Reformador 2005_01

44

description

Reformador da FEB

Transcript of Reformador 2005_01

Page 1: Reformador 2005_01
Page 2: Reformador 2005_01
Page 3: Reformador 2005_01

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã o

Ano 123 / Janeiro, 2005 / No 2.110

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749

Propriedade e orientação da

Federação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-

tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso Borges

Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,

Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira São

Thiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;

Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:

Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDP

do Departamento de Polícia Federal do Ministério da

Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e Gráfico

Rua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – Brasil

Tel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298

E-mail: [email protected]

E-mail: [email protected]

Capa: Alessandro Figueredo

Tema da Capa: Comemorando a chegada de umNovo Ano, o tema SOLIDARIEDADE é mensagemde Esperança e Paz aos nossos leitores.

EDITORIAL 4Caridade na Casa Espírita

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 16Oração diante do Tempo – Irmão X

ENTREVISTA: LEO GAUDET 17Como surgiu o Movimento Espírita em Quebec, Canadá

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Inverno – Emmanuel

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 29O Espiritismo no Brasil – Extrato do Diário da Bahia –Allan Kardec

A FEB E O ESPERANTO 30Departamento de Esperanto da FEB – Affonso SoaresHomenagem a um pioneiro 31

FEB – CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL 33CFN realiza a Reunião Ordinária de 2004

SEARA ESPÍRITA 42

Solidariedade – Juvanir Borges de Souza 5

Acidente na estrada – Carlos Abranches 8

Prosseguimento na luta – Bezerra de Menezes 10

O Espírito do Bem – Paulo Nunes Batista 11

Fatos que nos lançam no rumo da tese reencarnacionista – 12

Jorge Hessen

Um ano maravilhoso – Richard Simonetti 15

Spartaco Ghilardi 18

Mensagem – Sylvino Canuto Abreu 19

Quem é Jesus? – Ruy Gibim 20

Compromisso com a Paz Global – Organização das 22

Nações Unidas

Repensando Kardec – Da Lei de Reprodução – 24

Inaldo Lacerda Lima

A chave do reino dos céus – Paulo Roberto Viola 26

FEB/CFN – Comissões Regionais – Calendário 28

das Reuniões Ordinárias de 2005

O livre exercício da mediunidade – Mauro Paiva Fonseca 32

Presença de Raul e Divaldo em Brasília 37

William Crookes – Marco Túlio Laucas 38

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 3

Page 4: Reformador 2005_01

4Reformador/Janeiro 2005

2

Ébem conhecida a orientação que os Espíritos Superiores oferecem, através da Doutrina Espíri-ta, com relação ao que nos cabe fazer diante da permanente necessidade de solucionar nossosproblemas, aprimorando-nos e aprimorando o mundo em que vivemos: “Fora da caridade não

há salvação.” Para não deixar dúvidas quanto ao que nos queriam dizer, explicaram qual o verdadei-ro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus: “Benevolência para com todos, indulgênciapara as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” (Questão 886 de O Livro dos Espíritos.)

A despeito da abrangência com que nos é colocada, a prática da caridade tem sido interpretada,normalmente, como atividade a ser desenvolvida junto a pessoas fora dos nossos círculos de ativida-de, necessitadas de recursos, principalmente materiais.

Nos próprios núcleos espíritas, todavia, à medida que as tarefas aumentam e os desafios se des-dobram, sente-se, cada vez mais, o imperativo da prática da caridade interior, aquela que é exercidaentre os companheiros de trabalho doutrinário.

Com ela, exercitando a benevolência, aumentamos a nossa capacidade de ajudar nosso irmãomais próximo, procurando conhecer e compreender as suas necessidades, atenuando-as e prevenin-do-as tanto quanto possível. Com ela, ainda, exercitando a indulgência, reconhecemos o colabora-dor da seara espírita, com as imperfeições que também nos caracterizam, esperando a nossa com-preensão pacificadora. Com ela, finalmente, exercitando o perdão, aprendemos a importância doaguilhão, sempre presente em nossa vida, a convocar-nos para a prática do amor incondicional, úni-co que nos permite ascender a níveis mais altos de vivência moral.

Será sempre através da prática da caridade no seio das nossas Casas Espíritas que teremos condi-ções de estabelecer e fortalecer a união entre os seus colaboradores, indispensável à execução do tra-balho que nos dignifica.

Se pretendemos, realmente, a realização correta da nobre tarefa que assumimos diante daProvidência Divina, de promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita – visando àconstrução de um mundo novo, com a formação de melhores homens –, cabe-nos vivenciar a cari-dade entre nós, lembrando-nos de que fora da união não há solução.

EditorialCaridade na Casa Espírita

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 4

Page 5: Reformador 2005_01

Pela concepção de Deus, a cau-sa primária de tudo o queexiste, inteligência suprema,

tal como a Doutrina dos Espíritosapresenta o Criador dos Universos,podemos perceber que os EspíritosReveladores procuraram evitar umadefinição limitativa do que é infini-to, em todos os seus atributos.

“A inferioridade das faculdadesdo homem não lhe permite com-preender a natureza íntima deDeus”, observa o Codificador daDoutrina, em nota à questão 11 deO Livro dos Espíritos, mas “pode-mos [os homens] formar idéia dealgumas de suas perfeições” (ques-tão 12).

Esclareceram, ainda, os Instru-tores Espirituais, que há questõesque estão muito acima da capacida-de de entendimento do homem,por mais inteligente que seja.

Na fase evolutiva em que se en-contram os habitantes deste plane-ta, bastante superior às de períodosmilenares anteriores, foi possível àEspiritualidade Superior revelar leisdivinas que regem toda a Criação,embora tenha advertido claramen-te que o Criador, na sua infinita sa-bedoria, não permite que ao ho-mem, por suas naturais limitações,seja tudo revelado neste mundo.

Relembrando essas noções bá-sicas da Doutrina Espírita a respei-to do Deus de nossos corações,

mesmo reconhecendo que aindanão temos condições de conhecê-lOna sua plenitude e na sua naturezaíntima, já podemos sentir a grande-za e a beleza de suas leis, semprejustas, a reger tudo o que Ele crioue cria, em todo o infinito do Uni-verso.

Com essas noções essenciais re-veladas pelos Espíritos a serviço doCristo de Deus, retificam-se muitasidéias geradas por crenças, religiões,filosofias e superstições decorrentesda multiplicidade dos deuses antro-pomorfos de todo o passado daHumanidade.

A idéia correta de Deus, oriun-da dos ensinos de Jesus, o Cristo,ampliada e explicada pelo Consola-dor por Ele prometido e enviado,demonstra que toda a raça humanaé filha do mesmo Pai e que existenaturalmente um laço de solidarie-dade entre todos os seres, oriundosda mesma fonte criadora.

Essa solidariedade decorre dasleis divinas e funciona independen-temente da liberdade individual, doatraso decorrente dos desvios de ca-da um e da incompreensão queatinge grandes contingentes de Es-píritos, movidos por crenças e filo-sofias em desacordo com a realida-de e com a Verdade.

Em outras palavras, a solidarie-dade é uma conseqüência das pró-prias leis divinas, ou naturais, esta-belecidas para todos os Espíritos,em qualquer grau evolutivo em quese encontrem.

Por isso, os mais atrasados namarcha evolutiva são auxiliados pe-los mais adiantados. Qualquer queseja a posição ocupada pelo ser, hásempre um dever de solidariedadede sua parte para com seus seme-lhantes mais necessitados.

Essa regra divina explica o fatode todos os povos, todas as raçashumanas, em todas as épocas, te-rem recebido emissários enviadospelo Governo do Orbe Terrestre,para proporcionar-lhes melhor en-tendimento da Vida, seja no terre-no religioso, no campo científicoou na organização social.

Explica também a vinda doCristo a esta Esfera que habitamos,embora soubesse Ele que não seriaentendido imediatamente pela gran-de maioria daqueles a quem se diri-gia.

Apesar de saber como seria tra-tado, em razão da incompreensão,do atraso e da ignorância dos ho-mens, nem por isso deixou de ofe-recer-lhes novos conhecimentos,exemplos marcantes de amor, nasua expressão mais sublime de per-dão, de sacrifício e de renúncia.

A solidariedade é uma formade expressão do amor, lei universaldo Criador que abrange toda a Cria-ção.

Revelações sucessivas, inspira-ções superiores no campo das ciên-cias e das artes, intuições comunsrecebidas pelas criaturas, sem mes-mo saberem da sua procedência,são formas de auxílio superior em

Reformador/Janeiro 2005 53

SolidariedadeJuvanir Borges de Souza

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 5

Page 6: Reformador 2005_01

favor dos que habitam a Terra. Nãodeixam de ser formas de socorro, deamor, de solidariedade, de frater-nidade.

O Consolador prometido porJesus e por Ele enviado é uma for-ma de Amor de Deus a suas criatu-ras, justamente na época e na horatão difícil atravessada pela Huma-nidade, no “século das luzes” e domaterialismo. Foi e continua a serpelo tempo futuro uma forma desolidariedade do Superior ao infe-rior, num momento de influênciasnegativas, materialistas, niilistas,que precisavam ser contestadas. Co-mo os homens não demonstraramter capacidade para oposição aomaterialismo triunfante, o MundoEspiritual Superior apresentou osesclarecimentos indispensáveis paraa elucidação, tão necessária, sob aforma de uma Nova Revelação.

Cada revelação vinda de Cimaé continuação de outras anteriores.

O Espiritismo, a Doutrina dosEspíritos, é não só a continuação daDoutrina do Cristo, mas também ooutro Consolador prometido porEle, que sabia das necessidades fu-turas de uma Humanidade carentede reajustamentos em seus conheci-mentos e sentimentos.

Grande parte dos Espíritos en-carnados na Terra, esquecidos ouignorantes de seu destino e de suacondição de seres em evolução,deixaram-se influenciar por diver-sas formas de materialismo, profun-damente prejudiciais ao seu pro-gresso.

As religiões tradicionais e asciências influenciadas pelo materia-lismo não tinham condições de seopor aos desvios humanos em suamarcha ascendente.

A Nova Revelação veio, assim,

corrigir os desvios, despertar osadormecidos e enganados em seusobjetivos, relembrando a todos asua natureza espiritual de seresimortais, que precisam continuarsuas jornadas para além da mortedo corpo perecível.

A par desses objetivos, ela cum-pre a promessa do Cristo de deixarcom os homens, para sempre, ooutro Consolador, em complemen-tação ao anterior – o Cristo e suaMensagem.

Esse Consolador estará relem-brando ao homem, em caráter per-manente, o seu destino de criaturaimortal, desenvolvendo-lhe seus re-cursos e aptidões latentes para tor-nar-se melhor, mais feliz e mais so-lidário com seus semelhantes.

A Revelação Espírita é um des-pertamento permanente para asalmas adormecidas iniciarem ou rei-niciarem sua marcha evolutiva, ex-plicando que têm um passado quevai muito além do renascimento navida atual, ligada a um corpo, e queo futuro que as espera não é um céuou um inferno criados pela ignorân-cia dos homens, mas um desdo-bramento, uma conseqüência dospensamentos e dos atos gerados epraticados no presente e no passado.

Mas o Espírito, encarnado oulivre, não pode isolar-se do meioem que vive.

Todos os Espíritos foram cria-dos simples e ignorantes. A evolu-ção de cada um depende dos esfor-ços, da dedicação, do trabalho, daaplicação de seus dons de inteligên-cia e de sentimentos em relação aosoutros seres com os quais conviveou mantém relacionamento.

A Lei de Justiça, Amor e Cari-dade, que sintetiza todas as leis mo-rais, pressupõe um relacionamentopermanente do ser com seu Criadore com as outras criaturas. Ninguémpode viver inteiramente isolado dosoutros seres.

Nessa circunstância da vida derelação, podemos perceber a fatali-dade e a necessidade da solidarieda-de entre os seres.

Na ordem material, intelectuale moral, tudo o que o ser faz, diz oupensa tem repercussão nos outrosseres.

Daí a regra áurea ensinada porJesus e que se encontra como nor-ma moral de diversas filosofias e re-ligiões antigas:

“Fazes ao teu próximo o quequererias que ele te fizesse.”

Não há regra mais justa e demais fácil entendimento, mesmopara criaturas iniciantes no conhe-cimento e na moralidade, já queparte do desejo natural do bem pa-ra si próprio, aplicado aos outros.

...

O sentimento da solidariedadeé sempre mais evidente quantomais evoluído é o ser.

O exemplo maior de solidarie-dade é o Amor de Deus para comtodas as suas criaturas, por meno-res que sejam, ou por estarem noinício da evolução a que são desti-nadas.

6 Reformador/Janeiro 20054

A Revelação Espírita

é um despertamento

permanente para as

almas adormecidas

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 6

Page 7: Reformador 2005_01

Por isso, na Revelação Espírita,torna-se inadmissível, por injusta eincompatível com a Justiça e a Bon-dade de Deus, a idéia de um infer-no eterno de sofrimentos para ascriaturas que infringem as leis di-vinas.

Concepções antiqüíssimas dehomens muito atrasados e interpre-tações equivocadas das escrituras re-ligiosas, mesmo nas denominadasIgrejas cristãs, são responsáveis poresse erro terrível, que a Doutrinados Espíritos procura retificar, den-tro da lógica, da razão e da sabedo-ria dos ensinos da EspiritualidadeSuperior.

Nenhum Espírito se perde emcondenação eterna de seu Criador.A Justiça de Deus tem muitas for-mas de retificar os erros de suascriaturas, por mais rebeldes que se-jam, sem necessidade de recorrer acontradições com seu Amor e Bon-dade.

Quanto mais elevado na escalaevolutiva, mais solidário é o Espíri-to para com aqueles que amou, osque partilharam suas alegrias e tris-tezas e ficaram para trás em reencar-nações terrestres.

A evolução espiritual não apa-ga os laços de amor, amizade e soli-dariedade para com aqueles que seatrasaram na carreira evolutiva.

Sem desobediência aos precei-tos das leis divinas, Espíritos radio-sos, bem mais adiantados que osencarnados na Terra, compadecem--se de seus irmãos retardatários,inspirando-os no bem, sem ferir--lhes a liberdade de decisão.

Há, na literatura espírita, rela-tos do interesse e da solidariedadede seres bem adiantados, em relaçãoaos que ficaram para trás, que sesubmeteram a reencarnações verda-

deiramente sacrificiais, com o obje-tivo de auxílio direto a seus entesamados.

A reencarnação de missionárioscom tarefas definidas, objetivandoo esclarecimento, ou o avanço deum povo, seja no campo dos co-nhecimentos científicos, seja no doaperfeiçoamento dos sentimentos,ou da ordem social, não são magní-ficos exemplos de solidariedade?

Sem dúvida, são vibrações deamor solidário de criaturas que jáalcançaram posições superiores, porseus próprios esforços, que se pro-pagam em mundos materiais comoo nosso, graças à ação sacrificial ca-paz de renovar a fé, a esperança, avontade de melhorar, naqueles queestão na retaguarda.

Na verdade, na vida coletiva,progridem, espiritualmente, aque-les que trabalham e se esforçam pa-ra servir aos outros e não somente asi próprios, egoisticamente.

A solidariedade é o oposto doegoísmo, o grande característico dosseres imperfeitos.

Que seria dos Espíritos retarda-dos, inferiores, das Esferas em que

prevalecem o erro e as paixões, amaldade e a insensibilidade, se nãohouvesse a solidariedade e o amordos que estão à frente, com o dese-jo de auxiliá-los e mostrar-lhes o ca-minho do bem?

Espíritos que já compreende-ram o alto sentido da solidariedade,que já sentem a importância doamor e a prática da caridade, envol-vem em seus sentimentos seus com-panheiros mais atrasados na jorna-da evolutiva.

Mesmo em nossa Esfera carnal,mundo de expiações e provas, asensibilidade, por eles desenvolvida,estende-se à Natureza que os envol-ve e por isso passam a admirar o fir-mamento, com os astros visíveis ànoite, a beleza plácida dos mares,dos rios e lagos, o reino vegetal navariedade das espécies e das floresmulticoloridas, os animais com seusinstintos.

Descobrem, então, que a soli-dariedade é, na Criação Divina,muito mais vasta do que parece,não se limitando aos seres racionais,mas está presente em todos os rei-nos da Natureza.

Dentro dessa comunhão soli-dária, compreendendo os seres ra-cionais e os outros reinos da Natu-reza, o Espírito liberto das inferio-ridades já ultrapassadas, e movidopela compreensão da grandeza e dopoder do Criador de todas as coisas,impele naturalmente seu pensa-mento, impregnado de sentimentosde gratidão e de reconhecimento,ao Deus de nossos corações.

É o sentido da prece em louvorao Deus de Amor e Justiça, todasentimento, que independe de pa-lavras, de fórmulas decoradas e derecitativos, usuais nas religiões for-malistas. >

Reformador/Janeiro 2005 75

A solidariedade

é o oposto do

egoísmo,

o grande

característico

dos seres

imperfeitos

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 7

Page 8: Reformador 2005_01

Pedido, louvor ou agradeci-mento, a prece verdadeira resultado convencimento sincero do ser deque é um elo da corrente de dimen-sões infinitas da Criação. Não im-porta que esse elo seja pequenino.Ligado à grande corrente, sente osefeitos da solidariedade dos seresoriundos da mesma Causa.

Esse pensamento, impregna-do de sentimentos elevados de res-peito e de admiração à Inteligên-cia e ao Poder Supremo, é a maisalta expressão da fé e da esperan-ça já encontradas pelo ser no ca-minho ascensional para a felici-dade.

Alcançado esse estado de soli-dariedade e de compreensão, oegoísmo e o orgulho, as grandeschagas que prevalecem nas Esfe-ras inferiores, estarão dominados eultrapassados pelos seres que jádescobriram um novo sentido daVida.

Todos os Espíritos imperfeitosque habitamos este mundo áspe-ro e que, às vezes, nos chocamoscom acontecimentos profundamen-te tristes – guerras, conflitos, se-qüestros, crimes, miséria, decadên-cia moral e corrupção – precisamosmeditar profundamente na necessi-dade de reverter esses quadros ter-ríveis.

A orientação para tanto já seencontra no mundo, há muito, e seexpressa na Mensagem do Cristo,resumida na necessidade de amar aDeus e aos nossos semelhantes, ereafirmada pelo Consolador por Eleenviado.

A solidariedade, na Terra, re-sulta da compreensão dessa Mensa-gem e da sua prática, pela sua vi-vência pela maioria dos habitantesdeste planeta.

8 Reformador/Janeiro 20056

Apesar de o Ministério da Saú-de divulgar 32 mil mortes porano decorrentes de acidentes

de trânsito no Brasil, o SOS Estra-das, programa de redução de aci-dentes, estima que pelo menos 42mil pessoas morrem no trânsitobrasileiro todos os anos.

O SOS é um programa elabo-rado pelo site www.estradas.com.br,maior portal de rodovias do Brasil.De acordo com a pesquisa “Morteno Trânsito – Tragédia Rodoviária”,divulgada em maio de 2004, o nú-mero de vítimas é equivalente ao demortos em acidentes de trânsitonos Estados Unidos, país com 293milhões de habitantes e frota de au-tomóveis dez vezes maior que abrasileira.

Dos acidentes com morte nolocal ou durante o transporte parao hospital, 69% dos óbitos ocorremdecorrentes de acidentes nas estra-das. Pelo menos 11 mil feridos deacidentes rodoviários morrem noshospitais.

Segundo projeções feitas peloSOS Estradas, 24 mil pessoas mor-rem em decorrência de acidentesnas estradas, o que representa 57%do total de 42 mil vítimas fa-tais em acidentes de trânsito emáreas urbana e rodoviária em todoo País.

Pela estimativa do órgão, ocor-rem por dia 723 acidentes nas ro-dovias pavimentadas, morrendo nolocal 36 pessoas; 418 pessoas ficamferidas, sendo que destas 30 irão fa-lecer nos hospitais.

...

A abordagem do assunto nestapágina espírita pretende levar aquestão para um ângulo diferencia-do do problema. Como fica o ladoespiritual das vítimas de um aciden-te de trânsito? Qual é o peso deuma desencarnação nessas condi-ções para o quadro cármico das ví-timas? Em que tipo de processo ocausador do acidente se enquadra,perante a lei natural?

Refiro-me a esse fato depois deacompanhar de perto um brutalacidente próximo de São José dosCampos (SP), ocorrido no dia 13de julho de 2004. Ele aconteceu narodovia dos Tamoios, que dá aces-so ao litoral norte do Estado de SãoPaulo, envolvendo dois carros: umacaminhonete com 4 pessoas – o paie três filhos –, e um Monza com 6viajantes dentro.

Os seis ocupantes do Monzamorreram e os quatro da picape fi-caram gravemente feridos.

Segundo a Polícia RodoviáriaEstadual, o motorista da D-20 te-ria perdido o controle do veículo ecolidido frontalmente com o Mon-za.

...

Acidente na estradaCarlos Abranches

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 8

Page 9: Reformador 2005_01

Fechando os olhos objetivos dofato em si, para abrir a percepçãoda realidade espiritual que envolveocorrências como essa, é possívelvislumbrar o cenário da tragédia,tomando como que de surpresa to-dos os envolvidos.

Ali estão os viajantes, que nemde longe se permitem ao menosimaginar a possibilidade de umacidente no percurso. Na pistacontrária, igualmente vem um mo-torista, ou uma família, concentra-da apenas em completar bem aviagem.

De repente, sob circunstânciasinesperadas, a derrapagem, o estou-ro de um pneu, a quebra de umapeça do veículo. O barulho da pan-cada e a dor dos gemidos...

Enquanto pessoas que passamajudam nos primeiros socorros àsvítimas, o lado espiritual tambématua imediatamente, acionandoequipes de plantão responsáveis pe-lo trecho da pista em que o aciden-te ocorreu.

O atendimento começa de ime-diato, no acompanhamento médi-co-espiritual das vítimas mergulha-das no tenso ambiente da desencar-nação dramática.

Segundo as referências biblio-gráficas confiáveis em que nos fir-mamos para escrever esta página*,a condução dos acidentados é feitadentro de parâmetros semelhantesaos da Terra. Ambulâncias, macas,equipamentos de alta sofisticação,

tudo é mobilizado para garantir aoacidentado as melhores condiçõesde recuperação imediata, em buscada preservação do equilíbrio emo-cional.

O que fica para analisar-se de-pois são as causas cármicas de todoo processo. O que via de regra levaum grupo de pessoas a morrer emum mesmo acidente são compro-missos semelhantes em atos pregres-sos, que desencadearam nos envol-vidos os mesmos processos deresgate para o futuro.

Naquele momento, na mesmasituação, eis que a cena da dívida serevela, facultando o pagamento co-mum do débito espiritual.

Quando se quita a conta nega-tiva, ganha-se crédito de alívio dian-te da Lei. É de supor-se que, apesarda brutalidade do acidente e doestado lastimável em que ficam oscorpos dos acidentados, o Espíritopode, dependendo de suas condi-ções ético-morais, em breve temporecuperar o equilíbrio e adequar-seàs novas condições de vida após amorte.

O que dói nas reflexões dequem fica são as causas do acidenteque levou tantos amores para a vi-da do mais além. A possível impru-dência do causador da batida, o ex-

cesso de velocidade, a irresponsa-bilidade na condução de um carroprovocam revolta, sobretudo se ocausador da tragédia sobrevive aoimpacto.

O que se depreende disso tu-do, considerando-se a excelênciados fundamentos evangélicos da vi-são espírita do fato, é que se o “es-cândalo” for necessário, ele será oelemento aferidor do resgate. Alíviopara quem sofre o processo, desafiopara quem o desencadeia. O desa-tento, o invigilante, aquele que pro-vocou o acidente acaba assumindoresponsabilidades perante a mesmaLei que legitimou o retorno dos ou-tros a padrões de maior equilíbriointerior.

...

Resta ao espírita conscienteagir de forma serena e amorosanesse momento. Ao presenciar dra-mas como o de um acidente, nãoapenas propiciar apoio ao que seexigir de imediato, mas tambémmanter a atenção ao que se passana realidade espiritual, colaboran-do em prece para que o ambientena cena da tragédia permaneça omais ameno possível, a fim de queos que desencarnam voltem à vidaplena com uma carga mais leve dedores.

Sabemos da importância cru-cial do pensamento reto e elevado,focado na oração. É em vivênciascomo essa que ela se faz suave brisaem torno do sofredor, dando a eleo amparo necessário, vindo dequem sabe o que significa voltar aomundo espiritual, sobretudo emcircunstância tão dolorosa.

Façamos a nossa parte, e cola-boremos com o mundo melhor quetanto queremos...

Reformador/Janeiro 2005 97

*Manoel Philomeno de Miranda narra uma si-tuação parecida no livro Painéis da obsessão.Divaldo Franco e Chico Xavier receberam me-diunicamente diversas mensagens de pessoasmortas em acidentes. Essas mensagens, de altaconsolação para os parentes, estão em diversoslivros da produção mediúnica dos dois traba-lhadores espíritas.

Quando se quita

a conta negativa,

ganha-se crédito

de alívio diante

da Lei

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 9

Page 10: Reformador 2005_01

10Reformador/Janeiro 2005

Filhos da alma:Que o Senhor nos abençoe!

Acriatura terrestre destes dias,guindada pela ciência e pelatecnologia a patamares eleva-

dos do conhecimento, ainda estor-cega nas aflições do seu processoevolutivo.

As conquistas relevantes logra-das até este momento não conse-guiram equacionar o problema dacriatura em si mesma.

Avolumam-se os conflitos en-tre as nações apesar do esforço deabnegados missionários na área dapolítica e da diplomacia interna-cionais. Cresce o conflito entre osgrupos sociais, nada obstante o em-penho de dedicados seareiros doBem, tornando-se pontes para o en-tendimento entre os grupos liti-gantes.

O espectro da fome vigia as na-ções tecnológica e economicamen-te menos aquinhoadas, ameaçandode extermínio larga fatia da popu-lação terrestre, não se considerandoos milhões de indivíduos que, so-brevivendo à calamidade, permane-cerão com seqüelas inamovíveis.

A violência urbana, por todosconhecida, atinge níveis quase in-suportáveis. E apesar do sacrifíciode legisladores abençoados peloMundo Espiritual Superior, cadadia faz-se mais agressiva e hedion-da, sem arrolarmos os prejuízos dosfatores pretéritos que a desencadea-

ram através dos impositivos restri-tivos à liberdade individual e dasmassas.

Não podemos negar que este éo grande momento de transição doMundo de Provas e de Expiaçõespara o Mundo de Regeneração.

Trava-se em todos os segmen-tos da sociedade, nos mais diferen-ciados níveis do comportamento fí-sico, mental e emocional, a grandebatalha.

O Espiritismo veio para estesmomentos, oferecendo os nobresinstrumentos do amor, da concór-dia, do perdão, da compaixão.

Iluminou o conhecimento ter-restre com as diretrizes próprias pa-ra o encaminhamento seguro na di-reção da verdade.

Ensejou à filosofia uma visãomais equânime e otimista a respei-to da vida na Terra.

Facultou à religião o desalge-mar das criaturas humanas, arre-bentando os elos rigorosos dos seusdogmas e da sua intolerância, a fimde que viceje a fraternidade que de-ve viger entre todas criaturas.

Cabe a todos nós, aos espíritasencarnados e aos Espíritos-espíritas,a tarefa de ampliar as balizas doReino de Deus entre as criaturas daTerra.

Divulgar o Espiritismo por to-dos os meios e modos dignos ao al-cance, é tarefa prioritária.

A dor é colossal neste momen-to no mundo terrestre... E o Con-solador distende-lhe as mãos gene-

rosas para enxugar as lágrimas e ossuores de todos aqueles que sofrem,mas sobretudo, para eliminar ascausas do sofrimento, erradicando--as por definitivo... E essa tarefa ca-be à educação. Criando nas mentesnovas o pensamento perfeitamenteconsentâneo com o Evangelho deNosso Senhor Jesus-Cristo, retiran-do as anfractuosidades teológicas edogmáticas com que o revestiram,produzindo arestas lamentáveis ge-radoras de atritos e de perturbações.

Não é possível mais postergaro momento da iluminação de cons-ciência. E o sofrimento que decor-re da abnegação e do sacrifício quenos deve constituir estímulos sãoos meios únicos e eficazes para queseja demonstrada a excelência dosparadigmas e dos postulados daCodificação Espírita.

As criaturas humanas estão de-cepcionadas com as propostas feitaspelo utopismo que governa algu-mas mentes desavisadas. Mulherese homens honestos encontram-sesem rumo, cansados de palavras ar-dentes e de propostas entusiastas,mas vazias de conteúdo e de sig-nificação.

O Espiritismo, meus filhos, é aresposta do Céu aos apelos mudosou não formulados mentalmentesequer, de todas as criaturas ter-restres.

Estais honrados com a bênçãodo conhecimento libertador. Estaisinvestidos da tarefa de ressuscitar apalavra da Boa Nova, amortalhada

8

Prosseguimento na lutaMensagem do Dr. Bezerra de Menezes na Reunião do CFN de 2004

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 10

Page 11: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 11

pela indiferença ou sob o utilitaris-mo apressado dos que exploramas massas inconscientes, conduzin-do-as para o seu sítio de exploraçãoe de ignorância.

Vós recebestes o chamado doSenhor para preparar a terra, a fimde que a ensementação da verdadefaça-se de imediato.

Unidos, amando-vos uns aosoutros, mesmo quando discrepan-do em determinadas colocações decomo fazer ou quando realizar, le-vai adiante o propósito de servir aoMestre antes que o interesse de ca-da qual servir-se a si mesmo

Já não há tempo para adiarmosa proposta de renovação do planeta.

Conhecemos as vossas dificulda-des pessoais, sabemos das vossas lutasíntimas e identificamos os desafiosque se vos apresentam amiúde, tes-tando-vos as resistências morais.

Não desfaleçais! Os homens eas mulheres, a serviço do bem comJesus, são as suas cartas vivas à Hu-manidade, a fim de que todas ascriaturas leiam nas suas condutas oconteúdo restaurado do Evangelho,as colocações seguras dos Imortais ecatalogadas pelo insigne mensagei-ro Allan Kardec.

Uma nova mentalidade, umamentalidade nova vem surgindonos arraiais do Movimento Espíri-ta. Cada lutador compreende a ne-cessidade de mais integrar-se na ati-vidade doutrinária, a fim de que,com mais rapidez se processe a Erade Renovação Social e Moral pre-conizada pelo preclaro mestre deLyon.

Não vos faltam os instrumen-tos próprios para o êxito, a fim deque areis as terras do coração hu-mano, para que desbraveis as pro-víncias das almas terrestres, por-

fiando nessa ação, sem temerdes,sem deterdes o passo e sem retro-cederdes.

Estais acompanhando Jesusque, à frente, continua dizendo:“Vinde pois a mim, vós todos queestais cansados e aflitos, conduzin-do o vosso fardo e sob as vossas afli-ções, comigo esse fardo é leve e es-sas aflições são consoladas, porqueeu vos ofereço a vida plena de paz ede felicidade.”

Avancemos pois, filhos da al-ma!

Corações em festa, embora aslágrimas nos olhos; passo firme,inobstante os joelhos desconjunta-dos, Espírito erecto, não obstante opeso das necessidades.

O Senhor, que nos ama, é nos-sa força e garantia de êxito.

Nunca vos faltarão os recursospróprios, que vindes recebendo eque recebereis até o momento final

e depois da jornada cumprida, paraque desempenheis a missão que vosdiz respeito hoje e quando a tives-tes em épocas transatas e falhastes...

Já não há tempo para enganos.A decisão tomada precede a ação davitória, e com o amor no sentimen-to, o conhecimento na mente, tereisa sabedoria de permanecer fiéis ateo fim

Que o Senhor de Bênçãos vosabençoe, amados filhos da alma.

São os votos dos vossos amigosespirituais que aqui estão convoscoe do servidor humílimo e paternalde sempre,

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo mé-dium Divaldo Pereira Franco, no encerra-mento da Reunião do Conselho Federati-vo Nacional, em 21 de novembro de2004, na Federação Espírita Brasileira, emBrasília, DF.)

Nota: Texto revisado pelo Autor espiritual.

9

O Espírito do BemPaulo Nunes Batista

O Espírito que é bom, por onde passaespalha o Bem, perfuma, dulcificae deita no ar um jeito assim da Graçade Deus, que a alma que é boa faz mais rica.

O Espírito do Bem seu rumo traçae a toda alma que é boa santifica,porque é o Bem a pérola sem jaçaque ao ser humano em luzes plenifica.

O Espírito do Amor ama e perdoae ao próprio Mal, benigno, abençoa,e o transforma nas pétalas do Bem.

O Espírito da Paz a paz semeiae – como é Luz – as dúvidas clareiaaqui e noutros mundos que há no além...

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 11

Page 12: Reformador 2005_01

12Reformador/Janeiro 2005

10

Ele poderia ser um pré-adoles-cente comum se já não estives-se prestes a cursar um douto-

rado em Matemática em Oxford. Éum norte-americano de 13 anos deidade e sua precocidade surpreen-de. Aos 14 meses Gregory RobertSmith resolvia problemas simplesda sua matéria preferida, aos 10anos começava a graduação pelaRandolph-Macon College, em Wa-shington. É presidente de uma fun-dação, a Youth Advocates, dedicada àdefesa de jovens carentes; já estevecom Bill Clinton, Michail Gorba-chev e a Rainha Noor, da Jordânia,discutindo o futuro da Humanida-de; e foi indicado para o Nobel daPaz de 2002.1

Gregory tem Q.I. muito acimade 200 e pertence a uma classe desuperdotados que representam ape-nas 0,1% da população mundial.Da estirpe dele, lembramos Ama-deus Mozart, que tocava piano aos2 anos, falava três idiomas (alemão,francês e latim) aos 3 anos, tocavaviolino aos 4, compunha minuetosaos 5 anos e escreveu sua primeiraópera aos 14. John Stuart Millaprendeu o alfabeto grego aos 3anos de idade. Dante Alighieri de-dicou aos 9 anos um soneto a

Beatriz. Goethe sabia escrever emdiversas línguas antes da idade de10 anos. Victor Hugo, o gêniomaior da França, escreveu Irtamen-te com 15 anos de idade. Pascal, aos2 anos, sem livros e sem mestres,demonstrou em Geometria até a32a proposição de Euclides; aos 16anos, escreveu um tratado de “se-ções cônicas” e logo adiante escre-veu obras de Física e de Matemáti-ca. Miguel Ângelo, com a idade de8 anos, foi dispensado pelo seu pro-fessor de escultura porque este jánada mais tinha a ensinar-lhe. Al-lan Kardec, examinando a questão,perguntou aos Benfeitores comoentender este fenômeno e estes res-ponderam: “Lembrança do passado;progresso anterior da alma (...).” 2

Gregory começou a falar comapenas 2 meses de idade. Quandocompletou 1 ano, já resolvia proble-mas de álgebra e memorizava oconteúdo de livros volumosos – ti-nha na cabeça a coleção inteira deJúlio Verne. Aos 5, terminou o co-legial e era capaz de dissecar tudosobre a Terra, de sua pré-históriaaos dias atuais. Virou estrela: capado The Times Magazine, manchetedo New York Times e do WashingtonPost. Foi sabatinado por David Let-terman e Oprah Winfrey, anfitriões

de dois dos programas de maior au-diência nos Estados Unidos.“Nun-ca vi um caso como esse em 40 anosde profissão”, disse, recentemente àABC News, Linda Silverman, dire-tora do Centro de Desenvolvimen-to de Superdotados, de Denver, noColorado.3 O próximo alvo acadê-mico de Greg é o doutorado emMatemática, Biomedicina, Enge-nharia Espacial e Ciência Política.Para o futuro, duas pretensões: pri-meiro, fazer carreira na diplomaciainternacional e, depois, sentar nacadeira que hoje é de George W.Bush. “Na presidência, poderei tra-balhar muito pelo meu país e pelospobres de todo o mundo”, ele ante-cipa.4

“Nos testes de inteligência, osgênios precoces costumam estar anosà frente dos colegas de classe”, dizZélia Ramozzi Chiarottino, 46anos, do Instituto de Psicologia daUniversidade de São Paulo. Elaaponta o adolescente Fábio DiasMoreira como exemplo. Aos 14anos, ele conquistou 11 medalhasde ouro em olimpíadas de Matemá-tica, quatro delas em disputas in-ternacionais. Aluno da segunda sé-

Fatos que nos lançam no rumoda tese reencarnacionista

Jorge Hessen

1Revista Veja, edição 1800, de 30 de abril de2003, p. 63.

2KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos,questão 219, Ed. FEB, RJ, 1987.

3Entrevista à Revista Magazine. Por João Ma-galhães. Disponível em< http://www.vegeta-rianismo.com.br/artigos-revistas/genio.htmlAcesso em 10/6/2004. 4Idem.

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 12

Page 13: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 1311

rie do curso médio do Colégio PH,da Tijuca, Zona Norte do Rio, o fi-lho temporão prefere estudar a ir afestas com colegas e não gosta deesportes. Sob nenhuma hipótesetroca os livros de Matemática poruma pelada com os colegas, mas ga-nhou a simpatia da turma, de quemtira todas as dúvidas de matemáti-ca.5

A revista ISTOÉ registra aindaque o excepcional desempenho es-colar, o vocabulário rico e as con-versas de “adulto” levaram outrosuperdotado, Pedro Henrique deSouza Rendt, 8 anos, a uma classereservada para gênios-mirins. Na se-gunda série, ele quer ser veterinárioquando crescer e adora música clás-sica. “Prefiro as sinfonias de Bee-thoven a jogar com os amigos” 6,confessa o garoto.

Casos de crianças precocessempre despertam a atenção. A Aca-demia de Ciência não possui umaexplicação consistente sobre o tema,atribui a uma “miraculosa” predis-posição biogenética potencializadapor estímulos de ordem externa.Outra enorme dificuldade encon-trada na Academia é a não concor-dância na definição do termo “su-perdotação”. Alguns pesquisadoresdistinguem superdotado de talento-so, sendo o primeiro consideradocomo aquele indivíduo de alta ca-pacidade intelectual, ou acadêmica,e o segundo como possuindo habi-lidades superiores nas áreas das ar-tes, música, teatro. O debate sobreo que é realmente a inteligêncianunca foi tão promissor como

atualmente. Muitas teorias têm am-pliado o conceito de inteligência,fugindo ao esquema ultrapassadode medição dela pelo Quociente In-telectual, o Q.I., mediante aplicaçãodo Teste de Binet.

Gênios como Gregory teriamQ.I. acima de 200, mas o que essenúmero responderia sobre a origemdesta “anormalidade”? Se há con-senso entre especialistas sobre a ma-neira de tratar os superdotados, hádivergências em relação aos testesde inteligência. Um polêmico estu-do publicado no final da década de80 pelo cientista político JamesFlynn, da Nova Zelândia, revelouque o Quociente de Inteligência(Q.I.) medido nos testes de avalia-ção aumentou 25 pontos em umageração. A dúvida é se os jovens dehoje seriam mais inteligentes queseus pais ou se os métodos de ava-liação da inteligência precisam serrepensados.

Segundo a Dra. Barbara Clark,da Universidade da Califórnia,EUA, dois indivíduos com aproxi-madamente a mesma capacidadegenética para desenvolver inteligên-cia podem ser considerados poten-cialmente superdotados ou retar-dados educáveis, dependendo doambiente em que interagem; paracompreender como alguns indiví-duos se tornam superdotados e ou-tros não, precisamos familiarizar--nos com a estrutura básica e a fun-ção do cérebro humano. Ao nascer,declara Clark, o cérebro humanotem cerca de 100 a 200 bilhões decélulas. Cada célula tem seu lugar eestá pronta para ser desenvolvida epara ser usada e realizar os mais al-tos níveis do potencial humano.“Apesar de não desenvolvermos maisas células neurais, isso não se faz

necessário porque as temos; se usa-das, permitiriam que processásse-mos vários trilhões de informaçõesdurante nossas vidas. Usamos esti-madamente menos de 5% dessa ca-pacidade. A maneira como usamosesse sistema complexo é crucial pa-ra o desenvolvimento da inteligên-cia e personalidade, e da própriaqualidade de vida que experimen-tamos enquanto crescemos.” 7

Para alguns pesquisadores, osgenes são os agentes fisiológicos e daconduta; o fenótipo é o resultado dainteração do meio com o genótipo.Destarte, os genes determinam os li-mites das capacidades ou potenciaisdo organismo, de qualquer aprendi-zagem, e deve ocorrer, necessaria-mente, dentro dos limites dados pe-los genótipos, que sofrerão influên-cia do meio, o qual dará a expressãofinal das características.

Howard Gardner, professor daUniversidade de Harvard, nos Esta-dos Unidos, afiança que não existeinteligência absoluta. Gardner ma-peou várias formas de inteligência epara demonstrar a multivariedadede expressão intelectual desenvol-veu a Teoria das Inteligências Múl-tiplas, que permite compreendera manifestação da inteligência hu-mana pelas capacidades verbal-lin-güística, lógico-matemática, visualespacial, rítmica musical, corporalsinestésica, interpessoal, intrapessoale naturalista dos indivíduos. Outroprofessor da Universidade de Har-vard, Robert Coles, defende a teo-ria da existência do que chamou deInteligência Moral, isto é, a capaci-dade de refletir sobre o certo e o er-rado. 5Revista ISTOÉ in: “Cérebro Mentes geniais”,

seção: CIÊNCIA E TECNOLOGIA, publica-da em 28/3/2002. 6Idem.

7B. Clark. (1997), Growing Up Gilted. Colum-bus, OH Merrill/Prentice Hall.

>

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 13

Page 14: Reformador 2005_01

14 Reformador/Janeiro 200512

O grande embaraço dessas te-ses é desconsiderar o fato de a inte-ligência ser atributo ou conquistado próprio indivíduo, resultante dasoma de conhecimentos e vivênciasde existências anteriores. Nesse sen-tido, admitindo-se a reencarnação,as idéias inatas são apenas lembran-ças espontâneas do patrimônio cul-tural do ser, em diferentes esferas deexpressão, alguns em estado maislatente como nas crianças-prodígio.Desse modo, ficaria bem mais fácilcompreender toda essa complexida-de da mente humana.

Só a pluralidade das existênciaspode explicar a diversidade dos ca-racteres, a variedade das aptidões, adesproporção das qualidades mo-rais, enfim, todas as desigualdadesque alcançam a nossa vista. Foradessa lei, indagar-se-ia inutilmentepor que certos homens possuem ta-lento, sentimentos nobres, aspira-ções elevadas, enquanto muitos ou-tros só tiveram em partilha tolices,paixões e instintos grosseiros.

A influência do meio, a heredi-tariedade, as diferenças de educaçãonão bastam, obviamente, para ex-plicar esses fenômenos. Vemos osmembros de uma mesma família,semelhantes pela carne e pelo san-gue, pelo histórico genético e edu-cados nos mesmos princípios, dife-rençarem-se em muitos pontos.

Mais recentemente, o DoutorRichard Wolman, também de Har-vard, incorporou às demais teoriasem voga o conceito de InteligênciaEspiritual, que seria a capacidadehumana de fazer perguntas funda-mentais sobre o significado da vidae de experimentar simultaneamen-te a conexão perfeita entre cada umde nós e o mundo em que vivemos.Não é exatamente o que define a

Doutrina Espírita, mas já é umavanço no entendimento integraldo indivíduo.

Os fatos nos lançam, inevi-tavelmente, no rumo da tese reen-carnacionista.

Nos últimos anos, com o de-senvolvimento e o reconhecimentocrítico do papel da Ciência comoexpressão cultural de uma época,particularmente como conjunto deteorias e sistemas conceituais coe-rentes com uma determinada visãode mundo8, o homem tem-se lança-do ao estudo de si mesmo commaior maturidade e maior equilí-brio quanto ao papel dos modelose mapas teóricos e científicos sobrea realidade, sempre relativos. Emespecial, a partir do movimento dacontra-cultura dos anos sessenta, avisão de mundo acadêmica e tradi-cional, moldada nos rígidos parâ-metros do Positivismo, teve de tor-nar-se mais flexível ante novos ques-tionamentos e abrir-se, pelo menosem parte, a idéias e pesquisas que, arigor, não são, ou melhor, não erambem aceitas pelo paradigma cartesia-no de nossa ciência tecnicista, apoia-da e financiada por uma sociedadeindustrialista e mecanicista e, por-tanto, ligada a uma visão de mundoigualmente mecanicista.

Se nascem gênios, por quetambém nascem crianças com sé-

rios distúrbios congênitos como hi-drocefalia, síndrome de Down, es-quizofrenia, cardiopatias graves, au-tismos? Na reencarnação vemos aJustiça Divina corrigindo os tiranos,os suicidas, os homicidas, os viciadose libertinos de vidas passadas.

No século XIX, numerosos pen-sadores reuniram-se à reencarnação:Dupont de Nemours, Charles Bon-net, Lessing, Constant Savy, PierreLeroux, Fourier, Jean Reynaud. Adoutrina das vidas sucessivas foi vul-garizada para o grande público porautores como Balzac, ThéophileGautier, George Sand e Victor Hu-go. Pesquisadores como Ian Steven-son9, Brian L. Weiss, H. N. Baner-jee, Raymond A. Moody Jr., EditeFiore e outros trouxeram resultadosnotáveis sobre a tese reencarna-cionista. É possível que num futuronão muito longínquo os estudosnesta direção chegarão aos mesmosresultados já afirmados pelo Espiri-tismo, porém, de todo o vasto lequede tentativas de se estudar superdo-tados sem considerar a existência doEspírito, a maior parte tem esbarra-do em resultados ou em dificulda-des em que se faz necessário consi-derar esta hipótese, sem a qual seentra num beco sem saída...

8Kuhn, 1962; Prigogine & Stangers, 1993.

9Stevenson, Ian. Vinte casos sugestivos de reen-carnação. Difusora Cultural, São Paulo, 1978e Vida antes da vida, Livraria Freitas Bastos,Rio de Janeiro, 1988.

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 14

Page 15: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 1513

Diz Jesus (Lucas 4:18-19):.....O Espírito do Senhor está so-bre mim, pelo que me ungiu

para evangelizar aos pobres. En-viou-me para apregoar liberdadeaos cativos, dar vista aos cegos, pôrem liberdade os oprimidos e anun-ciar o ano aceitável do Senhor.

Coletivamente, envolvendo aHumanidade, podemos dizer que oano aceitável do Senhor foi aqueleem que a mensagem de Jesus co-meçou a ser transmitida, no anotrinta da Era Cristã, segundo a cro-nologia estabelecida.

Individualmente, será aqueleem que estivermos dispostos a acei-tar Jesus em plenitude, buscandocolocar em prática seus ensinamen-tos.

...

A orientação para essa vivênciaestá contida nas excelências doEvangelho, que tem a sua síntese noSermão da Montanha, o mais belopoema da Humanidade.

Nele temos o roteiro perfeitopara cumprir a vontade de Deuse edificar o Reino Divino na Terra.

E o próprio Sermão da Mon-tanha pode ser sintetizado, con-forme a expressão de Jesus (Mateus,7:12):

Tudo o que quiserdes que oshomens vos façam, fazei-o assimtambém a eles.

Em favor dos homens, repre-sentados por familiares, amigos, vi-zinhos, colegas de trabalho, tran-seuntes, e todos aqueles que cruzamnosso caminho, somos convocadosa fazer o melhor, tanto quantogostaríamos que eles o fizessem pornós.

Isso nos remete aos valores doperdão, da caridade, da solidarie-dade, da tolerância, da paciência edas demais virtudes evangélicas, queo Mestre não se cansou de ensinare exemplificar ao longo de seu apos-tolado.

...

No empenho de servir os ca-rentes de todos os matizes, há queconsiderar nossa integração em gru-pos de trabalho.

Aqueles que servem com efi-ciência, que produzem em benefí-cio da coletividade, invariavelmenteestão associados a outras pessoas,unidos por ideais comuns.

Há estímulos recíprocos emque nos beneficiamos e somos be-neficiados, em relação ao serviço.

Se nos propomos, por exem-plo, a visitar doentes num hospital,cumprindo solitariamente a tarefa,sempre haverá certo constrangi-mento na abordagem dos pacientes.Por outro lado, dificilmente sus-tentaremos a assiduidade.

Se integrados num movimentode solidariedade, haverá sempre asegurança do grupo e o estímulo

dos companheiros a nos cobrarema presença.

Podemos estar dispostos a aten-der eventualmente o pobre que bateà nossa porta, ajudar um colega deserviço, atender à necessidade deum vizinho, visitar um doente…

Mas será sempre algo por de-mais elementar para nos situar co-mo legítimos servidores.

É preciso dar regularidade econstância a esse empenho.

Para tanto, a melhor alternativaé o Centro Espírita, a escola abençoa-da das Almas, onde, num primeiromomento, aprendemos a raciocinarcomo Espíritos imortais em jornadade aprendizado pela Terra.

E se houver empenho de nossaparte nesse mister, logo percebere-mos que ali está também a nossaabençoada oficina de trabalho,onde, unidos em torno do ideal co-mum de servir, integramo-nos nosabençoados serviços da solidarie-dade, que emprestam significado eobjetivo à existência.

Uma boa proposta para o AnoNovo.

Integrando-nos nas atividadesda Casa Espírita, participando desuas campanhas, contribuindo paraseus serviços, estaremos fazendo de2005 um ano aceitável do Senhor,aquele ano maravilhoso em que,despertando para as realidades re-veladas pela Doutrina Espírita, es-tejamos dispostos a arregaçar asmangas, buscando a glória deservir.

Um ano maravilhosoRichard Simonetti

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 15

Page 16: Reformador 2005_01

16 Reformador/Janeiro 200514

Senhor Jesus!.............................Diante do calendário que serenova, deixa que nos ajoelhe-

mos para implorar-te compaixão.Tu que eras antes que fôssemos,

que nos tutelastes, em nome doCriador, na noite insondável das ori-gens, não desvies de nós teu olhar,para que não venhamos a perder oadubo do sangue e das lágrimas,oriundos das civilizações que mor-reram sob o guante da violência!...

Determinaste que o Tempo, àfeição de ministro silencioso de tuajustiça, nos seguisse todos os pas-sos...

E, com os séculos, carregamoso pedregulho da ilusão, dele ex-traindo o ouro da experiência.

Do berço para o túmulo e dotúmulo para o berço, temos sido se-nhores e escravos, ricos e pobres, fi-dalgos e plebeus.

Entretanto, em todas as posi-ções, temos vivido em fuga cons-tante da verdade, à caça de triunfoe dominação para o nosso velhoegoísmo.

Na governança, nutríamos avaidade e a miséria.

Na subalternidade, alentáva-mos o desespero e a insubmissão.

Na fortuna, éramos orgulhosose inúteis.

Na carência, vivíamos intem-perantes e despeitados.

Administrando, alongávamos ocrime.

Obedecendo, atendíamos à vin-gança.

Resistíamos a todos os teusapelos, em tenebrosos labirintos deopressão e delinqüência, quandovieste ensinar-nos o caminho liber-tador.

Não te limitaste a crer na gló-ria do Pai Celeste.

Estendeste-Lhe a incomparávelbondade.

Não te circunscreveste à fé querenova.

Abraçaste o amor que redime.Não te detiveste entre os elei-

tos da virtude.Comungaste o ambiente das

vítimas do mal, para reconduzi-lasao bem.

Não te ilhaste na oração pura esimples.

Ofertaste mãos amigas às ne-cessidades alheias.

Não te isolaste, junto à digni-dade venerável de Salomé, a ventu-rosa mãe dos filhos de Zebedeu.

Acolheste a Madalena, possuí-da de sete gênios sombrios.

Não consideraste tão-somentea Bartimeu, o mendigo cego.

Consagraste generosa atençãoa Zaqueu, o rico necessitado.

Não apenas aconselhaste a fra-ternidade aos semelhantes.

Praticaste-a com devotamentoe carinho, da intimidade do lar aosol meridiano da praça pública.

Não pregaste a doutrina doperdão e da renúncia exclusivamen-te para os outros.

Aceitaste a cruz do escárnio eda morte, com abnegação e humil-dade, a fim de que aprendêssemosa procurar contigo a divina ressur-reição...

Entretanto, ainda hoje, decor-ridos quase vinte séculos sobre o teusacrifício, não temos senão lágrimasde remorso e arrependimento parafecundar o Saara de nossos cora-ções...

Em teu nome, discípulos in-fiéis que temos sido, espalhamosnuvens de discórdia e crueldade noshorizontes de toda a Terra! É por is-so que o Tempo nos encontra hojetão pobres e desventurados comoontem, por desleais ao teu Evange-lho de Redenção.

Não nos deixeis, contudo, ór-fãos de tua bênção...

No oceano encapelado dasprovações que merecemos, a tem-pestade ruge em pavorosos açoites...Nosso mundo, Senhor, é uma em-barcação que estala aos golpes rijosdo vento. Entre as convulsões daprocela que nos arrasta e o abismoque nos espreita, clamamos por teusocorro! E confiamos em que te le-vantarás luminoso e imaculado so-bre a onda móvel e traiçoeira, apla-cando a fúria dos elementos eexclamando para nós, como outro-ra disseste aos discípulos aterrados:– “Homens de pouca fé, porqueduvidastes?”

Irmão X

(Página recebida pelo médium FranciscoCândido Xavier.)

Fonte: Reformador de janeiro de 1957,p. 9 (5).

Oração diante do Tempo

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 16

Page 17: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 1715

P. – Como conheceu o Espiri-tismo?

Leo – A primeira informaçãoque ouvi sobre a Doutrina Espíritafoi com um brasileiro que estudavana Universidade de Montreal, sim-patizante do Espiritismo, e que con-siderava Allan Kardec o francês maisconhecido no Brasil. Em seguida,encontrei O Céu e o Inferno em umalivraria de livros usados, em Mon-treal. Fiquei emocionado ao lê-lo eadquiri todas as obras de Kardec. Jáera interessado em assuntos espiri-tualistas, procurava a razão para amorte e encontrei-a no livro. Passeia procurar grupos espíritas e pelainternet localizei o grupo de Tours(França). Fui visitá-lo e dialogueicom Roger Perez, que me fez refe-rência à pujança do Espiritismo noBrasil. Depois de algumas dificul-dades iniciais, localizei vários livrosespíritas no Brasil.

P. – E o início de suas ativida-des espíritas em Montreal?

Leo – Contei com o estímulode Roger Perez para que fundasseum grupo espírita em Montreal.Com o apoio de brasileiros que sehaviam mudado para ali de Paris ede São Paulo fundamos o Centred’Étude Allan Kardec, com o obje-

tivo de iniciarmos reuniões de estu-do sobre a Doutrina Espírita. Nes-te Centro há várias reuniões sema-nais de estudo sobre O Livro dosEspíritos e O Evangelho segundo oEspiritismo, grupo de estudo sobremecanismo da mediunidade, reu-niões mediúnicas, aulas para crian-ças e curso de português. Este últi-mo para facilitar-se a leitura doslivros espíritas em português. Sen-timos uma grande predisposiçãodos quebequenses, de tradição fran-cesa, em aceitar os princípios es-píritas.

P. – Como se desenvolvem asatividades do Mouvement SpiriteQuébécois?

Leo – Simultaneamente aoCentro já citado, elaboramos o pro-jeto do Mouvement Spirite Québé-cois (MSQ) com o propósito decriar-se oportunidade de aproxima-ção e de estimular-se a formação degrupos espíritas. Assim, surgiu oGroupe Spirite Justice, Amour eCharité e obtivemos o apoio doCentre Spirite Messagers Lumièrese Paix. Com exceção deste último,freqüentado por portugueses, epreexistente, pois já possui 14 anosde funcionamento, os demais sãopredominantemente freqüentadospor residentes na Província de Que-bec, com tradição na cultura e noidioma franceses. Atualmente estásendo formado um grupo espíritaem Gatineau. O MSQ, que se en-contra no quarto ano de funciona-mento, conta com sede própria nobairro de Maisonneuve. Nesta sededesignada Espace Espirita Interna-tional – e o detalhe é que o “Espí-rita” se encontra mesmo em portu-guês –, ocorrem palestras proferidaspor espíritas de Montreal e por vá-rios visitantes de outros países –.Há uma biblioteca e a sede da re-cém-fundada Editions Espírita. Olocal é freqüentado pelos integran-tes dos grupos espíritas da cidade.

ENTREVISTA: LEO GAUDET

Como surgiu o Movimento Espírita

em Quebec, CanadáLeo Gaudet, canadense radicado em Montreal, encontra na Doutrina Espírita as razões

para a morte e se dedica a amplo trabalho de difusão do Espiritismo

Leo Gaudet

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 17

Page 18: Reformador 2005_01

18 Reformador/Janeiro 200516

P. – Como o MSQ se relacionainternacionalmente?

Leo – O MSQ é membro daUnião Espírita Francesa e Francofô-nica, pela afinidade da cultura e doidioma franceses. Temos mantidomuito intercâmbio com o Brasil,realizando visitas a São Paulo, Rio deJaneiro e Uberaba. No início de2002 chegamos a conhecer o mé-dium Francisco Cândido Xavier eenviamos representante para umaReunião do Conselho Espírita Inter-nacional, realizada em Brasília. Fre-qüentamos o Congresso promovidopela Associação Médico-Espírita In-ternacional, em São Paulo, e estamosiniciando preparativos para a funda-ção de Associação similar em Mon-treal. Participamos dos SimpósiosFranco-Belgas e de Congressos Espí-ritas Mundiais, promovidos peloConselho Espírita Internacional, erecebemos a visita de representantesdo CEI. Na Reunião do ConselhoEspírita Internacional, realizada emParis, em outubro de 2004, o MSQfoi aceito como convidado-obser-vador. Enviamos representante à reu-nião do Conselho Espírita dos Esta-dos Unidos, em Washington.

P. – Quais os projetos do MSQ?Leo – Estamos empenhados

no funcionamento de Editions Es-pírita. Pretendemos editar em fran-cês as Obras Básicas do Espiritismoe, mediante contatos com a FEB, asérie de obras de André Luiz, alémde outras obras publicadas em por-tuguês, como Máscaras da Obses-são, de Marlene Rossi Severino No-bre. Nosso objetivo é de contribuirpara ampliar a divulgação da Dou-trina Espírita, principalmente emfrancês. No momento, está sendolançada nossa página eletrônica(www.espaceespirita.com).

Desencarnou emSão Paulo (SP), noHospital Alemão Os-waldo Cruz, em 29 deoutubro de 2004, aos90 anos de idade, omédium e seareiro doCristo Spartaco Ghi-lardi, cuja vida esteve aserviço da DoutrinaEspírita e do Evange-lho, com total dedica-ção aos seus irmãos ca-rentes do corpo e daalma. Seu corpo foi velado no Hos-pital Beneficência Portuguesa, como comparecimento de cerca de 700pessoas, dentre as quais inúmerosrepresentantes de Instituições Espí-ritas de nosso País.

Spartaco Ghilardi nasceu nodia 12 de maio de 1914, na provín-cia de Viareggio, região da Toscana,no Sul da Itália. Eram seus pais oSr. Gino Ghilardi e a Sra. AssuntaFioravante Ghilardi. Em 29 de no-vembro de 1945 contraiu núpciascom D. Zita Calichio Ghilardi –dedicada companheira em toda asua atividade missionária –, tendoo casal duas filhas, Rita e Anália,dois netos, duas netas e duas bisne-tas.

Spartaco iniciou o desenvolvi-mento de sua mediunidade na Fe-deração Espírita do Estado de SãoPaulo (FEESP). Como médium, te-ve papel decisivo na fundação daAssociação Médico-Espírita de SãoPaulo e na fundação de várias insti-tuições espíritas, entre as quais o

Grupo Espírita Ba-tuíra e a InstituiçãoBeneficente NossoLar, ambos da capitalpaulista, e o GrupoEspírita Batuíra, deLisboa, Portugal.

Das suas diversasfaculdades mediúni-cas, a que mais se des-tacou foi a psicofo-nia, surgindo, depois,espontaneamente, avidência, a clariau-

diência, a receitista, o desdobra-mento e a premonição.

Ele foi discípulo fiel de Fran-cisco Cândido Xavier desde a épo-ca em que este morava em PedroLeopoldo (MG). É incontável o nú-mero de pessoas encaminhadas porChico Xavier ao Grupo EspíritaBatuíra, para receberem orientaçãoespiritual e conforto, através deSpartaco.

O sepultamento do seu corpoocorreu no Cemitério da Vila Ma-riana, às 14 horas do dia 30 de ou-tubro, com a presença de centenasde amigos e confrades do Movimen-to Espírita, entre os quais se incluíao Presidente da Federação EspíritaBrasileira, Nestor João Masotti.

Em seu retorno à Pátria Espi-ritual, receba o irmão SpartacoGhilardi a recompensa a que faz juso servidor do Bem, sob as bênçãosde Jesus.

Fonte: Texto “Retrato de um médium”,de Geraldo Ribeiro da Silva.

Spartaco Ghilardi

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 18

Page 19: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 1917

AllanKardec!Este nome é um marco de um tempo novo. Éuma legenda de luz e de força moral que edifica

um tempo especial de regeneração humana, e que, aolongo de mais de seis décadas, esteve no mundo dasformas para materializar os ensinamentos do MundoEtéreo, junto às almas terrenas.

Alma de escol, sem embargo, Allan Kardec veio aoplaneta para representar no campo físico a Equipe Lu-minosa do Espírito da Verdade, que jorrava claridadesobre o orbe sob a ação venturosa do Cristo Excelso.

Nesse tempo em que o Espiritismo está no mun-do, como esplendente Sol diluindo os miasmas dalonga noite moral humana, ainda que pouco a pouco,são incontáveis aqueles que vêm recebendo o susten-to para viver com entusiasmo, a motivação para pros-seguir nas árduas lutas, sem pensar em fugir dos pros-cênios dificultosos dessas graves experiências dassociedades terrenas.

Quantos se arredaram das idéias suicidas, pelo en-tendimento de que ninguém morre essencialmente?Quantos desistiram do abortamento por terem admi-tido o acinte que tal coisa representa contra as divinasleis de Deus? Quantos se decidiram por manter ilu-minada por Jesus a estrutura do lar, ao verificarem suaimportância para o progresso familiar? Quantos se de-dicaram a estudar as leis da vida e a estudar-se, ane-lando o entendimento e a melhoria de si mesmos?Quantos abriram mão dos preconceitos de raça, de corda epiderme, de gênero, de cultura e tantos outros,libertando-se dessa forma de ignorância que se demo-ra no seio das sociedades? Quantos que se esforçampor servir, por amar, desejosos de se tornarem cada vezmais úteis no campo da existência? Quantos hão re-nunciado às pressões do homem-velho, na corajosabusca dos valores do homem-novo, conforme as con-siderações do Apóstolo Paulo? Quantos sofrem e cho-ram seus tormentos de agora, conscientes quanto àsrazões desses complexos dramas, sem se permitir mur-char pelo desânimo, ante a visão lúcida que o Espiri-tismo enseja?

Hoje, quando reconhecemos, na Pátria Espiritual,

os inúmeros equívocos que costumamos cometer,quando caminhantes da vilegiatura corporal, vale con-siderar a importância de fazer com que a gloriosa in-formação da Codificação penetre nossa intimidade, afim de que respiremos esse portentoso pensamento es-pírita, convertendo-o em nossa real filosofia de vida,o que nos capacitará para a conquista da felicidade.

Quantos que ainda supõem que é possível ser es-pírita sem ajustar a própria existência aos preceitos daCodificação, e que se enganam com essa suposição?

Quantos que ainda crêem na ventura postmortem longe dos esforços para a superação de limi-tações e obstáculos encontrados nas vias mundanas, eque se frustram no além?

...

Acho-me sob intensa emoção. Lutamos, duranteum tempo longo, junto aos valorosos Benfeitores donosso Movimento Espírita Internacional, para que es-te momento fosse corporificado aqui, nos campos fluí-dicos da alma francesa. E o Senhor da Vida no-lo con-sentiu. Mais do que isso, destacou eminentes Numesde vários países para formar a coordenação deste even-to, a efeméride do 4o Congresso Espírita Mundial, soba inspiração do próprio Codificador.

Cabe-nos vibrar, então, ao se fecharem as cortinasdeste Congresso, certos de que suas luzes não se apa-garão. Os elementos energéticos que absorvemos aqui,resguardados por luminosos Prepostos de Jesus, acom-panhar-nos-ão como inspiração para os trabalhos futu-ros e como medicação valiosa para que, daqui para afrente, logremos o fortalecimento da alma para estudar,para amar e servir, mais conscientes dos nossos deverespara conosco, para com Jesus e para com a vida, agoraaclarada em seus fundamentos pelos ensinamentos doEspiritismo que, vitorioso no mundo, impulsiona-nosa ter maior clareza e penetração da razão, ao mesmotempo que, dedicados ao bem, possamos ser felizes.

Deixo o meu abraço emocionado a todos quan-tos vibraram, vibram e vibrarão com essa realizaçãobendita no solo francês, e a todos desejo paz e muitaluz junto à Seara do Espiritismo.

Servidor de todos, agradecido e vibrante,Sylvino Canuto Abreu

(Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, porocasião da sessão de encerramento do 4o Congresso EspíritaMundial, em 5/10/2004, Paris – França.)

Mensagem

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 19

Page 20: Reformador 2005_01

20Reformador/Janeiro 2005

18

Para a maioria dos estudiosos,Jesus permanece situado naHistória, modificando o cur-

so dos acontecimentos políticos domundo. Para a maioria dos teólo-gos, Jesus é objeto de estudo, nas le-tras do Velho e do NovoTestamen-to, imprimindo novo rumo àsinterpretações de fé. Para os filóso-fos, Jesus é o centro de polêmicas ecogitações infindáveis. Para a mul-tidão dos religiosos, Jesus é o ben-feitor providencial nas crises inquie-tantes da vida comum.

Para nós espíritas, que conhe-cemos a missão de Jesus, sabemosperfeitamente que ele não é apenaso reformador da civilização, o legis-lador da crença, o condutor do ra-ciocínio ou o doador de facilidadesterrestres, mas acima de tudo Elefoi, é e será sempre o Caminho, aVerdade e a Vida, ou seja: a sínteseda Ciência, da Filosofia e da Re-ligião.

Jamais encontraremos no pla-neta Terra uma diretriz integral pa-ra a nossa felicidade, na tribuna dosgrandes filósofos, na retorta doscientistas eméritos, no trabalho dospesquisadores ilustres, na cátedrados professores distintos, nos decre-tos dos legisladores mais nobres, noverbo eloqüente dos advogados, napalavra dos juízes corretos, na penados escritores enobrecidos, nas ar-

cas dos filantropos generosos, nafrase incisiva dos pregadores arden-tes e nem nas mensagens dos ben-feitores desencarnados.

Em todos eles encontraremos,em maior ou menor porção, virtu-des e defeitos, acertos e desacertos,luzes e sombras, belezas e fealdades,discordâncias e contradições, entre-tanto, todos eles são credores denossa gratidão e de nosso respeitopela cultura e pelo amor que plas-maram em nossas mentes e em nos-sos corações, mas no campo da Hu-manidade só existe um orientadorcompleto, irrepreensível e inques-tionável, que renunciou à compa-nhia dos anjos para viver e convivercom os homens. E sem recursosmateriais, viveu para os outros, des-cerrando os tesouros do coração.

É por isso que Allan Kardec,desejando indicar-nos o guia real daascensão humana, formulou a per-gunta de número 625 em O Livrodos Espíritos, indagando qual o tipomais perfeito que Deus concedeuao planeta Terra para servir de guiae modelo aos homens. E o Espíritorespondeu: Jesus. Como a dizer-nosque só Jesus é a síntese da sabedoriae do amor e que somente Ele deveser seguido na Terra, como sendo onosso Mestre e Senhor.

Apenas a pesquisa metódica,orientada e perseverante nos levaráa descobrir as diversas contribuiçõesque o Cristianismo deu no passado,dá no presente e dará no futuro aodesenvolvimento moral, assisten-cial, educacional, consolador e so-bretudo libertador.

CORRESPONDÊNCIA ELETRÔNICA

1 – ARTIGOS E NOTÍCIAS:E-MAIL: [email protected]

2 – ASSINATURAS E DEMAIS ASSUNTOS:E-MAIL: [email protected]

ESTES ENDEREÇOS PASSAM A VIGORARA PARTIR DE 1o DE JANEIRO DE 2005

Quem é Jesus?Ruy Gibim

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 20

Page 21: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 19 21

Inverno“Procura vir antes do inverno.”

– Paulo. (II Timóteo, 4:21.)

Claro que a análise comum deste versículo revelará a prudente recomendação dePaulo de Tarso para que Timóteo não se arriscasse a viajar na estação do frio forte.

Na época recuada da epístola, o inverno não oferecia facilidades à navegação.

É possível, porém, avançar mais longe, além da letra e acima do problema circuns-tancial de lugar e tempo.

Mobilizemos nossa interpretação espiritual.

Quantas almas apenas se recordam da necessidade do encontro com os emissáriosdo Divino Mestre por ocasião do inverno rigoroso do sofrimento? quantas se lembramdo Salvador somente em hora de neblina espessa, de tempestade ameaçadora, de gelopesado e compacto sobre o coração? Em momentos assim, o barco da esperança cos-tuma navegar sem rumo, ao sabor das ondas revoltas.

Os nevoeiros ocultam a meta, e tudo, em torno do viajante da vida, tende à de-sordem ou à desorientação.

É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já se ligaram, definiti-vamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para que nos instalemos em re-fúgios de paz e segurança.

A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção nas criaturas que a se-guem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou na dificuldade, converte-seem martírio.

O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor de caprichos sa-tisfeitos e, sim, na pauta da temperança e da compreensão.

O inverno é imprescindível e útil, como período de prova benéfica e renovaçãonecessária. Procura, todavia, o encontro de tua experiência com Jesus, antes dele.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 66,

p. 145-146.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 21

Page 22: Reformador 2005_01

22Reformador/Janeiro 2005

20

A Humanidade encontra-se em um ponto crítico da história que clama por uma forte liderança mo-

ral e espiritual para ajudar a estabelecer novos rumos para a sociedade. Nós, como líderes religiosos e

espirituais, reconhecemos a nossa responsabilidade especial para com o bem-estar da família humana e

a paz na Terra.

Considerando que as Nações Unidas e as religiões do mundo têm em comum um interesse na digni-dade humana, na justiça e na paz;

Considerando que aceitamos que homens e mulheres são parceiros iguais em todos os aspectos davida e que as crianças são a esperança do futuro;

Considerando que as religiões têm contribuído para a paz no mundo, mas também têm sido usadaspara criar divisão e alimentar hostilidades;

Considerando que o nosso mundo está assolado pela violência, guerra e destruição, por vezes perpe-trados em nome da religião;

Considerando que o conflito armado é uma terrível tragédia para as vidas humanas perdidas e arrui-nadas, para o mundo em geral, e para o futuro das nossas tradições religiosas e espirituais;

Considerando que nenhum indivíduo, grupo ou nação pode viver no nosso mundo em um micro-cosmo isolado, independentemente, mas que, ao contrário, todos devem compreender que cada açãonossa tem impacto sobre os outros e na emergente comunidade global;

Considerando que em um mundo interdependente a paz requer concordância sobre valores éticosfundamentais;

Considerando que não haverá paz verdadeira até que todos os grupos e comunidades reconheçam adiversidade de culturas e religiões da família humana, dentro de um espírito de respeito mútuo e com-preensão;

Considerando que construir a paz requer uma atitude de reverência pela vida, liberdade e justiça, er-radicação da pobreza, e proteção do meio ambiente para as presentes e futuras gerações;

Considerando que uma real cultura de paz deve ser baseada no cultivo da paz interior, que é a he-rança das tradições religiosas e espirituais;

Considerando que as tradições religiosas e espirituais são a fonte central na construção de uma vidamelhor para a família humana e toda a vida na Terra.

À luz dessas considerações e com vistas ao cumprimento do nosso dever para com a família hu-mana, nós declaramos ser nosso compromisso e determinação:

1. Colaborar com as Nações Unidas e com todos os homens e mulheres de boa vontade, em âmbi-to local, regional e global, na busca da paz em todas as suas dimensões;

Compromisso com a Paz GlobalAssinado no Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais,

realizado na ONU em agosto de 2000

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 22

Page 23: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 2321

2. Conduzir a Humanidade através de palavras e obras a um renovado compromisso com os valoreséticos e espirituais, que incluem um profundo sentido de respeito por todas as formas de vida e pela dig-nidade inerente a cada pessoa e o seu direito de viver em um mundo livre da violência;

3. Administrar e resolver sem violência os conflitos gerados pelas diferenças étnicas e religiosas e con-denar toda a violência cometida em nome da religião, buscando remover as raízes da violência;

4. Apelar a todas as comunidades religiosas e aos grupos étnicos e nacionais a respeitarem o direitoà liberdade religiosa, procurando a reconciliação, e a se engajarem no perdão e auxílio mútuos;

5. Despertar em todos os indivíduos e comunidades o senso da responsabilidade, compartilhada en-tre todos, pelo bem-estar da família humana como um todo, e o reconhecimento de que todos os sereshumanos – independentemente de religião, raça, sexo e origem étnica –, têm o direito à educação, à saú-de e à oportunidade de obter uma subsistência segura e sustentável;

6. Promover uma distribuição de riqueza eqüitativa dentro das nações e entre as nações, erradican-do a pobreza e revertendo a atual tendência ao distanciamento crescente entre ricos e pobres;

7. Educar nossas comunidades sobre a necessidade urgente de cuidar-se do sistema ecológico daTerra e de todas as formas de vida, e apoiar esforços para que a proteção e a restauração ambiental se-jam parte integrante de todos os planos e iniciativas voltados ao desenvolvimento;

8. Desenvolver e promover uma campanha de reflorestamento global, como meio concreto e práti-co de restauração ambiental, conclamando outros a se unirem a nós nos programas regionais de plantiode árvores;

9. Aliar-se às Nações Unidas no apelo para que todos os estados soberanos trabalhem pela aboliçãouniversal das armas nucleares e outras armas de destruição em massa, em prol da segurança e proteçãoda vida neste planeta;

10. Combater qualquer prática comercial e aplicação de tecnologia que degrade a qualidade da vidahumana;

11. Praticar e promover em nossas comunidades os valores da paz interior, incluindo especialmenteo estudo, a prece, a meditação, a noção do sagrado, a humildade, o amor, a compaixão, a tolerância e oespírito de serviço, que são fundamentais para a criação de uma sociedade pacífica.

Nós, como líderes religiosos e espirituais nos comprometemos a trabalhar juntos para promoveras condições internas e externas que propiciem a paz, bem como administrar a resolução não violen-ta dos conflitos. Conclamamos aos seguidores de todas as tradições religiosas e à Humanidade comoum todo a cooperarem na construção de sociedades pacíficas, procurando a compreensão mútua, atra-vés do diálogo, onde existam diferenças, a abster-se da violência, a praticar a compaixão e a defendera dignidade de todas as formas de vida.

(Compromisso assinado pelos participantes do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos eEspirituais pela Paz Mundial e por Bawa Jain, Secretário-Geral do “The Millennium World Peace Sum-mit”)*

*Pelo Espiritismo, assinaram o Compromisso: Juvanir Borges de Souza, Nestor João Masotti, Divaldo PereiraFranco, Altivo Ferreira, Charles Kempf, Fábio Villarraga e os demais integrantes da delegação brasileira.

Fonte: Reformador de outubro/2000, p. 26-27.

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 23

Page 24: Reformador 2005_01

24Reformador/Janeiro 2005

22

População do Globo. A pri-meira indagação do Codifica-dor é a propósito da reprodu-

ção dos seres vivos como lei daNatureza. E os Espíritos Revelado-res respondem que o mundo corpo-ral pereceria sem a reprodução deles.

Entretanto, diante da preocu-pação com a possibilidade de a po-pulação do Globo tornar-se exces-siva, respondem eles, sempre am-parados na lógica, que a tudo Deusprovê, mantendo em tudo o equilí-brio da vida, pois coisa alguma Elefaz inútil. Nós, os homens, é quetemos o hábito de observar a Natu-reza por partes, e quase nunca emseu conjunto.

Sucessão e aperfeiçoamentodas raças. Constitui este um outroaspecto da lei de reprodução. E aofalar de raças humanas, que eviden-temente decrescem, indaga Kardecem nome da Doutrina Espírita seocorrerá um momento, na História,em que estarão elas desaparecidas.E os Espíritos informam que assimacontecerá de fato, pois que outrasraças, um dia, deverão tomar o lu-gar das que hoje existem.

Mas, esclarecem, em face daquestão 689, que serão os mesmosEspíritos que voltarão a aperfei-çoar-se em novas indumentárias fí-sicas, embora ainda imperfeitos.Desse modo, a atual raça humanaque tende a invadir toda a Terra,substituindo as que se extinguem,terá também sua fase de decresci-mento e desaparecerá com o surgi-mento de outras mais aperfeiçoa-das, tal como os homens mais ci-vilizados de hoje são descendentesdos seres brutos e selvagens dostempos primitivos, e tudo isso co-mo lei natural. Já atendendo àquestão seguinte, em relação aoscorpos das raças atuais, se são decriação especial, respondem que “aorigem das raças se perde na noitedos tempos”, o que significa que oscorpos humanos também se aper-feiçoam com a evolução dos seresque os vestem.

Quanto ao caráter distintivo edominante das raças primitivas, emque se destacava o “desenvolvimen-to da força bruta, à custa da forçaintelectual”, dá-se o contrário emnossos dias, quando o homem rea-liza mais e melhor, pela inteligência,ao aprender como aproveitar os re-cursos da Natureza.

Na questão 692, embora com-preendendo-a bem, Allan Kardec,ao salientar algo sobre o aperfeiçoa-mento das raças animais através daCiência, enseja aos Espíritos escla-recerem que tudo deve ser feito aserviço da perfeição; que o própriohomem, nesse sentido, é instrumen-to de que Deus se serve; a perfeiçãoé meta a que tende a Natureza, demodo que facilitá-la é corresponderà Sua visão divina. Ao objetar, ain-da, o Codificador sobre o fato deos esforços de que o homem se ser-ve estarem relacionados sempre aoacréscimo de seus gozos, não lhe di-minui isso o mérito, respondem osEspíritos incumbidos da revelaçãodo Consolador com outra indaga-ção: “Que importa seja nulo o me-recimento, desde que o progresso serealize? Cabe-lhe tornar meritório,pela intenção, o seu trabalho. De-mais, mediante esse trabalho, ele ex-ercita e desenvolve a inteligência esob este aspecto é que maior provei-to tira.”

Obstáculos à reprodução. Já asquestões seguintes – 693 e 694 –relacionam-se com os obstáculos àreprodução, indagando se tais obs-táculos não são contrários à lei daNatureza. E a resposta não se faz es-

Repensando Kardec

Da Lei de Reprodução(O Livro dos Espíritos, questões 686 a 701)

Inaldo Lacerda Lima

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 24

Page 25: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 2523

perar, com a mesma logicidade desempre: “Tudo o que embaraça aNatureza em sua marcha é contrá-rio à lei geral.”

Allan Kardec, prevendo decer-to novas objeções do próprio ho-mem, lembra que há espécies de se-res vivos – animais e plantas –, cujareprodução indefinida poderia sernociva a outras espécies; desse mo-do praticaria o homem ação re-preensível impedindo-a? Damos,aqui, destaque a três advertênciasfundamentais dos Espíritos, nessesentido:1. Deus concedeu ao homem, so-

bre todos os seres vivos, umpoder de que ele deve usar semabuso, podendo pois regular talreprodução de acordo comsuas necessidades.

2. A ação inteligente do homemé sempre um contrapeso queDeus dispôs para estabelecerequilíbrio entre as forças daNatureza, desde que haja co-nhecimento de causa. E isso,inegavelmente, vem sendo mos-trado pelos cientistas atuais.

3. Mas, no caso dos animais, osmesmos também concorrempara a existência desse equilí-brio, porquanto o instinto dedestruição que lhes foi dado fazcom que, provendo à própriaconservação, obstem ao desen-volvimento excessivo, quiçá pe-rigoso, das espécies animais evegetais de que se alimentam.Cabe-nos, aqui, na oportuni-

dade, lembrar que o homem, mor-mente em nosso riquíssimo país, secomporta, em muitos casos, comoser abusivo, contra a própria Na-tureza, sofrendo as conseqüênciasamargas desse abuso, qual seja o ca-so do desmatamento em regiões

que não o devem sofrer, de mododescontrolado; do cultivo abusiva-mente excessivo de plantas como amaconha, e de outros recursos paraa fabricação perversa de drogas; e,ainda, a extinção de espécies ani-mais, tudo com vistas à manuten-ção de interesses egocêntricos.

Há práticas humanas que con-sistem no propósito de evitar a re-produção, como satisfações sensuais,o que levou o mestre Kardec – arespeito da seriedade do assunto –a buscar o pensamento dos Espíri-tos Reveladores. E responderam elesque tal prática “prova a predomi-nância do corpo sobre a alma equanto o homem é material”.

Casamento e celibato. A seguir,nas questões 695 a 699, procura oCodificador ouvir os Espíritos Supe-riores a fim de, através deles, ofere-cer-nos preciosas orientações a res-peito do casamento; e que efeitoteria sobre a sociedade a sua aboli-ção; se está na Natureza ou apenasnas leis humanas a sua indissolubili-dade absoluta e, ainda, se o celibatorepresenta um estado de perfeiçãomeritório aos olhos de Deus.

Eles, pacientemente, nos levama refletir, mostrando que o casa-mento é um progresso na marchada Humanidade, e a sua aboliçãoseria um regresso à vida irracional.

O Codificador nos faz sentir que,volvendo à infância da Humanida-de, o homem se colocaria abaixo decertos animais que lhe dão exem-plos de uniões constantes nesse sen-tido; e que a dissolução do casa-mento não deixaria de ser lei hu-mana contrária à Natureza, por-quanto esta é imutável.

Quanto ao celibato voluntário,nada tem de meritório aos olhos deDeus, salvo os que dele se utilizam,não por egoísmo, mas por umaquestão de renúncia ou sacrifício aserviço do Bem e da Humanidade,caso em que o homem, nisso, nãoatenta contra a lei de Deus.

Poligamia. No que tange àsquestões 700 e 701, referentes à po-ligamia, Allan Kardec indaga se aigualdade numérica mais ou menosexistente entre os sexos não é indí-cio da proporcionalidade de uniãoentre eles. Os Espíritos o confir-mam, mostrando, em resposta àquestão seguinte (701), que a abo-lição da poligamia, lei ainda exis-tente entre alguns povos, marcaráum progresso social – que dizemosgrandioso –, porquanto “o casamen-to, segundo as vistas de Deus, temque se fundar na afeição dos seresque se unem”. E concluem sabia-mente: “Na poligamia não há afei-ção real: há apenas sensualidade.”

Site de ReformadorA partir de janeiro de 2005 entrará no ar o site da revista

Reformador. Os usuários poderão fazer assinaturas, alteraçãode endereço, pagamentos através de boleto bancário e cartõesde crédito. Brevemente, estaremos disponibilizando o en-dereço do site.

Tudo on-line, com mais conforto e segurança.

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 25

Page 26: Reformador 2005_01

26Reformador/Janeiro 2005

24

Precisamos da filosofia e daciência para a evolução da sen-sibilidade e da inteligência, masnecessitamos unicamente da ca-ridade para garantir a salvaçãodo Espírito.

Quando Allan Kardec propôs ateoria da fé racionada, comoum novo e iluminado cami-

nho de reflexão para o povo deDeus que habita este planeta, comcerteza não embutiu nessa teoria,implícita e pretensiosamente, umsuposto propósito de busca da lógi-ca do Criador.

Na prática, porém, ambos osconceitos – raciocínio e lógica – sãoingenuamente confundidos por de-savisados intérpretes, como se pos-sível fora à criatura concorrer, atra-vés de sua concepção humanasupostamente lógica, com a estrutu-ra efetivamente metafísica que de-terminou a ação do Criador. Se talocorresse, seria o mesmo que se ad-mitir colocar, num mesmo estágiorecíproco de conhecimento, tanto acriatura, como o Criador, o que se-ria um absurdo ingênuo conceber--se. Afinal, como acreditar que comnossa pobre e limitada lógica sere-mos capazes de alcançar a lógica doCriador?...

Não teria sido por outra razãoque, segundo dizem, o memorável

Mahatma Gandhi – que passou avida estudando-a – concluíra nomomento derradeiro, em desabafoa um discípulo: “a vida é um mis-tério”. Que o seja enquanto nãodesvendamos seus segredos, cujoslimites, entretanto, sempre haverãode estar balizados – queiramos ounão – nesse ou em outro estágio deevolução espiritual.

A literatura religiosa mundialocupa-se de compêndios interminá-veis, despendendo séculos e séculosde trabalho para convencer o mun-do de que o princípio exegético dorespectivo credo que defende é omais lógico e compatível diante daRevelação.

Claro que esse debate – inevi-tável diante da pluralidade dos ní-veis de consciência que habitam oPlaneta, o que é responsável pelasdiferentes opções de fé – não pode-ria merecer o repúdio dos homensde bem, porque seria o mesmo quenegar o caminho da evolução, queJesus tão bem resumiu, em poucaspalavras, quando declarou que ti-nha muitas coisas a dizer, mas quenão seriam suportadas à época(João, 16:12), pois que ainda nãohouvera chegado o tempo em quea ignorância devesse dissipar-se.

Na história do Cristianismo es-se processo hermenêutico acentua--se de forma aguda, sob as maiscuriosas avaliações. Chega-se a re-gistrar pensadores afirmando sim-ploriamente, sem as devidas cau-

telas teológicas, que “Deus nossoSenhor permitiu que houvesse vá-rias heresias logo no início da Igre-ja, como foi o caso do arianismo,no século III – doutrina que nega anatureza divina de Jesus – e queencontrou muitos bispos e impera-dores adeptos”.

O arianismo, teoria defendidapor Ario, que foi objeto de intensose polêmicos debates dentro da Igre-ja, tornou-se uma heresia (negaçãode uma verdade), como tantos ou-tros temas, de que são exemplos oProtestantismo (séc. XVI – que ne-ga a infalibilidade da Igreja), o Nes-torianismo (séc. V – Maria deu ori-gem à pessoa humana de Jesus) e oModernismo (séc. XX – teoria quenega as verdades absolutas). Tais he-resias foram assim declaradas – adespeito da inquietude de espíritossequiosos de verdade – por votaçãodaqueles que discutiam esses ques-tionamentos, geralmente em am-bientes de reunião bastante polê-micos. Essa explosão indagatória,dentro do Cristianismo iria desem-bocar no famoso axioma do cérebroda Reforma, Melanchthon: “unida-de na essência, liberdade na dúvi-da e a caridade em todas as coisas”.

De fato, fora desse princípioelementar de liberdade mínima depensamento, ter-se-ia a negação pu-ra e simples da evolução, a partir deuma pouco recomendável fé cega eapaixonada, segundo a conclusãointerpretativa a que outros seres hu-

A chave do reino dos céusPaulo Roberto Viola

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 26

Page 27: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 2725

manos chegaram em épocas preté-ritas.

Todas essas circunstâncias de-vem ser levadas em conta em con-junto com outras, como a interfe-rência manifestamente indevida dopoder temporal em discussões im-portantíssimas de interpretação doCristianismo. A começar pelo Pri-meiro Concílio de Nicéia, no anode 324, onde se discutiu a trinda-de divina e de onde a Igreja prati-camente começou a se afirmar emquestões fundamentais. Este Con-cílio não foi convocado por nenhu-ma autoridade eclesiástica, mas pe-lo Imperador Constantino, senhorúnico do Império Romano, que so-bre as conclusões lá tiradas colocoua força de seu poder político.

Mais adiante, o Concílio deConstantinopla, em 553 d.C. tam-bém foi convocado por outro Im-perador, este um déspota temido,Justiniano, que colocou em votaçãoa questão da reencarnação, declara-da, a partir de então, formalmenteherética.

Na verdade, enquanto muitacoisa no Evangelho de Jesus con-tém parábolas para entendimentoa seu tempo, obedecida a escala deevolução do ser humano, traz, poroutro lado, questões absolutamen-te simples e de fácil entendimentopara qualquer iletrado. Aliás, tudoo que disse o Mestre se resume emuma coisa, que qualquer analfabe-to, de qualquer parte do mundo,pode entender, sem depender demestrados teológicos, pós-gradua-ção em ciências bíblicas, ou inspi-ração sobrenatural para ser com-preendido. O primeiro e único man-damento, fora do qual ninguém sesalvará, independe de qualquerquestão exegética doutrinária, cons-

truída pelos vários credos que se es-palharam pelo mundo, através dosséculos, ou dos milênios de existên-cia da vida humana.

Esse mandamento maior nãopressupõe – como lembrou ChicoXavier – que tenhamos que escalaro Monte Everest, ou algo com se-melhante dificuldade, para en-tendê-lo. Nem tampouco está nocéu, ou do outro lado do mar, paraque a ele possamos ter acesso, comoadvertia o Livro do Deuteronômioem face dos preceitos mosaicos.A Lei por Ele deixada foi simples efácil de ser compreendida por todosos povos: “O meu mandamento éesse: que vos ameis uns aos outros,como Eu vos amei” (João, 15,12).“Não há outro mandamento maiorque este” (Marcos, 12:31). Não setrata – é verdade – de um princípionovo, mas que veio a ser consagra-do por Jesus, pois o Livro de Leví-tico – terceiro das escrituras hebrai-

cas – escrito em 1445 antes de Cris-to, de autoria de Moisés, como sereconhece, já concitava o povo deDeus, dizendo: “Não odiarás o teuirmão no teu coração (19:17) eamarás o teu próximo como a timesmo” (19:18).

Tal postulado permite-nos,pois, indagar: de que valerá todo oacervo de conhecimento doutriná-rio, científico, ou filosófico, se nãoformos capazes de colocar em prá-tica essa regra de amor e de salutarconvivência social que Jesus deixou,como seu mais importante legadohistórico?

Se precisamos do pilar da ciên-cia e da filosofia para a nossa evolu-ção, precisamos, antes, daquilo quea religião nos cobra para a salvação,que é a caridade, em sua ação maisplena e abrangente possível. Comefeito, Jesus não escolheu os ho-mens da ciência de seu tempo paradeixar o seu legado moral e ético,mas foi buscar as criaturas maissimples e iletradas em sua volta, hu-mildes e pobres pescadores, paraseus apóstolos, com a missão detransmitir ao Mundo a Sua palavra,posto que o Mestre não deixariauma só frase por ele pessoalmenteescrita, senão o testemunho de seusfiéis colaboradores. Afinal, Jesus te-ria relegado o conhecimento pre-sunçoso dos escribas para enaltecera sabedoria humilde dos pequeni-nos: “Bendigo-te, ó Pai, Senhor doCéu e da Terra, porque escondesteestas coisas aos sábios e aos inteli-gentes e as revelas aos pequeninos”(Lucas, 10:21).

Na história do Cristianismo va-mos encontrar elevação e nobrezaem Espíritos que transitaram pelavida humana com pouca, ou quasenenhuma estrutura de conhecimen-

Jesus não escolheu

os homens da

ciência de seu

tempo para

deixar o seu

legado moral

e ético, mas foi

buscar as criaturas

mais simples e

iletradas

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 27

Page 28: Reformador 2005_01

28 Reformador/Janeiro 200526

to acadêmico. Tal ocorrera com Te-resa de Calcutá, com Francisco dePaula, Chico Xavier e tantos outros.Se supriam seu pouco saber escolarcom sabedoria em abundância – oque pressupõe, claro, doutorado emvidas pretéritas – estão hoje no pla-no de evolução espiritual em que seencontram porque foram capazes deinterpretar literalmente e viver omandamento que Jesus deixou: “Quevos ameis uns aos outros.”

No anonimato da vida espi-ritual vamos encontrar incontá-veis Espíritos nobres, que deixaramnosso planeta, em sua última en-carnação, com pouca ou nenhumaescolaridade, hoje habitantes de or-bes superiores, que não precisamretornar ao mundo de provas e ex-piações, a não ser em missão, pos-to que já se encontram em estágiosde evolução acima dessas zonas vi-bratórias terra a terra, pelo muitoque souberam aproveitar na incan-sável dedicação à caridade ao pró-ximo durante seus trânsitos por es-te mundo...

Todavia, enquanto devemostentar cumprir esse mandamentoúnico, eterno e universal, é-noslícito – claro – seguir a fórmulaabençoada de Melanchthon, expe-rimentando, diante da filosofia e dareligião, a liberdade na dúvida, jáque na essência do amor ao próxi-mo nenhum crente pode levantarquestionamentos, nenhum credoreligioso pode hesitar, ponto de li-gação que é de todas as doutrinasde fé, enquanto devemos colocara caridade em todas as coisas, aci-ma de tudo, como nos ensinou oSábio da Galiléia, pois isso é o quedefinitivamente nos credenciará,um dia, para a glória no reino doscéus.

FEB/CFN – Comissões RegionaisCalendário das Reuniões Ordinárias de 2005

1. Comissão Regional Nordeste

1.1 – Cidade-sede: Teresina (PI).1.2 – Período: 8 a 10 de abril.1.3 – Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Preparar o Centro

Espírita para interagir no processo federativo,na sua condição de unidade fundamental doMovimento Espírita”.

2. Comissão Regional Sul

2.1 – Cidade-sede: Florianópolis (SC).2.2 – Período: 29 de abril a 1o de maio.2.3 – Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Participação das Ins-

tituições Espíritas nas atividades comunitárias(Órgãos, Comissões, Conselhos e outros)”.

3. Comissão Regional Norte

3.1 – Cidade-sede: Porto Velho (RO).3.2 – Período: 26 a 29 de maio.3.3 – Reunião dos Dirigentes: Assuntos – 1. “Movimento Es-

pírita e Educação Espírita”, cujo desenvolvi-mento inclui seminários, cursos e outras abor-dagens”;2. “Importância do censo espírita por áreas,para melhor conhecimento da realidade”.

4. Comissão Regional Centro

4.1 – Cidade-sede: Palmas (TO).4.2 – Período: 13 a 15 de maio.4.3 – Reunião dos Dirigentes: Assuntos – “1. Exposição sobre:

1.1 – Reavaliação da Campanha ‘Viver emFamília’; 1.2 – Avaliação sobre o andamentodo curso ‘Capacitação Administrativa paraDirigentes de Casas Espíritas’”; “2. Avaliaçãodas atividades-meio na sustentação do traba-lho federativo” (assunto da reunião).

5. Áreas Específicas

Serão realizadas, concomitantemente com a Reunião dos Diri-gentes, e com temas próprios escolhidos em 2004, as reuniões dasÁreas Específicas de Atendimento Espiritual no Centro Espírita, Ativi-dade Mediúnica, Comunicação Social Espírita, Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, Infância e Juventude, Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 28

Page 29: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 2927

Sob o título de A Doutrina Es-pírita, o Diário da Bahia de26 e 27 de setembro de 1865

contém dois artigos, que não pas-sam da tradução em português dosque foram publicados há seis anospelo Dr. Déchambre, na Gazettemédicale de Paris. Acabava de apa-recer a segunda edição de O Livrodos Espíritos e é dessa obra que oSr. Déchambre faz um relato semi-burlesco. Mas, a propósito, ele pro-va historicamente, e por citações,que o fenômeno das mesas girantesé mencionado em Teócrito, sob onome de Kosskinomantéia, adivi-nhação pelo crivo, porque então seserviam de crivo para esse gênero deoperação, e daí conclui, com a lógi-ca ordinária dos nossos adversários,que não sendo um fenômeno novo,não tem qualquer fundo de reali-dade. Para um homem de ciênciaspositivas – forçoso é convir – aí es-tá um argumento singular. Lamen-tamos que a erudição do Sr. Dé-chambre não lhe tivesse permitidoremontar ainda mais alto, porque oteria encontrado no antigo Egito enas Índias. Um dia voltaremos a es-se artigo, que tínhamos perdido devista e que faltava à nossa coleção.Enquanto esperamos, apenas per-guntamos ao Sr. Déchambre: deve--se rejeitar a medicina e a física mo-dernas, porque seus rudimentos seencontram de permeio às práticassupersticiosas da Antiguidade e da

Idade Média? Se a sábia química dehoje não teve o seu berço na alqui-mia, e a astronomia o seu na astro-logia judiciária? Por que então os fe-nômenos espíritas que, em últimaanálise, não passam de fenômenosnaturais, cujas leis não se conhe-ciam, também não se encontrariamnas crenças e práticas antigas?

Como esse artigo foi reprodu-zido pura e simplesmente, sem co-mentários, nada prova, da parte dojornal brasileiro, uma hostilidadesistemática contra a doutrina. Émesmo provável que não a conhe-cendo, julgou nele achar uma apre-ciação exata. O que o provaria foi asua pressa em inserir, no númeroseguinte, de 28 de setembro, a refu-tação que os espíritas da Bahia lhedirigiram, e que estava assim conce-bida:

“Senhor redator,

“Como sois de boa-fé, no queconcerne à doutrina do Espiritismo,rogamos que também vos digneispublicar no Diário uma passagemde O Livro dos Espíritos, do Sr.Allan Kardec, já na décima terceiraedição, a fim de que vossos leitorespossam apreciar, em seu justo valor,a reprodução que fizestes de um ar-tigo da Gazette médicale de Paris,escrito há mais de seis anos, peloDr. Déchambre, contra essa mesmadoutrina, na qual se reconhece queo dito médico não foi fiel nas cita-

ções, que fez, de O Livro dos Espíri-tos, visando depreciar essa doutrina.

“Somos, senhor redator, vossosamigos reconhecidos,

Luís Olímpio Teles de MenezesJosé Álvares do AmaralJoaquim Carneiro de Campos”

Segue, como resposta e refuta-ção, um extrato muito extenso daintrodução de O Livro dos Espíritos.

Com efeito, as citações textuaisdas obras espíritas são a melhor re-futação das deturpações que certoscríticos fazem sofrer a doutrina. Adoutrina se justifica por si mesma,razão por que não sofre com isso.Não se trata de convencer os seusadversários de que ela é boa, o que,na maioria das vezes, é tempo per-dido, porquanto, em boa justiça,têm inteira liberdade de achá-la má,mas simplesmente de provar que eladiz o contrário do que a fazem di-zer. Cabe ao público imparcial jul-gar, pela comparação, se ela é boaou má. Ora, como ela recruta inces-santemente novos partidários, a des-peito de tudo quanto puderam fa-zer, é prova de que não desagrada atodo o mundo, e que os argumen-tos que lhe opõem são impotentespara desacreditá-la. Pode-se ver poresse artigo que ela não tem nacio-nalidade e dá a volta ao mundo.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –novembro de 1865, p. 442-444, traduçãode Evandro Noleto Bezerra – Ed. FEB.

O Espiritismo no BrasilExtrato do Diário da Bahia

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 29

Page 30: Reformador 2005_01

30 Reformador/Janeiro 200528

Vez por outra, nossos co-idea-listas do Esperanto, espíritas enão espíritas, dirigem-nos amá-

veis missivas com palavras de estí-mulo e agradecimento pelos servi-ços prestados pela FEB ao ideal es-perantista. Como, em tais ocasiões,invariavelmente manifestam o de-sejo de se inteirarem a respeito dasatividades em curso nesse setor, re-solvemos, por oportuno, agora es-tender as informações a todos osqueridos samideanos* através deReformador.

Novo Dicionário Português--Esperanto

Está em composição uma novaedição, revista e aumentada.

Todo o fichário, já anterior-mente acrescido em mais de 1/3com novos verbetes, foi compostoeletronicamente pelo mesmo com-positor do Dicionário Esperanto--Português e de La Genezo, o nossomuito estimado Gersi Alfredo Bays,de Chapecó (SC).

A revisão vinha sendo feita ex-clusivamente por nós, mas agoraconta com a valiosa colaboração doProf. Benedicto Silva, de São Josédo Rio Preto (SP).

Já estamos trabalhando sobreas letras H, I, J e K, o que significajá havermos revisado mais da meta-de do conteúdo.

É um trabalho que exige mui-to tempo, muita dedicação e pa-ciência, mas que, se mantida a re-gularidade, poderá estar concluídono fim de 2005.

Digitalização (Formataçãoem arquivos eletrônicos) dos li-vros em e sobre Esperanto edita-dos pela FEB

Esse árduo trabalho está a car-go de voluntários que pertencem aogrupo de estudos de Espiritismo emEsperanto que funciona na SedeSeccional.

Os arquivos eletrônicos servi-rão de base para eventuais reediçõese para a inserção dos livros nos sitesda FEB e do CEI.

Já foi concluída a digitalizaçãode 20 livros doutrinários.

Projeto para inclusão dos livrosde Kardec, em Esperanto, nos sitesda FEB e do CEI

Já figuram nas páginas eletrô-nicas da FEB e do CEI, graças aotrabalho de inúmeros voluntários,

sob a coordenação do Dr. Luiz Fer-nando Vêncio, de Goiânia (GO), ecom o não menos valioso assessora-mento de Luis Hu Rivas, da SedeCentral em Brasília (DF), os seguin-tes livros, em formato “pdf ”, compermissão para download e impres-são:

La Libro de la Spiritoj (OLivro dos Espíritos); La Libro de la Mediumoj (OLivro dos Médiuns);La Evangelio la9 Spiritismo

(O Evangelho segundo o Espi-ritismo);Kio estas Spiritismo? (O que

é o Espiritismo)Já demos início à preparação

do arquivo “pdf” de La 0ielo kaj laInfero (O Céu e o Inferno), comvistas à sua inserção, igualmente pa-ra breve, nas páginas eletrônicas daFEB e do CEI.

Tradução para o Esperanto dolivro “Obras Póstumas”

Esse trabalho, a nosso cargo ex-clusivo, teve que ser provisoriamen-te interrompido quando já havía-mos atingido o primeiro terço, emvirtude do volume de outros ser-viços. Esperamos retomá-lo opor-tunamente.

Programação Espírita nos Con-gressos Universais de Esperanto

Essa atividade, que já se tor-

Departamento de Esperanto da FEB Atividades em curso

Affonso Soares

*O termo já figura no “Aurélio”: samideano.[Do Esperanto.] S. m. Adepto da mesma idéia.[Vocábulo com que os esperantistas se desig-nam entre si.]

A FEB E O ESPERANTO

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 30

Page 31: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 3129

nou tradicional desde o Congressoem Varsóvia (Centenário do Espe-ranto), em 1987, vem sendo feitaem associação com a SociedadeLorenz.

A FEB tem, como seu repre-sentante em tais eventos, nossocompanheiro Ismael de Miranda eSilva, que é assessor do ConselhoEspírita Internacional para o Espe-ranto, sendo a Sociedade Lorenzrepresentada por Robson Mattos.Ambos dividem os trabalhos de ex-posição doutrinária e transportamos livros que a FEB tem doado pa-ra distribuição entre os congressis-tas presentes às reuniões. Eventual-mente outros espíritas brasileiros,presentes nos Congressos, cola-boram para o bom êxito do pro-grama.

O programa para o evento doano passado, em Pequim, teve co-mo foco o conteúdo de La Genezo(A Gênese, em Esperanto), de queforam ofertados 50 exemplares aoscongressistas presentes na reunião.

DVD – “DE KARDEC AOSDIAS DE HOJE” – Legendas em Es-peranto

Este excelente material de in-formação sobre a vida do Codifica-dor, originalmente produzido emvideocassete, agora foi transforma-do em DVD, tendo recebido maté-rias extras e legendas em 8 idiomas,incluindo o Esperanto.

Outras atividadesContinuam em funcionamen-

to os cursos gratuitos do idioma, ogrupo de estudos doutrinários emEsperanto, o programa radiofônicoaos domingos na Rádio Rio de Ja-neiro e a divulgação através de Re-formador.

Homenagem a um pioneiro

Ismael Gomes Braga (1891-1969) guiou os primeiros de muitos espe-rantistas que hoje se destacam no cultivo do generoso ideal de uma lín-gua internacional neutra para a Humanidade. Um deles é o brilhante

poeta Geraldo Mattos, atual Presidente da Academia de Esperanto, o quallhe dedicou belíssimos sonetos como o que abaixo transcrevemos, apre-sentando-lhe a tradução em prosa:

Al I77mael

La Eternulo vin benu kaj protektuEn /iu horo de via plena tago,0ar vi nur volas en via tera vago,Ke al aliaj sin via pen’ direktu!

Aliaj viroj konkeru kaj kolektuLa vanan famon por singlorema blago:Vi multe helpas per altruisma ago,Ke la homaro feli/u kaj perfektu!

Kaj kiam venos – 1i venu tre malfrue! –La horo supre labori, substitueAl knedaj penoj de via karnodra7o,

Vi 1ojos, kara! La tuta vivo ofereAl idealo ri/igos vin supere,0ar vi rikoltos el via semita5o!

Para Ismael

Que o Eterno te abençoe e proteja, em todas as horas de tua jorna-da, pois um só é o teu desejo na viagem terrena: aplicar teus esforçosem favor dos outros.

Que outros homens conquistem e colham a fama inútil, em busca davazia vanglória: muito ajudas pela ação altruísta a fim de que a Humani-dade seja feliz e perfeita!

E quando vier – que venha bem tarde! – a hora de trabalhar mais aci-ma, abandonando os esforços das lutas na carne, então virá a alegria! A vi-da que ao ideal toda dedicaste te fará rico nas altas esferas, pois colherás oque semeaste!

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 31

Page 32: Reformador 2005_01

Avariação do potencial mediú-nico é infinitamente diversa.Desde a fraca sensibilidade

que caracteriza esse dom nas cria-turas em geral, até o exercício ple-no, apanágio dos que trazem man-datos e missões a desempenhar, to-da uma série de cambiantes exis-tem, que poderão ser ampliadas,desenvolvidas, sublimadas, ou se-pultadas em definitivo, sem pro-duzirem quaisquer efeitos úteis aoprogresso de seus portadores.

A mediunidade é, assim, recur-so do mais alto valor, oferecido aosEspíritos para aceleração do seuprogresso, já que os médiuns, prin-cipalmente aqueles que trazem ossintomas ostensivos dessa facul-dade, à exceção dos missionários,são almas endividadas com um pas-sado reencarnatório de erros, fra-quezas e até crimes.

A mediunidade, em seu aspec-to físico, caracteriza a capacidade depromover o intercâmbio entre osplanos físico e extrafísico da vida noPlaneta, funcionando como “ca-nal”, por onde fluem as mensagens,informações e expressões de todanatureza, entre os habitantes dosdois lados.

Geralmente, no programa reen-carnatório, este dom é preestabele-cido de comum acordo com o en-carnante, que neste caso se propõe

utilizá-lo de modo a fomentar suaevolução, promovendo com ele osocorro espiritual aos irmãos da re-taguarda, ainda presos à inferiori-dade e ao mal.

Assim como os benefícios queproporcionará ao seu portador,quando aplicada à causa da frater-nidade, poderá, também, transfor-mar-se em motivo de sofrimento,quando empregada para finalidadesmalévolas, escusas, ou de honesti-dade duvidosa.

Se o médium procurar esclare-cer-se através do estudo sistemáticodo Evangelho do Cristo, pondo emprática seus ensinamentos, os Es-píritos Superiores dele se aproxi-marão, para oferecer-lhe ajuda, ca-da vez mais ampla, tornando-o ummedianeiro feliz, por estar em pazcom a própria consciência. Quan-do, ao contrário, negligencia seuscompromissos de médium, assu-midos antes de reencarnar, sempautar sua vida pelos princípios demoral pregados por Jesus, dedican-do-se às tarefas malévolas, mercan-tilizando os dons que possui a sol-do da perseguição e da vingança,torna-se joguete da vontade de Es-píritos inferiores, perversos e zom-beteiros, que lhe imporão suas in-tenções doentias, tornando-o mé-dium atormentado.

O emprego do dom mediúni-co para o bem ou para o mal serásempre uma opção de cada um; as

conseqüências, no entanto, serãosempre inevitáveis, pois como ensi-na o Evangelho, “a semeadura élivre, mas a colheita é obrigatória”.

Para dominar com segurança amanifestação, fazendo prevalecera sua vontade sobre a do comuni-cante, o medianeiro deverá trazerseus atributos de moralidade emequilíbrio, e dar demonstrações ine-quívocas de intenção fraterna e cari-dosa no desempenho dessa facul-dade, até porque, ao exercitar osdons que possui, estará apurandosua sensibilidade, para oferecer àsfalanges de trabalhadores desencar-nados, que assistem e dirigem assessões de atendimento, ferramentaútil e adequada ao importante tra-balho de iluminação das consciên-cias em desalinho, trazidas ao so-corro espiritual.

Os médiuns relapsos com re-lação às suas faculdades fazem-seacompanhar de Espíritos embus-teiros, zombeteiros, desassisados eirresponsáveis, que trarão insta-bilidade, dúvida e insegurança aoseu desempenho, transformando--os em sensitivos não confiáveispara tarefas de vulto e de elevadoteor moral.

Vivemos o que criamos paranós; e colhemos o que plantamos ànossa volta! Mais do que os outros,o médium é um plantador e um se-meador: se planta urtigas, jamaiscolherá rosas!

32Reformador/Janeiro 2005

30

O livre exercício damediunidade

Mauro Paiva Fonseca

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 32

Page 33: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 3331

Abertura e Expediente

Na manhã do dia 18, feita aprece de abertura, o Presidente da

FEB e do CFN, Nestor João Masot-ti, saudou os presentes e referiu-se àimportância da reunião, que permi-tia aos seus participantes momentos

de reflexão e vivência da fraternida-de, assim como o intercâmbio deexperiências no trabalho federativodo Movimento Espírita brasileiro.Tomando como ponto de referên-cia o conceito de caridade segundoa questão 886 de O Livro dos Espí-ritos, ressaltou que, apesar de suaabrangência, na prática ela é consi-derada como ação a ser desenvolvi-da junto a pessoas fora de nossoscírculos de atividade, tornando-seimperativo, nas Casas Espíritas, oexercício da caridade interior, isto é,entre os companheiros de trabalhodoutrinário. Após tecer outras con-siderações sobre o assunto, concluiuque nos cabe vivenciar a caridadeentre nós, lembrando-nos de quefora da união não há solução. OEditorial desta edição, sob o títuloCaridade na Casa Espírita, baseia-senas palavras do Presidente ao CFN.

No Expediente, foi aprovadapor unanimidade a Ata da Reuniãode 2003, cuja Súmula consta daEdição Especial de Reformador, demaio/2004. >

CFN realiza a Reunião Ordinária de 2004

FEB – CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL

A Reunião Ordinária de 2004, do Conselho Federativo Na-cional da Federação Espírita Brasileira, ocorreu em Brasília,no período de 18 a 21 de novembro, com o comparecimento de26 Entidades Federativas, estando presentes, também, as qua-tro Entidades Especializadas de Âmbito Nacional – AssociaçãoBrasileira de Divulgadores do Espiritismo, Associação Brasilei-ra dos Magistrados Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritase Instituto de Cultura Espírita do Brasil.

O Presidente Nestor Masotti (falando ao CFN) ladeado por três Vice-Presidentes

Aspecto do Plenário (I)

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 33

Page 34: Reformador 2005_01

34 Reformador/Janeiro 200532

Ordem do Dia

Dos assuntosconstantes da Or-dem do Dia, des-tacamos, a seguir,os que nos parece-ram importantes,ficando o registrocompleto dos de-mais para a Edição Especial a serpublicada num dos próximos me-ses.

Bicentenário de Allan Kardec

A logomarca e o material gráfi-co preparados pela Comissão do Bi-centenário de Allan Kardec, apro-vados na Reunião do CFN de2003, foram adotados amplamenteno Brasil e no Exterior, como veí-culos de divulgação dos eventos quemarcaram os 200 anos do nasci-mento de Kardec.

Iniciadas na FEB, em Brasília,no dia 4 de janeiro de 2004, compalestra pública de Divaldo Perei-ra Franco, quando também se re-gistrou a passagem dos 120 anosda Casa de Ismael, as comemora-ções do Bicentenário estenderam--se a todos os Estados na promoçãode congressos, encontros, confe-rências públicas, intensa divulga-ção na imprensa, no rádio na tele-

visão, e através de outdoors, carta-zes e outros meios de comunica-ção, conforme relatos feitos pelosRepresentantes das Federativas eEntidades Especializadas no Plená-rio do CFN. Reformador e o bole-tim Brasil Espírita registraram emsuas páginas parte desses eventos.

Destacamos dois pontos, quemarcaram o relevo dado ao Bicen-tenário de Kardec: o lançamento,pela Empresa Brasileira de Correiose Telégrafos (ETC) do Selo come-morativo da efeméride, e o 4o Con-gresso Espírita Mundial, realizadoem Paris, de 2 a 5 de outubro, emque tudo girou em torno do Codi-ficador e das obras básicas da Dou-trina Espírita. (Veja-se Reformadorde novembro/04, p. 26-27 e 30--33.)

Atividade Federativa

Relato das Entidades que inte-gram o CFN: Todas as Entidades

apresentaram relatório escrito desuas atividades em 2004 e progra-mação para 2005, sendo que algu-mas mencionaram, no Plenário, assuas ações mais significativas.

Comissões Regionais: O Co-ordenador das Comissões Regionaisfez ligeiro comentário sobre os tra-balhos desenvolvidos nas reuniõesde 2004 das Comissões Regionaisdo Norte, Nordeste, Sul e Centro,que mais uma vez demonstraram ocrescimento qualitativo e quantita-tivo das atividades realizadas portodas as Federativas, com ênfase noapoio ao Centro Espírita; informouque a revista Reformador registrouas principais ocorrências dessas reu-niões nos meses de junho a setem-bro de 2004.

Os Secretários de cada Regiãoou seus substitutos fizeram umasíntese dos trabalhos desenvolvidosnas Reuniões dos Dirigentes.

Foram, também, relatadas, porseus coordenadores, as ações pra-

ticadas, em cada Região,pelas Áreas de AtividadeMediúnica; AtendimentoEspiritual no Centro Es-pírita; Comunicação So-cial Espírita; Estudo Sis-tematizado da DoutrinaEspírita; Infância e Juven-tude; e Serviço de Assis-tência e Promoção SocialEspírita.

Aspecto do Plenário (II)

Aspecto do Plenário (III)

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 34

Page 35: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 3533

Apoio Administrati-vo e Jurídico

As Assessoriasde Apoio Adminis-trativo e Jurídico àCasa Espírita expu-seram suas ativida-des com vistas a ofe-recer às Federativase, principalmente, ao Centro Espí-rita as orientações que atendam àssuas necessidades, destacando-se ocurso de Capacitação Administrati-va para Dirigentes de Casas Espíri-tas, transmitido a todas as Federati-vas, o qual, conforme avaliação nasComissões Regionais, alcançou, emvários Estados, os Centros Espíritasdas capitais e do interior.

A Assessoria Jurídica informouque oferece orientação sobre os as-suntos dessa área, fornece modelosde estatuto e outros subsídios àsInstituições Espíritas, transmitindoinformações através da Internet, nosite da FEB.

Atividade Editorial

Difusão do Livro: O Vice-Pre-sidente Ilcio Bianchi, que supervi-siona as atividades editorias da FEB,falou sobre o esforço para aprimo-

ramento da qualidade do livro,quanto à apresentação, e para umaeficaz política de vendas e marke-ting. O Presidente referiu-se ao tra-balho que se vem desenvolvendo nosentido de atender à publicação delivros espíritas em outras línguas,mormente os da Codificação e osmais importantes de Chico Xavier.

Reformador: O Editor de Re-formador reportou-se à linha edito-rial do periódico, que é a divulga-ção da Doutrina Espírita na purezade seus princípios, e o esforço paraque a revista esteja à disposição dosleitores no primeiro dia do mês aque se refere. Enfatizou que esse ór-gão centenário da FEB está a servi-ço do Espiritismo e do MovimentoEspírita.

Movimento Espírita Internacional

4o Congresso Espírita Mun-

dial: Deu-se notícia do significadodesse Congresso, de sua importâncianeste momento histórico da Hu-manidade, fato ressaltado nas men-sagens mediúnicas dos Espíritos LéonDenis, Gabriel Delanne, Bezerra deMenezes e Sylvino Canuto Abreu.Os principais aspectos do CEM fo-ram exibidos em datashow. (Ver asmatérias publicadas em Reformadorde novembro/04.)

Parte da Exposição Históricamontada na sede do Congresso foiexibida aos membros do CFN,destacando-se a reconstituição doambiente familiar de Kardec eAmélie Boudet, em trajes típicos desua época, e sete cartas inéditas doCodificador.

Conselho Espírita Internacio-nal: O Representante da FEB na10a Reunião Ordinária do CEI, rea-lizada em Paris, de 2 a 5 de outubrode 2004, com a representação de 18

dos 24 países que ointegram, relatou osprincipais assuntostratados nessa reu-nião, incluindo a re-eleição da ComissãoExecutiva, a admis-são como observa-dores, em suas reu-niões, de InstituiçõesEspíritas do Canadá,Equador, Cuba eHonduras, e a apro-

Aspecto do Plenário (IV)

Aspecto do Plenário (V)

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 35

Page 36: Reformador 2005_01

36 Reformador/Janeiro 200534

vação do Dia Mundial da ImprensaEspírita, a ser comemorado em 1o

de janeiro de cada ano, tendo emvista que Allan Kardec lançou a Re-vue Spirite em 1o de janeiro de1858. (Ver Reformador de dezem-bro/04, p. 39-41.)

Censo Espírita

O CFN aprovou a realizaçãodo Censo Espírita brasileiro, emsua Reunião de 2003. Todavia, emface das dificuldades no cumpri-mento do calendário estabelecido,o Censo foi aplicado, em caráterexperimental, no Estado do Rio deJaneiro, abrangendo 593 Institui-ções Espíritas que responderam osformulários (sendo 448 adesas àUSEERJ ou à FEERJ, e 145 nãoadesas), num total de 700 enti-dades.

Os dados apurados, exibidosem datashow, através de tabelas egráficos, indicaram uma popula-ção espírita – constituída por fre-qüentadores de Casas Espíritas –de 268.341 pessoas, divididas em237.583 adultos e 30.756 criançase adolescentes. O corpo de traba-lhadores que exercem funções per-manentes nas entidades recensea-das conta com 26.382 membros,sendo 9.674 homens (36,7%) e16.708 mulheres (63,3%), e re-

presenta um percentual de 9,8%do total da referida população es-pírita.

Foi deliberada a extensão doCenso, em 2005, aos Estados, de-vendo ser realizado pelas Federati-vas no mês de agosto.

Campanhas “Em Defesa daVida” e “Viver em Família”

O CFN decidiu reativar ascampanhas “Em Defesa da Vida” e“Viver em Família”. Ambas terãonovos slogans e material publicitá-rio, além de um cronograma deações. Todos os Estados foram con-vidados a contribuir com suges-tões, propostas, textos e produçãode material em áudio e vídeo. Acoordenação das duas campanhas,na Sede Central da FEB, terá afunção de receber as contribuições,organizá-las e apresentá-las às Fe-derativas e Instituições Especializa-das de Âmbito Nacional em umahome page interativa, a fim de quetodas as idéias sejam avaliadas pe-lo Movimento Espírita. O atualslogan da Campanha “Viver emFamília” é Família, aperte mais es-se laço. A Campanha “Em Defesada Vida” aborda temas como suicí-dio, aborto, eutanásia e pena demorte, sob o ponto de vista espí-rita.

Assuntos Gerais

Orientação ao Centro Espíri-ta: Diante das observações quantoà necessidade de atualização do tex-to do opúsculo Orientação ao Cen-tro Espírita, ficou estabelecido queos coordenadores das Áreas Especí-ficas das Comissões Regionais e osDirigentes das Federativas encami-nhem à Secretaria do CFN as suges-tões para as alterações no referidodocumento.

Próxima Reunião: Será realiza-da nos dias 11, 12 e 13 de novem-bro de 2005.

Participação especial

No período da Reunião doCFN, contamos com a presença eparticipação, em vários momentos,de José Raul Teixeira e DivaldoPereira Franco.

Raul Teixeira: Na noite de sex-ta-feira (dia 19), proferiu eloqüentepalestra no Salão de Conferênciasda FEB (Cenáculo). Na tarde de sá-bado, no Plenário do CFN, psico-grafou mensagem do Espírito Gui-lherme March.

Divaldo Franco: Falou aosmembros do CFN, ao final dostrabalhos de sábado, tecendo con-siderações sobre a importânciada união nas atividades federa-tivas junto ao Movimento Espí-rita e acerca da responsabilida-de das Instituições e dos traba-lhadores espíritas na divulgaçãoda Doutrina a todos os segmentosda sociedade. Na tarde de domin-go (dia 21) proferiu vibrante con-ferência evangélico-doutrináriano Teatro Pedro Calmon do Quar-tel General do Exército, em Bra-sília.

Aspecto do Plenário (VI)

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 36

Page 37: Reformador 2005_01

José Raul Teixeira falano Cenáculo, na noitede 19, para cerca de

1.000 pessoas

Reformador/Janeiro 2005 3735

Raul Teixeira na FEB

Aspecto da palestra de Divaldo Pereira Franco na tarde de domingo, dia 21 de novembro, para mais de 2.500 pessoas

Palestra de Divaldo Franco no Teatro Pedro Calmon

Presença de Raul e Divaldo em Brasília

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 37

Page 38: Reformador 2005_01

38Reformador/Janeiro 2005

36

Nosso objetivo, neste artigo, éprestar uma justa homena-gem a William Crookes, nas-

cido em 17 de junho de 1832 efalecido em 4 de abril de 1919, ho-norável cientista inglês com enor-mes contribuições em diversos cam-pos da Química e da Física, sendoparticularmente conhecido dos es-píritas, em geral, devido aos seus fa-mosos estudos, desenvolvidos nadécada de 1870, acerca dos fenô-menos espiritualistas, em especial,através de sessões de materializaçãocom os médiuns Daniel DunglasHome, Kate Fox e, posteriormente,Florence Cook, que trouxeram im-portantíssimas contribuições para aDoutrina dos Espíritos e, sobretu-do, para toda a Humanidade. Valecomentar que, quando Crookes ini-ciou estes estudos, não era adeptodo espiritualismo, mas, após confir-mar a sua veracidade, teve a cora-gem de se declarar publicamenteum espiritualista. É claro que estaatitude lhe trouxe enormes dissa-bores. Algumas críticas se dirigiramaos procedimentos metodológicos1

adotados durante suas investiga-ções, enquanto outras, ao própriocaráter e integridade do cientista.Houve até mesmo aqueles que, mal--intencionados, procurando ferir emalsinar, alegaram que o pesquisa-dor estaria encerrando sua carreira

científica. Para estes, a resposta deCrookes foi simplesmente conti-nuar suas pesquisas, impressionan-do a todos não somente pela quan-tidade de trabalhos apresentados,mas, sobretudo, pela sua qualidade;valendo um destaque especial parao conhecido tubo de raios catódi-cos.

Queremos aproveitar a oportu-nidade para alertar alguns amigosbem-intencionados que, procuran-do elogiar o douto pesquisador, ba-seiam-se em referências equivoca-das, e acabam provocando um des-serviço à causa que abraçam. Umadestas falsas afirmativas é dizer queele teria sido laureado com o Prê-mio Nobel.

Sérgio Aleixo2 disserta longa-mente acerca do conhecido trípliceaspecto do Espiritismo: científico,filosófico e religioso. Ora, esta jun-ção torna poderosa a Doutrina emseus fundamentos analíticos, possi-bilitando-nos inspecionar, de formacoerente e verdadeira, a realidadeque nos cerca. Não é à toa que,dentre todos os agrupamentos reli-giosos, o espírita é reconhecidamen-te o que mais lê e busca informar--se sobre o desenvolvimento daCiência. Por isso, cabe-nos a res-ponsabilidade maior de evitar apropagação de idéias equivocadas,ou malfundamentadas.

Léon Denis3 e Paul Gibier4

afirmam ser Crookes o descobridorda “matéria radiante”. Gibier vaimais além, comentando ser esta“matéria radiante” o “quarto estado

da matéria” quando, na verdade, oplasma, reconhecemos hoje, é oquarto estado da matéria. Mais deuma vez, temos escutado palestrasnas quais o orador, talvez tentandoembelezar o termo “matéria radian-te”, troca matéria por energia eenuncia ser Crookes o descobridorda “energia radiante”. Não conhe-cemos nenhum livro de Física quefaça menção a qualquer destes doistermos. Então, não tem sentido fa-zer-se, na atualidade, uma afirmaçãodestas. O termo “matéria radiante”foi sugerido por Crookes para de-signar um fenômeno novo, masnão foi aceito pela comunidadecientífica. Desta forma, repetimos,são aceitáveis as afirmativas de De-nis e Gibier, porque eles são con-temporâneos de Crookes e fizeramestas declarações quando esta teoriaainda estava sob avaliação. Mas,atualmente, é um descalabro falarsobre isso e, pior ainda, usar o ter-mo “energia radiante”, pois o calor,o som e a luz, por exemplo, sãoenergias que se irradiam. Assim,trata-se de um erro afirmar queCrookes tenha descoberto a “ener-gia radiante”.

É muito comum, nos meioscientíficos, o surgimento de algumateoria que é aceita em princípio, pa-ra depois ser descartada, após veri-ficar-se que ela está errada ou pornão se ajustar perfeitamente ao fe-nômeno que a teoria tenta des-crever. Um bom exemplo disso é oconceito de éter, que explicaremosa seguir.

William CrookesMarco Túlio Laucas

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 38

Page 39: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 3937

Da mesma maneira que o somnecessita de um meio material (co-mo o ar, a água etc.) para propagar--se, pensava-se, antigamente, que aluz necessitaria de um meio mate-rial para locomover-se. Assim, nafalta de algo, inventou-se o nome“éter” para designar o suposto meiomaterial através do qual a luz sepropagaria. Mesmo que ninguémtivesse conseguido observar o taléter, seu conceito persistiu por vá-rios séculos. No ano de 1887,Albert Michelson e Edward Morley,dois físicos desconhecidos, realiza-ram um experimento cujo objetivoera medir a variação da velocidadeda luz no sentido de translação daTerra e perpendicular a este movi-mento. Este experimento era apa-rentemente sem importância, pois,todos pensavam, naquela época,que a velocidade da luz seria dife-rente quando esta trafegasse emsentidos diferentes. Para espantodeles, bem como de todo o establi-shment, a velocidade da luz não va-riou. Hoje, sabemos que a velocida-de da luz é uma constante uni-versal, ou seja, por mais incrível quepossa parecer, não há como aumen-tar ou diminuir a velocidade da luzem um meio material específicoqualquer. A mesma coisa não se dá,por exemplo, com o som. Se umalocomotiva apitando se aproxima, osom é mais agudo do que quandoela está se afastando. No primeirocaso, a velocidade do som é maior(som mais agudo). No segundo ca-so, a velocidade do som é menor(som mais grave). Este experimen-to de 1887 acabou imortalizandoos autores e liquidando completa-mente com a hipótese da existênciado éter. Kardec refere-se ao éterem duas ocasiões 5,6: duas vezes em

1865, e novamente em 1868, porquatro vezes. Poder-se-ia pensar quehaveria algum engano na Codifica-ção? Obviamente que não, por pe-lo menos dois motivos. Primeiroque, naquela época, era nestes ter-mos que a Ciência se expressava.Além disso, Kardec mesmo afirmou

que se novas descobertas demons-trassem estar o Espiritismo erradoem algum ponto, ele se modificariapara adequar-se à Ciência. Em se-gundo lugar, é preciso saber separaro ponto de vista dos Espíritos do deKardec. Este fato pode ser bem ex-planado analisando-se André Luiz7,Espírito. Em 1959, já consciente deter Einstein sugerido o conceito decampo para substituir o conceito deéter, escrevendo da esfera extrafísi-ca, André Luiz, ao invés de “campoeinsteniano”, prefere usar FluidoCósmico ou Hálito Divino como omeio no qual o Universo se equili-bra. O mais curioso de tudo isso éque ainda encontramos, mormenteno meio espírita, o uso corrente doerrôneo conceito de éter. Isso é te-ma para outro artigo, pois este nãocomporta tal discussão.

William Crookes está longe deser um cientista comum. Permita--me o leitor amigo enaltecer este ex-poente da Ciência de forma conve-niente. Ele ocupou vários cargosimportantes como as presidênciasda British Association for the Ad-vancement of Science e da RoyalSociety of London. Editor do dou-to Quaterly Journal of Science, foiele o descobridor do elemento quí-mico Tálio. Crookes, na verdade,era uma figura eminente da socie-dade científica britânica, possuindouma parede repleta de honrariasprofissionais. Foi feito Cavaleiro em1897 e recebeu a Ordem do Méri-to em 1910. Tendo sido destacadomembro da Society for PsychicalResearch (Sociedade para a Pesqui-sa Psíquica), mais tarde tornou-sepresidente desta instituição que, va-le dizer, não era bem vista pela co-munidade científica, por motivosóbvios. Mas, sob sua influência,veio a participar dela um númeroverdadeiramente espantoso de proe-minentes cientistas de renome in-ternacional. Peço vênia por nos es-tendermos um pouco neste item,mas vale lembrar que Johann Zöll-ner, destacado físico alemão, profes-sor de Física e Astronomia na Uni-versidade de Leipzig, também mem-bro desta instituição, foi convertidoao espiritualismo por Crookes, em1875, quando o visitou em seu la-boratório. Ainda vale a pena citar osseguintes membros desta institui-ção: Wilhelm Weber (cujo nome“weber”, hoje, denomina a unida-de internacional de magnetismo),Lord Rayleigh, ganhador do Prê-mio Nobel de Física de 1904, e J. J.Thompson, ganhador do PrêmioNobel de Física de 1906. Somenteisto já seria o suficiente para nos

William Crookes

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 39

Page 40: Reformador 2005_01

40 Reformador/Janeiro 200538

vergarmos em reverência à estaturaintelectual deste homem ímpar en-tre os grandes. Porém, a histórianão pára por aí. O que realmente oimortalizou foi a invenção do tubode raios catódicos. Por uma questãode curiosidade, vamos explicar, ra-pidamente, o significado do tubode raios catódicos.

Imagine um filamento (talqual o filamento de uma lâmpada)percorrido por uma corrente elétri-ca. Chamemos este filamento decátodo. Imagine agora uma placametálica um pouco afastada do fi-lamento. Chamemos esta placa deânodo. Quando um filamento épercorrido por uma corrente elétri-ca, uma nuvem de elétrons circun-da este filamento. Se uma diferençade potencial (ddp) for criada entreeste filamento (ou cátodo) e umaplaca carregada positivamente (ouânodo), então esta nuvem eletrôni-ca será arrancada celeremente dasproximidades do cátodo em direçãoao ânodo. Quanto maior for a ddp,mais velozes serão os elétrons. Oque nosso Crookes construiu foi is-to, que é conhecido como tubo deraios catódicos. Colocou um fila-mento e uma grade dentro de umaampola de vidro e estabeleceu umaenorme ddp entre os dois compo-nentes, fazendo com que os elétronsfossem brutalmente arrancados dasproximidades do filamento. A ace-leração e a velocidade final dos taiselétrons era tanta que, quando elesse aproximavam da grade (que efe-tivamente era quem os atraía), amaior parte dos elétrons ultrapassa-va os buracos da grade, indo cho-car-se violentamente contra a pare-de de vidro da ampola. (Ver figura.)

Num tubo de raios catódicos,enquanto a corrente elétrica circu-

Esboço rudimentar de um tubo de raios catódicos.

Foto antiga

Esboço da foto

Esquema simplificado de um tubo de raios catódicos, onde F é o filamento detungstênio, C é o cátodo de um material alcalino, W é a grelha de Wehnelt, G,A1 e A2 são ânodos, X1, X2, Y1 e Y2 são os pratos defletoras do feixe de elétrons,e A3 é um revestimento condutor. Os pratos defletores direcionam o feixe deelétrons.

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 40

Page 41: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 2005 4139

lar pelo filamento, elétrons serãoemitidos pelo cátodo, atraídos peloânodo e virão a chocar-se contra ovidro. O interessante de tudo isso éque, no local onde os elétrons sechocam, cria-se um ponto lumino-so, cuja intensidade luminosa variacom o valor nominal da correnteno filamento. Se aumentarmos acorrente, mais elétrons serão libera-dos, por segundo, elevando a lumi-nosidade na parede de vidro. Já acor deste ponto luminoso é depen-dente da força de impacto dos elé-trons e, conseqüentemente, do va-lor da ddp. Assim, ao variarmos addp, notamos a mudança de cor noponto luminoso.

Há cerca de vinte anos, tive-mos a oportunidade de estudar es-te experimento e, apesar de alegrar-mo-nos ante o ponto luminoso efazê-lo movimentar-se sob a ação deum ímã, reconhecemos que, pordemais atentos à frieza dos cálculos,não demos ao fenômeno a devidaimportância. Somente agora, lem-brando de Crookes, emocionamo--nos ante este estrondoso espetácu-lo da mãe natureza. Neste momen-to, conseguimos aquilatar uma nes-ga da enorme alegria que deve ter seapossado dele. É bastante provávelque, sorrindo de alegria, Crookes ti-vesse dito: “Encontrei a matéria ra-diante.” Este fenômeno é real, commuitas e fundamentais aplicaçõespráticas, mas, não se trata de qual-quer matéria radiante.

Quanto ao termo “quarto esta-do da matéria”, proposto por Croo-kes para designar a “matéria radian-te”, tornou-se de uso corrente, mas,usado no plasma. Não foi Crookesquem encontrou o quarto estado damatéria, mas foi ele que inventou onome. Observe-se ainda que, em

1925, Albert Einstein fez uma pro-posição teórica que, se correta, re-dundaria em um novo estado damatéria e, há pouco menos de dezanos, esta hipótese einsteniana foitestada e confirmada em laborató-rio, sendo hoje designada como o“quinto estado da matéria”.

Possivelmente o maior prêmioque um cientista pode receber é ofamoso Prêmio Nobel. Alguns denós queremos engrandecer a Dou-trina Espírita afirmando ter sido elacorroborada por algum cientistalaureado com tal prêmio, mas, nofundo, o Espiritismo não necessitade nada disso. A verdade é que Wil-liam Crookes nunca foi laureadocom qualquer Prêmio Nobel. Nãopossuímos bastante conhecimentonesta área, mas parece-nos que onome de Crookes jamais tenha sidocogitado para o Nobel em qualquerépoca, isto, aliás, é uma enorme fal-ta de consideração para com umcientista desta envergadura. A re-tumbância do tubo de raios catódi-cos é tanta que o eminente físicoMichio Kaku, professor de FísicaTeórica do City College of NewYork University, apresentador dediversos programas no famoso ca-nal de televisão Discovery Channel,afirmou:5 “O tubo de raios catódi-cos de Crookes revolucionou a ciên-cia”; quem quer que assista à tele-visão, use um monitor de computa-dor, jogue um vídeo game, ou já tenha

se submetido a [um exame de]raiosX tem uma dívida para com a fa-mosa invenção de Crookes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1FERREIRA, J. M. H.; MARTINS, R. A.As investigações de William Crookes sobrefenômenos espiritualistas com médiuns e suaspesquisas sobre o efeito radiométrico na décadade 1870. p. 169-199. In: ALFONSO-GOLD-FARB, Ana Maria; BELTRAM, Maria HelenaRoxo (orgs). O laboratório, a oficina e o ateliê:a arte de fazer o artificial. SP: EDUC 2002(ISBN 85-283-0231-8). Arquivo copiado dabiblioteca eletrônica do Grupo de História eTeoria da Ciência www.ifi.unicamp.br/~ghtc/da Universidade Estadual de Campinas(UNICAMP).

2ALEIXO, S. A. O mais profundo religar: fun-damentos históricos e conceituais do espiritis-mo. 1. ed. SP: Lachâtre, 2003.

3DENIS, L. O Além e a Sobrevivência do Ser.5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987.

4GIBIER, P. O Espiritismo. 5. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2002.

5KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 33. ed.

Rio de Janaeiro: FEB, 1985.

6______. A Gênese. 36. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 1995.

7XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Wal-

do. Mecanismos da Mediunidade, ditado pelo

Espírito André Luiz. 10. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 1987, cap. III.

8KAKU, M. Hiperespaço. Uma odisséia cientí-fica através de universos paralelos, empena-mentos do tempo e a décima dimensão. 1. ed.RJ: Rocco, 2000.

Cadastro deAssinantes e Instituições EspíritaS

Atualizem seu cadastro a fim de receber Reformador com regularidade ([email protected]).

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 41

Page 42: Reformador 2005_01

Reformador/Janeiro 20054042

Amazonas: Eventos espíritasA Federação Espírita Amazonense, prosseguindo nascomemorações do Bicentenário de Kardec e do seuCentenário, promoveu os seguintes eventos: 1. Encon-tro com Jovens Espíritas, em 13 de novembro/04; dia14/11, pela manhã, Encontro com Evangelizadores deInfância e Juventude e, à tarde, Encontro de Trabalha-dores e Dirigentes. Coordenaram esses Encontros asexpositoras Sandra Borba (RN) e Tereza Cristina Lei-te (DIJ/FEB). 2. Palestras públicas de Divaldo PereiraFranco, em 26 e 27 de dezembro/04, no auditório daUniversidade Nilton Luz, ocasião em que foi lançadoo selo do Bicentenário de Nascimento de Kardec e oexemplar único da revista O Bicentenário. Houve,também, um encontro de Divaldo com trabalhadoresdo Movimento Espírita amazonense.

Pernambuco: FEP comemora CentenárioEm comemoração ao seu centenário de fundação, aFederação Espírita Pernambucana realizou, em de-zembro de 2004, as seguintes atividades: 1. MostraEspírita, nos dias 3, 4 e 5, com o tema Mediunida-de da Antiguidade à Época Atual, no Centro deConvenções de Pernambuco; 2. Solenidade come-morativa do Centenário, no dia 8/12, com palestrade Nestor João Masotti, Presidente da FEB; 3. Con-ferência de Divaldo Pereira Franco, dia 15, às 20 ho-ras, no Centro de Esportes Geraldo Magalhães. Noperíodo de 8 a 15/12, ocorreram, diariamente, pa-lestras comemorativas nas diversas Áreas Federa-tivas.

Exposições sobre KardecAlém da exposição histórica dos 200 anos de AllanKardec, no 4o Congresso Espírita Mundial, de Paris,duas outras estão ocorrendo na Europa: em Lyon,França, a exposição Lyon, coração do Espiritismo.Allan Kardec e os espíritas lioneses, de 15 de outubrode 2004 a 15 de janeiro de 2005, no saguão do4o andar da Biblioteca Municipal de Lyon(www.bm.lyon.fr); em Yverdon, Suíça, 200 anos doeducador Johann Heinrich Pestalozzi, no Castelo deYverdon, de 17 de setembro de 2004 a 15 de janeirode 2005 (www.centrepestalozzi.ch).

Mato Grosso: FEEMT – Calendário de AtividadesA Federação Espírita do Estado de Mato Grosso ela-borou seu Calendário de Eventos Estaduais e Regio-nais para 2005, dos quais destacamos os de âmbitoestadual: de 5 a 8 de fevereiro – VI CONJEMAT(Confraternização de Juventudes Espíritas de MatoGrosso); de 21 a 24 de abril – 3o Congresso Espíritado Estado de Mato Grosso (em Cuiabá); de 16 a 17de julho – Encontro Estadual de Trabalhadores eCoordenadores do SAPSE; de 10 a 11 de setembro –Encontro Estadual de Evangelizadores da Infância eJuventude.

Porto Alegre (RS): Divaldo na Feira do LivroPromovida pela Câmara Riograndense do Livro, rea-lizou-se na Capital gaúcha, de 29 de outubro a 15 denovembro de 2004, a Feira do Livro de Porto Alegre– considerada a maior feira de livros ao ar livre daAmérica do Sul –, da qual a Federação Espírita do RioGrande do Sul participou com uma das mais movi-mentadas bancas. Divaldo Pereira Franco, especial-mente convidado pela patrocinadora, participou desessão de autógrafos e fez conferência no dia 7 de no-vembro no Cine Imperial. Proferiram palestras, tam-bém, na programação da Feira, Marcel Souto Maior(RJ) e Moacir Costa de Araújo Lima (RS).

Bahia: Atividades FederativasA Federação Espírita do Estado da Bahia promoveu,no período de 5 a 7 de novembro de 2004, o Encon-tro Estadual de Espiritismo, no Centro de Conven-ções de Salvador, com o tema A Contribuição Espíri-ta no Século XXI. O evento comemorou o Bicen-tenário de Allan Kardec e os 140 anos de O Evange-lho segundo o Espiritismo, contando com 1.052 par-ticipantes, 70 cidades representadas e 4 Estados pre-sentes. Durante o Encontro foi instalado, na manhãdo dia 7, o Conselho Federativo Estadual, com a fina-lidade de apontar novos rumos para o Movimento Es-pírita baiano. Participaram 45 Casas Espíritas.

Como atividade regional, registramos a realiza-ção da XXXII Semana Espírita de Alagoinhas, de 29de novembro a 5 de dezembro/04, com o tema Edu-cação para a plenitude do ser.

SEARA ESPÍRITA

Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 42

Page 43: Reformador 2005_01
Page 44: Reformador 2005_01