Recordações da escolinha

2

Click here to load reader

Transcript of Recordações da escolinha

Page 1: Recordações da escolinha

Recordações da Escolinha

Para quem não sabe – e também para quem sabe – eu frequentei a

Escola Mestre Martins Correia, na Golegã. E tenho, como é óbvio, algumas

recordações. Não são nem boas nem más, são apenas recordações.

Lembro-me de, logo no início, ter medo dos “grandes”. A maior

parte deles tinham mais tamanho em corpo do que em cabeça. Lembro-me

de jogar ao berlinde e de perder. Nunca fui lá muito bom a jogar ao

berlinde. E a perder também não.

Os alunos chamavam – provavelmente ainda chamam – «tios» aos

funcionários. Nunca percebi porquê. Eu também chamava. Mas os filhos

deles nunca foram meus primos.

Lembro-me de ter sido acusado de ter ameaçado telefonicamente a

escola que havia uma bomba. Quando me acusaram nunca me disseram o

que raio disse eu ao telefone. Gostava que me tivessem dito, pois até hoje

nem eu faço ideia.

Recordo-me de ter sido condenado a um processo disciplinar porque

disse que uma professora era parecida com uma foto da Aria Giovanni. E

era mesmo, não estava a mentir. Perguntem aos meus colegas que foram

incriminados comigo. Um abraço para eles. Saudades.

Lembro-me de ver o Saldanha levar porrada de um aluno. O que eu

me ri. Eu e tantos outros. O que eu gostei de ver. E não fui o único. Às

vezes, aqueles que lá estão em cima, é bom que desçam um pouco até cá

abaixo. Não lhes faz mal nenhum e dá saúde à justiça.

Tenho a lembrança de ter havido professores que não gostavam de

mim. Eu muito menos deles. Que estavam bem era no talho, presos pelo

pescoço. Ou pelas patas. Certos alunos eram tratados de maneira diferente

porque os professores gostavam mais deles. Isso irritava-me

Page 2: Recordações da escolinha

profundamente. Mas também houve professores que me marcaram com a

sua sabedoria e boa-disposição e que tratavam toda a gente de maneira

igual. Na Faculdade também é assim: apanha-se de tudo. Os meninos

queridos e tratados de outra forma é que já é mais difícil acontecer. Somos

todos iguais. Lá não éramos.

Não sei como vão as coisas lá para os lados da Escola da Golegã,

mas se continuam como estavam quando eu lá andei, então isso significa

uma coisa: a mesma bóia de sempre.