Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

15
TARAIRIÚ Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB Campina Grande, Ano II Vol.1 - Número 02 Março de 2011 Reflexões Arqueológicas: estudo dos sítios arqueológicos do município de Queimadas/PB Jacqueline Liedja Araujo SILVA 1 José Augusto Costa de ALMEIDA 2 1 Graduada em Comunicação Social e Geografia, ambos pela UFPB. E-mail: [email protected] 2 Departamento de Geociências, Universidade Federal da Paraíba. E-mail: [email protected]

description

O trabalho procura traçar considerações a respeito da ciência arqueológica e importância da preservação dos vestígios arqueológicos, tendo como área de pesquisa os inscritos rupestres do Agreste paraibano, localizado no município de Queimadas. Estão catalogados dezesseis sítios arqueológicos, seis desses fazem parte deste estudo. Identificou-se a importância da Arqueologia, os impactos negativos na área arqueológica analisada, o papel das instituições responsáveis e da população diante das áreas arqueológicas.

Transcript of Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

Page 1: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

Reflexões Arqueológicas: estudo dos sítios arqueológicos do município de Queimadas/PB

Jacqueline Liedja Araujo SILVA 1 José Augusto Costa de ALMEIDA 2

1 Graduada em Comunicação Social e Geografia, ambos pela UFPB. E-mail: [email protected] 2 Departamento de Geociências, Universidade Federal da Paraíba. E-mail: [email protected]

Page 2: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

REFLEXÕES ARQUEOLÓGICAS: ESTUDO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS/PB RESUMO O trabalho procura traçar considerações a respeito da ciência arqueológica e importância da

preservação dos vestígios arqueológicos, tendo como área de pesquisa os inscritos rupestres do

Agreste paraibano, localizado no município de Queimadas. Estão catalogados dezesseis sítios

arqueológicos, seis desses fazem parte deste estudo. Identificou-se a importância da

Arqueologia, os impactos negativos na área arqueológica analisada, o papel das instituições

responsáveis e da população diante das áreas arqueológicas.

PALAVRAS-CHAVE: Arqueologia, Conservação e Meio Ambiente.

ABSTRACT

In this work we make some considerations about the archaeological science and the importance

of preservation of archaeological vestiges, taking into account the rupestrian inscriptions located

in archaelogical sites in Agreste of Paraíba, in the city of Queimadas. Sixteen archaeological sites

are catalogued and six of these are part of this study. This research identified the importance of

archeology, the negative impacts on the archaeological area and examined the role of institutions

and people in the face of archeological sites.

KEYWORDS: Archaeology, Conservation and Environment.

Page 3: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

INTRODUÇÃO

Os vestígios arqueológicos são provas de que o passado brasileiro não começa em

cinco séculos de história, onde um dos protagonistas é o invasor europeu, mas a narrativa

brasileira prossegue, não por séculos, mas por milênios. As peças reveladoras dessa época

remota são as pinturas e gravuras rupestres, espalhadas por vários lugares do território

brasileiro. Inscritos rupestres que devem ser preservados, constituem valiosos documentos da

humanidade e fortalece nosso senso de identidade nacional.

A área de estudo da presente pesquisa está inserido no Estado da Paraíba, no município

de Queimadas, que dispõe de um acervo arqueológico significativo, no entanto, boa parte da

população local desconhece. Nos últimos anos, porém tal patrimônio se encontra em estado

precário de preservação, devido à ação antrópica existente.

Diante da análise observada nesta pesquisa, existe a necessidade de maior divulgação

desse acervo, sensibilização da população local e os poderes públicos responsáveis para a

preservação, a afim de que essa área se potencialize de maneira sustentável.

ARQUEOLOGIA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

Arqueologia é vista por muitos estudiosos como sendo uma “ciência que estuda os

monumentos e vestígios das civilizações antigas” (SOUZA, 2004, p. 24). Este entendimento está

relacionado à própria etimologia da palavra Arqueologia, onde archaios quer dizer passado ou

antigo e logos significa ciência ou estudo. Com a fusão destes dois nomes, trata do estudo do

passado ou conhecimento dos primórdios.

Em um conceito mais atualizado, a Arqueologia “nos últimos anos, foi se alargando seu

campo de ação para o estudo da cultura material de qualquer época, passada ou presente”

(FUNARI, 2003, p. 13).

Caracteriza-se como uma ciência que estuda as sociedades atuais ou do passado

através de sua cultura material, ou melhor, através dos objetos e vestígios deixados por

determinado grupo humano.

Já o sítio arqueológico é definido como sendo uma ciência que estuda monumentos e

vestígios das civilizações, as gravuras e pinturas rupestres estão inseridos nesta categoria da

ciência arqueológica, ou seja, “todo vestígio antigo deixado pelo homem na sua passagem pela

Page 4: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

terra, constitui um sítio arqueológico. As pinturas e gravuras rupestres – a denominada arte

rupestre” (ALMEIDA, 1979, p. 21.)

Existe uma diversidade de inscrições rupestres em todo o território nacional e gerou-se

por parte dos estudiosos da área da arqueologia a necessidade de estabelecer uma

classificação para melhor análise, dividindo-os em tradições e sub-tradições. Segundo André

Prous, caracteriza-se tradição como “a categoria mais abrangente entre as unidades rupestres

descritivas, implicando certa permanência de traços distintivos, geralmente temáticos” (PROUS,

1992, p.511).

De acordo com a Fundação Museu do Homem Americano, informação obtida via on-line

no site www.fumdham.org.br/pinturas.asp, os sítios rupestres estão divididos em dois tipos de

gravuras e três de pinturas. As gravuras estão fragmentadas em tradições Itacoatiaras de Oeste

e Itacoatiaras de Leste. Na língua tupi Itacoatiara significa pedra pintada, mas na verdade este

tipo de vestígio pré-histórico não é composto de pintura e sim “gravado na rocha”.

As Itacoatiaras de Oeste estão localizadas desde a fronteira com a Bolívia até o limite

oeste da área do Parque Nacional da Serra da Capivara, indo para o sul, onde aparece até o

norte de Minas Gerais. Já Itacoatiaras de Leste são tradições típicas de todo a região do

Nordeste brasileiro e seus painéis ornam as beiras dos leitos rochosos de rios e riachos do

sertão, marcando cachoeiras ou pontos nos quais a água persiste mesmo durante a época da

seca, acredita-se que as populações antigas cultuavam as águas. Uma das gravuras mais

importantes do Brasil é a Pedra de Ingá/PB. “Indubitavelmente as Itaquatiaras foram à tradição

ou as tradições mais enigmáticas de toda arte rupestre do Brasil” (MARTIN, 1997, p. 299).

As pinturas estão distribuídas em três tipos: tradição Nordeste, tradição Agreste e

tradição Geométrica. “A primeira é originário do Sudeste do Piauí, e a segunda, da região

agreste de Pernambuco e da Paraíba, motivo que nos levou, de comum acordo, a chamar

tradição Agreste a esse horizonte, de cronologia posterior à tradição Nordeste” (MARTIN, op. cit.,

p. 236).

Já a tradição Geométrica é bastante polêmica entre os estudiosos, pois nem todos os

autores entraram em acordo com sua conceituação:

O problema é subjacente à ambigüidade das definições e à escolha do que pode ser considerado „geométrico‟ para definir uma tradição com esse nome. Note-se um certo cacoete na inclinação cômoda de atribuir-se a uma suposta tradição geométrica todos os grafismos puros que não se encaixam nas outras tradições definidas. Os grafismos puros, em sua infinidade não podem considera-se geométricos. Comumente as definições como tais têm sido aplicado a grafismo de tendência retilínea e angulares, que produzem triângulo, quadrado e retângulo, principalmente. Os grafismos de tendência arredondada são principalmente atribuídos à representação de corpos celestes e fala-se também de „tradições astronômicas‟ (MARTIN, op. cit., p. 292).

Page 5: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

De acordo com Martin (op. cit) foram classificados pela arqueóloga Niède Guidon os

“dois grandes horizontes culturais nas pinturas rupestres, área de pesquisa, batizadas como

tradição Nordeste e tradição Agreste. A primeira tem maior concentração de sítios e é,

possivelmente, originário do SE do Piauí, e a segunda, da região agreste de Pernambuco e da

Paraíba, motivo que nos levou, de comum acordo, a chamar tradição Agreste a esse horizonte,

de cronologia posterior à tradição Nordeste” (MARTIN, 2007, p. 236). Este é o consenso aceito

entre os pesquisadores nos estudos da classificação das pinturas arqueológicas.

A tradição Nordeste é “notável pela grande quantidade de representações humanas” (PROUS,

op cit., p. 33), caracterizada pela presença de grafismos reconhecíveis e de grafismos puros, ou

seja, que não podem ser identificados.

Não é apenas a representação do cotidiano e sim, principalmente, grafismo representando cenas cerimoniais ou mitos cujo significado nos escapa e que, precisamente por isso, quando repetidos em vários abrigos, inclusive em lugares distantes entre si, identificam a tradição. São cenas formadas por grafismo de ação e de composição que chamamos de emblemáticas e que são como „logotipo‟ da tradição Nordeste (MARTINS, op. cit. p. 256).

A dança, práticas sexuais, caça e manifestações rituais em torno de uma árvore são os temas

encontrados na tradição Nordeste. Já os grafismos puros não representam elementos

conhecidos do mundo sensível. As composições simbólicas são figuras dispostas de maneira

típica, com posturas e gestos de pouca complexidade gráfica, mas que se repetem

sistematicamente, como exemplo das cenas de árvores. A tradição Agreste tem manifestações

limitadas entre 10.500 e 6.000 anos antes do presente; com o desaparecimento dos povos de

tradição Nordeste ela se torna dominante e passa a ocupar toda a zona por volta de 5.000 anos.

SUB-TRADIÇÕES

As tradições muitas vezes diferenciadas nos elementos representáveis, surgiu à

necessidade por parte da comunica arqueológica fragmentar ainda mais, através das sub-

tradições, este é um “termo introduzido para definir o grupo desvinculado de uma tradição e

adaptado a um meio geográfico e ecológico diferente que implicam na presença de elementos

novos” (MARTIN, op. cit., p. 241).

A tradição Nordeste possui três sub-tradições: Sub-tradição Várzea Grande: Localiza-se

no sudeste do Piauí, tem esta denominação porque suas manifestações são mais antigas. Essa

tradição “teve longa duração no tempo e ampla dispersão espacial, numa área de

Page 6: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

aproximadamente 40.000 quilômetros quadrados, em conseqüência houve mudanças graduais

na apresentação dos temas e na evolução do grafismo” (MARTIN, op. cit., p. 259), com figuras

humanas e de animais extremamente geométricas.

Sub-tradição Seridó: Localizada no Rio Grande do Norte, com a dança, a luta, a caça, o

sexo e manifestações ritualistas, ou seja, “o mundo que aparece nas pinturas rupestres do

Seridó. É a vida cotidiana da pré-história, às vezes trágicas e violenta, ou com figuras ou com

grande agitação e outras que apresentam um mundo lúdico e brincalhão, documentado pelo

movimento da dança e agitação das figuras acrobáticas” (MARTIN, op. cit., p. 264), expressa

dinâmica, com animação e agitação nas figuras humanas.

Sub-tradição Várzea Central: Localizada no Sertão da Bahia, principalmente nos

municípios de Lençóis e Morro do Chapéu. Nela há uma grande quantidade de pinturas

rupestres, com “quantidade de traço, o movimento das figuras humanas, o tamanho reduzido dos

grafismos, a identificação das espécies animais e certos grafismos „heráldicos‟ asseguram, sem

dúvida, a existência de uma sub-tradição da grande tradição Nordeste, na Bahia” (MARTIN, Op.

cit., p. 270). Nesta sub-tradição há um predomínio de animais em relação às figuras humanas.

A TRADIÇÃO AGRESTE POSSUI UMA SUB-TRADIÇÃO

A tradição Agreste possui duas modalidades estilísticas que variam tanto na técnica

utilizada como nas temáticas gráficas representadas. Com pinturas de características grosseiras,

de grande tamanho, sem preocupação com a delineação da figura e com preenchimento

realizado negligentemente, mas cobrindo extensas superfícies “técnica gráfica e riqueza temática

inferiores à tradição Nordeste” (MARTIN, p. cit., p. 277.). Outra modalidade da tradição Agreste

são figuras de menor tamanho, mas sempre maiores que as da tradição Nordeste, feitas com

maior cuidado e com um preenchimento mais controlado e cuja tinta escorreu menos. Esta

última, segundo os dados disponíveis, seria a mais antiga.

Os registros que os caracteriza tem sido chamado de tradição Agreste. O nome deve-se à grande concentração de sítios com pinturas localizadas nos pés de serra, várzeas e „brejos‟ da região agreste de Pernambuco e do sul da Paraíba, mas, na verdade trata-se de uma tradição rupestre extremamente espalhada por todo o Nordeste, tanto nos „agreste‟ como nas áreas sertanejas semi-áridas (MARTIN, p. cit., p.277).

As tradições são estabelecidas pelos tipos de grafismos representados e pela proporção

relativa que estes tipos guardam entre si. Mas nesta abrangência de inscritos rupestres, as

tradições podem distinguir-se entre si, com as diferenças na representação gráfica de um

Page 7: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

mesmo tema e distribuição geográfica.

Sub-tradição Cariris Velhos: Localizada entre Pernambuco e Paraíba, na região onde um

arco de serras marca a divisa entre os limites do município de Arco Verde ao sul e Campina

Grande ao norte. Estes estudos foram feitos no fim da década de 70, nos respectivos estados de

Pernambuco e Paraíba pelas pesquisadoras Alice Aguiar e Ruth Trindade de Almeida.

Os grafismos e painéis da sub-tradição Cariris Velhos nunca aparecem em abrigos e paredões no alto das serras e, tanto na Paraíba como em Pernambuco, os lugares preferidos são os matacões arredondados de granito que emergem pela erosão, nas rochas mais brandas, nos vale e nas encostas das serra, destacando-se na paisagem (MARTIN, op. cit., p.281-282).

As tradições juntamente com suas respectivas sub-tradições estão segmentadas

geograficamente, como foi mencionado anteriormente que a tradição Nordeste e tradição

Agreste se concentram respectivamente no Sudeste do Piauí e agreste da Paraíba e

Pernambuco. Segundo Prous a tradição Nordeste aborda outras áreas, além das mencionada

por Martin, “tradição Nordeste estendeu-se num vasto território que vai do sul até o Mato Grosso,

passando por Goiás, infiltrando-se tardiamente em parte do território minério. A oeste chega até

o pé dos Andes – na Bolívia, no Peru e na Colômbia Meridional” (PROUS, op. cit., p. 33).

Figura 1 – Mapa de Localização das Sub-Tradições do Nordeste do Brasil Fonte: Modificado de http://www.portalsaofrancisco.com.br/imagem.php

Devido fazer parte desta tradição, na sub-tradição do Seridó, está concentrada a

inscrição rupestre no Rio Grande do Norte, estado divisa com a Paraíba, a proximidade

Page 8: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

geográfica é fator importante para Queimadas possuir inscrições rupestres de pinturas do tipo da

tradição Nordeste, tradição Agreste e também gravuras Itacoatiaras.

Afirma Gabriela Martin que Niède Guidon é a responsável pela classificação da tradição

Nordeste, Agreste e subtradição Varzea Grande, esta última auxiliada por Anne-Marie Pessis. A

sub-tradição do Seridó com a própria Gabriela Martin, sub-tradição Várzea Central com Maria da

Conceição Beltrão e a sub-tradição Cariris Velhos localizadas no Agreste da Paraíba e

Pernambuco, com as pesquisadoras Ruth Trindade de Almeida e Alice Aguiar, respectivamente.

O território brasileiro é rico em inscrições rupestres, e estes documentos históricos

existem em todas as regiões brasileiras, “segundo os dados do IPHAN, existem atualmente

cerca de 20.000 sítios arqueológicos identificados no país” (MIRANDA, 2002, p. 02). Embora não

haja um controle sobre o número de monumentos pré-históricos existentes no estado da

Paraíba, o IPHAEP assegura que há mais de mil sítios confirmados em solos paraibanos

(ARAUJO, 2004, p.04), apenas na área do presente estudo, na cidade de Queimadas foram

catalogados 16 sítios arqueológicos, entre os anos de 1997 a 2009.

LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Queimadas, situado no Nordeste do Brasil, município do Estado da Paraíba, situada na

Mesorregião do Agreste [FIGURA Nº 2] e é uma das oito cidades pertencentes à Microrregião de

Campina Grande, esta área corresponde a 2.113,326 km do total da Paraíba, com uma distância

de 117,24km da Capital do Estado e 15km de Campina Grande que fica ao norte. Possui uma

área de 409,20 km2 e uma população de 40.321 mil habitantes (IBGE/2009).

Figura 2– Mapa da Paraíba em destaque Queimadas e cidades limites Fonte: Modificado de www.cprm.gov.br/rehi/atlas/paraiba/relatorios/QUEI151.pdf

A cidade está situada em uma zona de transição climática do tipo Quente e úmido (As) e

Semi - árido quente (Bsh), de acordo com a classificação de Koppen, a temperatura mínima fica

Page 9: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

em 19 oC a máxima chega a 30 oC e vegetação é a caatinga hipoxerófila, mas por estar

localizada em área de influências climáticas entre a Zona da Mata e Sertão, apresenta

vegetação tanto com características da mata atlântica e da caatinga.

Inserida no domínio da bacia hidrográfica do rio Paraíba, situada na região do Médio

curso do rio. A morfologia ondulada do município divide-se em dois níveis distintos, á área ao

norte da sede municipal é mais elevada, compõe-se de uma serra íngreme. Esta cadeia rochosa

com 625 m de altitude máxima, não se restringe apenas na área territorial de Queimadas, mas

abrange outros municípios, aos extremos do sentido oeste ao leste, dos municípios de Caturité,

Queimadas e entre Ingá e Itatuba.

Há uma quantidade significativa de registros arqueológicos nessa Serra. De acordo com

os estudos de pesquisadores de universidades paraibanas (UEPB, UFPB, UFCG, etc.) e apoio

da população local (comunidade, estudantes e professores locais) foram catalogados dezesseis

sítios arqueológicos confirmados: Pedra do Touro, Guritiba, Pedra do Zé Velho, Sítio Loca, Sítio

Castanho I, Sítio Castanho II, Sítio Castanho III, Itacoatiara do Macaco, Sítio Aldeia,

Caracolzinho, Bodopitá, Malhada Grande, Gravatá dos Trigueiros, Gravatá de Queimadas,

Vidinhas, Pedra do Parafuso. Sabemos que só através de incentivos de instituições

responsáveis muitos outros acervos arqueológicos poderão ser descobertos nesta área.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE QUEIMADAS

Os inscritos rupestres encontrados em Queimadas são típicos da tradição Agreste, mas

existem a presença da tradição Nordeste, como a sub-tradição Seridó, além das pinturas,

existem também gravuras no território queimadense, como exemplo do sítio Arqueológico de

Caracozinho. Os sítios selecionados são de pinturas e apenas um é um cemitério indígena,

neste não há inscrições rupestres.

Os sítios selecionados neste estudo foram seis, três sítios ao lado oeste e três ao lado

leste da rodovia 104. Ao lado oeste da BR existem Pedra do Touro, Guritiba e Vidinhas e os três

no sentido leste são: Zé Velho, Loca e Castanho I.

Page 10: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

Figura 3- Sítios Arqueológicos selecionados nesta pesquisa

Através da visita em campo analisou-se características geo-ambientais do entorno das

inscrições rupestres, localizações de coordenadas geográficas, altitudes e principalmente o

estado de conservação dos seis sítios arqueológicos.

Há bastantes semelhantes nos aspectos paisagísticas e problemática ambiental, mas

também existem diferenciações dos traçados rupestres. No aspecto paisagístico apresenta a

vegetação é tanto de espécies típica do Sertão quanto da Zona da Mata, como: juazeiro

(Ziziphus joazeiro Mart.), jurema [Mimosa tenuiflira (Wild) poir], catingueira (Caesalpina

pyramidalis Tul.), mororó (Bahuinia cheilantha Bong) Steud, angico [Anadenanthera colubrina

(Vell.) Brenam] e cactácias em ambudância de acordo com Barbosa et al.(2007). Na espécie

mata atlântica como embaúba (Cecropia lyratiloba Andr. Car.) e coco catolé (Syagrus cearensis

Noblick) segundo Boscolo et al, segundo Boscolo et al (2007).

Os problemas ambientais encontrados são tanto de natureza naturais, quanto antrópicas

que afetam diretamente na preservação desses inscritos.

Sítio Arqueológico da Pedra do Touro: Situado na coordenada geográficas latitude

07º54‟08.3” S, longitude 35º54‟12.8” W e altitude de 582m. Este é um ato vergonhoso, de total

vandalismo e ignorância ao valor neste monumento. Os principais impactos encontrados

Page 11: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

tanto por ações antrópicas são: intemperismo biológico, lixo, pichações e extração de granito, há

uma companhia mineradora próximo do local.

Dentre os elementos figurativos do matacão arqueológico, a uma polêmica em relação a

denominação de Pedra de touro, por possuir a saliência no dorso e aparentes chifres no animal,

mas mesmo com esta semelhança ao animal bovino, não havia ocorrência na América do Sul

antes da vinda dos portugueses segundo afirma estudiosos. Datações feitas a inscritos

rupestres semelhantes a estes na década de 80, em Pernambuco, demonstraram idade de

“1.760 e 2.030 anos [...] como as demais inscrições neste estilo” (BRITO, 2008, p. 54).

Sítio Arqueológico da Guritiba: Com coordenada geográfica de latitude 07º21‟28.3”S,

longitude 35º54‟37.5”W e altitude de 482m, denominado também pela população local de Pedra

do Letreiro, por existir grafismo de tonalidades vermelha a amarela. Este sítio apresenta impacto

como: intemperismo, a facilidade de acesso para o vandalismo, pichações, fragmentação da

rocha e extração de granito.

Sítio Arqueológico Vidinha: Possui coordenada geográfica com latitude de

07º21‟20.7”S, longitude 35º55‟02.0”W e altitude de 478m. Este sítio arqueológico está localizado

na zona rural onde se encontra o sítio arqueológico da Guritiba, poucos menos de 500m de

distância Letreiro de um para o outro. Apresenta figuras retangulares com os cantos

arredondados e setas rupestres estão em bom estado de visualização, mas não são de difícil

entendimento da mensagem transmitida, com uma tinta de tonalidade vermelha.

Este é um dos sítios arqueológicos de menos impacto ambiental, não há presença de

lixo, nem de pichações, extração e fogo. Em outro momento pesquisadores constataram:

“Fuligem de fogo no teto do abrigo e o mesmo serem utilizado com o chiqueiro cercado para

caprinos, os registros rupestres estão em bom estado. Contudo, o solo do abrigo que

possivelmente contém vestígios está contaminado com lixo, fezes de animais e restos de

fogueiras recentes” (Brito et al. 2006, p.61).

Sítio arqueológico do Zé Velho: Apresenta a coordenada geográfica com latitude

07º20‟51.9”S de longitude 35º53‟50.9”W e altitude de 601m. Neste sítio há muitas pichações,

além dos requisitos de uma fogueira, a qual descascou a parte superficial da rocha e perfurações

na rocha para serem colocados os explosivos e a referência numérica 6B, código apontado pelo

Departamento de Estradas e Rodagem para ser destruído.

As figuras rupestres do Zé Velho são de tonalidade vermelha, com desenhos de fácil

identificação: marcações de mãos, dedos e animais, “conjuntos de bidígitos, figuras desconexas,

manchas e uma grande representação de um suposto zoomorfo com braços, pernas e cauda

Page 12: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

estendidas. Esta representação figura apenas o contorno com interior vazado” Brito et al (2006,

p. 66).

As mãos carimbadas e logo abaixo, há manchas ilegíveis, já ao lado leste do matacão

há figura vazada do animal. Essas figuras são típicas da Tradição Agreste, com características

de “figuras agrestes aparecem isoladas ou formando pequenos conjuntos dominados por uma ou

duas grandes figuras antropomorfas (ditas „bonecões‟), eventualmente rodeadas por poucos

grafismos zoomorfos ou pinturas carimbadas na parede - inclusive impressões de mão”

(PROUS, op. cit, p. 35).

Sítio arqueológico do Castanho I: Sua coordenada geográfica de latitude

07º201‟45.7”S, longitude 35º53‟16.9”W e altitude de 522m, localizado logo depois do Sítio

Arqueológico do Zé Velho. A área é conhecida também pela população de Pedra do Amor.

Segundo moradores do local eram muito comuns casais de namorados visitarem o local, mas

hoje em dia isto não se vê mais com freqüência. O matacão granítico tem 14m de altura por 40m

de circunferência, sobre uma plataforma com cinco metros de altura, que aflora do lado leste e é

nivelada ao lado oeste.

As inscrições rupestres deste matacão estão localizadas ao norte da rocha, com

vermelha e amarela, construído de figuras humanas. As figuras desenhadas transmitem idéia

dinâmica onde representante um possível ritual. “Todas mostram com os braços voltados para

baixo, dando agradável impressão de movimento. A impressão deixada pelo observador é

dessas que convidam o estudioso a batizá-la de painel da dança” (ALMEIDA, op. cit., p.70). No

total são 12 figuras humanas de tamanhos diversos, possivelmente sejam compostos por duas

canoas e demais objetos não são nítidos do que seja.

O matacão rochoso do Castanho I encontra-se em um estado relativo de preservação,

resquícios de fogo e extração mineral também não foram encontrados neste local. No entanto as

pichações com uma tinta metálica com nomes pornográficos estão sobre o granítico rupestre,

felizmente na área propriamente das inscrições arqueológicas não há pichações.

Sítio arqueológico Loca: Situado na coordenada geográfica de latitude 07º21‟27.3”Sul

e de longitude Oeste 35º53'53.7” e altitude de 509m, tem este nome devido sua estrutura física,

a forma como estão estruturadas as rochas, umas sobre as outras. Com um espaço entre elas,

formando um ventilado abrigo. Este sítio arqueológico não possui pinturas rupestres, e sim um

cemitério indígena, localizado em cima da serra, com 509m de altitude em relação ao nível do

mar.

Este sítio arqueológico encontra-se bastante vandalizado, com devastação das plantas

Page 13: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

nativas, lixo, espaço ocupado por antes de telefonia e emissoras de TV, fragmentação de

rochas. Os dois problemas mais agravantes são: rochas dinamitadas, estas com fragmentos

para produção de paralelepípedo a fim de serem vendidos e desenterramento dos ossos

humanos, foram levados para as escolas municipais. Segundo estudiosos, diante da tamanha

descaracterização, demonstra não oferecer mais qualquer condição de salvamento arqueológico.

CONCLUSÃO

A ciência arqueológica permite entender o passado da humanidade, vista não apenas

como ciência que estuda os monumentos e vestígios das civilizações antigas, mas com o passar

dos anos o campo de atuação da Arqueologia ampliou e estuda a cultura material de qualquer

época, passada ou presente. Em se tratando de vestígios antigos, há no Brasil um grande

quantidade sítios rupestres e por isto que gerou-se a necessidade de estabelecer uma

classificação, dividindo-os em tradições e sub-tradições.

Os sítios rupestres estão divididos em tradições, com dois tipos de gravuras (Itacoatiaras

de Oeste e Itacoatiaras do Leste) e três de pinturas (tradição Nordeste, tradição Agreste e

tradição Geométrica). Com a expressividade quantitativa e qualitativa de inscritos rupestres, as

tradições são divididas e surgem as sub-tradições (grupo desvinculado de uma tradição e

adaptado a um meio geográfico e ecológico distinto que implicam na presença de elementos

novos), a tradição Nordeste possui três sub-tradições (Sub-tradição Várzea Grande, Sub-

tradição Seridó e Sub-tradição Várzea Central) e tradição Agreste possui uma sub-tradição (Sub-

tradição Cariris Velhos).

Em Queimadas há expressões rupestres típicos (tradição Agreste), mas também a

presença de outras tradições e sub-tradição Seridó, é encontrado no estado do Rio Grande do

Norte, como exemplo do Seridó, é o Sítio Arqueológico do Castanho I. Queimadas possui uma

beleza natural e expressividade arqueológica, mas é necessário haver a valorização dessa área

ambiental, através de uma sensibilização dos poderes públicos, com as autoridades

responsáveis em um planejamento estratégico em prol de uma maior conscientização da

população local sobre a importância que este lugar possui.

É um processo de mudança de comportamento da sociedade em que as práticas

nocivas encontradas neste ambiente, sobretudo no que diz respeito aos inscritos rupestres.

Pichações, queimadas praticadas nas próprias rochas arqueológicas, resíduos de lixo (plásticos,

vidros entre outros), lavra do granito comprometem a riqueza ambiental deste lugar.

Page 14: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

É preciso haver o engajamento da população local e conduzi-la como guardião dos bens

arqueológicos, por esse motivo é necessário informá-la sobre o valor desses inscritos rupestres

e sua relevância documental para a humanidade. Fica difícil cobrar a valorização o que não se

conhece, é necessário conhecer para ser preservado.

Em se tratando dos vandalismos praticados por desocupados, são lamentáveis as

punições que rege as diversas leis constitucionais e infraconstitucionais não passa de teoria e na

prática dificilmente a punição se concretiza. Como exemplo do que vem ocorrendo em

Queimadas, que é difícil encontrar culpados. As legislações vigentes no nosso país tornam-se

inoperante neste sentido, infelizmente.

É necessário um planejamento a curto, médio e longo prazo por parte das instituições

responsáveis aos acervos arqueológicos, parcerias com os poderes públicos locais, onde as

políticas públicas precisam ser mais atuantes. De modo que na prática ocorra a preservação ao

patrimônio dessa área não apenas para as gerações presentes, mas também para as futuras

gerações.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R.T. A arte rupestre nos Cariris Velhos. João Pessoa: Ed. Universitária/UFPB, 1979. 125 p.

ARAUJO, R. Registros pré-história existem em 90% dos municípios paraibanos. Jornal da Paraíba, João Pessoa, 26 set. 2004.Vandalismo ameaça preservação dos sítios arqueológicos na PB, Cidades, p.1-3.

BOSCOLO. O.H. et al. Potencial antioxidante de algumas plantas de restinga citadas como medicinais. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.1, p.8-12, 2007. Disponível em:<http://www.ibb.unesp.br/servicos/publicacoes/rbpm/pdf_v9_n1_2007/artigo2_v9_n1.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2009.

BRITO, V. de. Arqueologia na Borborema. João Pessoa: JRC Ed, 2008. 149 p.

BRITO, V.; SANTOS, J. S. OLIVEIRA, Thomas B. A Serra do Bodopitá: Pesquisas arqueológicas na Paraíba. João Pessoa: JCR, 2006. 109 p.

FUNARI, P.P. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2003. 126 p.

MARTIN, G. Pré-história do Nordeste do Brasil. 2. ed. Recife: Ed. UFPE, 1997. 404 p.

MIRANDA, M.P. de S. Tutela penal do patrimônio arqueológico brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 55, mar. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2738>. Acesso em: 19 ago. 2008.

PROUS, A. Arqueologia Brasileira.Brasília, DF: Ed.UnB, 1992. 605p.

Page 15: Reflexões arqueológicas estudo dos sítios arqueológicos do município de queimadas pb

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Cam

pin

a Gran

de, A

no

II – Vo

l.1 - N

úm

ero 0

2 – M

arço d

e 20

11

______. Arte Pré-histórica do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Com Arte, 2007. 127 p. Coleção Didática.

SOUZA, O. G. de. Cariri Paraibano: Um estudo sobre as inscrições Rupestres e suas potencialidades Turísticas. 2004. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Bacharelado em Turismo) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.