REBEQ Revista Brasileira de Engenharia Química - vol 27 nr. 1

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OS NOVOS DESAFIOS DA ENGENHARIA QUÍMICA Prêmios e Incentivos a universitários e acadêmicos garantem melhoria das pesquisas Sugestões para o ensino da Álgebra Linear nas universidades em meio ao mundo digital As vantagens industriais dos controles de processos aplicados nas refinarias de petróleo Comemorações pelos 100 anos do Prêmio Nobel a Marie Curie ampliam debate sobre a profissão Revista Brasileira de Engenharia Química Volume 27 I Número 1 I 2011 I ISSN 0102-9843

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A revista REBEQ traz informações sobre engenharia química. Foi produzida pela 24x7 Comunicação para a ABEQ.

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OS NOVOS DESAFIOS DA ENGENHARIA QUÍMICA

Prêmios e Incentivos a universitários e acadêmicos garantem melhoria das pesquisas

Sugestões para o ensino da Álgebra Linear nas universidades em meio ao mundo digital

As vantagens industriais dos controles de processos aplicados nas refinarias de petróleo

Comemorações pelos 100 anos do Prêmio Nobel a Marie Curie ampliam

debate sobre a profissão

Revista Brasileira de Engenharia Química

Volume 27 I Número 1 I 2011 I ISSN 0102-9843

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ÍNDICE

CONSELHO SUPERIORCarlos Eduardo Calmanovici, Eduardo Mach Queiroz, Fernando Baratelli

Júnior, Flávio Faria de Moraes, Gerson de Mello Almada, Gorete Ribeiro de Macedo, Marcelo Faro, Milton Mori, Selene M.A.G. Ulson de Souza, Raquel de

Lima C. Giordano, Marcelo Martins Seckler

DIRETORIA – GESTÃO 2010-2012Edson Bouer - Diretor Presidente

Suzana Borschiver - Diretora Vice-PresidenteGorete Ribeiro de Macedo - Diretora Vice-Presidente

Marcio Tavares Lauria - Diretor Vice-Presidente Monique Magalhães Diniz- Diretora Secretária

David Carlos Minatelli - Diretor Tesoureiro

DIRETORIAS DAS SEÇÕES REGIONAIS São Paulo

Henrique José Brum da Costa - Diretor Presidente

Rio de JaneiroPaulo Luiz A. Coutinho - Diretor PresidenteRicardo Medronho - Diretor Vice-Presidente

Pernambuco Maurício A. Motta Sobrinho - Diretor Presidente

Laísse C. de A. Maranhão - Diretora Vice-Presidente

Rio Grande do NorteAna Lúcia de Medeiros L. da Mata - Diretora Presidente

Everaldo Silvino dos Santos - Diretor Vice-Presidente

Rio Grande do SulHeitor Luiz Rossetti - Diretor Presidente

Jorge Otávio Trierweiler - Diretor Vice-Presidente

Secretaria Supervisora Administrativa: Bernadete Aguilar Perez

Estagiário: Anderson Rogério da Silva

Secretaria Geral ABEQ Rua Líbero Badaró, 152 - 11º andar - Centro

01008-903 - São Paulo - SP Fone: (11) 3107-8747 - Fax: (11) 3104-4649

E-mail: [email protected]

REBEQ - REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA QUÍMICA

Editora Responsável Monique Magalhães Diniz

Redação, Edição, Revisão e Coordenação24x7 Comunicação

Antônio Costa Filho e Fábio CardoColaboradores Ademilson Cadari e Isabella de HolandaRua Tabapuã, 594, 6º andar, sala 65 - CEP 04533-002

Itaim Bibi - São Paulo - Tel.: 3787 [email protected]

IMPRESSÃO Vox Editora

PRODUÇÃODruck Comunicação

A Revista Brasileira de Engenharia Química é uma publicação da ABEQ, regis-trada no INPI sob o número 1.231/0663-032.

De periodicidade trimestral, a REBEQ tem circulação nacional, distribuída a associados e profissionais da área de engenharia química.

A reprodução de seu conteúdo, total ou parcial é permitida exclusivamente com menção à fonte.

Os artigos assinados e declarações de entrevistados são de inteira responsabi-lidade de seus autores.

Tiragem desta edição é de 3.500 exemplares.

REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA QUÍMICA

Mensagem do Presidente .......... 5

Prêmios Prêmio Incentivo à Aprendizagem

da Engenharia Química ...................... 6

10º Prêmio Nacional Braskem-ABEQ

de Pós Graduação .............................. 9

CapaIndústria química brasileira tem

desafios até 2020 ............................ 11

Química pode contribuir para o

desenvolvimento sustentável ............ 12

De Maria Sklodowska a

Madame Marie Curie ........................ 16

AnoteEngenharia de processos nas plantas industriais ........................................ 18

EnsinoÁlgebra linear e os engenheiros, em geral .......................................... 20

Artigo TécnicoControle de processos da indústria química ........................................... 21

EQ na palma da mãoMedição da viscosidade ................... 26

EventosCongresso Brasileiro de Engenharia Química (COBEQ) – Edição 2010 ...... 29

Notícias EstudantisIX COBEQ-IC – Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica ........................... 31

Ponto de VistaO sistema de ensino no Brasil, os sistemas de fiscalização e

certificação profissional ................... 34

Volume 27• Número 1 • 2011 • 1º quadrimestre

Capa: Tabela Periódica de Elementos Químicos Artística

Nesta Edição

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den

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REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA QUÍMICA

Volume 27• Número 1 • 2011 • 1º quadrimestre

Capa: Tabela Periódica de Elementos Químicos Artística

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5Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011www.abeq.org.br

Em 1911, a Doutora Marie Curie, já renomada cientista de origem polonesa, recebeu o prêmio No-

bel da Química por reconhecimento dos seus serviços para o avanço da química, a descoberta dos elementos rádio e polônio, o isolamento do rádio e o estudo da natureza dos compostos desse elemento.

Cem anos depois do prêmio atribuído à notável cientista, vivemos o Ano Inter-nacional da Química. A ABEQ não po-deria esconder o seu orgulho de parti-cipar de forma atuante, há mais de 30 anos, neste mundo fascinante e aco-lhedor do uso industrial e da pesquisa aplicada dos processos químicos.

E há muitos motivos para que esse or-gulho se torne também numa grande responsabilidade para a ABEQ e para a Engenharia Química.

Apenas para exemplificar o ta ma nho da responsabilidade, vivemos no Bra-sil um momento técnico e econômico em que se realizam investimentos nun-ca vistos em uma área tão importante como a de exploração e produção de gás e de petróleo.

Nunca a demanda por profissionais da Engenharia Química foi tão eleva-da quanto hoje. As pesquisas apontam que existe déficit de engenheiros e engenheiras químicas para atender esse crescimento.

Este é o instante propício para que a Engenharia Química se fortaleça. A ABEQ quer ser o instrumento de con-solidação desse objetivo. Para isso, a nova gestão, eleita no segundo se-mestre de 2010, realiza esforços para estabelecer convênio com entidades irmãs em todos os continentes, de-senvolver novos cursos de atualização,

MENSAGEM DO PRESIDENTE

Edson Bouer, diretor presidente da ABEQ

trazer benefícios aos seus associa-dos em parcerias com instituições de ensino e outros agentes de interesse dos profissionais.

Em julho, a Universidade de Caxias do Sul e a Universidade Federal do Rio Grande, com o total apoio da ABEQ, realizarão o décimo oitavo Sinaferm – Simpósio Nacional de Bioprocessos.

O evento terá lugar na maravilhosa Pérola da Colônia como é chamada a cidade de Caxias do Sul. A infraestru-tura da Universidade de Caxias do Sul é perfeita para atender aos estudan-tes e aos profissionais interessados.

Apenas para ilustrar o que promete ser esse evento, mais de 800 traba-lhos já foram submetidos à organiza-ção (www.sinaferm2011.com.br).

A ABEQ desenvolve uma série de ati-vidades integrando universidade e indústria. Uma delas é o Prêmio In-centivo, que reconhece anualmente os melhores alunos de diversas uni-versidades, patrocinado por impor-tantes empresas como a Petrobras, Braskem, Henkel e Oxiteno.

Na área de pós-graduação, a ABEQ, em conjunto com a Baskem, reali-za anualmente o Prêmio Braskem - ABEQ. Os trabalhos já foram subme-tidos para o ano de 2011 e é grande a expectativa quanto aos resultados.

Durante este ano, a ABEQ investirá fortemente nas mídias digitais, reno-vando seu website, aumentando a in-teração da comunidade da Engenha-ria Química e incentivando, cada vez mais, a integração entre a universida-de e a indústria. O Ano da Química em 2011 será também o ano para a expansão da ABEQ.

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Prêmio Incentivo à Aprendizagem

da Engenharia Química

O s formandos em Engenharia Química com o melhor de-sempenho acadêmico em 23

centros universitários estão receben-do o Prêmio Incentivo à Aprendizagem da Engenharia Química, que entrega um diploma, uma quantia em dinheiro e uma anuidade quitada de sócio da ABEQ.

Em onze anos de realização, o Prê-mio Incentivo ABEQ já alcançou 185 engenheiros químicos vários pontos do País. Promovido pela ABEQ anu-almente e contando com o apoio de empresas como Braskem, Henkel, Oxi-teno e Petrobras, o objetivo do concur-so é estimular o aluno a ter um bom

desempenho acadêmico durante o curso, assegurando e uma formação profissional que garanta sua entrada no mercado de trabalho.

A seleção fica por conta das faculda-des, que se baseiam nas notas das provas e dos trabalhos e na frequência e participação do aluno ao longo da graduação.

A cerimônia de entrega dos prêmios é realizada durante a solenidade de colação de grau, com a presença de representantes da empresa patrocina-dora na faculdade. Para participar, o estudante deve estar matriculado em um dos cursos de Engenharia Química das universidades patrocinadas.

PRêmIOS

Estudantes Premiados

Quantidade de engenheiros que conquistaram o Prêmio Incentivo ABEQ

30

25

20

15

10

5

0

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Os melhores engenheiros químicos formados em 2010

A REBEQ ouviu três dos melhores enge-nheiros químicos formados em 2010. São eles Bruno Yokoo Dionísio, da Fa-culdade Oswaldo Cruz, Érica Regina Buratini, da FEI – Faculdade de Enge-nharia Industrial, e Luís Gustavo morelli

dos Santos, da Escola de Engenharia mauá - Instituto mauá de Tecnologia. Eles falaram sobre a importância do concurso, reflexos de suas conquis-tas, além das dificuldades e desafios do estudante.

A ABEQ já entregou o prêmio para 185 formandos de Engenharia Química no Brasil

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REBEQ - Quais os reflexos da pre-miação na vida e na carreira?

Bruno Yokoo – A conquista do prêmio poderá expan-dir minhas possibilidades profissionais, em decor-rência da importância do concurso e do prestígio que a ABEQ possui na área de Engenharia Química.

Érica Regina - Acredito que a pre-miação terá reflexos significantivos em minha carreira, uma vez que,

por meio dela, o acesso aos cursos oferecidos pela ABEQ ficará mais fácil, o que me permitirá uma atualização contínua como profissional da área. Além disso, há algumas empre-sas que, certamente, re-conhecem o esforço dos

alunos que se destacam na univer-sidade, e o prêmio é um indicador desse esforço. Luís Gustavo - Em tempos onde o mercado está cada vez mais com-

petitivo e com profissio-nais cada vez mais quali-ficados, a premiação está sendo de enorme impor-tância, me dando novas oportunidades e valorizan-do de forma significativa o meu currículo.

REBEQ - Qual a importância do con-curso para o estímulo ao ensino da engenharia química no Brasil?Bruno Yokoo - Toda ação de reconhe-cimento é estimulante, em especial o Prêmio Incentivo à Aprendizagem, que estimula o aluno a ter um bom desempenho acadêmico durante o curso e uma formação profissional que garanta sua entrada no mercado de trabalho. Desse modo, o ingres-sante no curso se sente valorizado e desafiado a absorver a maior quanti-dade de conhecimento, o que favore-ce a formação de profissionais mais capacitados.Érica Regina - Já está mais do que provado que um bom profissional nunca deve parar de estudar. É exa-tamente esse o objetivo do concurso, sendo, de longe, um dos mais impor-tantes na área de educação. Por esse motivo, acho que o prêmio merece

maior divulgação nas universidades. Luís Gustavo - Acredito que inicia-tivas como essa são extremamente válidas, incentivando os alunos e fu-turos engenheiros químicos a darem o seu melhor durante o período de formação e se tornarem profissio-nais exemplares, com uma base con-ceitual bastante sólida.

REBEQ - Quais as principais dificul-dades e desafios de um estudante do curso de engenharia química?Bruno Yokoo - As grandes dificulda-des estão relacionadas com o eleva-do grau de exigência do curso, resul-tando em grande desgaste, que em alguns casos se agravam no momen-to em que o aluno começa a ter jor-nada dupla: estudar e estagiar. Além disso, nós estudantes, estamos su-jeitos a dificuldades financeiras que podem comprometer a continuidade da formação, porque, infelizmente, não são todos os estudantes brasi-leiros que usufruem de uma condi-ção financeira privilegiada ou que conseguem uma bolsa de estudos ou mesmo ingressar em uma faculdade pública.Érica Regina - Uma das principais di-ficuldades é suportar a pressão ine-rente ao curso. No meu caso, o nível de exigência da FEI com seus alunos é altíssimo, pois somos cobrados e avaliados constantemente. Um desafio para o estudante é pra-ticar as aplicações dos conceitos te-óricos vistos na universidade numa indústria química. O estudante de Engenharia Química deve buscar um

UFRGS UERJ

UFCG UFRN

UFAL UFC

BRASKEM UFSCar PETROBRAS PUC RJ

PUC-RS - Turma 1 UFF

PUC-RS - Turma 2 ImE

UFRJ UFmG

USP/LORENA UFPR

OXITENO UNICAmP HENKEL FOC

USP (Politécnica)

UFBA (Politécnica) ImT

Luís GustavoPremiado pela Henkel, Luís Gus-tavo Morelli dos Santos, exibe di-ploma do Prêmio Incentivo ABEQ de melhor graduando de 2010 do curso de Engenharia Química da Escola de Engenharia Mauá do Instituto Mauá de TecnologiaÉrica ReginaErica Regina Buratini, escolhida a melhor engenheira química for-mada da FEI – Faculdade de Enge-nharia Industrial, no ano passado, recebeu o prêmio da OxitenoBruno YokooBruno Yokoo Dionísio, eleito o me-lhor engenheiro químico forman-do em 2010, pela FOC – Facul-dade Oswaldo Cruz, foi agraciado pela Henkel

Veja na tabela abaixo se você pode concorrer por sua faculdade. Confira a tabela completa com todos os ganhadores no site: www.abeq.org.br/p_incentivo.asp

contato maior com os processos in-dustriais, porque, além de conseguir associar prática e teoria, começa a entender quais serão suas responsa-bilidades como engenheiro.Luís Gustavo - O curso de Engenha-ria Química oferece uma série de desafios durante a formação, desa-fios que vão desde a dificuldade de matérias específicas que exigem um maior número de horas de estudo até as dificuldades para conciliar o curso com a vida pessoal e profissio-nal, a partir do momento em que se inicia o programa de estágio.

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10º Prêmio Nacional Braskem-ABEQ de Pós Graduação

O Prêmio Braskem-ABEQ tem como objetivos apoiar o avan-ço da ciência e da tecnologia,

estimular a pesquisa, revelar talentos e investir em estudantes que procu-ram alternativas para os problemas brasileiros.

Sua primeira edição foi há pouco mais de 10 anos e, desde então, vem reco-nhecendo, anualmente, trabalhos ino-vadores nas mais diversas áreas. Com participação de estudantes e pesqui-sadores de todas as regiões brasilei-ras, o Prêmio Braskem-ABEQ é consi-derado, pelas comunidades científica e industrial, um dos mais importantes incentivos do setor.

Um dos principais resultados do con-curso é a constatação de que a gran-de maioria dos estudantes escolhidos prospera fazendo ciência e tecnolo-gia, consolidando-se profissionalmen-te, seja em empresas ou nos laborató-rios das universidades e institutos de pesquisa.

A partir desta edição, a REBEQ apre-sentará uma série de entrevistas com os profissionais que já tiveram seus projetos de pós-graduação premiados para saber quais os reflexos da con-quista para a profissão.

É o caso da engenheira Helen da Con-ceição Ferraz, atualmente professora do Programa de Engenharia Química da COPPE, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Suas atividades incluem ensino, orientação de teses de mestrado e doutorado, e coordenação de projetos de pesquisa, entre outras. Quando era estudante da Coppe/UFRJ, sua dissertação de mestrado e sua tese de doutorado receberam o

prêmio de melhor projeto nas catego-rias Mestrado e Doutorado, do Prêmio Braskem-ABEQ para os anos de 1999 e 2003, respectivamente.

Em seu trabalho de mestrado, Helen tratou da “Produção de sorbitol e áci-do glicônico utilizando células perme-abilizadas e imobilizadas de Zymomo-nas mobilis e separação simultânea dos produtos por eletrodiálise”. Na tese de doutorado, estudou “Separa-ção de oxigênio utilizando membranas de transporte facilitado contendo bio-transportadores”.

Mais recentemente em 2009, Helen também foi reconhecida, dessa vez como orientadora do projeto de mes-trado do engenheiro João Baptista Severo Júnior, do Programa de Enge-nharia Química/COPPE/UFRJ. A dis-sertação de Severo Júnior tratou da produção do sorbitol - poliálcool utili-zado na produção da Vitamina C, ado-çantes, laxantes - e do ácido lactobi-ônico, muito empregado na produção de cosméticos, além de ser o maior constituinte na solução que preserva órgãos transplantados.

“Tive a felicidade de ser orientadora de um trabalho ganhador do prêmio na categoria mestrado, o que tornou a premiação ainda mais especial para mim mesma”, comemorou Helen.

O exemplo da hoje docente é um dentre os muitos que demonstram a impor-tância de estimular talentos na ciência e tecnologia. O Prêmio Braskem-ABEQ reforça seu compromisso em incenti-var aqueles que estudam e trabalham para deixar sua marca neste nas ciên-cias químicas, experimentando solu-ções para um mundo melhor.

Maioria dos agraciados prospera fazendo ciência e tecnologia, consolidando-se profissionalmente

Helen Ferraz

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REBEQ - Seu trabalho ultra-passou a fronteira acadêmica e está sendo aplicado?Helen Ferraz - Os trabalhos premiados foram amplamen-te divulgados em revistas científicas e, por isso, não foi patenteado. Os trabalhos premiados no mestrado e no doutorado tiveram continui-dade com outras teses, por mim orientadas, e consti-tuem linhas de pesquisa ati-vas e ainda de grande inte-resse industrial.

REBEQ - A sua colocação no Prêmio Braskem-ABEQ contri-buiu para a divulgação e o de-senvolvimento do seu trabalho? Quais os reflexos da premiação na sua vida e carreira? Helen Ferraz - A premiação garantiu reconhecimento ao meu trabalho, especialmente por ter recebido um prêmio pela pesquisa do mestrado e outro pela do doutorado, em áreas bastante diferentes. Certamente, esse foi um di-ferencial no meu currículo e contribui para valorizá-lo, o que foi importante por oca-sião do concurso para do-cente em que fui aprovada.

REBEQ - Entre seus interesses de pesquisa destacam-se temas específicos de que áreas? Helen Ferraz - Processos de separação com membranas e fenômenos de superfície.

REBEQ - Qual sua mensagem aos pesquisadores que pre-tendem participar do Prêmio Braskem-ABEQ? Helen Ferraz - Incentivo for-temente os meus alunos a submeterem seus trabalhos à apreciação do prêmio e sugiro a todos os jovens pes-

Helen FerrazAtualmente é professora do Pro-grama de Engenharia Química da COPPE, na UFRJ. Quando es-tudante da Coppe/UFRJ, sua dis-sertação de mestrado e tese de doutorado receberam o prêmio de melhor projeto nas categorias Mestrado e Doutorado do Prê-mio Braskem-ABEQ, nos anos de 1999 e 2003, respectivamente.

ENTREVISTA

quisadores que também par-ticipem desta competição. Enfatizar os aspectos im-portantes da sua pesquisa, caracterizar seu caráter de inovação e sua aplicabilidade industrial, além da necessi-dade de ser conciso e objeti-vo, só contribui para melho-rar a qualidade do trabalho final, além de servir como um excelente exercício para a vida profissional futura.

REBEQ - Como você vê a impor-tância desse prêmio para o estí-mulo à pesquisa no Brasil? Helen Ferraz - Ele promove a participação de pesquisado-res de diferentes cursos das mais diversas universidades brasileiras, constituindo um estímulo extra para estes pesquisadores, que se dedi-cam ainda mais na elabora-ção de um trabalho de qua-lidade. O reconhecimento e a valorização do trabalho do pesquisador, além de moti-vador, trazem consequências diretas devido a sua reper-cussão nos meios acadêmico e industrial. Para o País, ter jovens empenhados na pes-quisa e orgulhosos do seu trabalho tem um valor ines-timável.

REBEQ - Quais as principais dificuldades e desafios de um pesquisador brasileiro hoje, na sua experiência?Helen Ferraz - O financia-mento de pesquisas no Bra-sil tem sido crescente na última década, permitindo a implantação de uma in-fraestrutura de ponta, além da capacitação de recursos humanos, mas ainda é insu-ficiente.

Existem dificuldades de or-dem burocrática, na presta-ção de contas, por exemplo,

e para importação de equi-pamentos, que ficam bastan-te caros.

Falando de modo mais geral, observa-se uma grande hete-rogeneidade na distribuição dos recursos por áreas do conhecimento e por região do país, o que traz atrasos nesses setores. Além disso, o mercado de trabalho, para os pesquisadores formados e a remuneração, está longe do ideal.

Por fim, falta transformar as boas idéias em produtos para a sociedade, ou seja, falta um elo da cadeia de inovação que permita rever-ter para a sociedade o inves-timento feito nas pesquisas. Prêmios como o Braskem-ABEQ ajudam a despertar o interesse das indústrias pelas pesquisas feitas nas universidades, o que pode fortalecer o processo como um todo.

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11www.abeq.org.br 11Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011www.abeq.org.br

Capa

Indústria química brasileira tem desafios até 2020

Considerada estratégica para o país, a indústria química é um dos setores

mais dinâmicos e promissores da economia brasileira. Suas me-tas são ousadas e até o ano 2020 estão previstas no pacto Global da Indústria Química a aplicação de US$ 167 bilhões em setores como química renovável e na ca-mada do pré-sal, sendo US$ 32 bilhões direcionados à pesquisa e desenvolvimento (p & D). Um dos objetivos é de eliminar o dé-ficit comercial do país nesse seg-mento, tanto por meio da substi-tuição de importações de alguns produtos, quanto por incremen-tos nas exportações realizadas. Outra meta estratégica é o de posicionar a indústria química brasileira entre as cinco maiores do mundo, tornando o país supe-ravitário em produtos químicos e líder em química verde.

De acordo com dados da abi-quim, entidade que reúne as em-presas do setor no país, a indús-tria química brasileira está entre as dez maiores do mundo e já ocupa a 3a maior participação no pIB industrial. O Brasil é um grande exportador e importador de produtos químicos. “a Quími-ca abre perspectivas fascinantes para o estudo e para o mercado de trabalho, especialmente nas áreas ligadas à biorefinaria e

ao meio ambiente”, aponta Fer-nando Figueiredo, coordenador no comitê gestor do aIQ 2011 no Brasil por parte da indús-tria. “Com o valor destinado à pesquisa, os jovens terão mais recursos para se dedicar à pes-quisa com criatividade”, diz.

a indústria brasileira também é pioneira, no mundo, em adotar práticas sustentáveis, a partir de fontes 100% renováveis. a Braskem, maior empresa brasi-leira privada do setor, com pla-nos para se tornar uma das cin-co maiores do mundo até 2020, tornou essa liderança uma reali-dade ao inaugurar sua primeira planta de eteno verde, o ‘plásti-co verde’, assumindo o destaque mundial na produção de biopo-límeros. atualmente a empresa produz mais de 15 milhões de toneladas ano de resinas termo-plásticas e outros produtos pe-troquímicos.

O Brasil também é reconhecido em outros países por seu pionei-rismo na introdução do biodie-sel, produzido a partir de fontes renováveis e produtos agrícolas, plantas oleaginosas e gordura animal, abrindo um vasto campo para atuação para o profissional de química. a primeira patente mundial registrada de um pro-cesso de produção industrial de biodiesel foi desenvolvida pelo

Uma das metas é eliminar o déficit comercial, substituindo importações

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engenheiro cearense Expedito parente, da Universidade Fede-ral do Ceará (UFC). a tecnolo-gia da transesterificação, en-tão patenteada por parente, é, ainda hoje, o principal proces-so industrial utilizado no país para a fabricação do biodiesel. Empresário, cientista e profes-sor, parente também é consul-tor da primeira usina a operar em escala comercial na região do semi-árido nordestino, loca-

lizada na cidade piauiense de Floriano.

Já o aproveitamento, pelo se-tor químico, das oportunida-des oferecidas pela exploração da camada do pré-sal também deverá motivar investimentos que ultrapassarão o patamar de US$ 15 bilhões. a meta da petrobras é alcançar, em 2017, produção diária superior a um milhão de barris de óleo nas no-vas áreas descobertas.

Há cem anos, pouco mais de um século após as descobertas de Dalton no

campo da atomística e do enten-dimento da matéria, uma cien-tista recebia a maior premiação concedida a pessoas que contri-buíram com pesquisas importan-tes para a sociedade. polonesa e radicada na França, Marie Curie foi a primeira mulher laureada com dois prêmios Nobel em sua carreira. Junto com seu marido,

Química pode contribuir para o desenvolvimento sustentável

Unesco proclama 2011 como o ano Internacional da Química.Evento recebe programação especial no Brasil.

para celebrar os 100 anos do Nobel concedido a Marie Curie, a 36ª assembleia da ONU, por meio de seu órgão de educação e cultura, a Unesco, resolveu de-dicar o ano de 2011 à Química. Com o tema, ‘Nossa vida, nos-so futuro’, a ideia de prestigiar essa ciência, tida como base da vida e de toda a complexi-dade da matéria, é mostrar sua presença, cada vez mais cons-tante, em todos os processos de produção (desde alimentos, medicamentos, combustíveis, trans portes, metais e muitos ou-tros), assim como a sua impor-tância para o desenvolvimento sustentável da humanidade. a preocupação com a qualidade da água do planeta, por exem-plo, também está presente na agenda do aIQ 2011, já que o cloro e o flúor são elementos

o francês pierre Curie, ela rece-beu, em 1908, a premiação por ter compartilhado as descober-tas no campo da Física tratando da radioatividade. Mas sua con-sagração como cientista, sem dúvida, veio em 1911, quando ela ganhou sua segunda premia-ção Nobel por conta da desco-berta dos elementos químicos rádio e polônio. Crucial para o desenvolvimento de diversas pesquisas subsequentes, o fei-to de Madame Curie contribuiu decisivamente para o avanço de uma das mais prodigiosas áre-as do conhecimento científico, a Química. O próprio criador da distinção, o inventor da dinamite albert Nobel, foi químico e indus-trial importante que resolveu es-tender a entrega do prêmio para outras áreas do conhecimento humano.

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13www.abeq.org.br 13Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011www.abeq.org.br

químicos mais utilizados nas es-tações de tratamento das gran-des cidades. No Brasil, o aIQ 2011 foi lançado oficialmente no dia 23 de março último, com o slogan “Química para o mundo melhor”, em ce-rimônia realizada na academia Brasileira de Ciência do Rio de Janeiro, marcada pela presença de várias entidades representati-vas da Química brasileira. a coordenadora do ano Interna-cional da Química, a professora Cláudia Resende, do Instituto de Química da Universidade do Rio de Janeiro, declarou que, para celebrar a data, várias ações estão sendo implementadas no país, dentre elas, exposições, ci-clo de palestras educativas em escolas e universidades, con-cursos de redação, fotografia e vídeo, visitas monitoradas e ex-perimentos feitos ao vivo, com o público. Em todas as iniciativas, o principal objetivo é popularizar e aproximar essa ciência dos es-tudantes mais jovens, já que da-dos do setor indicam um decrés-cimo na procura por cursos de Química, não só no Brasil como em todo o resto do mundo. Se-gundo a professora Cláudia, vá-rias exposições sobre a Química no cotidiano das pessoas se en-contram em apresentação em estados como Goiás, alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com o apoio das secretarias re-gionais da Sociedade Brasileira de Química e da associação Bra-sileira de Centros e Museus de Ciências. Na internet, é possível acompanhar todos os projetos no portal do ano Internacional da Química (www.quimica2011.org.br). Um deles, a Química perto de você: experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio é dirigido a professores dessas fases, compondo-se de sete e-books sobre a Química no Coti-

diano e da coleção da Química Nova na Escola, disponível para ser baixado gratuitamente. Outras novidades são o proje-to “365 dias de química”, que diariamente, traz uma entrevis-ta com profissionais da área e apresenta uma molécula, esco-lhida por um grupo de alunos do doutorado da UFRJ, e o “Experi-mento Global do ph do planeta”, através do qual alunos do ensi-no fundamental poderão coletar amostras de água e alimentar o portal, com dados sobre o ras-treamento das condições da água no Brasil. para esse último, a organização prevê a distribui-ção de aproximadamente 10 mil kits nas escolas, que podem ser solicitados pelo site, ao preço de R$ 3 a unidade. professores do ensino médio e fundamental também poderão adicionar seus projetos através de um formulá-rio disponível na página oficial do evento. O aIQ 2011 também está mobi-lizando a comunidade acadêmi-ca e profissional. a Fundação de amparo à pesquisa do Estado de São paulo (FapESp), por exem-plo, por meio da revista pesquisa Fapesp – e a Sociedade Brasilei-ra de Química deram inicio, no mês de abril, ao ciclo de confe-rências, que se estenderá até no-vembro, para discutir como essa área do conhecimento pode con-tribuir com soluções inteligentes e sustentáveis para os grandes desafios globais. (Confira a pro-gramação do evento). ao longo do ano, os Conselhos Regionais de Química também montaram suas próprias pro-gramações, com o objetivo de despertar o interesse da socie-dade por essa ciência. “Foi uma surpresa saber do interesse dos professores do ensino fundamen-tal” comemora a professora Cláu-dia. “Diariamente, recebemos vá-rios pedidos de professores por

Professora Cláudia Resende, do Instituto de Química da Universidade do Rio de Janeiro

Fernando Figueiredo é coordenador no comitê gestor do AIQ 2011.

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14 www.abeq.org.br14 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011 www.abeq.org.br

material e, também, solicitando a divulgação de projetos existen-tes nas escolas no nosso portal”.paralelo a isso, está programada a distribuição de 100 mil exem-plares de um DVD acompanha-do de um livro de experimentos, adaptados para as salas de aulas de escolas públicas e particula-res do país. as comemorações do aIQ 2011 incluem, ainda, um concurso de fotos e vídeos para jovens de 14 a 25 anos, que se-rão contemplados na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. O Instituto de Química de São Carlos, no interior de São paulo, também planeja promover uma série de palestras mensais, ao longo do segundo semestre deste ano, com especialistas renoma-dos da área. Já a unidade da USp realizará, mais uma vez, a anual Semana da Química e com ênfa-se e programação especial para marcar o aIQ 2011.

Ensino - para o professor do Instituto de Química da USp, Guilherme Marson, uma das principais inquietações atuais do meio acadêmico diz respei-to à qualidade de ensino e à formação profissional. Embora já existam 15 novas diretrizes metodológicas, ainda predomi-na nas escolas o ensino desin-teressante e desconectado com a realidade, e apoiado na me-morização de fórmulas. “Essa realidade é verificada especial-mente no ensino fundamental”, aponta Marson. Conforme ele, não é raro encontrar professo-res de outras áreas, como Física ou Biologia, ministrando aulas de Química nas escolas bra-sileiras. O problema também atinge o nível superior. Faltam professores com doutorado em várias universidades brasileiras. “É uma questão que precisa ser reavaliada, para que o ensino da Química atinja suas metas, tan-

to no ensino superior quanto no fundamental”, frisa. De acordo com o professor da USp, ainda é grande o desco-nhecimento sobre a atividade exercida pelo químico. “Nos-sa atividade ainda é a parada do lugar nenhum. Estamos em todo lugar, mas nosso trabalho é invisível”.atualmente, segundo a Socieda-de Brasileira de Química (SBp), existem cerca de 320 cursos de graduação de Química no país, divididos entre licenciaturas e bacharelados. ao escolher um curso de Química, o aluno vai se deparar com um universo extre-mamente criativo, mas precisa-rá se dedicar intensamente aos estudos e investir em formação continuada, se quiser desen-volver uma formação ampla e sólida. por outro lado, estudo realizado por pesquisadores da SBp concluiu que a maioria dos professores de Química dedica apenas cinco horas por semana ao estudo extraclasse. a mes-ma pesquisa mostrou que 70% desejavam fazer cursos de pós-graduação. a preocupação com a formação continuada está intimamente relacionada à qualificação pro-fissional. Nos últimos 25 anos, houve mudanças significativas na estrutura curricular dos cur-sos de pós-graduação, ocasio-nadas, principalmente, por pres-sões dos agentes financiadores de pesquisas para enxugar ou diminuir o tempo dos cursos de graduação. apesar disso, existe a avaliação de que o nível dos alunos que ingressam nos cur-sos de pós-graduação vem cain-do, o que acaba se refletindo na formação de mestres e doutores. Essa, pelo menos, foi uma das conclusões de pesquisa realiza-da por pesquisadores da Univer-sidade Federal Fluminense, pu-blicada no site da SBp.

Cesar Zucco, Gislaine Rossetti, Cláudia Rezende e Fernando Figueiredo

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Professor do Instituto de Química da USP, Guilherme Marson

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15www.abeq.org.br 15Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011www.abeq.org.br

PROGRAMAÇÃO DO AIQ 2011 NO BRASIL

“ Elementar” - A Química que faz o mun-do” – Exposição interativa para visitantes de todas as idades. painéis expostos em uma área de 140 metros quadrados mos-tram, com imagens e textos, os diversos elementos químicos.

Visitaçõ es: de terça à sexta-feira, das 9 às 16h30

No sábado, da s 10 às 16 horas

Entrada gratuita

Endereço: Funda ção Oswaldo Cruz – Mu-seu da Vida – av. Brasil, 4365 – Mangui-nhos – Rio de Janeiro

Palestras: A cont r ibuição de Marie Curie para a ciência e um olhar sobre o papel das mulheres cientistas – a palestra faz parte do Ciclo de Conferências do ano In-ternacional da Química

Dia 09/11 – auditório da Fapesp – Rua pio XI , 1500 – alto da Lapa – São paulo

Concurso de fotografia e vídeo – Cada participante poderá i nscrever até três fo-tos que retratem substâncias, elementos e fenômenos químicos presentes em seu co-tidiano e/ou um vídeo digital, com até um minuto de duração. http://www.fapesp.br/materia/6168/eventos/programacao – inscrições vão até o dia 1 de agosto. Re-gulamento disponível no site http://www.museudavida.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UseractiveTemplate=mvida&infoid=1560&sid=22

Projeto Faça Química – DVD com expe-rimentos químicos p a ra a sala de aula, disponível para download no portal www.quimica2011.org.br

Concurso Nacional de Biografia de José Freitas Machado – p a rceria entre a Braskem e a Secretaria de Tecnologia de alagoas, vai premiar os três melhores tra-balhos sobre a vida de José Freitas Ma-chado, o alagoano precursor da Química no Brasil e fundador da Escola Nacional de Química.

Edital disponível no site:http://quimi-ca2011.org.br/images/stories/Edital_monografias_Braskem_27.01.2011.pdf

Encontro de Profissionais da Química do Nordeste – Será realizado e m Fortaleza (CE), com o propósito de reunir professo-res, estudantes, pesquisadores e técnicos que atuem na área da Química. Os aspectos gerais encontrados no Nordeste para a difu-são do conhecimento e desenvolvimento de p&D na região serão foco do encontro.

Olimpíada Brasileira de Química – pri-meira fase, prevista para agosto de 201 1 . Mais informação no site www.obquimica.org

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16 www.abeq.org.br16 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011 www.abeq.org.br

De Maria Sklodowska a Madame Marie Curie

O pioneirismo da cientista Marie Curie será conta-do no vídeodocumentário

“Marie Curie: Uma Mulher Extra-ordinária”, produzido pelo pro-fessor andré Herzog, do curso de Química da Universidade Estadu-al do Ceará (Uece), em parceria com a equipe de audiovisual da Fundação Cearense de apoio ao Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (Funcap). O filme foi um dos 14 selecionados, na faixa de financiamento entre 50 e 100 mil reais, do edital Divulgação Cientí-fica para o ano Internacional da Química, lançado pelo CNpq no segundo semestre do ano passa-do. primeira mulher a conquistar um Nobel de Física, compartilha-do com o marido pierre Curie e o também cientista antoine Hen-ri Becquerel, Marie também foi uma das únicas a receber um se-gundo Nobel e em Química, pelo isolamento do rádio e do polônio.

Embora tenha alcançado a fama e reconhecimento mundiais a partir da França, sua segunda pá-tria, Madame Curie nasceu Maria Salomea Sklodowska em 7 de no-vembro de 1867, perto do centro antigo de Varsóvia, onde cresceu vivenciado os sentimentos nacio-nalistas da família, numa polônia marcada pelo domínio russo cza-rista da época.

Seus pais, professores de for-tes convicções, eram envolvidos nos acontecimentos políticos da época, evocando-lhe, mesmo já instalada em paris, o sentimento de uma “eterna estrangeira”. a

perda da mãe aos 10 anos mar-cou profundamente sua infância e resultou em severas crises de depressão. Desde cedo, porém, manifestou talento para as ciên-cias exatas. assim, aos 23 anos, se muda para paris, a fim de estudar na Faculdade de Ciên-cias da Sorbonne, uma das mais bem instaladas da Europa. Um de seus professores de Física foi Gabriel Lippmann, que ganharia o prêmio Nobel em 1908, por desenvolver um método de re-produção fotográfica em cores. O sucesso acadêmico de Marie, por sua vez, foi tanto que garan-tiu a ela os primeiros lugares para a licença em ciências.

Nessa fase se dedica fortemente aos estudos em matemática, con-quistando credenciais que reco-mendariam uma vaga de profes-sora na polônia natal. O destino, no entanto, abre outro caminho. por essa mesma época conhece o cientista pierre Curie, com quem se casou em 26 de julho de 1895, passando a adotar o sobrenome francês do marido, além da tradu-ção de seu nome próprio.

acompanhada de pierre, Marie começou seu trabalho com os raios Becquerel no andar térreo da escola onde seu marido en-sinava. Na França, a descoberta dos raios X levantou questões que levaram à descoberta do rá-dio, do polônio e, o que é mais importante ainda, do fenôme-no da radioatividade. Os Curie chegaram a um novo método

de análise química baseado numa medida muito simples do que chamamos radiação. Mas o anúncio da descoberta do rádio, em 1898, foi atribuído à Marie. Os dois Curie já estavam conven-cidos de que o rádio e o polônio existiam. Mas enquanto pier-re tinha um pensamento mais abstrato, Marie tinha o teimoso desejo de ver sais de rádio puro e de medir o peso atômico do ele-mento. O fato é que, além dessa descoberta, Marie estabeleceu um método para extrair o rádio que foi adotado em escala in-dustrial. Em suas notas autobio-gráficas, contudo, Marie deixava transparecer que os Curie eram maltratados pelo establishment científico francês: eram celebra-dos no exterior, mas profetas sem honrarias na própria casa.

Em 1903, o casal é indicado pela comunidade científica para rece-ber o prêmio Nobel pela desco-berta da radioatividade. Mas, num esforço conjugado para pri-vá-la do feito, quatro membros

Primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, Madame Curie, como era reconhecida na França, usou de seus conhecimentos científicos nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.

Vida da primeira cientista a receber o prêmio Nobel de Química será tema de documentário brasileiro P

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17www.abeq.org.br 17Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011www.abeq.org.br

da académie de Sciences escreveram uma carta de indicação que ignorava completamente sua contribuição. Um dos quatro que assinaram a carta foi justamente Gabriel Lippmann, um de seus primeiros mentores em terras francesas. O prêmio causou celeuma na imprensa da época, que se dividia entre os que reprovavam o fato de uma mulher se dedicar à carreira, negligen-ciando o lar e os filhos, e a imprensa feminista francesa, que prestou uma homenagem a ela, com a concessão de uma soma surpreendente em di-nheiro. Em 5 de novembro de 1906, Marie Curie se tornou a primeira mu-lher a ensinar na Sorbonne, ocupando a cátedra deixada com a morte de seu marido, atropelado fatalmente por um carroça nas ruas de paris.

O segundo prêmio Nobel dela veio há exatos 100 anos, quando, individual-mente, foi reconhecida pela descober-ta dos dois elementos químicos. Viú-va e com apenas 44 anos, Madame Curie foi vítima de campanha machis-ta e xenófoba por parte da imprensa francesa reacionária, em razão de um relacionamento que manteve com um colega casado. O escândalo che-gou a levar um membro da academia de Ciências da Suécia a lhe sugerir a renúncia ao Nobel de Química, já anunciado. Impassível, respondeu que o “prêmio lhe fora dado por seu trabalho científico e nenhuma relação guardava com a sua vida particular”. Durante a primeira Guerra, ela se tor-na voluntária da Cruz Vermelha e cria o primeiro carro radiológico, coman-dando, em seguida, uma frota de am-bulâncias equipadas com sistemas de raio X, que identificavam fraturas nos soldados feridos em batalhas. anos mais tarde, o trabalho com a radiação afetou-lhe gravemente a saúde, provo-cando-lhe crises de febre e calafrios dos quais não conseguia se curar. Em 1934, aos 66 anos, morreu vitimada por leucemia, certamente provocada por mais de quatro décadas em con-tato com elementos químicos, como o rádio.

Google homenageia 200 anos do nascimento de Bunsen

Desafios atuais na formação do químico

• Melhorar a qualificação para a docência do profes-sor universitário e do ensino médio;

• Redefinir a formação profissional buscando a for-mação de um graduando sintonizado com as novas tecnologias e com o espírito empreendedor;

• Formar pós-graduados com possibilidade de inser-ção no setor industrial;

• Redesenho no currículo atual com foco na aprendi-zagem e não no ensino, observando como a Química se relaciona com outras áreas e o que significa essa relação.

Fonte: SBQ

Quem acessou a página do Google no mês de mar-ço se surpreendeu com o logotipo de um queimador de gás. a ideia foi a de prestar uma homenagem ao 200º aniversário do químico alemão Robert Bunsen, nascido em 31 de março de 1811. O cientista foi reconhecido pelos seus estudos em química orgânica e inorgânica, destacando-se ainda pela criação da pilha que leva seu nome e pelo mé-todo de separação de metais. Em 1864, o cientista alemão tomou parte de uma expedição científica à Islândia, durante a qual estudou fenômenos vulcâ-nicos, resultando em uma séria de estudos sobre a Química e a Física dos gases. O feito foi exposto na obra “Métodos gasométricos”, que, em 1850, deu origem à construção do queimador de Bursen, equi-pamento fundamental e ainda empregado nos labo-ratórios de química.

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ANOTE

Engenharia de Processo nas Plantas Industriais

O engenheiro químico e de processamento de petróleo Antonio José

Ferreira Saraiva, com especia-lização também em tecnologia de açúcar e álcool, acumulando experiência de algumas décadas como engenheiro, docente e diri-gente de indústrias petroquími-ca, química, alcoolquímica e de proteção ambiental, alerta para os riscos do que se costuma denominar “síndrome do custo fixo”. E procura auxiliar o enge-nheiro de processo de plantas industriais na geração de valor, por meio de uma ampla visão da atividade, como descrito no seu trabalho editado pela Solisluna Design Editora, de Salvador.Em seu livro, são fartos os exem-plos verídicos da atividade indus-trial, com uma centena de infor-mações e recomendações técnicas expeditas e valiosas para o cotidia-no do engenheiro de processo.São exemplos práticos compro-vados pelo autor, como:

• 70% dos problemas e das oportunidades nas indústrias de processo químico têm origem no campo do processamento, in-cluindo os procedimentos opera-cionais. Não é sempre problema de manutenção ou de projeto.• Os sintomas advindos de uma falha, seguramente são muito mais visíveis do que os funda-mentos que os causam.• Sem diminuição dos custos va-riáveis não se consegue, efetiva-mente, reduzir custos fixos.

• Só com emprego de engenha-ria é possível baixar custos de produção sem aumentar riscos.Como diz o engenheiro Saraiva, “a engenharia de processo, se bem conduzida nas plantas industriais, pode oferecer um imenso poten-cial de ganho, materializando o aumento crescente de confiabi-lidade e competitividade. Isto é assegurado pelo fato comprovado de que o pleno potencial de ganho das plantas é geralmente muito pouco explorado”.Como meio de demonstração, o livro traz relatos sintéticos de situ-ações em que ele mesmo foi pro-tagonista e outras que conheceu por meio de depoimentos de en-genheiros de processo exercendo a função em fábricas espalhadas pelo Brasil. Ocorrências publica-das em artigos técnicos interna-cionais foram também menciona-das na presente edição.A captura de melhoria de per-formance exige também alguns requisitos são enfatizados, de forma veemente, como:• Não “distrair” os engenheiros de processo com demandas in-significantes e desmotivadoras, capazes apenas de, no máximo, tratar sintomas.

• Enxergar a competência em duas dimensões: a técnica emengenharia e a filosofia de atu-ação, como a escolha de inves-tir mais tempo na investigação da verdadeira oportunidade de agregar valor e na causa verda-

Antonio José Ferreira Saraiva ([email protected])

deira dos problemas, do que no desenvolvimento da solução es-colhida.• Manter a determinação para su-perar problemas e paradigmas.• Optar pela ousadia para imple-mentar o que é viável e oportuno.• Saber que a inovação vem com o olhar da simplicidade e da postura fast follower.• Atuar, prioritariamente, na continuidade operacional com segurança e respeito ao meio ambiente.

A alta frequência do mal uso da engenharia de processo le-vou-nos a apresentar possíveis diagnósticos e a procurar, de várias formas, instrumentar o engenheiro com um volume de informações e parâmetros se-guros que permitam bases de projetos ou avaliações rápidas, assim como metodologias que envolvam desde como abordar problemas e oportunidades, condução de projetos, ações re-lativas às paradas das plantas, absorção, capitalização, desen-volvimento e proteção de tecno-logia, entre outras. Erros típicos e até corriqueiros, causados ou endossados pela engenharia de processo nas plan-tas industriais, foram igualmente abordados em razão da gravidade com que podem afetar ao patri-mônio e as pessoas.

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EnsIno

Álgebra linear e os engenheiros, em geral

Embora tenha trabalhado sempre como matemá-tico e nunca atuado como engenheiro na vida, me graduei em Engenharia Eletrônica no final da

década de 1960. naquela época, álgebra linear sequer fazia parte da grade curricular nas engenharias. no má-ximo, algo de matrizes aparecia em cálculo numérico. Vim a estudar álgebra linear no meu curso de mestrado em matemática pura, no começo da década de 1970, via formalismo intrínseco. Vale dizer, pensada como uma espécie de aquecimento em dimensão finita para se chegar aos espaços lineares de dimensão infinita da análise funcional, que constituem, do ponto de vista matemático, um palco muito mais relevante.Quando comecei a dar aulas de álgebra linear para alu-nos das engenharias, ao final da década de 1970, para mim e todos os demais matemáticos que a ministravam aqui na Universidade Federal do Rio Grande do norte, ál-gebra linear era aquilo que eu tinha visto no meu mestra-do, sem maiores preocupações com o mundo das aplica-ções. não funcionava, vale dizer, de jeito nenhum, para a grande maioria dos alunos das engenharias. Era abstrato demais e de difícil justificação e motivação junto a eles. Paradoxalmente, ao mesmo tempo, apesar das idéias e resultados seminais que introduz, em termos de forma e conteúdo, é quase uma trivialidade matemática, desde que se tenha a maturidade e disposição para entendê-la.no final da década de 1980 fui fazer um doutorado em ma-temática aplicada e, só então, vim a entender que álgebra linear era mesmo fundamental nas engenharias e ciências exatas, em boa parte, por ser a porta de comunicação entre a matemática e a modelagem computacional, via matrizes.não é por acaso que apenas nas décadas de 1960 e 1970, a álgebra linear surge como disciplina obrigatória nos cur-rículos das engenharias, simultaneamente com o desabro-char da capacidade computacional da humanidade. só a partir daí pude perceber que o formalismo matricial, tão relegado a um plano secundário nas abordagens de ma-temáticos teóricos, era mesmo essencial no dia a dia de engenheiros, cientistas e na matemática aplicada. Ao mes-mo tempo, uma abordagem matricial se mostra suficiente para um primeiro contato com os espaços lineares de di-mensão finita e algumas aplicações bem trabalhadas são muito importantes para que os alunos possam desenvolver sua intuição e alguma empatia com a disciplina.Muitos bons livros didáticos apareceram nessa direção, com motivantes exemplos de aplicações, a partir da se-gunda metade da década de1990, praticamente todos com um pé nas matrizes e alguns, como o de Gilbert strang, ainda da década de 1970, estritamente no Rn e no Cn, via formalismo matricial, em contraposição ao formalismo intrínseco, característico do século XX.

Roberto Hugo Bielschowsky

Professor associado-DM-UFRN

Conversando com vários colegas engenheiros, e tendo con-tado com alguns deles ministrando a disciplina conosco, em equipe, chegamos à conclusão que é mais produtivo trabalhar a álgebra linear mais colado na comunidade de álgebra linear numérica, à la strang, muito embora ape-nas tangenciando os aspectos numéricos propriamente ditos, na forma de digressões. Vale dizer, apenas no Rn, com o Cn aparecendo mais ao final, tratando de desenvol-ver toda a disciplina com base em formalismo matricial, pontuando com digressões o paradigma mais geral e ca-racterístico da abordagem main stream na matemática do século XX. Em resumo, as vantagens são as seguintes:1 – A álgebra linear trata dos espaços lineares de dimen-são finita, no essencial. os de dimensão infinita só en-tram como enfeite, na prática. o fato de todos os espaços vetoriais de dimensão finita sobre um corpo K serem iso-morfos a Kn (K = R ou C, usualmente) faz com que, me-diante sistemas de coordenadas adequados, todo pro-blema típico de álgebra linear (vale dizer, de dimensão finita) possa se escrever como um problema no Kn. Em particular, todo o conteúdo relevante da álgebra linear que é trabalhado em nível de graduação já era conhecido em meados do século XIX, no Rn e no Cn. Em resumo, na prática, essencialmente, não se perde em generalida-de com esta abordagem mais pé no chão, mas se ganha em simplicidade e, paradoxalmente, em modernidade. 2 - no Rn e no Cn , todas as funções lineares têm uma fórmula muito simples como produto matriz vetor, os subespaços vetoriais podem ser descritos mais concre-tamente na forma Col(A) = {Ax | x ÎÂn} ou n(A) = {x:Ax = 0} e todo o formalismo pode ser essencialmente matricial. Para matemáticos de formação teórica, a ál-gebra linear é, basicamente, o estudo das transforma-ções lineares entre espaços vetoriais de dimensão finita. num formato matricial, recai sobre o estudo da álgebra de matrizes. Em última instância, são álgebras isomor-fas, vá lá. Contudo, os computadores pedem o formalis-mo das matrizes e os estudantes, que na sua maioria já têm resistência ao formalismo matricial, ao se insistir no formalismo intrínseco mais elegante e característico da matemática do século XX, eventualmente, acabam decorando o que se pede, mas não conseguem traduzir isso num domínio mínimo do formalismo matricial. 3 – neste mundo digital de hoje, é fácil explicar o que as representações digitais de fotografias têm a ver com matrizes e vetores, bem como modelar situações inte-ressantes via matrizes e vetores no Rn, eventualmente com a ajuda de um computador para fazer as contas. Fica natural uma abordagem algorítmica da álgebra linear na qual, mediante uma ou duas seções num la-boratório com softwares numéricos free como o scilab, podemos introduzir o aluno a um mundo no qual ele pode reconhecer e manipular computacionalmente os principais algoritmos trabalhados na disciplina.4 – É possível, com algumas digressões de fundo históri-co bem colocadas, situar os alunos no contexto mais ge-ral de como a álgebra linear é tratada a partir do século XX, inclusive na maioria dos livros didáticos, de modo a informá-los das principais diferenças nas abordagens e a deixá-los em condições de consultar livros típicos de álgebra linear sem maiores traumas, depois que tiverem entendido o que é essencial, no Rn e no Cn.

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aRtIgo técnIco

Controle de Processos naIndústria Química

1- Introduçãoa indústria química do Brasil, desde o início da década de 1990, vem fazendo vultosos investimentos em automação para otimizar, em tempo real, a operação de suas plantas in-dustriais. a necessidade desse investimento foi detectada já em meados da década de 1980, com a progressiva substituição de instrumentação pneumática e eletrônica analógica, que es-tava obsoleta ou em rápida ob-solescência, por instrumentação eletrônica digital.

a utilização da base digital abriu espaço para a implantação de várias tecnologias que utilizam algoritmos matemáticos com-plexos para controlar e otimizar plantas de processo. Uma des-sas tecnologias que apresentou altos índices de sucesso na im-plantação industrial foi o contro-le preditivo multivariável (MPc), também conhecido, generica-mente, por controle avançado.

Esse trabalho apresenta um sumário de como a indústria química em geral se estruturou para efetuar o desenvolvimen-to e implantação dos sistemas MPc e quais os resultados já obtidos. Ênfase será dada à in-dústria de refino de petróleo,

pois, no mundo, todo esse ramo de atividade foi o que mais in-vestiu na tecnologia de contro-le de processos. Será descrito também o esforço atual e em curso para aprimorar essa tec-nologia e obter resultados ainda melhores.

2 - Estrutura da Automaçãoo investimento em automação de plantas de processamento quí-mico e petroquímico visa atingir uma alta confiabilidade das ins-talações e otimizar a operação, de modo a gerar maiores retor-nos financeiros para a e mpre-sa ao mesmo tempo em que as pessoas e o meio ambiente são preservados. Se pode, de forma rentável e segura, proporcionar em nível operacional a maximi-zação da produção de determi-nados produtos dentro do me-lhor critério de economicidade. Verifica-se um nítido aumento de eficiência, segurança, confiabili-dade e previsibilidade, que, no caso da indústria de refino, pode ser traduzido, de uma forma ge-nérica, em ganhos econômicos da ordem de US$ 0,20 por barril de petróleo processado, além de benefícios intangíveis.

Essa otimização se baseia no uso de medições frequentes e abrangentes do estado das uni-

Lincoln F. Lautenschlager Moro1

Darci Odloak2

1 Petrobras2 Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

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dades de processo para gerar uma grande quantidade de da-dos. Esses dados são usados em modelos matemáticos e outras ferramentas analíticas que for-necem uma comparação entre o desempenho atual e o desejado e permitem planeja r o futuro com maior confiança. a princi-pal característica da planta oti-mizada, assim, é o processo de decisão e atuação apoiado na melhor previsão disponível do futuro, enquanto que o esquema tradicional se caracteriza por reações ao que acaba de acon-tecer.

conforme pode ser visto na Fi-gura 1, a automação de uma planta de processo, ou de um conjunto de plantas, engloba as funções que compõem um ciclo de gerenciamento, integradas através de um grupo hierárquico e harmônico com a retroalimen-tação adequada e consistente de informações.

a mais básica dessas funções, isto é, a mais próxima do chão-de-fábrica, é o chamado contro-

testes efetuados na planta in-dustrial. as variáveis manipula-das do controle avançado são os pontos de ajuste (setpoints) dos controladores PID do siste-ma regulatório, que são comu-mente atualizadas em torno de uma vez por minuto. a Figura 2 mostra um exemplo de modelo dinâmico obtido através de tes-tes industriais.

acima do controle avançado se encontra a otimização local que, por sua vez, pesquisa as macro-variáveis do processo, que não são consideradas pelo controle avançado, de modo a compa-tibilizar, por exemplo, o consu-mo de energia com a produção de derivados ao mínimo custo específico. ou seja, realinha os objetivos para o controle avança-do considerando a forma mais rentável de operar a unidade, le-vando em conta suas restrições físicas. Um algoritmo de solução de sistemas de equações não li-neares resolve simultaneamente uma grande quantidade dessas equações nas quais estão inclu-ídos tanto o modelo rigoroso da unidade quanto informações so-bre custos de matéria prima e de energia e os valores de mercado dos produtos. os resultados da otimização são enviados para o controle avançado, os quais con-sistem em:

• Valores de restrições de equi-pamentos,

• Valores máximos/mínimos das quantidades e especificações dos produtos,

• Setpoints ótimos para as variá-veis manipuladas,

• ganhos entre variáveis manipu-ladas e controladas para adap-tação dos modelos lineares do controlador multivariável.

como exemplo de otimização se tem a purificação de um pro-duto de topo de uma coluna de Figura 1 - Ciclo Integrado de Produção

le regulatório, composto basi-camente de controladores PID (proporcional-integral-derivati-vo) complementados por lógicas de proteção e dispostos em es-truturas hierárquicas. os algo-ritmos de controle regulatório são executados com frequências de, no mínimo, uma vez por se-gundo, sendo costumeiramente muito mais rápidos.

acima do controle regulatório temos as funções de controle avançado e otimização de pro-cesso.

o controle avançado é uma de-nominação de caráter comercial amplamente utilizada no meio industrial sem uma definição precisa. nesse trabalho, ele será considerado como sinônimo de controle preditivo multivariável. Esse tipo de controlador é mul-tivariável e tem características preditivas, além de apresentar a capacidade de otimizar uma função econômica. a caracte-rística preditiva advém da utili-zação de um modelo dinâmico do processo, obtido através de

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destilação. Quanto mais puro o produto, maior é seu valor no mercado, porém a um custo de maior consumo de energia no refervedor da coluna para efetu-ar o fracionamento. adicional-mente, após um determinado fracionamento, novos incremen-tos de energia praticamente não alteram a qualidade final do produto. a escolha do pon-to ótimo de operação pode ser feita utilizando-se um modelo matemático rigoroso adaptado para representar as condições da planta.

nesse artigo iremos nos concen-trar nos algoritmos de controle avançado, isto é, no controle preditivo multivariável e seus acessórios.

3 - Controle Preditivo Multivariável - MPCo controle avançado incorpora os conhecimentos de engenharia de processo ao controle, permi-tindo maior estabilidade da uni-dade, reduzindo a variabilidade do processo e abrindo a oportu-nidade para o deslocamento da média das variáveis restritivas para mais próximo de seus valo-res ótimos.

Figura 2 – Modelo dinâmico de uma planta de processo

Enquanto a ênfase no controle regulatório está na estabilização de variáveis operacionais ele-mentares (basicamente tempera-turas, vazões, pressões e níveis), no controle avançado se busca a estabilização de outras variá-veis mais fundamentais para a operação da unidade como, por exemplo, a qualidade de produ-tos (pressão de vapor, pontos de destilação, composição etc.), inundação de torre e outras. adi-cionalmente aos controladores é comum a utilização de inferên-cias de propriedades, que permi-tem estimar através de medições de variáveis de processo os valo-res de algumas propriedades dos produtos, que de outra maneira só poderiam ser obtidas por aná-lise (Moro, 2003).

os fundamentos dos sistemas usados atualmente foram desen-volvidos ao longo da década de 1990. a tecnologia utilizada foi, basicamente, o controle prediti-vo linear que se mostrou capaz de atender aos critérios de de-sempenho da época na maioria das unidades, mesmo naquelas com comportamento significati-vamente não linear.

as principais características que definem um MPc são:

é preditivo, o que significa que possui um modelo dinâmico do processo que permite prever o valor das variáveis dependen-tes no futuro, não apenas em termos de valor final atingido após um determinado período (ganho), mas também em toda a trajetória até atingir este valor. o modelo dinâmico representa a resposta do processo a uma variação em uma variável inde-pendente, utilizando como base a resposta ao degrau unitário. a maioria das estratégias utiliza-das atualmente é linear, ou seja, é assumido que uma variação n vezes maior em uma variável independente geraria uma res-posta n vezes maior na variável dependente em estudo.

é multivariável, ou seja, várias variáveis independentes serão manipuladas (sendo, por isso, chamadas de variáveis manipu-ladas) para controlar várias vari-áveis dependentes (que por isso são chamadas de controladas), levando em conta a interdepen-dência entre elas. na prática todos os processos químicos são multivariáveis, o que, usual-mente, não é levado em conta no controle regulatório.

4 - Modificações e melho-rias no MPCao longo do tempo, a tecnologia descrita anteriormente vem sen-do aplicada a sistemas maiores, mais integrados e, muitas vezes, com comportamento acentuada-mente não-linear e mais sujeitos a variações em função de mu-danças do ponto de operação.

Em função disso, a tecnologia vem sendo gradativamente atu-alizada através de atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas por empresas como a Petrobras, em conjunto com várias universidades nacionais

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e do exterior, em especial com a Universidade de São Paulo. Um exemplo desse tipo de es-forço conjunto é o cetai - centro de Excelência em tecnologia de aplicação em automação Indus-trial, que é uma organização que funciona como uma rede con-gregando parceiros internos e externos interessados no desen-volvimento e aplicação de tecno-logias avançadas. as instalações do cetai, inauguradas em 2008, se situam dentro do campus da Universidade de São Paulo e se constituem em um polo de in-tegração entre a academia e o meio empresarial.

Vários resultados dessa inte-ração entre a indústria e as universidades já geraram me-lhorias significativas nos algo-ritmos de controle multivariável utilizados. Entre elas podemos citar as seguintes:

• controlador com modelo em variáveis de estado, que per-mite uma drástica redução no número de parâmetros neces-sários para representar o pro-cesso e abre espaço para o de-senvolvimento de formulações não lineares.

• controlador com horizonte de predição infinito - IHMPc, que foi um dos avanços possibilita-dos pelos modelos em variáveis de estado descritos acima. tra-ta-se de considerar um horizon-te de predição infinito que, por sua vez, permite obter a estabi-lidade garantida para qualquer conjunto de parâmetros de sin-tonia quando o modelo usado no controlador é o modelo correto da planta (caso nominal). ou-tra vantagem é a eliminação do horizonte de predição como um parâmetro de sintonia do con-trolador (carrapiço et al., 2009).

MMPc - controlador com múl-tiplos modelos (Porfirio et al.,

2003) e que pode ser usado em sistemas onde o modelo do processo varia muito devido às constantes mudanças nas con-dições operacionais, como em algumas colunas de destilação de alta pureza.

Extensões do MMPc foram de-senvolvidas buscando a garantia de estabilidade para todos os modelos considerados (sistema multi-plantas). trata-se assim, de controladores robustos, que apresentam garantia de desem-penho mesmo com erros de mo-delagem significativos.

Paralelamente a esses resulta-dos, atualmente estão sendo desenvolvidos algoritmos de auto-sintonia para controladores preditivos lineares e não-linea-res. os benefícios associados com esse desenvolvimento são a redução do tempo de implan-tação de novos controladores e a melhoria do desempenho de controladores existentes.

5- Conclusõesno caso brasileiro, o controle preditivo multivariável é uma tecnologia consolidada e que foi desenvolvida através da intera-ção entre a indústria e universi-dades. no caso específico das refinarias de petróleo, o MPc está implantado na maioria das unidades de processo e geran-do benefícios econômicos signi-ficativos.

o esforço atualmente se con-centra no desenvolvimento de algoritmos mais poderosos para melhorar o desempenho dos sistemas em operação, tor-narem ágeis os projetos de im-plantação de novos sistemas e permitir o uso da tecnologia em processos que apresentem com-portamento dinâmico altamente não-linear.

Existem desafios significativos, mas já estão disponíveis, em nível acadêmico, várias formu-lações avançadas que precisam ainda ser consolidadas através da aplicação em sistemas indus-triais reais e posterior incorpo-ração aos pacotes tecnológicos utilizados pela indústria. a his-tória de sucesso apresentada, bem como os mecanismos já existentes de interação entre a universidade e o meio empre-sarial, nos permitem prever que esses desafios serão superados e a tecnologia desenvolvida e utilizada no Brasil continuará tendo um nível igual ou superior aos melhores sistemas disponí-veis no mundo.

Referênciascarrapiço, o. L., Zanin, a. c.,

odloak, D. application of the IHMPc to an industrial process system. In: Sympo-sium on advanced control of chemical Processes (aDcHEM 2009), 2009, Is-tambul, turquia. Preprints of the aDcHEM-2009, 2009

Moro, Lincoln F. Lautenschlager. Process technology in the petroleum refining indus-try – current situation and future trends. computers & chemical Engineering, 27, 1303 – 1305, 2003.

Porfírio, c. R., odloak, D., al-meida neto, E. Multi-model predictive control of an industrial c3/c4 splitter. control Engineering Prac-tice, 11, p. 765-779, 2003.

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EQ NA PALMA DA MÃO

Medição da viscosidade

A medição da viscosidade dos fluídos (líquidos e gases) nas indústrias de

processo químico é uma pro-priedade importante dos produ-tos para seus fabricantes.

Compreender as características de fluxo de um material é útil na previsão de diversos parâmetros relevantes em processos indus-triais, incluindo agitação, extru-são, bombeamento, troca térmi-ca, capacidade de escoamento, facilidade de manuseio e proces-samento.

A relação entre a reologia (estu-do do escoamento e deformação da matéria) e outras proprieda-des, muitas vezes, faz da medi-ção de viscosidade um método sensível e conveniente para a detecção de alterações nos pa-râmetros do produto, tais como densidade, estabilidade, teor de sólidos ou peso molecular.

Uma visão da viscosidadeA viscosidade é uma medida do atrito interno de um fluido e é causada pela atração intermo-lecular. Em uma explicação sim-ples, é descrita como a resistên-cia ao fluxo. Esse atrito se torna aparente quando uma camada de líquido é impelida para se mover em relação à outra. Mai atrito requer mais força para re-alizar este movimento, causan-do cisão. O cisalhamento ocorre quando os fluidos são submeti-dos a movimentos físicos ou de

distribuição, tais como derra-mar, espalhar, pulverizar ou mis-turar.

O modelo de NewtonIsaac Newton definiu a viscosi-dade, considerando o modelo representado na Figura 1. Dois planos paralelos de líquido de área igual a um são separados por uma distância dx e estão se movendo na mesma direção em diferentes velocidades V1 e V2.

Newton assumiu que, para man-ter essa diferença de velocidade, a força necessária era propor-cional à diferença de velocida-de através do líquido, ou a uma gradiente de velocidade. A gra-diente de velocidade (dv/dx) ou (g) representa a mudança na velocidade com que as camadas se movem umas em relação às outras durante uma determina-da distância. Ela descreve as ex-periências de ruptura do líquido, e é assim chamada de taxa de cisalhamento [1], expressa em (segundos)-1.

Os termos (F/A) ou (t) indicam a força por unidade de área de um fluido em contato com um plano estacionário, necessária para produzir a ação de corte (dinas/cm2).

A viscosidade é o quociente en-tre tensão de cisalhamento pela taxa de cisalhamento. Suas uni-dades são: 1 cP = 1 mPa•s, logo 1 P = 100 cP ou ainda 1 Pa•s = 1,000 mPa•s o

Modelo de Newton para as camadas de um fluído.

Henrique José Brum da Costa

Figura 1

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Comportamento dos fluidosMuitos fluidos, como água ou gasolina, apresentam compor-tamento newtoniano, o que equi-vale a dizer que a viscosidade permanece constante com dife-rentes taxas de cisalhamento. Viscosidade de um fluido newto-niano depende apenas da tem-peratura e pressão, mas não das forças que atuam sobre o mate-rial. Para fluidos newtonianos, se traçarmos um reograma da

gencia os principais fatores que afetam a viscosidade.

A maioria dos fluídos não apre-senta mudança na viscosidade em função do tempo sob con-dições constantes de taxa de cisalhamento, as variedades mais comuns encontradas são apresentados nos Gráficos 1 e 2 e detalhados logo em seguida. Porém, comportamentos co mo a tixotropia e a reopexia são con-trapontos dessa condição.

tensão de cisalhamento versus taxa de cisalhamento, produzi-remos uma linha reta que passa pela origem e que a inclinação é igual à viscosidade.

Muitos materiais de uso indus-trial, todavia, não se compor-tam de maneira newtoniana, de modo que a taxa de cisalhamen-to não é linearmente proporcio-nal à tensão correspondente. Em muitos casos, a adoção de um valor único de viscosidade negli-

Gráfico 2: Relação entre viscosidade e taxa de defor-mação para diversos tipos de materiais

Gráfico 1: Relação entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação para diversos tipos de materiais

Newtoniano: é aquele cuja visco-sidade é igual, independente da taxa de cisalhamento na qual é medido, numa dada temperatura. Materiais como a água, solventes, soluções muito diluídas, óleos mi-nerais e fluidos de silicone.

Pseudoplástico (shear-thinning): é aquele em que a viscosida-de decresce com o aumento da taxa de cisalhamento. Também chamado de “cisalhamento fino”. Exemplos é a maioria dos ali mentos, tintas, emulsões, po-límeros fundidos, soluções, tin-tas, sangue e algumas suspen-sões de sólidos.

Dilatante (shear–thickening): é aquele fluido em que a visco-sidade aumenta com o aumen-

to da taxa de cisalhamento. O comportamento dilatante é mais raro que a pseudoplasti-cidade, e observado em fluidos contendo altos níveis de deflo-culantes como argilas, lama, em alguns polímeros de alto peso molecular usado em la-mas de perfuração, amido de milho em água e ingredientes de balas.

Pásticos: é aquele tipo de flui-do que se comporta como sóli-do em condições de repouso e após aplicação de certa força o mesmo começa a fluir. Essa for-ça aplicada se denomina tensão de deformação. Após começar a fluir, o comportamento se mo-difica e pode ser newtoniano,

pseudoplástico ou dilatante. Um exemplo é o catchup.

Plástico ideal ou de Bingham: é aquele que o material apresenta forças internas que o impedem de escoar, até atingir a tensão de deformação inicial seguido por um escoamento com comporta-mento newtoniano.

Tixotropia: é uma situação onde a viscosidade de um fluido di-minui com o tempo sob tensão de cisalhamento constante. Suspensões de argila utiliza-das como lamas de perfuração, maionese e algumas tintas se comportam dessa forma.

Reopexia: comportamento oposto ao anterior. Uma suspensão de ges-so na água é um bom exemplo.

Tensã

o de

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Plástico

Plástico ideal

Pseudoplástico

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Taxa de (γ) s-1

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Taxa de (γ) s-1

deformação

Plástico idealPseudoplástico

Dilatante

Newtoriano

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Medição da viscosidadeDurante o ensaio de materiais que fluem é importante pensar sobre como o material será pro-cessado e tratado quando em uso. Os procedimentos analíti-cos para simular a ação de cisão com um instrumento é a chave para prever o comportamento do fluxo.

Viscosímetros rotacionais é uma ferramenta comum, no qual um eixo com uma geometria defi-nida é inserido no líquido a ser medido. O eixo gira a várias ve-locidades fixas, o material de corte em taxas de cisalhamento constante. O viscosímetro mede a resistência de torque experi-mentado pelo eixo em diferentes velocidades de rotação.

Com o aumento das tempera-turas, a maioria dos materiais apresenta uma diminuição da viscosidade. Para garantir a consistência dos resultados, é fundamental que a temperatura seja bem definida para realizar medições de viscosidade.

Reômetros estão relacionados, mas relativamente mais com-plexos, os instrumentos que fun-cionam através de uma ampla gama de taxas de cisalhamento, permitindo a simulação de pro-cessos reais que ocorrem em es-calas de tempo muito diferentes, como na sedimentação e pulve-rização.

Limite de escoamentoPara muitas aplicações na in-dústria de processos, a tensão de escoamento é um importan-te parâmetro a ser medido. O limite de escoamento é a força necessária para causar um ma-terial para começar a fluir. Por

exemplo, limite de elasticidade representa a força que deve ser superado quando a bomba é li-gada. O torque de partida neces-sário para uma bomba deve ser calculado para garantir o dimen-sionamento adequado.

Reômetros de tensão controlada são as ferramentas de escolha para medir a tensão de escoa-mento. O método consiste em executar uma “rampa de tesou-ra”, onde o aumento de torque é aplicado ao eixo de rotação até que o instrumento é observado. Tal prova pode render um valor numérico a usado pelos enge-nheiros de processo para deter-minar a tensão de escoamento do material. Essa informação pode ser usada em cálculos de dimensionamento da bomba pa-ra o torque de arranque e as con-dições de escoamento total.

Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011 www.abeq.org.br

dimensionamento da bomba pa-ra o torque de arranque e as con-dições de escoamento total.

ReferênciasBrookfield engineering educa-

tional website, www.brook-fieldengineering.com/edu-cation, 2011.

“Perry’s Chemical Engineering Handbook,” 7th ed. Mc-Graw Hill, 1997.

Schiozer, D. Mecânica dos Fluí-dos, 2ª ed. LTC, 1996.

Facts at your fingers tips, Chemi-cal Engineering Magazine November/2010.

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29Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011www.abeq.org.br

O Congresso Brasileiro de Enge-nharia Química (COBEQ) é o fó-rum nacional tradicional mais

importante por se tratar de evento que abrange todas as áreas da Enge-nharia Química, onde se reúnem pro-fissionais que se dedicam ao ensino e à pesquisa e desenvolvimento tecno-lógico. O aprimoramento do COBEQ tem se firmado com suas realizações a cada dois anos, desde 1974, sendo sua continuidade evolutiva garantida pela Associação Brasileira de Enge-nharia Química – ABEQ, que é a pro-motora do evento.Esse evento é hoje o principal meio de interação, comunicação e divulgação de trabalhos e pesquisas na área de Engenharia Química no Brasil, e tem ainda a missão de expor inovações e tendências a serem seguidas nessa área para o crescimento técnico-cien-tífico nacional, no cenário das enge-nharias e tecnologias.O COBEQ proporciona uma grande oportunidade de iniciar novas parce-rias, consolidar e incrementar as já existentes, atualizar conhecimentos tecnológicos e operacionais, além de gerar uma efetiva troca de experiên-cias entre as comunidades científi-cas e acadêmicas e profissionais de indústrias nacionais e estrangeiras das áreas. Nesse aspecto, o evento representa uma ação única de am-pliar esforços entre todos os atores presentes aos programas do con-gresso.

O COBEQ 2010 foi realizado entre 19 a 22 de setembro de 2010, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná. Essa edição do COBEQ foi coordenada pelos profes-sores doutores. Marcelino Luiz Gime-nes (UEM/DEQ) e Meuris Gurgel Carlos da Silva (UNICAMP/FEQ) e teve como promotora a Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ). Foi reali-zado, simultaneamente, o V Congresso Brasileiro de Termodinâmica Aplicada – V CBTermo e, em caráter experimen-tal, a convite da ABEQ à comunidade científica participante e seus organiza-dores, foi realizado o 8 º Encontro Bra-sileiro de Adsorção – EBA2010. Dessa forma, o evento foi nominado como COBEQ/EBA/CBTermo 2010.O evento contou com a participação de 12 palestrantes do Brasil e do exterior, todos reconhecidos pela excelência de seus trabalhos de interesse para a En-genharia Química e áreas correlatas. Ao lado dos pesquisadores comparece-ram docentes, profissionais de indús-trias, alunos de pós-graduação e de graduação. Todos os números alcança-dos foram superlativos, a começar dos 1.305 trabalhos publicados nos anais, em formato de CDs, desse evento.

OrganizaçãoA comissão organizadora foi formada, na sua maioria, por docentes e pes-quisadores da Engenharia Química, oriundos de diversas a instituições de ensino. A base da organização foi o seu comitê executivo, constituído por

Congresso Brasileiro de Engenharia Química (COBEQ)

Edição 2010

EVENTOS

Marcelino Luiz Gimenes (UEM/DEQ)

Meuris Gurgel Carlos da Silva (UNICAMP/FEQ)

Figura 1 – Distribuição de trabalhos por evento

Trabalhos por evento

COBEQ EBA CBTermo

Figura 2 – Distribuição de trabalhos por área temática

38%

17%

43%

Participantespor tipo de inscrição

Estudante de Graduação

Estudante de Pós-Graduação

Professor e/ou Pesquisador

Profissional

2%

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professores das duas organiza-doras, no caso a UEM e a UNI-CAMP.Foram formados nove comitês científicos por área temática de pesquisa para o COBEQ e um co-mitê científico para cada evento paralelo. Esses comitês foram coordenados por um pesquisa-dor de destacada atuação na área em debate e contaram com uma presidência geral, garantin-do uma avaliação unificada.

Dados do EventoO Quadro 1 apresenta os núme-ros de participantes e o Quadro 2, os números relativos às sub-missões de trabalhos nessa edi-ção do evento.As Figuras 1 e 2 apresentam uma avaliação da distribuição dos trabalhos por evento e por área temática.As Figuras 3 e 4 mostram o per-fil dos participantes inscritos por categoria (titulação informa-da pelo inscrito) de inscrição, por região do apresentador.

Considerações FinaisEm conjunto, os três eventos (XVIII COBEQ, V CBTermo e EBA2010) formaram, sem dú-vida, o maior acontecimento de Engenharia Química já realizado no Brasil, o que pode ser con-firmado pelo número recorde de participantes, 1.398, e de trabalhos completos publicados (1.305) e apresentados (1.256).Além disso, a organização con-junta de duas instituições da qualidade da UEM e UNICAMP, com certeza, contribuiu para o sucesso da jornada. Essa exce-lente parceria pode ser um indi-cador de que o próximo evento, que será também uma organi-zação conjunta de várias insti-tuições do Rio de Janeiro, tendo à frente a UFRJ, poderá superar os números dessa edição do CO-BEQ 2010, fortalecendo ainda mais a Engenharia Química no cenário nacional.

Quadro 1: Participantes inscritos no evento

Quadro 2: Resumos e Trabalhos Completos no COBEQ 2010

Figura 3 – Participantes por categoria de inscrição

Figura 4 – Distribuição de trabalhos por região do apresentador

Trabalhos

por região da apresentador

Trabalhos por área

0 50 100 150 200 250 300

Modelagem e Simulação de Processos..Síntese e Caracterização de..

Materiais Adsorventes NanoporososEnsino de Engenharia Química

Fundamentos e Processos de AdsorçãoAplicações da Adsorção em Processos..

Engenharia de Materiais

Fenômenos de Transportes e..CBTermo

Engenharia e Ciência de AlimentosEngenharia de Reações Química e..

Processos de SeparaçãoModelagem, Otimização e Controle

Engenharia AmbientalBiotecnologia

600

500

400

300

200

100

0

Sudeste Sul Nordeste Norte Centro-Oeste

Professores/Pesquisadores 463Profissionais 24Empresas 5Alunos Pós-Graduação 496Alunos Graduação 201 Total 1189

Resumos submetidos 2055Resumos aceitos 1949Trabalhos submetidos 1508Trabalhos aceitos 1386Trabalhos publicados 1305

Trabalhos apresentados

Oral 2351256

Painel 1021

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notícIas EstudantIs

IX COBEQ-IC - Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica

Congresso pretende discutir a responsabilidade política, social e ambiental do engenheiro químico

Evento Ano Organização Local TrabalhosI 1995 dEQ/uFscar são carlos/sP 109

II 1997 dEQ/uFu uberlândia/MG 118

III 1999 dEQ/uFMG Belo Horizonte/MG 208

IV 2001 dEQ/uEM Maringá/PR 252

V 2003 dEQ/uFRRJ seropédica/RJ 275

VI 2005 dEQ/unIcaMP campinas/sP 215

VII 2007 dEQ/uFscar são carlos/sP 391

VIII 2009 FEQ/uFu uberlândia/MG 257

Informações inscrições: www.ctc.uem.br/cobeq-ic2011/index.php

3 a 6 de julho, Maringá (PR)- inscrições abertas

de todo o País, contribuindo para a formação complementar desses futu-ros profissionais.

as áreas temáticas são ambiental, Processos de separação / sistemas Particulados simulação e controle de Processos, cinética e catálise, Enge-nharia Bioquímica, e termodinâmica.

Dezesseis anos de históriaRealizado desde 1995, uma das ra-zões que explicam o sucesso que vem acompanhando todas as edições do coBEQ-Ic é a publicação de anais de trabalhos completos, submetidos à apreciação e avaliação de revisores ad hoc especialistas, assim como é feito em congressos tradicionais.

outro fato importante é a expressiva participação de professores de Enge-nharia Química de centros universitá-rios do Brasil no processo de avalia-ção e orientação dos 1.825 trabalhos concretizados ao longo desses 16 anos.

o departamento de Engenharia Quí-mica da uEM - universidade Estadual de Maringá, organizará e sediará, com o apoio da aBEQ, o IX o coBEQ-Ic e o IV simpósio de Engenharia Química, encontros que terão como tema “Res-ponsabilidade Política, social e am-biental do Engenheiro Químico”.

a programação científica preliminar, composta por cursos, simpósios, pa-lestras, mesas-redondas e minicursos, pretende despertar nos acadêmicos, que serão os responsáveis pela ciência e tecnologia do século XXI, o interesse pelo desenvolvimento de sua profissão voltado para a sustentabilidade social, ambiental e política.

o coBEQ-Ic é um evento bianual diri-gido aos estudantes da área Química, que desenvolvem atividades de Iniciação científica em centros universitários.

tem como objetivos apresentar e dis-cutir temas relativos à área de Enge-nharia Química e promover o intercâm-bio de informações entre estudantes

Locais de realização do COBEQ-IC

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32 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011 www.abeq.org.br32 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011 www.abeq.org.br

XVI Congresso Regional dos Estudantes de Engenharia Química Sul/Sudeste17 a 23 de julho de 2011 – Curitiba (PR) – inscrições abertas

a ideia central do XVI coREEQ será o tema “desenvolvimento x sustentabilidade: o desafio do aumento da produção industrial com redução de impactos am-bientais”, a qual abrange inovação tecnológica, otimização e redução de impactos ambientais.

Estima-se público aproximado de 700 participantes, que poderão conferir palestras, minicursos, mesas-redondas, visitas técnicas, workshop e plenária, distribuídos durante a semana.

será disponibilizado alojamen-to durante o evento. E4Q durante o XVI coREEQ será realiza-do também o Encontro das Entida-des Estudantis de Engenharia Quí-mica, evento destinado à discussão dos problemas enfrentados pelos estudantes no Brasil e apresenta-ção de histórias de sucesso, com o intuito de inspirar outros a busca-rem melhorias em seus cursos.Mais informações: www.coreeq-curitiba.com.br/home.aspx

XX CONEEQ - Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia QuímicaSediado pela Escola de Engenharia da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais, o XX Coneeq foi realizado entre os dias 16 e 22 de janeiro, em Belo Horizonte (MG).

o congresso foi organizado pelo Grêmio de Engenharia Química Lourenço Menicucci sobrinho, entidade que representa os estu-dantes do curso de graduação em engenharia química da uFMG, em parceria com estudantes de engenharia química do centro universitário uni-BH, e com o auxílio de organizadores das últi-mas edições do congresso.

Promovido pela Feneeq – Federa-ção nacional do Estudantes de Engenharia Química, a edição de vinte anos do coneeq ocorreu si-multaneamente com a XXVI se-mana de Engenharia Química da uFMG.

sob o tema central “Produtos e serviços de Excelência do Bra-sil”, a comissão organizadora do evento ofereceu uma progra-mação acadêmica abrangente e dinâmica, que procurou contex-tualizar o papel do engenheiro químico na construção do Brasil do século XXI: inovador e sobe-rano tecnologicamente.

ao todo, foram realizadas sete palestras e 23 minicursos – dos quais quatro contiveram parte prática, lecionados por profissionais da academia, de centros de pesquisa, da indús-tria e de empresas de servi-ços, que exploraram os mais variados tópicos, dentre eles, Indústria do Petróleo e Petro-química, Mineração e siderur-gia, alternativas Energéticas, sustentabilidade, Ferramentas computacionais de Engenharia e Empreendedorismo.

a mostra de iniciação científi-ca contou com cerca de 40 tra-balhos sobre os mais variados temas da engenharia química e premiou os melhores traba-lhos. também foram realiza-das visitas técnicas em sete empresas na região metropo-litana de Belo Horizonte dos mais variados ramos.

destaca-se também a realiza-ção de uma mesa redonda no

cronograma do evento, com o tema: Inovação e Excelência, que envolveu membros da se-cretaria de ciência e tecnolo-gia do Estado de Minas Gerais, professores da uFMG, e de en-genheiros da Braskem, Vale e Radix.

os minicursos terão a seguin-te temática: Modelagem, si-mulação e otimização, Meio ambiente, catálise, seguran-ça de Processos e Inovação tecnológica.

o congresso está sendo organi-zado por alunos da uFPR – uni-versidade Federal do Paraná, em conjunto com a Feneeq – Federa-ção nacional dos Estudantes de Engenharia Química. Para o estudante que precisar,

Comissão Organizadora – da esquerda para a direita – Athena Faria, coordena-dora Geral, Vitor Campos, coordenador Financeiro, Mariana Almeida, coorde-nadora de Marketing, Eduardo Guerino, coordenador de Eventos Culturais, Mariana Canuto, coordenadora de Infra-Estrutura, Ana Letícia Ciscotto, coordenadora de Eventos Acadêmicos e Fernanda Silva coordenadora de Apoios.

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Encontro promove integração entre estudantes, pesquisadores e engenheiros

XVI Congresso Regional de Estudante de Engenharia Química N/NE24 a 30 de julho de 2011 – São Luís (MA) – inscrições abertas

XVI Congresso Regional de Estudante de Engenharia Química N/NE24 a 30 de julho de 2011 – São Luís (MA) – inscrições abertas

o futuro profissional deve se per-guntar como pode desempenhar o seu papel na construção do de-senvolvimento sustentável, gerando novas tecnologias que se adaptem aos cenários instalados em sua re-gião. Este será o foco do XVI co-REEQ n/nE, que está sendo orga-nizando pela universidade Federal do Maranhão.o congresso contará com a partici-pação de cerca de 600 estudantes,

de professores das universida-des do norte e nordeste, além de profissionais dos diversos setores industriais. a discussão será abordada em duas linhas principais: “os no-vos cenários”, que dará ênfase ao mercado mundial e local, seus impactos na indústria ge-rando um novo olhar sobre a forma de gerenciar a produção, e “novas tecnologias”, que visa

mostrar como as inovações tec-nológicas podem se adaptar às necessidades locais e globais.

o encontro contará com pa-lestras de profissionais reno-mados, workshops, mostra de iniciação científica para esti-mular e difundir a pesquisa acadêmica, minicursos, visitas técnicas etc.Informações: [email protected]

Diogo Maciel, aluno da UFRN

– Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, acredita que o

coneeq alcançou seus objetivos:

“o congresso promoveu aos par-

ticipantes maior esclarecimento

sobre o tema central Produtos e

serviços de Excelência do Brasil,

mostrando o papel do engenhei-

ro químico no desenvolvimento

O presidente da Feneeq e estudante da FAACZ – Fa-culdade de Aracruz , Isaque Furieri Luchi

O presidente da Feneeq e

Prestigiado por mais de 50 pa-lestrantes, dentre professores, pesquisadores, e engenheiros, o congresso recebeu cerca de 1200 participantes de 46 uni-versidades de quatro regiões do país.

o presidente da Feneeq e estu-dante da FaacZ – Faculdade de aracruz , Isaque Furieri Luchi, comentou sobre a realização do congresso: “acredito que nosso objetivo de ajudar na for-

mação de um engenheiro quími-co mais qualificado, tem sido re-alizado com louvor. É motivo de grande orgulho poder ver nossos eventos alcançando nível de ex-celência. o que vemos são estu-dantes cada dia mais interessa-dos nas mais diversas áreas da Engenharia Química, buscando aprimorar seus conhecimentos e ampliar cada vez mais sua rede de contatos“.

geral do país. acredito que o

objetivo de promover uma maior

integração entre os estudantes

de engenharia química de todo

o Brasil também foi alcançado,

pois a organização do XX co-

nEEQ nos proporcionou um am-

biente bastante agradável para

realização desse networking.”

Luiz Eduardo Rubião, sócio fun-

dador da Radix Engenharia E

software, uma das empresas

patrocinadoras do evento, falou

sobre sua participação: “a mesa

redonda da qual participei foi

bastante proveitosa. acredito

que as empresas estão cada vez

mais conscientes de que preci-

sam marcar presença em even-

tos acadêmicos”.

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34 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011 www.abeq.org.br34 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2011

A sociedade brasileira está bem consciente de que a educação é o principal pas-

saporte para o progresso econômico individual e veículo de ascensão so-cial. Mais recentemente vem sendo divulgada a importância do ensino de qualidade como condição de pro-gresso e desenvolvimento do país. As comparações dos resultados brasileiros com os países desenvol-vidos e com os esforços dos países emergentes são muito desfavorá-veis. Os testes comparativos no en-sino básico, intermediário e colegial mostram que o aprendizado deixa muito a desejar. Isto é sentido tanto nos resultados de leitura e entendi-mento de textos como nos testes de matemática. As classificações obtidas não estão nem de longe compatíveis com o nível de desen-volvimento da economia brasileira. O Brasil se equipara a países muito mais pobres e com problemas de toda natureza, talvez comparáveis apenas aos rincões da Amazônia, do Nordeste e zonas de pobreza nas demais regiões brasileiras.As notícias da imprensa não apre-sentam, em geral, análises deta-lhadas que permitam ao leitor lei-go, mas interessado, compreender os fatores e explicações para os resultados aferidos. Esse é o meu caso, e os comentários acima refle-tem a média de leituras de jornais e revistas há muitos anos.Para melhorar os resultados, pare-ce necessário investir recursos já no antigo pré-primário e nas cre-ches, para iniciar desde cedo as mudanças requeridas. Logo nos primeiros anos, a qualidade dos professores é fundamental, como também a seleção dos melhores talentos e o fornecimento de con-dições para seu desenvolvimento deve ser parte deste esforço. Nos cursos básicos e interme-diários, a seleção dos melhores alunos deve apoiar o esforço das famílias na procura das melhores

escolas, facilitando a avaliação pre-coce de talentos. Para as famílias mais pobres, é necessário um sis-tema de bolsas com avaliações de resultados para saírem das condi-ções muitas vezes desfavoráveis ao ensino. De qualquer forma, a base dos alunos que se apresentam nos vestibulares só vai melhorar se o ensino for focalizado nos talentos e nas habilidades dos alunos.Com matéria prima de boa qua-lidade, as universidades podem aprimorar o ensino e aumentar as exigências, para chegar ao nível dos países com os quais o Brasil tem de competir numa economia do conhecimento. Os sistemas de regulamentação profissional passaram do conceito de um tribunal de ética, operado pelos próprios profissionais, para um sistema de garantia de quali-dade dos serviços profissionais. Essa visão da missão dos sistemas está se formando devido à percep-ção das obrigações sociais que se impõem a todas as organizações, governo e empresas, entre outros.Esse novo paradigma leva à mu-dança dos conselhos de um con-trole de qualidade antigo para um novo modelo mais adequa-do à nova definição de missão. O modelo de fiscalização ainda vigente, principalmente voltado para infrações documentadas, é o modelo antigo de inspeções do produto e rejeição e correção dos produtos defeituosos.Esse modelo não é eficaz dentro dos conceitos de garantia de qua-lidade modernos, tipo ISO 9000, que começam pela qualificação dos fornecedores e certificação dos seus processos. Menos ainda segundo os conceitos de qualida-de total, dos mandamentos de De-ming, da prevenção como base da qualidade e dos escritos do profes-sor Vicente Falconi, sobre os siste-mas de qualidade japoneses adap-tados às condições brasileiras.

O sistema de ensino no Brasil, os sistemas de fiscalização e

certificação profissional

PONTO DE VISTA

Hely de Andrade Júnior

Em especial, um sistema de ga-rantia de qualidade baseado nos documentos de formatura do pro-fissional, sem provisões para a educação e evolução continuada, não pode ser reconhecido como confiável. O sistema de reconheci-mento de atribuições baseado em currículos dos cursos de graduação tem enormes dificuldades práticas de aplicação, quando os cursos de pós-graduação e de especialização se tornam mais frequentes. Tam-bém sofrem para enquadrar as atribuições segundo currículos que mudam ao sabor do mercado e são avaliados, certificados e apro-vados pelo Ministério da Educação sem participação dos conselhos da categoria. E a aplicação práti-ca da fiscalização em escolas, na avaliação dos profissionais, na afe-rição periódica das competências, não pode ser mais adiada.

Todas essas considerações levam a uma conclusão: o debate sobre a certificação profissional está na ordem do dia.

A ABEQ vem realizando um traba-lho nos ENBEQ que reflete muito bem nos currículos e na forma de ensino e aprendizagem nos cursos de engenharia química. A associa-ção tem as condições naturais de liderar o movimento pela certifica-ção profissional e estabelecer pa-drões elevados para o trabalho.

É possível que as discussões a esse respeito sejam incluídas como tema de congressos, encontros e outros fóruns para despertar as contribuições de todos os interes-sados. A pátria agradece.

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