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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 123 / Outubro, 2005 / No 2.119

Fundada em 21 de janeiro de 1883

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Capa: Luis Hu Rivas

Tema da Capa: REFORMA MORAL. Está na basede todas as demais reformas do ser humano econstruirá uma paz duradoura para a Humanidade.

EDITORIAL 4Reforma Moral

ENTREVISTA: NESTOR JOÃO MASOTTI 11A Doutrina Espírita a serviço da Humanidade

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 14O Espiritismo no Brasil – Humberto de Campos

ESFLORANDO O EVANGELHO 21O cego de Jericó – Emmanuel

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 25Biografia de Allan Kardec – Armand Greslez

A FEB E O ESPERANTO 26Mensagem aos Esperantistas – Danilo Carvalho VillelaEspiritismo na Lituânia, via Esperanto – 27Ismael de Miranda e Silva

REFORMADOR DE ONTEM 30O aborto e a psicologia fetal – Núbor Orlando Facure

SEARA ESPÍRITA 42

Fidelidade à Doutrina – Juvanir Borges de Souza 5Mortos Amados – Emmanuel 8Vidas frágeis – Joanna de Ângelis 9A excelência do bem – Mário Frigéri 10Memorandos – André Luiz 12Engrossar o fio – Richard Simonetti 13Desencarnação – Olegário Mariano 15Doação de órgãos para transplante – Jorge Hessen 16Allan Kardec e o trabalho em equipe – Cezar Braga Said 19Ainda o Bicentenário de Allan Kardec – 22

Ney da Silva PinheiroFalar com amor – Aylton Paiva 28Renascer e remorrer – Lins de Vasconcellos 31O amor cobre a multidão de pecados – 32

Antônio Carmo RubatinoAgora – Emmanuel 33Caminhos da indução mental – Orson Peter Carrara e 34

Américo SucenaOs passeios da luz – Paulo Nunes Batista 35Espiritismo: Ciência, Filosofia e Religião – 36

Marcus Vinícius PintoNova Clarinada – Djalma Montenegro de Farias 37A cura do cego de nascença – Severino Barbosa 38Dentro da própria casa – Hilário Silva 39 Espiritismo – 148 anos – André Luís Anciães dos Santos 40O Espiritismo e a Moral do Cristo – Allan Kardec 41

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Na questão 895 de O Livro dos Espíritos, no capítulo que trata da Perfeição Moral, Allan Kardecindaga: “Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual osinal mais característico da imperfeição?” Ao que os Espíritos Superiores respondem: “O interesse

pessoal. (...) O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais seaferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, aocontrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”

Dependendo do ponto de vista que tem a respeito da própria vida, o homem pode tomar atitudesdiversas: se tem dúvidas com relação à sua condição de Espírito imortal, que continuará a existir e a pro-gredir depois da morte do corpo físico, ele se apega aos valores materiais, que são temporários; se, ao con-trário, está convicto da sua imortalidade, ele administrará os bens materiais como quem está com a res-ponsabilidade de cuidar de algo por tempo determinado, findo o qual deixará na matéria o que é damatéria, prestando contas da sua administração, e conquistando valores espirituais, estes sim permanentes,que decorrem do respeito e do amor ao próximo que pratica.

O excessivo apego às coisas materiais leva o homem ao cultivo do orgulho e do egoísmo e, por con-seqüência, a toda desagregação social que ambos provocam. E quando isto ocorre, esse homem busca, in-quieto, soluções as mais diversas, apelando para reformas sociais, reformas econômicas ou reformas políti-cas, muito válidas, sem dúvida, mas que por si não são suficientes para eliminar suas angústias.

Uma única reforma, se faz necessária, que está na base de todas as demais: é a reforma moral do serhumano, a qual consiste em substituir o orgulho pela humildade e o egoísmo pela fraternidade. Esta re-forma será sempre mais consistente quanto mais convicto estiver o ser humano de sua imortalidade.

Com esta transformação moral constrói-se uma paz duradoura para toda a Humanidade, evita-se aguerra entre seres e nações, elimina-se a miséria e a ignorância no mundo e distribuem-se com equa-nimidade os valores econômicos entre todos os seus habitantes. Isto porque não se pode pretender umasociedade justa constituída por seres injustos, nem, tampouco, uma sociedade fraterna e solidária cons-tituída por seres violentos.

Analisando as conseqüências decorrentes da convicção que a Doutrina Espírita nos traz – de que so-mos Espíritos imortais em constante processo de evolução; já existíamos antes de nascer e vamos conti-nuar a existir depois da morte do corpo físico; temos um claro objetivo a alcançar que é o nosso apri-moramento intelectual e moral, como Espírito encarnado ou desencarnado –, Allan Kardec não tevedúvidas em afirmar: “O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de ca-ridade, na sua maior pureza.” (O Livro dos Espíritos, q. 918; O Evangelho segundo o Espiritismo,cap. XVII, item 3.)

E Jesus, depois de nos alertar para não andarmos muito cuidadosos com as coisas da matéria, já nosensinava no seu Evangelho: “Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça e todas essas coisasvos serão dadas de acréscimo.” (Mateus, 6:33.)

EditorialReforma Moral

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Oque caracteriza o homem, ha-bitante da Terra há milhõesde anos, é a inteligência de

que é dotado. Essa inteligênciacomplementa-se com a vontade ecom a liberdade para pensar e agir.

Mas o ser humano, com suainteligência e atributos tem umacausa, uma geratriz, um Criador,que está fora de si mesmo.

Essa causa primeira, a Inteli-gência Suprema, nos ensinos da Es-piritualidade Superior, é o Criadornão somente do homem, mas detudo que existe em todo o Universo.

Esses ensinos sintéticos, que seencontram na obra básica do Espi-ritismo, foram complementadospor outros para que o homem pu-desse formar idéia de si mesmo, desua origem e de seu destino, domundo em que vive e do Universoinfinito.

As noções que a Doutrina dosEspíritos oferece do Criador e dacriação – Deus, espírito e matéria –facilitam a compreensão de tudo oque existe, máxime quando essesconhecimentos básicos são comple-mentados pela revelação das leis di-vinas estabelecidas para o funciona-mento de tudo o que foi criado.

Pelas leis naturais, ou divinas,pode a Humanidade hoje perceberque a Inteligência Suprema não só

criou os dois elementos – espírito ematéria – mas regulou o funciona-mento de toda a criação dentro deuma harmonia total, universal.

Matéria e espírito estão ligadosde tal forma que, regidos por leisperfeitas e imutáveis, podemos, ho-je, perceber o sentido da vida naTerra e em outros mundos, numarealidade que se contrapõe ao que asreligiões e as escolas filosóficas dopassado e do presente têm ensinado.

A Nova Revelação desvenda,assim, os grandes mistérios do pas-sado, com os quais se depararamtanto o homem primitivo das ca-vernas quanto os sistemas filosófi-cos e religiosos de todas as épocas.

Deus é a causa primária, é oCriador Divino de tudo que existe,mas é também o Legislador que es-tabeleceu as leis eternas para o fun-cionamento de toda a sua criação,nos domínios da Natureza e daVida.

A sabedoria dos Espíritos Reve-ladores procurou não definir Deus,o Criador, para evitar erros e limita-ções ao Ser perfeito e infinito. A lin-guagem e a inteligência humanas, li-mitadas, não têm condições de de-finir o que é infinito e ilimitado.

São muito importantes para aHumanidade as Revelações da Es-piritualidade Superior formuladasna Codificação Espírita, sob todosos seus aspectos.

Mas, no que concerne às no-ções sobre Deus, o Criador e oUniverso, as Revelações assumem

excepcional importância, pela di-versidade de concepções reinantesnas religiões, nas filosofias e nasciências, mostrando que Deus nãopode ser confundido com sua cria-ção, como no panteísmo oriental;nem é um Deus antropomorfo, co-mo nas concepções religiosas doOcidente; ou não existe, para o ma-terialismo multifário e o ateísmodominantes em determinadas ciên-cias e filosofias.

As condições de vida na Terraforam elaboradas de forma tal queo homem, dispondo de livre-arbí-trio, outorgado por seu Criador,chegou às mais variadas conclusõesa respeito de si mesmo e de seuDeus, no decorrer dos milênios.

Entretanto, em determinadomomento da vida planetária, quan-do a Humanidade já alcançara con-siderável progresso em conheci-mentos científicos sobre a matériae modificara muitos aspectos da or-ganização social, essa evolução al-cançada contrastava com suas con-cepções sobre seu Criador e sobreas leis divinas que regem tudo noUniverso.

É nesse momento histórico daHumanidade, em pleno século XIXda Era Cristã, que a MisericórdiaDivina, representada pelo Governa-dor Espiritual do Orbe, o Cristo deDeus, vem em socorro dos habitan-tes deste Planeta, trazendo-lhes osesclarecimentos que se transforma-ram em luzes iluminando causas eefeitos não percebidos até então. >

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Fidelidade à DoutrinaJuvanir Borges de Souza

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A Revelação Espírita vem emsocorro de todos os que já se encon-tram em condições de entender oPoder, a Bondade e a Misericórdiade Deus, suas múltiplas formas demanifestação por todo o Universo,inclusive em nosso mundo de ex-piações e provas.

Essa revelação, como todas asanteriores, está à disposição daque-les que estão em busca de conheci-mentos reais, em demanda da coe-rência e da verdade.

Entretanto, as novas revelaçõesnão obrigam nem constrangem osnegadores ou os céticos a aceitá-las.

Elas representam a solidarieda-de, o amor e a bondade do Alto aosque já fazem jus à ajuda e à com-preensão.

O Espiritismo não se apresen-ta à Humanidade como uma impo-sição do Superior ao Inferior. Bus-ca, sim, abrir a mente humana aoconhecimento geral sobre a vida,sobre tudo o que existe, suas causase manifestações.

Seus postulados básicos não sóexplicam e aclaram os grandes pro-blemas defrontados pelo homemcomo auxiliam o pensamento aevoluir sempre, não se detendo emcolocações dogmáticas que cer-ceiam futuros desdobramentos darealidade e da verdade.

É o que ocorreu, após a Codi-ficação formulada pelo missionárioAllan Kardec, através de vasta lite-ratura, mediúnica ou não, que seocupou em desdobrar conceitos,definições e verdades reveladas nasobras básicas, sem lhes alterar aessência, mostrando-nos a conti-nuação da vida nos mundos e esfe-ras espirituais, o funcionamentoperfeito das leis divinas, nas maisdiferentes situações, e a confirma-

ção da insuperável Mensagem doCristo, sem as distorções interpre-tativas das diversas seitas denomi-nadas cristãs.

Além da segurança que a Dou-trina Consoladora e Esclarecedoraproporciona ao pensamento lógi-co e racional de seus seguidoressinceros, a própria Doutrina assegu-ra que qualquer ponto mal enten-dido ou equivocado que as ciênciase o progresso geral comprovem co-mo tal, ela aceita a verdade com-provada ou o fato novo, antes des-conhecido, já que seu compromissoé com a realidade, e esta não lheafeta a estrutura essencial.

Em decorrência desse princí-pio, o espírita não teme o progres-so das ciências, nem se preocupacom o confronto dos princípios desua Doutrina com os ensinos deoutras filosofias e religiões.

A certeza da continuação da vi-da, após a morte do corpo físico, ocontato com as realidades transcen-dentes, a percepção de um Deus

justo e misericordioso, o conheci-mento e a comprovação das vidassucessivas e a demonstração da pre-sença permanente das leis divinasna Natureza, nos seus diversos rei-nos e em todos os bilhões de mun-dos do Universo, dão ao seguidorda Doutrina Espírita uma percep-ção diferente da vida na Terra, dian-te das vicissitudes e do futuro, in-duzindo-o a não se apegar às coisastransitórias do mundo e a valorizartudo que diz respeito ao ser imortalque ele é – o Espírito.

Dilatando a importância da vi-da, a Doutrina auxilia seu adepto aaceitar os fatos afligentes e as cir-cunstâncias dolorosas, com confian-ça e resignação. Sabendo que a mor-te só atinge o corpo, aceita com na-turalidade o próprio decesso e o da-queles que o precederam, certo deque o reencontro é questão de tempo.

Essas e outras motivações, reaise não ilusórias, influem poderosa-mente no crescimento espiritual ena renovação moral do ser, dando--lhe uma outra dimensão da vida,em cuja realidade se encontra imer-so, para sempre.

Por isso, considerando que a leido progresso e da evolução, comonorma divina, renova toda a cria-ção, inclusive o mundo ainda atra-sado em que vivemos, é lícito quese espere a regeneração deste orbe,com o predomínio dos ensinos doCristo, em espírito e verdade, e doConsolador por Ele enviado, propi-ciando a substituição da mentalida-de atual, oriunda de um passado deerros, por outra, calcada na realida-de e na Verdade.

...

Desde a Antigüidade clássica,

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Dilatando a

importância da vida,

a Doutrina auxilia

seu adepto a aceitar

os fatos afligentes

e as circunstâncias

dolorosas, com

confiança e

resignação

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na qual os gregos predominaramcom suas filosofias na civilizaçãoocidental, o campo dos conheci-mentos encontra-se dividido emduas partes: numa prevalece o pen-samento materialista, presente emdiversas correntes filosóficas; na ou-tra, o pensamento espiritualista em-basa as religiões.

Filosofias e religiões tradicio-nais não conseguiram solucionar sa-tisfatoriamente todos os problemashumanos.

A Doutrina dos Espíritos, com-preendendo aspectos filosóficos,científicos, morais, religiosos, edu-cacionais e sociais veio, no momen-to certo, aclarar os problemas e dar--lhes soluções corretas, com a reve-lação de realidades desconhecidase aproveitamento de verdades anti-gas, como a doutrina da reencarna-ção, ou das vidas sucessivas, conhe-cida há milênios no Oriente.

A Codificação Espírita foi edi-ficada em sólidas bases, sob os aus-pícios da Espiritualidade Superior.

Tão firmes são seus fundamen-tos que, apesar do enorme avançodos conhecimentos científicos nasegunda metade do século XIX e noséculo XX, não houve necessidadede ajustar a Doutrina Espírita aquaisquer verdades ou descobertasnovas.

Os espíritas estudiosos sabemque muitos dos ensinos doutriná-rios constituem-se em antevisões derealidades que só futuramente serãoreconhecidas pelos diversos depar-tamentos científicos a que se dedi-ca o homem.

Isto não significa que o Espiri-tismo seja obra pronta e acabada.Os próprios Espíritos Instrutores eo Codificador caracterizaram-nocomo doutrina evolucionista, no sen-

tido de agregar sempre as novas ver-dades descobertas e comprovadas.

Se há um terreno em que a leide evolução opera com toda nitidez,este é o das revelações sucessivas.

E o Espiritismo é precisamen-te a última fase das ManifestaçõesEspirituais Superiores junto à Hu-manidade. Se há uma sucessividadede revelações do Alto, fácil será de-duzir-se sua continuação no futuro.

As Revelações são suprimentos,proporcionados pela Espiritualida-de Superior aos homens, a povos,raças e civilizações, para que possamperceber determinadas verdadestranscendentes, as quais permane-ceriam ocultas sem a intervenção

superior, pela incapacidade de per-cepção humana em determinadasfases evolutivas.

A iniciativa das Revelações par-te do Alto, em função das necessi-dades humanas. Entretanto, nemtodos os homens estão aptos a rece-bê-las e aceitá-las de imediato.

Muitos se opõem a elas, pornão compreendê-las devidamente,ou por contrariarem elas seus inte-resses imediatos.

Isto ocorreu com a Mensagemde Jesus, inovadora e retificadora demuitas coisas assentes, trazida pes-soalmente pelo Mestre Incompa-rável.

Com a Nova Revelação ocor-reria o mesmo. São muitas as oposi-ções, umas frutos da ignorância espi-ritual, outras resultantes de interessescontrariados e de preconceitos.

Entretanto, o que não se justi-fica são os desvios do pensamentoespírita, da sua moral fundamenta-da totalmente nos ensinos moraisdo Cristo.

Tornam-se necessários um cui-dado permanente, uma vigilânciaconstante para que não se desvir-tuem os princípios espíritas.

Esse é um compromisso sériode todo espírita sincero e digno daDoutrina que abraçou.

Arvorados em “espíritos fortese independentes”, certas criaturas,dos dois planos da vida, imbuídasde personalismo excessivo, primampor estabelecer no Movimento Es-pírita a confusão, com a negação devalores consagrados, alardeando-seem árbitros do que está além eacima de seu entendimento. Falta--lhes autocrítica, apesar de conver-terem-se em críticos do Cristo, dosEvangelhos, dos Espíritos Instruto-res, dos médiuns.

Questões de ordem secundáriasão por esses críticos transformadasem pontos capitais, como se fossemeles os reconstrutores da Doutrina.

Eis alguns exemplos das ques-tões levantadas, sem a menor proce-dência, denotando desconhecimen-to e inconseqüência, resultantes doorgulho, da vaidade e do personalis-mo exagerado: “Kardec está supera-do”; “a Doutrina precisa ser atuali-zada”; “a moral espírita é indepen-dente da moral cristã”; debates e crí-ticas sobre questões perfeitamentedefinidas no contexto doutrinário;preocupações com aspectos sociais epolíticos, sem o necessário embasa-

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A iniciativa das

Revelações parte do

Alto, em função das

necessidades

humanas

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mento na Doutrina; preocupaçãocom a criação de termos novos, co-mo se a adjetivação, só por si, mo-dificasse a substância das coisas;confusão entre liberdade responsá-vel, reconhecida pela Doutrina Es-pírita, com licença ampla para se di-zer e fazer o que bem se entenda.

Essas referências, meramenteexemplificativas, dão idéia do queocorre de negativo no MovimentoEspírita, conseqüência do posicio-namento individualista, no qual fal-ta sempre a humildade, virtude cris-tã e espírita que se contrapõe aoorgulho e à vaidade.

Na vivência e na divulgação daDoutrina Espírita, o que se requer,antes de tudo, é a fidelidade aos seusprincípios.

Esquecem-se certos divulgado-res de que sua liberdade encontra li-mites naturais na própria Doutrina,que não pode e não deve ser muti-lada em seus princípios.

Vivenciar e divulgar a Doutrinados Espíritos requer, antes de tudo,seu conhecimento e fidelidade a ela.

O divulgador espírita não po-de ser, ao mesmo tempo, crítico ouinconformado com princípios cor-retos da Doutrina.

A Codificação e os Evangelhossão valores assentes, interpretadospela Espiritualidade Superior emauxílio aos homens. Nós, espíritasde hoje e do amanhã, somos seusaprendizes, em demanda do cami-nho certo referido pelo Cristo, enão reconstrutores desse caminho.

Para compreender a grandeza ea beleza das Revelações EspíritasSuperiores torna-se necessário evi-tar o preconceito, o personalismo ea precipitação, vícios humanos co-muns que prejudicam e impedem oconhecimento da verdade.

8 Reformador/Outubro 2005366

Mortos AmadosNa Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a

visitação da morte sentimo-nos como se nos arrancassem o coração paraque se faça alvejado fora do peito.

Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavrasque emudeceram.

E bastas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo é um veiode lágrimas estanques, sem recursos de evasão pelas fontes dos olhos.

...Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o suplício dos

que vagueiam entre as paredes do lar ou se imobilizam no espaço exíguode um túmulo, indagando porquê...

...Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, se o vazio te

atormenta o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, de-sejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis que te antecederamna Vida Maior.

Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as expe-riências no Plano Físico, não por pessoa que desapareceu para sempree sim à feição de criatura invisível mas não de todo ausente.

Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras quemarcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam.

Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças que consigasenfileirar e busca tranqüilizá-los com o apoio de tua conformidade e deteu amor.

Se te deixas vencer pela angústia, ao recorda-lhes a imagem, sem-pre que se vejam em sintonia mental contigo, ei-los que suportamangústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições so-bretaxadas com as tuas.

...Compadece-te dos entes amados que te precederam na romagem

da Grande Renovação.Chora, quando não possas evitar o pranto que se te derrama da

alma; no entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas embênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ou-vem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo parao reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura doamor sem adeus.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C.; PIRES, José Herculano. Na Era do Espírito. Espíri-tos Diversos. 1. ed. São Bernardo do Campo (SP): GEEM, 1972, p. 80-81.

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Oindivíduo fátuo e orgulhosoque exterioriza poder, fazen-do-se temerário, quase detes-

tável, é uma vida frágil, coberta dedisfarces para ocultar os tormentosíntimos que o afligem e o descon-certam.

A pessoa prepotente que passaem triunfo, no carro da ilusão, in-vejada e antipatizada pelos seus co-rifeus, é uma vida frágil que temeo confronto com a própria cons-ciência.

O déspota que tripudia sobreas massas, cercado de sicários àssuas ordens, que ceifam existênciasconsideradas perturbadoras comfrieza incomum, é uma vida frágilincapaz de enfrentar os conflitos eaflições, que procura esconder soba máscara da perversidade.

O histrião que diverte os ou-tros, achincalhando tudo e todos,como se estivesse acima da lei e daverdade, é uma vida frágil que nãosuporta a autoconvivência nem sepermite uma auto-análise, ame-drontado em si mesmo.

O triunfador que sobe ao pó-dio sorrindo e parece um argonau-ta recém-descido do Olimpo, éuma vida frágil que a insegurançainterna consome lentamente, emface da competição de outros quelhe sorriem e desejam derrubá-lo.

A pessoa bela e exaltada pelosseus dotes físicos, é uma vida frágilque o tempo irá vergastar, impon-

do-se desde hoje como ameaça tor-mentosa, gerando fantasmas que aafligem.

O indivíduo que te parece fe-liz, sem problemas nem preocupa-ções financeiras ou afetivas, sociaisou políticas, apenas parece, sendouma vida frágil que sofre solidão in-terior, não obstante cercado pelabajulação e recebendo os aplausosda mentira dos seus admiradores deocasião.

O exibicionista que provocasentimentos contraditórios nos ou-tros, graças às façanhas que apregoae à situação extravagante que des-fruta, é uma vida frágil que se ocul-ta na pompa e na insensatez, porincapacidade de viver com real ale-gria.

Quase todos eles, os ditos ven-turosos do mundo, não passam devidas frágeis que temem a dor, aprovação e os testemunhos, viven-do anestesiados pelos vapores da va-cuidade.

Ainda não foram testados, nãoexperimentaram revezes, não co-nheceram os acicates da realidadeevolutiva e estão equivocados.

Evitam pensar, temendo o en-contro com a verdade e receando asnotícias da imortalidade, porque seencontram despreparados para essarealidade.

Também amam, a seu modo, enão são correspondidos.

Choram ocultamente e nãopermitem ser consolados, porque sesentiriam humilhados.

Experimentam medos e angús-

tias como qualquer outra pessoa,embriagando-se no prazer com queprocuram esquecer a própria fragi-lidade.

Gostariam de ser autênticos,simples e afetuosos, porque se sen-tem emocionalmente frágeis, nãotendo coragem de firmar-se na pazinterior e no comportamento tran-qüilo.

Vivem uns entediados, outrosirritados, mais outros revoltados,sem interesse real pela existência,que levam de maneira conveniente.

Possuem muitas quinquilha-rias, mas não são eles mesmos.

Habituaram-se à indumentáriaque vestem e, por isso mesmo, nãosuportam o contato com a vidareal.

Não os invejes, pois que os nãoconheces!

...

A piedade é um impositivo es-pecial para ser insculpido na condu-ta humana, a fim de propiciar com-preensão em torno dos fenômenosexistenciais, complexos e perturba-dores.

Diante, portanto, dessas vidasfrágeis, apiada-te da ilusão em quejornadeiam, buscando, porém, emtua convicção espiritual robustecer--te, para bem enfrentares os desafiose provocações da estrada iluminativa.

A Terra é uma Escola de bên-çãos, onde a dor ensina desenvolvi-mento espiritual e proporciona as-censão no rumo da plenitude.

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Vidas frágeis

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Ninguém há que passe pela ex-periência física sem a contribuiçãodos sofrimentos lapidadores dasarestas morais.

Todos que transitam no mun-do carregam feridas desconhecidas,algumas cicatrizadas, outras não,ensejando retificações e proporcio-nando corrigendas em relação aosatos equivocados.

As vidas fortes são aquelas quese inspiram no Amor e fruem onéctar da bondade que sabem es-parzir.

Muitas vezes, sob chuvas deácido e de fel, jornadeiam irradian-do sol de alegria e favorecendo comsementeira de bondade, de formaque aqueles que venham depois en-contrem o caminho preparado e re-verdecido pela esperança.

Para esse fortalecimento se tor-na indispensável a conquista daspaisagens internas através do co-nhecimento espiritual e a práticadas lições do Evangelho de Jesus.

O mundo da forma é tambémo do engano, da exteriorização, nun-ca o da realidade.

Por isso mesmo, muitos indiví-duos, que são considerados fortes,tombam em plena batalha, quandosacudidos pelos fenômenos evoluti-vos que trazem a marca do sofri-mento e da aflição. Não estão pre-parados para a viagem solitária enoturna, desde que se acostumaramaos fogos de artifício dos enganos.

Defrontados pelos convites àpaciência, à compaixão, à miseri-córdia, descobrem-se desestrutura-dos e fogem de maneira infeliz pa-ra lugar nenhum...

Acostumaram-se a mascarar-see a iludir-se, não possuindo auto-confiança moral, desde que tudoquanto conseguiram foi a peso de

ouro e de bajulação, de trocas per-niciosas...

Merecem, todas vidas, a me-lhor ternura e o melhor entendi-mento, de modo que lhes sejam fa-cultados a oportunidade de crescere o serviço libertador.

...

Recorda-te, entretanto, de Je-sus que, aparentemente fraco anteas injunções da perversidade dosSeus dias, muito semelhantes a es-

tes, entregou-se à crucificação, for-te e perene, demonstrando a todosa grandeza da Sua resistência, gra-ças ao amor de que é possuidor.

Assim, não temas nunca essasvidas frágeis, disfarçadas como po-derosas.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-do P. Franco, na noite de 22 de junho de2005, na reunião mediúnica do CentroEspírita Caminho da Redenção, em Sal-vador, Bahia.)

10 Reformador/Outubro 2005368

A excelência do bemMário Frigéri

“Ouviste que o salário da bondade é sempre a ingratidão, quea violência e a perfídia prevalecem em toda parte, que o poderdo mal é o senhor do mundo.

Não creias, meu filho, nessa mentira soez.”Letícia

A mão da morte obriga o mentirosoA olhar de frente a face da verdade;E o orgulhoso, cheio de vaidade,Retorna à Terra num corpo andrajoso.

Volta outra vez o fraudador à lidaE aqui devolve, ceitil a ceitil,A alguém os bens que lhe subtraiu,Bem como a honra, a paz e até a vida.

Ninguém afronta a Lei impunemente.Todo triunfo do mal é fachada,Mera ilusão nos fundamentos seus.

Por isso, filho, vive o bem somente,Visto que o mal não é dono de nada:Tudo que existe só pertence a Deus.

Fonte de consulta: Mensagem do livro Amar e Servir, Hernani T. Sant’Anna,pelo Espírito Letícia. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, cap. 84, p. 169.

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P. – Estão se encerrando as ativi-dades do Bicentenário de Nascimen-to de Allan Kardec. Qual a síntese quefaz das comemorações no País?

Masotti – Esse período de pra-ticamente um ano em que foramrealizadas as comemorações do Bi-centenário de Allan Kardec, foi umperíodo muito útil para a ampliaçãoda difusão dos princípios espíritas,embasadas na biografia de AllanKardec, seja no período em que eleatuou como educador e desenvol-veu um trabalho muito grande vol-tado ao interesse social, seja tam-bém como Codificador da Doutri-na Espírita, trazendo a mensagemconsoladora dos Espíritos Superio-res, de uma forma organizada e me-tódica, possibilitando a compreen-são adequada aos seus ensinos. Esteperíodo se mostrou bastante ricopara uma ampla divulgação do Es-piritismo não só em nosso país co-mo também no exterior.

P. – Há reflexos do 4o Congres-so Espírita Mundial?

Masotti – Há sim, e é grandeo número de reflexos por nós obser-vado. O interesse geral vindo doMundo todo indica que a Dou-trina Espírita tem esse caráter abran-gente. Em todos os lugares há pes-soas interessadas em conhecê-la, euma coisa que ficou bastante carac-terizada é que tanto aqui no Brasil

quanto na América ou na Europa,já se vai aprofundando o interessecada vez maior para as questões re-lacionadas com a Mensagem Espí-rita, olhando-a através do seu cará-ter religioso dentro de um princípiode racionalidade, trazendo respos-tas às inquietações dos homens, quese têm mostrado muitas vezes desi-ludidos com as religiões, ou tam-bém desiludidos com a visão pura-mente materialista da vida. O 4o

Congresso Espírita Mundial foi co-mo que uma clarinada muito gran-de chamando a atenção dos ho-mens em todos os sentidos e pos-sibilitando aos Espíritos Superioresmaior intensificação da difusão dospostulados espíritas.

P. – Houve edições de obras alu-sivas ao Bicentenário?

Masotti – As obras de AllanKardec foram apresentadas em di-versas formas, nos seus mais varia-dos aspectos, e, do ponto de vistada formatação gráfica, foram sem-pre tratadas com uma abordagemmelhor, com tamanho mais ade-quado, com vistas a colocar esses li-vros em igualdade de condiçõescom os demais livros disponíveisnas livrarias do Mundo inteiro. Emtermos de obra mais objetivamen-te voltada para Allan Kardec, temosa reedição, em especial, em dois vo-lumes do livro de Zêus Wantuil eFrancisco Thiesen: Allan Kardec: oeducador e o codificador. Esse tra-balho, que inicialmente foi apre-sentado em três volumes, foi con-densado em dois, e hoje já estásendo disponibilizado nos idiomasportuguês e francês. Por sinal a edi-ção francesa foi lançada no 4o Con-gresso Espírita Mundial ocorridoem Paris, França, em 2004. Estaabordagem mais sintética da obrainicial de Zêus Wantuil e FranciscoThiesen concentrou-se nos da-dos mais objetivos da vida e obrade Allan Kardec, o que viabiliza suamaior difusão em nível interna-cional.

P. – Como está sendo difundi-da a obra de Kardec no Mundo?

Masotti – O Conselho Espíri-ta Internacional está empenhado

Reformador/Outubro 2005 11369

ENTREVISTA: NESTOR JOÃO MASOTTI

A Doutrina Espírita a serviço da HumanidadeO Presidente da FEB, Nestor João Masotti, comenta os reflexos das comemorações do Bicentenário

de Nascimento de Allan Kardec e destaca a importância da difusão da

Doutrina Espírita no Brasil e no Mundo

Nestor João Masotti

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em facilitar uma ampla difusão daobra de Kardec em todas as partesdo Mundo e em todas as línguas,encontrando naturalmente uma sé-rie de dificuldades neste sentido, jáque é grande o número de línguaspara as quais deve ser traduzida,mas mesmo assim tem-se empenha-do neste propósito. Um fator mui-to positivo que vem ocorrendotambém é o fato de se encontraremainda traduções de Kardec do sécu-lo XIX ou mesmo do início do sé-culo XX em várias línguas, queeram desconhecidas e que surgemcomo uma descoberta muito posi-tiva no esforço de difusão mundialdas obras do Codificador.

P. – E a obra de Chico Xavier,já tem sido traduzida para outrosidiomas?

Masotti – Esse trabalho da tra-dução das obras de Chico Xaviertem sido um grande desafio espe-cialmente para a própria FederaçãoEspírita Brasileira. Apesar de já dis-pormos de obras de Chico Xaviervertidas para vários idiomas, agoraa FEB se empenha, de forma espe-cial, na edição de livros de ChicoXavier em francês, em inglês, emitaliano, em alemão, em outras lín-guas que possibilitarão o conheci-mento delas em todas as partes doPlaneta. Vale destacar também o es-forço que já ocorreu na edição de li-vros de Chico Xavier em esperanto.Trata-se de um desafio que a atualAdministração da FEB está pro-curando superar, ou realizar, pararealmente disponibilizar estas obrasque entendemos de extrema impor-tância na difusão da Doutrina Espí-rita e de máximo interesse para to-das as pessoas de todas as partes doMundo.

P. – Com base na rememora-

ção das comemorações do Bicente-nário de Kardec, qual recomenda-ção aos espíritas do País?

Masotti – Podemos dizer queesses esforços se apresentarão comoimportantes para o trabalho de di-fusão da Doutrina, tomando o Bi-centenário de Kardec como refe-rência e possibilitando uma ampladifusão dos seus ensinos. Destaca-mos como marco principal para to-dos aqueles que conhecem a Dou-trina Espírita e que estão cons-cientes da sua importância e da suanecessidade no mundo em que nosencontramos, a mais ampla divul-gação. Cabe a nós perseverar e con-tinuar este esforço de colocar amensagem consoladora da Doutri-

na Espírita, que Kardec tão bemcodificou para todos, ao alcance ea serviço de todos os homens, pro-movendo o seu estudo continuado,metódico e perseverante, promo-vendo a sua divulgação por todosos procedimentos, por todos osmeios viáveis, para torná-la real-mente conhecida e estimulando asua prática nos mais variados aspec-tos, seja nos esforços voltados paraa prática da assistência e da promo-ção social, moral e espiritual a to-das as pessoas como também paraa renovação interior, que é um con-vite permanente que a DoutrinaEspírita nos faz, voltado para o pro-gresso a que todos nós estamos des-tinados.

12 Reformador/Outubro 2005370

Memorandos– A balança do bem não tem cópia.– A vontade adoece, mas nunca morre. – Quem compensa mal com mal, atinge males maiores.– O amor real transpira imparcialidade.– O sofrimento acorda o dever.– O remédio excessivo faz-se veneno.– Somos todos familiares de Jesus.– Nenhum enfeite disfarça a culpa.– A vida não cansa o coração humilde.– Toda convicção merece respeito.– Só a consciência tranqüila dá sono calmo.– Emoções e idéias não existem a sós.– O tempo não desfigura a beleza espiritual.– Mediunidade, na essência, é cooperação mútua.– Para o cristão não existem dores alheias, porque as dores da

coletividade pertencem a ele próprio.– Do erro nasce a correção.– Lábios vigilantes não alardeiam vantagens.– A caridade é o pensamento vivo do Evangelho.

André Luiz

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e Viva. 10. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2005, cap. 27, p. 157-158.

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Ocompanheiro das lides espíri-tas estava doente, um malque inspirava cuidados.

Conversando com Chico Xa-vier, enfatizou:

– Minha vida está por um fio.Não acha que está na hora de sosse-gar, encerrando minhas atividadesna Seara Espírita?

E Chico:– Negativo! Não pare! Dr. Be-

zerra de Menezes está me dizendoque quanto mais a gente trabalhamais o fio engrossa.

A resposta de Chico nos reme-te a uma questão controvertida – aduração da existência humana.

A Medicina deixa bem claro,hoje, que vasta parcela da popula-ção terrestre morre antes do tempo,em face dos maus-tratos a que sub-mete o corpo, aniquilando-o deduas formas:

�De fora para dentro – intem-perança física.

O álcool, o fumo, as drogas, aglutonaria, as noitadas alegres, asnoites maldormidas, a ausência deexercícios, tudo isso compromete aestabilidade física, produzindo umaquantidade assustadora de malesdanosos à economia orgânica.

�De dentro para fora – intem-perança emocional.

Pessoas estressadas, tensas, irri-tadas, nervosas, agridem o corpo,comprometendo sua estabilidade.

Hipertensão arterial, distúrbios

circulatórios, que afetam o coração,favorecendo o infarto, o campeãoda mortalidade, nascem desse tipode comportamento.

O mesmo acontece com o cul-tivo de mágoas, ressentimentos erancores, que perturbam os meca-nismos imunológicos.

Essas auto-agressões, de forapara dentro e de dentro para fora,favorecem a instalação e evoluçãode males que acabam, literalmente,por despejar o Espírito da casa físi-ca, a ruir sobre sua cabeça em facede sua displicência quanto aos cui-dados em favor de sua conservação.

...

Há o reverso da moeda.Podemos dilatar a jornada hu-

mana, engrossando o fio da vida,como diz Chico, empenhados noesforço do Bem.

Mãos servindo são antenas queestendemos para a sintonia com asfontes da Vida e a captação das bên-çãos de Deus.

Semelhante empenho não ape-nas fortalece o corpo, como nos ha-bilita a receber valiosas moratóriasquanto à extensão da jornada hu-mana.

É até uma questão de boa ló-gica.

Se é tão difícil encontrar gentedisposta a servir, neste mundo do-minado pelo egoísmo, obviamenteos Mentores espirituais estarão sem-pre empenhados em nos fortale-cer, sustentando nossa existência

para que beneficiemos existênciasalheias.

Encontramos no próprio meioespírita inúmeros exemplos de com-panheiros que recebem abençoadasmoratórias – a dilação da jornadahumana além dos limites progra-mados.

...

O próprio Chico é um exem-plo marcante.

Com uma vida de sacrifícios,enfrentando privações na infância,problemas na idade adulta, sempredormindo pouco, assediado pelosinimigos da Doutrina, procuradopor multidões, que não lhe davamtréguas, poderia ter desencarnadomais cedo, mesmo porque o cernede sua obra, a nosso ver, comple-tou-se com a publicação de Evolu-ção em Dois Mundos, de AndréLuiz, em 1960.

Esse livro marcou a culminân-cia de seu trabalho.

No entanto, ainda viveu qua-renta e dois anos, de profícuo labormediúnico, sustentado pela Espiri-tualidade para o abençoado serviçoda consolação, envolvendo milha-res de mensagens de Espíritos de-sencarnados que renovaram o âni-mo e as esperanças de seus familia-res, em gloriosos testemunhos deimortalidade.

Chico deixou bem claro paranós outros, iniciantes na arte de vi-ver, como podemos engrossar o fioda vida, cultivando o esforço doBem.

Reformador/Outubro 2005 13371

Engrossar o fioRichard Simonetti

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14 Reformador/Outubro 2005372

Numerosos companheiros deAllan Kardec já haviam re-gressado às luzes da espiritua-

lidade, quando inúmeras entidadesdo serviço de direção dos movi-mentos espiritistas no planeta deli-beraram efetuar um balanço de rea-lizações e de obras em perspectiva,nos arraiais doutrinários, sob a bên-ção misericordiosa e augusta doCordeiro de Deus.

Vivia-se, então, no limiar doséculo XX, de alma aturdida ante asrenovações da indústria e da ciên-cia, aguardando-se as mais provei-tosas edificações para a vida doGlobo.

Falava-se aí, nesse conclave doplano invisível, com respeito à pro-pagação da nova fé, em todas as re-giões do mundo, procurando-se es-tudar as possibilidades de cada país,no tocante ao grande serviço de res-tauração do Cristianismo, em suasfontes simples e puras.

Após várias considerações, emtorno do assunto, o diretor espiri-tual da grande reunião falou comsegurança e energia:

–“Irmãos de eternidade: nomundo terrestre, de modo geral, asdoutrinas espiritualistas, em suacomplexidade e transcendência, re-pousam no coração da Ásia ador-mecida; mas, precisamos considerarque o Evangelho do Divino Mestre

não conseguiu ainda harmonizar es-sas variadas correntes de opinião doespiritualismo oriental com a frater-nidade perfeita, em vista de as na-ções do Oriente se encontraremcristalizadas na sua própria grande-za, há alguns milênios.

Em breve, as forças da violên-cia acordarão esses países que dor-mem o sono milenário do orgulho,numa injustificável aristocracia es-piritual, a fim de que se integremna lição da solidariedade verdadei-ra, mediante os ensinamentos doSenhor!... Urge, pois, nos voltemospara a Europa e para a América, on-de, se campeiam as inquietações eansiedades, existe um desejo real dereforma, em favor da grande coope-ração pelo bem comum da coletivi-dade. Certo, essa renovação é sinô-nima de muitas dores e dos maislargos tributos de lágrimas e de san-gue; mas, sobre as ruínas da civili-zação ocidental, deverá florescer nofuturo uma sociedade nova, combase na solidariedade e na paz, emtodos os caminhos do progressoshumanos... Examinemos os resulta-dos dos primeiros esforços do Con-solador, no Velho Mundo!...”

E os representantes dos exérci-tos de operários, que laboram nosdiversos países da Europa e daAmérica, começaram a depor, sobreos seus trabalhos, no congresso doplano invisível, elucidando-os sin-teticamente:

– “A França – exclamava um de-les –, berço do grande missionário

e codificador da doutrina, desvela--se pelo esclarecimento da razão,ampliando os setores da ciência hu-mana, positivando a realidade denossa sobrevivência, através dosmais avançados métodos de obser-vação e de pesquisa. Lá se encon-tram ainda numerosos mensageirosdo Alto, como Denis, Flammarione Richet, clareando ao mundo osgrandes caminhos filosóficos e cien-tíficos do porvir.”

– “A Grã-Bretanha – afirmavaoutro – multiplica os seus centrosde estudo e de observação, intensi-ficando as experiências de Crookese dissolvendo antigos preconceitos.”

– “A Itália – asseverava novomensageiro – teve com Lombroso oinício de experiências decisivas. Opróprio Vaticano se interessa pelamovimentação das idéias espiritis-tas no seio das classes sociais, ondefoi estabelecido rigoroso critério deanálise no comércio dos planos in-visíveis com o homem terrestre.”

– “A Rússia, bem como outrasregiões do Norte – prosseguia outroemissário –, conseguira com Aksa-kof a difusão de nossas verdadesconsoladoras. Até a corte do Czar sevem interessando nas experimenta-ções fenomênicas da Doutrina.”

– “A Alemanha – afirmava ain-da outro – possui numerosos físicosque se preocupam cientificamentecom os problemas da vida e damorte, enriquecendo os nossos es-forços de novas expressões de expe-riência e cultura...”

O Espiritismo no Brasil

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

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Reformador/Outubro 2005 15373

Iam as exposições a essa altura,quando uma luz doce e misericor-diosa inundou o ambiente da reu-nião de sumidades do plano espiri-tual. Todos se calaram, tomados deemoção indizível, quando uma voz,augusta e suave, falou, através dasvibrações radiosas de que se tocavaa grande assembléia:

– “Amados meus, não tendes,para a propagação da palavra doConsolador, senão os recursos dafalível ciência humana? Esquecestesque os excessos de raciocínio preju-dicaram o coração das ovelhas des-garradas do grande rebanho? Nãohaverá verdade sem humildade esem amor, porque toda a realidadedo Universo e da vida deve chegarao pensamento humano, antes detudo, pela fé, ao sopro dos seus res-plendores eternos e divinos!... Ope-rários do Evangelho: excelente é aciência bem intencionada do mun-do, mas não esqueçais o coração,em vossos labores sublimes... Pro-curai a nação da fraternidade e dapaz, onde se movimenta o povomais emotivo do globo terrestre,e iniciai ali uma tarefa nova. Se oCristo edificou a sua igreja sobre apedra segura e inabalável da fé queremove montanhas e se o Consola-dor significa a doutrina luminosa esanta de esperança de redenção su-prema das almas, todos os seus mo-vimentos devem conduzir à cari-dade, antes de tudo, porque sem ca-ridade não haverá paz nem salvaçãopara o mundo que se perde!...”

Uma copiosa efusão de luzes,como bênçãos do Divino Mestre,desceu do Alto sobre a grande as-sembléia, assim que o apóstolo doSenhor terminou a sua exortaçãocomovida e sincera, luzes essas quese dirigiam, como aluvião de clari-

dades, para a terra generosa e gran-de que repousa sob a luz gloriosa daconstelação do Cruzeiro.

E foi assim que a caridade se-lou, então, todas as atividades doEspiritismo brasileiro. Seus núcleos,em todo o país, começaram a repre-sentar os centros de eucaristia divi-na para todos os desesperados e pa-ra todos os sofredores. Multipli-caram-se as tendas de trabalho doConsolador, em todas as suas cida-des prestigiosas, e as receitas me-diúnicas, os conselhos morais, ospostos de assistência, as farmácias

homeopatas gratuitas, os passesmagnéticos, multiplicaram-se, emtodo o Brasil, para a fusão de todosos trabalhadores, no mesmo idealde fraternidade e de redenção pelacaridade mais pura.

Humberto de Campos

(Recebida pelo médium Francisco Cândi-do Xavier, em 5 de novembro de 1938.)

Fonte: XAVIER, Francisco C. Novas Men-sagens, 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995,p. 7-11.

Desencarnação

...E desperto, extasiado, entre a praia e a montanha...Porque mais claro o céu, porque mais verde o mar?O mundo em derredor é um castelo a brilhar,Entre ogivas de prata a lua se emaranha....

Cantam vagas na areia uma balada estranha,Guardo, alerta e feliz, o dom de reencontrarO berço, a meninice, a voz do antigo lar,A poesia do amor que me inspira e acompanha!...

Insone, torno ao quarto, e vejo-me deposto,Rígido o corpo inerte, a palidez no rosto...Será isto, Senhor, o pesar de morrer?!...

Vida, que me trouxeste à morte malsofrida,Morte, que restituis meu coração à vida,Quero partir, mudar, renovar, esquecer!...

Olegário Mariano

Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas Redivivos. Diversos Espíritos. 3. ed. Rio deJaneiro: FEB, 1994, cap. 7, p. 21.

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Nas práticas médicas de todasas especialidades, o transplan-te de órgãos é a que demonstra

com maior clareza a estreita relaçãoentre a morte e a nova vida, o renas-cimento das cinzas como Fênix: o mi-tológico pássaro símbolo da renovaçãodo tempo e da vida após a morte.1

A temática “doação de órgãos etransplantes” é bastante coetâneano cenário terreno. Sobre o assun-to as informações instrutivas dosBenfeitores espirituais não sãoabundantes. O projeto genoma, asinvestigações sobre células-tron-co embrionárias e outras sinalizamo alcance da ciência humana. Ostransplantes, em épocas recuadas re-pletas de casos de rejeição, torna-ram-se práticas hodiernas de recom-posição orgânica. O esmero in vivode experiências visando regeneraçãode células e a perspectiva de melho-ria de vida caminham adiante, emque pese às pesquisas ensaiarem,ainda, as iniciantes marchas. Issotorna auspiciosa a expectativa daciência contemporânea. Contudo,o receio do desconhecido paira noimaginário de muitos.

Alguns espíritas recusam-se aautorizar, em vida, a doação de seuspróprios órgãos após a desencar-nação, alegando que Chico Xavier

não era favorável aos transplantes.Isso não é verdade! Mister esclare-cer que Chico Xavier quando afir-mou a minha mediunidade, a mi-nha vida, dediquei à minha famí-lia, aos meus amigos, ao povo. Aminha morte é minha. Eu tenhoeste direito. Ninguém pode mexerem meu corpo; ele deve ir para amãe Terra..., fê-lo porque quandoainda encarnado Chico recebeu vá-rias propostas inoportunas para queseu cérebro fosse estudado após suadesencarnação. Daí o compreensí-vel receio de que seu corpo fosseprofanado nesse sentido.

Não podemos esquecer quehoje somos potenciais doadores.Amanhã, podemos ser ou nossosfamiliares e amigos potenciais re-ceptores. (...)

Para a maioria das pessoas, aquestão da doação é tão remota edistante quanto a morte. Mas paraquem está esperando um órgão pa-ra transplante, ela significa a úni-ca possibilidade de vida!” 2 Joannade Ângelis, sabendo dessa impor-tância, ressalta: (...) Verdadeira bên-ção, o transplante de órgãos conce-de oportunidade de prosseguimentoda existência física, na condição demoratória, através da qual o Espí-rito continua o périplo orgânico.Afinal, a vida no corpo é meio pa-ra a plenitude – que é a vida em simesma, estuante e real.3

Em entrevista à TV Tupi emagosto de 1964, Francisco Cândido

Xavier comenta que o transplantede órgãos, na opinião dos Espíritossábios, é um problema da Ciênciamuito legítimo, muito natural edeve ser levado adiante. Os Espíri-tos, segundo Chico Xavier – nãoacreditam que o transplante de ór-gãos seja contrário às leis naturais.Pois é muito natural que, ao nos des-vencilharmos do corpo físico, venha-mos a doar os órgãos prestantes acompanheiros necessitados deles, quepossam utilizá-los com proveito. 4

A doação de órgãos para trans-plantes é perfeitamente legítima.Divaldo Franco certifica: Se a mise-ricórdia divina nos confere uma orga-nização física sadia, é justo e válido,depois de nos havermos utilizado des-se patrimônio, oferecê-lo, graças asconquistas valiosas da ciência e datecnologia, aos que vieram em carên-cia a fim de continuarem a jornada. 5

Não há, também, reflexos trau-matizantes ou inibidores no corpoespiritual, em contrapartida à mu-tilação do corpo físico. O doador deolhos não retornará cego ao Além.Se assim fosse, que seria daquelesque têm o corpo consumido pelo fo-go ou desintegrado numa explosão? 6

Quando se pode precisar queuma pessoa esteja realmente morta?Conforme a American Society ofNeuroradiology, morte encefálica éo estado irreversível de cessação detodo o encéfalo e funções neurais,resultante de edema e maciça des-truição dos tecidos encefálicos ape-

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Doação de órgãos para transplante Jorge Hessen

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sar da atividade cardiopulmonarpoder ser mantida por avançadossistemas de suporte vital e mecanis-mo e ventilação.7

A grande celeuma do assunto éa (...) morte encefálica, na vigênciada qual órgãos ou partes do corpohumano são removidos para utili-zação imediata em enfermos delesnecessitados.

(...) Estar em morte encefáli-ca,portanto, é estar em uma condi-ção de parada definitiva e irrever-sível do encéfalo, incompatível coma vida e da qual ninguém jamaisse recupera.8 Havendomorte cerebral, verifi-cada por exames con-vencionais e tambémapoiada em recursosde moderna tecnolo-gia, apenas aparelhospodem manter a vidavegetativa, por vezespor tempo indetermi-nado. É nesse estadoque se verifica a possi-bilidade de o doadorde órgãos “morrer” esó então seus órgãospodem ser aproveita-dos – já que órgãossem irrigação sangüínea não servempara transplantes. Seria a eutanásia?Evidentemente que caracterizar ofato como tal carece de argumenta-ção científica (...) para condenaremo transplante de órgãos: a eutaná-sia de modo algum se encaixarianesses casos de morte encefálicacomprovada.9

A Medicina, no mundo todo,tem como certeza que a morte en-cefálica, que inclui a morte do tron-co cerebral10 só terá constataçãoatravés de dois exames neurológi-cos, com intervalo de seis horas, e

um complementar. Assim, quandofor constatada cessação irreversívelda função neural, esse paciente es-tará morto, para a unanimidade daliteratura médica.

Questão que também amiúdese levanta é a rejeição do organismoapós a cirurgia. Chico Xavier nosvem ao auxílio, explicando: AndréLuiz considera a rejeição como umproblema claramente compreensí-vel, pois o órgão do corpo espiritualestá presente no receptor. O órgãoperispiritual provoca os elementosda defensiva do corpo, que os recur-

sos imunológicos, em futuro próxi-mo, naturalmente, vão suster oucoibir.11 A partir de 1967, desen-volveram-se várias drogas imunos-supressoras (ciclosporina, azatiapri-na e corticóides), que visavam re-duzir a possibilidade de rejeição,passando então os receptores de ór-gãos a terem uma maior sobrevi-da.12

(...) estatisticamente, o que háé que a taxa de sobrevida dos trans-plantes é extremamente elevada. Is-so graças não só às técnicas médicas,sempre se aperfeiçoando, mas tam-

bém pelos esquemas imunossupres-sores que se desenvolveram e se am-pliaram consideravelmente, existin-do atualmente esquemas que levama zero por cento (0%) a rejeiçãocelular aguda na fase inicial dotransplante, que é quando ocor-rem.13

André Luiz explica que quan-do a célula é retirada da sua estru-tura formadora, no corpo humano,indo laboratorialmente para outroambiente energético, ela perde o co-mando mental que a orientava epassa, dessa forma, a individuali-

zar-se; ao ser implan-tada em outro orga-nismo (por transplan-te, por exemplo), ten-derá a adaptar-se aonovo comando (espiri-tual) que a revitaliza-rá e a seguir coorde-nará sua trajetória.14

Condição essa corro-borada por Joanna deÂngelis quando ex-põe: (...) Transferidoo órgão para outrocorpo, automaticamen-te o perispírito do en-carnado passa a in-

fluenciá-lo, moldando-o às suasnecessidades, o que exigirá do pa-ciente beneficiado a urgente trans-formação moral para melhor, a fimde que o seu mapa de provações se-ja também modificado pela sua re-novação interior, gerando novascausas desencadeadoras para a feli-cidade que busca e talvez aindanão mereça.15

Os Espíritos afirmaram a Kar-dec que o desligamento do corpo fí-sico é um processo gradual e quepode demorar minutos, horas, dias,meses.16 Embora com a morte física

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não haja mais qualquer vitalidadeno corpo, ainda assim há casos emque o Espírito, cuja vida foi todamaterial, sensual, fica jungido aosdespojos, pela afinidade dada porele à matéria.17 Todavia, recorde-mos, ainda, de situação que ocorretodos os dias nas grandes cidades: aprática da necropsia, exigida porforça da Lei, nos casos de morteviolenta ou sem causa determina-da: abre-se o cadáver, da região es-ternal até o baixo ventre, expondo--se-lhe as vísceras tóracoabdomi-nais.18 Não se pode perder de vistaa questão do mérito individual. (...)Estaria o destino dos Espíritos de-sencarnados à mercê da decisão doshomens em retirar-lhes os órgãospara transplante, em cremar-lhes ocorpo ou em retalhar-lhes as vísce-ras por ocasião da necropsia?! Obom senso e a razão gritam que is-so não é possível, porquanto seriaadmitir a justiça do acaso e o acasonão existe! 19

Em síntese a doação de órgãospara transplantes não afetará o Es-pírito do doador, exceto se acredi-tarmos ser injusta a Lei de Deus eestarmos no Orbe à deriva da SuaVontade. Lembremos que nos Esta-tutos do Pai não há espaço para ainjustiça, e o transplante de órgãos(façanha da ciência humana) é va-liosa oportunidade dentre tantasoutras colocadas à nossa disposiçãopara o exercício da amor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1Mário Abbud Filho Ex-Presidente da Associa-ção Brasileira de Transplantes de Órgãos. Presi-dente da Sociedade de Medicina e Cirurgia deSão José do Rio Preto. Membro da AmericanSociety Transplant Physician. Membro da In-ternational Transplantation Society, disponí-vel <http://members.tripod.com/themedpa-ge/artigos_doacao.htm> acesso em 12/4/2005.

2 In: Doação de Órgãos e Transplantes de Wla-

demir Lisso / Cleusa M. Cardoso de Paiva, dis-

ponível <http://www.lissoportalespirita.com.br/

/sintese.htm> acesso em 15/4/2004.

3FRANCO, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos,

pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador/BA:

Ed. LEAL, 1999, Cf. Cap. “Transplantes de

Órgãos”.

4 Publicada na Revista Espírita Allan Kardec,

ano X, no 38.

5FRANCO, Divaldo Pereira. Seara de Luz.

Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma

série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre

1971 e 1990].

6SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da

morte? – São Paulo/SP: Editora Lumini, 2001.

7In: Dos Transplantes de Órgãos à Clonagem,

de Rita Maria P. Santos. Ed. Forense, Rio/RJ,

2000, p. 41.

8BEZERRA, Evandro Noleto. O Transplante de

Órgãos na Visão Espírita, publicado na revista

Reformador – outubro/1998, p. 314.

9Idem, ibidem.

10O tronco cerebral, e não o coração, é reco-

nhecido como o organizador e “comandante”

de todos os processos vitais. Nele está alojada

a capacidade neural para a respiração e bati-

mentos cardíacos espontâneos; sem tronco nin-

guém respira por si só.

11Cf. Revista Espírita Allan Kardec, ano X,

no 38.

12Folha de S.Paulo, A3, “Opinião”, 15 de Maio

de 2001.

13Entrevista com o Prof. Dr. Flávio Jota de Pau-la. Médico da Unidade de Transplante Renaldo HC/FMUSP. 1o Secretário da Associa-ção Brasileira de Transplante de Órgãos(ABTO). Diretor da I Mini Maratona de Trans-plantados de Órgãos do Brasil. Publicado emPrática Hospitalar ano IV, no 24, nov-dez/2002.

14XAVIER, Francisco Cândido. Evolução emDois Mundos, pelo Espírito André Luiz. 23. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 5, “Células eCorpo Espiritual”.

15FRANCO, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos,pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador/BA:Ed. LEAL, 1999.

16KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, Parte Se-gunda, cap. III, questão 155, p. 135-136.

17KÜHL, Eurípedes. Entrevista Virtual: Doaçãode Órgãos e Transplantes.<www.cvdee.org.br/> acesso em 24/4/2005.Fonte: Comentário de Kardec à questão 155 deO Livro dos Espíritos.

18Cf. BEZERRA, Evandro Noleto. Transplante

de Órgãos na Visão Espírita, publicado na revista

Reformador – outubro/1998, p. 315.

19Idem, ibidem.

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Aprender a trabalhar em equipeé um requisito fundamentalpara a nossa própria socializa-

ção, pois na vida de relação somoschamados a conviver com pessoasdiferentes, das quais dependemos ecom as quais precisamos colaborar.

É um erro acreditar que pode-mos fazer tudo sozinho, sem o au-xílio dos demais. É também umequívoco acreditar que o trabalhosó sairá bom se formos nós os exe-cutores. A auto-suficiência é umadas grandes ilusões contra a qualprecisamos lutar. Nenhum de nóssabe e pode tudo, nosso saber e po-der são relativos. Todos estamos nacondição de aprendizes, em regimede interdependência, destinados aaprender uns com os outros o queignoramos.

Em torno desta questão, AllanKardec faz uma advertência que po-deríamos considerar como umaconstatação de sua parte, tendo emvista que não deixamos de ser im-perfeitos pelo simples fato de abra-çarmos os princípios espíritas: “Umerro muito freqüente entre algunsneófitos é o de se julgarem mestresapós alguns meses de estudo. (...)Há nessa pretensão de não mais ne-cessitar de conselhos e de se julgaracima de todos uma prova de im-

competência, pois não atende a umdos primeiros preceitos da doutri-na: a modéstia e a humildade.” l

Apenas ousaríamos acrescentarque não são apenas os novos adep-tos; muitas vezes, alguns dos maisantigos e experientes, equivocada-mente, também pensam assim.

Diferentemente dessa postura,quando procuramos atuar em equi-pe, muitas vezes somos chamados acolaborar de maneira anônima, acei-tando a liderança de companheirosque estão investidos dessa responsa-bilidade. Em outras ocasiões, tam-bém somos chamados a assumir ocomando dos esforços e, de umaforma ou de outra, sempre devere-mos acatar as decisões que decor-ram do consenso. Mesmo porque,nenhum de nós é indispensável,embora todos sejamos chamados acolaborar nesse ou naquele setor.

Relativizar nossa importânciasem nos subestimar é sinal de bomsenso, pois, neste particular, até mes-mo o Codificador foi orientadolúcida e amorosamente pelo Espíri-to de Verdade, quanto à melhorpostura a ser adotada diante da ta-refa que lhe era anunciada: “(...)Não esqueças que podes triunfar,como podes falir. Neste último ca-so, outro te substituiria, porquanto

os desígnios de Deus não assentamna cabeça de um homem.” 2

Apesar desta possibilidade, eraele quem reunia as melhores condi-ções para empreender a tarefa decodificar o Espiritismo, embora seencontrassem também reencarna-dos Espíritos prontos a levar adian-te os desígnios de Jesus.

Allan Kardec não apenas valo-rizava o trabalho em equipe, comotambém fazia parte de uma, a equi-pe do Espírito de Verdade, queatuava em conjunto, desdobrando--se nas esferas espiritual e material.

O próprio Jesus, quando en-carnado entre nós, enfatizou a im-portância do trabalho em equipe,convocando doze apóstolos para oserviço de evangelização das cria-turas.

As obras de André Luiz, emparticular, narram a organização, adisciplina, os princípios que regemNosso Lar e algumas outras colô-nias espirituais, demonstrando queninguém, em lugar algum, operasozinho na obra do bem ou do mal.

Os relatos de Emmanuel, naobra Paulo e Estêvão, informamque na constituição da Casa do Ca-minho e nos primeiros núcleos doCristianismo primitivo, havia sem-pre mais de um companheiro se re-

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Allan Kardec e o trabalho em equipe

Cezar Braga Said

1KARDEC, Allan. Revista Espírita, novembro de1861. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 499.

2KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 1. ed. es-pecial. Rio de Janeiro: FEB, 2005, p. 343.

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vezando com outro na execução dastarefas. O sentido da ação em equi-pe, proclamado de forma silenciosapor Jesus, tornou-se uma importan-te diretriz na organização e sobrevi-vência desses primeiros núcleos.

Hoje em dia, para que os cen-tros espíritas possam continuar fiéisa Jesus e a Kardec, faz-se necessárioque as equipes estejam abertas parase renovarem. Renovarem-se comnovas idéias e novos companheiros,sem que ninguém retenha indefini-damente o comando de nada. Masque essa renovação se processe comcritérios e não estouvadamente. Queocorra sem apegos e melindres.

Sabemos que a principal reno-vação de que temos necessidade é ado nosso mundo interior, pois semesta, todas as outras ficarão compro-metidas. Mas podemos atualizar astécnicas, estudar e implantar novosmodelos de gestão, rever a metodo-logia dos estudos, convidar exposi-tores de outras casas, promover en-contros, criar grupos para estudardeterminada obra, participar de en-contros de preparação promovidospelos órgãos de unificação ou pordeterminados Centros, analisar ou-tras experiências, a fim de que anossa equipe cresça e o trabalhoprossiga com qualidade.

As diretrizes gerais para esseempreendimento estão sinaliza-das e ao mesmo tempo justificadasna Codificação, particularmente emObras Póstumas: “Para a comuni-dade dos adeptos, a aprovação ou adesaprovação, o consentimento oua recusa, as decisões, em suma, deum corpo constituído, representandoopinião coletiva, forçosamente terãouma autoridade que jamais teriam,se emanassem de um só indivíduo,que apenas representa uma opinião

pessoal. É freqüente uma pessoa re-jeitar a opinião de outra, por enten-der que se humilharia, caso se sub-metesse a essa opinião, e acatar semdificuldade a de muitos.” 3

Kardec escreve, com todas as le-tras que não há ninguém que possuaa luz universal e que “(...) um ho-mem pode equivocar-se acerca desuas próprias idéias, enquanto queoutros podem ver o que ele não vê(...).” 4 O que ressalta a importânciado trabalho e da convivência emgrupo.

Se parássemos para meditar oquanto pode realizar um grupo detrabalho unido, sincero, onde a ami-zade seja verdadeira, compreendería-mos que perdemos muito tempocom ciúmes, rivalidades dissimula-das, falatórios excessivos, preocupa-ções desnecessárias, discussões infru-tíferas, que acabam comprometendoos bons propósitos de um grupo es-pírita.

Numa equipe formada por es-píritas não deve haver lugar paracentralizações, autoritarismos, nemsubmissões ou passividades; cadamembro oferece suas melhores ener-gias, suas idéias, seu afeto, colabo-rando para a aproximação de todose resolução das divergências.

Quando não temos uma equi-pe, mas uma “euquipe”, o afasta-mento gradativo dos companheirosé apenas uma questão de tempo.

Nestas circunstâncias não ha-verá uma entidade coletiva, masuma aglomeração de pessoas semobjetivos comuns; os laços não se-rão cristãos, mas apenas aqueles quea conveniência recomendar.

Quando, ao contrário, há uma,

reunião de pessoas verdadeiramenteunidas, a entidade coletiva perpe-tua-se e mesmo perdendo um ouvários de seus membros, o trabalhonão sofrerá solução de continui-dade.

Essas colocações valem para adireção de um órgão de unificação,de um Centro Espírita, de um de-partamento existente no Centro oumesmo para uma equipe transitó-ria, que se constitua apenas para arealização de um evento.

Mais do que apenas fazer anossa parte, precisamos analisar secolaboramos para que os outros fa-çam a parte que lhes compete. Nãocom intromissões que comprome-tam a autonomia dos companhei-ros e impeçam que os erros lhes en-sinem o que precisam saber, mascom estímulos, sugestões, colocan-do-nos à disposição para auxiliá-los,tanto quanto desejamos o concursodeles em nosso próprio benefício.

Finalizamos evocando uma vezmais o lúcido pensamento de AllanKardec sobre o assunto, para quepossamos analisar, cada um de persi, a natureza dos vínculos que te-mos estabelecido com nossos com-panheiros de ideal.

“(...) Se um grupo quiser estarem condições de ordem, de tranqüili-dade, de estabilidade, faz-se misterque nele reine um sentimento frater-nal. Todo grupo que se formar sem terpor base a caridade efetiva, não terávitalidade, ao passo que os que se fun-darem segundo o verdadeiro espíritoda doutrina olhar-se-ão como mem-bros de uma mesma família que, em-bora não podendo viver sob o mesmoteto, moram em lugares diversos.” 5

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3Idem, ibidem. p. 430.4Idem, ibidem. p. 439.

5KARDEC, Allan. Revista Espírita, fevereiro de1862. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 61.

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O cego de Jericó“Dizendo: Que queres que te faça?

E ele respondeu: – Senhor, que eu veja.”

– (Lucas, 18:41.)

O cego de Jericó é das grandes figuras dos ensinamentos evangélicos.

Informa-nos a narrativa de Lucas que o infeliz andava pelo caminho, mendigan-do... Sentindo a aproximação do Mestre, põe-se a gritar, implorando misericórdia.

Irritam-se os populares, em face de tão insistentes rogativas. Tentam impedi-lo,recomendando-lhe calar as solicitações. Jesus, contudo, ouve-lhe a súplica, aproxima--se dele e interroga com amor:

– Que queres que te faça?

À frente do magnânimo dispensador dos bens divinos, recebendo liberdade tãoampla, o pedinte sincero responde apenas isto:

– Senhor, que eu veja!

O propósito desse cego honesto e humilde deveria ser o nosso em todas as circuns-tâncias da vida.

Mergulhados na carne ou fora dela, somos, às vezes, esse mendigo de Jericó,esmolando às margens da estrada comum. Chama-nos a vida, o trabalho apela paranós, abençoa-nos a luz do conhecimento, mas permanecemos indecisos, sem coragemde marchar para a realização elevada que nos compete atingir. E, quando surge a opor-tunidade de nosso encontro espiritual com o Cristo, além de sentirmos que o mundose volta contra nós, induzindo-nos à indiferença, é muito raro sabermos pedir sensa-tamente.

Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação do pobrezinho mencionado noversículo de Lucas, porquanto não é preciso compareçamos diante do Mestre comvolumosa bagagem de rogativas. Basta lhe peçamos o dom de ver, com a exata com-preensão das particularidades do caminho evolutivo. Que o Senhor, portanto, nos fa-ça enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e coisas, com amor e justiça, e pos-suiremos o necessário à nossa alegria imortal.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 1. ed. especial. Rio de Janeiro:

FEB, 2005, cap. 44, p. 103-104.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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“E os considerados mortos falam ao mundo nasua linguagem de estranha purificação. A Ciên-cia, zelosa de suas conquistas, ainda não ouviua sua vibração misteriosa, mas os filhos do infor-túnio sentem-se envolvidos na onda divina de umnovo Gloria in excelsis, e a Humanidade sofredo-ra sente-se no caminho consolador da sublimeesperança” – afirma nos pórticos de Parnaso deAlém-Túmulo (“De pé, os mortos!”, p. 41, 17. ed.

FEB) o peregrino autor de Brasil, Coração do Mun-do, Pátria do Evangelho, Humberto de Campos,

num diagnóstico singular do drama do século.

Ainda quando se faz ouvir o eco das vozes dereconhecimento e de afeto que em todo mundohomenagearam o bicentenário da volta de Allan

Kardec ao palco da vida terrena, tentaremos, na lin-guagem do coração, que todos entendem, registraraqui, o nosso singelo testemunho ante a grandeza daDoutrina de consolação e de sabedoria, selada pelo re-conhecimento dessa multidão de almas que, na Terrae nos espaços, invocam a memória do insigne Codifi-cador da Doutrina Espírita, num preito de gratidão eadmiração que há de ser ouvido pelos séculos.

Ao influxo da inspiração e do sentimento, propo-mo-nos dizer algo a respeito do vulto e da obra do in-signe Missionário da Terceira Revelação, sem outrapreocupação que não a de testemunhar-lhe, no louvore na ternura do coração, no incenso incorruptível des-sas evocações que não têm salário, a nossa admiraçãoincondicional e irrevogável à beleza cristalina da Dou-trina que sistematizou.

A Terceira Revelação precisava, para materializar--se na Terra, contar com um Espírito de alta enverga-dura moral e de qualidades espirituais e intelectuaisexcepcionais, para levar a bom termo a responsabili-dade que envolvia os encargos de um legítimo refor-

mador, e ressurge, então, no palco dos acontecimen-tos, assinalado pela Providência, a figura impoluta deAllan Kardec, redivivo das cinzas do pretérito, para oplano das lutas redentoras, e inicia a sua tarefa sagra-da de emancipação das consciências no rumo da Ver-dade sem mescla.

Inestimáveis subsídios oferece-nos, ainda no sé-culo passado, para conhecimento da relevância daobra de Allan Kardec, vista de ângulo singular, o sau-doso professor Ismael Gomes Braga, ao nos propor-cionar uma visão do valor como filosofia de vida, doalcance no espaço e no tempo, e da profundidade ex-cepcional da Doutrina Espírita, a sua repercussão nomundo latino e o que lhe está reservado para o futu-ro, quando escreve este abalizado depoimento:

– “Kardec ainda é compreendido por minorias re-ligiosas e só no mundo latino; as obras do mestre ain-da não foram reimpressas na língua inglesa. Kardecainda é alto demais para os espiritualistas ingleses; ain-da é desconhecido do grande público, mesmo naFrança. Só os séculos virão a compreender Kardec eaproveitar-lhe a Obra. É grande demais para o nossoséculo. Porque as obras realmente grandes e destina-das a grande futuro são silenciosas, não entusiasmamàquelas multidões que se afinizam com ideais de limi-tados horizontes e triunfos rápidos.”

Em que pese a repercussão que identificamos ho-je, no amanhecer do nosso século, em várias partes domundo, de notáveis realizações das atividades espíri-tas, que não invalidam as afirmações de Ismael GomesBraga.

Um Espírito como Kardec a Providência Divinaevoca entre os homens de século em século, ou mais.A presença visível de uma individualidade dessa en-vergadura, pelo influxo de forças espirituais que repre-senta, significa para o gênero humano um impulso de-cisivo no sentido de sua destinação espiritual.

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Ainda o Bicentenário de Allan Kardec

Ney da Silva Pinheiro

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Não me farto em declarar, aqui, o pensamento deEmmanuel, a respeito da envergadura da missão es-piritual de Allan Kardec:

“Ele é o apóstolo da renovação cristã. Com estetítulo, conquistado ao preço de profundos sacrifícios,cooperou com Jesus para que o mundo não desfale-cesse desesperado. E contribuindo com valorosa cora-gem, de que forneceu amplo testemunho, organiza-ram-se na espiritualidade os mais dilatados empreen-dimentos de colaboração e auxílio à sua iniciati-va superior. Através dos seus passos, movi-mentou-se um mundo mais elevado, abri-ram-se portas desconhecidas ao olharcomum, a fim de que a fé e a ciênciainiciassem a marcha da suprema coe-são em Cristo Jesus.”

“Eis o motivo [diz Ernani San-tana], pelo qual o seu nome é flama,é garantia, é plataforma, porque é,por sua própria expressão de fé indô-mita, a consubstanciação triunfante eviva do ideal que defendeu.”

Declinamos aqui, por valioso, a res-peito da estatura moral de Allan Kardec, otestemunho de Alexandre Delanne, pai doeminente Gabriel Delanne, em carta de 30 de mar-ço de 1870, dirigida a Amélie-Gabrielle Boudet, es-posa de Kardec, onde depõe para a posteridade, nes-tes termos:

“Entretanto, Kardec não tinha inimigos, senão osque não o conheciam. Seus críticos, que dele não co-nheceram senão a sua bandeira, procuraram perdê-lona opinião pública, sem ao menos investigarem se osboatos que espalhavam tinham algum fundamento;porém, ele susteve a sua bandeira tão alto e tão firme,que nenhum descrédito pôde atingi-lo, e a lama comque o queriam cobrir, não enlameou senão as mãosdos panfletários.”

Este é o signo marcante que assinala, inconfun-dível, os precursores da Verdade, ao lançarem as pri-meiras sementes em terra sáfara e, por vezes, hostil,certos de que toda idéia renovadora, toda idéia devanguarda, toda idéia progressista encontra na maio-ria dos homens, por suas exíguas luzes, imperfeiçõese presunção de muita ciência, o percalço para sua pro-pagação:

A vida do preclaro mestre Allan Kardec, por tu-

do que se diz, foi um estandarte de luz e os benefíciose a beleza dos seus ensinamentos, na linguagem de In-dalício Mendes, “não perderão o viço, a seiva, certoque suas divinas lições doutrinárias continuarão co-mo atalaias indormidas, fanal de esperança e lenitivoda humanidade que sofre e da humanidade que temfé”.

Abriu-nos o excelso Codificador, de par em par,as portas de ouro de um mundo melhor, levando aos

lábios ressequidos do homem “a taça da esperançae da imortalidade”, dessedentando-o; e as ver-

dades oferecidas ao nosso entendimentoacordaram nossa sensibilidade interior

para sentir algo do amor, da ternura eda sabedoria da imortal mensagem doCristo.

Franqueou-nos, o insigne Codi-ficador do Espiritismo, as veredas dainteligência e do coração para co-mungarmos com a Natureza inteira.

Depois que balbuciamos embe-vecidos as lições que Allan Kardec co-

lheu nas fontes inexauríveis do Infinito,trazidas até nós na concha de suas mãos,

purificadas na ressurreição do trabalho reno-vador e do testemunho inquebrantável, germi-

naram em nosso íntimo condições maiores para sen-tir a imortal mensagem implantada nos ensina-mentos do Evangelho de Jesus.

Não tivéssemos um entendimento e um coraçãotão pobres nas luzes e na gratidão, caro mestre, tenta-ríamos registrar aqui o testemunho que é possível, emface dos frutos imperecíveis da tua sabedoria e do ca-lor inesgotável de amor que dedicaste às criaturas, li-bertando as consciências do cárcere escuro da ignorân-cia e do dogmatismo asfixiantes.

“Há os que nascem, vivem e morrem [numa ex-pressão de Paul Gibier], sem nunca lhes preocupar ostranscendentes problemas da existência, e essa espéciede indivíduos encontramos entre os doutores, os dou-tos e os analfabetos.”

Interrogávamos desalentados as aparentes contra-dições da vida, numa angústia feita de inconformaçãoe anseio de luz, e a nossa sede de entendimento e dejustiça encontrou resposta na lei das existências suces-sivas, que vulgarizaste, preclaro mestre, como que nosdesvendando os olhos da alma; e hoje sabemos por-

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que em uns a bondade e em outros a maldade, em unsa sabedoria e em outros a ignorância, em uns o bomsenso e em outros a imbecilidade, em uns a dignida-de e em outros a indignidade, em uns a humildade eem outros o orgulho, em uns a simplicidade e em ou-tros a vaidade.

O mal, a dor moral ou física, as diferenças so-ciais não encontram outra explicação, e desafiamosquem o consiga, de maneira a harmonizar-se com oamor e a Justiça Divina, senão através da lei de cau-sa e efeito processando-se ao longo das reencarna-ções, que nos explicam essas contingências da vidahumana, simplesmente, no dizer de Gustave Geley,como “medida da inferioridade dos seres e dos mun-dos, ou sanções aos erros, abusos e transgressões dopassado”.

Diante desse panorama inenarrável, como que sesai ofuscado de uma enxovia, escura e úmida, para res-pirar a beleza indizível de um dia cheio de sol e de ir-radiação resplandecente de vida, a desdobrar-se bri-lhante em pleno amanhecer de uma compreensãonova.

E, hoje, graças a ti inolvidável mestre, sabemosporque se sofre e porque se chora, e diante da dor,por compreender-lhe, agora, o papel no destino dosseres, nos colocamos em atitude de bênção e não derevolta. Bastava só isso, mestre, para que tua presen-ça visível, teu ressurgir entre os homens se reputasseum benefício celeste. Mas, o legado que nos deste éinfinitamente maior, pois que religaste o Céu com aTerra, em espírito e verdade, abalando os antropo-morfismos com que se tem deformado a idéia deDeus.

A irreverência da enfatuada sabedoria do mun-do, honrando-te com a homenagem do seu despei-to, subestimando as tuas lides enobrecedoras, a tuaserena grandeza, a tua idealidade, a tua sensibilida-de, a tua humanidade, e ignorando os tesouros quenos legaste, “será punida pela sua própria vulgari-dade e pela incapacidade de conceber o que é divi-no”.

Enquanto inumeráveis criaturas, mutiladas dafé, “erguem [no dizer de Emmanuel] em basílicassuntuosas, tentando subornar o poder celeste com agrandeza material da oferenda”, sentimos os rumo-res interiores da correnteza da espiritualidade, em quepese as confusões e incertezas da estrada acidentada

de nossas vacilações, impulsionando, porém, irresis-tivelmente os germens crescentes da Verdade em nos-so íntimo, despertando-nos a consciência ao longodo caminho, nos rumos do futuro para a vida no-va, redimida no Cristo; substituindo o sucesso exte-rior pelo valor íntimo e substancial, a religiosida-de rumorosa pelo Evangelho vivido em espírito e ver-dade.

O homem do século, divorciado da realidade,aferrado à transitoriedade das coisas, “domina cadavez mais a paisagem exterior, esquecido de conhecera si próprio”, como nos adverte uma Entidade espi-ritual.

Depois que Allan Kardec reuniu – num esforçoexcepcional de clareza, lógica e rigor, num corpo gra-nítico de doutrina, com assentos profeticamente su-blimes, para quem tem “olhos de ver e coração desentir” – os ensinamentos de vida eterna dos Mento-res espirituais da Humanidade, o caminho da liber-tação das contingências inferiores da vida acha-seaberto a todas as criaturas de boa vontade.

Para que se tenha uma idéia do esforço materialde Allan Kardec, a fim de levar a bom termo seu gi-gantesco trabalho, escrevendo seus livros à mão, o queexigia de sua parte imenso dispêndio de tempo, traba-lho e sacrifício, que é possível dimensionarmos, hoje,em face das facilidades que nos oferece a vida moder-na, transcrevemos da revista Reformador, de outubrode 2004, trecho do artigo “O semeador de esperança”,da autoria da confreira M. Ângela Coelho Mirault,que registra:

“Ele não conheceu o telefone (inventado em1876 e implantado efetivamente em 1892), nem des-frutou do conforto proporcionado pela luz elétrica(1879), sequer estava aqui quando as primeiras ondasde rádio (1895) fizeram-se ouvir, enchendo o ar denotícias e música, muito menos conheceu o fonógra-fo (1877), não podendo, portanto, deleitar-se com amúsica transportada das salas de espetáculos para osambientes domésticos. Decerto, não chegou a conhe-cer a máquina de escrever (1870), nem os benefíciosque, certamente, lhe proporcionariam durante a tare-fa que tinha a empreender.”

O trabalho da nobre confreira continua, dando--nos uma idéia das dificuldades materiais da época,que Allan Kardec teve de enfrentar, para nos deixar olegado do seu trabalho redentor.

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Sob esse título o Sétifien de 20e 27 de maio publica um arti-go sobre a vida do Sr. Allan

Kardec, do qual reproduzimos al-guns extratos, felizes por reconhe-cermos que, se na imprensa há al-guns órgãos sistematicamente hostisaos nossos princípios, outros há quesabem apreciar e honrar os homensde bem, seja qual for a bandeira fi-losófica a que pertençam.

Aliás, não é a primeira vez queo Sr. Armand Greslez sustenta aber-tamente as nossas doutrinas, e nãopodemos deixar de aproveitar a oca-sião para lhe testemunhar toda anossa gratidão.

“Se fosse preciso, diz ele, pro-curar um emblema, uma personifi-cação da falsidade e da mentira, nãose agiria mal tomando a Musa daHistória; porque se o homem, emgeral, tem o amor e o sentimentodo verdadeiro, também é arrastadopelos preconceitos, pelas inclinaçõese pelos interesses que quase sempreo fazem afastar-se da senda da ver-dade, quer se trate das coisas ou doshomens.

“Até o momento tem faltadoum critério de certo valor às biogra-fias dos falecidos: É o que impedeos mortos de declinarem das hon-ras imerecidas ou de repelirem asacusações injustas.

“Não nos surpreendamos, pois,que Allan Kardec não tenha podi-do escapar desta lei comum. Estedestino, mais que outro, ele o expe-rimentou ainda em vida, vítima que

foi de odiosas calúnias e de extrava-gantes e impudentes difamações.Entretanto, há demonstrações reaisde respeito de seus contemporâneose da posteridade, que não poderiamser contestadas sem que se cometes-se injustiça.

“Primeiramente, ele publicoulivros sobre uma doutrina que unsacolheram com indiferença, outroscom ódio e desprezo; mas ele pre-viu todas essas tribulações, pois lhetinham sido reveladas previamente.Deste ponto de vista, deu provas decoragem e de abnegação.

“Jamais reivindicou o título deinventor ou de chefe de escola, poisseu papel se limitou a coligir e acentralizar documentos, escritos fo-ra da sua influência e, por vezes,alheios às suas idéias pessoais.Restringiu-se a acompanhar essesdocumentos com os seus comentá-rios e reflexões, pondo, em seguida,todos os seus cuidados em os vul-garizar. Para esta tarefa árdua e in-grata ele consagrou unicamente,plenamente, inteiramente, quinzeanos de sua existência.

“Lutou contra os adversários,mas sempre com sucesso, porque ti-nha o bom-senso, a lógica, o conhe-cimento da verdade, aliados à sabe-doria, à prudência, à habilidade eao talento.

“A morte de Allan Kardec deuensejo a um verdadeiro sucesso pa-ra o Espiritismo. Dentre os discur-sos que foram pronunciados juntoao seu túmulo, figura em primeiralinha o de Camille Flammarion,

que afirmou altiva e publicamenteas verdades desta doutrina, expli-cando-as pelos dados da mais avan-çada Ciência.

“Para os que o ignoram, devodizer que Camille Flammarion éum sábio oficial e um escritor demérito incontestável, perfeitamen-te colocado na literatura; é uma au-toridade que ninguém ousaria re-cusar. Declarou-se francamenteespírita. Agora não é mais permiti-do tratar os espíritas de tolos ou deimpostores, porquanto seria levan-tar uma acusação contra um ho-mem de grande valor; hoje seriauma presunção ridícula.

“Por isso, os jornais que habi-tualmente atacavam o Espiritismode maneira ridícula ou mordaz, sefecharam num prudente silêncio, jáque deviam evitar o duplo escolhoda retratação ou de uma crítica tor-nada perigosa pelo poderoso adver-sário que queriam combater, pormais indireta que fosse.

“Que seria, pois, se todos os quecrêem no Espiritismo se dessem a co-nhecer? Entre os crentes há pessoasde mérito excepcional e que ocupamas mais elevadas posições sociais.Desde que possam fazê-lo, tais pes-soas confessarão suas crenças; entãoos antiespíritas ficarão envergonha-dos e escaparão por diversos subter-fúgios ao embaraço de sua posição.”

Armand Greslez

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –julho de 1869, p. 292-294, tradução deEvandro Noleto Bezerra – Ed. FEB.

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Biografia de Allan Kardec

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

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ODr. Renato Corsetti, presi-dente da Associação Univer-sal de Esperanto (UEA), em

sua mensagem de ano novo, dirigi-da aos esperantistas do mundo in-teiro, fez interessantes colocaçõesacerca da comunicação entre pes-soas de diferentes nacionalidades,que apresentamos a seguir, de for-ma resumida.

Ele começa lembrando que osadeptos da Língua Internacionalnão devem desanimar quando ob-servam a grande maioria disposta aestudar os idiomas dos poderosos domomento, mostrando ceticismo ouaté ironia para com o Esperanto. Naverdade o mundo sempre foi assim,o que levou um pensador árabe daIdade Média (Ibn Kaldun) a afirmarque os vencidos sempre desejam separecer com os vencedores, adotan-do seus trajes, atitudes, língua, etc.,pelo que, na atualidade, é difícil pre-ver qual idioma todos estarão que-rendo aprender dentro de 10 ou 20anos. Será este, como pensam al-guns, o século da Ásia? – perguntaele. E responde: não é possível umaresposta categórica, mas vários indí-cios sugerem que dentro de umageração (30 anos) o idioma chinêsestará em grande evidência e entãojornalistas e lingüistas interessadosem promovê-lo estarão destacando– como fazem hoje com relação aoinglês – sua simplicidade, clareza, ri-ca literatura, etc. E os esperantistascontinuarão repetindo, como sem-pre o fizeram, que a justiça e não o

poder deve ser o fator determinanteno terreno lingüístico como em to-dos os outros.

A prática atualmente adota-da – prossegue o presidente daUEA – de usar apenas determinadosidiomas, de países ricos, para o rela-cionamento internacional é insatis-fatória e incompatível com a ne-cessidade de favorecer a compreen-são, a paz e a igualdade de direitosentre todos. Nós (os esperantistas)

achamos que línguas e culturas, semexceções, possuem valores que a hu-manidade não deve perder. Todapessoa está protegida pela Decla-ração Universal de Direitos Hu-manos, adotada pela ONU, contraqualquer tipo de discriminação, in-clusive a que tenha por base oidioma. Nenhum órgão, nacionalou internacional, está autorizado adesrespeitar esse princípio pretex-tando considerações sobre eficácia

e outras vantagens, e favorecendo,assim, aqueles que melhor domi-nam determinado idioma por tê-locomo língua materna.

O Dr. Corsetti lembra, ainda,que já há alguns anos organismosinternacionais vêm chegando a con-clusões que coincidem com o pen-samento dos esperantistas, reco-nhecendo, por exemplo:

– que existem direitos huma-nos de cunho intrinsecamente lin-güístico, particularmente o direitoà liberdade de expressão, que é in-separável da livre escolha do idioma;

– que os direitos culturais sãoparte integrante dos direitos hu-manos. Por isso todos têm o direitode exprimir-se, bem como de criare difundir suas obras no idioma desua preferência, particularmente emsua língua materna.

O Dr. Renato Corsetti, que éprofessor universitário em Roma,assim conclui sua bela mensagem:“Se tais instâncias começam a ter asmesmas opiniões que nós, possivel-mente nossas idéias acerca da justiçanas relações internacionais estãoganhando terreno. Ajudemos nesseprocesso conforme nossas possibi-lidades... com a nítida consciênciade que nós estamos certos e ao mes-mo tempo desfrutemos nossa cul-tura, de cujo principal valor, a jus-tiça entre os povos, somos os or-gulhosos portadores.”

Fonte: SEI (Serviço Espírita de Infor-mações), no 1936, p. 3.

A FEB E O ESPERANTO

Mensagem aos EsperantistasDanilo Carvalho Villela

Organismos

internacionais vêm

chegando a

conclusões que

coincidem com o

pensamento dos

esperantistas

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Há quase um século é das maisefetivas e de resultados sem-pre positivos a contribuição

do esperanto à causa do estudo edifusão do Espiritismo. Sem receio,portanto, de estar cometendo qual-quer exagero, podemos afirmar quea contribuição do esperanto ao Es-piritismo tem sido crescente.

A melhor prova desta afirmativaestá no elevado número de livros es-píritas já editados em esperanto, bemcomo de jornais, revistas, boletins,anuários, além da realização de pales-tras e conferências proferidas por bra-sileiros em quase todo o mundo.

A Federação Espírita Brasileiratem promovido, desde 1987, noscongressos internacionais de espe-ranto, que se realizam anualmente,palestras elucidativas sobre os li-vros da Codificação Espírita, paraum público que varia entre 30 e250 pessoas. Assim é que já estevepresente em Varsóvia, Rotterdam,

Brighton, Havana, Bergen, Viena,Valência, Seul, Tampere, Praga,Adelaide, Montpellier, Berlim, Tel--Aviv, Zagreb, Fortaleza, Gotembur-go, Pequim, Vilnius, pretendendo,nos próximos dois anos, compare-cer aos congressos em Florença eYokohama.

Em 28 de julho passado, den-tro da programação do 90o Con-gresso Universal de Esperanto (Vil-nius, Estônia, de 23 a 30 de julhode 2005), a FEB mais uma vez di-vulgou o Espiritismo no seio da fa-mília esperantista mundial, fazendorealizar uma palestra no Salão Sku-pas, do Reval Hotel Lietuva. O te-ma foi em torno do livro La Gene-zo (A Gênese, em esperanto), edita-do pela FEB em versão feita pornosso companheiro Affonso Soares,Diretor de seu Departamento deEsperanto.

A palestra teve a duração de65 minutos, em duas partes, tendosido abordados o primeiro e o se-

gundo capítulos daquela obra, daqual foram oferecidos gratuitamen-te 32 exemplares aos congressistaspresentes.

Ao final, na parte destinada aperguntas e respostas, os dois expo-sitores, Robson Mattos e o autordestas notas, contaram com a cola-boração da dirigente da organizaçãoesperantista “Bona Espero”, de Al-to Paraíso de Goiás (GO), Sra. Úr-sula Grattapaglia, e do Sr. AugustoKilk, dirigente de um Grupo Espí-rita na Estônia, a quem foram ofe-recidos 8 exemplares de La Genezopara a biblioteca de sua instituição.

Dentre as mais diversas per-guntas, algumas revelavam totaldesconhecimento do tema e grandesurpresa a respeito do que foi ali ex-posto, isto é, do verdadeiro cará-ter da Doutrina Espírita, fato quecomprova a necessidade do trabalhode divulgação feito pela FEB.

Por limitação de tempo, as ati-vidades foram encerradas, mas osquatro companheiros acima citadose ainda Cleber Lemos e GiuseppeGrattapaglia permaneceram fora dosalão por mais 30 minutos prestan-do esclarecimentos sobre a Doutri-na Espírita e, principalmente, sobrecomo se apresenta e se desenvolve oMovimento Espírita no Brasil.

Numa palavra, nossas ativi-dades em torno do esperanto e doEspiritismo na bela Vilnius consti-tuíram-se em fecunda semeadurade nobres idéias e ideais, de cujagerminação cuidará o Divino Jardi-neiro.

Espiritismo na Lituânia, via EsperantoIsmael de Miranda e Silva

“Filhos, o Senhor nos abençoe.Efetivamente, as vossas responsabilidades no plano terrestre

vos concitam ao trabalho árduo no que se refere à implantação dasidéias libertadoras da Doutrina Espírita, que fomos trazidos a servir.Em verdade, nós outros, os amigos desencarnados, até certo pon-to, nos erigimos em companheiros da inspiração, mas as realidadesobjetivas são vossas, enquanto desfrutardes as prerrogativas da en-carnação.

Compreendamos, assim, que a vossa tarefa na divulgação doEspiritismo é ação gigantesca, de que vos não será lícito retirar aatenção.”

(Trecho de comunicação de Bezerra de Menezes, intitulada “Divul-

gação Espírita”, recebida em 6 de dezembro de 1969 pelo médium

Francisco Cândido Xavier – Reformador de abril de 1977.)

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Em nossa vida social, que en-volve os ambientes familiar eprofissional, grupo religioso,

momentos de lazer, temos que con-viver necessariamente com o pró-ximo.

Jesus nos mandou amar o pró-ximo como a nós mesmos, porémcomo amaremos o próximo quan-do ele fala ou tem comportamentoque achamos não estar correto,quando analisados pelo princípiodo direito e dever a que todos esta-mos submetidos? Simplesmente si-lenciar, omitir-se, ainda que as suaspalavras ou conduta possam preju-dicar o outro?

Observamos, então, que amaro próximo estabelece ações concre-

tas para que possamos ajudá-lo,tanto quanto a nós mesmos.

É necessário saber analisar eexercitar a crítica, e não a maledi-cência, para amorosamente falarcom a pessoa, de forma construtiva.

Nesses momentos em que de-vemos exercitar a crítica, a Doutri-na Espírita e a Psicologia trazem--nos orientações oportunas a fim deque a nossa ação verdadeiramenteconstrua algo de bom e útil para ooutro e também para nós.

Com base em onze itens ex-traídos de um estudo de Psicologiasobre habilidades sociais cristãs(referência ao final), podemos asso-ciar princípios espíritas a todas assituações em que a crítica for perti-nente ou necessária.

Então, tendo em vista o co-nhecimento do Espiritismo e o

conhecimento da Psicologia comrelação à crítica, deve-se, ao

FAZER:

1. Dirigir-se diretamente à pes-soa.

A análise e as observações queprecisamos fazer a respeito de al-guém devem ser feitas diretamentea ela, pelo respeito e consideraçãopara com essa pessoa.

Fazer comentários sobre umapessoa com outra é, na maioria dasvezes, dar ensejo à maledicência ecair na famosa “fofoca”, ou seja, co-mentário que não deseja oferecer al-go positivo ao outro, mas denegri--lo, rebaixá-lo numa tentativa de,falsamente, elevar a própria perso-nalidade.

2. Referir-se ao comportamen-to e não à pessoa.

Quando se analisa e se faz umacrítica sobre o erro de uma pessoa,deveremos apontar o erro no seucomportamento e não fazer um jul-gamento negativo sobre ela.

3. Escolher a ocasião adequada.Para que uma crítica seja bem

recebida é necessário que a pessoa aquem iremos fazê-la seja respeitada.Precisamos analisar se a ocasião é amelhor. Se não há alguém por perto,a quem não interessa o que vamosdizer. Se a pessoa já não está com oestado emocional alterado por ou-tros problemas ou questões íntimas.

4. Controlar a emoção. Críticanão é desabafo.

Por mais que a conduta da pes-soa ou o erro que ela cometeu tenhaproduzido em nós algo de ruim, des-de a irritação até a raiva, ao nos diri-

Falar com amorAylton Paiva

“Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar,

porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí provei-to, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade.Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os de-feitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade.”(Questão 903 de O Livro dos Espíritos.)

“Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direi-to de repreender o seu próximo?

Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquantocada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretu-do, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, de-veis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as maisdas vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensãoé uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda se-ja cumprido com todo o cuidado possível.” (O Evangelho segundoo Espiritismo, cap. X – Bem-aventurados os que são misericor-

diosos, item 19.)

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girmos a ela precisamos ter sob con-trole as nossas emoções, porque nin-guém constrói nada de produtivoagredindo, ao utilizar-se da crítica.

5. Evitar produzir desconfortoexcessivo no interlocutor.

Se efetivamente queremos usara crítica como forma positiva deajudar, melhorar, aperfeiçoar o ou-tro, deveremos não só ter o controledas emoções, como, também, usaras palavras de forma adequada paraesclarecer e orientar.

6. Ao fazer a crítica, apresentarum aspecto positivo e, em seguida,falar do comportamento inadequa-do. Ao final, referir-se a outro com-portamento adequado da pessoa.

É muito difícil receber umacrítica com tranqüilidade, por isso,comecemos apresentando à pessoaalgo que ela tenha de bom, falan-do de forma autêntica e verdadeira;em seguida apresentemos a crítica.Quando necessário, para amenizaro impacto emocional produzido,comentemos algo positivo que apessoa também tem. Ela se tornarámais receptiva à análise feita.

7. Ao falar, ser claro e sucinto.Quando fizermos a crítica, de-

veremos falar com clareza, comtranqüilidade e prender-nos estrita-mente ao que necessariamente te-nha que ser dito naquele instante.

Ficar com circunlóquios e re-petições desnecessárias acaba por ir-ritar o interlocutor, bloqueando asua possível receptividade.

8. Evitar estilo professoral emoralista.

Ao fazer uma crítica nunca de-veremos posicionar-nos como se

falássemos de cátedra ou com pre-tensa superioridade moral ou espi-ritual.

Considerando-se o erro comoelemento inerente às nossas expe-riências de aprendizagem, ao fazer acrítica não deveremos assumir umapostura de quem não erra nunca ejá se sente como um ser perfeito.

Esse comportamento gera umapostura por parte da outra pessoade defensibilidade e de bloqueio;ainda que a crítica seja procedenteela, mentalmente, já terá assumidoum estado mental e emocional deimpermeabilidade.

9. Dar oportunidade ao outropara se justificar.

O grande avanço nas normasdo Direito que regem a elaboraçãodas leis, principalmente na área dapunibilidade, foi o estabelecimen-to do princípio do contraditório.Ninguém pode ser condenado senão tiver o direito de responder àsacusações que lhe são imputadas, ouseja, o inarredável direito de defesa.

Da mesma forma, no relacio-namento comum, quando surge umfato em que alguém é criticado, eletem o direito de se justificar e deveser-lhe dada a oportunidade para tal.Se a sua argumentação justifica ounão a ocorrência, dependerá de novaanálise, podendo ser acolhida ou não.

10. Não permitir atitudes sub-servientes.

Como há aquelas pessoas queao serem criticadas, no sentido deapontar-lhes erros, se irritam ou seenraivecem partindo para o ata-que a fim de se defender, outras as-sumem um comportamento desubserviência, ou seja, de se rebai-xar, desconsiderando-se.

Adotam uma postura de “coi-tadinho inferior”

É preciso mostrar à pessoa o er-ro cometido e que se deseja apenasa sua reparação, sem que isso fira asua dignidade e a sua auto-estima.

Às vezes esse comportamentorevela uma compreensão autênticada sua falha, mas exagerado quantoà autocrítica, outras vezes, porém,pode manifestar uma manobra paraescusar-se de encarar os próprioserros.

11. Manter contato visual semser intimidatório.

Ao dialogarmos com a pessoa aqual fazemos a crítica, mantenha-mos contato visual com ela, semque ele seja intimidatório ou que anossa postura revele uma pretensasuperioridade.

Que esse contato visual expres-se compreensão, clareza e firmezarespeitosa para com a pessoa a quemestamos expressando a nossa crítica.

Finalmente, ao adotarmos ocomportamento de fazer a crítica demaneira construtiva e educativa,estaremos atendendo à orientaçãodo Mestre Jesus: “Fazei aos homenstudo o que queirais que eles vosfaçam, pois é nisto que consistem alei e os profetas.” (Mateus, 7:12.)

“Tratai todos os homens comoquereríeis que eles vos tratassem.”(Lucas, 6:31.)

BIBLIOGRAFIA:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1. ed.especial. Rio de Janeiro: FEB, Parte Terceira,cap. XII, 2005.

_____. O Evangelho segundo o Espiritismo,3. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, cap. X,2005.

PRETTE, Almir e Zilda. Habilidades SociaisCristãs, 1. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,2003.

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Em recente artigo publicadopelo Diário do Povo o Profes-sor J. A. Pinotti defende com

equívocos a “normalização” do abor-to. Sua visão em defesa da mulher,suas prerrogativas sociais e direitosà saúde, são dignas do reconheci-mento de todos nós. Porém, ele pa-rece ignorar totalmente que a maiorvítima do aborto será sempre acriança que está por nascer.

Numa análise superficial daevolução recente da Medicina, po-demos notar uma seqüência de con-tribuições importantíssimas ocor-ridas na área da contracepção, parapoder dispor a própria mulher daopção de engravidar ou não.

Do ponto de vista social, a evo-lução também foi notória. O nívelde informação da menina-moça dehoje é quase completo e desinibido.Reduziram-se as pressões sociaiscontra a mulher solteira que engra-vida e as relações sexuais que regemo “convívio afetivo” entre pessoasque se afeiçoam estão cada vez maisliberais e criativas. O caminho apercorrer, tanto na área Médica co-mo Social, ainda deverá ser longo,até que toda questão da gravidez“não esperada” seja resolvida. Ain-

da teremos que redigir o “Estatutoda Criança que está por nascer” e asociedade deverá compartilhar coma mulher-mãe o compromisso davida de maneira solidária.

Venho nos últimos anos estu-dando o “Complexo Cérebro-Men-te”, procurando identificar como seprocessa esta relação entre os fenô-menos físicos e sua transformaçãoem respostas ou percepções psi-cológicas. Parece muito claro que o

cérebro, por si só, não é capaz dejustificar toda capacidade da Men-te humana e o conhecimento cien-tífico é muito limitado para alcan-çar as razões filosóficas da naturezahumana e do seu destino.

Tenho uma visão espiritualistaque me permite identificar a Men-te como uma entidade corporifica-da que instrumentaliza o cérebropara se inserir na realidade física em

que vivemos. A Mente humanatem-se aprimorado dentro do mes-mo processo que forçou, pela sele-ção natural, a evolução das formasfísicas dos organismos que vivificamo nosso mundo biológico.

Na semiologia neuropsicológi-ca, freqüentemente se confunde aMente com os nossos processos psi-cológicos, parecendo que estes àsvezes são a causa e não o efeito. Ainstrumentação neurológica de ho-je só nos permite identificar os fe-nômenos psíquicos através da se-miologia grosseira de estímulo--resposta, provocando reações atra-vés do cérebro. Ainda falta muitopara aprendermos a avaliar, porexemplo, o conteúdo da consciên-cia, a extensão dos fenômenos in-tuitivos e o grau superlativo dasnossas percepções interiores.

Para Freud, o “Aparelho Psíqui-co” de cada um de nós começa a seestruturar apenas após o nascimen-to através da atividade motora. Ogesto da criança que toca o seio ma-terno vai lhe inspirando segurançae, com os movimentos do corpo, elavai se relacionando com o meio ex-terior. A partir daí passa a fazer suasidentificações e expor suas incli-nações. A Neuropsicologia de hojeestá, no entanto, antecipando cadavez mais o aparecimento de expres-sões do Psiquismo no ser humano.

Bem antes do nascimento, asmanifestações de vivências agradá-veis ou não da mãe já imprimem naMente da criança que vai nascer

REFORMADOR DE ONTEM

O aborto e a psicologia fetalNúbor Orlando Facure*

Ainda falta muito

para aprendermos a

avaliar, por exemplo,

o conteúdo da

consciência, a

extensão dos

fenômenos intuitivos

*Professor titular de Neurocirurgia daUNICAMP e Diretor do Instituto do Cérebro.

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Reformador/Outubro 2005 31389

reações que logo após o parto po-dem ser semiologicamente confir-madas.

Análises com figuras ou retra-tos mostrando, por exemplo, o ros-to da mãe, podem ser estímulos efi-cazes para o recém-nascido que, sesupõe, pode até distinguir um ros-to com um sorriso de outro que ex-pressa seriedade. Estímulos sonoroscorrespondentes à voz humana tam-bém podem ser discriminados pelorecém-nascido, especialmente quan-do se tratar da voz da sua própriamãe.

Nos congressos de Neurope-diatria já estão incluídos (sic) emsua temática a apresentação de tra-balhos sobre o Psiquismo Fetal.Esta é uma área tão intrigante co-mo foram as revelações sobre o In-consciente após os estudos deFreud. Antes dele ninguém podiasuspeitar de uma ligação materno--infantil tão fortemente ligada à se-xualidade, nem se poderia com-preender as paixões que o Com-plexo de Édipo esclareceu. É claroque continuamos com perguntasfundamentais aguardando novasrevelações: qual é a essência deste“Psiquismo Fetal”, quando ele seinicia e qual a sua interdependên-cia com os pais. Parece que estãocertos os orientais que começam acontar a idade de suas crianças pe-la data da sua concepção. A confir-mação de um “Psiquismo Fetal”,intimamente ligado ao “Psiquis-mo Materno”, implica em maisum motivo para nossa meditaçãoquando falamos em aborto.

(Transcrito de Folha Espírita, de julho de1994.)

Fonte: Reformador de novembro de 1994,p. 22(338).

Renascer e remorrerUsufruímos na Espiritualidade o continente sem limites de onde

viemos; no Universo Físico, o mar sem praias em que navegamos dequando em quando, e, na Vida Eterna, o abismo sem fundo em quedesfrutamos as magnificências divinas.

No trajeto multimilenário de nossas experiências, aprendemos,entre sucessivos transes de nascimento e desencarnação, a alegria deviver, descobrindo e reconhecendo a necessidade e a compensação dosofrimento, sempre forjado por nossas próprias faltas.

Já renascemos e remorremos milhões de vezes, contraindo e sal-dando obrigações, assinalando a excelsitude da Providência e o valorinapreciável da humildade, para saber, enfim, que toda revolta humanaé absurda e impotente.

Se as lutas do burilamento moral não têm unidade de medida, aação do amor é infinita na solução de todos os problemas e na me-dicação de todas as dores.

Tolera com paciência as inevitáveis, mas breves provas de agora,para que te rejubiles depois.

Nos compromissos espirituais, todos encontramos solvibilidadeatravés do esforço próprio. Aproveitemos a bênção da dor na amorti-zação dos débitos seculares que nos ferreteiam as almas, perseverandoresignadamente no posto de sentinelas do bem, até que o Senhormande render-nos com a transformação pela morte.

Sempre trazemos dívidas de lágrimas uns para com os outros.Vive, assim, em paz com todos, principalmente junto aos irmãos

com os quais a tua vida se entrecomunica a cada instante, legando, portestamento e fortuna, atos de amor e exemplos de fé, no fortalecimen-to dos espíritos de amigos e descendentes.

Se há facilidade para remorrer, há dificuldades para renascer. Asportas dos cemitérios jamais se fecham; contudo, as portas da reencar-nação só se abrem com a senha do mérito haurido nas edificações in-cessantes da caridade.

As dores iguais criam os ideais semelhantes.Auxiliemo-nos mutuamente.O Evangelho – o livro-luz da evolução – é o nosso apoio. Busque-

mos a Jesus, lembrando-nos de que o lamento maior, o desesperadoclamor dos clamores, que poderia ter partido de seus lábios, na potên-cia de mil ecos dolorosos, jamais chegou a existir...

Lins de Vasconcellos

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA Waldo. O Espírito da Verdade. Autores Di-versos. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, cap. 48, p. 117-118.

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Uma torrente infindável de má-goas e sentimentos contradi-tórios leva contingentes de se-

res humanos exaustos a formar umséqüito de sofredores à procura desocorro psiquiátrico ou psicológico,multiplicando o volume das análi-ses e divãs em consultórios e clíni-cas. Quantitativo crescente de casosaporta aos templos religiosos, numdesesperado apelo para a fé comoúltima saída para uma coletânea deressentimentos, num intricado labi-rinto de angústias e depressões.

Em grande parte, é a dificulda-de nossa de cada dia de desculpar,de desculpar-se, de começar de no-vo. Dificuldade que emerge dos re-lacionamentos diários, tornando avida uma administração de confli-tos – na família, na escola, no tra-balho, no trânsito, no lazer. Até naCasa Espírita.

A Ciência vem fazendo impor-tantes constatações na área do com-portamento humano, levando pes-quisadores a formular conceitos deextrema relevância, capazes de alte-rar substanciosamente a qualida-de de vida de indivíduos, famíliase grupos sociais. Revolucionandodiagnósticos e substituindo terapiasconvencionais, conduzindo pacien-tes a trocar prolongados tratamen-tos alopáticos por terapias inova-doras, os níveis do conhecimento

indicam a mudança de hábitos co-mo pré-requisito terapêutico à er-radicação de males de etiologiacomplexa. Sem externar crenças, amaioria dos pesquisadores evita re-velar convicções religiosas de mo-do a dar às conclusões caráter decunho estritamente científico, masacabam por fornecer subsídios va-liosos ao argumento da religiosida-de corrente.

Estudiosos de Stanford relata-ram valiosas observações, levando ocientista Fred Luskin a tratar do as-sunto com admirável propriedadequando torna pública parte desseimportante acervo1:

“Estudos científicos mostramcom clareza que o aprendizado doperdão é bom para a saúde e bem--estar – bom para a saúde mental e,de acordo com dados recentes, bompara a saúde física.

“(...) Definitivamente, o passa-do é passado.

“(...) A doença cardíaca é a cau-sa mortis principal tanto para ho-mens quanto para mulheres.

“(...) a raiva provoca a liberaçãode substâncias químicas associadasao estresse, que alteram o funciona-mento do coração e causam o es-treitamento das artérias coronáriase periféricas.

“(...) O perdão é uma expe-riência complexa, que modifica onível da autoconfiança, de ações,pensamentos, emoções e sentimen-tos espirituais de pessoa vítima deafronta. Acredito que aprender aperdoar os sofrimentos e ressenti-mentos da vida seja um passo im-portante para nos sentirmos maisesperançosos e conectados espiri-tualmente, e menos deprimidos.”

Pasma o relato circunstancia-do do Dr. Fred Luskin sobre algoque não é estranho ao meio espíri-ta2:

“Imagine que o que você vê emsua mente está sendo visto numatela de tevê.

(...) Pelo seu controle remotovocê determina o que se apresentana sua televisão. Imagine agora quecada um tenha um controle remo-to para mudar o canal que estávendo na mente.

(...) desse ponto de vista, amágoa pode ser vista como um con-trole remoto travado no canal damágoa.”

O raciocínio do cientista faz--nos rememorar a rica literatura ad-vinda através de Chico Xavier, davaliosa colaboração de André Luiz3:

32 Reformador/Outubro 2005390

O amor cobre a multidão de pecados

Antônio Carmo Rubatino

1O Poder do Perdão, Fred Luskin. Editora No-vo Paradigma, cap. 7.

2Idem, ibidem, cap. 93Os Mensageiros – Francisco C. Xavier, peloEspírito André Luiz, cap. 23, p. 147, Ed. FEB.

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“(...) Estupefato, comecei a di-visar formas movimentadas no âm-bito da pequena tela sombria. Sur-giu uma casa modesta de cidadehumilde. Tive a impressão de trans-por-lhe a porta. Lá dentro, um qua-dro horrível e angustioso. Uma se-nhora de idade madura, demons-trando crueldade impassível no ros-to, lutava com um homem embria-gado. – ‘Ana! Ana! pelo amor deDeus! não me mates! – dizia ele, sú-plice, incapaz de defender-se. –‘Nunca! Nunca te perdoarei! (...)’.”

Com toda a sua dinâmica dedesvendar o conhecimento a partirde observação repetida e sistemáti-ca, a ciência experimental vem gal-gando passos importantes na dis-seminação do saber, dando saltosquantitativos gigantescos, ora mui-to objetiva e rapidamente, ora mui-to lenta e gradualmente. E a varian-te dos novos passos que são dadostem a vontade como mola propul-sora. Quando deseja, o homem ca-minha rápido, muito rápido; quan-do não, demora-se nas enseadas davida, às vezes evitando tratar abor-dagens incômodas ou de futuro in-certo, postergando o transcendentepara outra instância, receoso dechegar a conclusões embaraçosas,que possam implicar em mudançasimportantes nos valores cultuados.

A ciência e a religião tocam-senas linhas infinitas do tempo.

O Meigo Nazareno já havia re-comendado o perdão na sua men-sagem consoladora ao colégio apos-tólico, aos discípulos, e, em todosos conflitos, externava generosi-dade e compreensão, procurandosubstituir a ofensa pela desculpa, aintransigência pela tolerância, a má-goa pelo amor. Recomendara a umdileto amigo que desculpasse ilimi-

tadas vezes, como que procurandodizer a ele que o perdão age comomedicamento profilático, vacinal,capaz de substituir vincos na frontecerrada e ameaçadora pela amenadescontração de um riso relaxante econfortador 4. Acostumado a obser-var a infantilidade de conflituososcontemporâneos, desaconselhava olitígio, endereçando as querelas asoluções que esvaziam as disputas 5.Como quem quisesse nos dizer quea maioria dos aborrecimentos dodia-a-dia passariam despercebidos,se pudéssemos as mais das vezes di-zer ao semelhante que nos desafia:

– Estou errado, enganei-me.Não faria de novo.

Habituados a não reconhecero próprio erro, sempre empenha-mos recursos verbalísticos persua-sivos, no afã de evitar o mea culpaque deixaria o assunto exaurir-sede per si. Opta-se por tentar iden-tificar o erro no semelhante oudescobrir nele a contribuição paraa contenda, crendo na sua dissi-mulação, capaz de aviltar a verda-de para esquivar-se de qualquertransgressão.

De Pedro vem observação inte-ressante, que não cogita da conten-da, dotada de senso de oportunida-de, atualíssima na sociedade em queestamos inseridos, onde o conflitoainda é a via primeira para solucio-nar questões do dia-a-dia 6:

(...) tende amor intenso unspara com os outros, porque o amorcobre a multidão de pecados.

Sede, mutuamente, hospitalei-ros, sem reclamar. Servi uns aos ou-tros, cada um conforme o dom querecebeu, como bons despenseiros damultiforme graça de Deus. Se al-guém fala, fale de acordo com osoráculos de Deus; se alguém serve,faça-o na força que Deus supre...

Desculpar não é aceitar o erroque alguém pratica. Mas reconhe-cer o erro, nosso ou do nosso seme-lhante, sem se ofender. Sem se ma-goar. Sem ter que sentir de novo,no dia seguinte, a contrariedade davéspera: portanto, sem se ressentir.É aceitar as pessoas, e a nós mes-mos, sem ficarmos presos aos acon-tecimentos indesejados da vida emsociedade. É admitir que “o passa-do é passado”, como afirma FredLuskin. Ou o próprio Emmanuelquando escreveu: “Agora, eis o mo-mento da melhora que procuras. (...)Ontem não mais existe (...).” 7

Reformador/Outubro 2005 33391

4Mateus, 18:21-22.5Mateus, 5:23-24.6I Pedro, 4:8-11.

7Espera Servindo, pelo Espírito Emmanuel,GEEM.

AGORAAgora, eis o momento

Da melhora que buscas.

De nada te lastimes.Ontem não mais existe.

De tudo o que se foi,Só a lição perdura.

Renova-te e caminhaSobre o eterno presente.

Olha o tronco podadoLançando ramos novos.

Não pares, segue e serve.Deus cuidará de ti.

Emmanuel

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Há uma ocorrência muito inte-ressante constante no capítu-lo 4, Primeira Parte do livro

Sexo e Destino, ditado pelo Espíri-to André Luiz aos médiuns Francis-co Cândido Xavier e Waldo Vieira,em edição da Federação EspíritaBrasileira*. O livro integra a chama-da Série André Luiz. Tal ocorrêncialeva-nos a refletir sobre o poder e oalcance da indução mental.

Induzir significa causar, inspi-rar, deduzir, instigar, entre outrosconceitos. A indução, por sua vez,é ação ou efeito de induzir, conse-qüência tirada dos fatos que se exa-minam (grifos deste autor).

No capítulo acima citado, doimportante livro, o autor espiritualcomenta o caso de uma mulher denome Beatriz, com doença ter-minal. O Espírito André Luiz estáacompanhado do Espírito PedroNeves, que fora pai da personagemBeatriz. Ocorre que Nemésio, ma-rido de Beatriz e, portanto, genrode Neves (já desencarnado), convi-dou Marina (colega de trabalho,com quem mantém caso extracon-jugal clandestino) para cuidar da es-posa Beatriz. Nemésio aguarda an-sioso a desencarnação da esposa paraficar com Marina, livrando-se dosprocessos burocráticos do divórcio.

E é neste ponto que entra nos-sa reflexão. Num momento de visi-ta à enferma, após avaliação do qua-dro clínico, Marina e o marido deBeatriz retiram-se para cômodo aolado e a simples suposição do quepoderia acontecer ao casal ou elespoderiam fazer sem conhecimentoda esposa doente, faz com que o ca-sal registre situações maliciosas,mentalmente. André e Neves, esteabatido com a traição sofrida pelafilha encarnada, percebem, desa-pontados, que ajudaram a induziraqueles pensamentos.

Transcrevemos parcialmente ostrechos específicos do capítulo emquestão:

“Ele e ela comunicavam-se, en-tre si, as mais ternas expansões deencantamento recíproco, sem ser dis-soluto, e pareciam aderir, automati-camente, às impressões que esboçá-vamos, de vez que acompanhávamosos mínimos gestos dos dois, com agu-çada observação, prejulgando-lhes osdesígnios com o fundo de nossas pró-prias experiências inferiores já supe-radas.

(...) vimo-nos obrigados a reco-nhecer que a nossa expectativa ma-liciosa, aliada ao espírito de censu-ra, estabelecia correntes mentaisestimulantes da turvação psíquicade que ambos se viam acometidos,correntes essas que, partindo de nósna direção deles, como que lhes agra-vavam o apetite sensual.”

A observação de André consta-

ta também que Neves (o pai desen-carnado da enferma Beatriz), contra-riado com a atitude do genro infiel,“(...) se me afigurava agora um ho-mem positivamente vulgar da Terra,que a revolta azedava. Sobrecenhocrispado alterava-lhe a feição no de-sequilíbrio vibratório que precede asgrandes crises de violência.”

Porém, a chegada inesperadade um Benfeitor espiritual alterouo quadro e novamente se fez notara questão da indução mental. Félix,o amigo recém-chegado, causouuma alteração expressiva no quadrodo casal que se envolvia nos braçosda paixão descontrolada. Deixemosque a transcrição parcial do livronos faça tirar as lições que o temanos proporciona:

“Nemésio e Marina transferi-ram-se, de repente, a novo campode espírito.

Confirmei a impressão de quea nossa curiosidade enfermiça e arevolta que dominava Neves atéentão haviam funcionado ali porestímulos ao magnetismo animal aque se ajustavam os dois enamora-dos, que nem de leve desconfiavamda minuciosa observação a que seviam sujeitos, porquanto bastouque o irmão Félix lhes dirigissecompassivo olhar para que se modi-ficassem, incontinenti.

A visão de Beatriz enfermacortou-lhes o espaço mental, à fei-ção de um raio. Esmoreceram-se--lhes os estos de paixão.

34 Reformador/Outubro 2005392

Caminhos da indução mental Orson Peter Carrara e Américo Sucena

*Utilizamos na presente transcrição a 8a edi-ção, de outubro de 1981, páginas 32 a 39.

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.................................................E não era só isso. Não podia

auscultar o mundo íntimo de Ne-ves; contudo, de minha parte, sú-bita compreensão me inundou aalma.

‘E se eu estivesse no lugar de Ne-mésio? Estaria agindo melhor?’ (...).

Fitei o atribulado chefe da casa,possuído de novos sentimentos, per-cebendo nele um verdadeiro irmãoque me cabia entender e respeitar.

Embora confessando a mimmesmo, com indisfarçável remorso,a impropriedade da atitude que as-sumira, momentos antes, prosseguiestudando a metamorfose espiritualque se processava.”

Observamos, pois, dois casosde indução mental. A primeira queconduziu ao apetite sensual, pelasconclusões mentais prévias dos Es-píritos André e Neves, que observa-vam o casal, e a segunda alterandocompletamente o quadro vivido pe-lo casal com a indução superior querecordou a enferma necessitada decuidados. Repetimos a frase do li-vro: A visão de Beatriz enfermacortou-lhes o espaço mental, à fei-ção de um raio. Esmoreceram-se--lhes os estos de paixão.

A direção, pois, do pensamen-to é de grande poder e alcance. Tan-to para os prejuízos e benefícios in-ternos próprios do autor, comopara mentes invigilantes que se dei-xam conduzir.

O assunto é abrangente e podeser pesquisado especialmente atravésdas questões 459, 460, 467, 469,470 e 472 de O Livro dos Espíritos,de Allan Kardec. A primeira delas,sempre muito citada, na respostados Espíritos, informa que os Espí-ritos influem a tal ponto, que, deordinário, são eles que vos dirigem

(na questão da influência sobre nos-sos atos e pensamentos). Já na ques-tão 467 há a preciosa informação deque tais Espíritos (refere-se aos queprocuram arrastar ao mal) só se ape-gam aos que, pelos seus desejos, oschamam, ou aos que, pelos seus pen-samentos, os atraem.

Todavia, é na questão 472 queos Espíritos (indagados se as circuns-tâncias são criadas ou se delas se apro-veitam para atrair-nos ao mal) infor-mam: “Aproveitam as circunstânciascorrentes, mas também costumamcriá-las, impelindo-vos, mau gradovosso, para aquilo que cobiçais.”

O desafio está, pois, na direçãodo pensamento que nos permiti-mos levar. Muitos pensamentos sãosugeridos, outros captados das on-das mentais que nos envolvem emuitos outros advêm, é óbvio, dossentimentos que nós mesmos ali-mentamos.

Na observação e análise, ver-bais ou mentais, de fatos e circuns-tâncias que presenciamos ou não,tenhamos igualmente o cuidado dadireção de nossas conclusões e in-duções que instigamos, pois igual-mente aí está presente a responsabi-lidade dos próprios caminhos e a leide causa e efeito.

Nossas palavras e pensamentospodem gerar aflições e autênticastragédias; igualmente podem esti-mular progresso e felicidade. De-pende da direção que imprimirmos.E como o foco da presente aborda-gem é a indução mental, a lição tra-zida por André Luiz sugere pensarseriamente na questão.

Nota: A presente matéria é resultado depesquisa e indicação de Américo Sucenae elaboração textual de Orson PeterCarrara.

Reformador/Outubro 2005 35393

Os passeios da luzPaulo Nunes Batista

Literalmente: a luz passa e passeianas calçadas do mundo, nas calçadasdas ruas e avenidas asfaltadas;nos caminhos de terra, pedra ou areia.

A luz na asa lucífera clareiaas vias de águas doces e salgadas;deixa as coisas da vida iluminadas,sorrindo em tudo; assim, de graça cheia.

A luz, dançando em trilhos e veredas,a embelezar o chão das alamedas,nessa pletora de felicidade.

Em canções irisadas, canta e passa,ungida toda da divina graçade ser espelho de felicidade.

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Todo ser humano, em sua traje-tória na vida terrena, vive cer-cado por vários elementos, por

vários fenômenos, pela necessidadede compreender a vida, a morte,Deus, o Universo e as leis que re-gem tudo que existe. Para conhecertudo isso homens dotados de espí-rito inquiridor lançam-se à necessá-ria investigação, formando os váriosramos do conhecimento humano.Ninguém consegue atingir a verda-de absoluta e, sim, a verdade parcialque está apto a alcançar. À medidaque o ser humano amadurece, aolongo do tempo, cresce a fração deverdade que pode absorver e assi-milar. O Espiritismo é a doutrinaque na atualidade abrange, em felizsíntese, os três grandes ramos de co-nhecimento: Ciência, Filosofia eReligião.

Ciência: Muitas verdades, de-duzidas pela demonstração e conca-tenadas entre si, formando um sis-tema, eis a Ciência. Constitui, emúltima análise, uma soma de conhe-cimentos, ordenados e lógicos. OEspiritismo se encaixa nesta defini-ção, visto utilizar o método experi-mental (O Livro dos Médiuns) damesma forma que as ciências posi-tivas. Como ciência prática tem suaessência nas relações que se podemestabelecer com os Espíritos. Pro-

va-nos a existência, sobrevivência ea imortalidade do Espírito, seu ob-jeto de estudo. O objeto da Ciênciaé tudo o que ela abrange, tudo oque examina, tudo quanto consti-tui motivação para sua pesquisa.Assim, na Ciência Espírita, o obje-to é o Espírito. Kardec assim defi-niu o Espiritismo: “É uma ciênciaque trata da natureza, origem e des-tino dos Espíritos, bem como desuas relações com o mundo cor-poral”. Ciência Experimental queanalisa, observa, compara e deduzas conseqüências, remontando dosefeitos às causas, sem teorias pre-concebidas. Alcança seus resultadosatravés da dedução e do encadea-mento lógico dos fatos.

Filosofia: A Filosofia é a ciên-cia geral dos princípios e valores ge-rais da existência, da conduta e dodestino do homem. Filosofar seriameditar, estudar; procurar as causase as conseqüências dos fatos; buscarsabedoria. Tal é o objetivo essencialda Doutrina Espírita, Filosofia Es-piritualista por excelência. O cará-ter filosófico do Espiritismo está noestudo que faz do homem, sobre-tudo do Espírito, de seus proble-mas, de sua origem e de sua desti-nação. Demonstra a existência,inquestionável, de algo que tudocria e tudo comanda inteligente-mente – Deus. Definindo as res-ponsabilidades do Espírito, quandoencarnado (alma) e também do de-sencarnado, o Espiritismo é filoso-fia, uma regra moral de vida e com-portamento para os seres da Cria-ção, dotados de sentimento, razãoe consciência. Como ser moral,consciente, o homem tem liberda-de com responsabilidade e é issoque a filosofia espírita lhe mostracom clareza, à luz da doutrina dasexistências sucessivas (reencarna-ção), do carma e do livre-arbítrio,demonstrando-lhe que a vida éeterna e que ele deve fazer dessa vi-da uma permanente fonte de ven-tura e felicidade, pela obediência àsleis que regem toda a Criação.

Religião: Sempre se consideroureligião como o culto instituído e

36 Reformador/Outubro 2005394

Espiritismo: Ciência, Filosofia e Religião

Marcus Vinícius Pinto

O caráter filosófico

do Espiritismo está no

estudo que faz do

homem, sobretudo do

Espírito, de seus

problemas, de sua

origem e de sua

destinação

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formal, com seu templo ou igreja,suas imagens, seu ritual, sua hierar-quia sacerdotal, seus dogmas, mitose crendices. Neste sentido, o Espi-ritismo não é religião, ou seja, nãoé religião institucionalizada, porquenão visa satisfazer apenas os senti-dos físicos e os sentimentos super-ficiais da criatura, mas, sim, às ne-cessidades íntimas da alma emrelação ao seu Criador. Procura des-pertar a consciência dos homenspara Deus e a realidade do Espíritoimortal; mostra a responsabilidadede cada um, por sua posição e ati-tude na vida, dando a todos o en-tendimento amplo, mas simples,das leis naturais e divinas, que pre-sidem à evolução. O Espiritismo é,

portanto, a religião natural e cientí-fica, da fé raciocinada, sem misticis-mos e segredos iniciáticos, uma for-ma integral e consciente de condutahumana diante de Deus. O Espi-ritismo veio, a seu tempo, para ex-plicar a todos o mecanismo do beme do mal e revelar tudo aquilo queo Mestre Jesus não ensinara, porfalta de maturidade das criaturas.Tudo isto está explanado na obra OEvangelho segundo o Espiritismo, aqual coloca o aspecto religioso co-mo o ponto relevante da DoutrinaEspírita, resgatando, em sua pureza,o ensino moral do Cristo. “Deus éEspírito e em espírito e verdade éque o devem adorar os que o ado-ram” Jesus. (João, 4:24.)

Reformador/Outubro 2005 37395

Os tempos, de fato, são chega-dos..Sobre o orbe estão todasas dificuldades, todas as tor-

mentas, todas as lutas e agruras,mas, também, todas as oportunida-des de renovação para a criatura.

Desde o gesto de ternura aocrime estapafúrdio; da poesia for-mosa à pornografia aviltante; dadignidade sublime ao despautériotorpe; eis os quadros encontradosna presente experiência da Terra.

Somos chamados à liça. Somosconvocados à luta. Somos convida-dos às reconstruções necessárias.

Os dias atuais são formidáveisocasiões para que cada um de per sipossa dar-se conta do nível das pró-prias responsabilidades no cenáriohumano, do que lhe compete, real-mente, na esfera dos compromissospara com a vida.

O que não deve tornar-se con-duta comum dos que se afinamcom as propostas do Cristo é a pe-rene justificativa de impossibilida-des e de impotências.

“Tudo é possível àquele quecrê”, consoante os escritos do Evan-gelista Marcos.

O tempo que urge impele-nosàs realizações felizes, sejam os que seacham nas pelejas do mundo carnal,bem como os que já ultrapassamosas cortinas de cinzas da morte física.

Os tempos são chegados, valerepeti-lo. Mas, são chegados, exata-mente, para que empreendamos,sob o norteamento da DoutrinaImortal, as tarefas improcrastináveispara a renovação da alma imortal.

Se nos empenharmos, com to-das as veras, lograremos conquistasde excelência nos territórios do es-pírito.

Não nos parece lúcido que es-tejamos apresentando uma Doutri-na de redenção para o mundo enos mantenhamos amedrontadosfrente ao estado de violência e deviciação da atualidade.

O que estamos operando parasuplantar a onda violenta e a per-turbação provocada pelas depen-dências químicas? Indaguemo-nossempre.

Que orientações, que acompa-nhamentos, que propostas, que ta-refas, enfim, estamos encetandojunto às massas, junto às famílias,junto aos indivíduos, para forta-lecê-los, encorajá-los, permitindo--lhes ver valores em si mesmos, semqualquer necessidade de fugas porquaisquer meios utilizáveis?

Por que o temor de sair às ruas,de falar às pessoas em francos pro-cessos de obsessões? Por que nãonos dirigir aos companheiros quese encontram atados aos postes tor-mentosos da prostituição?

Os tempos nos exigem, agora,uma postura ativa, cristã-espírita eintensamente vibrante, para queatendamos ao bem geral.

Esse é um momento de novaconvocação, de nova clarinada, nãonos esqueçamos.

Estejamos atentos e unidos,para o atendimento do insistentechamado, fixados no vero ideal es-piritista, certos de que o nosso des-tino é o da ventura, o da alegria eda paz, após os deveres cumpridose superada a luta, com fidelidade.

Djalma Montenegro de Farias

(Mensagem psicografada pelo médiumJosé Raul Teixeira, em 7/11/1997, du-rante a reunião do Conselho Federati-vo Nacional da FEB, em Brasília-DF,transcrito de Reformador de fevereirode 1998, p. 57.)

Nova Clarinada

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Quase sempre acompanhadodos discípulos, Jesus compa-recia às sinagogas aos sábados,

a fim de participar dos diálogoscom os fariseus, sobre temas queenvolvem o Cristianismo e o Ju-daísmo, religião oficial dos judeus.

Ao passar por uma localidade,sua atenção foi despertada pela pre-sença de um homem cego de nas-cença. (João, 9:1-7.) Os discípu-los, ansiosos por esclarecimentos doseu dileto Mestre, perguntaram-lhequem havia pecado para que o ho-mem nascesse cego: se ele ou seuspais.

Percebendo a sede de saber doscompanheiros de apostolado, Jesusrespondeu que nem foi o homemnem seus pais que pecaram, masque através da cegueira fosse teste-munhada a obra de Deus diantedos homens.

Após a resposta, o Senhor fezuma mistura de saliva com terra, epassou-a nos olhos do cego, reco-mendando-lhe: “Vai lavar-te notanque de Siloé.” O cego atendeuao pedido e retornou completa-mente curado.

Embora desconhecendo o me-canismo da Lei de Causa e Efeito, aindagação dos discípulos sobre osmotivos da cegueira do homem te-ve cabimento. Certamente deseja-riam saber se o israelita curado

reencarnou cego por expiação, pararesgatar uma dívida de existênciapassada, ou por provação para seuspais. Não foi uma coisa nem outra.Foi tão-somente uma modesta mis-são. É que ele, antes de renascer, co-mo Espírito assumiu o compromis-so de voltar privado da visão a fimde, diante do povo incrédulo, dar otestemunho de que realmente Jesusera o Messias anunciado pelos pro-fetas do Antigo Testamento.

Jesus, de sua parte, que dispu-nha de ilimitados poderes sobre osfluidos terapêuticos, poderia ter rea-lizado a cura sem misturar salivacom terra. Contudo, fez uso dessemeio para complementar o teste-munho e causar forte impressão noespírito do povo e, ainda assim, pe-diu que o homem fosse se lavar notanque de Siloé, ou seja, do Envia-do. E o Enviado não era outro se-não o próprio Cristo.

A terapia fluídica aplicada porJesus, que restabeleceu a visão docego, fato que hoje as religiões tra-dicionais interpretam como mila-gre, causou escândalo perante o Ju-daísmo. Tanto que ele foi levado àpresença das autoridades do Siné-drio, que o interrogaram detalha-damente. E ante os representantesdo farisaísmo, o moço não negou.Ao contrário, confirmou a curacom simplicidade e estóica fir-meza.

Indignados com a narração dofato, que era evidente, os fariseusalegaram que Jesus não era o Envia-

do por Deus, porque fez a cura emdia de sábado, contrariando as leisde Moisés. Logo, porque guarda-vam o sábado com excesso de rigor,concluíram que o Messias não pas-sava de desprezível embusteiro.

Assim, envenenados pelo fana-tismo religioso e inconformadoscom o testemunho do ex-cego, or-denaram que viessem os pais domoço e os interrogaram nos mes-mos termos. Com receio de quefossem expulsos do templo, porcausa do filho, confirmaram a curaexternando certa vacilação, pedin-do que os fariseus perguntassem aopróprio moço, pois este já tinhabastante idade para responder pelosseus atos.

Nova intimação foi enviada aohomem curado. Ante as autorida-des, que o pressionaram a negar acura em público, ele não o fez, con-firmando-a mais uma vez. E teve aintrepidez de dizer alto e em bomsom: “Se o Enviado é pecador, nãosei; de uma coisa estou certo: eu eracego, e agora vejo.”

Segundo João, o evangelista(9:1-34), o fato causou um impac-to tão forte, mas tão forte mesmo,que o moço foi expulso do templo.

Os discípulos levaram o ocor-rido ao conhecimento de Jesus, que,com extremada solidariedade, con-fortou a todos e aproximou-se par-ticularmente do moço e fez-lhe es-tas perguntas: “Crês tu no Filho dohomem? – Quem é Ele, Senhor,para que eu nele creia? – Já o viste

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A cura do cego de nascençaSeverino Barbosa

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e é ele quem fala contigo.” Respon-deu o moço: “Creio, Senhor. E oadorou.” (João, 9:35-38.)

Jesus, concluindo seus esclare-cimentos ao moço ex-cego, fez-lheesta revelação: “Eu vim a este mun-do para um juízo, a fim de que osque não vêem, vejam, e os quevêem, se tornem cegos.” (João,9:39-40.) O Cristianismo veio tra-zer a luz para os simples de espírito,os humildes, os dóceis, os ignoran-tes de boa-fé. Mas, também, paraconfundir os sábios vaidosos e or-gulhosos que, apoiados em sua fal-

sa sabedoria, como os fariseus deoutrora, condenam o que não com-preendem.

Assim, tendo em vista que osacontecimentos podem repetir-seatravés dos tempos, as condenaçõese perseguições ocorridas naquelaépoca contra os seguidores da BoaNova repetem-se na atualidade emrelação ao Espiritismo e aos fenô-menos por ele explicados com todaclareza.

O farisaísmo continua, infeliz-mente, vivo e pulsante, desta feitacom nova roupagem de falsas inter-

pretações, negando sistematicamen-te as evidências dos fatos.

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Abastado fazendeiro fluminense, de idéias es-píritas, vinha do sítio à cidade, a fim de enten-der-se com o Juiz de Menores sobre o compor-

tamento reprovável de um filho. O jovem de catorzeanos fizera-se malfeitor. A princípio, subtraía valoresem casa. Em seguida, passou a escandalizar parentes.Supunham-no enfermo. Levado ao facultativo, rece-beu conselho, medicação.

Ainda assim, não se emendou. A pequena mãoleve preocupava.

Por último, era apontado como sendo o autordo desaparecimento de grande soma de residênciavizinha. O pai, aflito, marcara encontro com a au-toridade e, de passagem por Nilópolis, parou numposto de gasolina. Um companheiro reconheceu-o.Abraços. E, de imediato, a roda de amigos. Assuntovai, assunto vem.

José Luís do Espírito Santo, ferroviário espírita,humilde e abnegado, está no círculo. Ouve a con-versa com discrição. De quando em quando, atendea esse ou àquele necessitado. É um coração maternoa rogar auxílio. Um velhinho a pedir café. Umdoente que lhe apresenta o semblante triste. Essa ouaquela criança tentando amparo. O dinheiro é

pouco, mas José Luís saca do bolso, sem exauri-lo.Para cada um tem o auxílio como resposta.

A certa altura, o fazendeiro itinerante observa,conselheiral:

– Meu amigo, tenho muita simpatia pela Dou-trina Espírita, mas creio que o exagero da caridade éum abuso. Ajudar a torto e a direito é criar vadios.

O ferroviário esboçou o gesto de quem fora sur-preendido em falta e justificou-se:

– Dou coisa alguma, doutor. Um homem, co-mo eu, conta apenas migalhas. De fato, o senhor temrazão. É possível que a gente ajudando possa, aqui eali, ver surgir vadios. Mas sempre noto que a gente,acumulando muitos bens sem proveito, faz tambémos ladrões.

E sem saber que tocava fundo na chaga dohomem:

– E às vezes fazemos ladrões dentro da própriacasa.

Hilário Silva

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA Waldo. A Vida Escreve.9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, Segunda Parte, cap. 3,p. 131-132.

Retificando...

No artigo “Renovar o ho-mem para transformar a Terra”,de Robinson Soares Pereira(Reformador de julho/05, p. 39,quarto parágrafo), onde se lê (...)na sua maior pureza, já não sãomais capazeas de perturbar (...),leia-se: (...) na sua maior pureza,as injunções do mundo já não sãomais capazes de perturbar (...).

Dentro da própria casa

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Foi num mês de abril, mais exa-tamente no dia 18 de abril de1857, que Allan Kardec lan-

çou a primeira edição de O Livrodos Espíritos. Era a obra inicial daCodificação da Doutrina Espírita,que conta ainda com O Livro dosMédiuns (1861), O Evangelho se-gundo o Espiritismo (1864), O Céue o Inferno (1865) e A Gênese(1868), todos organizados e co-mentados por este incansável traba-lhador da seara do Cristo.

Neste ano de 2005 a DoutrinaEspírita completa, portanto, 148anos. Apesar disso, ainda é muitogrande a desinformação e as dúvi-das sobre o que é o Espiritismo,mesmo entre os que mais deveriamsaber sobre ele: os espíritas. Quasetodos os dias vemos pessoas falandode “espiritismo kardecista”, “karde-cismo”, “espiritismo de mesa”, de“mesa branca”, “centro de mesa”...Os próprios espíritas muitas vezesse referem à sua religião como “kar-decista”, esquecendo-se de que Kar-dec, apesar do enorme mérito e dohercúleo trabalho na organização daCodificação, não a criou. A Doutri-na é dos Espíritos, não de Kardec.Logo, não existe Kardecismo, e simEspiritismo.

Muito desta confusão provém

do preconceito com que determina-dos setores da sociedade, em espe-cial irmãos de algumas outras reli-giões, tratam as doutrinas espiri-tualistas em geral, e o Espiritismoem particular. Os espíritas, muitasvezes, se sentem na necessidade deesclarecer que não utilizam tambo-res, rituais, velas ou despachos paradiferenciar-se dos irmãos que fre-qüentam centros de Umbanda oude Candomblé. Com isso, acabamcolocando apêndices no nome desua própria doutrina (como os já ci-tados “espiritismo kardecista”, “demesa”, etc), além de denotarem,eles próprios, preconceito para comestes irmãos que professam sua féde acordo com o seu entendimen-to. E até mesmo estes próprios com-panheiros espiritualistas, talvez semsaber que incorrem em erro, utili-zam muitas vezes a denominação“Centro Espírita” para se referir àssuas casas religiosas (não espíritas),sem perceberem que com isso for-talecem o preconceito contra elespróprios.

O primeiro passo para que sepossa entender o que é o Espiritis-mo é exatamente ler a CodificaçãoEspírita. E no primeiro parágrafoda “Introdução” da primeira obrada Doutrina, O Livro dos Espíritos 1,Kardec esclarece:

“Para se designarem coisas no-vas são precisos termos novos. Assimo exige a clareza da linguagem, pa-ra evitar a confusão inerente à va-riedade de sentidos das mesmaspalavras. Os vocábulos espiritual,espiritualista, espiritualismo têmacepção bem definida. Dar-lhes ou-tra, para aplicá-los à doutrina dosEspíritos, fora multiplicar as cau-sas já numerosas de anfibologia.Com efeito, o espiritualismo é ooposto do materialismo. Quem querque acredite haver em si algumacoisa mais do que matéria, é espi-ritualista. Não se segue daí, porém,que creia na existência dos Espíri-tos ou em suas comunicações com omundo visível. Em vez das pala-vras espiritual, espiritualismo, em-pregamos, para indicar a crença aque vimos de referir-nos, os termosespírita e espiritismo, cuja formalembra a origem e o sentido radicale que, por isso mesmo, apresentama vantagem de ser perfeitamenteinteligíveis, deixando ao vocábuloespiritualismo a acepção que lhe éprópria. Diremos, pois, que a dou-trina espírita ou o Espiritismo tempor princípio as relações do mundomaterial com os Espíritos ou seresdo mundo invisível. Os adeptos doEspiritismo serão os espíritas, ou, sequiserem, os espiritistas.”

Vemos, assim, que quem criouo termo “Espiritismo” foi Kardecpara, como ele mesmo disse, “usar

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Espiritismo – 148 anosAndré Luís Anciães dos Santos

1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76.ed. Ed. FEB.

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uma nova palavra para designaruma coisa nova”. As religiões antesexistentes, e que por sua vez acredi-tavam na vida após a morte, nareencarnação, na comunicabilidade,eram doutrinas espiritualistas, masnão espíritas. Desta maneira vemosque a Umbanda, o Candomblé, asreligiões africanas ou afro-brasilei-ras, assim como linhas de pensa-mento orientais como o Budismopossuem muitos pontos de contatocom o Espiritismo, mas não são es-píritas. Da mesma forma que o Es-piritismo, por ser cristão, tem mui-tos pontos de contato com o Ca-tolicismo ou o Protestantismo, masnão é católico ou protestante. Issofica muito claro num trecho da pá-gina na Internet da Federação Espí-rita Brasileira, onde se lê:2

“O Espiritismo não tem sacer-dotes e não adota e nem usa emsuas reuniões e em suas práticas: al-tares, imagens, andores, velas, pro-cissões, sacramentos, concessões deindulgência, paramentos, bebidasalcoólicas ou alucinógenas, incenso,fumo, talismãs, amuletos, horósco-pos, cartomancia, pirâmides, cris-tais ou quaisquer outros objetos, ri-tuais ou formas de culto exterior.”

É importante ressaltar que nãose trata de preconceito contra as reli-giões que se utilizam de tais métodos,mas unicamente de definir o que é oEspiritismo. Na mesma página daFEB, em conformidade com o que osEspíritos nos disseram, podemos en-contrar a seguinte afirmação:

“O Espiritismo respeita todasas religiões e doutrinas, valoriza to-dos os esforços para a prática dobem e trabalha pela confraterniza-

ção e pela paz entre todos os povose entre todos os homens, indepen-dentemente de sua raça, cor, nacio-nalidade, crença, nível cultural ousocial. Reconhece, ainda, que ‘o ver-dadeiro homem de bem é o quecumpre a lei de justiça, de amor ede caridade, na sua maior pureza’.”

É necessário que nós, espíritas,saibamos que “Espiritismo” é o no-me dado por Kardec para a Doutri-na trazida pelos Espíritos e codifi-cada por ele. É importante, ainda,que esclareçamos os irmãos de ou-tras religiões que porventura nãosaibam a diferença entre Espiritis-mo e Espiritualismo, sempre comcarinho e sem tomar uma posiçãodefensiva, mas sim com o propósi-to de orientar aos que desejarem talorientação – lembrando sempre quecaberá a ele absorver ou não a infor-

mação. Finalmente, é fundamentalque não alimentemos preconceitosou façamos qualquer comentáriodesrespeitoso com relação a outrasreligiões, entendendo que cada umadelas tem sua função em nosso pla-neta. Afinal, como desejar que nãoexista preconceito contra o Espiri-tismo se nós formos preconceituo-sos com outras religiões?

Por fim, lembramos que maisainda do que qualquer outra pes-soa, o espírita tem a enorme res-ponsabilidade de auxiliar não só atransformação do Planeta, mas tam-bém a divulgação e o correto enten-dimento do que é Espiritismo, pa-ra que, no futuro, possamos ver di-minuídas ou mesmo extintas asdúvidas que hoje, 148 anos depois,ainda existem sobre a Doutrina Es-pírita.

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2http://www.febnet.org.br/apresentação/1,0,0,29,0,0.html

O Espiritismo e a Moral do Cristo

Perguntam algumas pessoas: Ensinam os Espíritos qualquer moralnova, qualquer coisa superior ao que disse o Cristo? Se a moral de-

les não é senão a do Evangelho, de que serve o Espiritismo? Esteraciocínio se assemelha notavelmente ao do califa Omar, com relaçãoà biblioteca de Alexandria: “Se ela não contém, dizia ele, mais do queo que está no Alcorão, é inútil. Logo deve ser queimada. Se contémcoisa diversa, é nociva. Logo, também deve ser queimada.”

Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. Mas, per-guntamos, por nossa vez: Antes que viesse o Cristo, não tinham oshomens a lei dada por Deus a Moisés? A doutrina do Cristo não se achacontida no Decálogo? Dir-se-á, por isso, que a moral de Jesus era inú-til? Perguntaremos, ainda, aos que negam utilidade à moral espírita:Por que tão pouco praticada é a do Cristo? E por que, exatamente osque com justiça lhe proclamam a sublimidade, são os primeiros a vio-lar-lhe o preceito capital: o da caridade universal ? Os Espíritos vêmnão só confirmá-la, mas também mostrar-nos a sua utilidade prática.Tornam inteligíveis e patentes verdades que haviam sido ensinadas soba forma alegórica. E, justamente com a moral, trazem-nos a definiçãodos mais abstratos problemas da psicologia.

Allan Kardec

Fonte: O Livro dos Espíritos. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, Conclusão, itemVIII, p. 549-550.

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R. G. do Sul: Encontro Estadual Espírita A Federação Espírita do Rio Grande do Sul realiza em8 de outubro, no Instituto Espírita Amigo Germano(Rua Santana, 1225 – Porto Alegre), o 5o EncontroEstadual Espírita do Rio Grande do Sul, cujo objeti-vo é: Adequação do Centro Espírita a uma visão con-temporânea. O evento desenvolve-se em cinco mó-dulos: I – A Gestão do Centro Espírita; II – O Cen-tro Espírita e a Educação; III – Práticas Espíritas; IV– Convivência Social; V – Comprometimento coma Causa. Participação especial: Prof. Jerri RobertoSantos, autor do livro A Filosofia da Convivência;Dr. Sérgio Lopes, psiquiatra; e Prof. Jason de Camar-go, Presidente da FERGS.

Rio de Janeiro: Confraternização Espírita O Conselho Estadual Espírita de Unificação do Mo-vimento Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEEU)realizará, de 9 a 11 de dezembro próximo, no Riocen-tro, a XVII Confraternização Espírita do Estado doRio de Janeiro (CEERJ), em homenagem ao Bicente-nário de Nascimento de Allan Kardec. O Encontro épromovido pela União das Sociedades Espíritas do Es-tado do Rio de Janeiro (USEERJ), com o apoio doCEEU, e destina-se a dirigentes e trabalhadores doConselho e das instituições espíritas do Estado.

Portugal: Congresso Espírita O V Congresso Nacional de Espiritismo, promovidopela Federação Espírita Portuguesa e sob a coordena-ção da União Espírita do Algarve, ocorre no períodode 29 a 31 de outubro corrente em Faro, no Conser-vatório Nacional do Algarve, com o tema DivulgaçãoEspírita – Novas Tecnologias e Inovação. Para infor-mações e inscrição: telefone 289 396 505; fax 289 396506; e-mail [email protected]

Bahia: Congresso Espírita A Federação Espírita do Estado da Bahia promove noperíodo de 27 a 30 deste mês o XII Congresso Espí-rita da Bahia, em Salvador, no Centro de Convençõesda Bahia. Com o tema central O Ser e a Imortalida-de – Visão Contemporânea do Céu e do Inferno, mar-ca a passagem dos 140 anos do livro O Céu e o Infer-

no, de Allan Kardec, dos 90 anos da FEEB e dos 140anos do primeiro núcleo espírita do Brasil, o GrupoFamiliar do Espiritismo, fundado na Bahia, em 1865,por Luís Olímpio Teles de Menezes. Mais de uma de-zena de expositores desenvolverão os subtemas do pro-grama, dentre os quais José Raul Teixeira (RJ), Heloí-sa Pires (SP), Alberto Ribeiro de Almeida (PA),Divaldo Pereira Franco (em vídeo) e Alírio CerqueiraFilho (MT).

Minas Gerais: Comunicação Social Espírita A União Espírita Mineira realizou na sua sede, em Be-lo Horizonte, no dia 6 de agosto, o III Encontro deComunicação Social Espírita, dentro da proposta deintegração das várias frentes de trabalho da atual Ad-ministração – Diretoria, Conselhos de Administraçãoe Fiscal, além de dirigentes de reuniões, departamen-tos e setores. O evento foi coordenado por MerhySeba, Assessor de Comunicação Social das ComissõesRegionais do Conselho Federativo Nacional.

Espanha: Jornada Espírita A Associação Espírita Andaluza Amalia DomingoSoler, promove em Balmadera (Málaga), de 30 desetembro a 1o de outubro, a quinta edição das Jor-nadas Andaluzas de Espiritismo, com o tema centralO Espiritismo e o Mundo Contemporâneo.

Belo Horizonte (MG): Semana Universitária Espírita Realizou-se no salão nobre da Faculdade de Medicinada Universidade Federal de Minas Gerais, em BeloHorizonte, de 1o a 5 de agosto, a 5a Semana Univer-sitária Espírita, com o tema central Os valores huma-nos na Medicina e na Saúde, coordenado por: Alber-to Ribeiro de Almeida, psicoterapeuta transpessoal;Osvaldo Hely Moreira, cardiologista; Roberto LúcioVieira da Costa, psiquiatra; Gilson Freire e LeniceAparecida, médicos homeopatas; além de outros.

Bolívia: Semana Espírita A Federação Espírita Boliviana realizou em Santa Cruzde la Sierra, de 3 a 10 de setembro, a 3a Semana Es-pírita Boliviana, com o conferencista argentino JuanAntonio Durante.

SEARA ESPÍRITA

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