnos,2008. Cap. IV, p. 208.

4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. Cap. XXIII, item Abandonar pai,mãe e filhos.

5IBN AL-SALIB, apud BAILEY, KennethE. Through peasant eyes. Combined Edi-tion. Michigan: Eerdmans PublishingCompany, 1983. Chapter 2, p. 26.

6SA'ID, apud BAILEY, Kenneth E. Through

peasant eyes. Combined Edition. Michi-gan: Eerdmans Publishing Company,1983. Chapter 2, p. 26.

37Outubro 2008 • Reformador 395

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Este escritor ouviu exatamente

esta expressão sendo usada re-

petidamente entre os habitan-

tes do Oriente Médio discutin-

do a emigração. Em certo pon-

to da conversa alguém pergun-

ta: “Você não vai sepultar pri-

meiro a seu pai?”. A pessoa que

interroga geralmente está se di-

rigindo ao futuro emigrante,

que tem cerca de trinta anos de

idade. Geralmente, o pai em

discussão ainda deve ter cerca

de vinte anos para viver. A idéia

é: “Você não vai ficar até cum-

prir o dever tradicional de to-

mar conta de seus pais até a sua

morte, e depois pensar em emi-

grar?”. Outros coloquialismos

expressam a mesma idéia cultu-

ral. Na língua síria coloquial de

aldeias isoladas da Síria e do

Iraque, quando um filho rebel-

de procura reafirmar a sua inde-

pendência em relação ao seu pai,

a repreensão final e contunden-

te do pai é: kabit di gurtly (“Vo-

cê quer me enterrar”). A idéia

é: “Você quer que eu me apres-

se a morrer para que a minha

autoridade sobre você termine,

e você fique por sua própria

conta” [...]. Aqui estamos tra-

tando de expectativas da co-

munidade, que podem ser mal

traduzidas em termos ociden-

tais [...]. O recruta à margem

da estrada está dizendo: “A mi-

nha comunidade me faz certas

exigências, e a força dessas exi-

gências é muito grande. Certa-

mente, o senhor não espera que

eu frustre as expectativas da mi-

nha comunidade, não é?”. Não

obstante, é exatamente isto que

Jesus requer [...].7

Observando essa segunda “face”da interpretação do texto, concluí-mos que o candidato a discípulopedia muito mais tempo do que onecessário para o sepultamento. Naverdade adiava o compromisso portempo indeterminado. No entanto,a resposta de Jesus engloba as duassituações expostas na primeira “fa-ce” e na segunda “face” da interpre-tação. O sentido de prioridade, ur-gência e devotamento exigidos pe-lo chamamento do Cristo perma-nece intacto nas duas abordagens.

Allan Kardec, ao comentar osversículos em estudo (Lucas, 9:59--60), asseverou:

A vida espiritual é, com efeito, a

verdadeira vida, é a vida normal

do Espírito, sendo-lhe transitória

e passageira a existência terrestre,

espécie de morte, se comparada ao

esplendor e à atividade da outra.

O corpo não passa de simples ves-

timenta grosseira que tempora-

riamente cobre o Espírito, verda-

deiro grilhão que o prende à gle-

ba terrena, do qual se sente ele fe-

liz em libertar-se. [...] Era isso o

que aquele homem não podia por

si mesmo compreender. Jesus lho

ensina, dizendo: Não te preocupes

com o corpo, pensa antes no Es-

pírito; vai ensinar o reino de Deus;

vai dizer aos homens que a pátria

deles não é a Terra, mas o céu,

porquanto somente lá transcorre

a verdadeira vida.8 (Grifo nosso.)

No tocante ao ensino “deixa queos mortos enterrem seus mortos”,é valiosa a lição de Emmanuel:

O cadáver é carne sem vida, en-

quanto que um morto é alguém

que se ausenta da vida. Há mui-

ta gente que perambula nas som-

bras da morte sem morrer.

Trânsfugas da evolução, cerram-

-se entre as paredes da própria

mente, cristalizados no egoís-

mo ou na vaidade, negando-se a

partilhar a experiência comum.

Mergulham-se em sepulcros de

ouro, de vício, de amargura e

ilusão. [...].9

Espiritualmente falando, apenas

conhecemos um gênero temível

de morte – a da consciência de-

negrida no mal, torturada de re-

morso ou paralítica nos despe-

nhadeiros que marginam a es-

trada da insensatez e do crime.

É chegada a época de reconhe-

cermos que todos somos vivos

na Criação Eterna.10

Urge atender ao chamado doCristo no tempo intitulado “hoje”.

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7BAILEY, Kenneth E. Through peasant eyes.Combined Edition. Michigan: EerdmansPublishing Company, 1983. Chapter 2, p. 26.

8KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. Cap. XXIII, item 8.

9XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva.Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. 1a reim-pressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 143.

10______. Pão nosso. Pelo Espírito Em-manuel. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.Cap. 42.

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A Federação Espírita Brasileirarealizou na sua sede em Brasília, nosdias 25, 26 e 27 de julho de 2008, oIII Encontro Nacional de Coorde-nadores do ESDE, cujo tema centralfoi: “Como poderei entender se al-guém não me ensinar?”(Atos, 8:31).

Num clima de alegria cristã, 139participantes, entre brasileiros e es-trangeiros, desfrutaram de 3 diasde confraternização, troca de ex-periências e aprendizado.

Todas as regiões do Brasil manda-ram seus representantes, atestando,assim, a importância do evento, queteve como objetivo geral: “Reunir osCoordenadores dos Cursos de Estu-do Sistematizado da Doutrina Espí-rita (ESDE) e do Estudo Aprofunda-

do da Doutrina Espírita (EADE),com vistas à melhoria do trabalho”.

Mesa diretora composta pelaFederação Espírita Brasileira: pre-sidente, Nestor João Masotti, vice--presidentes Cecília Rocha, AltivoFerreira, José Carlos da Silva Sil-veira, e pela confreira Sônia Arru-da Fonseca, do Estado de Pernam-buco; representante da Argentina,Cláudia Marta Maglio; Gloria deAvalos Ynsfrán, do Paraguai; e Ma-ria Isabel Saraiva, de Portugal.

A vice-pesidente Cecília Rochaprocedeu à abertura oficial, passan-do em seguida a palavra para o pre-sidente Nestor Masotti, que teceualguns comentários a respeito doevento, proferiu a prece inicial e re-

tornou a palavra à vice-presidente,que falou sobre a importância, obje-tivos e conseqüências do Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espírita.

Em seguida, foram realizadasduas exposições: a primeira – “Evo-lução da Campanha do ESDE noBrasil”, por Túlia Bertoni; e a se-gunda – “Análise das principais di-ficuldades detectadas para o bomfuncionamento dos cursos”, porFátima Guimarães.

As atividades do sábado pela ma-nhã começaram com trabalhos emgrupo, em que foram estudadas asprincipais dificuldades relatadas pe-las Federativas na execução dos cur-sos, com base nos seguintes temas:a) “Importância do trabalho em

Notícias do

III Encontro Nacionalde Coordenadores do ESDE

Aspecto parcial da Mesa diretora: palavra do presidente Nestor Masotti

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equipe”; b) “Auto-sustentabilida-de do ESDE nas casas espíritas”; c)“Comprometimento com a tarefa”;d) “Curso de Capacitação de Mo-nitores do ESDE”; e) “Resistênciaao aperfeiçoamento do trabalho”.

À tarde, coordenadores e mo-nitores continuaram acompa-nhando atentamente as atividadesestabelecidas na pauta, cujo con-teúdo programático, baseado nosobjetivos específicos, foi o seguin-te: a) Apresentação do atual pro-grama do ESDE – Marta Antunesde Oliveira Moura; b) Semináriocom as expositoras Rute Ribeiro,Inês de Carvalho de Mário e ReginaSeverino, que trataram do tema:

“Como organizar cursos de capaci-tação de coordenador/monitor doESDE”; c) “Apresentação do pro-grama do Estudo Aprofundado daDoutrina Espírita (EADE)” – Hé-lio Blume; d) “A busca da qualida-de no ESDE” – Regina Severino.

No domingo, após uma breveexposição da vice-presidente Cecí-lia Rocha sobre “Definição de me-tas para o IV Encontro em 2013”,os grupos voltaram a se reunir pa-ra tratar desse assunto; logo depois,em Plenário, apresentaram as pro-postas de metas para o qüinqüê-nio (2009-2013).

A realização do III Encontroproporcionou aos participantes

uma grande oportunidade de in-teração e troca de experiênciasentre as diversas regiões do Brasil,além de momentos de reflexão so-bre a grande tarefa de levar o co-nhecimento espírita, de formaconsciente e segura, a todos os re-cantos em que for solicitado.

No encerramento, em todos osrostos transparecia a emoção ver-dadeiramente cristã pela oportu-nidade aproveitada e o desejo sin-cero de seguir, mais do que nunca,apesar das dificuldades inerentesa cada um, a recomendação de Je-sus: “Importa, porém, caminharhoje, amanhã e no dia seguinte”.(Lucas, 13:33.)

Ao iniciarmos o III Encontronacional de dirigentes do ESDE,após 25 anos de sua vigência emÂmbito Nacional, cumpre-nos,em primeiro lugar, reportar-nosao surgimento da idéia e do for-mato que, após, foi impresso àidéia, resultando no que hoje de-nominamos ESDE que, se tor-nando campanha nacional, per-

correu o Brasil e transpôs suasfronteiras.

Essa campanha inspirada porAngel Aguarod a um grupo de es-píritas no Rio Grande do Sul, pelosidos de 1975, percorreu os Estadosdo Sul até chegar à FEB em 1983,tornando-se um acontecimento deampla repercussão no Movimen-to Espírita de modo geral.

Passados 33 anos desde a men-sagem do Espírito Angel Aguarod,em 1975, pensamos em pedir umaavaliação do trabalho a esse deno-dado mentor espiritual.

Como, porém, obter o contatocom o inspirador do ESDE?

Consultamos, para isso, o con-sagrado médium e grande amigoDivaldo Pereira Franco que, a

Importância e objetivo do ESDEPalavras iniciais da vice-presidente Cecília Rocha na abertura do III Encontro

Nacional de Coordenadores do ESDE

Aspecto parcial do público

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nosso pedido, concordou em serintermediário de uma “entrevista”nossa com o nobre companheiroespiritual, que aquiesceu com amelhor boa vontade.1

De início, foi-lhe dirigida a se-guinte pergunta:

“Podemos dizer que o trabalhoque vem sendo desenvolvido naÁrea do Estudo Sistematizado daDoutrina está de acordo com aProgramação do Plano Espiritual?”

Respondendo, entre outras con-siderações, disse o benfeitor: “Ela-borado no Plano Espiritual por no-bres educadores desencarnados,responsáveis pelo progresso mo-ral das criaturas humanas, e trans-ferido para a Terra mediante ins-piração aos lidadores da divulgaçãodo Espiritismo nos seus três as-pectos, constatamos que a aplica-ção dos valores doutrinários vemobedecendo à planificação inicial,sem qualquer retoque”.

Evidentemente, quando AngelAguarod diz – “sem qualquer re-toque” – refere-se aos valoresdoutrinários, pois a organizaçãodo trabalho, a nosso encargo, ain-da enfrenta muitas dificuldades,tais como: falta de monitores, desalas de aula, de preparo doutri-nário e pedagógico, de recursosaudiovisuais, de lideranças, dematerial de referência, entre ou-tras tantas deficiências.

Mas, segundo o preclaro com-panheiro desencarnado, os “valo-res espirituais” foram preserva-dos, o que significa uma conquis-

ta de todos nós que nos empenha-mos, com afinco, no lançamento eacompanhamento da tarefa de di-vulgação doutrinária pelo estudo.

Preservados os valores acima re-ferenciados, que embasam os pro-gramas de estudo utilizados noESDE, cabe-nos, após este Encon-tro de Âmbito Nacional, um es-forço concentrado no sentido dese implantarem, cada vez mais,turmas de estudo e de se realiza-rem cursos de capacitação deorientadores ou monitores paraessas turmas, criando uma cadeiaharmônica de providências neces-sárias para o crescimento da cam-panha no ritmo desejado.

Os assuntos, aqui veiculados, oexame das providências já toma-das e a serem tomadas, a troca deexperiências e a solução das dúvi-das na execução das tarefas, porcerto, favorecerão muito a marchaascensional do trabalho.

Nesse momento, vale lembrarque na programação deste even-to está inserido o que se con-vencionou chamar EstudoAprofundado da DoutrinaEspírita, conhecido pela si-gla EADE, cujo surgimentose deve ao gosto dos espíri-tas em estudar a DoutrinaEspírita de forma sistemati-zada e participativa, tal qualacontece no ESDE, onde o estu-do, em conjunto com várias pes-soas, favorece o aprendizado,estabelecendo, ainda, sólidos la-ços de amizade.

É um prolongamento do ESDEe com este se identifica pela meto-dologia adotada e pela organizaçãodos programas de estudo. Sem dú-vida, sua abrangência é maior emtermos de conteúdo, e seus conteú-dos, por sua vez, são vistos numaprofundidade crescente. Represen-ta, como aprendizado, um passo àfrente nessa cadeia de materiais quefavorece o estudo da Doutrina Es-pírita e sua assimilação por partede todos os seus estudiosos.

Cremos que, em breves e sucin-tas palavras, tenhamos podido co-locar bem a finalidade do EstudoApronfudado da Doutrina Espíri-ta, que faz parte deste Encontro,atendendo à solicitação dos espí-ritas que insistem em continuar,segundo suas reiteradas manifes-tações, a estudar, de forma metó-dica e em grupos, após a conclu-são do ESDE.

1N. da R.: A entrevista foi publicada emReformador de março/2008, p. 8(86)-11(89).

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Seara Espírita

Alagoas: Seminário sobre MediunidadeA Federação Espírita do Estado de Alagoas (FEEAL),promoveu nos dias 6 e 7 de setembro, no Hotel Ma-ceió Atlantic, o 7o Fórum de Debates Espíritas deAlagoas, realizando o seminário “Kardec e a Mediu-nidade. 147 anos de O Livro dos Médiuns”. O eventocontou com a atuação de Ruth Salgado e MartaAntunes de Oliveira Moura, diretora da FEB.

Santa Catarina: Encontro sobre Mediunidade Com o apoio da Federação Espírita Catarinense(FEC), realizou-se, nos dias 6 e 7 de setembro, o 8o

Encontro Estadual na Área da Mediunidade, com aEquipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda,nas dependências do Hotel Cambirela, em Florianó-polis. Informações: www.fec.org.br

Tocantins: Congresso EspíritaA Federação Espírita do Estado do Tocantins(FEETINS) promoveu o I Congresso Espírita do Estadodo Tocantins, nos dias 6, 7 e 8 de setembro, em Palmas.Os expositores José Raul Teixeira e Alberto Almeidase revezaram entre os dois públicos: juventude eadultos. Informações: [email protected]

Rio de Janeiro: Encontro de DivulgaçãoO Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro(CEERJ) promoveu o III Encontro Estadual Espíritade Divulgação, no dia 14 de setembro, com o temacentral “Os Veículos de Comunicação para Divulga-ção do Espiritismo: O que faria Kardec hoje, que nósainda não fazemos?”. A conferência inicial foi profe-rida por Carlos Augusto Abranches. O Encontro ho-menageou o Sesquicentenário da Revista Espírita econtou com a realização de 15 oficinas. Informações:[email protected]

Matão (SP): Homenagem a Cairbar SchutelEm comemoração aos 140 anos de nascimento dopioneiro Cairbar de Souza Schutel, chamado “O Ban-deirante do Espiritismo”, a USE Municipal de Matão

promoveu, nas dependências da Comunidade Espíri-ta Cairbar Schutel, no dia 21 de setembro, o Encontrode Estudos Espíritas Cairbar Schutel.

Chile: Seminário sobre MediunidadeO Centro de Estudios Espiritas Buena Nueva, de San-tiago do Chile, que representa aquele país junto aoConselho Espírita Internacional, promoveu um se-minário sobre Mediunidade nos dias 22, 23 e 24 deagosto, contando com a atuação de Marta Antunesde Oliveira Moura, diretora da FEB, e de Esther Fre-gossi Gonzáles, de Santa Catarina.

Pernambuco: Mostra EspíritaA Federação Espírita Pernambucana (FEP), realizou,no Teatro Guararapes do Centro de Convenções dePernambuco, nos dias 27 e 28 de setembro, a MostraEspírita 2008, com o tema central “A Gênese sob aótica espírita – 140 anos”, desdobrado em váriossubtemas, abordados por Ana Guimarães (RJ), Geral-do Guimarães (RJ), Cosme Massi (PR), Joselma MariaCoelho (MG) e outros expositores de Pernambuco.

Bahia: Semanas Espíritas• Vitória da Conquista: A União Espírita de Vitóriada Conquista promoveu sua 55a Semana Espírita, noperíodo de 7 a 14 de setembro, com o tema central“Reencarnação – Uma questão de justiça”, desenvol-vido através de palestras e seminários, pelos expo-sitores: Divaldo Pereira Franco (BA), José Raul Tei-xeira (RJ), Marcel Mariano (BA), Alkíndar de Olivei-ra (SP), Adenáuer Novaes (BA), Merlânio Maia (PB),André Luiz Peixinho (BA), Wesley Caldeira (MG) eCláudio Amorim.• Feira de Santana: A 30a Semana Espírita de Feira deSantana foi realizada entre os dias 27 de setembro e1o de outubro, com palestras em homenagem aos140 anos de A Gênese. Atuaram como conferencistasDivaldo Pereira Franco, José Raul Teixeira, Ary Qua-dros, Spencer Júnior e Antonio Cesar Perri de Car-valho, diretor da FEB.

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