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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA MBA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO EVAIR EHLERT A SILVICULTURA CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL EM PROPRIEDADES RURAIS DE CANGUÇU, RS São Leopoldo 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

MBA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO

EVAIR EHLERT

A SILVICULTURA CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL

SUSTENTÁVEL EM PROPRIEDADES RURAIS DE CANGUÇU, RS

São Leopoldo

2010

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Evair Ehlert

A SILVICULTURA CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL

SUSTENTÁVEL EM PROPRIEDADES RURAIS DE CANGUÇU, RS

Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão do Agronegócio, pelo MBA em Gestão do Agronegócio da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientador: Prof. Vilmar Luciano Mattei

São Leopoldo

2010

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São Leopoldo, 20 de outubro de 2010.

Considerando que o Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Evair Ehlert encontra-se em condições de ser avaliado, recomendo sua apresentação oral e escrita para avaliação da Banca Examinadora, a ser constituída pela coordenação do MBA em Gestão do Agronegócio.

________________________________________

Vilmar Luciano Matei Professor Orientador

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Dedico o trabalho a todos os que acreditam na

silvicultura como uma atividade, uma vez planejada

e orientada tecnicamente, ser capaz de gerar

emprego, renda, promover a inclusão social,

recuperar e manter a biodiversidade nos

agroecossistemas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos familiares pela compreensão e apoio nos momentos que estive ausente

participando do curso, aos colegas de curso pelo harmonioso e profícuo convívio, a direção e

gerência regional de Pelotas da Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural/Associação

Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural

(ASCAR/EMATER-RS) pela oportunidade e confiança depositados, a todos diretores,

professores e funcionários da UNISINOS pela oportunidade de trabalho conjunto, a

coordenação e professores do curso MBA em Gestão do Agronegócio pelo profissionalismo,

dedicação, doação e conhecimento compartilhados, aos colegas dos Escritórios Municipais da

ASCAR/EMATER-RS de Canguçu e Pelotas pelo apoio no desenvolvimento do trabalho e,

aos profissionais e dirigentes da empresa Fibria (antiga Votorantin Celulose e Papel - VCP)

pela confiança na extensão rural, qualidade da atividade silvicultural desenvolvida e

preocupação de inclusão das comunidades no desenvolvimento conjunto.

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Temos de nos transformar na mudança que

queremos ser. Mahatma Gandhi.

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RESUMO

A silvicultura e os seus usos múltiplos, oportunizam a geração e diversificação de renda para

as famílias rurais, uma vez que estão projetados cenários favoráveis para a atividade,

apresentando-se como uma opção de atividade complementar para a agricultura familiar no

município, e ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente, mantêm a biodiversidade e a

sustentabilidade dos agroecossistemas. Possibilita desta forma, a compreensão da função das

áreas de preservação ambiental, contribuindo também na divulgação, conhecimento e

aplicação da legislação ambiental vigente no país. Com as demandas crescentes de produtos

madeiráveis, somado a redução obrigatória da utilização dos remanescentes de matas nativas,

a silvicultura é uma atividade promissora, quando analisados a produção e as necessidades

requeridas de produtos florestais no Município, que apontam forte desequilíbrio, com as

demandas superiores a oferta. Permite ainda, os usos múltiplos destas florestas, com o

ingresso de receitas anuais desde sua implantação, através da integração com a produção

agropecuária. Esta opção de negócio é viável para um grande número de agricultores

familiares de Canguçu, aliando práticas conservacionistas de solo, conservação ambiental e

preservação da biodiversidade.

Palavras-Chave: Silvicultura. Agrossilvipastoris. Agricultua familiar. Sustentabilidade; .

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LISTA DE FIGURAS

ARTIGO 1

FIGURA 1 – População residente por sexo e situação de Canguçu, RS............................................ 8

FIGURA 2 –Mapa de planejamento para a atividade de silvicultura, APP e áreas com restrição de

plantio, Canguçu, 2008 ........................................................................................... 16

FIGURA 3–Aspecto geral de uma área preparada para implantação da atividade de

silvicultura pelo programa Poupança Florestal, observando os limites das APP,

Canguçu, 2006 ...................................................................................................... 16

FIGURA 4–Licença de operação expedida pela FEPAM em favor de Paulo Benemann em integração

com a empresa FIBRIA, Canguçu, 2008 ................................................................... 17

FIGURA 5 –Mapa de pós plantio da atividade de silvicultura, preservação das APP e áreas com

restrição de plantio, Canguçu, 2010 .......................................................................... 18

FIGURA 6 –Vista geral de área com atividade de silvicultura após 3 anos do plantio, vinculada ao

programa Poupança Florestal, com a formação dos mosaicos pela preservação ambiental

e silvicultura com eucaliptos, Canguçu, 2010 ............................................................ 18

ARTIGO 2

FIGURA 1 – Distribuição percentual dos diferentes usos dos produtos florestais no Brasil,

2007 .................................................................................................................... 30

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LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1

TABELA 1 – Distribuição do número de imóveis rurais e hectares correspondentes, do município de

Canguçu, RS ........................................................................................................ 6

TABELA 2 – Número de propriedades rurais cujos produtores possuem talão de notas do produtor

rural do município de Canguçu, RS ........................................................................ 6

TABELA 3 – Número de agricultores familiares no município de Canguçu, RS ............................... 7

TABELA 4 – População residente por grupo de idade e por ano do município de Canguçu, RS ......... 8

TABELA 5 – Áreas dos estabelecimentos agropecuários por grupos de atividade econômica e grupos

de área total, nos anos de 1995 e 2006, do município de Canguçu, RS ....................... 9

TABELA 6 –Número e área dos estabelecimentos agropecuário com agricultura familiar e não

familiar, de acordo com a utilização das terras no ano de 2006, do município de

Canguçu, RS ....................................................................................................... 10

TABELA 7 –Número e área dos estabelecimentos agropecuário por tipo de prática agrícola e grupo

de área total em 2006, do município de Canguçu, RS ............................................... 11

TABELA 8–Número e área dos estabelecimentos agropecuário por utilização das terras e

agricultura familiar em 2006, do município de Canguçu, RS ..................................... 12

TABELA 9 –Classes de uso do solo, relevo, característica principal dos solos predominantes e

indicação de uso dos solos do município de Canguçu, RS ......................................... 13

TABELA 10–Caracterização das propriedades rurais que participam do programa Poupança

Florestal com projetos de silvicultura, Canguçu, 2010 .............................................. 20

TABELA 11–Caracterização das propriedades rurais dos Municípios que estão na área de

abrangência do programa Poupança Florestal, Pelotas, 2010 ................................... 21

TABELA 12–Número de silvicultores do programa Poupança Florestal que afirmaram

conhecer ou não o que são as APP e áreas de reserva legal, Canguçu, 2010 ....... 22

TABELA 13–Número de silvicultores do programa Poupança Florestal que aplicam a

legislação ambiental na área total, somente nas lavouras ou áreas de

silvicultura, Canguçu, 2010 ............................................................................... 22

TABELA 14 –Fonte da informação inicial dos silvicultores do programa Poupança Florestal

sobre Reserva Legal e APP em Canguçu, RS..................................................... 22

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ARTIGO 2

TABELA 1 – Importação de produtos florestais pelo Brasil nos anos de 2005 e 2008 em

US$ 1.000 ........................................................................................................ 32

TABELA 2 – Importação dos principais produtos florestais madeireiros pelo Brasil nos anos

de 2005 e 2008 .................................................................................................. 33

TABELA 3 – Número e área dos estabelecimentos agropecuários por grupos de atividade

econômica, e grupos de área total, do município de Canguçu, 2006 ................... 36

TABELA 4 – Área dos estabelecimentos agropecuários por tipo de atividade econômica nos

anos de 1995 e 2006 em Canguçu, RS ............................................................... 36

TABELA 5 – Número de estabelecimentos agropecuários e área cortada por espécie da

silvicultura no município de Canguçu, 2006 ...................................................... 37

TABELA 6 – Quantidades produzidas na silvicultura por tipo de produto da silvicultura no

município de Canguçu, no período de 1990 à 2006 ............................................ 38

TABELA 7 – Quantidades produzidas na extração vegetal por tipo extrativo no município de

Canguçu, no período de 1990 à 2006 ................................................................. 38

TABELA 8 – Número e área dos estabelecimentos agropecuários com agricultura familiar e

não familiar, do município de Canguçu, 2006 .................................................... 39

TABELA 9 – Número de habitantes total, população rural, número de imóveis rurais totais, e

número de produtores rurais com inscrição estadual de Canguçu, 2009 ............. 39

TABELA 10 –Quantidades demandadas de madeira em metros cúbico, pelos principais

segmentos consumidores de produtos florestais em Canguçu, RS ...................... 40

TABELA 11 – Número e área dos estabelecimentos agropecuários por utilização das terras, e

agricultura familiar e não familiar do município de Canguçu, 2010 ................... 40

TABELA 12–Quantidades disponíveis e necessidades anuais de madeira de florestas

plantadas para Canguçu, 2010 ........................................................................... 41

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASCAR – Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural

EMATER–Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão

Rural

RS – Rio Grande do Sul

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ITEPA – Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

APP – Áreas de Preservação Permanente

PROPFLORA – Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CREA-RS – Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do RS

FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler

SEMA-RS – Secretaria Estadual de Meio Ambiente do RS

CETAC – Centro de Treinamento de Agricultores de Canguçu

COMEA– Comissão Municipal de Estatística Agropecuária

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LISTA DE SÍMBOLOS

% – Por cento

Km – Quilômetro

Σ – Somatório

(-) – Menos

(+) – Mais

R$ – Reais

US$ – Dólar

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SUMÁRIO

ARTIGO 1 .............................................................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 5 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS ...................................................................................... 14 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................................... 19 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 24 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 24

ARTIGO 2 .............................................................................................................................. 27 7 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 28 8 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 29 9 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS ...................................................................................... 35 10 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................................. 35 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 41 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 42

ANEXO A: PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE O CONHECIMENTO E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NAS PROPRIEDADES RURAIS COM PROJETOS DE SILVICULTURA PELO PROGRAMA POUPANÇA FLORESTAL EM CANGUÇU- RS .................................................................... 45

.

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A ATIVIDADE DE SILVICULTURA INSERINDO A VISÃO AMBIENTAL NAS

PROPRIEDADES RURAIS DE CANGUÇU, RS

EVAIR EHLERT

RESUMO

O trabalho objetiva mostrar como uma atividade econômica com planejamento detalhado,

oportuniza geração e diversificação nas rendas para as famílias rurais, e ao mesmo tempo

preserva o meio ambiente, mantendo a biodiversidade e a sustentabilidade dos

agroecossistemas. O estudo realizou-se no município de Canguçu, considerado a capital

nacional da agricultura familiar, com 92,44% dos imóveis rurais com área até 50 hectares,

perfazendo uma média de 13,25 hectares por imóvel, inferior ao módulo fiscal do Município,

que é de 16,0 hectares. Sua população rural representa 64,79% da população total do

Município, ocasionado um intenso uso das áreas agricultáveis dos imóveis rurais com

atividades econômicas para a geração de renda, ocupando inclusive áreas que são de

preservação ambiental, necessárias para manutenção da biodiversidade. Com a inserção da

silvicultura e das questões legais inerentes a atividade, através do programa de fomento

florestal denominado Poupança Florestal, possibilitou-se a exploração de atividades

econômicas, mantendo e revendo a função das áreas de preservação ambiental, contribuindo

também na divulgação, conhecimento e aplicação da legislação ambiental vigente no país,

auxiliando na sustentabilidade dos agroecossistemas do Município, contribuindo também para

redução do êxodo rural.

Palavras-Chave: Agricultura familiar. Silvicultura. Preservação Ambiental. Sustentabilidade.

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1 INTRODUÇÃO

O progresso tecnológico alcançado a partir da revolução industrial de meados do

século XX , acelerou de forma intensa as ações contra os vários biomas, que foram vencidos

pelo homem, graças aos novos recursos que lhe vieram à mão, como o acesso a políticas

públicas para a mecanização das atividades rurais. As florestas passam a ser vítimas de um

ciclo de consumo superior ao da sua própria capacidade natural de recuperação. Como

consequências, surgiram os primeiros problemas relativos à perda da capacidade produtiva e

desequilíbrio dos ecossistemas.

Inicia-se no mundo, um conjunto de ações voltadas à necessidade de preservação e

restauração das áreas de florestas, visto que a redução das matas nativas não coincidiu com

uma diminuição do consumo de madeira pela sociedade em geral. Ao contrário, este cresce

em proporções talvez superior ao do próprio crescimento demográfico do planeta.

Paralelamente ao problema do abastecimento, surgiram outras consequências negativas.

Aumento da erosão, inundações, desabamentos, torrentes destruidoras, modificação no regime

dos cursos d’água, modificações nos regimes pluviométricos, incremento de áreas

improdutivas para a agricultura, quer por razões de arenização, quer por falta da camada

superficial de solo. Todos estes fatos incluídos no contexto das chamadas mudanças

climáticas, que afetam o planeta em geral.

Considerando que para a maioria dos países, a agricultura é o seu sustentáculo básico,

torna-se necessário que se tenha como pressuposto básico o “planejamento e uso sustentável

do solo e demais recursos naturais”. Esta é a única forma de garantir a manutenção da

produção e até o aumento da produtividade.

Diante desta situação, torna-se necessário intensificar a produção de florestas,

produtos agrícolas e pecuários. Assim, a silvicultura surge como uma opção de

desenvolvimento sustentável. Se bem planejada e manejada, se constitui uma forma adequada

para muitas situações, onde a produção é necessária e se busca aliar produção com

preservação ambiental.

A inserção da pequena e média propriedade rural na produção florestal passa a ser uma

política de estado. Esta, além de permitir uma adequação da propriedade aos aspectos

ambientais inerentes, constitui-se numa atividade de grande importância sócio econômica,

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pela ocupação de mão de obra , diversificação da renda, aproveitamento e recuperação de

áreas degradadas e inaptas aos cultivos agrícolas tradicionais .

O presente estudo mostra que é possível estabelecer a produção rural com recuperação

e conservação ambiental, além do cumprimento das legislações vigentes. Implantando-se

projetos de silvicultura, viabilizou-se o uso de áreas improdutivas e de baixa capacidade

produtiva, em potenciais atividades com geração de renda aliada a preservação.

Este trabalho tem o objetivo de avaliar a atividade de silvicultura que desenvolve-se no

município de Canguçu, com 25 silvicultores, que implantaram seus projetos observando a

legislação ambiental, estabelecendo áreas de produção econômica e conservação ambiental,

proporcionando o conhecimento e a aplicação de necessidade da recuperação e preservação

ambiental.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O município de Canguçu, distante 60 km de Pelotas e 300 km de Porto Alegre, está

situado na Serra dos Tapes, que junto com a Serra do Herval e Encosta do Sudeste, formam a

região fisiográfica Serra do Sudeste, no sul do Rio Grande do Sul (RS). Apresenta os solos

mais antigos do estado, como parte do escudo sul-riograndense de formação no período pre-

cambriano, derivados de rocha granito, bastante duras e de difícil decomposição, originando

de modo geral, solos com textura mais grosseira e com teores elevados de cascalho, bastante

susceptíveis aos processos erosivos, quando não adotadas práticas intensivas de manejo e

conservação dos solos e água (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA- DEPARTAMENTO

NACIONAL DE PESQUISA AGROPECUÁRIA/DIVISÃO DE PEQUISA PEDOLÓGICA,

1973).

O Município é considerado a capital nacional da agricultura familiar (PREFEITURA

MUNICIPAL DE CANGUÇU, 2010), onde, de acordo com a tabela 1, o número de imóveis

rurais de 0,1 a 50 hectares somam 12.213 unidades, o que representa 92,45% do total dos

imóveis rurais do Município. Possuem área média de 13,25 hectares, inferior ao módulo fiscal

do Município que é 16,0 hectares, totalizando 61.058 hectares, o que representa 51,23% do

total da área dos imóveis rurais de Canguçu (INCRA/UNIDADE MUNICIPAL, 2006).

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Tabela 1: Distribuição do número de imóveis rurais e hectares correspondentes, do município de Canguçu- RS.

Intervalo hectares Número de

imóveis em hectares

Σ % Hectares total

Σ %

0 à 5,0 3.231 3.231 24,46 7.519,5 7.519,50 2,38 5,1 à 10,0 2.872 6.103 46,20 22.256,8 29.776,30 9 10,1 à 15,0 2.013 8.116 61,43 25.583,3 55.359,60 17,49 15,1 à 20,0 1.405 9.521 72,07 24.900,2 80.259,80 25,36 20,1 à 25,0 923 10.444 79,06 20843,8 101.103,60 31,94 25,1 à 50,0 1.769 12.213 92,45 61.058,0 162.161,60 51,23 50,1 à 100,0 557 12.770 96,66 38.008,2 200.169,80 63,24 100,1 à 200,0 261 13.031 98,64 36.080,8 236.250,60 74,64 200,1 à 500 133 13.164 99,64 38.745,5 274.996,10 86,88 500,1 à 1000,0 37 13.201 99,92 25.922,2 300.918,30 95,07 1.000,1 à 1.500,0 6 13.207 99,97 7.543,5 308.461,80 97,46 1.500,1 à 2.000 2 13.209 99,98 3.378,4 311.840,20 98,52 2.000,1 à 2.500,0 2 13.211 100,00 4.674,6 316.514,80 100,00 Totais 13.211 13.211 316.514,80 316.514,80 Fonte: Adaptado com base nos dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/ Unidade Municipal de Canguçu, 2006.

A denominação de capital nacional da agricultura familiar deve ser destacada, pois

tomando-se o número de 12.213 imóveis com área até 50 hectares, mais o número de 17.175

(um imóvel rural pode ter mais do que uma inscrição estadual) produtores rurais com

inscrição estadual conforme a tabela 2, e também o número de 23.700 como total de

agricultores familiares entre homens, mulheres e jovens, conforme a tabela 3, a informação

divulgada pela Prefeitura Municipal de Canguçu e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de

Canguçu, como o município com o maior número de propriedades rurais com agricultura

familiar, confirma-se, corroborando os dados de 8.774 estabelecimentos rurais caracterizados

como de agricultura familiar, informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2008) .

Tabela 2: Número de propriedades rurais cujos produtores possuem talão de notas do produtor rural do município de Canguçu, RS.

Município Número de propriedades rurais Número produtores rurais com inscrição

estadual na secretaria da fazenda do RS Canguçu 13.463 17.175

Fonte: Adaptado com base nos dados do Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria (ITEPA) Universidade Católica de Pelotas, 2007.

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Tabela 3: Número de agricultores familiares no município de Canguçu, RS.

Município

Total no meio rural

Agricultores familiares Assentados

Total Total

Homens Mulheres Jovens Total Homens Mulheres Jovens Total Homens Mulheres Jovens Total

Canguçu 14.000 12.950 6.775 33.725 9.000 8.500 6.200 23.700 442 385 378 1.205

Fonte: Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (ASCAR)/Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-RS), 2010.

Analisando a população do município conforme demonstrado na figura 1, a população

total diminuiu 14,88% de 1970 para 2007, e após vêm mantendo-se estável em

aproximadamente 50.000 habitantes. Comparando-se as populações rurais e urbanas, estas

apresentam comportamentos distintos, onde a rural reduziu 39,88% e a urbana cresceu

263,05% no mesmo período, mantendo ao longo das décadas, tendência de crescimento

contínuo. Situação contrária ocorre com a população rural que reduziu acentuadamente até o

ano de 1990, mantendo-se estável a partir do ano de 2000.

O comportamento populacional de Canguçu, quando analisado pelas questões de

gênero, acompanham a tendência de redução da população feminina do meio rural na ordem

de 42,67% comparada com a população masculina, que diminuiu 39,61%. No meio urbano

ocorreu o inverso, crescendo a população masculina em 251,07%, e a feminina em 236,67%.

Isto comprova a continuidade do êxodo rural, mas em taxas menores, e uma forte

masculinização do meio rural, com a relação de 1,06 homens para cada mulher no ano de

1970, passando para 1,12 homens para cada mulher no ano 2000. Já no meio urbano inverte-

se a relação, passando de 1,16 mulheres para cada homem em 1970, para 1,12 no ano 2000.

Estes dados, demonstram claramente a penosidade das atividades rurais, o atrativo

claro do conforto das áreas urbanas e todos os serviços e lazer a disposição, bem como as

reduzidas opções de atividades agropecuárias capazes de gerar renda, proporcionando

qualidade de vida nestas áreas rurais.

Contribuindo para a análise situacional do Município, a população total está

envelhecendo conforme demonstrado na tabela 4. O número de jovens (0 à 19 anos) presentes

no meio rural passou de 51,52% da população rural total no ano de 1970, para 32.69% no ano

de 2000. Este mesmo comportamento verifica-se quando analisadas as tendências da

população total e urbana do Município.

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Figura 1: População residente por sexo e situação de Canguçu, RS. Fonte : Adaptado com base de dados do IBGE, 2010.

Confirmando esta análise, o grupo de pessoas com idade superior a 60 anos passou de

6,10% da população total rural no ano de 1970, para 13,70% no ano de 2000, demonstrando

claramente o envelhecimento da população rural, com consequências na diminuição da força

de trabalho, no dinamismo e rendimento das principais atividades produtivas, problemas para

planejamento e implantação de atividades de médio e longo prazos, e aumento dos serviços

com saúde e lazer para este grupo populacional específico.

Tabela 4: População residente por grupo de idade e por ano, do município de Canguçu, RS.

Situação do domicílio

Ano Grupos de idade

Total 0 a 19 anos

% 20 a 59 anos

% 60 a +100 %

Total 1970 62451 31914 51,10 26677 42,72 3860 6,18 1980 55822 24898 44,60 25988 46,56 4936 8,84 1991 50367 18498 36,73 26144 51,91 5725 11,37 2000 51447 16885 32,82 27578 53,60 6984 13,58

Urbana 1970 5154 2392 46,41 2398 46,53 364 7,06 1980 8855 3499 39,51 4490 50,71 866 9,78 1991 13811 4891 35,41 7331 53,08 1589 11,51 2000 17695 5852 33,07 9483 53,59 2360 13,34

Rural 1970 57297 29522 51,52 24279 42,37 3496 6,10 1980 46967 21399 45,56 21498 45,77 4070 8,67 1991 36556 13607 37,22 18813 51,46 4136 11,31 2000 33752 11033 32,69 18095 53,61 4624 13,70

Fonte: Adaptado com base nos dados do IBGE, 2010

População residente por sexo e situação

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

1970 1980 1991 2000 2007

Ano Censitário

habi

tant

es

Total Total

Total Urbana

Total Rural

Homens Total

Homens Urbana

Homens Rural

Mulheres Total

Mulheres Urbana

Mulheres Rural

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9

Analisando mais detalhadamente as atividades produtivas demonstradas na tabela 5,

houve uma redução de 11,57% na área total ocupada com as atividades econômicas do ano de

1995 para o ano de 2006. Mesmo com esta redução, tomando-se que existem 13.211 imóveis

com área total de 316.514,80 hectares, conforme descrito na tabela 1, obtemos uma área

média de 23,96 hectares. Pegando-se a área total explorada com atividades econômicas de

278.409 hectares descritos na tabela 5, temos uma média de exploração de área para cada

imóvel rural de 21,07 hectares, ou seja, 87,94% de área antropizada, explorada com algum

tipo de atividade agropecuária ou extrativa, referenciado na área média . Como resultado

disto, resta um percentual inferior ao estabelecido pela legislação ambiental vigente, como

mínimo necessário para preservação ambiental, manutenção da biodiversidade e perenidade

dos agroecossistemas, dada a extrema necessidade de gerar renda utilizando os recursos

naturais existentes, tendo-se cada vez mais que ampliar a escala do negócio, para manter a

mesma rentabilidade e o padrão de geração de renda.

Tabela 5: Áreas dos estabelecimentos agropecuários, por grupos de atividade econômica e grupos de área total nos anos de 1995 e 2006, do município de Canguçu, RS.

Grupos de atividade econômica Ano 1995 Ano 2006 %

hectares Total 314.848,65 278.409 (-) 11,57

Lavoura temporária 78.965,74 122.527 (+) 55,16

Horticultura e produtos de viveiro 383,523 2.550 (+) 564,88

Lavoura permanente 8.538,71 4.717 (-) 44,76

Pecuária 140.102,58 130.497 (-) 6,86

Produção mista (lavoura e pecuária) 85.542,80 - -

Silvicultura e exploração florestal 1.283,29 14.977 (+) 1.067,07

Pesca e aquicultura - 674 -

Produção de carvão vegetal 32 - -

Fonte: Adaptado com base nos dados do IBGE, 2010.

Isto repete-se para o grupo de produtores rurais caracterizados como de agricultura

familiar. A agricultura familiar é definida pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário

(MDA, 2010) como os agricultores que explorem parcela de terra na condição de proprietário,

posseiro, arrendatário, parceiro ou concessionário do Plano Nacional de Reforma Agrária ou

Programa Nacional de Crédito Fundiário, que residam na propriedade ou em local próximo,

não disponham, a qualquer título, de área superior a quatro módulos fiscais, obtenham, no

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mínimo, 70% da renda familiar da exploração agropecuária e não agropecuária do

estabelecimento rural, tenham o trabalho familiar como predominante na exploração do

estabelecimento, utilizando apenas eventualmente o trabalho assalariado, de acordo com as

exigências sazonais da atividade agropecuária, podendo manter até 2 empregados

permanentes, tenham obtido renda bruta familiar nos últimos 12 meses até R$ 110.000,00

(cento e dez mil reais), incluída a renda proveniente de atividades desenvolvidas no

estabelecimento e fora dele, por qualquer componente da família, excluídos os benefícios

sociais e os proventos previdenciários decorrentes de atividades rurais.

Conforme os dados da tabela 6, são 8.774 propriedades rurais com agricultura

familiar, representando 88,8% do total dos imóveis, ocupando 139.380 hectares,

compreendendo 50,06% do total da áreas dos imóveis. A área média por propriedade é de

15,88 hectares, comparado com a área média ocupada com as atividades econômicas diversas

de 13,41 hectares, demonstrando o intenso uso das áreas dos imóveis, que ocupam 84,44% da

superfície. Novamente fica evidenciado os problemas fundiários de Canguçu, de conservação

ambiental, de manutenção da biodiversidade e sustentabilidade das cadeias produtivas,

inviabilizando as propriedades agrícolas.

Tabela 6: Número e área dos estabelecimentos agropecuário com agricultura familiar e não familiar, de acordo com a utilização das terras no ano de 2006, do município de Canguçu, RS.

Usos da terra do imóvel

Estabelecimentos agropecuários (unidades)

Área dos estabelecimentos agropecuários (hectares)

Total

Não familiar

Agricultura familiar

Total Não familiar Agricultura familiar

Total 9.881 1.107 (11,20%)

8.774 (88,8%)

278.409 139.029 (49,94%)

139.380 (50,06%)

Lavouras - permanentes 1.925 202 1.723 4.107 1.445 2.662

Lavouras - temporárias 8.763 844 7.919 74.101 17.072 57.029

Lavouras - área plantada com forrageiras para corte 8.804 859 7.945 1.943 980 964

Lavouras - área para cultivo de flores, hidroponia e plasticultura, viveiros de mudas, estufas e casas de vegetação

12 2 10 46 - 34

Pastagens - naturais 7.675 907 6.768 114.795 73.275 41.520

Pastagens - plantadas degradadas 176 26 150 1.214 750 464

Pastagens - plantadas em boas condições 1.135 184 951 7.884 5.340 2.544

Matas e/ou florestas - florestas plantadas 3.396 284 3.112 15.036 8.874 6.162

Sistemas agroflorestais - área cultivada com espécies florestais também usada para lavouras e pastejo

605 61 544 4.399 2.619 1.780

Tanques, lagos, açudes e/ou área de águas públicas para exploração da aquicultura

1.519 308 1.211 1.207 657 551

Construções, benfeitorias ou caminhos 7.465 802 6.663 4.421 771 3.650

Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas) 170 19 151 388 58 331

Sub-totais - - - 229.541 111.841 117.691

Fonte: IBGE, 2010.

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Avaliando as práticas várias de manejo e conservação dos solos e água, relacionados

na tabela 7, dos 9.881 imóveis pesquisados pelo IBGE no ano de 2006, apenas 40,33%

adotavam a prática de plantio em nível, tão somente 37,74% da área total com esta prática.

Fato mais preocupante, a prática de terraceamento nas áreas de lavouras temporárias, cuja

adoção é condição obrigatória para o uso agrícola destas áreas, pela condição do tipo de solo e

relevo encontrados, é utilizada em apenas 7,78% do total das propriedades.

Fica evidenciado o pouco uso de importante método conservacionista de solo e água,

pois apenas em 6,18% da área total destas propriedades possuem esta prática. Reforça

novamente, os motivos da perda da capacidade produtiva das áreas, do abandono destas, da

falta de produtividade, culminando com a êxodo rural por falta de geração de renda nas

propriedades rurais.

Tabela 7: Número e área dos estabelecimentos agropecuário por tipo de prática agrícola e grupo de área total em 2006, do município de Canguçu, RS.

Tipo de prática agrícola

Estabelecimentos agropecuários (unidades)

Área dos estabelecimentos agropecuários (hectares)

Total Lavoura temporária

Horticultura e floricultura

Lavoura permanente

Pecuária e criação de

outros animais

Produção florestal - florestas plantadas

Total Lavoura temporária

Horticultura e floricultura

Lavoura permanente

Pecuária e criação de

outros animais

Produção florestal - florestas plantadas

Total

9.881 5.421 257 165 3.761 239 278.409 122.527 2.550 4.717 130.497 14.977

Plantio em nível

3.985 (40,33%)

2.588 81 68 1.129 105 105.067 (37,74%)

52.870 (43,15%)

984 2.795 37.571 10.249

Uso de terraços

579 (5,86%)

422 (7,78%)

9 15 117 16 17.219 (6,18%)

9.770 (7,97%)

83 536 4.054 2.777

Rotação de culturas

3.978 2.642 60 46 1.146 77 100.818 62.036 819 1.695 33.774 2.193

Uso de lavouras para reforma / renovação/ recuperação de pastagens

1.021 619 9 17 350 24 38.207 19.323 112 326 17.972 456

Pousio ou descanso de solos

1.333 849 33 22 387 41 38.131 22.323 545 592 13.533 1.129

Queimadas

90 66 2 3 19 - 1.418 1.025 X 43 336 -

Proteção e/ou conservação de encostas

3.651 2.138 66 97 1.222 106 104.838 50.665 836 2.500 41.642 8.829

Fonte: Adaptado com base de dados do IBGE, 2010.

Quanto as áreas de conservação ambiental, enquadradas como áreas de preservação

permanente (APP) e de reserva legal, fica evidente e urgente a necessidade de divulgação da

importância da recuperação, preservação e manutenção destas áreas, conforme identificado na

tabela 8. São apenas 26,52% da totalidade dos estabelecimentos agropecuários que as

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possuem, ocupando tão somente 5,65% da área total destes imóveis. Quando diferencia-se a

agricultura familiar e não familiar, o percentual de ambos está próximo de 25% dos imóveis

que possuem APP, com áreas em torno de 5% da totalidade de cada segmento.

Estes dados demonstram o porque do assoreamento e a contaminação de mananciais

de água, abandono de áreas e da perda da biodiversidade, quer pela desinformação da

importância das áreas de APP e reserva legal, assim como a extrema necessidade de ocupação

da totalidade da área do imóvel, decorrentes dos problemas fundiários no Município.

Tabela 8: Número e área dos estabelecimentos agropecuário por utilização das terras e agricultura familiar em 2006, do município de Canguçu, RS.

Utilização das terras Estabelecimentos agropecuários

(unidades) Área dos estabelecimentos agropecuários (hectares)

Total Não familiar

Agricultura familiar

Total Não familiar

Agricultura familiar

Total 9.881 1.107 8.774 278.409 139.029 139.380

Matas e/ou florestas - naturais destinadas à preservação permanente ou reserva legal

2.621 (26,52%)

281 (25,38%)

2.340 (26,67%)

15.720 (5,65%)

9.279 (6,67%)

6.442 (4,62%)

Matas e/ou florestas - naturais (exclusive área de preservação permanente e as em sistemas agroflorestais)

4.171 (42,21%)

516 (46,61%)

3.655 (41,66%)

26.450 (9,50%)

14.616 (10,52%)

11.834 (8,49%)

Matas e/ou florestas - florestas plantadas com essências florestais

3.396 (34,37%)

284 (25,65%)

3.112 (35,47%)

15.036 (5,40%)

8.874 (6,38%)

6.162 (4,42%)

Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas)

170 (!,72%)

19 (1,72%)

151 (1,72%)

388 (0,14%)

58 (0,04%)

331 (0,24%)

Terras inaproveitáveis para agricultura ou pecuária (pântanos, areais, pedreiras)

2.132 (21,57%)

265 (23,94%)

1.867 (21,28%)

6.779 (2,43%)

3.289 (2,36%)

3.490 (2,50%)

Total - - - 64.373 36.116 28.259

Fonte: Adaptado com base de dados do IBGE, 2010.

Ao verificarmos que esta população explora as atividades do agronegócio em região

de relevo ondulado a fortemente ondulado, estas famílias devem, quando intervirem no meio

ambiente, adotar dois princípios básicos, conforme afirmam Ferreira, Schwarz e Streck

(2000). Um primeiro é a utilização das terras de acordo com sua capacidade de uso, e o

segundo, é a utilização de técnicas de manejo e de conservação do solo. Os tipos de solos

predominantes no Município são os solos da ordem neossolos, argissolos e cambissolos, que

observados as condições de topografia, são classificados por classes de uso, conforme Lepsch

(2002), nas classes de I à VIII. Verifica-se uma concentração nas classes III à IV, conforme

demonstrado na tabela 9, que são solos aptos para lavouras anuais, mas empregando práticas

intensivas de manejo e conservação dos solos, e nas classes V e VI, cujos solos apresentam

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restrições e até inaptos são aos cultivos anuais, mesmo com adoção de práticas intensivas de

conservação de solos e água, mas indicados sim, para cultivos permanentes, como

fruticultura, pastagens permanentes e silvicultura. Estas mesmas considerações também são

ratificados por Giasson (2009).

Tabela 9: Classes de uso do solo, relevo, característica principal dos solos predominantes e indicação de uso dos solos do município de Canguçu, RS.

Classe de Solos % Relevo Fertilidade Indicação de uso

Classe II 2,02 Suave ondulado Solos férteis Cultivos anuais

Classe III 33,14 Suave ondulado Solos profundos, bem drenados e média

fertilidade

Cultivos anuais se adotadas práticas de manejo e

conservação de solos e água Classe IV 30,13 Ondulado Solos profundos e média

fertilidade Cultivos anuais se adotadas

práticas de manejo e conservação de solos e água

Classe V 1,35 Plano inundáveis Solos de média fertilidade Pastoreio ou cultivos perenes que suportam alagamento

Classe VI 18,08 Ondulado e forte ondulado

Solos rasos e pouco profundos

Cultivos perenes e pastagens

Classe VII 8,95 Forte ondulado Solos rasos Pastagens nativas ou silvicultura

Classe VIII 6,33 Forte ondulado Solos rasos Sem uso agrícola

Fonte: Adaptado pelo autor com base nos dados de Noel (1998).

Mediante os fatos analisados, a ocupação territorial das propriedades rurais é intensa,

pela necessidade de expansão dos espaços, já reduzidos, destinados as atividades produtivas,

objetivando ganhos em escala, avançando até mesmo nas áreas necessárias a preservação e

reserva legal, uma vez que o fator terra é escasso e uso com restrições , pela gênese e tipos de

solos encontrados. Estes, quando utilizados para cultivos anuais, são obrigatórias o uso das

práticas de manejo e conservação dos solos e água, onde a silvicultura é uma destas práticas.

Isto consolidou a idéia de ocupação integral das áreas das propriedades, mesmo com as

primeiras legislações, que impõem limites as ocupações e as formas de intervir no ambiente,

das década de 30 e 60, respectivamente o Código Nacional de Águas e o Código Florestal

Nacional. Esta inobservância da legislação e a crescente conscientização da sociedade pela

importância que é o meio ambiente para nossa qualidade de vida e sustentabilidade dos

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agroecossistemas, estão mudando, e exercendo pressões para aplicação da legislação

ambiental e observação das questões de recuperação e manutenção do meio ambiente.

3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

O estudo baseou-se na identificação de que mudanças na relação produção e

preservação ambiental, passam a ser consideradas nas propriedades que inserem a atividade

de silvicultura como opção de alternativa de geração de renda.

Para identificar este comportamento e sua implementação, realizou-se a coleta e

quantificação das áreas em hectares, totais de cada projeto de silvicultura com eucaliptos, das

áreas de efetivo plantio, áreas de preservação permanente, áreas preservadas, áreas de aceiros,

estradas e áreas diversas dos projetos, retiradas dos mapas de pós plantio, de posse dos

produtores rurais integrados e da assistência técnica , do Programa Poupança Florestal,

resultado da parceria entre as empresas ASCAR/EMATER-RS, Fibria e Banco Real, hoje

Santander, implantados no município de Canguçu até setembro de 2010.

Também, através da aplicação de um questionário individual (anexo A) com questões

de múltipla escolha, sem identificação do silvicultor, pesquisou-se sobre como este grupo de

silvicultores, conheceu e se aplicam ou não, a legislação ambiental vigente, principalmente

com relação as APP e reserva legal.

O programa Poupança Florestal envolve basicamente a atividade de silvicultura e os

usos múltiplos da floresta, visando o fomento florestal da empresa Fibria, resultante da união

entre a Votorantim Celulose e Papel e Aracruz no ano de 2009. O programa objetiva a

implantação de projetos de silvicultura com eucaliptos ou atividade agrossilvipastoril com

eucaliptos, em áreas de terceiros denominados fomentados. Estes fomentados implantam o

projeto em áreas próprias, arrendadas ou em parceria, com integração a empresa Fibria.

Havendo a necessidade de apoio financeiro para a execução do projeto, o agente financeiro

Banco Real financia-o, com recursos do Programa de Plantio Comercial e Recuperação de

Florestas (PROPFLORA) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), instituição pública federal. A elaboração dos projetos e a assistência técnica aos

empreendedores está a cargo de empresas terceirizadas e da ASCAR/EMATER- RS, através

de convênio firmado com a Fibria, em que os produtores integrados não pagam pelo projeto e

assistência técnica, pagamento este, efetivado pela conveniada Fibria.

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Quando ocorre o interesse dos produtores pelo programa de fomento, é realizado uma

primeira e prévia visita pela assistência técnica ao estabelecimento agropecuário, objetivando

esclarecer os itens e regras do programa, bem como os condicionantes para a sua implantação

no referido imóvel, principalmente no que refere-se ao cumprimento da legislação ambiental

vigente, pelo menos na área do projeto. Aceita as condições, é elaborado um mapa de

planejamento por empresas terceirizadas, devidamente assinado por profissional habilitado e

registrado no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do RS (CREA-RS), alocando

no projeto de silvicultura, as áreas de APP, estradas, aceiros, redes elétricas, áreas úmidas,

áreas de erosão, benfeitorias, mananciais de água, vias públicas, lindeiros e áreas com

explorações econômicas existentes, conforme demonstrado na figura 2.

Com o mapa de planejamento concluído, é solicitado ao órgão ambiental municipal,

sua manifestação com relação ao projeto. Aprovado no âmbito municipal, é encaminhado a

solicitação do licenciamento estadual do empreendimento, uma vez que somente o órgão

estadual competente, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler

(FEPAM), vinculada a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do RS (SEMA-RS) é quem

licencia as atividades de silvicultura com espécies florestais de baixa capacidade invasora e

potencial poluidor médio, e alta capacidade invasora com potencial poluidor alto.

Durante o trâmite do licenciamento ambiental, do projeto técnico de silvicultura e

projeto de crédito, o empreendedor realiza um curso de produção florestal obrigatório,

realizado no Centro de Treinamento de Agricultores de Canguçu (CETAC) de

responsabilidade da ASCAR/EMATER-RS com duração de três dias, enfocando temas como

manejo de solos e água, planejamento de atividades, legislação ambiental, licenciamento

ambiental, operações florestais, segurança e crédito florestais.

Após emitida a licença ambiental, visualizada na figura 4 , o empreendedor está apto a

implantar o projeto de silvicultura, observando o planejamento estabelecido, condicionado

também, as imposições estabelecidas no licenciamento ambiental, demonstrados na figura 3.

Implantado o projeto conforme demonstrado nas figuras 5 e 6, a assistência técnica

verifica o cumprimento das normas, condicionantes do projeto de silvicultura e do

licenciamento ambiental, mediante a emissão de laudos técnicos, devidamente assinados pelas

partes. Estes mesmos laudos técnicos servem como acompanhamento das aplicações dos

recursos ora financiados, se for o caso. Havendo inconformidades, é solicitado as

providências, que serão verificadas numa próxima vistoria e emissão de laudos, manifestando

a liberação ou não da próxima parcela, formando um histórico da área do empreendimento.

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Figura 2: Mapa de planejamento para a atividade de silvicultura, APP e áreas com restrição de

plantio, Canguçu, 2008. Fonte: Fibria e ASCAR/EMATER-RS, 2010.

Figura 3: Aspecto geral de uma área preparada para implantação da atividade de silvicultura pelo

programa Poupança Florestal, observando os limites das APP, Canguçu, 2006. Fonte: ASCAR/EMATER-RS, 2010

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Figura 4: Licença de operação expedida pela FEPAM em favor de Paulo Benemann em integração com a empresa Fibria, Canguçu, 2008 Fonte: Fibria e ASCAR/EMATER-RS, 2010

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Figura 5: Mapa de pós plantio da atividade de silvicultura, preservação das APP e áreas com restrição de plantio, Canguçu, 2010

Fonte: Fibria e ASCAR/EMATER-RS, 2010

Figura 6: Vista geral de área com atividade de silvicultura, após 3 anos do plantio, vinculado ao

programa Poupança Florestal, com a formação dos mosaicos pela preservação ambiental e produção, Canguçu,2010. Fonte: ASCAR/EMATER-RS, 2010

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

O programa Poupança Florestal em Canguçu, de acordo com a tabela 10, conta com 25

projetos de silvicultura com eucaliptos, que envolvem 24 produtores rurais e outros

empreendedores, cujos projetos integrados a empresa Fibria relacionados nesta tabela, contam

todos com o licenciamento ambiental expedido pela FEPAM. Estão demonstrados e

contabilizados os resultados obtidos nestas propriedades rurais, com diferenciações claras,

onde são praticados as atividades produtivas e onde estão as áreas preservadas de potencial

para biodiversidade. Foram preservadas as atividades tradicionais das famílias rurais

envolvidas, incorporando tecnologias de manejo e conservação, além da atitude de promover

o planejamento das propriedade, com visões de médio e longo prazos das atividades, e das

integrações possíveis nas explorações agropecuárias.

Da área total dos projetos demonstrados na tabela 10, 44,82% estão ocupados com

efetivo plantio de eucaliptos, outros 19,47% são áreas de preservação permanente (APP) e

31,49% de áreas preservadas, que compreendem áreas de mata nativa, campos nativos limpos

e sujos e afloramentos rochosos. As áreas de APP identificadas e quantificadas nestes

projetos, são as áreas das margens de mananciais de água (mata ciliar), áreas úmidas, áreas de

banhado, nascentes e áreas de regeneração natural, compostas basicamente de vegetação

pioneira ou também chamadas de capoeira, que antes estavam em uso com atividades

agropecuárias.

Os dados foram retirados dos mapas planialtimétricos de pós plantio de cada

integrado, realizados por empresa terceirizada contratada pela Fibria para esta finalidade, com

a devida identificação do profissional responsável perante o Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia do RS (CREA- RS).

Observa-se com isto, que a implementação do Programa Poupança Florestal está

consolidando a preservação ambiental nas propriedades rurais dos integrados com a empresa

Fibria. Adicionalmente, estão servindo de áreas demonstrativas dos cuidados com a

manutenção da biodiversidade e recursos hídricos, e que é possível observar as condicionantes

da legislação ambiental vigente, mantendo atividades econômicas, gerando renda às famílias

rurais, diminuindo a pressão econômica sobre as matas nativas, recuperando as matas ciliares,

e até recuperando solos degradados com a implantação do reflorestamento , solidificando

portanto, a relação entre produção econômica e preservação dos recursos naturais no

Município e região.

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Tabela 10: Caracterização das propriedades rurais que participam do programa Poupança Florestal com projetos de silvicultura, Canguçu, 2010 .

Produtor

Área total projeto

ha

Área plantada

ha

Áreas preservação Permanente

ha

Áreas preservadas

ha

Áreas estradas e aceiros

ha

Áreas diversas

ha

1. Alessandro Q. Fonseca 31,44 18,35 3,60 8,00 1,37 0,12 2. Altanir da Fonseca 10,92 5,42 2,16 3,05 0,29 0 3. Antonio Carlos da Silveira 48,82 20,37 13,17 12,51 0,27 2,5 4. Antonio Gilberto da Silva 20,11 5,76 2,61 8,46 0,37 2,91 5. Antonio Gilberto da Silva II 39,09 15,43 12,13 10,72 0,53 0,28 6. Antonio L. Vahl Goetzke 6,84 3,43 1,57 0,47 0,5 0,87 7. Candida R Dias do Amaral 26,71 8,67 8,04 9,01 0,46 0,53 8. Ciro Timm 18,24 4,48 3,61 6,95 0,42 2,78 9. Colmar Moreira

Gonçalves/Terezinha 74,69 35,58 12,78 24,21 1,64 0,48

10. Danilo de Oliveira Morales 16,45 6,55 1,22 8,01 0,16 0,51 11. Darci Xavier Ribeiro 8,87 5,45 2,3 0,63 0,04 0,45 12. Elton Viegan Ludtke 29,74 10,85 8,21 7,33 0,87 2,48 13. Enir de Castro Pereira 20,77 3,75 5,23 10,92 0,28 0,59 14. João Carlos da Silveira 20,15 10,89 4,39 4,4 0,47 0 15. José Antonio Martins Leite 10,93 4,89 1,82 3,42 0,39 0,4 16. José Vagner Soares Goulart 119,07 56,91 19,51 40,81 1,69 0,15 17. Maria Antonieta M Borges 78,67 29,74 15 33,09 0,08 0,76 18. Miria Matilde M. da

Silveira 5,14 3,3 0,13 1,38 0,33 0

19. Nancy dos Santos Borges 14,15 8,3 2,11 2,96 0,73 0,05 20. Paulo R. L. Benemann 74,04 41,27 10,86 20,24 1,66 0,01 21. Rildo Laitzke da Silveira 14,61 6,97 4,1 2,86 0,55 0,13 22. Roberto Ernesto Klug 15,96 5,83 4 5,45 0,3 0,38 23. Rutinaldo Ribeiro da

Fonseca 19,19 11,02 2,05 5,15 0,97 0

24. Valdeci Carlos Ferri 20,49 9,28 5,29 5,52 0,17 0,23 25. Valdemir Lemos Quintana 7,47 4,8 0,66 1,46 0,55 0 TOTAIS 752,56 337,29 146,55 237,01 15,09 16,61 % 44,82 19,47 31,49 2,01 2,21 Fonte: ASCAR/EMATER-RS e Fibria, 2010.

Estas atitudes, de acordo com a tabela 11, verificam-se em todos os projetos de

silvicultura da área de abrangência do Programa Poupança Florestal, que envolve produtores

florestais de 25 Municípios diferentes, nas macro regiões de Pelotas e Bagé. Observa-se que

da área total dos projetos, em praticamente metade (52,78%) da área, é que foram implantados

os projetos de silvicultura com eucaliptos. Já as APP e áreas preservadas juntas representam

42%, demonstrando um claro equilíbrio entre produção e conservação ambiental.

Objetivando demonstrar a importância dos aspectos ambientais estabelecidos na

silvicultura, bem como na aplicação e conhecimento da legislação ambiental, tanto das

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esferas federal, estadual como municipal, realizou-se uma pesquisa de opinião destes

silvicultores.

Tabela 11: Caracterização das propriedades rurais dos Municípios que estão na área de abrangência do programa Poupança Florestal, Pelotas, 2010 .

Município Área total

projeto

ha

Área plantada

ha

Áreas preservação permanente

ha

Áreas preservadas

ha

Áreas estradas e aceiros

ha

Áreas diversas

ha

Regional Pelotas: Amaral Ferrador, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito Cristal, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santana da Boa Vista, São Lourenço do Sul e Santa Vitória do Palmar

12.253,52

5.755,84

(46,97%)

2.166,27

(17,68%)

3.787,96

(30,91%)

226,06

(1,84%)

317,39

(2,59%)

Regional Bagé: Aceguá, Caçapava do Sul, Candiota, Don Pedrito, Hulha Negra, Lavras do Sul, São Grabriel

18.288,43

10.365,56

(56,68%)

3.802,78

(20,79%)

3.077,63

(16,83%)

492,53

(2,69%)

549,93

(3,01%)

Total 30.541,95 16.121,40

(52,78%)

5.969,05

(19,54%)

6.865,59

(22,48%)

718,59

(2,35%)

867,32

(2,84%) Fonte: Adaptado com base nos dados fornecidos pela empresa Fibria, 2010.

De acordo com a tabela 12, foi com silvicultura que a maioria (95,24%) dos

produtores ficou conhecendo APP e reserva legal (RL). Também, como demonstrado na

tabela 13, repete-se esta maioria (76,19%), que observa os limites da exploração agropecuária,

preservando as áreas de conservação, ao mesmo tempo que implantam os projetos de

silvicultura com eucaliptos. Quanto a fonte das primeiras informações, de acordo com a tabela

14, a maioria (90,48%) obteve as primeiras informações sobre legislação ambiental e

importância de se ter áreas de conservação ambiental, no curso sobre produção de floresta

com eucaliptos, realizado junto ao CETAC e EMATER-RS.

O questionário individual foi aplicado para a maioria dos silvicultores, com questões

de assinalar de múltipla escolha (anexo A), de como estes ficaram sabendo sobre legislação

ambiental, áreas de preservação permanente, áreas de reserva legal, se aplicam ou aplicaram

em toda área da propriedade ou somente na área do projeto integrado. A maioria dos

questionários individuais foi preenchida durante a realização de reunião técnica do grupo de

produtores com projetos de silvicultura integrados, realizado no dia 09 de agosto de 2010 nas

dependências do Centro de Treinamento de Agricultores de Canguçu (CETAC). Os

produtores rurais ausentes da reunião, residentes no Município, foram entrevistados

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pessoalmente na sede das propriedades rurais. Os que residem fora da área geográfica de

Canguçu, mas apenas possuem as florestas no Município, foram entrevistados por telefone.

Tabela 12: Número de silvicultores do programa Poupança Florestal que afirmaram conhecer ou não o que são APP e áreas de reserva legal em Canguçu, 2010.

Item

Número

Questionários

respondidos

Produtores

rurais que

conhecem

% Produtores

rurais que não

conhecem

%

Áreas de preservação permanente 21 21 100 - -

Áreas de reserva legal 21 20 95,24 1 4,76

Fonte: Autor

Tabela 13: Número de silvicultores do programa Poupança Florestal que aplicam a legislação ambiental na área total , somente nas lavouras ou áreas de silvicultura, Canguçu, 2010.

Item Questionários

respondidos

Área total da

propriedade

% Somente nas

áreas de lavouras

% Somente nas áreas

de Poupança

Florestal

%

Nº produtores rurais que aplicam a legislação sobre APP

21 5 23,81 - - 16 76,19

Nº produtores rurais que aplicam a legislação de áreas de reserva legal

21 5 23,81 - - 16 76,19

Fonte : Autor

Tabela 14: Fonte da informação inicial dos silvicultores do programa Poupança Florestal sobre reserva legal e APP, Canguçu, 2010.

Item Área de reserva legal Áreas de preservação

permanente Cooperativa COSULATI - -

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canguçu - -

Sindicato Rural de Canguçu - -

Prefeitura Municipal de Canguçu - -

EMATER-RS/Curso CETAC e Programa Poupança Florestal

19 (90,48%)

19 (90,48%)

Televisão 2 (9,52%)

2 (9,52%)

Total 21 21

Fonte : Autor

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A atividade de silvicultura, conforme demonstrado, vêm contribuindo na construção

do conhecimento e de uma nova visão do agronegócio para o Município e região. Empregou-

se e emprega-se nas propriedades rurais, o princípio do planejamento da unidade produtiva,

devendo todas as atividades, situações e atributos, serem avaliados e planejados, não somente

para uma atividade específica, mas para todas que são desenvolvidas pela família rural.

Também, a silvicultura com espécies florestais de rápido crescimento, integrada com

outras atividades agropecuárias, contribui para uma visão de diversificação de produção, de

trabalho em sociedade e para a sociedade em geral, com livre decisão, visto que a adoção é

uma escolha realizada pelas famílias rurais, independente do tamanho do agronegócio e

enquadramento da unidade familiar.

Da mesma forma, possibilita que os empreendedores reintegrem áreas das

propriedades que estavam fragilizadas, degradadas, comprometidas pelos processos erosivos,

transformando-as em áreas produtivas, além do aspecto de maior relevância que é a retomada

do equilíbrio com os aspectos ambientais.

A atividade pelo forma que é implementada, tão somente mediante o licenciamento

ambiental, tanto a nível municipal como estadual, serve como modelo deste novo formato de

agronegócio, preocupado com o equilíbrio e a manutenção dos agroecossistemas, da

biodiversiadade e sustentabilidade.

Demonstra que podemos manter atividades agropecuárias e florestais de forma

integrada e economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente equilibradas.

Uma ressalva foi unânime entre todas famílias que participam do programa e

atividade. Pela reduzida renda obtida com a produção agropecuária na forma tradicional de

exploração, gostariam que a sociedade em geral, que beneficiar-se-á pelos serviços ambientais

prestados com a nova postura e gestão, que os remunere de alguma forma por estes serviços,

após verificados e auditados por órgão governamental. A assistência técnica e coordenação do

programa alia-se a esta possibilidade, e recomenda que sejam construídos instrumentos com

este objetivo. Assim, todas as famílias instaladas em uma microbacia hidrográfica ou unidade

de paisagem, estariam envolvidas e comprometidas na busca do equilíbrio entre o

atendimento as legislações, o desenvolvimento econômico e social, a recuperação, a

manutenção e preservação da biodiversidade e do meio ambiente. Como consequência

positiva de médio a longo prazo, a viabilização da pequena propriedade rural familiar estaria

garantida.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho sinaliza de forma clara que a atividade de silvicultura implantada com

planejamento e critérios rigorosamente técnicos, é viável também para as propriedade com

agricultura familiar. Proporciona mais uma alternativa de renda, ocupando áreas antes

inaproveitáveis e sem aptidão para os cultivos anuais. Consolida a importância das áreas de

conservação ambiental, respeitando-as, recuperando-as e preservando-as. Possibilita a

aculturação e a aceitação da visão ambiental na gestão das propriedades rurais, servindo

como difusor da necessidade da sua incorporação também nas atividades agropecuárias

praticadas pelas famílias rurais do Município e região.

6 REFERÊNCIAS

CUNHA, Noel Gomes da; SILVEIRA, Ruy José Costa da Silveira; SEVERO, Carlos Roberto Soares; NUNES, Marcelo Lopes; SOARES, Maurício Jurê e COSTA, Cláudia das Neves. Estudo dos solos do município de Canguçu: resumo. Documentos, Pelotas, n. 31, p. 6-7, fev. 1998.

FEPAM. Disponível em: <http://www.fepam.rs.gov.br/institucional/institucional.asp>. Acesso em: 4 set. 2010.

FERREIRA, Tabajara Nunes; SCHWARZ, Ricardo Altair; STRECK, Edemar Valdir Streck. Solos Manejo Integrado e Ecológico: elementos básicos.1 ed. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. 95 p.

FEE: Fundação de Economia e Estatística do RS. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/ sitefee/mdownloadm/mpib/municipal/tab 13_2007.xls>. Acesso em: 24 ago. 2010.

GIASSON, Elvio. Avaliação do potencial produtivo das terras em função de sua capacidade de uso. CONSELHO em revista: artigos técnicos, Porto Alegre, v. 1, p.24, ago. 2005.

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LEPSCH, Igo Fernando. Formação e Conservação dos Solos. 2 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA/DEPARTAMENTO NACIONAL DE PESQUISA AGROPECUÁRIO: Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife: Mousinho Artefatos de Papel Limitada, boletim técnico número 30, 1973.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Disponível em: <http:/comunidades. mda.gov.br/portal/saf/institucional/aeclaracaoaptidaopronaf/>. Acesso em: 02 out. 2010.

PEREIRA, José Milton Milagres, SANTOS, Germi Porto. Aspectos econômicos do setor florestal brasileiro. Informe Agropecuário: eucalipto, Belo Horizonte, v. 29, n. 242, p.7-13, jan./fev. 2008.

PREFEITURA Municipal de Canguçu. Disponível em: <http://www.prefeituracangucu. com.br/>. Acesso em: 24 ago. 2010.

PREVIDÊNCIA Social. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudo dinamico.php? id=484>. Acesso em: 23 ago. 2010.

PROPFLORA: Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas. Disponível em : <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/ Programas _e_Fundos/propflora.html >. Acesso em: 4 set. 2010.

RIO Grande do Sul. Disponível em: < http://www.riogrande.com.br/ municipios/ cangucu. htm>. Acesso em: 24 ago. 2010.

SISTEMA IBGE de Recuperação Automática- SIDRA: banco de dados agregados. Disponível em : <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?>. Acesso em: 18 ago. 2010.

______ Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp? ?>. Acesso em: 23 ago. 2010.

______ Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?>. Acesso em: 23 ago. 2010.

______Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/csv.php?tabela=amostra& codmun=430450 &nomemun=Cangu%E7u >. Acesso em: 23 ago. 2010.

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26

______Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/munic_meio_ambiente_2002/index.htm>. Acesso em: 23 ago. 2010.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS/INSTITUTO TÉCNICO DE PESQUISA E ASSESSORIA. Banco de dados da Zona Sul. Pelotas: Editora da Universidade Católica de Pelotas, boletim informativo número 18, 2007.

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A SILVICULTURA COMO ALTERNATIVA POTENCIAL DE GERAÇÃO DE

RENDA PARA AGRICULTURA FAMILIAR EM CANGUÇU, RS

EVAIR EHLERT

RESUMO

Com as expectativas de ampliação das demandas de uso das florestas nativas e plantadas,

tanto a nível local como mundial, estão projetados cenários favoráveis para a silvicultura,

apresentando-se como mais uma opção de atividade econômica para a agricultura familiar no

município de Canguçu, denominado de capital nacional da agricultura familiar, com

aproximadamente 15 mil famílias rurais. Esta atividade é recomendada como uma das práticas

de manejo de solos e água, para os tipos de solos predominantes no Município, localizado na

Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul (RS), assim como das condições de relevo, que vão de

ondulado a fortemente ondulado. É uma das poucas atividades rurais capazes de gerar renda,

mesmo ocupando as áreas degradadas e abandonadas pela intensa e contínua exploração com

cultivos agrícolas anuais, sem o uso de práticas intensivas de manejo e conservação dos solos,

obrigatórias para estas classes de solos predominantes nas propriedades com agricultura

familiar. Com as demandas crescentes de produtos madeiráveis, somado a redução obrigatória

da utilização e destruição dos remanescentes de matas nativas, por pressões e conscientização

ambientalistas da própria sociedade, é uma atividade promissora, quando analisados a

produção e as necessidades requeridas de produtos florestais no Município, que apontam forte

desequilíbrio, com as demandas superiores a oferta. Utilizando-se de espécies de rápido

crescimento, gerando renda a médio prazo, ocupando as áreas das propriedades rurais de

menor potencial para atividades de agropecuária, somadas as possibilidades dos usos

múltiplos destas florestas, com o ingresso de receitas anuais desde sua implantação, através da

integração com a agricultura e pecuária, viabiliza-se uma opção de negócio para um grande

número de agricultores familiares, aliado a práticas conservacionistas de solo, conservação

ambiental e preservação da biodiversidade.

Palavras-Chave: Silvicultura. Agrossilvopastoril. Agricultura Familiar. Oferta e demanda.

Conservação ambiental.

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7 INTRODUÇÃO

A sociedade humana, ao longo de sua trajetória, vem experimentando seu

desenvolvimento utilizando-se dos recursos naturais disponíveis, de forma desordenada e

insustentável, comprometendo a qualidade de vida das gerações futuras. Dentre estes

recursos, as florestas naturais foram e continuam sendo, a grande reserva econômica do

desenvolvimento das populações e nações em todo o mundo, como fonte de alimentação,

energia, abrigo e proteção. Dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas

Plantadas (ABRAF, 2010), corroborado com o que apresenta a Sociedade Brasileira de

Silvicultura (SBS, 2008), colocam um consumo anual total de madeira no Brasil, de 306

milhões de metros cúbicos relativos ao ano de 2007. Porém, o destaque negativo, é que deste

total, apenas 115 milhões de metros cúbicos (37,5%), provêm de florestas plantadas, e o

restante (62,5%) tem origem nas florestas nativas. Estes dados sinalizam o quanto a nação

brasileira deve avançar, principalmente na preservação de seus recursos naturais,

estabelecendo políticas de exploração das matas nativas através do manejo sustentado destas,

e também, incentivos, organização e planejamento de projetos de ampliação da atividade de

silvicultura, seja com espécies de rápido crescimento (pinus, acácias, eucaliptos, e outras)

assim como o manejo sustentável das florestas nativas. Isto já vem ocorrendo, devendo ser

intensificado e ampliado, uma vez que, projeções futuras apontadas por Vitor Afonso

Hoeflich (EMBRAPA/Florestas, 2010), com o aumento da população mundial e aumento do

consumo de madeira per capta, estima-se um consumo mundial de 1,6 bilhões de metros

cúbicos de madeira, e segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e

Alimentação (FAO) (apud HOEFLICH, 2010), para o ano de 2050, a quantia será de 2 a 3

bilhões de metros cúbicos de madeira, um incremento necessário de 60 milhões de metros

cúbicos num período de 40 anos.

Projeta claramente, cenários futuros de uma maior demanda e escassez de produtos

madeiráveis e não madeiráveis, oriundos de florestas plantadas, pressionados também pela

população em geral, que requer a preservação das matas nativas e conservação da

biodiversidade, para obterem qualidade de vida e sustentabilidade, não comprometendo as

gerações futuras.

Estas atitudes apresentam-se em todos os níveis da sociedade mundial e nacional,

repercutindo inclusive, a nível de municípios, permitindo afirmar a existência de

oportunidades de negócios e geração de renda às famílias rurais, quer pela produção florestal

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dos produtos madeiráveis e não madeiráveis, quer pela produção de biocombustíveis de

origem florestal, exploração dos mercados de carbono e, por fim, a remuneração por serviços

ambientais prestados a esta sociedade.

Num primeiro momento, devemos ter diagnosticado a produção atual dos municípios,

assim como, o que os segmentos municipais que fazem uso de produtos florestais, demandam

anualmente, para posteriormente iniciar-se a planejar, programar e organizar as intervenções

nas cadeias produtivas, introduzindo novas possibilidades de atividades agrossilvipastoris,

tecnologias silviculturais e usos múltiplos da madeira, sempre de forma complementar,

evitando substituir as atividades agropecuárias existentes.

Conhecida as necessidades, passa-se a uma nova fase, divulgando e incentivando as

atividades de silvicultura integradas a agricultura e pecuária, como alternativas de geração de

renda com preservação ambiental e manutenção da biodiversidade, viáveis tanto para os

agricultores familiares como empresariais.

8 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com o que informa a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/

Embrapa Florestas (EMBRAPA/FLORESTAS, 2010), o setor florestal brasileiro possui

aproximadamente 530 milhões de hectares ocupados com florestas nativas e, 4,8 milhões de

hectares de florestas plantadas com pinus, eucalipto e acácia-negra. Apesar destas plantações

florestais estarem aumentando em todos os segmentos, acredita-se, com base nas expectativas

de crescimento da demanda, que haverá uma necessidade de plantio em torno de 630 mil

hectares ao ano. Citando como fonte a Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), esta

necessidade distribui-se em 170 mil hectares ao ano para celulose, 130 mil hectares ao ano

para madeira sólida, 250 mil hectares ao ano para carvão vegetal e 80 mil hectares ao ano para

energia. Com base nestes dados, estabelece-se a importância das espécies consideradas de

rápido crescimento (pinus, eucalipto e acácia-negra), sinalizando a oportunidade de negócios

através da silvicultura ou das atividades agrossilvipastoris.

A demanda brasileira de madeiras é de 350 milhões de metros cúbicos por ano, sendo

que os plantios florestais conseguem suprir apenas 90 milhões de metros cúbicos por ano, o

que equivale à exploração de 600 mil hectares anualmente, e o restante, provêm das florestas

nativas, com ou sem manejo sustentado. Sem considerar os planos de manejo sustentado de

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florestas nativas, os restantes 260 milhões de metros cúbicos, para serem supridos

integralmente por florestas plantadas, demandariam mais 8,7 milhões de hectares, o

equivalente a 0,9% da superfície do território brasileiro, que somados aos já existentes,

elevaria para 1,5% do território, percentual inferior a área ocupada com outras culturas.

Soma-se a isto, a estratégia do uso de espécies florestais de rápido crescimento, com

justificativa, pois cada hectare com florestas plantadas, equivale a produção de 10 hectares de

florestas nativas (EMBRAPA/FLORESTAS, 2010).

Considerando estes dados, é fundamental o aumento da oferta de madeira oriunda de

plantios florestais, diminuindo as pressões sobre os remanescentes de florestas nativas.

Apresenta-se então, uma oportunidade aos produtores rurais em ampliar as alternativas de

explorações econômicas nas áreas rurais, além da possibilidade de acesso aos mercados de

carbono, em franca construção, regramento e expansão.

Segundo José Otávio Brito (2007), do consumo total de produtos florestais no Brasil

no ano de 2007, cerca de 321 milhões de metros cúbicos, 69% foram para energia,

popularmente denominado de lenha, com destaque para produção de carvão e depois os

consumos residenciais, industriais e agropecuários. Outros 31% foram utilizados em serrarias,

celulose e papel, chapas e painéis (figura 1)

69%

31%

Energia/CarvãoOutros Usos

Figura 1: Distribuição percentual dos diferentes usos dos produtos florestais no Brasil, 2007. Fonte: Adaptado com base nos dados de Brito, 2007.

O consumo médio anual por pessoa, no ano de 2007 no Brasil, esteve em 2 metros

cúbicos de madeira, e estima-se um número de 30 milhões de pessoas dependentes da madeira

como fonte energética domiciliar, devido as dificuldades de acesso a outras fontes de energia,

por motivos econômicos ou estruturais. Isto vislumbra um forte componente de ordem social

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a ser atendido pelas políticas públicas, com forte apelo e ligação com a segurança alimentar

( JOSÉ OTÁVIO BRITO, 2007).

Segunda a FAO (2003 apud BRITO, 2007), a madeira pelo seu uso direto, seja na

forma de lenha ou do seu derivado, o carvão, é combustível vital para o preparo de alimentos

para um enorme número de famílias e comunidades, nas diversas regiões do planeta. Em sua

análise, coloca que de cada seis pessoas, duas utilizam a madeira como principal fonte de

energia, particularmente nas famílias de países em desenvolvimento, sustentando processos de

secagem, cozimentos, fermentações, produção de eletricidade, de vapor e outros diversos

usos.

Abordagem interessante faz Sebastião Valverde (2010), que apresentou durante o

Congresso Madeira 2010 e 5º Congresso Internacional de Desenvolvimento Sustentável da

Indústria de Base Florestal e Geração de Energia, realizado em junho de 2010, a evolução dos

indicadores sociais e econômicos das florestas plantadas no país. Foi apresentado a mudança

do setor de silvicultura, que antes era restrita a grandes empresas, e agora está ocorrendo uma

descentralização da produção, com a exploração dos usos múltiplos do reflorestamento e da

madeira, e as produções integradas com a agropecuária, através das atividades

agrossilvipastoris. Também, está acontecendo a inclusão de produtores rurais, tanto pequenos

como médios e grandes, que traz um novo modelo de produção muito mais social. E com isso,

passa a ser um setor cada vez mais rentável, com tendências de aumento de preços da matéria

prima, com o surgimento de novos mercados e produtos. Apresentou a silvicultura como uma

excelente opção de negócio, pelas pressões em substituir as madeiras nativas por plantadas,

pelo aumento da demanda por madeira de eucalipto, pela possibilidade de utilização de áreas

subutilizadas, abandonadas, e áreas de pastagens degradadas, possibilitando a atração de

investidores.

Dados divulgados por Acácio Roberto Arnas (2008), indicam a necessidade brasileira

de madeira de florestas plantadas, e que o Brasil possui grandes vantagens que viabilizam os

plantios, como solos e climas favoráveis, extensão territorial, disponibilidade de terras, alta

capacidade tecnológica, mercado em expansão e agregação de valor. É uma atividade

lucrativa e de relativo baixo risco.

José Carlos Carvalho (2008), divulga uma estimativa de consumo mundial de madeira

da ordem de 5,9 bilhões de metros cúbicos, com consumo médio mundial de 0,67 metros

cúbicos por pessoa por ano. Aborda ainda, que o consumo brasileiro está estimado em 350

milhões de metros cúbicos por ano, e se não adotarmos um programa de reflorestamento

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responsável em nosso país, estaremos fadados a consequências desastrosas no país, como

importação de madeira de outros países, como demonstrado na tabela 1, onde no ano de 2005

importamos 815 milhões de dólares, e em 2008 mais que dobramos, passando para 1,7 bilhões

de dólares. Faz observações com relação a utilização de produtos madeireiros, especialmente

aos destinados para a indústria moveleira, onde o setor depara-se com escassez crescente de

matéria-prima tradicional extraída das nossas reservas naturais, e a pressão motivada pela

consciência ambientalista em todo mundo, valorando e priorizando os produtos fabricados

com madeira oriunda de florestas plantadas. Afirma que quem não se adaptar estará fadado a

não sobreviver no mercado.

Tabela 1: Importação de produtos florestais pelo Brasil nos anos de 2005 e 2008 em US$ 1.000.

Produto 2005 2008

Papel e papelão 536.420 1.096.924

Celulose de madeira 187.753 264.089

Painéis de fibra 29.669 264.089

Carvão 1.556 19.034

Serrados 10.734 17.670

Aglomerados 14.926 15.988

Laminado 8.022 11.148

Outras fontes de celulose 20.973 6.628

Compensado 2.287 3.006

Papel reciclado 1.627 2.121

Madeira em tora 1.424 572

Resíduos 99 450

Cavacos e partículas 5 74

Total 815.495 1.701.793

Fonte: Adaptado com base nos dados do Serviço Florestal Brasileiro e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, 2009.

Isto está demonstrado também na tabela 2, mesmo com as quantidades decrescentes de

importação de produtos madeiráveis, ainda ocorrem importações de aglomerados, laminados e

demais produtos serrados. Observação deve ser feita com relação às importações de carvão,

passando de 90 milhões de toneladas em 2005, para mais de 350 milhões de toneladas em

2008, um período relativamente curto de 3 anos, quadruplicamos as importações deste

produto.

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Tabela 2: Importação dos principais produtos florestais madeireiros pelo Brasil nos anos de 2005 e

2008.

Produto Unidade 2005 2008

Carvão 1.000 t 90.300 354.000

Papel e papelão 1.000 t 718.737 120.310

Papel reciclado 1.000 t 20.401 19.000

Celulose de madeira 1.000 t 328 341

Outras fontes de celulose 1.000 t 17.106 3.010

Resíduos 1.000 m³ 145 296

Serrados 1.000 m³ 154 103

Painéis de fibra 1.000 m³ 279 95

Aglomerado 1.000 m³ 83 52

Laminados 1.000 m³ 42 12

Madeira em tora 1.000 m³ 11 7

Compensado 1.000 m³ 8 4

Cavacos e partículas 1.000 m³ 0 2

Fonte: Adaptado com base nos dados do Serviço Florestal Brasileiro e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, 2009.

Pereira e Santos (2008) colocam a importância das florestas plantadas, no aumento

significativo ocorrido na produção de madeira e lenha, do volume total da produção florestal

brasileira, estabelecendo ganhos sociais e ecológicos cada vez maiores, a medida que esta

inversão vem acontecendo, tornando as florestas cultivadas mais importantes que as florestas

nativas, no fornecimento de matérias-primas para os segmentos consumidores de produtos

florestais.

Para obter os produtos florestais com maior valor agregado, segundo Macedo, Vale e

Venturin (2008), principalmente por meio da exploração de madeira de reflorestamento para

serraria, é necessário a consorciação com cultivos anuais nas entrelinhas durante os primeiros

anos da instalação da floresta, seguida posteriormente, da instalação de pastagens perenes

para a atividade pecuária, apresentando-se como uma das alternativas potenciais para

amortizar os custos iniciais de implantação e manutenção da floresta, permitindo também um

fluxo de caixa contínuo ao longo do período de maturação das florestas, fornecendo rendas

adicionais ao produtor rural e benefícios ambientais a toda a sociedade. Estes mesmos autores

afirmam que os sistemas agroflorestais têm-se despontado como possíveis alternativas

tecnológicas que permitem conciliar produção florestal e produção de alimentos numa mesma

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área, de forma sequencial, destacando-se os sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris como

proposta dinâmica de manejo integrado e sustentável do solo e água.

Segundo Dossa e Vilcahuaman (EMBRAPA/Florestas, 2001), ao realizarem estudos

de caso em propriedades rurais nos municípios do RS, concluíram que estas apresentaram

rentabilidade nos sistemas agroflorestais, quando considerados os custos operacionais e as

receitas recebidas, e que as propriedades menos diversificadas apresentaram uma relação

benefício- custo maior que as propriedades diversificadas. Constataram que as atividades

florestais são viáveis economicamente e que são competitivas tanto quanto as atividades de

grãos e pecuária, e as integrações entre grãos, animais e florestas propiciam menores riscos de

clima e de mercado no médio e longo prazos, tornando-se uma alternativa interessante para

aumentar a renda das propriedades rurais.

Os pesquisadores Ribaski et ali (EMBRAPA/Florestas, 2006), afirmam que há a

necessidade de formação e qualificação do produtor florestal, que usufruindo das tecnologias

disponíveis como mudas de boa qualidade, utilização de um cronograma operacional e demais

práticas silviculturais empregadas para obter produtos de qualidade, diversificados e

competitivos, asseguram o sucesso da produção florestal. Afirmam ainda, que

independentemente da cultura plantada, o manejo das áreas para produção agrícola, pecuária

ou florestal, deve ser sustentável, não apenas econômica mas, também, social, cultural e

ecológico, e que a região dos Pampas apresenta aptidão florestal, e diversos estudos já

demonstraram que várias espécies do gênero Eucalyptus, Acacia e Pinus apresentam

viabilidade técnica para as condições locais, e constituem importante referência para plantios

comerciais. Atribuem aos sistemas silvipastoris, uma importante estratégia de

desenvolvimento sustentável para esse ecossistema, que apresenta um significativo percentual

de áreas com solos de alta suscetibilidade à erosão.

Medrado (2006) esclarece que da área plantada em 2005, cerca de um quarto foi

efetuado por pequenos e médios produtores florestais, utilizando-se de recursos próprios ou,

na maioria das vezes, do fomento florestal das empresas do setor, indicando claramente o

interesse destes pequenos e médios produtores rurais em explorar a atividade florestal,

objetivando a geração de renda e que, os governos devem implementar políticas de incentivos

às florestas plantadas, disponibilizando e ampliando recursos creditícios para a atividade.

Ainda, que ocorra o entendimento dos futuros empreendedores florestais e dos técnicos

envolvidos no planejamento, execução e assistência técnica, de que as pequenas propriedades

agropecuárias devem ser transformadas em propriedades agroflorestais e não em propriedades

exclusivamente florestais.

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Com estas afirmações todas, é viável, rentável, duradouro e seguro estabelecer

programas municipais de incentivo a introdução e ampliação da atividade de silvicultura para

os produtores rurais, independente do tipo de agricultura (familiar ou não) e tamanho do

empreendimento. Tomando-se os cuidados em estabelecer um rígido planejamento de todas as

etapas, um bom diagnóstico da situação atual e as recomendações observadas nas citações dos

autores descritos anteriormente, o município de Canguçu, com a quantidade singular de

pequenas propriedades rurais que possui, pode e deve utilizar-se de mais esta opção de

atividade rural, com forte apelo econômico, social e ambiental, auxiliando na diminuição da

pobreza e êxodo rural.

9 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

O levantamento da oferta e demanda anual de madeira no município de Canguçu,

baseou-se nos dados disponíveis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2010) através do censo agropecuário do ano de 2006, na coleta de informações dos principais

segmentos consumidores de madeira de florestas plantadas, através de entrevista pessoal com

os proprietários ou representantes. Também, informações junto aos profissionais responsáveis

pela assistência técnica aos plantadores de tabaco no Município, e a Associação de

Fumicultores do Brasil (AFUBRA). Mediante visitas, buscou-se dados junto as secretarias

municipais de Governo, escritório municipal da ASCAR/EMATER-RS de Canguçu,

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canguçu , e informações das famílias rurais.

Para melhor entendimento, tabulou-se os dados e informações encontrados,

possibilitando análises e comparações.

10 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

No município de Canguçu, conforme a tabela 3, podemos observar o número de 239

estabelecimentos agropecuários, 2,42% do total dos estabelecimentos, declararem possuir

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florestas plantadas, ocupando uma área total de 14.977 hectares, 5,38% do total da área dos

estabelecimentos agropecuários pesquisados. Esta seria a quantidade existente de floresta

plantadas neste ano, e tomando-se como média de 6 anos como maturação ou momento de

colheita, está disponível anualmente como oferta no Município, 2.496 hectares para os

diversos usos da comunidade canguçuense. Quando comparado com as quantidades existentes

no ano de 1995, conforme tabela 4, houve uma expressiva expansão de 1.067 % na área

implantada destas florestas, sinalizando o interesse dos produtores rurais pela atividade

florestal.

Tabela 3: Número e área dos estabelecimentos agropecuários por grupos de atividades econômica, grupos de área total do município de Canguçu, 2006.

Grupos de atividade econômica Estabelecimentos agropecuários (unidades)

Área dos estabelecimentos agropecuários (hectares)

Total 9.881 (%) 278.409 (%) Lavoura temporária 5.421 (54,86%) 122.527 (44,01%) Lavoura permanente 165 (1,67%) 4.717 (1,69%) Pecuária e criação de outros animais 3.761 (38,06%) 130.497 (46,87%) Produção florestal - florestas plantadas 239 (2,42%) 14.977 (5,38%) Produção florestal - florestas nativas 29 (0,29%) 2.463 (0,88%)

Fonte: Adaptado com base nos dados do IBGE, 2010.

.

Tabela 4: Área dos estabelecimentos agropecuários por tipo de atividade econômica nos anos de 1995 e 2006 no município de Canguçu, RS.

Grupo de atividade econômica Ano 1995 Ano 2006 %

Total 314.848,65 278.409 (-) 11,57

Lavoura temporária 78.965,74 122.527 (+) 55,16

Lavoura permanente 8.538,71 4.717 (-) 44,76

Pecuária 140.102,58 130.497 (-) 6,86

Produção mista (lavoura e pecuária) 85.542,80 - -

Silvicultura e exploração florestal 1.283,29 14.977 (+) 1.067,08

Pesca e aquicultura - 674 -

Produção de carvão vegetal 32 - -

Fonte: Adaptado com base nos dados do IBGE, 2010.

Ratificando a análise da crescente ampliação do número de produtores rurais

ingressando na atividade, a tabela 5 informa que no ano de 2006, 1.586 propriedades tinham

implantado a atividade de silvicultura com acácia negra, destacando-se as propriedades

pequenas, onde 410 estabelecimentos agropecuários realizaram corte no ano de 2006, de uma

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área com até 2 hectares, média de 0,26 hectares de área cortada no ano, por propriedade. Com

a silvicultura com eucaliptos, observa-se a mesma tendência, com concentração de pequenas

áreas implantadas com florestas, num total 3.235 propriedades rurais e área total de 4.270

hectares. A área cortada no ano de 2006 até 2 hectares, totalizou 467 hectares para 1.559

estabelecimentos rurais, com média de área cortada de 0,3 hectares no ano por propriedade.

Tabela 5: Número de estabelecimentos agropecuários e área cortada por espécie da silvicultura no município de Canguçu, 2006.

Espécies da silvicultura

Grupos de área cortada Estabelecimentos agropecuários

(unidades)

Σ Área cortada no ano (hectares)

Σ

Acácia negra Total 1.586 1.586 4.459 4.459 Maior de 0 a menos de 1 ha 392 393 88 88 De 1 a menos de 2 ha 18 410 19 107 De 2 a menos de 5 ha 5 415 12 119 De 5 a menos de 10 ha 1 416 - - De 10 a menos de 20 ha - - - - De 20 a menos de 50 ha 1 417 - - De 50 a menos de 100 ha 4 421 310 429 De 100 a menos de 200 ha - - - - De 200 a menos de 500 ha - - - - De 500 ha e mais 1 422 - - Produtor sem área cortada 1.164 1.586 - -

Eucalipto Total 3.235 3.235 4.270 4.270 Maior de 0 a menos de 1 ha 1.468 1.468 370 370

De 1 a menos de 2 ha 91 1.559 97 467 De 2 a menos de 5 ha 22 1.581 50 517 De 5 a menos de 10 ha 4 1.585 21 538 De 10 a menos de 20 ha 2 1.587 - - De 20 a menos de 50 ha 2 1.589 - - De 50 a menos de 100 ha 3 1.592 156 694 De 100 a menos de 200 ha 1 1.593 - - De 200 a menos de 500 ha 2 1.595 - - De 500 ha e mais 2 1.597 - - Produtor sem área cortada 1.638 3.235 - -

Fonte: Adaptado com base nos dados do IBGE, 2010.

Fato importante vêm ocorrendo no município, observando-se os dados das tabelas 6 e

7, onde no período de 1990 à 2008, identificado através dos números, verificam-se as

tendências sinalizadas anteriormente, de diminuição da exploração das matas nativas e

aumento significativo de uso dos produtos oriundos de florestas plantadas. As quantidades

produzidas advindas de florestas plantadas de 1990 para 2008 permanecerem nos patamares

de 100 mil metros cúbicos de lenha e 3,5 mil metros cúbicos de madeira em tora. Fato

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positivo foi o incremento do carvão vegetal oriundo de floresta plantada, 2,5 vezes mais em

2008 (tabela 6).

Tabela 6 : Quantidades produzidas na silvicultura por tipo de produto da silvicultura no município de Canguçu no período de 1990 à 2006.

Tipo de produto da silvicultura 1990 1995 2000 2005 2006 2007 2008 Carvão vegetal (Toneladas) 19 17 5 37 38 41 47 Lenha (Metros cúbicos) 120.201 82.043 66.827 89.419 89.800 92.597 106.486 Madeira em tora (Metros cúbicos)

3.876 13.305 2.290 2.962 2.960 3.108 3.574

Fonte: Adaptado com base nos dados do IBGE, 2010

A tabela 7 ratifica a informação da diminuição da exploração da mata nativa, onde

tanto o carvão vegetal, como a lenha e a madeira em tora, apresentam quantidades

decrescentes quando comparados o período de 1990 à 2008, indicando claramente a

substituição pelos produtos madeiráveis oriundos de florestas plantadas.

Tabela 7: Quantidades produzidas na extração vegetal por tipo de produto extrativo no município de Canguçu no período de 1990 à 2006.

Tipo de produto extrativo 1990 1995 2000 2005 2008 Carvão vegetal (Toneladas) 36 44 6 3 2 Lenha (Metros cúbicos) 110.107 126.945 73.073 34.261 23.064 Madeira em tora (Metros cúbicos) 412 320 40 20 14 Tanantes (Toneladas) - - - - - Fonte: Adaptado com base nos dados do IBGE, 2010

Para obter as quantidades demandadas de madeira no município, realizou-se uma série

de coleta de dados junto aos consumidores desta matéria-prima, como padarias, olarias,

agroindústrias, secadores de grãos, serrarias, estabelecimentos que comercializam materiais

de construção e o consumo familiar.

Com relação ao número de estufas que realizam a secagem das folhas de tabaco,

foram utilizados os dados fornecidos pela Associação dos Fumicultores do Brasil (AFUBRA)

com base de dados do ano de 2009, assim como a área de tabaco plantado, tendo como fontes

também, o IBGE e ASCAR/EMATER-RS Escritório municipal de Canguçu. A junção destas

duas considerações é necessária em função de que, algumas propriedades rurais cultivam o

tabaco mas não possuem estufas, alugando ou trocando serviços com vizinhos, parentes ou

outra forma organizacional. Para o cálculo da demanda de madeira utilizada para secagem do

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tabaco produzido anualmente, após consultas a produtores de tabaco e aos instrutores técnicos

das empresas integradoras de tabaco, que prestam assistência técnica a estes produtores no

Município, foi estabelecido a quantia de 40 metros cúbicos de madeira para cada 1 hectare de

fumo implantado anualmente.

Para a avaliação do consumo familiar de madeira, quantificou-se em 2 metros cúbicos

de madeira por unidade familiar rural do Município, após algumas consultas a agricultores

familiares e não familiares da área rural, não levando em consideração o número de famílias

urbanas, pela quantidade pouco significativa do seu consumo, para o cálculo total. Para

obtenção do número total de famílias rurais consumidoras de madeira, observou-se o número

de imóveis rurais da tabela 8, assim como o número total de agricultores familiares da tabela

9, acrescidos de mais famílias, para expressar a totalidade das famílias rurais , isto porque a

primeira contabiliza somente os imóveis com os devidos registros no Instituto de Colonização

e Reforma Agrária (INCRA) e com matrícula nos cartórios de registros de imóveis, não

contabilizando as demais famílias residentes num mesmo imóvel de mesmo registro e

matrícula, mas também consumidoras de lenha e madeiras para as diversas finalidades

(postes, piques, linhas, moirões, caibros, pranchadas, etc.). Da mesma forma, às 17.175

inscrições com talão de notas do produtor rural, superestimam às famílias, pois em uma

mesma unidade familiar podemos ter duas inscrições. Diante disto, atribuiu-se o número de

15.000 unidades familiares consumidoras de madeira, como média para estabelecer as demais

projeções.

Tabela 8: Número e área dos estabelecimentos agropecuários com agricultura familiar e não familiar, do município de Canguçu, 2006.

Estabelecimentos agropecuários

(unidades) Área dos estabelecimentos agropecuários

(hectares) Total

Não familiar Agricultura

familiar Total Não familiar Agricultura

familiar 9.881 1.107 8.774 278.409 139.029 139.380

Fonte: Adaptado com base nos dados do censo agropecuário de 2006 do IBGE, 2010.

Tabela 9: Número de habitantes total, população rural, número de imóveis rurais totais e número de produtores rurais com inscrição estadual de Canguçu, 2009.

Município Número de

habitantes % rural População

rural Número de

imóveis rurais Número produtores rurais

com inscrição estadual Canguçu 52.366 60,23 31.540 13.463 17.175 Fonte: Adaptado com base nos dados do Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria (ITEPA) Universidade Católica de Pelotas, 2007.

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As quantidades demandadas pelas serrarias existentes, assim como a Cooperativa

Cosulati, unidades agroindustriais que utilizam lenha como fonte de energia para geração de

vapor, padarias e olarias, foram conseguidos através de entrevistas pessoais com os

proprietários.

De acordo com os dados da tabela 10, obtemos um consumo anual total de madeira no

Município, quantificado em 378.106 metros cúbicos.

Baseando-se numa produtividade média de 25 metros cúbicos por hectare por ano,

obteremos a quantia necessária presumida de floresta plantada de 15.124 hectares, para suprir

esta demanda anualmente.

Tabela 10 : Quantidades demandadas de madeira em metros cúbicos pelos principais segmentos consumidores no município de Canguçu, 2010.

Tabaco Consumo anual de madeira em metros cúbicos

Número de famílias

Hectares de

tabaco

Para secagem tabaco

Consumo na propriedade

Serrarias Cooperativa COSULATI

Olarias e Padarias

Agroindústrias e silos

secadores

Total

15.000

8.499,70

339.988

30.000

1.718

800

5.100

500

378.106

Fonte: Adaptado com base nos dados da ASCAR/EMATER-RS, 2010.

Mas ocorre que dispomos de uma oferta anual, onde para avaliação final da

disponibilidade de madeira das florestas plantadas, pegou-se a quantidade existente de 15.036

hectares, informada pelo IBGE no ano de 2006, identificados na tabela 11, e dividiu-se por

um período médio de maturação das florestas plantadas de 7 anos. Obtemos desta forma, a

quantia de 2.148 hectares disponíveis para corte anualmente.

Tabela11: Número e área dos estabelecimentos agropecuário por utilização das terras e agricultura familiar e não familiar do município de Canguçu, 2006.

Utilização das terras

Estabelecimentos agropecuários (Unidades)

Área dos estabelecimentos agropecuários (Hectares)

Total Não familiar

Agricultura familiar

Total Não familiar

Agricultura familiar

Total 9.881 1.107 8.774 278.409 139.029 139.380 Matas e/ou florestas - florestas plantadas com essências florestais

3.396 284 3.112 15.036 8.874 6.162

Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas, etc.)

170 19 151 388 58 331

Terras inaproveitáveis para agricultura ou pecuária (pântanos, areais, pedreiras, etc.)

2.132 265 1.867 6.779 3.289 3.490

Total 64.373 36.116 28.259 Fonte: Autor com base de dados do IBGE, 2010.

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O resultado final, conforme consta na tabela 12, descontando a quantia de 2.148

hectares de florestas plantadas disponibilizadas anualmente para o mercado, da quantia

necessária de 15.124 hectares somente para suprir o consumo doméstico, resulta num déficit

anual de 12.976 hectares de florestas plantadas, somente para o consumo municipal.

Cabe informar, que nesta análise não estão contabilizados as florestas próprias das

Empresas Tanagro com plantios de acácia negra em torno de 3.500 hectares, e CMPC

Celulose Riograndense, também com plantios de eucaliptos ao redor de 2.500 hectares , uma

vez que estas florestas não ficam disponíveis para os mercados tradicionais, indo para o

consumo direto das empresas.

Tabela 12: Quantidades disponíveis e necessidade anual de madeira de florestas plantadas

para Canguçu, 2010. Quantidade anual disponível de

florestas plantadas hectares

Necessidade Anual de florestas plantadas hectares

Déficit anual

hectares 2.148 15.124 12.976

Fonte: Autor, 2010

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das análises realizadas, fica evidenciado o potencial que a silvicultura

representa como alternativa de geração de renda, possuindo um mercado local fortemente

comprador de madeiras de florestas plantadas, principalmente para suprir as demandas como

fonte energética.

Os dados apontam para tornar a silvicultura uma opção de negócio duradouro e seguro

às famílias rurais, com as demandas superiores a oferta, também detectadas localmente na

comunidade canguçuense, bem como o crescimento contínuo no consumo mundial e nacional

dos produtos florestais advindos de florestas plantadas, e a conscientização ambiental de toda

sociedade impondo a redução dos desmatamentos de nossas florestas nativas.

Ao mesmo tempo, os números sinalizam a necessidade urgente de investimentos em

programas de incentivo ao florestamento para que num período o mais curto possível,

tenhamos disponível para consumo, somente produtos de florestas plantadas.

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Cabe destacar, verificado o déficit de oferta de madeira de florestas plantadas em

Canguçu, que permanece a dúvida de onde provêm a madeira para suprir esta demanda. Caso

esteja provindo de municípios e regiões vizinhas, são recursos econômicos que deixam de

circular na economia municipal. Recursos que, valendo-se do valor médio de mercado atual

em R$ 35,00 por metro cúbico, chegam ao valor de 11 milhões de reais.

Caso contrário, poderá esta madeira, consumida principalmente para geração de

energia, advir dos remanescentes de floresta nativa existentes, o qual devemos

obrigatoriamente preservar, se quisermos almejar a tão sonhada sustentabilidade com

equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental.

12 REFERÊNCIAS

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BRITO, José Otávio. O Uso Energético da Madeira. Revista Estudos Avançados: São Paulo, v. 21, n. 59, p. 185-193, abr. 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php? Script =sci_arttext&pid=S0103-40142007000100015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 set. 2010.

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CIRCULAR TÉCNICA: a atividade florestal e agroflorestal como alternativas de renda aos produtores rurais. Colombo: Embrapa Florestas, novembro de 2001. ISSN 1517-5278.

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COMUNICADO TÉCNICO: Sistemas silvipastoris: estratégias para o desenvolvimento rural sustentável para a metade sul do estado do Rio Grande do Sul. Colombo: Embrapa Florestas, dezembro de 2006. ISSN 1617-5030.

EMBRAPA Florestas, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em: <http: //www.cnpf.embrapa.br/publica/publica.htm>. Acesso em 21 set. 2010.

FUNDAÇÃO de Economia e Estatística do RS. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/ sitefee/mdownloadm/mpib/municipal/tab 13_2007.xls>. Acesso em: 24 ago. 2010.

MACEDO, Luiz Grisi Macedo, VALE, Antônio Bartolomeu e VENTURIN, Nelson. Eucalipto em sistemas silvipastoris e agrossilvapastoris. Informe Agropecuário: eucalipto, Belo Horizonte, v. 29, n. 242, p.71-85, jan./fev. 2008.

MEDRADO, Moacir José Sales. Fomento florestal: uma vitória coletiva. Opiniões : sobre o fomento florestal brasileiro, Ribeirão Preto, p. 5, jun.- ago. 2006.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Disponível em: <http:/comunidades. mda.gov.br/portal/saf/institucional/aeclaracaoaptidaopronaf/>. Acesso em: 02 out. 2010.

PEREIRA, José Milton Milagres, SANTOS, Germi Porto. Aspectos econômicos do setor florestal brasileiro. Informe Agropecuário: eucalipto, Belo Horizonte, v. 29, n. 242, p.7-13, jan./fev. 2008.

SBS, Sociedade Brasileira de Silvicultura. Fatos e Números do Brasil Florestal, São Paulo, 93p., dez. 2008. Disponível em: <http://www.sbs.org.br/FatoseNumerosdoBrasilFlorestal.pdf >. Acesso em: 20 set. 2010.

SISTEMA IBGE de Recuperação Automática- SIDRA: banco de dados agregados. Disponível em : <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?>. Acesso em: 18 ago. 2010.

SFB, Serviço Florestal Brasileiro. Disponível em: <http://www.florestal.gov.br/>. Acesso em: 20 set. 2010.

______ Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp? ?>. Acesso em: 23 ago. 2010.

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______Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/csv.php?tabela=amostra& codmun = 430450 &no memun=Cangu%E7u >. Acesso em: 23 ago. 2010.

______Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/munic_meio_ambiente_2002/index.htm>. Acesso em: 23 ago. 2010.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS/INSTITUTO TÉCNICO DE PESQUISA E ASSESSORIA. Banco de dados da Zona Sul. Pelotas: Editora da Universidade Católica de Pelotas, boletim informativo número 18, 2007.

VALVERDE, Sebastião Renato. Evolução dos indicadores sociais e econômicos das plantações florestais no Brasil. CONGRESSO MADEIRA 2010 E CONGRESSO INTERNCIONAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA INDÚSTRIA DE BASE FLORESTAL E GERAÇÃO DE ENERGIA, 5, 2010, São Paulo. Palestra. Disponível em: <http://www.madeira2010.com.br/downloadPalestras.php>. Acesso em: 22 set. 2010.

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Anexo A

Pesquisa de Opinião sobre Conhecimento e Aplicação da Legislação Ambiental nas

Propriedades Rurais com Projetos de Silvicultura pelo Programa Poupança Florestal em Canguçu- RS .

1-) Sabes o que são áreas de preservação permanente- APP ?

( ) sim ( ) não

2-) Como ficou sabendo o que são áreas de preservação permanente- APP ?

( ) Cooperativa COSULATI

( ) Sindicato dos Trabalhadores Rurais

( ) Sindicato Rural

( ) Prefeitura Municipal

( ) EMATER-RS / Curso Floresta CETAC ou Programa Poupança Florestal

( ) Outros

3-) Sabes o que é área de Reserva Legal ?

( ) sim ( ) não

4-) Como ficou sabendo o que é área de Reserva Legal ?

( ) Cooperativa COSULATI

( ) Sindicato dos Trabalhadores Rurais

( ) Sindicato Rural

( ) Prefeitura Municipal

( ) EMATER-RS / Curso Floresta CETAC ou Programa Poupança Florestal

( ) Outros

5-) Aplicou as normas exigidas pela legislação ambiental relativo as áreas de Preservação Permanente- APPs :

( ) em toda área da propriedade rural

( ) somente nas áreas de lavouras

( ) somente nas áreas do Projeto Poupança Florestal

( ) não aplica

6-) Aplicou as normas exigidas pela legislação ambiental relativo a área de Reserva Legal :

( ) em toda área da propriedade rural

( ) somente nas áreas de lavouras

( ) somente nas áreas do Projeto Poupança Florestal

( ) não aplica

7-) Declara no Imposto Territorial Rural- ITR, as áreas de APP e Reserva Legal

( ) sim ( ) não