RECIFE - Guia de Utilização Do Atlas Municipal

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REALIZAÇÃO APOIO 9 788586 471391 ISBN 978-85-86471-39-1 Guia de Utilização do Atlas Municipal

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Disseminar as informações do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife, para que gestores e agentes sociais aperfeiçoem o diagnóstico, o planejamento e o monitoramento de políticas públicas, é o objetivo deste guia, resultado de uma parceria entre a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE PE) / Observatório Pernambucano de Políticas Públicas e Práticas Sócioambientais (OBSERVATÓRIO PE), a Prefeitura do Recife (Projeto de Desenvolvimento Humano Sustentável no Recife e Região Metropolitana – BRA 01/032), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

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  • REALIZAO

    APOIO

    9 7 8 8 5 8 6 4 7 1 3 9 1

    ISBN 978-85-86471-39-1

    Guia de Utilizao do Atlas Municipal

  • Recife, dezembro de 2008

    Guia de Utilizao do Atlas Municipal

    FASE Federao de Orgos para Assistncia Social e Educacional

    Prefeitura do Recife

    REALIZAO

    APOIO

  • APRESENTAO

    Disseminar as informaes do Atlas do Desenvolvimento Humano

    no Recife, para que gestores e agentes sociais aperfeioem o

    diagnstico, o planejamento e o monitoramento de polticas

    pblicas, o objetivo deste guia, resultado de uma parceria entre

    a Federao de rgos para Assistncia Social e Educacional (FASE

    PE) / Observatrio Pernambucano de Polticas Pblicas e Prticas

    Scioambientais (OBSERVATRIO PE), a Prefeitura do Recife (Projeto

    de Desenvolvimento Humano Sustentvel no Recife e Regio

    Metropolitana BRA 01/032), o Programa das Naes Unidas para o

    Desenvolvimento (PNUD) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

    O uso de todos os recursos do Atlas requer uma srie de

    procedimentos ainda pouco difundidos. A ideia deste guia explorar

    esses procedimentos e as potencialidades do Atlas numa linguagem

    mais fcil, de forma a torn-lo mais acessvel aos usurios.

    A ampliao do acesso ao Atlas possibilita a reflexo sobre as desigualdades internas do Recife e auxilia a formulao de diagnsticos

    e estratgias voltados para as reas mais vulnerveis da cidade e focados

    no desenvolvimento humano das populaes mais carentes do municpio.

    Este guia contm duas partes. A primeira resgata o ensaio

    Recife: desenvolvimento e desigualdade, feito para o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife, o qual introduz consideraes

    sobre os conceitos de desenvolvimento e desenvolvimento humano

    e sintetiza as anlises realizadas a partir da realidade do Recife. A

    segunda parte oferece um manual didtico aos mais diversos usurios

    do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife.

    Alm dessa publicao, o Banco do Nordeste do Brasil, por meio

    do convnio de assistncia tcnica e financeira celebrado com a Federao de rgos para Assistncia Social e Educacional, colaborou

    financeiramente com a reproduo de mais 1.500 CD-ROMs do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife e a realizao de Oficinas de Capacitao com agentes multiplicadoresgestores e representantes de movimentos sociais.

    ATLAS do Desenvolvimento Humano no Recife: Democratizando e disseminando Informaes Guia de Utilizao do Atlas Municipal. Jan Bitoun, Lvia Izabel Bezerra de Miranda, Maria das Graas Duarte de Paiva (organizadores).Recife: FASE Federao de rgos para Assistncia Social e Educacional. Prefeitura do Recife, 2008. Apoio PNUD, Banco do Nordeste. 90p.: il., fig., tab., graf., quadros. 1. Desenvolvimento Humano. 2. Desigualdades. 3. Polticas Pblicas, I. Jan Bitoun. II. Lvia Izabel Bezerra de Miranda. III. Maria das Graas Duarte de Paiva. IV. Ttulo Cd.: 86471 ISBN.: 978-85-86471-39-1 CDD. 710

  • SUMRIO

    CONSIDERAES INICIAIS

    O que o Atlas? | 7

    Por que um Atlas de Desenvolvimento Humano? | 8

    A quem se destina o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife? | 9

    PRIMEIRA PARTE

    Recife: desenvolvimento e desigualdade | 10

    Brasil: o Recife e o debate sobre o desenvolvimento | 10

    Principais questes reveladas no Atlas | 15

    Matriz de desigualdade versus polticas sociais | 15

    Espao e populao-alvo na execuo de programas sociais | 18

    O Recife e outras capitais: destaque de alguns fatos revelados pelo Atlas | 20

    SEGUNDA PARTE

    Como usar o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife? | 26

    O software do Atlas | 26

    Contedo acessvel por meio de consultas | 26

    Estatsticas descritivas | 54

    Como fazer Mapas Temticos | 58

    Imagens de Satlite e Mapas de Sistema Virio | 82

    Diagrama de Disperso | 85

    Perfis | 88

    Textos analticos | 90

  • 7CONSIDERAES INICIAIS

    1. H duas verses do Atlas, uma em CD-ROM e outra disponvel na internet (com menos recursos de mapas de vias e de imagens de satlite, porm mais leve, para poder ser baixada com maior facilidade).

    O QUE O ATLAS?

    O Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife uma ferramenta de

    conhecimento do municpio e das condies de vida de seus moradores.

    Possibilita conhecer aspectos da realidade socioeconmica do Recife

    e identificar desigualdades sociais entre a populao que ocupa as

    diferentes reas do seu territrio. Nasceu de uma parceria entre a

    Prefeitura do Recife, o PNUD, o Ministrio da Integrao Nacional, a

    Fundao Joo Pinheiro e o Governo do Estado de Pernambuco/Agncia

    Condepe-Fidem, por meio do projeto Desenvolvimento Humano

    Sustentvel no Recife e Regio Metropolitana. Foi lanado em 2005

    em CD-ROM e tambm na internet nos sites da Prefeitura do Recife

    (http://www.recife.pe.gov.br/pr/secplanejamento/pnud2006) e do

    PNUD (http://www.pnud.org.br).1

    Contm um banco de dados eletrnico de fcil acesso, com cerca de

    200 indicadores baseados nos microdados dos censos demogrficos

    do IBGE (1991 e 2000), alm do ndice de Desenvolvimento Humano

    Municipal (IDHM) e de seus subndices referentes a educao,

    longevidade e renda. As informaes so apresentadas no s em

    forma de tabela. As caractersticas fsicas do territrio aparecem em

    imagens de satlite e mapas de vias e logradouros pblicos.

    No Atlas, os dados estatsticos so divididos por regies poltico-

    administrativas (RPAs), microrregies, bairros, zonas especiais de

    interesse social (Zeis) e unidades de desenvolvimento humano (UDHs),

    agrupamento de setores censitrios com o mnimo de 400 domiclios

    da amostra do Censo de 2000, feito de acordo com as caractersticas

    socioeconmicas da populao.

  • 8 9

    A QUEM SE DESTINA O ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO RECIFE?

    Este guia no foi produzido para um pblico especfico. Ele pode servir a diversos segmentos sociais e profissionais: estudantes, professores e pesquisadores, trabalhadores da educao, sade e assistncia social, tcnicos dos governos federal, municipal e estadual, polticos, lideranas comunitrias e de movimentos sociais, profissionais da informao, empresrios interessados em localizar seus empreendimentos.

    O Atlas traz ainda textos que explicam a metodologia adotada e um

    artigo sobre o conceito de desenvolvimento humano sustentvel e

    os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio. Alm disso, abriga um

    conjunto de ensaios sobre os indicadores sociais, contextualizando o

    Recife em nvel nacional, regional, metropolitano e intramunicipal, nas

    reas de demografia e sade, desigualdade de renda e pobreza, padres

    de educao, habitao e vulnerabilidade social.

    POR QUE UM ATLAS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO?

    O desenvolvimento humano s ocorre quando todos se apropriam das

    informaes que ajudam a superar os obstculos ampliao do bem-

    estar e participao da comunidade na construo de uma cidade

    mais justa. O Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife foi concebido

    para destacar, em cada canto do municpio, as desigualdades de acesso

    ao bem-estar, pois entende-se que a reduo dessas desigualdades

    imprescindvel para melhorar o desenvolvimento da cidade.

    O desenvolvimento humano tem a ver com a criao de um ambiente no qual as pessoas possam desenvolver o seu pleno potencial e levar vidas produtivas e criativas de acordo com suas necessidades e interesses. As pessoas so a verdadeira riqueza das naes. O desenvolvimento tem a ver, portanto, com o alargamento das escolhas que as pessoas tm para levar uma vida a que deem valor. E tem a ver com muito mais do que o crescimento econmico, que apenas um meio ainda que muito importante de alargar as escolhas das pessoas (...). As capacidades mais elementares para o desenvolvimento humano so: ter uma vida longa e saudvel, ser instrudo, ter acesso aos recursos necessrios para um nvel de vida digno e ser capaz de participar da vida da comunidade. Sem estas, muitas outras escolhas simplesmente no esto disponveis e muitas oportunidades na vida mantm-se inacessveis.

    (PNUD. Relatrio do Desenvolvimento Humano, 2001). http://www.pnud.org.br

    Para quaisquer desses usurios, o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife permite a elaborao de diagnsticos, estudos e documentos teis para conhecer melhor a diversidade do municpio, pois a ferramenta gera mapas de vrios territrios da cidade. Alm disso, o software traz um banco de dados sobre esses vrios territrios, dividido em oito grandes temas: caracterizao, demografia, educao, renda, habitao, vulnerabilidade, populao e desenvolvimento humano. Para aproveitar melhor o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife, preciso entender como ele associa as diversas informaes cartogrficas e estatsticas.

  • 10 11

    PRIMEIRA PARTE para a Organizao das Naes Unidas. Ela dizia que um desenvolvimento duradouro quando responde s necessidades do

    presente sem colocar em perigo as capacidades das geraes futuras

    para fazer o mesmo. A solidariedade intergerao era o apelo central

    aos integrantes da Eco-92, cpula mundial realizada no Rio de Janeiro,

    quando o desenvolvimento sustentvel foi o centro das discusses.

    A partir da, o uso desse conceito foi amplamente difundido e a noo

    de sustentabilidade vem sendo objeto de crescente aperfeioamento.

    Uma outra formulao do conceito de desenvolvimento sustentvel

    prope que sua implementao expresse o reconhecimento de que

    as foras de mercado abandonadas sua livre dinmica no garantem

    a no destruio dos recursos naturais e do ambiente. isso o que

    defende o economista e consultor ambiental espanhol Antxon Olabe.

    Mas o debate mundial sobre a sustentabilidade do desenvolvimento

    tem despertado grandes polmicas. Em um extremo se situam os

    ecologistas radicais, que defendem o crescimento zero para pr fim

    tendncia de esgotamento dos recursos naturais. Em outro extremo

    esto aqueles que acham que o progresso tecnolgico permitir

    resolver todos os problemas ambientais e que o crescimento pode,

    assim, continuar a ser intensificado. Essa segunda viso utilizada para

    explicar atitudes como a do ento presidente norte-americano, George

    W. Bush, o qual continuava se negando a ratificar o Protocolo de Kyoto,

    que dispe sobre a reduo dos gases que produzem o efeito estufa.

    Por outro lado, a sustentabilidade do desenvolvimento contemporneo

    vem sendo questionada a partir da observao do crescente

    agravamento do quadro social mundial. Esse ponto insere-se na

    discusso mundial nos anos recentes, ampliando o espectro do debate

    aqui referido. Dele tem resultado um outro eixo de discusses,

    centrado desta feita na dimenso social, alm da ambiental.

    Com base nisso que foi sendo construdo um outro conceito de

    desenvolvimento: o conceito de desenvolvimento humano.

    RECIFE: DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADE

    Brasil, o Recife e o debate sobre o desenvolvimento

    Durante muito tempo, os conceitos de crescimento econmico e

    desenvolvimento foram usados com o mesmo sentido, ou seja,

    acreditou-se que o crescimento da produo e da produtividade da

    economia promovia o desenvolvimento. Mas a anlise da evoluo

    econmica mundial, especialmente luz do que ocorreu na Amrica

    Latina, na sia e na frica, demonstrou, empiricamente, que isso nem

    sempre ocorre. Muito ao contrrio, ficou confirmado que pode ocorrer

    um aumento do nvel da atividade econmica com a persistncia de

    baixos ndices de bem-estar social. Foi o que aconteceu no Brasil como

    um todo e Recife uma ilustrao tpica dessa realidade capitalista.

    Celso Furtado (1974) foi um dos raros economistas a ousar admitir que

    o desenvolvimento econmico, tal como praticado pelos pases que

    lideraram a revoluo industrial, no pode ser universalizado. Tratar-

    se-ia do mito do progresso da revoluo burguesa, responsvel pela

    formao da sociedade industrial moderna, mas irreprodutvel em

    escala mundial. As ideias desse respeitado economista brasileiro faziam

    eco, no intenso debate mundial, sobre o verdadeiro significado do que

    venha a ser um virtuoso processo de desenvolvimento.

    Um dos eixos centrais do recente debate foi conduzido pelos que

    questionavam a sustentabilidade do padro de relao homem-natureza,

    estabelecido nos ltimos sculos. Os estudos do Clube de Roma, as

    iniciativas mobilizadoras do movimento ambientalista, as discusses

    na Academia e nos Fruns internacionais foram contribuindo para a

    anexao do adjetivo sustentvel ao vocbulo desenvolvimento.

    Em 1987, um novo conceito foi adotado pelo relatrio coordenado pela

    ex-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland (BRUNDTLAND,1992)

  • 12 13

    O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO a base do Relatrio de

    Desenvolvimento Humano (RDH), publicado anualmente pelo PNUD/

    ONU, e tambm do ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). O

    pressuposto bsico que, para se aferir o avano de uma populao,

    no se deve considerar apenas a dimenso econmica, mas tambm

    outras caractersticas sociais, culturais e polticas que influenciam a

    qualidade da vida humana.

    Para os formuladores dessa nova concepo, o desenvolvimento est

    vinculado ampliao das capacidades das pessoas que resultam de

    um complexo de condies econmicas, sociais, polticas e culturais,

    sendo que algumas so bsicas. As capacidades mais elementares

    para o desenvolvimento humano so: ter uma vida longa e saudvel,

    ser instrudo, ter acesso aos recursos necessrios para um nvel de vida

    digno e ser capaz de participar da vida da comunidade. Sem estas,

    muitas outras escolhas simplesmente no esto disponveis e muitas

    oportunidades na vida mantm-se inacessveis (PNUD, 2001).

    Esse novo enfoque, apresentado pela Organizao das Naes Unidas

    desde 1990 nos Relatrios de Desenvolvimento Humano (RDHs),

    utilizado para propor uma agenda sobre temas relevantes ligados ao

    desenvolvimento humano. A cargo do PNUD, o relatrio foi idealizado

    pelo economista paquistans Mahbub ul Haq. Atualmente, publicado

    em dezenas de idiomas e em mais de cem pases. Referindo-se ao

    relatrio, o cientista social indiano Amarthya Sen, Prmio Nobel de

    Economia em 1998, no prefcio do RDH de 1999 (PNUD, 1999), declara:

    A princpio, demonstrei bastante ceticismo ao criador do Relatrio

    de Desenvolvimento Humano, Mahbub ul Haq, sobre a tentativa de

    focalizar, em um ndice bruto deste tipo apenas um nmero ,

    a realidade complexa do desenvolvimento e da privao humanos

    (...) Mas, aps a primeira hesitao, Mahbub convenceu-me de que

    a hegemonia do PIB (ndice demasiadamente utilizado e valorizado

    que ele queria suplantar) no seria quebrada por nenhum conjunto

    de tabelas. As pessoas olhariam para elas com respeito, disse ele,

    mas quando chegasse a hora de utilizar uma medida sucinta de

    desenvolvimento, recorreriam ao pouco atraente PIB, pois apesar de

    bruto era conveniente (...)

    Como se v, a nova concepo de desenvolvimento vem ganhando

    gradualmente espao no debate mundial. O destaque questo

    das condies sociais das populaes dos diversos pases do mundo

    remeteu frequentemente discusso das razes da condio de

    extrema pobreza em que vive quase metade do contingente mundial.

    A distribuio extremamente desigual da riqueza e da renda no mundo

    emerge, assim, como tema relevante.

    O debate sobre o desenvolvimento no podia deixar de chegar ao Brasil,

    um dos pases onde o crescimento econmico foi dos mais brilhantes no

    sculo XX e onde a maior parte da populao experimenta condies

    de vida muito precrias. A discusso sobre os impactos negativos no

    meio ambiente decorrentes do padro de modernidade que virou

    sinnimo de desenvolvimento , no Brasil, menos intensa que a

    anlise dos impactos sociais do processo do crescimento econmico e da

    modernizao conservadora que o Pas experimentou.

    O fato que, no Brasil do sculo XX, um processo de industrializao

    acelerada foi acompanhado de intensa urbanizao, ao mesmo tempo

    em que o bloqueio fundirio e a modernizao conservadora da sua base

    agropecuria inviabilizavam a vida no campo para milhes de brasileiros.

    O lento crescimento dos salrios reais contrastava com a rpida elevao

    da produtividade mdia da economia. A resultante foi um crescente

    movimento de concentrao da renda nacional, o que faz do Pas uma

    das mais importantes bases industriais e agrcolas do mundo, mas um dos

    pases de mais elevado nvel de concentrao da riqueza e da renda.

    O Estado desenvolvimentista conservador no Brasil concentrou

    suas energias no patrocnio do crescimento econmico centrado na

    industrializao e relegou a segundo plano o papel de promotor do

    desenvolvimento social. Apesar de alguns avanos atingidos na era

  • 14 15

    Vargas que alcanou especialmente os assalariados urbanos ,

    a ao das polticas pblicas no conseguiu reduzir os desnveis sociais,

    e cresceu muito a diferena entre as condies de vida no campo

    e na cidade, e nessa, entre os habitantes urbanos das reas ricas

    e os residentes nos bairros populares e nas favelas.

    S mais recentemente, j em meio crise econmica e intensa

    e crescente crise fiscal que se instala nos anos 1980, que as polticas

    sociais passam a ter poder explicativo mais destacado na melhoria dos

    indicadores sociais, a partir de indicadores-sntese relativos ao Brasil,

    a Pernambuco e capital desse Estado. que Pernambuco e o Recife

    acompanham as grandes tendncias nacionais de lento crescimento da

    renda e mais rpida evoluo de resultados de algumas polticas sociais.

    Enquanto a crise econmica e a hiperinflao freavam o crescimento da

    renda, o processo de redemocratizao e a luta social impulsionavam

    avanos em polticas de sade por meio do SUS, de educao, de

    assistncia social, de proteo previdenciria, dentre outros.

    Nesse contexto, o Recife amplia seu peso na indstria do Estado, mas

    expande mais intensamente seu tecido tercirio, ao tempo em que

    atrai intenso fluxo migratrio. Assim, passa de 500 mil habitantes em

    1950 para 1 milho e 100 mil em 1970 mais que dobra em duas

    dcadas, chegando a 1,5 milho em 2000. Ao reproduzir o padro de

    desenvolvimento nacional, em que predomina uma industrializao

    voltada para atender demanda das classes de mais alta renda

    ao mesmo tempo em que a urbanizao amplia a oferta de pessoas

    procura de emprego nas atividades urbanas , Recife tambm

    bloqueia, como outras cidades pas afora, as oportunidades de insero

    decente de grande parte de seus habitantes na vida da cidade.

    Assim, a forte desigualdade social e a grande dimenso da pobreza so

    as marcas principais da sociedade recifense. A moderna e cosmopolita

    Boa Viagem que abriga uma minoria rica contrasta com o Coque,

    abrigo dos pobres e esquecido pelo Poder Pblico. isso que retrata

    o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. Mas o Recife apenas

    reproduz, sua escala, o que ocorre na grande maioria das metrpoles

    e nos principais centros urbanos do Pas. Da o questionamento sobre

    a sustentabilidade do desenvolvimento brasileiro e, por extenso, do

    desenvolvimento de espaos urbanos como o do Recife. No se pode

    considerar que tenha ocorrido, aqui, desenvolvimento. O Recife no

    pode ser considerado desenvolvido, sendo to desigual. As sociedades

    tidas como desenvolvidas so sempre muito mais homogneas. Ter uma

    pequena elite moderna que experimenta excelente padro de vida

    no define uma sociedade como desenvolvida. A presena de uma

    maioria excluda, com precrios ndices de acesso a condies decentes

    de vida, serve como elemento de questionamento sustentabilidade

    do processo que se construiu. E reclama uma rediscusso do que seja,

    verdadeiramente, um processo de desenvolvimento.

    O Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife estimula essa reflexo;

    conhece-se, na intimidade, o Recife. E as principais concluses,

    a seguir sumarizadas, servem para alimentar esse debate, ao criar

    a possibilidade de estimular iniciativas que reduzam a desigualdade

    social e ampliem a cidadania num lugar de tanta beleza natural,

    com uma longa histria de lutas sociais e polticas por isso mesmo

    referncia no Pas para os que sonham com um Brasil verdadeiramente

    desenvolvido, democrtico, civilizado.

    Principais questes reveladas no Atlas

    Matriz de desigualdade versus polticas sociais

    O forte vis urbano-industrial das polticas nacionais de desenvolvimento,

    durante a implementao e consolidao do padro industrial da

    economia brasileira, sancionou a matriz histrica de desigualdades e

    de pobreza, o que culminou na gerao e manuteno de desequilbrios

    sociais e urbanos que se exacerbaram a partir da crise de crescimento

    nos anos 1980 e das mudanas institucionais e econmicas dos anos

    1990. Tendo perdido o passo histrico de reformas distributivas no

    ambiente urbano e no meio rural, o Brasil acumulou uma pobreza

  • 16 17

    e uma desigualdade de grande dimenso, problemas agravados em

    momentos de frgil crescimento econmico situao predominante

    no ltimo quarto de sculo. Por outro lado, as polticas sociais no Brasil,

    de dimenso e alcance limitados comparativamente experincia

    europeia de bem-estar social em sociedades menos heterogneas e

    menos desiguais , foram marcadas mais pelo assistencialismo do que

    pela efetiva capacidade distributiva, ou seja, polticas tributrias que

    terminam por ser mais pesadas para os segmentos de menores rendas,

    polticas educacionais que falham em distribuir oportunidades e ausncia

    de reforma agrria que operasse no sentido de consolidao de

    pequenas e mdias propriedades rurais. Nesse contexto, predominaram

    as polticas pblicas ou filantrpicas de auxlio aos mais pobres.

    Ademais, houve atraso na implementao de polticas compensatrias

    estratgicas, a exemplo do seguro-desemprego, criado em 1986, depois

    que a primeira grande recesso econmica no Pas em perodo recente

    (198183) na esteira da crise da dvida externa de incios dos anos

    1980, elevando os nveis de desemprego aberto revelou os limites do

    papel compensatrio historicamente exercido pelo setor informal, via

    criao de ocupaes de baixa renda.

    Por outro lado, com o processo de redemocratizao do Pas a partir

    do encerramento do perodo militar na primeira metade dos anos

    1980 os movimentos sociais contriburam para a implementao de

    polticas sociais que representaram avanos em relao ao sistema

    at ento vigente. A prpria instituio do seguro-desemprego em

    1986 no contexto de amplo debate entre as diversas matrizes

    dos movimentos sociais um exemplo dessas mudanas. Com a

    Constituio de 1988, a descentralizao dos gastos pblicos e depois

    da criao do Fundo de Amparo ao Trabalhador em 1990 iniciativas

    surgidas em ambiente de atuao expressiva dos movimentos sociais

    , o conjunto de polticas pblicas e polticas sociais amplia-se, com a

    implementao de novas polticas de emprego e renda.

    Essa constatao do padro de desenvolvimento econmico e social no

    Brasil e dos limites das polticas sociais um aspecto fundamental a

    ser considerado na leitura dos indicadores sociais relativos aos ltimos

    25 anos, bem como na vinculao entre tais indicadores e as polticas

    sociais em vigor. O Recife, como se ver a seguir, reproduz tendncias

    nacionais associadas a esses aspectos.

    J foi assinalado, neste texto, que alguns indicadores passaram a

    refletir polticas sociais implantadas principalmente a partir dos

    anos 1980. Tambm ficou evidente, na anlise de informaes do

    Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife, que os indicadores de

    renda (nvel e distribuio) revelam o papel bloqueador exercido

    pela evoluo da renda pessoal, impedindo que estratos sociais mais

    desfavorecidos rompam a barreira da pobreza e da excluso social.

    Observe-se que, nos anos 1970 quando, a despeito do aumento da

    desigualdade social, o crescimento econmico terminou propiciando

    uma melhora do rendimento de todos os estratos sociais , o IDH

    relativo renda, na cidade do Recife, apresenta uma evoluo

    acentuada, sendo seguido pelos IDHs de longevidade e de educao,

    que tambm refletem polticas pblicas e polticas sociais. A partir dos

    anos 1980 quando a economia brasileira entra na era de crescimento

    medocre do produto nacional (mdia de 2,1% ao ano, de 1981 a

    2000) e indicadores de distribuio de renda revelam permanncia

    da desigualdade , os ndices de Desenvolvimento Humano para

    longevidade e educao passam a ter uma evoluo mais acentuada,

    provavelmente como um reflexo do avano em programas de educao

    e em programas sociais nos campos da habitao, da sade, do

    saneamento, enquanto a curva do IDH Renda desacelera, voltando a

    acompanhar as outras duas curvas nos anos 1990, evoluo que deve

    ter sido mais significativa na segunda metade da dcada, a partir da

    reduo dos altssimos ndices de inflao que prevaleceram at a

    primeira metade da dcada. De fato, como foi observado na anlise de

    informaes do Atlas Municipal, o Recife se beneficiou de avanos em

    polticas municipais de educao e do avano de polticas nacionais

    de sade, em particular depois da descentralizao propiciada pela

    implantao do Sistema nico de Sade (SUS). Deve ser ressaltado

  • 18 19

    que o padro de evoluo dos IDHs aqui destacados o mesmo para o

    Brasil, Nordeste e Pernambuco.

    Essas informaes reforam um aspecto enfatizado nos textos analticos

    que acompanham o Atlas do Desenvolvimento Humano: necessrio

    romper com um padro de desenvolvimento que impede um maior

    crescimento da renda nacional e mantm a desigualdade, sob pena

    de se atribuir s polticas sociais a impossvel tarefa de, per se,

    reduzir a excluso social. Pode-se acrescentar: a educao, como

    poltica pblica, ainda necessita de um salto quantitativo e qualitativo

    para ampliar seu papel distributivo e de elevao da produtividade

    econmica, alm de constituir o basto da cidadania.

    Espao e populao-alvo na execuo de programas sociais

    Uma radiografia do espao demogrfico e socioeconmico de uma

    cidade como o Recife com os recortes produzidos pelo Atlas Municipal

    revela grandes contrastes e informa-nos sobre a complexidade de

    pensar as polticas e os programas sociais aplicados aos diversos espaos.

    necessrio ter em conta que, a depender do fato socioeconmico

    sob foco, certos programas podem ser espacialmente distribudos sem

    dificuldade maior buscando-se atingir grupos sociais especficos em

    determinadas localidades. Se, por exemplo, o programa em destaque

    for saneamento, a identificao dos espaos carentes do servio e o

    atendimento so obviamente determinados de forma clara, podendo-

    se realizar as obras em cada microespao, alcanando-se diretamente

    a populao-alvo. Se, apesar de to bvia configurao espacial,

    plenamente visualizada pelos governos locais, certas reas de carncia

    permanecem numericamente expressivas, porque pelo menos dois

    fatores estariam em ao na reproduo/ampliao da carncia social:

    falhas sistmicas na alocao de recursos pblicos e na execuo das

    polticas sociais, e o crescimento de reas de pobreza por conta da

    insuficincia de desenvolvimento econmico ou da falha de mecanismos

    distributivos, ou uma combinao dos dois conjuntos de fatores.

    Raciocnio similar pode ser feito para os programas locais de combate

    ao desemprego. Na hiptese da disponibilidade de indicadores locais de

    nvel de desocupao da mo de obra, programas de emprego podem ser

    trazidos para os ncleos populacionais com maior nvel de desemprego,

    de forma combinada com os programas desenvolvidos para outras

    carncias (por exemplo, obras de saneamento com aproveitamento da

    fora de trabalho local). Tais possibilidades so, de fato, suficientemente

    conhecidas. Novamente, se tais experincias no so amplamente

    reproduzidas, porque h falhas na alocao de recursos pblicos e

    na execuo de programas sociais. No se pode descartar, inclusive,

    a possibilidade de captao de benefcios de programas sociais por

    estratos sociais que tm maior acesso informao e tm inter-relaes

    mais prximas com segmentos dos poderes pblicos. Seria, por essa

    via, a manuteno da desigualdade, cuja raiz est na concentrada

    distribuio da riqueza (produto, renda e ativos inclusive educao).

    Essa relativa facilidade de fazer a distribuio espacial de

    determinados programas sociais no se reproduz com respeito, por

    exemplo, ao provimento de educao pblica. De fato, no seria

    racional construir-se uma escola em cada comunidade pobre. H

    uma rede de escolas de alguma forma vinculada a reas poltico-

    administrativas do governo municipal que j est desenhada para

    atender a demandas dos estratos mais carentes da populao. O acesso

    escola deve ser viabilizado para aqueles que residem em reas

    distantes da unidade escolar por meio de outras polticas pblicas, a

    exemplo do vale-transporte e/ou de programas, como o Bolsa Escola.

    Um outro exemplo o provimento de sade pblica. Na mesma linha

    de argumentao com respeito ao atendimento escolar, tambm

    na sade no se pode sob pena de se multiplicarem custos e

    desperdcios, sem necessariamente aumentar a eficincia do programa

    construir uma unidade de atendimento em cada microcomunidade.

    De fato, o sistema pblico trabalha com redes regionais embora

    as redes existentes no sejam atualmente satisfatrias, por conta de

    polticas fiscais de reduo de gastos pblicos. Mas, no caso da sade

    pblica, uma inovao foi o Programa Sade da Famlia, pelo qual o

  • 20 21

    atendimento prestado na unidade bsica de sade ou no domiclio,

    por profissionais (mdicos, paramdicos, enfermeiros, auxiliares

    de enfermagem e agentes comunitrios de sade) que compem

    as equipes de Sade da Famlia. Alm de reduzir, pela preveno,

    a incidncia de doenas, tal programa pode diminuir a presso da

    demanda por unidades de atendimento hospitalar. Consideraes

    similares podem ser feitas sobre outros programas sociais, cuja

    execuo pressupe redes de atendimento que no podem ser

    descentralizadas at o nvel de cada microcomunidade.

    Isso significa que, para que certa realidade local mude no sentido de

    melhora das condies de vida da comunidade , h alguns aspectos

    que dependem mais de aes universais que de aes localizadas. Na

    raiz dessa universalidade est a renda, cujo perfil distributivo e cuja

    evoluo no tm operado na direo de reduo consistente da pobreza

    e, portanto, constituem um obstculo considervel a uma melhora das

    condies de vida de amplos segmentos da populao urbana. Como j foi

    enfatizado neste texto e nos textos temticos que acompanham o Atlas,

    o Recife um espao socioeconmico bem representativo do papel de

    bloqueio na reduo da pobreza que a insuficincia de renda exerce.

    O Recife e outras capitais: 2 destaque de alguns fatos revelados pelo Atlas do Desenvolvimento Humano

    CONCENTRAO DOS RENDIMENTOS. Ficou evidente a concentrao dos

    rendimentos nas camadas superiores da distribuio de renda, sendo

    extremamente desigual a distribuio de rendimentos entre os 20%

    mais ricos, no Recife e em outras capitais, ou seja, foi a corroborao

    de um quadro nacional j bem conhecido. Um fato menos bvio,

    porm, que, enquanto indicadores sintticos de distribuio revelam

    uma diferenciao regional menor desigualdade nos centros urbanos

    de regies mais desenvolvidas, isto , no Sudeste , a extrema

    desigualdade na parte superior da distribuio (entre os 20% mais

    ricos) parece ser um fenmeno generalizado, sem grande diferena

    de padro entre as capitais de diferentes regies ou entre os ncleos

    centrais e os municpios menores das regies metropolitanas.

    como se houvesse um padro nico de distribuio desigual de

    oportunidades e de diferenciada captao de rendimentos por parte

    de um nmero nfimo de famlias.

    INDICADORES SINTTICOS DE POBREZA. Outro aspecto que, enquanto

    os indicadores sintticos de pobreza mostram uma reduo da

    proporo de pobres de forma continuada em quase todas as capitais

    analisadas, no perodo 1991-2000, os dados sobre a renda dos 20%

    mais pobres revelam em vrios municpios uma queda acentuada da

    renda domiciliar per capita dessas famlias mais pobres. Significa a

    possibilidade de, mesmo que em termos de linha de pobreza seja

    estimada uma reduo da proporo de pobres, segmentos sociais dos

    estratos mais pobres estejam mergulhando em situao de indigncia

    o que revela um quadro de deteriorao das condies sociais

    desses segmentos da populao. Trata-se de uma possibilidade que

    deve ser melhor investigada considerados o relativamente elevado

    nmero e a grande variedade de polticas sociais em operao,

    particularmente a partir de meados dos anos 1990.

    BOLSES DE POBREZA. No plano intramunicipal, foi observado que o

    Recife possui bolses de pobreza, cujo nvel de renda fica abaixo da

    mdia do Brasil metropolitano, dando uma medida precisa da gravidade

    do problema. Ao mesmo tempo, observam-se contrastes expressos

    na vizinhana entre as reas afluentes e os bolses de pobreza, com

    consequncias sobre o quotidiano muito similares s observadas em

    uma cidade que est sempre no foco da mdia, o Rio de Janeiro.

    ADEQUAO DE PROGRAMAS SOCIAIS AOS DIVERSOS ESPAOS. A caracterizao

    do espao demogrfico e socioeconmico de uma cidade como o

    Recife segundo os recortes do Atlas Municipal revela grandes

    contrastes e pode alertar os formuladores e executores de polticas 2. O Recife foi analisado em relao s capitais estaduais com mais de 1 milho de habitantes que so ncleos de regies metropolitanas e capital federal.

  • 22 23

    sobre a adequao dos programas sociais aos diversos espaos. De fato,

    em funo do fato socioeconmico sob foco, certos programas podem

    ser espacialmente distribudos, sem dificuldade maior podendo-

    se atingir grupos sociais especficos em determinadas localidades.

    Portanto, a anlise de indicadores sociais no plano intramunicipal deve

    servir para que sejam percebidas as limitaes de uma vinculao

    linear entre a anlise de certos indicadores e as proposies de ao

    direta, localizada, de um determinado programa social que seria a

    resposta em termos de poltica pblica. Para alguns programas sociais,

    possvel atingir diretamente a localidade carente e obter resultados

    positivos, a exemplo dos programas de saneamento e do programa

    Sade da Famlia. No entanto, para que a realidade local mude de

    modo sistmico no sentido de melhoria das condies de vida da

    comunidade , h vrios aspectos que dependem mais de aes

    universais que de aes localizadas.

    CRESCIMENTO DAS METRPOLES. As capitais metropolitanas3 apresentam

    crescimentos iguais ou inferiores ao crescimento do Pas no tocante s

    dimenses sociais, o que expressa uma reduo da distncia existente

    entre essas capitais e o resto do Brasil. Essa reduo relaciona-se com

    o carter generalizado dos impactos da transio demogrfica e da

    implantao das polticas de sade, propiciando uma relativa reduo

    das desigualdades de longevidade, confirmada pelo crescimento

    maior das capitais metropolitanas, em situao mais desfavorvel

    em 1991 (Nordeste e Norte) em relao s capitais do Centro-Sul. Os

    impactos da poltica de educao tambm apontam para a reduo das

    desigualdades entre o pas como um todo e as capitais metropolitanas,

    havendo um destaque para Fortaleza, cujo crescimento acompanha,

    mais que o Recife, o crescimento do Brasil, conquanto nas demais

    metrpoles o crescimento seja bem inferior, permitindo a reduo dos

    contrastes socioterritoriais.

    REDUO DE DESIGUALDADES. Os avanos, em termos de reduo de

    desigualdades, foram mais visveis nos indicadores de sade, educao

    e longevidade. Mas h uma rigidez na varivel renda, um bloqueio.

    No caso do Brasil, onde o hiato social e a dimenso da pobreza

    ganham dimenso elevada, tal bloqueio no deve ser subestimado.

    A centralidade da insuficincia de renda, decorrente das condies

    precrias do mercado de trabalho, do ainda insatisfatrio processo

    de escolarizao, da baixa qualificao da fora de trabalho num

    contexto de insuficiente crescimento econmico , fica evidente

    tanto na anlise de macroespaos regionais quanto na radiografia

    dos microespaos socioeconmicos do Recife. Mesmo com a reduo

    das desigualdades sociais, segundo os indicadores como os aqui

    destacados, a reduo da desigualdade de renda parece pfia. Haveria

    um ncleo duro e pouco mutvel da desigualdade, conforme foi

    revelado pelos ndices de Desenvolvimento Humano, o que tambm se

    observa nos municpios da Regio Metropolitana do Recife.

    AMPLIAO DAS DIFERENAS. Nos trs anis em que, para efeitos de

    anlise, a cidade foi dividida conforme critrios que incluem a

    formao histrica dos espaos sociogeogrficos , h caractersticas

    bem distintas (BITOUN, 2005). Nos morros (Anel Perifrico), a

    pobreza amplamente dominante, mas em reas de ocupao

    recente e onde o crescimento demogrfico maior, as condies

    de vida tornam-se ainda mais precrias (a exemplo do Ibura e

    Vila dos Milagres). Nas reas de ocupao mais consolidada, os

    indicadores tendem a melhorar (UR 1, UR 2 e UR 3). Na plancie do

    Anel Intermedirio, onde domina a classe mdia, reduzem-se as

    distncias entre os residentes. J quando se est em presena de

    bairros mais ricos (Casa Forte, Graas, por exemplo), as diferenas

    ampliam-se com relao aos demais locais. Na plancie central, rea

    que concentrou e continua a concentrar investimentos, h quistos

    de reas muito pobres, com indicadores entre os piores da cidade

    (Coque, Santo Amaro). So reas e populaes abandonadas por

    investidores, pelo poder pblico e pela sociedade.3. As informaes se referem, especificamente, s capitais estaduais com mais de 1 milho de habitantes que so ncleos de regies metropolitanas e capital federal.

  • 24

    CONDIES DE HABITABILIDADE. Um aspecto de grande importncia para

    a melhora das condies de vida de populaes mais pobres refere-se s

    condies de habitabilidade, o que envolve fatores que tornam a pobreza

    estrutural: habitaes precrias, improvisadas; ausncia de saneamento;

    ausncia ou insuficincia de atendimento de segurana, de transporte, de

    rede viria. Trata-se de programas e aes que so, fundamentalmente,

    da rea de competncia do Poder Municipal e tambm do Poder Estadual.

    IMPORTNCIA ESTRATGICA DA DESAGREGAO ESPACIAL DOS INDICADORES.

    A anlise dos indicadores constantes deste Atlas deixou evidente

    a importncia estratgica da desagregao espacial do IDH e dos

    indicadores especficos para a compreenso das diferenciaes sociais

    na cidade. Os resultados podem subsidiar a diferenciao de nfase nas

    polticas pblicas distintas, considerado o mesmo objetivo de elevar o

    nvel de vida dos recifenses. A complexidade do tecido social urbano do

    Recife no apropriadamente captada pelo IDH mdio ou pela mdia de

    outros indicadores, no mbito de espaos sociais muito heterogneos.

    MECANISMOS EFETIVOS DE ACOMPANHAMENTO E DE AVALIAO DE

    PROGRAMAS. As evidncias sobre a profuso de programas sociais

    corroboram a necessidade de criao de mecanismos efetivos de

    acompanhamento e de avaliao desses programas, bem como a

    gerao de indicadores de avaliao apropriados, de modo a se verificar,

    no plano local, qual o efetivo grau de influncia dessas polticas sobre

    a reduo da pobreza e da desigualdade, mesmo sabendo-se que outros

    fatores e macropolticas devem ser considerados e, portanto, que tais

    polticas sociais tm um limitado potencial de, per se, produzirem

    o efeito desejado. Mas tambm verdade, luz dos resultados at

    agora alcanados, que a efetivao de mecanismos de monitoramento

    e de avaliao de impactos como procedimento sistemtico,

    ainda ausentes no Pas pode melhorar bastante a possibilidade de

    reformulaes e, portanto, de melhor alcance dessas polticas.

  • 26 27

    SEGUNDA PARTE

    COMO USAR O ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO RECIFE?

    O Software DO ATLAS

    Como para o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, foi

    desenvolvido para o Recife um software que, com base em mais de

    uma centena de indicadores de desenvolvimento humano, permite

    ao usurio produzir tabelas, grficos, mapas, relatrios temticos

    e perfis das diversas regies do municpio. Os resultados podem ser

    impressos ou exportados para programas de planilhas eletrnicas.

    Tais ferramentas tm a vantagem de permitir anlises comparativas

    imediatas, bem como a observao de possveis discrepncias.

    CONTEDO ACESSVEL POR MEIO DE CONSULTAS

    O Atlas contm um banco de dados com cerca de 220 indicadores

    socioeconmicos referentes a 241 reas (unidades espaciais) do

    Recife. O usurio escolhe os dados e as unidades espaciais com que

    quer trabalhar. Isso pode ser feito a partir do comando Executar,

    na barra superior, ou na Tela de Boas Vindas, pelos cones Consulta

    Simples, Consulta Avanada, Maiores e Menores, Perfil, Mapa

    Temtico, Histograma e Diagrama de Disperso. Cada um desses

    comandos permite a elaborao de produto especfico.

    BARRA SUPERIOR

    TELA DE BOAS VINDAS

  • 28 29

    Em todos os casos, o usurio precisar definir com quais unidades

    espaciais pretende trabalhar. No Atlas do Desenvolvimento Humano

    no Recife, as unidades espaciais so agrupadas em cinco conjuntos,

    que correspondem a trs divises poltico-administrativas do territrio

    municipal (6 regies poltico-administrativas, 18 microrregies e 94

    bairros), a uma diviso do zoneamento da Lei de Uso e Ocupao

    do Solo (61 zonas especiais de interesse social) e a uma diviso

    especialmente concebida para o Atlas (62 unidades de desenvolvimento

    humano), com o objetivo de retratar com a maior preciso possvel

    as desigualdades socioterritoriais. Os procedimentos adotados pelos

    autores do Atlas para dividir o territrio municipal so explicitados

    nos textos em formato .pdf Metodologia de Diviso do Territrio do

    Recife e Metodologia da Produo da Base Cartogrfica, que podem

    ser acessados via Textos na barra superior. Os Textos Metodolgicos

    mostram por que as informaes do Atlas esto disponveis para

    tantas unidades espaciais e por que isso possibilita vrias anlises da

    diversidade socioeconmica do municpio.

    Para escolher mais facilmente as unidades espaciais, o usurio pode consultar, imprimir ou salvar em formato .jpg os Mapas de Referncia. Abra pela barra superior, em Mapas e Mapas de Referncia, os mapas do Recife com os limites das Regies Poltico-Administrativas, Microrregies, Bairros e Unidades de Desenvolvimento Humano. H tambm um mapa dos Anis agrupamentos de unidades de desenvolvimento humano em trs grandes reas, de acordo com o padro de desigualdade. A consulta aos mapas especialmente relevante no caso das zonas especiais de interesse social, cujos limites legais, definidos na Lei de Uso e Ocupao do Solo, no correspondem exatamente aos limites dos setores censitrios, que so o menor agrupamento de domiclios feito pelo IBGE.

  • 30 31

    Para selecionar uma unidade espacial, como todos os bairros, basta

    clicar sobre ela com o boto esquerdo do mouse e, logo aps, sobre o

    comando avanar, ou clicar duas vezes na opo escolhida.

    Ao selecionar as unidades espaciais, o usurio pode concentrar seu estudo em uma regio poltico-administrativa ou em uma microrregio, reas nas quais se baseia a diviso, por exemplo, do Oramento Participativo e dos distritos sanitrios.

    A SELEO DAS UNIDADES ESPACIAIS a primeira etapa que aparece na

    tela aps o usurio clicar nos cones da Tela de Boas Vindas. Com exceo

    da ferramenta Perfis, as seguintes opes so apresentadas sempre

    na parte esquerda do quadro: Unidades de Desenvolvimento Humano,

    Microrregies, Regies Poltico-Administrativas, Bairros e Zonas Especiais

    de Interesse Social. Clicando no + esquerda dessas opes, o usurio delimita o universo de unidades espaciais que pretende consultar. Para as

    unidades de desenvolvimento humano e as microrregies, as opes so

    todas no Recife ou somente aquelas situadas numa das 6 regies poltico-

    administrativas (RPAs). Para os bairros, as opes so todos, somente

    aqueles situados numa das 18 microrregies, ou os situados numa das

    6 regies poltico-administrativas. Para as RPAs e as zonas especiais de

    interesse social, a nica possibilidade escolher todas.

  • 32 33

    O Atlas tambm possibilita que o usurio forme um grupo de unidades espaciais diferente daquele predeterminado no quadro esquerdo da tela.No comando Executar, em Editor de Regies, o usurio pode selecionar as unidades espaciais do Recife que o interessam. Na tela Editor de Regies, basta clicar em Nova Regio, optar por um Tipo (Unidades de Desenvolvimento Humano, Microrregies, Regies Poltico-Administrativas, Bairros ou Zonas Especiais de Interesse Social) e atribuir um nome regio que se quer formar. Vamos exemplificar aqui com uma regio composta por zonas especiais de interesse social (Zeis) dispersas, mas todas situadas na Regio Poltico-Administrativa 6. O Tipo Zeis e o nome atribudo ser ZEIS DA RPA 6. Aps a escolha do tipo e a definio do nome, clica-se em Ok, e o Atlas abre uma tela com a lista de todas as Zeis do banco de unidades espaciais. Consultando o Mapa de Referncia das Zonas Especiais de Interesse Social, observam-se quais so as ZEIS situadas na RPA 6, e selecionam-se na lista aberta as 14 ZEIS dessa RPA, marcando os quadrados esquerda dos nomes. Realizada a seleo, usa-se o comando Mostrar lista de unidades selecionadas para confirmar a seleo antes de salvar. Aparecer, no quadro esquerdo das telas de Consulta Simples e Consulta Avanada, a opo Minhas ZEIS, com o nome ZEIS da RPA 6. O mesmo procedimento pode ser seguido para formar outros grupos de unidades espaciais. Assim, seriam acrescentadas ao quadro esquerdo mais opes de seleo de unidades espaciais: Minhas UDHs, Minhas Microrregies, Minhas RPAs e Meus Bairros.

  • 34 35

    O SEGUNDO PASSO A SELEO DOS INDICADORES do Atlas so cerca

    de 220 variveis dos censos do IBGE, que pesquisou as caractersticas

    dos domiclios e da populao residente no Brasil em 1991 e 2000.

    Alguns textos (em formato .pdf) facilitam o entendimento dos

    indicadores:

    CATLOGO DOS INDICADORES : lista das variveis, dividida em oito

    temas: caracterizao, demografia, educao, renda, habitao,

    vulnerabilidade, populao e desenvolvimento humano. Abra pela

    barra superior, em Ajuda;

    GLOSSRIO DOS INDICADORES: definio de ndices e indicadores por

    tema e subtema, com informao sobre para quais unidades espaciais

    foi possvel calcul-los. Abra pela barra superior, em Ajuda;

    DEFINIO E METODOLOGIA DE CLCULO DOS INDICADORES: descreve

    como cada indicador e ndice foi calculado. Abra pela barra

    superior, em Textos e Textos Metodolgicos.

    A leitura desses textos de apoio permite usar os dados sabendo o que realmente representam e como foram calculados. A partir da, possvel operar o programa contido no CD-ROM para extrair as planilhas e compor mapas temticos, elaborar histogramas, diagramas de disperso, classificar menores e maiores.

  • 36 37

    Assim, se foram escolhidos todos os bairros do Recife e o tema

    Demografia, a tabela predefinida para esse tema contm Indicadores

    Demogrficos, 1991 e 2000. Acionando-se o comando Executar,

    aparece a tabela nas linhas estaro os 94 bairros do municpio

    e, nas colunas, os valores de trs indicadores: Taxa de crescimento

    anual da populao entre 1991 e 2000, Razo de dependncia em

    1991 e em 2000, ndice de envelhecimento em 1991 e em 2000.

    Consulta Simples

    Na Consulta Simples, o Atlas permite escolher grupos de indicadores

    predefinidospeloprogramanos diversos temas disponveis. A seleo

    da tabela fcil:

    Do lado esquerdo da tela 2, aparecem temas e subtemas. Selecionando

    um deles (clicando sobre ele com o boto esquerdo do mouse e,

    logo aps, no comando avanar, ou clicando duas vezes na opo

    escolhida), aparecem no lado direito da tela (Tabelas) as opes de

    indicadores. Selecionando uma dessas opes (clicando sobre ela com

    o boto esquerdo do mouse e, logo aps, no comando avanar, ou

    clicando duas vezes na opo escolhida), abre-se a tela 3 (Executar

    consulta), na qual figuram as opes escolhidas na tela 1 (as unidades

    espaciais) e 2 (o indicador).

  • 38 39

    Consulta Avanada

    Na Consulta Avanada, as unidades espaciais podem ser

    caracterizadas por indicadores determinados pelo usurio. Do lado

    esquerdo da tela 2, entre os temas ou subtemas, aparece a lista dos

    indicadores disponveis. Cabe ao usurio transferir para o lado direito

    da tela (indicadores selecionados) os indicadores desejados. Isso pode

    ser feito clicando com o boto esquerdo do mouse sobre os indicadores

    e depois sobre a seta de transferncia, ou clicando duas vezes sobre

    os indicadores escolhidos. Posicionados do lado direito da tela, os

    indicadores podem ser organizados de cima para baixo, o que determina

    a ordem das colunas na planilha; para isso, basta clicar no indicador

    a ser movido e acionar os cones de mo para baixo ou para cima.

    Tambm possvel eliminar um indicador, acionando o cone da lixeira.

    Definidas a lista e a ordem dos indicadores selecionados no lado direito

    da tela, o comando avanar abre a tela 3 (Selecionar condies).

    A seleo de condies um recurso que permite ao usurio tornar

    a planilha mais precisa, cruzando indicadores.

    possvel identificar rapidamente onde, por exemplo, cresceu de 1991

    a 2000 a taxa de meninas de 15 a 17 anos com filhos. Na 1 tela, so

    selecionadas todas as UDHs do Recife (um universo de 62 unidades

    espaciais); na 2 tela, so selecionados, no tema demografia, os

    indicadores percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15

    e 17 anos com filhos, 1991 e percentual de adolescentes do sexo

    feminino entre 15 e 17 anos com filhos, 2000.

  • 40 41

    Na 3 tela, selecionam-se o indicador de 1991 e o tipo de consulta

    QUALQUER UMA das condies especificadas; na barra de rolagem

    do campo Operadores, escolhe-se a opo menor que. Depois,

    clica-se no boto ..., ao lado do campo Valor ou indicador. Abre-se

    uma tela complementar (Selecionar Indicador) e clica-se no indicador

    apresentado percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15

    e 17 anos com filhos, 2000. A condio escolhida aparece no campo

    de baixo: percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17

    anos com filhos, 1991 menor que percentual de adolescentes do sexo

    feminino entre 15 e 17 anos com filhos, 2000.

    Na Consulta Avanada, tambm possvel selecionar um valor de

    referncia para uma das variveis, de modo a cruzar os indicadores.

    Por meio desse recurso, pode-se verificar, por exemplo, que unidades

    de desenvolvimento humano tinham, em 2000, renda per capita

    superior do municpio como um todo (R$ 392,46).

    Para isso, pode-se selecionar na 1 tela, por exemplo, todas as UDHs;

    na 2 tela, no tema Renda e no subtema Nvel e composio, escolhe-

    se Renda per Capita, 2000; na 3 tela, clica-se sobre o indicador

    e seleciona-se o tipo de consulta QUALQUER UMA das condies

    especificadas; na barra de rolagem do campo Operadores, escolhe-

    se a opo maior ou igual a. No campo Valor ou indicador,

    digita-se o valor de referncia: 392,46. A condio escolhida aparece no

    campo de baixo: Renda per Capita 2000 maior ou igual a 392,46.

    Avanando e executando a consulta, gera-se uma tabela em que

    aparecem 16 unidades de desenvolvimento humano e suas respectivas

    renda per capita em 2000 o que significa que apenas essas, dentre

    todas as 62 UDHs do Recife, tm renda per capita igual ou superior

    da mdia do municpio.

    Avanando e executando a consulta, aparece a planilha com,

    nas linhas, as 41 unidades de desenvolvimento humano em que o

    percentual de adolescentes com filhos era menor em 1991 que em

    2000 e, nas colunas, as taxas respectivas. Se no for usado o recurso

    seleo de condies, deixando na barra de rolagem do campo

    operadores a meno qualquer valor, o resultado seria uma

    tabela com as 62 unidades de desenvolvimento humano e os valores

    observados em 1991 e 2000, quaisquer que sejam esses valores.

  • 42 43

    Maiores e Menores

    Em Maiores e Menores, o usurio obtm as unidades espaciais que apre-

    sentam maiores ou menores valores nos ndices e indicadores escolhidos.

    No lado esquerdo da tela 2, opta-se pela seleo dos menores ou

    dos maiores e indica-se o nmero de unidades espaciais que se quer

    identificar. Por exemplo, se foram selecionados na etapa anterior todos

    os 94 bairros do Recife e agora o objetivo determinar quais so os

    cinco que apresentaram as maiores taxas de crescimento anual de

    populao entre 1991 e 2000, seleciona-se a opo maior e o nmero

    5. A seguir, do lado direito da tela, escolhe-se o indicador digitando uma

    palavra-chave ou selecionando o tema Demografia ou Populao na barra

    de rolagem. Abaixo, aparece a lista dos indicadores relacionados com

    o tema e, entre eles, a Taxa de crescimento anual de populao entre

    1991 e 2000. Clicando sobre ela com o boto esquerdo do mouse e, logo

    aps, no comando Avanar, ou clicando duas vezes na opo escolhida,

    abre-se a tela 3 (Executar consulta), na qual aparecem as opes

    escolhidas na tela 1 (as unidades espaciais ) e 2 (o critrio e o indicador).

    Ao se acionar o comando Executar, aparece a tabela nas

    linhas, h os cinco bairros do Recife onde houve as maiores taxas de

    crescimento anual de populao entre 1991 e 2000, e, na coluna, os

    valores dessas taxas. O mesmo procedimento pode ser adotado para

    quaisquer tipos de unidade espacial e indicadores.

  • 44 45

    As Tabelas Propriedades:

    Ferramentas como Consulta Simples, Consulta Avanada e Maiores e Menores resultam em tabelas (ou planilhas).

    Os principais recursos da tabela so:

    Pode ser impressa clique em Arquivo e Imprimir, na barra

    superior, ou no cone Imprimir planilha;

    Pode ser salva em formato .xls clique em Arquivo e Exportar

    (na barra superior); esse recurso permite ao usurio associar, num

    programa de planilha eletrnica, os dados dos Atlas aos de outros

    bancos de dados;

    Permite a localizao de uma unidade espacial listada na tabela

    clique em Localizar Unidade Espacial (a lupa), que abre uma tela

    com uma barra de rolagem contendo a lista das unidades espaciais

    da planilha;

    Se for uma planilha elaborada por Consulta Avanada, pode ser

    modificada pelo usurio clique no cone Mostrar condies;

    essas condies aparecem numa tela (Condies Especificadas)

    e podem ser alteradas por meio do comando Editar, que permite

    refazer a Consulta Avanada.

  • 46 47

    Clicando em uma linha correspondente a uma unidade espacial, o

    usurio pode:

    Ter acesso a uma breve descrio da unidade espacial clique em

    Ajuda e O que isto?, na barra superior, e coloque o mouse

    sobre o nome da unidade. Para desativar o recurso, basta acionar o

    comando Voltar.

  • 48 49

    Ter acesso Imagem de satlite e ao mapa do Sistema virio

    da unidade espacial. Assim que se clica sobre a linha selecionada,

    os cones relacionados com essas duas funes ficam destacados.

    O recurso permite visualizar a unidade espacial em imagem de

    satlite ou o traado e os nomes das ruas;

    IMAGEM DE SATLITE

    MAPA DO SISTEMA VIRIO

  • 50 51

    Clicando em uma coluna correspondente a um dos indicadores, o

    usurio pode:

    Classificar as unidades espaciais da tabela em ordem crescente ou

    decrescente de valores clique sobre os cones esquerda, com

    flecha para cima (crescente) ou para baixo (decrescente);

    Ter acesso a uma breve definio dos indicadores clique em

    Ajuda e O que isto?, na barra superior, e posicione o

    mouse no nome do indicador. Para desativar o recurso, clique no

    comando Voltar.

  • 52 53

    Visualizar um Mapa Temtico dos indicadores selecione uma

    coluna e clique no cone correspondente ao mapa temtico.

    Esse mapa temtico poder ser modificado, conforme veremos

    mais adiante.

  • 54 55

    ESTATSTICAS DESCRITIVAS

    Para obter Estatsticas descritivas sobre o conjunto dos valores

    da coluna selecionada clique sobre o cone correspondente (letra

    sigma, parecida com um E);

    O objetivo das Estatsticas descritivas obter medidas-snteses que

    ajudem a descrever ou interpretar um conjunto de dados. O Atlas

    dispe de nove itens desse tipo.

    O primeiro a aparecer na janela de Estatsticas descritivas so as

    Observaes ou seja, quantos dados aparecem na coluna em

    questo, o que equivale ao nmero de unidades espaciais listadas.

    Na ilustrao ao lado, referente ao percentual de adolescentes do

    sexo feminino entre 15 e 17 anos com filhos, no ano 2000, h 62

    observaes, correspondentes s 62 UDHs do Recife.

    O Mnimo o valor mnimo encontrado na coluna, assim como

    Mximo o valor mximo o exemplo ao lado mostra que h UDHs

    que no abrigavam nenhuma adolescente de 15 a 17 anos com filhos

    em 2000; por outro lado, havia UDH em que 30,21% das meninas

    dessa faixa etria tinham filhos em 2000. A Mediana o nmero

    que divide os 50% maiores e os 50% menores assim, em metade

    das UDHs do Recife o percentual de mulheres de 15 a 17 anos com

    filhos era superior a 7,25%. A Amplitude a diferena entre o valor

    mximo e o mnimo.

    A Mdia aritmtica ou mdia o resultado da soma de todos

    os dados, dividida pelo nmero de dados. fortemente afetada

    pelos valores extremos. No exemplo ao lado, o valor de Ilha Joana

    Bezerra/So Jos/Zeis Coque (30,21% de adolescentes com filhos)

    discrepante em relao s outras UDHs, o que distorce a mdia.

  • 56 57

    O Desvio padro mede a disperso mdia em torno da mdia aritmti-

    ca. No conjunto das 62 UDHs, o desvio padro 4,97, o que significa que a

    maioria das porcentagens concentra-se em 4,97 pontos percentuais acima

    ou abaixo da mdia aritmtica de 8,07% isto , entre 3,10% e 13,04%.

    A Assimetria avalia o grau de assimetria ou de deformao de um con-

    junto de valores. A assimetria indica quanto os valores, quando colocados

    em um grfico, se desviam ou se afastam da simetria (curva em forma de

    sino). O coeficiente de uma amostra simtrica 0. Quando os valores se

    concentram na extremidade superior da escala, diz-se que a frequncia

    assimtrica negativa ou desviada esquerda e o coeficiente ser,

    ento, menor que 0. Quando a concentrao ocorre na extremidade

    inferior da escala, h assimetria positiva ou desviada direita e o co-

    eficiente maior que 0. A distribuio do percentual de meninas de 15 a

    17 anos com filhos, em todas as UDHs do Recife, assimtrica direita.

    Os valores concentram-se na extremidade inferior da escala. A mdia

    (8,07%) mais alta do que a mediana (7,32%) devido a poucas percenta-

    gens altas. A medida (1,23) representa uma forte assimetria.

    Curtose o grau de achatamento ou afilamento da curva de frequn-

    cia ou do histograma (ver o conceito de histograma logo adiante).

    A curva pode ter achatamento equivalente ao da curva normal (em que

    a curtose igual a 3), pode ser muito achatada (menor que 3) ou afi-

    lada (maior que 3). No exemplo

    ao lado, a medida de curtose da

    distribuio de frequncia (5,23)

    representa uma curva ou distri-

    buio afilada, ou seja, h vrios

    valores que se afastam da mdia.

    Para obter um histograma

    relacionado com os valores da

    coluna selecionada clique no

    cone correspondente (um grfi-

    co de barras);

    Histograma

    O Histograma e o Polgono de frequncia so usados para descrever a

    distribuio dos indicadores. Histograma que tambm pode ser cria-

    do a partir da Tela de Boas Vindas , com seleo da unidade espacial e

    do indicador um grfico de barras verticais que ilustra a distribuio

    dos dados. No eixo horizontal, exibida a varivel escolhida e, no eixo

    vertical, o nmero de observaes por intervalo. As barras retangulares

    tm os seguintes limites: esquerda, o indicador mnimo de cada interva-

    lo; direita, o indicador mximo do mesmo intervalo; no alto, o nmero

    de unidades espaciais representadas naquele intervalo. O nmero que

    aparece no eixo horizontal uma mdia de cada intervalo. No Atlas, o

    histograma construdo com intervalos constantes a diferena entre os

    limites mnimo e mximo dos intervalos semelhante, e a altura dos re-

    tngulos proporcional ao nmero de unidades espaciais representadas.

    O Polgono de frequncia, representado pela linha vermelha, mostra

    o formato da distribuio. O ponto mais alto da curva a mdia arit-

    mtica dos dados. Quando esse ponto est no meio do grfico, a dis-

    tribuio dos dados homognea. Quando est esquerda, indica que

    a maior parte dos dados inferior mdia; quando est direita, o

    contrrio a maior parte dos dados superior mdia. O grfico abai-

    xo mostra uma assimetria direita das porcentagens de adolescentes do

    sexo feminino de

    15 a 17 anos com

    filhos nas UDHs

    do Recife em

    2000. Isso signifi-

    ca que os valores

    se concentram na

    extremidade in-

    ferior da escala,

    pois h poucas

    UDHs com per-

    centuais altos.

  • 58 59

    COMO FAZER MAPAS TEMTICOS

    O Atlas permite elaborar Mapas Temticos, que podem ser acionados:

    A partir de uma planilha selecionando a coluna do indicador que

    ser o tema do mapa e clicando no cone Mapa Temtico;

    Diretamente na Tela de Boas Vindas ou no comando Executar

    selecionando o comando Mapa Temtico e seguindo as etapas

    Selecionar unidades espaciais, Selecionar o indicador e Criar

    Mapa Temtico. Com esse procedimento, no aparecer a planilha

    correspondente ao mapa.

    Em ambos os casos , aparece automaticamente na tela um Mapa

    Temtico, com ttulo, histograma e legenda com cinco intervalos

    de valores. Esses intervalos distribuem as unidades espaciais

    selecionadas em cinco grupos com nmeros iguais ou muito

    prximos de unidades. Mas, como veremos, esse mapa automtico

    podesermodificadopelousurio.

  • 60 61

    Propriedades dos Mapas Temticos

    O Mapa Temtico:

    Pode ser impresso por meio dos comandos Arquivo e Imprimir

    (na barra superior) ou clicando no cone Imprimir;

    Pode ser salvo em formato .bmp por meio dos comandos

    Arquivo e Salvar (na barra superior) ou diretamente no cone

    Salvar. Esse recurso permite associar um mapa do Atlas a outros;

    podem-se usar, por exemplo, os Mapas de Referncia, com escala

    grfica e Norte, para melhor identificar as unidades espaciais do

    Mapa Temtico;

    Pode ser enviado para a rea de transferncia do computador,

    por meio dos comandos Arquivo e Copiar para a rea de

    transferncia (na barra superior), ou diretamente no cone Copiar

    para a rea de transferncia;

    Apresenta nomes de alguns bairros de referncia, quando o usurio

    seleciona o comando Bairros;

    Permite localizar uma unidade espacial, acionando o cone

    Localizar Unidade Espacial (a lupa). O programa abre uma tela

    com uma barra de rolagem contendo a lista das unidades espaciais

    do Mapa Temtico. Aps a seleo, o mouse ser posicionado

    automaticamente na unidade espacial escolhida;

  • 62 63

    Identifica na barra inferior o nome e o valor do indicador de uma

    unidade espacial, quando o usurio posiciona o mouse sobre ela;

    Seleciona e amplia na tela uma das 6 regies poltico-administrativas

    quando o usurio clica numa delas; para voltar ao mapa geral, basta

    clicar no mapa da regio.

    OMapaTemticoautomticopodesermodificado a partir do cone

    Configurar mapa, um recurso do Atlas que:

    Permite, trabalhando com a mesma planilha e os mesmos

    indicadores, reagrupar as unidades espaciais, por meio das

    opes encontradas no comando Intervalos; assim, o usurio

    produzir mapas temticos diferentes, observando diversas

    distribuies espaciais dos indicadores, e escolher a distribuio

    que melhor ilustre o objetivo do trabalho;

    Permite mudanas de apresentao , que podem dar ao mapa uma

    linguagem mais direta e eficiente. Podem-se mudar as Cores, os

    Ttulos e a Legenda.

    Para decidir qual a configuraodomapatemtico que mais ajuda a

    entender a varivel em estudo, importante que o usurio conhea a

    distribuio de frequncia dos dados e faa uma anlise grfica para

    decidir sobre:

    O nmero de classes a ser adotado;

    O tipo de intervalo de valores para o agrupamento a ser

    utilizado; e

    O valor de corte, para estabelecer o intervalo de valores que

    melhor se ajuste aos seus dados.

  • 64 65

    Como reagrupar as unidades espaciais no Mapa Temtico?

    Na tela Configurao do mapa, na aba Intervalos, uma das opes

    da barra de rolagem Nmero, que permite ao usurio definir em

    quantos grupos pretende distribuir os dados o mnimo 2 (para

    estabelecer grandes oposies), e o mximo, 7 (para anlises mais

    detalhadas do fenmeno representado no mapa).

    Essa opo permite que, com os mesmos dados, se construam mapas

    que transmitem mensagens muito diferentes. Observem-se os mapas

    da distribuio da renda mensal per capita em 2000 dos residentes nas

    62 unidades de desenvolvimento humano do Recife. Foram usados dois

    grupos, depois trs, depois cinco e, depois, sete. O Tipo escolhido foi

    sempre Otimizados.

    O MAPA COM DOIS INTERVA-

    LOS mostra que h poucos

    bolses de riqueza no

    Recife, concentrados em

    somente dez UDHs (partes

    de Boa Viagem, Boa Vista,

    Graas, Casa Forte, Encru-

    zilhada, Rosarinho, Tamari-

    neira, Casa Amarela, Mada-

    lena, Torre e Zumbi), cuja

    renda varia de R$ 615,75

    a R$ 1.863,74, enquanto

    a grande maioria do mu-

    nicpio (52 unidades) tem

    renda per capita baixa.

    No MAPA COM TRS INTERVALOS, chama a ateno o grupo de unidades

    espaciais com valores mdios (de R$ 283,71 a R$ 761,91). Esse

    grupo rene somente uma das dez unidades que, no mapa anterior,

    apareciam com renda alta e 12 unidades que no mapa anterior

    estavam compondo o grande universo de renda baixa. Essas 13

    unidades so territrios onde reside a verdadeira classe mdia do

    Recife (partes de Santo Amaro, Campo Grande, Arruda, gua Fria,

    Cajueiro, Porto da Madeira, Torre, Zumbi, Cordeiro, Iputinga, Engenho

    do Meio, Vrzea, Afogados, San Martin, Areias, Jardim So Paulo,

    Imbiribeira e IPSEP). Alm deles, h os poucos territrios de classe

    alta (9 unidades) e os muitos de classe baixa (40 unidades).

  • 66 67

    No MAPA COM CINCO INTERVALOS, os territrios dessas trs classes

    apresentam nuances. Assim, alguns territrios da classe alta

    do mapa anterior (Boa Vista, Setbal, Encruzilhada, Rosarinho,

    Tamarineira, Casa Amarela e Madalena) destacam-se com valores um

    pouco mais baixos que dos demais (Boa Viagem,Graas, Casa Forte).

    Nos territrios da classe mdia, destacam-se para cima partes

    de Cordeiro, Engenho do Meio, Vrzea e Imbiribeira, e integram-se

    poucos territrios que, no mapa anterior, estavam no grande grupo

    de classe baixa (Tejipi, Barro, Estncia, Jiqui, Iputinga/rua So

    Mateus). Esse continua o mais numeroso, com 36 das 62 unidades de

    desenvolvimento humano do Recife.

    somente no MAPA COM SETE INTERVALOS que esse grande universo em

    que a renda per capita est muito achatada pode ser internamente dife-

    renciado. Nem todas as unidades de baixa renda so iguais, e h sete com

    extrema pobreza. Com sete intervalos, podem ser reveladas as diferenas

    no Ibura de Cima, entre as vilas (UR 1, 2 e 3) situadas nos topos, e as de-

    mais partes do bairro nas encostas; nos morros de Casa Amarela tambm

    se percebem reas de renda um pouco mais alta, situadas perto da Av.

    Norte, e outras com renda mais baixa, mais afastadas.

    Nota-se, assim, que a variao do nmero de intervalos permite

    revelar sucessivamente: a dissimetria fundamental da renda no

    territrio (dois intervalos), a existncia de territrios de renda mdia

    (trs intervalos), as nuances existentes no mbito dos territrios

    de renda alta e mdia (cinco intervalos) e diferenas poucas, mas

    significativas, entre territrios de renda baixa (sete intervalos).

  • 68 69

    Como mudar o tipo de agrupamentos das unidades espaciais no Mapa Temtico

    Alm de configurar o Nmero de intervalos com que quer trabalhar, o

    usurio do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife pode escolher o

    Tipo de agrupamento que melhor se ajusta a seus objetivos.

    Na tela Configurao do mapa, em Intervalos, h uma barra de

    rolagem com opes de Tipo de configurao, que permite definir

    a modalidade estatstica que guiar o agrupamento do indicador das

    unidades espaciais. H nove tipos de agrupamento.

    O tipo Quantis forma intervalos com quantidades iguais ou similares

    de unidades espaciais. adequado para dados distribudos linearmen-

    te, e pode ser utilizado quando se deseja dar nfase visualizao dos

    valores mximos e mnimos. Se houver cinco grupos, o primeiro reunir

    os 20% (1/5) das unidades com valores mais baixos, o segundo abrigar

    os 20% (1/5) com valores menos baixos, e assim sucessivamente, de 20%

    em 20%, at o quinto grupo, formado pelos 20% com valores mais altos

    ainda assim, possvel que haja unidades com indicadores bastante

    diferentes dentro do mesmo intervalo. Esse o tipo que aparece auto-

    maticamente no Atlas quando se formam os Mapas Temticos. Alterando

    o Nmero de agrupamentos para 4 ou 3, cada intervalo ser constitudo

    por 25% (1/4) e 33% (1/3) das unidades.

    Um mapa da distribuio dos bairros do Recife segundo a Renda

    mdia dos responsveis por domiclios em 2000, com cinco intervalos,

    d visibilidade aos 20% dos bairros mais pobres e aos 20% dos bairros

    mais ricos quando se usa o tipo Intervalos Quants. Junto com a

    legenda, o mapa mostra que, dos 94 bairros do Recife, 18 (destacados

    em vermelho na figura abaixo) so mais pobres a renda mdia

    dos responsveis por domiclios de at R$ 298,82. A insuficincia

    de renda pode indicar outras carncias e servir de ponto de partida

    para se questionar at que ponto esses bairros esto sendo atendidos

    pelas polticas pblicas. Dezenove bairros (20%) possuem renda mdia

    entre R$ 298,83 e R$ 423,11; outros 20% entre R$ 423,12 e R$ 690,87;

    e outros 20% entre R$ 690,88 e R$ 1.652,08. Os 20% mais ricos tm

    renda mdia superior a R$1.652,08.

  • 70 71

    O tipo Customizados, tambm chamado de Personalizados, distribui as

    unidades espaciais de acordo com intervalos criados pelo usurio esse

    que define os valores de corte dos intervalos. S podem ser modificados

    os limites superiores dos intervalos que sero automaticamente

    considerados como o limite inicial do intervalo seguinte. O Mapa Temtico

    atualizado ao se clicar no boto OK na caixa Editar intervalos.

    Como exemplo, o mapa abaixo (que usou os mesmos indicadores e

    nmero de intervalo do anterior) foi personalizado para que, mantendo

    em destaque os bairros pobres, fossem salientados os bairros cuja renda

    dos chefes de domiclio fosse prxima da renda mdia do municpio.

    Assim, o valor do limite superior do terceiro intervalo foi alterado para R$

    914,20, e o do quarto intervalo para R$ 1.885,87. Essa mudana mostrou

    que, em 67 bairros do Recife (71%), a renda mdia dos responsveis pelos

    domiclios inferior da mdia do municpio (R$ 914,20 no ano 2000).

    O tipo Otimizados cria os Intervalos de acordo com um mtodo

    de formao de conglomerados ou clusters, de modo que os intervalos

    agrupem indicadores os mais semelhantes possveis ou seja, o tipo

    que garante a maior uniformidade dos dados dentro do agrupamento.

    Esse procedimento permite estabelecer, de forma estatisticamente

    significativa, o melhor aglomerado de reas dentro do mapa.

    Um mapa com o mtodo Otimizados, ao usar a mesma varivel do

    exemplo anterior (Renda mdia dos responsveis por domiclios em

    2000 nos bairros do Recife, divididos em cinco grupos), torna mais

    homognea a distribuio dos bairros mais pobres 40 bairros (43%)

    ficam no primeiro intervalo, de R$156,88 a R$ 467,23 , distribui os

    mais ricos em dois grupos e coloca apenas seis bairros (6%) em torno

    da renda mdia dos responsveis por domiclios (R$ 914,20).

    Esse mapa reflete,

    portanto, um grande

    nmero de bairros

    com chefes de renda

    baixa e poucos com

    chefes de renda alta.

    O procedimento criou

    o melhor agrupamento

    de bairros dentro do

    mapa, de forma esta-

    tisticamente signifi-

    cativa, como pode ser

    visto na legenda.

  • 72 73

    O tipo Contnuo distribui as unidades espaciais em um nico

    Intervalo, de forma contnua. Ao menor valor registrado no mapa

    corresponde uma cor inicial (definida automaticamente pelo Atlas ou

    escolhida pelo usurio), que vai ganhando gradualmente tonalidades

    diferentes. Desse modo, a variao dos tons de cores acompanha a

    variao dos nmeros baseada em uma escala contnua.

    Com os mesmos dados dos exemplos anteriores, o tipo Contnuo

    considera todos os valores em um nico intervalo (entre R$ 156,68 e

    R$ 5.178,64). O mapa mostra uma mudana de tonalidade da mesma

    cor e, assim, apresenta com maior fidelidade as variaes entre as

    unidades espaciais.

    O tipo Constantes define os intervalos de forma que, em cada um

    deles, a distncia entre o maior e o menor valor da varivel seja similar.

    Esse recurso recomendado para as distribuies de frequncias relativas,

    os ndices e distribuies simtricas, uma vez que os intervalos de classes

    iguais possibilitam interpretar melhor a variao do fenmeno. Em

    universos muito desiguais, essa modalidade resulta em uma distribuio

    de frequncia muito deformada. o que ocorre com o indicador Renda

    mdia dos responsveis por domiclios. Houve forte concentrao no

    primeiro intervalo com 68 bairros do Recife (72%) , enquanto no

    quinto restou apenas o bairro da Jaqueira, que abriga o maior rendimento

    mdio dos responsveis pelos domiclios em 2000. O mapa resultante

    destaca os bairros mais ricos, mas no diferencia os mais pobres.

  • 74 75

    O tipo Progresso aritmtica distribui as unidades espaciais em um

    Intervalo criado com base na progresso aritmtica. Cada grupo, a partir

    do segundo, igual soma do anterior e de um nmero constante.

    O tipo Progresso aritmtica inversa distribui as unidades espaciais

    em um Intervalo criado com base na progresso aritmtica inversa,

    isto , decrescente.

    Os dois tipos de Progresso aritmtica tomam o comportamento da

    varivel como uma reta, que aumenta segundo uma constante.

    Esse mapa criado a partir de intervalos de classes por progresso

    aritmtica enfatiza os valores extremos. Segrega o valor mnimo e

    amplia os valores mximos em relao aos outros tipos de intervalo.

    O tipo Progresso geomtrica distribui as unidades espaciais em um

    intervalo criado com base na progresso geomtrica. Cada grupo, a partir

    do segundo, igual multiplicao do anterior por um nmero fixo.

    O tipo Progresso geomtrica inversa distribui as unidades espaciais

    em um Intervalo criado com base na progresso geomtrica inversa,

    ou seja, decrescente.

    Os dois tipos de Progresso geomtrica tomam o comportamento

    da varivel como uma curva, que aumenta segundo uma constante. A

    sequncia dos dados mais rpida do que a da progresso aritmtica,

    tanto no crescimento quanto na diminuio.

    Esse mapa reflete uma

    representao enftica

    dos valores extremos

    das UDHs do Recife. Do

    mesmo modo que a pro-

    gresso aritmtica, esse

    mtodo de agrupamento

    de classes por progresso

    geomtrica separa os va-

    lores mnimos e amplia os

    valores mximos em re-

    lao aos outros mtodos

    de intervalos de classes.

  • 76 77

    Como mudar os ttulos e a apresentao do Mapa Temtico

    Na tela Configurao do mapa, em Ttulos, o usurio pode eliminar

    ou modificar os textos nos campos Ttulo e Subttulo e escolher

    entre dezenas de formatos de fontes.

    Na tela Configurao do mapa, em Legenda, o usurio pode

    eliminar do mapa a legenda e/ou o histograma, desativando as

    opes Mostrar legenda e Mostrar histograma, ou modificar o

    Texto da legenda eliminando, por exemplo, os algarismos

    direita da vrgula.

  • 78 79

    Como mudar as cores e as linhas do Mapa Temtico:

    Na tela Configurao do mapa, em Cores, existe a opo de:

    No campo Mostrar limites de bairros, eliminar (selecionando

    a opo Nunca) ou inserir no mapa (selecionando a opo

    Sempre) os limites das unidades espaciais. O usurio pode ainda

    escolher a cor da linha (em Cor dos limites).

    Escolhendo a opo Automtico, aparecero em preto os limites

    das seis regies poltico-administrativas.

  • 80 81

    No campo Esquema de cores, o usurio pode alterar as cores para:

    Pr-definidas, e escolher entre 18 variaes sequenciais (em que

    valores crescentes de um indicador so representados por meio

    da variao de intensidade de uma mesma cor) e 12 variaes

    divergentes (em que uma cor mais clara identifica um valor mdio

    e a oposio entre valores menores e maiores representada por

    cores diferentes).

    Gradiente, na qual escolhe as cores inicial e final as cores inter-

    medirias so estabelecidas automaticamente segundo trs Modelos

    (RGB, HSV ou HSL). A gradao entre as cores pode ser mais homog-

    nea (acionando-se Nenhum no comando Inflexo) ou interrompi-

    da por uma cor diferente define-se a posio dela na legenda (por

    meio do comando Inflexo) e escolhe-se a cor dessa inflexo.

    Customizadas, e definir livremente cada cor.

  • 82 83

    IMAGENS DE SATLITE E MAPAS DE SISTEMA VIRIO

    O Atlas traz ainda outros dois tipos de imagens as imagens de satlite

    e os mapas do sistema virio. Elas esto disponveis para cada uma das

    241 unidades espaciais sobre as quais h indicadores. Para acessar as

    imagens, abra pela barra superior (em Mapas) ou, na Tela de Boas

    Vindas, pelo cone Mapa de Satlite e Sistema Virio.

    Para selecionar a imagem desejada, o usurio opta entre Imagens de

    Satlite e Sistema Virio. Na tela que se abre depois disso, a barra

    de rolagem superior permite selecionar um dos conjuntos (Regies

    Poltico-Administrativas, Microrregies, Bairros, Zonas Especiais de

    Interesse Social, Unidades de Desenvolvimento Humano) e, abaixo, a

    unidade espacial cuja imagem aparecer a seguir. Recursos do programa

    permitem ampliar a imagem, salv-la em formato .jpg ou imprimi-la.

  • 84 85

    DIAGRAMA DE DISPERSO

    O Atlas permite elaborar Diagramas de Disperso a partir da Tela de

    Boas Vindas ou do comando Executar. preciso seguir as etapas

    Selecionar unidades espaciais, Selecionar indicadores (escolhem-

    se duas variveis e seleciona-se ou no a opo de mostrar a linha de

    regresso) e Criar Diagrama.

    O diagrama de disperso um grfico que permite comparar a

    ocorrncia de dois indicadores. Cada tringulo representa uma unidade

    espacial, localizada no ponto em que suas variveis se cruzam. H

    estreita correlao entre as duas variveis escolhidas quando os pontos

    ficam prximos da reta. Uma reta (ou linha de regresso) ascendente

    indica correlao positiva (se um indicador subir ou cair, o outro toma

    a mesma direo); uma reta descendente indica correlao negativa

    (se um indicador subir ou cair, o outro toma direo contrria).

  • 86 87

    No exemplo abaixo, so comparadas as ocorrncias da Mdia de anos de

    estudo das pessoas de 25 anos e mais de idade, 2000 (eixo horizontal) e

    Renda per capita, 2000 (eixo vertical) em todas as UDHs do Recife. A

    reta inclinada direita sugere que h uma relao linear direta e positiva

    entre a escolaridade (anos de estudo) e a renda per capita: quanto maior

    a escolaridade, maior tende a ser a renda per capita. Cada tringulo

    representa uma UDH, que pode ser localizada ao se clicar no boto

    Localizar UDH.

    Ao se clicar no boto Mostrar estatsticas, o Atlas mostrar os

    parmetros estimados dos dados.

    O coeficiente de correlao uma medida do grau da relao linear

    ou da associao entre duas variveis numricas. O coeficiente de cor-

    relao varia entre -1 e +1, e, quanto mais prximo das extremidades,

    maior a correlao. Se for positivo, h uma relao direta (quando

    uma varivel aumenta ou diminui, a outra segue a mesma tendncia);

    se for negativo, inversa (quando uma varivel aumenta ou diminui, a

    outra segue a mesma tendncia linear, porm em direo oposta).

    O coeficiente de regresso , de fato, o coeficiente de determina-

    o, ou seja, o coeficiente de correlao ao quadrado que representa

    a proporo da variao de Y (eixo vertical) explicada pela variao do

    X (eixo horizontal). No exemplo que est sendo usado, o coeficiente

    de 0,912 ao quadrado (ou seja, 0,831) indica que 83,1% da variao da

    renda per capita do Recife, em 2000, podia ser explicada pela variao

    da mdia de anos de estudo das pessoas de 25 anos e mais de idade.

    O Intercepto representa o valor estimado de Y quando X igual a 0.

    No exemplo ilustrado, o valor negativo (-R$ 759,46), o que significa,

    pela reta, que os analfabetos tm uma renda mdia estimada

    negativa. Essa concluso indica que a reta no a funo adequada

    para relacionar renda e anos de estudo.

    A Inclinao da reta representa a variao esperada na varivel

    do eixo vertical para cada variao unitria na varivel do eixo

    horizontal. No exemplo obtido do Atlas, a inclinao sugere que,

    na mdia, se a escolaridade

    aumentar em um ano, a renda

    per capita mensal aumentar

    R$ 154,505.

  • 88 89

    PERFIS

    O Atlas rene perfis com as informaes bsicas sobre cada uma das

    241 unidades espaciais disponveis. Eles podem ser acessados pela barra

    superior, em Executar e Perfil, ou na Tela de Boas Vindas, no cone

    Perfil. Para selecionar o perfil desejado, como no banco de imagens,

    o usurio seleciona na barra de rolagem um dos cinco conjuntos

    (Regies Poltico-Administrativas, Microrregies, Bairros, Zonas

    Especiais de Interesse Social, Unidades de Desenvolvimento Humano)

    e, logo abaixo, a unidade espacial que de seu interesse. O programa

    permite ampliar o texto, salv-lo em formatos .rtf e .pdf ou imprimi-lo.

  • 90

    TExTOS ANALTICOS

    O Atlas contm um banco de textos analticos elaborados por especialis-

    tas que estudaram o desenvolvimento humano no Recife. Os artigos, que

    destacam a relao entre os indicadores de condies de vida e as polti-

    cas de desenvolvimento, so exemplos de anlises que podem ser feitas a

    partir das ferramentas do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife.

    Para ler ou imprimir os textos, abra pela barra superior, em Textos e Tex-

    tos Analticos. Aparecer a lista de artigos: O Desenvolvimento Humano

    Sustentvel e os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio, Recife: desen-

    volvimento e desigualdade, O que revelam os ndices de Desenvolvimento

    Humano, Demografia e Sade Perfil da Populao, Desigualdade de

    Renda e de Pobreza, Padres de Educao da Populao Recifense, De-

    senvolvimento Humano e Habitao no Recife e Vulnerabilidade Social.

    Sabendo manusear o Atlas, voc mesmo pode produzir um texto analtico

    sobre um tema do seu interesse, compondo, analisando e comparando

    estatsticas, elaborando mapas temticos, comentando a paisagem vista de

    satlite e descobrindo outros recursos do CD-ROM. Assim, conhecendo melhor

    a cidade no seu conjunto e nas suas partes e escolhendo como organizar,

    para debater e convencer, os dados que correspondem a mltiplos aspectos

    das condies de vida dos recifenses, voc poder contribuir ativamente

    para o desenvolvimento humano do Recife.

    REALIZAO

    Federao de rgo para Assistncia Social e Educacional FASE

    DIRETOR EXECUTIVO NACIONAL

    Jorge Eduardo Saavedra Duro

    COORDENADORA GERAL DO PROGRAMA PE

    Luiza de Marillac Melo

    Observatrio Pernambucano de Polticas Pblicas e Prticas Scio-Ambientais OBSERVATRIO/PE

    COORDENADORA DO OBSERVATRIO/PE

    Maria ngela de Almeida Souza

    Prefeitura do Recife

    PREFEITO DO RECIFE

    Joo Paulo Lima e Silva

    SECRETRIO DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO, OBRAS, DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL

    Amir Schvartz

    APOIO

    Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD

    COORDENADORA RESIDENTE DA ONU NO BRASIL E REPRESENTANTE RESIDENTE DO PNUD

    Kim Bolduc

    REPRESENTANTE RESIDENTE ASSISTENTE PARA PROGRAMAS

    Maristela Marques Baioni

    OFICIAL DE PROGRAMA

    Maria Teresa Amaral Fontes

    ASSISTENTE DE PROGRAMA

    Rafael Rodovalho

    Banco do Nordeste do Brasi