Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

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1ª Edição Câmara Brasileira de Jovens Escritores Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas Juliano Gustavo dos Santos Ozga JULIK

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Afonso Penna Mascarenhas Júnior.Ouro Preto, 26 de março de 2013.Juliano,As coisas, palavras e sentimentos não só começam a fazer sentido, quando já estão em pleno exercício da fé, do amor e da esperança.Você, Juliano, terno/menino/homem e já tão consciente; são nítidas as impressões, um plácido regato, um manso cordeiro. Consciência do saber da beleza que não é mais ilusão, do atávico medo do homem-urbano, do pavor de todos nós...Alinhave tuas palavras, que concretas serãoa nos traspassar a augusta paz nas linhas em louvor à Criação.Juliano ave,De aflito e frenético vôo...Albatroz da paisagem humana, ao norte do simples rural, singelo e puro...Traga-nos sempre em tuas linhas do chão ao céu repleto de intenção em teus/nossos sentimentos que não são mais presságios, mas definitivos.Obrigado, por nos lembrar o que ainda podemos ser; obrigado por teus amarelos sóis que nos fazem afastar nosso medo em reais reflexões outonais; para quem fomos e ou para aonde poderemos voltar...Abraço,Afonso Penna.

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1ª Edição

Câmara Brasileira de Jovens Escritores

Recital...A

Anunciaçãopara

PalavrasPerdidas

Juliano Gustavo dos Santos OzgaJULIK

Copyright©Juliano Gustavo Ozga

Câmara Brasileira de Jovens EscritoresRua Marquês de Muritiba 865, sala 201 - Cep 21910-280

Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 3393-2163

[email protected]

Outubro de 2015

Primeira Edição

Conselho Editorial

Presidente: Glaucia HelenaEditor: Georges Martins

Coordenação editorial: Luiz Carlos MartinsProdução gráfica: Fernando Dutra

Comissão de Avaliação: Leo Martins, Leonardo Ach,Milena Patrícia, Fernando Dutra,

Vânia Ferreira, Fernanda Redon, Rodrigo Tedesco,Bruna Gala, Arthur Henrique Santos

Revisão: do Autor

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, porqualquer meio e para qualquer fim, sem a autorização

prévia, por escrito, do autor.Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

Ozga, Juliano Gustavo dos Santos - Palavras Perdidas / JulianoGustavo dos Santos Ozga. – Rio de Janeiro: Câmara Brasileira deJovens Escritores, 2015.140p. 21cm.

ISBN:

1. Literatura. 2 Poesia. I Título. OZGA/O’GA ([Polonês]: sub. Fogo).

CDU Nº:821.134.3(81)-1821.134.3(816.5)-1

Luísa Vilanova de Oliveira CRB10/1294

O99p

Recital...A

Anunciaçãopara

PalavrasPerdidas

Juliano Gustavo dos Santos OzgaJULIK

Rio de Janeiro - Brasil

Outubro de 2015

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Afonso Penna Mascarenhas Júnior

Ouro Preto, 26 de março de 2013.

Juliano,As coisas, palavras e sentimentos não só começam a fazer

sentido, quando já estão em pleno exercício da fé, do amor e daesperança.

Você, Juliano, terno/menino/homem e já tão consciente;são nítidas as impressões, um plácido regato, um manso cordeiro.Consciência do saber da beleza que não é mais ilusão, do atávicomedo do homem-urbano, do pavor de todos nós...

Alinhave tuas palavras, que concretas serãoa nos traspassara augusta paz nas linhas em louvor à Criação.

Juliano ave,De aflito e frenético vôo...Albatroz da paisagem humana, ao norte do simples rural,

singelo e puro...Traga-nos sempre em tuas linhas do chão ao céu repleto

de intenção em teus/nossos sentimentos que não são maispresságios, mas definitivos.

Obrigado, por nos lembrar o que ainda podemos ser;obrigado por teus amarelos sóis que nos fazem afastar nosso medoem reais reflexões outonais; para quem fomos e ou para aondepoderemos voltar...

Abraço,Afonso Penna.

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Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Este livro é dedicado aos meus Antepassados:

Maternos: Paternos:1- <... Barcelos 1- Klucznik2- Escobar 2- Larsson3- Gomes 3- Nystron4- Méndez 4- Olsson5- Rodrigues 5- Ozga6- Santos 6- Westermark …>7- Souza

“Só há o Cosmos e o Universo.”– Nelson Ozga (In memórian).

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Sumário

LIVRO HUMANO ......................................................................................... 11O Engano Racional .....................................................................................13A Chuva Companheira da Tempestade ................................................... 15A Rosa no Café Cristal ...............................................................................18A Vida Brota da Terra ..................................................................................19Caminhos de Itaara* ..................................................................................20“Morreu quando prometeu”.A Sacerdotisa e o Monge ............................................................................22Orgulho Egoísta do Beijo Francês ............................................................. 24Caminhos Naturais .....................................................................................25Corpo no Véu de Pétalas Vermelhas ........................................................ 27Faces do ser ................................................................................................28Formas Funcionais Subjetivas .................................................................. 29O Jardim Pagão-Nativista do Sul:Meu Eterno Pago Rio Grande do Sul ........................................................ 30O Jardineiro e seu Castelo erguem-se ..................................................... 32O Tesouro da Estrada Terrestre ................................................................. 34Ode à Santa Maria* .....................................................................................36Elegia ao presente instante .......................................................................37Nas nuvens do jardim de inverno ............................................................. 39Contemplação do sol brilhante no inverno .............................................. 41Uma imagem da borboleta rampante ...................................................... 42Uma imagem da borboleta rampante (parte 2) ...................................... 43Canção de inverno ......................................................................................45Momento de vazio ......................................................................................49O eremita ..................................................................................................... 50O três do nove .............................................................................................51O ermitão ..................................................................................................... 52Para as sendas de longos caminhos ........................................................ 53A abadia ...................................................................................................... 54Cidade e floresta .........................................................................................56O desafio do marinheiro .............................................................................57Sentido real .................................................................................................59Dionísio no templo de Apolo ......................................................................60Os mistérios do horizonte ..........................................................................61Lançando a rede num largo remanso ...................................................... 62A humanidade .............................................................................................63Sol de junho ................................................................................................64Presente Buquê de Rosas .........................................................................65Reflexos do horizonte .................................................................................66

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Distante brilho .............................................................................................72A imensidão no luar ....................................................................................73Ao longe ....................................................................................................... 74Suave Emoção do Regresso .....................................................................75Um Relato que Nunca Acabará... ..............................................................77Vale Rústico .................................................................................................93Ventos da Existência ..................................................................................96O Instante ..................................................................................................... 97Poema Matutino ..........................................................................................98A Imagem da Colina ..................................................................................99Crepúsculo Vermelho ...............................................................................100Herança dos Tempos ................................................................................101Flor de Maio ...............................................................................................103Jardins Ancestrais .....................................................................................104Movimentos de Gaia .................................................................................105Impressões das Expressões ao Entardecer ...........................................108O hepteto soberbo ....................................................................................109Bétulas ....................................................................................................... 111SIMPLES CANÇÃO DE PREEMINÊNCIA .............................................. 112Anciã de Juno ............................................................................................115Malkuth: 9 Movimentos do Universo ....................................................... 116Ode à Ouro Preto* .....................................................................................121Almejo o Tesouro dos Amigos em Santa Maria* ...................................122O balseiro Casemiro* do rio Uruguay .....................................................123Canção das Águas do Rio Corrente .......................................................125Estação Belo Horizonte de Minas Gerais ...............................................126O Amar na Bahia .......................................................................................127A Sapiência da Águia Missioneira ...........................................................128Signo do Etéreo Caminho da Existência ................................................129Perspectivas de um segredo ...................................................................132

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“Acesse a chave do fogo e mantenha alta a promessa” (Fabiano Gustavo dos Santos Ozga).

LIVRO HUMANO

...Livres imensamente voltarão,Rostos outrora humanizarão.

Homem único material,Atônita natureza ocasional.

A civilização é uma imensa biblioteca.Cada um com seu título.

Cada um é seu próprio autor,A espera de um corajoso e solitário leitor.

Não basta conhecer e não compreender.Um livro é uma descoberta,

Pessoas cobrem-se com títulos e capas.

Algumas luxuosas outras discretas.Apenas para disfarçar o conteúdo,

Esperando alguém despertar.

Alguns agonizam na solidão por ninguém desejá-los.Outros não permitem tal contato.

Poucos duram o bastante até a próxima geração,São jogados no fogo ou perdidos na escuridão.

Certos elementos possuem o papel de selecioná-los.Mostrar um caminho fácil de perseguir,

E momentos difíceis de suportarem.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Ou se é um drama ou uma tragédia.Não importa o contexto,

O desejo é sempre estarem presentes.

Possuem o dom de capturar nossa atenção,Onde raros conquistam um lugar no altar.

Onde tudo isto tem um preço,Árduo de se quitar e pagar.

Triste é ser esquecido pelo seu leitor.Uma cena hedônica predomina.

A palavra tornar-se-á uma sentença,Onde pensamentos nos iluminam.

Poder conhecer o livro sem ler.É como querer entender a vida,

E não viver.

Pensam que possuem uma bola de cristal,Imaginam uma vida como um espelho.

Querem acreditar que o outro é sua imagem,E assim seguem em longa passagem.

O livro continua sua evolução silenciosa,Em cada palavra a dor de um espinho.

E mais próxima está sua rosa,No mais íngreme dos caminhos.

Seu nome está ofuscado.Na tarde de inverno,

Bom é o passado que é eterno...

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O Engano Racional

O maior desgosto do ser é saber, Que não foi compreendido.

E fatal para seu espírito é ter a certeza,De que lhe julgaram “mal” ou “mau”.

Não saber expressar em formas lógicasE dinâmicas seu pensamento.

Eis o sustento da alma para seguir emFrente procurando o caminho “ideal”.

“Não espero o Sol, seja o Sol.Não cobice a Lua, seja a Lua.Não procure o Dia, seja o Dia.

Não espere o Amor, seja o Amor.”

“Não queira compreender, seja compreendido.Não aprecie a Vida, seja a Vida.

Não vislumbre a Natureza, seja parte dela.Não esqueça, seja esquecido.”

O ser ainda e para sempre,Há de ser um eterno incompreendido.

Esse é seu fardo, sua sentença.Viajou, conheceu, apreciou, humanizou-se.

Mas quando retornou ninguém lhe entendia.Falava outra língua, um dialeto provinciano.

Eis o seu fardo. Eis sua sentença.Desejou tanto ser, quando conseguiu...

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Tornou-se mais um estrangeiro,Na sua própria terra natal.

O ser foi uma vítima do Engano Racional.

O ser há de triunfar doravante sobre,O clero e diante o Eclipse Universal.

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A Chuva Companheira da Tempestade

Esperávamos por este momento ansiosamente.Um dia limpo e suave nasceu ao amanhecer.

O sol a tilintar sua força diante de nós.A potência da vida expressa sua nobreza.

Tudo isso foi uma abertura matinal.Lentamente as nuvens pesadas surgiram.Tomando conta do céu com seu semblante.

Havia outra perspectiva no momento.

Isso afetou totalmente nossa sensibilidade.Surgia uma vida extrema nessa situação.

O clima lúgubre nos remetia há outros tempos.

O vento percorria nosso corpo com fúria.Nossas idéias estavam em constante movimento.

A poeira surgia do chão como uma nuvem.Tão densa que perdíamos a noção de espaço.

Uma nova sensação de mudança,Ansiosos com sua realização.

O dia tornou-se obscuro e lento.Os primeiros sinais de lágrimas do céu.

Flutuávamos num oceano terrestre.A chuva suavizou nosso drama.

Alguns súditos saíram ao ar livre,Para recepcionar este evento natural e sublime,

Dançando na chuva ao som dos trovões.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

A chuva feria nossa pele como estilhaços de vidro.Alguma experiência estava acontecendo.

Toda a impureza dos campos verteu,Através das feridas provocadas pela chuva.

Nossa alma e corpo estavam cristalinos.A vontade de vida intensa fluiu em nossas veias.

Assim percorremos esse dia especial,Na dança das nuvens cinza e densas.Contrastando com o horizonte de vidro,

Presenteando-nos com sua presença.

Feliz seja a deusa da chuva.Desejamos seu retorno constante,

Para agradecermos por nossa existência.

Ela traga nossa alma como alimentoE nosso presente é sua expiração.

A ordem do caos mantém o controle.Nada escapa da corrente do Universo.Ciclos chocam-se permanentemente.A explosão é inevitável e necessária.

Nosso conforto é o som das aves na encosta marinha.Suas canções pendulam como o balanço das ondas.

Trazendo vida e tragando experiências,Diante do obelisco de pedra que tudo observa.

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Prova 01CBJE

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Seu poder é a fascinação e o respeito.A tempestade e o mar são suas companheiras.

Sem a presença de ambos ela nada pode.

Na terra do amor eles são os reis.A Roma não está distante dos corações.

Ao cair do dia começa a celebração.A ceia está na mesa da aldeia.

Os músicos e dançarinas estão chegando.A vida expressada em sua totalidade.

Arrebatando os corações mais sólidos.Nada justifica a dor e a tristeza.

Somos dignos da vida e existência,Diante de qualquer tempestade.

Amanhã é um novo dia de colheita.As plantas irão florescer e dar belos frutos.

Nossa tarefa é garantir sua realização.

Somos guardiões da Celebração da Vida.E presenteados sempre seremos por Ela.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

A Rosa no Café Cristal

A rosa cai no Café Cristal.Eu tenho a Vida,A rosa o essencial.

Uma trajetória de Vitórias,É o caminho inicial.

E um retorno de glórias.

A Rosa tingiu a Cruz.O orvalho virou sangue.O sofrimento virou luz.

Uma companhia ilumina.Uma aura sentimental.

Onde o anel sela e domina.

Eis o Projeto Ouroboros.

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A Vida Brota da Terra

Na imensidão terrestre,O fruto da vida nasce

Diante de tantos obstáculos.

Sua vontade de viver predomina,Semeando palavras ao vento

Para muitos ouvirem.

Recordações da infância tornam-sePuramente presentes,

Como rosas avermelhadas.Toda a alegria da vida

Sempre preserva a sinceridade,Habitando em nossos campos...

As rosas nascem do coração.A emoção surge no amanhecer.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Caminhos de Itaara*

Subimos a serra.Encostas íngremes.

A relva forma um veludoVerde como jade precioso.

Caminhos irregulares e estreitos.Estradas sinuosas.

O brilho do entardecer nos abriga.

Acolhedor é a paisagem serrana.Trilha de desbravadores e aventureiros,

Sonhadores e namorados.Na subida a pressão nos afeta.

Sentimo-nos tencionados.A recompensa é a beleza.

A imponência e majestade,Senhora Natureza.

Guardiã de segredosE portadora de tesouros.

Um simples e aconchegante chalé.Próximo ao bosque,

A lenha queima na lareira,Aquecendo nosso corpo e alma.

A brisa matutina embeleza o dia.Os raios de sol reluzem no horizonte.

Sinal de um novo dia.Um novo ciclo natural.

Animais cantam na floresta.É o ritual selvagem e primitivoQue aumenta nossa esperança

E fortalece nossa vontade.Ao lutar para preservar tesouros semelhantes.

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Prova 01CBJE

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Do que vale a VidaSe o homem perdeu sua essência?

Nunca perca seu tesouro e marca interna.Ou você irá se perder.

E o caminho de volta será...

*: Itaara-RS (Ita: pedra; ara: alta: Pedra alta).

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

“Morreu quando prometeu”.A Sacerdotisa e o Monge

Na calada da noite a magiaDo amor lhe enfeitiça.

Acorrenta seu coração e sua alma.Sua visão é bloqueada.Sua razão é emoção.

A Sacerdotisa lhe enfeitiçou.O Monge é seu guia.

Um ego de egoísmo.Um beijo de adeus.

A Sacerdotisa tem seu ideal.O Monge segue seu caminho.

Ao sol, no deserto.Com a lua, na madrugada.

O dia camufla sentimentos.A noite liberta-os.

Eis a Dama d’noite e sua beleza.

A Sacerdotisa encobre o dia.O Monge celebra a noite.

Seus caminhos cruzaram.Mas suas vidas colidiram.

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Um ego de egoísmoOs deixou próximo do abismo.

Um eu de meu.Acabou quando prometeu.

Um meu, mas não teu.Um você, apenas eu.

Eis a chave que abre as portasPara o caminho do adeus.

O ego matou o Amor,Quebrou o anel.

Extinguiu o fogo do Amor,Queimou vagarosamente o véu.

Eis o Monge e a Sacerdotisa.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Orgulho Egoísta do Beijo Francês

Passei meu suspiro de Vida.Transmiti minha essência.

Você devolveu-me seu sangue.Sua boca está ferida.

Palavras cortaram seus lábios.Seu olhar pediu perdão.

Sua pergunta sem resposta.Minha presença sem emoção.

Meu desejo escondido na profundidade.No meu coração brotou um espinho.

Sua imagem apenas na saudade.Um orgoísmo* no final do caminho.

Acabou o vinho.Acabou o orgulho.

Extinguiu o egoísmo.Restou o beijo francês.Desejo de ter outra vez.

*: Orgoísmo: org-ulho; eg-oísmo:orgoísmo.

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Caminhos Naturais

Nos caminhos do parque andei.Observei serenamente o salgueiro chorar.Refrescar nossas recordações esquecidas,Com a brisa temperada e úmida.

No final do parque não cheguei.Quero sempre voltar a presenciarNovas sensações e ocasiões inusitadas,Instantâneas e únicas.

Sentei-me diante do gigante tabuleiro.Era dama ou xadrez.Outra vez espero poder jogar.

Nesta tarde meu passeio solitário acabou.No jardim campestre espero retornar.Nas manhãs de todas as estaçõesE na velhice de todos os dias.

No amanhecer para nascer.No meio-dia para fantasiar.No entardecer para entender.O dia de morrer e nascer...

Retornei de meu passeio no parque.O caos tomou conta da cidade.A euforia era totalmente desordenada.Nada se ouvia ou entendia-se.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Neste instante veio até mimLembranças profundas das expressões do parque.Do jardim desconhecido.

Agora eu compreendo o motivo de meu desejo.Sempre retornar ao parque,Como se fosse totalmente desconhecido.Para descobrir o que está encoberto.

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Corpo no Véu de Pétalas Vermelhas

Introdução:“Seu véu és um encanto.Vermelho seu semblante.Sua canção um manto.

Sua presença uma amante.”...

A Era do Silêncio iniciou.Onde a canção ressoou mais alto,

Atingindo nossa alma e nosso prisma.A Era do Silêncio acabou.

A musa acompanhada de seus súditos.Lembranças chegam até nossa mente.

O aroma da relva e do campoSurge na memória.

Suas mãos dançam ao vento.Sua face expressa sensações profundas.

A neve tornou-se vermelho.A ostra cobriu-se com o véu.

Um corpo no véu de pétalas vermelhas.

A Era do Silêncio acabou.A melodia entrou em cena.A vida novo rumo tomou.

A existência agora é plena.

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Faces do ser

Ser Individual? Ou Peculiar.

Ser Social? Ou Semelhante.

Ser Aparente? Ou Superficial.

Ser Autêntico? Ou Único.

Ser Íntimo? Ou Profundo.

Ser Objetivo? Ou Subjetivo.

Ser Racional? Ou Emocional.

Ser Causal? Ou Acionário.

Ser Passivo? Ou Ativo.

Ser Efeito? Ou Reação.

Ser Nada? Ou Tudo.

O que é Ser? Ou Não Ser.

Viver para Ser? Ou Ser para Viver.

Ser a Máscara? Ou a máscara Ser.

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Formas Funcionais Subjetivas

(Inspirado na obra “Formas funcionais” da artista plástica deCarina Plein-Santa Maria-RS, Brasil).

No campo universal,Apreciamos formas funcionais.

Subjetivas são nossas interpretações.

No saber Ideal,Somos símbolos ocasionais,

Oriundos de nossas sensações.

O grande pinheiro é seu vizinho.A ponte sua platéia,O céu sua expansão.

O ilustre sol lhe observa sozinho.Longe da Assembléia,

Sentindo o silêncio como uma canção.

Esperando o florescer da corticeira do banhado.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

O Jardim Pagão-Nativista do Sul:Meu Eterno Pago Rio Grande do Sul

Prelúdio:

“O verdadeiro e dilacerante canto.Canto dos oprimidos pelo poder.

A canção dos guerreiros.Eis o Hino Ameríndio Guarany.

A canção do povo primitivo.Que soube ser aurora,Escarlate ao ascender”.

A sinfonia dos pampas.Uma presença primitiva.

As armas e escudos na estampa.O povo sulino de vida altiva.

Um vilarejo ou um condado.A obra do povo nativo e guerreiro.Sua virtude é um elmo honrado.

Como o sangue Guarany e missioneiro.

O jardim ou pago sulista.A lembrança de meu Pai.Uma herança nativista

Na barranca do Rio Uruguay.

O vento do minuano.A gralha e o gavião.

O “des-bravador” hispano.Eis a graça e a união.

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Um brasão e uma bandeira.A grandiosa índia Guarany missioneira.

Um eterno e belo pago e chão.Hoje é luz, amanhã Tupã, Deus do trovão.

O Jardim, aroma de jasmim.O Pagão, guerreiro e ancião.

O Nativista, preeminência sulista.Eis meu eterno pago nativo: Rio Grande do Sul.

Longa vida. Que assim foi, é e será.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

O Jardineiro e seu Castelo erguem-se

Todos possuem um sentimento,Peculiar ao sorriso de um jardineiro.

Como na brisa o vento nos toca.

O único jardineiro da aldeia,Preserva seu jardim secreto

Distante do olhar de estranhos.

Cada pessoa deseja o jardim do próximo.Esquecendo-se de construir seu próprio.

Pensam que não são capazes.Vivem a vida do próximo, distante do próprio jardim...

Mas o jardineiro acredita nas pessoas.Ele sabe o poder de presentear uma pessoa

Com uma bela amostra da natureza.

A muralha toma conta do castelo,Contrastando com o jardim.

Mas um dia essa muralha há de cair.

Todos serão bem-vindos ao jardim.O jardineiro estará de braços abertos esperando,

Seus convidados o jardim apreciar.Antes ele terá que derrubar esta muralha.

O jardim necessita de maior espaço.A cada primavera a vida brota novamente,Necessitando de campos além das pedras.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Seguindo esse caminho, a muralha,Cresce a cada dia sufocando o jardim.

O jardineiro está com sua obra...

Em determinada situação,Nossa emoção realiza façanhas

O jardineiro sincero sofreu muito.No entanto conseguiu derrubar a muralha.

O vento silvestre apossou-se de sua vida.Seu jardim podia expandir-se agora,

Livre em direção à Natureza...

Da muralha restaram singelas recordações.A vida brotava em sua companhia.

Esta era a função da muralha,Despertar a expansão da vida mais além.

Destinos cruzam-se constantemente.A muralha acompanha o jardim,

Na sua extensão de encanto.

Seu próximo obstáculo será um rio profundo.Suas águas turbulentas derrubam pedras.

Novamente o jardineiro lutará.Dando sua vida ao destino.

Todo jardim ergue-se diante da muralha.O rio é uma extensão do desafio.

O jardim viverá diante do jardineiro...

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

O Tesouro da Estrada Terrestre

Deixamos tesouros em cada localidade.Todo adeus é um sacrifício.

O maior tesouro é aquele que não possuímos.

Por isso o maior dos tesouros.Seu valor é semelhante a sua liberdade.

Não possuir representa deter pela vontade própria.

Todo conflito e turbulência pessoal agradecem.O outro dia nos trará grandes lições.

Tudo depende do seu respectivo ponto de vista.

Um abraço antes da partida,É certeza de um retorno.

Criamos uma expectativa profunda.

Criamos situações e geramos emoções.Demonstramos nosso afeto oferecendo um presente.

Uma violeta ao brotar torna-se especial.

A noite traz consigo lembranças.Lembranças que afetam nosso presente.

Estamos agindo para tornarmo-nos melhores seres.

Um olhar é um abalo fatal.Lágrimas cristalizam-se na face branca.

Manchando o mármore humano.Nossa beleza está expandindo.

Planos e projetos são elaborados.Caminhos e encruzilhadas encontram-se.

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Na manhã de domingo tudo é esperança.Possuir o tesouro e a lembrança,Retornar ao encontro marcado.

Nossa luta diária é para proteger um tesouro.Todos possuem um tesouro

Alguns de ouro outros de tolo.

O mais valioso é o tesouro do sentimento.O tesouro da vontade e permanência.

A imagem contemplada.

O meu tesouro é de carne e sangue.É frágil e simultaneamente forte.

Carrego-o comigo em qualquer lugar.

O seu valor está na sua própria escolha e vontade.Totalmente livre com o tesouro da liberdade.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Ode à Santa Maria*

Santa Maria, uma noite fria.Maria amanhece a alegria.

Ao amanhecer o horizonte reluz.A minha alma vive e meu viver seduz.

Santa Maria, uma noite fria.Santa elegância e alegria.

Nos parques e praças a vida cresce.O sol é nativo e a lua obedece.

O desejo é capricho.A vida alvorece.

Santa Maria, uma noite fria.Santa a minha alegoria.

Um viver para ver. Outro ser para entender.

Eis o charme de Santa Maria. Meu encanto a noite.Meu prelúdio ao dia.

*: Santa Maria-RS, Brasil.

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Elegia ao presente instante

Servindo-se do cálice simples,Todo homem deseja saber o que é nobre.

Costura caminhos e desata obras.Quer o que lhe falta e desperdiça o que possui.

Deseja o dever de ter e ser.E deve obrigação por não ser e não ter.

Não quer ser dependente,O pior mal conferido a um sujeito.Estar acorrentado pela obrigação.

Submissão lhe impõe medo e não respeito.

O nobre anda a cavalo e pensa que é...O cavalo é seu guia e lhe conduz fielmente,

Quando é bem tratado.E também quando é obrigado.

Ele sabe o preço da desobediência.O homem tornou-se domesticado,

Por presumir, adivinhar, sentir, ver.O que lhe restaria se desobedecesse à...Mas o homem, poucos homens ousam.

Desafiam as ordens e tentam desobedecer.

Isso nos é dado como exemplo ou escolha.Ou sejamos homens ou cavalos.

Ao desobedecer, presume-se que teremosQue arcar com nossa ação.

A reação muitas vezes elimina o personagem,Que deseja distanciar-se da estrada.

A fantasia nos encoraja a tentarNovos ares e atingir novas montanhas.

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Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Mas tudo está contra essa trajetória.Poucos são aqueles que concluem a rota.

A ilusão, quando inconsciente e indesejável,É o pior de nossos inimigos.

Somos derrotados por nós mesmos.Não conseguimos distinguir o real e o irreal.

A ilusão bloqueia a tela-inteligência,Deixando os homens cegos.

A indignação consciente é o oposto.Reabilita-nos consciente e logicamente,

Traz-nos criatividade e dúvidas.Tornando-as vivas na realidade.

O conhecimento do homem é possível,Na medida em que experimenta a situação.Vivenciando o instante do fato a conhecer.

De outro modo temos um conhecimento superficial,Dotado de ilusão e discordância dos sentidos.

O conhecimento carrega o entender e compreender.O contrário é a ignorância e o pré-conceito.

Iludindo o não detentor da experiência.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Nas nuvens do jardim de inverno

Ao amanhecer a neblina se apresenta,Forte imagem de esperança.

O caminho até a morada se perde na floresta.No vilarejo os camponeses não

Entendem o que está acontecendo.O olhar perdido através da janela procura algo.

No solene meio-dia o véu branco daNatureza ainda percorre os vales.No pequeno quadro do horizonte,

A chuva refinada nos ofusca.Antes do entardecer o sol,

Presenteia aqueles que querem ver.Depois do rio chegaremos,

No local onde o tempo parou.Para levar mais um ilustre viajante,

Que seguirá o caminho perdido.As águas transbordam no leito do rio.A ponte se faz presente no retorno.

Agora podemos observar o dourado das folhas.Passa mais um instante,

Que a memória toma para si própria.Como algo que lhe pertence,

Deixando para esses camponeses, Nobres por excelência,

Mais uma marca em suas vidas. E quando esses nobres por Excelência forem ao jardim,

Eles poderão entender melhor a situação.O grande jardim de inverno nos apresenta

Esses mágicos instantes.

40

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Só nos resta entender e compreender.Assim se foi mais um momento.

Contemplando as nuvens do eterno jardim de inverno.

41

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Contemplação do sol brilhante no inverno

Pássaros negros festejam a chegada do inverno.Pairam sobre majestosa pousada.

A neblina torna-se manto branco diante dos olhos.Eles estão esperando o gigante invicto solar.

Sua energia lhes traz força e perseverança.Almejada por todos a sua luz ofusca-se na manhã.

O frio congela nossos pensamentos.Deixando-nos na contemplação da cena.

A imagem do gigante solar lembra a grandeDescoberta de uma jóia em volta de um campo de neve.

O horizonte se perdeu na névoa.Só nos resta imaginarmos.

A vida nos mostra várias faces.Basta entendê-las.

E no caminho desta imagem,Os pássaros negros estão repousando

Em árvores envelhecidas.Ambos esperando para contemplar o gigante solar.

Impondo-se diante de nós.

42

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Uma imagem da borboleta rampante

... “E cai a chuva com o som do universo”...

Ao som do universo, sentido por poucos,Procurado por muitos.

Tornámo-nos cientes e realizados,De saber que não somos os únicos

Com ideais, pensares e desejos tão íntimos.E ao mesmo tempo gigantes.

E cairá a chuva com o som do universo.Para aqueles que quiserem

Presenciar alguma realidade ou sensação.

O que possuímos é nosso e de nossa certeza.Ao passar deixamos estilhaços pelo caminho.

Ferindo e alegrando pessoas,Muitas vezes sem sabermos.

O que nos ofusca,Nos mata.

Consome-nos.Não seja você mesmo o ofuscante.

E mesmo assim.Está caindo achuva com o som do universo...

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Uma imagem da borboleta rampante (parte 2)

Ao entrar no SilentiumStadium,Encontrar-se-á com Silinenus.Se for capaz o siga e o ouça.Mas não o perca de vista.Ele também segue alguém.

Silenus segue a borboleta rampante,Que acabou de entrar neste lindo campo.

Na sua frente, a imagem modifica-se.Este lugar lhe transporta para paisagens distantes,

Desconhecido por você antes.

Seja noite ou dia, o que muda,É a sensação de estar com outrem.

Em um lugar dentro de você.

A liberdade possui duas faces,Podendo você ver apenas, se desejar,

A parte que lhe faz feliz.Isso é único e você compreende.

Se alguém ouvir isto, duvidará.Até o momento em que ela encontrar,A entrada do SilentiumStadium...

O caminho quem indica é Silenus,Estudioso das florestas e campos puros.

Guiado pela imagem da borboleta rampante.

44

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

A planície mostra-se para todos.Mas poucos a querem enxergar,

Sem serem iludidos ou enganados.

A hora é você quem faz.O instante é infinito como o som.E o vento que lhe transporta para

Ruínas de grandiosa beleza.

Não siga promessas nem faça promessas.Pessoas machucam-se com a derrota.

Esse não é o ideal.

O sempre guiaSilenus, lhe encontrará.Basta procurá-lo.

E você poderá ver uma imagem da borboleta rampante.

45

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Canção de inverno

Aquele que encontro é um velho amigo.Companheiro de longas jornadas.

Senhor de inúmeros caminhos.

Vive a existência do mundo no seu tempo.Diante da aparição do fim ele não se abala.

Quer apenas viver instantes eternos.Como num passeio solitário em volta do lago,

Em pleno inverno.

As paisagens que ele presencia neste passeio,Nunca deixarão de lhe emocionar.Essa é uma das várias sensações,

Desejadas para todos que não estremecem,Com a presença da julgadora do destino.

Ao cair da noite, o manifesto maior da natureza.Diante de trovões e tormentas.O povo corre para abrigar-se.

Como se estivessem sendo sacrificados,Pela força da natureza.

As luzes no bosque ofuscam-se,Diante da nuvem de água que paira no ar.

O melhor a fazer é esperar.Diante de conflitos e situações revoltantes,

Paciência é uma arma mágica.

46

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

O senhor da floresta sabe que isto é parte do ciclo.Em breve os ventos acalmarão.

E poderemos apreciar a vinda da nova paisagem...

Sobre campos verdes e floridos ele perde-se,No momento eterno de contemplação,

Da beleza que nos atinge ferozmente e nos leva,A atingir caminhos e mundos nunca antes despertados.

Os símbolosda vida e morte cruzam-se sempre.Trabalham com respeito mútuo um com o outro.

Sabem esperar o instante certo de agir.Pois um erro será fatal.

Ao pararmos para um momento de memória passadas,Tivemos a percepçãototal do que nos rodeava.

O som sublime dos pássarosnos atingia por completo.E o dançar das árvores movimentava nossas idéias.

A chuva desliza em nossas faces. Estamos mais uma vez diante do grande espetáculo.

Contemplado por nossos ancestrais.E esperado por nossos ilustres descendentes.

Diante de tudo isso as pessoas ainda perguntam-se:O que á a vida?

E muitos ficam esperando e sem nenhuma resposta.

A criança eterna que chora, ecoa emoções,Perceptíveis apenas àqueles que desejam ouvir e sentir.

Nada mais ela possuipara nos oferecer.

47

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Estamos em fusão permanente com a criação universal.Somos parte íntegra desta obra.

O pensamento sobre este grande mistério, a morte,Faz-nos realizar ações nunca antes planejadas,

Pelo simples fato de não sabermos o dia de amanhã.

E esse silêncio ecoa em total sincronia,Diante de nossa alma universal.

Essas caminhadas os remetem para lugares distantes.São apenas sensações da imaginação.O frio expressa sua verdadeira face.

As horas ultrapassam o tempo, vistas ao longe,No pequeno relógio da simples igreja.

Os jovens procuram aventura.Enquanto isso, os soberanos estão apenas a observar.

Nesta época há vários caminhos.Muitos levam ao mesmo lugar.

Mesmo assim, os aventureiros sempre,Estarão esperando o estímulo.

O convite sempre chegará com disfarces novos.E aescolha será nossa...

Longo tempo depois deste encontro,Nossas noções estéticas e sensoriais,

Mostraram-se alteradas.

A beleza e harmonia caminham diante denós...O pássaro de fogo faz sua jornada,

De volta ao seu lar.

48

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

As musas comtemplam sua própria...A natureza total é seu reflexo.Criado e criação unem-se...

O astro solar marca de púrpura o horizonte.Tornando-se um mar de chamas incandescente.

O novo ciclo há de concretizar-se.As folhas mortas brotam da terra,

Em contraste com os arbustos.Agora o horizonte transforma-se lentamente.

As nuvens, antes sublimes,Agora dançam com o vento.

O sinal alerta para a chegada da chuva tão esperada.Que alegra ou castiga os distantes.

O pêndulo gira sempre.Alternando entre o cosmo e o caos.

A grande transformação começa seu trabalho árduo.Para poucos é sempre bem vinda.Como a mais bela das estações.

Enquanto muitos sentem o mais profundo pavor,Ao encontrarem-se dentro desta obra.

É a hora de seguir o perpétuo badalar dos sinos.Ou traçar nosso próprio trajeto no espaço.

E transfigurar nosso tempo.

49

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Momento de vazio

Diantedas linhas do oceano que você não compreende,A apatia toma conta do seu corpo.

E o eco permanece no centro da alma.Mas você não quer sentir,

O verdadeiro sentido da vida diante de seus olhos.Dedique sua existência às coisas puras,

Sem perder o movimento do sol.Para que um dia você não se culpe.

Olhe as pessoas como as árvores,Deixando de lado as angústias que sentiu.

Esperando os signos da vida,Marcar sua face com o fogo.

Mergulhe nas águas do horizonte.E na superfície das nuvens do lado oeste,

Não durma no momento da aurora.Ou irá perder a razão.

E distanciar-se-á do ponto final.

Siga sua vida e deixe de lado os momentos de vazio.

50

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

O eremita

Ele caminha em direção às montanhas,Mas ninguém entende o motivo.Aquele que pensa além de nós,

Sabe sentir a solidão.

Ele possui o que os outros querem.O eremita pensa além,

Entende os homens.

Ele irá morar no grande oceano.Viver com a natureza e com as flores.

A solidão é sua grande amiga.Os outros não lhe compreendem.

Ele segue a linha da vida,Morrendo para o próximo.E vivendo para si mesmo.

Ele conseguiu o que queria.Agora o eremita anda distante.

Os eruditos lhe chamam de tolo.Ele responde com o silêncio.

O eremita voltou de sua viajem.Mesmo assim ninguém acredita nele.

Ele só quer mostrar o caminho.

51

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O três do nove

No brilho que chega com nosso astro,Na aurora do amanhecer.

Uma luz intensa de vida e esperança,Olha para nós e nos guia,

Para sua delicadeza e beleza.No início era apenas um dos antigos,

Agora nos traz esperança e força eternamente.

Para todos em direção leste,Ele paira diante do horizonte.

Por entre as montanhas,Antes do amanhecer.

É um ciclo constante,Como as ondas do oceano.

Numa repleta escuridão e calmaria, No silêncio total e desolador.

Contemple seu brilho por toda a vida.

Nas quatro estações,Ao contemplar a vida e criação,

Presencie o momento que não é distante.É só querer e aguardar.

52

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

O ermitão

Ele que anda na terra e viaja pelo grande oceano,Prepara-se para sua grande obra aqui na terra.

Consigo seguem a águia e a serpente,Amigos inseparáveis na sua jornada.

Ele vibra com suas novas descobertas.Algum dia irá compartilhar seu conhecimento.

Caminhando pela floresta ele pensa na vida.Logo o canto dos pássaros lhe desperta.

O aroma da mata é seu perfume preferido.

Diante do riacho ele olha seu rosto,Sem distorções no espelho natural.

Ao atravessar o riacho, Ele contemplaas nuvens distantes de si.

O ermitão é o mais solitário dos homens.Mesmo assim, um eterno feliz,

Por desejar conhecer a si mesmo.Mesmo que isto lhe custe uma vida,Ele soube valorizá-la como ninguém.

Voltando para sua caverna ao anoitecer,Seu desejo é descansar ao som da solidão.

53

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Para as sendas de longos caminhos

Diante do grande herói nos sentimos pequenos.Não respeitamos nossa vontade de potência.

Procuramos o que não se busca.E que encontraremos.

O ídolo eterno deseja seu grande retorno.Não deixe as nuvens confundirem-lhe.

Você pode ir além do que pensa e almeja.

A imensa aurora lhe dará o sinal,Para partir na sua jornada.

Ande calmamente, olhe ao seu redor.Os momentos são iguais aos instantes.

Ou os observamos,Ouos perderemos para sempre.

Aquele caminho no vale lhe mostrará a montanha,Onde as vacas malhadas vivem.

A águia que paira no horizonte será sua visão aérea.E a serpente lhe mostrará o caminho terrestre.

Os eternos instantes são prioridade agora.Ou você segue para a próxima morada,

Ou retornará até o passado.Em nenhum deles chegarás ao fim.

O fim é você quem constrói.No eterno passado, no grande presente,

E na imensa posteridade.

54

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

A abadia

Ao longe, entre montanhas e vales,A abadia confunde-se com a paisagem.

Coberta de plumas da primavera ela nos transporta,Para lugares onde nossos antepassados ousaram estar.

A abadia transfigura sua imagem.Ela transforma-se no signo etéreo da existência.Ou será signo do caminho etéreo da existência?

Caminho este que é desejado por muitos.Mas digno de poucos entre nós.

Ao passar pelo seu pórtico terás a oportunidade,De vislumbrar seu trajeto percorrido.

E possuirá o que mesmo alguns deuses possuíram.A oportunidade de escolha sob mando de algo.

Algo este conhecido como destino.

Caminho etéreo da existência.Onde a abadia marca uma divisão.Um instante entre passado e futuro.

O que foi e o que será.

Faça desse momento ímpar um triunfo.Seja digno de reconhecer seu trabalho árduo.

Comparado ao trabalho de Sísifo,Que diante de vossa força poderá ter outro destino.

Isso depende de sua própria potência. A abadia, o signo do caminho etéreo da sua existência.

A vista privilegiada da abadia,A cada dia nos traz uma descoberta diferente.

55

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Como pássaros livres,Que por onde passam tudo é novo e belo.

Sendo que eles sempre voltam.Em épocas diferentes,

A melodia floresce da natureza,Seguindo seu curso corrente.

Cristalino despertar do amanhecer,Trazendo consigo o que nos é digno e puro.

E num passeio entre o bosque,A vida tornar-se-á simples.

Sem medida, infinita, sem tempo, eterna.

A sagrada abadia, onde o ritmo das nuvens,E o movimento do sol,

Deixam-nos seguir essa dança.

Em nossa consciência, mesmo que tenhamos que lutar.Sempre saberemos onde estará,O signo etéreo da existência.

56

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Cidade e floresta

A cidade nada mais é do que uma floresta.Nos grandes prédios que tocam perto do sol,

Vemos a imagem das árvores no bosque,Que lutam para conseguir luminosidade solar.

Nós, “pessoas”, somos os animais,Que habitam essa floresta moderna.

Onde a única regra é a mesma da vida selvagem:Sobreviver é a lei.

As nossas ruas onde transitamos,São os caminhos ocultos da floresta.

Onde cada espécie trilha seu caminho no solo.

Nossos aviões velozes que riscam o céu,Representam as aves no interior da floresta.

Planando entre as árvores.

Nossa vida fora da terra,É a mesma que a vida dos animais longe da floresta:

Uma vida com perigos.Procurando um sentido para viver em um novo lugar.

Como uma pequena planta,Que brota de uma rachadura no concreto humano.

Que está invadindo o espaço da floresta.“A maior perda do Homem Moderno,Habitante de uma Grande Cidade,

É não ver constantemente e principalmente,Perceber a linha do horizonte”.

57

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O desafio do marinheiro

O marinheiro que tudo deseja e que tudo possui,Não desafia a alta maré.

Já subiu até o ponto limite.Quer mostrar para o jovem marinheiro,

O andar das ondas.Andar este que jamais perde o valor.

E encanta com sua presença.Assim ele o define:

Inquestionável modo de viver e ser a realidade.O jovem marinheiro deseja o caminho do capitão.

Por algum motivo quer percorrer, A vastidão que lhe aguarda.

O velho marinheiro passou por isso na juventude.A emoção de desvendar o novo,

Percorrer lugares de beleza única.Esta emoção que lhe anima,

É seu combustível fundamental.Nas suas últimas viagens,

O velho capitão falou ao aprendiz:Nas suas próximas viagens, terá emoções,

Semelhante a de outros marinheiros e desbravadores.Apenas diferenciando no valor empregado.

Sabendo que em algum momento de sua vida,Elas voltarão para suavizar sua longa viagem.

De tudo isso resta o combustível,Para você continuar no cainho das ondas,Com seu barco trazendo de cada lugar,

Um pouco de aventura e alegria.O jovem agradeceu pelas belas palavras,

E seguiu seu trabalho.

58

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Assim, a viajem seguiu entre montanhas e bosques.Deslizando em rio corrente,Sempre sobre o espelho azul,

Que não reflete como a água.

59

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Sentido real

Quando você acorda de um pesadelo,A única imagem que você percebe,

É essa que está na sua frente,Guiando sua vida.

Mas por um momento olhe ao redor e pense:Se só você sente isso e percebe isto?À noite as sensações fluem melhor.

Parece que você é a única pessoa no planeta.

O silêncio toma conta da noite.As estrelas lançam um brilho incansável,

Que atravessa nossa vida e a gente não sente.

Por um momento lhe desperta no coração,Uma sensação de liberdade.

Seguida de um medo,De você ser a única alma sentindo essa emoção.

E não poder partilhar com ninguém.Mas isso é preciso:

Olhar e pensar na nossa vida.De que adianta a pessoa apenas viver,

Como se estivesse encenando.

Fazendo parte de uma história,Que repetirá pela eternidade.

É preciso ser integro e verdadeiro,Deixando nossa marca e experiência.

60

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Dionísio no templo de Apolo

Ao despertar de seu delírio,Dionísio depara-se com a maior das formosuras:

Apolo, o extremo da harmonia e perfeição.

Dionísio, o eterno amante do vinho,Atravessa sempre a floresta da consciência,

Para aqui na terra almejar a essência.

Apolo lhe mostra outro caminho.Mas o Senhor do Delírio não quer ver...

As nuvens ofuscam lhea visão,Ele só tem olhos pra eterna paixão.

Sua alegria é passear por campos floridos e silvestres,Contemplando a obra apolínea.

Sempre esperando o ser transformar-se.

Lesbo lhe encontra embaixo de uma figueira...Novamente Dionísio desperta,

E encontra diante de si,Outra obra regida pela vontade de Apolo.

Lesbo e Dionísio seguem um caminho longo e confuso.Durante a solidão eles encontram-se a si mesmos...

E seguem sempre o raio de Apolo,Que reluz no final do horizonte.

61

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Os mistérios do horizonte

O que o ser procura descobrir,Nada mais é do que o desconhecido.

Sendo que muitas vezes ele não encontra a resposta.

No horizonte, é onde os mistérios florescem.Aumentando a vontade de seguir o caminho.

Quanto mais longe, maior é o anseio.A procura não se baseia no resultado,E sim na trajetória para alcançá-lo.

A pouca perfeição está na experiência,De onde tiramos nossas mais puras conclusões.

Quando três luas estiverem sobre três homens,Você buscará a resposta.

O horizonte jamais lhe deixará dúvidas.Basta entender o seu significado.

E isso é digno do que você compreende.

62

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Lançando a rede num largo remanso

O camponês caminha novamente para seu trabalho.Trabalho que transcende idades de diversos campos.

Na diversidade das estações ele sempre estará de volta.Aqueles que lhe acompanham,

Prestam atenção nos mínimos gestos.A terra ele semeia, para flores belas nascer.

Como na vida todo tempo é instante,A experiência se mostra única e alternada.

63

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

A humanidade

O sonho humano e universal.Poder observar o próximo,

Sobre um olhar puro e nada superficial.

Saber o motivo de tais diferenças,Pela razão e experiência.

Tudo que é verdadeiro é esperança.

O suave contraste do olhar que observa,Nossos costumes e atitudes.

Respeitando e tendo orgulho de quem preserva.

Um som é reconhecido por diversos fatores.Como uma fruta,

Para cada indivíduo reserva vários sabores.

O sol é gentil e protetor,Para todos que desejam sua luz.

E o que seu raio produz.

64

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Sol de junho

Pousar sob o sol do amanhecer.Esperar a rara sinfonia das aves.

A cidade não repousa sem envelhecer.

Alguns apenas lutam para esquecer.A maioria procura viver.

Poucos possuem acesso às chaves.

A noite nos traz a dúvida e indagação.Acompanhada da certeza do alvorecer,

Sua resposta representa uma intensa visão.

O jardim espera a flor para uma coroação,Juntamente com danças e algumas canções.

Nada mais pode lhe estremecer.

O único ser que olhou para o céu,Perdeu o medo de visualizar,

Seu retrato no espelho azul sem véu.

Nos tempos modernos é tarefa cruel.Deixar de apreciar é tornar-se um réu,

Entre grades imaginárias ver a vida passar.

Conforto é saber que tudo gira.Onde o som é a flecha e o homem o alvo.

Semelhante ao dedilhar da lira.

65

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Presente Buquê de Rosas

Ao longo da alameda,Um senhor idoso estava há vender rosas.

Buquês feitos artesanalmente,Com toda a simplicidade e verdade.

No primeiro instante o jovem ficou confuso.Ao mesmo tempo queria levar um buquê.

No entanto não havia ninguém para presentear.

Pensou por longo tempo,E decidiu levar um belo arranjo de rosas.

Sua emoção afetava seus sentimentos,Por ter como companheira a Solidão.

Ela havia lhe proporcionado belas ocasiões.Sua trajetória era constante,

Procurando outra companheira para presentear.

O buquê sempre em um vaso.Jamais suas cores desbotaram.

Sua companheira estava sempre a contemplá-las,No amanhecer e no suave entardecer.

Estes momentos eram eternos para o jovem.A cada ano na Primavera,

Ele buscava na alameda um lindo buquê de rosas...

66

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Reflexos do horizonte

Reflexo parte 1

Quando o lindo passa em meu caminho,É quando me torno solitário.

Lembro-me seco, estou sozinho.

Não, não, não.

Passos ao vento,Ouço o trovão.

Ao caminho a chuva derrama-se,Para aquele que vai em vão...

Reflexo parte 2

...Não vivo observando da janela,Vivo sendo assistido através dela.O velho pastor espera o anoitecer.

Observado não por aparecer.Mas apenas e muito,

Por querer saber o que é viver.

Vivem observando pela janela,Não são assistidos através dela.O velho pastor não irá morrer.

Apenas aguarda o amanhecer.

O horizonte é tão longe.

67

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Onde será o buraco do mundo?Será que chove onde é tão distante?

Será que molha onde o fim é profundo?

Na distante estrada transitam gerações.Avistada pela simples árvore solitária na colina.

O céu manchou mais uma vez.

O passado virou lembrança do que será o futuro,Neste instante que é o presente.

E assim passamos...

E assim precisamos...E assim estudamos...E assim ficamos...

Taparam o buraco.O horizonte ainda permanece.

É só olhar por onde andas.

Vez em quando deita.

E descansa.

Paisagens silvestres e distantes.No vilarejo o simples homem,Vaga no movimento de Gaia.

Sabe como todo nobre e simples seus limites.A muralha de pedra corta a imensidão.

O lago perdido cala a razão.

68

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Pretensão de desejar o instante.As estações são ciclos únicos.O belo confunde-se na visão.

E a luz ofusca-se na escuridão...

Reflexo parte 3

Por entre o túnel verde,A brisa carrega o virgem aroma.

A imagem traz consigo,A beleza dos sons.

Onde o azul mistura-se com a emoção,Por entre este céu cinza.

Sempre padeço um pouquinho,Pela nobre colina.

Subo bem devagarinho.Vou chegar lá encima.

E assoprar irei bem forte.E assim...

Mando a cinza para o norte...

Reflexo parte 4

...De alma para alma,Como a pedra milenar.

Na sombra da esperança,Nada espera o mover.

69

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O verde tingido com o metal do homem,Para ele sobreviver e todo o verde:

Desaparecer...

Mas acalme-se.

A novela poderá ver.

Em instantes desceremos,Da montanha para ter.

Uma visão...

E depois subiremos para ver.

A razão...

O movimento da onda,Flutua sublime.

Lado a lado nesta trajetória,Já seria isso História ou,

Estória?...

Reflexo parte 5

Alta percepção.Vejo um Sol,Sem noção.

70

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Alarmou, veio, revelou.

Mais uma vez o gigante solar desperta.Por entre nuvens e montanhas,

Resplandece sua aurora.

Fim de tarde no lado sul.A beleza nos leva a contemplação.

Ou derruba, mata, pisa.Joga-te ao chão...

O som dos cristais da chuva,No vilarejo caminhos nos remetemao passado.

Glória daquele que anda nos dois lados...

Reflexo parte 6

O arco da íris dobra-se,Ao contemplar o Arco-íris.

Seria ele uma porta ou um portal?

Um caminho no qual todos seguem.Tudo se torna dourado.

Surpreende-se neste instante.

Um dia contemplado por poucos,E necessitado por muitos.

Caminho neste, caminho este.

Terá um final?...

71

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Reflexo parte 7

Alguma manifestação está acontecendo.Olhe para cima e veja abaixo.Voltas e voltas de imaginação.

Ouço ecos de imagens.O caminho mostra-se etéreo.

Aquele que vai quer sempre voltar e estar...

Reflexo parte 8

Voei sobre o mar.Caí...

Nada, Nada.Nadei...

Embalei, acelerei.Abri os braços.

Acreditei.Voei.

Voei sobre o mar.

72

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Distante brilho

Na sensibilidade das flores,A brisa permanece imóvel.

O andar no ritmo das ondas...

Obrilho das estrelas,Com a suavidade das nuvens.É pretensão não querer ver...

O aroma da primavera embeleza nossas almas.A harmonia continua seu caminho,Como o eremita em sua solidão...

O universo está em transformação.É o sentimento no ser supremo.

Não seja vítima de pequenos desejos...

A trajetória nos projeta no finito.Nosso desejo é estar no infinito.

Grande pretensão da humanidade...

Não percebem a intensidade das rosas.E desejam comandar o mundo.

Isso sim é pouco profundo...

Para quem já foi a mais distante.Distante brilho...

73

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

A imensidão no luar

Um olhar no luar,É pensar em voltar.

A névoa nos guia.

A melodia move a esperança.

Na luz da escuridão,E no calor do coração.

Uma vida é o que não foi em vão.

A brisa desliza na solidão,O homem só é imersão.

Diante da imensidão...

Não cale o que está no outro lado.

Ele sabe onde está,Diante de seu humilde altar.

Sobre sombras de ídolos,Ele espera chegar.

Mas longe do infinito ele almeja.

Sobre símbolos dos heróis...

Ele constrói,A eterna altura dos sóis.

74

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Ao longe

A essência adorável está longe,Mas ao mesmo tempo está próxima.

O seu olhar me sustenta.

...Sabe o valor que representa em si.

Poucos sabem o que é ser e estar.Alguns apenas rejeitam um olhar,

Tão somente a montanha pode julgar.

Pois o próximo pode sua vida ofuscar...

Estar ao longe e estar a observar.Não querer a posse é preservar,

O desejar que o próximo possa amar.

Sem ter medo de errar.

Darei lhe o instante. Basta saber em que ritmo.

O movimento dos olhos lhe mostrará a verdade.Intenções altas e nobres,

Para quem sabe.

Espero lhe agradar.

75

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Suave Emoção do Regresso

Contando passos na areia,O pescador caminha sempre.

Agora a brisa chegou vagamente.

Seus passos marcam profundamente,Sua rota em busca do alimento.

O barco é sua morada na imensidão do mar.

Rosas são suas grandes alegrias.Ele sempre se questionou por qual motivo,

Belas rosas não nasciam na areia...

Sua grande paixão estava perto.Ele sentia-se feliz e puro.

Um jardim de emoções brotava do mar.

Suave era o regresso do sol.Suas longas viagens ao mar continuam.

Trazendo-lhe novas lições.

A noite chegava para observar o mar.O sorriso suave do pescador refletia sua natureza,

Semelhante ao canto das gaivotas.

A imagem de sua sombra lhe guiava.Ciprestes erguiam-se na praia,

Naturalmente visíveis.

76

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Andava como a onda.Distante da enseada,

O barco não afundará doravante.

O ciclo sempre completa a trajetória.Semelhante ao deslizar das estrelas no céu,

Oscilando memórias breves...

Novamente o pescador recolheu sua rede.É hora de proporcionar uma chance ao belo.

Travar uma batalha...

77

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Um Relato que Nunca Acabará...

04/11/06Parte 1.

Ele percorreu enormes distâncias. E mínimas sensações.

Conheceu o todo,Não esquecendo o principal.

Vaga no ciclo fechado.Na tríade Homem, Natureza e Deuses.

Redescobrindo a si mesmo,Onde compreenderá o outro...

Sua trajetória todos conhecem.E o eremita que vive dentro de cada ser,

Sempre à procura do novo.Puro é seu olhar, limpo como o diamante.

Perfumado como a pétala dourada,Que silencia nossos pensamentos.

Suave sua alma como ondas de um mar distante.Sempre forte como a montanha.

Agora já faz parte de nossa realidade.Nada nos é estranho como antes.

Caiu o véu de nossos olhes,E descoberto está o objeto.

Triste do senhor que não pode presenciar.Apenas corre e nunca chega.Um dia isso será retomado,Como o vento que sopra.

78

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Diante de pinheiros uniformes,Verde é a sua presença aos nossos olhos.

A rosa é sangue e seiva da Terra, No passado por tudo o que houve de alegria.Feliz daquele que imagina o que se passou.

Diante de seus pés em cada lugar,Tentando ter uma percepção clara,

Destes instantes.

A cada momento a ventania nos leva pra longe.Campos povoam nosso desejo.

Onde silvestre é a vida e calma a dança,O som da trombeta anuncia a chegada.

Ninguém sabe de que.Seguindo suas vidas ninguém fica a esperar,

Preferem andarem distantes.E alegres desejam viver.

Permanentemente nuvens nos guiam.Imenso é o espelho azul que nos rodeia.

Reflexos sustentam a visão,Diante do fluxo através do rio...Névoas impedem nossa criação.

Com o Artista Natural desejam acabar.Prendê-lo para não deixá-lo livre.Querem roubar sua liberdade.

Esta pode ser a maior das maldades.Não deixar ser livre o que nasceu livre,Como a beleza que desfila nas flores.Impedem o florescer da suavidade.

79

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Medo do aventureiro das floretas,Que leva o orvalho em seu aroma,

Apenas esperando a reação.Solidão é o que lhe desejam.

Ele sabe o motivo de tanta revolta.Jamais houve homem mais livre,

Consciente de seus atos.Puro em seus desejos,

Como o mel cristalino e o vinho puro.Por isso desejam a solidão para ele.

A inveja matará a liberdade da vida,E sofrerá o homem.

A trajetória começa sempre sua vidaCravando pedras nos terrenos impuros.

Vertendo sentimentos da rocha,Apresenta ao homem sua imagem

Estéril como a areia do mar.Longe está o caminho aos palcos da vida.

Diante daquele que mostra sua imagem inversa.Basta ver para querer.

Querem transcender o tempo,Quebrar a barreira do umbral.

Querem estar perto da Íris suprema.Confessam o que nunca diriam a ninguém,

Por saberem que só os puros são leais.Agora a situação mudou,

Estão esperando o que irá acontecer.A surpresa se torna inevitável.

80

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Aquele ser veio mostrar o segredo nupcial.Despertar o que havia morrido,

Mostrar a realidade ao real.Tirar o manto do personagem,

Deixando sua imagem pura e bela.Resplandecer a aurora pessoal,

Andando lado a lado com a pureza.Claro é o escuro...

Ser o ator para aparecer,O espectador para criticar.O palco crucial foi criado.

O cristal nunca vai quebrar na visão.A expressão pessoal é extremamente grandiosa.

Outono é a estação suprema.O sonho começou a se tornar real.

Onde vamos chegar?

O canto nunca vai acabar.A Musa anda ao encontro de seu sucessor.

A vida não deve refrear seu instante,Flutuando na espuma das ondas.

Elevar-se ei até sumir na distância.Ao ver o que o ser humano passa na vida,

Eu choro por saber que a vida escolhe quem irá vivê-la.No entanto essas pessoas são supremas por viverem.

Seu olhar mostra a dureza do que já passou.Sua simplicidade é maior que o Universo.

Respeita o próximo ser.Querem distância deste homem.

81

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Mas não sobreviveriam na sua condição,Por serem fracos diante da vida.

Mesmo assim o simples homem guarda a beleza.Para não desiludir os outros.

Estamos na Era Silenciosa.O cálice quebrou em mãos impuras.

Resta ao homem do eterno,Despertar o sentimento abismal.

Estar próximo dos amigos,É meu maior desejo.

Por saber o valor e a dimensão,Que é maior que o Universo.

Ao olhar da sereia o pescador eleva-se.A pureza da alma quer viver sempre.

Suave é estar sobre flores joviais.Para sempre pensar, pensar, pensar.Viver para pensar onde isso começa.Nos jardins silvestres o mel é denso,

Distante da nuvem ilusória.Voltar ao nascimento.

A essência da infância é o maior tesouro,Que o homem racional perdeu com a vida.

Deseja o que não lhe é digno.Mas se ilude desprezando o próximo.

Suas vendas cegam sua alma.Seu coração sangrou como a rosa.

Nada é igual.Tudo é peculiar.

82

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

No abismo a ponte caiu.Para passar terás que voar.

Não se iluda com o que você enxerga.Alto é o sol da emoção,Como esferas distantes.

O sentimento maior ergue-se.Sempre na vida intensa,Não perca a direção...

05/11/06Parte 2.

Por entre janelas a chuva core na face humana.Desejam uma vida bela e livre,

Por não tê-la.Não querem ultrapassar a janela,Conhecer e descobrir a vida real.

Sonham com esta situação,E ao acordarem novamente,

Conformam-se com suas próprias vidas.

Desejariam estar por um minuto apenas,Na pele do cigano que viaja pelo mundo.A cada dia um novo lugar para descobrir.

Sua vida é repleta de sentidos.Mesmo se vivesse duzentos anos,

Seria pouco para presenciar toda a beleza.Que lhe espera no dia seguinte,

Deixando lembranças incrustadas profundamente.

83

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Impressões simples nos afetam intensamente.A suave melodia da chuva,

A textura rica das paisagens da primavera.O orvalho perfumado de flores intensas,Marchando diante do espetáculo jovial.

Ventos nos projetam para surpreendentes lugares,Indo e voltando como ondas no rochedo.

Sempre deixando a marca da sua presença.

A luz apagou-se na taberna do vilarejo.Simples camponeses a contemplar a chuva.

Trovões iluminam suas faces nobres.A espera lhes conforta,

Motivo para pensar e refletir sobre acontecimentos.O cheiro da terra é o aroma puro de suas almas.

Tristeza é um sentimento desconhecido.Bravura é o que sustenta o vilarejo.

Nesta rasa chuva pescar torna-se alegria.Na beira do riacho a espera de uma presa,

Não para capturá-la cruelmente,Simplesmente a sensação da espera lhe conforta.

Depois de certo tempo a pescar pensamentos,Voltam enriquecidos desta pesca.Na qual pescou seu maior peixe,

Mas não pode mostrá-lo a ninguém.

É hora de chegar à morada.Pessoas importantes lhe esperam,

Para ouvir novas estórias sobre o passeio.Sua realeza familiar sabe o valor deste tesouro,

Que terão prazer de passar para a próxima geração.

84

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Enquanto isso, a tormenta lava a terra,Levando restos e deixando brotar a semente,

Sobre a relva da colina ao sul...

A tarefa diária tornou-se sabedoria,Basta saber executar tal trabalho.Monotonia não se sabe o que é.Toda nova experiência é única,

Completada com o vigor da maturidade.E inocência da infância.

Eis o segredo dos centenários, Sempre a cavalgar em suas terras.

Simplesmente ostentar uma imagem,Crueldade para consigo mesmo.

Faça valer a situação,Não será jogado fora ao nada.

A chuva parou e começa mais tarde,A colher seus frutos.

Na mais alta e imponente das árvores,O outono ainda não chegou para muitos.

Os habitantes do vilarejo estão ansiosos na capela.Esperam a entrada da noiva.

A Celebração do matrimônio sagrado ocorrerá.Mas algo de errado mostra-se em seu olhar.

Ela tornou-se triste neste momento,Abalando a todos que estavam presentes.

Ela guarda um sentimento vazio.Apenas por ela compreendido.

85

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Em certos momentos a culpa crucifica.À noiva jovem como uma flor,

Não foi dado o direito de escolha.Infligiram à sua vontade como uma tumba,

Desejando seu tesouro secreto,Inacessível aos impuros.

Assim brotará apenas desilusões,Por terem cometido esse crime contra ela.

Ela se conforta com o canto do rouxinol.Pousando sua beleza diante dela,

Seu desejo é ensiná-la a cantar suavemente.Expressando seus sentimentos íntimos,

Para suavizar sua dor.Só ela sabe o que é perder a liberdade.Não poder voar livre como o rouxinol,

Levando sua beleza para os quatro cantos da terra.

O que lhe afetava retornou de longa viajem.Ganhou coragem para se libertar.

Foi até a mais próxima árvore e fez um pedido.Virou-se de frente para seu caminho e seguiu-o.

Viu brotar a vida diante de si.Ao luar seu destino encontrou,Como a noite que nos aguarda,

Para todo o sempre nos preservar.

Na sua primeira noite de jornada,À noiva pensou e imaginou,

Que a vida era um sonho real.Ela podia realizar tudo ao seu olhar.

86

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Imaginava até onde sua vida chegaria,Quem entenderia suas razões.

O Mar de Ilusões começou a ruir,Seu espelho quebrou e nada lhe sorriu...

Distante ao horizonte a lua despertou,Queria saber quem lhe esperava.

Tristeza foi a sua reação,Nada lhe trazia respostas.

Pensava serem os humanos superficiais.Não entendia semelhante imagem.

Esperava tanto tempo para mostrar sua beleza.Enquanto isso, os seres humanos no sono permaneciam.

A inspiração retém nossa força,Ela requer sensibilidade ao extremo.

Não basta apenas cair,Saber em que lado permanecer na platéia.A pangéia de atores iniciou o espetáculo.

Sua insatisfação era total.Desejou estar em casa sentada no jardim,

Ao luar permanecer longo momento a pensar.

O pequeno herói desejou prestar singela homenagem,À travessia de seus ancestrais pelo oceano.Procuravam novas terras para semearem,

Uma semente rara que é a felicidade.Foram expulsos da terra natal pela guerra sangrenta,

Que acumulou bens e despedaçou sentimentos.Toda a noite a família reúne-se para lembrar,

Dos dias felizes que tiveram na sua terra natal...

87

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Um recital épico ao momento,Bravura e Glória andam lado a lado.

A Virtude conhece-as muito bem.É como uma árvore que gera frutos,Sempre há alguém para saboreá-los.

Mais uma estação de primavera começa.E nossa vida em uma flecha transforma-se.

Sempre procurando um alvo.

Os carregadores do piano estão confusos.Em suas mãos carregam um frágil objeto,

Que leva alegria aos ouvintes.Hoje ele descansa em um museu,

Ninguém pode tocá-lo.Apenas imaginam suas melodias.

Algum dia ele terá seu valor reconhecido,Esquecido ele não quer ficar.

09/11/06Parte 3.

“Começou um novo dia em nossas vidas”.Foram estas palavras que se ouviram.O jovem corre para alcançar o futuro,

Esperando o dia acabar mais cedo.Enquanto seu Avô pensa profundamente,

Nas decisões que escolheu,Para sua vida na juventude.Agora ele agradece por isso.

O jovem também terá essa chance.

88

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Toda a flor enquanto cresce,Quer mostrar sua beleza,Suave como seu perfume.

Mas o tempo é curto.Aos poucos a flor percebe,Que tudo é temporário.

Logo ela perderá suas pétalas,Para embelezar o solo em seu redor...

Silenciou-se o vento novamente,Como nossos pensamentos.

As nuvens esconderam o sol,Filtrando toda nossa emoção.

Estação esta passageira e breve.Logo mais o sol voltará a brilhar.

Pensar no presente que recebemos.Esperar o dia novo chegar com o vento.

Teremos obrigação de finalizar tudo,O que começamos e acabamos?

Sempre começar novamente.Saber onde está o ponto final.

Alguns perseguem esse objetivo até o fim.Enfim, acabou o teatro,

Todos se preparam para partir.Mas esquecem de aplaudir ao final...

Quando nosso sentimento tornou-se rotina,Enfraqueceu a intensidade humana.

Quanto mais possuímos,Mais próximos estamos.

E ao mesmo tempo, longes e sozinhos.Nossas posses são limitadas.

89

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

No entanto, nossos desejos tornam-se imensos.É o que chamamos insaciável saudade...

Brilhou a luz hoje,Sabíamos que seria um grande espetáculo.

No jardim haviam poucos convidados.Todos sentados próximos ao lago,

Que se transformara em grande espelho.Mas algo de estranho acontecia.

Neste espelho natural não se refletia a luz.Passamos a observar a lua...

Pertencemos ao tempo.O marinheiro pertence ao mar.

Seu ritmo é marcado pelas ondas.Uma nova viagem pelo grande oceano.

Seu desejo é a descoberta.Novas terras para desvendar.

Essa é sua ambição.Desejar o que não possui e valorizar o que conquistara.

Todo o dia ao amanhecer,Suave rosa me desperta com sua imagem.

Tocando o frágil coração.Mas o humano presenteado com sua beleza,

Continua ferindo seu ambiente.Esquecendo que ela também possui vida.

Viver longamente é seu desejo.Proporcionando uma bela manhã para todos nós.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Feliz o olhar suave da sereia,Sua pele é branca como a neve.

O tempo congela na sua presença.Toda a beleza humana flui em sentimentos.

Ela não conhece a tristeza.Sentir nossa felicidade lhe faz feliz.

Não esqueçamos que ela possui sentimentos.Retribuir com um sorriso para ela é o bastante.

Estamos percorrendo a vida.É preciso viver esse instante.

Valorizar as mínimas emoções.Tudo possui seu valor?

Estes momentos são peculiares.Seu valor é infinitamente valioso.

Desejá-los ao próximo,É a única forma de possuí-los.

A solidão tomou conta da noite.O bandoleiro continuará tocando,

Sua vida tornou-se melodia.A perda de sua inspiração,Abalou seus sentimentos.

Mas para ele o que importa,É saber que sua musa será feliz.

Assim ele poderá seguir seu caminho.

Nem tudo o que desejamos possuiremos.Suave é o sabor do mel,

Leve como pétalas de rosa.O vento levou seu aroma.Deixando em nossa alma,

Belas recordações e alegrias.

91

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

No próximo ano a estação das flores,Retornará com seu encanto...

11/11/06Parte 4.

Sempre haverá um novo dia em nossa vida.Por mais distante que pareça,

Caminhadas ao entardecer nos fortalecem.Pensamos no dia que passou.

Buscando inspiração nas pequenas surpresas,Tudo se torna grandioso e claro.

O simples suspirar ao vento,Anuncia a chegada de uma nova estação.

Compreender nossas ações nos faz refletir.Um simples abraço é um grande tesouro.

A nossa riqueza torna-se íntima.Ao tocar o sentimento que necessita,

Tanto como nós de um lugar para expressar-se.Em inesperadas ocasiões descobrimos a grandeza,

Que habita o olhar sincero.Ao desejarmos nossa felicidade a outrem.

O pêndulo não pára de balançar.Marcando o ritmo de nossa sinfonia.

Ter acesso às chaves do baú do tesouro,É um direito digno de todos.

A esfinge revelou seu segredo para a eternidade,Com lembranças que habitam um lugar especial.

Tudo está tão próximo de nós,Como o sino que não pára de soar...

92

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

15/11/06Parte 5.

Plantaremos flores em um jardim.As cores tornar-se-ão melodias.

Todos serão bem-vindos.A noite fluiu seu orvalho.

Distante com a brisa,Em passeios serenos pelo bosque.

O inverno chegará lento.Com o olhar das musas em volta da fonte...

18/11/06Parte 6.

A brisa matutina nos traz o sopro da vida.A relva e o orvalho tornar-se-ão elixir.

Rosas fazem companhia para o verde pinheiro.Presenciamos um instante único.

Permanente mudança em constantes ondas,Refrescam lembranças atemporais,

Da vida dos nossos antigos ascendentes.Contentes de presentear a nova geração.

Neste estado de exaltação permanecerá,Em nossos sentidos como um tesouro,

Um relato que jamais acabará.Sempre retornando em um novo ciclo.

Presenciando novas realidades e perspectivas.O tempo e o espaço são seus aliados.

O som e a luz sua expressão.Eis que adentrará a nova estação...

93

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Vale Rústico

Percorrendo caminhos entre capões,Aqui a vida anda devagar.

Tudo tem seu tempo,Cada estação seu clima.

Rústicas moradas à beira da estrada,Povo simples e digno.

Uma criança brinca solitária na areia,Nada lhe preocupa neste momento.

Outros valores sustentam este povo,Um visitante é sempre um atrativo.

Aproximamo-nos do meio-dia,O sol anima nossa esperança.

O povo indígena se isolou,Alguém roubou sua terra.

Perderam sua identidade ancestral,Pairam sobre a terra perdidos.

No caminho sempre há um ancião,Ensinando-nos pequenas lições.

São pequenos momentos que,Transformam nossa Vida.

94

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Encontramos um imenso tapete verde,Habitado por garças.

No caminho cruzamos por pequenos vilarejos,Uma sensação de desolação nos acompanha.

Árvores secas completam a paisagem,Um sopro de Vida ameaça nos atingir.

Seguimos por um desvio,Há um protesto na estrada principal.

Camponeses estão insatisfeitos e desiludidos,Seu trabalho não é respeitado.

O trajeto tornou-se irregular,Poucas situações nos roubam a atenção.

Como um cão correndo,Em uma vasta plantação de aveia.

Agora a paisagem torna-se interessante,Belezas isoladas surgem.

O sol foi coberto pelas nuvens,Pinheiros formam um murro em uma alameda.

Pequenos açudes invadem a plantação,Formando manchas na imensidão verde.

Girassóis isolados florescem no solo,Grandes pinheiros sobrevivem imponentes.

95

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O Vale Rústico tornou-se um mar verde,Nossos campos nativos extinguiram-se.

A paisagem modificou-se bruscamente,Cruzamos por outro vilarejo no caminho.

Um aroma de lenha queimada,Recepciona-nos no vilarejo.

E assim acabamos este passeio,Pelo Vale Rústico.

Finalizando este diário de viajem.

96

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Ventos da Existência

Ocorrência é saber possuir paciência...Acompanhar o vento norte.

O sibilar matutino,O êxtase feminino.

Distante da Dama d’Morte.Ventos e tempestades.

Uma existência...Um signo,Um anel.

O vento e o suspiro.O instante eu eternizo.

97

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O Instante

Procuramos o outro,Perdemo-nos por um desejo.Satisfazemos nossas paixões,Nosso coração ainda chora.

Somos parte do jogo.Quando pensei que conquistei,

A surpresa me atacou.A brisa tornou-se tormenta.O vento mudou de direção,

Levando consigo a serenidade.Hesito para pensar e refletir:

Nada é o bastante e tudo é pouco.Assim vejo ao meu redor,

O ambiente é imprevisível.As ações ilógicas e irracionais.

98

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Poema Matutino

A brisa matutina do vale,Conforta-nos inteiramente.

Possui uma energia animadora,Um instante de harmonia.

A ambição de viver nos fortalece,Para suportar grandes batalhas.

Assim conquistamos novos reinos,Novos reinos e novas alegrias.

Um poema matutino é um suspiro de vida,Todo dia é um novo espetáculo.

Todo espetáculo é uma sensação,Cada momento é uma eternidade.

Lembranças do dia anterior nos abatem,Desejos futuros nos animam.

Assim cantamos essa canção matutina.

99

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

A Imagem da Colina

Um presente para os visitantes.Um cartão postal.

Ao meu redor vejo casas e colinas.Casebres acolhedores.Rodeados por jardins,

Animais pastam na sua redondeza.A lareira aquece o lar,

Esquentando nosso coração.É um belo presente.

E uma linda lembrança,A imagem do inverno.

100

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Crepúsculo Vermelho

Ao cair da tarde presencio o espetáculo:O horizonte reflete o vermelho da energia.

A cor da força da vida.Poucos transeuntes contemplam esta obra.

Um presente para poucas pessoas.Pessoas que vivem e sabem o valor da vida.

Pequenos momentos preenchem enorme vazio.

O reencontro com a pessoa desejada,Transforma nossa vida.

Resplandecem apenas imagens prósperas.Tudo é motivo para celebrar a vida.

Nosso triunfo é aprender a lutar.Lutar por uma alegria e satisfação,

Partilhando esse triunfo com outrem.

Depois de cada crepúsculo vermelhoNossa vida ganha força.

Somos eternos guerreiros da vida.Nosso escudo é o coração,E nossa espada a alma.

O novo dia reflete o novo pensamento.Depois da tormenta ao entardecer,

O amanhecer nos gratifica mais uma vez.

101

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Herança dos Tempos

Não possuo morada.Não possuo mordomias.

Minha herança é minha memória.

Marcada de sentimentos e emoções.Levo-a comigo para qualquer lugar,

Disposto a compartilhar com o próximo.

A memória sempre resplandece.Proporcionando momentos de alegria,

Que devemos preservar.

Remete-nos a momentos difíceis,Esperando que nos conscientizemos dos fatos.

Tirando uma lição destes momentos.

Nossa memória preserva o passado.É a riqueza para o futuro,

Não apaga a luta de ontem.

Enaltece guerreiros e damas em suas fábulas.Aprimora sentimentos em versos,

E canta a vida em melodias.

Eis o poder da memória de um povo,Ou mesmo de um homem:Não esquecer suas origens.

102

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Manter forte seu caminho,Superar obstáculos.

Transmitir sua mensagem aos novos tempos.

Ultrapassando gerações ela sobrevive.Silenciosa e sempre ativa em nossa alma,A memória é o fogo sagrado do coração.

103

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Flor de Maio

O dia da Vitória passou,Anunciando a chegada da Flor de Maio.

O inverno começou.O gelo corta o coração feito raio.Assim nasceu a Flor de Maio.

Os sinos tocam ao entardecer,Como o canto da flor.

A flor espera envelhecer,Distante da solidão e da dor.

As estradas separam os caminhos,Como pássaros que fecundam a terra.

Esta flor conhece o espinho,Que lhe protege na primavera.

Lembranças erguem em sua memória.Seu perfume é o desejo perfeito,

Que ultrapassa limites da história.Afetando um simples sujeito.

Onde se encontra esta flor?Diante de minha simples pessoa.

Sobre a sombra do luar,A Flor de Maio ressoa, ressoa, ressoa...

104

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Jardins Ancestrais

Com uma imensa energia cósmica,Somos levados sobre as montanhas.

Onde nada... A vida mostra-se estranha.

Um pastor de aparência bucólica.

O caminho se confunde com as nuvens.As flores dançam ao vento.

A cabana irradia luz.Na cabana a luz transforma-se em contentamento.

Apenas na distância nossa alma reluz.

Nossos desejos de unir-se eternamente à natureza.O tempo e o espaço ao infinito.

Vossa existência aniquila o cruel instinto.

Deixando nos jardins ancestrais,A eterna grandeza.

Levando dos jardins astrais,Toda a pureza.

A síntese eterna da beleza.

105

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Movimentos de Gaia

1º Movimento:O Dia da Vitória

Ao dançar do girassol,O pavão observa o amanhecer.Sinal da renovação da Vida.

Tanto para o vegetal como para o animal.

O pavão segue para o sul.No caminho cor de palha,

Amarelo e dourado.

No caminho a sinfonia é regida pela Natureza.O som da cachoeira anima,

O fluxo do rio alerta nossa alma.

Setembro principia.Outubro seu intermédio.

Novembro seu final.

É na figura de uma palmeira,Que o Dia da Vitória é lembrado.

Apartir desses versos,Jamais será esquecido.

106

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

2º Movimento:Potência Campestre

É no campo que floresce a Vida. Dezembro é sinal de recomeço,

Janeiro sucede Fevereiro.

A jornada no hemisfério sul.Acompanhada da maturidade,A natividade do crescimento.

O horizonte tornou-se dourado.Transformando-se em vermelho,

Rubro como a textura de uma rosa.

Resistente como o boi no arado,Grandioso como uma figueira centenária,

Avassalador como uma erupção.

Marcando uma nobre trajetória.

3º Movimento:Celebração Outonal

Março e Abril são os meses de retorno.Maio é a ascensão.

Todo um projeto realizado,A colheita começou.

Púrpura é o manto da anciã.E azuis são seus olhos.

107

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

A celebração é lenta,Semelhante à paciência sabia do elefante.

Os altares estão cobertos de jasmim,Purificando nossos desejos.

O salgueiro simboliza a harmonia,Flexível entre o cosmos e o caos.

Tendo ao fundo o som da chuva,Tocada pelo maestro universo natural.

4º Movimento:A Transição de Agosto

A letargia provoca indagações,Que terminam em prósperas reflexões.

Uma conclusão cíclica,Sua roupagem verde musgo.

É imponente como o pinheiro.Uma breve pausa no tempo,

Borboletas pairam na paisagem.

Coberta de bétulas silvestres e mirtos,O vento tocou o sino da capela.

Uma tempestade aproxima-se,Abrindo caminho para o alvorecer.

Um crepúsculo silvestre:

Cíclico como os Movimentos de Gaia.

108

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Impressões das Expressões ao Entardecer

No limite do sol,O vento faz a folha mover.

Sons silvando por entre árvores.E esbarrando em colinas.

Expressões ao entardecer:Certas impressões necessitam mover-se.

Por entre capitéis e torres,Repousam bustos de mármore.

Mais atentos do que nunca.

Observam como ninguém,Impressões das expressões ao entardecer.

Pois o restante tem muita pressa,Caminham para morrer e não cessam.

Simplesmente para viver.

Vivem no ritmo da máquina,No tilintar angustiante do relógio central.

E esquecem que são humanos,Os próprios inventores da inteligência artificial.

Com o passar do tempo os bustos observarão,A escravização do homem pela máquina.

E o que será das Musas que sustentem a fonte,Se não haverá ninguém para contemplá-las?

E no final do dia o que nos presenteia ao máximo,São as impressões das expressões ao entardecer.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O hepteto soberbo

Esta é a oferta que o ancião lhe propõe:Dar-lhe-ei um livro,

Você terá o compromisso de desvendá-lo.Esse é o preço que estou lhe cobrando.

O benefício que isto trará a você,Será conseguir absorver parte de um tesouro.

O sutil testemunho é o hepteto soberbo,Diante dele teremos várias conclusões.

Em determinado ângulo,Não passa de um aglomerado de pétalas vermelhas.

Mas sobre outra perspectiva,Para nossos antepassados,É um lugar encantador,

Que transcende emoções.

Lugar este de confraternização,Onde o importante é celebrar a vida.

Na pior das hipóteses tudo é possível e nada é em vão.

Sobre o sol da primavera a vida resplandece.A solidão e reclusão do inverno,Deixou-nos grandes experiências.

E assim contínua o ancião a esperar por sua dívida,Diante do humilde legado.

110

Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Grande chance que poucos esperam.Procure saber o que possuir,

Para entender o ser.

No cavalgar dos campos a história,Repete-se em esfera única.

Tudo como nossos antepassados, Prediziam em suas belas fábulas.

Contos de infância valiosos como um tesouro perdido, Pordespertarem nossa pura inocência.

No balançar das folhas ao vento,Nossa imaginação retorna ao momento,

Em que todos sabiam o valor,Que um velho livro tinha anos proporcionar.

A imagem e compreensão dohepteto soberbo.

111

Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Bétulas

Nos campos frios e gélidos,Floresce um ramo da mais gloriosa das flores.

Em sua volta estão todos à espera de sua maturidade.A bétula semeia na terra seu desejo de permanecer viva.

Nos dias de março ela transborda esperança.

Para muitos o signo da vinces¹ dos camponeses.E para os sensíveis é a astra² imagem da vida.

A água do varufors³ lhe oferta vida,Para seguir no navio mágico,

Com as brumas do grande oceano.E o eterno dançar e cantar do cisne.

Ela possui voluptuosidade no seu aroma.O que lhe fere é a solidão do presente.Nas noites vorazes sycnus* a ilumina.

Reluzindo seu brilho,Por toda a planície silenciosa.

O que ela quer é viver o que o próximo não percebe.A bétula permanece até o amanhecer,

Para seguir sua caminhada no dia que virá.Irradiando beleza, esperança e vida,

Para o seu próximo,O incerto.

¹vinces:(Latim) Vitória.²astra:(Latim) Virgem.³varufors:(Sueco)Rio turbulento.*sycnus:(Latim) Vênus.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

SIMPLES CANÇÃO DE PREEMINÊNCIA

...A vontade se fez presente,Ausente de Humildade,Na trilha da evolução.

Ressoou firme o coração.Ação que perpetuou,

A constância da beleza.

Pura somente é a natureza.Clareza da alma na altura,

Única em sua forma.

No caminho da reforma,Torna o homem ao seu ninho.

Distante é a trajetória.

Trazendo consigo na memória,A glória que esta morrendo,Ao afundar o grande navio.

Na profundidade vazia,Jazia a maior conformidade.

Eis nosso supremo rito.

Elevar nossa alma e espírito,Um detrito sempre irá triunfar.

Sabedoria é a inocência.

Nobre em alta potência, Consciência que sofre,No caminho do eremita.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O desejo possibilita,Limita o nosso almejo,

Preso ao medo da covardia.

Sustentando uma hierarquia,Na anarquia alimentando,

A luta contra a transcendência.

Visão da decadência,Pela influência do ladrão,

Ferindo nosso peito com o punhal.

O ciclo anual na lua nova,Prova da distância abismal,

Do retorno elegíaco.

Diante do instinto dionisíaco,Ao paradisíaco instante,

A harmonia única floresce.

Na mudança a face cresce.Reaparece a lembrança,

Da imagem celeste.

Nos festivais rurais do oeste,O cipreste de campos outonais,

Adorna seu jardim com maestria.

Espontâneo instinto de alegria,Ou sabedoria do momentâneo.Instante de inspiração criadora.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Expressão da íntima moradora,Exploradora da imaginação,Que flui com intensidade.

Virtude e voluptuosidade.A deidade que jamais ilude,

A singela musa dos ancestrais.

Motivo das festas saturnais,Em temporais de rigor altivo,

Saturnal flecha de dissidência.

Personificação de formal eminência.Evidência da real reconciliação,

Entre a alma e o sentimento.

A brisa acalma o sopro do vento,Ao lamento da nuvem que desliza,

Sob as plêiades da experiência.

Ascensão simples da canção de preeminência.Permanência constante do brilho do trovão,

Na descendência da mais sublime geração...

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Anciã de Juno

Beleza refletida do céu.Figura da existência feminina,

Seu manto tornou-se véu.

Portadora de poder e fantasia.Lutar é sua maior glória.Apenas viu quem queria.

Sua aurora é o outono,Momento de colher frutos,

E superar o abandono.

Seu canto é ouvido ao longe.Sua canção emociona,

Despertando a atenção do monge.

Suave é sua face,Embelezando a aldeia,

Momentos antes do enlace.

O inverno traz novos ventos,Matando os mais fracos,

E fortalecendo nosso pensamento.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Malkuth: 9 Movimentos do Universo

1° Movimento:O Universo Criado do Caos

O universo do nada,É o inverso do caos,

Onde a corrente é selada.

A porta do mal,Um lugar abstrato,

Início do ideal.

Ser homem ou animal.Cada aparência é peculiar,

No universo lateral.

2° Movimento:A Identidade do Sistema

A infinidade do intelectual,Sua face tornou-se areia.

A bela imagem da sereia,No mar marcou seu sinal.

Um castelo de flores,Um coração de vidro.

Uma constelação de amores.Somos atores ou espectadores?

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

3° Movimento:Do Caos ao Cosmos

A trajetória traçou seu caminho.

Um adeus ao desconhecido,Um retorno ao inicial.

Onde o movimento foi perdido,Na constância do sinal.

O caminho dividiu-se em duas rotas.

Uma via para o céu,Outra via para a terra.

Um enfeite no véu,A escuridão na cratera.

Duas rotas para o mesmo final.

Cada escolha de nosso desejo,É a marca de nossa vida.A outra rota eu almejo,

Como uma sentença proferida.

4° Movimento:O Despertar de Jônia

A imagem da conduta idônea,O elmo de Jônia.

O encanto campestre,No sentimento silvestre.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

O despertar da beleza,A imagem da natureza.

Onde o ser pretende chegar com alteza,Mas lhe falta a vontade e a grandeza.

No domínio do ritual,Conheceu a face do bem e do mal.

5° Movimento:A Arquitetura da Civilização

O poder de fazer,Uma obra do nada,Ascender e florescer.

Deixando a população abismada,Não entendendo seu ser.

A inveja deixou sua imagem quebrada.

Mas a aurora espera o amanhecer,Uma longa caminhada,

Apenas aos puros para merecer.

Sua beleza é almejada,Seu tesouro é seu ser,

Como a estrela iluminada.

6° Movimento:Olhos para o Infinito

Os olhos da mente:Quem nada enxerga,

Apenas consente.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

A visão não alcança,O som do infinito.

Apenas a ponta da lança.

O barco em chamas ao mar.Onde todas as almas dançam,A espera de o sol despontar.

Um canto de preeminência,O infinito e a ausência.

Eis toda nossa permanência.

7° Movimento:Energia Radiante

O poder do universo é o Amor,Lutando contra o opositor.

Na luz e nas trevas, tudo sãoluz e calor,Como o sol no esplendor.

A energia radiante,A serpente é o diamante.

Nossa alma, nossa amante,A águia é um semblante.

O Ódio tornou-se Amor,O Medo tornou-se Poder.

A humanidade irá triunfar,O Amor e o Poder jamais irão acabar.

Triste seu destino,Se sua inteligência duvidar.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

8° Movimento:História de Viajantes

O tesouro dos amantes,O amor dos viajantes.

Um senhor de vivência,Um amor pela existência.

A história da caminhada secular,Seguindo a estrela polar.

Todo o tesouro não é material,O mais valioso é o sentimental.

A palavra foi anunciada,A vitória é aclamada.

9° Movimento:Viajando no Espaço e no Tempo

O espaço no tempo,O sibilar do vento.

A chegada da Vitória,Engrandecida de Glória.

Aquela que quebrou barreiras.

O tempo e o espaço foram ultrapassados.Em nós permanece a marca dos antigos.

Uma lembrança de Glória,Uma vontade de Vitória.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Ode à Ouro Preto*

Me encontro entre andares de pedras e madeiras.Pedras essas que envolvem e expõem maneiras.

O centro histórico de Ouro Preto é eterno.Em cada esquina e rua tortuosa há um retorno fraterno.

Nos picos e montes que circundam essa Vila Rica¹,Trajetórias se uniram para construir os passados.Passado marcado na face do povo que bem fica.

E nas uniões de mulheres e os homens enamorados.

A neblina matutina deixa a visão ofuscada.Porém, aumenta a atitude instintiva buscada.

A chuva lava os caminhos dos garimpeiros,Onde o ouro se transforma nas mãos dos obreiros.

Persevero por atitudes lúdicas e construtivas.Porém, jamais almejo atitudes restritivas.No passado, envolto no individual sulista.

No presente, arquitetado na hierarquia mineirista.

*: Cidade de Ouro Preto-Minas Gerais-Brasil.¹: Atual cidade de Ouro Preto-Minas Gerais.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Almejo o Tesouro dos Amigos em Santa Maria*

Persevero e desejo como ser amigo de longa data.Porém, o superior é o que nos orienta entre ágata.

Entre amigos e hermanos de vida,O destino não é por acaso.

O futuro que entre nós revida,O nosso sucesso é o atraso.

Andei por Minas Gerais em Ouro Preto.De Santa Maria através do tempo.

O que se passa ficará eterno,O meu fruto é meu terno.

Porém, meus amigos são eternos.Deus, arquiteto e maior projetor:

Agradeço ao presente penhor.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O balseiro Casemiro* do rio Uruguay

O balseiro do rio Uruguay.O passado que foi almejado.

De Porto Lucena até Concórdia.Entre o Brasil e a Argentina,

Não há discórdia.

O Pau-Brasil e a Platina sempre foram hermanados,Transportando os alicerces dos frutos que ali nasciam,

Para assim dar vida à moradia.

O balseiro através do rio Uruguay,Deixava a lembrança de meu pai.

Ficavam muitas lembranças que meu avô contava.

Das travessias que no rio Uruguay ele fazia,Para sobrevivência do local de batalha,

Changeando ervas-daninhas para o lado de lá.Assim sangrava o coração como a grande hemorragia.

O balseiro Casemiro do rio Uruguay.Mesclas de hermanos e etnias.

Entre o índio, o bugre, o gringo que se vai.

O balseiro do rio Uruguay,Segue sua jornada matinal.

A esperança de um pai,É ver o filho magistral.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Mas a ciência da vida é como uma corredeira:A gente luta para saber que a vida é herdeira.

Eis o legado do balseiro do rio Uruguay.

*: Casemiro Ozga.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Canção das Águas do Rio Corrente

Diante dos sons das águas correntes,Perseverando soluções para problemas entrementes.

No entanto, essa canção é um hino nativo.Ao sobressair perante o constante traço altivo,As águas do rio corrente fluirão eternamente,

Permutando a força vital no sangue descendente.

Ao cair da noite as fogueiras se fazem reluzentes,Permutadas com os sons naturais e eminentes.

O pescador deseja sua mente e alma ausentes,Para tornar-se livre diante de seus ascendentes.

Novamente o som das águas do rio corrente,Retumbará constante e freneticamente.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Estação Belo Horizonte de Minas Gerais

De Vila Rica de Ouro Preto passando pelo Belo Horizonte deMinas Gerais...

Presenciando a passagem histórica do poder de Ouro Preto para acapital Belo Horizonte.

Grandes momentos e encontros, Com a nostalgia do passado em forma de presente.

Pessoas e pessoas que conheci e falei.Poucos suportam o parlatório.

Penso que grandes e intensos momentos eu desfrutei,Mesmo eu não sendo amigo do rei.

Agora partindo do Belo Horizonte para o sul,É que iniciarão os instantes de saudades e lembranças.

Como um cigano que passa pela vida,Des-cobrindo o mundo e des-velando o oculto.

O instante é único e eterno na memória.O retorno é algo possível ou não.

Então, saber viver como um sem saber se,Haverá um retorno eviver intensamente.

Marcando e sendo marcado.A experiência é vivência sem retorno.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

O Amar na Bahia

O sol da Bahia, a luz da melodia.

Eis o portal da alegria.

Entre que tudo é fantasia.

O sol da Bahia, a luz da melodia.No encanto do sossegoE no positivo desapego.

Eis o canto que é furioso,Através do vento e alento vitorioso.

O ano que chega será amoroso,Com a luz da melodia e o sol da Bahia:

Eis o amar na Bahia.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

A Sapiência da Águia Missioneira

Na opulência pela sobrevivência na querência,A águia missioneira expressou  a  excelência.

Na virtude pela independência,O povo da águia soube ser eminência.

O amor das almas em benevolência,Contra os desafortunados da invejosa malevolência.

A ascensão da águia missioneira,Será o fogo da fênix em alta potência.

O acesso ao fogo da vida é permanência,E manter alta a promessa é sapiência.

A águia viajou para descobrir o mundo,E encontrou a excelência e independência.

Agora expressará os frutos da perspicácia e audácia,Dos descendentes da sapiência da águia missioneira.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Signo do Etéreo Caminho da Existência

Immensum fez de sua vida um teatro. Ao longo docaminho ele conheceu e até chegou a pagar o preço da coragem,e ao pagar este preço, escutou ao vento:

-Agora se fez descoberta a força...A partir deste instante a história real cristalizou-se na

consciência de Immensum.Tempos depois e instantes além, Immensum se desperta

de um sono, ele havia adormecido aos pés de uma árvore e aúnica lembrança consciente é a de estar observando um imensomartelo cair, não sabe ele onde, pois o alto refletia a superfície evice-versa. Ao fim disso tudo o esperado acontece: a fantasiaacabou.

A razão se tornou ciência, nada mais a perder, somente aeterna criança persiste no tempo. E Immensum não se detémfacilmente, segue seu caminho, até avistar um barco, ao subirno barco, ele possui a preciosa sensação de estar flutuando noespaço, passando lentamente por uma imensidão de areia.Chegando ao destino de sua viagem, Immensum se sente perdidoe não sabe onde se encontra, tudo é novo para Immensum.

Saindo do barco, ele caminha longas distâncias efinalmente percebe que está na lua, apreciando a imagemdistante de um planetário, ficando assim, Immensum cada vezmais confuso e perdido.

Immensum se pergunta:-Que Rei poderia comandar enorme reino igual a este em que

estou?Mas novamente Immensum ficou sem respostas. Ele sente

o peso do duelo entre o corpo e a mente, que travam batalhaem seu interior.

Despertando novamente de uma ilusão que é eterna,Immensum abre seus olhos como nunca para o Uno Universum,

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozgaque lhe mostra sua beleza e imensidão nunca antescompreendidos, ficando feliz por estar neste instante único,mesmo não sabendo onde se encontrava.

Ao clarear o dia, Immensum sai a caminhar porcaminhos longos e tortuosos que o levam à presença de Vulcano,que sem muita demora pronunciou esta alegoria:

-Ao seu caminho, prezado Immensum, cairá uma chuvade rosas, rosas estas, vermelhas como o excesso de vida quetransborda de minha união eterna...

E assim se fez a palavra de Vulcano na aurora do diaseguinte; quando Immensum admirava o som do vento com ocanto das lindas gaivotas, que pareciam dançar sincronizadasentre si. O horizonte cobriu-se de um véu de rosas, anunciandoa chegada da Musa, fascinando os sentidos de Immensum comsua eterna dança, deixando-o perplexo e sem palavras.

-Serei sempre grato por tudo. Essas são as palavras deImmensum tempo depois, para agradecer Vulcano pelo presente.Neste mesmo instante Immensum é tomado por um fortesentimento de vazio. Na verdade esse é o castigo que Immensumterá por uma traição que ele próprio nem imagina qual ser. Agoraele é levado ao Mar Gigante, para ter momentos de solidãoacompanhados de uma música que nunca cessa, parecendo maissúplicas vindas de um lugar profundo e vasto.

Nada mais lhe trás esperança, a única razão queImmensum tem para estar neste lugar é que a solidão para algunsé veneno e para outros é apenas o retorno. Na sua imaginação,Immensum se perdeu, foi quando de volta a si, ele avistou umsinal branco se movendo sob o espelho d’água, era nada maisque um belo cavalo que iria lhe guiar de volta ao seu caminho.

Ao seguirem o trajeto, Immensum e seu cavalo sãosurpreendidos por uma luta que ocorre sobre o Mar Gigante,onde a névoa lhe ofusca a visão, mesmo assim,Immensumpresencia o filho de Albion vencer a batalha contra o machado.

No final do retorno, Immensum é deixado por seu cavalo,que se transforma em luz e desaparece no Mar Gigante. É quando

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Immensum embarca novamente e é lançado em terra. Enfim, avitória é alcançada, e com isto Immensum deve pagar um preçonão estimável, ele teve que acabar com o Fogo.

Diante de tal acontecimento, o herói Immensum sublima-se a pensar, levando sua própria essência até um distante jardim,onde repousa um pássaro, não um simples pássaro e sim umabeleza por ele nunca percebida, que lhe proporciona sentimentospuros, há muito tempo esquecidos. Immensum nada mais fezdo que seguir o pássaro através de um grande portal no alto dojardim, onde estava escrito: “... Isso não é o bastante. Mais umavez. Nada é igual...”, assim Immensum com a maior satisfaçãopossível deixou uma rosa como lembrança, rosa esta que elerecolheu na presença da anunciação da Musa, agradecendo-aeternamente.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Perspectivas de um segredo

“Alguns nascem para Deus,Outros para o Pecado.

E se Deus nasceu?Qual é o Pecado?”

Ao ler estas palavras suaves como o mel, Atoris sentiu-secompletamente confuso diante de tal suposição. O livro ondeencontrara tais palavras não datava o ano de sua criação,nem onome do autor, ou seja, um livro totalmente desconhecido,perdido no tempo.

Antes de ocorrer tal acontecimento,Atoris sentia-se emum caos de ideias sobre várias questões da vida. De todas ashistórias e relatos que ouviu e presenciou, nada lhe despertavatanta curiosidade e reflexão em relação a um assunto peculiar.Emsua consciência todos os relatos, tanto históricos como filosóficos,estavam presos, acorrentados a um passado não muito claro,repleto de dúvidas, mas tudo isto tinha base em fatos ou provashistóricas. Mesmo assim,Atoris imaginava um projeto parachegar até estes fatos, uma situação controlada, sabendo qualseria a reação para determinada ação, tudo em sua concepçãoobedecia a uma ordem e sequência. Tudo isso na sua mentecausava-lhe sérias dúvidas. Ele foi afetado diante do mundo pornão ter respostas para suas dúvidas, de não ter a certeza se averdade que lhe era dita era de fato a verdade, e o que significavaessa palavra: verdade.

Atoris sabia que em sua consciência estava acontecendoalguma transformação que iria influenciar suas ideias diante defatos externos. Seus próprios julgamentos estavam abalados, elefoi tão longe que isso tomou conta de sua vida.

Se lhe apresentavam determinada conclusão sobredeterminado assunto, a dúvida era sua primeira reação, queria

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidassaber se eram mesmo reais tais fatos. Passava a pesquisarincessantemente sobre o assunto, tudo que achava dava-lheprovas do ocorrido, no entanto, ele tinha um receio se eramcoincidências tais fatos por esta pessoa ter ouvido de seus pais ouavós tal relato, que se passou em determinada ocasião. Com isso,Atoris não tinha argumentos para inquerir tal situação.

O fato do livro com tais palavras suaves que tanto lheabateu aconteceu por acaso, quando em determinada sala desua casa, ele achou este livro, mas para ele, não era o fatorhistórico do livro que importava, nem quem o tinha escrito equando, e sim o conteúdo:

“Alguns nascem para Deus,Outros para o Pecado.

E se Deus nasceu,Qual é o Pecado?”

Poucas palavras, mas de enorme transformação. Eseguindo estas palavras estava outra estrofe:

“O Pecado está guardado no livro”

Só isso bastava para aumentar sua agonia.

Anos passaram-se. Tudo se transformava. Sua vida, suacidade, seus amigos e principalmente sua consciência. Ele nuncadeixou de perguntar-se, indagar-se sobre aquelas palavras queele descobriu, e que haviam lhe transformado totalmente.

Sua vida era uma busca incessante pela comprovação daverdade, palavra tão profunda e que até hoje é um mistério,como uma palavra perdida.

O motivo de tanta inquietação era pelo fato de que eledeveria ser despertado para a realidade. Por qual motivo eleachou aquele livro, aquelas palavras, ele tinha que arcar comestesfatos?

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos OzgaAo longo de seus estudos da razão e da vida, Atoris

encontrava mais dúvidas.Novamente outro acontecimento lhe afetou. Diante de

um sonho profundo, ele não sabia distinguir o que era real e oque era seu sonho. Parecia que seu corpo flutuava em um oceano,mas ele estava distante demais para retornar à sua consciência,ele queria despertar. Nas imagens e ilusões que ele presenciava,via um livro que só poderia ser observado diante de efeitosmagnéticos do próprio corpo. No seu sonho, Atoris via umacriatura sem definições sexuais, chegar perto de tal livro, masnão podia ver nada, bastava ele erguer sua mão sobre o livroque ele tornava-selegível e compreensível, suas letras erampercebidas pela visão, no entanto não era nada material. Pormais que Atoris desejava, não conseguia ver o que estava escritonas páginas, estaria ali a chave para seu problema?

Essa era sua maior dúvida, esteve tão perto e não lhe foiconcedido o direito de acessar a verdade.

Ao despertar, teve outro questionamento: Será que ohomem, o ser humano, por procurar tanto a verdade, suportariaseu fardo? Teria coragem de possuí-la? Por qual motivo desejavam-na tanto?

Outra situação estranha era aquela criatura andrógena,que tipo de poder tornava ela digna para poder ter acesso a tallivro, que a olho nu era impossível enxergá-lo?

O que deveria ser feito para conseguir provocar aquelareação no livro? Poder ter acesso, talvez, a resposta do que maislhe perturbava? Ou seria que lá ele encontraria outras dúvidas,que lhe afetariam maisainda?

O que significava para Atoris a sentença:

“Alguns nascem para Deus”

O fato de Atoris nascer de alguém, pelo desejo ou deverde alguém, isso lhe transferia um dever também? Ele estaria

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

comprometido com esta situação? Por ele depender para nascer,teria um compromisso eterno? Que Deus seria este que estáescrito no verso? Quais seria o interesse de Deus em tais criaturas?

“Outros para o Pecado”

Qual seria o Pecado para o qual esses outros nascem? Poreles nascerem, eles deveriam ter a consciência de sua culpa, tendoem vista que foi a vontade de outrem que desejou determinadaação, e ele foi o efeito da mesma?

Isso é digno de possuir consigo essa culpa, esse pecado?Atoris tinha um imenso questionamento sobre o pecado.

Mas qual seria seu entendimento pessoal?

“E se Deus nasceu?Qual é o Pecado?”

Estas últimas palavras contradiziam-se, no seu entenderacerca das palavras anteriores: Deus poderia nascer como nós?Por vontade alheia? Ou ele nasceu de sua pura e própria vontade,de um desejoseu e unicamente seu?

Para não ter esse compromisso de dever sua existência aoutrem e por este fato ser totalmente responsável por suas ações,por ser de sua vontade, Ele não terá ninguém para depositaralguma culpa, a não ser nele mesmo. Isso o tornava maisconsciente e responsável, ele sabia a reação de suas ações na suavida.

“Qual é o Pecado?”

Atoris via-se a beira de um colapso. Eram tantas opiniões,conclusões, leis e mesmo assim, não lhe era esclarecido realmenteo significado do Pecado.

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos OzgaQual seria este pecado se um Deus tivesse nascido? Quem

o cometeria nesta situação?Para Atoris isso tudo já havia passado dos limites, ele não

sabia em que ponto chegaria com tais indagações, se ele foi longedemais com sua curiosidade, sua desconfiança envolvendo tudoo que já está estabelecido como verdade.

Atoris também não entendia porque motivo a verdadetinha esse valor estimável pelos homens.

Foi quando Atoris indagou-se:-Isso já não é mais digno, estou perdendomuitas ocasiões

de minha vida, deixando de fazer planos para o futuro, deixandode lado pequenos momentos importantes. Isso não seria umgrande pecado comigo mesmo?

Essa foi sua decisão. Deixou de lado esta busca insanapela procura da verdade em todos os fatos. Talvez fosse melhorobservar cada situação e aproveitar cada minuto de sua vida apartir de agora.

Sua vida transformou-se totalmente: para Atoris em tudohavia algum valor, alguma verdade que antes ele não percebiaou não tinha tempo, por estar ocupado em sua busca pelaverdade.

Atoris certo dia, ao amanhecer, sentado no jardim desua casa, pensou consigo mesmo se este momento da sua vidanão foi uma reação provocada por todo aquele caos intelectual,aquela confusão de ideias na sua consciência. Pensou que paraele chegar a determinado estado pessoal ele teve que desejartoda aquela experiência que lhe afetou grande parte de sua vida.

Tudo parecia tranquilo novamente, suas ideiasnão oconfundiam mais.Isso era muito precioso para Atoris.

Tempos depois, em determinado momento de sua vida,Atoris foi acometido por um sonho profundo, enquantodescansava em seu jardim. Ele retornou ao mesmo lugar ondecerta vez teve uma experiência, encontrando novamente acriatura estéril e o livro.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Desta vez acriatura lhe ofereceu a mão para ele aproximar-se do livro, mas Atoris não conseguia enxergá-lo, mesmo assim acriatura tão bela e peculiar lhe confundia suas ideias.Atorisachava-se impotente para conseguir revelar o conteúdodo livro, que poderia solucionar lhe muitas questões. A criaturapegou na mão direita de Atoris e colocou-a sobre o livro, e amão esquerda colocou-a em seu peito. Nesta situação Atorissentiu-se confiante para desvendar o segredo. Ao materializarem-se as letras do livro, Atoris não enxergou nenhuma palavra, eleapenas podia ver páginas em branco como se fosse um espelhorefletindo sua imagem ao lado da criatura que lhe acompanhava.Isso o deixou confuso novamente. Qual era o significado destaimagem?

Onde estava a verdade que ele tanto buscava? O quesignificava aquele livro? E quem era aquela criatura que lhe faziacompanhia?

O sonho não acabava. Foi quando acriatura percebeuque se Atoris não descobrisse algo ali, ele voltaria do sonho maisconfuso ainda. Diante desta situação, acriatura falou ao ouvidode Atoris:

-Se você Atoris, que veio até mim, descobrir a verdadedo mundo, não serás mais um homem, tornar-se-á um Deus,isso para um homem é um fardo enorme, onde aqueles que nãosão Deuses colocarão toda a culpa de suas próprias ações em suapessoa. Pelo motivo de você desvendar o segredo que eles tantoguardavam, ou seja, a verdade.

Se cada um buscar seu próprio Deus, as coisas terão quemudar e a mudança para humanidade é uma grande evolução,mesmo que muitas vezes dolorosa e necessária, não sei se elesterão forças para suportarem.

Quando Atoris acordou desta estranha sensação, viu-seem um grande dilema: Ou guardar para si mesmo esta revelação,que provocaria enorme confusão, suspeita e até oposição nahumanidade, ou revelá-la?

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Prova 01CBJE

Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Atoris fechou os olhos agradecendo a seu companheiropela sensação e voltou ao seu sono para tentar encontrá-lonovamente. Que assim seja.

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Prova 01CBJE

Recital... A Anunciação para Palavras Perdidas

Livro produzido pelaCâmara Brasileira de Jovens Escritores

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