Redefor-língua portuguesa-Lp008

download Redefor-língua portuguesa-Lp008

If you can't read please download the document

Transcript of Redefor-língua portuguesa-Lp008

  • 1. 1Textos em Contexto: Jornalismo, Publicidade, Trabalho, Literatura e Artes/Mdias Tpico: Um incio de conversa Introduo ________________________________________________________________________________________ Ol, Professor(a)! Estamos iniciando a disciplina LP008 do Mdulo 4 do Curso de Especializao em Lngua Portuguesa. Nesta disciplina, vamos, em primeiro lugar, conversar com voc sobre a necessidade de planejar o seu ensino. Embora improvisemos em muitos mbitos de nossas vidas, nossas atividades profissionais no devem ser pautadas por improvisaes, no verdade? Por esse motivo, vamos refletir junto com voc, no Tema 1, sobre como planejar e organizar sequncias didticas de modo a poder trabalhar com gneros textuais/discursivos, sistemtica e produtivamente, em sala de aula. Nos Temas 2 e 3, vamos tentar contribuir para que voc seja bem sucedido na elaborao do Trabalho de Concluso de Curso (TCC) que dever submeter no final do Curso de Especializao em Lngua Portuguesa - REDEFOR/LP. Em um primeiro momento, vamos criar situaes que contribuam para que voc possa definir, dentro da(s) esfera(s) que escolheu para focalizar no TCC (Jornalismo, Publicidade, Trabalho/Estudo, Literatura e/ou Artes/Mdias), os gneros, os textos, os objetivos e as atividades que vo constituir a sequncia didtica que cada um de vocs ir elaborar. Por ltimo, pretendemos discutir algumas das caractersticas dos textos acadmicos, focalizando especificamente o gnero TCC (Trabalho de Concluso de Curso). Esperamos ser bem sucedidas nessa tarefa... Bons estudos a tod@s! Clique aqui1 para assistir ao vdeo de introduo da disciplina. 1Fonte: http://cameraweb.ccuec.unicamp.br/video/W62UMO6B1BHA/, acesso em 01/06/2011.

2. 2Tema: 1. Sequncias Didticas: uma unidade de trabalho Tpico 1 - Por que planejar? Um incio de conversa... ________________________________________________________________________________________ Como (re)apresentar aos alunos a lngua viva e dinmica em que vivem desde que comearam a fazer parte deste nosso mundo de linguagem? possvel trazer essa lngua para a escola sem que se percam, nessa passagem, os saberes e sabores que nela esto impregnados? Para responder a essas perguntas, vamos conversar sobre a importncia do trabalho de cada professor(a) na sala de aula de ensino de Lngua Portuguesa. Vamos falar ainda sobre a possibilidade de tornar esse trabalho mais e mais efetivo, fundamentado sempre em seu desejo de ensinar e nas capacidades de seus alunos; capacidades que muitas vezes eles simplesmente no sabem que possuem. Os "muros da escola" so reais, mas entre eles que preciso recriar um mundo possvel para cada cidado. por isso que acreditamos na possibilidade de trazer a lngua viva para a escola: a lngua das narrativas, das conversas, das poesias, dos debates, das canes... E essa lngua que precisa ser ensinada, porque, como diz a letra da cano2: "as coisas esto no mundo, s que eu preciso aprender"... ________________________________________________________________________________________ 2Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=V60YWH8ZelA, acesso em 10/04/2011. 3. 3Ponto de partida ________________________________________________________________________________________ Para fazer um "Planejamento Estratgico", preciso identificar, analisar, estruturar e coordenar metas e aes que permitam estabelecer o caminho a ser seguido pelo indivduo, pela organizao ou instituio. Para ser eficaz e alcanar os objetivos propostos, pensar a sua forma de execuo essencial. Veja um exemplo surpreendente! 3 ________________________________________________________________________________________ 3Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=xva5B4vx1R4, acesso em 10/04/2011. 4. 4Mos obra ________________________________________________________________________________________ No vdeo que vocs acabaram de ver - que bastante utilizado para motivar gestores de empresas -, o menino sente o desconforto de no ter com quem jogar futebol (qual a graa de fazer um gol sem um goleiro tentando pegar a bola?) e percebe que algo precisa ser feito para resolver esse problema. Ele poderia, perfeitamente, fazer nada e esperar pela soluo. Mas, no! Ele decide agir, considerando os recursos que tem a sua disposio. O jantar luz de velas, o quarto dos pais meia-luz, o bocejo simulando estar com sono... tudo isso muito bem PLANEJADO. E, por isso, d certo. Se bem verdade que, no exerccio da maior parte das profisses, o planejamento considerado fundamental para o sucesso, quando o que est em jogo o exerccio da docncia, muito comum as pessoas pensarem que para ser um bom professor basta "ter talento" ou "ter nascido pra coisa"... Muitos professores tambm acham isso: acreditam tanto em suas boas ideias e intuies, que julgam desnecessrio planejar seu ensino. 5. 5Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Leia, inicialmente, a afirmao abaixo, retirada de um texto de Rojo (2001, p. 332)4. Nesse trecho, a autora, referindo-se ao comportamento de um grupo de professores por ela analisado, afirma: [...] o professor abriu mo de uma de suas atribuies bsicas - a de ser dono da voz, isto , a de planejar seu ensino de acordo com as necessidades e possibilidades de seus alunos -, em favor do que feito pelos autores dos livros didticos. Agora, preste ateno s palavras da cano "A Voz do Dono e o Dono da Voz"5, composta em 19816, por Chico Buarque de Hollanda. Veja a letra7. Considere a citao e a cano de Chico e discuta com sua turma a pergunta abaixo, no Frum de Discusso agendado para esta semana: O material didtico tambm o dono da sua voz? 4ROJO, R. H. R. Modelizao didtica e planejamento: duas prticas esquecidas do professor? In: KLEIMAN, A. B.(Org.) A Formao do Professor: Perspectivas da Lingstica Aplicada. Campinas: Mercado de Letras, 2001. Pp. 313-335.5Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=c8RWQCz4Ma4, acesso em 10/04/2011.6Fonte: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=avozdo_81.htm, acesso em 10/04/2011.7Fonte: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45102/ , acesso em 10/04/2011. 6. 6Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Alguns professores, perdendo toda e qualquer autonomia para gerir suas disciplinas, ficam mesmo refns de livros e materiais didticos - escolhidos ou no por eles prprios - e tm que conviver, algumas vezes a duras penas, com suas limitaes e lacunas, especialmente no que tange a seus alunos e a projetos especficos. Muitos, no entanto, entendendo que todo material didtico (inclusive os mais bem avaliados!) elaborado tendo em mente um aluno e um professor idealizados, percebem a necessidade de adapt-lo ao seu contexto de ensino. Eles, ento, fazem um uso parcial, seletivo do livro/material didtico8 e investem na elaborao de unidades de trabalho que vo, mais diretamente, ao encontro dos interesses dos seus prprios alunos, ou que dizem respeito a temas mais atuais. Mas, convenhamos, elaborar uma unidade de ensino no tarefa banal, como veremos mais adiante. Ao contrrio, para que o professor seja bem sucedido nessa tarefa, preciso que ele tenha muita clareza quanto aos objetivos que pretende alcanar e quanto aos passos necessrios para atingir esses objetivos. Sem que ele faa um bom PLANEJAMENTO, suas chances de sucesso sero pequenas... 8"O professorado se mostra capaz de perceber, nas lacunas e limitaes do LD, possibilidades de investir na produo dealternativas mais compatveis com o nvel de seus alunos e com suas necessidade de consistncia pessoal [...] Noconjunto dessas intenes e contradies, a certeza maior do professor a de que o livro didtico escolhido ou no porele prprio instrumento auxiliar e no exclusivo ou excludente. Na maioria dos casos, seu uso parcial, sujeito complementaes e substituies sejam elas pontuais ou globais - sempre em funo da preservao da congrunciapessoal, em nome da qual ele justifica qualquer transgresso. (COSTA VAL, M. G. et al., 2005, p. 111). 7. 7Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ No podemos, no entanto, esquecer-nos de que ...o dono prensa a voz, a voz resulta um prato que gira para todos ns. Ou seja, embora se trate - entre as prticas de sala de aula, o currculo e os materiais didticos disponveis - de uma relao de entrega e de abandono de guerra e paz contras e prs dessa relao que resulta o que "gira para todos ns", isto , o cidado e a pessoa que seu aluno poder se tornar. Pois seu aluno um projeto de futuro que "gira para todos ns". Assim, embora s "vozes", Deus s tenha dado "seu d", preciso que, com essa pequena nota central, busquemos construir uma sinfonia. Considerando o que foi discutido neste tpico, assista ao vdeo: 9 9Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=SkxCEh1af2g, acesso em 10/04/2011. 8. 8Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________ Ento, reflita: 1. Apresentar propostas para superar uma situao-problema escolar sem conhecer com clareza a sua causa o mesmo que receitar um remdio sem ter o diagnstico da doena. Concordo10. Discordo11. 2. Alguns professores percebem a importncia de planejar suas atividades, embora faam restries ao modo como o planejamento vem sendo feito na escola. Concordo12. Discordo13. 3. Os livros e outros materiais didticos so elaborados tendo em mente um grupo de alunos e um professor fictcios. Concordo14. Discordo15. 10Correto: toda proposta pedaggica deve estar pautada em uma anlise cuidadosa das razes do problema que se prope asuperar.11Incorreto: sem que se tenha compreendido bem a origem de um dado problema escolar impossvel adotar medidaseficazes para combat-lo.12Correto: um professor pode no estar satisfeito com a forma como os planejamentos so feitos em sua escola, mas issono significa que no perceba a importncia de planejar.13Incorreto: fazer crticas s formas vigentes de planejamento no significa, necessariamente, ser contra planejamentosescolares.14Correto: todos os livros didticos e materiais avaliados e no avaliados so elaborados tendo em vista professores ealunos idealizados.15Incorreto: somente os materiais didticos elaborados por um professor para uma turma especifica no tero porreferncia uma situao de ensino imaginria. 9. 9Finalizando ________________________________________________________________________________________ 16 Neste primeiro tpico, argumentamos que, assim como costumam fazer muitos profissionais de outras reas, o(a) professor(a) deve planejar, cuidadosamente, suas atividades de ensino. Claro que com isso no estamos querendo dizer que esse seu planejamento deva funcionar como uma camisa-de-fora, impedindo-o de tirar proveito, em sua sala de aula, de fatos e situaes originalmente no previstas. Tampouco estamos querendo dizer que um bom planejamento de atividades de ensino suficiente para garantir a aprendizagem. Sabemos que h outras variveis em jogo, como, por exemplo, as condies, por vezes bastante precrias, de trabalho do(a) professor(a) da rede pblica brasileira. No entanto, ainda que um bom planejamento no seja suficiente para assegurar um ensino eficiente, ele uma condio absolutamente necessria para que isso possa ocorrer! 16Fonte: http://www.sxc.hu/, acesso em 10/06/2011. 10. 10Tpico 2 - Revisitando os conceitos de esfera de comunicao e de gneros textuais/discursivos Ponto de partida ________________________________________________________________________________________ Com frequncia, quando nos vemos frente a uma tarefa desafiadora, tendemos a procrastinar17 a sua realizao - Amanh eu fao isso! - valendo-nos das mais variadas formas de desculpas, tal como faz o personagem do vdeo abaixo: 18 Como voc, professor(a), precisa elaborar um Trabalho de Concluso de Curso (TCC) e submet-lo a uma avaliao, melhor comearmos a planej-lo agora... Como dissemos na apresentao desta disciplina, uma de nossas expectativas poder contribuir para que voc possa tomar decises informadas acerca do contedo do seu TCC, no qual voc dever propor e analisar uma Sequncia Didtica (SD) para o ensino de Lngua Portuguesa em seu contexto de atuao, tendo em mente as necessidades de aprendizagem de seus alunos. As Sequncias Didticas (SDs) trabalham com um ou mais gneros especficos de uma (ou mais) esfera(s) de comunicao (por exemplo, jornalismo, publicidade, literatura, artes e mdias, trabalho/estudo etc.). Voc escolher uma dessas esferas que esto propostas no ttulo desta disciplina e um ou alguns gneros que nelas circulam para fazer seu projeto de ensino no formato de Sequncia Didtica (SD). Para isso, melhor refletirmos um pouco mais sobre como os gneros textuais/discursivos funcionam, sobre como so dinmicos, hbridos e muito complexos. _____________________________________________________________________________________ 17procrastinar pro.cras.ti.nar (lat procrastinare) vtd 1 Deixar para outro dia, ou para um tempo futuro, por motivosrepreensveis; adiar: Procrastinar tarefas. vtd 2 Delongar, demorar, retardar: Procrastinar uma deciso. vint 3 Usar dedelongas: Detestamos procrastinar. Antn: abreviar. (Michaelis Moderno Dicionrio de Lngua Portuguesa).18Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=j73RmSNqeGM , acesso em 06/05/2011. 11. 11Mos obra ________________________________________________________________________________________ Pare e pense: em quais das atividades abaixo voc esteve envolvido na ltima semana? No nosso dia a dia, medida que nos comunicamos, fazemos uso de gneros, pois tudo o que falamos e escrevemos, todos os nossos discursos tm a forma de textos que materializam, concretizam gneros diversos. Basta sairmos de casa, encontrar um vizinho e cumpriment-lo, para estarmos engajados em uma interao que constitui o gnero "cumprimento". Em seguida, quando buscamos informaes sobre o itinerrio de um nibus, estamos, novamente, envolvidos com um gnero (mapa), que informa e instrui. Enfim, se pararmos para pensar, os gneros esto, o tempo todo, modelando nossas prticas comunicativas. 12. 12Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Os gneros textuais circulam em esferas comunicativas. Cada esfera da atividade humana (cotidiana, escolar, literria, cientfica, jornalstica, publicitria etc.) possui um repertrio de gneros que ela constri, em funo de suas finalidades, orientando nossas aes de linguagem em cada uma delas. H gneros, por exemplo, que circulam na esfera religiosa (oraes, hinrios, certificado de batismo etc.), mas no na esfera jurdica, em que vo circular outros gneros (petio, depoimento, escritura, discurso de defesa e de acusao, sentena, certido de nascimento etc.). Assim, o(a) professor(a) precisa definir a(s) esfera(s) e o(s) gnero(s) que a ela(s) pertence(m) com os quais pretende trabalhar no seu TCC. Contudo, importante considerar que, se bem verdade que cada esfera determina seus gneros, tambm verdade que um gnero pode circular em mais de uma esfera comunicativa, como veremos mais adiante. 13. 13Colocando os conhecimentos em jogo 2 Voc j se pegou cantando uma msica sem saber bem de onde ela veio? E uma msica de propaganda, um "jingle"? Uma daquelas que voc ouve e no esquece e que gruda na orelha? Que tal aquela receita cantada dos "dois hambrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num po com gergelim" (que virou uma aula sobre o plural das paroxtonas terminadas em "r")? Ou as lembranas que, nos shows de final de ano, o Rei Roberto traz de volta, com seus "detalhes" e "emoes"? Voc j pensou no que essas msicas tm em comum? Qual a finalidade de cada uma delas? A quem se dirigem? Clique na imagem e escute "Pela Internet", uma cano de Gilberto Gil. Preste ateno letra19: 20 Agora, clique na imagem e veja como essa cano aparece em um comercial do "Ita Bankline": 21 19Fonte: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/68924/, acesso em 17/04/2012.20Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=7ysEoKtfU2I, acesso em 06/05/2011.21Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=nJ95ICyvrBE, acesso em 06/05/2011. 14. 14Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ lvaro Caretta (2008)22 descreve o modo como "Pela Internet", de Gilberto Gil, gnero "cano popular" concebido inicialmente23 na esfera artstica, deslocado, no segundo vdeo a que voc assistiu, para a esfera publicitria. O autor chama a ateno para o fato de que, embora mantenha sua forma composicional, a cano adquire caractersticas especficas nessa esfera discursiva (p. 20). Seguindo a trilha sonora desse autor possvel observar, entre outras coisas24, que o que distingue o gnero "cano popular" a sua forma composicional: "texto curto, cantado, formado pela relao entre letra e msica, dividida em partes A e B, constitudas por versos, organizados em estrofes" (p. 21). Sua finalidade provocar um efeito esttico, marca registrada dos gneros da esfera artstica. Por outro lado, o "jingle" feito para o comercial do Ita Bankline, construdo com base na forma de composio da cano, tem uma finalidade diferente, uma vez que agora faz parte de outra esfera de comunicao (a esfera publicitria): o que se almeja com ele anunciar um produto oferecido pelo banco e levar o destinatrio a utiliz-lo. Podemos concluir, ento, que, no info(r)mar de nossa vida cotidiana, os gneros podem "navegar" de uma esfera para outra. O gnero "cano popular", pertencente originalmente esfera artstico-musical, pode dialogar com outras esferas, servindo de modelo para outros gneros, como o "jingle" na esfera publicitria aqui analisado. Com base nisso, importante compreendermos que um dado gnero deve ser sempre observado levando-se em conta as particularidades de sua esfera de circulao. ________________________________________________________________________________________ 22Fonte: http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/37/EL_V37N3_02.pdf, acesso em 13/05/2011.23A cano Pela Internet, de Gilberto Gil, foi gravada, em 1997, no CD duplo Quanta.24Veja a anlise detalhada em CARETTA, A. As formas da cano nas diversas esferas discursivas. "EstudosLingusticos, v. 37, n.3": 17-24, So Paulo, 2008. Tambm disponvel emhttp://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/37/EL_V37N3_02.pdf, acesso em 13/05/2011. 15. 15Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________ Uma simples olhada para essa imagem amarelada de um fusca modelo antigo basta para reconhecer (ou ao menos supor), mesmo antes de ler o texto completo, que se trata de um antigo anncio, um gnero produzido na/pela esfera publicitria. Produzido na dcada de 60, quase certo, porm, que esse anncio jamais seria veiculado em um jornal ou revista contemporneos com a mesma finalidade. Por qu? Podemos dizer, imediatamente, que faltam cores imagem, que o produto sofreu diversas mudanas e que o consumidor desse tipo de produto tambm outro: ele no aceitaria o teor machista do texto que afirma, categoricamente, que mulheres no sabem dirigir (o preconceito, verdade, sobrevive, mas sua exposio , agora, camuflada). Na sociedade atual, com as novas tecnologias, alguns gneros passam por mudanas ainda mais profundas e rpidas. Hoje quase no escrevemos cartas. As notcias, que chegavam a cavalo ou por navio, chegam via satlite, em tempo real. Quase no vemos cartes postais. Quase nunca compramos selos (a no ser para colecionar). O e-mail pode funcionar como um correio eletrnico - uma forma de transporte por meio da qual podemos enviar um documento, uma foto, um livro, e pode ser tambm um gnero textual como o bilhete. Entendemos, assim, por que Marcuschi (2006) afirma que os gneros no so categorias estticas, formas prontas e acabadas, e so sempre produzidos de acordo com as necessidades e exigncias sociais e histricas de cada comunidade discursiva. O gnero, portanto, se transforma, mas mantm sempre uma tenso entre essas inovaes e a regularidade que nos permite reconhec-lo. ________________________________________________________________________________________ 25Fonte: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/tag/fusca/, 05/06/2011.(Clique na imagem25 para ampli-la) 16. 16Colocando os conhecimentos em jogo 5 ________________________________________________________________________________________ Veja o vdeo26 ao lado e tente descobrir quantos gneros (orais e escritos) voc consegue reconhecer nesse comercial. Observe que ele dura apenas 47 segundos e que, se quisermos entender sua composio, temos que parar o vdeo algumas vezes (assim como lemos vrias vezes um conto ou um artigo para analis-lo). Voc deve ter observado que a tela se divide com base no gnero histria em quadrinhos (HQs), de cuja composio se vale para compor a narrativa, com duas legendas, com a voz do narrador e com onomatopias grficas (que lemos enquanto ouvimos a msica). Um dos quadros traz uma lista escrita de tarefas. J na rua, o personagem encontra algumas garotas e conversa com elas e ficamos sabendo, pela imagem de um mapa, a localizao de uma "festa". Vrias pessoas so convidadas pelo telefone. Um relgio aparece no canto da sala, enquanto os prprios quadrinhos se deslocam junto com os mveis e uma legenda indica que se passaram 10 horas. Aos 28 segundos, o produto volta a ganhar destaque e at o vizinho que geralmente reclama do barulho, pensa que uma boa ideia. O narrador fala apenas 10 segundos ("os melhores planos comeam quando pode ser aberto um barril de...") e a narrativa termina com o anncio "continuar", tal como se anuncia o prximo captulo de uma novela. O que importa enfatizar que, muitas vezes, gneros tm formas de composio hbridas, nas quais textos e imagens se mesclam, modalidades de linguagem se alternam e vrios outros gneros so convidados para comp-los. Isso, entretanto, no impede que o reconheamos como um determinado gnero: no caso do vdeo que acabamos de analisar, com apenas 6 segundos j sabemos que se trata de um comercial de bebida e nos dispomos a continuar a ler/ouvir essa histria narrada de forma to surpreendente. ________________________________________________________________________________________ 26Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=jyCyctAH8pM, acesso em 14/05/2011. 17. 17Finalizando ________________________________________________________________________________________ Os gneros constituem um espao central no s de comunicao e de informao, mas dereconstrues de identidades. Portanto, saber transitar entre os gneros, de acordo com as esferas a quepertencem ou entre as quais se deslocam e estando atentos para as formas como nos moldam fundamental para a vida na sociedade contempornea.Neste Tpico, procuramos retomar brevemente o que foi discutido em vrias disciplinas do seu Curso deEspecializao em Lngua Portuguesa, no que se refere aos conceitos de "esfera de atividade humana" e de"gnero textual/discursivo".O vdeo abaixo serve para reforar vrias das questes por ns abordadas neste segundo tpico do Tema 1 denossa disciplina. Clique na imagem para assisti-lo.27 27Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk , acesso em 24/06/2011 18. 18Atividade Autocorrigvel 1 ________________________________________________________________________________________ As afirmaes abaixo so corretas ou incorretas? I28. Em nossa vida cotidiana, os gneros so as formas naturais pelas quais usamos a lngua para nos comunicar. Na escola, os alunos precisam dominar apenas os gneros considerados secundrios e, portanto, escritos. II29. Na construo de uma SD para o ensino de um gnero, o professor deve levar em conta o que os alunos j sabem sobre esse gnero. Caso o aluno no saiba, por exemplo, o que significa o termo "infografia", esse gnero no pode ser ensinado. III30. Cada esfera determina seus gneros, de acordo com suas finalidades, e so eles que em nosso dia a dia orientam nossas aes de linguagem. Embora as "cartas de amor" possam ser bastante diferentes umas das outras, elas tm aspectos bastante conhecidos e que permitem seu reconhecimento imediato. por essa razo que cada gnero, para ser reconhecido, precisa circular em uma nica esfera comunicativa. IV31. Os aspectos conhecidos garantem a estabilidade dos gneros. Essa estabilidade, no entanto, relativa, uma vez que os gneros podem se modificar com o passar do tempo, devido a diferentes fatores como o desenvolvimento de novas tecnologias, etc. E pode at mesmo ocorrer de haver um gnero dentro de outro, por exemplo: uma carta de amor na qual voc cita um poema; um conto dentro do qual o personagem escreve uma carta de amor. Agora, passe o cursor para conferir sua resposta. 28Incorreta. Os gneros secundrios podem ser escritos e tambm orais como debate regrado, pea teatral, exposio oral,seminrio, etc.29Incorreta. Nesse caso, o professor comearia por explicar que esse um tipo especial de texto icnico-verbal (mesclatexto e imagem) da esfera jornalstica que facilita a compreenso de dados da realidade ou de acontecimentos.30Incorreta. Renato Russo e Erasmo Carlos cantam A carta em http://www.youtube.com/watch?v=5TQ44MnpY2oTransformada em cano, gnero que pertence esfera artstico-musical, a carta nela contida no deixa de serreconhecida como uma carta de amor.31Correta. Os gneros so heterogneos. Alguns so mais estveis o caso de uma carta comercial e outros estosempre mudando o anncio publicitrio, por exemplo. 19. 19Tpico 3 - O que o professor precisa saber para ensinar? Ponto de Partida ________________________________________________________________________________________ No mundo em que vivemos hoje, o conhecimento circula em quantidade e velocidade cada vez maiores e emtodos os meios de comunicao: na televiso e no rdio, nos jornais e revistas, em sites, e-mails, blogs, redessociais etc.Nesse cenrio, o grande desafio para os professores refletir sobre essa realidade e escolher quaisconhecimentos acumulados ao longo da Histria podem e devem ser transformados em conhecimento escolarou, em outras palavras, podem e devem converter-se em objetos de ensino. A essa transformao/conversod-se o nome de transposio didtica32.No caso especfico do professor de Lngua Portuguesa, o desafio escolher,dentre as prticas de linguagem adquiridas e acumuladas em diferentessituaes de interao social, isto , dentre os gneros discursivos/textuais33,os objetos de ensino mais adequados a seus alunos e s suas metas.O trabalho pedaggico com os gneros (orais, escritos ou multimodais) d aoaluno a oportunidade de reconstruir essas prticas de linguagem e de seapropriar delas. Essa apropriao se torna efetiva a partir do momento em queo aluno capaz de dominar um gnero e compreend-lo/produzi-lo de formaadequada, de modo a poder participar ativamente da comunidade a quepertence. ________________________________________________________________________________________ 32A expresso "transposio didtica" foi introduzida, em 1975, pelo socilogo Michel Verret e, posteriormente, teorizadapor Yves Chevallard no livro "La Transposition Didatique: Du savoir savant au savoir enseign" (Paris, Ed. La PenseSauvage, 1991). Segundo esse autor, um contedo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar, sofre, a partirde ento, um conjunto de transformaes adaptativas que iro torn-lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino.O trabalho que faz de um objeto de saber a ensinar um objeto de ensino chamado de transposio didtica(CHEVALLARD, 1991, p. 39).33Segundo Bronckart (1999, p. 173), o gnero textual resultado da atividade de linguagem em funcionamentopermanente nas formaes sociais: em funo de seus objetivos, interesses e questes especficas, essas formaeselaboram diferentes espcies de textos, que apresentam caractersticas relativamente estveis. 20. 20Mos obra Para trabalhar com gneros discursivos/textuais, fundamental que o professor domine as caractersticas dos gneros que escolhe como objetos de ensino, as condies em que eles so produzidos e o que possvel ensinar a partir deles. Agora, considere a(s) esfera(s) e os gneros que voc selecionou como objetos de ensino para a Sequncia Didtica (SD) que compor o seu TCC e reflita: 1) Voc conhece bem o funcionamento dessa(s) esfera(s)34? Se no, onde poder buscar informaes a esse respeito? 2) Voc conhece bem as caractersticas desses gneros35? Seria capaz de descrev-las? Se no, onde poder buscar informaes a esse respeito? 3) Voc sabe as condies em que os textos desses gneros so, em geral, produzidos36? Quem os produz? Para quem? Em que modalidades de linguagem (verbal - oral ou escrita; imagem esttica; imagem em movimento; udio - msica ou efeitos sonoros etc.)? Para circular em que mdias37? Em que suportes38? Com que finalidades ou propsitos? Em que campo social39 esses textos so produzidos? Se voc no tem essas respostas, onde poder procurar informao a respeito? 4) Voc tem ideia a respeito do que seus alunos-alvo sabem sobre esses gneros? Sobre seu funcionamento? Sobre suas caractersticas? Se no, que medidas poder tomar para avaliar o que seus alunos-alvo sabem ou no a respeito? 5) A partir do que voc sabe que eles j sabem, quais de seus aspectos escolheria para ensinar? Em que eixos de ensino (leitura/escuta, produo, anlise da lngua e das linguagens)? Conforme voc for fazendo essas reflexes, v anotando em um arquivo Word as providncias que tem de tomar para iniciar o trabalho com a SD que planejou inicialmente. Elabore um breve plano de ao, elencando todas as aes e medidas que deve tomar para iniciar seu trabalho. Salve seu arquivo Word e poste-o no Dirio de Bordo desta semana. ________________________________________________________________________________________ 34Voc deve lembrar que, para Bakhtin (2003[1952-53/1979]), a esferas de atividade humana ou de circulao dosdiscursos so setores da sociedade (jornalstico, publicitrio, cientfico, artstico, literrio, escolar etc.) que tm umfuncionamento regrado e uma distribuio de atividades e poderes especfica, que regulam as relaes entre osparticipantes dessa esfera ou campo, na qual circula um conjunto particular de gneros discursivos que garantem, a ums tempo, seu funcionamento e as relaes entre os participantes dessa esfera ou campo.35Como vimos em outras disciplinas desta Especializao, os gneros de discurso so formas relativamente estveis deenunciados (textos), que circulam em esferas/campos sociais especficos e que apresentam temas, formas de composioe estilos prprios a cada um deles (BAKHTIN, 2003[1952-53/1979]).36As condies ou situaes sociais de produo dos enunciados/textos - situao de enunciao - envolvem osparticipantes da interao social (locutor/autor - interlocutores/audincia), seus lugares sociais e poderes, as finalidadesou propsitos da interao, o funcionamento scio-histrico da esfera de atividade humana especfica e, maisrecentemente, as mdias de circulao dos textos/discursos.37Podemos considerar mdias como meios de transmisso e veiculao dos enunciados/textos, tais como as mdiasimpressa, radiofnica, televisiva, digital.38Podemos definir suporte como a superfcie em que os enunciados/textos se afixam: o papel, no texto escrito manuscritoou impresso; as pelculas e telas dos cinemas, TVs, computadores e dispositivos mveis como celulares e tablets etc.39ou esfera de atividade humana 21. 21Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Dissemos que, para trabalhar com gneros textuais/discursivos, fundamental que o professor domine as caractersticas dos gneros que escolhe como objetos de ensino, as condies em que eles so produzidos e o que possvel ensinar a partir deles. Tendo esse domnio, o professor deve, ento, elaborar um roteiro de aes, como o que voc fez, que desemboque em uma Sequncia Didtica, isto , em "um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemtica, em torno de um gnero textual oral ou escrito"40 ou multimodal. Esse conjunto de atividades, ligadas entre si, permite que os alunos dominem as caractersticas prprias do gnero em estudo e tenham condies de ler, escrever ou falar cada vez melhor. As Sequncias Didticas, organizadas de acordo com os objetivos que o professor pretende alcanar, apresentam pelo menos duas vantagens: uma delas que o professor de Lngua Portuguesa pode ensinar os alunos a dominar um gnero de texto/discurso de forma gradual, partindo dos nveis de conhecimento que eles j tm para chegar aos nveis que precisam dominar. Outra vantagem desse tipo de procedimento permitir o trabalho conjunto de leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais, ou caractersticas das linguagens, tornando o ensino menos artificial. importante destacar que as Sequncias Didticas envolvem tanto atividades de aprendizagem, quanto de avaliao. ________________________________________________________________________________________ 40DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequncias didticas para o oral e a escrita: Apresentao de umprocedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. et al. Gneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado deLetras, 2004[2001], p. 97. 22. 22Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Como organizar uma Sequncia Didtica? Para responder a essa pergunta, vamos tomar como referncia a proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001])41 que aparece representada na figura abaixo42: 43 Suponhamos que um(a) professor(a) decida que importante que seus alunos dominem a escrita de convites, um gnero textual que hoje , muitas vezes, enviado eletronicamente. A organizao de uma Sequncia Didtica para o ensino desse gnero pode se dar observando os passos descritos a seguir. 1. Apresentao da Situao Nessa primeira etapa, o(a) professor(a) apresenta aos alunos uma situao-problema para motiv-los a se engajar nas atividades da Sequncia Didtica em questo. Ele(a) pode, por exemplo, criar uma situao na qual os alunos devero enviar um convite, por escrito, a atletas famosos, convidando-os para participar da cerimnia de inaugurao do novo ginsio da escola. muito importante que nesse momento fique claro para os alunos a situao, o gnero e o tema a serem trabalhados. Se o(a) professor(a) julgar conveniente, ele(a) pode pedir que os alunos leiam e analisem um convite escrito para servir de modelo. 41DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequncias didticas para o oral e a escrita: Apresentao de umprocedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. et al. Gneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado deLetras, 2004[2001].42p. 9843Esquema da Sequncia Didtica 23. 23Colocando os conhecimentos em jogo 3 2. Primeira Produo Textual Nessa etapa, o(a) professor(a) deve propor que os alunos elaborem um primeiro convite escrito, seguindo as instrues dadas por ele(a). Essa primeira produo de um convite escrito tem dois objetivos: permitir que os alunos descubram o que j conhecem sobre o gnero e que o(a) professor(a) avalie, de maneira precisa, as dificuldades encontradas pelos alunos. a partir desse "diagnstico" que o(a) professor(a) determinar quantos sero os mdulos da Sequncia Didtica e quais sero seus contedos. 3. Mdulos Cada mdulo proposto deve contemplar um problema especfico detectado na primeira produo. Na situao fictcia aqui apresentada, os alunos podem ter mostrado dificuldade, por exemplo, com a abertura e o fechamento do convite, com o grau de formalidade exigido pelo gnero, com o desenvolvimento da argumentao necessria para convencer o atleta a aceitar o convite etc. importante que o(a) professor(a) se preocupe em variar o tipo de atividades e de exerccios que ir propor em cada um dos mdulos na elaborao dessas tarefas e que proponha tarefas nem fceis, nem difceis demais. 4. Produo Final Aps o trmino dos mdulos, cada um dos alunos dever elaborar o convite proposto, demonstrando o que aprendeu sobre o gnero, o que permitir (o) professor(a) avaliar a eficcia da Sequncia Didtica que planejou. E na passagem da produo inicial para a produo final o aluno tambm aprende a importncia de re-escrever os seus textos. Essa produo final deve efetivamente circular socialmente, ou seja, os alunos devero, por exemplo, escolher o melhor convite e efeivamente envi-lo aos atletas convidados. 24. 24Colocando os conhecimentos em jogo 4 Nos mdulos, a seleo dos aspectos do gnero a serem trabalhados implica algumas decises didticas: 1) Que aspectos da expresso oral, escrita ou multimodal abordar? 2) Como construir um mdulo para trabalhar um aspecto particular? 3) Como capitalizar o que adquirido nos mdulos? Para responder primeira questo, os autores apontam a necessidade de trabalharmos com aspectos dos gneros envolvidos em diferentes nveis de sua produo/compreenso: Representao da situao de comunicao44. Elaborao dos contedos45. Planejamento do texto46. Realizao do texto47. No que tange segunda questo, aconselha-se a variedade das atividades de ensino-aprendizagem: atividades simplificadas de produo de textos ou trechos; anlise e observao de textos do gnero; construo de uma metalinguagem compartilhada entre professor e alunos. Para registrar e capitalizar o conhecimento adquirido, cada Sequncia finalizada com um registro dos aprendizados sobre o gnero durante o trabalho nos mdulos, sob forma sinttica de lista de constataes, ou de lembrete, ou de glossrio. 44"O aluno deve aprender a fazer uma imagem, a mais exata possvel, do destinatrio do texto (pais, colegas, a turma,quem quer que seja), da finalidade visada (convencer, divertir, informar), de sua prpria posio enquanto autor oulocutor (ele fala ou escreve enquanto aluno ou representante dos jovens? Enquanto pessoa individual ou narrador?) e dognero visado." (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004[2001], p. 103)45"O aluno deve conhecer as tcnicas para buscar, elaborar ou criar contedos. Estas tcnicas diferem muito em funodos gneros: tcnicas de criatividade, busca sistemtica de informaes relacionadas ao ensino de outras matrias,discusses, debates e tomada de notas, citando apenas os mais importantes." (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY,2004[2001], p. 103)46"O aluno deve estruturar seu texto de acordo com um plano que depende da finalidade que se deseja atingir ou dodestinatrio visado; cada gnero caracterizado por uma estrutura mais ou menos convencional." (DOLZ; NOVERRAZ;SCHNEUWLY, 2004[2001], p. 104)47"O aluno deve escolher os meios de linguagem mais eficazes para escrever seu texto: utilizar um vocabulrioapropriado a uma dada situao, variar os tempos verbais em funo do tipo e do plano do texto, servir-se deorganizadores textuais para estruturar o texto ou introduzir argumentos." (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY,2004[2001], p. 104) 25. 25Colocando os conhecimentos em jogo 5 A organizao de Sequncia Didtica que acabamos de descrever, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001], p. 110), torna concretas as seguintes finalidades: - preparar os alunos para dominar sua lngua nas situaes mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos, imediatamente eficazes, para melhorar suas capacidades de escrever e de falar; - desenvolver no aluno uma relao consciente e voluntria com seu comportamento de linguagem, favorecendo procedimentos de avaliao formativa e de autorregulao; - construir com os alunos uma representao da atividade de escrita e de fala em situaes complexas, como produto de um trabalho de lenta elaborao. 26. 26Atividade autocorrigvel 2________________________________________________________________________________________ A partir do que estudamos sobre Sequncia Didtica, correto afirmar que: I. O professor deve propor uma produo inicial (oral, escrita ou multimodal), sem maiores estudos prvios, que permita identificar o grau de conhecimento que os alunos j possuem. II. O professor deve planejar uma Sequncia Didtica considerando o conhecimento que os alunos j tm sobre o gnero a ser ensinado. III. Embora seja importante, a avaliao da produo do aluno no est contemplada na Sequncia Didtica. IV. O nmero de mdulos necessrio a cada Sequncia Didtica determinado pela quantidade de problemas detectados na produo inicial. V. O ensino pautado em Sequncias Didticas focaliza, sobretudo, gneros escritos. a)48 apenas as afirmaes I, II e III so corretas b)49 apenas as afirmaes II, IV e V so corretas c)50 apenas as afirmaes I, II, III e IV so corretas d)51 apenas as afirmaes I, II e IV so corretas e)52 todas as afirmaes so corretas 48Tente novamente.49Tente novamente.50Tente novamente.51A alternativa d) est correta porque (III) as sequncias didticas contemplam, sim, a avaliao e (IV) focalizam gnerosorais, escritos ou multimodais.52Tente novamente. 27. 27Ampliando os conhecimentos I ________________________________________________________________________________________ Para saber mais sobre sequncias didticas, recomendamos que voc leia o artigo de Dolz, Noverraz e Schneuwly na ntegra. Denominado "Sequncias didticas para o oral e a escrita: Apresentao de um procedimento", ele foi publicado, em 2004, pela Editora Mercado de Letras, na coletnea Gneros orais e escritos na escola. (Para baixar o artigo, clique aqui53) Outro livro interessante a coletnea organizada por Angela Kleiman, intitulada A Formao do Professor: Perspectivas da Lingstica Aplicada, publicada em 2001 tambm pela Mercado de Letras. Nela, voce poder ler o artigo "Modelizao didtica e planejamento: Duas prticas esquecidas do professor?", de autoria de Roxane Rojo, em que a autora relata um episdio de planejamento coletivo durante uma experincia de formao de professores. (Acesse o artigo, clicando aqui54) ________________________________________________________________________________________ 53Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/DOLZ_NOVERRAZ_SCHNEUWLY_2004.pdf, acesso em 24/06/201154Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/ROJO_2001.pdf, acesso em 24/06/2011 28. 28Ampliando os conhecimentos 2 ________________________________________________________________________________________ Um filme sobre um professor e seu ensino a que vale a pena assistir The Ron Clark Story (O Triunfo) Gnero: Drama Ano: 2006 Durao: 91 minutos Origem: EUA / Canad Direo: Randa Haines Elenco: Matthew Perry (Ron Clark), Hannah Hodson (Shameika, Brandon Smith (Tayshawn), Ernie Hudson (Diretor Turner) (Para ver o trailer, clique aqui55) SINOPSE Snowden, escola de 1 grau, Aurora, Carolina do Norte, 1994. Ron Clark (Matthew Perry) um professor temporrio, que experimenta um misto de nervosismo e ansiedade ao aguardar o momento de comear no emprego. Mas, antes mesmo de iniciar, demonstra uma rara sensibilidade ao saber se aproximar de um garoto que tinha sido colocado em um castigo humilhante por outro professor. Aps 4 anos, os mtodos de Clark se mostraram mais do que eficientes, pois classificou sua turma em 1 lugar do municpio pelo 4 ano seguido. Como uma singela forma de reconhecimento, para se sentir mais permanente, lhe deram uma vaga no estacionamento, inclusive com seu nome gravado. Porm ele quer algo mais da vida e, assim, fala para seus pais que deixar o lugar, antes que usem a vaga como seu tmulo. Sonhando grande, ele vai a Nova York, mesmo sabendo que l encontrar desafios bem maiores. Ele pretende ser professor no Harlem, apesar de dizerem que tem a cor errada. Ron tenta inutilmente encontrar emprego como professor e, para ter alguma renda, consegue um emprego de garom. Ao passar na porta da Inner Harlem, uma escola de 1 grau, v um professor se atracando com um aluno. Este fato faz com que o professor pea demisso e Clark consiga o emprego. Mas, para a surpresa do diretor, Ron quer ser professor da pior turma do colgio. Ningum sabia, mas ele estava rescrevendo no apenas a sua histria, mas tambm a de vrias outras pessoas. ________________________________________________________________________________________ 55Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Sd6SFmAaZr8, acesso em 19/04/2011. 29. 29Ampliando os conhecimentos 3 ________________________________________________________________________________________ Tambm h algumas colees de sequncias didticas elaboradas para Ensino Fundamental, com propostas de ensino baseadas em gneros de discurso/texto, que voc pode conhecer: Coleo Trabalhando com os Gneros do Discurso56: esta uma coleo de SDs voltadas ao Ensino Fundamental I-II, na qual cada volume dedicado a um gnero especfico. Coordenada pelo Grupo Graphe e por Jacqueline Barbosa e publicada pela Editora FTD, a coleo abrange os seguintes gneros: receita, carta de solicitao e carta de reclamao, notcia, fbula, conto de fadas e narrativa de enigma. Os Cadernos de Apoio e Aprendizagem57 da Secretaria Municipal de Educao de So Paulo (SME-SP), destinados aos estudantes dos nove anos do Ensino Fundamental tiveram como critrios para seleo das atividades as dificuldades apresentadas pelos alunos na Prova So Paulo e na Prova da Cidade e o desafio que envolve o alcance das expectativas de aprendizagem contidas nos documentos de Orientaes Curriculares. Na rea de Lngua Portuguesa, estes Cadernos foram preparados de modo a contemplar as seguintes esferas discursivas: jornalstica, cotidiana, literria (prosa e poesia) e escolar. H cinco SDs diferentes em cada um dos nove cadernos destinados aos 9 anos do EF. Voc pode baix-los, clicando no link acima. ________________________________________________________________________________________ 56Fonte:http://www.ftd.com.br/editora-ftd-colecoes/D75/?colecao=4480, acesso em 15/04/2011.http://www.ftd.com.br/editora-ftd-colecoes/D75/?colecao=448057Fonte:http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Anonimo/Cadernosdeapoio.aspx?MenuID=38&MenuIDAberto=12, acesso em 17/04/2012. 30. 30 Referncias Bibliogrficas ________________________________________________________________________________________ BAKHTIN, M. M. Os gneros do discurso. In: _____. Esttica da criao verbal. So Paulo: Martins Fontes, 2003[1952-53/1979]. P. 261-306. 4. ed. BRONCKART, J.-P. Atividade de linguagem, textos e discursos: Por um interacionismo sociodiscursivo. So Paulo: EDUC, 1999. CHEVALLARD, Y. La transposition didatique: Du savoir savant au savoir enseign. Paris: Ed. La Pense Sauvage, 1991. DOLZ, J. M.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequncias didticas para o oral e a escrita: Apresentao de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. M. et al. Gneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. P. 95-128. Traduo e organizao de R. H. R. Rojo e G. S. Cordeiro. ROJO, R. H. R. (Org.) A prtica de linguagem na sala de aula: Praticando os PCNs. So Paulo/Campinas: EDUC/Mercado de Letras, 2000. ROJO, R. H. R. Modelizao didtica e planejamento: Duas prticas esquecidas do professor? In: KLEIMAN, A. B. (Org.) A formao do professor: Perspectivas da Lingstica Aplicada. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001. P. 313-335. 31. 31Tema: 2. Elaborando a sua SD... Tpico 1 - Elaborando sua SD... Um incio de conversa... ________________________________________________________________________________________ A imagem ao lado est em um blog na Rede com o ttulo Pausa paraum TCC...Isso o que vamos fazer neste e no prximo Tema de nossadisciplina. O intuito ajud-lo(a) a "botar a mo na massa" do seuTrabalho de Concluso de Curso.No Tema 1, retomamos a ideia de que o ensino de Lngua Portuguesadeve focar os gneros textuais/discursivos que circulam nasociedade, mas que os alunos no dominam, ou dominam apenasparcialmente. Apresentamos, tambm, uma possibilidade deorganizao do trabalho com gneros textuais/discursivos: aschamadas Sequncias Didticas (SDs).Em seu TCC, como j de seu conhecimento, voc dever comentar, com base nas teorias sobre as quais vemrefletindo ao longo de seu Curso de Especializao, uma proposta de Sequncia Didtica (SD) sobre um oumais gneros de uma dada esfera que voc escolheu (dentre cinco possibilidades), no incio desta disciplinado Mdulo 4, e que dever aparecer anexada ao final de seu TCC. Neste Tema 2, nosso objetivo ,justamente, ajud-lo(a) na elaborao dessa sua SD. Para isso, no primeiro Tpico, vamos fornecerorientaes de modo que voc j consiga dar uma primeira forma a ela. Em seguida, nos Tpicos 2 e 3, vamosanalisar partes de duas SDs feitas por colegas seus: uma da esfera jornalstica, abordando os gnerosmanchete e reportagem, e outra da esfera das artes e mdias, abordando fotonovelas.O que esperamos que, medida que formos desenvolvendo nossas anlises, voc possa ter ideias e suportepara aprimorar a primeira verso de sua SD elaborada, preliminarmente, no Tpico 1.Ento, vamos nossa pausa... ________________________________________________________________________________________ 32. 32Ponto de partida ________________________________________________________________________________________ No Tpico 3 do Tema 1 desta disciplina, aps ter refletido sobre vrias questes que envolvem a elaborao de uma Sequncia Didtica - clique aqui para visualizar essas questes58 -, voc foi convidado a escrever um breve plano de ao, elencando todas as aes e medidas que deve tomar para iniciar seu trabalho, e a post-lo no seu Dirio de Bordo. Assim, o caminho para a elaborao da SD que ir analisar no seu TCC j foi demarcado. Agora, chegou a hora de voc trilhar esse caminho: chegou a hora de voc elaborar, de fato, a sua SD, retomando as respostas que deu a essas questes. Vamos botar a mo na massa, ento? ________________________________________________________________________________________ 58Questes propostas no Tema 1.https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Questoes_Tema_1.pdf 33. 33Mos obra ________________________________________________________________________________________ Para que voc possa elaborar sua Sequncia Didtica, fundamental, em primeiro lugar, ter clareza de tudo que implica uma resposta pergunta abaixo: Para que voc mesmo(a) tenha bem claro o que pretende ensinar com a SD que vai elaborar neste Tpico, recupere o que escreveu no Dirio de Bordo do Tpico 3 do Tema 1 da nossa disciplina e preencha a verso em Word, que est disponvel aqui59 e em Material de Apoio, do quadro ao lado. Depois de t-lo preenchido, publique-o no seu Portflio. (Clique aqui60 para ampliar o Quadro) 59Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Tabelab_Tp1_TM2_MaO.doc, acesso 12/08/201260Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Tabelab_Tp1_TM2_MaO.pdf, acesso 12/08/2012 34. 34Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Tendo definido o que pretende ensinar, chegada a hora de determinar como faz-lo. Vimos, no Tema 1/Tpico 3, que uma SD se organiza da seguinte maneira: 61 Logo, ela se inicia pela apresentao da situao ao aluno. Como vimos, nessa apresentao, o(a professor(a) deve combinar com os alunos uma situao-problema para motiv-los a se engajar nas atividades da Sequncia Didtica em questo, principalmente na produo final de um enunciado/texto no gnero62, que ter efetiva circulao social63. Logo, para construir essa apresentao da situao, voc deve decidir primeiro qual ser essa produo final de efetiva circulao. Vimos tambm que, nesse momento, muito importante que fiquem claros para os alunos a situao, o gnero e o tema a serem trabalhados64. Se voc julgar conveniente, pode pedir que os alunos leiam e analisem, ainda sem muito detalhamento ou conduo de sua parte, alguns textos/enunciados no gnero em questo, para servir de modelo produo inicial (diagnstica) com que terminar essa apresentao inicial da situao e a partir da qual o(a) professor(a) poderia readequar os mdulos inicialmente propostos, na hiptese de uma implementao da SD. Para fazer isso, ser preciso que voc j tenha levantado um corpus65 inicial de textos/enunciados interessantes no gnero em questo. Portanto: ao trabalho! Levante o conjunto de textos/enunciados, pense em uma situao-problema que crie a situao de produo dos textos dos alunos e v redigindo a parte inicial de sua SD. Proponha algumas questes abertas para os alunos observarem os textos que voc trouxe como corpus de observao. Veja um exemplo, clicando aqui66. ________________________________________________________________________________________ 61Sequncia Didtica. Fonte: RedeFor.62Na dependncia do gnero que voc escolheu, este enunciado/texto poder ser uma produo oral (como um telejornalou um seminrio escolar), escrita (como uma notcia ou verbete) ou multimodal (como um vdeoclipe, uma apresentaoteatral).63Ou seja, ser uma produo de verdade, que circule fora dos muros da escola, que no seja s para ser corrigida. Podeser, por exemplo, um jornal para a comunidade em que a escola est situada, um vdeolog a ser montado pela turma naInternet etc.64Retome as descries feitas no Quadro que postou em seu portflio para orientar as descries que far para os alunos.65Conjunto representativo de dados que d base a uma anlise. No nosso caso aqui, um conjunto interessante erepresentativo de textos/enunciados no gnero que voc escolheu para ensinar.66O Redefor agradece aos autores a possibilidade de usar este exemplo. 35. 35Colocando os conhecimentos em jogo 2 Lembre-se, professor(a), de que essa primeira atividade de apresentao da situao e de discusso inicialsobre o(s) gnero(s)/esfera(s) escolhidos para ensino dever culminar em uma primeira produo, por partedos alunos, do objeto de ensino selecionado, seja ele uma notcia ou reportagem, um videoclipe remixado,uma resenha para fanzine, um debate oral em sala de aula, um rap, um conto, ou quaisquer outrostextos/enunciados pertencentes ao(s) gnero(s)/esfera(s) que sero abordados.Por meio dessa produo inicial, o(a) professor(a) poder ter uma maior clareza a respeito do que seus alunosj sabem sobre o objeto de ensino e de quais os mdulos mais importantes para melhorar suas capacidadesdiscursivas nesses gneros. Essa primeira produo confirmar ou no as previses que voc fez ao responderhipoteticamente, em sua tabela, questo:O que os alunos-alvo em potencial j saberiam sobre esse(s) gnero(s)?Com base nessa produo, os prprios alunos j comearo a perceber o que precisam aperfeioar em termosde conhecimentos e prticas de produo dos gneros selecionados.Seria interessante tambm que essa produo inicial j fizesse parte de alguma maneira da situao-problemaque rege a produo final, ou a ela estivesse ligada.Vejamos um exemplo: se o projeto for um fanzine do grupo ou da turma, voc pode solicitar uma primeiraresenha crtica de uma banda, filme, minissrie ou game de que o aluno seja f, pois a resenha e apreciaocrtica um gnero muito importante na composio dos fanzines.67Ao final das atividades de apresentao da situao, voc precisa elaborar uma instruo bem clara para essaproduo inicial. 67"Fanzine uma abreviao de fanatic magazine, mais propriamente da aglutinao da ltima slaba da palavramagazine (revista) com a slaba inicial de fanatic [f]. Fanzine , portanto, uma revista editada por um fan (f, emportugus). Trata-se de uma publicao despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto grfico, dependendo dopoder econmico do respectivo editor (faneditor). Engloba todo tipo de temas, assumindo usualmente, mas nonecessariamente, uma determinada postura poltica, com especial incidncia em histrias em quadrinhos (bandadesenhada), fico cientfica, poesia, msica, feminismo, vegetarianismo, veganismo, cinema, jogos de computador evdeo-games, em padres experimentais." (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fanzine, acesso em 11/05/2012) 36. 36Colocando os conhecimentos em jogo 3 Agora, passemos aos Mdulos que vo compor, cada um deles, uma seo de sua SD. Com as respostas squestes:O que os alunos-alvo em potencial j saberiam sobreesse(s) gnero(s)?eQuais aspectos desse(s) gnero(s) seriam ensinados?voc j delimitou, preliminarmente, quantos e quais Mdulos sero necessrios. Mas claro que podermodificar sua escolha ao longo da elaborao de sua SD.Em vrias disciplinas de seu Curso de Especializao voc viu que os gneros textuais/discursivos circulamem certas esferas/situaes de comunicao e, nelas, organizam as interaes das pessoas, abordando certostemas (e no outros) e apresentando uma forma de composio e estilo relativamente estveis. importanteque o aluno construa, em seu aprendizado sobre o gnero, uma representao consciente desses aspectoscentrais do gnero em questo:1) Como funcionam as situaes de produo68desse gnero em sua(s) esferas de circulao?2) Quais temas69so comumente abordados nesse gnero?3) Como os textos/enunciados no gnero frequentemente se organizam70ou se estruturam?4) Que elementos de linguagens ou da lngua71so importantes para organiz-los assim?5) Que estilos ou variedades de lngua/linguagens72costumam ser usados nesses textos /enunciados?68Muitas vezes, o conhecimento da histria do gnero ajuda nessa abordagem do funcionamento da esfera e da situao.69Aquilo que possvel dizer em um enunciado desse gnero nesse contexto. O contedo temtico mais frequente dessesgneros. Por exemplo, nos fanzines so certos tipos de produtos culturais que so avaliados pelo f-editor. Nos artigosde opinio, so questes sociais atuais polmicas e controversas. Nos anncios, produtos ou servios que se pretendelevar a audincia a consumir etc.70Ou seja, sua forma de composio: nas resenhas crticas que compem os fanzines, essa forma ser argumentativa,assim como nos artigos de opinio, pois ambos pretendem convencer o leitor a respeito de um ponto de vista ou posio.Nos anncios, sero usadas imagens, cores, designs, slogans, para seduzir e persuadir o leitor a consumir produtos eservios. Nos poemas e letras de cano, frequentemente se recorrer a versos (mtrica e rima) para provocar certosefeitos estticos etc.71Aqui, entramos em uma anlise propriamente lingustica ou semitica de elementos da lngua ou das linguagens quecompem os enunciados do gnero; ou seja trabalhamos com uma gramtica descritiva dos enunciados do gnero. Naargumentao - presente de formas diferentes nas resenhas crticas dos fanzines e nos artigos de opinio, certamentesero importantes a seleo do lxico, as modalizaes e as modalidades apreciativas, os articuladores argumentativos.No anncio, ser necessria uma gramtica da imagem, que leve em conta o valor das cores, os planos de tomada etc. 37. 376) Que elementos de linguagens ou da lngua73so importantes para estiliz-los assim?Voc dever distribuir essas anlises e reflexes em atividades de leitura crtica de enunciados do gnero,de anlise das formas e estilo dos gneros e de produo de enunciados no gnero. Vejamos como issopode ser feito! 72Certos gneros apresentam estilos muito rgidos e inflexveis, como o caso na esfera burocrtica (formulrios,certides, atas etc.) ou jurdica (artigos de lei, contratos, sentenas etc.). Nesses casos, podemos explorar essas escolhasfixas na lngua padro (verbos no imperativo, modalidades denticas, etc.). Outros gneros sero extremamente flexveis estilizao, como o caso dos gneros das esferas cotidiana e artsticas (literria, musical, pictrica, cinematogrfica).Nesses casos, deveremos analizar as propriedades estilsticas especficas de cada enunciado: as escolhas de lxico evariedade desempenham um grande papel na construo lingustica do estilo de textos verbais; as escolhas de traos,preenchimentos, diagramao, montagem, por sua vez, dominam a estilizao das imagens estticas e em movimento; asescolhas de ritmo tm grande papel na msica e assim por diante.73Novamente aqui, passamos a uma anlise lingustica ou semitica desses elementos citados. 38. 38Colocando os conhecimentos em jogo 4 Voc se lembra do comercial de cerveja74 que viu no Tpico 2 do Tema 1 (clique no link para rev-lo)? Suponha que ele faz parte do corpus que voc origanizou para trabalhar com o gnero anncio televisivo. Aps situar o aluno quanto anlise das condies de produo de um anncio desse tipo75, voc pode direcionar o olhar dos alunos, por meio de suas perguntas, para os aspectos do gnero que tornam esse anncio to interessante. Dado o tema, o que h na forma de composio do vdeo e em seu estilo que torna o anncio envolvente? O tema o produto a ser consumido a partir da propaganda. O que seduz o consumidor no somente o produto em si (imagem do copo gelado em que se coloca cerveja) e a praticidade do barril para um contexto de festa, mas, principalmente, a caracterizao da festa: pessoas jovens, bonitas, elegantes e ricas (sacolas de compras das moas), em uma festa animada. Chama a ateno a forma de composio do vdeo: em vez de um simples vdeo da festa, opta-se por uma pgina diagramada como HQ, com as caractersticas da forma de composio da HQ (diagramao em quadros, onomatopeias, recordatrios como o da imagem ao lado: "10 horas depois..."). S que, em vez de desenhos, temos, nos quadrinhos, fotos e vdeos concomitantes. A cano tema76 tambm compe a forma do anncio. O que torna o estilo do comercial to chamativo justamente essa hibridao de HQ (forma de composio) com vdeo (estilizao). Alm disso, as escolhas de diagramao dos quadros so tambm estilosas, como voc pode ver na imagem ao lado. O ritmo da batida constante da cano tambm sugere atividade, movimento, cotidiano ou uma festa com este tipo de batida (beat). (Clique nas imagens para ampli-las) 74Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=jyCyctAH8pM, acesso em 11/05/2012.75Trata-se de uma anncio da campanha de lanamento da Heineken Barril. Por isso, nele, to importante - como tema -a organizao e o desenrolar da festa, ocasio em que se consome maiores quantidades de cerveja e em que um barrilpode ser prtico.76A cano "Tired", da jovem cantora inglesa Adele, cuja a marca registrada a batida pop. 39. 39Colocando os conhecimentos em jogo 5 Naturalmente, no o caso de voc expor aos alunosuma anlise como essa (ou qualquer outra), mas deconduz-los nessa anlise por meio de perguntas como: Qual a diagramao que se escolheu para estecomercial? prpria de que gnero? Qual a diferena entre o comercial e os textosdesse gnero?E assim por diante...Para conduzir uma anlise de corpus precisoapresentar alguns exemplares de textos/enunciados nognero; convidar os alunos a uma leitura crtica78desses textos/enunciados; analisar seus aspectosprincipais (lingusticos79ou semiticos80). Portanto,suas sees da SD devem conter subsees de leitura,anlise crtica e produo.Lembre-se tambm de que tudo na sua SD deveconduzir a um objetivo: o de fazer que seus alunostenham condio de realizar a produo final. Quantoa isso, vimos no Tema 1/Tpico 3 que, para poderfaz-lo, os alunos devero construir: uma representao da situao decomunicao da produo doenunciado/texto; uma elaborao mais densa dos contedos/temas que iro abordar em sua produo; um planejamento de seu texto, que especifique todos os passos necessrios Isso inclui, quando se tratar de textos ou objetos digitais, o domnio das ferramentas de produo(editores de texto, udio, imagem e vdeo, etc.), que, caso no tenham, os alunos devero serorientados a buscar. para a produo; para finalmente chegarem realizao do texto/enunciado da produo final. Para que possam faz-lo, voc dever propor atividades e um tempo (nmero de aulas) especficos.Finalmente, essa produo tambm deve efetivamente ser publicada (dada a pblico), de acordo com asituao proposta inicialmente, seja na comunidade em que a escola se situa, seja na WWW. 77Fonte: http://ordinarycomics.blogspot.com.br/, acesso em 11/05/2012.78Para conduzir uma leitura crtica dos textos/enunciados, voc poder se apoiar nos temas da LP004.79Para uma anlise dos aspectos verbais ou lingusticos dos textos nos gneros, voc pode se beneficiar do que estestudando na LP007, mas tambm, na dependncia dos gneros que escolheu, do que aprendeu nas LP002, LP003,LP004 e LP006.80Para esses, voc pode se valer dos contedos da LP005.(Clique na imagem77 para ampli-la) 40. 40Finalizando... Bem, esperamos que, ao longo desta semana e da leitura deste primeiro Tpico do Tema 2, voc tenha escrito uma primeira verso, ainda que provisria ou parcial, de sua SD. Ao longo da semana, voc tambm pode se valer do Frum de Dvidas para discutir com seus colegas e tutor(a) as eventuais dvidas ou problemas que tenham surgido. No Frum agendado para esta semana, participe tendo em mente as questes abaixo: 1. Que dificuldades voc vem enfrentando na tarefa de planejar a SD que ir analisar no seu TCC? 2. Como voc tem tentado ou espera tentar contornar essas dificuldades? Se no conseguiu escrever a primeira verso de sua SD a contento durante a semana, invista seu final de semana nisso, pois, nos dois prximos Tpicos, vamos analisar duas SDs feitas por colegas seus (uma da esfera jornalstica - manchetes e reportagens - e outra da esfera de artes e mdias - fotonovela) para que voc possa ir tendo ideias, completando, revendo e detalhando sua prpria SD, inspirado(a) nessas anlises. Ao final do terceiro Tpico, ao invs de uma dissertao - como sempre faz - voc postar em seu Portflio essa primeira verso revista de sua SD para avaliao pelo seu/sua tutor(a). LEMBRE-SE, sua SD tem um limite mximo de 20 pginas. Por isso, coragem, mo na massa e bom trabalho! 41. 41Tpico 2 - Sequncia Didtica na Esfera Jornalstica Ponto de partida________________________________________________________________________________________ No incio desta disciplina, na primeira semana, cada um de vocs foi convidado a escolher o(s) gnero(s) que circulam em uma dada esfera para compor a sequncia didtica que ser descrita e comentada em seu Trabalho de Concluso de Curso (TCC). Os livros didticos sempre trouxeram textos para leitura e anlise. Nos mais antigos, s entravam textos literrios, considerados representantes legtimos da norma culta, do bem escrever e que permanecia como um ideal at mesmo para a modalidade oral. Essa realidade passou por vrias mudanas e muitos livros didticos, nos ltimos anos, vm trazendo vrios gneros de textos, buscando familiarizar os alunos com o extremamente diversificado mundo de textos em que ele vive. Contudo, na maioria das vezes, esses textos so apresentados como modelos que o aluno certamente reconhece (principalmente pela forma, pela diagramao...), mas no chega a ter deles uma leitura crtica. Essa capacidade, que demanda a interpretao do contedo segundo as condies de produo de cada texto (Quem escreve? Para quem? Com que finalidade? Usando qual meio?) facilitada, em muito, por outra experincia fundamental: a experincia de produzir um texto semelhante. produzindo que o aluno descobre que pode viver a experincia de "ser" um jornalista, um poeta, um publicitrio e aprende a avaliar a produo de cada um desses profissionais. 42. 42Mos obra ________________________________________________________________________________________ Para que possamos desenvolver adequadamente este Tpico, vocs devem ler, obrigatoriamente, a Sequncia Didtica "O jornal e as suas diferentes linguagens", bem como o "Manual do Educador" que a acompanha - ambos postados no Teleduc. Essa SD foi elaborada por professores de Lngua Portuguesa em formao81. As autoras tinham em mente uma turma de alunos do primeiro ano do Ensino Mdio que no tinham domnio dos diferentes gneros que circulam na esfera jornalstica, particularmente aqueles veiculados por jornais impressos. Veja, em primeiro lugar, o Quadro de Anlise desta SD82, para observar as descries que nele foram feitas. Para acess-lo, clique aqui83. Considerem, em sua leitura desta SD, as seguintes questes: Como as autoras justificam a escolha da esfera focalizada nessa SD? Que gnero(s) da esfera jornalstica as autoras privilegiam? Que aspectos especficos desse(s) gnero(s) elas escolheram para ensinar? Em que eixos de ensino (leitura/escuta, produo, anlise da lngua e das linguagens) esses aspectos se enquadram? 81A sequncia didtica O jornal e as suas diferentes linguagens foi elaborada, em 2008, durante as disciplinas EstgioSupervisionado I e II do Curso de Letras da Unicamp. De autoria de Ana Paula Armelin Ninci, Anglica Cagnan eRoberta Caroline Silva Salomo, poca graduandas desse curso, a SD composta por duas unidades e um manual deorientao. O REDEFOR agradece s autoras pela permisso para utilizao desse material no seu Curso deEspecializao em Lngua Portuguesa.82Este Quadro de Anlise retoma aquele que voc elaborou, no Tpico 1 deste Tema 2, para planejar e iniciar sua SD.Use-o para comparar com o seu e complet-lo/retoc-lo, caso seja necessrio.83Tabela 2 - SD da esfera jornalstica 43. 43Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Segundo Rodrigues (2000, p. 214), a entrada dos diferentes gneros jornalsticos na escola como objetos de ensino/aprendizagem encontra seu respaldo na necessidade de compreenso e domnio dos modos de produo e significao dos discursos da esfera jornalstica, criando condies para que os alunos construam os conhecimentos lingustico-discursivos requeridos para a compreenso e produo desses gneros, caminho para o exerccio da cidadania. 84 Os gneros da esfera jornalstica circulam essencialmente em jornais (impressos e digitais), em revistas (impressas e digitais) e em programas de rdio e de televiso. O que determina o pertencimento de um gnero a essa esfera , principalmente, o fato de ele ter o propsito de informar e de formar opinio. Os gneros caractersticos dessa esfera so: manchete, notcia, reportagem, entrevista, editorial, artigo, resenha, crnica, classificados, charge, caricatura, carta do leitor, tirinha etc. ________________________________________________________________________________________ 84Fonte: http://www.sxc.hu/photo/340487, acesso em 17/06/2011. 44. 44Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Como vocs observaram em sua leitura, as autoras privilegiam dois dos principais gneros que compem o jornal impresso: a manchete e a reportagem. Vejamos, em primeiro lugar, os aspectos especficos do gnero manchete que as autoras escolheram para ensinar: elas chamam a ateno dos alunos para a diagramao da primeira pgina do jornal na qual se encontram as manchetes (ver p. 8 da SD), que so os ttulos de maior destaque e que tm por funo despertar o interesse do leitor para as notcias e reportagens mais importantes do dia, antecipando, de forma resumida, seus contedos. com base em dois jornais bastante conhecidos da regio de Campinas, So Paulo, as autoras destacam, de forma contextualizada (ver p. 3), a maneira como as linguagens verbal e no-verbal utilizadas em manchetes funcionam como ndices que contribuem para indicar o pblico-alvo de cada jornal. por fim, elas exploram a linguagem de algumas manchetes, convidando os alunos a refletir, criticamente, sobre as diferentes posies assumidas pelos jornais, ainda que no explicitamente (ver p. 5 e 6). no primeiro conjunto de manchetes (p. 5), uma delas destacada para que se discuta um problema relevante e frequente, no apenas em manchetes de jornais - a ambiguidade -, que os alunos so chamados a desfazer, re-escrevendo o pequeno texto. uma questo lingustica explorada o efeito de sentidos provocado pelo uso, em uma manchete especfica, do operador argumentativo "at" e o seu papel no grau de (im)parcialidade do jornal. Os aspectos do gnero manchete trabalhados pelas autoras so retomados na atividade "Descobrindo em Grupos" (p. 7): nela, os alunos so levados a refletir sobre a linguagem utilizada em manchetes acerca de uma mesma notcia, de modo a verificar, a partir de elementos lingusticos e extralingusticos, o grau de objetividade e (im)parcialidade de cada um dos jornais escolhidos pelos grupos. 45. 45Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ Na SD "O jornal impresso e suas diferentes linguagens", as autoras trabalham, alm do gnero manchete, o gnero reportagem. Como estratgia de apresentao do gnero, a reportagem introduzida por meio de uma atividade interativa. Em seguida leitura da primeira reportagem escolhida, "Espectador prefere filme dublado" (p. 2), as autoras propem uma atividade em grupo orientada por perguntas. Observem que as perguntas dirigidas aos alunos destacam o propsito comunicativo da reportagem. Alm de manterem o foco no tema, levam cada grupo a assumir atitudes responsivas, a se posicionar como espectador capaz de opinar sobre o tema da reportagem e de verificar de que forma est contemplado nas estatsticas que confirmam a preferncia destacada no ttulo. A ltima pergunta, agora individual, retoma a questo da importncia do jornal impresso, destacada na abertura da SD. Com base na segunda reportagem (p. 4), as autoras destacam as caractersticas do gnero: recuperar informaes atualizadas e detalhadas sobre fatos recentes e de grande repercusso ou sobre temas de interesse do pblico-alvo do jornal. A atividade proposta tem por objetivo levar o aluno a identificar caractersticas da reportagem; o uso de fontes - especialistas, material coletado, pessoas envolvidas - que conferem veracidade e credibilidade matria jornalstica. A questo da veracidade e da credibilidade pode ser debatida a partir do filme sugerido pelas autoras: Todos os homens do presidente - uma reportagem investigativa que se transforma em denncia, provocando a queda do presidente dos Estados Unidos. Finalizando a SD, as autoras pedem aos alunos que escolham uma notcia atual e componham, em grupos, uma pequena reportagem, em uma atividade de produo de texto. 46. 46Colocando os conhecimentos em jogo 4 As atividades da SD "O jornal e as suas diferentes linguagens", envolvendo os gneros manchete e reportagem, se enquadram, como se pode perceber, nos eixos de ensino leitura, anlise de lngua e de linguagens e produo de textos escritos. No entanto, preciso atentar para o fato de que suas autoras no negligenciam o desenvolvimento da competncia para a compreenso e para uso da lngua portuguesa em sua modalidade oral: no seu plano de ensino, os alunos so convidados, em vrios momentos, a discutirem, em grupos, questes referentes aos textos lidos. Alm disso, a partir do visionamento de um documentrio sobre a polmica acerca da substituio dos jornais impressos por jornais on-line, os alunos so tambm estimulados a debater e a se posicionar, oralmente, sobre o assunto (ver p. 7 da SD e p. 5 do Manual para Educadores). Assistam, a seguir, ao vdeo gerador do debate sugerido pelas autoras: 85 85Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=v999vDX0ma4&feature=related , acesso 07/05/2011. 47. 47Atividade Autocorrigvel 3________________________________________________________________________________________ A partir do que lemos na sequncia didtica O Jornal e as suas diferentes linguagens, correto afirmar que, nessa SD, as autoras: I. focalizam todos os gneros que circulam na esfera jornalstica II. procuram abarcar alguns dos aspectos passveis de serem ensinados sobre os gneros que escolheram para focalizar III. tentam fazer com que os alunos percebam como a linguagem empregada por diferentes jornais em suas manchetes produzem diferentes efeitos de sentido IV. privilegiam apenas o ensino da lngua portuguesa em sua modalidade escrita V. abordam o ensino de marcadores argumentativos de forma descontextualizada a)86 apenas as afirmaes I, II so corretas; b)87 apenas as afirmaes II e IV so incorretas; c)88 apenas as afirmaes II e III so corretas; d)89 apenas as afirmaes IV e V so corretas e)90 todas as afirmaes so corretas. 86Tente novamente.87Tente novamente.88A alternativa c) est correta porque (II) as autoras procuram ensinar alguns aspectos dos gneros com os quaisdecidiram trabalhar (manchete e reportagem) e (III) fornecem evidncias de que as manchetes de jornais no soenunciados neutros; ao contrrio elas orientam a leitura da matria que anunciam.89Tente novamente.90Tente novamente. 48. 48Finalizando... ________________________________________________________________________________________ Certamente, a SD que analisamos no perfeita - afinal, ela foi elaborada por alunas de um curso de graduao! Mas, ela tem inmeras qualidades. Esperamos que voc tenha se inspirado nessas qualidades para retocar e ampliar sua prpria SD. Na SD que estudamos neste Tpico, o ensino de Lngua Portuguesa todo contextualizado - no h nenhuma tentativa de ensinar qualquer aspecto da lngua fora de um contexto de uso. Outra qualidade que ela foca o jornal impresso, apresentando-o como um meio cultural de difuso de informao e conhecimento importantes na vida contempornea. E a seleo que se fez dos gneros que circulam em jornais impressos foi muito feliz: sempre que paramos em qualquer banca de jornal, automaticamente, a maior parte das pessoas l as manchetes e, se por elas se interessarem, vo em busca das reportagens, que elas anunciam. Hoje em dia, tambm buscamos notcias e entretenimentos em outras mdias como a TV, o rdio e a mdia digital. Mesmo com o advento das novas tecnologias, o jornal impresso continua importante, ainda que por outros motivos que no o explicitado, com muito humor, no vdeo abaixo. 91 91Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=bflf-l5FG7U , acesso em 07/05/2011. 49. 49Tpico 3 - Sequncia Didtica na Esfera Artes/Mdias Ponto de Partida ________________________________________________________________________________________ A fotonovela - um gnero voltado para o entretenimento e tradicionalmente publicado em revistas populares destinadas ao pblico feminino - foi, durante muito tempo, mal recomendada e, por isso mesmo, vista, por educadores, como indigna de ser objeto de ensino. Veja, clicando aqui92, o que o verbete "fotonovela" no E-dicionrio de Termos Literrios tem a dizer sobre esse gnero. Observe a forma como sua linguagem e seu pblico so qualificados: personagens e roteiros estereotipados, pblico pouco exigente, com pouca formao e de baixo poder econmico, linguagem redundante, fotografia de baixa qualidade artstica devido preocupao dos editores com o consumo rpido das revistas e com o lucro fcil. Esse tipo de caracterizao, segundo Joanilho e Joanilho (2008, p. 531), fortalece a noo, assumida por muitos, de que a fotonovela "a prima pobre dos subgneros literrios" e, quando citada em trabalhos acadmicos, funciona [...] como contra-exemplo, uma no literatura, ou meramente um produto da cultura de massa, que no tem outro objetivo alm de caar nqueis nas carteiras de consumidores desavisados ou no suficientemente educados para evitar produto to enganoso. Ainda tem um lado mais perverso: funcionar como anestsico da conscincia popular. Os autores entendem que essa caracterizao obedece dicotomia simplista, proposta por uma elite, entre arte erudita e arte popular93. E, mais ainda, ressaltam que devemos fugir de uma simples rejeio do gnero, j que ele se presta a anlises sociolgicas e histricas acerca de "prticas culturais que podem muito bem nos explicar formas de organizao social e modo de agir no cotidiano" (p. 547). Se voc quiser - logo de sada - ter elementos para rebater as opinies depreciativas sobre o gnero fotonovela, clique na imagem do trailer da fotonovela digital "O ltimo cigarro"94, de Fabiano Vianna (FABZ), ao lado. ___________________________________________________________________________________ 92Fonte: http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=213&Itemid=2, acesso em18/05/2011.93Fonte: http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=213&Itemid=2, acesso em18/05/2011.94O ltimo cigarro - Trailler. Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=DH3BAl3dS5w, acesso em 14/05/2012. 50. 50Mos obra ________________________________________________________________________________________ Mas e do ponto de vista pedaggico? Como justificar a utilizao do gnero fotonovela para compor uma sequncia didtica? Que forma uma SD como essa pode ter? Esse so os temas que iremos discutir neste Tpico de nossa disciplina. Para que possamos discutir uma possibilidade interessante de trabalho com a fotonovela na sala de aula de Lngua Portuguesa, vocs devem ler, agora, o texto Oficina de Fotovela, postado no Teleduc. Elaborado pelo professor Eduardo de Moura Almeida95, em colaborao com Jacqueline Peixoto Barbosa, esse texto apresenta uma Sequncia Didtica voltada para alunos de 7 e 8 sries (8 e 9 anos) do Ensino Fundamental. Como no Tpico 2, tambm elaboramos um Quadro de Anlise desta SD para que voc possa contrastar com seu Quadro de planejamento de sua SD. Para visualiz-lo, clique aqui96. Considerem, em sua leitura desta SD, as seguintes questes: Que aspectos especficos desse gnero os autores escolheram para ensinar? Em que eixos de ensino (leitura/escuta, produo, anlise da lngua e das linguagens) esses aspectos se enquadram? ________________________________________________________________________________________ 95Agradecemos aos autores por nos permitirem utilizar este trabalho no Curso de Especializao em Lngua Portuguesado Programa REDEFOR.96Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Tabela3_Tp3_TM2_MaO.pdf, acesso em 12/08/2012 51. 51Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Embora as fotonovelas circulem na esfera jornalstica (revistas), elas no so propriamente um produto dessa esfera (no informam, no formam opinio), mas servem ao entretenimento e apreciao esttica. Assim, a fotonovela pode ser caracterizada como um gnero da esfera das ARTES (da imagem) e das MDIAS (impressa/digital). A escolha desse gnero no ensino de Lngua Portuguesa justifica-se porque ele permite o desenvolvimento da capacidade de leitura/produo de textos multimodais, isto , de textos que utilizam diferentes linguagens, e possibilita que os alunos entrem em contato com diferentes manifestaes artsticas, como a fotografia, o cinema, a novela e os quadrinhos. E justamente devido a essas caractersticas que esse gnero tende a mobilizar fortemente os alunos. Alm disso, trazer para o interior da sala de aula prticas de letramento nas quais alunos, principalmente aqueles provenientes das camadas populares, efetivamente se engajam fora da escola algo, como argumentam Rojo e Moura (2011)97, em que a escola precisa investir. A esse respeito, Ribeiro Junior (2011), em seu texto "O audiovisual na escola: Dominao ou transformao" - clique aqui98 para l-lo na ntegra - afirma que, [...] em uma sociedade na qual a comunicao audiovisual tornou-se uma hegemonia, no haver competncia comunicativa se os cdigos da expresso audiovisual no forem dominados. O ideal seria que os alunos fossem capazes no somente de compreend-los em profundidade, mas tambm de expressar-se por intermdio deles. ________________________________________________________________________________________ 97Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T2_I35.jpg, acesso em 12/08/201298Fonte:http://www.ufscar.br/rua/site/?p=3885, acesso em 12/08/2012 52. 52Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Para o autor, o dilogo entre cultura escrita e audiovisual revela a educao como "um processo crtico e humanizador em sintonia com a contemporaneidade". claro que a incluso de fotonovelas - assim como de qualquer outro gnero que envolva no apenas textos escritos mas tambm outras formas de linguagem, outras formas de comunicao - no rol de gneros a serem trabalhados na sala de aula exige do profissional da educao uma "virada pedaggica". Tal mudana envolve uma predisposio do professor para, livrando-se do "porto seguro" representado pelo livro didtico e colocando os alunos no papel de autores e protagonistas de seu processo de aprendizagem, incorporar propostas pedaggicas que podem, muitas vezes, "escapar de seu controle". Essa "perda de controle", no entanto, pode ser extremamente salutar, como atesta a experincia descrita no vdeo abaixo. 99________________________________________________________________________________________ 99Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=1lKi7zqBnko&feature=related , acesso em 07/05/2011. 53. 53Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ Para deixar mais clara a forma como a "Oficina de Fotonovela" est organizada, vamos, ao longo da anlise desse material, ilustrar o modo como as sees e atividades propostas se encaixam na proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), discutida no Tpico 3 do Tema 1 desta disciplina, e cujo esquema (p. 98) adaptamos para a SD estudada agora. Aps apresentarem, com clareza, os objetivos da tarefa proposta aos alunos - a elaborao de uma fotonovela -, os autores elencam as 5 sees e 8 atividades que compem a sequncia didtica (por eles denominada "oficina"). A primeira seo prev 2 atividades que permitem avaliar o que os alunos j sabem sobre o gnero: na Atividade 1, pede-se que eles digam, oralmente, o que acham que as fotonovelas tm, ou no, em comum com os quadrinhos e as novelas de TV e, em seguida, solicita-se que escrevam suas prprias definies desse gnero. A Atividade 2 procura aferir o que os alunos conhecem sobre a linguagem dos quadrinhos. Para tanto, os autores solicitam um exerccio de preenchimento de bales e quadros de uma pequena sequncia narrativa de fotonovela. (Clique aqui100para ampliar a imagem) ________________________________________________________________________________________ 100Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T2_T3_P5_zoom.jpg, acesso em 12/08/2012 54. 54Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________ (Clique aqui101 para ampliar a imagem) As sees II e III so dedicadas ao ensino de aspectos do gnero fotonovela propriamente dito. As Atividades 3, 4 e 5 da seo II trabalham, com base nos quadrinhos j apresentados e de forma ldica, temas, personagens, dramas e conflitos que caracterizam uma fotonovela. Simulando uma novela televisiva, o professor apresenta os personagens e conta parte da narrativa, que suspende com o anncio "No perca as cenas das prximas aulas". So sugeridas atividades de leitura de fotonovelas (duas atuais e uma mais antiga) na Internet - que funcionam como modelos para os alunos - e um exerccio voltado para a construo e descrio (nomes e caractersticas psicolgicas) dos personagens da fotonovela que os alunos vo criar. Esse exerccio culmina com uma produo escrita. Na Atividade 5, o foco a apresentao do conflito da fotonovela em elaborao. Orientados por perguntas feitas em tom novelesco, os