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Acta Scientiae Veterinariae ISSN: 1678-0345 [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil Faria Orlandini, Carla; Alberton, Luiz Romulo; Steiner, Denis; Giarola Boscarato, André; Del Conte Martins, William; Coelho Gimenes, Gabriel; Tramontin Belettini, Salviano Imobilização com muleta de Thomas modificada e gesso sintético para reparação de fraturas de ossos longos em grandes animai Acta Scientiae Veterinariae, vol. 43, 2015, pp. 1-7 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=289039764001 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Acta Scientiae Veterinariae

ISSN: 1678-0345

[email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do

Sul

Brasil

Faria Orlandini, Carla; Alberton, Luiz Romulo; Steiner, Denis; Giarola Boscarato, André;

Del Conte Martins, William; Coelho Gimenes, Gabriel; Tramontin Belettini, Salviano

Imobilização com muleta de Thomas modificada e gesso sintético para reparação de

fraturas de ossos longos em grandes animai

Acta Scientiae Veterinariae, vol. 43, 2015, pp. 1-7

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=289039764001

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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Acta Scientiae Veterinariae, 2015. 43(Suppl 1): 82.

CASE REPORT Pub. 82

ISSN 1679-9216

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Received: 18 November 2014 Accepted: 4 May 2015 Published: 3 June 2015

1Programa de Mestrado em Ciência Animal & 2Programa de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Paranaense (UNIPAR), Umuarama, PR, Brazil. CORRESPONDENCE: L.R. Alberton [[email protected] - Tel: +55 (44) 3621-2828 ramal 1350]. Programa de Pós-graduação, Mestrado em Ciência Animal, UNIPAR. Rua Praça Mascarenhas de Moraes n°4282, Bairro Zona III. CEP 87502-210 Umuarama, PR, Brazil.

Imobilização com muleta de Thomas modificada e gesso sintético para reparação de fraturas de ossos longos em grandes animais

Immobilization with Modified Thomas Splint and Synthetic Casting for Long Bone Fracture Correction in Large Animals

Carla Faria Orlandini1, Luiz Romulo Alberton1, Denis Steiner1, André Giarola Boscarato1, William Del Conte Martins1, Gabriel Coelho Gimenes1 & Salviano Tramontin Belettini2

ABSTRACT

Background: Several techniques have been used for the treatment of fractures in large animals, once these animals are frequently subject to trauma that interrupts bone continuity, especially in long bones. The choice for the technique depends on the configuration of the fracture, damage to the adjacent tissue, and presence or absence of bone exposure. The success of the modified Thomas splint, associated to synthetic casting has been reported in several studies. However, there still are restrictions to the use of this technique. Thus, the objective of the present study is to report the use of immobilization by the modified Thomas splint, coupled with synthetic casting, for the treatment of fractures in long bones of bovine and equine animals.Cases: The five animals were treated at the Veterinary Hospital of the Universidade Paranaense, being four bovines and one equine, all presenting fractures in long bones, resulting from accidental trauma. The equine, weighting 300 kg, presented fracture in the third metacarpal bone, previously submitted to immobilization through external fixation type II. Three bo-vines, weighting 50, 200, and 500 kg, presented fractures in the metacarpals, with the smallest presenting exposed fracture, another bovine, weighting 300 kg, presented fractures in the radius and ulna. The animals were examined and submitted to sedation and anesthesia for manual reduction of the fracture and immobilization. For such, the animals were placed in lateral decubitus, and the hurt member was covered in tubular mesh and bandage for synthetic casting. Afterwards it was placed a steel frame molded according to the limb anatomy, from the hoof to the elbow of the animal, in a way which the frame itself prevented the animal to touch the ground. In one of the bovines it was necessary to extend the steel frame above the olecranon due to fracture extensiveness. Radiographies for assessment of the technique were produced every 15 days after the procedure, and have shown complete realignment and bone reconstruction sufficient for splint removal after a period that varied from 45 to 75 days.Discussion: Immobilization was easily performed in all cases reported, being a procedure applicable in field situations. The use of synthetic casting for the fracture immobilization in equines and bovines, coupled with several other techniques for internal or external fixation, provides light weight, resistance and water resistance to the system. In this study it was observed in all cases the adequate stability in the fracture line, support and unimpeded locomotion, as well as perfect consolidation of the fractures in animals of a broad spectrum of body weights. No claudication was observed, with excep-tion for case 1, which, due to the size of the bone callus, a very mild claudication persisted. In this case the animal could not be used for sports anymore, but was kept for breeding. Case 4, despite the severeness and height of the fracture, had complete recovery, and could return to sportive activities, being a rodeo bull. All the other animals had normal zootechnical performance and were kept in their respective herds. These results were accomplished without the common complications related to the use of plates, screws, and pins, that cause migrations, osteolysis, and osteitis. The use of modified Thomas splint coupled with synthetic casting presents itself as an effective technique for the immobilization of long bone fractures in large animals, promoting an easily applicable and low cost treatment.

Keywords: bovine, equine, fracture, immobilization, orthopedics.Descritores: bovino, equino, fratura, imobilização, ortopedia.

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C.F. Orlandini, L.R. Alberton, D. Steiner, et al. 2015. Imobilização com muleta de Thomas modificada e gesso sintéticopara reparação de fraturas de ossos longos em grandes animais. Acta Scientiae Veterinariae. 43(Suppl 1): 82.

INTRODUÇÃO

As fraturas de ossos longos ocorrem com relativa frequência em animais de grande porte [9] acarretando significativas perdas econômicas para a pecuária nacional [10], já que os elevados custos impli-cados no tratamento refletem na opção pela eutanásia [9]. No entanto, animais de alto valor econômico, estimulam o investimento em pesquisas e a utilização de efetivas técnicas para a correção de fraturas [10]. Nos últimos anos várias técnicas têm sido utilizadas no tratamento de fraturas em animais de grande porte, no entanto, ainda persiste a falta de dispositivos de fixação adequados e desenvolvidos especificamente para esses animais [3]. Relata-se o uso de gesso até o carpo/tarso ou por toda a extensão do membro [1], aparelho modificado de Thomas associado ou não à tala de gesso [6], utilização de parafusos, pinos intra-

medulares e placas ortopédicas [7], haste intramedular bloqueada [11] e fixação externa [4]. O sucesso do uso da muleta de Thomas modificada, associada ao gesso, tem sido relatado por diversos autores e, muitas vezes, é a opção de escolha em comparação com técnicas de fixação interna. Com base nisto, o presente trabalho tem como objetivo relatar cinco casos das espécies bovina e equina que apresentavam fratura decorrente de trauma, corrigidas com a utilização de muleta de Thomas modificada e gesso sintético, enfatizando a empregabilidade da técnica.

CASOS

Os cinco casos atendidos no Hospital Vete-rinário da Universidade Paranaense e tratados com a imobilização tipo muleta de Thomas modificada asso-ciada a gesso sintético estão sumarizados na Tabela 1.

Tabela 1. Relação dos cinco animais com fraturas de ossos longos imobilizadas com muleta de Thomas modificada associada a gesso sintético.

Caso Espécie Raça SexoIdade

(Meses)Peso (kg)

Diagnóstico

1 Equina*Quarto

de MilhaF 16 300

Fratura fechada, completa, múltipla e oblíqua com dois fragmentos grandes e parcialmente coaptados, em terço médio do osso metacárpico III do membro esquerdo, não havendo comprometimento da articulação do carpo.

2 BovinaSem Raça Definida (SRD)

M 48 500Fratura fechada, completa, cominutiva e diafisária em metacarpo do membro esquerdo (Figura 1).

3 Bovina Nelore F 12 200Fratura fechada, completa e diafisária em metacarpo do membro esquerdo

4 Bovina SRD M 24 300Fratura fechada, completa e diafisária em rádio e ulna do membro direito (Figura 2).

5 Bovina Girolanda F 2 50Fratura aberta, completa e epifisária em metacarpo do membro direito

*Animal submetido anteriormente à fixação externa tipo II.

Após a anamnese, exame físico e radiográfico os animais foram submetidos à sedação e anestesia. Para os bovinos, utilizou-se xilazina [Vibaxyl®]1 (0,02 mg/Kg), por via intravenosa (IV), como medicação pré-anestésica e cetamina [Francotar®]1 (1 mg/Kg), IV, associada a diazepan [Compaz®]2 (0,1 mg/kg), IV, para indução à anestesia geral, realizada através de bolus intravenosos de cetamina. Para o equino utilizou-se, como medicação pré-anestésica, xilazina1 (1 mg/kg),

IV, e para a indução anestésica, utilizou-se cetamina (2 mg/kg) e diazepan (0,1 mg/kg), ambos IV. Após a indução o equino foi mantido em anestesia geral rea-lizada com bolus intravenosos de cetamina.

Para a imobilização do membro fraturado os animais foram mantidos em decúbito lateral para re-dução manual da fratura, seguida de imobilização com muleta de Thomas modificada e gesso (Figura 3). Para isso, o membro acometido foi revestido com malha

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tubular (06 cm/15 m), ataduras de algodão ortopédico (10 cm/1,8 m), ataduras de crepom (10 cm/1,8 m), fixadas com esparadrapo, e duas ataduras gessadas sintéticas [Hygia Cast®]3 (10 cm/3,3 m) em fibra de poliéster. Posteriormente realizou-se a colocação de haste metálica de aço (bitola 5/16 cm), moldada de acordo com a anatomia do membro, desde o casco até o cotovelo do animal, de forma que a própria haste impedisse que o membro do animal tocasse o solo (Figura 4). Apenas no caso 4 a haste foi fechada em cima e em baixo, proporcionando apoio escapular, em decorrência da fratura radio-ulnar, sendo colocada até acima do olécrano (Figura 5).

Repetiu-se a aplicação de gesso sintético, sendo, dessa vez, quatro ataduras para fixação da haste e imobilização do membro. Posteriormente ao proce-dimento os animais receberam flunixin meglumine [Banamine®]4 (2,2 mg/kg), por via intramuscular (IM), uma vez ao dia, durante três dias e repouso du-rante todo o período de convalescência. Realizaram-se radiografias para controle da técnica, nas projeções latero-lateral e crânio-caudal, a cada 15 dias após a

imobilização, até quando se constatou total realinha-mento e cicatrização óssea, onde retirou-se a muleta (Figura 6). No caso 1 a técnica de fixação externa tipo II não foi capaz de estabilizar a fratura. Os pinos foram removidos e duas aberturas foram criadas na imobilização, lateral e medialmente, para que fossem realizados curativos diários no local onde foram pas-sados os pinos.

Já no caso 5 foi deixada apenas uma abertura para curativos, na face lateral da imobilização, no ponto onde havia exposição óssea anteriomente. Essas aberturas, após limpezas diárias com iodopovidona tópico, eram protegidas com gazes e esparadrapo. Também, nestes dois casos, foi administrado ceftiofur [Cevaxel®]5 (2 mg/kg), IM, durante duas semanas, para combater a oesteíte. O período de imobilização nos casos 2, 3 e 5 foi de 45 dias. Para o caso 4 o período constitui de 60 dias. Já no caso 1 a imobilização durou 75 dias.

Para remoção das muletas utilizou-se um disco para corte de cerâmicas acoplado a uma furadeira, para corte do gesso, e tesoura para retirada das bandagens.

Figura 1. Fotografia Ilustrativa de um bovino de 48 meses, pesando 500 kg, com fratura completa, cominutiva e fechada de metacarpiano.

Figura 2. Fotografia ilustrativa de radiografia, evidenciando fratura completa, diafisária e cominutiva de rádio e ulna, de um touro de 300 kg de peso vivo.

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Figura 3. Colocação de haste metálica, em um bovino de 500 kg com fratura completa de metacarpiano, sobre a primeira camada da imobilização com a muleta de Thomas modificada.

Figura 4. Fotografia ilustrativa evidenciando a haste metálica utilizada para a imobilização com muleta de Thomas modificada, impedindo que o membro do animal toque o solo.

Figura 5. Fotografia ilustrativa de um bovino, pesando 30 kg, com o mem-bro fraturado imobilizado com muleta de Thomas modificada, e gesso, até a região do olecrano.

Figura 6. Fotografia ilustrativa de uma radiografia de controle evidenci-ando o processo de cicatrização óssea em bovino com fratura completa e cominutiva de rádio e ulna submetido à imobilização com muleta de Thomas modificada, associada ao gesso sintético.

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Figura 7. Fotografia ilustrativa de um bovino de 500 kg apresentando adaptação e apoio sobre o membro imobilizado com a muleta de Thomas modificada, associada ao gesso sintético. .

Figura 8. Fotografia Ilustrativa de um bovino de 12 meses com 200 kg de peso vivo com fratura completa do metacarpo. Após imobilização com muleta de Thomas modificada e gesso sintético apresentando boa adaptação ao equipamento.

Figura 9. Fotografia ilustrativa de um equino, após recuperação de fra-tura em osso metatársico III, logo após a remoção da muleta de Thomas modificada e gesso sintético. Presença de dermatite no membro acometido.

Figura 10. Fotografia ilustrativa de uma bezerra, da raça Nelore, logo após a remoção da muleta de Thomas modificada e gesso sintético para o tratamento de fratura completa de metacarpo, apresentando relaxamento temporário dos tendões.

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DISCUSSÃO

A imobilização foi de fácil execução em to-dos os casos relatados, tornando-se um procedimento aplicável em atendimentos no campo. A utilização de gesso sintético para a imobilização de fraturas em equinos e bovinos vem sendo descrita por vários autores, principalmente em associação a outras téc-nicas como pinos transcorticais e fixadores externos [8,9] e muleta de Thomas modificada [2]. As ataduras gessadas sintéticas têm a característica de originar um material poroso, leve, resistente ao peso, impermeável, de secagem rápida e não interferência na visualização de radiografias [2,9], qualidades observadas nos casos descritos.

Em um caso de utilização de pinos transcor-ticais e gesso sintético para redução de fratura de tíbia em uma bezerra de sete meses de idade, pesando 200 kg, os autores evidenciaram a eficácia da técnica principalmente em relação à necessidade de materiais, instrumentação cirúrgica simples e curto tempo de du-ração do pós-operatório, não observando-se dificuldade em relação à deambulação do animal e complicações da técnica [9]. Porém, em animais com maior peso, há restrição da utilização da mesma. O peso do animal não é fator limitante para a utilização da técnica descrita no presente trabalho, já que os animais dos casos relatados apresentavam peso variado, recuperando-se facilmente das fraturas descritas. As complicações pós-operatórias também são fatores importantes considerados para a escolha da técnica. Os pinos intracorticais podem levar a reações ósseas, como reabsorção e infecção no trajeto do pino, além de grande desconforto para o animal [4]. Tais complicações não foram observadas nos animais submetidos à utilização da muleta de Thomas modi-ficada, com exceção do caso 4, que foi anteriormente submetido à utilização de fixador externo tipo II.

Em um relato de utilização de pinos transcorti-cais e gesso sintético, para o tratamento de fraturas dos metacarpianos III e IV em um bezerro de seis meses de idade, pesando 245 kg, removidos após 43 dias de pós-operatório, o animal apresentou severo descon-forto e decúbito lateral prolongado, a partir do 30° dia, decorrente de osteólise [8]. Todos os animais, dos casos descritos, adaptaram-se rapidamente à muleta, com apoio total sobre o membro, não sendo observado nenhum tipo de desconforto (Figura 7).

Dermatite leve foi observada na região axilar, que ocorreu em função do atrito do material com a pele.

No entanto com curativos locais e colocação de banda-gem de crepom as lesões desapareceram rapidamente.

O controle radiográfico foi possível de ser rea-lizado nos cinco casos e a haste metálica não interferiu na qualidade das imagens. A estabilização das linhas de fraturas foi alcançada de forma plena em todos os casos estudados. Arican et al. [5] obtiveram os mes-mos resultados, de 20 bezerros quando submeteram à correção de fratura com haste intramedular, pois no estudo nenhum animal apresentou complicação pós--operatória, obtendo-se bons resultados clinicamente e radiograficamente.

O período necessário para a cicatrização óssea, suficiente para remoção da muleta, variou entre 45 e 75 dias, que corrobora com os relatos de outros autores que utilizaram pinos transcorticais associados ao gesso sintético [8,9]. O tempo maior foi obtido no caso 1, em função da maior complexidade da fratura e do grau de inflamação e osteíte.

A imobilização realizada com a muleta de Thomas modificada e gesso sintético apresentaram resistência mecânica, impermeabilidade à umidade e boa mobilidade, permitindo que os animais deitassem, levantassem e se locomovessem sem nenhum impedi-mento (Figura 8). Em um estudo referente à utilização de haste intramedular bloqueada, comparando os mate-riais de poliacetal e poliamida, para a imobilização de fratura femural induzida em bezerros, estes materiais não apresentaram resistência suficiente para correção das fraturas [10]. De acordo com os autores um dos fatores que pode ter contribuído para o insucesso da técnica, foi o encurtamento dos membros fraturados, fato não observado nos cinco casos imobilizados de acordo com a técnica já descrita no presente trabalho.

Após a remoção das imobilizações verificou-se dermatite leve apenas no caso 1 (Figura 9), provavel-mente em função de maior tempo de imobilização. To-dos os animais apresentaram relaxamento temporário dos tendões (Figura 10) que retornaram ao normal após 10 dias, a partir da remoção da imobilização.

Também, após este período, não verificou-se claudicação, com exceção do caso 1 que, em função do tamanho do calo ósseo, a claudicação persistiu, embora em grau muito leve. Neste caso o animal não pode ser utilizado para o esporte, mas foi mantido na reprodução. Já o caso 4, apesar da gravidade e a altura da fratura, recuperou-se plenamente e pode retornar às atividades esportivas, já que o animal era utilizado

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como touro de montaria em rodeios. Todos os demais tiveram desempenho zootécnico normal e foram man-tidos nos respectivos rebanhos.

A utilização de muleta de Thomas modificada associada a gesso sintético apresenta-se como uma efetiva técnica para imobilização de fraturas de ossos longos em grandes animais, promovendo um trata-mento de baixo custo e fácil aplicação, podendo ser utilizado por profissionais a campo.

MANUFACTURERS1Virbac. São Paulo, SP, Brazil.2Cristalia. Itapira, SP, Brazil.3Controller Comércio e Serviços LTDA. Florianópolis, SC, Brazil.4Schering Plough. São Paulo, SP, Brazil.5Ceva. Paulínia, SP, Brazil.

Declaration of interest. The authors report no conflicts of interest. The authors alone are responsible for the content and writing of the paper.

REFERENCES

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