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Rede São Paulo de Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP Ensino Fundamental II e Ensino Médio São Paulo 2011

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    Cursos de Especializao para o quadro do Magistrio da SEESP

    Ensino Fundamental II e Ensino Mdio

    So Paulo

    2011

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  • A EpistemologiaGentica

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  • sumrio tema ficha notas

    SumrioVdeo da Semana ...................................................................... 3

    A Epistemologia Gentica ............................................................3

    4.1 Viso geral .........................................................................................4

    4.2 O incio da Epistemologia Gentica: as questes de fato sobre o conhecimento. .............................................................................................5

    4.3 Epistemologia Gentica e Psicologia Gentica ..................................6

    4.4 Biologia e conhecimento. ...................................................................8

    4.5 O Sistema de esquemas de ao.........................................................9

    4.6 Os perodos da construo das estruturas necessrias ao conhecimento ....12

    4.7 Epistemologia Gentica e conhecimento cientfico .............................14

    Referncias ............................................................................. 15

    Notas ..................................................................................... 16

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    Vdeo da Semana

    A Epistemologia GenticaNeste texto, vamos tratar da Epistemologia Gentica, tal como concebida por Jean Piaget

    (1896-1980), como uma introduo ao seu pensamento. Veremos que Piaget no se prope a fazer uma epistemologia prescritiva, ou seja, uma epistemologia que diz a priori o que devemos ou no devemos considerar como Cincia, mas realiza uma anlise da forma do conhecer, em geral, e do conhecer cientfico, em especfico, estabelecendo, alm de uma epistemologia, tam-bm uma teoria do conhecimento atual, multi e interdisciplinar. Veremos ainda que uma das maiores contribuies de Piaget para a Epistemologia e para a Teoria do Conhecimento foi a de construir modelos e verific-los (no sentido empregado no Tema 3 desta disciplina - A Cincia Contempornea e a noo de modelo) para responder s questes de fato presentes nessas reas.

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    4.1 Viso geral

    Atualmente, o nome de Jean Piaget, criador da Epistemologia Gentica, tem sido forte-mente associado Educao e, sem dvida, essa associao no gratuita, pois suas pesquisas e reflexes forneceram elementos e anlises originais a respeito do Conhecimento Humano. Devemos notar, entretanto, que a Educao, mesmo sendo uma rea de imenso valor, no foi seu interesse de pesquisa principal. Em poucas palavras, Piaget fundou duas reas do conhe-cimento, a Epistemologia Gentica e a Psicologia Gentica, pertencentes, respectivamente, s reas da Filosofia e Psicologia.

    O cerne das pesquisas de Piaget o Conhecimento humano no sentido filosfico, no apenas como produto, mas tambm como processo. As pesquisas de Piaget sempre foram no sentido de responder questes filosficas fundamentais relativas Teoria do Conhecimento (que estuda a relao entre sujeito e objeto no ato de conhecer), Epistemologia (que um estudo crtico dos princpios, hipteses e resultados das diversas cincias), Metodologia da Cincia e Lgica. Muitas so as contribuies de seus estudos a essas reas da Filosofia, e Epistemologia Gentica o termo usado por Piaget para designar a reunio desses estudos.

    Sumariamente, podemos listar algumas dessas contribuies.

    No mbito epistemolgico, podemos mencionar os estudos das constituies de vrias no-es e conceitos cientficos (por exemplo, espao, tempo, causalidade, acaso, velocidade, fora, atomismo, quantidades fsicas e matemticas, geometria), bem como as anlises dos mtodos das diversas cincias naturais e humanas (como o estruturalismo e a dialtica) e o estudo do Sistema das Cincias.

    Em relao Teoria do Conhecimento, temos, alm do estudo das noes e conceitos e das anlises acima mencionados, os estudos mais pormenorizados dos elementos necessrios aquisio do conhecimento, como, por exemplo, os estudos relacionados percepo, represen-tao, identidade, classificao, seriao, operao mental, necessidade e possibilidade lgicas, formao das noes de conservao, generalizao, contradio, significao, compreenso, aprendizagem e memria.

    A Epistemologia Gentica fornece tambm contribuies outros campos Filosofia, em especial, tica contempornea e discusso sobre a natureza do ser humano, com, por exemplo, os estudos da formao das estruturas necessrias moralidade ou do simbolismo inconsciente.

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    Saiba mais da Bibliografia de Piaget.

    Vamos, neste texto, estudar alguns aspectos da Epistemologia Gentica e algumas de suas contribuies Teoria de Conhecimento.

    4.2 O incio da Epistemologia Gentica: as questes de fato sobre o conhecimento.

    Desde o incio de sua vida intelectual Piaget decide consagrar sua vida Filosofia1. Nesse incio, Piaget definir tambm uma postura que marcar toda a sua obra: sempre submeter ao teste experimental as questes sobre o conhecimento que dependem dos fatos.

    Podemos nos perguntar, por exemplo: como o ser humano conhece os nmeros? A partir da, podemos ter vrias concepes (filosficas) a respeito. Por exemplo, podemos supor que pelo fato de vermos ou usarmos uma coisa, duas coisas, trs coisas, etc., generalizamos e aprendemos os nmeros; podemos tambm pensar que basta que algum nos ensine a contar para que reconhecemos a existncia dos nmeros. Qual das diversas concepes a respeito estaria correta?

    Notemos ento que a questo Como o ser humano conhece os nmeros? uma questo de fato e podemos ir aos fatos para buscar respond-la. Nesse sentido, para construirmos uma teoria do conhecimento que no se afaste dos fatos, importante fazer um estudo experimen-tal da gnese do nmero (bem como das demais noes relativas ao conhecimento como, por exemplo, de classificao, seriao, espao, tempo, causalidade, acaso, etc.) e a Psicologia Gentica, fundada por Jean Piaget, busca exatamente realizar esse(s) estudo(s).

    Para termos uma noo de alguns experimentos realizados em relao noo de nmero veja os vdeos abaixo. Notemos que o segundo e o terceiro vdeos mostram que a noo de quantidade no depende s de se saber contar.

    Piaget - Conservao das fichas (http://www.youtube.com/watch?v=rYcAjC_tHkE)

    Piaget - Conservao I (http://www.youtube.com/watch?v=JANEjNpqMOM)

    Piaget - Conservao IV (http://www.youtube.com/watch?v=9wgLsEhHmB4)

    http://www.marilia.unesp.br/Home/Instituicao/Docentes/RicardoTassinari/BP.htmfile:///Users/liliamlungarezi/Desktop/Piaget - Conservao das fichashttp://www.youtube.com/watch?v=rYcAjC_tHkEhttp://www.youtube.com/watch?v=JANEjNpqMOMhttp://www.youtube.com/watch?v=JANEjNpqMOMhttp://www.youtube.com/watch?v=9wgLsEhHmB4http://www.youtube.com/watch?v=9wgLsEhHmB4

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    Assim, Piaget escrever:

    O primeiro objetivo que a epistemologia gentica persegue , pois, por assim dizer, de levar a psicologia a srio e fornecer verificaes em todas as questes de fato que cada epistemologia suscita necessariamente, mas substituindo a psicologia especulativa ou implcita, com a qual em geral se contentam, por meio de anlises controlveis [...] (PIAGET, 1973, p. 13).

    A deciso de Piaget de sempre submeter ao teste experimental as questes sobre o conheci-mento que dependem dos fatos o levar a constituir a Psicologia Gentica antes da Epistemo-logia Gentica, como a parte inicial desta, e far com que a fundao da Epistemologia Gentica s ocorra muito tempo depois.2

    Analisemos melhor, no prximo tpico, a relao entre a Psicologia Gentica e a Episte-mologia Gentica.

    4.3 Epistemologia Gentica e Psicologia Gentica

    Inicialmente, devemos notar que, apesar de a Psicologia Gentica estar na base da Episte-mologia Gentica, no devemos confundi-las entre si. Como nos diz Piaget:

    A Psicologia Gentica a cincia cujos mtodos so cada vez mais semelhantes aos da biologia. A epistemologia, em compensao, passa, em geral, por parte da filosofia, necessariamente solidria a todas as outras disciplinas filosficas e que comportam, em conseqncia, uma tomada de posio metafsica (PIAGET, 1973, p. 32).

    Vemos assim que a Epistemologia Gentica se constitui como uma rea ampla, uma parte da Filosofia, que trata das diversas questes relativas ao Conhecimento, mais ampla que a Psicologia Gentica, destinada a construir modelos psicolgicos da capacidade humana de conhecer.

    Em Introduo Epistemologia Gentica, Piaget definir a questo central dessa nova disciplina:

    Como o pensamento cientfico visado, em discusso, (e considerado com uma delimitao determinada) procede de um estado de menos conhecimento a um estado de conhecimento julgado superior? (PIAGET, 1950, p.12)

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    Ou ainda, de forma mais breve, a questo considerada , segundo Piaget (1950, p.12): como se ampliam os conhecimentos?.

    A Epistemologia Gentica considera que o Conhecimento est sempre em constituio e, nesse sentido, cabe estudar essa constituio contnua do conhecimento. Como nos diz Piaget:

    Realmente, se todo conhecimento sempre vir a ser e consiste em passar de um conhecimento menor para um estado mais completo e mais eficaz, claro que se trata de conhecer esse vir a ser e de analis-lo de maneira mais exata possvel (PIAGET, 1973, p. 12).

    As bases principais da Epistemologia Gentica so a Histria das Cincias e a Psicologia Gentica. Ou ainda, como nos diz Piaget:

    [] como o problema da lei do processo e como os estgios finais (isto , atualmente finais) so to importantes sob este aspecto quanto os primeiros conhecidos, o setor de desenvolvimento considerado pode permitir solues pelo menos parciais, com a condio, porm, de assegurar uma colaborao da anlise histrico-crtica com a anlise psicogentica (PIAGET, 1973, p. 13).

    Nesse sentido, a Epistemologia Gentica, por um lado, utiliza o mtodo histrico-crtico para avaliar as noes de uma cincia e suas gneses histricas, e, por outro lado, usa os resultados obtidos na Psicologia Gentica para identificar nos indivduos a gnese dessas noes, desde o nascimento at a idade adulta, bem como a forma e as razes da construo dessas noes.

    Assim, o termo gentica usado pelas epistemologia e psicologia piagetianas est relaciona-do a idia de gnese de estruturas (e no tem ligao, ao menos explicitamente, com os genes da Biologia, como o uso de tal termo poderia levar a pensar). Essa noo de gnese parte da corrente, em cincias humanas, chamada de Estruturalismo, da qual o prprio Piaget um dos representantes (PIAGET, 1970) e para a qual: Toda estrutura tem uma gnese e Toda gnese parte de uma estrutura e chega a uma estrutura (1967, p. 136 e 138).

    Nesse sentido, a reflexo piagetiana sobre ambos aspectos, psicolgico e epistemolgico, subsidiada por uma perspectiva estruturalista-gentica, retraar ento a forma da constitui-o do Conhecimento e esclarecer tambm os elementos necessrio a ela. Vejamos ento, nos prximos tpicos, em linhas gerais, um pouco dessas ideias de Piaget.

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    4.4 Biologia e conhecimento.

    Como vimos, Piaget comea sua carreira como bilogo. Uma das questes que ele sempre se ocupou foi a da relao entre Biologia e Conhecimento (PIAGET, 1973) e, em especial, a questo da relao entre as estruturas do sujeito do conhecimento necessrias ao conhecimen-to cientfico e o substrato orgnico que confere materialidade a esse sujeito do conhecimento.

    Piaget usa o termo sujeito epistmico para designar o sujeito do conhecimento, e usa o termo estrutura mental para designar a estrutura orgnica que torna possvel os comporta-mentos que expressam o conhecimento (hoje em dia, a estrutura mental identificada, por alguns continuadores de Piaget, como sendo o Sistema Nervoso Central). Vamos usar s vezes aqui o termo sujeito-organismo para relembrar que para Piaget o sujeito epistmico tem uma estrutura mental biolgica. A estrutura mental est sempre em construo, pois, como vimos, toda estrutura tem uma gnese e toda gnese parte de uma estrutura e chega a uma estrutura, mesmo uma estrutura orgnica.

    Muitas vezes o termo construtivismo associado teoria de Piaget para se enfatizar que o conhecimento se constri. Entretanto, essa afirmao trivial, pois todos sabemos que pas-samos de um estado de menos conhecimento para um estado de maior conhecimento, seja historicamente, seja individualmente. Assim, no apenas isso que o uso desse termo designa em relao teoria de Piaget. Usa-se construtivismo para se salientar algo muito mais radical: que as prprias estruturas do sujeito epistmico, necessrias ao Conhecimento, sua forma de funcionamento, e, consequentemente, o prprio sujeito epistmico, se constroem.

    Muitos assimilam a teoria de Piaget aos estgios do desenvolvimento humano que Piaget explicitou. Na realidade, os estgios so apenas a ponta do iceberg de sua teoria. Notemos, de incio, que a existncia dos estgios pode ser considerada mais uma descoberta experimental do que uma proposio terica: os estgios so estabelecidos como classificaes dos resulta-dos encontrados a partir das observaes experimentais. Mais do que esses estgios, a teoria de Piaget o que permite explicar o porqu e como ocorrem tais estgios. o que veremos ento, sumariamente, a seguir.

    Podemos ento nos perguntar: mas, se a estrutura mental orgnica, Piaget est dizendo que a construo da estrutura mental e do conhecimento apenas biolgica e no depende do meio (histrico--cultural)?

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    Coloquemos essa pergunta em termos mais gerais:

    Do que depende a construo das estruturas mentais do sujeito epistmico?

    O conhecimento vem do sujeito ( determinado biologicamente) ou do meio ( determinado hist-rico-culturalmente)?

    Para Piaget, a construo das estruturas mentais depende da interao sujeito-meio (in-cluindo a parte histrico-cultural), portanto, no depende s do orgnico nem s do meio em que vive o sujeito. por isso que a teoria de Piaget tambm chamada de interacionista.

    Temos ento o seguinte esquema (que deve ser lido de baixo para cima):

    Continua at a morte do organismo.

    Sujeito-Organismo (3 Momento) Meio (3 Momento) Interao

    Sujeito-Organismo (2 Momento) Meio (2 Momento) Interao

    Sujeito-Organismo (1 Momento) Meio (1 Momento)Interao

    Assim, o que a estrutura mental orgnica do sujeito epistmico , em certo momento, re-sulta da interao entre o sujeito e o meio em um momento anterior. Ou seja, para Piaget, o meio modifica o organismo e o organismo modifica o meio, atravs da interao entre os dois; ou ainda, Piaget supera a dicotomia organismo-meio mostrando como meio e organismo so partes de um todo complexo que se influenciam mutuamente.

    Vejamos, no prximo tpico, com mais detalhe como se d essa construo por uma intera-o entre organismo e meio.

    4.5 O Sistema de esquemas de ao

    Tratando a questo da construo da estrutura mental devido interao entre organismo e meio com mais detalhes, temos que a forma de interao que propicia a construo das estru-

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    turas mentais a ao. O conceito de ao um dos mais fundamentais tanto da Epistemolo-gia Gentica quanto da Psicologia Gentica.

    A ao entendida como um comportamento que depende das estruturas do sujeito-or-ganismo como um todo e, assim, ela no um simples movimento qualquer do sujeito-orga-nismo descontextualizado de outros movimentos. Nesse sentido, a ao depende da estrutura mental do sujeito epistmico, desde o nascimento at o fim de sua vida e, ao mesmo tempo, influencia a construo da estrutura mental.

    Notemos que cada ao situada espaciotemporalmente, ou seja, ocorre em um tempo e lugar determinados. Nesse sentido, rigorosamente falando, no existe repetio de uma ao. Entretanto, identificamos algo de semelhante e de repetvel entre as aes, um padro, que as tornam equivalentes. Por exemplo, as diversas aes de sugar realizadas pelo sujeito so carac-terizadas pelo sugar, isto , sugar a forma comum que tornam essas diversas aes equivalen-tes entre si do ponto de vista do sujeito. Isso nos leva ao conceito de esquema de ao, tambm um dos mais fundamentais da Psicologia e Epistemologia Genticas.

    Como nos diz Piaget:

    O esquema de ao , por definio, o conjunto estruturado dos caracteres generalizveis desta ao, isto , dos que permitem repetir a mesma ao ou aplic-las a novos contedos (BETH; PIAGET, 1961, p. 251).

    Do ponto de vista psicolgico, ou seja, do comportamento, dizer que o sujeito epistmico adquiriu o esquema de uma ao significa dizer que o sujeito-organismo pode realizar essa ao, quando bem quiser, se a situao o permitir. Se o sujeito-organismo ainda no adquiriu um esquema de ao, o sujeito-organismo s poder agir daquela forma se ele vier a adquirir o esquema por um processo chamado de acomodao, parte do processo de adaptao, que descrevemos a seguir.

    Do ponto de vista biolgico, a ao, os comportamentos do sujeito, enquanto ele um or-ganismo, so ciclos bioqumicos e os esquemas so uma forma geral desses ciclos.

    Esses ciclos (nas aes) so parte de um ciclo maior (interao sujeito-meio) e dependem portanto do meio em que o sujeito-organismo vive. Ao agir, o sujeito-organismo incorpora

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    cada vez mais elementos s suas aes, ou ainda, aos seus ciclos, os esquemas de ao, o que Piaget chama de assimilao. Por exemplo, o beb suga o dedo, a mamadeira, pega o cobertor, olha para a lmpada, etc., nesse sentido, podemos dizer que o dedo e a mamadeira so assi-milados pelo esquema de sugar, o cobertor assimilado pelo esquema de pegar, a lmpada assimilada pelo esquema de olhar, etc.

    Do mesmo modo, o sujeito-organismo modifica sua forma de agir aperfeioando suas aes ou criando novas aes, ou seja, aperfeioa seus esquemas ou cria novos esquemas; Piaget cha-ma de acomodao essa mudana na forma da ao. Assim, a acomodao nada tem de passiva, um processo realizado ativamente pelo sujeito-organismo de modificao de suas prprias formas de ao.

    Para Piaget o processo de adaptao do sujeito-organismo ao meio se d atravs desses dois aspectos complementares e indissociveis: assimilao e acomodao. Assim, ao agir, segundo seus esquemas de ao, por um lado, o sujeito incorpora objetos do meio (assimila) aos seus esquemas e, por outro lado, modifica seus esquemas (acomoda), e, portanto, realiza uma adap-tao, modificando-se e modificando o prprio meio (pois, como vimos, a ao interao entre organismo e meio).

    O conjunto coordenado de todos os esquemas de ao de um sujeito-organismo chamado de sistema de esquemas de ao do sujeito-organismo.

    De forma geral, podemos dizer que o sistema de esquemas de ao de um sujeito-organis-mo em um determinado momento estabelece o conjunto de aes que o sujeito-organismo pode realizar naquele momento.

    Com o desenvolvimento das estruturas mentais, a partir das trocas com o meio, o sujeito epistmico vai diferenciando e coordenando suas aes e com isso vai diferenciando e coorde-nando seus esquemas de ao. Assim, o sistema de esquemas de ao do sujeito epistmico vai se complexificando, desde o nascimento at a idade adulta.

    Na medida em que o sistema de esquemas de ao vai se complexificando, vemos que o sujeito epistmico vai organizando cada vez mais o mundo que o cerca para si mesmo; vai realizando, como diz Piaget, a construo do real para si prprio.

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    No prximo tpico, veremos, em linhas gerais como se d esse desenvolvimento.

    4.6 Os perodos da construo das estruturas necessrias ao conhecimento

    Vimos, no tpico, que o sistema de esquemas de ao vai se complexificando com o desen-volvimento do sujeito epistmico. Posteriormente, essa complexificao do sistema de ao tornar o sujeito capaz de realizar operaes sobre representaes e se constituir como um sistema de esquemas de aes e de operaes que o sujeito epistmico consegue realizar.

    No vamos aqui entrar no detalhe de como se d esse processo de construo do sistema de esquema de aes e operaes; vamos apenas expor abaixo, de forma geral e esquemtica, os perodos de formao do sistema de esquema de aes e operaes e algumas de suas carac-tersticas gerais, estudado em detalhes por Piaget (tanto do ponto de vista experimental como terico)3.

    (I) No incio, h a constituio do sistema de esquemas de aes sensrio-motoras (o termo sensrio-motor indica que cada ao forma um todo indissocivel percepo-movimento e que a criana, neste estgio, adquire um conhecimento prtico, isto , um saber fazer).

    (II) Posteriormente, o sujeito epistmico ser capaz de representar situaes e os objetos e seu comportamento reflete ento essa capacidade (por exemplo, a criana capaz de repre-sentar uma situao de almoo brincando de dar comidinha a sua boneca ou uma situao de guerra por meio de uma batalha entre guerreiros; capaz de contar uma histria sobre aquilo que viveu em seu dia; etc.).

    (III) Mais adiante, o sujeito epistmico se torna capaz de agir internamente sobre suas representaes e se torna capaz de representar mais adequadamente sua realidade, como, por exemplo, o espao a sua volta, causalidade, conservao (da substncia, do peso, dos nmeros, das classes lgicas, das relaes de maior e menor, etc.), etc.; Piaget chama de ope-rao essa ao interior.

    (VI) Por fim, passa a ser capaz de representar qualquer coisa por signos (por exemplo, por palavras, letras, etc.) e a agir interiormente (operar) sobre esses signos.

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    Assim, podemos, esquematicamente, dispor os quatro grandes perodos de constituio das estruturas necessrias ao conhecimento e suas caractersticas gerais, como no quadro abaixo, lem-brando que o ltimo perodo propicia os elementos necessrios ao conhecimento cientfico4.

    Perodo Caracterstica Geral

    I. Perodo Sensrio-Motor Constituio do sistema de esquemas de ao

    II. Perodo Pr-Operatrio Consolidao da capacidade de representao(mas sem operaes sobre as representaes)

    III. Perodo Operatrio Concreto Constituio do sistema de esquemas de operaes sobre representaes figurativas de objetos concretos

    VI. Perodo Operatrio Formalou Hipottico-Dedutivo

    Constituio do sistema de esquemas de operaessobre signos (que podem representar qualquer coisa)

    Tabela 1: Os grandes perodos de constituio das estruturas necessrias ao conhecimento.

    Exposto a formao do sistema de esquemas de aes e operaes, podemos considerar um dos resultados centrais das Epistemologia e Psicologia Genticas:

    Algo s tem significao para o sujeito epistmico se for assimilado pelo seu sistema de esquemas de aes e operaes5.

    Ou seja, algo s ter significao para o sujeito epistmico na medida em que o sujeito usar ou imaginar ou teorizar sobre esse algo ou sobre o que esse algo pode fazer em relao aos outros elementos.

    Assim, para Piaget, o conhecimento, mesmo o mais abstrato, tem que estar sempre rela-cionado a aes possveis de serem realizadas. Nesse sentido, algo que decoramos sem saber o significado, isto , sem saber sua traduo em termos de aes possveis, no para Piaget conhecimento.

    Terminada essa descrio geral da Epistemologia Gentica, vejamos, no prximo tpico, como a Epistemologia Gentica est relacionada Cincia Contempornea.

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    4.7 Epistemologia Gentica e conhecimento cientfico

    Vamos, neste tpico, mostrar, em linhas gerais, como, segundo a Epistemologia Gentica, no Perodo Formal ou Hipottico-Dedutivo, o ser humano se torna capaz de fazer Cincia.

    Vimos, no tpico anterior, que, no Perodo Hipottico-Dedutivo ou Perodo das Operaes Formais, o sujeito capaz de operar sobre signos, ou melhor, a existncia de sistema de opera-es sobre signos a principal caracterstica desse ltimo perodo.

    Estudamos, no tema anterior, como a Cincia pode ser caracterizada pela construo de modelos e que os modelos podem ser considerados sistemas de operaes sobre signos, con-forme o diagrama abaixo, chamado de Diagrama R.

    Significados Signos

    Aes e Operaes sobre e dos significados

    Operaes

    sobre signosDiagrama 1: o Diagrama R para Signos.

    Um exemplo dado, no tema anterior, foi o da estrutura da molcula de gua (H-O-H) e de sua constituio a partir da combusto do gs hidrognio (H-H), na presena do gs oxignio (O=O), pela equao qumica:

    H-H + O=O + H-H H-O-H + H-O-H

    Correlacionando o exemplo dado com as estruturas construdas no Perodo Operatrio Formal ou Hipottico dedutivo pelo sujeito epistmico (ou seja, os sistemas de esquemas de operaes sobre signos) temos que, no caso acima, realizamos operaes sobre signos para repre-sentar aes que as molculas exercem umas sobre as outras, resultando as molculas de gua. Ou seja, somos capazes de entender a estrutura da molcula de gua e sua constituio, a partir da reao representada acima, porque somos capazes de realizar operaes sobre signos e de relacionar essas operaes com as aes que podemos fazer sobre as substncias que tm essas molculas ou com as aes que as molculas exercem umas sobre as outras.

    importante salientar que essas operaes sobre signos determinam aes possveis que

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    podemos fazer (por exemplo, pr fogo no gs hidrognio, na presena do gs oxignio, para obter gua), bem como organizam operaes sobre nossas outras representao (como as figu-rativas, quando desenhamos essas molculas, por exemplo), pois como dissemos, para Piaget, o conhecimento tem que estar relacionado a aes possveis de serem realizadas.

    Vemos assim como, no Perodo Hipottico-Dedutivo ou das Operaes Formais, temos a capacidade de construir e entender modelos e, portanto, de fazer cincia, como caracterizada no tema anterior desta disciplina.

    Conclumos ento este texto esperando ter conseguido dar uma ideia de como a Episte-mologia Gentica faz um estudo detalhado da constituio das estruturas necessrias ao co-nhecimento e se constitui como uma das grandes realizaes contemporneas em Teoria do Conhecimento e em Epistemologia, que permite explicar de forma detalhada como ns, seres humanos, somos capazes de construir teorias e modelos cada vez mais explicativos da Reali-dade e, consequentemente, entender cada vez melhor nossa Realidade.

    Referncias BETH, Everte W.; PIAGET, Jean. pistmologie mathematique et psychologie. Paris: P.U.F., 1961. (tude dpistmologie gntique, v. 14).

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    PIAGET, Jean. Introduction a lpistmologie gntique. Paris: P.U.F., 1950.

    ______. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1967.

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    PIAGET, Jean; INHELDER, Brbel. A psicologia da criana. So Paulo: Difel, 1986.

    RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zelia, Piaget. Modelo e estrutura. Rio de Janeiro: Jos Olmpio, 1972.

    http://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Filosofia/Dissertacoes/latansio_vd_me_mar.pdfhttp://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Filosofia/Dissertacoes/latansio_vd_me_mar.pdf

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    Notas1. Mais exatamente, o interesse de Piaget pela Filosofia se iniciou no vero de 1911, quando aos 15 anos, s margens do lago Annecy, na Suia, seu padrinho, homem de letras preocupado com a excessiva especializao em Biologia do afilhado (que poca j publicara seu primeiro artigo sobre malacologia), explicou-lhe A Evo-luo Criadora, do filsofo francs Henri Bergson (1859-1941). Esse contato com a Filosofia exerceu verdadeiro fascnio sobre Piaget e ele prprio nos conta (1983, p. 72): De volta vida escolar, havia tomado minha deciso: consagraria minha vida a filosofia [...].

    2. A obra Introduo Epistemologia Gentica, que funda a Epistemologia Gentica, s veia a ser publicada em 1950, 38 anos depois do incio de sua carreira; entretanto, no Prefcio dessa obra, Piaget salienta: [] se nos abstemos de generalizaes excessivamente rpidas, quanto constituio dessa epistemologia gentica, da qual hoje ensaiamos fixar os lineamentos, jamais perdemos de vista um tal fim.

    3. Para uma viso geral de como se d o processo de constituio do sistema de esquemas de aes e operaes, consultar as obras: Ramozzi-Chiarottino (1972) e Piaget (1967, cap. 1), Piaget e Inhelder (1986), e A Episte-mologia Gentica de Piaget (1983).

    4. Para uma viso geral, consulte Piaget e Inhelder (1986) e Piaget (1983, p. 6-30; p. 235-241).5. Para um estudo detalhado sobre o conceito de significao em Epistemologia Gentica veja Latansio (2010).

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    Ficha da Disciplina:

    Lgica e Filosofia da Cincia

    Ricardo Pereira Tassinari

    Jzio Hernani Bomfim Gutierre

    http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4797611P9http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4783964T1http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4797611P9http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4783964T1

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    Apresentao dos professores-autores:Ricardo Pereira Tassinari: Professor assistente doutor do Departamento de Filosofia

    da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP) e pesquisador junto ao Centro de Lgica, Epistemologia e Histria da Cincia (CLECH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atua na rea de Lgica, Filosofia da Cincia e Teoria do Co-nhecimento. Possui doutorado em Filosofia pela UNCAMP (2003), mestrado em Psicologia pela Universidade de So Paulo (USP) (1998), graduao em Fsica (Bacharelado) pela UNI-CAMP (1992), com iniciao cientfica em Lgica-Matemtica, e graduao em Matemtica (60%, Bacharelado, no concludo) pela UNICAMP (1994). Realizou em 2010, ps-doutora-do nos Arquivos Jean Piaget da Universidade de Genebra.

    Jzio Hernani Bomfim Gutierre: Possui graduao pela Universidade de So Paulo (1977), mestrado em Filosofia pela University of Cambridge (1994) e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual e Campinas (2000). Atualmente professor doutor do Depar-tamento de Filosofia e do Programa de Ps-Graduao em Filosofia da Unesp. Realiza pes-quisas na rea de epistemologia, atuando principalmente nas seguintes reas: epistemologia, filosofia da cincia, falsificacionaismo, e ontologia da cincia. Desde 2001 exerce a funo de Editor Executivo da Fundao Editora da Unesp.

    Ementa:A disciplina, dividida em quatro temas, trata de questes atuais em Lgica e Filosofia da

    Cincia. No Tema 1, tratada a questo da Lgica como um clculo raciocinador, algumas de suas consequncias e limites dessa concepo. No Tema 2, abordado a necessidade de carac-terizao do que cincia, o critrio de falsificabilidade do filsofo da cincia Karl Popper e algumas consequncias de sua reflexo. No Tema 3, discutida a concepo de cincia do fil-sofo da cincia Gilles-Gaston Granger e algumas consequncias dessa concepo, incluindo a questo da existncia de limites Cincia. No Tema 4, se aborda a Epistemologia Gentica do epistemlogo e psiclogo Jean Piaget, a concepo geral da rea como Epistemologia e Teoria do Conhecimento e a sua relao com a Psicologia Gentica de Jean Piaget.

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    Estrutura da Disciplina

    Lgica e Filosofia

    da Cincia

    Tema 1 A Lgica como Clculo Raciocinador

    1.1 - O Incio da Lgica

    1.2 - A Lgica como Calculus Ratiocinator

    1.3 - A Lgica como um clculo raciocinador: consequncias e limites

    Tema 2 Falsificacionismo

    2.1 - Por que uma definio de cincia importante?2.2 - O aspecto lgico do critrio de falsificabilidade2.3 - O aspecto metodolgico do critrio de falsificabilidade

    2.4 - O mtodo falsificacionista

    2.5 - A generalizao do falsificacionismo

    Tema 3 A cincia contempornea e a noo de modelo

    3.1 - Como a Realidade?

    3.2 - A caracterizao da Cincia emprica segundo Granger: os modelos

    3.3 - A verificao do conhecimento cientfico

    3.4 - Consequncias da definio de Cincia e a impossibilidade de um nico modelo da Realidade

    Tema 4 A Epistemologia Gentica

    4.1 - Viso geral

    4.2 - O incio da Epistemologia Gentica: as questes de fato sobre o conhecimento4.3 - Epistemologia Gentica e Psicologia Gentica

    4.4 - Biologia e conhecimento

    4.5 - O sistema de esquemas de ao

    4.6 - Os perodos da construo das estruturas necessrias ao conhecimento4.7 - Epistemologia Gentica e conhecimento cientfico

  • Pr-Reitora de Ps-graduaoMarilza Vieira Cunha Rudge

    Equipe CoordenadoraElisa Tomoe Moriya Schlnzen

    Coordenadora Pedaggica

    Ana Maria Martins da Costa SantosCludio Jos de Frana e Silva

    Rogrio Luiz Buccelli

    Coordenadores dos CursosArte: Rejane Galvo Coutinho (IA/Unesp)

    Filosofia: Lcio Loureno Prado (FFC/Marlia)Geografia: Raul Borges Guimares (FCT/Presidente Prudente)

    Antnio Cezar Leal (FCT/Presidente Prudente) - sub-coordenador Ingls: Mariangela Braga Norte (FFC/Marlia)

    Qumica: Olga Maria Mascarenhas de Faria Oliveira (IQ Araraquara)

    Equipe Tcnica - Sistema de Controle AcadmicoAri Araldo Xavier de Camargo

    Valentim Aparecido ParisRosemar Rosa de Carvalho Brena

    Secretaria/AdministraoMrcio Antnio Teixeira de Carvalho

    NEaD Ncleo de Educao a Distncia(equipe Redefor)

    Klaus Schlnzen Junior Coordenador Geral

    Tecnologia e InfraestruturaPierre Archag Iskenderian

    Coordenador de Grupo

    Andr Lus Rodrigues FerreiraGuilherme de Andrade Lemeszenski

    Marcos Roberto GreinerPedro Cssio Bissetti

    Rodolfo Mac Kay Martinez Parente

    Produo, veiculao e Gesto de materialElisandra Andr Maranhe

    Joo Castro Barbosa de SouzaLia Tiemi Hiratomi

    Liliam Lungarezi de OliveiraMarcos Leonel de Souza

    Pamela GouveiaRafael Canoletti

    Valter Rodrigues da Silva

    Marcador 1Vdeo da SemanaA Epistemologia Gentica4.1 Viso geral4.2 O incio da Epistemologia Gentica: as questes de fato sobre o conhecimento.4.3 Epistemologia Gentica e Psicologia Gentica4.4 Biologia e conhecimento.4.5 O Sistema de esquemas de ao4.6 Os perodos da construo das estruturas necessrias ao conhecimento4.7 Epistemologia Gentica e conhecimento cientfico

    RefernciasNotas

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