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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. [Recensão a] JOSE GUILLEN - Urbs Roma. Vida y cosiuoebres de los romanos. I Vol. La vida privada Autor(es): Oliveira, Francisco de Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29244; http://hdl.handle.net/10316.2/29244 Accessed : 21-Apr-2022 05:00:47 digitalis.uc.pt

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Autor(es): Oliveira, Francisco de

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JOSE GUILLEN, Urbs Roma. Vida y cosiuœbres de los romanos. I Vol. La vida privada. Salamanca, Ediciones Sígueme, 1977, 364 p. il. II Vol. La vida pública. Salamanca, Ediciones Sígueme, 21980, 471 p. il.

Com uma informação segura, em especial quanto aos autores antigos, apre-senta-nos o Prof. J. Guillén uma obra de muito interesse, de leitura agradável, com alguns capítulos até bastante vivos, e com a virtude de, tratando de coisas que a muitos podem parecer antigas, estabelecer oportunos paralelos com os problemas das sociedades modernas. Essa abertura cultural é também visível na maneira como vai sendo referida a posição dos autores cristãos perante a antiguidade de que foram intermediários, em especial quando critérios de valor da moralidade católica não se coadunavam com alguns traços da mentalidade romana.

O texto é completado com abundantes notas, algumas delas de crítica e apro­fundamento da temática ou de orientação bibliográfica. Simultaneamente, o Autor vai enriquecendo o texto com excertos de passos de autores latinos. Deles, na quase generalidade, é dada tradução; em casos isolados, dá-se o texto latino, por nele ocor­rer a terminologia que se discute; outras vezes, à tradução sucede, em nota, o passo original, e vice-versa.

A obra é ilustrada, em ambos os volumes, com gravuras alusivas, que talvez fosse mais interessante intercalar no texto, embora pudessem eventualmente perder em qualidade, e completada com índices de nomes próprios e analítico. Cremos que, numa obra desta natureza, com justas ambições, seria útil um índice dos passos citados, para os autores antigos; e, para os modernos, uma bibliografia que indicasse aos leitores os principais estudos sobre os temas em questão.

Para dar uma ideia mais clara desta obra, analisaremos sucessivamente o con­teúdo de cada um dos seus tomos. No primeiro volume apresenta-se o quadro geral da vida privada dos romanos, no que respeita à habitação (cap. 2), à família (cap. 3) e ao vestuário (cap. 5). Estes temas são, com razão, colocados no seu quadro de referência próprio, a cidade de Roma, cujas origens, desenvolvimento e traçado se discutem, previamente, no cap. 1. Também se justifica a inserção da problemática da educação no lugar que ocupa (cap. 4), por ela ser apresentada como uma das importantes questões na vida da família romana.

Quanto à cidade, a controversa problemática das origens e a história do desen­volvimento de Roma são apresentadas, no corpo do texto, com aparente grande fé nas fontes tradicionais romanas, embora as notas permitam descortinar a comple­xidade do assunto. Todavia, nos casos mais sujeitos a controvérsia, seria útil, talvez, sumariar a questão nas suas linhas gerais, para orientar o leitor interessado no apro­fundamento da matéria, ou para lhe dar uma ideia clara dos pontos discutidos. Por exemplo, a n. 1 da p. 14 pretende cobrir a discutida questão das origens e da liga do Septimontium. Mas em autores antigos não aparecem sete, mas oito recintos,

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o que valorizaria a hipótese interpretativa de JL. A. Holland, hipótese que uma gralha na citação (Septimontium por Saeptimontium) nem sequer permite entrever. E jul­gamos que esta obra vai ter muitos leitores que, com ela, farão uma primeira abor­dagem à história de Roma.

Por isso também nos parece que algumas vezes as questões mereceriam uma maior clareza no aspecto da cronologia, para evitar uma certa ideia de sincretismo que o posterior estabelecimento de dados cronológicos vem contradizer. Assim, nas pp. 15-16, do incêndio dos Gauleses em 390 a.C. passa-se ao segundo quartel do séc. III, para depois se mencionar a transformação do Forum em centro de cidade: «Se levantan los Rostra, se puebla el foro de estatuas, se construye la Regia ... Surgen los templos de la Concordia, de Vesta, de Castor e Pólux». Ora, só a descrição dos Monumentos do Foro, pp. 25 sqq., torna claras as etapas do desenvolvimento cronológico (e.g. p. 28: o templo de Vesta; p. 32: o templo de Castor e Pólux; p. 33: o templo da Concórdia).

Capítulo especialmente atraente é o terceiro, rico em informação jurídica aduzida muito a propósito, por indispensável para a compreensão dos conceitos de gens, paterfamilias e pátria potestas, seus direitos e limitações. Aborda, com igual riqueza de pormenor, a questão do casamento nas suas diversas modalidades, lan­çando luz sobre a posição da mulher na sociedade romana. Por isso, com toda a lógica, o seguimento natural é a questão dos filhos, sua legitimação, problema da adopção e de personalidade jurídica.

Na mesma linha, quanto à educação dos filhos, o autor começa por levantar alguns problemas a que só a exposição posterior dará resposta cabal. Por isso, «Para exponer convenientemente el tema de la educación dei nino, creo que debemos consideraria en la evolución dei tiempo» (p. 202). Neste aspecto, concordamos com os períodos propostos para as fases da história da educação em Roma. A segunda fase — «Desde as guerras púnicas até ao reinado de Adriano» — permite alargar o âmbito cultural da helenização da educação romana de modo a aproximar-se de factos tão importantes como aqueles que se ligam às figuras de Ápio Cláudio Cego (cf. p. 212) e sobretudo Lívio Andronico (pp. 213 e 215) com sua escola de grego e latim bem dentro do séc. III.

Isto, também, na consciência da remota influência grega, muitas vezes indi­recta, sugerida, e.g., pela lenda de Evandro e relatos sobre Tarquínio Prisco, para não falarmos na controversa fibula de Preneste, influência que, de acordo com o passo de Cícero citado na p. 212, n. 136 {Tratado da República, 2. 34) «influxit enim non tenuis quidam e Graecia riuulus in hanc urbem, sed abundantissimus amnis illarum disciplinaram et artium». Isto, segundo Cícero, já ao tempo de Anco Márcio, e não apenas por alturas da vinda de Cratos de Maios em 159 a. C , ou da embaixada dos filósofos em 155 a.C.

No capítulo quinto, a questão do vestuário e dos adereços é exposta com cla­reza e com referências interessantes: o significado da toga; a designação de candidati; provável influência etrusca ou grega; condição da personagem a condizer com a sua apresentação exterior; exageros da maquilhagem; jóias e perfumes e legislação sumptuária; banhos e decadência moral.

Como se deduz do precedente, o autor não se limita à explanação casuística e factual da vida quotidiana. Pelo contrário, vai abrindo pistas para a compreensão de certos factos, vai chamando a atenção para a problemática das grandes linhas

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evolutivas e para as matrizes ideológicas subjacentes a certas orientações. Por isso, achamos bem que, por exemplo, no quadro da educação, se façam referências às ideias morais, como quando se fala nas implicações sociológicas ligadas ao conceito de pietas (pp. 210-211). Sem a discutir, mas de maneira condensada, deu-se ao leitor atento a possibilidade de entrever e explorar uma vasta e rica problemática.

O segundo volume, dedicado à vida pública dos romanos, compõe-se de duas partes distintas. A I, é sobre a Vida Social e Política. A II, sobre a Vida de Lazer ou, se se quiser, de Prazer.

Na primeira parte retoma-se a questão das origens de Roma e da transição da Monarquia, de novo exposta, nas suas linhas gerais, de acordo com a visão tradi­cional. As controvérsias sobre problemática específica são eventualmente apontadas em nota. Assim, a n. 4 da p. 15, nota crítica cheia de utilidade, aborda a questão da confederação das cidades latinas, o conceito de gens, e as camadas sociais na Roma monárquica. A propósito, menciona-se a teoria de J. Gagé sobre o equitatus dos jovens, teoria que Gagé retoma, em La chute des Tarquins et les débuts de la république romaine, Paris, Payot, 1976, para explicar a expulsão dos Tarquinios.

As relações entre Alba e Roma são analisadas na n. 5 das pp. 15-16, mais criticamente que na exposição. E a referência ao cerco de Porsena, por 505 a.C, deixa entrever, para a transição da Monarquia à República, uma problemática com­plexa, na linha da posição actual da maioria dos historiadores (cf. J. Heurgon, Rome et la Méditerranée occidentale Jusqu'aux Guerres Puniques, Paris, 1969, pp. 262-264).

Ainda sobre as origens de Roma (cap. 1, pp. 17 sqq.), as notas 10,11,12,13 e 14, embora ricas, deviam, em meu entender, abrir-se mais em relação às interpretações que têm sido dadas aos nomes das três tribos primitivas, à construção algo artificial do quadro da sucessão dinástica, e insistir, ainda, nos dados arqueológicos. De facto (n. 13, pp. 18-19) será talvez demasiado fácil eliminar da lista dos S(a)eptimontium o nome de Subura, ou, sem confirmação da arqueologia, dar como habitadas em primeiro lugar as colinas do Palatino e do Quirinal (cf. p. 18) e, a partir daqui (p. 19 sq.) estabelecer um predomínio de Rómulo «jefe del Palatino... sobre Tito Tacio, e! rey de los sabinos o de los habitantes dei Quirinal» de resto excluídos da liga do Septimontium (cf. p. 18, n. 13). Ora, para só mencionarmos uma razão, a dualidade de colégios sacerdotais pode (vide p. 31) não indicar tanto uma ideia de predomínio como de geminação.

Facto bem assente é a importância estratégica de Roma em relação às vias aquáticas e terrestres, estabelecida com base no conhecido trecho do Tratado da República. Mas a alusão à influência etrusca, sugerida já na p. 18 «tan buena salida ai mar y tan en contacto con el industrioso pueblo etrusco» não fazia esperar o menos­prezo a que parece ser votada na p. 22, sobre os lictores (cf. p. 20, n. 15), aliás ao contrário do que se diz na p. 31 : «Es sabido que las formas externas de los mantos de púrpura dei rey, dei cetro de marfil y los lictores se tomaram de fuera...».

A referência merecia, a nosso ver, ser alargada e não somente aludida, em rela­ção à urbanização de Roma, para a qual muito contribuíram, segundo o conhecido trecho de Tito Lívio alusivo à lenda de Lucrécia, os trabalhos excessivos que recaíram sobre a plebe. A mesma narrativa (cf. pp. 41, 43 e 44) permitiria também, pelo menos, mencionar a hipótese de que a expulsão dos Tarquínios, apoiados na plebe, apesar dos trabalhos excessivos, se poderá, em parte, ter devido a um levantamento

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aristocrático antimonárquico que na época era facto comum nas cidades etruscas.

Os caps. 2, 3 e 4 são uma história institucional e política sob os títulos República, Império e As Magistraturas ao longo da História de Roma. Não temos objecções quanto à doutrina, e compreendemos o método : o autor intentou tornar mais impres­sivos, no quadro da evolução social e política, os momentos fortes, como a transição da Monarquia à República, as lutas entre patrícios e plebeus, as crises agrícolas e sociais, em que certas mudanças se verificaram. Todavia, parece-nos que talvez fosse desnecessário haver, em cada um desses momentos, uma sistematização parcial. O resultado é que, por ex., na p. 184, pela terceira vez se sumaria matéria sobre o consulado. Nas duas anteriores (pp. 42 e 80), o autor viu-se obrigado a explicar, em nota, o âmbito da exposição (n. 10 e n. 230, respectivamente).

Cremos que uma tripartição cronológica mais explícita para as magistraturas, ou o seu tratamento, numa visão diacrónica, em capítulo que lhes fosse dedicado (o cap. 4) seria suficiente, e evitaria o artifício de incluir o senado entre Os Magistra­dos da República, ou a inexistência de qualquer referência a ele quando se fala das magistraturas no Império.

Talvez isso evitasse, de igual modo, a necessidade de com alguma frequência nesta I parte se ultrapassarem os limites cronológicos para a República, alargando a exposição ao Império. É o que se passa nas pp. 67 sqq. (As províncias) e 71 sqq. (Os Municípios) e nas pp. 100 sqq., de resto muito interessantes, sobre as penas aplicáveis pelo Senado.

Na segunda parte, o Autor estuda o otium dos Romanos, deixando de lado, ou pelo seu carácter mais individual ou por ser reservado para um III Vol., que aguardamos com interesse, a questão do otium litteratum.

Os cinco capítulos em que se divide tratam das Comidas, dos Jogos e Diver­sões, Jogos Públicos e Festas Religiosas, Jogos Públicos e Festas Profanas e Passeios e Viagens de Recreio.

A propósito destas actividades da vida diária, descritas com minúcia, surgem referências que abrem interessantes perspectivas para uma reflexão sobre problemas de fundo que elas implicam, como a questão do luxo, as implicações filosóficas e escatológicas da entrega ao prazer, o interesse cultural das comissationes, o valor educativo dos jogos, o conflito entre o gosto pela dança e pela música, onde predo­minam as influências etrusca e grega, e a gravitas romana, a situação jurídica das cortesãs, as implicações culturais dos combates de gladiadores, a que nem leis suces­sivas nem os protestos de Cícero ou de Séneca conseguem pôr cobro.

Algumas observações de pormenor: quanto aos jogos cénicos, não nos parece ficar de modo algum claro, nas pp. 376-7, quando se fala dos lugares de representação na Grécia ou em Roma. E, para ilustrar o teatro grego, não sabemos se Aristóteles não seria mais provativo que Horácio.

Também não nos parecem adequadas as duas citações de Piauto da p. 377, especialmente por não se coadunarem com o parágrafo que se lhes segue. Por outro lado, o leitor não é sensibilizado para o facto de Piauto e Terêncio usarem ori­ginais gregos, e isso podia facilmente ser feito, por ex. quando a didascália do Heau-tontimorumenos, apresentada na p. 384, oferece a expressão Graeca Menandru. Mas já é de louvar a felicidade com que o autor seleccionou as citações de Piauto, quase sempre representando «momentos plautinos».

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Neste volume, o autor insiste sobretudo na farsa fliácica, na atelana (e, na p. 387, a ex. do que se fez na nota 202, p. 385, seria de recordar que a figura de Maço parece mencionada por duas vezes nos Cavaleiros de Aristófanes) e sobretudo, com garra, no Mimo. Igualmente interessantes, nas pp. 397 sqq., as palavras sobre a pantomima. Creio que aí (e.g. na p. 397, n. 295) caberia numa referência ao Miles de Plauto, w. 200-218.

Vem depois (pp. 401 sqq.) a questão das máscaras, tratada mais sob a perspectiva grega que romana. A parte referente aos actores regressa em pleno a Roma. Mas na p. 408, em vez de Cómicos bem considerados deveria intitular-se Actores bem con­siderados, para assim se poder com justeza englobar os trágicos mencionados na p. 409. Nas pp. 412 sqq., tecem-se considerações muito justas sobre a plebe no teatro, durante o Império.

Sugestivamente, a obra fecha com a atracção que Roma exercia sobre os habi­tantes do Império.

Fecho justo e adequado ao objectivo destes dois volumes que, estamos certos, irão criar em muitos estudantes de línguas, história, direito e arqueologia, e em muitos não-estudantes, o desejo de conhecerem ROMA.

FRANCISCO DE OLIVEIRA

R. G. USSHER, Aristophanes (Greece and Rome. New Surveys in the

Classics No . 13). Oxford, at the Clarendon Press, 1979. 44 p p .

É propósito de R. G. Ussher fazer uma abordagem literária e dramática da obra de Aristófanes, autor que, não esgotando as características da comédia antiga, é sem dúvida o seu expoente máximo.

Na questão dos títulos e cronologia das obras que até nós chegaram, haveria a discutir, como o próprio autor sugere, a problemática da 2.a versão das Nuvens e respectiva data (propõe ?418; cf. pp. 4 e 15).

Quanto à estrutura, adopta a hipótese de uma certa rigidez formal: prólogo, párodo, agon, parábase e êxodo. Analisa ainda a construção do agon e da parábase numa perspectiva que sugere a obediência aos princípios de variedade e simetria métrica e temática.

Passa depois aos temas, caracteres, linguagem e cómico vocabular (cap. IV, especialmente rico em notas). O resumo que de cada peça nos é apresentado (pp. 14-19), nem sempre nos parece totalmente adequado ao propósito enunciado, e o cómico aristofânico ultrapassa o domínio exclusivamente linguístico.

Dos esquemas métricos, o autor avança, de seguida, para os aspectos musicais e coreográficos, antes de se debruçar sobre algumas convenções cénicas.

No início da leitura, parecia-nos que o autor pretendia dar uma breve pano­râmica sobre o poeta e o escritor, num tom de científica neutralidade, num estilo conciso. Assim, não esperávamos o aparecimento ocasional de opiniões de validade