Reforma Protestante e a Igreja de...

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REFORMA PROTESTANTE E A IGREJA DE HOJE Reforma Protestante e a Igreja de Hoje Por Kenneth Wieske Projeto Refo500 Brasil 500 anos de Reforma www.reforma500.com.br Adaptado para a forma de livreto, a partir da palestra proferida na congregação da Igreja Reformada do Grande Recife, no Ibura, Recife/PE, em 2001. Publicado com autorização do autor. Kenneth Wieske é Pastor da Igreja Reformada em Surrey, Colômbia Britânica. Desde 2000, serve as Igrejas Reformadas do Brasil como plantador de igrejas. B.A. McMaster University, M.Div. Theological College of the Canadian Reformed Churches. Estudos em línguas originais no Institut Farel de L´Église Réformée du Québec.

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REFORMA PROTESTANTE E A IGREJA DE HOJE

Reforma Protestante e a Igreja de Hoje

Por Kenneth Wieske

Projeto Refo500 Brasil 500 anos de Reforma

www.reforma500.com.br

Adaptado para a forma de livreto, a partir da palestra proferida na congregação da Igreja

Reformada do Grande Recife, no Ibura, Recife/PE, em 2001. Publicado com autorização do

autor.

Kenneth Wieske é Pastor da Igreja Reformada em Surrey, Colômbia Britânica. Desde 2000,

serve as Igrejas Reformadas do Brasil como plantador de igrejas. B.A. McMaster University,

M.Div. Theological College of the Canadian Reformed Churches. Estudos em línguas originais

no Institut Farel de L´Église Réformée du Québec.

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Em 31 de outubro de 1517 o monge Martinho Lutero que era Doutor e

Professor na Universidade de Witemberg, na Alemanha, afixou uma

lista de 95 teses na porta da Igreja com o propósito de serem analisadas e

discutidas. Isso trouxe uma grande reação no mundo eclesiástico da época e

deflagrou a Reforma Protestante do século XVI.

O que foi a Reforma Protestante? O que ela significa? Até os não religiosos

têm conhecimento do fato, visto que trouxe grande influência não só na

Europa, mas em todo mundo. A Reforma significa que a Igreja passou por uma

restauração onde o clímax foi o retorno à Palavra de Deus. Podemos dizer que

o ponto alto da Reforma foi o retroceder de uma igreja desviada da Palavra de

Deus para os caminhos da verdade. Não foi algo semelhante a uma simples

reforma de uma casa. Não foi também uma simples mudança estética ou a

introdução de algumas novidades porque a Igreja precisava de coisas mais

atuais. Muitos entendem “Igreja reformada, sempre reformando” como a

introdução de novidades, inovações, na vida da Igreja. A Reforma foi uma volta

à Palavra de Deus. Na essência não somos Luteranos, não temos oficialmente

um nome de um homem – Calvinista – apesar da grandeza de Calvino, mas

somos Reformados. Por quê? Porque somos a igreja de Cristo, a noiva de

Cristo, a Igreja que sempre existiu e existirá. Somos uma Igreja que

experimentou o processo de voltar à Palavra de Deus.

Somos a Igreja Católica que significa universal, a Igreja de Cristo em todo

mundo. É uma Igreja que se livrou das doutrinas e acréscimos dos homens e

voltou para a Palavra de Deus. Temos vários nomes: Igrejas Presbiterianas,

Igrejas Reformadas... As igrejas Presbiterianas vieram da Escócia e Inglaterra,

enquanto que as Reformadas vieram da Europa Continental como Holanda,

Suíça, etc. As Igrejas Presbiterianas não têm um nome de um homem, como

dissemos acima (por exemplo, “calvinistas”), mas este nome foi tirado do seu

sistema de governo e isso é até uma confissão de fé. É Presbiteriana porque

não é uma Igreja hierárquica, episcopal, papal, onde existe um papa que

manda em tudo. A Igreja Presbiteriana é uma Igreja que voltou para a Palavra

de Deus; tem a doutrina Reformada, sua Confissão é Reformada e seu sistema

de governo é bíblico. As autoridades locais são os presbíteros que governam e

não há forte distinção entre pastores e presbíteros, pois todos são presbíteros:

os docentes e os regentes. Esta Igreja enfatiza o governo exercido por

presbíteros e não por um “papa”. Mas é vergonhoso existirem Igrejas

Presbiterianas que não estão praticando o que o nome diz (Presbiterianismo) e

estão colocando novamente um tipo de “papa” (um homem só) que está

mandando em toda a Igreja.

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Hoje existem muitas Igrejas Presbiterianas liberais, que têm se voltado para

uma hierarquia episcopal, papal. Não estão respeitando suas raízes. É claro

que existem também Confederações de Igrejas Reformadas que estão

desviadas da verdade e são liberais.

Como era a situação há 500 anos? Era uma situação terrível e triste porque o

homem vivia sob o medo; só conseguia ver um Deus irado, enraivecido, que

ditava castigos e julgamentos sobre a terra. Já no século XIV houve a peste

bubônica que matou dezenas de milhares de pessoas e até o século XVI,

milhares de pessoas passaram por muitos sofrimentos, aflições, catástrofes. A

igreja se aproveitou disso para ensinar sobre um Deus carrasco

que, irado, bradava com o povo exigindo arrependimento. Mas o povo não

tinha a Bíblia para entender quem é Deus e como Ele se revela na Sua

Palavra. O povo só tinha o que o padre dizia em latim, na missa (um ritual

apenas). Isso levou as pessoas a ficarem ignorantes da Palavra e

a consequência foi um povo extremamente supersticioso, vivendo numa

atmosfera de medo, onde havia muitas referências de ameaças sobre o

inferno, purgatório, pecado e a ira grotesca de Deus. As pessoas ficavam

tremendo com a visão de um Deus iracundo. Muitas coisas eram vistas como

algo demoníaco; viam-se bruxas e vultos em todo lugar. Foi um período de

muita superstição e não havia a luz da Palavra de Deus. O Salmo 119 se refere

à Palavra como uma luz, e essa luz faltava nessa época. Por isso o povo

andava nas trevas, obscurecido, confuso, perdido e triste. Sem essa luz, as

pessoas não tinham uma regra de fé e prática; não sabiam como fiscalizar o

que os padres nas igrejas estavam dizendo. Os padres, bispos, cardeais e o

papa podiam inventar qualquer coisa e afirmar que aquilo era o que Deus dizia.

Na época, não era só a Palavra de Deus que era autoridade, mas

especialmente a tradição da Igreja (Deus falava através da Igreja). Portanto,

qualquer coisa que o Papa imaginasse isso era colocada como doutrina.

A igreja se aproveitou da situação para roubar o povo. Aproveitou-se do medo

para roubar o povo usando como pretexto ensinos como purgatório, inferno, um

Deus enraivecido, e, então, os clérigos conclamavam que dessem dinheiro

para a Igreja, para Deus, e Ele receberia estas pessoas caridosas. Dessa

forma a Igreja conseguiu construir grandes catedrais e os bispos e cardeais

ficavam cada vez mais ricos e o povo mais pobre. Foi nesta época que o padre

João Tetzel teve uma missão especial. Ele ia por todos os lugares falado “em

nome de Deus e do Papa” dizendo: “Venham comprar este pedaço de papel,

um documento que garante perdão a todos os seus pecados e, assim, terão

acesso ao céu. Além disso, poderão comprá-lo para toda família e para

pessoas que até já morreram. Se você gostava muito de seu avô que já

morreu, isso poderá livrá-lo do purgatório”. Primeiro ele pregava sobre o

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purgatório, o inferno e do irmão de alguém que poderia estar sofrendo muito no

fogo. Depois ele oferecia este documento chamado de indulgência e num

momento, quando a moeda caísse dentro da caixa, a alma dos mortos pularia

do purgatório para o céu. Todos queriam comprar este papel de João Tetzel

para ter a garantia de que seus pecados e de seus familiares estavam

perdoados, inclusive os que já haviam morrido. Assim, depois de receberem o

perdão, poderiam viver de qualquer forma, fazendo o que desejavam, porque já

haviam comprado o perdão e a salvação.

Lutero, vendo isso ficou irado, pois tudo era completamente contrário à Palavra

de Deus. A Igreja estava tratando o arrependimento com um ato e não

como um estilo de vida. Essa diferença é importante. A Bíblia na época era

escrita em latim e o povo não tinha acesso a ela. É verdade que os pastores e

pregadores sempre precisaram saber as línguas originais. Por isso os pastores

reformados, em todo mundo, estudam as línguas originais para evitar

basearem seus estudos apenas numa tradução. Em Mateus 4:17, lemos: “Daí

por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está

próximo o reino dos céus”. A expressão “arrependei-vos”, na versão latina

(latim), é: “fazei penitência”. Então, a Igreja, sem olhar com cuidado o que isso

significava, entendia que os filhos de Deus deveriam fazer alguma coisa

(penitência) para cobrir seus pecados. Assim, o arrependimento tornava-se um

ato. Você peca e depois faz penitência. Ora o Pai Nosso, reza a Ave Maria, dá

algum dinheiro, faz caridade ou outras coisas semelhantes. Mas, Lutero tomou

a Bíblia no grego, uma obra do erudito Erasmus de Roterdã, e viu que não era

“fazei penitência” e sim “arrependei-vos ou convertei-vos”. O verbo não

significa um ato de fazer alguma coisa, mas “humildemente tenha uma

mudança de mente e de coração”. Por isso, em suas 95 teses, Lutero colocou

como a primeira tese: “Nosso Senhor e mestre Jesus Cristo, em dizendo,

arrependei-vos, afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser um ato de

arrependimento”. Então, essa mudança de mente e de coração deve se

manifestar numa vida de santificação. Isso tinha consequências importantes e

práticas.

Vejamos o que Lutero estava denunciando no ponto 45 e 46 das suas teses.

“Deve ensinar-se aos cristãos: um homem que vê um irmão em necessidade e

passa de lado para dar o seu dinheiro para compra dos perdões, merece não a

indulgência do Papa, mas a indignação de Deus” (45).

As pessoas pensavam que para tirar o pecado e a culpa tinham de fazer

alguma coisa para Deus. Diziam: “Se for assim, eu vou dar dinheiro para Deus

e receber um documento que me absolve, uma indulgência. Dessa forma

posso adquirir perdão e ser santo.” Mas isso não tem sentido! Não podemos

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ver irmãos necessitados, famintos, em sofrimento, e fazer vista grossa não

assistindo o carente, mas em lugar disso, vamos comprar nosso perdão. Ao

invés de fazer o que a Bíblia diz, praticar a verdadeira religião que é cuidar dos

necessitados, viúvas, órfãos, vamos “comprar” a graça de Deus. Esta é uma

falsa doutrina.

“Deve-se ensinar aos cristãos que, a não ser que haja grande abundância de

bens, são obrigados a guardar o que é necessário para os seus próprios lares

e de modo algum gastar seus bens na compra de perdões” (46).

Lutero estava condenando aquele pai que, em lugar de suprir seu lar, esposa e

filhos, usava o dinheiro para comprar o perdão como se fosse a vontade de

Deus ver seus queridos sofrendo, tirando-lhes o pão e comprar da igreja o seu

perdão. Isso era terrível. Era uma falsa doutrina. Não era alguma coisa de

pouca importância como se apenas fosse um pequeno ensino diferente da

Bíblia sem maiores consequências . Ao contrário, devemos dizer que falsa

doutrina é um perigo para a Igreja, pois destrói a vida das pessoas. A falsa

doutrina é uma força destrutiva.

Lutero vendo tudo isso e comparando com a Palavra de Deus concluiu que não

deveria ser assim. Ele leu Romanos 1:16-17, e finalmente entendeu sobre a

justiça de Deus que nós precisamos para entrar na Sua presença, para termos

comunhão com Ele. O Salmo 15 diz: “Quem pode entrar na presença de

Deus?”. “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no

teu santo monte?”. A resposta é: Ninguém —se não for completamente santo e

limpo.

Então, só o homem justo pode ter comunhão com Deus. Mas como adquirir

esta justiça que Deus requer? Como conseguir um nível de santidade e

perfeição que permite entrar na presença de Deus e viver com Ele para

sempre? Lutero, como a maioria da Igreja da época, pensava que era através

de fazer coisas; de fazer boas obras, de fazer por onde merecer o favor de

Deus e se esforçar para chegar a este nível. Mas ele chegou a terrível

conclusão de que era impossível conseguir a perfeição diante de um Deus

santíssimo. Cada vez que tentava, via o quanto era um terrível pecador aos

olhos deste Deus Santo. Ao ler Romanos 1:16 e 17, Deus abriu seus olhos

para que visse claramente que a justiça de Deus é revelada: “...visto que a

justiça de Deus se revela no Evangelho” (Rm1:17) - “é revelada”. Ou seja, que

Ele está revelando na Sua Palavra e dizendo: “Minha justiça, que é meu Filho

Jesus Cristo, eu a estou revelando”. Este é o dom de Deus que nos é dado

como um presente para termos comunhão com Ele; para todos aqueles que,

pela fé, vão a Cristo.

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Lutero, nesta época entendeu estas coisas e afixou suas noventa e cinco teses

na porta do Castelo de Witemberg e provocou uma “explosão” no mundo de

então. Numa época em que a Igreja e Estado estavam juntos as coisas que

aconteciam na Igreja repercutiam em toda sociedade. Este é mais ou menos

um resumo do que estava acontecendo naqueles dias.

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Semelhança com nossos dias.

Dr. Sinclair Ferguson, um Doutor e pastor Reformado da Escócia e

Estados Unidos, certa vez advertiu à igreja evangélica de hoje de que

uma nova escuridão estava caindo sobre nós, uma escuridão semelhante a

da Idade Média, sem a luz da Palavra de Deus. Estas trevas estão caindo

novamente sobre a Igreja. Ele cita cinco pontos onde os evangélicos de hoje

estão caindo no mesmo “buraco negro” da Idade Média. Devemos ver como a

chamada igreja evangélica dos nossos dias é semelhante àquela igreja

escravizada na escuridão da Idade Média.

1) O arrependimento era visto como um ato desligado da vida de

santidade.

Na Idade Média o arrependimento era um ato que alguém fazia para conseguir,

por merecimento, o perdão de Deus. O ato de fazer alguma coisa e conseguir

perdão era algo separado de uma mudança de coração e mente. Naquela

época eu podia entrar no lugar onde Tetzel estava “pregando”, estando o meu

coração cheio de pecado, mas com meu dinheiro comprar meu perdão e sair

interiormente do mesmo modo como entrei: cheio de pecado, porém, agora,

com o perdão. Não tinha nada do arrependimento descrito nas Escrituras. Era

um simples ato. Podia-se pecar e simplesmente ir ao padre que recomendava

algumas práticas, como rezar várias vezes o Pai Nosso e várias Ave Marias,

algumas penitências e tudo estava resolvido. Mas, no coração não havia

mudança. Hoje, em nossos dias, vemos a mesma coisa, não somente na Igreja

Católica Romana, mas nas igrejas chamadas evangélicas. O grande ato de

arrependimento, hoje, não é fazer penitências, ou rezar vários Pai Nossos e

Ave Marias, ou comprar alguma indulgência como na Idade Média, mas o

grande ato é o “aceitar Jesus” quando algum pregador arminiano faz aquele

apelo após alguns minutos de pregação. Porque, se alguém aceita a Jesus

está fazendo algo semelhante. Sai da igreja como se tivesse conseguido mérito

diante de Deus, mesmo estando em pecado, pois esta pessoa, por seu livre

arbítrio, “abriu” seu coração e deixou “Jesus entrar”. É algo meritório, pois

“eu deixei” o Deus do Universo entrar em meu coração. Ele estava querendo

entrar, mas não podia! Este ato torna a pessoa um “crente” e tira dele sua

condição de pecado, mas quando ele cai, novamente fica em problemas. Isso

era verdadeiro arrependimento? Não. Mas esse pensamento leva muitas

pessoas que caíram, dizerem que um dia voltarão e “aceitarão a Jesus” outra

vez fazendo um mesmo “ato de penitência” e quando o pecado sair novamente

eles se acharão justos diante de Deus. Isso é exatamente a mesma coisa do

que acontecia na Idade Média com a compra de indulgências que era vendida

pela Igreja Católica.

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Devemos fazer uma diferença entre a chamada Igreja Católica Romana, que é

uma igreja que tem sua sede numa cidade da Itália (Roma), uma igreja Papal,

Igreja Romanista, e a Igreja Católica da qual fazemos parte e que significa

Universal, a igreja de Cristo espalhada por todo o mundo.

Enfatizamos que não há muita diferença entre aquele ato da Idade Média, onde

se fazia alguma coisa para se conseguir perdão e o que vemos na igreja de

hoje quando é aceito como um ato de arrependimento o “aceitar a Cristo” num

apelo feito pelo pregador que escraviza as consciências dos ouvintes com suas

ameaças e promessas.

Não é por acaso que hoje em dia a mesma coisa que acontecia na Igreja

Católica Romana esteja acontecendo nas chamadas igrejas evangélicas. Pois,

a igreja de hoje está roubando os pobres fazendo com que as pessoas deixem

suas ofertas na igreja em troca de perdão. Muitos perguntam: “Você não quer

deixar Deus entrar em sua vida? Você não tem fé? Abra sua carteira e dê do

seu dinheiro como um ato de fé”. Então o pai de família toma seu salário de um

mês e dá tudo, com a promessa de que receberá a bênção de Deus porque foi

ensinado que fez alguma coisa por Deus, um ato merecedor de “bênçãos”. Isso

é a mesma coisa da Idade Média. E mesmo que não seja tão evidente, o ato do

apelo por decisão nos conduz de volta à ideia indulgente de arrependimento.

Assim, o arrependimento não é um ato de mudança de mente e coração

realizado por Deus, mas um ato realizado por mim mesmo, com meu esforço,

totalmente desvinculado de uma obra regeneradora do Espírito Santo.

2) A voz do Espírito Santo não só é ouvida quando Deus fala

através das Escrituras.

As igrejas de hoje estão buscando novas revelações do Espírito. Toda vez que

falamos que há uma possibilidade do Espírito de Deus falar além das

Escrituras, a Bíblia “perde” todo seu valor. Isso aconteceu também na Idade

Média. A Bíblia só tinha um valor supersticioso, pois se era usada, não era para

levar instrução sobre a obra de Cristo e Sua salvação. Mas apenas se usava

um texto de uma forma mágica para tirar “mau olhado”. Hoje se faz a mesma

coisa quando vemos nos carros a figura de uma Bíblia aberta para que Deus

evite algum acidente ou de alguma ação demoníaca. O mesmo que acontecia

na Idade Média está acontecendo nas igrejas ditas evangélicas de hoje, porque

a Bíblia não mais é a voz do Espírito Santo, mas Deus pode falar ao homem à

parte das Escrituras através de revelações e através da voz direta de Deus.

A igreja de hoje não está usando a Bíblia como a única regra de fé e prática,

mas está perdida, confusa, nas trevas.

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Outra consequência deste ponto é que as pessoas não estão dando o valor

nem a atenção devidos ao ensino da Palavra de Deus. Na Idade Média não se

dava nenhum valor ao ensino da Palavra, mas procurava-se por milagres. Hoje,

quando alguém recebe uma revelação extraordinária, todo mundo quer ouvir.

Isso é estar no mesmo “buraco negro” da Idade Média.

3) A presença de Deus está nas mãos de um líder, de alguém que

tem “poder”.

O poder de Deus está nas mãos de um líder, alguém especial, uma pessoa

“ungida” que pode comunicar o poder do Espírito através de meios físicos.

Na Idade Média essa pessoa era o padre com seu poder místico que podia

controlar os mistérios de Deus. Quando ele dava a hóstia, ele estava dando

Jesus Cristo e o povo não entendia nada, pois o clérigo falava em latim. Mas o

povo pensava que ele podia dar um pouco de Cristo quando colocava a hóstia

na boca dos “fiéis” e tirar seus pecados e colocar graça. Hoje vemos o mesmo

nas igrejas, na TV, nos cultos de igrejas chamadas evangélicas, onde há um

grande líder da igreja que Diz: “Espírito de Deus, vem!”. Vemos isso nos

movimentos neo pentecostais e carismáticos, onde até se controla o Espírito.

Não há muita diferença da Igreja Católica Romana.

4) A adoração a Deus se tornou um evento para expectadores.

A congregação está assistindo a um show, a um espetáculo e não é o corpo de

Cristo adorando o Seu cabeça, não é o povo de Deus cultuando ao Senhor

com reverência em Espírito e em verdade, mas é um grupo de pessoas que

chegam para assistir a um espetáculo. Na Idade Média era o padre com todos

os seus rituais mágicos em latim, os grandes corais e orquestras e o povo

como expectadores admirando e esperando para receber o poder de Deus.

Não é diferente hoje. Vemos tantas pessoas juntas que não têm comunhão e

nem unidade entre elas. É como em um teatro ou restaurante onde não se têm

laços fraternais entre os espectadores e os clientes. É como se fosse um “self

service” onde se vai para tirar algo. Todos estão assistindo ao show, assistindo

aos corais e peças teatrais. O povo só faz assistir e aplaudir.

5) O sucesso é aferido por grandes multidões e grandes edifícios.

Na concepção de hoje, uma igreja bem sucedida é aquela que se reúne em um

grande prédio com vários pastores e repleto de pessoas. Por isso surgiram as

mega igrejas com milhares de membros, onde você chega com sua criança e

recebe um ticket para colocar o bebê no berçário. São mega igrejas onde a

cada mês pessoas entram e saem (desistem). Uma membresia que não é fixa;

irmãos que não se incorporaram de fato à igreja. A visão de hoje é de uma

grande multidão que lota uma igreja. Isso é sinal de sucesso e o oposto é sinal

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de decadência. O pastor está falando o que agrada ao povo. Isso não é uma

coisa nova e diferente da Idade Média. Naquela época os cardeais estavam

preocupados em construir grandes catedrais e para eles isso era a igreja; cheia

de riquezas, edifícios e shows espetaculares. As pequenas e humildes

comunidades não tinham valor. Hoje as pequenas igrejas não são valorizadas

e muitos afirmam que o Espírito Santo não está agindo porque se Ele estivesse

no meio delas estas igrejas “explodiriam” e muitas pessoas viriam. Eles

afirmam: “Não foram três mil pessoas que se converteram no dia de

Pentecostes? Mas se as igrejas ficam pequenas e pobres, obviamente o

Espírito não está presente.”

Nestes cinco pontos podemos ver a similaridade da igreja desviada de hoje, a

falsa igreja, com a Igreja Romana da Idade Média. O que muitas pessoas não

entendem é que a Reforma não foi uma divisão entre Catolicismo Romano e

Protestantismo. Se perguntarmos a alguém: qual foi a divisão na época da

Reforma ou quais os dois grupos que surgiram com a reforma? Todos vão

dizer que foram os Católicos Romanos e os Protestantes. Mas não é assim. Na

Reforma nós tivemos uma tríade: Igreja Universal (Católica) de Cristo; Igreja

Católica Romana e Igreja Anabatista. Temos a Igreja Católica (Universal) que é

de todos os tempos e lugares, pois Cristo só tem um corpo, só há uma

comunhão, uma unidade num só Espírito, uma só fé, um só Pai de todos nós.

Esta igreja reformou-se. Antes desta reforma a igreja estava andando mais e

mais no caminho das trevas sem conhecer a luz da Palavra de Deus. Mas na

Reforma, a Igreja, pela graça de Deus, voltou para o caminho da Escritura e

assim continuava como corpo de Cristo. Não era pensamento dos

reformadores sair da Igreja Católica Romana e começar uma nova igreja e

chamá-la de Igreja Reformada. Não, eles pensavam na Igreja de Cristo! Mas

quando realizaram a Reforma, a Igreja Romana e Papal continuou no seu erro,

na falsa doutrina e se manteve fora da Igreja de Cristo.

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Há três caminhos na Reforma e muitas pessoas confundem as igrejas

anabatistas como incluídas na Reforma e com as igrejas Protestantes.

No entanto os anabatistas rejeitavam a Igreja Católica Romana. Foi um

grupo de pessoas que rejeitou qualquer coisa da Igreja Romana; foi uma hiper-

reação contra a Igreja Romana. Não foi uma volta para a Palavra de Deus,

enquanto a Reforma Protestante de fato foi. Por isso as Igrejas Reformadas

não deixaram de respeitar o valor da Santa Ceia como algo importante, não

apenas para lembrar Jesus Cristo e Sua obra, mas porque Ele estava presente

espiritualmente nesta ordenança. As Igrejas Reformadas não deixaram de

batizar as crianças porque isso é bíblico – elas estão na aliança de Deus. Para

as Igrejas Reformadas a circuncisão é agora o batismo. Mas os

anabatistas fizeram tudo que puderam contra a Igreja Romana e terminaram

negando tudo isso.

Hoje, infelizmente, muitas pessoas pensam que anabatistas e reformados não

são muito diferentes. Mas espero que depois destes cinco pontos possamos

ver que as igrejas anabatistas estão muitas vezes mostrando os mesmos erros

manifestados na Igreja Romana da Idade Média. Há, portanto, uma divisão

tremenda entre Reformados e Anabatistas e entre Reformados e Católicos

Romanos. Não há semelhança entre Anabatistas e Reformados quando se

considera a Igreja Romana.

Infelizmente, no Brasil, o ensino reformado nunca chegou de forma completa.

Durante a ocupação Holandesa e Francesa, sim, mas os portugueses, ao

expulsarem os invasores, expulsaram os reformados também, apesar de

alguns índios terem se tornando reformados e fugiram para o interior, onde

ensinaram o catecismo aos índios e seus filhos, as antigas doutrinas da graça.

Os padres católicos chegavam e ensinavam que tudo aquilo era errado e que

eles deveriam voltar para a Igreja Romana. Os índios diziam: não! Os padres

católicos vendo a fé daqueles índios afirmavam que aqui, no interior do Brasil,

estava uma verdadeira Genebra. Mas, há muito que o Brasil não está com o

testemunho da Reforma. Não quero generalizar, mas hoje são poucas as

igrejas Reformadas neste país. O Brasil precisa de uma reforma, à semelhança

da Idade Média onde as pessoas eram completamente ignorantes da graça de

Deus. Assim, as pessoas nas igrejas que se dizem evangélicas, estão sofrendo

por não conhecer a graça de Deus em Cristo Jesus; não conhecem o nível de

certeza do perdão nem a remissão dos seus pecados. Pastores estão dizendo

que pessoas que pecam perdem sua salvação, perdem a remissão dos seus

pecados e provocam assim o medo, a confusão, a superstição, e levam as

pessoas a fazerem “coisas” para comprar de Deus a Sua graça. Mas a graça é

algo dado pelo Senhor e não vendido. Nosso querido Brasil precisa de reforma,

de uma volta à Palavra de Deus, às doutrinas da graça.

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Relembrando estes cinco pontos que abordamos podemos ver que as Igrejas

Reformadas são diferentes da Igreja da Idade Média.

Verdadeiro arrependimento não é fazer alguma coisa para ganhar o perdão de

Deus, mas a Palavra de Deus ensina que o verdadeiro arrependimento é

concedido por Deus e manifestado numa vida de santificação. Com o

verdadeiro arrependimento vem uma mudança de mente e coração, um desejo

forte de viver uma vida que cresce no conhecimento do Senhor e na

santificação. Por isso, nas igrejas Reformadas as pessoas não se tornam

membros da noite para o dia. Isso não é porque somos cruéis e queremos

deixar as pessoas de fora da verdade, mas porque os presbíteros, a liderança,

não podem ver o que se passa no coração e por isso precisam de: (1) Que a

pessoa confesse a sua fé, que saiba o que a Bíblia diz sobre a redenção

realizada por Cristo na cruz e que isto é real na sua vida. Que a pessoa creia

que já tem o perdão e vida eterna em Cristo Jesus. (2) Que a pessoa deve

estar vivendo de forma consequente e aplicando esta fé em sua vida. Como os

presbíteros da igreja podem saber disto? Só após um período de ensino a

estas pessoas e uma observação acurada da sua vida prática; elas devem dar

mostras de viver o que confessam. Às vezes um congregado poderá passar até

mais de um ano sendo instruído e tendo oportunidade de mostrar através de

seu testemunho de vida que sua fé não é só de palavras, mas é uma fé

consequente que revela uma vida de arrependimento e santificação.

Somente as Escrituras são a única regra de fé e prática. Se na igreja, o pastor

prega alguma coisa errada, um simples membro pode adverti-lo com amor e

dizer que ele está ensinando algo errado. Nesse caso, o pastor deverá

reconhecer seu erro e mudar. Não são os presbíteros que mandam, não são os

pastores que mandam, não é o Presidente do Supremo Concílio que manda,

não é o Papa, nem bispo ou cardeal, mas é a Palavra de Deus; é Jesus falando

e o Espírito Santo nos lembrando de Suas palavras. Cristo fala à Sua Igreja

pela Palavra (única regra de fé e prática) e não é o pastor que vai criar alguma

coisa como mandar as pessoas tomarem um copo de água abençoado por ele,

ou que um crente não ande de bicicleta ou de bermuda. Temos muitas igrejas

que estão sofrendo porque os pastores estão impondo na cabeça das pessoas

várias regras. Tudo isso porque a Palavra não é a única regra de fé e prática.

Graças a Deus porque onde existir uma verdadeira igreja de Cristo não é o

homem que manda, mas sim, a Palavra de Deus.

No culto Reformado a pregação da Palavra é o ponto central. Cantamos,

oramos e logo abrimos a Palavra e o ensino se torna o ponto central. A Palavra

é aberta e pregada porque o Espírito trabalha pela Palavra como uma espada

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de dois gumes para cortar o coração do pecador e para endurecer o rebelde e

lhe deixar mais merecedor do inferno por rejeitá-la; mas também para cortar o

coração do pecador a quem Deus derrama misericórdia para mudá-lo, trocando

seu coração de pedra por um coração de carne; dá-lhe verdadeiro

arrependimento e frutos da fé. A Palavra é o instrumento que Deus usa para

tudo isso.

Em Romanos 10 vemos Paulo dizendo algo que vivenciamos hoje. No início

deste capítulo Paulo diz que Israel estava buscando sua própria

justiça: “Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando

estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (Romanos

10:3). Diz mais que eles tinham muito “zelo por Deus, porém não com

entendimento” (v.2). É o que a Igreja Católica faz ainda hoje. São zelosos,

fazem muitas coisas, mas sem entendimento. São operosos, mas sem

entender nada. Eles não têm lido Romanos 1:16-17, pois ali Paulo diz que

Deus tem uma justiça que Ele próprio nos dá. Continuam ignorantes disso e

correm a todo lugar tentando comprar esta justiça, enquanto que Deus está

dizendo: “Vem, toma”. Mas eles dizem: “Eu quero comprar”. Isto é zelo sem

entendimento, pois a justificação não é possível através da prática da Lei.

Paulo diz no v. 8: “Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e

no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos”. Paulo fala do que é

necessário para recebermos todos os benefícios de Cristo: Confessar Jesus

como Senhor (v.9), ter a verdadeira fé (v.10) e como podemos adquirir esta fé

salvadora: “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será

salvo” (Rm10:13). Apenas isso e teremos a plena remissão dos nossos

pecados. Paulo ainda diz: “Como, porém, invocarão aquele em quem não

creram?”. Temos de crer. É impossível invocar o nome de Deus se não

cremos. “E como crerão naquele de quem nada ouviram?”. Como posso crer se

nunca ouvi nada a respeito dele? “E como ouvirão, se não há quem pregue? E

como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos

são os pés dos que anunciam coisas boas! (Rm 10:14-15). Paulo está dizendo

aqui que, a pregação é algo muito importante no processo da salvação. Na

pregação, Deus se revela aos pecadores e através dela surge a fé que salva o

pecador.

Mas, a Igreja de hoje não valoriza a pregação da Palavra de Deus e quer dar

mais valor ao emocional, ao coral de crianças, às peças teatrais, aos

testemunhos, às cantatas, etc, do que à pregação da Palavra. Esta é uma

igreja que não merece o nome de igreja. É apenas um grupo religioso, um

clube onde pessoas gostam de falar de religião, mas não é a Igreja de Cristo. A

verdadeira Igreja prega Cristo sabendo que Sua palavra é eficaz para salvação

de pecadores.

REFORMA PROTESTANTE E A IGREJA DE HOJE

A verdadeira igreja de Deus ensina que o arrependimento não é apenas um

ato, mas uma vida de santificação e só a Palavra faz isso e não a imaginação

do homem (João 17:17).

A Igreja verdadeira é aquela onde se ensina que a Bíblia é a única regra de fé

e prática.

A Igreja verdadeira é aquela onde o culto é reverente e dedicado à glória de

Deus. Não é um show; o homem não está no centro, mas Deus. Nesta igreja os

crentes se preocupam com a honra de Deus e é onde o povo de Deus tem um

encontro com Ele. Mas, o culto de hoje é um conjunto de pessoas assistindo

outras fazerem apresentações; é alguma coisa horizontal entre pessoas que

não têm reverência, que entram e saem porque já ouviram certos testemunhos

pessoais por várias vezes. O povo não está na presença de Deus; estão

apenas buscando manifestações e sinais. A verdadeira igreja de Cristo adora a

Deus em espírito e em verdade e em reverência.

O tamanho da igreja não é medido fisicamente, mas espiritualmente. Não

medimos o sucesso da igreja pelo seu edifício ou quantas pessoas estão

dentro dele. Poderemos prometer muitas coisas ao povo para fazer encher o

edifício ou até prometer riquezas. O tamanho do edifício ou do número de

membros não é uma manifestação do sucesso da igreja, mas o tamanho

espiritual de um povo que vive a Palavra de Deus.

As igrejas sempre estão falando do Espírito Santo, mas pouco se fala do fruto

do Espírito (Gl 5). Como isso é raro! O fruto do Espírito não são coisas

espetaculares, impressionantes, mas é uma vida simples de serviço. Você não

pode pular e gritar: “Eu tenho paciência!!”. Mas paciência se manifesta através

de uma vida paciente, serena. Você não pode gritar: “Eu tenho amor!!”. Mas

amor é algo que se demonstra ao irmão, ao marido, à esposa, aos filhos, aos

colegas, aos vizinhos. Isso é difícil de ser visto, de ser manifestado, porém, é

mais fácil buscar sinais e maravilhas, os dons extraordinários. Jesus disse que

“uma geração perversa é má, busca sinais”. A igreja de Cristo não busca

sinais, nem coisas que impressionem, ou prédios cheios de pessoas, mas

busca crescimento no Senhor Jesus Cristo; crescimento espiritual e

amadurecimento em Cristo. Como podemos crescer assim? Como podemos

manifestar o amor de Cristo em nossas vidas? Como podemos testemunhar

cada vez mais da obra de Jesus Cristo em nossos corações? Temos uma

fonte: A Palavra de Deus. Devemos sempre voltar à Palavra de Deus –

Reformado, sempre reformando. Nesta fonte somos fortalecidos na nova vida

em Cristo. Nesta fonte somos cada vez mais ensinados pela graça de Deus

REFORMA PROTESTANTE E A IGREJA DE HOJE

que nos liberta do pecado; ela nos aperfeiçoa, nos faz mais maduros até que o

dia da Sua vinda chegue. Tudo isso é possível se estivermos bebendo desta

fonte.

Começamos vendo a questão do arrependimento que está na primeira tese de

Lutero: “Nosso Senhor e mestre Jesus Cristo, em dizendo, arrependei-vos,

afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser um ato de arrependimento”. Lutero

chamou a Igreja para voltar ao ensino da Palavra de Deus. A vida cristã é uma

vida de santificação onde a Palavra de Deus está agindo cada dia mais nos

filhos de Deus

Isso é verdade em nossas vidas? Isso está sendo ensinado nas igrejas ditas

evangélicas? Creio que não. Vamos trabalhar e orar para que Deus possa agir

em nosso país e produzir a reforma que precisamos.

Amém.

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Diretor: Abram de Graaf

Coordenador: Lucio Manoel