Reestruturação Da Cadeia Produtiva Têxtil Em Valença-RJ

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  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

    Reestruturao da cadeia produtiva txtil em Valena-RJ

    (Restructuring of textile productive chain in Valena-RJ)

    Gisela Aguiar Soares Coutinho

    ResumoEste artigo mostra como a formao do arranjo produtivo local do setor de confeces deValena-RJ contribui para a superao das dificuldades deixadas pelo perodo decadente dasfbricas de tecido. A cidade aproveitou sua vocao para o trabalho txtil e se voltou para osetor de confeces, que abriga confeces, faces, cooperativas e lavanderias para geraode empregos. H presena de apoio institucional. No caso das instituies pblicas eprivadas, h espao para aes que orientem empresas informais em suas dificuldades paraarcar com custos trabalhistas, fiscais e ambientais rumo formalizao, promoo de ofertasde cursos de capacitao gerencial e de qualificao da mo-de-obra, bem comosensibilizao dos empresrios quanto aquisio de maquinrio moderno e maiscompetitivo. A informalidade ocorre em Valena. Nesse sentido, preciso que os

    empreendedores encontrem vantagens para que se sintam motivados a formalizar suasempresas.

    Palavras-chave: Arranjo produtivo local; Setor de confeces.

    Este trabalho enfatiza o desenvolvimento do arranjo produtivo local (APL) do setor de

    confeces no municpio de Valena, no Estado do Rio de Janeiro. Durante muitos anos,

    Valena foi famosa pelas fbricas txteis ativas, que motivavam o deslocamento de pessoas de

    vrias localidades para obterem produtos da cidade, gerando empregos e arrecadao tributria.

    Em razo do encerramento das atividades de grande parte dessas fbricas no incio dos

    anos 1990, surge interesse em minucioso estudo sobre opes disponveis diante do vazio

    econmico deixado em Valena. No contexto contingencial, na referida dcada, os arranjos

    produtivos locais representaram vivel soluo por contribuir com gerao de empregos e

    aumento do poder aquisitivo. Nesse perodo, a cadeia produtiva txtil em Valena foi

    reestruturada para absorver novamente a mo-de-obra proveniente daquele ramo industrial, l

    instalado por quase um sculo, ajudando a compor boa parte do enredo que configura suahistria.

    Este artigo considera o APL, verso brasileira do termo ingls cluster, como alternativa

    responsvel pela movimentao econmica de diferentes atores, a fim de vencer adversidades

    impostas pelo fechamento das fbricas e conseqente desemprego. Nessa crena, investigou-se a

    origem das confeces de Valena, suas caractersticas e como esto estruturadas.

    Tendo como objeto de estudo as atuais confeces e faces instaladas em Valena, que

    se distinguem como um APL por meio de estudo de caso simples, pesquisa bibliogrfica,

    Texto recebido em maio/2007 e aprovado para publicao em agosto/2008.

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    documental e entrevistas, procurou-se responder seguinte pergunta: Como se formou o APL

    do setor de confeco de Valena e seus desdobramentos a partir da decadncia da indstria

    txtil no final da dcada de 1980 at hoje?

    Foram consultados estudos relacionados ao setor de confeces, efetuados em 2003 e

    2004, o que demonstra atualidade do tema (HASENCLEVER; LA ROVERE, 2003;HASENCLEVER; FERRAZ FILHO, 2004). Ocorre que, apesar de esses autores identificarem

    essas confeces como APL, no foi feita ainda associao entre o surgimento desse setor em

    Valena e a desestruturao do ramo txtil, conforme apontaram resultados desta pesquisa.

    A justificativa terica para este trabalho parte da sua contribuio ao aprofundamento de

    estudos acerca de APL. Imagina-se que o caso do setor de confeces de Valena possa ser

    includo entre experincias que vm sendo realizadas em outros segmentos sobre clusters,como

    o setor de calados ou de mveis (AMORIM, 1998), dentre outros, que ajudam a entendermelhor esse fenmeno e sua importncia. Muito se fala a respeito de APL e sua relevncia para a

    promoo do desenvolvimento local, mas o que se prope nesta pesquisa ser esse tipo de

    arranjo uma opo exeqvel em situaes em que se encontrem pessoas com potencial

    empreendedor e/ou detentor de uma expertise, porm com baixo capital.

    O estudo apresenta relevncia prtica, pois os resultados podem enriquecer a

    compreenso de caminhos possveis para que a formao de APL se concentre nos debates

    econmicos e na recuperao das tradies e habilidades locais. Este trabalho sinaliza as

    alternativas ligadas ao problema deixado aps o fechamento do setor txtil e que contriburam

    para o progresso da cidade, proporcionando melhorias na condio de vida dos seus habitantes e

    gerao de empregos, valendo-se do potencial enraizado em sua populao.

    Metodologia

    Para investigar a formao do APL do setor de confeces em Valena e seus

    desdobramentos aps a decadncia do setor txtil, escolheu-se a pesquisa qualitativa, por meio

    de estudo de caso nico, por se tratar do tipo longitudinal, em que se verifica o mesmo caso em

    pontos distintos ao longo do tempo. No estudo de caso, a coleta de dados da pesquisa envolve

    habilidades, preparao e treinamento do pesquisador (YIN, 2005). Ento, procurou-se

    aprofundar o estudo sobre APL, ressaltando a viso socioeconmica e industrial da poca.

    O corte utilizado no trabalho o seccional com perspectiva longitudinal, porque, embora

    o estudo tenha sido feito em determinado momento atual, recupera dados de perodos anteriores

    (VIEIRA, 2004). O trabalho abrange desde o final da dcada de 1980 at o ano de 2007.

    Tomou-se como base a taxionomia proposta por Vergara (2005). Quanto aos fins, a

    pesquisa foi descritiva com mesclas de exploratria e, quanto aos meios, foi bibliogrfica,

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    documental e de campo, com entrevistas abertas fundamentadas em roteiro semi-estruturado para

    auxiliar na resposta questo formulada. Dentre os entrevistados, constaram empresrios de

    confeces e faces, jornalista local, representantes do Servio Brasileiro de Apoio s Micro e

    Pequenas Empresas (Sebrae/Valena) e Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

    (Senai/Valena), Sindicato das Indstrias do Vesturio do Sul do Estado do Rio de Janeiro(Sindvestsul), Centro Municipal de Formao de Operadores de Mquina de Costura Industrial

    (Cemcost), Associao Comercial, Industrial e Agro-Pastoril de Valena (Aciva), Secretaria

    Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econmico e Social, Secretaria Municipal de

    Cultura e Turismo de Valena, Companhia Txtil Ferreira Guimares e uma fbrica de rendas e

    bordados da cidade. Foram realizadas conversas informais com estilista, empresrios e

    representante da Federao das Indstrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) no evento

    Fashion Rio/Fashion Business.

    Fundamentao terica

    Arranjo produtivo local ou cluster ser estabelecido com base em autores de diferentes

    escolas ou de formao diversificada. Segundo Silva (2003), cluster retoma ensinamentos de

    Alfred Marshall, que narra em Princpios de Economia o modo pelo qual as empresas so

    propensas a constituir distritos industriais em reas geogrficas distintas, onde cada cidade se

    especializa na elaborao de certos bens interligados. Trata-se de um conjunto de empresas

    operando em um mesmo segmento da indstria com diviso do trabalho.

    Para Amorim (1998), diante de um mundo marcado pela concorrncia, grupos de

    pequenas empresas nos quais so constatados nveis elevados de vnculos constituem clusters,

    considerados o estado da arte quanto aos modelos de desenvolvimento local. Amorim (1998, p.

    25) conceitua cluster como um conjunto de firmas operando em visvel harmonia, com cada

    uma (ou algumas) das firmas envolvidas em estgios distintos da produo de um dado produto

    ou servio. A autora direciona seus estudos para pequenas e mdias empresas. A definio

    reala a necessidade de que as empresas trabalhem conjuntamente, executando sua parte em

    busca de objetivo comum. Em 1997, foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e

    Inovativos Locais RedeSist, abrangendo vrias instituies brasileiras de pesquisa e ensino,

    sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os pesquisadores

    desenvolveram o termo arranjo produtivo local. A RedeSist, conforme encontrado em

    Cassiolato e Lastres (2003, p. 5), considera arranjos produtivos locais como:

    aglomeraes territoriais de agentes econmicos, polticos e sociais com foco em umconjunto especfico de atividades econmicas que apresentam vnculos, mesmo queincipientes. Geralmente envolvem a participao e a interao de empresas que podemser desde produtoras de bens e servios finais at fornecedoras de insumos e

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    equipamentos, prestadoras de consultoria e servios, comercializadoras, clientes, entreoutros e suas variadas formas de representao e associao. Incluem tambmdiversas outras instituies pblicas e privadas voltadas para: formao e capacitao derecursos humanos (como escolas tcnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento eengenharia; poltica, promoo e financiamento.

    Nessa viso destacam-se agrupamentos de empresas e outros atores participantes (apoio),concentrados na elaborao de certa atividade num espao geogrfico em que se observe alguma

    ligao entre eles. Esta pesquisa a prioritomar como base o conceito de arranjo produtivo local

    desenvolvido pela RedeSist para efetuar anlise do caso de Valena.

    Amorim (1998, p. 25) indica as seguintes caractersticas para os clusters de pequenas

    empresas:

    a) empresas reunidas, geralmente pequenas e mdias, prximas, trabalham em um

    negcio numa localidade;

    b) empresas participam da principal atividade do cluster, mas cada uma se empenha em

    atividades especficas;

    c) relaes intensivas entre as empresas mesclam competio e cooperao;

    d) empresas procuram estabelecer relacionamentos de confiana;

    e) a existncia de uma rede de instituies pblicas e privadas sustenta as relaes entre

    as empresas.

    Os estudos de Amorim (1998, p. 27) identificaram quatro estgios na formao de um

    cluster: pr-clusters (empresas e indstrias independentes), cluster emergente (agrupamento

    inter-empresas e concentraes de indstria), clusterem expanso (aumento das inter-relaes) e

    clusterindependente (intensas interaes interfirmas).

    Hasenclever e La Rovere (2003) apontam a relevncia de existir empresa coordenadora

    ou instituio ncora que pode impulsionar o desenvolvimento auto-sustentvel de determinada

    regio. As aglomeraes podem se organizar ao redor dela ou sem sua presena. A empresa

    coordenadora ou instituio ncora desempenha papel significativo para empresas da regio pela

    sua habilidade quanto ao planejamento e promoo de aes conjuntas com vistas a dinamizar

    vantagens competitivas como compra de matrias-primas, inovaes relativas produo e

    gesto, treinamento de pessoal e exportao.

    A importncia de se analisar a informalidade de empresas brasileiras e mecanismos que

    objetivem a formalizao tem sido ressaltada por alguns autores (SAMPAIO, 2005; KRAEMER,

    2005). Tendler (2002) realiza estudo com foco nas polticas sociais que direcionam microcrdito,

    somado a outros programas para o xito das pequenas empresas como uma rede de proteo. Nos

    pases em desenvolvimento, a rea governamental v programas dedicados s micro e pequenasempresas no setor informal apenas como poltica social, em vez de se voltar para o aspecto

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    econmico por iniciativas como obedincia s legislaes trabalhistas e ambientais,

    produtividade crescente e gerao de empregos. Com freqncia, os governos concedem s

    pequenas empresas pertencentes a um APL isenes de impostos e linhas de crdito especiais,

    em lugar de atender s dificuldades que empresas informais de pequeno porte tm de arcar com

    custos das leis trabalhistas, ambientais e fiscais para se formalizarem. preciso estar alerta, poiso no pagamento de impostos e a no observncia das leis trabalhistas e ambientais

    comprometem a estratgia governamental de diminuio da pobreza e aumento de empregos;

    alm disso, dificultam a competitividade empresarial e minimizam os ganhos de produtividade.

    Considera-se que empresas de micro, pequeno e mdio porte sejam incapazes de

    obedecer s leis ambientais e/ou de responsabilidades sociais por empecilhos estruturais, se

    atuam isoladamente. Carecem ainda de qualificao da mo-de-obra, acessibilidade s inovaes

    tecnolgicas, s informaes, ao crdito e aos servios especializados. Entretanto, quando asempresas pertencem a determinado setor econmico e se encontram aglomeradas numa regio,

    constituindo um APL, podem trabalhar unidas na tentativa de ultrapassar aquelas barreiras

    (OLIVEIRA, 2006).

    Para compreender a cadeia produtiva txtil e perceber o fenmeno atual de elevada

    concentrao no setor de confeco de Valena, necessrio abordar os setores que englobam

    essa cadeia produtiva. Conforme Lupatini (2004), muitos estgios inter-relacionados de

    produo formam a indstria txtil-vesturio. Para Chan (1999), o fabricante de fio responsvel

    por iniciar o processo, seguindo para o fabricante de tecido, tecelagem ou malharia, rumo

    indstria de acabamento, finalizando as etapas na elaborao da roupa.

    Evoluo de Valena

    Tjader (2003) afirma que nas terras hoje ocupadas por Valena viviam os ndios

    Coroados. Em 1823, D. Pedro I, por decreto imperial, elevou a aldeia de Valena condio de

    vila. Conforme Barros (1998) e a Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento

    Econmico e Social (2002), durante o ciclo do caf Valena contou com vrias fazendas que

    utilizavam mo-de-obra escrava, alm de manter agricultura de subsistncia, pecuria e

    comrcio. O Decreto-Lei nmero 961, de 29 de setembro de 1857, elevou a vila de Valena

    categoria de cidade. Por volta de 1888, com a abolio da escravatura, ocorreu declnio da

    produo cafeeira. Valena direcionou suas atenes ao ciclo da pecuria leiteira, laticnios,

    derivados e agroindstrias de milho, da cana-de-acar e alambiques (TJADER, 2003;

    BARROS, 1998).

    Valena pertence Regio do Mdio Paraba, ocupando rea territorial total de 1305,8

    km2, constituda por seis distritos: Baro de Juparan, Santa Isabel do Rio Preto, Pentagna,

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    Parapena, Valena (sede municipal) e Conservatria (SECRETARIA MUNICIPAL DE

    PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONMICO E SOCIAL, 2002; CIDE, 2004).

    Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, a populao estimada para

    2007 era de 70.850 habitantes.

    Surge a indstria txtil em Valena

    Barros (1998) esclarece que, em Valena, em 18/1/1906, foi inaugurada a primeira

    fbrica txtil, denominada Companhia Industrial de Valena por Jos Siqueira Silva da Fonseca

    e Benjamin Ferreira Guimares. Jos Fonseca retirou-se da sociedade em 1924 e o nome da

    fbrica mudou para Companhia Txtil Ferreira Guimares. O autor1 aponta que Antnio

    Jannuzzi, encarregado das obras de instalao da Central do Brasil, fundou em 1913 a

    Companhia de Rendas e Tiras Bordadas Dr. Frontin.Irio (1953) revela que, em 16/3/1932, a supracitada fbrica passou a ser designada

    Companhia Nacional de Rendas e Bordados S.A e, a posteriori, Fbricas Unidas de Tecidos,

    Rendas e Bordados S.A. Esse autor afirma que Jos Fonseca construiu uma fbrica nova, a

    Companhia Progresso de Valena, inaugurada em 19/3/1926, posteriormente nomeada

    Companhia Progresso de Fiao e Tecelagem S.A. Conforme Tjader (2003), essa fbrica foi

    vendida mais tarde para os donos atuais da Companhia Fiao e Tecidos Santa Rosa S.A. Vito

    Pentagna, prspero negociante, pecuarista italiano e proprietrio da Fazenda Santa Rosa, erigiu a

    Usina Vito Pentagna. Em 1914, a energia gerada por ela permitiu construir a Companhia Fiao

    e Tecidos Santa Rosa S.A.

    Barros, em entrevista, exps que, em 1952, foi edificada a Sociedade Annima Fiao e

    Tecelagem Ultra Moderna Chueke, especializada na fabricao de fios. Afirmou ainda que, at a

    dcada de 1970, Valena tinha economia voltada ao trabalho fabril txtil. Em suma, as fbricas

    totalizavam sete at os anos 1980: Companhia Txtil Ferreira Guimares 1 e 2; Companhia

    Fiao e Tecidos Santa Rosa S.A 1, 2 e 3; Fbricas Unidas de Tecidos, Rendas e Bordados S.A;

    e Fiao e Tecelagem Ultra Moderna Chueke S.A. Alm dessas fbricas de grande porte, outras

    de pequeno porte foram instaladas, mas tiveram curta durao.

    Decadncia da indstria txtil

    Nas dcadas de 1980 a 1990, a maioria dos pases em desenvolvimento iniciou processo

    de liberalizao comercial e interesse pela integrao economia global (SCHMITZ, 2005). No

    comeo dos anos 1990, a indstria brasileira apresentava defasagem tecnolgica quanto ao

    maquinrio, s instalaes, aos processos de fabricao e aos produtos, alm de pouco

    1A partir deste momento, segue entrevista concedida pelo jornalista Gustavo Abruzzini de Barros em 28/2/2006.

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    investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e em sistemas de gesto da qualidade

    (COUTINHO; FERRAZ, 1994).

    O governo Collor tomou medidas relativas abertura comercial, consistindo em uma

    poltica de liberalizao, com vistas concorrncia externa pela reduo de taxas de importao

    e retirada de barreiras no-tarifrias (GUIMARES, 1995). Quanto poltica para incremento dacapacidade competitiva, na era Collor (1990-1992), os resultados foram modestos porque as

    empresas reagiram na defensiva com esforos de ajustamento voltados diminuio de postos de

    trabalho, hierarquias, estoque e utilizao de tcnicas como qualidade total. Anteriormente,

    havia poltica de protecionismo quanto ao mercado interno. Quando caiu a taxao de

    importao governamental do Brasil, as indstrias txteis estavam despreparadas para competir

    com empresas externas, acarretando fechamento de diversas fbricas.

    Em entrevista, Barros (fevereiro de 2006) adverte que, como conseqncia, iniciou-sefase decadente das indstrias localizadas no Estado do Rio de Janeiro e das fbricas valencianas,

    ocorrendo na cidade queda na distribuio de renda familiar, no padro de vida e no nvel de

    emprego. Os produtos brasileiros no conseguiam competir com bons e baratos produtos

    chineses. Os empresrios fabris tiveram dificuldades para administrar a nova situao, o que

    contribuiu para a reduo e o fechamento fabril. Um fato tambm relevante foi a influncia do

    movimento sindicalista no pas, refletindo-se em focos grevistas nas fbricas em Valena,

    reivindicando melhores condies de trabalho e aumentos salariais, conforme entrevista com

    representante do Sindvestsul.

    A mudana do setor txtil para o setor de confeces

    A Secretaria de Desenvolvimento da Produo do Ministrio do Desenvolvimento,

    Indstria e Comrcio Exterior MDIC apresentou levantamento realizado em 2005 pelo GTP-

    APL,2 identificando no Estado do Rio de Janeiro 47 arranjos produtivos locais, sendo dois

    pertencentes a Valena, um relacionado ao turismo e outro s confeces. Hasenclever e La

    Rovere (2003) apresentaram diagnstico sobre Valena no qual apontavam existncia de um

    APL especializado em confeccionar roupas jeans, formado por micro e pequenas empresas de

    confeco e faco.

    A confeco compra toda a matria-prima e elabora o produto, colocando etiqueta de sua

    marca prpria para venda ao mercado local. Quando a confeco no tem muita demanda, ela

    tambm realiza trabalho de faco, que consiste na terceirizao da fase da costura, componente

    do setor de confeces da cadeia produtiva txtil, isto , prestao de servio na qual se efetua

    2Grupo de trabalho permanente criado pelo governo federal e composto por vrias organizaes governamentais eno governamentais para incentivar o desenvolvimento de APL.

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    fechamento das peas executadas a partir de tecidos planos leves (tricoline), mdios (sarja e

    brim) e pesados (ndigos) para calas, bermudas, shorts e saias. As confeces e as faces

    elaboram roupasjeansvoltadas s modas masculina, feminina e infantil.

    Entrevista com empresrio do ramo txtil de Valena permitiu identificar que as fases de

    produo das confeces envolvem criao desenvolvida pela estilista, modelagem em que amodelista faz no papel traados relativos pea a ser confeccionada, enfesto em que o tecido

    dobrado na mesa para o corte, a fase de talhar a pea com base nos moldes, a fase de pilotagem

    em que uma pea elaborada conforme o planejado pela estilista e a fase de costura.

    Dependendo da roupa, utiliza-se servio de lavanderia industrial.

    Na viso dos entrevistados, entre as microempresas existe intensa terceirizao da fase da

    costura para as faces. A etapa da costura apresenta grande carga de trabalho, demandando

    mo-de-obra qualificada. Os tipos de mquinas encontrados nas confeces e faces so as decostura reta, overloque, interloque e mosqueadeira. Apesar das dificuldades, h preocupao com

    qualidade, satisfao dos clientes e cumprimento do prazo de entrega. A produo das

    confeces e faces, voltada ao atacado, direcionada para clientes proprietrios de grifes

    notrias.

    Antes, o produto final das remanescentes fbricas de Valena era matria-prima utilizada

    pelas confeces. Atualmente, a maioria dos tecidos vem de fornecedores do nordeste e Estado

    de So Paulo, por oferecerem artigos diversificados, menos onerosos e porque grande parte das

    faces recebe material especificado pelas grifes.

    Valena enfrenta concorrncia de outras regies do Estado do Rio de Janeiro, como

    Vassouras, Rio das Flores, Barra do Pira e Volta Redonda, dos Estados de Esprito Santo, Minas

    Gerais, So Paulo e os do nordeste, em razo da mo-de-obra mais barata.

    De acordo com representante do Sebrae, a estratgia de promover produtos e atrair

    clientes iniciativa individual. As confeces e faces ainda no possuem identidade prpria do

    APL. A condio seria que houvesse elementos comuns, como j existe a especialidade em

    jeans, por exemplo.

    A seguir, so mostrados grficos construdos pela autora com base em dados do IBGE no

    perodo de 1985 a 2005 e do CNAE de 1995 a 2005, para se ter uma idia clara da evoluo da

    quantidade de estabelecimentos e empregados no setor txtil, considerando-se Valena e o

    Estado do Rio de Janeiro.3

    3H duas fontes de informaes secundrias. Uma delas com base no IBGE, que disponibiliza dados por subsetor daindstria txtil como um todo, permitindo uma srie histrica de 1985 a 2005. A classificao fundamentada naCNAE 95 (Classe Nacional de Atividade Econmica) elaborada a partir de 1995 separada por classes(fiao/tecelagem classe 17000 e confeces classe 18000). Neste trabalho, as classes inexistentes em Valenaforam retiradas tambm do Estado do Rio de Janeiro para melhor comparao. As classes utilizadas so: 17116 beneficiamento de algodo; 17213 fiao de algodo; 17248 fabricao de linhas e fios para costurar e bordar;

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    Figura 1 Grfico dos estabelecimentos da indstria txtil, do vesturio e artefatos de tecidos emValena/RJ, segundo o IBGEFonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Estabelecimentos

    Conforme dados do IBGE do final dos anos 1980 ao incio do sculo XXI, houve, em

    Valena, aumento significativo de estabelecimentos da indstria txtil e de vesturio, que

    passaram de 14 para 53.

    Figura 2 Grfico dos estabelecimentos de tecelagem e confeces em Valena/RJ, segundo CNAE 95Fonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Estabelecimentos

    Uma ascenso das empresas de confeces sinalizada em Valena a partir de 1995 at

    2005, com real crescimento de 29 para 41 estabelecimentos no mbito das confeces. Chegou-

    se a essa constatao em decorrncia da separao entre os setores de tecelagem e confeces.

    Grande parte dos empreendimentos constituda por micro e pequenas empresas, pois oinvestimento requerido incomparavelmente menor em relao s fbricas txteis. Alm disso,

    empresas de grande porte do setor de tecelagem no abrem e fecham facilmente, como acontece

    com pequenas e microempresas.

    17310 tecelagem de algodo; 17329 tecelagem de fios de fibras txteis naturais, exceto algodo; 17493 fabricao de outros artefatos txteis, incluindo tecelagem; 17507 acabamentos em fios, tecidos e artigos txteispor terceiros; 17698 fabricao de outros artigos txteis, exceto vesturio; 17710 fabricao de tecidos de malha;17795 fabricao de outros artigos do vesturio produzidos em malha; 18112 confeco de roupas ntimas,blusas, camisas e semelhantes; 18120 confeco de peas do vesturio, exceto roupas ntimas, blusas...; 18139 confeces de roupas profissionais; 18210 fabricao de acessrios do vesturio; 18228 fabricao de acessriospara segurana industrial e pessoal.

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    Figura 3 Grfico dos estabelecimentos da indstria txtil, do vesturio e artefatos de tecidos no Estadodo Rio de Janeiro, segundo o IBGEFonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Estabelecimentos

    A Figura 3 focaliza a indstria txtil e de vesturio de modo geral no Estado do Rio de

    Janeiro, indicando crescimento ascendente de 1985 a 2005, ou seja, de 3182 para 6485

    estabelecimentos.

    Figura 4 Grfico dos estabelecimentos de tecelagem e confeces no Estado do Rio de Janeiro, segundoCNAE 95Fonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Estabelecimentos

    Pelas Figuras 2 e 4, constata-se que a tendncia observada em Valena estende-se a todo

    o Estado do Rio de Janeiro. Logo, Valena acompanhou fase de expanso da quantidade de

    estabelecimentos vivenciada nesse Estado.

    Figura 5 Grfico dos empregados em Valena/RJ, segundo o IBGEFonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Trabalhadores

    3182 64856200

    5873

    5802

    560954185465 5686

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    1985 1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Ano

    Quantidade

    384376338350360351431

    5866557652795224503648495027

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Ano

    Quantidade

    Tecelagem

    Confeces

    27952770

    10901078

    1058883861884

    1644

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    1985 1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005Ano

    Quantidade

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

    11

    Essa figura evidencia o abalo sofrido por Valena no setor de indstria txtil de 1990 a

    2000 quanto ao nmero de empregados, que passou de 2795 para 884. De 2001 a 2005, verifica-

    se aumento gradativo, registrando melhora no nvel de emprego.

    Figura 6 Grfico dos empregados em Valena/RJ, segundo CNAE 95Fonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Trabalhadores

    A Figura 6 ratifica a constatao da figura anterior, ressaltando que a queda de 1262 para

    440 empregados em Valena aconteceu no setor de tecelagem de 1995 a 2000.

    Figura 7 Grfico dos empregados no Estado do Rio de Janeiro, segundo o IBGEFonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Trabalhadores

    A Figura 7 mostra o decrscimo no nvel dos empregos no Estado do Rio de Janeiro a

    partir de 1990, como reflexo da abertura do mercado aos produtos importados.

    Figura 8 Grfico dos empregados no Estado do Rio de Janeiro, segundo CNAE 95

    Fonte: Elaborao prpria embasada no banco de dados do SGT/MTE Rais Trabalhadores

    553520471

    507

    483

    1262

    440

    537

    595

    382 444 390 376 538

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    12001400

    1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Ano

    Quantidade

    TecelagemConfeces

    95031

    52843

    5063349432509215001452505

    6410881034

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    1985 1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Ano

    Quantidade

    13932

    8833 7905 8307 8946 8841 9275

    45057 41493 40039

    40433 38154 39509

    41445

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    50000

    1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Ano

    Quantidade

    Tecelagem

    Confeces

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

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    A Figura 8 confirma reduo de empregados no Estado do Rio de Janeiro a partir de 1995

    no setor de confeces e, principalmente, no de tecelagem. As Figuras 5 a 8 demonstram que

    Valena e o Estado do Rio de Janeiro sofreram queda na quantidade de empregos a partir da

    dcada de 1990 em razo da abertura comercial, com impacto na indstria txtil, quando houve

    fechamento da maioria das fbricas valencianas.Pelas Figuras 6 e 8, percebe-se que, de 1995 a 2005, no Estado do Rio de Janeiro, a

    quantidade de empregados no setor de tecelagem e no de confeces diminuiu, enquanto em

    Valena o nmero de postos de trabalho aumentou no setor de confeces, demonstrando

    melhora em relao ao Estado.

    Gnese do setor de confeces e desdobramentos

    Valena est habituada, historicamente, a se adaptar a mudanas drsticas em suaprincipal atividade econmica, por ter atravessado os ciclos da cafeicultura e da fabricao de

    tecidos. Na cidade, verifica-se presena de confeces, faces, cooperativas e lavanderias,

    comentadas nessa ordem nos prximos pargrafos. H empresas que so confeces, outras que

    so somente faces e outras que operam como confeces e faces. De modo geral, essas

    empresas foram abertas no final da dcada de 1980.

    Em decorrncia do fechamento das fbricas, constatou-se pelos depoimentos dos

    entrevistados que muitas pessoas dispensadas (ex-trabalhadores, ex-gerentes das fbricas txteis

    e aposentados de outras reas econmicas) decidiram investir dinheiro de indenizaes em

    mquinas de costura para iniciar negcio informal em suas residncias. Reservavam garagem ou

    um quarto para instalao da microempresa, ampliando, paulatinamente, o espao. As costureiras

    comearam a comprar tecidos e a elaborar produtos acabados de vesturio. Conforme essas

    microempresas tornavam-se bem-sucedidas, outras pessoas ficavam estimuladas a aplicar suas

    economias nesse ramo de atividade.

    Ainda com relao ao surgimento das empresas, houve casos em que vrias costureiras

    possuam tipos distintos de mquinas e se reuniam para viabilizar produo de peas por

    encomenda que demandassem diferenciadas operaes de costura. Geralmente, as pessoas que

    iniciavam negcios dispunham de conhecimento tcnico do fazer, baseando-se na experincia

    e observao, mas no tinham capacitao em gesto de empresas, exceto ex-gerentes.

    Em meados dos anos 1990, algumas confeces valencianas passaram a produzir roupas

    para atender ao mercado local e s grifes do Rio de Janeiro, So Paulo e Belo Horizonte que

    demandavam servios de alta qualidade. O contato era estabelecido por intermedirios que se

    dirigiam s grifes, oferecendo servio de costura. Aos poucos, o trabalho ficou conhecido e,

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

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    atualmente, o nome de Valena vem recebendo maior divulgao no estande do Plo de Moda

    Sul Fluminense no evento Fashion Business.

    O advento de uma faco pode se dar pela escolha de uma pessoa de confiana, dentre

    vrios funcionrios de uma mesma confeco, para encarregar-se de abrir outra empresa

    vinculada economicamente originria, para atender demanda de certa mercadoria,arregimentando outros empregados, agora sob sua responsabilidade. A pessoa selecionada

    receberia algum maquinrio para abrir o negcio em seu nome e algumas costureiras experientes.

    Assim, o proprietrio da confeco elegia outras pessoas, formando novas empresas faccionistas.

    As faces da cidade se dividem em estruturadas e no-estruturadas. As estruturadas

    recebem essa denominao por apresentarem maquinrio adequado para efetuar procedimentos

    necessrios preparao das roupas. O produto elaborado a partir do croqui ou da pea-piloto,

    sendo a compra do tecido e dos aviamentos realizada conforme especificaes tcnicas docliente. Em seguida, a faco estruturada providencia modelagem, corte, costuras, lavagem e

    acabamento das peas. As faces no-estruturadas no se baseiam em croqui, pois possuem

    equipamentos que permitem apenas executar servio de fechamento das peas recebidas j

    cortadas em funo dos diversos tamanhos exigidos pela grife.

    Na pesquisa de campo ficou evidenciado o surgimento de cooperativas para elaborao

    de roupas em que as pessoas trabalham como autnomas, atuando na informalidade. Um

    entrevistado proprietrio de confeco afirmou que h em torno de seiscentas costureiras

    operando em cooperativas, onde se produz e se rateia o lucro entre integrantes.

    Foi verificada tambm a existncia de duas lavanderias industriais, consideradas

    empreendimentos lucrativos. O servio trabalhoso e caro, pois, para dar ao tecido ndigo

    aspecto de roupa envelhecida, usam-se cloro, pedra, lixa, esmeril e tingimento. A roupa pronta

    vai para a lavanderia, recebendo requintado acabamento, ltima etapa da confeco.

    Fatores propcios ao APL

    Nesta seo, haver resgate dos conceitos e particularidades sobre APL relacionados na

    fundamentao terica, estabelecendo conexes entre teoria e prtica pelas informaes obtidas

    na coleta de dados, que fortaleceram e esclareceram as etapas de reestruturao da cadeia

    produtiva txtil. Sero tambm expostos os principais fatores que contriburam para responder

    questo de estudo: Como se formou o APL de confeces de Valena e seus desdobramentos a

    partir da decadncia txtil no final da dcada de 1980 at hoje?

    Os grupos de empresas e outros atores, incluindo instituies pblicas e privadas

    (suporte), de algum modo inter-relacionados, envolvidos no desempenho de certa atividade numa

    localizao geogrfica so denominados APL pela RedeSist. Assim, as aglomeraes seriam

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

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    empresas de confeces, faces, cooperativas, lavanderias e outros estabelecimentos do setor de

    confeces de Valena. Os vnculos se evidenciam nas relaes entre as empresas e na

    participao de fornecedores de matrias-primas, clientes, Aciva e Sindvestsul. H atuao da

    instituio pblica, no caso a Prefeitura Municipal de Valena, e algumas iniciativas suas de

    apoio, como a criao do Distrito Industrial de Valena (Dival) e o Cemcost. Constata-se apresena do Sebrae e do Senai para capacitao das pessoas.

    De acordo com a proposta de Amorim (1998), pode-se posicionar o APL do setor de

    confeces de Valena no estgio do cluster emergente, por no apresentar grande

    relacionamento entre as empresas e instituies envolvidas no APL. Quanto s caractersticas

    dos clusters relatadas por essa autora, h existncia de pequenas e microempresas pertencentes

    ao setor de confeces, empenhadas, primordialmente, na produo de peas jeans. A iniciativa

    de formao das empresas como clusterpartiu delas prprias e no dos rgos governamentaisou de outras instituies. Eles apenas fomentaram o cluster existente em estgio inicial,

    alicerado nas tradies fabris txteis locais. Como exposto na fundamentao terica,

    Hasenclever e La Rovere (2003) destacam a importncia de existir empresa coordenadora ou

    instituio ncora do APL para foment-lo. Mas na pesquisa de campo no foi constatada sua

    presena na cidade.

    A pesquisa documental, bibliogrfica e as entrevistas da pesquisa de campo permitiram

    levantar fatores que ajudaram a responder pergunta proposta neste estudo: Como se formou o

    APL de confeces de Valena e seus desdobramentos a partir da decadncia txtil no final da

    dcada de 1980 at hoje?. Os fatores que possibilitaram a evoluo desse APL so o

    aproveitamento da mo-de-obra, o surgimento das confeces, faces, cooperativas e

    lavanderias, o apoio institucional, o Plo de Moda Sul Fluminense e os eventos abordados a

    seguir.

    Aproveitamento da mo-de-obra

    De 1906 at a dcada de 1980, poca em que as fbricas txteis de Valena se

    encontravam em plena atividade, grande parcela da populao era constituda por operrios. A

    Figura 5 mostra que cerca de 2770 pessoas, em 1985, dedicavam-se ao trabalho relacionado ao

    ramo de tecidos e de vesturio. A abertura comercial aos produtos importados na era Collor

    influenciou sobremaneira no fechamento das fbricas e, conseqentemente, no nvel de

    desemprego de Valena. Isso porque, de modo geral, havia despreparo para enfrentar

    concorrncia de produtos estrangeiros.

    Com o declnio fabril, o advento do APL do setor de confeces em Valena foi

    facilitado pelo aproveitamento da tradio no ofcio, com os j existentes conhecimentos prticos

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

    15

    e tcnicos dos ex-trabalhadores e ex-gerentes txteis. Na pesquisa de campo, os entrevistados

    declararam que eles prprios e muitas outras pessoas aplicaram suas economias em pequenos

    empreendimentos (confeces formais e informais) como alternativa sada da crise que atingiu

    a populao no perodo de abertura s importaes no incio da dcada de 1990. No primeiro

    momento, foram surgindo negcios nas residncias familiares, que se expandiram com o tempo.Logo, o fator aproveitamento da mo-de-obra importante, porque reala a incluso e

    reabsoro das pessoas com certa bagagem de conhecimentos e experincias, provenientes das

    fbricas txteis, na formao do APL.

    Surgimento das confeces, faces, cooperativas e lavanderias

    A diversificao das atividades constitui o fator mais relevante e significativo para

    responder pergunta de partida, porque aborda a origem e a evoluo do APL do setor de

    confeco conforme apresentado na parte referente gnese. Expe a trajetria da cidade, com

    nfase na iniciativa das pessoas empreendedoras no investimento de confeces, faces,

    cooperativas e lavanderias.

    Apoio institucional

    As empresas pertencentes ao APL de Valena contam com respaldo do Sebrae, Senai,

    Prefeitura Municipal, Sindvestsul e Firjan. Geralmente, no h reunies entre empresas

    participantes desse APL e instituies de apoio. A cooperao e o desenvolvimento das empresasintegrantes do APL so induzidos atravs de seus programas e suportes tcnicos, o que

    demonstra preocupao com aprendizado e aprimoramento contnuo.

    O Sebrae promove cursos de empreendedorismo, administrao de negcios, formao

    de preos e tcnica de vendas, entre outros. Para divulgar esses cursos, disponibiliza informaes

    na internet, aproveita listagem dos parceiros das empresas cadastradas integradas aos projetos de

    confeces, telefona para elas, passa e-mails e fax, inclusive para as que ainda no esto

    cadastradas. Atua independentemente da formalidade ou no da empresa, porque o servio podeser contratado pela pessoa fsica do empresrio.

    O Senai oferece cursos para profissionais direcionados aos nveis operacional, tcnico e

    tecnolgico, visando qualificao e atualizao, no havendo distino entre empresas quanto

    ao porte e prestando servio s empresas formais e s pessoas fsicas. O Senai promove cursos de

    informtica e de costura, tais como bsico de costura plana industrial, bsico de modelagem

    industrial infantil e feminina e de malha lycra, com escolaridade mnima exigida de 5asrie.

    Por sua vez, a Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Econmico e

    Social da Prefeitura de Valena (2002) realizou diagnstico apontando necessidade de aes do

    governo municipal e de subsdios, a fim de recuperar vocao da cidade e estimular

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

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    desenvolvimento de plo de confeces para gerar empregos e renda. Uma iniciativa foi a de

    reservar local para a criao do primeiro plo de confeces, chamado Dival, onde esto

    instaladas uma empresa dedicada fiao e uma confeco voltada vestimenta cirrgica.

    A Prefeitura cogita construir e ampliar outro distrito industrial no terreno da antiga

    fbrica de fiao Chueke, recentemente desapropriado e declarado de utilidade pblica, onde estlocalizada unidade fabril de renomada grife carioca. A Prefeitura tambm fundou o Cemcost, em

    parceria com duas empresas, em novembro de 2004, cujo escopo habilitar gratuitamente a

    mo-de-obra para sua insero mais qualificada no mercado de trabalho voltado indstria txtil

    e ao setor de confeces. Devido qualidade da formao, 94 operadores, ex-alunos, j esto

    empregados nas faces e confeces da cidade; cerca de 400 inscritos aguardam vaga. 4

    Para a concesso de incentivos tributrios e simplificao do trmite dos processos

    administrativos, como apoio a empresas instaladas em Valena e atrao de novosempreendimentos para a cidade, a Lei Complementar no058/2006 do governo municipal criou o

    Programa de Apoio ao Desenvolvimento (Prades). Alm dessa ao, houve a Lei n 4.182/2003

    do governo estadual, que reduziu o ICMS para 2,5%, e a Lei n 1.968/2001.

    O Sindvestsul, sindicato patronal, foi fundado em 1987 por um empresrio de Valena,

    depois cessou suas atividades. Atualmente afiliado Firjan, foi reativado desde 2001 por

    iniciativa dessa, do Sebrae e uma pequena participao do poder pblico municipal. Com sede

    em Valena, procura sensibilizar empresrios do setor de confeces quanto necessidade de

    investimento em modernas mquinas e programas de qualificao, divulgando informaes sobre

    palestras, cursos e seminrios via telefone, e-mail e fax. O Sindvestsul, em conjunto com o

    Sistema Firjan e o Sebrae/RJ, impulsionam iniciativas como o Plo de Moda Sul Fluminense e o

    concurso Novos Criadores, cujo propsito descobrir novos talentos por banca constituda por

    jornalistas e crticos de moda, em uma etapa regional e em outra estadual, com possibilidade de o

    vencedor divulgar seu trabalho nas passarelas do Fashion Rio.

    Plo de Moda Sul Fluminense

    O Plo de Moda Sul Fluminense, entendido como conjunto de empresas cujo centro de

    interesse o ramo da moda, engloba municpios da regio Sul Fluminense e da regio do Mdio

    Paraba, na qual Valena est inserida. A fabricao se concentra nos artigos em jeans

    chambray,5 sportwear, lingerie noite, beachwear, alta costura infantil e adulto. Nos meses

    antecedentes ao Fashion Business, ocorrem reunies preparatrias entre as empresas

    componentes do Plo de Moda Sul Fluminense, promovidas pelo Sindvestsul. Essas empresas

    4Informaes disponveis em: . Acesso em: 9 dez. 2006.5O jeans chambray uma mescla de jeansbsico e algodo com fio tingido. um tipo dejeansmais claro e maisleve, destinado camisaria.

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

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    passam por consultoria de design e coordenao de estilo disponibilizadas pelo Sebrae e pelo

    Senai para melhor adequao ao atendimento do pblico-alvo (classe A representada pelos

    compradores nacionais e internacionais). Mais de 40 grifes famosas do Rio de Janeiro utilizam as

    empresas do plo para confeco de seus produtos.

    O plo comeou a fazer parte do Fashion Business em fevereiro de 2003, coleooutono/inverno, trazendo incremento da produtividade. Conforme representante do Sindvestsul,

    antes se concediam frias coletivas aos empregados das confeces nos meses de janeiro e

    fevereiro, devido queda de demanda. O ganho de visibilidade dos produtos do plo no Fashion

    Business relevante por impulsionar negcios durante e aps a sua realizao. O plo representa

    oportunidade mpar de os estilistas e profissionais de moda divulgarem seus produtos sem

    necessidade de transferirem suas residncias para os grandes centros.

    Eventos

    A importncia do Frum Empresarial da Moda e do Fashion Rio/Fashion Business pode

    ser comparada dos festivais de cinema para a indstria cinematogrfica, pela atrao de

    recursos financeiros, celebridades e divulgao, como ocorre, por exemplo, no Festival de

    Gramado. Os citados eventos da moda aos quais Valena est integrada pelo Plo de Moda Sul

    Fluminense so teis para dinamizar a cidade e promov-la quanto sua especializao em jeans

    no cenrio estadual e nacional. Logo, esses eventos contribuem efetivamente para projetar o

    APL.

    O ano 2000 marca a fundao do Frum Empresarial da Moda,6 iniciativa da Firjan,

    constitudo por empresrios de moda pertencentes ao setor txtil e de confeces do Estado do

    Rio de Janeiro. H tambm participao de presidentes de sindicatos, representantes de grifes

    renomadas, criadores bem-sucedidos, consultores de moda e jornalistas. No Frum participam

    representantes dos vrios plos do Rio de Janeiro e interior do Estado.

    O Fashion Rio, um dos maiores eventos oficiais da moda brasileira, ocorre

    semestralmente no Rio de Janeiro. Sua primeira edio, em julho de 2002, coleoprimavera/vero 2003, no Museu de Arte Moderna MAM, em uma semana de desfiles,

    objetivou fortalecer a produo do Estado como plo que dita tendncias.

    Na segunda edio, em fevereiro de 2003, coleo outono/inverno 2003, o Fashion Rio

    sofreu reformatao com o evento Fashion Rio/Fashion Business, realizado em paralelo. No

    Fashion Rio h desfile das colees desenvolvidas pelas empresas participantes, enquanto o

    Fashion Business consiste em uma bolsa de negcios, representando chance de prospeco de

    mercados, porque traz compradores de mbito nacional e internacional, facilitando a visibilidade6Texto elaborado a partir de informaes consultadas no Sistema Firjan, disponveis em: Acesso em: 6 out. 2006.

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    dos trabalhos realizados pelos plos e expostos em estandes. O Fashion Rio, em sua nona edio,

    junho de 2006, coleo primavera/vero 2007, transferiu-se do MAM para a Marina da Glria.

    Consideraes finais

    Os estudos sobre arranjos produtivos locais ganham cada vez mais relevncia no meio

    acadmico e no mbito governamental. Considerando o conceito de arranjo produtivo local

    proposto pela RedeSist, Valena possui um APL do setor de confeces com especializao em

    jeans, o que levou o Sebrae e o MDIC a inclu-la em seus bancos de dados.

    Foi constatada a importncia do investimento no setor de confeces, por promover

    gerao de empregos, absorvendo muita mo-de-obra, e apresentar baixas barreiras entrada,

    permitindo o despontar de pequenas e microempresas. A especializao em jeans permite que

    essas empresas consigam acesso s vantagens de economias de escala.

    H demanda de pessoas capacitadas para o surgimento de arranjos produtivos locais. Essa

    a lio que o caso do setor de confeces em Valena traz tona, quando uma parcela da mo-

    de-obra local foi reaproveitada com base em sua vocao para a produo txtil. Dessa forma,

    este trabalho visualiza a possibilidade de o APL ser uma alternativa vivel quando h pessoal

    empreendedor ou com habilidade, mas com pouco capital.

    No caso em estudo, a cadeia produtiva se reestruturou e foi reestruturada pela populao,

    dada a necessidade de recuperao urgente da cidade, expressa na migrao dos setores de fiao

    e de tecidos para o de confeces. Ainda se notam, em menor proporo, empresas do setor de

    tecidos.

    A anlise dos grficos aponta que o setor de confeces de Valena se encontra em fase

    expansionista quanto ao nmero de estabelecimentos a partir de 2003. Com relao quantidade

    de empregados no Estado do Rio de Janeiro e em Valena, ocorreu queda a partir de 1990,

    quando se iniciou a abertura comercial no Brasil. O perodo de 1990 at 2001 foi marcado pelo

    encerramento de atividades e reduo da capacidade produtiva da maior parte das fbricas

    txteis, corroborando o impacto causado no emprego em Valena. A partir de 2001, h gradativarecuperao na referida cidade.

    Pelos depoimentos, pesquisa bibliogrfica e demais informaes obtidas, constata-se a

    existncia de espao para que as instituies ajam a favor das empresas componentes do APL do

    setor de confeces, promovendo cooperao, aumento de publicidade e produtos padronizados

    para propiciar surgimento de uma liderana ou empresa coordenadora.

    Os entrevistados disseram que, na cidade, as empresas apresentam dificuldades quanto

    criao e ao design, porque poucos empresrios so estilistas. Isso significa que h demanda de

  • 5/25/2018 Reestrutura o Da Cadeia Produtiva T xtil Em Valen a-RJ

    19

    profissionais da moda que imprimam mais estilo e identidade produo e atendam a um

    pblico-alvo de classe mais elevada.

    Assim como na maioria das cidades brasileiras, observa-se em Valena a informalidade

    como sada para o desemprego. O no pagamento dos impostos implica a reduo dos preos de

    seus produtos, tornando-os mais procurados no mercado local e impactando empresas formais.Mesmo na informalidade, sempre h gerao de riquezas e aquecimento da economia, uma vez

    que as pessoas, trabalhando dessa forma, vo ser consumidoras de segmentos formais, como

    alimentao, transportes e habitao.

    A partir da identificao de caractersticas que permitem afirmar que o setor de

    confeces de Valena constitui um APL, por meio da literatura e da pesquisa de campo, foi

    respondida a questo de estudo: Como se formou o APL de confeces de Valena e seus

    desdobramentos a partir da decadncia txtil no final da dcada de 1980 at hoje? Desse modo,a evoluo ou o surgimento do APL em Valena devem-se aos desafios impostos pela economia

    nacional e ao potencial empreendedor dos seus habitantes.

    As confeces e as faces apresentam uma vantagem bem interessante em termos de

    preservao ambiental. Esses empreendimentos no so poluentes e consomem pouca energia,

    porque o motor utilizado nas mquinas de costura no de fora, mas de velocidade.

    A formao de clusters representa uma possvel sada para o crescimento local, porque

    gera empregos, absorve desempregados, aumenta poder aquisitivo da populao, proporciona

    melhorias na qualidade de vida, promove ascenso social, atrai investimentos para a localidade e

    contribui para minimizar conflitos trabalhistas. O fato de nos estabelecimentos de pequeno porte

    haver presena constante dos proprietrios faz com que possveis conflitos de classe sejam mais

    facilmente resolvidos e acordados. Diante de todas as questes apontadas, conclui-se que o

    aprimoramento do APL do setor de confeces em Valena requer empenho de todas as partes

    envolvidas, juntamente com a populao local, para a busca de solues para os problemas.

    AbstractThis study shows how local productive arrangement of garments in Valena, RJ contributesto overcome the problems left by the declining period of the textile industry. At first, the citytook advantage of its talent for textile work and turned to the clothing sector, which nowrelies on garment factories, subcontractors, cooperatives and laundries in order to create jobs.There is institutional support. In regard to public and private institutions, there is room forsteps to guide informal companies that find it difficult to afford labor, financial, andenvironmental costs towards formalization, the offer of management and labor skillprograms, as well as entrepreneurs awareness about the acquisition of modern-technologymachinery. Informality is a growing trend in Valena. In this sense, the entrepreneurs need tofind favorable steps to make them feel motivated to formalize their businesses.

    Key words: Local productive arrangement; Clothing sector.

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