Rebaixamento de lençol freático indicações, métodos e impactos decorrentes

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  • MARIA CRISTINA NAKANO MLLER

    REBAIXAMENTO DE LENOL FRETICO: INDICAES, MTODOS E IMPACTOS

    DECORRENTES.

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Anhembi Morumbi no mbito do Curso de Engenharia Civil com nfase Ambiental.

    SO PAULO 2004

  • MARIA CRISTINA NAKANO MLLER

    REBAIXAMENTO DE LENOL FRETICO: INDICAES, MTODOS E IMPACTOS

    DECORRENTES.

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Anhembi Morumbi no mbito do Curso de Engenharia Civil com nfase Ambiental. Orientador: Prof. Dra. Gisleine Coelho de Campos

    SO PAULO 2004

  • i

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a minha me e ao meu irmo por todo apoio, carinho e compreenso em

    todos os momentos de minha vida. Amo vocs.

    Ao meu pai (in memoriam) que muito me incentivou e apoiou quando precisei,

    sempre com carinho e dedicao.

    Agradeo tambm a minha orientadora Professora Doutora Gisleine Coelho de

    Campos pelas sugestes, crticas e correes construtivas.

    E a todos os professores que compartilharam seus conhecimentos com seus alunos,

    sempre nos incentivando e motivando.

  • ii

    RESUMO O sistema de rebaixamento do lenol fretico normalmente utilizado para melhorar as condies do solo para a execuo de escavao, estabilizao de solo e obras subterrneas, podendo ser temporrio, na maioria dos casos, ou permanente. Em muitos casos a aplicao do sistema essencial para viabilizar a obra. Este trabalho aborda os sistemas para a execuo de rebaixamentos de lenol fretico por bombeamento direto, ponteiras filtrantes, poos profundos, drenagem por eletrosmose, drenos e galeria de drenagem, suas tcnicas construtivas, equipamentos e materiais, metodologias, indicaes, aplicabilidades e conseqncias e impactos que essa obra pode acarretar. O estudo sobre o Edifcio Conde de Sarzedas demonstrou, na prtica, a implantao, escolha, aplicao e funcionamento de um sistema de rebaixamento de lenol fretico por ponteiras filtrantes. O estudo sobre a Estao de Tratamento de Esgoto So Joo Navegantes demonstrou a aplicao do sistema de rebaixamento por poos profundos para viabilizar uma escavao profunda em solos moles, necessria para a construo da elevatria. Palavras Chave: rebaixamento; lenol fretico; ponteiras filtrantes.

  • iii

    ABSTRACT Lowering of water table systems are usually used to improve soil characteristics and make possible the excavations, soil stabilization and some types of underground structures. There are many methods to lower the water table. The main ones are: well points, deep wells, eletro-osmosis and filtering drains. These methods are described in this paper, with emphasis on the apparatuses, materials and procedures usually used in real cases. Environmental impacts are also presented. Two cases are presented to illustrate the paper: the first one is about a well point system, installed in Conde de Sarzedas building, and the second describes deep wells in soft soil of Navegantes city. Key Words: lowering; water table; well points

  • iv

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 5.1: Sistema de rebaixamento por bombeamento direto..................................9

    Figura 5.2: Bombeamento direto com utilizao de filtros.........................................10

    Figura 5.3: Bombeamento direto com utilizao de dreno horizontal profundo.........11

    Figura 5.4: Escavao em terreno permevel com diferena de carga ....................12

    Figura 5.5: Escavao em terreno permevel com subpresso da gua..................13

    Figura 5.6: Escavao da vala e esgotamento por bombeamento............................14

    Figura 5.7: Remoo do macio interno com esgotamento da vala..........................15

    Figura 5.8: Esquema de funcionamento de uma cmara de vcuo ..........................17

    Figura 5.9: Planta esquemtica de locao do sistema ............................................19

    Figura 5.10: Esquema bsico do processo de perfurao de poos.........................20

    Figura 5.11: Esquema de instalao das ponteiras filtrantes em um estgio............21

    Figura 5.12: Instalao de ponteiras .........................................................................21

    Figura 5.13: Sistema de rebaixamento por ponteiras em funcionamento .................22

    Figura 5.14: Esquema de instalao das ponteiras filtrantes em dois estgios ........24

    Figura 5.15: Esquema de instalao das ponteiras filtrantes em trs estgios.........24

    Figura 5.16: Detalhes do injetor ................................................................................26

    Figura 5.17: Sistema de rebaixamento com tubos paralelos.....................................27

    Figura 5.18: Sistema de rebaixamento com tubos concntricos ...............................28

    Figura 5.19: Vista geral do sistema de rebaixamento por injetores...........................30

    Figura 5.20: Poo de bombeamento com bomba submersvel .................................32

    Figura 5.21: Sistema de rebaixamento com drenagem por eletrosmose ..................35

    Figura 5.22: Dreno horizontal profundo.....................................................................38

    Figura 5.23: Aplicabilidade geral do sistema de rebaixamento do lenol fretico .....44

    Figura 6.1: Sistema de rebaixamento instalado no Ed. Com. Conde de Sarzedas ...51

    Figura 6.2: Instalao da bomba de vcuo e tubulao de descarga .......................52

    Figura 6.3: Edificao vizinha ao rebaixamento ........................................................55

    Figura 6.4: Perfil geolgico........................................................................................57

    Figura 6.5: Escavao da elevatria de esgoto bruto ...............................................58

    Figura 6.6: Projeto prvio do sistema de rebaixamento ............................................63

    Figura 6.7: Projeto final do sistema de rebaixamento ...............................................64

  • v

    Figura 6.8: Perfil de um poo de bombeamento........................................................65

    Figura 6.9: Poo de bombeamento PB01 .................................................................66

    Figura 6.10: Poo de recarga....................................................................................67

  • vi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 5.1: Aplicabilidade de sistemas de rebaixamento..........................................46

    Tabela 6.1: Resultados da simulao do rebaixamento............................................61

  • vii

    SUMRIO

    1 INTRODUO.....................................................................................................1

    2 OBJETIVOS.........................................................................................................3

    2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................3

    2.2 Objetivo Especfico ...................................................................................................3

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................4

    4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................5

    5 REBAIXAMENTO DO LENOL FRETICO.......................................................6

    5.1 Histrico.......................................................................................................................7

    5.2 Mtodos para Rebaixamento de Lenol Fretico .............................................8 5.2.1 Bombeamento Direto ..........................................................................................8

    5.2.1.1 Inconvenientes ...............................................................................................10

    5.2.1.2 Execuo.........................................................................................................13

    5.2.2 Ponteiras filtrantes .............................................................................................15

    5.2.2.1 Ponteiras .........................................................................................................16

    5.2.2.2 Cmara de vcuo...........................................................................................16

    5.2.2.3 Bomba de vcuo ............................................................................................18

    5.2.2.4 Execuo.........................................................................................................18

    5.2.3 Poos profundos ................................................................................................25

    5.2.3.1 Injetores...........................................................................................................25

    5.2.3.2 Bombas de recalque submersas.................................................................31

    5.2.4 Drenagem por eletrosmose..............................................................................34

    5.2.5 Drenos .................................................................................................................36

    5.2.5.1 Drenos de alvio .............................................................................................36

    5.2.5.2 Drenos horizontais profundos ......................................................................37

    5.2.6 Galeria de drenagem.........................................................................................39

  • viii

    5.3 Rebaixamento do Lenol Fretico Temporrio ou Permanente .................40

    5.4 Operao e Controle de Desempenho...............................................................41

    5.5 Escolha do Sistema de Rebaixamento do Lenol Fretico .........................42

    5.6 Conseqncias e Impactos Decorrentes do Rebaixamento........................47

    6 ESTUDO DE CASO...........................................................................................49

    6.1 Edifcio Comercial Conde de Sarzedas .............................................................49 6.1.1 Rebaixamento do lenol fretico .....................................................................50

    6.1.2 Anlise crtica .....................................................................................................53

    6.2 Estao de Tratamento de Esgoto So Joo - Navegantes.........................56 6.2.1 Caracterizao do local e da obra ..................................................................56

    6.2.2 Anlise de estabilidade .....................................................................................58

    6.2.3 Sistema de rebaixamento de lenol fretico .................................................59

    6.2.3.1 Dimensionamento ..........................................................................................60

    6.2.3.2 Execuo.........................................................................................................65

    6.2.3.3 Monitoramento do sistema de rebaixamento ............................................68

    6.2.4 Anlise crtica .....................................................................................................69

    7 CONCLUSES..................................................................................................70

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.........................................................................73

  • 1

    1 INTRODUO

    Para a engenharia civil de grande importncia o conhecimento e o estudo sobre a

    gua. As guas superficiais alteram o relevo, geram energia e abastecimento. As

    guas subterrneas tambm so utilizadas para o abastecimento e conferem e

    alteram propriedades ao solo onde sero construdas as edificaes.

    Os aqferos encontram-se em profundidades variadas, dependendo do local e

    topografia. Quando no so muito profundos, muitas vezes interferem nas obras que

    so executadas abaixo da superfcie como a construo de subsolos, infra-estrutura

    subterrnea, tneis, entre outras.

    Quando ocorre essa situao, o rebaixamento do lenol fretico uma tcnica muito

    utilizada, podendo ser temporrio ou permanente.

    Existem alguns mtodos de rebaixamento de lenol fretico, sendo os mais

    utilizados:

    - Bombeamento direto

    - Ponteiras filtrantes

    - Poos profundos

    - Drenagem por eletrosmose

    - Drenos verticais de alvio

    - Drenos horizontais profundos

  • 2

    - Galeria de drenagem

    Porm, dependendo da geologia da regio, o efeito do rebaixamento pode atingir

    grandes distncias, causando efeitos indesejveis.

    O rebaixamento diminui a umidade mdia e conseqentemente a presso neutra do

    solo, provocando adensamento do terreno, ou seja, o solo pode ceder e recalcar.

    Para a execuo do Edifcio Comercial Conde de Sarzedas, localizado no bairro da

    Liberdade, foi necessrio utilizar o sistema temporrio de rebaixamento do lenol

    fretico, por ponteiras filtrantes, prximo divisa do terreno. Para viabilizar a

    escavao e construo de uma elevatria na Estao de Tratamento de Esgotos

    em So Joo - Navegantes, foi utilizado o sistema temporrio de rebaixamento por

    poos profundos. Estes casos foram abordados no captulo 6.

  • 3

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo Geral

    Em todo projeto de obra subterrnea fundamental o conhecimento do tipo de solo

    e do nvel do lenol fretico. Existe a preocupao com as interferncias que a gua

    pode causar durante e aps o trmino da obra. Devido a esse fato fundamental um

    estudo detalhado para adequar o projeto e a obra utilizando os recursos de

    rebaixamento do lenol fretico quando necessrio.

    2.2 Objetivo Especfico

    O rebaixamento de lenol fretico ocasiona alterao nas presses atuantes no solo,

    o que pode produzir efeitos indesejveis. O objetivo deste trabalho descrever os

    mtodos existentes de rebaixamento do lenol fretico, as suas indicaes e os

    impactos decorrentes de sua utilizao.

  • 4

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA

    A metodologia da pesquisa adotada na elaborao deste trabalho foi composta por

    diversas fontes.

    Os conceitos bsicos, fundamentos tericos e solues de rebaixamento do lenol

    fretico foram extrados de revistas e livros tcnicos.

    Para informaes adicionais e desenvolvimento da pesquisa foram realizadas

    consultas sites de empresas especializadas e artigos tcnicos de revistas e anais

    de seminrio.

    Para o estudo de caso foram utilizados anais de seminrio e informaes fornecidas

    pela empresa executora da obra e visitas tcnicas.

  • 5

    4 JUSTIFICATIVA

    Todas as solues referentes fundao, escavao e obras subterrneas sempre

    iro depender das condies do solo em que sero executadas. Atravs dos estudos

    geolgicos e geotcnicos podem-se conhecer essas condies, o que de extrema

    importncia para o bom desempenho nas obras de escavao e fundao.

    A presena do nvel d'gua acima da cota em que algumas obras sero construdas

    ocorre, principalmente, em obras de infra-estrutura subterrneas e subsolos. Essa

    gua pode dificultar ou mesmo impedir a adoo de algumas solues; contudo,

    com o prvio conhecimento do nvel d'gua, podem-se prever os mtodos de

    execuo da escavao e fundao e quando for necessrio, o rebaixamento do

    lenol fretico.

    Dentro deste contexto, o presente trabalho visa expor os mtodos de rebaixamento

    do lenol fretico existentes, estudando as indicaes de cada mtodo para os tipos

    de solo e obras, as possveis conseqncias e impactos ambientais, fornecendo

    parmetros tericos para a escolha de um mtodo.

  • 6

    5 REBAIXAMENTO DO LENOL FRETICO

    Devido ao grande nmero de obras subterrneas, o rebaixamento do lenol fretico

    um sistema que est sendo muito utilizado e cada vez com menor risco de

    impactos negativos.

    Segundo Grandis (1998), a utilizao desse tipo de interveno, facilita a construo

    sob o lenol fretico, na medida em que:

    - Intercepta a percolao dgua que emerge nos taludes ou fundo de escavaes.

    A gua pode prejudicar os processos construtivos, sendo at fator impeditivo ou

    de considervel aumento de custos da obra;

    - Aumenta a estabilidade dos taludes, evitando o carreamento do solo destes

    taludes e do fundo da escavao;

    - Reduz a carga lateral em estruturas de escoramento;

    - Reduz ou elimina a necessidade de utilizao de ar comprimido na escavao de

    tneis;

    - Melhora as condies de escavao e reaterro. Quando so submersas, tornam-

    se mais lentas e de custo elevado;

    - Permite manter praticamente inalteradas as condies de suporte do terreno

    localizado subjacentemente ao apoio da estrutura a ser construda.

  • 7

    5.1 Histrico

    Com o passar dos anos, o espao subterrneo tem sido cada vez mais utilizado nas

    obras civis. Segundo Francis e Rocha (1998), esse fato ocorre devido a vrios

    fatores, dentre eles:

    - Maior barateamento e rapidez dos mtodos construtivos;

    - Maior segurana devido a mtodos mais adequados de reforos e tratamento de

    macios;

    - Mtodos de anlise mais precisos e com modelos mais representativos;

    - No caso de reas urbanas, acrescenta-se o custo mais elevado do espao

    superficial e o seu congestionamento j atingido com outras obras.

    Os principais tipos de obras subterrneas civis so os tneis, acessos, subsolos,

    galerias de infra-estrutura e poos. Essas obras tm profundidades variveis,

    podendo atingir camadas bastante profundas, cortando os lenis freticos que se

    apresentam em diversas profundidades.

    Dependendo da profundidade da obra e do mtodo executivo adotado, a gua,

    presente nos lenis freticos, exerce preponderante efeito na estabilidade da

    escavao, sendo muitas vezes, um dos fatores de maior importncia na escolha do

    mtodo executivo da escavao.

  • 8

    As obras de rebaixamento do lenol fretico esto intimamente relacionadas s

    obras subterrneas. Em macios de elevada permeabilidade1 comum a utilizao

    de rebaixamento do lenol fretico a partir da superfcie. Ao longo dos anos foram

    estudados e criados vrios sistemas para a execuo do rebaixamento.

    Segundo Caputo (1987), o processo de rebaixamento do lenol fretico pelo

    processo de ponteiras filtrantes foi utilizado pela primeira vez em 1896 na Alemanha.

    Com o decorrer dos anos, passou a ser o mtodo mais utilizado e executado, na

    maioria das vezes, com xito.

    5.2 Mtodos para Rebaixamento de Lenol Fretico

    Os sistemas mais usuais de rebaixamento so as cavas e valetas, ponteiras

    filtrantes, poos de bombeamento e galerias de drenagem. As aplicaes, vantagens

    e desvantagens desses e outros mtodos foram descritas a seguir.

    5.2.1 Bombeamento Direto

    O bombeamento direto o mais simples de todos os sistemas de rebaixamento de

    lenol fretico.

    1 Propriedade de permitir o escoamento de gua atravs dos seus vazios (E-Civil, 2004).

  • 9

    Tambm denominado de esgotamento de vala, este mtodo consiste em recalcar a

    gua para fora da rea de trabalho, conduzindo-a por meio de valetas executadas

    no fundo da escavao, e acumulada em um ou vrios poos construdos abaixo da

    escavao ou rea de trabalho, conforme demonstra a Figura 5.1. Quando a gua

    acumulada atinge determinado volume, o recalque executado por bombas. Essas

    bombas so dos mais diversos tipos e potncias, sendo escolhidas conforme as

    necessidades da obra, normalmente de forma emprica.

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), em casos de terrenos inclinados pode-se

    construir uma valeta para afastamento das guas coletadas, dispensando o

    bombeamento.

    Figura 5.1: Sistema de rebaixamento por bombeamento direto

    (ALONSO, 1999)

    De baixo custo e fcil construo, bastante utilizado em obras de pequena

    durao.

  • 10

    5.2.1.1 Inconvenientes

    Segundo Caputo (1987), este mtodo deve ser empregado somente em obras

    pequenas e de pouca importncia, pois apresenta diversos inconvenientes.

    O carreamento de partculas finas do solo pela gua pode acarretar, por

    solapamento, recalques acentuados em estruturas vizinhas escavao, em

    particular nas ruas e caladas. Nestes casos, pode-se afetar a infra-estrutura pblica

    como as tubulaes de gua, esgoto, gs, telefone entre outros. Para evitar este

    problema, deve-se observar regularmente a gua na sada das bombas e verificar se

    no ocorre o carreamento de partculas do solo. Caso ocorra o carreamento, pode-

    se utilizar filtros (geotxtil) no sistema de captao de gua como demonstra a

    Figura 5.2.

    Figura 5.2: Bombeamento direto com utilizao de filtros

    (ALONSO, 1999)

  • 11

    O sistema pode ser aprimorado executando drenos horizontais profundos (Figura

    5.3), e pode ainda ser complementado por trincheiras drenantes.

    Figura 5.3: Bombeamento direto com utilizao de dreno horizontal profundo

    (ALONSO, 1999)

    Nas escavaes em terrenos permeveis, devido diferena de carga, o nvel

    dgua interno a escavao abaixa mais rapidamente que o nvel externo, causando

    um fluxo de gua para dentro da escavao pelo fundo da vala, como demonstra a

    Figura 5.4. Nestes casos, quando o gradiente hidrulico2 atingir seu valor crtico,

    2 Nmero adimensional que representa a perda de carga por unidade de comprimento (VARGAS,

    1978).

  • 12

    ocorre o fenmeno da areia movedia3. O fundo da vala fica incapaz de receber

    cargas de uma fundao rasa.

    Figura 5.4: Escavao em terreno permevel com diferena de carga

    (CAPUTO, 1987)

    Outro inconveniente que pode ser apresentado a possibilidade da sbita ruptura

    do fundo da escavao. Este caso ocorre devido subpresso da gua tornar-se

    maior que o peso efetivo do solo, demonstrado na Figura 5.5.

    Para evitar os dois ltimos efeitos pode-se empregar, sempre que possvel,

    escoramentos no estanques, pois escoram as laterais da escavao sem causar o

    aumento das tenses do solo e consequentemente a ruptura do fundo da vala.

    3 Momento em que a tenso efetiva se anula. Rompimento do equilbrio dos gros onde a areia

    assume um estado de instabilidade.

  • 13

    Figura 5.5: Escavao em terreno permevel com subpresso da gua

    (CAPUTO, 1987)

    5.2.1.2 Execuo

    Segundo Alonso (1999), este mtodo econmico e consequentemente muito

    empregado quando a camada permevel possui pequena espessura em relao

    profundidade da escavao e est sobre uma camada impermevel.

    Neste caso, o rebaixamento do lenol pode ser executado cumprindo as seguintes

    etapas:

    - Abrem-se valetas de crista para a coleta das guas das chuvas;

  • 14

    - No contorno da escavao, executa-se uma vala profunda, atingindo a camada

    impermevel ou o lenol fretico, e instalam-se as bombas de recalque que

    devem operar at a extrao total da gua do macio (Figura 5.6);

    Figura 5.6: Escavao da vala e esgotamento por bombeamento

    (ALONSO, 1999)

    - Escava-se o macio, executando a proteo do talude onde houver

    desbarrancamento (Figura 5.7) e mantendo as bombas em operao,

    deslocando-as para baixo conforme a escavao for se aprofundando.

  • 15

    Figura 5.7: Remoo do macio interno com esgotamento da vala

    (ALONSO, 1999)

    5.2.2 Ponteiras filtrantes

    Tambm conhecidas pela denominao inglesa Well point ou sistemas de poos

    filtrantes, as ponteiras filtrantes permitem executar o rebaixamento do nvel do lenol

    fretico de toda a rea de trabalho.

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), so freqentemente empregadas, podendo ser

    utilizadas em solos moles (solos de baixa consistncia).

  • 16

    5.2.2.1 Ponteiras

    Segundo Alonso (1999), as ponteiras so tubos de ferro galvanizado ou de PVC,

    com dimetros entre 1 e 1 e comprimento entre 0,30 a 1,00 metro, perfurados

    e envolvidos por tela de nylon com malha de 0,6 milmetros ou por geotxtil, sendo

    que este segundo caso possui menor eficincia.

    Em rebaixamentos de pouca profundidade e em solos arenosos (sem a presena de

    siltes e argilas) possvel executar a ponteira sem tela ou geotxtil, executando-se

    pequenas ranhuras de pequena espessura no tubo.

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), cada ponteira permite a retirada de uma vazo

    da ordem de 1 metro cbico por hora, alcanando, em condies favorveis, no

    mximo 2 metros cbico por hora.

    5.2.2.2 Cmara de vcuo

    Segundo Alonso (1999), cmara de vcuo um recipiente constitudo por um cilindro

    ou prisma quadrangular, estanque, ligado a uma bomba de vcuo e ao tubo coletor

    por onde extrada a gua do solo por meio de suco atravs das ponteiras.

  • 17

    O recalque da gua executado por uma bomba centrfuga de recalque, conforme

    esquema da Figura 5.8.

    Figura 5.8: Esquema de funcionamento de uma cmara de vcuo

    (ALONSO, 1999)

    A cmara de vcuo possui uma vlvula de alvio ligada a uma bia. Quando a gua

    dentro da cmara atinge a bia, esta empurrada para cima acionando a vlvula

    que permite a entrada de ar, diminuindo o vcuo e reduzindo a vazo de entrada de

    gua. Com isto, o nvel da gua dentro da cmara diminui, fechando-se a vlvula de

    alvio.

  • 18

    5.2.2.3 Bomba de vcuo

    Conforme Alonso (1999), as bombas de vcuo so acopladas cmara de vcuo ou

    a uma tubulao de descarga disposta ao longo das ponteiras no caso da no

    existncia da cmara. Neste segundo caso necessria uma boa vedao das

    conexes.

    A bomba retira o ar, reduzindo a presso atmosfrica no interior da tubulao ou da

    cmara, fazendo a suco da gua do solo por intermdio das ponteiras filtrantes e

    do coletor.

    5.2.2.4 Execuo

    O princpio geral do sistema consiste em envolver a rea onde o nvel do lenol

    dever ser rebaixado com uma linha coletora ligada bomba aspirante caracterstica

    do sistema (Figura 5.9).

  • 19

    Figura 5.9: Planta esquemtica de locao do sistema

    (ALONSO, 1999)

    Para isso, primeiramente executa-se a instalao das ponteiras. Esta etapa feita

    perfurando-se poos com dimetro variando entre 10 e 15 centmetros e inserindo,

    nos poos, as ponteiras conectadas a tubos que vo at acima da superfcie. Com a

    ponteira instalada no fundo do poo, executada a vedao na parte superior do

    poo (selo de argila), no nvel do solo (Figura 5.10).

  • 20

    Figura 5.10: Esquema bsico do processo de perfurao de poos

    (LOTURCO, 2003)

    Segundo Caputo (1987), a profundidade que as ponteiras sero instaladas deve ser

    um pouco maior do que a do ponto mais baixo de escavao e o espaamento entre

    elas no deve ser inferior a 15 vezes o dimetro do tubo, assim podendo reduzir

    suficientemente a influncia recproca de umas sobre as outras.

    A Figura 5.11 demonstra, esquematicamente o sistema de ponteiras instaladas em

    um estgio e a Figura 5.12 mostra a instalao das ponteiras.

  • 21

    Figura 5.11: Esquema de instalao das ponteiras filtrantes em um estgio

    (FUNDSOLO, 2004)

    Figura 5.12: Instalao de ponteiras

    (ALONSO, 1999)

  • 22

    Os tubos verticais so conectados ao tubo coletor por meio de unies articuladas

    providas de um visor especial que permite o exame de cada uma das ponteiras.

    O tubo coletor est ligado a um sistema de bombas, que aspira a gua do solo

    atravs das ponteiras. Desse sistema sai um tubo de descarga, da capacidade do

    coletor, que conduz a gua para um local mais apropriado.

    A Figura 5.13 mostra um sistema de rebaixamento por ponteiras filtrantes em

    funcionamento.

    Figura 5.13: Sistema de rebaixamento por ponteiras em funcionamento

    (ALONSO, 1999)

  • 23

    A rede deve ter pequeno aclive no sentido das bombas para que o trecho das

    bombas seja mais elevado (0,5%), evitando que formem bolsas de ar no interior das

    tubulaes.

    Este mtodo tem como principais vantagens a simplicidade de instalao e o baixo

    custo, o que o torna uma opo muito utilizada.

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), as ponteiras filtrantes evitam o carreamento de

    partculas de solo, comum no sistema de bombeamento direto, e conseqentemente

    a eroso interna regressiva4. Outra vantagem desse sistema a possibilidade de

    restringir o rebaixamento do lenol fretico s imediaes da linha das ponteiras,

    evitando rebaixamentos indesejveis.

    Contudo, este mtodo possibilita um rebaixamento de no mximo 7 metros

    considerando solos permeveis e ao nvel do mar. Em solos menos permeveis,

    atinge-se 5 metros de profundidade. Para Caputo (1987), em situaes

    particularmente cuidadosas, pode-se alcanar de 8,5 a 9 metros de profundidade.

    Em casos que ser necessria maior profundidade, o rebaixamento poder ser

    executado em mais de um estgio, sendo que as etapas subseqentes operam a

    partir do rebaixamento da etapa anterior, como demonstram a Figura 5.14 e a Figura

    5.15.

    4 Tambm conhecido como piping, consiste no carreamento dos gros de solo em torno de um filete

    dgua, que progride para trs, com a formao de um tubo (VARGAS, 1978).

  • 24

    Figura 5.14: Esquema de instalao das ponteiras filtrantes em dois estgios

    (DOBEREINER E VAZ, 1998)

    Figura 5.15: Esquema de instalao das ponteiras filtrantes em trs estgios

    (ALONSO, 1999)

  • 25

    Segundo Caputo (1987), normalmente no econmico ultrapassar dois estgios de

    rebaixamento, preferindo, nestes casos, o emprego de bombas submersas.

    5.2.3 Poos profundos

    Para superar as limitaes de profundidade do sistema de ponteiras, foi

    desenvolvido o sistema de rebaixamento com poos profundos. Esse sistema pode

    ser de dois tipos: com o emprego de injetores e de bombas de recalque submersas

    de eixo vertical.

    5.2.3.1 Injetores

    No sistema de rebaixamento com o emprego de injetores, so executados poos de

    dimetro entre 200 e 400 milmetros e profundidade de at 40 metros nos quais se

    instalam os injetores (Figura 5.16). Esses poos so perfurados com distncia entre

    eles variando entre 4 e 8 metros.

    Segundo Alonso (1999), esse sistema apresenta duas variantes: a utilizao de

    tubos paralelos (Figura 5.17), que utilizado com mais freqncia, e a utilizao de

    tubos concntricos (Figura 5.18).

  • 26

    Figura 5.16: Detalhes do injetor

    (ALONSO, 1999)

    A perfurao dos poos realizada utilizando uma perfuratriz rotativa que gira um

    revestimento metlico o qual tem em sua extremidade inferior uma coroa de

    perfurao que desagrega o solo. Durante a perfurao deve ser injetada gua pelo

    interior do revestimento, sendo que no pode ser utilizada lama bentontica para

    estabilizar as paredes do poo pois a lama forma uma camada impermevel que

    prejudicar a eficincia do sistema.

    Aps a perfurao, coloca-se no interior do poo um tubo ranhurado de PVC ou ao,

    com dimetro entre 100 e 200 milmetros, envolto em tela de nylon com malha de

    0,6 milmetros, dotado de centralizadores que garantem a perfeita coincidncia entre

    os eixos do tubo e do poo. Este tubo possui na parte inferior, aproximadamente 1

    metro sem ranhuras e fechado na ponta, permitindo a decantao das partculas de

    solo que porventura passem pela malha de nylon.

  • 27

    Figura 5.17: Sistema de rebaixamento com tubos paralelos

    (ALONSO, 1999)

  • 28

    Figura 5.18: Sistema de rebaixamento com tubos concntricos

    (ALONSO, 1999)

    Para Dobereiner e Vaz (1998), os tubos ranhurados so utilizados para reduzir o

    custo do sistema, porm reduz tambm a vazo do poo, podendo tornar o sistema

    anti-econmico ou ineficaz para a obteno do rebaixamento pretendido, pois as

    ranhuras formam uma perfurao do tubo irregular. Para o melhor desempenho do

    sistema, deve-se utilizar um tubo filtrante.

  • 29

    O tubo de revestimento retirado e o espao vazio entre o tubo ranhurado e o

    revestimento do poo preenchido com areia graduada, adequada camada que

    constitui o aqfero, formando o pr-filtro. instalado neste pr-filtro, junto parede

    do poo, um medidor de nvel de gua, que avalia o desempenho do filtro e pr-filtro.

    Concluda a retirada do revestimento, o poo selado com argila ou bentonita e

    instala-se o injetor no interior do tubo.

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), os procedimentos construtivos de perfurao dos

    poos so semelhantes aos de construo de poos tubulares ou poos profundos

    para abastecimento de gua.

    Esse sistema trabalha como um circuito semi-fechado onde a gua injetada por

    uma bomba centrfuga atravs de uma tubulao horizontal que possui sadas onde

    se conectam os tubos de injeo que conduzem a gua sob alta presso, at o

    injetor, instalado no fundo do poo. A gua injetada atravessa o bico venturi do

    injetor e acrescida pela gua que extrada do solo, subindo pelo tubo de retorno,

    que possui dimetro um pouco maior que o tubo de injeo. Os tubos de retorno

    esto acoplados a uma tubulao que conduz a gua a um reservatrio. Esta

    tubulao denominada coletor geral e instalada paralelamente ao distribuidor

    geral. O nvel da gua no reservatrio mantido constante sendo que o excesso

    conduzido para fora da obra.

  • 30

    O sistema de rebaixamento com injetores de tubos concntricos, tem funcionamento

    igual ao de tubos paralelos. A diferena consiste na disposio do tubo de retorno

    que, neste segundo caso, instalado internamente e concntrico ao tubo injetor.

    A Figura 5.19 mostra um sistema de rebaixamento por poos profundos e injetores

    em funcionamento.

    Figura 5.19: Vista geral do sistema de rebaixamento por injetores

    (ALONSO, 1999)

    Para Alonso (1999), a vantagem desse sistema a possibilidade de rebaixar o nvel

    do lenol fretico a grandes profundidades, tornando-se economicamente mais

    vantajoso quando comparado com o sistema de ponteiras filtrantes com mais de 3

    nveis.

  • 31

    Para Dobereiner e Vaz (1998), as vantagens desse sistema so: funcionar com a

    presena de slidos na gua e a operao intermitente, ou seja, mesmo quando no

    h gua suficiente no interior do poo para ser bombeada, o sistema no

    danificado. A principal restrio a baixa vazo, limitada a aproximadamente 4m/h,

    obrigando a execuo de vrios poos.

    5.2.3.2 Bombas de recalque submersas

    O sistema de rebaixamento por poos de bombeamento utilizado para qualquer

    tipo de solo e de rocha. Conforme indicao de Dobereiner e Vaz (1998), os poos

    podem ser construdos com o espaamento pr-determinado, porm, normalmente

    so posicionados individualmente, em funo do tipo e das condies do solo,

    possibilitando maior eficincia no sistema de rebaixamento.

    A perfurao do poo e a instalao do tubo filtrante semelhante ao processo para

    o uso de injetores, sendo que, o dimetro do poo, segundo Alonso (1999), deve ser

    de 400 a 600 milmetros e o dimetro do tubo filtrante de aproximadamente 200

    milmetros.

    A extrao da gua executada por um conjunto motor-bomba, submersvel,

    instalada dentro do tubo filtrante. O acionamento e desligamento das bombas so

    realizados automaticamente por eletrodos ligados ao motor da bomba, que so

    acionados pelo contato com a gua (Figura 5.20).

  • 32

    Figura 5.20: Poo de bombeamento com bomba submersvel

    (DOBEREINER E VAZ, 1998)

    O rebaixamento do lenol fretico executado por este sistema pode atingir grandes

    reas, em formato de cone, chamado de cone de rebaixamento. A extenso da rea

    atingida medida pela distncia mxima de ocorrncia de rebaixamento a partir do

  • 33

    poo em operao. Nos lenis freticos que esto confinados ou sob presso, essa

    distncia pode atingir a centenas de metros.

    A escolha do tipo de bomba e outras caractersticas desse sistema de rebaixamento

    dependem, principalmente, da vazo necessria, profundidade e durao.

    Para Dobereiner e Vaz (1998), os poos profundos com bombas submersas so

    utilizados quando necessrio bombeamento com longa durao e para elevadas

    vazes e profundidades.

    Segundo Caputo (1987), este sistema pode recalcar gua com mais de 100 metros

    de profundidade e com vazo maior que 60m/h.

    Este sistema requer um prvio conhecimento das condies geolgicas e

    hidrogeolgicas da rea de trabalho, obtendo dados como o tipo, caractersticas e

    espessura do solo ou rocha, presena e caractersticas da estrutura geolgica,

    direo e condies de recarga do aqfero, entre outros.

    Com esses dados, deve-se desenvolver um projeto do poo de bombeamento e a

    disposio em planta e profundidade dos vrios poos, com dimensionamento dos

    dimetros de perfurao e descarga, comprimento do tubo filtrante, granulometria do

    pr-filtro, tipo e capacidade das bombas.

  • 34

    5.2.4 Drenagem por eletrosmose

    Para Grandis (1998), alguns solos siltosos e solos argilosos possuem granulometria

    muito fina e no permitem uma drenagem eficiente atravs de ponteiras filtrantes ou

    poos profundos. Para aumentar a eficincia do sistema, utiliza-se o mtodo de

    drenagem por eletrosmose, que consiste na aplicao de uma corrente eltrica

    continua, criando um gradiente adicional de natureza eltrica que acelera o

    movimento da gua nos vazios do solo.

    O fenmeno da eletrosmose, aplicado na Mecnica dos Solos, deu origem ao

    sistema de drenagem por eletrosmose ou drenagem eltrica, desenvolvido pelo Dr.

    Leo Casagrande (CAPUTO, 1987).

    Segundo Grandis (1998), o sistema executado, instalando-se ponteiras filtrantes

    que consistem em ctodos, eletrodo com carga negativa, e hastes que consistem em

    nodos, eletrodo com carga positiva (Figura 5.21).

    Os eletrodos so instalados aproximadamente 2 metros abaixo do fundo da

    escavao com espaamento entre ctodos variando entre 8 e 12 metros,

    intercalados pelo nodo.

  • 35

    Figura 5.21: Sistema de rebaixamento com drenagem por eletrosmose

    (CAPUTO, 1987)

    Segundo Grandis (1998), os ons de gua com carga positiva, normalmente so

    atrados pelas partculas de solo com carga negativa constituindo a camada dupla.

    Quando aplicado um gradiente eltrico, o ctodo atrai os ons positivos da gua e

    neste processo, transportam a gua contida nos vazios do solo. O gradiente eltrico

    aplicado em Volts por metro de espaamento, sendo que a voltagem no deve ser

    muito elevada (aproximadamente 12 volts) para evitar o aquecimento do solo.

    A gua caminha em direo ao ctodo, no caso s ponteiras filtrantes, e retirada

    atravs de um conjunto de bombas centrfuga e de vcuo.

  • 36

    Este sistema utiliza muita energia eltrica. Para Grandis (1998), este mtodo mais

    utilizado como um processo de estabilizao do solo de talude e fundo de poo, no

    sendo muito utilizado no Brasil.

    5.2.5 Drenos

    Dentre os vrios tipos de dreno utilizados esto os drenos de alvio e os drenos

    horizontais profundos que so descritos a seguir:

    5.2.5.1 Drenos de alvio

    Os drenos de alvio tm a funo de auxiliarem na reduo da presso da gua no

    interior do macio geolgico.

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), os drenos de alvio em rochas so construdos

    atravs de perfuraes executadas com o emprego de equipamentos de

    rotopercurso, com dimetros apropriados, normalmente da ordem de 75 milmetros.

    Este sistema no utiliza filtros para drenagem, portanto, deve ser empregado em

    rochas bem consolidadas onde no h possibilidade de carreamento de partculas e

    consequentemente eroso interna regressiva.

  • 37

    Quando h a necessidade de executar o dreno de alvio em solos, utilizado o

    dreno preenchido com areia, sendo denominado dreno de areia. Podem ser

    empregados na fundao de aterros ou para a consolidao de fundaes.

    5.2.5.2 Drenos horizontais profundos

    Mais conhecido como DHP, o dreno horizontal profundo utilizado para a drenagem

    localizada de camadas do macio geolgico.

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), devido ao efeito localizado, o DHP posicionado

    individualmente, podendo ser dispostos em arranjos com espaamento varivel.

    O DHP executado por meio de uma perfurao subhorizontal com inclinao de 5

    a 10 para cima para propiciar a sada da gua por gravidade (Figura 5.22),

    utilizando equipamento de sondagem rotativa ou rotopercurso, geralmente com

    dimetro de 100 milmetros e revestimento. Na perfurao introduzida uma

    tubulao de PVC rgido, com dimetro de 38 a 50 milmetros, da qual a maior parte

    constituda por um tubo filtrante envolvido em geotxtil quando instalado em solo

    ou envolvido em duas voltas de tela plstica quando instalado em rocha. O

    comprimento dos drenos normalmente varia entre 10 e 20 metros, raramente

    ultrapassando os 50 metros.

  • 38

    Figura 5.22: Dreno horizontal profundo

    (DOBEREINER E VAZ, 1998 apud CARVALHO, 1991)

    Para uma melhor eficincia do sistema, pode ser aplicada uma suco na tubulao

    de coleta de gua por meio de uma bomba de vcuo.

    O DHP deve estar localizado no macio geolgico de tal forma que a extenso do

    tubo filtrante imersa no aqfero seja a maior possvel. Antes da instalao do DHP,

    necessrio o prvio conhecimento da distribuio da camada que constitui o

    aqfero, quando so confinados, ou conhecer o comportamento da superfcie do

    lenol fretico, quando so aqferos livres. Porm, na maioria dos casos, existem

    caminhos preferenciais de percolao nos macios geolgicos, que concentram a

    gua subterrnea e podem ser de difcil localizao, sendo que, nestes casos, o

    posicionamento do DHP executado por tentativa.

  • 39

    Este sistema pode ser indicado para drenar aqferos sob presso em tneis

    escavados em macios de solo, na drenagem de taludes de corte e na fundao de

    aterros.

    5.2.6 Galeria de drenagem

    Segundo Dobereiner e Vaz (1998), as galerias de drenagem so executadas em

    macios de rocha ou solo com dimetro inferior a 3 metros. Quando a galeria no

    revestida, a drenagem feita pela prpria parede do macio; caso seja revestida,

    so instalados drenos de alvio para rochas e drenos horizontais profundos para

    solos. Esses drenos so instalados a partir das paredes em sentido radial.

    As galerias de drenagem so utilizadas quando outros sistemas so inviveis ou

    insuficientes para alcanar o rebaixamento pretendido ou para a retirada de grande

    volume de gua do macio.

    Normalmente so utilizadas em macios rochosos sob fundaes de barragens, em

    taludes e em cavas de minerao. Devido ao elevado custo na construo da

    galeria, esse sistema no muito empregado no Brasil.

  • 40

    5.3 Rebaixamento do Lenol Fretico Temporrio ou Permanente

    Quanto ao tempo de funcionamento de um sistema de rebaixamento de lenol

    fretico, Grandis (1998) explica que, na maioria dos casos, o rebaixamento de lenol

    fretico temporrio, sendo ativado imediatamente antes da execuo da

    escavao e desativado logo aps o trmino.

    Porm, podem ocorrer alguns casos diferenciados. Em uma condio intermediria,

    normalmente relacionada com alvio de subpresses neutras ou de controle de seu

    efeito, o rebaixamento ativado muito antes e desativado muito aps o trmino da

    obra subterrnea. Um exemplo deste caso ocorre quando h a necessidade de que

    a estrutura fique progressivamente mais pesada para evitar a flutuao. Outro

    exemplo ocorre quando existe a possibilidade de ruptura hidrulica ou levantamento

    do fundo da escavao e o rebaixamento deve ser mantido por um perodo mais

    longo do que o de execuo da obra.

    Tambm podem ocorrer casos em que o lenol dgua deva ser mantido

    permanentemente rebaixado. Para isso, so utilizados os mesmos sistemas de

    rebaixamento apenas com o aumento da durabilidade dos mesmos, permitindo a

    perenidade de operao.

  • 41

    5.4 Operao e Controle de Desempenho

    A eficincia de um sistema de rebaixamento de lenol fretico est relacionada

    correta operao desse sistema.

    Segundo Grandis (1998), quando se utiliza o sistema de rebaixamento por ponteiras

    filtrantes, o maior problema sempre a manuteno do vcuo. Primeiramente,

    fecha-se o registro de suco da entrada da bomba de vcuo. Em seguida, verifica-

    se a existncia de eventuais entradas de ar no circuito dos coletores e ponteiras,

    atravs da diminuio no valor do vcuo. Quando ocorre a entrada de ar por uma

    ponteira, causa uma trepidao caracterstica, sendo, neste caso, isolada do coletor

    por registro ou removida.

    Quando o sistema utilizado for o de poos profundos com injetores, a principal

    recomendao a verificao peridica das vlvulas e do bico dos injetores. O

    funcionamento inadequado dos injetores pode causar a injeo de gua no solo ao

    invs da suco.

    Para o sistema de rebaixamento por poos profundos e bombas submersas, o

    principal cuidado seguir as recomendaes do fabricante ao oper-las.

    O controle do desempenho do rebaixamento do lenol fretico deve ser aferido por:

  • 42

    - Indicadores de nvel dgua e controle de vazo, preferivelmente atravs de

    medidas diretas ou hidrmetros.

    - Controle em caixa de sedimentao para verificar, principalmente na fase inicial

    da execuo do rebaixamento, eventual transporte de slidos.

    - Acompanhamento constante de instrumentao sonora e eltrica para identificar

    e sanar eventuais interrupes no funcionamento do sistema.

    Em casos de maior responsabilidade, onde qualquer problema no sistema pode

    causar impactos significativos, o controle e acompanhamento da operao do

    sistema deve ser executado por um tcnico especializado, que executa registros

    dirios, mantendo uma fiscalizao constante.

    5.5 Escolha do Sistema de Rebaixamento do Lenol Fretico

    Segundo Grandis (1998), para a escolha do sistema de rebaixamento a ser utilizado,

    essencial a avaliao do dano ou interferncia que o fluxo do lenol fretico pode

    causar obra. Se for pouca interferncia, pode-se utilizar apenas drenos e poos

    rasos para retirar do local o excesso da gua. Se os danos forem maiores ou

    estiverem inviabilizando a obra, pode-se adotar um sistema efetivo de rebaixamento

    temporrio ou definitivo do lenol fretico.

    Os sistemas convencionais de rebaixamento, como o uso de ponteiras filtrantes e

    poos profundos, normalmente so projetados, instalados e operados por empresas

  • 43

    especializadas. Entretanto, locais onde existe a possibilidade de problemas de alvio

    de presses neutras ou a existncia de solos muito ou pouco permeveis, deve-se

    haver o envolvimento do projetista e executor da obra com a empresa que far o

    rebaixamento.

    Segundo Loturco (2003), a anlise para a escolha do sistema a ser utilizado requer

    as seguintes informaes:

    - Nvel esttico do lenol fretico;

    - Cota do horizonte impermevel;

    - Cota do fundo da escavao;

    - Croqui de localizao da rea com detalhes de rios, vales, lagos, mar;

    - Sondagens SPT Standard Penetration Test e descrio litolgica.

    Para Grandis (1998), os fatores que mais influenciam na escolha do sistema so:

    - Tipo de obra: para escavaes rasas e rebaixamento at 6 metros, deve-se

    adotar um sistema de rebaixamento com ponteiras filtrantes. Quando a

    necessidade do rebaixamento for maior, deve-se prever um sistema de

    rebaixamento por poos profundos e bombas submersas para grandes vazes

    de gua ou injetores para vazes menores.

    - Condies da superfcie: a formao geolgica e a natureza do subsolo, assim

    como a permeabilidade e a drenabilidade do solo ou rocha so de extrema

    importncia e podem definir o sistema de rebaixamento a ser utilizado. A Figura

  • 44

    5.23 indica o campo de aplicao de cada sistema de acordo com a

    granulometria do solo.

    Figura 5.23: Aplicabilidade geral do sistema de rebaixamento do lenol fretico

    (GRANDIS, 1998)

    - Altura de rebaixamento e quantidade de gua a ser bombeada: essencial a

    avaliao da quantidade de gua que fluir para o interior da escavao.

    Dependendo da vazo a ser rebaixada e da profundidade, determina-se o

    sistema de rebaixamento e os equipamentos a serem utilizados.

  • 45

    - Natureza do aqfero e fontes de percolao: de acordo com a natureza do

    aqfero, estes podem ser classificados em artesianos ou livres. Segundo

    Campos (2004), os aqferos artesianos so aqueles em que a gua encontra-se

    sob presso superior atmosfrica, o que ocorre quando h um desnvel de sua

    superfcie provocada pelo confinamento entre duas camadas de baixa

    permeabilidade. Nos aqferos livres ou lenis freticos, a superfcie da gua se

    encontra com presso igual atmosfrica. A fonte de percolao, segundo

    Grandis (1998), pode ser um curso dgua prximo, um lago, a linha da costa

    martima ou um corpo dgua muito extenso.

    A Tabela 5.1 mostra um resumo sobre a aplicabilidade, vantagens e desvantagens

    que cada sistema de rebaixamento de lenol fretico apresenta.

  • 46

    Tabela 5.1: Aplicabilidade de sistemas de rebaixamento

    SISTEMA CAMPO DE APLICAO VANTAGENS DESVANTAGENS

    PONTEIRAS

    FILTRANTES

    Areia fina a mdia siltosa

    Escavaes rasas a pouco

    profundas

    Instalao rpida e fcil

    Baixo custo

    Flexvel

    Rebaixamento localizado

    Dificuldade de instalar em

    cascalho

    Rebaixamento limitado

    Necessidade de vrios nveis para

    rebaixamento maiores

    Necessidade de superviso da

    operao

    Instalao junto da escavao

    POOS DE

    BOMBEAMENTO

    COM BOMBAS

    INJETORAS

    Areia mdia at cascalho

    Rebaixamento de lenis

    escalonados

    Escavaes pouco profundas

    Instalao simples

    Baixo custo de instalao e

    operao

    Baixa manuteno

    Rebaixamento localizado

    Baixa vazo

    Profundidade limitada

    Necessidade de superviso da

    operao

    Necessidade de geradores de

    reserva para falta de energia

    Instalao prxima da escavao

    POOS DE

    BOMBEAMENTO

    COM BOMBAS

    SUBMERSAS

    Areia fina siltosa at cascalho

    Rebaixamento de lenis

    escalonados

    Rochas porosas e fraturadas

    Escavaes profundas e

    subterrneas

    Instalao a qualquer

    profundidade

    Sem limite para o rebaixamento

    Instalao afastada da escavao

    Vazes elevadas

    Muito eficiente em lenis

    confinados

    Custo elevado

    Necessidade de superviso da

    operao

    Necessidade de geradores de

    reserva para falta de energia

    Grande rea de influncia

    GALERIA DE

    DRENAGEM

    Grandes vazes

    Estabilizao de escorregamentos

    Cavas de minerao

    Fundaes de barragens

    Sem limite para o rebaixamento

    Funciona por gravidade

    Permite galerias auxiliares

    rea de influncia ampliada com

    drenos

    Custo inicial elevado de instalao

    DRENOS

    HORIZONTAIS

    PROFUNDOS

    Rochas ou solos

    Drenagem localizada de camadas

    do macio geolgico, aqferos

    sob presso em tneis escavados

    em macios de solo, taludes de

    corte e fundao de aterros

    Efeito localizado

    Posicionamento individual

    Comprimento dos drenos no

    mximo 50 metros.

    Para melhor eficincia pode ser

    aplicada uma suco por meio de

    uma bomba de vcuo.

    Posicionamento executado por

    tentativa

    Dobereiner e Vaz (1998)

    BOMBEAMENTO

    DIRETO

    Obras de pequena durao Baixo custo

    Fcil construo

    Probabilidade de carreamento de

    partculas finas

    Recalques acentuados em

    estruturas vizinhas escavao

    Caputo (1987)

    ELETROSMOSE Solos siltosos

    Solos argilosos

    Estabilizao do solo de talude e

    fundo de poo

    Acelera o movimento da gua nos

    vazios do solo

    Utilizao de muita energia eltrica

    No muito utilizado no Brasil

    Grandis (1998)

  • 47

    5.6 Conseqncias e Impactos Decorrentes do Rebaixamento

    Segundo Grandis (1998), o rebaixamento do lenol fretico induz uma diminuio

    das presses neutras e, conseqentemente, o aumento das presses efetivas no

    solo. Nestes casos, podem ocorrer recalques indesejveis em estruturas localizadas

    na vizinhana da obra, podendo chegar a distncias de 100 metros.

    Recalque o abaixamento da superfcie do terreno em virtude da retirada da gua

    subterrnea das proximidades. O recalque pode provocar rachaduras no solo e em

    construes. Em casos extremos pode levar ao seu desmoronamento (GLOSSRIO,

    2004).

    Para Grandis (1998), estes recalques so mais freqentes quando existem

    construes leves apoiadas sobre fundaes rasas em solo constitudo de argila

    mole, superficiais, sobrejacentes a aqferos muito permeveis.

    Em muitos casos, principalmente em construes mais antigas, no h projetos ou

    documentos que indiquem qual o tipo de fundao e estrutura utilizada nas

    edificaes. Nestes casos, dependendo do tipo de solo e o raio de influncia do

    rebaixamento, os cuidados devem ser maiores.

    Todas as possibilidades devem ser previstas pelo projetista, que deve recomendar a

    colocao de pinos de recalque nos vizinhos, selamento de trincas e fissuras

    existentes e eventuais medidas jurdicas cabveis (GRANDIS, 1998).

  • 48

    Conforme Strauss, Azambuja e Pinheiro (2000), podem-se evitar os problemas de

    recalque utilizando poos de recarga dos aqferos. Atravs da injeo de gua no

    aqfero, diminui-se o raio de influncia do rebaixamento.

    Tambm h o problema de natureza ambiental. O sistema de rebaixamento retira a

    gua dos lenis freticos, que, em alguns casos, poderia ser utilizada para

    abastecimento. A gua retirada, muitas vezes, no reaproveitada, sendo lanada

    na sarjeta.

  • 49

    6 ESTUDO DE CASO

    Para o estudo de caso, foi escolhido um sistema de rebaixamento por ponteiras

    filtrantes utilizado na construo de um edifcio. As informaes foram obtidas em

    visitas tcnicas obra e fornecidas pelo engenheiro responsvel pela execuo do

    edifcio, que acompanhou, junto com o engenheiro da empresa executora do

    rebaixamento, a instalao do sistema de rebaixamento de lenol fretico.

    Como complemento, foi feito um estudo de caso, obtido em pesquisa bibliogrfica.

    Este segundo caso consiste na implantao de um sistema de rebaixamento de

    lenol fretico por poos profundos, executado para viabilizar uma escavao

    profunda em solos moles.

    6.1 Edifcio Comercial Conde de Sarzedas

    Localizado no bairro da Liberdade, cidade de So Paulo, o empreendimento tem

    frente para a Rua Conde de Sarzedas nmero 100 e lateral para a Rua Dom Toms

    de Lima.

    Trata-se de um edifcio de uso comercial situado em um terreno de 50000 metros

    quadrados. O edifcio foi projetado com 23 pavimentos tipo e 4 subsolos, totalizando

    uma rea construda de 47000 metros quadrados.

  • 50

    Pela Rua Conde de Sarzedas, o empreendimento tem como vizinho um edifcio

    comercial a sua direita e um casaro em restaurao na esquina. Pela Rua Dom

    Toms de Lima, tem como vizinho uma edificao de 3 pavimentos a sua esquerda.

    6.1.1 Rebaixamento do lenol fretico

    Nesta obra foi adotado o sistema de rebaixamento de lenol fretico em dois pontos

    do terreno: um para a escavao e construo do reservatrio de gua e outro para

    a escavao e construo do poo dos elevadores e subsolos, que foi o caso

    escolhido para o estudo e anlise.

    O poo dos elevadores foi projetado prximo divisa do terreno, vizinho da

    edificao da Rua Dom Toms de Lima. Estes elevadores atendero todos os

    pavimentos do edifcio, partindo do ltimo subsolo.

    O sistema de rebaixamento utilizado nesta obra foi o de ponteiras filtrantes.

    A escolha foi feita devido as caractersticas da obra, como o nvel de rebaixamento

    do lenol fretico, tempo de funcionamento, a necessidade de ser um rebaixamento

    localizado e o tipo de solo da regio, que atravs de sondagens SPT, verificou-se

    que composto por silte arenoso.

  • 51

    O sistema era composto por 52 ponteiras filtrantes constitudas por tubos de PVC

    perfurados com dimetro de 40 milmetros e comprimento de 0,50 metro, dispostas

    em duas linhas paralelas a divisa do terreno e perpendiculares a Rua Dom Toms

    de Lima, com distncia entre ponteiras de 1,50 metro.

    As ponteiras filtrantes foram ligadas, atravs de mangueiras, ao tubo coletor

    constitudo por um tubo de PVC com dimetro de 150 milmetros. Na Figura 6.1

    pode-se verificar parte deste sistema.

    Figura 6.1: Sistema de rebaixamento instalado no Ed. Com. Conde de Sarzedas

    O tubo coletor foi ligado ao sistema de bombas, como demonstra a Figura 6.2. A

    gua coletada foi, atravs do tubo de descarga, conduzida para a sarjeta.

  • 52

    Figura 6.2: Instalao da bomba de vcuo e tubulao de descarga

    Na instalao do sistema, as ponteiras filtrantes foram envolvidas por um filtro de

    areia para evitar o carreamento de partculas.

    Com vazo de 40 litros por minuto (l/min), o sistema funcionou por 60 dias

    ininterruptos, tempo para execuo do poo do elevador, atingindo

    aproximadamente 5 metros de rebaixamento.

    Quanto a impactos que o rebaixamento do lenol poderia causar, foi previsto que

    no haveria problemas de recalque devido ao tipo e caractersticas do solo, no

    sendo necessria conteno e proteo do solo.

  • 53

    6.1.2 Anlise crtica

    Com o acompanhamento deste caso, verificou-se que para a escolha, implantao e

    funcionamento do sistema no houve muitas divergncias do exposto no captulo

    anterior.

    Como foi visto no item 5.5, o sistema adotado est coerente com os dados e

    caractersticas do local e da obra, considerando o tipo de solo, que conforme a

    Figura 5.23, est correto, assim como poderia ser utilizado o sistema de

    rebaixamento por poos profundos. Porm como a altura do rebaixamento prevista

    era de 5 metros, a melhor opo seria o sistema de rebaixamento por ponteiras

    filtrantes devido rapidez de instalao. Poos profundos normalmente so

    utilizados para maiores profundidades.

    Verificou-se tambm que por ser um sistema de rpida e fcil instalao, custo baixo

    e apresentar rebaixamento localizado e temporrio, enquadrou-se nas

    caractersticas necessrias para a obra.

    Esta obra apresentou um sistema construtivo diferente do convencional. Devido ao

    grande desnvel do terreno, o edifcio comeou a ser construdo a partir do

    pavimento trreo com frente para a Rua Conde de Sarzedas. A partir deste

    pavimento, construram-se os subsolos, de cima para baixo. O rebaixamento foi

    necessrio para a construo do poo dos elevadores do terceiro e quarto subsolos

    e executado aps a construo do segundo subsolo. Devido a esta peculiaridade

  • 54

    construtiva, a rea onde deveria ser executado o sistema de rebaixamento estava

    toda escorada. Outra vantagem que este sistema apresentou a localizao de sua

    instalao, que deve ser junto a escavao, que neste caso era de extrema

    importncia, pois no havia espao no terreno uma vez que este foi praticamente

    todo ocupado.

    Com relao a vazo, 40 l/min, ou seja, 2,40m/h para o sistema constitudo de 52

    ponteiras, uma vazo muito baixa. Conforme descrito no item 5.2.2.1, cada

    ponteira permite vazo da ordem de 1m/h, alcanando no mximo 2m/h em

    condies favorveis. No caso estudado, cada ponteira est com vazo de 0,05m/h.

    Este sistema poderia ser redimensionado, diminuindo o nmero de ponteiras e

    alterando o distanciamento e posicionamento delas.

    Quanto aos impactos que o rebaixamento do lenol fretico pudesse causar na

    regio, foi realizada uma verificao atravs de observao das edificaes vizinhas,

    condies das caladas e ruas (Figura 6.3). Por no ter acesso parte interna

    dessas edificaes, verificou-se nas fachadas a existncia de trincas e rachaduras.

    Tambm foi verificada a existncia de recalque, trinca e rachaduras nas caladas

    prximas. Durante os 60 dias no houve alguma alterao que pudesse ser

    percebida.

    Apesar de no ter sido consultado projeto da edificao vizinha, pode-se prever que

    no uma fundao direta. As fundaes diretas so apoiadas nas camadas pouco

    profundas do solo, acima do nvel do rebaixamento do lenol executado, facilitando a

    ocorrncia de trincas caso houvesse algum recalque no solo.

  • 55

    Figura 6.3: Edificao vizinha ao rebaixamento

    Os valores de vazo e profundidade alcanadas com o rebaixamento do lenol

    foram estimados e informados, para este estudo, pelo engenheiro da obra, no

    havendo relatrios tcnicos com levantamento peridico desses dados. O ideal seria

    executar esse relatrio para ter controle do volume de gua retirado, evitando que

    ocorram recalques e outros impactos que pudessem afetar o solo e edificaes da

    regio.

  • 56

    6.2 Estao de Tratamento de Esgoto So Joo - Navegantes

    Este estudo relata o caso de um sistema de rebaixamento de lenol fretico adotado

    para viabilizar a escavao profunda em solos moles, necessria para a construo

    da Elevatria de Esgoto Bruto da Estao de Tratamento de Esgotos (ETE) So

    Joo/ Navegantes.

    6.2.1 Caracterizao do local e da obra

    Segundo Strauss, Azambuja e Pinheiro (2000), a regio da obra est,

    aproximadamente, 2 metros acima do nvel do mar. Prximo ao local da escavao,

    localizam-se vrias construes antigas, como pavilhes e casa de bombas com

    fundaes desconhecidas e outras construes mais recentes com fundaes em

    estacas.

    Nos estudos preliminares ao projeto, foi realizada sondagem percusso SPT,

    estabelecendo o perfil geolgico do local, conforme demonstrado, simplificadamente,

    na Figura 6.4.

  • 57

    Figura 6.4: Perfil geolgico

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

    O perfil mostra que se tem aproximadamente 4 metros de aterro em areia e saibro5

    disposto sobre uma camada de aproximadamente 8 metros de argila mole de

    colorao cinza e abaixo desses extratos, aparece uma camada de areia com

    espessura aproximada de 12,5 metros, possivelmente com continuidade lateral

    suficiente para configurar-se como aqfero.

    Para a obra, previa-se uma escavao com profundidade aproximada de 10 metros

    com o emprego de um sistema de conteno por estaces e concreto projetado

    (Figura 6.5). A escolha do sistema de conteno provisrio implicou em uma 5 Rocha proveniente da decomposio qumica incompleta de rochas feldspticas leucogranticas

    (granitos e gnaisses), conservando vestgios da estrutura original. O saibro comum muito poroso e

    permevel (MUDA, 2004).

  • 58

    condio de fluxo adversa para a estabilidade do sistema, uma vez que a ficha da

    cortina permevel e impe gradientes elevados prximos ao fundo da escavao.

    A princpio, a gua do fundo da escavao deveria ser retirada atravs de drenagem

    superficial e no havia estudos sobre a possibilidade de ruptura de fundo devido

    subpresso. No foi previsto a necessidade de implantao do sistema de

    rebaixamento de lenol fretico.

    Figura 6.5: Escavao da elevatria de esgoto bruto

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

    6.2.2 Anlise de estabilidade

    Segundo Strauss, Azambuja e Pinheiro (2000), foram realizadas anlises de

    estabilidade da escavao quanto ao levantamento de fundo devido sobrecarga

    lateral e a ruptura hidrulica do fundo devido subpresso.

  • 59

    Nas escavaes de materiais impermeveis sobre materiais permeveis, como o

    caso em estudo argila mole sobre areia, existe a possibilidade de ocorrer o

    fenmeno de ruptura hidrulica de fundo devido ao excesso de poropresso abaixo

    da camada de argila mole, ou seja, a incapacidade da camada de argila mole

    remanescente no fundo da escavao suportar, apenas com o seu peso prprio e

    resistncia lateral, a presso que a gua confinada na camada de areia exerce.

    Neste caso, a camada remanescente seria de apenas 2 metros de espessura.

    Com os resultados da primeira anlise, verificou-se o risco de ocorrncia de ruptura

    hidrulica. Com isso, foi solicitado ensaio complementar (piezocone) para obter

    parmetros que possibilitassem uma anlise definitiva.

    Com a nova anlise, verificou-se a necessidade de interveno nos procedimentos

    previamente estabelecidos para a escavao.

    6.2.3 Sistema de rebaixamento de lenol fretico

    Segundo Strauss, Azambuja e Pinheiro (2000), a soluo proposta para evitar a

    ruptura hidrulica do fundo da escavao, foi diminuir as presses da gua na

    camada de areia sob a argila mole, atravs de um sistema de rebaixamento de

    lenol fretico por bombeamento.

  • 60

    Devido complexidade da obra, foi necessria a execuo de projeto e

    dimensionamento do sistema de rebaixamento do lenol fretico antes de sua

    execuo.

    6.2.3.1 Dimensionamento

    O dimensionamento foi dividido em duas partes: dimensionamento prvio e

    redimensionamento.

    Conforme Strauss, Azambuja e Pinheiro (2000), o dimensionamento do sistema de

    rebaixamento consiste em propor uma configurao de poos que resulte em um

    rebaixamento terico no mnimo igual ao necessrio para estabilizar o fundo da

    escavao.

    Neste caso, foi estipulado o rebaixamento do lenol at a cota -7,3 metros, ou seja, 1

    metro abaixo do fundo da escavao. Dessa maneira, garantiria a estabilidade do

    fundo da escavao. Esta cota de rebaixamento deveria ser alcanada em at 10

    dias de operao do sistema e mantida por 4 meses, sem afetar as edificaes

    prximas.

    Na etapa de dimensionamento prvio foi simulado o rebaixamento no ponto central

    da escavao, teoricamente o ponto mais crtico, estimando-se o raio de influncia

    do rebaixamento. Nesta etapa, os parmetros hidrulicos do aqfero foram inferidos

  • 61

    a partir dos parmetros geotcnicos conhecidos dos materiais envolvidos e do

    conhecimento prvio da regio. A determinao mais precisa destes parmetros

    feita na etapa de redimensionamento. Na Tabela 6.1 apresentam-se os resultados

    obtidos.

    Tabela 6.1: Resultados da simulao do rebaixamento

    Simulao N de PoosVazo

    (m/h)

    Rebaixamento

    (m)

    3 6,3 1 5

    4,5 9,3

    3 12,9 2 8

    4,5 19,3

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

    De acordo com esta simulao, 5 poos com vazo de 4,5 m/h em cada poo,

    seriam suficientes para o rebaixamento necessrio, porm outros dados deveriam

    ser considerados antes da implantao do sistema, para evitar impactos

    indesejados.

    O raio de influncia representa a distncia atingida pelo rebaixamento do lenol.

    Neste caso, ele foi estimado em 95 metros, distncia que atingiria diversas

    edificaes.

  • 62

    Para minimizar a influncia do rebaixamento nas edificaes prximas, foram

    previstos 4 poos de recarga que foram instalados aps os poos de bombeamento,

    em direo contrria a escavao. Esses poos tm a funo de injetar gua no

    aqfero de forma a diminuir o raio de influncia do rebaixamento. Esta interveno

    aumenta a vazo a ser bombeada pelos poos de rebaixamento, porm evitam

    problemas de recalques aps a linha dos poos de recarga.

    A Figura 6.6 demonstra o projeto prvio do sistema de rebaixamento dimensionado.

    Foram instalados 5 piezmetros6 para o controle e ajustes das vazes dos poos de

    recarga, alm de fornecerem dados para o redimensionamento e acompanhamento

    da evoluo do rebaixamento.

    Para o redimensionamento do sistema e simulao de novas configuraes que

    garantissem o rebaixamento necessrio, foram obtidos os valores mais precisos dos

    parmetros hidrulicos atravs de ensaios e anlise dos 10 dias de bombeamento

    para alcanar a cota desejada.

    Como configurao final do sistema de rebaixamento, ficou definida a utilizao de

    10 poos de rebaixamento, 6 piezmetros e 4 poos de recarga, conforme Figura

    6.7.

    6 "Poo de observao no qual medido o nvel fretico ou a altura piezomtrica" (DNAEE, 1976

    apud WConsult, 2004).

  • 63

    Figura 6.6: Projeto prvio do sistema de rebaixamento

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

  • 64

    Figura 6.7: Projeto final do sistema de rebaixamento

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

  • 65

    6.2.3.2 Execuo

    Segundo Strauss, Azambuja e Pinheiro (2000), todas as perfuraes de poos de

    bombeamento, poos de recarga e para a instalao dos piezmetros foram

    executadas com perfuratriz rotativa com circulao de lama bentontica e dimetro

    de 20,3 centmetros. Os poos de bombeamento, no dimensionamento final, teriam

    profundidade de 30 metros sendo que os 12 metros finais seriam filtrantes. Os tubos

    lisos para acesso e ranhurados para o filtro eram de dimetro 100 milmetros como

    demonstra a Figura 6.8.

    Figura 6.8: Perfil de um poo de bombeamento

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

  • 66

    A Figura 6.9 mostra o poo de bombeamento em funcionamento.

    Figura 6.9: Poo de bombeamento PB01

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

    As bombas submersas utilizadas para o rebaixamento do lenol fretico tinham

    vazo de aproximadamente 6m/h para altura de recalque de 25 metros e dimetro

    de 75 milmetros.

    Os poos de recarga, no dimensionamento final, teriam profundidade de 22 metros,

    sendo que os 10 metros finais seriam filtrantes. Os detalhes construtivos so

    semelhantes ao do poo de bombeamento. Na parte superior dos poos de recarga

  • 67

    foram instalados manmetros para o controle da sobrecarga, caso o sistema no

    absorvesse a vazo de infiltrao. Alm dos poos, o sistema de recarga

    compreendia um tanque de equilbrio que permitia a utilizao da gua bombeada

    pelo sistema de rebaixamento para injeo nos poos de recarga. Na Figura 6.10

    tem-se uma vista do poo de recarga.

    Figura 6.10: Poo de recarga

    (STRAUSS, AZAMBUJA E PINHEIRO, 2000)

  • 68

    Os piezmetros, no dimensionamento final, teriam profundidade de 16 metros sendo

    que apenas o metro final seria filtrante. A empresa executora do servio substituiu 3

    dos piezmetros por medidores de nvel dgua com a finalidade de ensaios de

    bombeamento. Os medidores de nvel dgua so ranhurados em toda a sua

    extenso.

    6.2.3.3 Monitoramento do sistema de rebaixamento

    Segundo Strauss, Azambuja e Pinheiro (2000), o monitoramento do sistema de

    rebaixamento de lenol fretico consistiu no acompanhamento da variao dos

    nveis piezomtricos nos poos de bombeamento e nos piezmetros.

    Com a anlise dos grficos gerados pelo acompanhamento, pode-se verificar que a

    influncia do rebaixamento a 80 metros da escavao foi irrelevante para a alterao

    das presses efetivas do solo. Verificou-se tambm que, mesmo aps o

    redimensionamento, a cota de rebaixamento no foi alcanada, sendo necessria a

    alterao da cota de fundo da escavao em 30 centmetros, para garantir a

    estabilidade da escavao quanto ruptura hidrulica de fundo.

  • 69

    6.2.4 Anlise crtica

    Com a anlise deste caso, pode-se verificar que no incio, previa-se apenas um

    bombeamento direto para a retirada da gua no fundo da escavao. Porm,

    analisando os resultados da sondagem e ensaios, verificou-se a instabilidade do

    fundo da escavao conforme foi descrito no item 5.2.1.

    Para resolver este problema, optou-se pelo sistema de rebaixamento do lenol

    fretico, mas, por ser uma obra complexa e de grande porte, foi necessrio o

    envolvimento de profissionais da rea para projetar, dimensionar e executar o

    sistema de rebaixamento.

    Mesmo com todos os cuidados e ensaios executados, o sistema no atendeu as

    necessidades, sendo preciso alterar o projeto da elevatria para garantir a

    estabilidade e no correr riscos de ruptura de fundo.

    Neste caso houve uma preocupao grande com os impactos que o rebaixamento

    poderia causar principalmente porque algumas das edificaes prximas, que faziam

    parte da ETE So Joo/Navegantes, eram antigas e o tipo de fundao era

    desconhecido. O sistema de recarga mostrou-se uma tcnica muito eficaz para a

    reduo do raio de influncia, podendo ser til em outros casos, evitando-se os

    recalques e impactos indesejados s reas prximas.

  • 70

    7 CONCLUSES

    A constante busca pela melhoria na qualidade e segurana da construo civil faz

    com que, a cada dia, desenvolva-se tecnologia e mtodos que atendam as

    necessidades com eficincia e de forma menos agressiva para o meio ambiente.

    Com o crescimento das populaes urbanas, as cidades esto cada vez mais sem

    espaos. Essa necessidade levou a utilizao dos subsolos urbanos com a

    construo de tneis, subsolos em edifcios e a infra-estrutura subterrnea.

    O rebaixamento do lenol fretico uma das tecnologias que foi criada para auxiliar

    nas escavaes sob o nvel do lenol, o que facilita e viabiliza, em muitos casos, as

    construes subterrneas. Apesar de antigo, os sistemas de rebaixamento vm

    sendo aprimorados, alcanando, cada vez mais, maiores profundidades e vazes

    com menos riscos de impactos negativos s construes adjacentes e ao meio

    ambiente.

    Os diversos sistemas de rebaixamento existentes podem ser aplicados para diversos

    tipos de solo, profundidade do rebaixamento, vazo, entre outros fatores descritos

    no item 5.

    No estudo de caso sobre o Edifcio Conde de Sarzedas, pde-se verificar, na prtica,

    a aplicabilidade do sistema de rebaixamento por ponteiras filtrantes, que o mais

    utilizado no Brasil. A sua fcil e rpida instalao, mesmo sendo um local com pouco

  • 71

    espao para se trabalhar devido ao mtodo construtivo aplicado, e a possibilidade

    de um rebaixamento localizado foram as principais vantagens desse sistema. Em

    regies totalmente construdas como a regio central da cidade de So Paulo,

    possibilitar um rebaixamento localizado uma caracterstica muito importante, pois

    diminui a possibilidade dos efeitos causados pelo rebaixamento atingirem as

    edificaes vizinhas. Tambm pode-se ressaltar que, para a profundidade desejada,

    o sistema adotado foi eficiente.

    No estudo de caso sobre a construo da elevatria na ETE So Joo

    Navegantes, verificou-se que foi uma obra mais complexa, envolvendo estudos,

    dimensionamentos e projetos antes da execuo, alm do monitoramento constante

    durante o tempo de operao do sistema, o que muito importante para evitar ou

    amenizar problemas que possam ocorrer.

    Atravs desse monitoramento, possvel identificar problemas como o rebaixamento

    excessivo do lenol que pode acarretar em recalque. Neste caso, pode-se diminuir a

    vazo de rebaixamento evitando tais problemas. No Edifcio Conde de Sarzedas,

    no houve monitoramento do sistema de rebaixamento, o que seria uma ferramenta

    muito importante, pois uma regio totalmente ocupada por edifcios comerciais

    novos e uma edificao antiga em processo de restaurao, que, provavelmente,

    no tem fundao muito profunda e, se ocorressem recalques na vizinhana,

    poderiam danific-la. O monitoramento poderia identificar a possibilidade de

    ocorrerem tais problemas antecipadamente, podendo ser tomadas s devidas

    providncias para evitar os recalques.

  • 72

    Mesmo sendo muito utilizados, pode-se verificar, durante a pesquisa, que ainda no

    existem normas tcnicas para regulamentar e normatizar os processos e tcnicas

    utilizadas. A recomendao de alguns autores a utilizao das normas da CETESB

    para a abertura dos poos profundos, porm, a criao de normas prprias facilitaria

    na fiscalizao e na punio quando ocorrerem danos a patrimnios vizinhos e ao

    meio ambiente.

  • 73

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Alonso, U. R., Rebaixamento Temporrio de Aqferos, So Paulo, 1999.

    Caputo, H. P., Mecnica dos Solos e suas Aplicaes, vol. 2, 6 Edio, Livros Tcnicos e Cientficos Editora, Rio de Janeiro, 1987.

    Dobereiner, L. e Vaz, L. F., Tratamento de Macios Naturais In Geologia de Engenharia, Associao Brasileira de Geologia de Engenharia - ABGE, 1 edio, So Paulo, 1998.

    Francis, F. O. e Rocha, H. C., Obras Subterrneas Civis, In Geologia de Engenharia, Associao Brasileira de Geologia de Engenharia - ABGE, 1 edio, So Paulo, 1998.

    Grandis I., Rebaixamento e Drenagem In Fundaes Teoria e Prtica, 2 Edio, Pini, So Paulo, 1998.

    Loturco, B. Rebaixamento de lenol fretico com ponteiras filtrantes, Revista Tchne, Editora Pini, edio 78, ano 11, Setembro 2003.

    Vargas, M., Introduo Mecnica dos Solos, Editora McGraw-Hill do Brasil Ltda.,So Paulo, 1978.

    Campos, G. C. de, Rebaixamento de Aqferos, In Notas de Aula Geotecnia e Fundaes, Universidade Anhembi Morumbi, So Paulo, 2004.

    Strauss, M., Azambuja, E. e Pinheiro, R. J. B., Caso Histrico de um Sistema de Rebaixamento com Recarga de Aqfero para a Estabilizao de Escavao Profunda In SEFE IV Seminrio de Engenharia de Fundaes Especiais e Geotecnia, Anais 2, So Paulo, 2000.

    Fundsolo, Rebaixamento de Lenol Fretico Ponteiras Filtrantes Disponvel em: Acesso em: 02/03/2004

  • 74

    Zimbres, E., Glossrio Disponvel em: Acesso em: 28/09/2004

    WConsult, Glossrio Ambiental Disponvel em: Acesso em: 20/10/2004

    E-Civil, Permeabilidade dos Solos Disponvel em: Acesso em: 01/12/2004

    MUDA Movimento Unificado de Defesa Ambiental, Glossrio Disponvel em: < http://www.ongmuda.hpg.ig.com.br/s.htm> Acesso em: 01/12/2004