REDENÇÃO

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 Redenção  James M. Flanigan, Irlanda do Norte  Uma ilustração Em tempos passados, quando a escravidão era uma prática comum, o mercado de escravos era bem conhecido. Nestes mercados, homens, mulheres e crianças eram vendidos por meio de leilões, como animais são vendidos hoje em dia. O resultado disso era geralmente uma vida de escravidão da qual era quase impossível escapar. Imagine alguém, amável e bondoso, não familiarizado com o mercado de escravos,  passean do por ali com um amigo. A crueldade de tudo o deixa horrorizado e escandalizado. Uma menininha, sozinha, infeliz, e com medo, esperando ser vendida a um dono desconhecido, chama a sua atenção. O seu coração fica profundamente sensibilizado quando pensa no futuro sem esperança e provavelmente cruel que a espera. Ele pergunta ao seu companh eiro: “Será que nada pode ser feito para salvar esta  pequena criança desta triste situação? A resposta vem: “Sim! Você po de comprá -la, e sendo sua, você teria o direito de libertá- la”. O leilão começa. Alguém faz um lance, e o homem faz um maior. Outros oferecem ainda mais, mas cada vez o homem faz um lance maior, até que os lances cessam. O lance do homem é aceito e a criança se torna sua propriedade. Com que medo e incerteza sobre o futuro aquela criança olharia para seu novo dono. Mas não há necessidade de medo. Longe do barulho daquele lugar, ele explica carinhosamente que ele a comprou para deixá-la ir livre. Ele a comprou no mercado para tirá-la do mercado. Ele pagou o preço do resgate e assim a remiu da escravidão. Ela não é mais uma escrava. Ela está livre! Bem pode ser que ela olharia para o seu benfeitor e com amor exclamaria: “Meu redentor!” Ele pagou o preço exigido e, por intermédio dele, ela foi emancipada da escravidão. Liberta! Redimida! E, bem pode ser que ela iria desejar  permanec er com ele e se rvir com gratidão alg uém tão bondoso como ele. Paulo compreen deu isto quando ele escreveu de si mesmo: “vendido sob o pecado … Miserável homem que eu sou! Quem me livrará?” Com alegria, ele acrescenta: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 7:14, 24 -25). Um Redentor pagou o resgate, não com prata e ouro, mas com sangue precioso, como outro apóstolo explica em I Pedro 1:18- 19, e o pecador impotente está livre. Paulo também escreveu: “fostes  comprados com preço” (I Co 6:20), e repete as mesmas palavras em I Coríntios 7:23. Será que ele está pensando nisto quando ele diz: “O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir …” (Tt 2:14)? Escrevendo também aos Gálatas ele diz: “O Filho de Deus, o qual me amou, e se deu a si mesmo por mim” (Gl 2:20). Entretanto, repare que tanto Pedro como Paulo, mais tarde, sentem prazer em se chamar “servos” de Jesus Cristo (II Pe 1:1; Rm 1:1). E les , e todos os que amam o Senhor Jesus, estão satisfeitos por estarem em voluntária servidão de amor Àquele que os redimiu e os libertou. Uma introdução Há duas coisas muito interessantes no estudo da redenção. Uma é que um assunto aparentemen te tão lindo e simples pode se tornar tão complica do e difícil. A outra é que um assunto tão complicado e difícil pode ser tão lindo e simples! A linda palavra “redenção” ocorre quinze vezes na versão AT —  quatro destas ocorrências estão no Velho Testamento e onze estão no Novo Testamento. A redenção naturalmente exige um redentor, e a  palav ra “reden tor” ocorre dezenove vezes no Velho Testamento, mas nunca no Novo Testamento. A pa lavra cogna ta “remir” ocorre mais de cinquenta vezes, das quais somente duas estão no Novo Testamento (Gl 4:5 e Tt 2:14). A palavra

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A GLÓRIA DA SUA GRAÇA

Transcript of REDENÇÃO

  • Redeno

    James M. Flanigan, Irlanda do Norte

    Uma ilustrao

    Em tempos passados, quando a escravido era uma prtica comum, o mercado de

    escravos era bem conhecido. Nestes mercados, homens, mulheres e crianas eram

    vendidos por meio de leiles, como animais so vendidos hoje em dia. O resultado disso

    era geralmente uma vida de escravido da qual era quase impossvel escapar.

    Imagine algum, amvel e bondoso, no familiarizado com o mercado de escravos,

    passeando por ali com um amigo. A crueldade de tudo o deixa horrorizado e

    escandalizado. Uma menininha, sozinha, infeliz, e com medo, esperando ser vendida a

    um dono desconhecido, chama a sua ateno. O seu corao fica profundamente

    sensibilizado quando pensa no futuro sem esperana e provavelmente cruel que a

    espera. Ele pergunta ao seu companheiro: Ser que nada pode ser feito para salvar esta pequena criana desta triste situao? A resposta vem: Sim! Voc pode compr-la, e sendo sua, voc teria o direito de libert-la.

    O leilo comea. Algum faz um lance, e o homem faz um maior. Outros oferecem

    ainda mais, mas cada vez o homem faz um lance maior, at que os lances cessam. O

    lance do homem aceito e a criana se torna sua propriedade. Com que medo e

    incerteza sobre o futuro aquela criana olharia para seu novo dono. Mas no h

    necessidade de medo. Longe do barulho daquele lugar, ele explica carinhosamente que

    ele a comprou para deix-la ir livre. Ele a comprou no mercado para tir-la do mercado.

    Ele pagou o preo do resgate e assim a remiu da escravido. Ela no mais uma

    escrava. Ela est livre! Bem pode ser que ela olharia para o seu benfeitor e com amor

    exclamaria: Meu redentor! Ele pagou o preo exigido e, por intermdio dele, ela foi emancipada da escravido. Liberta! Redimida! E, bem pode ser que ela iria desejar

    permanecer com ele e servir com gratido algum to bondoso como ele.

    Paulo compreendeu isto quando ele escreveu de si mesmo: vendido sob o pecado Miservel homem que eu sou! Quem me livrar? Com alegria, ele acrescenta: Dou graas a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor (Rm 7:14, 24-25). Um Redentor pagou o resgate, no com prata e ouro, mas com sangue precioso, como outro apstolo explica

    em I Pedro 1:18-19, e o pecador impotente est livre. Paulo tambm escreveu: fostes comprados com preo (I Co 6:20), e repete as mesmas palavras em I Corntios 7:23. Ser que ele est pensando nisto quando ele diz: O qual se deu a si mesmo por ns para nos remir (Tt 2:14)? Escrevendo tambm aos Glatas ele diz: O Filho de Deus, o qual me amou, e se deu a si mesmo por mim (Gl 2:20). Entretanto, repare que tanto Pedro como Paulo, mais tarde, sentem prazer em se chamar servos de Jesus Cristo (II Pe 1:1; Rm 1:1). Eles, e todos os que amam o Senhor Jesus, esto satisfeitos por estarem

    em voluntria servido de amor quele que os redimiu e os libertou.

    Uma introduo

    H duas coisas muito interessantes no estudo da redeno. Uma que um assunto

    aparentemente to lindo e simples pode se tornar to complicado e difcil. A outra que

    um assunto to complicado e difcil pode ser to lindo e simples! A linda palavra

    redeno ocorre quinze vezes na verso AT quatro destas ocorrncias esto no Velho Testamento e onze esto no Novo Testamento. A redeno naturalmente exige

    um redentor, e a palavra redentor ocorre dezenove vezes no Velho Testamento, mas nunca no Novo Testamento. A palavra cognata remir ocorre mais de cinquenta vezes, das quais somente duas esto no Novo Testamento (Gl 4:5 e Tt 2:14). A palavra

  • associada remido aparece mais de sessenta vezes, mas quase todas esto no Velho Testamento, e somente sete no Novo Testamento.

    Se tudo isto parece complicado, ento para complicar o assunto mais um pouco,

    temos que observar que estas palavras comuns realmente so tradues de vrias

    palavras hebraicas e gregas diferentes. A nica palavra sempre traduzida da mesma

    maneira redentor, que sempre a traduo da palavra hebraica goel, e isto ser explicado mais adiante. Tambm, devemos observar que estas palavras originais

    hebraicas e gregas so frequentemente traduzidas por ainda outras palavras, como

    resgate, livramento, comprar e comprado, etc.

    Contudo, a complexidade desta grande variedade de palavras pode ser reduzida

    quando notamos que h um elo entre todas elas. Citando as definies dos dicionrios

    Bblicos bem conhecidos, as palavras simplesmente significam comprar de volta algo que foi perdido, pelo pagamento de um resgate (Easton). Ou, libertar ao pagar o preo de resgate especialmente na compra de um escravo, tendo em vista a sua liberdade (W. E. Vine), como na nossa ilustrao inicial. Todos iro concordar que uma

    considerao detalhada de to grande variedade de palavras nas lnguas originais e suas

    tradues seria uma tarefa enorme. Entretanto, ser necessrio considerarmos algumas

    destas palavras, mas no seria proveitoso se um estudo acadmico frio nos roubasse da

    maravilha da nossa redeno e do gozo de conhecer a Cristo como nosso Redentor.

    Todos os crentes no Senhor Jesus sabem que, embora a teologia e a doutrina tenham seu

    lugar apropriado, a redeno est em uma Pessoa, um Redentor.

    Pensando nisso, interessante notar que a expresso meu Redentor encontrada somente duas vezes na nossa Bblia. Contudo, os salvos gostam de citar e falar sobre

    isto, e como gostamos de cantar:

    Redentor, que beleza, nesse Nome Teu se v! S Jesus, na Sua glria, de lev-lo, digno .

    Redentor meu! Redentor meu!

    Que alegria seres meu!

    H. e C. N 262 (Annimo)

    Como dissemos, ocorre somente duas vezes na Bblia, em J 19:25 e Salmo 19:14. J

    e Davi, na sua poca, se uniram para exaltar este lindo ttulo. Naquele Salmo Davi tinha

    falado muito sobre o pecado. Houve pecados por ignorncia. Houve pecados secretos.

    Houve pecados de presuno e grandes transgresses. Para onde podia ele olhar para

    obter ajuda? No versculo final do Salmo, ele eleva os seus olhos a Deus e exclama:

    Senhor, Rocha minha e Redentor meu! J tambm tinha um problema, no tanto em relao ao pecado, mas sobre sofrimento e tristeza, coisas que ele teve em abundncia.

    Ele tinha perdido a maior parte de sua famlia, suas riqueza e sua sade. Aqueles que

    eram presumidamente seus amigos nada mais eram do que consoladores molestos (J 16:2), e at a sua esposa no o compreendera. Como Davi, ele desviou o olhar de tudo

    isso, e disse: Eu sei que o meu Redentor vive. Quer seja em livrar do pecado ou libertar da tristeza, estes santos do passado tinham encontrado a resposta meu Redentor! nisto que os santos de hoje se regozijam. Em Cristo h uma libertao

    presente do pecado, da sua penalidade, do seu poder e da sua escravido. Um dia,

    quando o Redentor vier, haver libertao total da tristeza e do sofrimento da Terra.

    Quo bom poder levantar os olhos, olhar para frente, e dizer com Davi e J: Meu Redentor!

    Uma explicao

    Talvez a palavra hebraica mais conhecida em qualquer estudo acerca da Redeno

    goel, que ocorre mais de cem vezes no Velho Testamento. traduzida de vrias

  • maneiras: vingador (Nm 35:19, Dt 19:6); remidor (Rt 3:12), redentor (J 19:25), etc. Na sua forma adjetiva, remidos, a encontramos em Isaas 35:9 e 51:10. H muitas outras ocorrncias da palavra remido, e o estudante diligente deve consultar e compar-las todas.

    A primeira ocorrncia de goel em Gnesis 48:16. O patriarca Jac estava velho e

    morrendo, e Jos trouxe seus dois filhos para receberem a sua bno. Jac estendeu as

    mos sobre eles e disse: O anjo que me livrou [goel] de todo o mal, abenoe estes rapazes. Isso tem criado um problema para alguns, visto que goel parece indicar um relacionamento de parente remidor, como visto tantas vezes no livro de Rute, e assim

    surge a pergunta: quem seria o Anjo que livrou Jac de todo o mal? Parece bvio que precisaria ser uma Pessoa divina, formando uma trindade com as outras duas menes

    de Deus [Elohim] no versculo anterior. O Deus dos seus pais, o Deus que o tinha

    sustentado durante toda a vida, o Anjo que livrou o patriarca. Isso deve ser uma

    Cristofania, um ministrio de Cristo antes da Sua encarnao. Antecipa Aquele que voluntariamente iria tomar carne e sangue para ser nosso Parente Remidor. H outras

    referncias ao Anjo do Senhor, como por exemplo: Gn 16:7; 22:15; 31:11; x 3:2. Estes

    so somente alguns exemplos. H mais de cinquenta outras referncias, dez no livro de

    Nmeros, todas no cap. 22, e dezoito no livro de Juzes.

    Entretanto, a palavra goel mais proeminente no pequeno e lindo livro de Rute, onde

    ocorre mais que vinte vezes nos quatro pequenos captulos. W. E. Vine escreve: O livro de Rute um lindo relato do Parente Remidor. Sua responsabilidade resumida

    em 4:5: No dia em que comprares a terra da mo de Noemi, tambm a comprars da mo de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido sobre a

    sua herana.

    H trs coisas necessrias num goel, ou parente remidor. Ele precisa ter o direito, a

    capacidade e a vontade de cumprir o seu papel. O nosso Redentor tem todas estas

    qualidades. Ele tem o direito, pois de fato nosso parente. O milagre da encarnao

    trouxe o Filho de Deus para nosso mundo como um Homem. Ele, na verdade, se tornou

    um Homem entre homens. Com Sua humanidade, nica e impecvel, mas verdadeira,

    Ele assumiu parentesco conosco e, portanto, tem o direito do Parente Remidor. Ele tem

    tambm a capacidade e o poder, porque todos os recursos necessrios para pagar o alto

    preo do nosso resgate so Seus. O parente remidor annimo no livro de Rute

    possivelmente tinha o direito e a capacidade, mas por alguma razo ele no tinha a

    vontade, e por isso seu direito passou a Boaz. Os privilgios e responsabilidades do

    parente remidor so descritos em Deuteronmio 25 e tambm em Levtico 25, que diz:

    Portanto em toda a terra no se vender em perpetuidade, porque a terra minha; pois vs sois estrangeiros e peregrinos comigo. Portanto em toda a terra da vossa possesso

    dareis resgate terra. Quando teu irmo empobrecer e vender alguma parte da sua

    possesso, ento vir o seu resgatador, seu parente, e resgatar o que vendeu seu irmo.

    E se algum no tiver resgatador, porm conseguir o suficiente para o seu resgate, ento

    contaro os anos desde a sua venda, e o que ficar restituir ao homem a quem vendeu, e

    tornar sua possesso. Mas se no conseguir o suficiente para restituir-lha, ento a que

    foi vendida ficar na mo do comprador at ao ano do jubileu; porm no ano do jubileu

    sair, e ele tornar sua possesso (Lv 25:24-28). Jeov ordenara que tanto pessoas como propriedades podiam ser resgatadas, e isso era uma sombra do grande Parente

    Remidor que viria para resgatar tudo que o primeiro homem perdera por causa de seu

    pecado.

    Tua esperana nossa tambm,

    Senhor, queremos ver

  • A Criao, na terra e alm,

    Por Ti remida e abenoada ser.

    (E. Denny)

    A segunda ocorrncia de goel em xodo 6:6, e ali encontramos mais informaes

    sobre a histria da redeno. Portanto, dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirei de debaixo das cargas dos egpcios, e vos livrarei da servido, e

    vos resgatarei com brao estendido e com grandes juzos. E eu vos tomarei por meu

    povo e serei vosso Deus (vs. 6-7). Jeov ento acrescenta: E eu vos levarei terra (v. 8).

    Esta a nica referncia a goel no livro de xodo, mas depois disto, o povo de Israel

    sempre chamado de um povo redimido e, subsequentemente, h mais ou menos vinte

    e duas ocorrncias de goel no livro de Levtico. Jeov, das alturas, tinha visto e ouvido.

    Ele tinha visto as aflies e ouvido os gemidos da nao. O povo estava numa

    escravido triste e amarga e aqui, em xodo 6:6-8, Ele lhes d aquela promessa stupla:

    i) Eu vos tirarei de debaixo das cargas

    ii) Eu vos livrarei da servido

    iii) Eu vos resgatarei

    iv) Eu vos tomarei por meu povo

    v) Eu serei vosso Deus

    vi) Eu vos levarei terra

    vii) Eu vo-la darei por herana

    O povo, naturalmente, no sabia naquela ocasio que a sua redeno seria comprada

    por preo. Talvez, nem Moiss mesmo sabia, at o tempo narrado em xodo 12. Para

    cada casa remida, um cordeiro seria morto, sangue seria derramado, e uma vida seria

    dada como o preo da sua redeno. Todos os detalhes essenciais de um plano futuro de

    redeno estavam incorporados na seleo e morte do cordeiro Pascal e na asperso do

    seu sangue. O cordeiro precisava ser sem defeito, um macho ativo de um ano. No tempo

    ordenado o cordeiro seria morto. Com um molho de hissope seu sangue seria aplicado

    nas duas ombreiras e na verga da porta das suas casas, e dentro, protegidos pelo sangue,

    o povo comeria do cordeiro assado, com seus lombos cingidos e com seus ps calados,

    prontos para sair do Egito, redimidos!

    Quantos pregadores do Evangelho tm se deleitado com esta histria, esta antiga

    sombra do Cordeiro de Deus. Como o cordeiro pascal tinha de ser sem defeito, assim

    nosso Redentor, o Prprio Cordeiro, era absolutamente sem defeito, e Sua

    impecabilidade no era o resultado de uma existncia monstica. Ele no ficou

    enclausurado, como um monge, longe da contaminao do mundo ao Seu redor, mas

    Ele era ativo, como macho de um ano, morando em Nazar por trinta anos, andando pelas suas ruas, frequentando a sua sinagoga, fazendo negcios com o povo de Nazar,

    como o carpinteiro da cidade. A maior parte dos detalhes daqueles anos foram

    divinamente ocultados, mas Ele mesmo nos informa que estava sempre tratando dos

    negcios de Seu Pai (Lc 2:49). De fato, Ele era santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores (Hb 7:26). Verdadeiramente, Ele era sem defeito, impecvel, incomparvel, e incorruptvel.

    Sua vida imaculada, Seu lindo andar,

    Perfeitos em cada aspecto.

    Da corrupo que O cercou

    Nenhuma mancha o afetou!

    M. Wylie (traduo literal)

  • Aps trinta anos extraordinrios, Ele foi morto. Pedro, que O conhecia muito bem,

    escreve aos salvos cujas vidas tinham sido gastas nas cerimnias e rituais do judasmo:

    Sabendo que no foi com coisas corruptveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da

    fundao do mundo, mas manifestado nestes ltimos tempos por amor de vs; e por ele

    credes em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glria (I Pe 1:18-21). Paulo concorda com isto, dizendo: Porque Cristo, nossa pscoa, foi sacrificado por ns (I Co 5:7).

    Assim, a redeno de Israel da escravido do Egito, comprada pelo sangue do

    cordeiro e conseguida pelo brao do Senhor, uma sombra eloquente da nossa redeno

    pelo sangue do Senhor Jesus.

    Um esclarecimento

    Na verso inglesa (AV) do Novo Testamento a palavra redeno ocorre onze vezes e remido ocorre sete vezes. Remir ocorre somente duas vezes (Gl 4:5 e Tt 2:14), e remindo ocorre tambm duas vezes (Ef 5:16 e Cl 4:5) na verso AV. Algumas destas referncias foram mencionadas na introduo deste captulo. Como j foi mencionado, o

    substantivo redentor no encontrado no Novo Testamento. Tambm, como no Velho Testamento, estas palavras no Novo Testamento nem sempre so a traduo da

    mesma palavra grega. Estas palavras, com seus diversos significados, precisam ser

    consideradas e explicadas. Descobrimos que h quatro palavras usadas para traduzir as

    seguintes palavras gregas, e o significado destas palavras nos ajudar muito a entender

    melhor a grande verdade da redeno.

    Agorazo

    Esta palavra ocorre mais de trinta vezes no Novo Testamento, no grego. Seu

    significado bsico comprar, e por isto quase sempre traduzida comprar ou comprado. a palavra usada por Paulo em I Corntios 6:20 e 7:23, onde escreve: porque fostes comprados por bom preo.

    Vemos claramente destas referncias que um preo foi pago para providenciar a

    redeno gozada por tantos. Foi aquele preo que deu ao Senhor o direito de tomar o

    livro da mo dAquele que estava sentado no trono em Apocalipse 5. Tambm comprou

    o livramento de um futuro remanescente fiel de Israel, em Apocalipse 14:3, e o louvor e

    a adorao deste remanescente, em Apocalipse 14:4.

    Exagorazo

    Esta palavra, como podemos ver, uma combinao de agorazo, que acabamos de

    considerar, e ex, que a precede. Ex uma preposio que significa para fora de. Assim, seagorazo significa comprar, ento exagorazo significa comprar para fora de. O comentrio de W. E. Vine muito til; ele define exagorazo como uma expresso mais forte do queagorazo, usada especialmente no sentido de comprar um

    escravo da escravido, para lhe dar liberdade. Como notamos na ilustrao no incio

    deste captulo, um escravo podia ser comprado por outro dono e continuar sendo

    escravo, mas quo melhor seria ser comprado para fora do mercado, fora da escravido,

    emancipado, colocado em liberdade atravs do pagamento de um resgate. Remido!

    Paulo usa esta palavra quatro vezes nas suas epstolas. Em duas destas ocorrncias a

    palavra no est ligada ao assunto de redeno que estamos considerando agora. Em

    Efsios 5:16 e tambm em Colossenses 4:5, ele fala de remir o tempo. Com isto ele quer dizer que, como os dias so maus, e porque os incrdulos esto sempre observando

    a vida dos salvos, devemos, durante o tempo que nos resta aqui, comprar cada

  • momento. Do tempo que Deus nos d aqui na Terra, precisamos comprar tempo para

    servir ao Senhor e para edificar um testemunho para Ele. Este tempo ser comprado por

    um preo. Este preo talvez seja renunciar eventos sociais para estar sozinho com o

    Senhor, ou se ocupar no Seu servio. Pode significar o sacrifcio de outras coisas, que

    em si mesmas so legtimas, para nos ocuparmos com o estudo da Sua Palavra. Pode

    significar, como se diz, queimar o leo da meia noite. De qualquer forma, um preo precisa ser pago se quisermos remir o tempo, comprando momentos para Ele.

    Em Glatas 3:13; 4:5, esta palavra exagorazo deve ter sido especialmente preciosa

    para os crentes judeus. Estes irmos conheciam bem o que significava estar em

    servido. Como podiam regozijar-se e dizer com Paulo: Cristo nos resgatou [exagorazo] da maldio da lei. Cada judeu sincero e zeloso teria vivido e trabalhado debaixo deste pesado jugo. A lei exigia o que ele no podia dar a perfeio e quem no podia satisfazer as suas exigncias vivia debaixo da sua maldio. Mas Cristo

    os tinha resgatado. Ele os tinha comprado para fora da esfera da servido, e tinha lhes

    concedido uma nova liberdade, para servirem a Deus por amor e gratido pela sua

    redeno.

    No devemos pensar que isso excluiu os gentios que tambm tinham sido remidos.

    As palavras de Paulo em Glatas provavelmente tinham uma aplicao primria aos

    judeus convertidos, mas as palavras do Comentrio Jamieson, Fausset, Brown sobre

    Cristo nosso Redentor merecem ser mencionadas: A palavra ns aqui se refere inicialmente aos judeus, a quem a lei pertencia, essencialmente, em contraste com os

    gentios Mas no est restrita somente aos judeus pois este povo representa o mundo em geral, e a sua lei mostra o que Deus exige do mundo todo. A maldio por desobedecer a lei tambm afeta os gentios, atravs dos judeus, porque a lei representa a

    justia que Deus exige de todos e que, visto que os judeus falharam, os gentios tambm

    no podem cumprir. Todos aqueles, pois, que so das obras da lei esto debaixo da maldio (Gl 3:10) se refere claramente no somente aos judeus, mas a todos, at mesmo aos gentios (como os glatas) que procuravam a justificao atravs da lei. A lei

    dos judeus representa a lei universal que tambm condena os gentios, embora com

    menos conscincia do seu pecado (Rm 2:1-29). A revelao da ira de Deus pela lei da

    conscincia preparou, at certo ponto, os gentios para poderem apreciar a redeno em

    Cristo, quando esta foi revelada a eles. A maldio tinha que ser removida dos pagos,

    como dos judeus, para que a bno por intermdio de Abrao pudesse chegar a eles. Barnes concorda com isso, e escreve que a maldio que a lei ameaava, e que a execuo da lei infligiria o castigo do pecado. Isso deve significar que Ele nos salvou das consequncias da transgresso no mundo de aflio. Ele nos salvou do castigo que

    os nossos pecados mereciam. A palavra ns aqui se refere a todos que so remidos, isto , aos gentios como tambm aos judeus. A maldio da lei uma maldio devida

    ao pecado, e no pode ser considerada como aplicada especificamente a uma classe de

    pessoas. Todos que violam a lei de Deus, no importa como a lei foi revelada, esto

    expostos sua penalidade. Ele acrescenta: O mundo est por natureza debaixo desta maldio, e est correndo rapidamente para a sua runa.

    Romanos 3:19 confirma que as exigncias da lei so reivindicadas de todos os

    homens: Ora, ns sabemos que tudo o que a lei diz, aos que esto debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenvel diante de Deus. Note a abrangncia das afirmaes, toda a boca fechada todo o mundo seja condenvel. O judeu talvez seja mais privilegiado, e, portanto, mais responsvel, mas mesmo assim o pecador gentio est igualmente debaixo da maldio da lei, se no for

    remido. O salrio do pecado a morte uma sentena universal, como tambm: a

  • alma que pecar, essa morrer (Rm 6:23, Ez 18:4, 20). Todos os homens, portanto, judeus e gentios, igualmente, precisam de um redentor.

    O salvo pode dizer com Paulo: Cristo nos resgatou da maldio da lei, fazendo-se maldio por ns (Gl 3:13). Ele nos comprou para fora da maldio de uma lei desobedecida. Com que preo o Senhor Jesus Se tornou voluntariamente nosso

    Redentor, tirando-nos daquela maldio! , a vergonha de ser pendurado num madeiro

    (Dt 21:23). Aquele que no conheceu pecado foi feito pecado por ns este foi o preo da nossa redeno (II Co 5:21). Ele foi contado com os transgressores, pendurado

    num madeiro como os malfeitores ao Seu lado, e com a nossa iniquidade sobre Si (Is

    53). O Cordeiro imaculado de Deus, eternamente santo como as antigas ofertas pelo

    pecado (Lv 6:25, 29), foi desamparado por Deus como o substituto voluntrio, pagando

    o preo da nossa redeno.

    Sua a maldio, as feridas, o fel,

    Suas as chagas tudo Ele suportou; Seu o brado doloroso da morte,

    Quando nossos pecados Ele carregou.

    J. Cennick (traduo literal)

    Foi com razo que o Salmista disse Pois a redeno da alma carssima (Sl 49:8). to preciosa como Aquele de quem est escrito: E assim para vs, os que credes, [pedra] preciosa (I Pe 2:7).

    Apolutrosis

    Esta a palavra normalmente traduzida redeno no Novo Testamento. Nove vezes traduzida assim, e uma vez traduzida livramento (Hb 11:35), e isto nos ajuda a entender seu significado bsico. A definio de Thayer : resgatar algum, pagando o preo; deixar algum sair livre ao receber o pagamento do preo; uma libertao

    efetuada pelo pagamento do resgate; redeno, libertao, liberao obtida pelo

    pagamento de um resgate.

    Como podamos esperar, apolutrosis frequentemente associada com a libertao do

    salvo da penalidade do pecado, como em Romanos 3:24: Sendo justificados gratuitamente pela sua graa, pela redeno [apolutrosis] que h em Cristo Jesus, e em Efsios 1:7: Em quem temos a redeno [apolutrosis] pelo seu sangue, a remisso das ofensas, segundo as riquezas da sua graa, e como num versculo semelhante em Colossenses 1:14: Em quem temos a redeno [apolutrosis] pelo seu sangue, a saber, a remisso dos pecados.

    H, entretanto, um outro uso interessante de apolutrosis. Enquanto gozamos agora da

    nossa redeno por meio do sangue de Cristo, Sua obra de redeno por ns ainda no

    est completa. Paulo fala do dia da redeno como algo ainda futuro (Ef 4:30). Ele escreve tambm da redeno do nosso corpo, dizendo: gememos em ns mesmos, esperando a adoo, a saber, a redeno do nosso corpo (Rm 8:23). Aquele dia final da redeno trar a redeno da possesso adquirida, para louvor da sua glria (Ef 1:14).

    Muitos salvos ainda esto no corpo, vivendo e testemunhando num mundo perverso e

    mau. Muitos sofrem no corpo pelo seu testemunho ao Salvador, e tambm muitos

    sofrem as enfermidades e fraquezas comuns desta vida. Alguns sofrem as limitaes e

    enfermidades causadas pelos anos avanados, e quantos tm sofrido as tristezas e as

    dores do luto. Enquanto estamos no corpo podemos esperar dificuldades de vrios tipos.

    Haver tristezas e lgrimas, mas um dia o Redentor vir. Ele comprou a Sua igreja por

    um preo muito elevado, e Ele vir para redimir a Sua possesso comprada. Ela Seu

    tesouro peculiar, e Ele vir busc-la. Aquele dia ser o dia da redeno e a redeno do nosso corpo.

  • Alguns, porm, podem perguntar sobre nossos irmos em Cristo que j faleceram e

    nos precederam. Foi exatamente para esclarecer a posio destas pessoas, no dia da

    redeno, que Paulo escreveu aos corntios e aos tessalonicenses. No devemos nos

    entristecer por eles, como aqueles que no tm esperana se entristecem. Ns, que

    estivermos vivos quando o Redentor chegar, no teremos precedncia sobre nossos

    irmos falecidos. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que ns, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, no precederemos os que dormem. Porque o

    mesmo Senhor descer do cu com alarido, e com voz do arcanjo, e com trombeta de

    Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitaro primeiro. Depois ns, os que ficarmos

    vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos

    ares, e assim estaremos sempre com o Senhor Eis que vos digo um mistrio: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados. Num momento,

    num abrir e fechar de olhos, ante a ltima trombeta; porque a trombeta soar, e os

    mortos ressuscitaro incorruptveis, e ns seremos transformados (I Ts 4:15-17, I Co 15:51-52). Aquele ser o dia da redeno, quando seremos libertados destes corpos da

    nossa humilhao, corpos em que ns temos sofrido e pecado. A nossa redeno ento

    ser completa.

    Em muitos sepulcros solitrios podemos ler esta inscrio simples: Remido. A palavra retrospectiva e tambm esperanosa. Olhando para trs, o salvo sepultado foi

    de fato remido, comprado fora do mercado da escravido do pecado e unido, com todos

    os seus pecados perdoados, a Cristo o Redentor. Por muitos anos alguns viveram no

    gozo da sua redeno e dos pecados perdoados. Mas, olhando para frente e para cima,

    com antecipao santa e inteligente, o melhor ainda est por vir. Os corpos de todos os

    salvos que j morreram esperam o dia da redeno, quando sero ressuscitados e

    arrebatados para a glria. Como precioso antecipar a redeno do corpo! No

    pecaremos mais! No sofreremos mais! No nos cansaremos mais! No sentiremos mais

    a solido! Seremos redimidos!

    J temos privilgio de, pela f, prever.

    A divinal herana que vamos receber.

    A dor e o sofrimento jamais tero lugar

    Quando Cristo triunfante aqui reinar.

    D. W. Whittle (H. e C. N 290)

    Lutroo; lutrosis

    Estas so palavras cognatas de apolutrosis e provocam uma pergunta interessante em

    relao redeno, que devemos considerar. As definies resumidas de W. E. Vine

    so:

    lutroo: libertar ao receber um resgate (semelhante a lutron, um resgate), usada na voz mdia (no grego), e significa libertar mediante o pagamento do preo do resgate, remir.

    lutrosis: uma redeno, usada no sentido geral de libertao.

    A pergunta que surge : Se h um preo a ser pago, a quem foi pago? Sendo que algumas das palavras j mencionadas, como agorazo e lutron, parecem exigir o

    pagamento de um resgate, para muitos parece ser razovel perguntar: quem recebeu o

    resgate? A pergunta antiga, e como A. McCaig escreve na International Bible Encyclopaedia: A pergunta Quem recebe o resgate? no aparece diretamente nas Escrituras, mas uma pergunta que surge naturalmente na mente, e os telogos a tm

    respondido de diversas maneiras.

    i) No Satans. A idia de alguns dos antigos, como Irineu e Origenis, era que o

    resgate foi dado a Satans, que considerado como tendo, por causa do pecado do

  • homem, algum direito justo sobre ele, que Cristo reconheceu e pagou. Esta sugesto

    absurda e sem qualquer base bblica.

    ii) A Justia Divina. Entretanto, ao repudiar a primeira resposta, no devemos ir ao

    extremo de negar que houve uma transao real de resgate. O que temos dito para

    mostrar que a afirmao, Cristo deu a Sua vida em resgate no meramente uma figura de retrica, mas uma tremenda realidade. Se ns precisamos saber a quem o

    resgate foi pago, parece razovel pensar que foi justia de Deus, ou a Deus no Seu

    carter de Governador Moral, exigindo e recebendo-o.

    Embora estas respostas possam ser interessantes e estimular nossas mentes, h certo

    sentido em que a pergunta em si no importante. Como W. E. Vine e outros explicam,

    o tempo do verbo lutroo est na voz mdia (no grego), e portanto no necessita de outra

    pessoa. Para ilustrar, imaginemos um homem que recebeu um conselho, mas o recusou;

    depois ele diz: eu paguei o preo. Outro v um aviso de perigo, mas o ignora e depois diz: eu paguei o preo. Um homem recebe um medicamento para uma doena, mas no o toma, e depois ao reconhecer a sua negligncia ele diz: eu paguei o preo. Sabemos que h um preo a ser pago para poder alcanar muitas das honras deste

    mundo. Tambm, na esfera espiritual, homens como Paulo, e outros mrtires que

    vieram depois dele, pagaram o preo pela sua fidelidade. Mas, a quem foi pago este

    preo? A pergunta realmente no necessria.

    Assim, o Senhor Jesus Se tornou nosso fiador e substituto, e pagou o preo.

    Voluntariamente, Ele se deu a si mesmo em preo de redeno por todos (I Tm 2:6). No lugar chamado Glgota, Ele pagou o preo, ao dar a Sua vida e derramar o Seu

    sangue, e assim assegurou a nossa liberdade. Ele nosso Redentor.

    As implicaes

    Os que so descritos como os resgatados do Senhor (Is 35:10) esto profundamente gratos quele que os resgatou. Cristo no pediu nada, e eles nada contriburam ao preo

    da sua redeno. O Redentor pagou tudo. Contudo, tendo sido resgatados, agora h uma

    responsabilidade solene sobre eles, de viver para Aquele que pagou o seu resgate. Isto

    no deve ser como uma obrigao; pois no um fardo pesado que imposto, mas um

    privilgio agradvel viver para Aquele que morreu por ns. Como disse um dos Seus

    servos: Se Cristo Deus, e se Ele morreu por mim, ento no existe sacrifcio grande demais que eu possa fazer por Ele (C. T. Studd).

    No sois de vs mesmos, diz Paulo, fostes comprados por bom preo; depois ele acrescenta: glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso esprito, os quais pertencem a Deus (I Co 6:20). A implicao bvia disto que agora ns pertencemos exclusivamente, e por direito, quele que nos comprou, e nossas vidas devem ser

    vividas para a Sua glria. Lamentavelmente, havia muito entre os corntios para

    entristecer o Senhor. Havia erro doutrinrio e moral, e havia tambm divises sociais no

    seu meio. Tudo isto era uma negao dos Seus direitos, a quem agora pertenciam.

    Corpo, alma e esprito pertenciam ao Redentor. Eles deveriam estar, por causa dEle,

    vivendo vidas santas. O resgate que Ele pagou merecia e exigia esta vida santa. Note

    como Paulo usa a palavra pois. A sua santidade no era opcional: fostes comprados por bom preo, glorificai, pois, a Deus.

    Em outro lugar ele usa novamente a mesma expresso (fostes comprados por bom preo), e acrescenta: no vos faais servos de homens (I Co 7:23). Adam Clarke comenta: Alguns interpretam isto como sendo uma pergunta: Fostes comprados por bom preo? Ento, no voltem a ser escravos de homens. Todos iro concordar que a nossa redeno no livra empregados das suas obrigaes para com seus empregadores.

    Tambm, naquele tempo, no livrou os escravos cristos do servio aos seus senhores,

  • mesmo embora aquele sistema de escravido fosse deplorvel. Seja no emprego secular

    normal, ou na escravido daquele tempo, os salvos tm um dever de obedecer aos seus

    senhores. A lembrana desta exortao de Paulo afetaria muito todo servio, tanto dos

    servos pagos como dos escravos: Porque o que chamado do Senhor, sendo servo, liberto do Senhor; e da mesma maneira tambm o que chamado sendo livre, servo de

    Cristo (I Co 7:22). Note tambm a exortao de Paulo aos efsios: Vs, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de

    vosso corao, como a Cristo; no servindo vista, como para agradar aos homens. Mas

    como servos de Cristo, fazendo de corao a vontade de Deus (Ef 6:5-6). Aos colossenses a sua exortao a mesma: Vs, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, no servindo s na aparncia, como para agradar aos homens,

    mas em simplicidade de corao, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de

    todo o corao, como ao Senhor, e no aos homens (Cl 3:22-24). O salvo, portanto, deve servir de uma maneira aceitvel e leal, lembrando sempre que ao servir os homens,

    ele est servindo a Deus. Nunca podemos nos tornar escravos dos homens em assuntos

    de religio, tradio, superstio, ou cerimonialismo. Nossa lealdade suprema para

    com o nosso Redentor. Ns pertencemos a Ele. Somos os remidos do Senhor (Sl 107:2; Is 51:11; 62:12).

    De todas estas consideraes, portanto, evidente que a redeno no somente um

    assunto da assim chamada teologia sistemtica. uma verdade e experincia cordial e vibrante. Traz grande gozo e alegria ao corao do salvo, d sentido vida, decide o

    passado e assegura o futuro, e, acima de tudo, traz glria ao Prprio Redentor, nosso

    Senhor Jesus Cristo.