Reformador 03 marco_2006

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Março, 2006 / N o 2.124

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-Substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA e LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministérioda Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 3321-1767FAX: (61) 3322-0523

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[email protected]

Projeto gráfico da Revista: JULIO MOREIRA

Capa: LUIS HU RIVAS

Editorial

O Edificador e a Obra

Entrevista: Dalva Silva SouzaO trabalho pelos tempos novos

Presença de Chico XavierA campanha da Paz – Irmão X

Esflorando o EvangelhoCeifeiros – Emmanuel

A FEB e o Esperanto Miscelânea – Affonso Soares

Memoru, homo / Memento, homo – Sylla Chaves

Seara Espírita

Evolução – Juvanir Borges de Souza

Irmãs Fox – Rildo Gomes Mouta

Atitudes – Joanna de Ângelis

Corrupção – Umberto Ferreira

O Homem é Espírito e Matéria – Sr. A. Desliens

90 anos da Federação Espírita Paraibana

A mediunidade de Santa Brígida – Severino Barbosa

Reuniões mediúnicas no lar – Eurípedes Kühl

Aos Colaboradores

O retorno à Espiritualidade –

Hidemberg Alves da Frota

Músculos para a alma – Richard Simonetti

FEB/CFN – Comissões Regionais

Calendário das Reuniões Ordinárias de 2006

Em dia com o Espiritismo – O que é morte? –

Marta Antunes Moura

A porta estreita – Corydes Monsores

Amemos o Espiritismo – José Furtado Belém

Riqueza intocada – Dario Veloso

A transformação do instinto – Adésio Alves Machado

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

inda sob os ecos das comemorações do Bicentenário de Nascimento do

Codificador, os espíritas preparam-se para comemorar, no próximo ano,

o Sesquicentenário da Doutrina Espírita: em 18 de abril de 2007 comple-

tam-se 150 anos do lançamento de O Livro dos Espíritos – ocorrido em Paris, França,

em 1857 –, quando se pretende ampliar e intensificar a difusão da mensagem conso-

ladora e esclarecedora da Terceira Revelação.

Tratando, ainda, da personalidade do Codificador, cabe-nos lembrar que, no dia

31 de março de 1869, Allan Kardec retornava ao Mundo Espiritual, fechando o ciclo

de seu trabalho em uma existência altamente profícua, que materializou na Terra a

presença do Consolador que Jesus havia prometido.

Um ano depois, em 31 de março de 1870, com o translado do seu corpo do

Cemitério de Montmartre para o Père-Lachaise, em Paris, foi inaugurado o dólmen

que lhe serve de túmulo, com a presença de grande número de amigos e seguidores

da Doutrina por ele codificada. Nessa oportunidade, o Sr. A. Desliens, que foi o seu

secretário particular durante muitos anos, pronunciou importante discurso em sua

homenagem, que está sendo publicado nesta edição de Reformador.

Através desse pronunciamento do Sr. Desliens, que ressaltou a extraordinária obra

de Allan Kardec – a qual descortinou para a Humanidade o Mundo dos Espíritos –,

pode-se melhor avaliar a repercussão dessa obra em sua época e o reconhecimen-

to dos amigos pelo seu trabalho e valor pessoal, seja à frente da codificação doutri-

nária, seja no trato com todos os que o procuravam em busca de orientação e escla-

recimento.

É mais um registro que Reformador destaca em respeito ao Codificador, cuja vida

serve de referência a todos os que reconhecem o significado da Doutrina Espírita em

suas vidas e, agradecidos, esforçam-se por conhecer, praticar e divulgar a mensagem

consoladora que os Espíritos Superiores trouxeram para todos os homens, da qual

Allan Kardec foi porta-voz e exemplo.

A

O Edificador e a Obra

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ão imutáveis as leis divi-nas, criadas por Deus paratoda a eternidade.

Todos os seres criados, inclusi-ve o Espírito imortal, obedecem àvontade do Criador expressa emsuas leis.

Somente com o Consolador,prometido e enviado pelo Cristode Deus, puderam ser entendidas,em suas reais significações, diver-sas prescrições das Escrituras Sa-gradas.

Como esclareceu o Espírito deVerdade (O Evangelho segundo oEspiritismo – “Prefácio”), com aTerceira Revelação “são chegadosos tempos em que todas as coisashão de ser restabelecidas no seuverdadeiro sentido, para dissiparas trevas, confundir os orgulhosose glorificar os justos”.

Hoje podemos perceber, comsegurança, que o amor e a miseri-córdia do Criador sempre estive-ram presentes em nosso mundo,como em todo o Universo.

O Cristo foi o Espírito designa-do pelo Pai para assistir e acom-panhar a evolução das entidadesque vieram habitar neste Planetae aqui realizarem seu progresso.Ele é o Verbo do princípio e “esta-va no princípio com Deus”, como

está expresso no capítuloI, versículo 2, do Evange-lho de João.

A assistência permanen-te do Cristo e de seus pre-postos, sempre atuantes,presentes no passado e naatualidade, estender-se-ápelo futuro, atendendo àscondições evolutivas desteorbe e de seus habitantes.

Os Enviados do Go-vernador da Terra em to-das as épocas procuraramimpulsionar o progressointelectual e moral dos po-vos, nações e raças.

A História das civiliza-ções registra a presença demuitos deles, na China ena Índia milenares, na Pér-sia e no Egito antigos, naGrécia e no Império Ro-mano. Mas podemos deduzir facil-mente que a assistência benfazejado Alto se faz presente nos temposmodernos e nos períodos da pré--história, atendendo às necessida-des do homem de todas as épocas.

Essa assistência permanente édecorrente do Amor de Deus portoda sua criação e é dirigida emnosso mundo pelo Mestre Divino– Jesus.

A Doutrina Espírita esclareceque a Assistência Superior nãosubstitui o esforço individual dacriatura para sua ascensão, mas oauxilia sempre, seja no campo dainteligência e dos conhecimentos,seja no referente aos sentimentos.

O Espírito, encarnado ou emestado livre da matéria, desenvol-ve-se por si mesmo, na medidados esforços que emprega para

SJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Evolução

Moisés

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seu próprio aperfeiçoamento in-telectual e moral.

Dotado de livre-arbítrio, essafaculdade com que foi criado,nem sempre o Espírito escolhe ocaminho do progresso, do bem,no sentido da felicidade.

As leis divinas atuam sempre nabusca das retificações necessárias.

Compreendemos, assim, queum mundo de “expiações e pro-vas”, como o nosso, destina-se,antes, a retificar erros e desviospraticados e repetidos, no pas-sado de cada ser, em prejuízodo adiantamento intelectual emoral que possa conquistar.

Ocorre comumente que arebeldia do Espírito é de talordem, contra a Lei Divina ouNatural, que as retificações seestendem por vidas sucessivas epor longo tempo.

Mas os ensinos da Espirituali-dade Superior mostraram que nãohá condenação eterna, suprimindoa idéia antiga do inferno adotadapor diversas religiões, inclusive pe-las igrejas cristãs e pela mitologia.

Por mais rebelde seja o Espírito,comprazendo-se no mal, encarna-do ou desencarnado, o Criador ja-mais o deserdará e o condenarásem remissão. Sempre haverá umapossibilidade de arrependimento,de refazimento, de início de umanova fase de vida, sem prejuízo dasretificações dolorosas, mas neces-sárias e justas.

Esse entendimento veio com aNova Revelação e corrige muitasinterpretações de textos das Es-crituras Sagradas de diversas reli-giões. Aplica-se tanto às individua-

lidades quanto aos grupos, povose raças. A lei das reencarnações,as múltiplas existências em mun-dos de resgates e de provas e so-frimentos, mostram os desígniossuperiores do progresso para to-dos e a necessidade das correções

dos desvios anteriores. É a eternaJustiça funcionando em correla-ção com as demais leis divinas.

A evolução anímica ocorrecom todos os Espíritos, mas nãodo mesmo modo, nem simulta-neamente, como está expressa naquestão 779 de O Livro dos Espí-ritos.

A marcha ascendente não seefetua em todos os sentidos, aomesmo tempo. O homem pode de-

dicar-se mais à busca de conheci-mentos em uma existência, e emoutra dedicar-se ao aperfeiçoa-mento moral.

De forma geral, as aquisiçõesde ordem moral são mais difíceisque as de ordem intelectual.

Por isso, reconhecendo essa di-ficuldade, o Cristo dedicou-se maisem transmitir ensinamentos mo-rais aos homens, porque sabia que

os conhecimentos em geral, atémesmo os de natureza cientí-

fica, poderiam ser alcança-dos por eles mesmos, comoefetivamente tem ocorrido.

Há um outro fator, degrande importância, in-fluindo poderosamente noprogresso de toda a popula-ção terrena. É a solidarieda-de dos mais adiantados pa-ra com os da retaguarda.

As escolas de todos osníveis oferecem um exemplo

de solidariedade que se incor-porou à organização social em to-

do o mundo. São os professores emestres transmitindo ensinamen-tos aos alunos e aprendizes, elevan-do assim os conhecimentos e pa-drões individuais, o que se refleteem toda a comunidade mundial.

Quando à instrução intelectualse junta o ensino moral ajustadoàs leis divinas, a solidariedade re-vela-se como uma das formas deamor ao próximo, o grande man-damento aceito pelas religiões domundo.

As Revelações trazidas pelosemissários do Cristo e por Ele,em pessoa, à Humanidade, sãooutras formas de solidarieda-

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Sócrates

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de–amor manifestadas pelo Su-perior aos que se encontram naretaguarda.

Tem sido difícil para os homenscompreenderem o porquê da pre-sença de tantos emissários do Altonas mais diferentes fases evolu-tivas da Humanidade. Somente aRevelação Espírita lançou luz so-bre o assunto. Compreendemos,então, que a bondade, o amor e amisericórdia do Criador jamaisfaltaram às suas criaturas.

No caso específico da Terra, oCristo, uno com o Pai, no sentidode executor de suas leis e de suavontade, acompanha a evoluçãodeste planeta e de suas Humani-dades, auxiliando seu progressoatravés de assistência permanen-te, sem prejuízo do livre-arbítriode seus habitantes.

A presença de seus Emissáriosem todas as épocas da Históriahumana obedece ao princípio dasolidariedade, do amor, sem per-da da responsabilidade de seus tu-telados.

Sua vinda, há 2.000 anos, obede-ceu a um planejamento superior,visando ratificar o que estava deacordo com as leis divinas, retificaro que fora mal-entendido e exem-plificar a vivência em um mundoatrasado, de expiações e provas.

Por isso, além de Governadorespiritual deste planeta, Ele é omodelo a ser seguido por seus ha-bitantes. É o “Caminho, a Verdadee a Vida”, conforme deixou claroem seus ensinos.

A presença do Cristo entre oshomens é o marco especial de umaEra Nova.

Ele mesmo prometeu que roga-ria ao Pai o envio de outro Con-solador que ficaria eternamenteno mundo.

“(...) o Consolador, que é oSanto Espírito, que meu Pai envia-rá em meu nome, vos ensinarátodas as coisas e vos fará recordartudo o que vos tenho dito.” (OEvangelho segundo o Espiritismo,p. 134, 1. ed. especial, FEB.)

Não há dúvida para os espíri-tas sinceros de que o outro Con-solador enviado é a Doutrina dosEspíritos, a Doutrina Consolado-ra que abre perspectivas novaspara a compreensão da Vida doEspírito imortal, esse conjuntoadmirável de ensinos da Espiri-tualidade Superior, mostrandouma realidade que estava oculta,pela incapacidade de compreen-são da generalidade das criaturashumanas.

Após muitos milênios de con-jecturas sobre a natureza de Deus,o Criador, sobre o homem e seudestino, sobre a vida em suas múl-tiplas manifestações, sobre o Uni-verso visível; após o progresso al-cançado nos campos intelectual emoral; após a conquista da liber-dade individual e coletiva, subju-gada pelos interesses egoísticosdos próprios homens, o Governa-dor espiritual deste orbe julgouchegada a hora de uma Nova Re-velação, de excepcional importân-cia pelas verdades que encerra epelas retificações que dela decor-rem em relação a muitas concep-ções anteriores.

Em meados do século XIX, odenominado “século das luzes”, foi

o momento escolhido para o en-vio do Consolador prometido, aGrande Revelação que desvenda oMundo Espiritual e relembra osensinos do Cristo, esquecidos oumal interpretados.

Outras razões ocorreram para oadvento do Consolador na épocaprópria acima referida. A primeiradelas se prende à garantia de que aNova Revelação não seria suprimi-da e aniquilada, como ocorrera an-tes com outras idéias e movimen-tos. Com a conquista das liberda-des, com controle e limitação dospoderes absolutistas, já havia nomundo ocidental mais respeito àsidéias novas, desde a RevoluçãoFrancesa.

Por outro lado, foi no séculoXIX que ressurgiram antigas filo-sofias materialistas, sob nova rou-pagem, aproveitando-se da liber-dade duramente conquistada parase firmarem no mundo.

Essas filosofias, que se propa-garam rapidamente, represen-tam um retrocesso penoso nocampo das idéias, por estaremdivorciadas das realidades e daverdade.

O Consolador, o Espiritismo,foi o opositor natural ao materia-lismo multiforme que se propa-gou pelas massas humanas – posi-tivismo, utilitarismo, comunismo– já que as religiões e filosofias es-piritualistas se viram enfraqueci-das para opor-lhes contestaçõesválidas, pelos erros e enganos desuas próprias doutrinas.

As concepções materialistasressurgidas no século XIX tiveramconseqüências importantes em

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todo o século seguinte, até os diasatuais. As revoluções comunistasatingiram muitos países, impon-do em algumas nações organiza-ções sociais baseadas em seuspressupostos divorciados da reali-dade que é o homem, uma almaligada a um corpo.

Se houve recuo em importan-tes nações européias – casos daRússia e seus satélites, Polônia,Alemanha Oriental e países daEuropa Central –, de outro ladoas idéias materialistas–comunis-tas impuseram-se na China, omais populoso país do mundo.

As idéias mate-rialistas estão pre-

sentes no seio

de todas as sociedades humanas.É o caso do pragmatismo, do neo-positivismo, do utilitarismo, doculto do prazer a qualquer custo,formas de viver de um númeroincalculável de pessoas em todas aslatitudes, independentemente desua filiação a uma religião ou filo-sofia.

Esse é um resumo do quadrode habitantes da Terra no que serefere às cogitações religiosas efilosóficas, às crenças e descren-ças na existência de um Criador,de uma Causa Primária que ex-plique a existência de tudo quan-to existe.

Ao lado das intuições transcen-dentes sempre existiram as idéias

niilistas, oriundas do materia-lismo, que atribuem a origemde tudo, inclusive a vida dosseres, a simples combinaçõesde elementos materiais, semcogitar do elemento espiri-tual.

Os habitantes deste pla-neta têm vivido, através dosmilênios, dentro desse qua-dro diversificado, em vidassucessivas nas quais vão res-gatando erros e progredin-

do naquilo que um mun-do atrasado lhes pode

proporcionar.Mas, ao que tudo

indica e dentro dasprevisões da Espi-ritualidade Supe-rior, é chegada ahora de um avan-ço da populaçãoterrena, de acor-do com a lei divi-

na do Progresso, desde que sedisponha a acompanhar a trans-formação deste orbe de “expia-ções e provas” em um “mundoregenerado”.

Essa transformação é lenta etrabalhosa e na realidade teve iní-cio desde que o Cristo estabele-ceu as regras e orientações moraisque Ele resumiu no “Amar a Deussobre todas as coisas e ao próxi-mo como a si mesmo”, como basee fundamento essencial na vivên-cia humana.

Nos ensinos para que os ho-mens possam evoluir e regeneraro mundo, o Cristo aponta o Ca-minho para a Verdade e a Vida.

O Consolador complementouas lições do Mestre, desvendando,a vida futura do ser humano e aVerdade no seu sentido relativo,alcançável pelos homens.

Nesses ensinos, a Vida se apre-senta com uma significação realmuito mais ampla, infinita, plenade Justiça, de parte do Criador,ao mesmo tempo que estabelecepara cada ser vivente a necessida-de do trabalho e do esforço noBem.

Como seres em evolução quesomos, habitantes de um mundoque corresponde às nossas atuaiscondições, temos dificuldade emalcançar a Verdade em seu senti-do absoluto. Nossa capacidadepara o conhecimento do superiornão ultrapassa determinados li-mites.

Daí a importância da DoutrinaConsoladora no mundo, comsuas luzes aclarando o caminho apercorrer por todos nós.

Detalhe do quadro,Cristo e a Samaritana, deGiovanni Battista Gaulli

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á 158 anos, num lugarejodenominado Hydesville,condado de Wayne, Esta-

do de Nova York, Estados Uni-dos da América do Norte, exata-mente em 1848, ocorreram os pri-meiros fenômenos organizados,provocados pelos Espíritos, ten-do por objetivo unir os homenspela consciência de seus destinosimortais.

Naquele dia, à noite, estando afamília Fox (John Fox, sua esposae duas filhas – Margareth Fox eKate Fox) a dormitar, eis que seouviram fortes batidas nas por-tas, nas paredes, em algumas oca-siões verdadeiros estrondos pelacasa toda.

Segundo descrição da pesquisa-dora Emma Hardinge, no seu livroHistória do Moderno EspiritualismoAmericano, publicado em 1870,essas pancadas tiveram início emfins de 1844, quando na referidacabana residia a família Bell, e con-tinuaram com a saída desta e a che-gada dos Fox, em 11 de dezembrode 1847.

Porém, foi em 1848 que ocor-reu a primeira conversação inteli-gente entre os chamados “vivos emortos”.

Foram os anos de 1848-49, noentanto, conforme esclarecimen-tos de Eugène Nus, na obra Coi-sas do Outro Mundo, a “fase de in-

cubação do mo-derno espiritua-lismo, que daria,mais tarde, sur-gimento ao Espi-ritismo em toda aEuropa”.

Afirmam algunshistoriadores que, na-quela noite de 31 de mar-ço de 1848, quase sem conse-guir conciliar o sono, a família Foxrecolheu-se cedo, agora com as duasmeninas, por receio, dormindo noquarto dos pais.

Foi quando as pancadas aumen-taram de intensidade, fazendo tre-mer os próprios móveis.

Essas batidas já haviam sido per-cebidas por anteriores inquilinos dacabana, como os Bell (1844-46) e osWeeckman (1846-47), mas intensi-ficaram naquela noite histórica pa-ra o Espiritismo, ocasião em queuma delas, tentando identificar aprocedência dos raps, começou atamborilar com os dedos sobre umdos móveis, procurando falar como suposto autor das mesmas, atra-vés de pancadas.

– Sr. Pé-Rachado, faça o que eufaço.

Outras batidas são feitas e o diá-logo prossegue, agora com a ajudade Margareth.

Chamados os vizinhos, que jul-gavam estar a cabana sendo “visi-

tada” por “almas do outro mundo”,realizaram algumas “sessões”, vi-sando descobrir o “autor” ou “au-tores” daqueles estrondos.

Numa dessas “sessões”, um dospesquisadores descobriu que o“brincalhão” nada mais era queo Espírito de um mascate, de no-me Rosma, indicando ter sido as-sassinado há cinco anos naquelacabana, quando desencarnara es-faqueado, após ser roubado, tendoseu corpo sido enterrado na adegada casa.

Os acontecimentos de Hydes-ville foram, assim, os primórdiosdos fenômenos espíritas inteli-gentes que, ajudados por médiuns,e codificados por Allan Kardec,vieram dar forma à Doutrina dosEspíritos, que hoje se espalha portodo o mundo, esclarecendo-nose fortalecendo-nos em Deus, emCristo e na Caridade.

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HRI L D O GO M E S MO U TA

Irmãs Fox

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Atitudesatitude mantida pelo indi-víduo em relação à vida e àsdemais pessoas é a radio-

grafia moral que melhor o define.Nascida nos hábitos do com-

portamento, cada qual expressa ossentimentos e as qualidades quelhe são peculiares.

Certamente, não poucos con-seguem dissimular a sua realida-de íntima, graças à maleabilidadeemocional, mascarando-se paranão se permitir identificação porparte dos outros.

Mesmo na usança de tal condu-ta, sem dar-se conta, desvela a pu-silanimidade e a insegurança pes-

soal, sem a coragem para enfren-tar-se e assumir os valores que lhesão pertinentes.

É muito fácil e saudável a expo-sição do mundo interior, especial-mente quando de referência às ati-tudes gentis e bondosas que con-tribuem para tornar os relaciona-mentos duráveis e edificantes.

A feição dura, assinalada pelarevolta ou pela amargura, pelo res-sentimento ou pela ira, além deembrutecer desvela o nível primá-rio de evolução em que se estagia.

Por outro lado, a atitude vulgar,irresponsável ou doentia, exterio-riza a irreflexão e imaturidade, emescala de primitivismo emocional.

Todos transitam no mundo ex-perienciando aprendizagem que irácontribuir para a auto-iluminação,a autoconsciência.

Os enfrentamentos de qualquernatureza constituem oportunida-

des preciosas para o amadu-recimento espiritual de

relevância no proces-so evolutivo.

Eis aí a pro-videncial fina-lidade da reen-carnação que,além de ensejarreparações mo-

rais diante da Consciência Cósmica,também faculta conquistas impres-cindíveis à felicidade.

A atitude decisiva de trabalharem favor do próximo e do progressogeral, quando é adquirida a respon-sabilidade que promove o ser inte-riormente, é conquista significativa.

As atitudes são a chave de segu-rança para o êxito ou o fracasso emqualquer empreendimento.

As atitudes resultam dos atoscultivados, nem sempre felizes, quese incorporam à conduta do indi-víduo, passando a caracterizá-lo.

Os hábitos fazem parte do quo-tidiano de todas criaturas, dandosurgimento, pela repetição, às ati-tudes perante a vida.

Os hábitos saudáveis conduzemà felicidade, à harmonia, enquan-to que aqueles perturbadores res-pondem pelos desequilíbrios, ge-rando transtornos emocionais.

Torna-se necessária a atitude po-sitiva em relação aos objetivos ele-vados, de forma que a sua condutase transforme em uma agradávelmaneira de viver.

As atitudes funcionam como re-flexos da vida interior, podendoser renovadas, transformadas, tra-balhadas pelo Espírito, que é o co-mandante do corpo.

A

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O pensamento, dessa forma, éconvidado a reflexões agradáveise felizes, de maneira que dê sur-gimento ao hábito saudável quecontribui em favor do crescimen-to espiritual.

Por hábito, pensa-se mais no ne-gativo, recordando-se dos momen-tos difíceis, portanto, afligentes,quando seria mais edificante evo-car-se alegrias, realizações edifican-tes, a fim de que se possa prolon-gar satisfações e encantamentos pes-soais, transformando-se em atitudesagradáveis.

Cuida com atenção de preservaras atitudes de edificação, aquelasque te apresentam como candidatoà perfeição, deixando, à margem,ressentimentos e desconfortos mo-rais, vivenciando sempre os mo-mentos agradáveis e abençoados.

É certo que nem sempre se po-de estar sorrindo ou numa atitudejovial. No entanto, pode-se evitar aexpressão de mau humor e espa-lhar dissabores que ressumam do in-consciente assinalado pelo acumu-lar das questões negativas e infeli-citadoras.

Não penses que o mundo irá tra-balhar-te a evolução, favorecen-do-te com a conquista estelar, nemque as demais pessoas poderão fa-zer aquilo que te está destinado.

Nele encontrarás as oportunida-des favoráveis ao teu adiantamen-to, mas a atitude combativa é tua.

O amor com que te revistas tor-nará as tuas atitudes de paz e de en-ternecimento, atraindo para o teucírculo emocional as vibrações fa-

voráveis ao crescimento íntimo. En-quanto que as reações da mágoa edo ódio, à semelhança de cimitar-ras, terminam por ferir-te antes queafetem aos demais.

Cultivados os hábitos mentais,conforme as emanações educadasou não, eles transformam-se ematitudes existenciais que irão fo-mentar novos comportamentos.

Ilumina a mente com as subli-mes lições do Evangelho, enrique-ce os lábios com palavras edifican-tes e as tuas serão atitudes dignas.

Tudo quanto seja armazenadono pensamento transforma-se emalimento emocional que, de acor-do com a qualidade, envenena ousantifica a alma.

Seleciona reflexões e treina atitu-des mentais pacíficas, compassivas,misericordiosas, e conseguirás fruirdo bem-estar que a retidão propor-ciona àqueles que se lhe entregam.

As tuas atitudes falam sem pala-vras a teu respeito, desvelando osrecursos de que dispões nos cofresdo coração.

Exercita a coragem de ser ver-dadeiro sem agressividade, de seramigo sem bajulação e as tuasatitudes solidárias estimula-rão outras que se converte-rão em nobre corrente deamor humano, tornando avida mais rica de luzes e deharmonia.

Jesus manteve to-das atitudes coe-rentes entre o quefalava e o que fazia.

O Seu exemplo de fidelidade aoideal para o qual viera, tornou-Orespeitado mesmo pelos adversá-rios, aqueles que O combatiam e Ovilipendiavam.

Mediante esse comportamento,era a Luz para o mundo em trevasde ignorância, o Caminho a serseguido no matagal de crueldade, aPorta de acesso ao Reino de Deus...

As atitudes são expressões deidentificação entre o ser íntimoque as desvela e o mundo exte-rior que lhes ignora a realidade.

Sejam, portanto, as tuas atitudeselegantes e cristãs para o teu pró-prio bem.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium

Divaldo P. Franco, na reunião mediú-

nica da noite de 31 de janeiro de

2005, no Centro Espírita Caminho da

Redenção, em Salvador, Bahia.)

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s índices de corrupção nomundo são assustadores.Isso tem suscitado muitos

questionamentos sobre as razõesdesse comportamento do homem.

Como o Cristianismo ensina umcomportamento diametralmenteoposto, o índice de corrupção de-veria ser muito pequeno nospaíses cristãos.

O apóstolo Pedro, em suasegunda carta aos cristãos,aborda dois aspectos dessecomportamento. Num deles,coloca a corrupção como ven-cedora e o que a pratica comovencido por ela, conseqüente-mente seu escravo. No outro, abor-da a responsabilidade do cristãoque não resiste à sedução dos inte-resses materiais. Envolve-se em atode corrupção e fica numa situaçãopior, devido à consciência de estaragindo em desacordo com os ensi-namentos evangélicos e, portanto,contrariamente às leis de Deus.

O Espiritismo nos apresentauma explicação lógica para esse

comportamento humano inade-quado. Sem dúvida, a prática dacorrupção é uma das conseqüên-cias do egoísmo, tema que é estu-

dado nas questões 913 até 917 deO Livro dos Espíritos.

Ensinam-nos os Espíritos quetodos os males decorrem do egoís-mo, imperfeição moral que nãodiminui com o desenvolvimentointelectual. Ao contrário, pode até

fortalecer-se, porque o homem vislumbra a possibilidade de usar a sua inteligência, conhecimentos e habilidades para atender aosseus interesses pessoais, portanto,de satisfazer ao egoísmo.

Como pode a Doutrina Espíritacolaborar na erradicação da cor-

rupção?O conhecimento espírita des-

perta no homem a consciênciade que reencarna para progre-dir, principalmente no campomoral. Ele compreende quenão progredirá se não comba-

ter as imperfeições, os defeitosmorais, sobretudo o egoísmo.Enquanto o egoísmo exercer for-

te influência sobre as ações do serhumano, dificilmente a corrupçãodeixará de existir.

No futuro, quando a Huma-nidade conhecer os ensinamentosde Jesus e praticá-los, a corrupçãodesaparecerá e a justiça social dei-xará de ser um sonho, uma espe-rança, para se transformar em rea-lidade.

Corrupção

O

“(...) prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção,

pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor. Portanto, se, depois de terem

escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor

e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o

seu último estado pior que o primeiro.”

(2 Pedro, 2:19-20.)

UM B E RTO FE R R E I R A

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Reformador: Qual a dimensão doMovimento Espírita do EspíritoSanto? Que ações federativas aFEEES realiza em nível regional?Dalva: Há cerca de 140 institui-ções espíritas no Estado e 84 delassão adesas à FEEES. Uma das me-tas é integrar as demais ao movi-mento unificado. Temos realizadoeventos, em todas as regiões, comesse objetivo e também com a in-tenção de incentivar a criação denúcleos espíritas nos municípiosque ainda não os possuem. Anual-mente, realizamos Encontros Re-gionais de Trabalhadores e de Mo-cidades Espíritas, além de cursos eseminários que deslocam, para asdiferentes regiões, equipes dos De-partamentos de Comunicação So-cial, Orientação Mediúnica e Estu-dos Sistematizados. Uma iniciativamuito importante foi a realizaçãoregional do Curso de CapacitaçãoAdministrativa de Dirigentes deCasas Espíritas, que está propi-ciando também aos companheirosdo Norte e do Sul uma nova visãodo Movimento Espírita.

Reformador: Há promoção de even-tos em nível estadual?Dalva: Nosso calendário anual deeventos é rico, porque realizamosencontros estaduais de todas asáreas. Começamos com o Encon-tro de Mocidades, que acontecedurante o Carnaval; em seguida, oEncontro de Presidentes de CasasEspíritas, realizado sempre emmarço, na época do aniversário daInstituição; prosseguimos com oEncontro de Trabalhadores do Aten-dimento Fraterno, o Encontro deTrabalhadores de Visitas Fraternas,o Encontro de Monitores do ESDE,o Encontro de Trabalhadores daÁrea Mediúnica, o Simpósio Capi-xaba do Divulgador Espírita, o En-contro de Evangelizadores, o En-contro de Trabalhadores da Assis-tência e Promoção Social, e fina-lizamos o ano com a Mostra deArte Espírita. De dois em doisanos, realizamos o Con-gresso Estadual.

Reformador: A FEEESmantém programas

ou campo experimental em sua sede?Dalva: Há três programas emcurso na sede da FEEES, objetivan-do vivenciar experiências, diag-nosticar situações, colher dados,sugerir e coordenar a implanta-ção de iniciativas validadas pelosresultados obtidos. Esses progra-

O ttrraabbaallhhoo pelostempos novos

Dalva Silva Souza, Presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo, comenta

que é necessário trabalhar pela criação da base indispensável aos tempos novos, para

que se consolidem as metas previstas pelos Espíritos Superiores

DA LVA SI LVA SO U Z AEntrevista

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mas estão ligados a três departa-mentos: Departamento de Estu-dos Sistematizados, que mantémgrupos que aplicam os roteirospropostos pela FEB; Departa-mento de Orientação Mediúnica,que vem trabalhando com asapostilas “Estudo e Prática daMediunidade”, da FEB, para odesenvolvimento de grupos deeducação e prática da mediuni-dade; Departamento de Comuni-cação Social, que trabalha naorientação da reunião pública,avaliando os trabalhos de exposi-ção doutrinária e testando pro-gramas de palestras.

Reformador: Há campanhas ouprojetos em andamento?Dalva: A FEEES mantém plantãosemanal de suas equipes de traba-lho em sua sede, para atendimentoa solicitações, em contatos por tele-fone ou presenciais, oferecendoorientação para a implementaçãodas três grandes campanhas pro-postas pela FEB: Família, Vida ePaz. Desenvolvemos os seguintesprojetos: Presença Jovem, que obje-tiva levar a mensagem ao jovemnão espírita; Reler Kardec, objeti-vando fundamentar todas e quais-quer atividades desenvolvidas pelainstituição espírita no estudo ecompreensão das obras básicas daCodificação; Estruturação e Capa-citação do ESDE, para sensibilizaro público participante das reuniõesdoutrinárias das casas espíritasquanto à importância da implanta-ção do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita; Interiorizaçãodo ESDE, proposta de ação con-

junta entre os Conselhos RegionaisEspíritas e a FEEES, para a criaçãode grupos de estudo em localida-des que não contam com institui-ções espíritas, e para a estruturaçãode grupos em casas espíritas demenor porte; Revivendo o PactoÁureo, com o objetivo de integraras casas de uma mesma região, pa-ra confraternização e troca de ex-periências. Além disso, incentiva-mos a realização de eventos de con-fraternização espírita, em agos-to, por ocasião do Dia Estadual daConfraternização Espírita, data es-tabelecida por Lei Estadual em1986, e participamos anualmenteda Feira da Paz, evento grandiosopromovido pelo Paz-ES, que reúneorganizações do Terceiro Setor ecompõe uma grande mostra daação capixaba em prol da igualdadee da fraternidade entre os homens.

Reformador: Como a FEEES inte-rage com as Comissões Regionais eReuniões do Conselho FederativoNacional?Dalva: Desde que assumimos agestão da FEEES, em 2001, temosparticipado da reunião anual doCFN e de todas as reuniões da Co-missão Regional Centro. Nosso es-forço nesse sentido atende a umapercepção muito clara da impor-tância dessas iniciativas. A propostade união para troca de experiênciasentre trabalhadores das FederativasEstaduais nas Comissões Regionaisé muito motivadora. Procuramos, acada ano, cumprir as tarefas quenos são solicitadas para levarmos ascontribuições que estão ao nossoalcance a esse fórum tão importan-

te do trabalho de unificação doMovimento Espírita brasileiro.

Reformador: Como avalia o desen-volvimento do Movimento Espíritaem nossos dias?Dalva: Quando Humberto deCampos, pela psicografia de ChicoXavier, escreveu Brasil, Coração doMundo, Pátria do Evangelho, quis,certamente, conscientizar-nos doprojeto que está delineado noMundo Maior acerca do destino donosso país, mostrando que somosinstrumentos, mais ou menos ajus-tados, das forças espirituais que noscercam, e podemos contribuir ounão para que se consolidem as me-tas previstas pelos Espíritos Supe-riores. Cabe ao Movimento Espíri-ta superar as amarras culturais etrabalhar pela criação da base in-dispensável aos tempos novos. Odesafio é gigantesco, mas todagrande jornada começa com os pri-meiros passos. Penso que estamosdando esses passos e já conquista-mos significativas vitórias, uma vezque a reunião anual do CFN, sob acoordenação da FEB, vem mos-trando a união que caracteriza opanorama atual do Espiritismo noBrasil, trazendo-nos informaçõessobre a dinâmica crescente do Mo-vimento em todos os Estados, alémde destacar o crescimento do Espi-ritismo em todo o mundo, pelaatuação do Conselho Espírita Inter-nacional. Prossigamos, pois, forta-lecendo o ideal de unificação doMovimento Espírita, compreen-dendo na organização federativa oprograma ideal de desenvolvimen-to da cultura espírita.

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Presença de Chico Xavier

stabelecidos em Jerusalém, depois do Pentecos-tes, os discípulos de Jesus, sinceramente empe-nhados à obra do Evangelho, iniciaram as cam-

panhas imprescindíveis às realizações que o Mestrelhes confiara.

Primeiro, o levantamento de moradia que os albergasse.

Entremearam possibilidades, granjearam o apoiode simpatizantes da causa, sacrificaram pequenos lu-xos, e o teto apareceu, simples e acolhedor, onde os ne-cessitados passaram a receber esclarecimento e conso-lação, em nome do Cristo.

Montada a máquina de trabalho, viram-se defron-tados por novo problema. As instalações demanda-vam expressivos recursos. Convocações à solidarie-dade se fizeram ativas. Velhos cofres foram abertos,canastras rojaram-se de borco, entornando as der-radeiras moedas, e o lar da fraternidade povoou-se deleitos e rouparia, candeias e vasos, tinas enormes evariados apetrechos domésticos.

Os filhos do infortúnio chegaram em bando.Obsidiados eram trazidos de longe, velhinhos que os

descendentes irresponsáveis atiravam à rua engrossa-vam a estatística dos hóspedes, viúvas acompanhadaspor filhinhos chorosos e magricelas aumentavam nainstituição, dia a dia, e enfermos sem ninguém arras-tavam-se na direção da pousada de amor, quando nãoeram encaminhados até aí em padiolas, com as marcasda morte a lhes arroxearem o corpo enlanguescido.

Complicaram-se as exigências da manutenção eefetuaram-se coletas entre os amigos. Corações gene-rosos compareceram. Remédios não escassearam e as mesas foram supridas com fartura.

Obrigações dilatadas reclamaram concurso hu-mano.

Os continuadores de Jesus apelaram das tribunas,solicitando braços compassivos que lavassem osdoentes e distribuíssem os pratos. Cooperadores en-gajaram-se gratuitamente e formaram-se os diáconosprestimosos.

Criancinhas começaram a despontar na estânciahumilde e outra espécie de assistência se impôs, rápi-da. Era necessário amontoar o material delicado emque os recém-nascidos, à maneira de pássaros frágeis,pudessem encontrar o aconchego do ninho. Senhorasabnegadas esposaram compromissos. A legião prote-tora do berço alcançou prodígios de ternura.

E novas campanhas raiavam, imperiosas. Campa-nhas para o trato da terra, a fim de que as despesasdiminuíssem. Campanhas para substituir as peçasinutilizadas pelos obsessos, quando em crises de fúria. Campanhas para o auxílio imediato às famíliasdesprotegidas de companheiros que desencarnaram.Campanhas para mais leite em favor dos pequeninos.

Entretanto, se os apóstolos do Mestre encontravamrelativa facilidade para assegurar a mantença da casa,reconheciam-se atribulados pela desunião, que osameaçava, terrível. Fugiam da verdade. Levi criticavao rigor de Tiago, filho de Alfeu. Tiago não desculpavaa tolerância de Levi. Bartolomeu interpretava a bene-volência de André como sendo dissipação. André con-siderava Bartolomeu viciado em sovinice. Se João, mui-to jovem, fosse visto em prece, na companhia de irmãscaídas em desvalimento diante dos preconceitos, eraindicado por instrumento de escândalo. Se Filipe dor-mia nos arrabaldes, velando agonizantes desfavorecidos

AA campanhada Paz

E

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de arrimo familiar, regressava sob a zombaria dospróprios irmãos que não lhe penetravam a essênciadas atitudes.

Com o tempo, grassaram conflitos, despeitos, quei-xumes, perturbações. Cooperadores insatisfeitos comas próprias tarefas invadiam atribuições alheias,provocando atritos de consequências amargas, juntodos quais se sobrepunham os especialistas do sarcas-mo, transfigurando os querelantes em trampolins deacesso à dominação deles mesmos. Partidos e corri-lhos, aqui e ali. Cochichos e arrufos nos refeitórios,nas cozinhas enredos e bate-bocas. Discussões azeda-vam o ambiente dos átrios. Fel na intimidade e des-prezo por fora, no público que seguia, de perto, asaltercações e as desavenças.

Esmerava-se Pedro no sustento da ordem, mas emvão. Aconselhava serenidade e prudência, sem qual-quer resultado encorajador. Por fim, cansado dasbrigas que lhes desgastavam a obra e a alma, propôsreunirem-se em oração, em benefício da paz. E o gru-po passou a congregar-se uma vez por semana, comsemelhante finalidade. Apesar disso, porém, as con-tendas prosseguiam, acesas. Ironias, ataques, remo-ques, injúrias...

Transcorridos seis meses sobre a prece em conjun-to, uma noite de angústia apareceu, em que Simãoimplorou, mais intensamente comovido, a inspiraçãodo Senhor. Os irmãos, sensibilizados, viram-no engas-gado de pranto. O companheiro fiel, rude por vezes,mas profundamente afetuoso, mendigou o auxílio daDivina Misericórdia, reconhecia a edificação doEvangelho comprometida pelas rixas constantes, es-molava assistência, exorava proteção...

Quando o ex-pescador parou de falar, enxugando o rosto molhado de lágrimas, alguém surgiu ali,diante deles, como se a parede, à frente, se abrisse por dispositivos ocultos, para dar passagem a um homem.

À luz mortiça que bruxuleava no velador, Jesus,como no passado, estava ali, rente a eles... Era ele,sim, o Mestre!... Mostrando o olhar lúcido e pene-trante, os cabelos desnastrados à nazarena e melanco-lia indefinível na face calma, ergueu as mãos numgesto de bênção!...

Pedro gemeu, indiferente aos amigos que o assom-bro empolgava:

– Senhor, compadece-te de nós, os aprendizes ator-mentados!... Que fazer, Mestre, para garantir a se-gurança de tua obra? Perdoa-me se tenho o coraçãofatigado e desditoso!...

– Simão – respondeu Jesus, sem se alterar –, nãome esqueci de rogar para que nos amássemos uns aosoutros...

– Senhor – tornou Cefas –, temos realizado todo obem que nos é possível, segundo o amor que nos ensi-naste. Nossas campanhas não descansam... Temosamparado, em teu nome, os aleijados e os infelizes, asviúvas e os órfãos...

– Sim, Pedro, todas essas campanhas são aquelasque não podem esmorecer, para que o bem se espalhepor fruto do Céu na Terra; no entanto, urge saibamosatender à campanha da paz em si mesma...

– Senhor, esclarece-nos por piedade!... Que cam-panha será essa?!...

Jesus, divinamente materializado, espraiou o olharpercuciente na diminuta assembléia e ponderou, triste:

– O equilíbrio nasce da união fraternal e a uniãofraternal não aparece fora do respeito que devemosuns aos outros... Ninguém colhe aquilo que nãosemeia... Conseguiremos a seara do serviço, conju-gando os braços na ação que nos compete; conquis-taremos a diligência, aplicando os olhos no dever acumprir; obteremos a vigilância, empregando crite-riosamente os ouvidos; entretanto, para que a harmo-nia permaneça entre nós, é forçoso pensar e falaracerca do próximo, como desejamos que o próximopense e fale sobre nós mesmos...

E, ante o silêncio que pesava, profundo, o Mestrerematou:

– Irmãos, por amor aos fracos e aos aflitos, aosdeserdados e aos tristes da Terra, que esperam por nósa luz do Reino de Deus, façamos a campanha da paz,começando pela caridade da língua.

16 Reformador • Março 2006 9944

Fonte: XAVIER, Francisco C. Contos Desta e Doutra Vida. 11. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 31, p. 143-147.

Pelo Espírito Irmão X

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O Homem éEspírito e Matéria

Senhores,á um ano, neste mesmodia, um desses grandes es-píritos que aparecem atra-

vés dos séculos para guiar a Hu-manidade em sua marcha ascen-dente rumo ao conhecimento daverdade, escapava prematuramen-te de seu invólucro corporal. Iacolher, na verdadeira pátria dasalmas, a recompensa de seus tra-balhos conscienciosos, de seu de-votamento perseverante, de suaslutas incessantes e fecundas pelotriunfo da verdade e pela práticado bem. Ele mesmo ia explorar es-

se mundo espiritual, que pressen-tia desde a juventude e que descre-via com lógica, clareza e eloqüên-cia inimitáveis, tão logo experiên-cias mais diretas lhe permitissemconstatar a sua realidade.

Qual moderno Cristóvão Co-lombo, pelo estudo do mundo ma-terial visível que tinha sob os olhos,ele adivinhara a existência de ummundo espiritual invisível que, dohomem a Deus, continuava a ca-deia ininterrupta que se eleva doátomo ao homem.

Antes dele, muitos outros ha-viam reconhecido que em todos osreinos da Natureza as espécies sesucedem em virtude de leis ma-ravilhosamente simples, desde osinfinitamente pequenos até os in-finitamente grandes. Muitos ha-viam reconhecido que é por grausinsensíveis que se passa do infusó-rio invisível ao elefante, do átomoimperceptível aos maiores globoscelestes.

Desde os filósofos da antigüi-dade até os cientistas dos nossos

dias, e mesmo os Pais da Igreja, ospensadores de todas as épocas, to-mando por bússola a lógica e arazão, imaginaram que se esten-dia muito além da Humanidade aharmoniosa gradação que haviamobservado do lado de cá. A distân-cia infinita que existe entre a mo-lécula infinitesimal e o ser huma-no, preenchida tão racionalmentepor todas as espécies inferiores ao

*N. do T.: Secretário particular de AllanKardec, o Sr. A. Desliens era um dos mé-diuns da Sociedade Espírita de Paris.Após a desencarnação do Codificador, foialçado à função de Secretário-gerente daRevista Espírita. Além de responder pelocomitê de redação da Revue, administroua “Sociedade Anônima do Espiritismo”até junho de 1871, renunciando a essecargo em virtude de grave moléstia que oacometera. (WANTUIL, Zêus. THIESEN,Francisco. Allan Kardec, vol. III, p. 157, 2.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982.

Discurso pronunciado na solenidade de inauguração do dólmen de Allan Kardec, no

Cemitério do Père-Lachaise, em Paris, no dia 31 de março de 1870, em comemoração ao

primeiro aniversário de morte do Codificador

PE LO SR. A. DE S L I E N S *

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homem, implicava, necessaria-mente, acima do homem e atéDeus, na existência de uma sériede seres superiores, sem os quais aCriação não teria passado de umaobra imperfeita e truncada. Con-seqüentemente, esse mundo su-perior deverá compor-se de umavariedade tão grande de seresquanto a daqueles que constituemo mundo humanimal.

O homem, síntese perfeita dacriação visível e sensível, devia sero intermediário, o ponto de conta-

to, o elo de transição entre o mun-do material inferior e o mundo es-piritual superior. E, com efeito, in-dependentemente da forma, todasas crenças religiosas afirmam maisou menos a existência dos seresdesse mundo imaterial, imiscuin-do-se nas questões humanas comoagentes secundários entre o Cria-dor e a criatura. Negar sua exis-tência e sua intervenção salutar ouperversa nos atos da vida terre-na, seria negar evidentemente,os fatos sobre os quais repousam

as crenças de to-dos os povos, detodos os filóso-fos espiritualis-tas, até os sábiosda mais remo-

ta antigüidade,cujos nomes chega-

ram até nós.Mas, cabia ao nosso sé-

culo ilustrar-se pela desco-berta e exploração desse mun-do desconhecido; cabia a AllanKardec vulgarizar, condensar,coordenar e popularizar as leis

que governam o mundoespiritual e os meios dese entrar em relação comos seres que o habitam.

Por certo, alguns Es-píritos eminentes, mis-sionários do progres-so, quais faróis desti-nados a espalhar a luz

vivificante do saber sobre os seuscontemporâneos, haviam ten-tado levantar a ponta do véu quelhes ocultava os segredos dofuturo e, mesmo através de nu-vens espessas, conseguiram en-trever a verdade. Mas a conser-varam preciosamente no foro ín-timo, mal ousando aprofundá-lae não a transmitindo senão a ra-ros discípulos, cuja superiorida-de e discrição apreciavam. Ne-nhum deles foi capaz ou teve aousadia de reunir os elementosesparsos das leis entrevistas; ne-nhum buscou no fato brutal, naexperimentação direta, a provamaterial e física da existência des-se mundo e de suas relações como nosso.

Allan Kardec fez o que até en-tão ninguém fizera. Estudou osfatos, analisou-os metodicamentee, de suas observações laboriosas,resultaram ensinamentos cons-cienciosos, condensados em obrasimortais, sábia e claramente escri-tas, por meio das quais ele vulga-rizou no mundo inteiro, em al-guns anos, a mais prodigiosa des-coberta do nosso século.

Após quinze anos de trabalhosperseverantes, depois de haverconsagrado todo o seu ser a estaempresa gigantesca, depois de tersacrificado seu repouso, sua saúdee sua vida à edificação da Dou-trina, suas forças traíram sua co-ragem e ele caiu fulminado nomomento em que, dando a últimademão à primeira parte da obra,seus trabalhos iam entrar numanova fase com numerosos ele-mentos de sucesso.

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Combatendo mais que nuncapelo triunfo das verdades demons-tradas pelo Espiritismo, ele morreuem plena atividade, em todo o vi-gor e pujança de sua inteligência: alâmina havia consumido a bainha!

O homem desagregou-se! Ocorpo, privado de vida, foi resti-tuído à terra, mas a alma que oanimava foi receber a recompen-sa da missão digna e nobrementecumprida. Livre das preocupa-ções terrenas, liberta das mesqui-nhas paixões que nos perturbamcá embaixo, ela retornava aomundo dos Espíritos como o exi-lado regressa ao seu país natal,como o prisioneiro escapa da ce-la em que estava encerrado. É porisso que não lamentamos por ele,certos que estamos de sua felici-dade, mas pela Sra. Allan Kardec,por nós mesmos e pelos espíritasdo mundo inteiro o golpe terrí-vel que o subtraiu à nossa afeiçãocomum.

Com efeito, não é para os que sevão, como Allan Kardec, que amorte é cruel!... Anjo da liber-tação, ao lhes tocar com as asas,abre-lhes horizontes desconheci-dos, reservando seus rigores paraos que ficam em volta da lareiradeserta, para a companheira de to-da uma existência de devotamentoe afeição, para os amigos e dis-cípulos do pensador laborioso!...

Ó mestre venerado! Como nosforam salutares os teus ensina-mentos! Tuas obras se constituí-ram em precioso auxílio para nóstodos! Graças a ti e às verdadesque nos fizeste tocar com o dedo,sabemos, de fato, que não aban-

donarás tua companheira, que asustentarás com teus conselhosdiários; que nos inspirarás e nosinstruirás, a fim de mantermos aDoutrina na via prudente e sábiaem que a colocaste.

Pelo estudo do Espiritismo, pe-las idéias do futuro nas quais cres-cemos ao teu lado, sabíamos que otúmulo entreaberto só se fechariasobre a matéria em decompo-sição, e que a inteligência, já pla-nando nos espaços, abandonariaconosco o campo de repouso, paracontinuar, no mundo dos Espí-ritos e com novos meios de ação,o aperfeiçoamento da obra queempreendeste.

E, realmente, por tua solicitudepara com nossos fracos esforços,pelos eflúvios benfazejos que nosproporcionava o teu concurso in-cessante, não tardaste a demonstrarque, se nos havias deixado mate-rialmente, ao menos teu Espíritonão nos tinha abandonado.

Por que, então, nós, espíritas,nos encontramos aqui neste pri-meiro aniversário de tua partidaterrestre, se sabemos perfeitamenteque não te encontras aqui e nestelugar jamais estarias? Por que estemonumento, que tua modéstianunca iria reivindicar?

Se aqui nos encontramos, res-peitosamente inclinados em tor-no das vestes corporais que aban-donaste quando não mais te ser-viam, é porque, a despeito do quedisseram, não somos esses místi-cos que, esquecendo completa-mente a vida terrena, vivem ex-clusivamente para o céu; é porquesabemos, por tuas sábias instru-

ções, que devemos o que somos aesta matéria, sem a qual não sen-tiríamos o desejo de nos subtrair-mos às necessidades que ela im-põe, nem nos esforçaríamos paraavançar na senda da perfeiçãoinfinita!...

Efetivamente, não é por ela epara ela que procuramos superaros obstáculos que reaparecem in-cessantemente sob os nossos pas-sos? Não é ela que nos grita, a ca-da vitória alcançada, sob todas asformas e por todos os meios:Marcha, marcha!...

Deus nada criou de inútil.Dando inteligência à matéria,deu-lhe também os meios de che-gar até Ele. Contudo, se devemosreconhecer na matéria em geralum auxiliar indispensável a todosos nossos progressos e se, nessaqualidade, ela tem algum direitoperante nós, que sentimentos nosdevem animar em presença dessecorpo, dessa ferramenta maravi-lhosamente organizada, através daqual damos impulso a todas as fa-culdades de nossa alma, exprimi-mos todos os pensamentos, todasas aquisições de nosso ser inte-ligente!

Ah! Estamos certos de que setrata de um sentimento de grati-dão instintivo para com o com-panheiro inseparável de todos oslabores, sentimento que, desdeépocas pré-históricas até nossosdias, tanto nos povos mais selva-gens quanto nos mais civiliza-dos, suscitou no homem o res-peito inveterado pela morte e anecessidade de consagrar, pormeio de monumentos inviolá-

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veis, o pedacinho de solo onderepousam para sempre os seusdespojos mortais!...

E, quando o corpo que jaz soba lápide funerária há servido deasilo a um desses Espíritos Supe-riores que, por suas concepçõesgrandiosas, revolucionaram suaépoca, de que profundos senti-mentos religiosos não devemosestar impregnados em sua pre-sença!

Não foi por meio desta organi-zação poderosa, hoje fria e inani-mada; não foi pelo exterior dessecorpo perecível que conhecemosAllan Kardec? Contudo, aos quevirem uma deificação da matériana homenagem espontânea quelhe prestamos aqui, diremos:

Não! Allan Kardec não se achaaqui todo inteiro! Neste invólucroque repousa aos nossas pés, nestecérebro extinto, nestes olhos parasempre fechados não há mais queum instrumento quebrado! Estemesquinho jazigo não poderiaconter essa inteligência de escol,esse Espírito tão fecundo, essa in-dividualidade tão poderosa, paraquem o mundo terreno era limi-tado demais, e que não parece terdescoberto o mundo espiritual se-não para facultar um campo maisvasto à sua insaciável atividade.Não! O Espírito não se acha aquisob essa laje tumular; ele planasobre nossas cabeças, num mun-do melhor, onde suas faculdadesse exercem em toda a sua pleni-tude e onde esperamos encontrá--lo um dia.

Mas Allan Kardec não era ape-nas uma inteligência; era tam-

bém um corpo. Foi por meiodesse corpo que nós o conhece-mos, que nossas inteligências sepunham em relação com a sua.Esta a razão por que hoje nos en-contramos reunidos em voltadeste túmulo.

Assim como seus trabalhosimortais, as marcas dos homensde gênio pertencem à História daHumanidade. Delas fazem parteintegrante e, para as reconstituirpor inteiro, para as apresentar se-melhantes às futuras gerações, ávi-das por conhecerem os que lhesabriram novos horizontes a explo-rar, é preciso não só o livro, repre-sentação materializada da inte-ligência, mas as formas mesmasque essa inteligência animou.

Os livros continuarão de péatravés dos tempos, para trans-mitir aos nossos descendentes onome daquele que foi o primeiroa ter a ousadia de penetrar osarcanos da vida imortal, empu-nhando o facho da lógica e da ra-zão! Mas a imagem física dessaalma, o semblante do homem, es-se espelho onde a inteligênciavinha refletir-se, não pertencerátambém à História? A posterida-de não nos cobrará severa contase, esquecidos e negligentes, nãonos empenharmos em tornarconhecida a sua vasta fronte, essaleal fisionomia que transpira be-nevolência e amor pela Humani-dade? Um artista de talento, o Sr.Capellaro, houve por bem preen-cher esta lacuna lamentável. Nóslhe pedimos que aceite aqui, emnome da Sra. Allan Kardec, emnome de toda a grande família

espírita, os nossos mais vivosagradecimentos e calorosas felici-tações pelo talento de que deuprova. Com efeito, não é umasimples imagem do nosso venera-do mestre que temos sob a vista; éo seu pensamento, é a sua in-teligência toda inteira que irradiaem torno deste busto e que falaaos nossos olhos a linguagem dasalmas. Possa esse bronze, quetransmitirá aos séculos futuros ostraços do imortal fundador daFilosofia Espírita, contribuir paraaumentar ainda mais a reputaçãoque o Sr. Capellaro adquiriu porseus trabalhos anteriores.

Caro e venerado mestre:

Se, como não duvidamos, estásaqui presente, conquanto invisívelpara nós, rogamos que continuesdispensando, à corajosa compa-nheira que não se intimidou emassumir este pesado fardo paraassegurar a execução de tuas von-tades, e a todos nós, teus amigos ediscípulos, a proteção de que jános deste tantas provas.

Com tua lembrança, com teustrabalhos e com os eflúvios salu-tares que nos proporcionará a tuapresença, continuaremos, no li-mite de nossas forças, a desen-volver e popularizar a obra quenos confiaste, avançando a passoslentos, mas seguros, rumo aostempos felizes prometidos à Hu-manidade regenerada.

Tradução de Evandro Noleto Bezerra– (Extraído do opúsculo: Discoursprononcés pour l’anniversaire de lamort d’Allan Kardec – Paris, 1870.).

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Capa

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“Então disse aos seus discípulos: A seara é

realmente grande, mas poucos os ceifeiros.”

– (MATEUS, 9:37.)

Ceifeirosensinamento aqui não se refere à colheita espiritual dos grandes períodos de

renovação no tempo, mas sim à seara de consolações que o Evangelho envolve

em si mesmo.

Naquela hora permanecia em torno do Mestre a turba de corações desalentados e

errantes que, segundo a narrativa de Mateus, se assemelhava a rebanho sem pastor.

Eram fisionomias acabrunhadas e olhos súplices em penoso abatimento.

Foi então que Jesus ergueu o símbolo da seara realmente grande, ladeada porém de

raros ceifeiros.

É que o Evangelho permanece no mundo por bendita messe celestial destinada a

enriquecer o espírito humano, entretanto, a percentagem de criaturas dispostas ao

trabalho da ceifa é muito reduzida. A maioria aguarda o trigo beneficiado ou o pão

completo para a alimentação própria. Raríssimos são aqueles que enfrentam os

temporais, o rigor do trabalho e as perigosas surpresas que o esforço de colher recla-

ma do trabalhador devotado e fiel.

Em razão disto, a multidão dos desesperados e desiludidos continua passando no

mundo, em fileira crescente, através dos séculos.

Os abnegados operários do Cristo prosseguem onerados em virtude de tantos

famintos que cercam a seara, sem a precisa coragem de buscarem por si o alimento da

vida eterna. E esse quadro persistirá na Terra, até que os bons consumidores aprendam

a ser também bons ceifeiros.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 148,

p. 309-310.

21Março 2006 • Reformador 9999

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

O

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Federação Espírita Parai-bana, fundada em 17 de ja-neiro de 1915, comemorou

seus 90 anos de ininterrupta ati-vidade espírita com uma extensaprogramação, no período de 8 a 17de janeiro deste ano, da qual parti-ciparam, em palestras e seminá-rios, os conhecidos tribunos espí-ritas Divaldo Pereira Franco, JoséRaul Teixeira e Alberto Ribeiro deAlmeida, além do Presidente Jo-sé Raimundo de Lima e de ou-tros expositores daquela Fede-rativa. O Arcebispo da Paraíba,D. Aldo Pagotto, compareceuao evento e assistiu ao seminá-rio de Divaldo Franco.

A palestra de abertura foi pro-ferida por Sandra Maria Borba Pe-reira, Presidente da Federação Es-pírita do Rio Grande do Norte, so-bre o tema Reconhece-se o espíritapelo esforço que faz para domar assuas más tendências. Durante a pa-lestra de Alberto Almeida, o mé-dium Raul Teixeira psicografou al-

gumas mensagens, dentre elas, umado Espírito Lins de Vasconcellos,que, quando encarnado, doou o ter-reno em que foi construída a anti-ga sede da FEPb.

A sessão de encerramento dasfestividades, na sede da Federati-

va, contou com cerca de 1.000 pes-soas da capital João Pessoa, de ci-dades do interior da Paraíba e decapitais dos Estados vizinhos.

Memorial e Exposição AllanKardec: Durante o evento foraminstaladas duas exposições: umapermanente – o Memorial Domin-gos Soares, inaugurado no dia 8 dejaneiro, com 10 painéis que mos-tram uma retrospectiva fotográfi-ca de pessoas e fatos que marca-ram as nove décadas do Movi-mento Espírita paraibano; a outra,provisória – a Exposição do Bicen-

tenário de Nascimento de AllanKardec, vinda do Congresso Es-pírita Mundial de Paris, de 2004,e fornecida pela Federação Es-pírita Brasileira.

Foi lançada uma edição espe-cial da revista Tribuna Espírita,

com a retrospectiva histórica dos 90anos do Movimento Espírita naParaíba e dos 25 anos de fundaçãoda Revista.

Fonte: Esta notícia é baseada em texto

elaborado por Fátima Farias, da qual são

as fotos que a ilustram.

A

anos90Federação Espírita

Paraibana

da

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Sessão de Encerramento: Palestra deDivaldo (acima) e público presente

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excepcional médiumcatólica, além de do-tada de diversas fa-

culdades mediúnicas, taiscomo vidência, clarividên-cia, xenoglossia, psicofoniae outras, uma se apresenta-va com destaque especial: apsicografia.

Através dessa última fa-culdade, os Espíritos es-creviam livros e cartas di-rigidas não apenas aos bis-pos, cardeais e papas daIgreja Católica, mas tam-bém aos reis e tantas ou-tras autoridades civis emilitares da sua época.

Segundo o autor de Me-diunidade dos Santos, noauge da chamada Guerrados Cem Anos, entre aFrança e a Inglaterra, a mé-dium recebeu uma mensagem com expressões severas, de um Espírito

que, segundo ela, era o próprioCristo, dirigida ao Papa Clemen-te VI, bem como outras mensa-

gens aos reis daquelas duasnações européias, aconse-lhando-os a pôr um pontofinal no grande conflito en-tre elas.

Todavia, como se trata-va de conselhos em formade mensagens vindas dooutro mundo, através doprocesso mediúnico, nemo Papa nem os reis, radi-calmente preconceituosos,atenderam aos apelos daEspiritualidade Superior,embora a médium tenha si-do a venerável (depois ca-nonizada) Santa Brígida deVadstena.

De acordo com ClóvisTavares, que fundamen-tou sua obra (reputo-a deboa qualidade doutriná-ria) em competentes bió-

grafos daquela santa-médium-ca-tólica, um acontecimento curiosoenvolveu a psicografia de um doslivros mediúnicos da irmã Brí-

A mediunidadede Santa Brígida

A

O escritor espírita Clóvis Tavares, em seu livro Mediunidade dos Santos*, faz um relato

minucioso da mediunidade de Santa Brígida, que esteve reencarnada

no período de 1302 a 1373

SEV E R I N O BA R B O S A

*Prestígio Editorial, São Paulo, 2005,p. 43-46.

Imagem entalhada de Santa Brígida

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gida, ao qual intitulou SermoAngelicus.

A convite, ela estava em Romano ano 1350. O Cardeal Hugo deBeaufort, irmão do Papa Clemen-te VI, ofereceu-lhe hospedagemno palácio da famosa cidade dosCésares. E durante o período desua permanência na capela dopalácio, a médium psicografougrande quantidade de mensagensdo outro mundo e sempre confir-mava perante os seus superioreshierárquicos que tais mensagenslhe eram ditadas por um anjo.

É bem possível que no iníciode sua mediunidade Santa Brígi-da, de sólida formação católica,atribuísse o fenômeno a outrascausas, uma delas, por exemplo,o demônio. Mas não podia sereste, uma vez que as mensagenspsicográficas possuíam excelenteconteúdo moral, com conselhospara perdoar, esquecer ingrati-dões, pacificar, tolerar, não sevingar, etc.

Por conseguinte, as comunica-ções não eram de procedência sa-tânica, porque satanás, sendo apersonificação das trevas, simboli-camente falando, não ensina a prá-tica do bem. O demônio, sendo orepresentante do mal, não passa deárvore má que, conseqüentemen-te, não produz bons frutos.

Os analistas espíritas, dissecan-do as potencialidades mediúnicasda madre Santa Brígida, concluí-ram que ela tem muita semelhan-ça com os médiuns espíritas.

Esse fato, porém, não é de cau-sar surpresa, porque a mediuni-dade propriamente dita, que é a

faculdade natural de qualquer serhumano se comunicar com os ha-bitantes do mundo invisível, nãofoi uma descoberta do Espiritis-mo, nem privilegia os espíritascom a graça de receberem (apenaseles e ninguém mais) os Espíritos.

Não foi a Doutrina que criou amediunidade, tampouco AllanKardec, e menos ainda os espíri-tas; a faculdade é inerente à cria-tura humana, tanto quanto a inte-ligência. E desse modo, todos so-mos médiuns: católicos, protes-tantes, umbandistas, judeus, mu-çulmanos, hindus, fariseus, cris-tãos, espíritas, materialistas, ateus,crianças, adultos, velhos, mulherese homens.

Como bem assevera Kardec,em sua obra O Livro dos Médiuns,todas as criaturas humanas pos-suem os germens da mediunida-de, possibilitando-as, assim, a secomunicarem com os habitantesdo mundo invisível, que perma-nentemente nos cercam.

Os biógrafos de Santa Brígi-da afirmam que, no seu processode canonização, ela foi chamada,em italiano, de corriere al serviziodi un grande signore; traduzindopara o português: “correio a ser-viço de um grande senhor”. Istosignifica dizer, portanto, que aprópria Igreja de Roma reconhe-ceu como verdadeiras as faculda-des mediúnicas de Santa Brígida.

E não podia ser diferente por-que, respeitáveis autoridades doclero, antigas e modernas, sempremanifestaram interesse pelo fenô-meno mediúnico. Entre as quais,por exemplo, o Monsenhor Ascâ-

nio Brandão, que obteve expressoconsentimento da Igreja para tra-duzir, da língua francesa para aportuguesa, uma obra muito inte-ressante, que recebeu o título deO Manuscrito do Purgatório.

Esse livro, mediúnico-católico,é composto de grande quantida-de de mensagens ditadas por Es-píritos perturbados que, quandoaqui na Terra, foram autoridadeseclesiásticas que não cumpriramcom seus deveres religiosos. Tra-ta-se de obra mediúnica de gran-de valor, e a médium psicógrafa foiuma madre que recebeu as men-sagens em um convento da Fran-ça, no período de 1874 a 1890.

O Manuscrito do Purgatório foipublicado pelas Edições Paulinas e tem o parecer do seu tradutor,Monsenhor Ascânio Brandão, que,entre outras coisas, afirma: (...)aparição é uma manifestação dooutro mundo, de alguém que nosvem dizer o que lá se passa.

Até parece um espírita!Temos na própria Bíblia diver-

sos exemplos de mediunidade.João, autor do quarto Evangelho emédium do Apocalipse, era dota-do de várias faculdades mediúni-cas. Além de sair do corpo pararealizar viagens espirituais, ele eravidente, audiente, clarividente, psi-cógrafo, etc. Após receber, pelamediunidade, na Ilha de Pátmos, agrande mensagem chamada Apo-calipse, disse: Eu, João, sou quemouviu e viu estas coisas. E, quandoas ouvi e vi, prostrei-me ante os pésdo anjo que me mostrou essas coi-sas, para adorá-lo. (Apocalipse,22:8.)

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Mais outra afirmativa de JoãoEvangelista: Achei-me em Espírito,no dia do Senhor, e ouvi por detrásde mim grande voz, como de trom-beta, dizendo: “O que vês, escreveem livro e manda-o às sete igrejas:Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira,Sardes, Filadélfia e Laudicéia”.(Apocalipse, 1:9-11.)

Como se percebe, havia umbom relacionamento entre o mé-dium João e os Espíritos elevados.

A médium católica Santa Brí-gida, no exercício consciente dassuas faculdades mediúnicas, pro-cedia semelhantemente ao apósto-lo João Evangelista. Também elarecebeu do Além-túmulo diversascartas-mensagens e as remeteuaos sete bispos da Suécia.

Através do mesmo processomediúnico, teve visões e narrou--as em livro, que recebeu o títulode O Livro das Revelações. Essaobra mediúnica católica foi psi-cografada em língua sueca, cujotexto original se compõe de14.000 (quatorze mil) palavras;na tradução do idioma sueco pa-ra o latim passou para 16.000 (de-zesseis mil) palavras.

Santa Brígida era médium tãorespeitada no seio da Igreja Ca-tólica do seu tempo, que os fiéis aprocuravam para, por meio damediunidade, obter informaçõessobre os seus parentes desencar-

nados. Ela correspondia e, alémdisso, dava instruções de comoos parentes deveriam proceder,através de orações, para o alíviodos sofrimentos das criaturas dooutro mundo.

Conta-nos também o autor deMediunidade dos Santos que amédium Santa Brígida, a despeitoda reprovação da maioria das au-toridades do clero, os chamadosortodoxos, declarava abertamen-te e sem rodeios ser porta-voz dos Espíritos. E quando se achavadoente, sem condições para psico-grafar, ditava as mensagens, pala-vra a palavra, solenemente, ao seuconfessor.

Esse fenômeno não é de causarsurpresa, porque ocorrência simi-lar experimentaram o profetaMoisés, ao receber os Dez Manda-mentos da Lei de Deus, e o profe-ta Maomé, ao escrever, sob in-fluência espiritual, o Alcorão ouCorão, livro sagrado dos muçul-manos.

Por tudo isso se vê que a me-

diunidade – meio de comunica-ção dos Espíritos com os homens– está no contexto da própria Na-tureza.

Assim, a mediunidade não estáabsolutamente localizada, ou seja,não é propriedade de ninguém,tampouco é exclusiva de religiãoou de doutrina alguma. Porque os Espíritos, onde quer que exis-tam médiuns, se manifestam, tan-to nas tendas dos pajés, no seiodas tribos mais primitivas, comonas mesquitas dos muçulmanos,nas sinagogas dos judeus, nostemplos das religiões orientais,nas igrejas católicas e protestan-tes, nas casas espíritas, nos terrei-ros de umbanda, no candomblé,nos recintos e ambientes ateus ematerialistas.

Certamente, a médium católi-ca Santa Brígida estava conscien-te dessa realidade.

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– Há óbices à prática mediúnicano lar?1. A resposta e os argumentos re-ferentes a essa pergunta podemparecer simples, mas não são, co-mo também aqui não se trata deenunciar que sejam complicados.Exigem, isto sim, racionalidade,oportunidade, bom senso.

A questão, já de início, necessa-riamente, nos remete às primeirasreuniões mediúnicas “neologica-mente espíritas”, isto é, com a pre-sença de Allan Kardec, criador dostermos espírita e espiritismo:1

– em Paris, nos idos de 1855(maio), Kardec foi convidado porum amigo, o Sr. Pâtier,2 para assis-tir a uma reunião na casa da Sra.Plainemaison, onde, pela primeiravez, presenciou fenômenos dasmesas que giravam, saltavam ecorriam; depreendeu, sem dúvida,haver ali ação de Espíritos (desen-carnados);

– durante o ano de 1855 assistiu

a várias outras reuniões do gênero,no mesmo endereço;

– ainda em 1855 passou a fre-qüentar reuniões similares, mas emoutra residência: no lar do Sr. Bau-din. Até aqui, nas numerosas reu-niões, “eram geralmente frívolos osassuntos tratados”, ou “nenhum fimdeterminado tinham tido”;

– em 1856 freqüentou, simulta-neamente, reuniões na casa do Sr.Baudin e na casa do Sr. Roustan eSrta. Japhet; todas essas reuniões“eram sérias e com ordem”; nelas,Kardec levou perguntas sérias e ob-teve respostas precisas, com pro-fundeza e lógica;

– a partir de então, Kardec con-tou com o concurso de mais de dezmédiuns, recebendo do Plano Es-piritual solução às mais espinhosasquestões;

– em 18 de abril de 1857, com ovasto material que cuidadosamen-te modelara e remodelara, no si-lêncio da meditação, Kardec apre-sentou ao mundo a primeira edi-ção de O Livro dos Espíritos;

– há cerca de seis meses, Kardecrealizava reuniões em sua residên-cia, com a presença de 15 a 30 pes-soas, nas quais “não raro compare-

ciam príncipes estrangeiros e ou-tras personagens de alta distinção”.

– em 1o de janeiro de 1858, lan-çou o primeiro número da RevistaEspírita.

– em 1o de abril de 1858, fundoua Sociedade Espírita de Paris (So-ciedade Parisiense de Estudos Es-píritas), tendo em vista que a salaonde se reuniam não era nada cô-moda e se tornou muito acanhada.2. É da natureza humana o grega-rismo (graças à sublime Engenha-ria Divina, ao engendrar a forma-ção da família!):

– a partir da família consan-güínea formaram-se e seguem for-mando-se, na Humanidade, outrasincontáveis famílias, por simbiosessociais, políticas, financeiras, es-portivas, lingüísticas, patrióticas, fi-losóficas, religiosas, etc;

– a Lei Divina do Progresso vemditando, desde sempre, a idealizaçãoe o aperfeiçoamento da vida comu-nitária, e em particular dos locaisonde as multifacetárias famílias sereúnem, a partir dos lares, depois asescolas, as fábricas, os clubes, os hos-pitais, os quartéis, os templos, etc;

– vem de longe no homem a bus-ca do aconchego e intimidade que o

no lar

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EU R Í P E D E S KÜ H L

1O Livro dos Espíritos. 86. ed. Rio de Janei-ro: FEB, 2005, “Introdução”, item I, p. 15.

2 Notas sobre reuniões mediúnicas: videObras Póstumas. 37. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2005, Segunda Parte, p. 266-295.

Reuniõesmediúnicas

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lar lhe proporciona, estendendo-setal busca às diversas sedes para assuas múltiplas atividades, tudo, afi-nal, expressando-se por espaço eprivacidade àqueles grupos quecomungam parentesco, ideais, gos-tos, práticas – sintonia, enfim;

– foi assim que das cavernas àsconfortáveis residências, dos tos-cos refúgios aos modernos quartéis,das humildes capelas às suntuosasigrejas, das modestas oficinas do-mésticas às grandes fábricas, doscanteiros de hortaliças às lavouras,a civilização direcionou e direcionasuas ações, compartimentalizandoo necessário espaço físico onde elassão ou serão exercidas;

– outra não foi a vertente pro-porcionada no advento do Espiri-tismo na Terra: como vimos, a Co-dificação “nasceu” em residências,mas ao “crescer”, logo se transferiupara “sede própria”.3. Para não nos alongarmos fi-camos com o que a nossa memó-ria e nossas pesquisas nos arrimam,dizendo-nos que as reuniões me-diúnicas, no Brasil, até mais oumenos a metade do século XX,aconteciam majoritariamente emlares. Os participantes dessas reu-niões familiares quase semprecontaram com a presença de ami-

gos, convidados. Logo, também namaioria dos casos, tais reuniõesderam azo, cada uma, à fundaçãode um Centro Espírita (C. E.), coma prioridade inicial de se reuniremem uma sede, própria ou alugada.

É assim que hoje existem cerca dedez mil Centros Espíritas no Brasil!

Seríamos injustos se formulásse-mos oposição a reuniões mediúni-cas no lar, desde que não houvessealternativa de acontecerem em ou-tro local, especificamente destinadoa tal atividade: no Centro Espírita.

Contudo, a bem da verdade ecom base nas nossas reflexões, frutode exaustivas pesquisas na biblio-grafia espírita e experiência pessoal,não somos daqueles que apóiamqualquer atividade mediúnica noslares, nem mesmo durante o aben-çoado “Culto do Evange-lho no Lar”.4. Justificando:

– segundo váriascitações na série “AVida no Mundo Espi-ritual” (13 livros deautoria do Espírito An-dré Luiz, com psicogra-fia de Francisco CândidoXavier e Waldo Vieira, to-dos editados pela FEB),vários são os aparelhos tra-zidos pelos Benfeitores es-pirituais ao Centro Espíri-ta, destinados a auxiliar asatividades mediúnicas, lá

sendo instalados e por vezes per-manecendo, o que nem sempre se-rá possível num lar; para citarmosapenas alguns desses aparelhos:3

“Psicoscópio”,“Condensador Ecto-plasmático” e “Emissor de RaiosCurativos”;

– no C. E., sob supervisão e pro-teção dos bons Espíritos, prosse-gue o tratamento dispensado aosEspíritos visitantes necessitados, osquais, nesses casos, amiúde são alialojados (antes, durante e mesmoapós a reunião mediúnica);

– no C. E. há clima propício e,geralmente, equipamento adequa-do ao estudo evangélico (meios pa-ra comunicação audiovisual), emcursos de vários horários e paradiversas turmas, além de plantãode passistas e palestras públicas,tudo em benefício dos freqüenta-

27Março 2006 • Reformador 110055

A primeira (1890) e a última ediçãodo livro Obras Póstumas

3 XAVIER, Francisco Cândido. Nos Do-mínios da Mediunidade, pelo EspíritoAndré Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB,2004, caps. 2, 7 e 28.

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dores encarnados e desencarnados(estes, eventuais obsessores daque-les, ou vice-versa), os quais, sobalerta, são convidados ao perdão, àauto-reforma;

– no C. E. há adequação admi-nistrativa e dependências para as

atividades de “atendimento fra-terno”, possibilitando que famí-lias carentes ali compareçam e per-maneçam por algum tempo, rece-bendo auxílio material e princi-palmente espiritual (não há negarque eventuais acompanhantes de-

sencarnados igualmente encon-trarão atendimento e reconfortoespiritual);

– no C. E. há maior possibili-dade de ser instalada biblioteca de livros doutrinários e mesmo debanca para venda dessas obras(com isso, os médiuns têm obraspróprias à mão, para o indispensá-vel e contínuo estudo);

– no C. E. a freqüência à reuniãomediúnica pode e deve ser contro-lada, de forma a se evitar a pre-sença não só de pessoas desprepa-radas, tanto quanto de crianças –cuidados esses que serão semprerelativos no lar...

– no C. E., caso a reunião me-diúnica seja diurna, muito menorserá a ocorrência de interrupções,espontâneas ou não, tais comocampainha da rua, telefone, cor-reio, medidores de água ou luz, etc.

– no C. E. não acontecem (ounão devem acontecer...) nem dis-cussões, tão rotineiras entre casais,e nem projeções televisivas de pro-gramas inconvenientes, tais comofilmes violentos ou noticiário emgeral de infelicidades, fatores essesimpeditivos da higienização espi-ritual do ambiente.

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Aos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquio de enviarem suas matérias, de preferên-cia digitadas no programa Word e com no máximo 110 linhas, na fonte Times New Roman, tamanhode fonte 12, régua 15, justificado, para que sejam devidamente ilustradas.

Nas citações e nas transcrições devem ser mencionadas as respectivas fontes (autor, título da obra,edição, local, editora, capítulo e página), em nota de rodapé ou referência bibliográfica.

Contamos com o apoio de todos para que possamos continuar unidos, trabalhando em função dadivulgação da nossa Doutrina.

AO S CO L A B O R A D O R E S

Associação Espírita Beneficente “Anjos da Guarda”,de Santos (SP), fundada há 122 anos, em 2 de

novembro de 1883

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29Março 2006 • Reformador 110077

uando o ser humano fi-nalmente aceita a reencar-nação como fato da Natu-

reza a alcançar a Humanidade ter-restre em todas as épocas e luga-res, sente-se no dever de destinarsuas energias, sentimentos e pen-samentos ao aceleramento de suaevolução espiritual.

Cansa-se do vazio existencial,do cotidiano angustiado e melan-cólico, da atenção dispersa, volta-da a contemplar convenções e mo-dismos sociais.

Cristaliza a vontade de pôr umbasta a vícios que traz consigo aolongo de séculos. Agora sabe quenão está aqui à toa. Tem missão aexecutar. Seu bem-estar espiritualdepende disso. Quanto mais tempodesperdiçar, menos realizado será,maiores as dificuldades para cum-prir a finalidade desta reencarnaçãoe enfrentar os equívocos do passa-do, erros que há muito esperamcorreção.

Quando jovem, ouviu dos ami-gos que deveria se divertir, porquetinha a vida inteira pela frente.Quando amadurece à luz da Dou-trina Espírita corrói-se de remorsopela mocidade materialista, caixa deressonância para valores fúteis queo acompanham há priscas eras.

Olha para trás e vê os ensinamentosque reassimila de tempos em tem-pos para, depois, voltar a abandoná--los no meio do caminho, mesmosabendo, no íntimo, que eram cer-tos. Transcorrido tanto tempo, imi-tando a própria teimosia, aprende aouvir sua intuição sussurrar a sabe-doria de quem já percorreu muitassendas e passou da idade de renegaro próprio acervo de experiênciasacumuladas.

Nos escaninhos da alma, redes-cobre a mediunidade, identifican-do influências invisíveis, ora be-néficas, ora deletérias, a depender da disposição para purificar-se daautocorrupção, respeitar as normaséticas universais e tornar-se maissensível a vibrações sutis, e menossimpático a emoções e raciocíniosdensos.

Acostuma-se a enxergar na esfe-ra da vida privada uma fortalezainócua contra a exposição ao pú-blico do mundo espiritual, porqueno recôndito de sua intimidadetrafegam Espíritos amigos e hostis,que o conhecem melhor que a sipróprio. Troca a defesa da privaci-dade e da dissimulação pelo enfre-tamento sincero de suas falhas decaráter, ciente de que para os Espí-ritos sua alma está sempre nua.

Disciplina-se para evocar saudá-veis influências e não se corrompercom idéias insidiosas, à primeiravista inofensivas, por serem apenaspensamentos.

Admite que não é receptáculo deverdades absolutas inquestionáveis.Extrai do conhecimento de seus pa-res pontos luminosos, traços de lu-cidez divina espraiados até naquelesque renegam a espiritualidade. Ob-serva outras religiões.Vê na maioriasubstrato ético comum, apesar dadissonância dogmática.

Pondera antes de criticar quemjulga encontrar-se em estágio evo-lutivo inferior ao seu, porque a ve-reda que aquele trilha um dia foi asua.

Recorda que não adianta chegarao topo da montanha: precisa aju-dar os outros a escalarem-na.

Muda sua postura diante dosinimigos, ao concluir que apenasenergias positivas neutralizam anegatividade; somente o perdãoincondicional extirpa rancores ime-moriais; só vence o ódio o amorsincero, universal, sem fins interes-seiros e exigência de reciprocidade.A partir daí compreende a impres-cindível contribuição de Jesus àevolução da Humanidade radicadano orbe terrestre.

O retorno àEspiritualidade

QHI D E M B E RG ALV E S DA FROTA

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30 Reformador • Março 2006 110088

jovem reclamava sofrer aperseguição de um Espíritoque não a deixava em paz.

Idéias infelizes, sentimentos ne-gativos, angústia, tristeza, denuncia-vam a presença da entidade malfa-zeja.

E apelava, aflita, dirigindo-se aChico Xavier:

– Não suporto mais essa pressão!Minha vida está se transformandonum inferno. O que devo fazer paralibertar-me desse obsessor que medeixa agoniada?

O médium, com a delicadezaque o caracterizava, respondeu,bem-humorado:

– Trabalhe, minha filha. Traba-lhe muito, até desfalecer. Quando agente desmaia de cansaço o obses-sor não consegue nos envolver…

O comentário do médium lem-bra o velho ditado:

Mente vazia é forja do demô-nio.

Quando não temos o que fazer,afloram as tendências inferiores,favorecendo a sintonia com Espí-ritos que nos perturbam.

Nossa defesa, portanto, é o tra-balho, que disciplina a mente, man-tendo-a ocupada, sem aberturas pa-ra as sombras.

Na questão 683, de O Livro dosEspíritos, interroga Allan Kardec:

Qual o limite do trabalho?A resposta é surpreendente:“O das forças. Em suma, a esse

respeito Deus deixa inteiramentelivre o homem.”

Dirá você, leitor amigo, que omentor mais parece diligente repre-sentante dos patrões!

Trabalhar até a exaustão lembraos primórdios da Revolução Indus-trial, no século XVIII, quando haviajornadas de trabalho de dezesseishoras, mal sobrando tempo para orepouso.

Sossegue! Não é esse o sentido dasua observação.

Trabalho é toda iniciativa querepresenta atividade disciplinada.

Ao escrever estas linhas estouexercitando um trabalho de pro-dução literária.

Meus filhos, naescola, exercitam otrabalho de apren-dizado.

A serviçal do-méstica, nos afaze-res do dia, exercitaum trabalho braçal.

O profitente religioso, em ora-ção, exercita um trabalho espiritual.

O voluntário da obra assistencial,atendendo a família carente, exerci-ta um trabalho de filantropia.

O importante, em favor de nossaestabilidade, é estar sempre ativo,considerando que todo processoobsessivo tende a instalar-se na hora vazia.

Não é por outra razão que hános hospitais psiquiátricos nú-cleos de praxiterapia, literalmentea terapia do trabalho, oferecendo ocupação aos pacientes, a qual,associada à medicação, favorecerásua recuperação.

Quando falamos em influênciasespirituais, imperioso considerarque se há Espíritos interessados emnos envolver e prejudicar, há tam-bém os que procuram nos ajudar.

Músculospara a alma

ARI C H A R D SI M O N E T T I

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31Março 2006 • Reformador 110099

E se os maus são atraídos pelaociosidade, os bons aproximam--se na medida em que nos vejamativos, principalmente quandocultivamos iniciativas no campodo Bem, o mais nobre de todos osserviços.

Quanto maior o nosso empe-nho em servir o próximo, maisampla a atenção de Benfeitores es-pirituais, interessados em nos utili-zar como instrumentos para aben-çoadas tarefas em favor dos sofre-dores de todos os matizes.

Por isso, a par do tratamentoespiritual, com passes magnéti-cos, reuniões de desobsessão, vi-brações, orientação de leitura, cur-sos, é fundamental que o CentroEspírita crie uma estrutura de ser-viços em favor da multidão caren-te e sofredora, que constitui boaparcela da população, em qualquercidade.

E que se vinculem a esses servi-ços as pessoas que se queixam dafalta de motivação, apáticas, de-pressivas, comprometidas com ainércia.

Abençoada seja a exaustão físicaque venhamos a experimentar nes-se empenho, a situar-se como vigo-roso exercício que fortalece os mús-culos da alma, habilitando-nos aresistir às incursões das sombras.

FEB/CFN – Comissões Regionais

Nordeste1. Comissão Regional Nordeste

1.1. Cidade-sede: João Pessoa

(PB).

1.2. Período: 7 a 9 de abril.

1.3. Assunto: “Preparar o Centro

Espírita para interagir no

processo federativo, na sua

condição de unidade funda-

mental do Movimento Es-

pírita”.

Sul2. Comissão Regional Sul

2.1. Cidade-sede: São Caetano

do Sul (SP).

2.2. Período: 28 a 30 de abril.

2.3.Assunto:“Orientação ao Cen-

tro Espírita”.

Centro3. Comissão Regional Centro

3.1. Cidade-sede: Cuiabá (MT).

3.2. Período: 19 a 21 de maio.

3.3. Assunto:

a) “Avaliação das Campa-

nhas Viver em Família,

Em Defesa da Vida e

Construamos a Paz Pro-

movendo o Bem!”;

b) “Avaliação sobre o anda-

mento do Curso Capa-

citação Administrativa

para Dirigentes de Ca-

sas Espíritas”;

c) “Avaliação das atividades-

-meio na sustentação do

trabalho federativo”.

Norte4. Comissão Regional Norte

4.1. Cidade-sede: Macapá (AP).

4.2. Período: 15 a 18 de junho.

4.3. Assunto:“Vivência do Evan-

gelho na prática espírita”.

Áreas EspecíficasConcomitantemente com a Reu-

nião dos Dirigentes, serão reali-

zadas, com temas próprios esco-

lhidos em 2005, as reuniões das

Áreas Específicas de Assistência

Espiritual na Casa Espírita, Assis-

tência e Promoção Social Espí-

rita, Atividade Mediúnica, Comu-

nicação Social Espírita, Estudo Sis-

tematizado da Doutrina Espírita,

Infância e Juventude.

Sesquicentenário da Dou-trina Espírita

Na abertura de todas as Reu-

niões Ordinárias haverá apresen-

tação do Projeto de Comemoração

do Sesquicentenário da Doutrina

Espírita.

Calendário das Reuniões Ordináriasde 2006

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proveitando o ensejo que se apresentou com onovo formato de nosso mensário, a rubrica doesperanto busca seguir-lhe os passos e estam-

pa, desde janeiro, o símbolo que, juntamente com atradicional estrela verde de cinco pontas (os cincocontinentes envolvidos pela simbólica cor da Espe-rança), representa, desde 1987, a Língua InternacionalNeutra, seus ideais e seu movimento.

O novo símbolo foi escolhido através de concursomundial realizado em meados da décadade 80 para os festejos do 1o Centená-rio do Esperanto. Venceu a suges-tiva concepção de um esperan-tista brasileiro, da cidade de Ita-buna (BA), o engenheiro Hil-mar Ilton Santana Ferreira,com quem tivemos a alegria deviajar a Varsóvia, Polônia, para lárepresentar a FEB naquele congressojubilar.

O símbolo apresenta, unidas, a letra E, do alfabetolatino, e a letra E do alfabeto cirílico, das línguas esla-vas, sugerindo, entre outras idéias, a união entreOriente e Ocidente, abraçando, nesses dois grandesblocos, a ampla expressão das muitas diversidades quecaracterizam a Humanidade e que, em alguns casos, atêm infelicitado.

Por e-mail de 3 de dezembro passado, um jovem de18 anos, Marcelo Augusto de Lira Mota, de Pernam-buco, nos dá notícia de bela iniciativa em torno da di-vulgação do esperanto nos círculos espíritas, sob os aus-pícios da Federação Espírita Pernambucana.

Eis o texto:

Nos dias 16, 17 e 18 de setembro passado, foi realiza-da, no Teatro Guararapes do Centro de Convenções emOlinda (PE) a Mostra Espírita, organizada todos o anospela Federação Espírita Pernambucana (FEP).

A Mostra Espírita atrai centenas de pessoas que assis-tem às suas palestras em busca do conhecimento sobre aDoutrina.

Neste ano de 2005, para surpresa do público, a Mos-tra Espírita apresentou-se diferente. Uma novidade pô-

de ser vista no pátio externo do teatro, ondese localizavam os estandes de autores,

centros e outros grupos espíritas. Eessa novidade foi o estande daLíngua Internacional Esperan-to, montada pelo grupo de espe-ranto da própria FEP.

Ao longo dos três dias, dezenasde pessoas visitaram o estande em

busca de informações acerca desse idio-ma que tanto se assemelha à nossa própria

Doutrina, no que diz respeito aos ideais. Cartazes, livrosespíritas em esperanto, panfletos, propaganda do cursobásico para 2006, entre muitas outras coisas, foramexpostos ao público.

A própria Federação Espírita Pernambucana, na pes-soa de Gisele de Souza, apoiou o grupo e confeccionoucentenas de panfletos sobre a língua para serem distri-buídos no estande. Certamente nenhum dos participan-tes daquele evento saiu sem conhecer o esperanto.

Esperamos que com essa divulgação todos possammelhor entender o ideal do esperanto e, assim, aju-dar-nos a fortalecer o ideal da Fraternidade, comum aespíritas e esperantistas.

A

32 Reformador • Março 2006 111100

A FEB e o Esperanto

MiscelâneaAF F O N S O SOA R E S

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Concretizou-se, graças principalmente ao esforçoperseverante de um grupo de voluntários, sob a coor-denação de Luiz Fernando Vêncio, de Goiânia (GO),o projeto de disponibilizar as versões em esperantodos cinco livros da Codificação Espírita e de O que é o Espiritismo aos visitantes dos portais da FEB(http://www.febnet.org.br) e do CEI.

Os livros estão em formato “pdf”, com permissãopara cópia, o que dá a toda a coletividade mundial dosesperantistas a ampla possibilidade de conhecimentodos fundamentos do Espiritismo.

Agora, cuidaremos de enriquecer a Seção de Es-peranto daqueles portais com novos materiais queigualmente contribuam para a boa divulgação da Dou-trina no seio da generosa família esperantista mundial,bem como do esperanto nos círculos espíritas.

33Março 2006 • Reformador 111111

Memoru, homo

L’unuaj jaroj de l’Jarmilo Tria

instruis multon al la tuta Tero.

Ne gravas, ke la spac-7iparo nia

la kosmon krozas por stelar-konkero.

Kontrasto monda estas pli-kaj-plia.

Dum ri/on, forton kelkaj kun fiero

montradas al la monda part’alia

mortanta pro malsato kaj mizero,

de l’Kosma Forto venas leciono:

Ja tre malgranda estas nia kono,

kaj sensignifa /e la Pov’Senfina.

Ne gravas ri/o, forto kaj fiero!

Memoru, homo: estas vi sablero

senpova /e Cunamo kaj Katrina.

* Frase latina, colhida na expressão – Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris (Lembra-te, ó homem, de que éspó e ao pó hás de voltar), proferida pelo sacerdote ao marcar com cinza a fronte dos fiéis, na Quarta-feira de Cinzas, lembrandoas palavras de Deus a Adão após o pecado original (Gênesis, 3:19). – Nota da Redação.

(Soneto de Sylla Chaves, concebido originalmente em esperanto e com tradução, em prosa, dopróprio autor.)

Memento, homo *

Os primeiros anos do Terceiro Milênioensinaram muito a toda a Terra.Não importa que nossas espaçonavescruzem o Cosmos na conquista de constelações.

O contraste no mundo é cada vez maior.Enquanto sua riqueza e sua força alguns, com orgulho,exibem à outra parte do mundo,que está morrendo de fome e de miséria,

da Força Cósmica vem uma lição:É, de fato, pequeno nosso conhecimento,e insignificante diante do Poder Infinito.

Não importam riqueza, força e orgulho!Lembra-te, homem: és um grão de areiaimpotente diante de um Tsunami e uma Katrina.

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fenômeno da morte (dolatim mors, mortis, e dogrego thánatos) é, em ge-

ral, estudado em três níveis deabrangência:

a) como um fenômeno biológi-co natural que acomete todosos seres vivos do Planeta;

b) no que diz respeito aos im-pactos que produz nas dife-rentes culturas ou comunida-des humanas;

c) segundo as interpretações es-piritualistas oriundas da filo-sofia e da religião.

As normas vigentes na sociedademoderna determinam que a morteseja atestada por meio de procedi-mentos técnicos e legais, uma vezque a morte pode ter conseqüênciaspara outras pessoas ou para a Na-tureza. No caso do ser humano,faz-se a confirmação através doAtestado de Óbito, assinado porum médico. Procedimentos seme-lhantes, de base científica, são igual-mente utilizados para comprovar amorte de seres não-humanos. Aaceitação da morte como fato ine-vitável estabelece um traço de uniãoentre todas as criaturas. Marco Au-

rélio (imperador romano, de 161 a180 d.C.) destaca a igualdade doshomens perante a morte quandoafirma: Alexandre da Macedô-nia e seu arrieiro, mortos, reduzi-ram-se à mesma coisa: ou ambossão reabsorvidos nas razões semi-nais do mundo ou ambos são dis-persos entre os átomos. (Recorda-ções, VI, 24.)

A Sociologia e a Antropologiaestudam os efeitos que a morteprovoca nas coletividades huma-nas, analisando, entre outros, osaspectos religiosos, as crenças, astradições, os prejuízos (morte in-fantil, por doenças, por epidemias,por guerras, conflitos e violências,etc.), ações no meio ambiente (po-luição, efeito estufa, desmatamen-to, etc.) Os dados sociológicos eantropológicos são muito impor-tantes por fornecerem uma rique-za de informações a respeito daheterogeneidade racial e culturaldos povos que formam a humani-dade terrestre.

As orientações espíritas, trans-mitidas por veneráveis EntidadesSuperiores, esclarecem que, efeti-vamente, não existe morte. As ex-

periências vividas pelo Espírito,na matéria (reencarnação) ou noplano espiritual, representamoportunidades de aperfeiçoa-mento intelecto-moral. Parao entendimento espírita, avida está centrada no Es-

34 Reformador • Março 2006 111122

OMA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

O que é morte?

Assim como a borboleta, que deixa a suacrisálida, a alma abandona o invólucrocorporal, conservando seu corpo fluídico.

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pírito, o ser imortal, que sobreviveà decomposição orgânica impostapelo esgotamento dos órgãos docorpo físico.1 A palavra “morte”,no sentido espírita, representa me-ra força de expressão: Morto o serorgânico, os elementos que o com-põem sofrem novas combinações, deque resultam novos seres, os quaishaurem na fonte universal o princí-pio da vida e da atividade, o ab-sorvem e assimilam, para novamen-te o restituírem a essa fonte, quandodeixarem de existir.2

As idéias espiritualistas sobre amorte, tanto as de natureza filosó-fica quanto as de feição religiosa,consideram a morte como a sepa-ração entre a alma e o corpo, quemarca a passagem para outro es-tágio de vida, o espiritual. É umaconcepção que, paradoxalmente,

produz dois tipos de interpreta-ção, discordantes entre si: a

morte é o início ou é o fim deum ciclo de vida.

As doutrinas que admi-

tem a imortalidade da alma e areencarnação do Espírito ensi-nam que a morte é o início de umnovo ciclo de vi-da. Segundo Pla-tão (427-347 a.C.),a separação entre a alma e ocorpo não apenas conduz ao iní-cio de um novo ciclo existen-cial, mas, também, possibilita afutura reencarnação da alma.(Phaedo, 64-c.) Plotino, filósofo gre-go neoplatônico, afirmava: Se avida e a alma existem depois damorte, a morte é um bem para aalma porque esta exerce melhor suaatividade sem o corpo. (Enneades,I-7,3.) Para o filósofo prussianoSchopenhauer (1788-1860), a mor-te é comparável ao pôr-do-sol,que representa, ao mesmo tempo, onascer do sol em outro lugar. (DieWelt als Wille und Vortesllung – OMundo como Vontade e Represen-tação – 1819, I, § 65.)

O pensamento filosófico opostoa essas idéias vê a morte como o fimde um ciclo de vida, e pode serresumido nas seguintes palavras doimperador Marco Aurélio: A morteé o repouso ou a cessação das preo-cupações da vida. É o “morrer paradescansar” da tradição popular. Amorte como o término de um ciclode vida é, da mesma forma, umconceito religioso enquanto asso-ciado ao pecado original. Para Moi-sés, a morte representa o fim das tri-bulações humanas impostas à

Humanidade, em razão do pe-cado de Adão e Eva: Mas

da árvore do conheci-mento do bem e do malnão comerás, porque no

dia em que delacomeres, morrerás.(Gênesis, 2:17.) In-terpretando o ca-ráter legalista doJudaísmo, o após-tolo Paulo afirma-va: Eis por que, co-mo por meio de umsó homem [Adão]o pecado entrou nomundo, e pelo pecado amorte; assim, a morte passou atodos os homens, porque todos peca-ram. (Epístola aos Romanos, 5:12.)

O Espírito Emmanuel, a propó-sito, simplifica o conceito de mor-te, esclarecendo que desencarnar émudar de plano, como alguém quese transferisse de uma cidade paraoutra (...) sem que o fato lhe altereas enfermidades ou as virtudes coma simples modificação dos aspectosexteriores.

(...) A alma prosseguirá na suacarreira evolutiva, sem milagresprodigiosos.3 Esclarece ainda que a alma desencarnada procura na-turalmente as atividades que lheeram prediletas nos círculos da vi-da material, obedecendo aos laçosafins (...).

35Março 2006 • Reformador 111133

Casulo que abrigaa lagarta durante a

metamorfose

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Daí a necessidade de encararmostodas as nossas atividades no mun-do como a tarefa de preparação pa-ra a vida espiritual, sendo indis-pensável à nossa felicidade, além dosepulcro, que tenhamos um coraçãosempre puro.4

A Ciência e a Filosofia, desco-nhecendo a manifestação da lei decausa e efeito, as conseqüênciasdo uso do livre-arbítrio e a reali-dade da vida futura, perdem-seem indagações e investigações, namaioria das vezes estéreis, quenão conseguem reduzir a cota desofrimento existente na Humani-dade. A Doutrina Espírita, poroutro lado, em sua simplicidade,mostra que após a desencarnação(...) a alma volve ao mundo dos Es-píritos, donde saíra, para passarpor nova existência material, apósum lapso de tempo mais ou menoslongo, durante o qual permaneceem estado de Espírito errante [istoé, vive no plano espiritual até quenova reencarnação ocorra].5 Sen-do assim, (...) a morte nos confere a certidão das experiências repe-tidas a que nos adaptamos (...). Édeste modo que ela, a morte, extraia soma de nosso conteúdo mental,compelindo-nos a viver, transito-riamente, dentro dele.(...)

É por esta razão que morrer sig-nifica penetrar mais profunda-mente no mundo de nós mesmos,consumindo longo tempo em des-pir a túnica de nossos reflexos me-nos felizes, metamorfoseados emregião alucinatória decorrente donosso monoideísmo na sombra, outransferindo-nos simplesmente deplano, melhorando o clima de nos-

sos reflexos ajusta-dos ao bem,avançando em degraus conseqüen-tes para novos horizontes de ascen-são e de luz.6

Referências Bibliográficas:1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.

Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2005, questão 68, p. 93.2 _____. questão 70, Comentário, p. 94.

3 XAVIER, Francisco C. O Consolador, pe-

lo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2004, questão 147, p. 92.4 _____. questão 148, p. 93.5 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.

Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2005, “Introdução”, item

VI, p. 30. 6 XAVIER, Francisco C. Pensamento e Vida,

pelo Espírito Emmanuel. 15. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2005, cap. 29, p. 133-135.

36 Reformador • Março 2006 111144

A porta estreita

Gostaria de que, quando morrermeu corpo, desta vida já cansado,possa ouvir, em surdina, alguém dizer:– “vá com Deus meu amigo doce e amado”.

Que essa frase seja um bem-querer,não um discurso adrede preparado,mas o amor simples que eleva o Sere o faz sentir-se terno e realizado.

Quando morrer meu corpo materialesquecido serei, pois nada soumais que um modesto espírito imortal.

Que o esquecimento não me doa. Importaé que o caminho para onde vouconduza-me, por Deus, à estreita porta.

“Entrai pela porta estreita,

porque larga é a porta da perdição.”

Jesus – (Mateus, 7:13).

Corydes Monsores

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Amemoso Espiritismo

ndispensável é que adotemosuma postura de mais acendra-do amor ao Espiritismo, levan-

do em conta a sua grandeza ina-bordável, que nos liberta da ances-tral ignorância e da contemporâ-nea superficialidade, permitindo--nos os movimentos dos múltiplosprogressos no trabalho evolutivoque nos cabe operar.

O Espiritismo se mostra comouma fonte dadivosa de águas purase cristalinas, para quem não se per-

mite romper os caminhos do mun-do com sede de claridade e de har-monia interior. Nada obstante exis-tem as almas que preferem os cam-pos ressecados e desérticos do tor-turante comodismo espiritual.

O Espiritismo corresponde aum campo de perfumadas flores,a oferecer-nos beleza e graça, alémdo pólen que permite a reproduçãoda vida. Há, contudo, quem se con-forme com espinheirais ameaçado-res e com as esterqueiras fétidas nas

quais se ajoujam, desatentos com adinâmica de doenças da alma e damorte moral que elas facultam.

O Espiritismo é como um oásisde ar puro, nas desérticas condiçõesdo mundo, tranqüilizando as ânsiasdos seres, pacificando o íntimo dasalmas. Isso não impede que encon-tremos os que se deixam aprisionarem porões de asfixia, controladospelas viciações de diferentes níveis e matizes, que reforçam o desesperoe a desventura humanos.

I

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O Espiritismo é semelhante a umsol a mostrar-nos, pelos caminhosterrenos, as rotas de segurança, emrazão da claridade que projetasobre tudo e sobre todos. Triste éconstatarmos, porém, o grandenúmero dos que preferem as vielasensombradas, uma vez que temema lucilação do dia transparente, quepermite seja bem-visto tudo quan-to é necessário para o bem viver.

O Espiritismo é comparado a umrio caudaloso, que nos impulsionapara o grande mar do amor divino.Nada obstante, não são poucos osque fogem para os matagais fecha-dos dos conflitos próprios, de ondenão conseguem divisar o horizontenem ter idéia de todas as dimensõesda vida que vibra nos oceanos.

Dedicar amor ao Espiritismoserá sempre, então, o nosso modode agradecer a Deus pelo amparoterreno e de nos manter vincula-dos aos Poderes Bem-aventuradosdo Além, que nos enseja a manu-tenção da integridade moral, e quenos faz sentir vitoriosos sobre nos-sas pessoais limitações, avançando,bem-dispostos, para Jesus.

Amemos o Espiritismo traba-lhando, estudando e agindo em fa-vor do bem, sem que nos consinta-mos afastar da senda renovadora,quando o que está em questão é anossa alforria dos processos escra-vistas que a ignorância sustenta eda indolência que nos mantém ata-dos às anciloses espirituais.

Somente quando chegamos aoscampos do Invisível é que, quase

sempre, conseguimos alcançar, comtoda lucidez, o significado e o valorque a mensagem do Espiritismo te-ve para as nossas experiências noPlaneta.

Amemos o Espiritismo, pois,como o melhor presente que JesusCristo outorgou ao nosso mundoterreno, confiante em que tudo fa-ríamos com essa dádiva sublimepara conquistar a decantada eespiritual vida abundante.

José Furtado Belém*

(Mensagem psicografada pelo mé-

dium Raul Teixeira, durante a Reu-

nião do CFN da FEB, em 12.11.2005,

em Brasília (DF).)

*Pioneiro espírita amazonense, nasceu e

desencarnou em Parintins (1867-1934).

Era advogado e exerceu os cargos de Pre-

feito de Parintins, Deputado Estadual

e Vice-Governador do Estado do Ama-

zonas. Fundou o Grupo Espírita Amor e

Caridade, em 12 de julho de 1907, e o jor-

nal espírita O Semeador, no mesmo ano.

38 Reformador • Março 2006 111166

Riqueza intocadaTudo sofre na Terra implacável mudança,Pólo a pólo, alma a alma, em ritmo profundo,Mês a mês, dia a dia e segundo a segundo,A vida se refaz, aprimora-se e avança.

Reflete no museu onde a História descansa.Bronzes, troféus, brasões, em repouso infecundo,Mostram que a pompa humana é cinza para o mundoOntem, púrpura e sol; hoje, trapo e lembrança...

Força, fama, ilusão, graça, beleza e glóriaCaem da ostentação da senda transitóriaNos arquivos do tempo – o eterno sábio mudo!...

Uma riqueza só permanece intocada,A riqueza do bem que esparziste na estrada,Luz a esperar-te além da alteração de tudo.

Dario Veloso

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Poetas Redivivos. 3. ed. Rio de Janeiro:FEB, 1994, cap. 27.

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39Março 2006 • Reformador 111177

á diferença entre instinto e inteligência, e estas duascondições humanas entre-

cruzam-se tão sutilmente que setornam imperceptíveis. Elas intera-gem, inviabilizando ao homem dis-tinguir, em muitas ocasiões, quandouma termina e dá lugar à outra.

Segundo O Livro dos Espíritos,questão 73, “(...) o instinto é umaespécie de inteligência. É uma in-

teligência sem raciocínio. Por ele éque os seres provêem às suas neces-sidades”.

Através do instinto os seres orgâ-nicos realizam atos espontâneos evoluntários, visando à sua conserva-ção, não havendo nesses atos instin-tivos reflexão, combinação nem pre-meditação. Obedecendo cegamentea este impulso, as plantas procuramo ar, voltam-se para a luz em busca

de energia que as vitalizem, direcio-nam suas raízes para a água e para aterra que as nutrem. Também a florabre e fecha, conforme lhe for neces-sário. As plantas trepadeiras se en-roscam em torno do que lhes podeoferecer segurança e apoio. E, no rei-no animal, os animais têm o avisodo perigo que os ronda; procuram o melhor clima de acordo com a es-tação que estão vivendo; eles cons-

A transformaçãodo instinto

HAD É S I O ALV E S MAC H A D O

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troem, sem ter a mínima orientação,abrigos, moradias, com mais ou me-nos arte, de acordo com suas espé-cies; cuidam com zelo (sem ter no-ção do que seja isto) de seus filhotes,dando demonstração, para muitaspessoas, de que eles amam suascrias, enquanto há animais, os fe-rozes, por exemplo, que comem seuspróprios filhos, bastando a fomelhes surgir. Os animais manejamcom destreza as suas garras, que lhespropiciam defesa contra os outrosanimais; aproxima-se o macho dafêmea e unem-se sexualmente semque tivessem tido a menor diretrizsobre como se processaria o cruza-mento. Os filhotes se instalam paramamar, sem que a mãe os oriente.

Vejamos o homem. Sua vida ini-cial é toda instintiva, passando o ins-tinto a dominá-lo. A criança toma oalimento do seio materno; faz osprimeiros movimentos sem apren-dizagem específica; grita avisandoque deseja algo ou que não está sesentindo bem; tenta falar e andar. Jácrescido, o homem também con-tinua a realizar movimentos instin-tivos, principalmente quando algu-ma coisa externa ameaça a sua inte-gridade física, o mesmo acontecen-do na hora de equilibrar o corpo. Aoxigenação a que se submete pelarespiração, o abrir da boca quandosente sono são atos, movimentosinstintivos.

Quando age inteligentemente, ohomem revela atos voluntários, fru-tos de reflexão, premeditação e su-jeitos a combinações, tudo de con-formidade com os momentos cir-cunstanciais. Este patrimônio é ex-clusivamente da alma.

Todo ato instintivo é maquinal;já o que denota reflexão, combina-ção, deliberação é inteligente, pois oato inteligente é livre, enquanto oinstintivo, automático.

O instinto é sempre guia segu-ro, dificilmente falha ou se enga-na. Já a inteligência, por ser livre,muitas vezes se equivoca, levandoo homem ao arrependimento, aoremorso, à dor.

Agindo por instinto, o homem es-tá sempre revelando que é um ser in-teligente, pois que se encontra aptoa prever o que lhe pode acontecer.

O instinto não poderia proma-nar da matéria, porque se assimfosse teríamos que admitir inteli-gência na matéria, o que não existe.Ainda mais teríamos de admitirque a matéria seria mais inteligentee previdente do que a alma, pelofato de o instinto não se enganar,enquanto a inteligência vez por ou-tra se equivoca.

Não é raro a manifestação aomesmo tempo do instinto e da in-teligência. Quando nós caminha-mos, por exemplo, o mover as per-nas é ato instintivo; colocamos umpé à frente do outro, sem cogitar-mos nisso. Agora, quando quere-mos acelerar o passo, levantar o pépara nos livrarmos de um obstá-culo, agimos inteligentemente, ouseja, aí empregamos cálculo e com-binação.

Analisando o animal na hora dese alimentar, de forma predatória,vemos que ele sabe como segurar asua presa, por instinto, e levá-la àboca para devorá-la. Contudo, pre-venindo-se contra eventuais amea-ças à conservação do alimento sob o

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seu domínio, temos que admitirque ele atua com inteligência.

Sabendo-se que os Guias Espiri-tuais atuam em nossas vidas nos li-vrando de certos perigos e certosmales, após nos envolverem emseus eflúvios, vemos aí uma açãoinconsciente do homem que sepode atribuir a um ato instintivo,quando ele é elaborado com inte-ligência, no mínimo a do EspíritoProtetor. Há, no nosso entendi-mento, uma ação conjugada do ins-tinto e da inteligência.

A Providência Divina, que pro-tege crianças, loucos e ébrios, mani-festa-se através do ato protetor dosGuias Espirituais, que conduzemquem ainda não sabe caminhar navida sem uma ajuda eficaz.

Figurando todos nós mergulha-dos no halo divino, ou seja, sob asua proteção sábia e previdente, va-mos compreender a unidade de vis-tas que preside a todos os nossosmovimentos instintivos efetuadospara o nosso bem-estar.

Sob esta óptica o instinto há deser um excelente guia, muito seguroem sua ação. Incluamos aí o instintomaterno, o maior de todos; malgra-do opinião contrária dos apologistasde que tudo se resume na matéria,ele fica realçado e enobrecido. É porintermédio das mães que Deus velapelas suas criaturas. Resulta daí es-tarmos sempre realçando, quandooportuno, que por ser Deus o ver-dadeiro Pai de nossos filhos, nós,pais terrenos, somente fazemos umaparte mínima de esforço para delescuidar. A outra parte, a maior e maisexpressiva, fica sob a competênciade Deus, pertence a Ele.

Não deduzamos, daí, a nulifica-ção da proteção dos Espíritos Guias,porque eles agem, atuam como me-dianeiros de Deus, já que o Criador,como está em O Livro dos Espíritos(questões 112-113), não atua sozi-nho, mas em comunhão com o mo-vimento de seus intermediários nosmundos físico e extrafísico.

Devemos convir, como judicio-samente Allan Kardec destaca, queestas maneiras de considerar o ins-tinto e a inteligência são todas hi-potéticas, e nenhuma poderá serconsiderada como genuinamenteautêntica. Contudo, nada possuemde absurdidade, segundo os conhe-cimentos atuais do ser humano. Po-de ser isso mesmo o que acontece,como mostra a prudência científicado Codificador ao aconselhar cui-dado e muita observação antes dedarmos a última palavra. Ou não adigamos nunca, o que sempre émais aconselhável. Na incerteza, si-lenciemos, dizem os que sabemmais.

O instinto vai se enfraquecendopor sua absorção pela inteligência,sem, contudo, desaparecer total-mente, pelo fato de ele ser guia se-guro, nunca prejudicial, semprebom.

Agindo só instintivamente, ohomem poderia ser bom, mas asua inteligência permaneceria pa-ralisada, sem desenvolvimento, enão é isso que Deus deseja às suascriaturas.

Apoio: Livro A Gênese, de Allan Kar-

dec, edição da Federação Espírita Bra-

sileira, capítulo III, tradução de Guillon

Ribeiro.

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Goiás: Congresso EspíritaA Federação Espírita do Estado de Goiás realizou emGoiânia o XXII Congresso Espírita Estadual. De 26 a28 de fevereiro passado, foi trabalhado o tema ARevelação Espírita e o Sentido da Vida. O MovimentoEspírita Jovem do Estado de Goiás teve programaçãoespecífica junto ao Auditório do Instituto Educacio-nal Emmanuel. Informações sobre o Congresso po-dem ser vistas no site www.feego.org.br

São Paulo: USE–SP promove Curso paraEducadoresNos dias 4, 11 e 25 de março e 1o e 8 de abril, das 14às 18 horas, acontece o Curso para Preparação deEducadores da Infância Espírita, anualmente realiza-do pelo Departamento de Infância e Juventude daUnião das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo. O curso, que tem como meta preparar e reci-clar trabalhadores para a tarefa da educação da infân-cia na Casa Espírita, vai ocorrer na Rua Dr. GabrielPiza, 444, Santana, São Paulo (SP). As vagas são limi-tadas e as inscrições podem ser feitas pelo [email protected] ou pelo telefone (11) 6954-6550.

Equador: Capacitação de Dirigentes Promovido pela Federação Espírita do Equador, comapoio do Conselho Espírita Internacional e da Fede-ração Espírita Brasileira, realizou-se em Guayaquil,nos dias 14 e 15 de janeiro passado, o Seminário Ca-pacitação Administrativa de Dirigentes e Colabora-dores Espíritas, coordenado pelo Diretor da FEBAntonio Cesar Perri de Carvalho, com a colaboraçãode Marco Leite, também da FEB. Participaram cercade 80 dirigentes e colaboradores de instituições espíri-tas equatorianas.

Pará: Encontro de Mocidades e Feira doLivro Espírita A União Espírita Paraense promoveu, de 25 a 28 defevereiro, o XXVIII Encontro Intensivo de MocidadesEspíritas do Pará (EIMEP), cujo tema foi Espiritismo e

Ciência. O evento, contou com a participação de jo-vens entre 13 e 25 anos.

Realizou-se no período de 3 a 11 de dezembro de2005, sob a coordenação da UEP, a XVI Feira do LivroEspírita de Belém, na Praça da República, com adisponibilização de mais de 1.000 títulos. Promovidadesde 1990, a Feira acumula resultados positivos,sendo que, em 2004, foram vendidos mais de 12.000exemplares.

Holanda: Projeto de apoio aos j0vens A Associação Allan Kardec da Holanda anunciou parao primeiro trimestre de 2006 o início de um projetoque visa ajudar na redução dos problemas sociais queenvolvem jovens. A idéia é difundir os conceitos filo-sóficos do Espiritismo junto a esse público, através deum programa especialmente elaborado pelo Depar-tamento Infanto-Juvenil da Instituição. Informaçõesna página www.nrsp.nl ou pelo e-mail [email protected](SEI, 7/1/06.)

Escola On-lineA Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo (SP),criou a Escola On-line – Centro de Estudos EspíritasOn-line (CEESPI). O objetivo é a utilização de tec-nologia para divulgar o Espiritismo. Trata-se de cursoa distância, com caráter presencial, e conta com umacompanhamento constante por parte dos facilita-dores. O curso prevê três aulas semanais, num total de30 aulas em 10 semanas. Matrículas abertas no sitewww.feal.com.br/ceespi

Espanha: Congresso Espírita A Federação Espírita Espanhola realizou, de 4 a 6 dedezembro de 2005, o XIII Congresso Espírita Nacio-nal. Entre outros conferencistas, estiveram presentesno evento o tribuno brasileiro Divaldo Pereira Francoe Maria da Graça Ender, do Panamá, Vice-Presidenteda Associação Médico-Espírita Internacional. OCongresso contou com mais de 250 inscritos e cercade 300 assistentes.

Seara Espírita

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