Reescrita - Resenha - A formação do professor de português

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Resenha sobre o livro “A formação do professor de português Qual língua vamos ensinar?” de Paulo Coimbra Guedes por Rodrigo da Silva Gonçalves O livro de Paulo Coimbra Guedes (2006) traz uma reflexão sobre a formação do professor de português e o seu papel na contribuição ao ensino da língua portuguesa para a sociedade. Faz um detalhamento sobre as influências que o professor sofreu durante os anos que o tornaram um professor “marionete” nas mãos de livros didáticos e por fatores políticos que limitavam o seu campo de trabalho, fazendo-o esquecer de seu real papel no letramento de crianças e jovens. O autor apresenta um plano de construção de ensino para o professor desempenhar de maneira construtiva e reflexiva utilizando como instrumento principal a literatura brasileira, formando assim uma nova identidade para as aulas de língua materna. A prática de leitura e escrita é considerada fator imprescindível na formação do cidadão que é capaz de construir e reconhecer sua identidade sociocultural expressando-se através dessa atividade. O livro descreve que papel do professor de português vem sendo deficiente para contribuir na formação deste cidadão, pois, o ensino limitou-se exclusivamente à utilização da gramática como material utilizado nas aulas de língua portuguesa, usando textos com simples finalidade de identificar e classificar normas da escrita culta, sem o trabalho de interpretações que formariam capacidades de leitura crítica e a transcrição dessa interpretação através de uma escrita com argumentos claros,

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Resenha sobre o livro “A formação do professor de português – Qual língua vamos

ensinar?” de Paulo Coimbra Guedes

por Rodrigo da Silva Gonçalves

O livro de Paulo Coimbra Guedes (2006) traz uma reflexão sobre a formação do

professor de português e o seu papel na contribuição ao ensino da língua portuguesa para a

sociedade. Faz um detalhamento sobre as influências que o professor sofreu durante os anos

que o tornaram um professor “marionete” nas mãos de livros didáticos e por fatores políticos

que limitavam o seu campo de trabalho, fazendo-o esquecer de seu real papel no letramento

de crianças e jovens. O autor apresenta um plano de construção de ensino para o professor

desempenhar de maneira construtiva e reflexiva utilizando como instrumento principal a

literatura brasileira, formando assim uma nova identidade para as aulas de língua materna.

A prática de leitura e escrita é considerada fator imprescindível na formação do

cidadão que é capaz de construir e reconhecer sua identidade sociocultural expressando-se

através dessa atividade. O livro descreve que papel do professor de português vem sendo

deficiente para contribuir na formação deste cidadão, pois, o ensino limitou-se exclusivamente

à utilização da gramática como material utilizado nas aulas de língua portuguesa, usando

textos com simples finalidade de identificar e classificar normas da escrita culta, sem o

trabalho de interpretações que formariam capacidades de leitura crítica e a transcrição dessa

interpretação através de uma escrita com argumentos claros, construindo assim no estudante

uma formação satisfatória que o colocaria em capacidade de transitar por vários gêneros.

Durante décadas o professor vem sendo desqualificado na sua profissão, perdendo a

sua autonomia como agente na formação de ciência em sala de aula, sem tempo adequado

para buscar novos conhecimentos que atualizariam e completariam a sua formação para

buscar novas práticas eficientes e, consequentemente, ajudá-lo a se qualificar e transmitir

conceitos aos seus alunos. Fatores que contribuíram para esse cenário vêm desde a época

colonial com a imposição de estudos reproduzidos literalmente sem influência do pensamento

do professor. Na era da ditadura militar no Brasil o poder de trabalhar do professor foi

limitado aos manuais dos livros didáticos, simples reprodutor dos conceitos determinados nas

publicações que sofriam pela opressão que o país passava, pois era interessante para os

governantes formar cidadãos com baixo poder de pensamento e reflexão social, tirando a

conscientização de seres formadores da história do país que faz parte.

O autor defende a utilização da literatura brasileira como forma de trabalhar a prática

de leitura e escrita, construindo assim uma identificação dos alunos com a língua portuguesa.

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Mas o cenário encontrado nos cursos de letras são alunos que vem com déficit de leitura no

ensino básico inicial, deficiência que precisa ser corrigida para ter uma graduação satisfatória,

através das práticas já citadas que ele deverá ser canal de transmissão futuramente. O uso da

literatura brasileira pelo professor de língua portuguesa através da leitura e escrita deve ser

uma característica de ensino/aprendizagem no processo de letramento, praticado pelo

professor que deve ter domínio da prática para levar seus alunos a formarem esse conceito e

assim construírem sentido para o aprendizado da língua. Um professor só pode cobrar a

prática de leitura de seus alunos se ele for um leitor, podendo assim trabalhar o entendimento

de textos, debatendo o sentido construído por cada aluno com a sua concepção. O professor

deve desprivatizar a escrita de textos da norma culta e formar nos seus alunos o conceito de

que eles são participantes da história do país com suas concepções transmitidas através da

escrita construída por sua formação cultural. A literatura constrói a formação desse aluno com

uma identidade nacional através dos clássicos escritores Machado de Assis, Euclides da

Cunha e Guimarães Rosa com contos que retratam o povo brasileiro e seu modo variado na

oralidade regional.

A pretensão do autor ao se trabalhar com a literatura brasileira nas escolas mostra

como grande instrumento no ensino são os textos para a formação do professor de português.

Com grande avanço digital atualmente, através da internet, os clássicos da literatura brasileira

e internacional poderiam ser disponibilizados pelos governos às escolas para dar acesso

gratuito aos alunos, levando assim ricas obras à casa dos estudantes, visto que a aquisição de

livros ainda é cara e seria um fator para se esbarrar no trabalho com livros.