Reconstrução da Paisagem Pantaneira da Região de Poconé ... · domingos e horários...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Edvaldo José de Oliveira
Reconstrução da Paisagem Pantaneira da Região de Poconé
Durante o Holoceno
Orientadora
Drª. Silane Aparecida Ferreira da Silva Caminha
Co-orientadora
Drª. Raquel Franco Cassino
CUIABÁ
2017
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
REITORIA
Reitora
Profª. Drª. Myrian Thereza de Moura Serra
Vice-Reitor
Prof. Dr. Evandro Aparecido Soares da Silva
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Pró-Reitora
Profª. Drª. Ozerina Victor de Oliveira
FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS
Diretor
Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa
Diretor Adjunto
Prof. Dr. Carlos Humberto da Silva
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Coordenador
Prof. Dr. Ronaldo Pierosan
Vice-Coordenador
Prof. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
iii
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N°
Reconstrução da Paisagem Pantaneira da Região de Poconé
Durante o Holoceno
Edvaldo José de Oliveira
Orientadora
Drª. Silane Aparecida Ferreira da Silva Caminha
Co-orientadora
Drª. Raquel Franco Cassino
CUIABÁ
2017
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geociências da Faculdade de
Geociências da Universidade Federal de Mato
Grosso como requisito parcial para a obtenção
do Título de Mestre em Geociências.
iv
v
Reconstrução da Paisagem Pantaneira da Região de Poconé Durante o Holoceno
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Orientadora: Drª. Silane Aparecida Ferreira da Silva Caminha
_______________________________________
Examinadora Interna (UFMT): Drª. Debora Almeida Faria
_______________________________________
Examinador Externo: Dr. Mario Luis Assine
vi
Ao Pantanal, ao Pantaneiro.
vii
Agradecimentos
Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Geociências, que me legitima a desenvolver
este trabalho. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e a
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT pelo investimento realizado. Agradeço ao Laboratório
de Quimioestratigrafia e Geoquímica Orgânica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
pela disponibilidade com as análises. Ao Laboratório de Geoquímica Orgânica da Universidade
Federal de Ouro Preto – UFOP, pela solicitude com a preparação do material palinológico. Agradeço
também, ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso, ambiente que me forma e exige na mesma
qualidade.
O processo formativo do mestrado é rico em conhecimentos e oportunidades, agradeço ao
Programa de Pós Graduação em Geociências da UFRGS, pelo mundo que se abriu quando do
entendimento, ainda que parcial, da Estratigrafia de Sequências. Professor Claiton Scherer que honra
estar em suas aulas. Agradeço aos colegas do programa que, pouco nos falamos, mas compreendemos
a complexidade que é, para todos, esse processo formativo. Agradeço aos professores que
compuseram os créditos, é uma riqueza poder tê-los como influenciadores da minha personalidade
acadêmica, Afonso Nogueira, Amarildo Ruiz, Ana Costa, Débora Faria, Gislaine Battilani, Lidiane
de Asevedo, Márcia Barros, Raquel Cassino, Ronaldo Pierosan, e Silane Caminha. Agradeço aos
alunos da graduação em Geologia da UFMT, que me oportunizaram a experiência docente, vocês
tiveram as piores aulas que eu posso ministrar (Silva-Caminha, 2010), obrigado pelo feedback.
Agradeço a Silane Caminha, minha orientadora a quem eu devo eterna gratidão, sobre sua
tutela me graduei, especializei e agora finalizamos mais este processo, obrigado por ter tantas virtudes
de um bom docente e a possibilidade do diálogo aberto sempre. Agradeço também ao Jean e Julia a
Fundação Caminha já existe, obrigado por tolerar tanta gente e tanto pólen e tanta pizza em feriados,
domingos e horários (in)oportunos. Agradeço também a Raquel Cassino, co-orientadora que
trabalhou com tanto afinco, obrigado Raquel, aprendi ritmo de laboratório com você, sua dedicação
e rigor científico são referências para mim. Agradeço ao PALMA, esse laboratório vivo e diverso,
obrigado galera, nossas relações são também formadoras, de modo particular, agradeço a Mestra
Karina Kachniasz, você é gigante e a Mariza Rodrigres, queria você no meu time.
Agradeço a toda minha família, pais, tios, primos, padrinhos e afilhados, em especial, Luzia,
dona do barranco todo, Eliane e Lucas, obrigado por suportar minhas inquietações e escolherem
sempre a melhor parte. Agradeço aos meus amigos os de longe, os de muito longe e os de perto,
obrigado por se disporem sempre a escutar as mesmas reclamações e procupações dos últimos
tempos. Agradeço aos amigos que se dispuseram a tomar um café enquanto falávamos sobre o
Pantanal, aos Biólogos, é necessário ouví-los mais. Agradeço ao tradicional povo pantaneiro, que
com seu modo de vida contido, grita valores quase esquecidos.
Agradeço aos colegas de trabalho do CAOP-MPE/MT e Projeto “Água Para o Futuro”, vocês
dignificam o serviço público, em especial ao José Roquette pelo auxílio com os métodos estatísticos,
publicações e clareza metodológica. Agradeço a todos que fizeram esta caminhada, silenciosa e
reservada, onde cada vez mais, fui convencido da pequenez e ousadia do cientista. Aos autores que
escreveram suas obras, onde eu sou convidado a pensar coisas que jamais imaginei existir, minha
eterna gratidão.
Por fim, agradeço a Universidade Federal de Mato Grosso, de modo particular a Faculdade
de Geociências e tudo que ela contempla, inclusive o CEMATEGE. Agradeço a portunidade de
vivenciar o processo de mobilidade social, obrigado por respaldarem a minha formação e fazer meu
discurso considerável. Agradeço também as políticas de inclusão social do governo federal
implementadas durante 13 anos, na certeza de que é necessário avançar, pois não há liberdade maior
pra um ser humano do que oportunidades e não há dignidade maior do que ser livre.
viii
Resumo
O Quaternário é amplamente reconhecido pelas oscilações climáticas ocorridas. No Brasil os
sedimentos da Bacia Sedimentar do Pantanal guardam registros de tais paleoambientes. A bacia está
localizada na região Centro-Oeste do Brasil, nas cabeceiras do Rio Paraguai e possui 150.500 km2 de
área. Preenchida por sedimentos inconsolidados da Formação Pantanal, de espessura máxima inferida
em 550 metros. A origem da Bacia do Pantanal está relacionada à orogênese andina e processos de
dinâmica intraplaca ocorridas no Terciário Superior. O objetivo deste estudo é apresentar as
alterações paleoambientais durante o Holoceno no Pantanal utilizando a palinologia, análises
geoquímica e geocronológica. . O testemunho foi perfurado em Poconé – Mato Grosso, norte da bacia
do Pantanal, coordenadas geográficas 17°19'33.76"S e Longitude 56°48'2.99", com 10.20 m de
profundidade. O carbono orgânico preservado ocorre de modo irregular no testemunho, com valores
de significativa amplitude. O material estudado é essencialmente silicoso com ocorrência substituição
por alumínio no topo, condizente com a granodecrescência ascendente observada no testemunho.
Anomalias de óxido de ferro sugerem a exposição subaérea do ambiente, ou ainda mobilização em
ambiente redutor. da A razão carbono enxofre indica ambiente óxico em toda a seção estudada, infere-
se que as condições de anoxia não estão relacionadas a altura da coluna d’água. A seção estudada tem
idade entre 13.420 – 13.555 cal. A.P. em sua base arenosa com predomínio de plantas de ciclo
fotossintético C3, a palinoflora identificada é essencialmente arbórea na porção datada condizente
com uma fisionomia florestal de cerradão. Os últimos 3.995 anos cal. A.P. é marcado pela saturação
hídrica do ambiente, com predomínio de plantas aquáticas em detrimento às arbóreas, o
fracionamento isopótico indica a presença de plantas CAM sugerindo a ocorrência de períodos de
aridez esporádicos, porém os últimos 1.400 anos A.P. indivíduos herbáceos dominam o ambiente,
subordinadamente arbóreos até o presente.
ix
Abstract
The Quaternary is a period well-known for its climatic oscilations. In Brazil, sediments from
the Pantanal Basin harbour archives of such paleoenvironments. This basin is located in midwestern
Brazil, at the headwaters of the Paraguay River and has and area of 150,500 km2. It is filled with
unconsolidated sediments of the Pantanal Formation with a maximum inferrred thickness of 550
meters. The basin’s origin is related to the Andean orogeny and interplate dynamic processes that
took place during the upper Tertiary. The objective of this study is to present the palaeoenvironmental
evolution of the Pantanal during the Holocene by means of palynology, geochemistry and
geochronology. A sediment core was drilled in Poconé-Mato Grosso, north of Pantanal basin,
geographical coordinates. 17°19'33.76"S and 56°48'2.99", reaching 10.20 m deep. Organic carbon is
irregularly preserved in the studied core, with values ranging widely. Sediments are essentially
silicose with alumnium replacement toward the top, in agreement with the fining upwards section.
Anomalies of iron oxide suggest subaerial exposure or mobilization in a reducing environment. The
carbon-sulfur ratio indicates an oxic environment throughout the section, thus anoxic conditions are
not related to water column depth. Age of the studied core is between 13,420 and 13,555 cal. B.P.
The sandy base has a predominance of C3 plants, the palynoflora is essentially arboreal in the dated
portion of the profile, in agreement with a Cerradão physiognomy. The last 3,995 years cal. B.P. are
characterized by na increase in base level, high abundance of aquatic plants, and isotopic fractionation
indicating CAM plants, what suggests the occurrence of arid periods. However, the last 1,400 years
B.P. are dominated by herbaceous, with subordinate arbroeal elements untill presente day.
x
Lista de Figuras
FIGURA 1 - - Mapa do Pantanal, suas subdivisões e delimitações. 25
FIGURA 2 – Perfil sedimentar da planície do Pantanal de Pconé, Poço PPJ1, com as
profundidades amostradas, bem como idades calibradas, convencionais e
interpoladas.................................................................................................................. 26
FIGURA 3 - Ocorrência comparativa entre carbono e enxofre, onde se observa a
similaridade nas anomalias positivas de carbono........................................................ 27
FIGURA 4 - Teores de SiO2 e Al2O3 no poço PPJ1.... 27
FIGURA 5 - Correlação entre MgO, K2O e Fe2O3........................................................... 28
FIGURA 6 – Diagrama percentual proporcional agrupado por habito da assembleia
palinológica identificada...................................................................................................... 29
xi
Lista de Tabelas
TABELA 1 - - Resultados das análises químicas em porcentagem, para o Poço PPJ1 na
região do Pantanal de Poconé.............................................................................................. 09
TABELA 2 - Agrupamento dos principais parâmetros analisados em cinco fatores.......... 12
TABELA 3 - Agrupamento de todos os parâmetros analisados em cinco fatores.............. 13
TABELA 4 - Resultado da análise de datação por AMS.................................................... 14
xii
Lista de Anexos
ANEXO 1 – Instruções aos autores, Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências
Naturais......................................................................................................... 30
xiii
Sumário
RESUMO ............................................................................................................................................. 2
ABSTRACT ......................................................................................................................................... 2
1.0 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3
1.1Contexto Geológico ............................................................................................................ 4
2.0 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... 5
2.1 Área de estudo .................................................................................................................... 5
2.2 Coleta e preparação das amostras ...................................................................................... 6
2.3 Geoquímica Orgânica ........................................................................................................ 6
2.4 Geoquímica Inorgânica ...................................................................................................... 7
2.5 Datação Radiocarbono ....................................................................................................... 7
2.6 Análise Palinológica .......................................................................................................... 8
3.0 RESULTADOS .............................................................................................................................. 9
3.1 Geoquímica Orgânica e Geoquímica Inorgânica ............................................................... 9
3.2 Datação por radiocarbono ................................................................................................ 14
3.3 Palinologia ....................................................................................................................... 14
4.0 DISCUSSÃO ............................................................................................................................... 15
5.0 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 20
6.0 AGRADECIMENTOS................................................................................................................. 20
7.0 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 20
1
Artigo Científico a ser submetido para publicação no periódico Boletim do Museu Paraense 1
Emílio Goeldi. Ciências Naturais 2
3
Reconstrução da Paisagem Pantaneira da Região de Poconé Durante o Holoceno 4
Reconstruction of the Pantanal Landscape of the Poconé Region During the Holocene 5
6
*Edvaldo José de Oliveira 7
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT / Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 Boa 8
Esperança. CEP:78060-900, Cuiabá-MT / Lab. de Paleontologia - Faculdade de Geociências 9
(FAGEO) Sala 150. 10
E-mail: [email protected] 11
Telefone: (65) 98441-7996 12
13
Silane Aparecida Ferreira da Silva Caminha 14
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT / Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 Boa 15
Esperança. CEP:78060-900, Cuiabá-MT / Lab. de Paleontologia - Faculdade de Geociências 16
(FAGEO) Sala 150. 17
E-mail: [email protected] 18
19
Raquel Franco Cassino 20
Universidade Federal de Ouro Preto –UFOP / Campus Morro do Cruzeiro. CEP:35400-000, Ouro 21
Preto - MG/ Departamento de Geologia – Degeo. 22
E-mail: [email protected] 23
24
2
Reconstrução da Paisagem Pantaneira da Região de Poconé Durante o Holoceno 25
Reconstruction of the Pantanal Landscape of the Poconé Region During the Holocene 26
RESUMO 27
O Quaternário é amplamente reconhecido pelas oscilações climáticas ocorridas. No Brasil os 28
sedimentos da Bacia Sedimentar do Pantanal guardam registros de tais paleoambientes. A bacia está 29
localizada na região Centro-Oeste do Brasil, nas cabeceiras do Rio Paraguai e possui 150.500 km2 de 30
área. Preenchida por sedimentos inconsolidados da Formação Pantanal, de espessura máxima inferida 31
em 550 metros. A origem da Bacia do Pantanal está relacionada à orogênese andina e processos de 32
dinâmica intraplaca ocorridos no Terciário Superior. O objetivo deste estudo é apresentar as 33
alterações paleoambientais durante o Holoceno no Pantanal utilizando a palinologia, análises 34
geoquímica e geocronológica. . O testemunho foi perfurado em Poconé – Mato Grosso, norte da bacia 35
do Pantanal, coordenadas geográficas 17°19'33.76"S e Longitude 56°48'2.99", com 10.20 m de 36
profundidade. O carbono orgânico preservado ocorre de modo irregular no testemunho, com valores 37
de significativa amplitude. O material estudado é essencialmente silicoso com ocorrência substituição 38
por alumínio no topo, condizente com a granodecrescência ascendente observada no testemunho. 39
Anomalias de óxido de ferro sugerem a exposição subaérea do ambiente, ou ainda mobilização em 40
ambiente redutor. da A razão carbono enxofre indica ambiente óxico em toda a seção estudada, infere-41
se que as condições de anoxia não estão relacionadas a altura da coluna d’água. A seção estudada tem 42
idade entre 13.420 – 13.555 cal. A.P. em sua base arenosa com predomínio de plantas de ciclo 43
fotossintético C3, a palinoflora identificada é essencialmente arbórea na porção datada condizente 44
com uma fisionomia florestal de cerradão. Os últimos 3.995 anos cal. A.P. é marcado pela saturação 45
hídrica do ambiente, com predomínio de plantas aquáticas em detrimento às arbóreas, o 46
fracionamento isopótico indica a presença de plantas CAM sugerindo a ocorrência de períodos de 47
aridez esporádicos, porém os últimos 1.400 anos A.P. indivíduos herbáceos dominam o ambiente, 48
subordinadamente arbóreos até o presente. 49
Palavras-chave: Bacia do Pantanal, geoquímica, Holoceno, Pantanal de Poconé. 50
ABSTRACT 51
The Quaternary is a period well-known for its climatic oscilations. In Brazil, sediments from the 52
Pantanal Basin harbour archives of such paleoenvironments. This basin is located in midwestern 53
Brazil, at the headwaters of the Paraguay River and has and area of 150,500 km2. It is filled with 54
unconsolidated sediments of the Pantanal Formation with a maximum inferrred thickness of 550 55
3
meters. The basin’s origin is related to the Andean orogeny and interplate dynamic processes that 56
took place during the upper Tertiary. The objective of this study is to present the palaeoenvironmental 57
evolution of the Pantanal during the Holocene by means of palynology, geochemistry and 58
geochronology. A sediment core was drilled in Poconé-Mato Grosso, north of Pantanal basin, 59
geographical coordinates. 17°19'33.76"S and 56°48'2.99", reaching 10.20 m deep. Organic carbon is 60
irregularly preserved in the studied core, with values ranging widely. Sediments are essentially 61
silicose with alumnium replacement toward the top, in agreement with the fining upwards section. 62
Anomalies of iron oxide suggest subaerial exposure or mobilization in a reducing environment. The 63
carbon-sulfur ratio indicates an oxic environment throughout the section, thus anoxic conditions are 64
not related to water column depth. Age of the studied core is between 13,420 and 13,555 cal. B.P. 65
The sandy base has a predominance of C3 plants, the palynoflora is essentially arboreal in the dated 66
portion of the profile, in agreement with a Cerradão physiognomy. The last 3,995 years cal. B.P. are 67
characterized by na increase in base level, high abundance of aquatic plants, and isotopic fractionation 68
indicating CAM plants, what suggests the occurrence of arid periods. However, the last 1,400 years 69
B.P. are dominated by herbaceous, with subordinate arbroeal elements untill presente day. 70
Key words: Pantanal Basin, geochemistry, Holocene, Pantanal de Poconé. 71
72
1. INTRODUÇÃO 73
Alterações climáticas são registradas desde o Pré-Cambriano, em diferentes escalas, os 74
processos de modificações ambientais estão em atuação até o presente, de forma que a reconstrução 75
de paleoambientes explicita as diferentes condicionantes. Seja no passado distante ou mesmo no 76
Quaternário, mudanças climáticas figura entra as mais difundidas temáticas científicas. 77
O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (Intergovernamental Panel on Climate 78
Change – IPCC).expressa em seus relatórios evidências de causas antrópicas nas modificações 79
climáticas. O Quaternário é marcado por mudanças climáticas que ocasionaram longos períodos de 80
aridez intercalados por intervalos mais úmidos. No Pantanal, as principais transformações ocorreram 81
nos últimos 30 mil anos culminando na paisagem encontrada atualmente (Ab’Sáber, 1988). 82
A Bacia sedimentar do Pantanal, seu posicionamento geográfico e as consequentes relações, 83
seja com os leques aluviais intrabacinais, com o Linamento transbrasiliano ao sul e sudeste ou ainda 84
com os altos estruturais que delimitam a bacia, podem explicitar também os agentes geológicos 85
condicionantes da paisagem atual (Paranhos et al., 2013). Estudos paleoclimáticos em localidades do 86
4
Cerrado próximas ao Pantanal sugerem que o cenário conhecido globalmente para final do 87
Pleistoceno e Holoceno também deixaram seus registros na parte central da América do Sul (Salgado-88
Laboriau, 1994). A análise dos sedimentos da Bacia do Pantanal indica ciclicidade de eventos, 89
relacionada, possivelmente, às oscilações climáticas do Quaternário (Almeida, 1959; Assine, 2003). 90
Os trabalhos paleoclimáticos realizados no Cerrado e Pantanal utilizaram estudos 91
palinológicos em lagoas ou veredas, apresenta-se neste trabalho evidências de modificações 92
paleoambientais durante o Holoceno, utilizando análise da composição química orgânica e 93
inorganica, geocronologia, fracionamento isotópico de Carbono (C) e a Palinologia. 94
1.1 – Contexto geológico 95
A Bacia Sedimentar do Pantanal está localizada na região centro-oeste do território brasileiro, 96
englobando os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso no Brasil alcançando porções pouco 97
expressivas da Bolívia e do Paraguai. Com uma área de aproximadamente 150.500 km2 (Padovani, 98
2010), a bacia é limitada a leste por rochas paleo-mesozoicas da Bacia do Paraná, constituindo os 99
planaltos Taquari-Itiquira e Maracaju – Campo Grande. As Serras Residuais do Alto Paraguai, 100
limitam a bacia tanto ao sul, como ao norte, a saber, Serra da Bodoquena e Província Serrana, 101
respectivamente. A oeste rochas neoproterozoicas levemente deformadas do Grupo Corumbá 102
delimitam a bacia, consistindo no alto topográfico denominado Maciço de Urucum - Amolar 103
(Schobbenhaus & Bellizzia 2000) (figura 1). 104
O embasamento da Bacia do Pantanal é composto por rochas do Grupo Cuiabá em 105
discordância com rochas do Grupo Corumbá e do Complexo Rio Apa a oeste da bacia, e o 106
preenchimento sedimentar se dá pelos sedimentos inconsolidados da Formação Pantanal (Oliveira & 107
Leonardo, 1943), que recobre as unidades neoproterozoicas. O empilhamento sedimentar apresenta 108
granodecrescência ascendente, de natureza arenosa fina a síltico-argilosa, raros cascalhos e 109
conglomerados (Almeida, 1945). Subordinadamente ocorrem coberturas detrito-lateríticas 110
ferruginosas, e arenitos com cimento salino ou limonítico (Cunha, 1943). 111
A Formação Pantanal, inicialmente descrita por Oliveira & Leonardo (1943) para depósitos 112
comuns em planície de inundação apresenta três fácies: 1) Depósitos Coluvionares referem-se à 113
planície aluvial antiga, de composição areno-conglomerático e parcialmente laterizados. 2) Terraços 114
Aluvionares caracterizam a planície aluvial sub-recente, compondo a maior área de distribuição na 115
bacia, constituída por sedimentos areno-argilosos, parcialmente inconsolidados e laterizados. Nesta 116
unidade se distinguem os terraços emersos representados pelas cordilheiras. 3) Depósitos Aluvionares 117
5
corresponde aos aluviões atuais, e desta forma, à porção do topo do empilhamento, de composição 118
pelítico-arenosa, e subordinadamente cascalhos nas calhas dos rios (Franco & Pinheiro, 1982). 119
O trato deposicional atual ocorre em ambiente fluvial e lacustre, por um sistema de leques 120
aluviais, dentre eles o leque do Rio Taquari. No entanto, os leques aluviais dos rios Cuiabá, 121
Aquidauana e São Lourenço, desempenham importante papel na dinâmica intrabacinal (Assine, 122
2003). 123
A compartimentação da referida bacia vem sendo objeto de constantes proposições (Adámoli, 124
1982; Brasil & Alvarenga, 1988; Silva & Abdon, 1988; Hamilton et al., 1996; Assine, 2003; 125
Padovani, 2010). Para este trabalho, adotou-se em partes a divisão proposta por Padovani (2010) que 126
propõe 25 sub-regiões. Tais proposições foram embasadas na dinâmica de inundações, fontes de água, 127
constatação de sincronia de inundação com sub-regiões vizinhas, bem como, na compartimentação 128
geomorfológica. Desta forma, a área estudada situa-se nas sub-regiões Cuiabá e São Lourenço – 129
Norte, também conhecida como Pantanal de Poconé (Adámoli, 1982). 130
131
FIGURA 1 132
133
2. MATERIAIS E MÉTODOS 134
2.1 - Área de estudo 135
O presente estudo utilizou-se de um poço denominado PPJ1 (Poço Porto Jofre 1) perfurado às 136
margens da rodovia Transpantaneira MT-060 no município de Poconé - Mato Grosso, na região de 137
Porto Jofre, nas coordenadas Latitude 17°19'33.76"S e Longitude 56°48'2.99"O. 138
Situado na porção sul do estado de Mato Grosso, Poconé dista cerca de 100,0 km da capital 139
do estado, Cuiabá, e o acesso pode ser feito a partir da BR 070 e posteriormente pela rodovia estadual 140
MT – 060. Após o município de Poconé, a rodovia estadual MT – 060 foi convertida em Unidade de 141
Conservação denominada Estrada-Parque Transpantaneira (Decreto 1028/1996). O município de 142
Poconé é limítrofe entre os domínios territoriais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ao final da 143
MT-060 encontra-se o Rio Cuiabá, rio que delimita a divisa entre os dois estados supracitados. 144
O clima no município de Poconé é fortemente sazonal, e parte de seu território permanece 145
submerse, quando no período de maior descarga fluvial do Rio Cuiabá. No mês de janeiro é quando 146
6
ocorre a maior precipitação pluviométrica com media de 205 mm, paradoxalmente em julho tem-se 147
o mês mais seco daquele município, a temperatura varia com medias de 28°C em janeiro e 23ºC em 148
junho. 149
2.2 – Poço PPJ1 150
O PPJ1, com 1020,0 cm de profundidade foi perfurado nas coordenadas Latitude 151
17°19'33.76"S e Longitude 56°48'2.99"O com auxílio de uma perfuratriz por cravação continua. O 152
testemunho indeformado foi coletado em um tubo de polietileno de aproximadamente 1”. 153
No intervalo de 1020 – 480 cm apresenta composição arenosa fina, com laminações de argila. 154
Sobrepondo tal intervalo até 231 cm tem-se uma zona de transição granulométrica onde sedimentos 155
areno-pelíticos adquirem espessura centimétricas, o intervalo que sobrepõe e encerra a seção estudada 156
possui assinatura textural essencialmente pelítica (figura 2). 157
Cabe ressaltar que para os trabalhos executados a partir da aquisição das amostras, foram 158
descartados 50 cm superficiais do poço, objetivando a segregação de material oriundo de 159
retrabalhamento antrópico potencial, de mesma tônica, a preservação das estruturas, seja na 160
laminação das areias, ou nas delgadas seções de pelitos da seção, asseguram a não perturbação do 161
material de estudo. 162
163
2.3 - Coleta e preparação das amostras 164
A coleta de amostras foi mais efetiva em níveis pelíticos e orgânicos, pois são mais propensos 165
à recuperação de matéria orgânica particulada, porém, todo o poço foi amostrado. Para as análises 166
geoquímicas, foram coletadas 36 amostras distribuídas em 970 cm (figura 2), por sua vez, para a 167
análise palinológica foram selecionados 11 amostras. A datação do testemunho foi realizada em 168
quatro amostras distribuídas ao longo da seção. 169
A etapa de preparação das amostras para as análises geoquímicas, foram feitas 170
concomitantemente, a saber, secagem em banho de luz, moagem em cadinho de porcelana, 171
posteriormente quarteadas, garantindo assim heterogeneidade das amostras. Após a separação das 172
alíquotas pertinentes a cada análise, as mesmas seguiram procedimentos específicos, descritos a 173
seguir. 174
7
FIGURA 2 175
176
2.4 - Geoquímica Orgânica 177
A geoquímica orgânica por Carbono Orgânico Total (COT) foi realizada mediante 178
acidificação com HCl a 50% de pureza e posterior utilização de forno de indução determinador de 179
carbono LECO SC632 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Este procedimento 180
permitiu mensurar os valores em porcentagem de Carbono (C), Enxofre (S) e Resíduo insolúvel (RI). 181
A mensuração percentual dos carbonatos foi realizada utilizando-se dos valores de RI (equação 1). 182
𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜𝑠 (%) = 100 − 𝑅𝑖 183
Equação 1 184
A razão C/S permite inferências acerca das condições de anoxia do ambiente, bem como a 185
identificação do próprio ambiente (Leventhal, 1995; Borrego et al., 1998). Para tanto, considerou-se 186
0,3% o valor mínimo aceitável do teor de carbono orgânico para o cálculo da razão C/S (Meyers, 187
2003) admitindo-se que valores muito baixos de C podem ocasionar erros em interpretações 188
posteriores. 189
190
2.5 - Geoquímica Inorgânica 191
A aquisição dos parâmetros de geoquímica inorgânica se deu por Fluorescência de Raios-X 192
de Energia Dispersiva (EDS), utilizando um espectrômetro de Raio-X por energia dispersiva EDX-193
700HS da marca Shimadzu. Para tanto, foram preparadas pastilhas prensadas a partir das alíquotas 194
dos sedimentos cominuídos descritos anteriormente. As análises foram realizadas no Laboratório 195
Multi-Usuário em Técnicas Analíticas - LAMUTA da Faculdade de Geociências da Universidade 196
Federal de Mato Grosso – UFMT. O Programa XLSTAT 2016 foi usado para fazer a análise 197
estatística pelo método multivariado de análise de componentes principais (Principal Component 198
Analysis – PCA) com intuito de reduzir a dimensionalidade dos dados multivariados, utilizando-se 199
da matriz de correlação de Pearson (Gotelli & Ellison 2011). O método estatístico visou exploração 200
dos dados existentes e posterior ordenamento, para tanto, considerando-se a variação espaço/temporal 201
8
geoquímica, bem como sua interdependência com a profundidade, esta última foi contemplada na 202
análise efetuada. 203
204
2.6 - Datação Radiocarbono 205
Para datação radiométrica, foram enviadas quatro amostras distribuídas ao longo do poço 206
PPJ1, a saber, 947,0 cm, 816,0 cm, 525,0 cm e 170,0 cm de profundidade denominadas PPJ1947, 207
PPJ1816, PPJ1525 e PPJ1170 respectivamente. As análises foram realizadas no laboratório Beta 208
Analytic Lab em Miami – Flórida. A técnica utilizada foi a Espectrometria de Massas com 209
Aceleradores (AMS - Accelerator Mass Spectrometry). A razão dos isótopos estáveis de carbono 210
13C/12C também foi obtida nestas seções, bem como o valor de δ13C a partir da correção com o padrão 211
(Reimer et al. 2013), fósseis de belemnites encontrados em calcários cretáceos da Formação Peedee 212
na Carolina do Sul – VPDB (Coplen, 1994). 213
O valor de δ13C obtido a partir do fracionamento isotópico de 13C/12C permite análise acerca 214
da predominância da atividade fotossintética na alíquota analisada. O modo de discriminação de CO2 215
permite a documentação de troca de vegetação a partir do estoque de 13C no subsolo, permitindo a 216
classificação em três tipos de ciclos fotossintéticos C3, C4 e CAM (Farquhar, 1989). 217
Plantas do tipo C3 apresentam queda na taxa de absorção de CO2 quando expostas a 218
temperaturas altas, de mesma sorte, a elevação do nível de luz, diminui a fotossíntese líquida destas 219
plantas. De tal forma que plantas C3 são melhores adaptadas a temperatura máxima de 25ºC e com 220
baixa taxa irradiação, ao contrário das plantas C4, que apresentam como característica, a capacidade 221
de absorver CO2 e realizar fotossíntese mesmo a taxas elevadas de irradiação e temperature. Plantas 222
CAM por sua vez, apresentam o metabolism ácido crassuláceo sendo comuns em ambientes de sexas 223
periódicas (Gouveia, 1997; Kluge, 2015). 224
O carbono presente na matéria orgânica de plantas C3 é isotopicamente leve, admitindo-se 225
variação de δ13C entre -20,0 e -34,0 ‰ e média de -27,0‰. Plantas C4 apresentam valores entre -17,0 226
a – 9,0 ‰ com valor médio -13,0 ‰, por sua vez, plantas CAM correspondem a aproximadamente 227
10% das espécies existentes, possuindo valor de fracionamento isotópico entre -28,0 a -10,0 ‰ 228
(Boutton, 1991). 229
9
As idades obtidas foram distribuídas ao longo do poço amostrado por interpolação linear 230
simples. Foram calculadas as taxas de sedimentação para os intervalos datados considerando-se a 231
razão entre a espessura de sedimentos pela diferença entre as idades obtidas em cada um dos dois 232
pontos datados, multiplicada por 100 (Lorente et al., 2010). 233
234
2.7 – Análise palinológica 235
Para análise do conteúdo palinológico, foram selecionados 2,0 cm3 em 10 níveis de 236
profundidade. A metodologia empregada obedeceu método padrão descrito por Faegri e Iversen 237
(1989) consistindo em acidificação com ácido clorídrico (HCl), ácido fluorídrico (HF), eliminação 238
dos ácidos húmicos, fúlvicos e humina com hidróxido de potássio (KOH) e posterior acetólise, estes 239
procedimentos foram realizados no Laboratório de Geoquímica Orgânica da Universidade Federal de 240
Ouro Preto - UFOP. As lâminas foram montadas utilizando-se gelatina glicerinada e lidas em 241
microscópio binocular Novel BM2100 objetivando-se a contagem entre 200 a 300 grãos de pólen e 242
esporos (Colinvaux et al. 1999) em amostras de baixa contagem, estabeleceu-se o mínimo de 100 243
espécimes. 244
Foram confeccionadas fichas para os morfotipos identificados, com ilustração gráfica do grão, 245
formato e dimensões, sua descrição morfológica e localização na lâmina em coordenadas de England 246
Finder. As fichas, bem como as lâminas e os resíduos estão disponíveis no Laboratório de 247
Paleontologia e Palinologia de Mato Grosso – PALMA. A identificação dos grãos baseou-se em 248
literatura especializada bem como consulta a Palinoteca do Laboratório de Paleontologia e 249
Palinologia da UFMT (Silva-Caminha et al. 2014) e suas atualizações. Os diagramas polínicos foram 250
processados pelo software C2, os tipos foram organizados de acordo com o hábito, a saber, arbóreo, 251
liana, herbáceo, aquáticos e misto. 252
253
3. RESULTADOS 254
3.1 Datação por radiocarbono 255
Os resultados obtidos a partir das idades radiocarbônicas, bem como o fracionamento 256
isotópico de carbono são apresentados na tabela 4. 257
10
Tabela 4 - Resultado da análise de datação por AMS. 258
Profundidade (cm)
13C/12C (o/oo)
Idade calibrada (anos cal. AP)
Taxa de sedimentação (cm/100 anos)
170,0 -22,0 670 – 740 36,98
525,0 -29,5 1540 – 1700 12,68
816,0 -22,1 3835 - 3995 1,37
947,0 -27,3 13420 - 13555
259
Desta forma têm-se três intervalos com taxas de sedimentação variáveis entre si, entre 947 cm 260
à 816 cm a taxa de sedimentação é da ordem de 1,37 cm/100 anos, entre 816 cm à 525 cm a taxa de 261
sedimentação é cerca de 12,68 cm/ 100 e no intervalo superior do poço amostrado, entre 525 cm à 262
170 cm a taxa de sedimentação é de 36,98 cm/100 anos. A figura 2 apresenta as idades medidas e 263
interpoladas ao longo do testemunho estudado. 264
3.2 Geoquímica Orgânica e Geoquímica Inorgânica 265
Os resultados analíticos são apresentados na Tabela 1: 266
Tabela 1 - Resultados das análises químicas em porcentagem, para o Poço PPJ1 na região do 267
Pantanal de Poconé 268
Amostra Prof C(%) S (%) C/S RI (%) SiO2 Al2O3 K2O Fe2O3 SO3 TiO2 MgO MnO
PPJ1-52 52 0,83 0,21 3,95 97 78,25 15,62 1,31 2,72 0,17 0,93 0,92 0
PPJ1-62 62 0,7 0,13 5,38 96 69,51 21,86 1,82 4,6 0 1,03 1,12 0
PPJ1-76 76 0,69 0,13 5,31 97 69,59 21,78 1,83 4,41 0 1,03 1,26 0
PPJ1-88 88 0,73 0,13 5,62 98 70,34 21,7 1,9 3,64 0,14 1,02 1,25 0
PPJ1-103 103 0,53 0,13 4,08 99 72,19 20,04 1,73 3,74 0,14 0,99 1,11 0
PPJ1-125 125 0,83 0,12 6,92 99 71,45 21,21 1,92 2,8 0 1,09 1,27 0
PPJ1-137 137 0,41 0,13 3,15 93 65,45 22,67 2,31 6,92 0,13 1,13 1,28 0
PPJ1-150 150 0,35 0,13 2,69 97 68,58 23,32 2,42 2,87 0,14 1,16 1,43 0
PPJ1-169 169 0,5 0,17 2,94 97 68,31 22,66 2,17 4,17 0,14 1,1 1,4 0
PPJ1-182 182 0,35 0,13 2,69 98 72,15 21,6 1,76 2,1 0 0,95 1,3 0
PPJ1-192 192 0,73 0,13 5,62 98 69,78 22,06 1,73 3,66 0,14 1,06 1,25 0,04
PPJ1-206 206 0,35 0,12 2,92 97 69,52 19,99 1,71 5,81 0,14 0,96 1,16 0,08
PPJ1-216 216 0,36 0,13 2,77 93 66,92 19,57 1,64 9,08 0,11 0,96 1,16 0,12
PPJ1-235 235 0,28 0,13 2,15 90 69,29 17,2 1,6 10,2 0,15 0,81 0 0,08
11
PPJ1-254 254 0,25 0,16 1,56 98 83,98 12,5 1,1 0,96 0,22 0,44 0,81 0
PPJ1-271 271 0,11 0,13 0,85 99 86,79 10,39 1,13 0,94 0,25 0,34 0 0
PPJ1-310 310 0,2 0,13 1,54 99 85,78 11,08 1,02 0,78 0,22 0,33 0,76 0
PPJ1-333 333 1,23 0,14 8,79 99 71,63 18,93 2,08 4,4 0,36 0,95 1,04 0,14
PPJ1-352 352 0,25 0,12 2,08 97 86,27 10,32 1,14 0,82 0,31 0,48 0,65 0
PPJ1-385 385 0,1 0,13 0,77 98 92,06 6,23 0,54 0,5 0,34 0,18 0 0
PPJ1-526 526 18,8 0,18 104,44 94 81,99 11,17 1,2 2,94 1,45 0,4 0 0,06
PPJ1-530 530 1,96 0,14 14,00 98 74,63 17,97 1,76 3,33 0,31 0,73 0,98 0,08
PPJ1-579 579 13,6 0,16 85,00 97 87,27 8,02 0,96 2,11 0,92 0,34 0 0
PPJ1-589 589 1,1 0,13 8,46 97 78,49 14,35 1,45 3,28 0,36 0,65 0,84 0,06
PPJ1-629 629 0,42 0,13 3,23 99 86,09 10,39 1,06 1,5 0,4 0,4 0 0
PPJ1-647 647 0,43 0,14 3,07 80 80,9 14,49 1,56 1,66 0,3 0 0,89 0
PPJ1-696 696 0,7 0,13 5,38 99 90,21 7,37 0,61 0,81 0,51 0,22 0 0,05
PPJ1-741 741 1,28 0,13 9,85 97 69,16 20,43 1,92 5,27 0,23 1,02 1,12 0,11
PPJ1-754 754 1,07 0,13 8,23 98 72,59 19,31 1,9 3,43 0,23 1,03 1,09 0,11
PPJ1-789 789 3,4 0,15 22,67 100 79,97 13,28 1,72 2,48 0,6 0,76 0,71 0,04
PPJ1-812 812 1,18 0,13 9,08 97 69,54 20,49 1,96 4,96 0,23 1,06 1,1 0,11
PPJ1-871 871 0,04 0,12 0,33 99 95,19 4,05 0,33 0,33 0 0,1 0 0
PPJ1-908 908 1,81 0,14 12,93 99 85,33 11,05 1,17 1,38 0,43 0,42 0 0
PPJ1-933 933 0,04 0,13 0,31 98 80,5 14,86 1,35 1,49 0,26 0,78 0,72 0
PPJ1-947 947 6,73 0,16 42,06 97 83,46 11,08 1,37 1,75 1,17 0,39 0 0,06
PPJ1-1002 1002 0,33 0,13 2,54 97 92,2 5,89 0,61 0,53 0,35 0,31 0 0
A média dos valores de carbono é de 1,74%, contudo, os valores mínimo e máximo, são de 269
0,04% e 18,76% respectivamente, o que evidencia uma amplitude considerável nos teores obtidos. 270
Os maiores valores de COT estão relacionados aos níveis 579 cm a 526 cm, todavia, valores bem 271
mais altos que a média podem também ser observados na porção basal do poço, nas camadas em 947 272
cm (6,7%) e 789 cm (3,4%) (figura 3). Os menores valores de carbono estão nas camadas de 310 cm 273
à 52 cm, porém, justaposto a camadas ricas em carbono, ocorrem valores incipientes do mesmo, 274
caracterizando a baixa continuidade vertical, bem como a heterogeneidade na assinatura química da 275
seção, quando analisado o parâmetro carbono orgânico. 276
O teor de enxofre (S) orgânico obtido na seção analisada apresenta valor médio de 0,14%, 277
com valores mínimos e máximos de 0,12% e 0,21%, respectivamente (figura 3). O maior valor de 278
enxofre ocorre na profundidade de 52 cm, e o segundo maior valor de enxofre, 0,18% ocorre a 526 279
cm. 280
FIGURA 3 281
12
Os valores de Resíduo Insolúvel (RI) apresentam média de 96,8% com valores mínimos e 282
máximos de 80% e 100%, respectivamente. Os valores obtidos explicitam o caráter siliciclástico dos 283
sedimentos analisados, com exceção dos resultados encontrados na camada de 647 cm na qual se 284
observa o maior percentual carbonático de toda a seção, 20 %, e também na camada entre 235 cm à 285
216 cm, em que o percentual carbonático varia entre 10% e 7%. 286
Os compostos analisados em geoquímica inorgânica foram SiO2, Al2O3, Fe2O3, K2O, MgO, 287
TiO2 e SO3, correspondendo a mais de 99% da assembleia química obtida, porém, compostos como 288
CaO, MnO, V2O5, ZrO2, Cr2O3, P2O5, Rb2O, ZnO, CuO, Y2O3 e SrO também foram observados, mas, 289
por apresentarem contribuição diminuta na configuração química do substrato, menor que 0,85%, 290
foram desconsiderados em um primeiro momento. 291
SiO2: O valor médio obtido para a sílica é de 77,65%, com mínimo e máximo de 65,45% e 292
95,19%, respectivamente. Os menores valores para sílica situam-se nos primeiros 235,0 cm, em 293
profundidades maiores, observa-se a ocorrência de variações ocasionando enriquecimento em sílica 294
(figura 4). 295
Al2O3: O óxido de alumínio ocorre na seção em proporção média de 15,69%, com valores 296
mínimo e máximo de 4,05% e 23,32%. Os maiores valores de Al2O3 ocorrem em proporção inversa 297
à ocorrência de SiO2 (figura 4), evidenciando um padrão inverso nos comportamentos químicos das 298
amostras em relação ao alumínio e ao silício. 299
FIGURA 4 300
Fe2O3: O valor médio de teores de Fe2O3 é de 3,12 %, ao passo que os valores mínimos e 301
máximos são de 0,33% e 10,2%. Os maiores valores de concentração de óxido de ferro, ocorrem nos 302
primeiros 235 cm do poço analisado, contudo, teores consideráveis da ordem de 5% podem ser 303
observados próximos a 741 cm de profundidade. 304
K2O, MgO, TiO2 e SO3: A somatória percentual destes compostos correspondem a, no 305
máximo, 5% da composição química das amostras analisadas. As concentrações de K2O ocorrem de 306
modo aparentemente constante, porém nas camadas compreendidas entre 169 cm e 137 cm ocorrem 307
os maiores valores percentuais. Os teores de TiO2, bem como os de MgO, são mais elevados nas 308
camadas entre 812 e 741 cm e entre 192 cm e a superfície. Valores positivamente anômalos de SO3 309
podem ser observados nas amostras de 947 cm e de 526 cm de profundidade. 310
13
Com resultados da Análise de Componentes Principais foi possível correlacionar e agrupar os 311
parâmetros usados na Geoquímica inorgânica resultando em cinco fatores (D1 a D5) (Tabela 2). 312
Compostos como K2O, Al2O3, TiO2 e MgO possuem forte correlação positiva, subordinadamente 313
Fe2O3 também apresenta similar correlação com estes compostos. Noutro sentido, a sílica demonstra 314
correlação negativa aos compostos anteriormente descritos, agrupando-os no fator denominado D1. 315
Anomalias positivas na relação entre os óxidos de Ferro, Magnésio e Potássio podem ser observadas 316
ao longo de toda a seção, excetua-se de maneira particular o maior teor de Fe2O3, uma vez que este 317
não possui correspondente de variação em relação ao Mg e K (figura 5). 318
FIGURA 5 319
O segundo fator, D2, explicita a exata correlação negativa existente entre o RI e o teor 320
Carbonático da seção, conforme esperado. O terceiro fator, D3, agrupa as correlações positivas 321
existentes entre os teores de COT, S e SO3. Os fatores D4 e D5 isolam as variáveis profundidade e 322
Fe2O3 que não apresentam correlações expressivas. 323
Tabela 2 – Agrupamento dos principais parâmetros analisados em cinco fatores 324
Parâmetro D1 D2 D3 D4 D5
Prof (cm) -0,397 -0,012 0,168 0,859 0,045
COT (%) -0,114 0,028 0,930 0,071 -0,081
S (%) 0,002 0,079 0,715 -0,323 0,494
RI (%) -0,042 -0,997 -0,030 0,010 0,039
Carbonático 0,042 0,997 0,030 -0,010 -0,039
Fe2O3 0,611 0,296 0,030 -0,227 -0,632
SO3 -0,306 0,020 0,873 0,289 -0,005
TiO2 0,927 -0,204 -0,109 -0,181 -0,137
MgO 0,867 0,024 -0,317 -0,165 0,215
K2O 0,965 0,108 -0,034 -0,021 -0,027
Al2O3 0,955 0,067 -0,166 -0,179 -0,062
SiO2 -0,944 -0,128 0,081 0,178 0,220
325
Contemplando-se todos os parâmetros aferidos como C, S, RI, Carbonático, SiO2, Al2O3, 326
Fe2O3, K2O, MgO, TiO2, SO3, CaO, MnO, V2O5, ZrO2, Cr2O3, P2O5, Rb2O, ZnO, CuO, Y2O3 e SrO, 327
14
realizou-se nova PCA. Posteriormente, procedeu-se a segregação dos valores obtidos a partir da 328
matriz de correlação de Pearson estabelecendo-se cinco fatores. 329
Os fatores D1, D2 e D3 foram praticamente inalterados com a inclusão dos compostos menos 330
representativos. Cabe ressaltar que devido à forte correlação positiva entre COT, S, SO3 e CaO, o 331
fator que agrupa tais compostos é identificado por D2. Por sua vez, os fatores D4 e D5 foram 332
alterados, a saber, o fator D4 explicita a significativa correlação positiva entre P2O5 e MnO, ao passo 333
que o fator D5 contempla a correlação incipiente entre Cr2O3 e Y2O3 (Tabela 3), denunciando a 334
ineficácia do método analítico quando se utiliza variáveis com baixas ocorrência e amplitude. 335
Tabela 4 – Agrupamento de todos os parâmetros analisados em cinco fatores 336
D1 D2 D3 D4 D5
Prof (cm) -0,620 0,287 0,118 0,320 0,057
COT (%) -0,133 0,886 -0,050 -0,061 -0,026
S (%) 0,024 0,592 -0,062 -0,247 -0,353
RI (%) -0,028 -0,057 0,980 -0,029 0,013
Carbonático 0,028 0,057 -0,980 0,029 -0,013
Fe2O3 0,655 0,022 -0,346 0,484 0,023
SO3 -0,382 0,875 0,002 0,043 -0,027
TiO2 0,942 -0,101 0,185 0,141 0,036
MgO 0,857 -0,291 0,000 -0,062 -0,084
K2O 0,924 0,010 -0,082 0,114 0,006
Al2O3 0,955 -0,145 -0,078 0,081 0,041
SiO2 -0,948 0,063 0,146 -0,218 -0,032
CaO -0,127 0,850 -0,117 0,322 0,048
MnO 0,229 0,250 0,005 0,862 -0,059
V2O5 0,388 0,169 -0,019 -0,184 0,352
ZrO2 0,550 -0,153 -0,171 0,248 0,204
Cr2O3 -0,333 -0,151 0,142 0,089 0,564
P2O5 0,196 -0,089 -0,070 0,831 0,022
Rb2O 0,865 -0,181 0,116 -0,104 0,106
ZnO 0,018 0,281 0,303 0,015 -0,288
CuO -0,137 -0,236 0,075 -0,143 -0,401
Y2O3 0,409 -0,066 0,027 -0,315 0,569
15
SrO 0,499 -0,078 -0,044 -0,414 0,366
337
3.3 Palinologia 338
Foram identificados 23 tipos ao longo da seção estudada divididos entre esporos de 339
pteridófitas – Pityrogramma sp., pólen de angiospermas – Sapium sp., Proteaceae – Roupala sp.? 340
Croton sp., Alchornea sp., Malvaceae, Melastomataceae, Mauritia sp., Convolvulaceae, Dioclea sp., 341
Poaceae, Cyperaceae, Asteraceae, Polygonum sp., Ludwigia sp., Sagittaria sp., Eichhornia sp., Hyptis 342
sp., Alternanthera sp., Mimosaceae, Apocynaceae, Pfaffia sp., Verbenaceae e tipos indeterminados. 343
O diagrama de porcentagem é apresentado na figura 6 estabelecendo-se três zonas polínicas 344
definidas abaixo. 345
Na Zona A (10,20 m a 8,16 m) com 13.555 anos cal AP a 3.995 anos 346
Tem-se maior abundância de indivíduos arbóreos como Sapium sp., Roupala sp.?, Alchornea 347
sp., Malvaceae e Melastomataceae. Nesta zona, tem-se a presença de Dioclea sp. e Convolvulaceae, 348
táxons classificados como de hábito liana. A presença de indivíduos herbáceos é melhor representada 349
por Poaceae e Cyperaceae, subordinadamente Asteraceae e Pityrogramma sp. 350
A Zona B (8,16 m e 4,20 m de profundidade) com 3.995 anos cal AP à 1.416,0 anos AP (idade 351
interpolada) 352
A zona é marcada pela ocorrência de indivíduos aquáticos, restritos a esta zona, a saber, 353
Ludwigia sp., Sagittaria/Echinodorus sp. e Eichornia sp. Ocorre significativo aumento de indivíduos 354
herbáceos, principalmente Pityrogramma sp. e Polygonum sp. em detrimento aos arbóreos. 355
A Zona C (4,20 m até 1,70 m) com 1.416,0 anos AP (idade interpolada) até o presente. 356
A zona é caracterizada pela abundância de Poaceae, Asteraceae, Pityrogramma sp. e demais 357
táxons de hábito herbáceo, concomitantemente morfotipos arbóreos como Sapium sp., Roupala sp. e 358
Malvaceae tornam a ocorrer no testemunho mostrado. 359
360
4. DISCUSSÃO 361
16
As taxas de sedimentação indicam modificações na dinâmica do empilhamento sedimentar, 362
o intervalo basal com taxa de 1,37 cm/ 100 anos armazena em 131 cm de sedimentos 9.560 anos 363
indicando um hiato deposicional entre 947 cm e 816 cm. O clima seco presente no Brasil central entre 364
10.000 e 7.000 anos A.P (Salgado-Laboriau et al., 1997; Behling, 1995) poderia ter gerado exposição 365
da superfície, favorecendo a atuação de agentes e processos intempéricos, bem como, erosão do 366
substrato. As condições de temperatura também variaram durante o Holoceno, promovendo 367
modificações no relevo atual uma vez que, a variação no intemperismo químico amplia a zona de 368
alteração e rege a evolução pedológica concomitante a morfogênese das paisagens regionais (Nunes 369
et al. 2012). 370
As demais taxas de sedimentação evidenciam maior espessura de deposição de sedimentos 371
por unidade de tempo. Valores como 12,68 cm/100 anos e 36,98 cm/100 anos para os intervalos entre 372
816 cm à 525 cm e 525 cm à 170 cm, respectivamente, indicam a atuação de processos deposicionais 373
mais efetivos na porção superior. Cabe ressaltar que, embora a porção superior do intervalo tenha 374
maior taxa de sedimentação, a natureza do material é essencialmente pelítica, condizente com 375
ambientes de baixa energia. 376
A datação a partir do isótopo radiogênico de carbono (14C) apresentou idade de 13420 – 13555 377
anos cal. A.P para a porção mais profunda do poço PPJ1, em 947 cm de profundidade. O processo de 378
aumento de umidade iniciado ao final do Pleistoceno, propiciou domínio de vegetação tropical no 379
Pantanal, onde, pelo lado norte da bacia houve entrada de vegetação periamazônica com florestas 380
tropicais decíduas e semidecíduas (Ab’Saber, 1988) 381
A partir da profundidade 816 cm concentra-se material depositado nos últimos 3.995 anos cal. 382
A.P. este momento é caracterizado pelo efetivo estabelecimento de ambientes mal drenados como 383
pântanos, brejos e veredas na porção central do continente (Salgado-Laboriau, 1997). A presença de 384
hiato deposicional entre 5.300 e 2.600 anos A.P. aponta episódio de seca na bacia do rio Paraguai 385
(McGlue et al., 2012). 386
A rede hidrográfica do Pantanal foi estabelecida no limite Pleistoceno-Holoceno devido à 387
ocorrência de chuvas torrenciais (Del’Arco et al., 1982; Pupim, 2014), A subida do nível de base 388
local, pode ser observada a partir dos últimos 3.995 anos cal. A.P. A presença de sedimentos de tal 389
idade se fez possível devido à ausência e/ou ineficiência dos processos erosivos, pertinente a 390
ambientes mal drenados que tendem a dificultar a instalação dos mesmos. 391
17
Nova ocorrência de um período mais seco é registrada no Pantanal entre 5.000 e 2.500 anos 392
A.P. (Assine, 2003; Assine e Soares, 2004; Kuerten, 2013). Bertaux et al. (2002) sugerem aumento 393
na umidade a partir de 2.500 anos A.P. configurando evento climático regional. Em 525 cm obteve-394
se idade de aproximadamente 1700 anos A.P., posicionado, portanto, após os eventos de aumento de 395
precipitação observados em região fronteiriça com a Bolívia (Mayle et al., 2000). 396
Acerca da paisagem atual do Pantanal, Ab’Saber (1988) propôs que os principais 397
delineamentos e ecossistemas do Pantanal foram elaborados nos últimos 5.000 anos A.P.. Por sua 398
vez, Salgado-Laboriau (1997) postula que as condições climáticas atuais foram estabelecidas nos 399
últimos 1.400 anos A.P.. A idade de aproximadamente 740 anos A.P. para os sedimentos contidos a 400
170 cm consigna conteúdo sub-recente. 401
Após o cálculo da razão C/S e considerando o proposto por Borrego et al. (1998) os quais 402
interpretaram que valores abaixo de 3 evidenciam ambientes redutores ou anóxicos, ao passo que 403
valores acima de 3 indicam ambiente óxico, foi possível caracterizar as seções analisadas quanto a 404
disponibilidade de oxigênio nos estratos. As razões analisadas apresentaram forte característica óxica, 405
quando analisadas à luz do enriquecimento de carbono em detrimento ao do enxofre. Convém 406
ressaltar que mesmo nas alíquotas com maiores teores de C preservados, os valores de enxofre não 407
oscilaram com a mesma intensidade. 408
A expressividade dos teores de C, bem como a análise de incremento relativo ao S, sugere que 409
a preservação de C possui gênese indireta com a anoxia provocada pelo aumento do teor de S, 410
frequentemente relacionada à elevação da coluna d’água (Last & Smol, 2001). Nesta tônica, há de se 411
considerer que eventos anóxicos localizados, seja por condições deposicionais ou ambientais, 412
ocorreram em alguns momentos durante o Holoceno. 413
Ambientes mal drenados acumulam S em suas formas reduzidas, como sulfito (SO3-2) entre 414
outros (Bissani & Tedesco, 1988). Nas profundidades de 947 cm, 579 cm e 526 cm têm-se os maiores 415
valores da razão C/S, na profundidade 526 cm também é obtido o maior teor de SO3 condizente com 416
o proposto anteriormente sugerindo ambiente mal drenado. Os altos teores de COT nestas 417
profundidades, concomitante aos teores relativamente baixos de Fe2O3 indicam a ocorrência de 418
ambiente anóxico. 419
Ao longo da seção analisada, observou-se que os valores de carbono orgânico decrescem à 420
medida que se aproxima da superfície. Os altos valores de C na porção basal da seção estudada, estão 421
18
relacionados à paleo-oxigenação incipiente na bacia, ao passo que, à medida que os valores 422
diminuem, ocorre um aumento na oxigenação da coluna d’água e baixa qualidade de preservação da 423
matéria orgânica (Freitas, 2007). 424
Argilominerais, filossilicatos hidratados de Al, Fe e Mg em tetraedos de SiO4 (Gomes, 1988) 425
são caracterizados ao longo da seção. A forte correlação negativa entre Al2O3 e SiO2 está relacionada 426
a ocorrência de argilominerais na porção superior da seção estudada. Tal substituição ocorre 427
principalmente condicionada pelo raio atômico destes elementos, onde o Al+3 substitui a Si+4 nos 428
tetraedros e cátions divalentes nos octaedros (Osório Filho, 2006) corroborando a tendência 429
granodecrescente ascendente dos estratos desta bacia (Almeida, 1945). 430
Os elevados teores de Fe2O3 na camada 235 – 206 cm permitem inferir período de exposição 431
sub-aérea da planície, em que a água superficial provoca tal oxidação por meio da lixiviação e 432
laterização do substrato (Costa, 1991). Coringa et al (2014) destaca que a mobilidade de óxidos de 433
Fe e Mn é significativa quando em ambientes mal drenados, sendo portanto o acúmulo relacionado a 434
processos pós-deposicionais. 435
Por outra ótica, a ocorrência de material pelítico, concomitante a assinatura geoquímica dos 436
argilominerais com alto teor de Al2O3 e baixo teor relativo de SiO2, concomitante ao maior teor óxido 437
de ferro, sugerem que o acúmulo de Fe se deu por solubilidade em ambiente redutor em 235 cm. 438
Intervalos com cores avermelhadas são observados em vários níveis na Bacia do Pantanal, os quais 439
são ricos em óxido de ferro na forma de cimento diagenético (Cunha, 1943; Assine, 2003). As demais 440
anomalias de Fe obtidas nas profundidades 812 cm, 741 cm, 589 cm à 526 cm e 333 cm podem estar 441
relacionadas a períodos de exposição subaérea da superfície, cabe ressaltar a ocorrência se raízes na 442
seção entre 589 cm e 526 cm do testemunho estudado, em 2.300 e 1.700 anos A.P. (idade interpolada), 443
respectivamente. 444
A dinâmica desta planície de inundação concede ao ambiente de sedimentação caráter também 445
dinâmico, seja pela oscilação de energia de fluxo ou pelo canal fluvial existente. Em ambientes de 446
baixa energia, anomalias positivas de manganês (Mn) quando observadas em similaridade com 447
maiores valores do teor ferro (Fe) indicam mudança na taxa de suprimentos da bacia (Mackereth, 448
1966). Na seção analisada, os maiores valores de MnO estão diretamente relacionados aos maiores 449
valores de Fe2O3, porém, a partir da profundidade 182,0 cm, aproximadamente 775 anos A.P. (idade 450
interpolada) esta relação não mais ocorre, indicando o estabelecimento da dinâmica deposicional 451
atual. 452
19
A palinozona A compreendendo abundância de morfotipos arbóreos como Sapium sp., 453
Roupala sp., Alchornea, Malvaceae e Malastomataceae, juntamente com a ocorrência de Poaceae e 454
Cyperaceae, sugerem ambiente com disponibilidade hídrica. A presença dos gêneros Sapium sp. e 455
Roupala sp. comum em matas de galerias (Flora do Brasil, 2020) bem como táxons herbáceos 456
sugerem clima úmido na região. A fisionomia florestal, considerando-se o significativo adensamento 457
arbóreo e baixa incidência luminosa é condizente com cerradão proposto por Coutinho (1978). 458
Morfotipos aquáticos compõem a palinozona B, a presença de Ludwigia sp., Sagittaria sp./ 459
Echinodorus sp. e Eichhornia sp. concomitante a ocorrência de Pityrogramma sp. indicam um 460
ambiente mal drenado entre 3.995 anos A.P. até aproximadamente 1.416 anos A.P.. A ocorrência de 461
Mauritia sp. nesta palinozona, ainda que em baixa intensidade, corrobora com o proposto de ambiente 462
mal drenado, sugerindo a ocorrência de uma vereda na região. Táxons herbáceos ocorrem em maior 463
intensidade que na palinozona A, nesta porção tem-se abundância de Cyperaceae e Polygonum sp., 464
bem como aumento significativo na ocorrência de Asteraceae, morfotipos arbóreos ocorrem 465
subordinamente. 466
Na porção superior do poço estudado, foi definida a palinozona C, compreendida entre 467
aproximadamente 1.416,0 anos AP à 740 anos cal AP.. Esta palinozona é definida por abundância de 468
indivíduos herbáceos como Poaceae e Asteraceae, bem como a crescente ocorrência de indivíduos 469
arbóreos. A abundância de Pityrogramma sp. sugere a possibilidade de ambientes florestais (Cancelli, 470
2012), contudo, acredita-se que o aumento de umidade ocorrido nos últimos 2.500 anos favoreceu a 471
instalação de ambientes com diversidade de vegetação considerável, contemplando componentes 472
arbóreos e herbáceos em proximidade. 473
Os valores obtidos no fracionamento isotópico de carbono variaram de -22,0 a -29,5 ‰, 474
configurando predomínio de plantas C3 e CAM ao longo da seção estudada. Em 947 cm e 525 cm 475
tem-se essencialmente valores de fracionamento isotópico característico de plantas C3. Tais plantas 476
fixam o CO2 promovendo por sua vez a segregação do isótopo 13C, negativando cada vez mais a razão 477
13C/12C (Alves 2005). São via de regra plantas de porte considerável objetivando a diminuição a 478
exposição luminosa, para tanto, necessitam de ambientes com temperatura máxima em 25ºC 479
(Gouveia, 1997; Kluge, 2015). 480
As plantas CAM são principalmente angiospermas, sendo que as famílias Cactaceae. 481
Crassulaceae, Euphorbiaceae, Orchidaceae entre outras, realizam metabolismo ácido das 482
crassuláceaes (Pimentel, 1998). A ocorrência de plantas do tipo CAM pode ser inferida na 483
20
profundidade de 816 cm e 170 cm, onde se tem valores de fracionamento isotópico da ordem de -22,0 484
‰, a evolução para este tipo de vegetação pode estar relacionada ao baixo suprimento de água 485
naqueles momentos (Silveira et al., 2005). Noutro diapasão, uma vegetação composta por plantas C3 486
e C4 pode ter dominado a região neste período, configurando ambiente menos seco do que aquele 487
representado pelas plantas do tipo CAM. 488
A ocorrência de raízes na seção estudada se dá nos últimos 2.300 anos A.P. (idade 489
interpolada), considerando-se a assinatura geoquímica do substrato analisado, que apresenta para os 490
anos de 2.300 e 1.700 anos A.P. anomalias positivas de óxido de ferro, bem como a assembleia 491
palinológica classificada como essencialmente aquática, indicam a ocorrência de lagos efêmeros ou 492
ainda avulsão dos cursos d’água que drenam a região estudada. A proposição de ambiente mal 493
drenado, observando razão C/S é corroborada pelos dados palinológicos obtidos, configurando, 494
portanto ambiente de maior umidade no início do Holoceno, em 13.555 anos cal. A.P. e 495
posteriormente em 2.100 e 1.700 anos A.P. 496
497
5. CONCLUSÃO. 498
O Pantanal de Poconé esteve submetido nos últimos 13.000 anos A.P. a modificações 499
ambientais que resultaram na composição da paisagem atualmente observada naquela região. A 500
presença de um clima úmido propiciando vegetação de grande porte e temperatura média de 25º C na 501
transição Pleistoceno/Holoceno é seguida de um processo de exposição subaérea da superfície, 502
favorecendo a atuação de processos erosivos e consequente não deposição. 503
Os últimos 4.000 anos A.P. daquela região são marcados por saturação hídrica e posterior 504
estabelecimento de ambiente com disponibilidade hídrica com predomínio de vegetação herbácea. O 505
aumento de umidade é intercalado por eventos locais de exposição da superfície e possíveis estresses 506
hídricos de curta duração, que por vezes aparecem no registro sedimentar como coberturas detrito-507
lateríticas ferruginosas. 508
Nos últimos 1.400 anos A.P., estabelecem-se as condições encontradas atualmente na região 509
do Pantanal de Poconé. A diversidade da vegetação, bem como a abundância de espécies com maior 510
produção em ambientes com taxas significativas de irradiação compõem a paisagem da bacia naquele 511
lugar. 512
21
513
AGRADECIMENTOS 514
Ao programa de Pós-Graduação em Geociências da Faculdade de Geociências da Universidade 515
Federal de Mato Grosso – UFMT, ao Projeto Universal do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) 516
processo 476020/2013-1, ao Laboratório de Paleontologia e Palinologia de Mato Grosso – 517
PALMA/UFMT e ao Laboratório de Geoquímica Orgânica da Universidade do Estado do Rio de 518
Janeiro – UERJ 519
520
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FIGURAS 635
26
636
Figura 1 - Mapa do Pantanal, suas subdivisões e delimitações – Planaltos: 1: Bodoquena; 2: 637
Maracaju - Campo Grande; 3: Taquari - Itiquira; 4: Guimarães; 5: Parecis; 6: Província 638
Serrana; 7: Urucum Amolar ; 8: Pantanal de Poconé (modificado de Adámoli, 1982; 639
Schobbenhaus & Bellizzia, 2000; Assine 2003, Padovani ,2010) 640
27
641
Figura 2 – Perfil sedimentar da planície do Pantanal de Poconé, Poço PPJ1, com as 642
profundidades amostradas, bem como idades calibradas, convencionais e interpoladas. 643
28
644
Figura 3 - Ocorrência comparativa entre carbono e enxofre, onde se observa a similaridade nas 645
anomalias positivas de carbono 646
647
Figura 4 - Teores de SiO2 e Al2O3 no poço PPJ1. 648
29
649
Figura 5 - Correlação entre MgO, K2O e Fe2O3. 650
30
Figura 6 – Diagrama percentual proporcional agrupado por hábito da assembleia palinológica identificada.
31
Anexo 1 INSTRUÇÕES AOS AUTORES
BOLETIM DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO
GOELDI. CIÊNCIAS NATURAIS