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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO REFLEXÃO SOBRE OS IMPACTOS DO PETRÓLEO E DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NA SOCIEDADE MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO FERNANDA TARDIN MORENO MARTINS Niterói, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

REFLEXÃO SOBRE OS IMPACTOS DO PETRÓLEO E DA INDÚSTRIA

PETROLÍFERA NA SOCIEDADE

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

FERNANDA TARDIN MORENO MARTINS

Niterói, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

FERNANDA TARDIN MORENO MARTINS

REFLEXÃO SOBRE OS IMPACTOS DO PETRÓLEO E DA INDÚSTRIA

PETROLÍFERA NA SOCIEDADE

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia de Petróleo da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial

para a obtenção do título de Engenheira de

Petróleo.

Orientador: Geraldo de Souza Ferreira

Niterói

2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, acima de tudo, a Deus, pelas boas oportunidades que pôs em meu caminho,

por ter me dado força nos momentos difíceis ao longo desses cinco anos de faculdade,

sabedoria para tirar as lições necessárias das situações adversas, coragem para não desistir

sem tentar novamente e equilíbrio interior para chegar ao fim dessa etapa. Sem a fé que tenho

Nele e sem a certeza de Sua presença em minha vida, eu jamais teria conseguido.

Agradeço à família maravilhosa que eu tenho. Em especial, a pessoa mais importante na

realização desse sonho: minha avó Leuza. Agradeço não somente aos esforços e sacrifícios

para me dar um bom estudo e uma vida digna, mas principalmente pelo exemplo de caráter e

conduta que sempre foi pra mim. Agradeço por seu amor incondicional, por ter acreditado no

meu sonho e investido nele. Agradeço à minha mãe Aline, que tanto encarnada quanto

desencarnada, foi a pessoa que mais me deu forças para lutar, mais entendeu as minhas

dúvidas, mais me apoiou, mais se orgulhou de mim e mais esteve ao meu lado. Não tenho a

menor dúvida de que ela está tão presente agora no final quanto podia estar no início dessa

caminhada. Ao meu irmão, Felipe, por ser tão querido e pelo exemplo que sempre foi pra

mim, agradecendo novamente a Deus por ter me dado a honra de ser irmã de uma pessoa tão

especial e, ao contrário do que muitos acreditam, é um privilégio conviver com um portador

da Síndrome de Down. Ao meu avô Advar, que de onde ele está agora, tenho certeza que olha

por mim muito orgulhoso. À minha tia Simone, por sempre ter sido muito mais mãe do que

qualquer outra coisa. Sem sua amizade, seu amor, seu incentivo e sua força, essa caminhada

teria sido ainda mais difícil. Ao meu tio Luís por todo o apoio e por ter contribuído tanto para

que esse sonho se tornasse realidade. Aos meus tios Cristina e Rogério pelo carinho e

incentivo de sempre. Aos meus primos André, Matheus, Pedro Henrique e Layra, por serem

tão amigos e companheiros. Aos tantos amigos que deixei em Friburgo e que sempre

acreditaram em mim. Aos novos amigos que fiz durante esses cinco anos, agradeço por terem

sido minha família quando a minha não podia estar presente. Agradeço também ao meu

namorado, Jeferson, por ser tão importante pra mim e por todo o apoio que me deu nessa reta

final. Eu amo muito todos vocês e sem vocês ao meu lado, nada teria valido a pena.

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Agradeço a Shell pela primeira oportunidade profissional e por todo aprendizado que tem

me proporcionado. Em especial, a todos os profissionais do setor C&P pelo carinho, paciência

e todos os ensinamentos durante esse 1 ano de estágio.

Ao Geraldo, agradeço não só por me orientar na realização desse estudo, mas por toda

orientação ao longo da faculdade como coordenador, professor e amigo. Agradeço cada

minuto de atenção, cada ensinamento e cada palavra amiga e por ter cumprido tão bem o

papel de um educador: contribuir não só para formação profissional como para a formação

pessoal de um aluno.

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v

"Embora ninguém possa voltar atrás e

fazer um novo começo, qualquer um

pode começar agora e fazer um novo

fim."

Chico Xavier

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RESUMO

O petróleo, sua indústria e todos os acontecimentos em torno dele são temas muito

presentes na vida cotidiana da sociedade moderna. Porém, essa substância e o uso que

fazemos dela não é uma peculiaridade do século atual. O líquido negro que exsudava

naturalmente da terra em algumas regiões do mundo já era utilizado por várias civilizações

antigas, tendo as mais variadas utilidades.

Descobriu-se, então, que esse óleo, quando destilado, gerava um produto que

substituía satisfatoriamente o óleo de baleia largamente utilizado para iluminação no século

XIX. A partir daí, iniciou-se uma corrida desenfreada pela busca do hidrocarboneto e surge aí

a imponente indústria petrolífera. Tal indústria fortificou-se ainda mais com a expansão de

outra indústria: a automobilística. Nesse momento, o petróleo firma sua soberania que se

perpetuou até os dias atuais.

Necessitamos do petróleo e seus derivados para nos locomovermos de casa ao trabalho

e para realizarmos confortavelmente as viagens em família nos finais de semana. O petróleo

está presente nas sacolas plástica onde carregamos nossas compras, no pneu de nossas

bicicletas e automóveis, na tinta que pintamos nossa casa, no material plástico que reveste

nossos eletrodomésticos e em outras coisas que nem podemos imaginar. Seria realmente

difícil cogitar viver, nos dias atuais, sem o petróleo. O uso de seus derivados não é uma

questão de conforto, mas sim de necessidade.

Sendo assim, é intuitivo imaginar que uma substância e uma indústria tão presentes no

nosso dia-a-dia impactem nosso modo de vida e a sociedade em geral, tanto diretamente

quanto indiretamente. Tais impactos, entretanto, podem ser de caráter positivo, ou não.

De fato, o uso do petróleo torna nossa vida mais prática e confortável. Por outro lado,

os gases provenientes de sua queima como combustível são altamente agressivos ao meio

ambiente e contribuem para o efeito estufa, entre outros problemas ambientais.

A indústria de petróleo, sendo a mais lucrativa do mundo, gera milhares de empregos e

contribui constantemente para o desenvolvimento de novas ciências e tecnologias. Porém,

essa indústria é uma das mais poluidoras do mundo.

Visando compensar tais danos ambientais e indenizar as gerações futuras que não

terão acesso a essa substância exaurível, as empresas pagam royalties e outros benefícios ao

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governo. Com esses recursos aumentando a receita de municípios e estados, o governo pode

investir cada vez mais em melhorias que proporcionem o bem estar social e o

desenvolvimento regional.

Além dos royalties e dos demais impactos indiretos da indústria petrolífera na

sociedade, observa-se nesse meio uma constante preocupação no que diz respeito e

responsabilidade social. As empresas tem se empenhado a agir mais diretamente nas

sociedades que tem acesso, se propondo a amenizar os principais problemas através de

projetos, iniciativas e ações sociais.

O presente trabalho se propõe a refletir sobre as possíveis transformações sociais que

petróleo e sua indústria têm potencial para realizar e, em especial, como essas transformações

estão ocorrendo no Brasil.

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ABSTRACT

The petroleum, its industry and all events around it are frequently themes in everyday

life of modern society. However, this substance and its use is not a peculiarity of the present

century. The black liquid that exuded from the earth naturally in some regions of the world

was already used by many ancient civilizations, with the most varied uses.

It was discovered that this oil, when distilled, results in a product that replaced whale

oil used for lighting in the nineteenth century. From there began a scramble by the search for

hydrocarbons and emerges the imposing oil industry. This industry was strengthened with the

expansion of the automobile industry. So, the oil sovereignty has been perpetuated to this day.

We need the oil and its derivatives to go from home to work and to do comfortably

family trips on the weekends. The oil is present in plastic bags which carry our purchases, in

our bicycles and cars´ tires, house´ paintings, in the plastic that covers our home appliances

and other things that we cannot even imagine. It would be really hard to think to live in

nowadays without the oil. The use of derivatives is not a question of comfort, but of necessity.

Therefore, it is intuitive to imagine that a substance and an industry so present in our

day-to-day can be impacting our way of life and society in general, directly or indirectly. Such

impacts, however, can be positives or not.

In fact, the use of oil makes our life more comfortable and practical. On the other

hand, the gases from burning fuel are highly harmful to the environment and contributes to

the greenhouse effect, among other environmental problems.

The oil industry generates thousands of jobs and constantly contributes to the

development of new sciences and technologies. However, this industry is one of the world's

most polluting.

To compensate such environmental damage and compensate future generations that

won't have access to this exhaustible substance, companies pay royalties and other benefits to

the government. With these resources the government can invest more in improvements that

provide social welfare and regional development.

In addition to royalties and other indirect impacts of the oil industry in society, there is

a constant concern with respect and social responsibility. The oil companies has been engaged

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to act more directly in the societies that have access, proposing to alleviate the major

problems through projects, initiatives and social action.

This study aims to reflect on the possible social changes that oil industry have the

potential to perform and, in particular, how these changes are occurring in Brazil.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

E&P Exploração e Produção de petróleo

TCE Tribunal de Contas do Estado

ANP Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis

EUA Estados Unidos da América

OPEP Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo

IEA International Energy Agency

BRIC Brasil, Rússia, Índia e China

IFDM Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

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LISTA DE SIGLAS

Vp Volume da produção de petróleo do campo no mês de apuração, em m³;

Pp É o preço de referência do petróleo produzido no campo no mês de apuração,

em R$/m³;

Vgn Volume da produção de gás natural do campo no mês de apuração, em m;

Pgn Preço de referência do gás natural produzido no campo no mês de apuração,

em R$/m³.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 O Petróleo ......................................................................................................... 6

Figura 2.2 Hidrocarboneto parafínico normal..................................................................... 6

Figura 2.3 Hidrocarboneto parafínico ramificado............................................................... 6

Figura 2.4 Hidrocarboneto parafínico cíclico...................................................................... 6

Figura 2.5 Olefina................................................................................................................ 6

Figura 2.6 Aromático........................................................................................................... 6

Figura 2.7 Rochas necessárias para a formação de petróleo .............................................. 8

Figura 2.8 Rocha-reservatório contando óleo .................................................................... 9

Figura 3.1 Primeiro poço de petróleo, perfurado pelo Coronel Drake, na

Pensilvânia......................................................................................................... 12

Figura 3.2 Processo Rotativo de perfuração de poços de petróleo..................................... 13

Figura 3.3 Broca utilizada nos dias atuais para perfuração de poços de petróleo............... 13

Figura 3.4 Distribuição geográfica das reservas provadas de petróleo............................... 23

Figura 3.5 Camada de pré-sal............................................................................................. 31

Figura 4.1 Reprodução da capa do livro “O Poço do Visconde"....................................... 37

Figura 4.2 Oscar Cordeiro diante do poço de Lobato, na Bahia, nos anos 30................... 38

Figura 4.3 Manifestação em prol do monopólio do petróleo no Brasil ............................. 39

Figura 4.4 Getúlio Vargas assina a Lei No. 2004, que cria a Petrobras............................. 40

Figura 4.5 Plataforma elevatória P-1, primeira plataforma móvel de perfuração da

Petrobras............................................................................................................. 41

Figura 4.6 Repercussão da Lei do Petróleo na imprensa............................................. 44

Figura 4.7 Localização dos blocos de pré-sal..................................................................... 45

Figura 6.1 Projeto social Oficinas do amba......................................................................... 79

Figura 6.2 Projeto Social de iniciativa da Petrobras que capacita jovens e adultos através

do carnaval......................................................................................................... 79

Figura 6.3 Site Radiotube (www.radiotube.org.br)............................................................ 80

Figura 6.4 Jovens participando do Projeto adiotube........................................................... 81

Figura 6.5 Artesã trabalhando no projeto “Nós da Trama"................................................. 82

Figura 6.6 Selo do Pacto Global ONU ............................................................................... 84

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Figura 6.7 Selo IBASE/ Betinho......................................................................................... 84

Figura 6.8 Biblioteca Móvel Itapemirim/Shell.................................................................... 86

Figura 6.9 Interior da biblioteca móvel............................................................................... 87

Figura 6.10 Espaço externo da biblioteca móvel, para atendimento do público................... 87

Figura 6.11 Criança usufruindo do projeto Biblioteca Móvel Itapemirim/Shell................... 88

Figura 6.12 Troféu do Prêmio Shell de Música.................................................................... 90

Figura 6.13 Prêmio Shell de Teatro....................................................................................... 91

Figura 6.14 Programa Saber Dividir .................................................................................... 91

Figura 6.15 Shell Project Better World................................................................................. 92

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 3.1 Evolução da demanda de energia e da taxa de crescimento econômico............ 18

Gráfico 3.2 Matriz Energética Brasileira............................................................................. 19

Gráfico 3.3 Consumo final por fonte .................................................................................. 20

Gráfico 3.4

Distribuição das reservas provadas de petróleo nos anos de 1987, 1997 e

2007 ................................................................................................................. 23

Gráfico 3.5 Evolução da estrutura de oferta de energia....................................................... 25

Gráfico 3.6 Derivados do petróleo após o refino................................................................. 27

Gráfico 3.7 Consumo final dos derivados de petróleo no Brasil......................................... 28

Gráfico 3.8 Consumo Setorial dos Derivados de Petróleo................................................... 29

Gráfico 3.9 Fontes de energia elétrica no Brasil.................................................................. 30

Gráfico 3.10 Maiores jazidas no mundo................................................................................ 32

Gráfico 4.1 Consumo mundial de petróleo – 2010 ............................................................. 45

Gráfico 4.2 Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo no Brasil .............. 46

Gráfico 4.3 Participação de países selecionados na capacidade total efetiva de refino....... 47

Gráfico 4.4

Volume de petróleo refinado e capacidade de refino, segundo refinarias –

2010................................................................................................................. 48

Gráfico 4.5

Distribuição percentual da produção de derivados de petróleo não

energéticos – 2010............................................................................................ 48

Gráfico 4.6

Distribuição percentual da produção de derivados de petróleo energéticos –

2010.................................................................................................................. 49

Gráfico 4.7 Matriz energética brasileira 2009..................................................................... 50

Gráfico 5.1 Crescimento demográfico de Rio das Ostras nos últimos 10 anos................... 62

Gráfico 5.2 IFDM: Rio das Ostras 2009 ............................................................................. 62

Gráfico 5.3 IFDM: Panorama nacional 2009....................................................................... 63

Gráfico 5.4 IFDM: Máximo, Mínimo e Mediana – Rio das Ostras 2009............................ 64

Gráfico 5.5 IFDM: Evolução anual...................................................................................... 65

Gráfico 5.6 Saúde: Máximo, Mínimo e Mediana – Rio das Ostras 2009............................ 66

Gráfico 5.7 Emprego & Renda: Panorama Regional .......................................................... 67

Gráfico 5.8 IFDM: Campos dos Goytacazes 2009.............................................................. 68

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Gráfico 5.9 IFDM: Máximo, Mínimo e Mediana – Campos dos Goytacazes 2009............ 69

Gráfico 5.10 IFDM: Evolução anual – Campos dos Goytacazes ......................................... 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Consumo Final por Fonte Energética.................................................................. 21

Tabela 3.2 Produção energética brasileira............................................................................ 22

Tabela 3.3 Os dez maiores consumidores de petróleo no mundo......................................... 26

Tabela 4.1

Produção de petróleo, por localização (terra e mar), segundo Unidades da

Federação............................................................................................................ 47

Tabela 4.2 Obrigação de Investimentos em P&D................................................................. 51

Tabela 5.1 Distribuição de Royalties (alíquota).................................................................... 58

Tabela 5.2 Distribuição de royalties (montante)................................................................... 59

Tabela 5.3 Distribuição de Royalties (montante) por Estados – Setembro de 2011............. 59

Tabela 5.4 Cidades que mais recebem Royalties no estado do Rio de Janeiro..................... 60

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO...................................................... 1

CAPÍTULO 2 – CONCEITOS INICIAIS............................................................................ 5

2.1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................ 5

2.2 - O PETRÓLEO – DEFINIÇÃO.................................................................................... 5

2.3 - A ORIGEM DO PETRÓLEO...................................................................................... 7

2.4 - PRODUÇÃO E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO - VISÃO GERAL....................... 9

CAPÍTULO 3 – “A ERA DO HIDROCARBONETO”...................................................... 11

3.1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11

3.2 - A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA: CONSAGRAÇÃO MUNDIAL

DO PETRÓLEO E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE AO LONGO DO TEMPO...... 11

3.2.1 - A ORIGEM DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO.................................................. 11

3.2.2 - EXPANSÃO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO................................................ 14

3.3 - MATRIZ ENERGÉTICA............................................................................................. 18

3.4 - UTILIDADES DO PETRÓLEO E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE.......... 26

3.5 - FATOR ESTRATÉGICO............................................................................................. 31

3.6 – CONCLUSÃO............................................................................................................. 33

CAPÍTULO 4 – O PETRÓLEO NO BRASIL................................................................... 35

4.1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................... 35

4.2 - SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA

BRASILEIRA....................................................................................................................... 35

4.3 – PETROBRAS.............................................................................................................. 40

4.4 - CONJUNTURA ATUAL............................................................................................. 44

4.5 - O PETRÓLEO MODIFICANDO O BRASIL............................................................. 49

4.6 – CONCLUSÃO............................................................................................................. 53

CAPÍTULO 5 – OS ROYALTIES DE PETRÓLEO E SEUS REFLEXOS NA

SOCIEDADE BRASILEIRA.......................................................................................... 54

5.1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................... 54

5.2 – ROYALTIES............................................................................................................... 54

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5.2.1 – DEFINIÇÃO........................................................................................................ 54

5.2.2 - DIVISÃO DOS ROYALTIES.............................................................................. 57

5.2.3 - OS MAIORES BENEFICIÁRIOS....................................................................... 59

5.3 - O REFLEXO DOS ROYALTIES NA SOCIEDADE.................................................. 60

5.3.1 - RIO DAS OSTRAS.............................................................................................. 61

5.3.2 - CAMPOS DOS GOYTACAZES......................................................................... 68

5.4 - POLÊMICA EM TORNO DA DIVISÃO DOS ROYALTIES................................... 71

5.5 – CONCLUSÃO............................................................................................................. 74

CAPÍTULO 6 – RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS DE

PETRÓLEO.................................................................................................................. 75

6.1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................... 75

6.2 - RESPONSABILIDADE SOCIAL............................................................................... 75

6.3 – PETROBRAS.............................................................................................................. 77

6.3.1 - A EMPRESA........................................................................................................ 77

6.3.2 - PROJETOS, AÇÕES E INICIATIVAS SOCIAIS............................................... 78

6.3.3 - RECONHECIMENTOS, PRÊMIOS E CERTIFICAÇÕES................................ 83

6.4 – SHELL......................................................................................................................... 85

6.4.1 - A EMPRESA........................................................................................................ 85

6.4.2 - PROJETOS, AÇÕES E INICIATIVAS SOCIAIS............................................... 86

6.4.3 - RECONHECIMENTOS, PRÊMIOS E CERTIFICAÇÕES................................ 93

6.5 – CONCLUSÃO............................................................................................................. 94

CAPÍTULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 98

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CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Há muitos tipos de óleo boiando: de fígado de bacalhau, de rícino e azeite.

Todos eles ajudam os homens a ficar sãos e fortes.

Mas nenhum consegue fazer o que nosso óleo faz:

Se aparece um poço o povo enlouquece com “Obsessão pelo petróleo”.

O vizinho Smith, um pobre rapaz, não podia arrumar um níquel;

Suas roupas eram furadas. E na hora certa, sua mão era leve.

Mas agora ele se veste com elegância, ostenta diamantes, luvas de pelica e bengala;

E deve seu sucesso à “obsessão pelo petróleo”.1

O trecho acima faz parte de uma das músicas ao som das quais os americanos

dançavam na época em que houve o boom do petróleo nos Estados Unidos. Assim que se

descobriu que o óleo negro que exsudava naturalmente em algumas regiões do planeta poderia

substituir satisfatoriamente o óleo de baleia usado para iluminação, houve uma busca febril

pelo petróleo. A música retrata o entusiasmo da população com a substância tão promissora,

mostrando que, naquela época, o petróleo não representava apenas uma fonte de iluminação,

mas também parte da cultura popular. Desde essa época até os dias atuais, o petróleo deixa

suas marcas nas comunidades que ele consegue alcançar. O presente trabalho se propõe a

fazer uma reflexão sobre os impactos do petróleo e de sua indústria na sociedade, ao longo do

tempo.

Inicialmente, o que o petróleo tinha a oferecer ao mundo era o querosene, conhecido

como “a nova luz” e obtido a partir da destilação do óleo. A gasolina era apenas um

subproduto sem utilidade, sendo descartada na maioria das vezes. Paralelamente à invenção

da lâmpada incandescente, o que poderia ter sido o fim da indústria do petróleo, a máquina a

combustão interna provida de energia pela gasolina ganhava espaço no meio industrial. O

carvão deixa de ser a principal fonte de energia e a indústria do petróleo ganha um novo

mercado.2

O petróleo, desde então, constrói a paisagem contemporânea e molda o modo de vida

moderno. A sociedade atual torna-se cada vez mais ligada a essa substância, não só pela

1YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 33. 2 Ibid., p. 14.

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dependência de transportes movidos a combustíveis fósseis, mas também pela crescente

necessidade dos seus derivados e dos diversos produtos que têm o petróleo como matéria

prima. Segundo Daniel Yergin:

“(...) a nossa sociedade se tornou uma “Sociedade do Hidrocarboneto”, e nós, na

linguagem dos antropólogos, “o Homem do hidrocarboneto. (...) No século XXI,

somos tão dependentes desse mineral e ele está tão embutido nas nossas atividades

diárias que dificilmente paramos para nos dar conta de seu penetrante significado.

É ele que torna possível nosso local de moradia, nosso modo de vida, o meio de

transporte que adotamos nos deslocamentos diários de casa para o trabalho, a

maneira como viajamos (...). Ele é o sangue vital das comunidades suburbanas. É

(junto com o gás natural) o componente fundamental da fertilização, da qual

depende a agricultura; possibilita o transporte de alimentos para as megacidades do

mundo, totalmente não autossuficientes. Também fornece os plásticos e elementos

químicos, que são os tijolos e a argamassa da civilização contemporânea, uma

civilização que desmoronaria caso os poços de petróleo secassem subitamente.” 3

Yergin também afirma que o petróleo é um gerador maciço de riquezas, tanto para os

indivíduos quanto para as companhias e para as nações como um todo: “Petróleo é quase

dinheiro” 4.

Diante da crescente necessidade por essa substância, a indústria de petróleo vem

expandindo-se de forma rápida, ganhando, a cada dia, mais importância e influência nas

sociedades em que estão instaladas e nos seus arredores. Essas indústrias acabam interagindo

com as sociedades em que atuam e, inevitavelmente, as transformam de alguma maneira. É

possível observar tanto transformações positivas quanto negativas, transformações essas que

serão discutidas no desenvolvimento desse estudo.

O principal objetivo desse trabalho é analisar a interação entre a indústria de petróleo e

a sociedade. A idéia é explorar as consequências econômicas, políticas, ambientais,

estratégicas e, principalmente, sociais oriundas das atividades de Exploração e Produção de

petróleo (E&P) e, a partir disso, refletir como essas consequências impactam as sociedades no

qual essas indústrias estão inseridas. Será analisado como a dependência mundial do petróleo,

a indústria petrolífera e outros fatores ligados ao tema, como os royalties, vêm causando

mudanças no cenário mundial ao longo dos anos, bem como o potencial desse setor para gerar

3 YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 14 – 15. 4 Ibid., p. 13.

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3

mudanças muito maiores. Inicialmente, será feita uma abordagem mundial, porém o enfoque

serão as comunidades brasileiras, em especial, municípios do estado do Rio de Janeiro.

A escolha do tema: “Reflexão sobre os Impactos do Petróleo e da Indústria Petrolífera

na Sociedade.” foi baseada na minha real afinidade e interesse pelo assunto, bem como o fato

de acreditar na importância da realização desse estudo. Nós, como integrantes de uma

sociedade que gira em torno do petróleo e de sua indústria, devemos nos preocupar com a

atuação deles no ambiente em que vivemos e refletir sobre as suas contribuições à nossa

geração e às gerações futuras. O estudo é relevante porque atenta o leitor para a questão, de

maneira que ele esteja apto a avaliar se as atividades de E&P estão contribuindo ou não para o

desenvolvimento das regiões em que vivemos, se os royalties estão sendo bem aplicados e

proporcionando melhores condições de vida principalmente às classes menos favorecidas, se a

indústria está gerando empregos e capacitando a população local e se as medidas sociais por

parte dessas indústria são, de fato, relevantes para a nossa sociedade.

Para cumprir o objetivo proposto, o presente trabalho está estruturado da seguinte

maneira:

Capítulo 1 – Apresentação do Trabalho

Capítulo 2 – Conceitos Iniciais: o próximo capítulo tem o objetivo de

inserir o leitor no ambiente da indústria de petróleo, de maneira que ele se faça

entender o contexto do trabalho. Será explicado o que é o petróleo e abordado de

forma sintética a sua origem e as principais etapas de sua cadeia produtiva.

Capítulo 3 – “A Era do Hidrocarboneto”: Será feita uma breve

abordagem do surgimento e desenvolvimento da indústria petrolífera no mundo. Tal

abordagem é necessária para mostrar que, desde sua descoberta, essa substância tem

tido papel fundamental nas sociedades ao longo do tempo. Posteriormente, será

abordada a supremacia do petróleo na matriz energética mundial, confirmando a sua

importância em nossas vidas. Serão também abordadas as utilidades não energéticas

de seus derivados, mostrando que a importância do petróleo está longe de ser apenas

como fonte de energia. Por último, será discutida a importância estratégica que o

petróleo adquiriu ao longo da história, tornando-se sinônimo de poder, dinheiro e

motivo de guerra.

Capítulo 4 – O Petróleo no Brasil: A partir desse capítulo, o enfoque

do trabalho passa a ser nacional. Serão descritos, brevemente, o surgimento e

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4

desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil e como essa indústria tem atuado

junto à sociedade brasileira desde que aqui foi descoberto petróleo.

Capítulo 5 – Royalties de Petróleo e a Sociedade Brasileira: Será

apresentado o conceito de Royalties de petróleo e mostrado como é feita a atual

distribuição desse montante entre municípios e estados brasileiros, destacando os

principais recebedores de Royalties do Brasil. Será avaliada a aplicação desse dinheiro

em benefício da sociedade, bem como sua má utilização por alguns governantes. No

final do capítulo, será discutida a polêmica em torno distribuição desses benefícios,

bem como as questões sociais por trás dessa discussão.

Capítulo 6 – Responsabilidade Social das Empresas de Petróleo:

Seguindo a linha dos demais, esse capítulo pretende mostrar como o petróleo e sua

indústria transformam as sociedades. Serão mostradas as principais iniciativas sociais

apoiadas e criadas por duas importantes empresas de petróleo - a Petrobras e a Shell -

de maneira a mostrar como empresas do ramo petrolífero têm se empenhado para

solucionar problemas das comunidades em que atuam, transformando, assim, a vida de

alguns brasileiros.

Para o desenvolvimento dos capítulos descritos acima, a metodologia utilizada foi uma

pesquisa bibliográfica. Foram consultados livros, outras monografias de graduação,

dissertações de mestrado, artigos publicados, estudos sociais realizados por algumas

instituições, informações presentes em sites de internet, jornais, sites das empresas citadas ao

longo do trabalho, sites de órgãos do governo como Tribunal de Contas do Estado (TCE),

Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Ministério da Fazenda

entre outros.

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5

CAPÍTULO 2 – CONCEITOS INICIAIS

2.1 Introdução

O presente capítulo vem apresentar alguns conceitos relacionados ao tema petróleo, de

maneira a contextualizar o leitor que não esteja familiarizado com alguns termos e definições.

Sendo assim, torna-se possível o melhor entendimento dos demais capítulos.

2.2 O Petróleo – Definição

O petróleo, no estado líquido, é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a

água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o castanho escuro. Algumas

dessas características podem ser observadas na figura 2.1.5

É considerada uma fonte de energia não renovável, de origem fóssil.

Trata-se de uma mistura complexa de hidrocarbonetos (compostos químicos

orgânicos, cujas moléculas são formadas por átomos de carbono (C) e hidrogênio (H)),

composta na sua maioria de hidrocarbonetos parafínicos normais, parafínicos ramificados,

parafínicos cíclicos, olefinas e aromáticos, podendo conter também quantidades pequenas de

nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos. As frações mais leves de

hidrocarbonetos formam os gases e as frações pesadas o óleo cru. As figuras 2.2, 2.3, 2.4, 2.5

e 2.6 apresentam um exemplo de cada um dos hidrocarbonetos citados acima. 6

A distribuição destes percentuais de hidrocarbonetos é que define os diversos tipos de

petróleo existentes no mundo. Sendo assim, podemos encontrar petróleos leves, médios e

pesados. Quanto mais leve for o óleo bruto, maior o seu valor comercial.7

5 THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p. 4. 6 Ibid., p. 6-10.

7 Ibid., p.6-10.

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6

Figura 2.1 - O Petróleo 8

Figura 2.2 –

Hidrocarboneto parafínico normal 9

Figura 2.3 –

Hidrocarboneto parafínico

ramificado10

Figura 2.4 –

Hidrocarboneto parafínico

cíclico11

Figura 2.5 – Olefina

12

Figura 2.6 - Aromático

13

8 Fonte: <http://ingenieria-de-yacimientos.blogspot.com/2008_10_01_archive.html>. Acesso em: 13.out.2011.

9 Fonte: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala21/21_02e.asp>. Acesso em: 13.out.2011.

10 Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Alcano>. Acesso em: 13.out.2011.

11 Fonte: <http://amigonerd.net/trabalho/14560-propriedades-dos-hidrocarbonetos>. Acesso em: 13.out.2011.

12Fonte: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Buteno>. Acesso em: 13.out.2011.

13 Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Buteno>. Acesso em: 13.out.2011.

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7

2.3 A Origem do Petróleo

O petróleo, segundo a teoria orgânica, é formado a partir da decomposição de

organismos fósseis que se depositaram junto com camadas de sedimentos. Submetidos, por

milhões de anos, ao calor, pressão e ausência de oxigenação, essa matéria orgânica depositada

transformou-se, gerando acumulações de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural). 14

Além das condições citadas acima, para que o petróleo seja gerado e para que ele

acumule é preciso que existam, no ambiente, rochas geradoras, rochas reservatórios e rochas

selantes, conforme indicado na figura 2.7.15

Rochas geradoras são aquelas que contêm matéria orgânica em quantidade e qualidade

adequadas, submetida à temperatura e pressão necessárias para a formação do petróleo. A

matéria orgânica em questão é basicamente originada de micro-organismos e algas que

formam o plâncton e não pode sofrer processos de oxidação. Para atender a necessidade de

condições não oxidantes, a rocha geradora deve possuir baixa permeabilidade, não permitindo

a circulação de água em seu interior. A interação desses fatores - matéria orgânica,

sedimentos e condições térmicas adequadas - é fundamental para o início da cadeia de

processos que leva à formação do petróleo.16

O petróleo, após ser gerado, é migrado para uma rocha chamada de reservatório,

ilustrada na figura 2.8, onde será acumulado. A condição necessária para que uma rocha

constitua um reservatório é apresentar espaços vazios no seu interior (poros) e que estes poros

estejam interconectados, ou seja, ela deve ser permeável. Desse modo, podem constituir

rochas reservatório as rochas sedimentares que sejam porosas e permeáveis. As rochas

sedimentares são formadas por sedimentos, que são detritos de rochas resultantes da erosão da

crosta terrestre pela ação da natureza.17

Para que o óleo permaneça na rocha reservatório para a qual migrou, de maneira a

formar uma acumulação de petróleo, deve existir uma espécie de barreira que impeça o

petróleo de continuar escoando. Somente rochas dotadas de baixa permeabilidade podem

impedir tal escoamento. Rochas com essas características são chamadas de rochas selantes.

14

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p 15-21. 15

Ibid., p.15-21. 16

Ibid., p.15-21. 17

Ibid., p.15-21.

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8

A rocha selante também deve ser dotada de plasticidade, característica que a capacita a manter

sua condição selante mesmo depois de submetida a esforços de deformações. 18

Figura 2.7 - Rochas necessárias para a formação de petróleo 19

A ausência de qualquer uma das três rochas apresentadas impossibilita a existência de

uma acumulação petrolífera. Porém, a presença de todas elas em uma bacia sedimentar não

garante a presença de jazidas de Petróleo. Necessariamente, toda jazida petrolífera é uma

rocha sedimentar, mas o contrário nem sempre é válido. Por esse motivo, a busca por novas

reservas é uma tarefa difícil, cara e exige muita paciência.20

2.4 Produção e Exploração de Petróleo: Visão Geral

A indústria de petróleo pode ser dividida em dois grandes setores: downstream e

upstream. O primeiro corresponde às atividades de refino do petróleo bruto, tratamento de gás

natural, transporte, comercialização e distribuição de derivados. Já a segunda envolve as

atividades de E&P.21

18

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p 15-21. 19

Ibid.

20 Ibid..

21 MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ. 2007. p. 92-93.

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9

Figura 2.8 – Fotomicrografia de rocha-reservatório contando óleo 22

O segmento upstream da indústria de petróleo e gás natural pode ser dividido em

quatro grandes etapas:

• Exploração – Corresponde ao conjunto de operações destinadas a avaliar áreas,

objetivando a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural. Envolve prospecção

geofísica e perfuração de poços exploratórios. 23

• Desenvolvimento – Consiste no conjunto de operações e investimentos destinados a

viabilizar as atividades de produção em um campo de petróleo ou gás natural. Ocorre após

encontrar-se uma jazida economicamente recuperável durante a etapa de exploração. Envolve

a perfuração de um ou mais poços, desde o início até o abandono, se não forem encontrados

hidrocarbonetos, ou até a chamada completação24

dos poços, caso sejam encontrados

hidrocarbonetos em quantidades economicamente viáveis. 25

22

MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ. 2007. p. 19. 23

Ibid. p. 92-93. 24

A completação é um conjunto de operações cujo objetivo e equipar o poço para que ele possa produzir. 25

MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ. 2007. p. 92-93.

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10

• Produção – Consiste no conjunto de operações de extração de petróleo ou gás

natural de uma jazida e de preparo para a sua movimentação. É o processo de extração em si

dos hidrocarbonetos.26

• Abandono – Corresponde à série de operações destinadas a restaurar o isolamento

entre os diferentes intervalos permeáveis, podendo ser permanente, quando não houver

interesse de retorno ao poço, ou temporário, quando por qualquer razão houver interesse de

retorno ao poço. Envolve o fechamento dos poços e ocorre quando os poços já não são mais

economicamente viáveis.27

26

MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ. 2007. p. 92-93. 27

Ibid., p.92-93.

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11

CAPÍTULO 3 – “A ERA DO HIDROCARBONETO”

3.1. Introdução

O presente capítulo tem por objetivo fazer uma descrição superficial do surgimento e

desenvolvimento da indústria de petróleo no mundo, mostrando sua extrema importância para

a sociedade moderna. O foco do capítulo, porém, não é relatar detalhadamente todos os

acontecimentos históricos em que o petróleo esteve envolvido, mas sim enfatizar a

importância que o petróleo foi adquirindo, ao longo do tempo, na economia mundial e no dia-

a-dia da população, bem como os impactos de sua indústria e comércio na sociedade, sejam

esses impactos sociais, econômicos, ambientais, políticos, ou outros. Primeiramente, será

abordada a origem da indústria do petróleo, em meados do século XIX. Após, serão

comentados alguns acontecimentos que contribuíram para a expansão da indústria petrolífera

e para a consagração do petróleo. Outro tópico mostrará a utilidade energética desta

substância e sua supremacia na matriz energética mundial. Serão também abordadas as

demais utilidades de seus derivados, mostrando como a sociedade atual é dependente desse

hidrocarboneto, não só energeticamente. O último tópico abordará a importância estratégica

que o petróleo adquiriu nos últimos anos, tornando-se sinônimo de dinheiro e poder para

diversas nações do mundo e, consequentemente, a causa de diversos conflitos e guerras.

3.2. A História da Indústria Petrolífera: Consagração Mundial do Petróleo e

seus Impactos na Sociedade ao Longo do Tempo.

3.2.1. A Origem da indústria de petróleo

A moderna indústria do petróleo teve sua origem nos Estados Unidos (EUA), em

1859, com a perfuração do primeiro poço pelo “Coronel” Drake, no estado da Pensilvânia,

conforme mostrado na figura 3.1. O poço de apenas 21 metros de profundidade foi perfurado

com um sistema de percussão movido a vapor. 28

28

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p 1.

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12

Figura 3.1 - Primeiro poço de petróleo, perfurado pelo Coronel Drake, na Pensilvânia.29

Embora o petróleo já fosse conhecido na Antiguidade e na Idade Média (a partir de

exsudações naturais e para fins não energéticos, conforme será abordado no decorrer deste

capítulo), a moderna indústria de petróleo somente se desenvolveu a partir da descoberta de

Drake. 30

Nestes primórdios, utilizava-se um derivado do petróleo, o querosene, obtido a partir

de sua destilação em refinarias, em substituição ao querosene oriundo do carvão e do óleo de

baleia, que era largamente utilizado para a iluminação. As refinarias também produziam

lubrificantes e graxas para o mercado e os demais óleos residuais eram, em geral, queimados

na própria refinaria ou indústrias vizinhas. 31

Não havia ainda nenhuma tecnologia relacionada às atividades de produção e

exploração. Os únicos campos explorados eram em terra por serem de mais fácil perfuração e

a exploração de petróleo era feita a partir da localização visual do petróleo, através de

afloramentos naturais. 32

29

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p. 30

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p. 1. 31

Ibid., p.1. 32

Ibid., p.1.

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13

Não havia, também, boa padronização da qualidade do querosene produzida. A

indústria de petróleo apenas começou a se organizar com a criação da companhia Standard

Oil, de John Rockfeller. Conforme sugere o termo standard 33

, o propósito da companhia era

padronizar o produto final, a querosene, de modo a conquistar o mercado pela qualidade de

seu produto.34

Com a invenção de motores a gasolina e a diesel, a utilização dos derivados de

petróleo aumentou expressivamente, bem como o lucro na comercialização desses produtos.

A partir daí a atividade se expandiu por todo o mundo, mas o pioneirismo e a liderança

americana influenciaram fortemente todo o processo produtivo.

Em 1900, iniciou-se a perfuração através do processo rotativo utilizando brocas,

conforme a figura 3.2. Esse processo foi se desenvolvendo e progressivamente substituindo o

sistema de percussão movido a vapor. Na figura 3.3 observa-se um exemplo de broca

utilizada nos dias atuais.35

Figura 3.2 - Processo Rotativo de

perfuração de poços de petróleo. 36

Figura 3.3 - Broca utilizada nos dias atuais para

perfuração de poços de petróleo.37

33

Standard é um termo inglês que, em português, significa “padrão”. 34

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p. 35

SOUZA, P.J.B; LIMA, V. L. Avaliação das técnicas de disposição de rejeitos da perfuração terrestre de

poços de petróleo. Salvador, 2002. p. 8 36

Fonte: <http://www.geocities.ws/perfuracao/equi.htm>. Acesso: 01.set.2011 37

Fonte:<http://portalmaritimo.com/2011/07/31/brocas-de-perfuracao-conheca-alguns-detalhes/>.Acesso:

16.out.2011

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14

Seguindo os norte-americanos, outros países como Rússia, Itália, Canadá, Polônia,

Japão, Alemanha e outros começaram a desenvolver pesquisas na área de petróleo.

Observa-se que, desde o início, a indústria de petróleo imprime sua importância para

o desenvolvimento da economia, da sociedade e do modo de vida dos países de todo o mundo.

A indústria de petróleo foi muito relevante para o desenvolvimento econômico dos EUA

como um todo, constituindo-se numa indústria criadora e difusora de inovação tecnológica.

3.2.2. Expansão da Indústria de Petróleo

A Primeira Guerra Mundial (1914-1919) consagrou a importância estratégica do

petróleo. Cavalos e locomotivas a carvão foram substituídos pelos veículos movidos por

motores a gasolina ou a diesel.38

O petróleo transformou-se em material de guerra e foi capaz de modificar toda a

estratégia bélica, ao possibilitar maior mobilidade às tropas militares devido ao óleo

combustível, maior poder de fogo dos exércitos decorrente do uso de aviões, grande força e

dinâmica das marinhas de guerra, além de ter superado a soberania do ferro e carvão

alemães.39

A larga utilização de seus derivados no conflito fez com que o abastecimento dessas

substâncias se tornasse uma questão de extrema importância para os países envolvidos. Nesse

contexto, o governo dos Estados Unidos enxergou uma oportunidade de expansão de seus

negócios petrolíferos, e passou a incentivar empresas do país a operarem no exterior. A partir

daí, firmou-se a dependência européia pelo petróleo americano.40

Se a I Guerra consagrou o petróleo, a II Guerra Mundial veio confirmar a sua

importância.

Ocorreram longos combates, com grandes movimentações e uso intensivo de

combustível. O petróleo reafirmou sua importância estratégica, sendo este fator decisivo na

maioria dos conflitos que ocorreram durante a II Guerra, pois possuir um abastecimento de

petróleo suficiente significava vantagens bélicas sobre o adversário, por isso, o suprimento de

petróleo foi questão de interesse para todas as nações envolvidas 41

38

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 187- 206. 39

Ibid. 40

Ibid. 41

Ibid.

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15

Os países pertencentes ao Eixo, em especial a Alemanha e o Japão, sofreram com as

limitações de acesso ao petróleo. Durante a batalha, foram em busca de reservas de óleo que

garantissem o abastecimento de petróleo durante toda Guerra. Apesar do sucesso inicial, esses

países não puderam suportar o longo tempo de duração da Guerra e as limitações de

abastecimento.42

Pelo lado dos Aliados, o suprimento foi garantido pelos EUA, que contavam com uma

grande capacidade de produção de petróleo (quase 2/3 do total mundial).43

Para garantir tal suprimento, os Estados Unidos investiram fortemente no aumento de

produção e em avanços tecnológicos. 44

A extrema dependência dos países, durante a guerra, pelo petróleo americano e o

consequente desenvolvimento de sua indústria petrolífera levaram à consolidação da

hegemonia mundial dos Estados Unidos. Os EUA além de produzir, passaram a importar

petróleo, principalmente do Oriente Médio que, com a descoberta de imensas reservas, se

transformara no principal fornecedor. 45

Após a Segunda Guerra Mundial, observou-se um crescimento acelerado do consumo

energético mundial, devido à reconstrução e modernização das economias europeia e japonesa

e pelo desenvolvimento da indústria automobilística nos EUA, no Japão e na Europa. Assim,

o petróleo deixa de fazer parte apenas do modo de vida americano e passa a estar mais

presente no dia-a-dia japonês e europeu. Para acompanhar esse crescente consumo, as

produções de petróleo e de gás natural cresceram em ritmo veloz. 46

O carvão era a fonte de energia mais importante durante a Revolução Industrial,

quando era utilizado em máquinas a vapor e para movimentação de transportes ferroviários.

Porém, após a Segunda Grande Guerra, os automóveis, cuja utilização já era crescente no

decorrer do século XX, passaram a competir com as ferrovias como principais fontes de

transporte. A partir daí, observou-se uma gradual substituição das máquinas a vapor por

motores de combustão interna movidos a derivados de petróleo. Tal substituição foi

impulsionada pela dificuldade no transporte de carvão em larga escala. A partir daí, foi

42

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 341- 435. 43

Ibid. 44

Ibid. 45

Ibid. 46

Ibid.

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16

tornando-se cada vez maior a substituição do carvão por óleo combustível, para uso industrial

e geração elétrica, e por diesel e gasolina, para transportes. 47

A partir do desenvolvimento da indústria de veículos automotores, o petróleo tomou o

lugar do carvão como principal fonte de energia das economias nacionais. 48

O automóvel é uma das maiores marcas da sociedade e cultura de consumo moderna,

sendo o setor de transporte, ainda hoje, o destino da maior parte do petróleo extraído. Os

desenvolvimentos da indústria automobilística e da petrolífera sempre estiverem estritamente

relacionados. Da mesma forma que a indústria automobilística teve papel fundamental para a

expansão e consolidação da indústria de petróleo, pois é esta a responsável pela maior parte

da demanda mundial por derivados, a indústria petrolífera teve igual importância no

desenvolvimento da automobilística.

Outra consequência das duas Grandes Guerras foi a confirmação da importância

geopolítica da indústria de petróleo, devido ao seu papel nos dois conflitos e de sua relevância

para as economias nacionais. Após a II Guerra, passou a haver uma política mais firme dos

governos dos países produtores na negociação de contratos de concessão, levando ao

surgimento das grandes estatais de petróleo, inclusive a Petrobras. 49

Até 1960, o mercado petrolífero era dominado por um grupo formando pelas sete

maiores companhias de petróleo transnacionais, as chamadas “sete irmãs” 50

. Porém, com a

criação da OPEP (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo)51

e o

fortalecimento das petrolíferas estatais, associado ao crescimento das chamadas empresas de

petróleo “independentes”, houve um declínio do poder de controlar o mercado exercido pelas

“setes irmãs”.52

Tanto a criação da OPEP quanto os, assim chamados, choques de preços de petróleo,

em 1973 e 1979, foram os fatores mais relevantes para a mudança na estrutura da indústria

petrolífera mundial. Tais choques contribuíram para a interrupção do ritmo de crescimento

econômico mundial após a Guerra, e desencadearam a crise do petróleo, configurada, para os

países consumidores, como uma crise de déficit de oferta, e, para os países produtores árabes

47

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 341 – 435 48

Ibid. 49

Ibid. 50

As empresas que pertenciam ao grupo “Sete Irmãs” são: Royal Dutch Shell, Anglo-Persian Oil

Company (APOC), Standard Oil of New Jersey (Esso), Standard Oil of New York (Socony); Texaco, Gulf Oil

e Standard Oil of California (Socal). 51

CANELAS, A.L.S. Investimento em produção e exploração após a abertura da indústria petrolífera no

Brasil: impactos econômicos, Monografia de Bacharelado. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30. 52

Ibid., p. 16-30.

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17

da OPEP, como o início de um processo de nacionalizações, tendo como pano de fundo a

ocorrência de uma série de conflitos envolvendo-os. Do período anterior ao primeiro choque,

em 1970, até 1981, posterior ao segundo choque, o preço do barril de petróleo aumentou de

cerca de US$3,35 para US$37,38, desestabilizando a economia mundial, provocando recessão

em diversos países.53

Tais choques de petróleo estimularam a pesquisa e a produção de petróleo em novas

áreas, mas também impulsionaram uma busca constante pela substituição dos derivados de

petróleo por fontes de energia alternativas. Também contribuíram para um aumento da carga

tributária das atividades petrolíferas, de modo a racionalizar o consumo de derivados,

evitando desperdícios. Posteriormente às crises, crescem, também, os anseios por legislações

ambientais mais rigorosas, visto que a indústria de petróleo pode ser altamente agressiva ao

meio ambiente. 54

Em 1986, em função principalmente do aumento de produção em áreas não

controladas pela OPEP, ocorreu o “contra-choque do petróleo”, o que leva a uma queda

acentuada nos seus preços. 1986 marca o final da hegemonia da OPEP no controle irrestrito

dos preços internacionais de petróleo, iniciando-se a chamada “era do consumidor” no

controle dos preços.55

O Oriente Médio é a região onde se encontram as maiores reservas de petróleo do

mundo. Os conflitos nessa região sempre existiram, causados por velhos motivos religiosos e

territoriais. Porém um novo motivo vem gerar mais guerras: o petróleo. Sendo assim, o

Oriente Médio tornou-se uma das áreas mais tensas do mundo.

Tendo-os como motivação explícita ou velada, o acesso e controle das reservas de

petróleo deram ensejo a conflitos importantes, como a guerra do Golfo, em 1991, a invasão do

Iraque em 2003 e a guerra do Afeganistão, em 2001; situações que corroboram a importância

geopolítica e energética desta matéria prima, que movimenta a maioria das economias

nacionais, modificando as sociedades em que sua indústria se implanta.56

Diversos fatos políticos relacionados ao petróleo, sendo os de maior destaque narrados

neste breve histórico, moldaram um modus vivendi da sociedade contemporânea dependente

do petróleo não somente como fonte de energia, pois que seus derivados são matéria-prima

para a manufatura de inúmeros bens de consumo.

53

CANELAS, A.L.S. Investimento em produção e exploração após a abertura da indústria petrolífera no

Brasil: impactos econômicos, Monografia de Bacharelado. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30. 54

Ibid. 55

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p. p.841-871. 56

Ibid., p. 907.

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18

3.3. Matriz Energética

A qualidade de vida de uma população e o progresso econômico de um país estão

estritamente relacionados ao uso de vários tipos de energia, desde a energia elétrica até a

energia fornecida por combustíveis fósseis, essenciais para a movimentação da maior parte

dos meios de transporte modernos.

Sendo assim, a sociedade moderna torna-se cada vez mais dependente do

abastecimento energético, pois este proporciona conforto, comodidade e praticidade.

Os crescimentos da população mundial e da economia nos países em desenvolvimento

implicam, necessariamente, no aumento do consumo de energia. No caso do Brasil, conforme

mostrado no gráfico 3.1, observamos que, mesmo quando não houve crescimento da

economia brasileira, a procura por fontes energéticas foi crescente. E, segundo o mesmo

gráfico, a tendência é que essa demanda cresça ainda mais nas próximas duas décadas.

Gráfico 3.1 - Evolução da demanda de energia e da taxa de crescimento econômico 57

Uma das fontes de energia que o estilo de vida da sociedade ocidental mais depende é

o petróleo. Dentre suas inúmeras utilidades, destacam-se a geração de energia e a utilização

de derivados para a movimentação da maior parte dos transportes que utilizamos. No Brasil,

57

TOLMASQUIM, M.T.; GUERREIRO, A.; GORINI, R. Matriz Energética Brasileira. 2007. Estudo realizado

por membros da Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Brasília, 2007. p. 49.

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19

ele é o líder da matriz energética nacional, correspondendo a 39%, de acordo com o gráfico

3.2.

Gráfico 3.2 – Matriz Energética Brasileira 58

A partir da expansão da indústria automobilística, derivados como gasolina e óleo

diesel, até então sem grande importância, passaram a ser usados como principais propulsores

de energia para os meios de transporte, o que fez com que a substância rapidamente se

transformasse na principal fonte da matriz energética mundial.

Gráfico 3.3 - Consumo final por fonte 59

58

PINTO JR, H.Q. Matriz Brasileira de Combustíveis. 2008. Relatório realizado por membros do Grupo de

Economia da Energia - Instituto de Economia/UFRJ. Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

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20

O gráfico 3.3 mostra como o consumo de derivados de petróleo é significativo na

matriz energética brasileira.

O somatório do consumo de todos os derivados é significativamente superior ao

consumo da soma de todas as outras fontes de energia, tendo representado um valor acima de

40% do consumo total (tabela 3.1), entre os anos de 2000 e 2003.

Tabela 3.1 - Consumo Final por Fonte Energética 60

A tabela 3.2 mostra a produção energética brasileira, sendo o petróleo o que possui os

maiores percentuais de produção.

59

Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Brasília, 2010. p.19. 60

Ibid., p.20.

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21

Tabela 3.2 - Produção energética brasileira 61

Para atender a demanda atual de petróleo, as grandes empresas petrolíferas têm

investido no desenvolvimento e otimização da etapa de exploração, de maneira a encontrar

mais reservas ao longo do mundo. São desenvolvidas, também, tecnologias visando

maximizar a produção de petróleo de jazidas já encontradas.

Quanto as reservas já provadas, temos na figura 3.4 um mapa mostrando a localização

das reservas de petróleo mundiais e o gráfico 3.3 mostra como essas reservas estão

distribuídas.

Hoje, as maiores delas estão concentradas no Oriente Médio. Apenas 5 países – Arábia

Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes – respondem a 55% do total, acima de 700

bilhões de barris. As reservas da OPEP alcançam 75% do total mundial e sua produção está

por volta de 40% do mundo. Os maiores produtores individuais são Rússia, Arábia Saudita e

Estados Unidos - todos com mais de 7.000.000 bpd, responsáveis por quase 1/3 do total.

61

Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Brasília, 2010. p.16.

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22

Figura 3.4 - Distribuição geográfica das reservas provadas de petróleo 62

Gráfico 3.4 - Distribuição das reservas provadas de petróleo nos anos de 1987, 1997 e 2007 63

62

Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Brasília, 2010. p.19. 63

British Petroleum, BP Statistical Review of World Energy. 2008

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Dentre as fontes mais importantes na matriz energética mundial, juntamente com o

petróleo, estão o carvão, o gás natural, a energia nuclear e hidrelétrica que respondem por

quase 90% do consumo, onde a participação de cada uma delas varia ao longo do tempo e

entre regiões.

No Brasil, os derivados de cana têm ganhado bastante destaque na matriz energética.

Por fim o petróleo é hoje a principal fonte energética mundial com confortável folga

sobre as demais. O consumo em 2009 foi de 84.900.000 de barris por dia.64

Para que o petróleo alcançasse tal importância na matriz energética, alguns fatos foram

relevantes, tais como:

- Baixo preço, na maior parte do tempo, tanto do petróleo quanto dos seus

derivados;

- Disponibilidade, proporcionando segurança energética, até hoje;

- Facilidade e baixo custo do transporte, armazenamento e manuseio

(oleodutos, petroleiros);

- Altas taxas de retorno, apesar dos elevados investimentos iniciais;

- Versatilidade de uso (conforme será visto no próximo tópico deste capítulo);

- A sua queima é um processo simples, com baixo nível de desperdício, com

energia concentrada e fácil de aproveitar.

O gráfico 3.5 ilustra como a matriz energética nacional tem evoluído a cada 30 anos.

De 1970 para 2000 observa-se um aumento na oferta de petróleo devido à expansão da

indústria petrolífera nesse período e a crescente necessidade da sociedade por seus derivados.

Porém, essa oferta mostra-se com perspectiva decrescente entre 2000 e 2030. Estima-se que

essa queda na oferta possa ocorrer devido ao desenvolvimento das pesquisas para a

substituição do petróleo por fontes alternativas e renováveis. Tal preocupação refere-se a

futura exaustão de reservas, pois o petróleo é um recurso não renovável. O impacto ambiental

provocado pela indústria de petróleo e pela queima de seus derivados também impulsiona o

crescimento das fontes alternativas na matriz energética.

64

IEA – International Energy Agency. Disponível em: < http://www.iea.org/>. Acesso em: 20.nov.2011

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24

Gráfico 3.5 - Evolução da estrutura de oferta de energia.65

Conforme foi afirmado ao longo deste tópico, o petróleo é a fonte energética mais

consumida no mundo. Entre os maiores consumidores, os países industrializados estão entre

os líderes do ranking mundial. Mas os países em fase de crescimento econômico acelerado

começaram a se destacar nos últimos anos. Em 2007, os EUA mantiveram a liderança do

ranking, consumindo aproximadamente 20,7 milhões de barris por dia. Abaixo, encontram-se

os países em desenvolvimento econômico acelerado, o chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e

China), tendo o Brasil ficado na 9ª posição, conforme tabela 3.3.

65

TOLMASQUIM, M.T.; GUERREIRO, A.; GORINI, R. Matriz Energética Brasileira. 2007. Estudo realizado

por membros da Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Brasília, 2007. p. 60.

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25

Tabela 3.3 - Os dez maiores consumidores de petróleo no mundo 66

3.4. Utilidades do petróleo e sua importância na sociedade

Desde a Antiguidade, o petróleo obtido através de exsudações naturais, já tinha

participação na vida do homem. Era usado para fins medicinais, para lubrificação, entre

outros. Segundo Thomas:

Na antiga Babilônia, os tijolos eram assentados com asfalto e o betume era

largamente utilizado pelos fenícios na calafetação de embarcações. Os egípcios o

usaram na pavimentação de estradas, para embalsamar os mortos e na construção

de pirâmides, enquanto gregos e romanos dele lançaram mão para fins bélicos. No

Novo Mundo, o petróleo era conhecido pelos índios pré-comlombianos, que o

utilizavam para decorar e impermeabilizar seus potes de cerâmica. Os incas, os

maias e outras civilizações antigas também estavam familiarizados com o petróleo,

dele se aproveitando para diversos fins.67

Conforme dito no início do capítulo, em meados do século XIX, descobriu-se que a

destilação do petróleo resultava em produtos que substituíam o querosene obtido de óleo de

baleia, amplamente usado para iluminação.

66

British Petroleum, BP Statistical Review of World Energy. 2008. 67

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p. 1.

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26

Com a invenção dos motores a gasolina e a diesel, a demanda por petróleo cresceu

expressivamente.

Não há aplicação direta para o óleo cru. Para que o petróleo tenha utilidade, é

necessário o processo de refino, onde seus componentes serão fracionados, originando seus

derivados, que serão distribuídos a um mercado consumidor pulverizado e diversificado, para

serem utilizados em diversas finalidades.

Os derivados mais conhecidos são: gás liquefeito (GLP, ou gás de cozinha), gasolina,

nafta, óleo diesel, querosene de aviação e de iluminação, óleo combustível, asfalto,

lubrificante, combustível marítimo, solventes, parafinas e coque de petróleo. O percentual

médio de derivados obtidos após o refino é ilustrado no gráfico 3.6 e o consumo final de cada

um desses derivados é mostrado no gráfico 3.7 .68

Gráfico 3.6 - Derivados do petróleo após o refino 69

68

O percentual de derivados obtidos após o refino é uma média. Esse percentual varia, dependendo da qualidade

do petróleo: leve, médio ou pesado, de acordo com o tipo de solo do qual foi extraído e a composição química.

O petróleo leve, como aquele produzido no Oriente Médio, dá origem a maior volume de gasolina, GLP e

naftas. Por isso é, também, o mais valorizado no mercado. As densidades médias produzem principalmente

óleo diesel e querosene. As mais pesadas, características da Venezuela e Brasil, produzem mais óleos

combustíveis e asfaltos.

69ANP. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Rio de Janeiro. 2011

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27

Gráfico 3.7 - Consumo final dos derivados de petróleo no Brasil70

Porém, ao contrário do que muitos pensam, o petróleo não tem apenas a finalidade

energética que foi descrita no tópico anterior. Seus derivados também servem como base para

a fabricação dos mais variados produtos da indústria petroquímica. Além da gasolina, vários

outros produtos que nos são essenciais, são oriundos dos derivados de petróleo. O petróleo é a

principal matéria-prima de toda uma cadeia produtiva que envolve indústrias dos mais

diversos setores. O gráfico 3.8 mostra qual tem sido a finalidade do petróleo nos últimos anos.

Podemos observar que, em 30 anos, não só o seu uso como combustível cresceu, o seu uso

para fins não energéticos também teve um aumento de mais de 5% .

Dentre os produtos que têm o petróleo como matéria-prima, podemos destacar as

tintas, ceras, vernizes, resinas, pneus, borrachas, cosméticos, fósforos, chicletes, filmes

fotográficos e fertilizantes. Podemos refletir sobre a importância da maioria desses materiais

em nosso dia-a-dia e imaginar o quanto seria complicada nossas vidas sem alguns deles.

70

Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Rio de Janeiro, 2010, p.27.

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28

Gráfico 3.8 – Consumo Setorial dos Derivados de Petróleo71

Além dos citados anteriormente, os polímeros produzidos pelas indústrias

petroquímicas formam diferentes tipos de resinas plásticas, cada qual voltada para uma

finalidade específica. Algumas dessas resinas, por exemplo, são usadas pelas indústrias de

brinquedos, adesivos, caixas d'água, lonas, frascos de soro, tampas para alimentos,

embalagens para sorvetes, tampas para refrigerantes, frascos para água sanitária, alvejantes e

desinfetantes, filmes para fraldas descartáveis e coletores de lixo, entre outros.

Outra utilidade dos derivados de petróleo é a geração de energia elétrica. Para

produção de eletricidade, utiliza-se o óleo diesel e o óleo combustível. No gráfico 3.9 está

ilustrada a contribuição dos derivados de petróleo na geração de energia elétrica no Brasil. Por

mais que ela seja insignificante diante das hidrelétricas, a participação do petróleo na geração

de energia é superior a eólica, ao gás natural, a nuclear e ao carvão.

71

Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Rio de Janeiro, 2010, p.170.

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29

Gráfico 3.9 - Fontes de energia elétrica no Brasil72

Diante de todas as possíveis utilizações do petróleo e seus derivados expostas até

agora, sendo elas energéticas ou não-energéticas, e diante do conforto, comodidade e

desenvolvimento que a utilização desses derivados proporciona a sociedade, seus cidadãos

tornam-se cada vez mais ligados à essa substância. Estamos, definitivamente, vivendo a era

do petróleo e provavelmente esta situação não irá mudar nos próximos anos. Necessitamos de

seus derivados para a geração de energia, para movimentação da economia, para nossa própria

locomoção, e para a produção de diversos bens de consumo essenciais ao nosso dia-a-dia.

3.5. Fator estratégico

As atividades relacionadas à cadeia produtiva do petróleo possuem um caráter

estratégico em termos de segurança nacional e uma importância geopolítica.

Em decorrência disso, os Estados tendem a controlar as atividades de E&P

desenvolvidas em seu país. Em muitos países, as principais companhias petrolíferas são

estatais ou atuam em área concedida pelo governo, através de contratos de exploração. No

72

Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Rio de Janeiro, 2010, p.12.

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30

Brasil, o Estado exerceu o monopólio até 1997, por meio da Petrobras, conforme dito

anteriormente. Depois disso, foi permitida a atuação de empresas privadas privada em

ambiente regulado pela ANP.

Recentemente, a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo na camada pré-sal na

Bacia de Santos. A denominação pré-sal é dada a um grupo de rochas originadas pela

sedimentação ocorrida durante a formação do Atlântico Sul, que se alocaram no subsolo,

abaixo de uma espessa camada de sal. Na figura 3.5, o item 4 mostra o posicionamento da

cama pré-sal.

Figura 3.5 – Camada de pré-sal.73

Acredita-se que o pré-sal contenha grandes reservatórios de óleo leve, de boa

qualidade. Estima-se que as rochas do pré-sal se estendem por 800 quilômetros do litoral

brasileiro, desde Santa Catarina até o Espírito Santo, e chegam a atingir até 200 quilômetros

73

Fonte: <http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/petroleo/presal/>. Acesso em:

20.nov.2011.

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31

de largura, possuindo cerca de 1,6 trilhão de metros cúbicos de gás e óleo. O número é cinco

vezes maior do que as reservas atuais do país.74

Tal descoberta representa, de fato, uma enorme importância estratégica para o país já

que, contabilizando essas reservas, o Brasil passa a ser o terceiro maior possuidor de reservas

no mundo, perdendo apenas para o Kuwait e a Arábia Saudita, como pode ser visto no gráfico

3.10.

Gráfico 3.10 – Maiores jazidas no mundo75

A exploração em campos de pré-sal está exigindo elevados investimentos e

desenvolvimento tecnológico específico, já que há mais dificuldades para produzir nesses

campos.

74

Veja.com. Pré-Sal. 2009. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/pre-

sal/>. Acesso em: 20.nov.2011. 75

Fonte: <http://www.revistabrasileiros.com.br/secoes/especiais/noticias/113/>. Acesso em: 20.nov.2011.

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32

A descoberta do pré-sal é extremamente importante para o país, já que o petróleo

representa a principal fonte primária da matriz energética mundial, além de insumo para

praticamente todos os setores industriais.

Algumas das vantagens estratégicas do país que detém reservas de petróleo e uma

indústria petrolífera desenvolvida são:

- Importância geopolítica;

- Segurança interna em setores como transporte e produção de eletricidade;

- Aumento da participação no comércio internacional.

Se por um lado a indústria petrolífera provocou acentuado desenvolvimento

econômico e social, o petróleo também gerou sucessivas guerras e crises internacionais ao

longo do século XX, algumas dessas guerras descritas no início deste capítulo.

Conforme dito anteriormente, a importância estratégica do petróleo também foi

bastante evidente nas duas Grandes Guerras.

O petróleo contribuiu para que o Oriente Médio se tornasse uma das áreas mais tensas

do mundo, devido as suas expressivas reservas.

O petróleo, portanto, representa poder, segurança energética, condições estratégicas,

possível causa de conflitos e acima de tudo, dinheiro. Como disse Yergin:

(...) durante as várias décadas que estão por vir – seja com preços altos, baixos ou

em algum lugar no meio do caminho -, o petróleo será um fator central na política

mundial e na economia global, no cálculo global de poder, e no modo como as

pessoas vivem. 76

3.6. Conclusão

Conforme visto neste capítulo, o petróleo já vem sendo utilizado desde a antiguidade.

Porém, só a partir da perfuração de um poço pelo Coronel Drake que a indústria petrolífera

realmente teve início. Vimos que, a partir desse marco, a indústria foi se expandindo e se

tornou um dos negócios mais importantes do mundo. Incontestavelmente, a descoberta das

propriedades energéticas do petróleo e o crescimento de sua indústria foram e são

76

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010,1080p,p.900.

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33

responsáveis por diversas mudanças no cenário mundial e, até mesmo, na história da

humanidade.

As duas Grandes Guerras foram fundamentais para afirmar a importância estratégica

dessa substância e, desde então, diversos conflitos têm tido o petróleo como causa,

confirmando a perpetuação dessa importância estratégica ao longo dos anos.

Por conta de sua capacidade energética, essa substância se consagrou na matriz

energética mundial, sendo a principal fonte de energia da maioria das nações. Porém, o

petróleo apresenta outras muitas utilidades, também de grande influência em nosso cotidiano.

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34

CAPÍTULO 4 – O PETRÓLEO NO BRASIL

4.1 Introdução

O presente capítulo tem o objetivo de descrever brevemente o surgimento e

desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil, bem como as transformações que esta

vem causando na sociedade brasileira ao longo do tempo.

Desde que o petróleo foi descoberto em terras brasileiras, esse ramo da indústria

evoluiu continuamente, sustentada pelo crescimento do conhecimento geológico, aumento

expressivo da demanda por derivados do petróleo, disponibilidade de recursos financeiros,

choques dos preços internacionais e marcos regulatórios implantados.1

Como a maior parte do desenvolvimento do setor petrolífero no Brasil está relacionado

à Petrobras, o capítulo também se dedicará a descrever um pouco a história dessa empresa e

relatar os acontecimentos mais relevantes nos quais a Petrobras esteve envolvida.

Embora, em alguns momentos, o atual capítulo se detenha a descrever alguns

acontecimentos históricos relacionados à indústria de petróleo, o seu foco será nas

transformações que essa indústria causou a toda população brasileira desde que o petróleo foi

aqui descoberto. No entanto, as transformações aqui abordadas serão aquelas que não estão

diretamente ligadas ao pagamento de royalties, pois estas serão exploradas no próximo

capítulo.

4.2 Surgimento e Desenvolvimento da Indústria Petrolífera Brasileira

A história da procura por petróleo no Brasil tem início no século XIX, com as

concessões outorgadas por Dom Pedro II, para a pesquisa e lavra de carvão e folhelhos

betuminosos na região de Ilhéus (BA) e, em 1864, para pesquisa e lavra de turfa e petróleo na

mesma região.2

Porém, nesse momento, a indústria brasileira era insignificante e a estrutura do país

era predominantemente agrária. Por essa razão, as concessões cedidas pelo Imperador não

impulsionaram o desenvolvimento das atividades de exploração e produção no Brasil.

1LUCCHESSI, C.F. Petróleo. Estudos Avançados. v.12, n.33. 1998. Instituto de Estudos Avançados –

Universidade de São Paulo. São Paulo. 1998. p.17. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script

=sci_arttext&pid=S0103-40141998000200003>. Acesso em: 20 set. 2011. 2 Ibid., p. 17.

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Com a Proclamação da República, foi instituída a Constituição de 1891 de caráter

liberal, que determinava que o proprietário do solo também era proprietário do subsolo, bem

como de qualquer mineral ou hidrocarboneto encontrados em seu interior. Esse pensamento

fez com que os proprietários de terras, impulsionados pelo boom do petróleo nos EUA,

fossem em busca de petróleo em seus domínios. Foram dados, então, os primeiros passos nas

atividades de extração de petróleo no Brasil e estudos exploratórios pioneiros apontaram a

cidade de Bofete (SP), como um possível local de extração. O primeiro poço foi perfurado

nessa cidade, no ano de 1892 e levou 5 anos até ser concluído, alcançando 488 metros de

profundidade. Entretanto, foi encontrado apenas água sulfurosa.

3

Apesar da decepcionante descoberta, houve uma tentativa de organização,

profissionalização e especialização dos órgãos públicos visando atender às atividades de

exploração do petróleo brasileiro. Foi criado, em 1907, o Serviço Geológico e Mineralógico

Brasileiro (SGMB). Entretanto, o desenvolvimento da indústria petrolífera brasileira foi

dificultado pela ausência de mão-de-obra especializada e qualificada, como geólogos e

engenheiros, e pela falta de recursos e equipamentos específicos.4

A extração de petróleo em solo brasileiro só voltou a ter importância a partir de 1930,

quando multinacionais começaram a explorar o produto no Brasil. A atuação de empresas

estrangeiras na exploração do subsolo nacional impulsionou o surgimento de uma campanha

no Brasil para a reivindicação da nacionalização das riquezas do subsolo, que envolviam o

petróleo e outros minérios. Um dos principais líderes desse movimento foi o escritor Monteiro

Lobato, que defendia o progresso nacional pela exploração de suas próprias riquezas, a

diminuição da dependência em relação às importações de petróleo e de outros produtos

essenciais ao crescimento do país.5

Monteiro Lobato passou a se interessar pelo petróleo brasileiro quando, em 1927,

viajou aos Estados Unidos e observou o desenvolvimento econômico que aquele país

experimentou após o início da exploração do petróleo local. A partir daí, participou da criação

de empresas de exploração e até suas estórias infantis foram invadidas pelo tema, como

ocorreu no Sítio do Pica-Pau Amarelo, com a estória “O Poço do Visconde”, de 1937,

3 BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011. 4 WEBER, Ana Carolina. Evolução petrolífera: impactos no atual modelo brasileiro. Salvador: 3° Congresso

Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás. Instituto Brasileiro de Petróleo, 2005. p.4. Disponível em: < http://

http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/3/trabalhos/IBP0379_05.pdf>. Acesso em: 20. set. 2011 5 Ibid., p.4

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conforme ilustrado na figura 4.1.6 O escritor acreditava na existência do petróleo em solos

brasileiros e batalhou incansavelmente para mostrar que o país tinha potencial no setor e que o

petróleo poderia dar ao povo brasileiro um melhor padrão de vida. 7

Figura 4.1 - Reprodução da capa do livro “O Poço do Visconde”8

Em 1934, a nova Constituição tirou do proprietário do solo o direito sobre o subsolo.

Diante do movimento nacionalista, foi então criado o Departamento Nacional da Produção

Mineral (DNPM) e, em 1938, o Conselho Nacional do Petróleo (CNP). O CNP estava

inicialmente subordinado à Presidência da República, sendo, posteriormente, atrelado ao

Ministério de Minas e Energia (MME). Sua função era controlar a política nacional de

petróleo e derivados, o que acabou por representar o intervencionismo estatal na economia e

também a primeira iniciativa de regulação do petróleo diferente da estabelecida para os outros

recursos minerais.9 A partir da criação do CNP, toda a atividade petrolífera passa, por lei, a

ser obrigatoriamente realizada por brasileiros.

6 CAMPOS, A.F. A Reestruturação da Indústria de Petróleo Sul Americana nos anos 90, Tese de Pós-

Graduação. 2005. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30. 7 BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011. 8 Fonte: <http://www.estadao.com.br/especiais/a-exploracao-de-petroleo-no-brasil,1876.htm>. Acesso em: 20.

set. 2011. 9 WEBER, A. C. Evolução petrolífera: impactos no atual modelo brasileiro. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 3, 2005, Salvador. Anais eletrônicos, Salvador: Instituto

Brasileiro de Petróleo (IBP), 2005. Disponível em: <http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/3

/trabalhos/IBP0379_05.pdf>. Acesso em: 20. set. 2011.

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37

Em 1938, é iniciada, sob a jurisdição do CNP, a perfuração do poço DNPM-163, em

Lobato (BA), num arenito a 310 metros de profundidade. A figura 4.2 é um registro desse

momento, tendo Oscar Cordeiro, pioneiro da exploração do petróleo no Brasil, diante do poço

de Lobato. O poço, apesar de não ter sido considerado econômico, teve enorme importância

no desenvolvimento do setor petrolífero brasileiro. A partir da constatação de petróleo através

desse poço, passou-se a explorar a Bacia do Recôncavo, na Bahia. Em 1941, é descoberta a

primeira acumulação comercial de petróleo do País, no município de Candeias, na Bahia.10

Figura 4.2 - Oscar Cordeiro diante do poço de Lobato, na Bahia, nos anos 30. 11

A partir da década de 1940, durante o governo do presidente Dutra, surge uma nova

discussão: o petróleo brasileiro deveria ser explorado pelo país ou deveria ser entregue a

empresas internacionais? O grupo “entreguista” defendia seu ponto de vista baseado na

dificuldade em importar petróleo devido a II Guerra Mundial, o que poderia ocasionar colapso

no transporte, escassez de gêneros alimentícios e racionamento de derivados e paralisação das

poucas áreas de exploração. Além do mais, havia dificuldades de importação de pessoal e

equipamentos e falta de verbas para desenvolver a produção nacional. Fazia parte desse grupo

o Ministro Juarez Távora, com o apoio de quase toda a grande imprensa e maior parte do

10

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo

-no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011 11

Fonte: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-no- brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011

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38

empresariado nacional. A Constituição liberal de 1946 tendia a dar mais força para esse

grupo.12

Em oposição a esse pensamento surge, nos anos 1950, a campanha “O Petróleo é

Nosso”, liderada pelos partidos políticos de esquerda. A figura 4.3 retrata tal manifestação,

tendo ao fundo um retrato do ex-presidente da República Artur Bernardes, um dos maiores

líderes da campanha.13

Figura 4.3 - Manifestação em prol do monopólio do petróleo no Brasil 14

Em 1948 é criado o Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional

(CEDPEN) tendo como presidentes de honra Artur Bernardes, Horta Barbosa, José Pessoa e

Estêvão Leitão de Carvalho. O CEDPEN passa a dirigir a campanha nacionalista,

influenciando militares, estudantes, homens públicos e intelectuais.15

Com uma mobilização popular em todo o país, “O petróleo é nosso” vence a disputa, o

que acaba resultando na criação da Petróleo Brasileiro S/A – A Petrobrás, empresa que

exerceu até 1997 o monopólio da união federal nas áreas de pesquisa, lavra, refino, transporte

12

WEBER, A. C. Evolução petrolífera: impactos no atual modelo brasileiro. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 3, 2005, Salvador. Anais eletrônicos, Salvador: Instituto

Brasileiro de Petróleo (IBP), 2005. p.4. Disponível em: <http://www.portalabpg.org.br/PDPetro

/3/trabalhos/IBP0379_05. pdf>. Acesso em: 20. set. 2011 13

Ibid., p.4. 14

Fonte: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-no- brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011 15

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011

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39

e comercialização (importação e exportação) de petróleo e seus derivados, além do gás natural

e a maior contribuinte para o desenvolvimento tecnológico da indústria petrolífera do Brasil.16

4.3 A Petrobras

Conforme dito anteriormente, a campanha nacionalista “O Petróleo é Nosso” alcançou

grandes proporções, venceu a luta pela nacionalização do petróleo e teve uma importante

consequência para o desenvolvimento não só do setor petrolífero, mas para economia nacional

como um todo: em 3 de outubro 1953, Vargas promulgou a Lei n° 2.004 instituindo a Petróleo

Brasileiro S.A. (Petrobras) e o seu monopólio na pesquisa, lavra, refino e transporte do

petróleo e seus derivados, conforme retratado na figura 4.4.

Figura 4.4 - Getúlio Vargas assina a Lei No. 2004, que cria a Petrobras. 17

Em seu primeiro ano de funcionamento, contando com duas refinarias (Mataripe, na

Bahia, e Manguinhos, no Rio) e vinte petroleiros, a Petrobras atingiu a capacidade de

produção de 2.700 barris por dia.18

Na década de 1950, houve uma crescente industrialização e modernização do Brasil,

impulsionados, principalmente, pelo governo Juscelino Kubtschek. Houve grande

16

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011 17

Fonte: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-no- brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011 18

CAMPOS, A.F. A Reestruturação da Indústria de Petróleo Sul Americana nos anos 90, Tese de Pós-

Graduação. 2005. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30.

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40

desenvolvimento das áreas que demandavam capital intensivo, tecnologia avançada, grandes

empreendimentos e retorno demorado. Nesse contexto, JK aumentou a produção de petróleo

da Petrobras.19

Em 1960 foi criado o Ministério de Minas e Energia (MME), ao qual a Petrobras

passou a se subordinar.

Quinze anos após a criação da Petrobrás, já se verificava um aumento das áreas de

exploração. A década de 1960 foi marcada por um crescimento constante da companhia.

Houve a primeira descoberta de petróleo no mar pela Petrobras, no Campo de Guaricema,

Sergipe. O poço foi perfurado através da plataforma Petrobras 1 (P-1), mostrada na figura 4.5,

que foi a primeira plataforma de perfuração elevatória construída no Brasil, equipada com

uma sonda capaz de perfurar poços de até 4 mil metros”.20

Além deste acontecimento, outros

fatos importantes marcaram a década de 1960 e o início da década de 1970, como a criação da

Petrobras Química, em 1967, e a criação da BR Distribuidora, em 1971

Figura 4.5 - Plataforma elevatória P-1, primeira plataforma móvel de perfuração da Petrobras21

Na década de 1970, foi criada a Braspetro, companhia estatal subordinada à Petrobras,

cujo objetivo era explorar e produzir petróleo fora do Brasil.22

19

WIKIPEDIA. Juscelino Kubitschek, 2011. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Juscelino_

Kubitschek>. Acesso em: 20. set. 2011 20

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-

petroleo-no- brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011 21

Fonte: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-no- brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011. 22

WEBER, A. C. Evolução petrolífera: impactos no atual modelo brasileiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO

DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 3, 2005, Salvador. Anais eletrônicos, Salvador: Instituto Brasileiro de

petróleo (IBP), 2005. Disponível em: <http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/3/ trabalhos/IBP0379_05.pdf>.

Acesso em: 20. set. 2011.

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41

Desde que foi descoberto petróleo em terras brasileiras, a indústria petrolífera do

Brasil vem se desenvolvendo constantemente, conforme tem sido descrito nesse capítulo. A

partir disso, o petróleo vem ganhando espaço, cada dia mais, na vida do brasileiro, pois além

de sua indústria movimentar a economia nacional, esta substância proporciona diversas

comodidades e melhores condições de vida para a população, fazendo com que esta seja,

definitivamente, dependente desse hidrocarboneto. Porém, a dependência ao petróleo pode

causar consequências drásticas caso ele, por algum motivo, se torne escasso no mercado. Foi

o que ocorreu na “crise do petróleo” de 1973.

Esta crise trouxe graves consequências à economia do país, tais como forte impacto

nas contas externas, devido à elevada importação de petróleo e da excessiva dependência ao

sistema financeiro internacional, grande aumento da inflação e redução do PIB. Além disso, a

população foi diretamente afetada, pois houve restrições ao consumo de combustíveis, o que

ocasionou longas filas nos postos de abastecimento.

A crise não só impactou a economia e a sociedade como modificou a própria indústria

de petróleo brasileira. O setor de upstream passou a receber mais incentivos, sobrepondo a

preferência pelo downstream.

Em 1974, são descobertos reservatórios de petróleo na Bacia de Campos, no estado do

Rio de Janeiro. Esta importante descoberta representou um grande salto da produção da

Petrobras.23

Nesta época, até mesmo o monopólio da Petrobras sofreu uma tentativa de

flexibilização diante da escassez de petróleo. Foram implantados os contratos de risco:

Em 1975, o governo federal autoriza a assinatura de contratos de serviços com

cláusula de risco, o que permitiu a participação de empresas privadas na

exploração. Por este contrato, as empresas investiam em exploração e, caso

tivessem sucesso, receberiam os investimentos realizados e um prêmio em petróleo

ou em dinheiro, mas a produção seria operada pela Petrobras. Houve apenas uma

pequena descoberta na Bacia de Santos com a aplicação deste tipo de contrato.24

Em 1979 foi liberada a participação de empresas nacionais e, a seguir, criados os

contratos de mini-risco para atrair grupos privados nacionais para áreas terrestres rasas.

23

CAMPOS, A.F. A Reestruturação da Indústria de Petróleo Sul Americana nos anos 90, Tese de Pós-

Graduação. 2005. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30. 24

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011

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42

Houve também, uma busca por fontes de energia alternativas ao petróleo. A idéia era

pesquisar por fontes mais limpas, mais viáveis e que fossem renováveis, de maneira a não

causar problemas devido a possíveis exaustões.

Ao longo do tempo, foram sendo descobertos novos campos de exploração. Os

campos de Ubarana, na bacia de Potiguar (RN) e o campo de Garoupa, na bacia de Campos

(RJ), sendo esses campos de importância relevante por se tratarem das primeiras prospecções

de petróleo em águas profundas.25

Outra descoberta importante foi o campo de Albacora, em 1984, localizado na Bacia

de Campos. Este foi o primeiro campo gigante em águas profundas descoberto no Brasil. Em

1985 é descoberto o Campo de Marlin, também na Bacia de Campos, sendo este o segundo

campo gigante do País. Em 1996, mais um campo gigante é descoberto na Bacia de Campos:

o Campo de Roncador.26

No ano de 1997, apesar dos investimentos e das grandes reservas descobertas, o Brasil

ainda produzia menos de 60% do petróleo consumido internamente. Visando o aumento da

produção nacional, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou, em 6 de agosto de

1997, a lei nº. 9.478 – a Lei do Petróleo –, que acabou com o monopólio da Petrobras na

exploração do petróleo e criou a Agência Nacional de Petróleo (ANP), cuja competência era a

administração de todos os direitos de exploração e produção de petróleo e gás, bem como a

responsabilidade pelo regime de concessão dos blocos de petróleo no Brasil. Tal medida teve

enorme repercussão em todo país, sendo o principal assunto a estampar as manchetes dos

jornais da época, conforme mostra a figura 4.6.27

Dessa maneira, com a abertura do setor petrolífero brasileiro para a atuação de novas

empresas, o cenário nacional experimentou profundas alterações. Mais empresas passaram,

juntamente com a Petrobras, a impactar e modificar as sociedades nas quais atuam.

No mesmo ano da quebra do monopólio, o Brasil passa a fazer parte do restrito grupo

dos 16 países que produzem mais de 1 milhão de barris de óleo por dia. Em 2000, a Petrobrás

obtém um recorde mundial: produz petróleo a 1.877 metros de profundidade, no Campo de

25

WEBER, A. C. Evolução petrolífera: impactos no atual modelo brasileiro. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 3, 2005, Salvador. Anais eletrônicos, Salvador: Instituto

Brasileiro de Petróleo (IBP), 2005. Disponível em: < http:// http://www.portalabpg.org.br/

PDPetro/3/trabalhos/IBP0379_05.pdf>. Acesso em: 20. set. 2011. 26

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: <http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011. 27

CAMPOS, A.F. A Reestruturação da Indústria de Petróleo Sul Americana nos anos 90, Tese de Pós-

Graduação. 2005. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30.

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43

Roncador. Em 2003 é descoberta a maior jazida de gás natural no Brasil, o Campo de

Mexilhão, localizado na Bacia de Santos (SP). 28

Figura 4.6 – Repercussão da Lei do Petróleo na imprensa.29

Em 2005, surgem os primeiros indícios de petróleo no pré-sal na Bacia de Santos (SP)

e o ano de 2006 o Brasil alcança a auto-suficiência na produção de petróleo. Em 2 de

setembro de 2008, o navio-plataforma P-34 extraiu o primeiro óleo da camada pré-sal, no

Campo de Jubarte, na Bacia de Campos (RJ). A figura 4.7 fornece a localização dos principais

campos de pré-sal do país.30

4.4 Conjuntura Atual

Conforme vem sendo afirmado ao longo desse capítulo, o petróleo e seus derivados

são largamente utilizados pela sociedade brasileira. No dia-a-dia de quase todos os brasileiros

está presente a gasolina, que serve como combustível para a maioria dos transportes

utilizados, bem como o plástico, presente na maioria dos eletrodomésticos essenciais para

uma vida mais prática, entre outros subprodutos do petróleo que garantem comodidade e

melhor qualidade de vida à população.

28

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no- brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011 29

Fonte: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-no-brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011 30

BLOG DO PLANALTO. O Petróleo no Brasil, 2009. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-

no- brasil/>. Acesso em: 20. set. 2011

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44

Figura 4.7 - Localização dos blocos de pré-sal 31

O gráfico 4.1 nos mostra que, em 2010, o Brasil foi indicado como o sétimo maior

consumidor de petróleo no mundo. Para suprir tal demanda, as empresas de petróleo que

atuam no Brasil estão sempre em busca de maiores avanços tecnológicos e novas reservas.

Gráfico 4.1 - Consumo mundial de petróleo – 2010 32

31

Fonte:<http://www.saiunojornal.com.br/petroleo-brasil-entenda-a-importancia-das-resevas-na-camada-pre-sal-

oleo.html>. Acessado em: 20 set.2011 32

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis, Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <.http://www.anp.gov.br/?pg=37680&m= cartograma

&t1 =&t2=cartograma&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust=1316578276033>. Acesso em: 20. set. 2011

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45

Atualmente, mais de 90% das reservas provadas do Brasil encontram-se nos estados

do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. O estado do Rio de Janeiro possui, sozinho, 82,2% das

reservas provadas em todo o Brasil, conforme mostrado no gráfico 4.2.

Gráfico 4.2 - Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo no Brasil 33

Quanto à produção de óleo, o cenário atual é o mesmo: Rio de Janeiro como maior

produtor, produzindo apenas em mar, seguido do Espírito Santo, que possui poços produzindo

tanto em mar quanto em terra. Destaque para o Rio Grande do Norte como maior produtor de

petróleo em terra , conforme indicado na tabela 4.1.

O gráfico 4.3 mostra que, embora, nos últimos anos, o Brasil tenha focado suas

atividades no setor de upstream, ele ainda aparece como um dos países com maior capacidade

de refino, ocupando a nona colocação. O país com maior capacidade de refino no mundo são

os Estados Unidos, pioneiros nessa atividade.

No gráfico 4.4 pode ser observado como a capacidade de refino brasileira está

distribuída entre as maiores refinarias existentes no Brasil. A refinaria Replan, localizada no

Estado de São Paulo apresenta a maior capacidade de refino do país, refinando, por dia, um

volume superior a 300 mil barris.

Quanto à produção de derivados, sejam eles energéticos ou não energéticos,

considerando a produção do ano de 2010, temos a seguinte distribuição, ilustrada pelos

gráficos 4.5 e 4.6:

33

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis, Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <.http://www.anp.gov.br/?pg=37680&m= cartograma

&t1 =&t2=cartograma&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust=1316578276033>. Acesso em: 20. set. 2011

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46

Tabela 4.1 - Produção de petróleo, por localização (terra e mar), segundo Unidades da

Federação – 201034

Unidades da

Federação Localização

Produção de petróleo (mil barris)

em 2010

Amazonas Terra 13.029,52

Ceará Terra 674,33

Mar 2.261,16

Rio Grande do

Norte

Terra 17.868,36

Mar 2.914,13

Alagoas Terra 2.029,52

Mar 85,3

Sergipe Terra 12.019,83

Mar 3.063,42

Bahia Terra 15.550,52

Mar 343,33

Espírito Santo Terra 4.800,71

Mar 75.232,01

Rio de Janeiro Mar 594.803,69

São Paulo Mar 5.278,03

Paraná Mar 0

Gráfico 4.3 - Participação de países selecionados na capacidade total efetiva de refino – 2010 35

34

Fonte:AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis, Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/?pg=37680&m= cartograma

&t1 =&t2=cartograma&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust=1316578276033>. Acesso em: 20. set. 2011.

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47

Gráfico 4.4 - Volume de petróleo refinado e capacidade de refino, segundo refinarias - 2010 36

Gráfico 4.5 - Distribuição percentual da produção de derivados de petróleo não energéticos –

2010 37

35

Fonte:AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis, Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/ ?pg=37680&m=cartograma

&t1 =&t2=cartograma&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust=1316578276033>. Acesso em: 20. set. 2011. 36

Ibid.. 37

Ibid.

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48

Gráfico 4.6 - Distribuição percentual da produção de derivados de petróleo energéticos – 2010 38

4.5 O Petróleo modificando o Brasil

Conforme apresentado nos tópicos anteriores, a indústria de petróleo do Brasil está em

constante desenvolvimento. Com a quebra do monopólio estatal, novas empresas estão

atuando no cenário nacional, promovendo o aquecimento da economia, estimulando o

progresso científico, gerando empregos, financiando pesquisas, modificando a infraestrutura

de diversas cidades. O petróleo e sua indústria deixam suas marcas em todas as sociedades,

sejam positivas ou não.

As transformações sociais de maior destaque que a indústria petrolífera proporciona

atualmente à população estão diretamente ligadas aos royalties, assunto que será abordado no

próximo capítulo. Porém, muitos outros impactos podem ser observados, sem que esses, no

entanto, tenham alguma relação com os royalties.

O petróleo está no dia-a-dia do brasileiro, seja com finalidades energéticas ou não.

Hoje em dia, seria inviável, para a maior parte da população, viver sem o petróleo e seus

derivados. Uma evidência clara da dependência energética da população brasileira pelo

petróleo é a soberania desta substância na matriz energética nacional, mesmo diante do

38

Fonte:AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis, Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <.http://www.anp.gov.br/?pg=37680

&m=cartograma& t1 =&t2=cartograma&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust=1316578276033>. Acesso em:

20. set. 2011

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49

crescimento das hidrelétricas e da boa aceitação de derivados da cana como combustível,

conforme pode ser observado na tabela 4.1 e no gráfico 4.7.

Gráfico 4.7 - Matriz energética brasileira 2009 39

Podemos destacar o setor de petróleo como um grande gerador de empregos no país.

Com o crescimento do setor e a expansão das empresas petrolíferas, há um grande aumento na

procura por trabalhadores.

O petróleo e sua indústria estão refletidos até na educação brasileira. Diversas

universidades estão se adaptando às necessidades do mercado e criando cursos técnicos, de

graduação e pós-graduação voltados para a exploração e produção de petróleo. Devido à

oferta insuficiente de mão de obra qualificada, essas universidades objetivam formar

profissionais capacitados para atuarem na área e contribuir para o crescimento dessa atividade

no país. No estado do Rio de Janeiro, três universidades públicas já possuem turmas formadas

de engenharia de petróleo: a Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).

Outra contribuição do setor é no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento. Tanto

a Petrobras quanto as demais empresas vêm investindo, ao longo do tempo, seus recursos no

desenvolvimento do setor, conforme observa-se na tabela 4.2.

Outro setor que cresce em função do petróleo é o turismo:

A experiência do Estado do Rio de Janeiro em Macaé, relativamente à exploração

de petróleo na Bacia de Campos, mostra o quão relevante é a indústria do petróleo

39

Fonte: < http://www.mme.gov.br/mme/menu/todas_publicacoes.html>. Acessado em: 20 set.2011

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50

para o turismo. A cidade de Macaé vem sendo completamente redefinida em razão

da exploração petrolífera. Empresas, executivos, engenheiros, advogados e técnicos

são atraídos para a região, fazendo com que o município tenha que redefinir seu

modelo de turismo de negócio, a fim de satisfazer as necessidades de todos esses

potenciais ‘turistas’.40

Tabela 4.2 - Obrigação de Investimentos em P&D41

Obrigação de Investimentos em P&D (mil R$)

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Petrobras 127.274 263.537 323.300 392.486 506.530 613.841 610.244 853.726 633.024 735.337

Shell

-

-

- 10.715,80 2.282

-

-

-

-

-

Repsol

-

-

- -

- 2.548 6.259 7.132 4.339 4.236

Manati

-

-

- -

-

-

-

- 1.052 2.853

Brasoil Manati

-

-

- -

-

-

-

- 234 634

Rio das Contas

-

-

- -

-

-

-

- 234 634

Total 127.274 263.537 323.300 403.201 508.812 616.389 616.503 860.858 638.882 743.693

Outras cidades próximas dos campos de exploração ou das refinarias seguem o

exemplo de Macaé quanto ao desenvolvimento do turismo de negócio. Pode-se observar o

crescimento do setor também em cidades do Espírito Santo, conforme relatado a seguir:

No Espírito Santo, o turismo nos municípios de São Mateus (2.410 leitos

disponíveis), Linhares (1.207 leitos disponíveis) e Vitória (7.110 leitos disponíveis)

vêm sendo impactados diretamente, principalmente, pela indústria do petróleo.

Constata-se esse fato na evolução sócio-econômica ocorrida nesses municípios nos

últimos anos. Um dos indicadores dessa evidência está relacionado à oferta de

unidades habitacionais hoteleiras, que apresentou razoável expansão nos últimos

anos em função do crescimento da demanda gerada pelo turismo de negócios, de

ventos e feiras nesses municípios, com repercussão maior na Região da Grande

Vitória.42

40

WEBER, A. C. Evolução petrolífera: impactos no atual modelo brasileiro. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 3, 2005, Salvador. Anais eletrônicos, Salvador: Instituto

Brasileiro de Petróleo (IBP), 2005. Disponível em: < http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/3/

trabalhos/IBP0379_05.pdf>. Acesso em: 20. set. 2011. 41

Fonte:AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis, Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/?pg=37680&m=cartograma&

t1 =&t2=cartograma&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust=1316578276033>. Acesso em: 20. set. 2011. 42

WEBER, A. C. Evolução petrolífera: impactos no atual modelo brasileiro. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 3, 2005, Salvador. Anais eletrônicos, Salvador: Instituto

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51

Para acompanhar esse crescimento do setor, essas cidades são obrigadas a adaptar suas

infraestruturas, de maneira a recepcionar os que são atraídos a esses locais pelo setor

petrolífero. Como consequência de tal fato, podemos destacar a geração de empregos,

movimentação da economia local e o constante aperfeiçoamento de hotéis, restaurantes, meios

de transportes e estabelecimentos de lazer visando atrair um número cada vez maior de

turistas.43

Porém, a indústria de petróleo não gera somente benefícios à sociedade. Como toda

indústria, ela acarreta diversos impactos ambientais, sendo altamente poluidora em

praticamente todas as etapas da sua cadeia produtiva.

No Brasil, em que grande parte da extração é realizada em alto mar, os riscos de

derramamento de óleo são grandes. Porém, os impactos ambientais não são só relacionados

aos vazamentos acidentais, é possível ainda perceber outros impactos potenciais: invasão de

ecossistemas, impactos sobre a pesca, contaminação pelos aditivos químicos utilizados nos

fluidos de perfuração, a produção de gases que poluem a atmosfera, poluição provocada pelos

cascalhos sujos de óleo oriundos da perfuração, entre outros.

Além dos impactos ambientais, as atividades de produção e exploração são de alto

risco, e um pequeno erro durante as atividades, pode provocar muitas mortes. Duas grandes

tragédias tiveram destaque na estória da Petrobrás: a primeira, em 1984, foi o incêndio na

plataforma de Enchova, na Bacia de Campos, matando 34 pessoas. A Segunda ocorreu em

2001: “após uma série de explosões, a plataforma P-36, estimada em US$ 500 milhões e

localizada na Bacia de Campos, afunda e mata 11 funcionários”.44

Outro aspecto negativo da indústria de petróleo é a poluição visual provocada pelas

plataformas de petróleo ao longo das praias. Tal interferência visual pode ter consequências

negativas para o turismo local.

4.6 Conclusão

Em vista do conteúdo apresentado ao longo desse capítulo, pode-se observar que,

desde que o primeiro poço foi perfurado no Brasil, as atividades petrolíferas no país estão em

crescente desenvolvimento. As grandes reservas encontradas em solo brasileiro e os avanços

Brasileiro de Petróleo (IBP), 2005. p.5. Disponível em: < http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/3/

trabalhos/IBP0379_05.pdf>. Acesso em: 20. set. 2011 43

Ibid., p.5. 44

CAMPOS, A.F. A Reestruturação da Indústria de Petróleo Sul Americana nos anos 90, Tese de Pós-

Graduação. 2005. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30.

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52

tecnológicos obtidos pela Petrobras fizeram do Brasil um país conceituado internacionalmente

no que diz respeito à produção e exploração de petróleo. Algumas das conclusões importantes

deste capítulo são:

Com todo o crescimento dessa indústria e com o petróleo servindo tanto de

combustível como de matéria-prima para produtos essenciais ao dia-a-dia, a população

brasileira vem sendo impactada conforme o desenvolvimento desse setor.

Como foi dito no desenvolvimento do capítulo, o petróleo é essencial nas atividades

cotidianas dos cidadãos, onde seus derivados e os produtos que o tem como matéria prima

proporcionam a população comodidade, praticidade e conforto.

Já a indústria petrolífera contribui para as sociedades em que atuam gerando

empregos, desenvolvendo o comércio e o turismo local, movimentando a economia,

investindo em pesquisas, melhorando infraestruturas, entre outros.

Porém, conforme foi destacado no final deste capítulo, o setor de petróleo também

contribui negativamente para a sociedade: sua indústria gera altos impactos ambientais e sua

atividades são altamente perigosas.

Em virtude disso, as companhias petrolíferas devem exercer suas atividades

conscientes do papel que exercem na sociedade, procurando maximizar os benefícios que

podem proporcionar e tendo sempre a preocupação de zelar pela vida e pelo meio-ambiente.

Cabe aos governos a fiscalização e o controle dessas atividades de maneira a proteger

sua população e seu país de possíveis acidentes relacionados à indústria de petróleo.

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53

CAPÍTULO 5 – OS ROYALTIES DE PETRÓLEO E SEUS

REFLEXOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA

5.1 Introdução

Neste capítulo, será apresentado o conceito de royalties, mais especificamente

sobre os royalties oriundos da produção de petróleo, bem como outros benefícios pagos

ao governo em decorrência das atividades petrolíferas em terras e águas brasileiras.

Além disso, será mostrado como é feita a atual distribuição desses benefícios

entre municípios e estados, destacando os principais recebedores de royalties do Brasil.

Levando-se em consideração que os royalties são uma forma de indenizar as

gerações futuras pela antecipação da utilização dos recursos naturais, como o petróleo,

espera-se que o valor arrecadado com os mesmos seja utilizado, não com finalidade de

consumo imediato, mas para a melhoria da infraestrutura, da educação, da saúde, da

segurança e na diversificação da economia local, de maneira a deixar boas condições

sociais como herança às gerações que, possivelmente, estarão privadas do uso do

petróleo. Baseando-se nesta perspectiva, o presente capítulo se propõe a avaliar a

evolução de alguns parâmetros sociais de duas das cidades do Estado do Rio de Janeiro

mais beneficiadas com os royalties – Rio das Ostras e Campos dos Goytacazes. Dessa

maneira, poderemos observar qual o reflexo desse benefício na sociedade, avaliando se

esse montante está, de fato, contribuindo para o desenvolvimento social ou se ainda é

necessário um melhor direcionamento e planejamento desses recursos.

No final do capítulo, será abordada a polêmica em torno dessa divisão de

recursos entre os municípios produtores e não produtores e as questões sociais em torno

dessa discussão. 1

5.2 Royalties

5.2.1 Definição

Usamos o termo Royalty com o intuito de designar o benefício pago ao

proprietário de um território, recurso natural, produto, marca, patente de produto,

1 Até a conclusão deste trabalho, o veto à distribuição igualitária de royalties dado pelo ex-presidente da

república, Lula, estava valendo e ainda não havia ocorrido a audiência onde a atual presidente Dilma

decidiria pela suspensão ou não do veto.

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processo de produção ou obra original, pelos direitos de exploração, uso, distribuição ou

comercialização dos bens citados acima.

Conceitualmente, o objetivo do pagamento de royalties pela exploração de

um recurso natural exaurível é, justamente, garantir que as gerações futuras

sejam compensadas pela ausência do recurso natural explorado (...). É

preciso escolher se é melhor consumi-lo agora ou deixá-lo para as gerações

futuras. Caso se decida por consumi-lo no presente, uma compensação deve

ser realizada aos nossos descendentes, uma vez que o recurso em questão

não pertence somente às sociedades atuais, mas a todas as gerações. (...) o

pagamento de royalties é o preço que se paga pela decisão de consumir o

recurso natural exaurível no presente em vez de deixá-los reservados e,

consequentemente, mais valorizados para as gerações que estão por vir.2

No Brasil, atualmente, o termo royalty está intimamente relacionado ao

benefício oriundo da produção e exploração de petróleo. Sendo assim, a ANP define

royalties de petróleo como:

Royalties são uma compensação financeira devida ao Estado Brasileiro pelas

empresas que produzem petróleo e gás natural no território brasileiro: uma

remuneração à sociedade pela exploração desses recursos não-renováveis.

São pagamentos, entre outras participações governamentais, previstos no

regime de concessão (Lei no 9.478/1997 - Lei do Petróleo), na cessão

onerosa de direitos de exploração e produção à Petrobras (Lei

no 12.276/2010) ou no regime de partilha da produção nas áreas do pré-sal e

outras áreas estratégicas (Lei no 12.351/2010).”3

A concessão é um regime de produção e exploração de petróleo, no qual a

empresa que explora e produz é, de fato, dona do petróleo. Porém, é obrigada a pagar ao

governo benefícios como royalties e bônus de assinatura. No regime de partilha, a

União é dona do petróleo extraído. Nesse caso, a empresa que explora e produz petróleo

tem direito à restituição, em óleo, do custo de exploração – essa parcela é chamada de

custo em óleo – e de uma parcela do lucro do campo – essa parcela é chamada de óleo

excedente, ou seja, a parcela de óleo que excede os custos de exploração.4

2CARVALHO, F.C.L. Aspectos Éticos da exploração do petróleo: os royalties e a questão

intergeracional. Rio de Janeiro: UFRJ, 2008. p. V. Disponível em: < http://www.ppe.ufrj.br/ppe/

production/tesis/flavialopes.pdf >. Acesso em: 14.Nov.2011. 3 ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível. Royalties, 2011. Disponível em: <

http://www.anp.gov.br/?pg=57932&m=royalties&t1=&t2=royalties&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust

=1317611941473>. Acesso em: 16.out. 2011 4 JOHNSTON, D. International Petroleum Fiscal Systems and Production Sharing Contracts, Tulsa,

Oklahoma, Estados Unidos: Pennwell Publishing Company, 1994.

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55

Conforme citado, a justificativa para o pagamento de royalties é indenizar as

gerações futuras. Sendo assim, tal dinheiro deve ser aplicado de maneira a fornecer a

essas gerações uma sociedade sustentável. Outra justificativa aplicável é compensar a

região pelos danos ambientais ocasionados pelas atividades petrolíferas. Por esse

motivo, espera-se que parte desse benefício seja investida em medidas que contribuam

com o meio ambiente como, por exemplo, a mitigação de danos ambientais ocasionados

a meio ambientes que provêem recursos pesqueiros e também o reflorestamento.5

Com a Lei do Petróleo (Lei no 9.478/1997), a União passou a exercer a função

de reguladora, beneficiando-se através do pagamento de taxas pelas empresas

concessionárias.

Tais taxas não se referem somente aos royalties. Existem outras participações

governamentais nos lucros oriundos da produção e exploração de petróleo, previstas nos

contratos de concessão.

São elas:

- Bônus de assinatura: montante pago pelo vencedor na rodada de

licitação da ANP para obtenção da concessão de blocos. É pago

integralmente, em parcela única, no ato de assinatura do contrato. 6

- Participações especiais: benefícios extraordinários pagos ao Governo

em casos de grande volume de produção ou de grande lucratividade, com

relação a cada campo de uma área de concessão.7

- Taxa de ocupação ou retenção de áreas: pagamento pela ocupação ou

retenção de área, pago ao governo em cada ano civil, a partir da data de

assinatura do contrato de concessão. O valor é fixado por quilômetro

quadrado ou fração da superfície do bloco.8

5.2.2 Divisão de Royalties

Segundo a ANP, atualmente, o pagamento dos royalties é feito mensalmente à

Secretaria do Tesouro Nacional (STN), até o último dia do mês seguinte àquele em que

5 Ministério da Fazenda. Um estudo sobre a aplicação dos royalties petrolíferos no Brasil, 2007.

Disponível em: < http://www.fazenda.gov.br/spe/publicacoes/estudos/um_estudo_sobre_a aplicacao

dos_royalties.pdf >. Acesso em: 16.out. 2011. p. 12 6 POSTALI, F.A.S. Efeitos da distribuição de royalties do petróleo sobre o crescimento dos

municípios no Brasil. São Paulo, 2006. 7 Ibid

8 GOMES, C.J.V. O Marco Regulatório da Prospecção de Petróleo no Brasil: o Regime de

Concessão e o Contrato de Partilha de Produção. Centro de Estudo da Consultoria do Senado

Federal. Brasília, 2009.

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56

ocorreu a produção. Esta, por sua vez, repassa o montante aos estados e municípios a

serem beneficiados, ao Comando da Marinha, ao Ministério da Ciência e Tecnologia e

ao Fundo Especial. Este Fundo, administrado pelo Ministério da Fazenda, é distribuído

a todos os estados e municípios da Federação, de acordo, respectivamente, com o Fundo

de Participação dos Estados e o Fundo de Participação dos Municípios. A distribuição

do dinheiro entre os beneficiários obedece às leis nº 9.478/1997 e nº 7.990/1989,

regulamentadas, respectivamente, pelos decretos nº 2.705/1998 e nº 01/1991.9

A alíquota para o cálculo dos royalties previstos nos contratos de concessão

variam de 5% a 10%.

O valor dos royalties a ser pago ao governo é obtido da seguinte maneira:

multiplica-se a alíquota dos royalties do campo produtor pela produção mensal de

petróleo e gás natural produzidos pelo campo. Posteriormente, multiplica-se o valor

encontrado pelo preço de referência destes hidrocarbonetos no mês.10

Royalties = Alíquota x (V p x P p + V gn x P gn)

Sendo:

Vp = volume da produção de petróleo do campo no mês de apuração, em m³;

Pp = é o preço de referência do petróleo produzido no campo no mês de

apuração, em R$/m³;

Vgn = volume da produção de gás natural do campo no mês de apuração, em m;

Pgn = preço de referência do gás natural produzido no campo no mês de

apuração, em R$/m³.

Na tabela 5.1 é apresentada a divisão dos Royalties (parcelas de 5% e parcelas

superiores a 5%) de acordo com as alíquotas destinadas a cada beneficiário, conforme

estabelecido na legislação pertinente.

9 ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível. Royalties, 2011. Disponível em: <

http://www.anp.gov.br/?pg=57932&m=royalties&t1=&t2=royalties&t3=&t4=&ar=0&ps=1&cachebust =

1317611941473>. Acesso em: 16.out. 2011 10

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível. Cálculo dos Royalties, 2011.

Disponível em: < http://www.anp.gov.br/?pg=57908&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebus

t=1318747340002>. Acesso em: 16.out. 2011.

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57

Tabela 5.1 – Distribuição de Royalties (alíquota) 11

Parcela de 5% - Lei nº 7.990/1989 e Decreto nº 1/1991

Lavra em Terra

Estados produtores 70%

Municípios produtores 20%

Municípios com instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás

natural 10%

Lavra na plataforma continental

Estados confrontantes com poços 30%

Municípios confrontantes com poços e respectivas áreas geoeconômicas 30%

Comando da Marinha 20%

Fundo Especial (estados e municípios) 10%

Municípios com instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás

natural 10%

Parcela acima de 5% - Lei nº 9.478/1997 e Decreto nº 2.705/1998

Lavra em terra

Estados produtores 52,50%

Ministério da Ciência e Tecnologia 25%

Municípios Produtores 15%

Municípios afetados por operações nas instalações de embarque e desembarque

de petróleo e gás natural 7,50%

Lavra na plataforma continental

Ministério da Ciência e Tecnologia 25%

Estados confrontantes com campos 22,50%

Municípios confrontantes com campos 22,50%

Comando da Marinha 15%

Fundo Especial (estados e municípios) 7,50%

Municípios afetados por operações nas instalações de embarque e desembarque

de petróleo e gás natural 7,50%

A tabela 5.2, a seguir, também apresenta a distribuição de royalties, porém,

indicando o montante referente às alíquotas apresentadas na tabela 5.1 em setembro de

2011.

5.2.3 Os maiores beneficiários

Todo o dinheiro oriundo dos royalties de petróleo destinados aos estados

indicado na tabela 5.2 foram distribuídos conforme mostra a tabela 5.3.

11

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível. Cálculo dos Royalties, 2011.

Disponível em: < http://www.anp.gov.br/?pg=57908&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebus

t=1318747340002>. Acesso em: 16.out. 2011.

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58

Tabela 5.2 – Distribuição de royalties (montante)12

Beneficiários Royalties até

5%

Royalties

excedentes a

5%

Total Acumulado em

2011

BRASIL

Estados 189.759.585,74 136.596.028,71 326.355.614,45 2.786.347.952,32

Municípios 218.302.110,54 157.339.851,62 375.641.962,16 3.230.637.355,44

Fundo

Especial 51.200.964,07 37.745.149,50 88.946.113,57 753.547.559,76

Comando da

Marinha 102.401.928,15 75.490.299,00 177.892.227,15 1.507.095.119,64

Ministério de

Ciência e

Tecnologia

- 138.620.530,04 138.620.530,04 1.171.766.591,29

TOTAL 561.664.588,50 545.791.858,87 1.107.456.447,37 9.449.394.578,45

Tabela 5.3 – Distribuição de Royalties (montante) por Estados – Setembro de 201113

Beneficiários Royalties até

5%

Royalties

excedentes a

5%

Total Acumulado em

2011

ESTADOS

Alagoas 1.594.351,68 1.016.666,65 2.611.018,33 22.034.660,74

Amazonas 10.033.290,96 7.511.920,46 17.545.211,42 131.494.086,71

Bahia 10.309.067,04 6.436.041,73 16.745.108,77 145.069.291,23

Ceara 651.505,04 404.122,30 1.055.627,34 9.739.707,01

Espirito Santo 27.425.367,13 22.156.557,89 49.581.925,02 398.160.067,89

Rio de Janeiro 118.058.309,57 85.053.254,75 203.111.564,32 1.793.766.010,74

Rio Grande do

Norte 10.754.125,74 7.170.876,48 17.925.002,22 150.475.567,72

São Paulo 3.960.006,89 1.882.564,82 5.842.571,71 39.476.851,34

Sergipe 6.973.561,69 4.964.023,63 11.937.585,32 96.131.708,94

TOTAL 189.759.585,74 136.596.028,71 326.355.614,45 2.786.347.952,32

Observa-se o estado do Rio de Janeiro como o maior beneficiário dos royalties

entre os demais estados. Tal fato é em decorrência das maiores reservas de petróleo do

Brasil se encontrarem nesse estado.

12

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível. Cálculo dos Royalties, 2011.

Disponível em: < http://www.anp.gov.br/?pg=57908&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebus

t=1318747340002>. Acesso em: 16.out. 2011 13

Ibid

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59

Dentre os municípios desse estado, quatro se destacam como os maiores

recebedores do benefício: Cabo Frio, Campos do Goytacazes, Macaé e Rio das Ostras,

sendo Campos o maior beneficiário, conforme mostrado na tabela 5.4:

Tabela 5.4 – Cidades que mais recebem Royalties no estado do Rio de Janeiro.14

Beneficiários Royalties até

5%

Royalties

excedentes a

5%

Total Acumulado em

2011

RIO DE JANEIRO (RJ)

Cabo Frio 3.740.461,29 7.564.733,84 11.305.195,13 102.220.857,03

Campos dos

Goytacazes 3.740.461,29 42.184.772,05 45.925.233,34 413.370.140,00

Macaé 25.191.938,57 8.585.247,06 33.777.185,63 300.725.306,78

Rio das Ostras 3.459.926,69 10.087.780,43 13.547.707,12 122.353.850,98

TOTAL 36.132.787,84 68.422.533,38 104.555.321,22 938.670.154,79

5.3 Reflexo dos royalties na sociedade

Conforme mostrado nas tabelas anteriores, alguns municípios brasileiros

recebem uma grande quantia referente ao pagamento de royalties. Porém, não há

nenhuma lei que determine como e onde esse recurso deve ser aplicado. A única

restrição é o pagamento de salários a servidores e o pagamento de dívidas do estado que

não sejam com a União.15

Sendo assim, governantes podem direcionar esses benefícios conforme julgarem

necessário.

Para ampliar a compreensão de como a forma de utilização dos royalties afeta a

sociedade, será usado como base de apoio o estudo realizado anualmente pelo Sistema

FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), que gera o Índice

FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM). No caso, será analisado o estudo

divulgado em 2011, referente ao ano de 2009.

O objetivo da iniciativa da FIRJAN é acompanhar o desenvolvimento dos 5.564

municípios brasileiros. Pata tal, o estudo analisa três áreas: emprego e renda, saúde e

14

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível. Cálculo dos Royalties, 2011.

Disponível em: < http://www.anp.gov.br/?pg=57908&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebus

t=1318747340002>. Acesso em: 16.out. 2011 15

ALERJ – Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em:

<http://www.alerj.rj.gov.br/common/noticia_corpo.asp?num=504>. Acesso em: 15.Nov.2011.

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60

educação e se baseia em estatísticas públicas oficiais, disponibilizadas pelos ministérios

do Trabalho, Educação e Saúde.

O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento da

localidade. Neste estudo será analisado o IFDM de dois municípios específicos: Rio das

Ostras e Campos dos Goytacazes. Ambos estão presentes na lista dos maiores

beneficiados com os royalties, lembrando que Campos ocupa a primeira posição.

O objetivo dessa análise é observar se essa grande quantia recebida pelos dois

municípios tem sido refletida em desenvolvimento local, o que condiz com o objetivo

do pagamento de royalties ou se há necessidade de um melhor direcionamento desses

recursos, de maneira a desenvolver as áreas defasadas.

5.3.1 Rio das Ostras

Localizada na Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, Rio das Ostras é a

terceira cidade do estado do Rio de Janeiro que mais recebe royalties. As receitas com

royalties e participações especiais têm representado entre 60% e 70% do orçamento do

município.

Desde que se emancipou político-administrativamente do município de Casimiro

de Abreu, em 1992, conta com o maior crescimento populacional do Estado e o segundo

maior do Brasil, segundo o último censo realizado pelo IBGE.

O município, que em 2000 tinha 36.419 habitantes, passou para 105.757, em

2010, conforme pode ser observado no gráfico 5.1. Cerca de 97% da população vem de

outras cidades em busca de melhores oportunidades de emprego.16

No gráfico 5.2 encontra-se o IFDM calculado para Rio das Ostras, levando-se

em consideração o ano de 2009. Observa-se que Emprego & Renda e Saúde apresentam

alto desenvolvimento, enquanto Educação está numa faixa de desenvolvimento

moderado. Porém, a média dos três parâmetros (IFDM) apresenta um resultado

satisfatório.

16

Rio das Ostras.net – Crescimento com qualidade de vida é marca de Rio das Ostras. Disponível em:

<http://www.riodasostras.net/index.php?option=com_content&view=article&id=4144:crescimentocom-

qualidade-de-vida-e-marca-de-rio-das-ostras&catid=40:rio-das-ostras&Itemid=145>. Acesso em: 16.

out.11.

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61

Gráfico 5.1 – Crescimento demográfico de Rio das Ostras nos últimos 10 anos.17

Gráfico 5.2 – IFDM: Rio das Ostras 2009 18

Comparativamente com outros municípios do Brasil, observa-se que Rio das

Ostras está dentro de um grupo relativamente pequeno de cidades que possuem um

desenvolvimento considerado alto, conforme se observa no gráfico 5.3.

O IFDM do município está bem acima da mediana e é superior, inclusive, que o

IFMD da cidade do Rio de Janeiro, capital do estado, como pode ser observado no

gráfico 5.4.

17

Fonte: < http://www.riodasostras.rj.gov.br/dadosgerais.html>. Acesso: 16.out.2011 18

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011

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62

Gráfico 5.3 – IFDM: Panorama nacional 200919

Gráfico 5.4 – IFDM: Máximo, Mínimo e Mediana – Rio das Ostras 200920

19

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011

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63

Quanto a evolução desse índice, observa-se através do gráfico 5.5 que o

desenvolvimento da cidade vem crescendo desde 2006. Observa-se que saúde e

emprego e renda seguem o mesmo crescimento. Somente o setor de educação que

apresenta oscilações entre os anos de 2000 e 2009, tendo obtido seu melhor índice em

2007

Gráfico 5.5 – IFDM: Evolução anual21

Em vista dos gráficos apresentado e dos bons índices apresentados por Rio das Ostras,

acredita-se que o município tem aplicados seus recursos de forma satisfatória.

20

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011 21

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011

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64

De fato, a mídia frequentemente aponta a cidade como a que melhor deu

aplicação aos recursos dos royalties, se destacando pelos investimentos em

infraestrutura e saneamento básico.22

No site da Prefeitura de Rio das Ostras consta que boa parte dos royalties tem

sido aplicados no setor da saúde. Parte dos recursos foram utilizados para equipar o

Hospital Municipal com aparelhos para diagnóstico e tratamento, como tomografia

computadorizada, endoscopia, ecocardiograma, entre outros. Ainda no Hospital

Municipal, foi construída uma UTI. Os recursos também foram utilizados na reforma do

Pronto-Socorro e na criação de uma Unidade de Dor Torácica – UDT, a única do

Interior do Rio, para atendimento a pacientes com risco de infarto. 23

Tais investimentos, de fato, condizem com o bom índice que de Rio das Ostras

apresenta no setor saúde, conforme gráfico 5.6.

Gráfico 5.6 – Saúde: Máximo, Mínimo e Mediana – Rio das Ostras 200924

22

Rio das Ostras – Dados Gerais. Disponível em: < http://www.riodasostras.rj.gov.br/dadosgerais .html>.

Acesso em: 11. Out. 2011 23

PMDB – Rio de Janeiro. Jornal O Globo cita Rio das Ostras como exemplo na utilização dos royalties.

Disponível em: < http://www.pmdb-rj.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=393

:jornal-o-globo-cita-rio-das-ostras-como-exemplo-na-utilizacao-dos-royalties&catid=52:noticias&Itemi

=114>. Acesso: 16.out.2011 24

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011

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65

No site também constam investimentos na área da educação. Porém, conforme

visto nos gráficos 5.2 e 5.5, Rio das Ostras apresenta desenvolvimento moderado nesse

setor, e a qualidade de ensino caiu consideravelmente de 2007 para 2008, tendo apenas

uma pequena melhora em 2009. Dessa forma, fazem-se necessários maiores

investimentos em educação e um melhor planejamento para o desenvolvimento dessa

área.

Quanto a geração de empregos, parte dos royalties recebidos foi investida na

estruturação da Zona Especial de Negócios – ZEN, que abriga 30 empresas e gera mais

de 4.500 empregos diretos e ainda investiu na qualificação da mão-de-obra, criando o

Centro de Qualificação Profissional.25

Tais investimentos também refletiram positivamente nos índices de

desenvolvimento de Rio das Ostras. Conforme o gráfico 5.7, a cidade se destaca no

estado do RJ como uma das poucas cidades a obter alto desenvolvimento no setor

empregos e rendas. A grande maioria dos municípios fluminenses possuem um índice

inferior a 0,4, o que significa a precariedade do setor.

Gráfico 5.7 – Emprego & Renda: Panorama Regional 26

25

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011 26

Ibid.

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66

Outro resultado que confirma o crescimento do município e uma adequada

aplicação dos royalties são os resultados do Produto Interno Bruto – PIB. De acordo

com a Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores

Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj/CEEP), Rio das Ostras foi um dos cinco municípios

com maior aumento do Produto Interno Bruto – PIB, para os anos de 2007-2008;

aumento este ligado aos investimentos feitos em infraestrutura, e também ao

crescimento da taxa de emprego no município, que foi de 17% no período.27

5.3.2 Campos dos Goytacazes

Localizada no Norte Fluminense, a cidade de Campos dos Goytacazes possui a

mais vasta área do estado do Rio de Janeiro. A economia da região era fortemente

baseada na produção açucareira e a região era repleta de engenhos a vapor que,

posteriormente, foram substituídos por usinas. Tal cenário econômico foi alterado com a

descoberta de petróleo e gás natural na plataforma continental da Bacia de Campos. Os

royalties recebidos pelo município tem representado um aumento expressivo da receita

municipal. Apesar de ser a cidade brasileira mais beneficiada com os royalties, Campos

apresenta o IFDM inferior ao de Rio das Ostras. De acordo com o gráfico 5.8, a cidade

apresenta apena um alto desenvolvimento no setor de saúde.

Gráfico 5.8 – IFDM: Campos dos Goytacazes 200928

27

Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de

Janeiro - CEPERJ. PRODUTO INTERNO BRUTO DOS MUNICÍPIOS - 2004 - 2008 ESTADO

DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro. 2010. Disponível em: <http://www.fesp.rj.gov.br/ceep/pib/PIB

%20%20dos%20munic%C3%ADpios%20do%20Estado%20do%20Rio%20de%20Janeiro% 202008.pdf>.

Acesso em: 15.nov.2011. 28

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011.

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67

Comparativamente, Campos possui IFDM superior a média nacional. Porém,

diferente de Rio das Ostras, possui o índice abaixo da capital do estado.

Gráfico 5.9 – IFDM: Máximo, Mínimo e Mediana – Campos dos Goytacazes 200929

Quanto a evolução desses índices, observa-se através do gráfico 5.10 que, desde

2000 o IFDM da região tem oscilado e em nenhum dos anos seguintes conseguiu

alcançar um alto desenvolvimento.

Observa-se também que, mesmo a educação tendo desenvolvimento moderado,

ela apresenta um crescimento a partir de 2006. O setor da saúde também se mantém

constante, mantendo um bom desenvolvimento, sem grandes variações no índice de

uma no para o outro. O setor mais defasado seria o de emprego e renda, cujo índice vem

sofrendo variações bruscas de um ano para o outro e na última avaliação, apresentou

desenvolvimento regular. Dessa maneira, observa-se que Campos, a cidade que mais

recebe royalties não tem obtido resultados tão satisfatórios como Rio das Ostras. Há a

necessidade de melhor direcionamento desses recursos de maneira que as melhorias

realizadas reflitam em índices mais altos de desenvolvimento.

29

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011

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68

Gráfico 5.10 – IFDM: Evolução anual – Campos dos Goytacazes 30

Campos também é constantemente apontada pela mídia como alvo de corrupção,

protagonizando alguns escândalos políticos envolvendo royalties. Em março de 2008,

iniciou-se a Operação Telhado de Vidro da Policia Federal e do Ministério Público

Federal com o objetivo de desvendar crimes ligados à prática de corrupção por políticos

de Campos.31

A operação resultou na prisão de secretários municipais, assessores especiais,

empresários do setor artístico, e no afastamento por alguns dias do Prefeito Alexandre

Mocaiber (PSB).

As investigações durante a operação confirmaram o favorecimento de empresas

contratadas sem licitação, usadas como "laranjas” e o superfaturamento dos shows

30

Fonte: < http://www.firjan.org.br/IFDM/>. Acesso: 15.nov.2011 31

Revista Visão Socioambiental. A Farra dos Royalties. Disponível em: <http://www.visaosocio

ambiental.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=207&Itemid=60>. Acesso: 16.

out.2011.

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69

realizados no município. O desvio dos royalties resultou em um prejuízo para os cofres

públicos de R$ 240 milhões.32

5.4 Polêmica em torno das divisões dos royalties

Em 2009, o então deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), juntamente com os

deputados Humberto Souto (PPS-MG) e Marcelo Castro (PMDB-PI), propuseram uma

emenda que prevê uma modificação na atual distribuição de royalties do pré-sal e

participações especiais entre estados e municípios brasileiros. Tal emenda, que ficou

conhecida com emenda Ibsen, defende a divisão igualitária desses benefícios entre todos

os estados brasileiros, incluindo os não produtores. A emenda foi altamente criticada

pelos governos dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, os maiores

beneficiados com a atual distribuição.33

A proposta da emenda é que 50% dos recursos sejam destinados à União e a

outra metade seja repartida com todos os Estados e municípios, incluindo os não

produtores, segundo os critérios dos fundos constitucionais dos municípios (FPM) e dos

Estados (FPE). Caso seja aprovada, a nova regra valerá tanto para os contratos de

partilha quanto para os de concessão. 34

A emenda, porém, foi vetada pelo ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula

da Silva. Porém, a presidente Dilma ainda deve decidir se suspende o veto ou se esse se

mantém. Quanto aos estados produtores, a Emenda Ibsen sugere que partes dos royalties

destinados a União sejam usados para compensar as perdas ocasionadas pelas mudanças

na divisão dos royalties. 35

Essa questão gerou enorme polêmica, com repercussão em todo país. Um grupo

é radicalmente contra essa medida, pois argumenta que as regiões produtoras, por serem

impactadas ambientalmente e socialmente com as atividades petrolíferas, merecem

receber uma quantia maior em compensação a tais danos. O deputado Paulo Feijó é um

dos que defemdem essa idéia:

Não podemos nos calar contra o assalto patrocinado contra os Municípios e

Estados produtores de petróleo por aqueles que desejam ter acesso aos

32

Revista Visão Socioambiental. A Farra dos Royalties. Disponível em: <http://www.visaosocio

ambiental.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=207&Itemid=60>. Acesso: 16.

out.2011. 33

Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/ >. Acesso: 16.out.2011 34

Ibid. 35

Ibid.

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70

royalties como se estes fossem riquezas passíveis de serem distribuídas. É a

Constituição Federal que estabelece o critério de que os royalties do petróleo

não são verbas ou repasses federais e que se trata de compensações, de

indenizações que somente podem pagas a quem sofre os impactos negativos

da cadeia produtiva de petróleo.36

Esse grupo também argumenta que o ICMS sob o petróleo não é recolhido onde

ele é produzido, e sim onde é distribuído, sendo assim, os produtores não contam com a

quantia relativa a arrecadação de impostos. Outro argumento contra a nova distribuição

é que os royalties representam mais de 70% das arrecadações de alguns municípios

produtores e a nova divisão causaria enormes impactos negativos a economia e a

sociedade dessas regiões, conforme depoimento do governador do estado do RJ, Sérgio

Cabral:

O Rio de Janeiro é o primeiro na recepção de recursos dos royalties e da

participação especial. Pela emenda do Ibsen ele passa ser o vigésimo,

vigésimo primeiro. Um deboche. O Rio deixa de ter recursos para fazer

qualquer investimento. É mais grave do que as pessoas estão imaginando.

Então, deixar de ter cinco bilhões de reais no caixa do governo do estado

mais os dois bilhões de reais nos caixas das cidades é efetivamente parar o

estado. Se essa emenda absurda for aprovada e efetivada o Rio deixa de ter

recursos pra fazer qualquer coisa inclusive Copa do Mundo e Olimpíada.37

Em contrapartida, há os que são a favor da nova regra de distribuição. O

principal argumento desse grupo é que, se o petróleo é nacional, os benefícios

provenientes dele também devem ser, conforme defendido por Humberto Souto:

(...) diferentemente do que estão tentando mostrar à Casa, nós - o Deputado

Ibsen Pinheiro e eu - apresentamos uma emenda ao pré-sal que não tem cor

partidária. (...). Estamos discordando é da forma da distribuição dos recursos

para Estados e Municípios. Nossa emenda é muito clara. Não tira nada de

ninguém, simplesmente estabelece que o que é da União está preservado e o

restante será dividido pelo Fundo de Participação dos Municípios e pelo

Fundo de Participação dos Estados, para todos os Estados e o Distrito

Federal, uniformemente.(...). Estamos perfeitamente de acordo com a

36

Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em: < http://www.camara.gov.br/internet/SitaqWeb/

TextoHTML.asp?etapa=5&nuSessao=303.1.54.O&nuQuarto=17&nuOrador=2&nuInsercao=0&dtHorar

ioQuarto=14:32&sgFaseSessao=PE&Data=31/10/2011&txApelido=PAULO%20FEIJ%C3%93,%20PR

-RJ >. Acesso: 16.out.2011. 37

Entrevista concedida pelo governador Sergio Cabral à TV Band News em 16.mar.2010. Disponível em:

< http://mais.uol.com.br/view/99at89ajv6h1/sergio-cabral-volta-a-criticar-partilha-do-presal-0402183 36

6C0817326?types=A&>. Acesso: 28.nov.2011.

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partilha.(...) Estamos apenas querendo fazer justiça. Como o petróleo é da

União, deverá ser distribuído para todos, não apenas para alguns Estados e

Municípios.38

Outro argumento de defesa para a divisão igualitária é que com o pré-sal a

produção de petróleo nacional vai aumentar muito, aumentando também as

arrecadações, que ficarão concentradas somente em algumas regiões. Também

defendem que os impostos que financiam as pesquisas da Petrobras não vêm só dos

estados produtores, mas de todo o país.

Esse grupo também acredita que, a atual distribuição contribui para as

desigualdades sociais gritantes entre os estados brasileiros, e que o petróleo, maior

riqueza nacional, deveria ser uma ferramenta que promovesse a igualdade social no

país. , conforme defende o deputado Inocêncio Oliveira:

(...) eu gostaria que houvesse uma anistia, que houvesse um relacionamento,

porque nós do Nordeste, do Norte, do Centro-Oeste e do Sul não queremos

briga. Nós queremos apenas justiça. Se o Brasil tem riquezas, elas precisam

ser distribuídas sobretudo aos Estados mais pobres e aos Municípios mais

pobres do País. (...) Eu acredito que o projeto feito no Senado Federal atende

aos interesses de todos, porque tira uma parcela da União, uma parcela

daqueles Estados que há muitos e muitos anos vêm recebendo

esses royalties do petróleo, fazendo com que haja uma distribuição mais

equitativa, para que possamos fazer do Brasil um País mais justo, mais

equilibrado, socialmente mais distributivo e onde haja sobretudo uma grande

justiça social, para que possamos erradicar definitivamente a miséria e

possamos tirar esses bolsões de pobreza.39

A verdade é que, sendo aprovada, a nova distribuição de royalties poderá

provocar enormes transformações no cenário nacional.

5.5 Conclusão

Conforme o presente capítulo mostrou, a justificativa para o pagamento de

royalties a União é indenizar as gerações atuais e futuras pela exploração de um recurso

38

Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em: < http://www.camara.gov.br/internet/SitaqWeb/

TextoHTML.asp?etapa=5&nuSessao=346.3.53.O&nuQuarto=71&nuOrador=3&nuInsercao=80&dtHor

arioQuarto=16:24&sgFaseSessao=OD&Data=09/12/2009&txApelido=HUMBERTO%20SOUTO,%20P

PS-MG >. Acesso: 16.out.2011. 39

Ibid.

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72

não-renovável que é uma propriedade da nação e, sendo assim, de todos os seus

cidadãos. Também é uma forma de compensar todos os danos ambientais consequentes

das atividades de produção e exploração. Dessa maneira, tais recursos devem ser

destinados a ações que promovam o bem estar social e a conservação ambiental.

Analisando o IFDM de algumas cidades e analisando separadamente os setores

de educação, saúde e emprego, vimos que mesmo cidades que recebem grandes quantias

referentes aos royalties não apresentam alto desenvolvimento em alguns desses setores

e, em algumas situações, apresentam uma posição inferior a municípios que recebem

menos ou nenhum benefício. Rio das Ostras apresentou resultados mais satisfatórios do

que Campos: alto desenvolvimento em quase todos os quesitos e índices acima da

média nacional, levando a crer que os recursos destinados ao município tem tido uma

aplicação coerente. Porém, a cidade ainda pode melhorar seu índice relacionado à

educação. Para tal, é necessário maiores investimentos nesse setor. Campos, por sua

vez, deixou a desejar principalmente no quesito Emprego & Renda. Sendo o maior

beneficiado com royalties no Brasil, era de se esperar alto desenvolvimento em todos os

setores, o que não ocorreu. De 2000 a 2009, Campos apresentou um IFDM de

desenvolvimento moderado, o que é incompatível com a receita desse município. Em

vista disso, vimos que o pagamento dos royalties por si só não garante transformações

sociais. Para cumprir seu propósito ele deve ser bem direcionado e atender

principalmente as populações mais carentes.

Em vista do que foi apresentado no capítulo, pode-se concluir que o royalty

tende a ser mais uma ferramenta da indústria de petróleo usada na transformação social.

Quanto mais consciente e bem planejado for o uso desse dinheiro, mais benefícios e

impactos positivos ele poderá trazer para a sociedade brasileira.

Quanto à proposta de nova regra de divisão dos royalties, se ela realmente for

aprovada, todas as comunidades brasileiras serão impactadas. Umas serão prejudicadas

em detrimento do benefício de outras. No geral, espera-se que, caso a nova divisão

passe a valer, o petróleo realmente seja um propulsor da igualdade social no Brasil.

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CAPÍTULO 6 – RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS DE

PETRÓLEO

6.1 Introdução

Ao longo dos capítulos anteriores, foi mostrado como o petróleo, desde que

começou a ser explorado, vem impactando as sociedades, positivamente ou não. Vimos

que o produto em si transformou a vida de gerações ao proporcionar, através de seus

derivados, diversas comodidades e praticidades, sendo difícil imaginar a vida de uma

pessoa, nos dias atuais, totalmente independente dos subprodutos do petróleo. Mesmo

em vista dos danos ambientais consequentes das atividades petrolíferas e da queima de

combustíveis fósseis, a importância do petróleo na nossa vida cotidiana é

inquestionável. Vimos também que a indústria que surgiu em torno desse

hidrocarboneto traz diversas consequências às comunidades em que estão inseridas:

empregos são gerados, economias são aquecidas, cidades pequenas e sem infraestrutura

adequada são invadidas por um contingente de pessoas atraídas pela existência da

substância no local. Além disso, há os royalties que, se aplicados devidamente, podem

proporcionar desenvolvimento regional e bem-estar social.

O presente capítulo tem o mesmo objetivo dos demais: mostrar como o petróleo

e sua indústria tem potencial para modificar as sociedades. Porém, para tal, o enfoque

será outro: a responsabilidade social. Até então, os impactos apresentados foram

consequências indiretas das atividades de produção e exploração e do uso dos derivados

de petróleo. Agora serão mostradas atuações mais diretas dessas indústrias nas

sociedades: os projetos, iniciativas e ações sociais por elas realizadas.

Para tal, serão abordadas algumas das principais atuações junto à sociedade de

duas importantes indústrias de petróleo que operam no país: a Petrobras (economia

mista) e a privada Shell.

6.2 Responsabilidade social

Entende-se por "Responsabilidade Social" uma espécie de prestação de contas

entre a empresa e a sociedade na qual ela realiza suas operações. No caso das empresas

de petróleo, o meio-ambiente dispõe a matéria-prima essencial para realização de suas

atividades e a sociedade oferece a mão-de-obra e o conhecimento necessários para que a

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empresa se desenvolva e maximize seus lucros. Portanto, uma empresa estando inserida

em um ambiente social, deve prestar contas à sociedade. 1

Richard Daft define a responsabilidade social como: "(...) obrigação da

administração de tomar decisões e ações que irão contribuir para o bem-estar e os

interesses da sociedade e da organização".2

Sendo assim, as empresas não investem em iniciativas sociais visando apenas o

“pagamento de suas dívidas” com a comunidade. Elas sabem que assumir esses

compromissos éticos e sociais pode ser um diferencial competitivo, ocasionando maior

rentabilidade em longo prazo. 3

No geral, o consumidor tende a valorizar as empresas socialmente responsáveis,

o que tende a gerar maiores lucros para essas empresas. Medidas com o intuito de

amenizar problemas sociais contribuem para uma boa imagem empresarial. Cada vez

mais, o consumidor busca qualidade e responsabilidade e para conquistar mais clientes,

as empresas têm investido, cada vez mais, em projetos que beneficiem a comunidade de

alguma forma. 4

A responsabilidade social da empresa pode ser dividida em quatro grupos:

Responsabilidade econômica: Produzir bens e serviços de que a

sociedade necessita.

Responsabilidade legal: Atuação da empresa dentro da das leis impostas

pelos conselhos locais das cidades, assembléias legislativas estaduais e

agências de regulamentação do governo federal.

Responsabilidade ética: Corresponde ao comportamento que a sociedade

espera das empresas, mas que não estão necessariamente na lei.

Responsabilidade discricionária ou filantrópica: Ação voluntária visando

contribuição social sem retornos financeiros para a empresa.5

O enfoque desse capítulo, portanto, será a responsabilidade discricionária ou

filantrópica.

1LOURENÇO, A.G; SCHRODER, D.S. Vale a pena investir em responsabilidade social empresarial?

Stakeholders, ganhos e perdas. INSTITUTO ETHOS. Disponível em: < http://www.ethos.org.br/docs

/comunidade_academica/ premio_ethos_valor/trabalhos/300_alex_e_debora.doc>. Acesso em: 11.out.

2011. 2 DAFT, Richard L. Administração. Tradução. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 1999. p 88.

3LOURENÇO, A.G; SCHRODER, D.S. Vale a pena investir em responsabilidade social empresarial?

Stakeholders, ganhos e perdas. INSTITUTO ETHOS. Disponível em: < http://www.ethos.org.br/docs

/comunidade_academica/ premio_ethos_valor/trabalhos/300_alex_e_debora.doc>. Acesso em: 11.out.

2011. 4 Ibid

5 Ibid.

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No Brasil, tem-se observado tal preocupação social por parte das empresas do

ramo petrolífero. Tais empresas atuam diretamente no cenário social através de:

1. Campanhas e ações sociais esporádicas.

2. Patrocínio a projetos sociais já existentes, criados e organizados por

terceiros.

3. Projetos sociais, criados, organizados, fiscalizados e mantidos pela

própria empresa.

No próximo tópico, as atuações sociais acima serão exemplificadas. Todas as

informações sobre os projetos citados a seguir foram retirados dos sites das empresas

em questão.

6.3 Petrobras

6.3.1 A empresa

A Petrobras é uma sociedade anônima de capital aberto, tendo como acionista

majoritário o Governo do Brasil. É, portanto, uma empresa estatal de economia mista.6

Como empresa de energia, atua, principalmente, nos setores de produção e

exploração, refino, comercialização e transporte de óleo e gás natural, petroquímica e

distribuição de derivados. Também atua em setores como energia elétrica,

biocombustíveis e outras fontes renováveis de energia.7

Está presente em 28 países e é a 3ª maior empresa de energia do mundo, a 8ª

maior empresa global por valor de mercado e a maior do Brasil (US$ 164,8 bilhões),

está em 4º lugar entre as empresas mais respeitadas do mundo e é considerada uma das

empresas mais socialmente responsáveis do Brasil.8

Seu lema atual é: "Uma empresa integrada de energia que atua

com responsabilidade social e ambiental". 9

Em 2007, a companhia criou sua Política de Responsabilidade Social.

Atualmente, a Petrobras vem buscando ser referência internacional em responsabilidade

social na gestão dos negócios, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. 10

6 Perfil - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/>. Acesso em:

11. Out. 2011 7 Ibid

8 Ibid

9 WIKIPEDIA. Petrobras, 2011. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Petrobras>. Acesso em:

11.Out. 2011

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Pela sexta vez consecutiva, a companhia integra o Dow Jones Sustainability

Index, referência entre os investidores que procuram empresas socialmente

responsáveis.11

6.3.2 Projetos, ações e iniciativas sociais

Por se tratar de uma empresa onde a Responsabilidade Social é extremamente

importante, a Petrobras criou o Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania, que

pretende investir R$ 1,2 bilhão, até 2012, em ações de cidadania. O programa consiste

na escolha, através de seleção pública, de projetos que contribuem para a redução da

pobreza e da desigualdade social no Brasil. Um dos projetos escolhido em uma das

edições foi a Rede de Reciclagem de Resíduos, cujo objetivo é promover a inserção

social dos catadores de materiais recicláveis. O projeto beneficia em torno de 7200

pessoas e 143 instituições de catadores.12

Conforme consta no site da empresa: “Para a Petrobras, responsabilidade social

é a forma de gestão integrada, ética e transparente dos negócios e atividades e das suas

relações com todos os públicos de interesse, promovendo os direitos humanos e a

cidadania, respeitando a diversidade humana e cultural, não permitindo a discriminação,

o trabalho degradante, o trabalho infantil e escravo, contribuindo para o

desenvolvimento sustentável e para a redução da desigualdade social.”

Um dos projetos de destaque da Petrobras é o Oficinas do Samba, onde a

empresa usa o carnaval brasileiro como um importante agente de transformação social.

O objetivo da iniciativa é capacitar profissionais através da arte do carnaval. A idéia é

reaproveitar e reciclar os materiais utilizados na confecção das fantasias de maneira e

confeccionar as fantasias do próximo ano. Além do objetivo de capacitação profissional,

o projeto também contribui com a preservação ambiental.13

São, ao todo, cinco oficinas de capacitação profissional, dentro das seguintes

escolas de samba do Rio de Janeiro: Vila Isabel, Beija-Flor, Portela, Salgueiro e

Rocinha. As oficinas oferecem aulas de cenografia, alegoria, adereço, fantasia, corte e

10

Promovendo a Cidadania - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-

e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso em: 11. Out. 2011 11

Ibid. 12

Ibid. 13

Ibid.

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77

costura. Dessa maneira, os alunos saem preparados para atuar em diversas áreas. Cerca

de 50% dos alunos são aproveitados no mercado de trabalho. 14

Os cursos duram um ano, com direito a um estágio. Para participar do projeto, o

aluno deve estar matriculado na escola e receberá, ao longo do curso, uma ajuda de

custo para transporte e alimentação. 15

Nas figuras 6.1 e 6.2 podemos observar pessoas trabalhando nas oficinas,

confeccionando alegorias e fantasias a partir de material reciclado.

Figura 6.1 – Projeto social Oficinas do Samba16

Figura 6.2 – Projeto Social de iniciativa da Petrobras que capacita jovens e adultos através do

carnaval.17

14

Promovendo a Cidadania - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-

e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso em: 11. Out. 2011 15

Ibid. 16

Fonte:< http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso

em: 11.out.2011

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Outro importante projeto social que tem o apoio da Petrobras desde 2007 é o

Radiotube – Cidadania em todas as ondas (www.radiotube.org.br). Trata-se de um site

onde pessoas que produzem rádio e que se preocupam com a cidadania podem

compartilhar suas produções e opiniões. O layout do site pode ser visualizado na figura

6.3. 18

No site, o internauta pode fazer downloads e uploads de áudios, textos,

entrevistas, músicas e até rádio-novelas com temas como o desemprego,

inclusão digital e drogas. (...) Os internautas são constantemente estimulados

a opinar e mostrar suas realidades locais, o que gera um intercâmbio de

informações. Colocando a criatividade a serviço da cidadania, o resultado é

uma aula de responsabilidade social.19

Figura 6.3 – Site Radiotube (www.radiotube.org.br)20

O projeto conta com 732 emissoras de rádios comunitárias, comerciais e

educativas. A iniciativa também realiza oficinas técnicas sobre equipamentos e

17

Fonte:< http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso

em: 11.out.2011 18

Promovendo a Cidadania - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-

e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso em: 11. Out. 2011 19

Ibid 20

Fonte:< http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso

em: 11.out.2011

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linguagem de rádio, que contam com cerca de 60 alunos de 16 a 29 anos. Na figura 6.4

observa-se jovens participando de tais oficinas. 21

Figura 6.4 – Jovens participando do Projeto Radiotube22.

A empresa também apoia o projeto Nós da Trama. Tal projeto gera empregos e

renda através da produção e comercialização de artigos a base de fibras naturais,

movimentando a economia de Araruama (RJ), conforme pode ser observado na figura

6.5. 23

O projeto realiza oficinas, reciclagem e beneficiamento de fibras e palhas

naturais, tecelagem, cartonagem e confecção de peças e acessórios para

comercialização, utilizando como matéria prima fibras de coco, banana, bambu e a

planta aquática taboa. A iniciativa conta também com o núcleo pedagógico, que ensina

as técnicas de manuseio de vários tipos de teares. 24

21

Promovendo a Cidadania - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-

e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso em: 11. Out. 2011 22

Fonte:< http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso

em: 11.out.2011 23

Promovendo a Cidadania - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-

e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso em: 11. Out. 2011 24

Ibid

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80

Os produtos confeccionados pelos artesãos do projeto são ecologicamente

corretos e vendidos pra grifes de moda, restaurantes e grandes lojas. 25

Figura 6.5 – Artesã trabalhando no projeto “Nós da Trama”.26

A companhia também incentiva e patrocina a cultura nacional. Há uma

preocupação em garantir o acesso da população aos bens culturais e o interesse em

afirmar a identidade brasileira.27

A companhia teve um papel importante na retomada do cinema nacional, sendo

uma grande patrocinadora dos filmes brasileiros.28

O principal programa de patrocínio a cultura do país, o Programa Petrobras

Cultural (PPC), é uma iniciativa da Petrobras. O PPC vem comprovar a preocupação da

empresa com uma política cultural de alcance social. Em virtude desse projeto, a

companhia é reconhecida como a empresa que mais apoia a Cultura no Brasil.29

Uma importante iniciativa da Petrobras voltada para a cultura nacional é o

patrocínio de parte da programação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o que

25

Promovendo a Cidadania - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-

e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso em: 11. Out. 2011 26

Fonte:< http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade/promovendo-a-cidadania/>. Acesso

em: 11.out.2011 27

Promovendo a Cultura: Ações de Incentivo - Petrobras. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br

/pt/meio-ambiente-e-sociedade/valorizando-a-cultura/>. Acesso em: 11. Out. 2011 28

Ibid 29

Ibid

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81

inclui óperas, balés, peças, entre outros. A Petrobras também patrocinou a restauração,

da casa.30

Dentro os inúmeros projetos culturais patrocinados pela empresa, destaca-se o

Grupo Galpão de teatro popular. A Petrobras investe trabalho artístico do grupo e

patrocina uma série de atividades de alcance social e comunitário desenvolvidas por

eles.31

Outra ação cultural por parte da Petrobras bastante relevante é o “Overmundo”,

um projeto que envolve um site (www.overmundo.com.br) cujo objetivo é a troca de

informações sobre artes. Um meio de comunicação virtual onde toda a diversidade

cultural brasileira é difundida. 32

A política de responsabilidade social da companhia também está presente nos

esportes. Para a Petrobras, o incentivo ao esporte estimula a sociedade a renovar o

espírito de equipe entre os brasileiros. Com esse intuito, a Petrobras patrocina e

incentiva diversas modalidades esportivas.33

Atualmente, existe um projeto que interliga responsabilidade social e esporte: O

Programa Petrobras Esporte & Cidadania. O Objetivo desse programa é apoiar o

desenvolvimento do esporte no Brasil e contribuir para a democratização do acesso

popular às práticas desportivas.34

6.3.3 Reconhecimentos, prêmios e certificações

A Petrobrás é signatária do Pacto Global da ONU (Organização das Nações

Unidas), que é uma iniciativa voluntária, desenvolvida pelo ex-secretário da ONU, Kofi

Annan, cujo objetivo é fornecer diretrizes para o crescimento sustentável e social das

empresas envolvidas. O selo dessa iniciativa está ilustrado na figura 6.6.

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, faz parte do Conselho

Internacional do Pacto Global. A empresa é a única da América Latina a integrar o

Conselho e, no Brasil, a empresa participa do Comitê Brasileiro, ocupando a vice-

presidência.

30

Promovendo a Cultura: Ações de Incentivo - Petrobras. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br

/pt/meio-ambiente-e-sociedade/valorizando-a-cultura/>. Acesso em: 11. Out. 2011 31

Ibid. 32

Ibid 33

Movimentando o Esporte: Ações de Incentivo - Petrobras. Disponível em: < http://www.petrobras.

com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade/movimentando-o-esporte/>. Acesso em: 11. Out. 2011 34

Ibid

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82

Dentro desse projeto, a ONU iniciou um processo seletivo com o objetivo de

escolher empresas capazes de desenvolver uma metodologia de formação de novos

líderes empresariais socialmente responsáveis. Tal seleção contou com 1.200 empresas

e 350 business schools de todo o mundo e teve a Petrobras como uma das 12 escolhidas,

sendo a única escolhida da América Latina. 35

Figura 6.6 – Selo do Pacto Global ONU 36

Nos anos 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 e 2007, a Petrobras foi

contemplada com o selo IBASE/Betinho, ilustrado na figura 6.7. O IBASE (Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) conferiu, até o ano de 2007, este selo às

empresas que publicassem o seu balanço social seguindo o modelo sugerido pela

instituição. Tal balanço social é um demonstrativo anual publicado pela empresa que

reúne informações sobre os projetos, iniciativas e ações sociais voltadas aos empregados

e à comunidade. É uma forma de avaliar e expandir o exercício da responsabilidade

social corporativa. Para o Instituto, tal iniciativa é uma ferramenta que explicita a

preocupação das empresas com o ambiente e as pessoas ao seu redor. 37

Figura 6.7 – Selo IBASE/ Betinho38

35

Pacto Global Rede Brasileira. Disponível em: <http://www.pactoglobal.org.br/pactoGlobal.aspx >.

Acesso em: 13. Nov. 2011 36

Ibid. 37

iBase30. Disponível em: < http://www.ibase.br/pt/>. Acesso em: 13. Nov. 2011 38

Ibid.

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83

Em 2009, a empresa foi premiada pela Associação dos Dirigentes de Vendas e

Marketing do Brasil (ADVB) em virtude dos projetos sociais que vinha desenvolvendo

junto à população.

Outro fato que evidencia a preocupação social da empresa foi a pesquisa

“Marcas de Confiança”, realizada pela revista Seleções do Reader’s Digest em parceria

com o Ibope Solution. Pelo segundo ano consecutivo, a empresa obteve 1º lugar na

categoria Responsabilidade Social.

A Petrobras ainda possui a certificação de responsabilidade social SA 8000. A

SA 8000 tem sua estrutura baseada nos valores da Organização Internacional do

Trabalho, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção das Nações

Unidas dos Direitos das Crianças. É uma certificação reconhecida mundialmente e

envolve o desenvolvimento e a auditoria de sistemas de gestão que possuem práticas de

trabalho socialmente corretas, gerando benefícios à sociedade. 39

Além da SA 8000, a Petrobras também conta com a certificação NBR 16001.

Tal certificação está baseada nos três parâmetros da sustentabilidade: economia,

sociedade e ambiente e possui acreditação do INMETRO (Instituto Nacional de

Metrologia, Qualidade e Tecnologia). A NBR 16001 estabelece os requisitos para a

implementação de um Sistema de Gestão de Responsabilidade Social (SGRS) que, se

eficaz , promove a cidadania, o desenvolvimento sustentável e a transparência das

atividades da organização. 40

6.4 Shell

6.4.1 A empresa

A Shell é um grupo global de empresas de energia e petroquímicas que atua no

Brasil desde 1913. Tem atuação nas áreas de varejo, aviação, lubrificantes, comercial,

marine, distribuição, químicos e suprimentos (downstream) e exploração e produção de

petróleo e gás Natural (upstream). A área mais conhecido pelo consumidor é a do

Varejo, com aproximadamente 2,7 mil postos de serviço. 41

39

Certification Bureau Veritas. Disponível em: <http://www.bureauveritascertification.com.br/

noticias.asp?IDNot=25>. Acesso em: 14. Nov 2011 40

Ibid. 41

Quem somos – Shell Brasil. Disponível em: <http://www.shell.com/home/content/bra/aboutshell/

who_we_are_tpkg/>. Acesso em: 11. Out. 2011

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Conforme consta em seu site, os Princípios Gerais de Negócio da Shell são

compostos pelos seguintes valores: honestidade, integridade e respeito pelas pessoas.42

Quanto a responsabilidade social, a Shell vem investindo em diversos

programas sociais pois acredita que o sucesso de seus negócio depende da capacidade

em ganhar e manter a confiança das comunidades próximas às suas atividades. A

empresa acredita que investir em projetos sociais é essencial para tornar suas operações

sustentáveis.

6.4.2 Projetos, ações e iniciativas sociais

Um dos projetos sociais criado pela Shell é a Biblioteca Móvel Itapemirim/Shell,

que incentiva a leitura, possibilitando o acesso a livros à diversas comunidades. Trata-se

de um ônibus adaptado, conforme mostrado na figura 6.8, que percorre várias regiões

com o objetivo de disseminar o hábito da leitura e a inclusão digital dos cidadãos. 43

A Biblioteca Móvel permanece por duas semanas em cada cidade que visita.

Além da disponibilidade de livros, o projeto inclui oficinas lúdicas, teatro de fantoches,

leitura de contos, encontro com autores e contadores de histórias e visitações em escolas

e instituições.44

Quanto à infraestrutura, o interior do ônibus é equipado com um telão,

computadores, impressora, TV, DVD e sistema de som, espaço externo para

atendimento do público e o acervo de livros conta com mais de mil livros, conforme

mostrado nas figuras 6.8 e 6.9.45

Figura 6.8 - Biblioteca Móvel Itapemirim/Shell46

42

Quem somos – Shell Brasil. Disponível em: <http://www.shell.com/home/content/bra/aboutshell/

who_we_are_tpkg/>. Acesso em: 11. Out. 2011. 43

Projetos educacionais - Petrobras. Disponível em: <http://www.shell.com/home/content/bra/

environment_society/brazil_social_investments/education/>. Acesso em: 11. Out. 2011 44

Ibid 45

Ibid 46

Fonte: <http://www.itapemirim.com.br/ responsabilidade-social/ biblioteca-movel/unidade-shell.html>.

Acesso: 11.Out.2011.

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Figura 6.9 – Interior da biblioteca móvel.47

Figura 6.10 – Espaço externo da biblioteca móvel, para atendimento do público.48

47

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_yfRFIHk9tRw/TOP02rQCMtI/AAAAAAAAA5w/ YPCz9BM08qg/

s1600/gd_a9c3e57a2640.jpgc&dur=372&page=2&tbnh=133&tbnw=194&start=19&ndsp=18&ved=1t:

429,r:4,s:19&tx=91&ty=57&biw=1366&bih=643>. Acesso em: 11.out.2011 48

Fonte:< http: //www.pauloafonsonoticias.com.br/internas/read/?id=508>. Acesso: 11.out.2011

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Figura 6.11 – Criança usufruindo do projeto Biblioteca Móvel Itapemirim/Shell49

Outro importante projeto social da Shell é o “IniciativaJovem”, um programa de

empreendedorismo que objetiva a capacitação de jovens para que estes sejam capazes

de criar projetos sustentáveis, contribuindo para a inserção do jovem na sociedade por

meio da ação empreendedora. O Programa oferece suporte e estrutura para que jovens

de 18 a 30 anos desenvolvam seus próprios negócios.50

A Shell também apoia o projeto Junior Achievement, que é uma fundação

educativa sem fins lucrativos. Assim como o “IniciativaJovem”, oprincipal objetivo do

projeto é incentivar o empreendedorismo. Desde que a Shell começou a patrocinar tal

projeto, mais de 2.000 jovens foram beneficiados.51

Indo para a área ambiental, a Shell apoia, desde 2007, o Projeto Promover –

Programa de Mobilização e Viabilização Socioambiental em parceria com o GAIA

(Grupo de Aplicação Interdisciplinar à Aprendizagem). O Objetivo desse projeto é

promover o desenvolvimento socioambiental nas regiões vizinhas às atividades da

Shell. O programa consiste no levantamento de problemas ambientais locais e numa

49

Fonte: <http://artecidadania.wordpress.com/category/responsabilidade-social/>. Acesso em: 11.out.2001 50

IniciativaJovem – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra/

environment_society/brazil_social_investments/economy_capacity/project_iniciativa_jovem >. Acesso

em: 11. Out. 2011 51

Junior Achievement – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra/

environment _society/brazil_social_investments/economy_capacity/project_junior_achievement/>.

Acesso em: 11. Out. 2011

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posterior reflexão sobre esses problemas. A partir daí, as comunidades são estimuladas

a formular soluções sustentáveis, estabelecer parcerias e procurar fontes de recursos

para implementação das propostas.52

A Shell também apoia, desde 2005, o projeto de Desenvolvimento do Pólo de

Maricultura da Região dos Lagos (RJ), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio

às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que incentiva o cultivo consciente e

sustentável de mexilhões, ostras e coquiles em fazendas marinhas. O objetivo desse

projeto é contribuir para o aumento da renda de familiar das comunidades. Além do

incentivo ao cultivo, a Shell também patrocina o Seminário Estadual de Maricultura

cujo objetivo é difundir novas tecnologias e promover o intercâmbio entre

maricultores.53

Outro projeto social apoiado pela Shell foi o Projeto Reparo de Barcos, em

parceria com a empresa de sísmica CGG. A finalidade do projeto era atender a

necessidade local de capacitação no setor pesqueiro. O projeto ofereceu quatro cursos à

comunidade: mecânica de motores para embarcação de pesca, eletrônica, engenharia

naval e carpintaria naval. Os cursos capacitaram 48 pessoas, entre pescadores e

familiares. 54

A Shell também apoia o Lar Batista Janell Doyle, que é uma instituição sem fins

lucrativos, localizada em Manaus (AM), cujo objetivo é dar assistência às crianças em

situação de risco e seus familiares. O projeto oferece a essas crianças um ambiente

familiar, uma alimentação adequada, educação, lazer e os cuidados necessários com a

saúde física e emocional. A instituição tem capacidade para abrigar 50 crianças com até

6 anos e possui uma creche que atende 75 crianças da comunidade, além de beneficiar

40 famílias por meio de um programa sócio familiar.55

Assim como a Petrobras, a Shell também colabora com o desenvolvimento e

reconhecimento da cultura nacional, através do Prêmio Shell de Teatro e o Prêmio Shell

52

Projetos de capacitação junto à área de Upstream – Shell Brasil. Disponível em:

<http://www.shell.com/home/content/bra/environment_society/brazil_social_investments/economy_cap

acity/project_ep/#subtitle_1>. Acesso em: 11. Out. 2011 53

Ibid 54

Ibid 55

Lar Batista Janell Doyle – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra/

environment_society/brazil_social_investments/economy_capacity/project_janell_doyle/ >. Acesso em:

11. Out. 2011

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de música. O Prêmio Shell de Música foi criado em 1981, sendo a primeira premiação

da musica brasileira promovida por uma empresa privada.56

Figura 6.12 - Troféu do Prêmio Shell de Música57

A premiação consiste em um júri composto por personalidades ligadas à música

brasileira que se reúne para avaliar os músicos brasileiros e escolher o vencedor do

prêmio. Além de receber o troféu ilustra na figura 6.12, o homenageado recebe um

prêmio de R$ 15 mil.58

Já o Prêmio Shell de Teatro, criado em 1988, premia os artistas e espetáculos de

melhor desempenho no Rio de Janeiro e São Paulo, conforme ilustrado na figura 6.13.59

56

Prêmio Shell de Música – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra

/environment_society/brazil_social_investments/music_awards/>. Acesso em: 11. Out. 2011 57

Fonte: <http://www.shell.com/home/content/bra/environment_society/brazil_social_ investments/music

awards/about/>. Acesso: 11.out.2011 58

Prêmio Shell de Música – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra

/environment_society/brazil_social_investments/music_awards/>. Acesso em: 11. Out. 2011 59

Prêmio Shell de Teatro – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra/

environment_society/brazil_social_investments/theatre_awards/about/>. Acesso em: 11. Out. 2011

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Figura 6.13 – Prêmio Shell de Teatro60

A companhia também investe em programas de voluntários. Um exemplo é o

Saber Dividir, programa que busca estimular a cidadania dos funcionários da empresa,

estimulando a participação em questões sociais.61

Figura 6.14 – Programa Saber Dividir 62

60

Fonte: <http://www.shell.com/home/content/bra/environment_society/brazil_social_investments/theatre

_awards/about/>. Acesso em: 11.out.2011 61

Voluntariado – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra/environment_

society/brazil_social_investments/volunteering/>. Acesso em: 11. Out. 2011 62

Fonte: < http://www.shell.com/home/content/bra/environment_ society/brazil_social_investments/

volunteering/>. Acesso em: 11. Out. 2011

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Inicialmente, o projeto era, basicamente, campanhas de doação. Hoje em dia

funciona da seguinte da maneira: todo ano uma votação é realizada para escolher 3

instituições que serão beneficiadas pelo projeto ao longo do ano. A área de

Investimentos Sociais da Shell reúne-se trimestralmente com os pontos focais dos

comitês de voluntários para traçar os planos de apoio às instituições selecionadas.63

O Shell Project Better World (SPBW), figura 6.15, é outro projeto voluntariado

mantido pela Shell, que conta com a participação de funcionários Shell. Essa inciativa

busca, através da troca de conhecimento e experiências, promover a responsabilidade

social junto aos funcionários. A iniciativa fortalece o compromisso da empresa com o

desenvolvimento sustentável e a preservação da biodiversidade.64

Figura 6.15 – Shell Project Better World 65

A Shell também patrocina o projeto Atravessando o Atravessador. Inicialmente,

a empresa doou R$ 21,5 mil para o a Associação de Pescadores do São João, em Cabo

Frio (RJ) e doou também um carro para o transporte dos pescadores, o que permitiu a

venda direta do pescado aos entrepostos de pesca, sem a intervenção dos atravessadores,

contribuindo, assim, para o aumento da renda das famílias locais. Aproximadamente 15

famílias foram beneficiadas com a iniciativa.66

Recentemente, a Shell investiu em um projeto que leva o cinema para

comunidade no interior do estado do Rio de Janeiro. O Cinema na Praça organizou

exibições de curtas para 12 mil. Entre os dias 21 de maio e 29 de junho, 26 curtas-

metragens foram exibidos em praças públicas de Macaé, Búzios, Cabo Frio, São

63

Voluntariado – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra/environment_

society/brazil_social_investments/volunteering/>. Acesso em: 11. Out. 2011 64

Ibid. 65

Fonte: < http://www.shell.com/home/content/bra/environment_ society/brazil_social_investments/

volunteering/>. Acesso em: 11. Out. 2011 66

Iniciativas ao longo da história – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/

content/bra/environment_society/brazil_social_investments/history_contribution/>. Acesso em: 11.

Out. 2011

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Francisco de Itabapoana e São João da Barra. O objetivo do projeto é levar o cinema a

lugares onde essa cultura é pouco difundida.67

6.4.3 Reconhecimentos, prêmios e certificações

No quesito responsabilidade social, a Shell é certificada pela norma AA 1000.

Trata-se de uma certificação de cunho social enfocada, principalmente, na relação da

empresa com seus diversos parceiros. Segundo O’Dwyer, a AA 1000 “visa melhorar a

transparência e o desempenho das organizações, aumentando a qualidade de seus

relatórios sociais”68

.

A Shell é uma das empresas associadas ao Instituto Ethos de Empresas e

Responsabilidade Social. O Instituto Ethos é uma organização sem fins lucrativos,

caracterizada como Oscip (organização da sociedade civil de interesse público). Seu

objetivo é ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável,

fazendo com que suas associadas contribuam com a construção de uma sociedade

melhor. As empresas associadas ao Instituto participam de uma série de atividades que

as ajudam a entender e implementar a responsabilidade social empresarial no seu dia-a-

dia. Tais atividades incluem fóruns de discussão, reuniões, palestras e debates, bem

como a um banco de dados que vem reunindo práticas empresariais socialmente

responsáveis de excelência.

Um dos programas sociais da Shell citados anteriormente, o IniciativaJovem, foi

premiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(Unesco) por contribuir no aumento da participação ativa de jovens na sociedade e por

incentivar a geração de oportunidades e criar novas perspectivas de geração de renda e

trabalho para os jovens de baixa renda.69

6.5 Conclusão

O investimento das empresas de petróleo nas comunidades em que estão

inseridas, através da participação em projetos sociais, é uma forma de retribuição pelos

recursos oferecidos pela comunidade, tais como mão de obra, conhecimento, parceiros e

67

REVISTA NOTÍCIAS SHELL. Rio de Janeir, Abril a Agosto de 2011. Shell leva o cinema para a

praça. n 382. p. 6-7. 68

O’Dwyer, B. (2001). The legitimacy of accountants’ participation in social and ethical accounting,

auditing and reporting. Business Ethics: A European Review, 10(1), 31 69

IniciativaJovem – Shell Brasil. Disponível em: < http://www.shell.com/home/content/bra/

environment_society/brazil_social_investments/economy_capacity/project_iniciativa_jovem >. Acesso

em: 11. Out. 2011

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fornecedores, recursos estes que tornam possíveis a realização das atividades das

empresas.70

Ao longo do capítulo, foi mostrado que, tanto uma empresa estatal quanto uma

empresa privada do segmento de petróleo, empenham-se em amenizar os problemas das

comunidades locais. Essas empresas apoiam e financiam ações ambientais, projetos com

oportunidades para vítimas de exclusão social, parcerias com comunidades, ações de

caridade, iniciativas que promovem a cultura brasileira, projetos que disseminam a

educação entre crianças e jovens, entre outros.

Vimos que tanto a Petrobrás quanto a Shell patrocinam projetos já existentes

mas também desenvolvem seus próprios projetos sociais, dispondo suas competências

para o fortalecimento da ação social e envolvendo seus funcionários e parceiros na

execução e apoio a projetos sociais da comunidade.

Em vista do que foi apresentado nesse capítulo, conclui-se que as empresas de

petróleo têm realmente capacidade de modificar a sociedade diretamente, através das

iniciativas sociais que estas realizam. Esses projetos são muito importantes e realmente

impactam a sociedade positivamente, gerando empregos, aumentando a renda familiar,

conscientizando ambientalmente a sociedade, incentivando a educação, capacitando

profissionais, entre outros. É importante que as indústrias do setor petrolífero

desenvolvessem cada vez mais sua responsabilidade social, fazendo com que a busca

por lucros e a vontade de melhorar a sociedade em que atuam caminhem lado-a-lado.

70

LOURENÇO, A.G; SCHRODER, D.S. Vale a pena investir em responsabilidade social

empresarial? Stakeholders, ganhos e perdas, Disponível em: < http://www.ethos.org.br/docs/

comunidade_academica/premio_ethos_valor/trabalhos/300_alex_e_debora.doc>. Acesso em: 11.out.

2011.

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CAPÍTULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo dos cinco capítulos de desenvolvimento desse trabalho, foram

apresentados fatos históricos, dados estatísticos, pesquisas e relatos que comprovaram o

quanto o petróleo e a sua indústria modifica a vida de cidadãos de todo o mundo.

A sua capacidade energética, a diversidade de utilizações de seus

derivados e a consequente dependência que a sociedade tem das comodidades que o

petróleo proporciona fizeram da indústria de petróleo a mais importante do mundo, e é

inevitável que essa imponente indústria transforme as comunidades ao seu redor.

Assim que o petróleo começou a ser explorado comercialmente nos

Estados Unidos, pessoas modificavam suas vidas em função da busca desenfreada pelo

ouro negro. Hoje, cidades inteiras modificam sua estrutura para receber as indústrias de

petróleo e o contingente de pessoas que vêm atraídas pelas oportunidades oferecidas por

essas empresas. Vimos que durante as Grandes Guerras o petróleo firmou seu poder

estratégico, que se perpetua até os dias atuais. Para uma nação, petróleo significa

segurança energética, dinheiro e poder.

Foi mostrado que o petróleo, como fonte de energia, é um produto indispensável

no dia-a-dia das pessoas e que os produtos que o tem como matéria-prima tornam a

nossa vida muito mais prática e confortável. Por esses motivos, pode-se concluir que,

sem o petróleo, não seria possível mantermos um padrão de vida como o atual.

O Brasil sendo detentor de consideráveis reservas de petróleo e tendo

descoberto grandes reservatórios na camada de pré-sal, tem sua economia, política e

sociedade altamente interligados com as atividades petrolíferas. A indústria de petróleo

brasileira se expandiu rapidamente e a população local vem sendo impactada conforme

o desenvolvimento desse setor. São empregos gerados, comércio e turismo local

aquecidos, além da movimentação da economia e modificação de infraestruturas.

Em contrapartida, o país paga um preço por esses benefícios: o impacto

ambiental é enorme e, em alguns casos, irreversível.

Vimos também que outra forma de atuação da indústria de petróleo junto às

sociedades é o pagamento de royalties ao governo. Tais recursos devem ser utilizados

de maneira a promover o desenvolvimento social. Sendo bem administrados, esse

dinheiro tem o potencial de proporcionar melhorias nos setores de saúde e educação,

contribuir para uma melhor infraestrutura da cidade, gerar empregos, proporcionar lazer

e fazer com que a população tenha acesso à cultura nacional. Se realmente for aprovada

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uma emenda que propões igual divisão dos royalties entre regiões produtoras e não-

produtoras, esse benefício poderá estar levando bem estar social a mais comunidades

brasileira, se bem aplicados pelos governantes. Em contrapartida, essa redivisão poderá

prejudicar regiões que tem os royalties representando a maior parte de seu orçamento

público.

Além do mais, vimos que as indústrias de petróleo têm investido em

responsabilidade social, atuando diretamente na transformação das sociedades através

das iniciativas, projetos e ações sociais. Foram apresentados diversos projetos

oferecidos e financiados por duas importantes empresas do setor de petróleo nacional: a

estatal Petrobras e a privada Shell. Ambas têm contribuído na disseminação da cultura e

da educação, na capacitação de profissionais, na geração de rendas, além da

preocupação com as questões ambientais.

Diante de todas essas evidências, podemos ver o quão importante é o papel dessa

substância na sociedade moderna. E a tendência é que a supremacia do petróleo se

mantenha mesmo diante da atual preocupação ambiental e das fontes alternativas de

energia, e que esse hidrocarboneto tão essencial continue moldando as sociedades,

conforme descrito por Yergin:

O petróleo, um traço tão fundamental do mundo tal qual o conhecemos, agora é

acusado de alimentar a deterioração do meio ambiente e a indústria petrolífera,

orgulhosa de seu avanço tecnológico e de ter contribuído para a formação do

mundo moderno, encontra-se na defensiva, acusada de ser uma ameaça para as

gerações presentes e futuras. Isso tornou obrigatória a implementação de

inovações tecnológicas que minimizem os desafios ambientais. No entanto, o

‘Homem Hidrocarboneto’ demonstra ter pouca disposição de desistir do carro,

do lar nos arredores da cidade e do que considera não apenas comodidades mas

elementos essenciais de seu modo de vida. Os povos de mundos

subdesenvolvidos não dão sinal de quererem largar uma economia que,

independentemente de questões ambientais, usa o petróleo como fonte de

energia. E qualquer idéia de redução do consumo de petróleo será influenciada

pelo fantástico crescimento previsto da população – com cada vez mais pessoas

no mundo reclamando o “direito” aos benefícios decorrentes do consumo. 1

1 YERGIN, D. O Petróleo – Um história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora

Paz e Terra, 2010. p. 16 – 17.

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