Reformador 07 julho_2006

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Julho, 2006 / N o 2.128

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-Substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: LUIS HU RIVAS

Editorial

Crises sociais

Presença de Chico Xavier

O anjo, o santo e o pecador – Irmão X

Entrevista: Edwin Genaro Bravo Marroquin

Espiritismo na América Central e Caribe

Esflorando o Evangelho

O “não” e a luta – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Espiritismo via Esperanto na WEB – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Sul

Seara Espírita

Transvios e retificações – Juvanir Borges de Souza

Honra à Mediunidade – Vianna de Carvalho

Influência moral do médium – Allan Kardec

Muitas vidas ou muitas existências? –

Rui Augusto B. Guerreiro

Natureza e equilíbrio vital –

Licurgo Soares de Lacerda Filho

Diante da Terra – Edmundo Xavier de Barros

Todos os dias – Richard Simonetti

Fatalidade e abuso do livre-arbítrio –

Severino Barbosa

Questão de livre-arbítrio – Paulo Nunes Batista

Em dia com o Espiritismo – Conflitos sociais

graves: Violência doméstica e urbana

– Marta Antunes Moura

Cólera e violência – Hahnemann

Atualidade de Kardec – Maria Inês Feijó Machado

Tavares

Em homenagem a Kardec – Amaral Ornellas

Normalização Editorial – Normas técnicas e

legibilidade documental – Geraldo Campetti Sobrinho

1o Encontro Nacional de Comunicação Social

Espírita

Decência, respeito e fé – Ronaldo Miguez

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

m diálogo com os Espíritos Superiores, tratando de assunto relacionado

com o progresso do homem e da Humanidade, Allan Kardec questiona:

Que se deve pensar dos que tentam deter a marcha do progresso e fazer que a

Humanidade retrograde? E estes respondem: [...] Serão levados de roldão pela torren-

te que procuram deter. (O Livro dos Espíritos, questão 781a.)

Ainda na análise deste assunto, volta a consultar: Segue sempre marcha progres-

siva e lenta o aperfeiçoamento da Humanidade? Ao que os Espíritos respondem: Há

o progresso regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém, um povo

não progride tão depressa quanto devera, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um

abalo físico ou moral que o transforma. (O Livro dos Espíritos, questão 783.)

Com base nesta nova visão que os ensinos dos Espíritos Superiores nos ofere-

cem, e que nos permite melhor compreender os mecanismos utilizados pela Justiça

Divina para a prática das Leis do Criador, passamos a entender, também, as ques-

tões relacionadas com as crises sociais que comumente assolam a Humanidade.

Criado simples e ignorante, ao Espírito cabe, por força da Lei do Progresso, tra-

balhar constantemente em favor de sua própria evolução intelectual e moral. Esta

evolução se desenvolve através de inúmeras reencarnações, especialmente estimu-

lada pelo relacionamento da vida social, no atendimento às suas carências de

natureza material e espiritual.

Ao homem, pois, não é lícito pretender manter-se indefinidamente estacionado

em um determinado degrau da evolução, sem qualquer esforço voltado ao seu apri-

moramento. Quando isto tende a acontecer, surgem as crises de crescimento, que o

forçam a buscar a sua superação, acabando por lhe proporcionar a melhoria de que

necessita.

É, pois, em razão da Lei de Amor, que impulsiona o homem ao progresso cons-

tante, que a História sempre registrou em todas as épocas, após superadas as gran-

des crises sociais, uma era de paz e de progresso para a Humanidade.

ECrises sociais

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ncontramos no Cristianismoprimitivo os sublimes ensi-nos de Jesus aos homens.

Esses ensinos são princípiosperenes, imortais, eternos, desdeque interpretados na sua verda-deira significação.

A dificuldade maior encontra-da pelo Mestre em transmitir suaMensagem estava na incapacidadede compreensão por parte daque-les a quem se dirigia quando fala-va de coisas transcendentes.

Mesmo seus discípulos nemsempre alcançavam o verdadeirosentido de muitos de seus ensinos.

Para contornar as dificuldadesnaturais da transmissão das ver-dades eternas a seres imaturos, deinteligência e percepção limita-das, Jesus utilizou métodos dife-rentes na apresentação de sua pla-taforma de princípios basilares,necessários ao conhecimento detoda a Humanidade.

Para isso, ao lado da linguagemsimples e direta, lançou mão dasparábolas, das pequenas histórias,dos exemplos, das comparaçõese ilustrações, sempre com o ob-jetivo de se fazer compreendido

por seus ouvintes, fossem elesseus discípulos, ou os homens emulheres do povo, ou os orgu-lhosos saduceus, fariseus e dou-tores da lei.

Mas sua Mensagem destinava--se também ao futuro, às geraçõesque viriam constituir a crescentepopulação de um mundo atrasa-do e carente de conhecimentos superiores.

Hoje podemos perceber a pre-visão do Cristo, com relação à ne-cessidade de ser conhecida suaDivina Mensagem.

Sabia Ele das deturpações que,por ignorância ou por interessesdiversos, seriam impostas pelos ho-mens na interpretação do Cristia-nismo.

Sabia também da necessidadede complementar suas palavras,diante do natural progresso e de-senvolvimento dos conhecimentoshumanos.

Por isso, prometeu pedir ao Paio envio de outro Consolador paracomplementar e relembrar seusensinos.

Esse Consolador Prometido foienviado e encontra-se à disposi-

ção de todos os que procuram aVerdade, representado pela Dou-trina dos Espíritos.

Os espíritas estudiosos conhe-cem os fatos ocorridos desde avinda do Mestre Incomparável, asoposições que enfrentou, o desvir-tuamento de parte de sua Men-sagem para o atendimento de inte-resses diversos e as interpretaçõesdas Escrituras ao sabor de institui-ções humanas denominadas igre-jas cristãs.

Esses fatos, conseqüentes daignorância dos homens aliada aolivre-arbítrio de que são dotados,determinaram o transviamentoda Mensagem Redentora.

Passaram-se os séculos. A Hu-manidade progrediu em muitossentidos, cultivou diversas ciên-cias e descobriu muitos dos cha-mados mistérios da Natureza.

Os transvios ocorridos no Cris-tianismo primitivo foram agrava-dos por sucessivas resoluções to-madas por Concílios, que envere-daram por um dogmatismo im-próprio, desvirtuando cada vezmais a Mensagem original de Je-sus, o Cristo.

Transviose retificações

EJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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A retificação de tantos errossucessivos tornou-se difícil, diantedo poder das organizações reli-giosas, que se aliaram aos poderestemporais em muitas nações, nadefesa dos interesses comuns.

Somente o Governo Espiritualda Terra, com seu poder e segu-rança absolutos, poderia determi-nar a correção de tantos enganos,sem violência ou desrespeito à li-berdade individual e coletiva.

Foi justamente o que ocorreu.A correção visou, ao mesmo

tempo, o esclarecimento e a ins-trução dos homens, sem prejuízodo livre-arbítrio de cada um.

As civilizações humanas atra-vessaram muitos séculos de in-compreensões e ilusões com rela-ção à vida, que se desdobra tantona Terra, mundo material, quantonas Esferas Espirituais.

Somente nos meados do séculoXIX, cerca de 1.850 anos após avinda do Cristo a este Orbe, cum-priu-se sua promessa de enviaroutro Consolador, com a duplafinalidade de reafirmar os ensinosoriginais autenticamente cristãose de fazer surgir uma nova luzdestinada a clarear os caminhosdo futuro.

O Consolador – o Espiritismoou Doutrina dos Espíritos –, comoa última das grandes Revelações,veio trazer aos homens o conheci-mento do mundo invisível que noscerca e que sempre existiu, comsuas leis e suas relações com omundo das formas. É o destino detodos nós, Espíritos imortais, apósa morte do corpo físico.

Essas Revelações, ao lado de

outras de suma importância, acla-ram o sentido da vida do Espírito,criado para toda a eternidade.

São verdades eternas, divinas,trazidas pelos Espíritos tal comoprometera o Cristo ao referir-seao Espírito de Verdade, que os ho-mens desconheciam. Mas parti-cipam, ao mesmo tempo, de umsentido científico, por não dispen-sarem o raciocínio lógico, a obser-vação de fatos e o livre exame.

São evidências não impostas àfé e à crença cegas, mas deduzidaspelo trabalho de investigação dospróprios homens, como no tratocom as ciências de observação.

Como ficou expresso no capí-tulo I, item 13 de A Gênese, “o quecaracteriza a revelação espírita é oser divina a sua origem e da ini-ciativa dos Espíritos, sendo a suaelaboração fruto do trabalho dohomem”.

O Espiritismo, como o Conso-lador, veio ao conhecimento doshomens no tempo certo.

Se tivesse vindo antes, quandonão havia liberdade de exame, ouna Idade Média, “a noite de 1.000anos”, ou antes das diversas ciên-cias cultivadas e desenvolvidas pe-lo homem, teria sido perseguido e incompreendido de forma a nãose poder firmar num mundo do-minado pela ignorância, pela pre-potência e pelo despotismo.

A realidade da comunicaçãoentre os habitantes dos dois mun-dos, o material e o espiritual, é tãoantiga quanto a existência do ho-mem na Terra. Foi constatada emmuitas oportunidades, havendoreferências a esse fato em diversasreligiões e em antigas tradições demuitos povos.

Entretanto, a explicação dos fa-tos variou muito, de conformida-de com os parcos conhecimentosexistentes, as religiões dominan-tes, as superstições e as suposiçõesde cada povo ou civilização.

Seria necessário que a Huma-nidade, ou parte dela, atingissedeterminado estágio evolutivopara compreender a existência dosdois mundos e a interferência deum sobre o outro, tudo regido porleis naturais ou divinas.

O reconhecimento das verda-des e realidades reveladas pelo Es-piritismo, quando se generalizarno seio da população terrestre,trará modificações profundas nasreligiões e crenças, nos costumes ehábitos e nas próprias ciênciasmaterialistas, que não cogitam doelemento espiritual.

Será um novo estágio para aHumanidade, mais realista e con-vincente que o atual, porque fun-

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O Espiritismo,como o

Consolador,veio ao

conhecimentodos homens no

tempo certo

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damentado na verdade dos fatos e não em conjecturas, em hipóte-ses e na interpretação inexata dasRevelações anteriores.

Com a demonstração de umanova realidade, não concebida pe-las religiões e pelas ciências mate-rialistas, as interpretações de cer-tas passagens das antigas Escri-turas e dos Evangelhos serão maisrealistas e verdadeiras, e não ba-seadas em idéias preconcebidas emuitas vezes contraditórias.

O Espiritismo vem substituir aidéia vaga da vida futura no céu,no paraíso, no inferno ou no pur-gatório, pela certeza da existênciade um mundo real que nos espe-ra, invisível pelos sentidos físicos,que se entende por múltiplas esfe-ras espirituais.

Demonstra também a absolutajustiça de Deus, através das vivên-cias sucessivas do Espírito ligado à

matéria, até que atinja o grau deperfeição que o exima da necessi-dade das reencarnações.

Ensina, ainda, a Doutrina Con-soladora que não há criaturas favo-recidas, nem deserdadas. A todas,sem exceção, foram e são dispensa-dos tratamentos iguais e justos.

Assim, os denominados anjossão seres que chegaram à condi-ção de Espíritos puros por seuspróprios méritos e dedicação aotrabalho do Bem. E os demôniossão Espíritos rebeldes, atrasados,que praticam o mal por opção,mas que terão oportunidade deregeneração e encaminhamento noprogresso moral.

Com a pluralidade das existên-cias, ou doutrina da reencarnação,referida nos Evangelhos de formaindireta, e claramente exposta co-mo Lei Divina pela Revelação Es-pírita, são explicados e entendidos

todos os fatos da vida humana,com suas aparentes anomalias, taiscomo as diferenças das posiçõessociais, a riqueza e a pobreza, asmortes prematuras, as desigualda-des das aptidões intelectuais e mo-rais e todas as condições humanasaparentemente injustas, mas quese tornam inteligíveis e justas dian-te da multiplicidade existencial eda necessidade das retificações,perante a lei do progresso.

O Cristianismo autêntico, pri-mitivo, revivido com as novas re-velações do Consolador Prometi-do, é a religião de que necessita onosso mundo de expiações e pro-vas para uma vida de mais com-preensão e de mais amor.

Jesus, com sua Mensagem, abriucaminho para as verdades trans-cendentes e para o conhecimento

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do futuro. Demonstrou pessoal-mente o que ensinou aos homens.

Nela, mostrou o Mestre a neces-sidade de arrependermo-nos denossos erros e enganos e de ins-truirmo-nos, convertendo-nos aobem e à sua prática.

O problema é, ao mesmo tem-po, individual e de todas as socie-dades humanas, para a construçãode um mundo melhor.

A educação renovadora para obem subsiste no seio da Humani-dade, mas existem também mui-tas tendências para o inferior, onegativismo, o mal.

Essa duplicidade é uma reali-dade e caracteriza os mundos in-feriores, em luta para o aperfei-çoamento.

Por toda parte atuam as reli-giões, com seus ensinos positivose enganos concepcionais.

Erguem-se templos suntuososdestinados aos cultos exteriores.

A literatura humana é riquís-sima, divulgando verdades, mastambém meias verdades e pensa-mentos negativos.

Então, a predominância do bemsobre o mal torna-se lenta, já quedepende da adesão individual dequem dispõe de livre-arbítrio.

Os que já abriram os olhos paraa luz, como é o caso dos espíritassinceros, têm o dever de cooperarcom as forças espirituais superio-res, em solidariedade a um traba-lho edificante de ajuda e de escla-recimento aos que se encontramna retaguarda.

Se o desejo do bem já se solidi-ficou em nós, uma de suas conse-qüências mais edificantes é a de

estendê-lo aos nossos semelhan-tes, através do esclarecimento deaspectos da vida por eles desco-nhecidos.

O zelo do bem não deve ficar es-tagnado em nós. É nosso dever di-namizá-lo com a prática do amorao próximo sob múltiplas formas,uma das quais é a de transmitir aosoutros conhecimentos fundamen-tais que poderão influir benefica-mente em suas vidas.

Os esforços no sentido da edifi-cação variam em cada criatura.Assim como a árvore produz flo-res e frutos de acordo com suaespécie, cada trabalhador da searado bem contribuirá conformesuas possibilidades, sua evolução,sua coragem e sua vontade de ser-vir. Cada servidor precisa se con-vencer de que as experiências hu-manas, mesmo quando visamajudar o próximo, não são postosde prazer, mas, sim, meios deaprendizado, com as naturais difi-culdades, incompreensão e mes-mo ingratidões. É importante nãodesanimar ante tais estorvos, masseguir adiante, com a bênção dotrabalho útil. Esse foi o exemplo do Mestre Divino, que serviu sem-pre, sem esperar pelo reconheci-mento dos beneficiários.

O reconforto espiritual liga-semais às atividades necessárias e auma consciência ajustada ao bemdo que aos aplausos do mundo.

Quando o trabalhador adquirea certeza da vida futura, por nãoter mais dúvidas sobre os ensinosde Jesus e da Doutrina dos Espí-ritos, sua fé o ampara nas dificul-dades do caminho, aumentando-

-lhe a confiança e amparando-lhea vontade, para não recuar diantedos obstáculos.

Sempre existiram criaturas queprocuram fortalecer a própria fé eque anseiam pela paz. Entretanto,deixando seus sentimentos trans-formarem-se em inquietações, pornão se efetivar a ajuda esperada,acabam vencidas pelo desânimo.Não compreendem que os benefí-cios do Alto amparam a todos queos mereçam, não ao sabor do de-sejo de cada um, mas no ritmo es-tabelecido pela lei divina.

Se visamos a aprovação e san-tificação de nossas atividades nobem, torna-se necessário o domí-nio de nossos impulsos de inquie-tação, desfazendo as sombras doegoísmo e “endireitando os cami-nhos”, como recomendou o após-tolo João.

As expressões exteriores de ca-da indivíduo refletem as idéias, ossentimentos bons ou maus, as as-pirações, os conhecimentos e todoo campo de sua vida íntima.

Todos nós, habitantes deste pla-neta atrasado, somos portadoresde deficiências íntimas que neces-sitam de retificações.

Essa purificação não é fácil.Não basta a simples aceitação

de verdades religiosas e de ideo-logias edificantes, que auxiliam aelevação; é preciso que sejam bemcompreendidas e praticadas.

Para tanto, tornam-se necessá-rios o estudo, a busca da verdade e a preocupação constante com aelevação dos sentimentos, tal co-mo preconiza a Doutrina Conso-ladora.

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em recorrermos à intimi-dade das civilizações maisrecuadas do Oriente e do

Ocidente, detendo-nos apenas nacultura judaico-cristã, encontra-remos a presença da mediunidadeem todas as épocas assinalando osseus fastos com a presença de ve-nerandas Entidades, que se encar-regaram de orientar o destino dosseus governantes e do povo emgeral.

Moisés, inspirado pelos Espíri-tos guias da Humanidade, recebeos Dez Mandamentos, que se trans-formaram em soberano códigopara os tempos do futuro até aosnossos dias, assinalando os com-portamentos do homem e da mu-lher.

Em diversas ocasiões, na gran-de travessia do deserto, convivecom os Mentores e transfere apercepção psíquica aos anciãos deIsrael, enriquecendo-os com ecto-plasma, a fim de que pudessemvivenciar a elevada experiência deordem espiritual.

Dois jovens, Eldade e Medade,tomados pelas Vozes espirituais,profetizam e provocam ciúmes,sendo, porém, apoiados por Moi-

sés, que afirma gostaria que todoo povo pudesse fazer como eles,confirmando-lhes a faculdade me-diúnica.

Todos os profetas mantiveramos mesmos vínculos com os Es-píritos elevados, que os guiavam,avançando no tempo em momen-tosas precognições que se consu-maram através de ricos detalhes,que os tornaram verdadeiros men-sageiros do Mais Alto.

José, igualmente inspirado, in-terpretou o sonho do Faraó, e setornou ministro no Egito, auxi-liando-o enquanto viveu.

Daniel, mediunizado, traduziua legenda estranha que apareceuna sala do rei Baltazar, da Babi-lônia, anunciando a destruição doreino, conforme se verificou logodepois.

A vinda de Jesus fez-se anun-ciada espiritualmente através dosséculos na condição de Messias,que viria instaurar um reino su-perior entre os homens da Terra, etodo o Seu ministério foi assinala-do pelas contínuas comunicaçõescom a Erraticidade.

Transfigurando-se, diante deMoisés e Elias, no monte Tabor,

inaugurou o período das futurasreuniões espíritas de materializa-ção. Logo depois, libertou o jo-vem epiléptico da ação tenebrosade um Espírito imundo.

Não poucas vezes dialogou comos obsessores, concitando-os a li-bertar aqueles que lhes padeciamas injunções dolorosas.

Curou, a distância, o servo docenturião, detectando vida em pes-soas consideradas mortas, como afilha da viúva de Naim e Lázaro,que trouxe de volta à lucidez daconsciência, arrancando-os do es-tado profundo de catalepsia.

Não bastassem os inúmeros tes-temunhos da Sua mediunidade su-blime, após a morte retornou inú-meras vezes, a fim de demonstrara sobrevivência da vida ao decessotumular, aparecendo em diferen-tes períodos da Humanidade a ho-mens e mulheres valorosos, paraque dessem prosseguimento aosministérios abraçados, desse mo-do contribuindo com o progressopróprio e o da sociedade.

Médiuns extraordinários pas-saram pelos séculos, convidando àreflexão e ao apostolado do bem,assinalando as suas existências

Honra à Mediunidade

S

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com a abnegação e o devotamen-to, despertando mentes e coraçõespara os deveres espirituais e o en-tendimento a respeito da transito-riedade da existência carnal.

Malsinados uns e perseguidosoutros, celebrizados diversos e glo-rificados alguns, que passaramsantificados à posteridade, en-quanto expressivo número teve aexistência corporal encerrada pelaintolerância religiosa nas foguei-ras e vitimados por outras penas

cruéis, deixaram o rastro lumino-so, anunciando a imortalidade doEspírito, para que os seres huma-nos pudessem manter a esperançae a alegria nas lutas ásperas e nostestemunhos dolorosos.

Com Allan Kardec, o nobre Co-dificador do Espiritismo, a mediu-nidade abandonou as paisagens domito e da acusação, deixando deser graça especial concedida a al-guns ou psicopatologia lamentá-vel, para assumir o seu papel realde ponte entre as dimensões físicae espiritual, facilitando o inter-câmbio entre os seres, ao tempoem que dignificou a conduta mo-ral terrestre.

A faculdade mediunidade se ra-dica no organismo, independendodos valores morais do indivíduo,sendo, portanto, desse ponto devista, neutra. Nada obstante, os re-quisitos pessoais de cada um cons-tituem significativo pólo de atra-ção para os Espíritos que, median-te a afinidade vibratória, passam a acompanhá-lo, interferindo emseus pensamentos, palavras e atos.

Em razão disso, a mediunidadeimpõe comportamento ético-mo-ral dignificante, através do qual oinstrumento se transforma, alteran-do a conduta para melhor, assimcontribuindo em favor da renova-ção do grupo social e da humani-dade em geral.

Na sua condição de faculdadeorgânica, está presente em todosos seres humanos em diferentesgraus de desenvolvimento, sendoem uns ostensiva, enquanto quenoutros muito sutil, podendo serdesdobrada através de exercícios e

estudos, que lhe dilatam as possi-bilidades de manifestação.

O estudo é-lhe, desse modo,fundamental, a fim de que sejamidentificados os fenômenos denatureza anímica e liberados, fa-cultando o intercâmbio lúcido eclaro, sem interferência dos regis-tros do inconsciente do própriomédium.

Ao mesmo tempo, a educaçãomoral é de relevância, porque ofe-rece os instrumentos indispensá-veis à sublimação espiritual noprocesso de vivência dos recursosque se encontram em disponibili-dade.

No passado, algo remoto, pí-tons, pitonisas, hierofantes, gurus,sibilas, áuspices, em face do atrasomoral das sociedades em que vive-ram, não se preocupavam com osvalores profundos da dignificaçãopessoal, embora em alguns san-tuários indianos, egípcios, gregos eromanos, houvesse uma seleção dequalidade em torno daqueles queapresentavam as faculdades mediú-nicas, a fim de se tornarem dignosde credibilidade.

Graças a Allan Kardec, que pô-de mensurar os requisitos moraisdos médiuns, no que diz respeitoà qualidade das comunicações es-pirituais, os mesmos passaram àposição de metas que devem seralcançadas, como indispensáveis àcomunicação com os Espíritos Su-periores.

Nesse processo de crescimentoético do médium, a gratuidade noexercício das faculdades de que sefaz portador é relevante, porquenão tem o direito de locupletar-se

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do esforço do seu próximo, ven-dendo as informações que lhe sãoconcedidas sem qualquer tipo decobrança, para o bem de todas ascriaturas.

A questão diz respeito, não ape-nas à necessidade de serem gratui-tas todas as suas atividades me-diúnicas, ampliando-se o concei-to, para que o médium evite ashomenagens que agradam ao per-sonalismo, que exaltam os senti-mentos menos edificantes, os pre-sentes com que são comprados in-diretamente, aprisionando-os noscofres dourados do poder transi-tório e dos recursos endinheira-dos daqueles que se acostumarama tudo resolver através do mercan-tilismo...

Cabe ao médium manter-se emconstante sintonia com os seusGuias espirituais, a fim de poderservir a todo instante e não so-mente em horas reservadas para omister.

O fenômeno mediúnico dá-seamiúde, a cada momento, desdeque o intercâmbio com os Espíri-tos, consciente ou inconsciente-mente, é contínuo, em face da sin-cronização mental e moral exis-tente entre os encarnados e os de-sencarnados.

A mediunidade, portanto, as-cende de nível orgânico para oemocional e comportamental, en-sejando uma perfeita identificaçãocom a recomendação de Jesus,quando propõe: – Sede perfeitoscomo o Pai celestial é perfeito.

Trabalhando a mediunidadegloriosa através da dedicação e dodesinteresse pelas questões mate-

riais e retribuições humanas –elogios, demonstrações de reco-nhecimento, honrarias terrestres,destaques na comunidade – o ser-vidor torna-se credor da assistên-cia dos Espíritos nobres que tra-balham em favor da Humanidade.

O sofrimento, a solidão, a in-compreensão que experimenta,portanto, ainda são os caminhos emétodos mais valiosos para con-duzir o medianeiro à interioriza-

ção, à vivência dos postulados doamor e da caridade, sintonizandomelhor com os ideais do Bem econseguindo, a passo e passo, a fe-licidade do mediumato, que lhedeve constituir meta a alcançar.

Vianna de Carvalho

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, no dia 5 de junho de

2001, em Paris, França.)

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e o médium, do ponto de vista da execução, não passa de

um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande,

sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Es-

pírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta

identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e

outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exer-

ce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão,

conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons

têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue

que as qualidades morais do médium exercem influência capital

sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o

médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos infe-

riores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evoca-

dos. As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos

são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor

do próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos

que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio,

a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o

homem à matéria.

Fonte: O livro dos médiuns. 2. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. XX, item 227, p. 334-335.

Allan Kardec

SInfluência moral do médium

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12 Reformador •Ju lho 2006 225500

pecador escutava a orientação de um santo,que vivia, genuflexo, à porta de templo anti-go, quando, junto aos dois, um anjo surgiu

na forma de homem, travando-se breve conversaçãoentre eles.

O ANJO – Amigos, Deus seja louvado! O SANTO – Louvado seja Deus!O PECADOR – Louvado seja!O ANJO (Dirigindo-se ao santo) – Vejo que per-

maneceis em oração e animo-me a solicitar-vos apoiofraternal.

O SANTO – Espero o Altíssimo em adoração, diae noite.

O ANJO – Em nome dele, rogo o socorro de al-guém para uma criança que agoniza num lupanar.

O SANTO – Não posso abeirar-me de lugaresimpuros...

O PECADOR – Sou um pobre penitente e possoajudar-vos, senhor.

O ANJO – Igualmente, agora, desencarnou infortu-nado homicida, entre as paredes do cárcere... Quemme emprestará mãos amigas para dar-lhe sepulcro?

O SANTO – Tenho horror aos criminosos...O PECADOR – Senhor, disponde de mim.O ANJO – Infeliz mulher embriagou-se num bar

próximo. Precisamos removê-la, antes que a morteprematura lhe arrebate o tesouro da existência.

O SANTO – Altos princípios não me permitemrespirar no clima das prostitutas...

O PECADOR – Dai vossas ordens, senhor!O ANJO – Não longe daqui, triste menina, aban-

donada pelo companheiro a quem se confiou, pre-tende afogar-se... É imperioso lhe estenda alguémbraços fortes para que se recupere, salvando-se-lhetambém o pequenino em vias de nascer.

O SANTO – Não me compete buscar os delin-qüentes senão para corrigi-los.

O PECADOR – Determinai, senhor, como devofazer.

O ANJO – Um irmão nosso, viciado no furto, pla-neja assaltar, na presente semana, o lar de viúva inde-fesa... Necessitamos do concurso de quem o dissuadade semelhante propósito, aconselhando-o com amor.

O SANTO – Como descer ao nível de um ladrão?O PECADOR – Ensinai-me como devo falar com

ele.Sem vacilar, o anjo tomou o braço do pecador

prestativo e ambos se afastaram, deixando o santoem meditação, chumbado ao solo.

Enovelaram-se anos e anos na roca do tempo, quetudo alterara. O átrio mostrava-se diferente. O san-tuário perdera o aspecto primitivo e a morte despo-jara o santo de seu corpo macerado por cilício ejejum, mas o crente imaculado aí se mantinha emEspírito, na postura de reverência.

Certo dia, sensibilizando mais intensamente asantenas da prece, viu que alguém descia da Altura, aestender-lhe o coração em brando sorriso.

O santo reconheceu-o.Era o pecador, nimbado de luz.– Que fizeste para adquirir tanta glória? – pergun-

tou-lhe, assombrado.O ressurgido, afagando-lhe a cabeça, afirmou sim-

plesmente:– Caminhei.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Contos desta e doutra vida.

Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 24, p. 115-117.

O anjo, o santoe o pecador

O

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito Irmão X

Page 13: Reformador 07 julho_2006

Reformador: Como vê o desenvol-vimento do Espiritismo na regiãoda América Central e Caribe?Edwin: Atualmente, pode-se con-siderar que a evolução recente doMovimento Espírita se deve ao 3o

Congresso Espírita Mundial, pro-movido pelo CEI e realizado naCidade da Guatemala, em outu-bro de 2001. Se antes já havia aforte intenção de se fortalecer oscentros espíritas, posteriormenteao Congresso citado as pessoas sederam conta de que era necessáriaa organização dos centros. Isto seconstituiu em um elemento fun-damental para o desenvolvimen-to do Espiritismo. Não se tratouapenas de um evento, mas a estru-tura dos países para a área doutri-nária foi fortalecida. Assim, ficoumais claro quais são nossos obje-tivos, oferecendo condições paraas obras sociais e assistenciais.

Reformador: Quais foram, ultima-mente, os principais eventos na ci-tada região?

Edwin: Temos realizado seis even-tos, cobrindo vários países, dentrodo programa do evento maior queé o 1o Congresso Espírita Centro--americano. Este é diferente porqueos conferencistas vão aos diversospaíses, apresentando a mesma te-mática, mas levando em conside-ração o tipo de público de cadaum deles. Temos contado com umafreqüência muito boa. A próximaetapa será em El Salva-dor, onde há váriosproblemas em fase deresolução, incluindoa sede para o evento.

Reformador: Quaissão as programaçõesplanejadas para a re-gião?Edwin: A Coorde-nadoria do CEI pa-ra a América Cen-tral e Caribe pro-gramou, como par-te do 1o CongressoEspírita Centro-

-americano, eventos próximos emEl Salvador e em Honduras, osquais contam com participaçõesde companheiros desses países eda Guatemala. Posteriormente, pa-ra o segundo semestre deste ano,está programado um evento emapoio aos espíritas de Cuba.

Reformador: Como se desenvolve oMovimento Espírita em seu país,

a Guatemala?Edwin: Agora tomamos al-gumas providências juntoà Capital, pois o desenvol-vimento do Espiritismo nazona rural é muito bom e, em média, anualmen-

te, surgem entre qua-tro e oito centros es-

píritas. Na zona ur-bana estamos rea-lizando visitas ahospitais e ou-tras ações assis-tenciais, e estáse solidificandoo trabalho em

Espiritismo na AméricaCentral e Caribe

Durante a 11a Reunião Ordinária do Conselho Espírita Internacional (CEI), que ocorreu de

21 a 23 de abril de 2006, em Assunção, Paraguai, o coordenador do Conselho Espírita

Internacional para a América Central e Caribe, Edwin Genaro Bravo Marroquin, foi

entrevistado sobre o Movimento Espírita dessa região

EDW I N G. BR AVO MA R RO Q U I NEntrevista

13Ju lho 2006 • Reformador 225511

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torno da sede principal que é aEscuela Heliosóphica Luz y Cari-dad.

Reformador: Quantas instituiçõesse encontram atualmente integra-das ao Movimento de Unificação?Edwin: São 394 instituições emtodo o país ligadas à Cadena He-liosóphica Guatemalteca. Encontra-mo-nos numa fase em que muitoscentros ressurgem e estamos estu-dando uma forma de propiciarmais estabilidade quanto à manu-tenção deles.

Reformador: Qual é a característi-ca do Espiritismo no altiplano?Edwin: A característica funda-mental é que conta com pessoasque dispõem de poucos recursosfinanceiros e com variedade delínguas. Na Guatemala há vinte etrês línguas, o que nos obriga a fazer conferências com traduto-res. Há dificuldade de se dispor delivros espíritas em espanhol e,sem dúvida, nas várias línguasutilizadas nas regiões do País. Es-tamos estimulando a permuta delivros entre pessoas, de povoadoem povoado, principalmente con-tando com os jovens que, geral-mente, são alfabetizados e lêem olivro para toda a família.

Reformador: Há algum projeto pa-ra as comemorações dos 150 anosdo Espiritismo?Edwin: Sim, estamos preparandoalgumas ações para o ano de 2007,com destaque para o CongressoEspírita Centro-americano quedará ênfase à efeméride.

Reformador: O que tem a dizer so-bre o papel exercido por seu pai,Genaro Bravo Rabanales, na Gua-temala?Edwin: Foi um pioneiro que secomportou como um missioná-rio. Cumpriu até o último mo-mento a tarefa de contribuir coma expansão da Doutrina Espírita.Tinha a característica de relacio-nar-se muito bem com todas as li-deranças espíritas da Guatemala.É muito difícil tentar igualá-lo.Atualmente, estamos montandoequipes para atender o que ele fazia praticamente só.

Reformador: Por obséquio, umamensagem para os espíritas brasi-leiros!

Edwin: Entendemos que os espí-ritas brasileiros têm que ter cons-ciência de que são os elementospara a expansão do Espiritismo, jáque em muitos países em que che-gam dão início aos labores espíri-tas. É importante que tenham umavisão muito ampla das necessida-des dos outros países, até coisassimples como chegar a um CentroEspírita, como ter condições deencontrar centros, o que para vo-cês é muito fácil, mas para nós édifícil. Creio que se “recebem”, de-vem “dar”... Sem o apoio de vocês,nossas forças não serão tão frutí-feras quanto poderiam ser. Esta-mos num momento de expansãoe há necessidade da colaboraçãodos espíritas do Brasil.

14 Reformador • Ju lho 2006 225522

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ode parecer estranho paraalguns o título acima; toda-via, muitas confusões acon-

tecem quanto ao correto termo aser usado: afinal, temos muitas vi-das ou muitas existências? Al-guns dirão que tanto um quan-to outro quer dizer a mesmacoisa, e que tal distinção em na-da acrescenta. Vejamos.

Conforme a Parte Segunda,capítulo IV, de O Livro dos Es-píritos, está ali expresso o título“Da pluralidade das existên-cias”. Na questão 166, perguntaKardec aos Espíritos Superio-res:“Como pode a alma, que nãoalcançou a perfeição durante avida corpórea, acabar de depu-rar-se?” Respondem estes que“sofrendo a prova de uma no-va existência” (grifamos). Per-gunta mais adiante: “A alma pas-sa então por muitas existênciascorporais?”, para a qual respon-dem que “sim, todos contamosmuitas existências [...]” (grifamos).Já na questão 168, indaga Kardec:“É limitado o número das exis-tências corporais, ou o Espírito

reencarna perpetuamente?” É di-to como resposta que “a cada novaexistência, o Espírito dá um passopara diante na senda do progres-so. Desde que se ache limpo de

todas as impurezas, não tem maisnecessidade das provas da vidacorporal” (grifamos). Mais adian-te, no capítulo VI, dentro do título

“Da vida espírita”, temos o subtí-tulo “Recordação da existênciacorporéa”, no qual se desenrolammais questionamentos, sempre se referindo às várias existências,

seja na Terra, seja em outrosmundos.

Tais ilustrações servem parademonstrar que, em realidade,vida temos tão-somente uma, eque cada nova passagem peloPlaneta é, sim, uma nova exis-tência. A vida pertence ao Espí-rito imortal, iniciada quando éeste criado simples e ignorante.Seria como compararmos ocorpo com as roupas: o corpopermanece o mesmo, porém asroupas não. A cada dia, outrasroupas são usadas, de acordocom as nossas necessidades.

Assim, quando formos no-vamente questionados, dire-mos que vida temos uma só,criada para a eternidade, e queexistências temos muitas, eis

que isso está diretamente ligadoao aproveitamento das oportuni-dades que nos são possibilitadaspela Misericórdia Divina.

Muitas vidasmuitas existências?

PRU I AU G U S TO B. GU E R R E I RO

ou

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16 Reformador • Ju lho 2006 225544

entre as várias perguntas erespostas que compõem aobra pilar do Espiritismo,

as acima transcritas estão entre asmais intrigantes; entretanto, pou-cos dão ao assunto a devida im-portância ou atenção. O ensina-mento é claro: há Espíritos cujasatribuições são a regulação dos fe-nômenos naturais, que, de umaforma ou de outra, refletirão nascondições de vida das populaçõespor eles afetadas.

Que os Espíritos controlam oclima não temos como duvidar;nestas ocasiões, como em todas asoutras, a Ação Divina se faz pre-

sente por meio de seus emissáriose com um objetivo precípuo, nãocomo obra do acaso.

Ao refletirmos mais demorada-mente sobre este assunto somoslevados a uma indagação: Os en-carnados conseguem afetar o cli-ma? Podemos realmente alterar aordem natural?

Para solucionarmos tal ques-tionamento, vamos nos reportarnovamente a O Livro dos Espíri-tos, à pergunta 741, e à parte daresposta que nos interessa:

741 – Dado é ao homem conju-rar os flagelos que o afligem?

“[...] Muitos flagelos resultamda imprevidência do homem. Àmedida que adquire conhecimen-tos e experiência, ele os vai po-dendo conjurar, isto é, prevenir, selhes sabe pesquisar as causas.[...]”

Ora, a resposta não possibilitadúvidas, há calamidades cuja cau-sa advém da ação humana!

Atualmente, assistimos alarma-dos às alterações climáticas ines-peradas – apesar de há muitotempo anunciadas –, cujo resulta-do é espantosamente catastrófico.

A energia dos furacões no Gol-fo do México (sul dos Estados Uni-

Natureza eequilíbrio vital

D

– Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto

como em tudo; porém, sabendo que os Espíritos exercem ação sobre a matéria e que são

os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exercerão uma

influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?

– “Mas evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação

direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos

mundos.” (O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, Ed. FEB, questão 536b.)

LI C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA FI L H O

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dos, leste do México e Cuba), asintensas chuvas provocando inun-dações colossais na Índia e no sulda China, as ondas de calor extre-mo que atingiram a Europa Cen-tral, o avanço da desertificação naÁfrica e Ásia, a força crescente dosventos no sul do Brasil, dentretantos outros acontecimentos queapontam para uma rápida altera-ção da ordem natural.

Alguns pesquisadores mais cé-ticos argumentam que tais fenô-menos sempre ocorreram; porém,o que preocupa é a sua intensifi-cação progressiva, que pode sernotada ano a ano, e com resulta-dos cada vez mais desastrosos.

Meteorologistas e pesquisado-res de diversas áreas buscam res-postas, baseados na observaçãometódica e na comparação de re-gistros anteriores, e, apesar da opo-sição de alguns setores da econo-mia mundial, concluem: uma dascausas principais da brusca alte-ração climática é a ação humanadesordenada. O meio que propiciatais mudanças é o lançamento degases e resíduos – principalmentecarbono – na atmosfera e na água,provenientes das chaminés e es-gotos de indústrias, dos escapa-mentos dos veículos e do lixo do-méstico, situação agravada pelodesmatamento acelerado das áreasde floresta em todo o Planeta.

O balanço da situação:

� Surgimento e aumento de “bu-racos” na camada de ozônio– elemento que nos protegeda ação nociva dos variadostipos de radiação solar.

� Aumento significativo do“efeito estufa”, com o con-seqüente crescimento datemperatura global. Esta al-teração na temperatura ace-lera a diminuição da cama-da de gelo nos pólos, o queaumenta o nível dos ocea-nos, provocando a invasão,pelas águas, das regiões cos-teiras e também intensificao volume das chuvas e aforça dos ventos em todo oglobo.

� Esgotamento acelerado daágua potável em todos oscontinentes, situação quedispensa comentários pelaóbvia gravidade.

� Aparecimento de nuvens depoluentes – particularmen-te a Nuvem Asiática, umaespécie de concentrado quí-mico gasoso que se mantémflutuando sobre uma enor-me região do Oriente.

Como objeto para reflexão, re-lembremos as afirmações dos Es-píritos Superiores, quando respon-deram sobre a finalidade dos gran-des fenômenos e a sua relação como homem:

“– Às vezes têm, como imedia-ta razão de ser, o homem. Namaioria das casos, entretanto, têmpor único motivo o restabeleci-mento do equilíbrio e da harmo-nia das forças físicas da Natureza.”(Resposta à questão 536a de OLivro dos Espíritos.)

17Ju lho 2006 • Reformador 225555

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A resposta é clara: a Naturezabusca invariavelmente o equilíbrio ea harmonia...

Estaria, então, a Humanidadefadada ao auto-extermínio? Tal é oargumento de alguns alarmistas que“profetizam” inverdades em buscade sensacionalismo – apesar de quemuitas vezes cumprem o papel dedespertar consciências menos sen-síveis ao problema.

Podemos ficar tranqüilos sobreesta questão. Não está ao alcancede nosso livre-arbítrio decretar ofim da civilização ou do mundo.

É verdade que os recursos natu-rais, e o próprio Planeta, estão ànossa disposição para deles fazer-mos uso. Este uso é o que impul-siona o progresso intelectual; e, co-mo conseqüência, o moral; mas,não está ao nosso alcance dispor-mos da Terra a nosso bel-prazer.Em situações tão graves como esta,sempre estamos sujeitos ao binô-mio liberdade–responsabilidade,ou seja, nossa capacidade de agirestá na razão direta de nossa con-dição para reconhecer os limitesdo que é lícito, necessário e viável,e a eles nos submetermos.

Temos que recordar que estamossujeitos à reparação de nossos errose desequilíbrios; é esta a situação emque vivemos: a Natureza reage con-tra nossas repetidas agressões; aoreagir, impõe-nos os desastres na-turais, que resultam em sofrimentogeneralizado, e é este sofrimento quenos obriga a buscar soluções menostraumáticas. É o progresso sendorealizado pela via mais tortuosa.

Parece-nos óbvio que a força des-truidora dos fenômenos naturais se

intensificará, resultando em dificul-dades e desafios cada vez maiorespara as civilizações vindouras; tudoisto ocorrerá em razão da busca pe-lo necessário equilíbrio que susten-tará a marcha progressiva do espíri-to humano.

Nossa preocupação deve ser a decolaborarmos o máximo possível,em ações individuais, ou comunitá-rias, utilizando os recursos de ma-neira racional e equilibrada. Todosnós temos um compromisso com ofuturo e com os que nos substitui-rão; e estes, por sua vez, nos recebe-

rão provavelmente, de volta à Terra,cumprindo o ciclo divino da evolu-ção espiritual.

Afirma Kardec em A Gênese:

“A geração que desaparece levaráconsigo seus erros e prejuízos; a ge-ração que surge, retemperada emfonte mais pura, imbuída de idéiasmais sãs, imprimirá ao mundo as-censional movimento, no sentido doprogresso moral que assinalará a no-va fase da evolução humana.” (Ca-pítulo XVIII, item 20, Ed. FEB.)

18 Reformador • Ju lho 2006 225566

Diante da TerraFugindo embora à paz de eternos dons divinos,Sem furtar-se, porém, à luta que aprimora,O homem é o semeador dos seus próprios destinos,Ave triste da noite, esquivando-se à aurora...

Em derredor da Terra, estrelas cantam hinos,Glorificando a luz onde a Verdade mora,Mas no plano da carne os impulsos tigrinosFazem a ostentação da miséria que chora!

Necessário vencer nos vórtices medonhos,Santificar a dor, as lágrimas e os sonhos,Do inferno atravessar o abismo ígneo e fundo,

Para ver a extensão da noite estranha e densa,Que os servos da maldade e os filhos da descrençaEstenderam, sem Deus, sobre a fronte do mundo!...

Edmundo Xavier de Barros

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2006, p. 256. Edição Comemorativa – 70 anos.

Page 19: Reformador 07 julho_2006

e você fizer uma pesquisano Centro Espírita, preza-do leitor, verificará que ra-

ros estudaram O Livro dos Espíritos.Pior: poucos leram essa obra

maior da Doutrina, embora se tra-te de best-seller permanente, su-cesso de vendas, a esgotar sucessi-vas edições, de inúmeras editoras.Situa-se como mero enfeite de bi-blioteca para muita gente.

É lamentável, porquanto nin-guém pode dizer que conhece aDoutrina sem ter estudado essaobra básica, da mesma forma querisível será alguém pretender-sealfabetizado se desconhece o abe-cedário.

O Livro dos Espíritos é o ma-nual de alfabetização espiritual,oferecendo-nos uma visão amplae abrangente dos princípios espí-ritas, cujo estudo nenhum profi-tente pode negligenciar.

Note, caro leitor, que Kardecfez, sob orientação dos EspíritosSuperiores, um maravilhoso com-pêndio que se reporta, em síntese,a todos os problemas humanos.

Seja qual for sua dúvida, a res-peito de qualquer assunto, semprehaverá ali uma resposta.

Abrangente, fala-nos de Deus, daCriação, da origem, natureza eimortalidade dos Espíritos, das leis

divinas, das conseqüências dasações humanas na vida espiritual…

Aborda temas do dia-a-dia, co-mo:

� Nascimento e morte.�Aborto.� Morte aparente, letargia e

catalepsia.�Morte de entes queridos.�Crianças e adultos.� Sexo e amor. Almas gêmeas.� Família. Uniões simpáticas e

antipáticas.� Casamento, celibato, poliga-

mia.� Doenças mentais, influência

dos Espíritos, obsessões.� Sono e sonhos.� Protetores espirituais, anjos

da guarda.�Talismãs, feiticeiros, bruxos.� Pressentimentos, antecipação

do futuro.�O bem e o mal.�A oração.�Materialismo e politeísmo.

�O instinto de conservação e adestruição.

� Flagelos e guerras.�Pena de morte.�Civilização e povos degenera-

dos. Crueldade.� Desigualdades sociais, men-

tais e morais.� Determinismo e livre-arbí-

trio.� Liberdade e escravidão.�Direito natural e humano.�Direitos e funções do homem

e da mulher.�As paixões. Egoísmo, orgulho,

vaidade.� Felicidade e infelicidade.�Angústia e depressão.�A virtude e o vício.

Todos os diasS

RI C H A R D SI M O N E T T I

O Livro dos Espíritos,edição de 1932

Page 20: Reformador 07 julho_2006

� Suicídio.�Vida Futura. Paraíso, inferno,

purgatório.

Seja qual for o tema ou sua dú-vida, você sempre encontrará umaresposta em suas páginas.

Será a preferência de qualquerpessoa de bom senso, convidada aescolher um livro que a preparepara enfrentar os desafios da vidae os mistérios da morte.

Toda literatura espírita, de es-critores encarnados e desencarna-dos, representa mero desdobra-mento de O Livro dos Espíritos.

Sempre que algum livro supos-tamente espírita fuja à conceituaçãoali contida, por ignorância ou pre-tensão de originalidade, deve serrechaçado pelo leitor atento. Situa--se fora do contexto doutrinário.

Embora exercitando a arte deescrever, com perfeito conhecimen-

to dos meandros da gramática,sabe o escritor diligente que nãopode dispensar os benefícios dodicionário.

O Livro dos Espíritos é o nossodicionário para questões doutriná-rias, o manual perfeito de recicla-gem que deve caracterizar o espí-rita diligente e esclarecido.

Ouvi de Divaldo Pereira Fran-co, nosso grande bandeirante doEspiritismo, que, após ler pelaprimeira vez O Livro dos Espíritos,indagou de um mentor espiritualqual deveria ser o próximo.

Resposta: O Livro dos Espíritos.Leu pela segunda vez. Nova in-

dagação. Mesma resposta.Obviamente não pretendia o

mentor que o médium ficasse ape-nas nessa leitura, mas que jamaisdeixasse de ter O Livro dos Espíri-tos como referência e fonte de orientação.

Há um ponto a favor dos negli-gentes.

O Livro dos Espíritos não é lei-tura fácil. Foi escrito em Paris, noséculo XIX, numa época em queera a Cidade-luz, centro culturalda Humanidade. Linguagem eru-dita. Assusta quem não convivecom os livros.

Talvez ajude, se mudarmos oenfoque.

Encarar O Livro dos Espíritos co-mo um roteiro que procuramos,diariamente, para equacionar osproblemas do cotidiano. Nele te-remos sempre a orientação maissegura, à luz da Doutrina Espírita.

Um deles, cuja solução é de im-portância fundamental em favorde nossa felicidade, está equacio-nado na questão 919 e seu desdo-bramento.

Não vou transcrevê-la para quea curiosidade dê a este escriba oprazer de colocar O Livro dos Es-píritos em suas mãos.

20 Reformador • Ju lho 2006 225588

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“Mas seja o vosso falar: sim, sim; não, não.”

– JESUS. (MATEUS, 5:37.)

O “não” e a luta

21Ju lho 2006 • Reformador 225599

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

ma, de acordo com as lições do Evangelho, mas não permitas que o teu amor

se converta em grilhão, impedindo-te a marcha para a vida superior.

Ajuda a quantos necessitam de tua cooperação, entretanto, não deixes que

o teu amparo possa criar perturbações e vícios para o caminho alheio.

Atende com alegria ao que te pede um favor, contudo não cedas à leviandade e

à insensatez.

Abre portas de acesso ao bem-estar aos que te cercam, mas não olvides a

educação dos companheiros para a felicidade real.

Cultiva a delicadeza e a cordialidade, no entanto, sê leal e sincero em tuas

atitudes.

O “sim” pode ser muito agradável em todas as situações, todavia, o “não”, em

determinados setores da luta humana, é mais construtivo.

Satisfazer a todas as requisições do caminho é perder tempo e, por vezes, a

própria vida.

Tanto quanto o “sim” deve ser pronunciado sem incenso bajulatório, o “não”

deve ser dito sem aspereza.

Muita vez, é preciso contrariar para que o auxílio legítimo se não perca; urge

reconhecer, porém, que a negativa salutar jamais perturba. O que dilacera é o tom

contundente no qual é vazada.

As maneiras, na maior parte das ocasiões, dizem mais que as palavras.

“Seja o vosso falar: sim, sim; não, não”, recomenda o Evangelho. Para concordar

ou recusar, todavia, ninguém precisa ser de mel ou de fel. Bastará lembrarmos que

Jesus é o Mestre e o Senhor não só pelo que faz, mas também pelo que deixa de

fazer.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 80,

p. 173-174.

A

Page 22: Reformador 07 julho_2006

á um certo exagero em se di-zer que tudo tem de aconte-cer, que tudo está escrito ou

que tudo obedece às leis inexorá-veis do destino e, portanto, nadase deve fazer para impedir o cursofatal dos acontecimentos.

Isso tudo é relativo.É bem verdade que existem de-

terminadas ocorrências na vida da

Humanidade e particularmente navida do homem que, analisadas àluz da lei de causa e efeito, levam--nos a admitir que realmente “esta-va escrito”, como vulgarmente sediz. Ou seja: não havia meios dese evitar, porque o acontecimentofoi o efeito ou a reação de uma cau-sa ou de uma ação recente ou re-mota. Em outras palavras, foi ou é

o cumprimento das leis divinas.Nesses casos, não há como impedir,porque foge a toda e qualquer pru-dência ou previdência humana.

Porém, daí a se dizer de formaradical que tudo está escrito nastábuas do destino, como apre-goam os seguidores da doutrina fi-losófica do Determinismo, a dis-tância é incomensurável.

22 Reformador • Ju lho 2006 226600

SEV E R I N O BA R B O S A

“O homem, que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo, coloca-se

abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade.

[...] As doenças, as enfermidades e, ainda, a morte, que resultam do abuso, são,

ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da lei de Deus.”

(Allan Kardec – Nota à questão 714 de O Livro dos Espíritos.)

Fatalidade e abusodo livre-arbítrio

H

Page 23: Reformador 07 julho_2006

Ora, se assim fosse, onde situaro livre-arbítrio da criatura huma-na? Sem o uso dessa faculdade delivre escolha, não seria o homemum robô à mercê da fatalidadedo destino, que a Natureza lhe tra-çou?

Com essa ilógica teoria, o ho-mem nada pode fazer para mu-dar o curso dos acontecimentos?Pode, sim, porque Deus o dotoude inteligência, vontade, determi-nação e previdência. Ademais, oinstinto de conservação não é tão--somente privilégio do homem,mas também dos animais.

O natural instinto de conser-vação, como nos ensina o Espiri-tismo, é o guia seguro que habi-lita o homem a evitar muitos acon-tecimentos desastrosos, entre osquais as intempéries da Nature-za, prejudiciais a ele e à sua co-munidade.

A boa lógica nos diz que, sealgo ameaça a comunidade, bemcomo o seu bem-estar e até mes-mo a vida do homem aqui na Ter-ra, nada o impede de procurarrecursos para reagir e superar osproblemas. Claro que ninguém,no uso do bom senso, vai ficar debraços cruzados ao ver sua pro-priedade invadida por répteis ve-nenosos, ou a sua residência, porratos e morcegos.

Quem vai ficar indiferente ouacomodado ao ser informado so-bre a possível aproximação de umfuracão devastador, como vemocorrendo na zona costeira dosEstados Unidos, notadamente nacidade de Nova Orleans, sem pro-curar se defender e sem tomar as

necessárias providências para seproteger de futuros furacões?...

Mas aí vem aquela velha cren-ça de que “se tiver de morrer, mor-rerá”, ou aquela outra: “o Deus quenos protege aqui é o mesmo queprotege lá”. Todo mundo sabe dis-so! Todavia, muitas coisas ruinspodem ser evitadas se tivermos asdevidas precauções. O livre-arbí-trio é fundamental no aspecto cau-telar!

Qual a criatura, de juízo, quese vê ameaçada pelas lavas de umvulcão ou por tremores de terra enão toma a iniciativa de sair ime-diatamente da localidade?...

É verdade que as pessoas, quesão Espíritos reencarnados, resga-tam os seus débitos de existênciaspassadas, de maneiras diversas. Osresgates, como bem ensina a Fi-losofia Espírita, são individuaisou coletivos. Assim, aqueles que sãovítimas das investidas da Nature-za, sem dúvida estão prestandocontas à lei de causa e efeito.

Entretanto, a lei de Deus tam-bém faculta às vítimas o direito dese defenderem e se prevenirem deoutras catástrofes que possam vir.Esse raciocínio também é válidopara todas as ocorrências da vida,até mesmo porque não sabemos,com certeza, de que forma va-mos desencarnar.

Quanto aos aconte-cimentos liga-dos à vi-da do ho-mem, quedependemda sua livrevontade, em

relação mais direta com os vícios,a saúde, o prolongamento da vi-da, a uma existência mais tranqüi-la ou mais atribulada, são coisasque vão depender muito da sua inclinação para apenas usá-las oudelas abusar.

Como falamos em prolonga-mento da vida aqui na Terra, háquem diga, em se reportando a al-guém que desencarnou aos seten-ta anos e que soube bem gozar avida: é porque chegou o seu dia.Será que chegou mesmo? Temosnossas dúvidas!...

Como foi esse gozar? Não teriasido mais sensato dizer: “Abusouda vida?” Se não tivesse abusado,não teria vivido mais uns quinzeou vinte anos?

Ainda bem que os fatos estãoaí para convencer, ou pelo menosa nos conduzir a uma reflexão maisprofunda!... Temos visto, com fre-qüência, pela televisão, cidadãos,homens públicos, com mais deoitenta anos, em plena atividadeintelectual, como escritores, po-líticos, pesquisadores, pintores,maestros, desfrutando de invejávelsaúde e portadores de incrível lu-cidez. E por que isso? Porque não

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abusam da saúde. Eles sabem ex-plorar o lado belo da vida. Fazembom uso das suas faculdades. Edesfrutam da vida material comequilíbrio. São sóbrios no uso dascoisas.

Mas, contrariando, há quemdiga que aqueles que desencar-nam com setenta anos, ou me-nos, por exemplo, é porque de-vem morrer com tais idades. Oumelhor: está escrito que devemdesencarnar de tais doenças e comessas idades. Isto é muito relativo,como dissemos. A boa lógica afir-ma que é possível prolongar osdias de vida física, caso não seabuse da saúde.

Eis aí, pois, a função benéficado livre-arbítrio!

Precisamos compreender que atentação para fazer o mal pode seruma prova. Porém, a consumação

da ação maléfica depende, literal-mente, do nosso querer ou nãoquerer. A decisão para sim ou pa-ra não é do livre-arbítrio.

É com o bom ou mau uso des-sa faculdade, inerente a toda cria-tura humana, em pleno gozo daconsciência, que todos nós cons-truímos os nossos destinos, feli-zes ou infelizes. Assim, quando ohomem é infeliz, não pode cul-par a fatalidade do destino, tam-pouco a Deus, que nos criou parasermos felizes. A culpa é exclusi-vamente sua. “A cada um, segun-do as suas obras”, como ensinaJesus no Evangelho.

Diante de tudo isso, não pode-ríamos finalizar este trabalho semconsultar a obra basilar da Dou-trina Espírita – O Livro dos Espíri-tos – na questão 713, em que Kar-dec inquire: “Traçou a Natureza

limites aos gozos?” Ao que res-pondem os Espíritos Reveladores:“Traçou, para vos indicar o limi-te do necessário. Mas, pelos vos-sos excessos, chegais à saciedadee vos punis a vós mesmos”.

Na questão seguinte (714), o Co-dificador, desejando mais escla-recimentos, pergunta: “Que se de-ve pensar do homem que procu-ra nos excessos de todo gênero o requinte dos gozos?” Eis a res-posta: “Pobre criatura! mais dig-na é de lástima que de inveja, poisbem perto está da morte!” E ago-ra, Kardec é mais enfático: “Per-to da morte física, ou da mortemoral?” – “De ambas”, respon-dem os Espíritos.

Finalizando, recordamos as pa-lavras do sábio Leonardo Da Vin-ci: “Uma vida bem vivida é umalonga vida.”

24 Reformador • Ju lho 2006 226622

Questão de livre-arbítrio

O que pratica o Bem, não se arrepende,Pois, o Bem, torna bom, ao que o pratica.Mas, quem do Mal se vale, crucificaao que, à cruz da Maldade, enfim, se prende.

Toda a ação, ou a inação, seus frutos rende.A mão que doa o Bem, paira mais rica.Na Maldade, porém, quem pontifica,vai sofrer... e, sofrendo, um dia aprende.

Quem se mete na lama, se enlameia.A Luz, quem busca, ao Espírito clareia e faz, o nosso mundo, mais feliz.

Se escolheres o Mal, tua colheita pela tua vontade, já está feita...Não preferes, do Bem, a diretriz?!...

Paulo Nunes Batista

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s conflitos sociais repre-sentam uma das princi-pais causas de sofrimen-

to no mundo contemporâneo,pelo colapso no atendimento àsnecessidades humanas básicas,quais sejam: alimentação, habita-ção, saúde, educação, segurança etransporte. Entretanto, esclarece a Doutrina Espírita, em determi-nadas circunstâncias estes confli-tos podem produzir reações po-sitivas por parte de governantes ede pessoas esclarecidas, forma-doras de opinião, desenvolvendoações efetivas capazes de modifi-car o curso nefasto dos aconte-cimentos. “[...] É de notar-se[observa Allan Kardec] que emtodas as épocas da História, àsgrandes crises sociais se seguiuuma era de progresso”.1

A violência doméstica é apon-tada pelos estudiosos como cau-sa primordial dos severos confli-

tos sociais existentes no mundo.A violência no lar, por sua vez,originando-se de fatores psicos-sociais e econômico-sociais, nãoresolvidos ou mal administrados,produzem um estado generaliza-do de violência na sociedade. Osfatores psicossociais estão relacio-nados à visão materialista da vi-da, em que os indivíduos adotamcomo normas de conduta umapermissibilidade moral que afetaos usos e os costumes humanos.Nesta situação, as pessoas se fe-cham em copas, agindo de formaindiferente aos sofrimentos e àsnecessidades do próximo: trans-formam-se em criaturas indolen-tes e omissas, nada fazendo paraimpedir ou minimizar o estadode criminalidade e violência rei-nantes à sua volta. É bom ficar-mos atentos, pois esta visão ma-terialista da vida pode nos con-duzir ao caos social. Já as causas

25Ju lho 2006 • Reformador 226633

OMA RTA AN T U N E S MO U R A

Conflitos sociais graves:

Violência

Em dia com o Espiritismo

doméstica e urbana

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econômico-sociais dizem respei-to às desigualdades humanas de-correntes da má distribuição derenda, permitindo-se que umaminoria viva em abundância euma maioria de seres humanossofra os rigores da pobreza e damiséria. Uma sociedade estabele-cida sob tais bases está marcadapelos contrastes sociais, estimula-dores do desemprego, da violên-cia e do sofrimento superlativo.

É importante considerar, à luzdo entendimento espírita, que a

existência de conflitos sociais, emsi, não representa, necessaria-mente, fator desencadeador daspráticas generalizadas de violên-cia. Uma coisa não tem relaçãocom a outra. Na verdade, “é bemsabido que a maior parte dasmisérias da vida tem origem noegoísmo dos homens. Desde quecada um pensa em si antes depensar nos outros e cogita antesde tudo de satisfazer os seus de-sejos, cada um naturalmente cui-da de proporcionar a si mesmo

essa satisfação, a todo custo, esacrifica sem escrúpulo os inte-resses alheios, assim nas mais in-significantes coisas, como nasmaiores, tanto de ordem moral,quanto de ordem material. Daítodos os antagonismos sociais, to-das as lutas, todos os conflitos etodas as misérias, visto que cadaum só trata de despojar o seu pró-ximo”.2

A violência doméstica e urba-na vem ocorrendo de maneiracrescente, porque a criatura hu-mana está espiritualmente doen-te. “[...] O homem, pois, em gran-de número de casos, é o causa-dor de seus próprios infortúnios;mas, em vez de reconhecê-lo, achamais simples, menos humilhantepara a sua vaidade acusar a sorte,a Providência, a má fortuna, amá estrela, ao passo que a má es-trela é apenas a sua incúria”.3

A violência doméstica é umproblema que atinge, em especial,milhares de crianças, adolescen-tes e mulheres. As vítimas, muitasvezes silenciosas, são submetidasa algum tipo de sofrimento indes-critível. Fazem parte da violênciadoméstica as agressões físicas epsicológicas, sendo as mais co-muns os espancamentos, a negli-gência em relação aos cuidadoscom os bebês e as crianças, e oabuso sexual. A violência urbana,uma extensão da violência domés-tica, tem amedrontado a popula-ção em razão dos freqüentes re-latos de assaltos, atropelamentos,homicídios e seqüestros. As famí-lias estão cada vez mais isoladasdentro de suas habitações, cons-

26 Reformador • Ju lho 2006 226644

egundo a idéia falsíssima de que lhe não é possível refor-mar a sua própria natureza, o homem se julga dispensadode empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que

de boa vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverançapara serem extirpados. É assim, por exemplo, que o indivíduo,propenso a encolerizar-se, quase sempre se desculpa com o seutemperamento. Em vez de se confessar culpado, lança a culpa aoseu organismo, acusando a Deus, dessa forma, de suas próprias fal-tas. É ainda uma conseqüência do orgulho que se encontra de per-meio a todas as suas imperfeições.

Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais queoutros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que seprestam melhor aos atos de força. Não acrediteis, porém, que aíresida a causa primordial da coléra e persuadi-vos de que umEspírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífi-co, e que um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, nãoserá brando; somente, a violência tomará outro caráter. Não dis-pondo de um organismo próprio a lhe secundar a violência, a cólera tornar-se-á concentrada, enquanto no outro caso será expansiva. [...]

Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 3. ed. especial.Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. IX, item 10, p. 206.

Hahnemann

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sCólera e violência

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27Ju lho 2006 • Reformador 226655

truindo muros altos ou colocan-do grades elétricas nas residências;instalando mecanismos de vigilân-cia ou de segurança e, mesmo as-sim, não se sentem a salvo da açãocriminosa.

Como espíritas, como cristãos,sabemos que algo precisa ser fei-to, pois, a “[...] onda crescente dedelinqüência que se espalha portoda a Terra assume proporçõescatastróficas, imprevisíveis, exi-gindo de todos os homens pro-bos e lúcidos acuradas reflexões”.4

Todavia, é válido ponderar que asimples preocupação nada resol-ve,“[...] se medidas urgentes e prá-ticas não se fizerem impor, me-diante a adoção de política edu-cativa generalizada [...]. Tem-seprocurado reprimir a delinqüên-cia sem se combaterem as causasfecundas da sua multiplicação.Muito fácil, parece, a tarefa repres-siva, inútil, porém, quando nãose transforma em fator a maispara a própria violência. A tera-pêutica para tão urgente questãohá de ser preventiva, exigindodos adultos que se repletem deamor nas ineuxaríveis nascentesda Doutrina de Jesus, a fim deque, moralizando-se, possam edu-car as gerações novas, propician-do-lhes clima salutar de sobrevi-vência psíquica e realização ínti-ma”.5

O terrorismo urbano é um atode extrema violência aplicadopor personalidades extremistas efanáticas, por meio de ações ho-micidas. São classificados comoatos terroristas os atentados abomba, os seqüestros, a guerra

biológica e outras ações seme-lhantes. O método básico do ter-rorismo é a destruição da vida hu-mana em nome de certos princí-pios ideológicos, políticos ou re-ligiosos.

Segundo o Espiritismo, as açõesterroristas, assim como as guer-ras, acontecem devido à “predo-minância da natureza animal so-bre a natureza espiritual e trans-bordamento das paixões. No es-tado de barbaria, os povos um sódireito conhecem – o do maisforte. [...]”6 O assassinato indivi-dual ou coletivo é um grande“[...] crime, pois que aquele quetira a vida ao seu semelhante cor-ta o fio de uma existência deexpiação ou de missão. Aí é queestá o mal”.7 Sendo assim, é natu-ral que o responsável pelos atosde terrorismo e homicídios ge-neralizados seja consideradogrande culpado perante a Leide Deus e necessite de mui-tas existências “[...] paraexpiar todos os assassíniosde que haja sido causa, por-quanto responderá por to-dos os homens cuja mor-te tenha causado para sa-tisfazer à sua ambição”. 8

Referências:1KARDEC, Allan: A gênese. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 49.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Cap. XVIII, item 33, p. 479.2______. Obras póstumas. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 38.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

Primeira parte, cap. “O egoísmo e o or-

gulho”, p. 250.3______. O evangelho segundo o espiritis-

mo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. V, item 4,

p. 108. 4FRANCO, Divaldo P. SOS família. Por di-

versos Espíritos. 2. ed. Salvador: LEAL,

1994. Item: “Delinqüência, perversidade

e violência” (Mensagem de Joanna de

Ângelis), p. 120. 5Idem, ibidem. p. 124.6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2006. Questão 742, p. 395.7Idem, ibidem, questão 746, p. 396.8Idem, ibidem, questão 745, p. 395.

Capa

Page 28: Reformador 07 julho_2006

s singelos versos do criador do esperanto,que encimam nosso artiguete, revelam o in-teresse daquela nobre alma pelos membros

da família que, sob sua condução, já se formava emtorno do ideal da Língua Internacional Neutra,membros que, não obstante dispersos pelo Planeta,separados por diferenças culturais, sociais, lingüísti-cas, religiosas, raciais, estavam e sempre estarão in-dissoluvelmente unidos pelo objetivo comum da fra-ternidade acima de quaisquer fronteiras, fraterni-dade intensamente evocada pela posse e uso de umalíngua comum neutra.

Cada um desses membros, na medida de suas for-ças e talentos, trazia sua contribuição para o fortale-cimento do nascente movimento. E assim sempre foie continua sendo, até hoje, do que tem resultado asolidez, a lenta mas crescente difusão do esperanto e de seus ideais pelo mundo.

Tocados pelos versos de Zamenhof, pelo quadroque eles sugerem em torno da atividade incessantedos esperantistas, eis que uma das mais poderosasferramentas da modernidade – a rede mundial decomputadores – nos fez ver a fecunda atividade dealguns desses membros, a qual, por estar ligada à

difusão do Espiritismo por meio do esperanto, me-rece ser conhecida pelos leitores de Reformador, rece-ber acolhida no coração dos que associam esperantoe Espiritismo, sob a égide do Evangelho, e assim quese expanda, se multiplique e dê os frutos desejados.

Referimo-nos ao trabalho dos confrades e co--idealistas do Centro Espírita Yvonne A. Pereira, deRio das Flores (RJ), que, sob a direção de AugustoMarques de Freitas, respondem pelo Departamentode Esperanto daquela Instituição.

Um pequeno anúncio em seu boletim, alusivo àpágina do Centro na Internet, http://geocities.yahoo.com.br/ceypereira, informa que seu conteúdopassou a ser bilíngüe, nas versões em português e es-peranto.

Visitamos a página e ficamos não apenas encanta-dos com o que vimos, mas profundamente impres-sionados com o alcance daquela aparentemente sin-gela iniciativa de nossos companheiros. O mundointeiro, representado pelos esperantistas espalhadospor todos os países – pois há esperantistas em todoseles, sem exceção de nenhum – poderá desfrutar deum conteúdo espírita cuidadosamente elaborado,graças ao uso da Língua Internacional Neutra:

Espiritismo via Esperantona WEB

O

28 Reformador • Ju lho 2006 226666

A FEB e o Esperanto

Tre malproksime /iuj ni starasLa unuj de la aliaj...Kie vi estas, kion vi faras,Ho, karaj fratoj vi miaj?

Muito distantes nos encontramos,Camaradas, uns dos outros...Por onde andais e o que fazeis,Ó meus queridos irmãos?

Do poema “Al la Fratoj” (“Aos Irmãos”), de L. L. Zamenhof.

AF F O N S O SOA R E S

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� dados biográficos sobre a grande médium deMemórias de um Suicida;

� todo o vasto leque de atividades do Centro;� foto de todos os livros de Yvonne A. Pereira;� textos de Memórias de um Suicida, colhidos em

sua versão para o esperanto;� as atividades do Departamento de Esperanto do

Centro;� informações sucintas sobre a Doutrina Espírita,

colhidas, em sua maior parte, na versão emesperanto do folheto “Conheça o Espiritismo”,publicado pelo Conselho Espírita Internacional;

� resumos biográficos de Allan Kardec e ChicoXavier;

� e as fotos de todos os livros espíritas já publica-dos em esperanto.

Fazemos questão de tornar amplamente conheci-

da essa bela iniciativa com o objetivo de encorajaroutros grupos de trabalhadores espíritas que, noBrasil e no Exterior, ensinam, divulgam e utilizam oesperanto. É semeadura assaz promissora, de lar-guíssimo alcance por possibilitar que se estenda aconsoladora mensagem da Doutrina Espírita pelomundo inteiro.

A eficácia de tal iniciativa absolutamente não secondiciona ao número de esperantistas existentes nomundo, bastando saber que eles se encontram disse-minados em todos os países.

Importa tão-somente assegurar-se à generosa se-mente que chegue a um coração sensível, amadure-cido para acolhê-la e multiplicá-la. E há tantos cora-ções sensíveis, amadurecidos espiritualmente, espa-lhados por esse mundo imenso, apenas aguardandoque alguém de boa vontade os atinja sob o impulsoda fraternidade...

29Ju lho 2006 • Reformador 226677

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stava o mundo entorpecidopelas distorções que foramimplantadas ao longo dos

séculos pelos interesses materiais,qual o exotismo dos perfumes for-tes, que entontecem e confundemas fragrâncias camufladas com asdas verdadeiras essências.

As batalhas em nome do Cristo,que é todo mansidão e todo bon-dade, haviam lavado a Terra comas lágrimas dos inocentes, mas, se-gundo os defensores da iniqüida-de, tinham a suposta culpa de de-senvolver o pensamento contrárioàs leis dominantes.

A chuva torrencial do orgulho eda vaidade tinha modificado o pla-no terrestre. A palavra simples doEvangelho de Jesus houvera recebi-do as fantasias da ambição humanaa fim de que o cetro do orgulho eda vaidade imperasse em nome doCristo de Deus, que escolheu nascerna simplicidade da Manjedoura.

E assim, na sucessão dos sécu-los, inúmeros missionários do amordivino foram abatidos, porque assuas consciências vislumbraram

outras paragens, propondo umporto seguro para as embarcaçõesdesarvoradas da intolerância e dopoder temporal.

Foi neste cenário que a Ciênciafincou as suas bases, negando Deus,em resposta às ideologias domi-nantes de um Deus humanizado ecolérico que pune os seus filhoscom a marca do fogo e do ferro elhes oferece como “prêmio” a fo-gueira, o suplício e a dor.

Mas Jesus, profundo conhece-dor da psicologia humana, haviaprometido o Consolador. Para tan-to, o cenário terrestre estava sendopreparado, a fim de que, ao atingira maioridade relativa, pudesse re-ceber os ensinamentos esclarece-dores e confortadores da TerceiraRevelação.

Desse modo, Allan Kardec, “obom senso encarnado”, como afir-mara Camille Flammarion, teve anobre missão de codificar a Dou-trina dos Espíritos, abrindo para aHumanidade uma nova era.

Kardec, na sutileza de cientista,soube ser translúcido, não envol-

vendo em quimeras os ensinamen-tos grandiosos do Cristianismoprimitivo.

Eis o que nos afirma AmaralOrnellas, através das mãos aben-çoadas de Chico Xavier, no soneto:

Em homenagem a Kardec*

[...] Mas Kardec domina a[enorme noite humana

E traz no Espiritismo a fé que [se engalana,

Ao fulgor da Razão generosa e[sincera...

O Evangelho ressurge. O céu [brilha de novo.

E Jesus, retornando ao coração [do povo,

Acende para o mundo o Sol da [Nova Era!

O Codificador teve toda umapreparação anterior, como discípu-lo de um grande educador, Pesta-lozzi; desenvolveu os seus estudosem diversas áreas da cultura hu-

Atualidade de

Kardec“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para

promover a edificação...” (Epístola do apóstolo Paulo aos Efésios, 4:29.)

MA R I A IN Ê S FE I J Ó MAC H A D O TAVA R E S

E

*Reformador de abril de 1957, p. 87.

30 Reformador • Ju lho 2006 226688

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mana, ampliando assim os seusconhecimentos e, no momentopreciso, numa demonstração elo-qüente de humildade, muda o seunome, assumindo o de uma reen-carnação anterior, para que a Hu-manidade conhecesse não o ho-mem Hippolyte Léon DenizardRivail, mas a obra – o Espiritismo.

Kardec não assumiu o perso-nalismo dos homens, não lançounos banquetes da França esta obramagnífica, ao contrário, soube olharpara um novo horizonte, com-preendendo a dimensão do seu tra-balho, sem se deixar envolver pe-lo orgulho e pela vaidade, ópiosque entorpecem os sentidos e des-troem qualquer trabalho sérioquando este não é envolvido pelahumildade.

Emmanuel, através de ChicoXavier, afirmou que a maior cari-dade que se faz à Doutrina Espíri-ta é a sua divulgação. Entretanto odivulgador espírita precisa estarconsciente da sua tarefa e ter aprudência necessária para não in-cidir em erros e em enganos.

O espírita tem a obrigação mo-ral com a sua consciência de apagardo pensamento as suposições errô-neas adquiridas em literaturas quese rotulam de espíritas, mas que, naverdade, não o são, porque objeti-vam confundir o trabalhador de-satento. Paulo de Tarso já dizia:“Tudo me é lícito, mas nem tudoconvém”. (I Coríntios, 6:12.)

O livre-arbítrio possibilita-nosfazer um sem-número de coisas, en-tretanto, chama-nos à responsabili-

dade de assumirmos os resultadosdas nossas realizações. “Ler Kardec,sentir Kardec” implica não uma lei-tura periférica, factual, mas sim umaleitura profunda, que compreende adimensão dos ensinamentos conti-dos na Codificação.

Analisemos a nossa condiçãode aprendizes, pois se assumirmosesta condição, com certeza ire-mos verificar que ultrapassados eretrógrados estão os nossos ata-vismos e a nossa postura de sal-vadores.

A atualidade do pensamento deKardec é verdadeira e inquestioná-vel. Mas, para assumirmos esta ver-dade, temos que trocar a “toga doorgulho e da vaidade” pela vesti-

menta simples dos sábios e afirmarcomo Sócrates: “Só sei que nada sei”.E assim, continuarmos a nossa pe-regrinação de estudos, compreen-dendo que toda “obra nova” quesurja com o rótulo de espírita preci-sa ser passada pelo crivo da razão.

O homem nasceu para edificar,jamais para destruir.

Observemos o apóstolo Pauloque, demonstrando sua lealdade e firmeza de caráter, dizia: “Quemnos separará do amor de Cristo?”(Romanos, 8:35.) Refletindo sobreas suas palavras, lembremo-nos deque no mundo existem muitas re-ligiões, mas fazendo nossa opçãopela Doutrina Espírita, devemos serfiéis aos seus princípios.

31Ju lho 2006 • Reformador 226699

A Cultura atingira o apogeu da descrença,Imergira-se o Templo em fumo de vanglóriaE, embora fosse o Cristo a eterna luz da História,Afligia-se a Terra em sombra espessa e imensa.

A Civilização padecia a presençaDe soberano caos em púrpura irrisória,Sob a pompa do verbo esfervilhava a escóriaDa cegueira e do escárnio a erguer-se em treva densa.

Mas Kardec domina a enorme noite humanaE traz no Espiritismo a Fé que se engalana,Ao fulgor da Razão generosa e sincera...

O Evangelho ressurge. O Céu brilha de novo.E Jesus, retornando ao coração do povo,Acende para o mundo o Sol da Nova Era.

(Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier.)Fonte: Reformador de abril de 1957, p. 87.

Amaral Ornellas

Em homenagem a Kardec

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32 Reformador • Ju lho 2006 227700

rezado leitor! Você já teve aoportunidade de folhearum livro e de acessar com

facilidade as informações nele con-tidas? Já se deparou com uma obraem que os assuntos podem serrapidamente localizados, seja pelaorganização estrutural, seja por suaforma de apresentação?

Ou você é daqueles que sofre-ram as dificuldades de percorrerinúmeras vezes as páginas de umapublicação, e até saber ou deduzirque ali há informações de seu in-teresse, mas não consegue locali-zá-las?

Se eu não estiver enganado, vo-cê escolheu a segunda opção, ou aindicou como mais freqüente emsua vida. É comum ainda encon-trarmos livros que apresentam,em seus exemplares ou volumes, odescuido com um elemento indis-pensável, em se tratando de qual-quer obra: a legibilidade documen-tal. Esse descuido é responsabili-dade coletiva de autores, editores,publicadores, diagramadores e ou-

tros encarregados da editoração,considerando aqui a preparaçãoeditorial, a publicação dos exem-plares e sua comercialização/dis-tribuição.

Parece um nome complicado es-sa tal legibilidade documental, masé uma exigência natural que todo equalquer leitor faz sem o saber.Todos gostamos de ler com facili-dade, sem “fazer força”. Ficamossatisfeitos quando o tamanho daletra é confortável, o espaçamentoentrelinhas não embola as letras,palavras ou frases. Conseguimosfazer aquela leitura fluente que “dágosto”. Quando nos damos conta,já lemos inúmeras páginas...

Por que será que isso acontece?Evidentemente, o texto bem escrito,com redação direta, simples e con-cisa, facilita a leitura; é prazeroso enos deliciamos com uma boa re-dação. Mas, a forma de apresen-tação textual é uma ferramenta quecolabora consideravelmente parafacilitar a leitura. Daí este cuidadoque já observamos, por parte prin-

cipalmente dos diagramadores, emtornar um texto leve e agradável.

A editoração eletrônica é umamaravilha e os diversos programasde computador disponíveis atual-mente no mercado permitem umtrabalho cada vez mais aperfeiçoa-do. Precisa-se atentar para não“exagerar na dose”, como cons-tatamos em algumas publicaçõesque ficam carregadas, poluídastextualmente, com excesso de des-taques, falta de harmonia nas cores, entre outros inconvenien-tes. O gosto refinado, emboradiscutível, deve ser orientado pelobom senso, quando aliamos umconteúdo de qualidade com umaredação agradável e uma apresen-tação adequada ao produto a serdivulgado e consumido.1

Felizmente, esta é uma reali-dade não apenas teórica ou aca-dêmica. Ela começa a ser viven-ciada na prática pelos profissio-

PGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Normalização Editorial

Normas técnicas elegibilidade documental

1Entenda-se consumo como a leitura quefazemos de uma publicação.

Page 33: Reformador 07 julho_2006

nais da área, em decorrência dagradativa conscientização dos res-ponsáveis pela edição de livros,cuja ação apresenta resultados alen-tadores.

Hoje encontramos expostas embibliotecas, livrarias e postos devendas, bancas e feiras de livros,além da divulgação via comércioeletrônico, obras que nos encan-tam, tanto pela atrativa apresen-tação visual quanto pela existên-cia das partes indispensáveis paraa recuperação da informação re-gistrada na obra. Isso pode indi-car um gradativo processo de ade-quação às normas técnicas, quealiadas ao trabalho criativo dosdiagramadores resultam em bene-fícios ao leitor.

A Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas (ABNT) é a insti-tuição responsável pela norma-lização técnica no Brasil. Funda-da em 1940 para fornecer a basenecessária ao desenvolvimento tec-nológico brasileiro, representa asentidades de normalização inter-nacional ISO (International Or-ganization for Standardization) eIEC (International Electrotechini-cal Commission) no País. As nor-

mas são elaboradas por comitêsgestores, constituídos de especia-listas em áreas específicas do co-nhecimento.

Existem normas referentes a en-genharia, arquitetura, informáti-ca, energia, turismo, comércio,especificação de materiais, docu-mentação, entre outras, que obje-tivam regular as atividades desen-volvidas nas respectivas áreas deatuação.

A ABNT possui um elenco dediretrizes indispensáveis para osque trabalham com a preparação,produção e comercialização depublicações. São as denominadasNormas Brasileiras (NBRs) quetratam da apresentação de assun-tos variados na especialidade “in-formação e documentação”.

Dentre estas normas, relaciona-mos a seguir as que se destacampela importância e por serem maisdiretamente vinculadas aos inte-ressados na publicação de livrose periódicos.2 As informações su-márias elencadas sob os itens re-

presentam extratos do objetivo decada norma.

NBR 6021:2003 – Publicaçãoperiódica científica impressa

Especifica os requisitos paraapresentação dos elementos queconstituem a estrutura de organi-zação física de uma publicaçãoperiódica científica impressa. Des-tina-se a orientar o processo deprodução editorial e gráfica da pu-blicação, no sentido de facilitar asua utilização pelo usuário e pelosdiversos segmentos relacionadoscom o tratamento e a difusão dainformação.

NBR 6022:2003 – Artigo em publicação periódicacientífica impressa

Estabelece um sistema para aapresentação dos elementos queconstituem o artigo em publica-ção periódica científica impressa.

NBR 6023:2002 – ReferênciasEstabelece os elementos a serem

incluídos nas referências. Fixa aordem dos elementos das referên-cias e estabelece convenções paratranscrição e apresentação da in-

33Ju lho 2006 • Reformador 227711

2O leitor interessado em adquirir as NBRspodem acessar o site da ABNT no ende-reço: www.abnt.org.br

Page 34: Reformador 07 julho_2006

formação originada do documen-to e/ou outras fontes de informa-ção. Destina-se a orientar a prepa-ração e compilação de referênciasde material utilizado para a pro-dução de documentos e para in-clusão em bibliografias, resumos,resenhas, recensões e outros.

NBR 6024:2003 – Numera-ção progressiva das seçõesde um documento escrito

Estabelece um sistema de nu-meração progressiva das seções dedocumentos escritos, de modo aexpor numa seqüência lógica o in-ter-relacionamento da matéria e apermitir sua localização. Aplica-seà redação de todos os tipos de do-cumentos escritos, independente-mente do seu suporte, com exceçãodaqueles que possuem sistemati-zação própria (dicionários, voca-bulários, etc.) ou que não necessi-tam de sistematização (obras literá-rias em geral).

NBR 6025:2002 – Revisãode originais e provas

Estabelece os sinais e símbolos aserem usados na revisão de origi-nais e de provas. Estabelece tam-

bém as convenções para os proce-dimentos de correção e marcaçãode emendas em originais e provas.

NBR 6027:2003 – SumárioEstabelece os requisitos para

apresentação de sumários de do-cumentos que exijam visão de con-junto e facilidade de localizaçãodas seções e outras partes. Aplica--se, no que couber, a documentoseletrônicos.

NBR 6028:2003 – ResumoEstabelece os requisitos para re-

dação e apresentação de resumos.

NBR 6029:2002 – Livros efolhetos

Estabelece os princípios geraispara apresentação dos elementosque constituem o livro ou folheto.Destina-se a editores, autores eusuários.

NBR 6034:2004 – ÍndicesEstabelece as condições exigíveis

de apresentação e os critérios bási-cos para a compilação de índice depublicações. Destina-se principal-mente às publicações técnicas ecientíficas cuja extensão e comple-

xidade exijam rápida localizaçãodas informações contidas no texto.

NBR 10520:2002 – Citaçõesem documentos

Especifica as características exi-gíveis para apresentação de cita-ções em documentos.

NBR 12225:2004 – LombadaEstabelece os requisitos para

apresentação de lombadas e aplica--se exclusivamente a documentosem caracteres latinos, gregos ou ci-rílicos. Tem por finalidade oferecerregras para a apresentação de lom-badas a editores, encadernadores,livreiros, bibliotecas e seus clientes.Aplica-se, no que couber, a lom-badas de outros suportes (gravaçãode vídeo, gravação de som, etc.).

Bibliotecários, indexadores, edi-tores e os demais envolvidos naprodução editorial devem conhe-cer o conteúdo destas normas queversam sobre documentação e in-formação, a fim de que as publica-ções sob sua alçada reflitam melhora qualidade que a padronizaçãotécnica pode oferecer. Com isso, to-dos ganham. E o leitor agradece.

34 Reformador • Ju lho 2006 227722

Aos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquio de enviarem suas matérias, de preferên-cia, digitadas no programa Word e com no máximo 110 linhas, na fonte Times New Roman, tamanhode fonte 12, régua 15, justificado, para que sejam devidamente ilustradas.

Nas citações e nas transcrições devem ser mencionadas as respectivas fontes (autor, título da obra,edição, local, editora, capítulo e página), em nota de rodapé ou referência bibliográfica.

Contamos com o apoio de todos para que possamos continuar unidos, trabalhando em função dadivulgação da nossa Doutrina.

AO S CO L A B O R A D O R E S

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35Ju lho 2006 • Reformador 227733

Sessão de Abertura

No dia 28, às 20 horas, ocor-reu a Sessão de Abertura, inicia-da pelo presidente da União dasSociedades Espíritas do Estado deSão Paulo, Attílio Campanini, que,após a prece, fez a saudação aoscomponentes das Federativas vi-sitantes e passou a palavra ao pre-sidente da FEB, Nestor João Ma-sotti, que também os cumprimen-tou. A seguir, assumiu a direçãodos trabalhos o coordenador dasComissões Regionais, Antonio Ce-sar Perri de Carvalho, que pas-

sou a palavra aos presidentes dasFederativas Estaduais para as suassaudações.

Houve apresentação da Propos-ta de Comemorações do Sesqui-centenário do Espiritismo, duran-te o ano de 2007, realizada porJason de Camargo e José Anto-nio Luiz Balieiro, representantesda Região na Comissão nomeadapelo CFN. Nesta Proposta inclui--se a promoção do 2o CongressoEspírita Brasileiro, em Brasília,de 12 a 15 de abril de 2007. Emseguida, estabeleceu-se um diálo-go com o Plenário, havendo per-

guntas e sugestões sobre a referi-da proposta. A reunião foi encer-rada com uma prece.

Em seguida à Sessão de Aber-tura, os dirigentes José Carlos

Conselho Federativo Nacional

Reunião da ComissãoRegional Sul

A Reunião da Comissão Regional Sul, em seu vigésimo ano, desenvolveu-se de 28 a 30

de abril de 2006, nas dependências do Centro Espírita “Casa Grande do Caminho” e

Instituição Assistencial Espírita “Lar Bom Repouso”, em São Caetano do Sul, São Paulo

Sessão de Abertura: Participantes da FEB e das Federativas. Attílio Campanini (USE-SP) saúda os visitantes

Momento da inauguração da placa comemo-

rativa da Reunião da C. R. Sul (esq./dir.):

Attílio Campanini, Margherita e José Carlos

Corsi (diretores do Lar) e Nestor Masotti

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Corsi e Margherita Biasi Corsi,do Centro Espírita “Casa Grandedo Caminho” e Instituição Assis-tencial Espírita “Lar Bom Repou-so” convidaram a todos para as-sistirem ao descerramento de pla-ca alusiva à realização da Comis-são Regional do CFN e visita dopresidente da FEB à Instituição;apresentaram, também, uma pla-ca preexistente, alusiva à FEB.

A manhã do dia 29 (sábado)foi iniciada com reunião plená-ria para a apresentação das equi-pes de trabalho das FederativasEstaduais e da FEB. Comparece-ram todas as Entidades Federati-vas da Região: Conselho Espíritado Estado do Rio de Janeiro, Fe-deração Espírita Catarinense, Fe-deração Espírita do Rio Grandedo Sul, Federação Espírita do Pa-raná e União das Sociedades Es-píritas do Estado de São Paulo.

Reuniões Setoriais

Ocorreram, simultaneamente,com início na manhã de sábado(dia 29), as seguintes Reuniões Se-toriais: a) dos Dirigentes das En-tidades Federativas; b) da Áreado Atendimento Espiritual noCentro Espírita; c) da Área da Ati-vidade Mediúnica; d) da Área da

Comunicação Social Espírita; e)da Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita; f) da Áreada Infância e Juventude; e g) daÁrea do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Reunião dos Dirigentes

Realizou-se a Reunião dos Di-rigentes, tendo comparecido ospresidentes e representantes dasEntidades Federativas dos Estadosda Região Sul: Aloísio Ghiggino(Conselho Espírita do Estado doRio de Janeiro), Gerson Luiz Ta-vares (Federação Espírita Catari-nense), Gladis Pedersen de Oli-veira (Federação Espírita do RioGrande do Sul), Maria HelenaMarcon (Federação Espírita doParaná), Attílio Campanini (União

das Sociedades Espíritas do Esta-do de São Paulo); pela FEB: opresidente Nestor João Masotti,o vice-presidente Altivo Ferrei-ra, o coordenador das ComissõesRegionais Antonio Cesar Perride Carvalho, o secretário da Co-missão Regional Aylton GuidoCoimbra Paiva, o assessor JoséAntonio Luiz Balieiro e os inte-grantes da Secretaria Geral doCFN, Ricardo Silva e João PintoRabelo.

Feita a prece de abertura dostrabalhos, foram discutidas e apro-vadas a Ata da reunião anterior ea Pauta para a presente reunião.O presidente da FEB fez algumasconsiderações gerais sobre o Mo-vimento Espírita e a difusão dolivro espírita. Na seqüência, Alti-vo Ferreira discorreu sobre pro-

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Reunião dos Dirigentes: Mesa Diretora e representantes das Federativas

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

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posta de parceria com as Fede-rativas Estaduais para ampliaçãoda distribuição de Reformador,recebendo sugestões e contribui-ções dos presidentes das Federa-tivas. José Antonio Luiz Balieirofez exposição sobre a forma deatuação da FEB no mercado livrei-ro, apresentou uma proposta deação junto às Entidades Federati-vas, e deu informações acerca daparticipação da FEB na 19a Bie-nal Internacional do Livro de SãoPaulo.

O assunto da reunião anterior– “Participação das InstituiçõesEspíritas nas atividades comuni-tárias (Órgãos, Comissões, Conse-lhos e outros)” – foi desenvolvi-do com riqueza de informaçõessobre atuações junto a várias áreas,instâncias governamentais e do ter-ceiro setor.

Quanto ao assunto desta reu-nião – “Orientação ao CentroEspírita” –, como o CFN definiuque o prazo para entrega de pro-postas se encerraria nas Comis-sões Regionais e que a discussãoocorrerá na Reunião do CFN denovembro de 2006, solicitou-seque sejam enviadas propostas nomáximo até o mês de agosto de2006. As Federativas informaramsobre o andamento dos estudosem seus Estados. As Federativasdo Paraná, Rio Grande do Sul eSão Paulo já concluíram seus es-tudos e propostas.

Cada Entidade Federativa fezrelato acerca do andamento doCurso de “Capacitação Adminis-trativa para Dirigentes de CasasEspíritas”em seus Estados, seguin-

do-se uma apresentação de JoãoPinto Rabelo (FEB) sobre os con-teúdos adotados principalmentenos novos seminários acerca doreferido curso.

O coordenador da Reuniãosolicitou a colaboração dos pre-sentes para se elaborar o perfildo secretário da Comissão Re-gional, levando-se em conta oProjeto “Organização da Secreta-ria Geral do CFN”, aprovado naReunião do CFN de 2001. Escla-receu-se que, com base nesse per-fil, ocorrerão as renovações dossecretários das Comissões Regio-nais. Em seguida, o coordenadorreferiu-se ao andamento das Cam-panhas Viver em Família, Em De-fesa da Vida e Construamos a PazPromovendo o Bem!, informandoque desde o lançamento das mes-

mas na Reunião do CFN de 2005,até o momento, onze Federativasjá as estavam implementando.

Ao final da reunião e conjun-tamente com os participantes daÁrea do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, houveapresentação por Ricardo Silva so-bre o tema “O Centro Espírita eo Terceiro Setor”, suscitando per-guntas e respostas.

A próxima reunião da Comis-são Regional Sul, no dia 12 deabril de 2007, será realizada emconjunto com as demais Comis-sões Regionais, antecedendo aabertura do 2o Congresso Espíri-ta Brasileiro, em Brasília. Houveuma proposta de tema para estareunião, mas que será definidoconjuntamente com as demais Co-missões Regionais.

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Área da Infância e Juventude

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

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Sessão Plenária

Na manhã de domingo (dia 30)desenvolveu-se a Sessão Plenária,com apresentação inicial de DVDinstitucional da Federação Espíri-ta do Paraná e DVDs sobre o Bi-centenário de Kardec e 4o Con-gresso Espírita Mundial, estes apre-sentados por Oceano Vieira de Me-lo, assessor da presidência da FEB.Após a prece de abertura e os es-clarecimentos pelo coordenadorsobre a nova metodologia, atuan-do-se em estilo de mesa-redonda,cada representante de Área fezuma apresentação sintética quan-to ao tema discutido e suas con-clusões, e ao tema para a próximareunião. Seguiu-se um momentode participação do Plenário, comperguntas e respostas. Eis os rela-tos dos trabalhos realizados nasseguintes reuniões setoriais:

Área do Atendimento Espiritualno Centro Espírita, coordenadapor Maria Euny Herrera Masotti.Assunto da reunião: “Montagemdas etapas do Atendimento Es-piritual: Passe e magnetização daágua; Explanação doutrinária;Evangelho no Lar”. Assunto para

a próxima reunião: “O Livro dosEspíritos – Leis Morais em Buscado Homem de Bem”.

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunes deOliveira Moura, com a colabora-ção da assessora Edna Maria Fa-bro. Assunto da reunião: “Mini-curso Consciência Mediúnica:Parâmetros religiosos; A questãoético-moral; O autoconhecimen-to e conhecimento do outro; Li-vre-arbítrio e responsabilidade;Comprometimento com a tarefa”.Assunto para a próxima reunião:“A Mediunidade em O Livro dosEspíritos – Conseqüências das Ma-nifestações dos Espíritos”.

Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por MehrySeba. Assunto da reunião: “Rela-cionamento com a Mídia: plane-jamento e execução”. Informou--se sobre o Encontro Nacional deComunicadores Espíritas, de 20a 23 de julho de 2006, em Bra-sília, com o tema “Integrar paraDinamizar”. O assunto para apróxima reunião será decididono Encontro Nacional.

Área do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita, coordenada por

Cecília Rocha, com assessoria deElzio Antônio Cornélio. Assuntoda reunião: “Censo; Interiorizaçãodo ESDE; realização de Minicurso:aspectos doutrinários e didáticos”.Assunto para a próxima reunião:“A Contribuição do Estudo Siste-matizado na Construção de umMundo Melhor”.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribei-ro, com assessoria de Miriam LúciaHerrera Masotti Dusi. Assunto dareunião: “Avaliação do Plano deAção, com vistas ao alcance dasmetas para 2007: 1) Dinamizaçãoda Campanha; 2) Capacitação doEvangelizador; 3) Currículo dasEEEIJ; 4) Evangelização e Família;5) Avaliação das Atividades deEvangelização”. Assunto para apróxima reunião: “Os 150 anos daDoutrina Espírita e a Evangeli-zação Infanto-Juvenil”. Informou--se que será realizado o “V Encon-tro Nacional de Diretores de DIJ”,em julho de 2007, em Brasília.

Área do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, coor-denada por José Carlos da SilvaSilveira, com assessoria de Mariade Lourdes Pereira de Oliveira.

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Participantes da Reunião, na Plenária de encerramento

Plenária de encerramento: Aspecto parcial da Mesa, constituída pela delegação da FEB

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Assunto da reunião: “Divulgaçãodo Manual do SAPSE através dasseguintes ações: a) Capacitação detrabalhadores; b) Solicitação de es-paço para essa divulgação nos en-contros de Dirigentes; c) Entrosa-mento do SAPSE com as demaisÁreas Federativas; d) Prossegui-mento da pesquisa sobre a utiliza-ção do Manual; e) Apresentaçãodos resultados dessas ações”. As-sunto para a próxima reunião:“As-sistência e Promoção: Uma ques-tão de justiça, amor e caridade”.

Reunião dos Dirigentes: O se-cretário da Comissão Regional,Aylton Guido Coimbra Paiva, re-sumiu os principais assuntos epropostas dessa reunião, já apre-sentados nesta matéria.

Em seguida, o coordenador en-fatizou a importância da partici-pação das Federativas nos pre-parativos das Comemorações doSesquicentenário do Espiritismo,em 2007 e na implementação dasCampanhas Família, Vida e Paz.A palavra foi aberta ao Plenário,que se manifestou com perguntas,sugestões e propostas, havendoquestões de interesse das diver-sas Áreas.

Encerrando os trabalhos, ocor-reram manifestações de despedi-da dos presidentes das EntidadesFederativas; o coordenador agra-deceu a colaboração de todos e pas-sou a palavra ao presidente da FEBe, depois, a Attílio Campanini, pre-sidente da Entidade Federativa an-fitriã, o qual prestou homenagensaos dirigentes do “Lar Bom Re-pouso” e proferiu a prece de en-cerramento.

No período de 20 a 23 de julhode 2006, será realizado em Brasí-lia o 1o Encontro Nacional de Co-municação Social Espírita, pro-movido pela Área de Comunica-ção Social Espírita das ComissõesRegionais do Conselho Federa-tivo Nacional da Federação Es-pírita Brasileira.

Sob o tema “Integrar para Di-namizar”, o evento visa reunir, pe-la primeira vez, os representantesdas 27 Federativas espíritas queintegram o CFN e atuam na áreada comunicação social.

São objetivos do Encontro:

1. Promover a aproxi-mação dos trabalhadoresda área de comunicaçãosocial para que se conhe-çam pessoalmente, tro-quem idéias, conheçamas atividades atuais e fu-turas de cada unidadefederativa e estreitem oslaços de amizade;

2. Estimular os parti-cipantes a se correspon-derem, após o evento,pelos meios possíveis, demodo a favorecer a siner-gia entre os órgãos regio-nais e a área de CSE daFEB;

3. Dinamizar o setor de CSE,pela integração pessoal dos tra-balhadores e a socialização dasatividades, possibilitando aos ór-gãos federativos dimensionar aspotencialidades no campo da co-municação social, em todo o ter-ritório nacional.

Em função desses objetivos, aprogramação prevê palestras, ofi-cinas de trabalho e dinâmicas degrupo sobre temas relacionadoscom a área de comunicação social,sob o enfoque doutrinário espírita.

As inscrições são limitadas àsrepresentações das Federativas Es-píritas Estaduais.

1o Encontro Nacionalde Comunicação Social

Espírita

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s homens terrenos sãoainda prisioneiros de inú-meras ilusões. Suas prio-

ridades sempre estiveram concen-tradas no mundo físico, nos valo-res da matéria, e há muito poucotempo decidiram enfrentar cienti-ficamente a questão do autoco-nhecimento, apesar de suas raízeslongínquas estarem plantadas nasantigas religiões e filosofias. Nofrontispício do Templo de Apolo,na ilha grega de Delfos, podia serlida a seguinte inscrição: Homem,conhece-te a ti mesmo. Jesus, porsua vez, há mais de dois milê-nios, nos convida a descobrir quemsomos, quando nos ensina a fazerao próximo aquilo que gostaría-mos que nos fosse feito. Mas, de-zenas de séculos depois, a men-talidade humana predominanteainda é a dos seres, imediatistas,que em nada se assemelham aoperfil dos homens lúcidos e mag-nânimos que poderíamos ser,caso viéssemos a avançar definiti-vamente na estrada do autoco-nhecimento. E isso inclui, obvia-mente, a descoberta da dualidadedo ser, ou seja, da interação cor-

po–espírito. A nossa veia animalcontinua superando, e muito, nos-sas tendências para realizações deordem superior. Não consegui-mos aceitar diferenças raciais, cul-turais e religiosas, sem que se esta-beleça de pronto um clima de ani-mosidade e divisão. Chegamos aoódio em nome do pueril orgulhonacional com espantosa rapidez,incorrendo facilmente em atos deviolência e de guerra, o que ocorretambém no terreno da religião, dapolítica e do esporte. Para cura-rem seus complexos de inferiori-dade, gerados pela máquina pu-blicitária consumista, os homenslutam para impor a personalidadeaos outros, fazê-los seus admira-dores, ou colocá-los debaixo dosseus pés. Estão sempre compe-tindo na tentativa insaciável deprovar a si mesmos que são espe-ciais ou melhores que os de-mais. Sentem-se sempre pre-judicados nas suas ambições,e só querem saber de justi-ça quando seja para defen-der seus próprios interesses.Não podem compreenderque essa ânsia de competir

com os outros é fruto de um siste-ma social errôneo, que se refleteem cada cidadão, transforman-do-o em um novo e perigoso focoreprodutivo dos mesmos e perni-ciosos equívocos com os quais secontaminou. Vivemos numa or-dem mundial que amarga a ende-mia do desrespeito aos direitos dohomem e da Terra; que idolatra odinheiro e o poder; que subjuga a igualdade natural a títulos in-ventados e cálculos frios de uma

m e n t a l i d a d evoraz que em

tudo vê pos-sibilidades

Decência,respeito e fé

ORO NA L D O MI G U E Z

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de egoístico deleite. É aí que nostornamos hipócritas, mentirosose vis, porque deixamos de estar aserviço de nossa própria nature-za, e sim das necessidades artifi-ciais em que passamos a acredi-tar. Nosso fim ao longo desse pro-cesso é nos tornarmos, simulta-neamente, vítimas e algozes des-se moedor de carne humana queé a competição social, em detri-mento de bens e valores espiri-tuais que nos poderiam conduzira maiores satisfações. É assim que,por ironia, nos esmagamos mu-tuamente, exterminando a sadiacompaixão natural que deveriaconduzir as nossas relações emqualquer dimensão.

Afinal, somos obrigados aaceitar a herança de iniqüidadesgerada no seio das sociedades?Não existirão outros caminhos?Precisamos mesmo nos submeterao rolo compressor das mediocri-dades humanas para sobreviverneste mundo a qualquer custo?Devemos ficar de joelhos dianteda corrupção e da mentira? Não!Se assim o fizermos, não podere-

mos dormir jamais o sono dosjustos. Nunca estaremos em pazvivendo em contradição conoscomesmos, contrariando a voz mo-ralizadora de nossa alma, ou tor-nando perversa essa inteligênciaque nos foi dada como meio deaperfeiçoamento de nossa natu-reza. Como poderemos reivindi-car direitos que não queremosconceder? De que forma denun-ciaremos a exploração e a ganân-cia, se sonhamos com seus frutostodos os dias? Como poderemosinvocar a paz para as nações, sesomos nós mesmos o braço daviolência cotidiana junto aos queestão ao nosso lado? De que for-ma clamar contra a tirania sepermanecemos tiranos em po-tencial?

É preciso parar e pensar. Nósnão poderemos mudar a facesombria do mundo, enquanto en-sinarmos aos nossos filhos quedevem perseguir os mesmos va-lores apodrecidos e mesquinhos,pelos quais muitos bem-sucedidosdesse mundo, venderiam a pró-pria alma.

Estamos diante de uma encru-zilhada fatal. Continuar nesse ca-minho nos levará certamente adestruições cada vez maiores.Agora, se temos que falar de de-cência e de respeito humano, emmeio a esse caos moral no qualnos vemos mergulhados, preci-

samos também, imediatamen-te, falar de fé. Que outro po-der poderia nos conduzirpor entre espinhos escabro-sos, a uma vida honrada eútil ao bem comum? Sem

fé será impossível caminhar soba tormenta. Sem fé não gerare-mos o entusiasmo necessário paravencer a nós mesmos, e não re-sistiremos ao choque das ondasdesestabilizadoras que nascem damaldade humana, esse câncer doconvívio que nós ainda não apren-demos a controlar. Precisamosdepositar fé em nossos projetos elutar por eles honradamente; con-fiar em Deus que nos concedeuliberdade e inteligência, sinalizan-do, dessa forma, com a nossa res-ponsabilidade na construção dodestino.

Se ainda nos resta alguma esperança, alimentemos com elanossos sonhos de um mundo me-lhor, e sejamos fiéis aos princí-pios de nossa consciência. Se ain-da temos amor, não nos conta-minemos com a frieza daquelesque se renderam ao pessimismo.Se ainda acreditamos na paz e as-piramos por ela, façamos da paznossa filosofia de vida, mesmoque todos se dediquem à guerra.Se ainda temos algum orgulhopor nossa grandiosa naturezahumana, aceitemos com humil-dade o compromisso de recons-truir a dignidade do mundo emque vivemos, aprofundando maisa cooperação e o respeito sem dis-criminar ninguém, praticandouma religião sem preconceitos,se tivermos uma. E nunca nos esqueçamos de não conceder nos-so aplauso à corrupção e ao cri-me que, lamentavelmente, aindafascinam e excitam a avidez ma-terialista de muitos dos nossosirmãos.

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Mato Grosso: Confraternização Espírita A Federação Espírita do Estado de Mato Grosso,dando cumprimento à sua programação anual, realizade 21 a 23 de julho corrente a Confraternização dosEspíritas de Mato Grosso (CONEMAT), em Cáceres,na Escola Estadual XI de Março (Rua Tiradentes, s/n.– Centro).

R. G. do Sul: Eventos Médico-Espíritas II Jornada Médico-Espírita da Serra Gaúcha – pro-movida pela Associação Médico-Espírita da SerraGaúcha em Caxias do Sul, no Teatro São Carlos, dias26 e 27 de maio, com o tema “Direito à Vida”, desen-volvido pelos expositores: Dra. Marlene Nobre (SP),Dr. Décio Iandoli Jr. (SP), Dr. Sérgio Geremia (RS) eDr. Izaias Claro (SP).

II Seminário Espírita de Pelotas – realizado noTeatro Guarany, em 28 de maio, com o tema “Ciênciae Espiritualidade”, tendo como expositores os médi-cos: Dra. Marlene Nobre (SP), Dr. Décio Iandoli Jr.(SP), Dr. Gilson Roberto (RS), Dr. Edi Nascimento(RS) e Dr. Sérgio Luis da Silva Lopes (RS). O eventoteve a promoção da Liga Espírita Pelotense e da As-sociação Médico-Espírita de Pelotas.

Itália: Encontro Espírita Organizado pelo Gruppo de Lecco Allan Kardec, com acolaboração do Conselho Espírita Internacional(CEI), realizou-se no dia 28 de maio, em Lecco, o IIEncontro Espírita, com os seguintes temas e exposi-tores: “Movimento Espírita e Unificação” e “A Práticado Evangelho em Família e os benefícios para a comu-nidade”, por, respectivamente, Charles Kempf, daFrança, e Elsa Rossi, da Inglaterra, ambos da Coor-denadoria do CEI-Europa.

São Paulo: Comunicação Social Espírita A União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo (USE), com o apoio da Associação dos Divul-gadores do Espiritismo do Estado de São Paulo (ADE--SP), realizou em sua sede (Rua Dr. Gabriel Piza, 433

– Santana), no dia 21 de maio, o Encontro Estadual deComunicação Social Espírita, destinado aos traba-lhadores e dirigentes da área de comunicação socialdas instituições espíritas, assim como aos demais interessados.

Casas Espíritas centenáriasO Centro Espírita Cristófilos, do Rio de Janeiro, emcomemoração ao seu 102o aniversário, promoveu, noperíodo de 24 a 29 de abril, um ciclo de palestrassobre princípios espíritas, com os expositores CésarSoares dos Reis, Jorge Andréa dos Santos e SoniaDias.

O Centro Espírita “Amor ao Próximo”, de Leo-poldina (MG), está comemorando o seu centenáriode fundação (ocorrida em 3 de junho de 1906). Namesma data, a instituição inaugurou o Ginásio Leo-poldinense, atual Escola Estadual Botelho Reis.

Peru: Encontro Espírita A Federação Espírita do Peru (Feperu) promoverá,em agosto, o 1o Encontro Espírita Peruano. A institui-ção anunciará em breve a programação do evento,que já conta com a presença confirmada de DivaldoPereira Franco. Endereço da Feperu: Madrid, 145 –Miraflores, Lima, Peru.

E-mail: [email protected]

Divaldo na EuropaDurante o mês de maio, o tribuno espírita DivaldoPereira Franco realizou um ciclo de palestras na Eu-ropa, percorrendo os seguintes países: Alemanha (de10 a 17), nas cidades de Manheim, Stuttgart, Frank-fourt, Bonn e Hamburgo; Principado de Luxemburgo(15); Noruega, em Oslo (18 e 19); Finlândia, emHelsinque (20 e 21); Polônia, em Varsóvia (23); eHungria, em Budapeste (26 ou 27).

Em junho, Divaldo esteve na Inglaterra, com aseguinte programação: dia 11, Seminário em Bri-ghton: dia 12, palestra em Brixham-Devon; dia 14,palestra em Londres.

Seara Espírita

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