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Reanimação Cardiorespiratória no Pré-hospitalar Mestrado Integrado em Medicina 6º Ano António José Fernandes Cardoso Terreiro Martins Orientado por: Dra. Áurea Almeida Junho 2010

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Reanimação Cardiorespiratória no

Pré-hospitalar Mestrado Integrado em Medicina – 6º Ano

António José Fernandes Cardoso Terreiro Martins

Orientado por: Dra. Áurea Almeida

Junho 2010

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Resumo A Reanimação Cardiorespiratória é essencial para que pessoas que entrem em paragem

respiratória consigam ter uma hipótese de sobreviver. Esta guia-se por linhas de orientação

(guidelines) que são fruto de um consenso entre vários peritos de todo o mundo. Estas

guidelines mundiais são depois aplicadas na prática corrente da reanimação cardiorespiratória,

no dia-a-dia.

Nestas, surge o conceito de Cadeia de Sobrevivência, que sumariza todo o processo para uma

reanimação cardiorespiratória eficaz e com sucesso. Esta engloba o reconhecimento atempado

da emergência, a ênfase da importância da aplicação imediata de suporte básico de vida, a

desfibrilhação em tempo útil e os cuidados pós-reanimação. Qualquer pessoa com treino pode

efectuar o suporte básico de vida, ao contrário do suporte avançado de vida, que já requer

uma formação mais diferenciada e só é aplicado por profissionais de saúde.

O suporte básico de vida compreende as compressões torácicas e a ventilação a um ritmo de

30:2. Caso estas pessoas tenham formação adequada, podem recorrer à utilização de

desfibrilhadores automáticos externos.

O suporte avançado de vida já engloba técnicas de reanimação mais diferenciadas como as

técnicas de ventilação (entubação endotraqueal, máscara laríngea, máscara facial e ambu) e

técnicas de cuidados pós-reanimação. Dentro destes cuidados de pós-reanimação, temos

técnicas de limitação de défices neurológicos como a hipotermia.

A hipotermia pode ser alcançada por técnicas simples de infusão de fluidos gelados (4ºC) e

pacotes de gelo, ou por aparelhos mais avançados. As técnicas mais simples permitem a

indução, que idealmente deve ser rápida e controlada a 32-34ºC, durante a paragem ou após a

recuperação da circulação em ambiente pré-hospitalar.

Neste trabalho, é feita uma análise às guidelines actuais e uma breve análise de uma técnica

que permite diminuir os défices neurológicos decorrentes da paragem cardiorespiratória.

Palavras-Chave Cadeia de Sobrevivência, Hipotermia, Reanimação Cardiorespiratória, Suporte básico de vida,

Suporte avançado de vida

Introdução No ano de 2005, foram publicadas linhas de orientação (guidelines) para a Reanimação

Cardiorespiratória. Na Europa, actualmente, vigora as “European Resuscitation Council

Guidelines for Resuscitation 2005”, publicadas pelo European Resuscitation Council (ERC).

Estas guidelines não definem o único método de reanimação ideal, apenas representam uma

visão consensual e amplamente aceite de como deve ser efectuada a reanimação de modo

eficaz e seguro.

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A elaboração das guidelines de reanimação surge após discussão entre um conjunto alargado

de peritos de vários países integrados no International Liaison Committee on Resuscitation

(ILCOR).(1) O ILCOR tem como missão identificar e rever o conhecimento científico

internacional relevante para a reanimação cardiorrespiratória (RCR) e alcançar consenso sobre

recomendações terapêuticas. Em Janeiro de 2005 realizou-se a 2005 International Consensus

Conference on ECC and CPR Science with Treatment Recommendations de onde surgiram

recomendações de tratamento publicadas no “2005 International Consensus on

Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science with Treatment

Recommendations” (CoSTR).(2)

A doença cardíaca isquémica é a principal causa de morte no mundo. De todas as mortes em

adultos com doença coronária, 60% são devidas a paragem cardíaca súbita.(3) A incidência

anual de reanimação pré-hospitalar por paragem cardiorrespiratória de etiologia cardíaca é de

49,5-66 por 100.000 pessoas.(4)

A Cadeia de Sobrevivência sumariza os quatro passos fulcrais necessários a uma reanimação

cardiorespiratória com sucesso. O primeiro passo engloba o rápido reconhecimento da

emergência e activação dos serviços de emergência. Os elos centrais englobam a integração de

RCR e desfibrilhação como componentes fundamentais para uma rápida reanimação. O elo

final englobando os cuidados pós-reanimação destina-se a preservar a função orgânica,

principalmente cerebral e cardíaca.

Figura 1: Cadeia de Sobrevivência do ERC

O algoritmo de reanimação tem por base a simplicidade de actuação e facilidade de

aprendizagem e retenção de conhecimento, mantendo-o adequado à maioria das situações.

Os reanimadores devem iniciar RCR se a vítima estiver inconsciente ou arreactiva. Uma única

razão de compressão-ventilação de 30:2 é usada para um reanimador em adultos. Assim que

um defibrilhador estiver disponível e ligado à vítima e se confirme um ritmo desfibrilhável,

deve ser efectuado um choque. As compressões e ventilações devem ser retomadas de

imediato e durante 2 minutos sem interrupções, qualquer que seja o ritmo resultante do

choque. Assim que uma via aérea seja assegurada, as compressões devem ser ininterruptas e a

ventilação deve ser ao ritmo de 10/min. As interrupções das compressões torácicas devem ser

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minimizadas, uma vez que ao parar as compressões decresce substancialmente a perfusão

coronária, necessitando de várias compressões para que o fluxo coronário volte aos valores

pré-pausa.(5)

Suporte Básico de Vida O suporte básico de vida (SBV) refere-se a manter a via aérea patente e uma circulação e

respiração de suporte sem o uso de equipamento, à excepção do equipamento de protecção. É

a primeira medida necessária para reverter com sucesso uma paragem cardíaca.

A paragem cardíaca súbita é a principal causa de morte na Europa, afectando cerca de 700.000

indivíduos por ano.(6) À primeira análise do ritmo cardíaco, cerca de 40% apresentam

fibrilhação ventricular (FV). A FV caracteriza-se por despolarizações e repolarizações rápidas e

caóticas. O coração perde a coordenação da contracção e deixa de bombear o sangue

eficazmente. Indivíduos em paragem cardíaca têm maior probabilidade de sobrevivência se

quem presenciar a ocorrência actuar rapidamente durante a FV do que após a deterioração

para assistolia, actuando de acordo com a Cadeia de Sobrevivência. O mecanismo

predominante de paragem cardíaca em vítimas de trauma, overdose, afogamento e, em

muitas crianças, é a asfixia, daí advindo a importância do SBV no processo de reanimação.

As manobras de RCR permitem um fluxo de sangue pequeno mas essencial para o coração e

cérebro e aumentam a probabilidade de reverter a FV com desfibrilhação. A desfibrilhação

interrompe a despolarização-repolarização descoordenada durante a FV permitindo que, num

coração viável, o pacemaker normal volte a funcionar correctamente. Nos primeiros minutos

após a desfibrilhação, o ritmo pode ser lento e ineficaz, podendo ser necessário continuar as

compressões torácicas até restabelecimento adequado da função cardíaca.(7)

Profissionais treinados podem recorrer a desfibrilhadores automáticos externos, que analisam

o ritmo cardíaco e, através de comandos de voz, guiam o utilizador no caso de ser necessário

aplicar um choque.(8)

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A sequência de acção do SBV segue os pontos da figura 2.

Há relatos de casos isolados de transmissão de

infecções, durante a RCR, como tuberculose(9) e

síndrome da angústia respiratória aguda(10).

Não foram relatados casos de transmissão de

HIV. Apesar da falta de estudos em humanos

sobre a eficácia de dispositivos barreira,

estudos laboratoriais demonstraram que

alguns filtros ou barreiras com válvulas

unidireccionais funcionam na prevenção da

transmissão bacteriana oral durante a

respiração boca-a-boca.

A via aérea deve ser aberta pela técnica de

hiperextensão da cabeça e elevação do queixo,

quando efectuado por pessoas não treinadas,

uma vez que é difícil ensinar e executar a

protusão mandibular e pode provocar

movimento da coluna em pessoas com lesões.

A verificação do pulso carotídeo é um método

pouco preciso de confirmar a presença ou

ausência de circulação.(11) No entanto, procurar

“sinais de circulação” (movimento, respiração

ou tosse) também não é um método mais viável. A respiração normal ou adequada em vítimas

não reactivas é, normalmente, difícil de determinar.(12) Suspiros agónicos estão presentes em

40% das vítimas. Durante o treino, deve ser enfatizado que a sua ocorrência é normal nos

primeiros minutos de paragem cardíaca e são uma indicação para começar RCR

imediatamente.

Nos primeiros minutos após a paragem cardíaca sem asfixia, o sangue continua altamente

oxigenado e a distribuição de oxigénio para o cérebro e o coração está limitada principalmente

pela diminuição do débito cardíaco.(13) Juntando isto à menor predisposição das pessoas para

efectuar respiração boca-a-boca, é recomendado começar primeiro com as compressões

torácicas.

Ventilação

As recomendações actuais para a ventilação baseiam-se em várias evidências: o fluxo

sanguíneo nos pulmões está substancialmente reduzido, a hiperventilação é desnecessária e

danosa, com a via aérea desprotegida, há maior distensão gástrica com maiores volumes

correntes, menos ventilações por minuto do que o normal conseguem manter uma oxigenação

adequada durante RCR e as interrupções das compressões torácicas têm efeito negativo na

sobrevivência. Deve ser dado uma expiração de 1 segundo, com volume suficiente para elevar

o peito da vítima, evitando respirações fortes e rápidas. O uso de ventilação por máscara e

ambu requer prática e capacidade técnica que normalmente não é ensinada no SBV.

Não responde?

Chamar ajuda

Abrir a via aérea

Respiração anormal?

Chamar 112

30 compressões torácicas

2 ventilações30 compressões

Figura 2: Algoritmo de suporte básico de vida no adulto

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Compressões torácicas

A informação sobre a fisiologia das compressões torácicas e o efeito da variação do ritmo e da

relação compressões-ventilação deriva de modelos animais. Com base nesta informação

concluiu-se que: cada vez que as compressões são reiniciadas, o reanimador deve posicionar

as mãos sem demora “no centro do peito”, a um ritmo de cerca de 100/minuto, comprimir

cerca de 4-5 cm, deixar o peito recuperar completamente após a compressão, demorar o

mesmo tempo na compressão e relaxamento, minimizar as interrupções e não se guiar pelo

pulso carotídeo ou femoral palpáveis para medir o fluxo arterial efectivo.

Através da análise de modelos animais e modelos matemáticos, concluiu-se que uma razão de

30:2 compressões-ventilaçoes seria o compromisso ideal para obter um bom fluxo sanguíneo e

boa oxigenação.

No caso das pessoas não estarem dispostas a realizar respiração boca-a-boca, realizar RCR só

com compressões é melhor do que não realizar RCR(13) e esta tem uma eficácia semelhante à

RCR com compressão-ventilação nos primeiros minutos numa paragem cardíaca sem asfixia.(14)

Posição de recuperação

Há várias variações da posição de recuperação, sendo que nenhuma é perfeita para todas as

vítimas.(15) Esta deve ser estável, o mais perto possível de uma posição lateral com a cabeça

descaída e sem pressão no peito a impedir a respiração.(16)

Obstrução da via aérea

A obstrução da via aérea por corpo estranho é uma causa incomum mas potencialmente

tratável de morte acidental.(17) O seu reconhecimento e distinção entre ligeira e severa são

importantes para um desfecho com sucesso.

O quadro seguinte sumariza as principais diferenças entre obstrução moderada e severa

Tabela 1: Diferenciação entre obstrução ligeira e severa da via aérea por corpo estranho

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O algoritmo do tratamento da obstrução da via aérea por corpo estranho baseia-se nesta

distinção importante entre obstrução ligeira e severa

Figura 3: Algoritmo de tratamento da obstrução da via aérea por corpo estranho no adulto

Na obstrução ligeira, a tosse gera pressões altas e sustentadas que podem expelir o corpo

estranho. O tratamento agressivo pode piorar ainda mais a obstrução. Esta obstrução pode

evoluir para severa, pelo que as vítimas devem continuar a ser observadas cuidadosamente.

Aproximadamente 50% dos episódios de obstrução severa não aliviam com uma simples

técnica.(18) O sucesso aumenta quando combinadas as palmadas nas costas e a propulsão

abdominal ou torácica.(19) Estudos demonstraram que eram geradas maiores pressões com a

propulsão torácica do que com a abdominal pelo que os reanimadores devem ser ensinados a

começar RCR quando uma destas vítimas ficar inconsciente.(20-22)

Após recuperação da obstrução, pedaços de material podem continuar alojados no aparelho

respiratório causando complicações. Vítimas com tosse persistente, dificuldade em engolir e

sensação de corpo preso na garganta, e as vítimas tratadas com propulsões abdominais

(podem causar lesões internas) devem ser examinadas por um médico.(19)

Avaliar gravidade

Obstrução severa(tosse ineficaz)

Inconsciente

Iniciar RCR

Consciente

5 palmadas nas costas5 propulsões abdominais

Obstrução ligeira

Encorajar tosse

Continuar a avaliar deterioração da tosse ou até alívio da obstrução

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Desfibrilhadores automáticos externos Os desfibrilhadores automáticos externos (DAE) podem ser usados por reanimadores que não

estejam ligados à área da saúde. Estes podem ser usados em crianças com mais de 8 anos e

adultos. A sequência para utilização de um DAE é apresentada no algoritmo que se segue.

Figura 4: Algoritmo de utilização de um desfibrilhador automático externo

Alguns estudos demonstraram que era benéfico a realização de RCR antes da tentativa de

desfibrilhação quando o tempo de chegada da ambulância fosse superior a 5 minutos.(23,24) Em

todos estes estudos, RCR foi realizada por reanimadores da área da saúde, que protegeram a

via aérea por entubação e administraram oxigénio a 100%. Esta ventilação de alta qualidade

não pode ser esperada da técnica de respiração boca-a-boca. Além disso, o benefício só ocorre

após 5 minutos de atraso da tentativa de desfibrilhação. Por outro lado, se já estiver a ser

efectuada RCR quando chega o desfibrilhador, não se justifica a sua continuação. Por estas

razões, é recomendada a aplicação imediata do choque assim que o DAE esteja disponível,

sendo importante a realização prévia de compressões torácicas ininterruptas.

Não responde?

Abrir via aéreaRespiração anormal

Manda alguém ou ir buscar o DAE

Ligar 112

RCR 30:2Até ligar o DAE

DAE avalia o ritmo

Recomendado choque

1 choque

Reinício imediato de RCR 30:2 por 2 min

Não recomendado choque

Reinício imediato de RCR 30:2 por 2 min

Continuar até a vítima respirar normalmente

Chamar ajuda

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Suporte Avançado de Vida Os ritmos de uma paragem cardíaca podem-se dividir em desfibrilháveis e não desfibrilháveis,

sendo uma das principais diferenças no tratamento a necessidade de desfibrilhação atempada

no primeiro grupo.

As intervenções que inquestionavelmente contribuem para a sobrevivência ao episódio de

paragem cardíaca são a desfibrilhação imediata e SBV. Deste modo, durante o suporte

avançado de vida (SAV), a atenção deve ser focada na desfibrilhação e no SBV de alta

qualidade e ininterrupto.

Figura 5: Algoritmo de suporte avançado de vida no adulto

Ritmos desfibrilháveis Nos adultos, o ritmo mais comum numa paragem cardíaca é a FV. Após ser confirmada a

paragem cardíaca, devem ser postos em prática os primeiros pontos do SAV, até à chegada do

desfibrilhador. Assim que o desfibrilhador chegar e se confirme o ritmo desfibrilhável, deve ser

aplicado um único choque entre 150-200J se for bifásico ou 360J se for um desfibrilhador

monofásico. Após o choque deve ser retomada RCR 30:2 por 2 minutos, ao fim dos quais é

aplicado novo choque se necessário e retomadas as compressões-ventilações. Antes do

terceiro choque, caso se mantenha a FV, deve-se administrar adrenalina seguida do terceiro

choque e novamente compressões-ventilações. Se após o 3º choque e 2 minutos de

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compressões-ventilações se mantiver o ritmo de FV, administra-se um bólus de amiodarona

300mg. Independentemente do ritmo de paragem, 1mg de adrenalina deve ser administrado a

cada 3-5 minutos até à recuperação de circulação espontânea.

Durante a análise de ritmo, caso surja um ritmo não desfibrilhável e seja organizado, deve-se

tentar palpar o pulso. Caso surja um ritmo organizado durante o período de 2 minutos de

compressões-ventilações, este não deve ser interrompido para palpar pulso, excepto se o

doente evidenciar sinais vitais sugestivos de recuperação de circulação espontânea. O

intervalo de tempo entre a paragem das compressões e o choque deve ser o mínimo possível,

uma vez que quanto menor for este intervalo de tempo, maior será probabilidade de sucesso

do choque.(25)

Ventilação

A entubação traqueal proporciona a melhor técnica para uma boa via aérea, mas só deve ser

executada por pessoas experientes nesta técnica e não deve exceder os 30 segundos. Assim

que a entubação tenha sido realizada, as compressões torácicas devem ser continuadas a um

ritmo de 100/min e as ventilações a 10/min. Se não for possível a entubação endotraqueal,

deve-se recorrer a outros métodos alternativos.

Acessos venosos

Deve ser preparado um acesso venoso, sendo preferencial a canulação de uma veia periférica,

uma vez que é mais rápido, fácil de efectuar e mais seguro do que um cateter venoso central.

Os fármacos injectados devem ser seguidos por 20 ml de fluído e elevada a extremidade por

10 a 20 segundos para facilitar a distribuição central. Se for difícil efectuar um acesso venoso,

deve-se recorrer a um acesso intraósseo. Por esta via, o tempo necessário para atingir a

concentração plasmática adequada dos fármacos é comparável ao do cateter venoso central.

Se este acesso também não for possível, recorre-se à via traqueal, apesar não serem

conhecidas as doses ideias e a concentração sanguínea dos fármacos ser imprevisível. Por esta

via, a dose necessária de adrenalina é 3 vezes superior.(26)

Não há estudos controlados por placebo que demonstrem que o uso rotineiro de

vasopressores durante a paragem cardíaca contribua para aumento da sobrevivência até à alta

hospitalar. No entanto, é recomendado o uso de adrenalina baseado em estudos animais. A

acção alfa-adrenérgica causa vasoconstrição, o que contribui para aumentar a perfusão

cerebral e cardíaca. O maior fluxo coronário melhora a hipótese de restaurar a circulação com

a desfibrilhação. No caso dos anti-arrítmicos, em comparação com placebo(27) e lidocaina,(28) o

uso de amiodarona em FV refractária ao choque melhora a sobrevivência a curto-prazo até à

admissão hospitalar. É recomendada a administração de um bólus de 300mg de amiodarona

após 3 choques ineficazes. Uma segunda dose de 150 mg pode ser dada para FV recorrente ou

refractária, seguida de uma infusão de 900mg ao longo de 24 horas.

Ritmos não desfibrilháveis Dentro dos ritmos não desfibrilháveis temos a actividade eléctrica sem pulso e a assistolia.

A actividade eléctrica sem pulso é definida por actividade eléctrica cardíaca na ausência de

pulsos palpáveis e é frequentemente causada por condições reversíveis que podem ser

identificadas e tratadas. Tanto neste caso como na assistolia, deve-se começar as

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compressões-ventilações e administrar 1mg de adrenalina assim que se obtenha um acesso

intravascular. A assistolia é uma condição exacerbada ou precipitada por excessivo tónus vagal

que pode ser teoricamente revertido por um vagolítico como a atropina. Assim, é

recomendada a administração de 3mg de atropina na assistolia e na actividade eléctrica sem

pulso lenta (<60 bpm).

Sempre que o diagnóstico é de assistolia, deve-se procurar a presença de ondas P no ECG, uma

vez que pode responder a pacing cardíaco. Se houver dúvidas entre assistolia e FV, não deve

ser tentada a desfibrilhação. A RCR de boa qualidade pode melhorar a amplitude e frequência

da FV e melhorar as hipóteses de desfibrilhação com sucesso. Os choques repetidos numa FV

fina, não têm sucesso e aumentam o dano no miocárdio. Durante o tratamento de ritmos não

desfibrilháveis, se estes passarem a desfibrilháveis, deve-se seguir o outro lado do algoritmo

de SAV. Caso contrário, administra-se adrenalina a cada 3-5 minutos.

A duração de qualquer tentativa de reanimação fica ao critério clínico, tendo em consideração

as circunstâncias e a perspectiva de um desfecho favorável.

Abordagem da Via Aérea A obstrução da via aérea pode situar-se a qualquer nível e pode ser parcial ou completa. No

doente inconsciente, o local mais comum é ao nível da faringe.

Figura 6: Causas de obstrução da via aérea

Na obstrução parcial, a entrada de ar está diminuída e ruidosa. Na obstrução completa, há

movimento paradoxal do peito e abdómen, com o peito a comprimir-se e o abdómen a

expandir na inspiração e o contrário a acontecer na expiração.

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Há três manobras que podem melhorar a patência da via aérea obstruída, sendo estas a

hiperextensão da cabeça, elevação do pescoço e protusão da mandíbula. Se houver risco de

lesão da coluna cervical, deve-se combiner a protusão mandibular ou a elevação do queixo

juntamente com a estabilização manual em linha da cabeça e pescoço por um assistente.(29) No

entanto, estabelecer uma via aérea patente é prioritário sobre os receios de potenciais lesões

na coluna cervical. Como adjuvantes para manter a via aérea patente, pode-se recorrer a

dispositivos orofaríngeos ou nasofaríngeos, sendo por vezes essenciais em reanimações

prolongadas. Sempre que possível deve-se dar oxigénio. A máscara standard permite

concentrações de até 50% de oxigénio, enquanto uma máscara com saco reservatório pode

atingir os 85% de concentração a fluxos de 10-15L/min.

A ventilação artificial pode ser dada por ar expirado do reanimador, por saco auto-insuflável

(ambu), ou por ventiladores automáticos. A ventilação por ar expirado apenas contém 16-17%

de oxigénio, sendo necessário substituí-la por outras fontes com maior concentração de

oxigénio. O ambu pode ser ligado a vários dispositivos de ventilação e ventila os pulmões com

ar ambiente. Se necessário, pode ser ligado a uma fonte de oxigénio, aumentado assim a sua

concentração para 45%. Os ventiladores automáticos proporcionam um fluxo constante de ar

para o doente durante a inspiração e normalmente são limitados por pressão para proteger os

pulmões de um possível barotrauma. Inicialmente devem ser configurados para fornecerem

um volume corrente de 6-7mL/kg a 10 respirações/min. Estes proporcionam algumas

vantagens sobre os outros métodos de ventilação como a possibilidade de libertar as mãos do

reanimador para outras tarefas e diminuir o risco de ventilação excessiva.

Como dispositivos alternativos à mascara facial, temos a máscara laríngea e o Combitube. A

mascara laríngea permite uma vedação maior na via aérea, diminuindo assim a insuflação

gástrica e a regurgitação. A ventilação é mais eficiente e mais fácil do que com a máscara e

ambu. Com o duplo lúmen do Combitube a introdução pode ser feita às cegas, uma vez que

permite a ventilação quer o tubo vá para a traqueia ou para o esófago. Com base em estudos

efectuados, o Combitube parece tão seguro e eficaz quanto a entubação traqueal para a

manutenção da via aérea durante a paragem cardíaca. No entanto, é possível efectuar a

ventilação pelo tubo errado, correspondendo a uma entubação do esófago com um tubo

traqueal.(30)

A entubação endotraqueal é reconhecida como o melhor método para manter a via aérea

segura e limpa. Esta só deve ser utilizada por profissionais treinados nesta técnica. Tem a

vantagem de proteger a via aérea de aspiração, proporcionar um volume corrente adequado

com as compressões torácicas, libertar as mãos do reanimador para outras tarefas e permitir a

aspiração de secreções. As desvantagens prendem-se com a colocação errada do tubo no

esófago e com o tempo necessário para realizar a técnica.

Em certos casos, não é possível realizar-se a laringoscopia e entubação, sendo necessário

recorrer à laringoscopia por fibra-óptica, técnica ainda mais difícil de realizar. Profissionais

treinados devem conseguir realizar a entubação traqueal sem necessidade de paragem das

compressões torácicas, com interrupção apenas momentânea aquando da passagem pelas

cordas vocais. Para identificar a correcta colocação do tubo, deve ser observada a expansão

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bilateral do peito, auscultados sons nos campos pulmonares bilateralmente na axila e ausência

de sons no epigastro.

Pode também ser usado um detector de dióxido de carbono exalado. Nos casos em que não é

possível efectuar nenhum destes métodos já descritos, recorre-se à cricotiroidotomia cirúrgica

ou por intermédio de uma agulha.

Arritmias peri-paragem Arritmias cardíacas podem preceder a FV ou seguir-se à desfibrilhação e, como tal, devem ser

identificadas e tratadas de acordo com os algoritmos de tratamento das bradicardias ou das

taquicardias.

Figura 7: Algoritmo das bradicardias

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Figura 8: Algoritmo das taquicardias

Cuidados Pós-reanimação A recuperação da circulação espontânea é só o início da recuperação de uma paragem

cardíaca. É neste período de pós-resuscitação que as intervenções são direccionadas para se

alcançar um estado de funcionamento normal do cérebro sem défices neurológicos, um ritmo

cardíaco estável e uma função hemodinâmica normal. Um dos métodos de diminuição de

défices cerebrais relacionados com lesão de reperfusão é a hipotermia terapêutica ligeira (32-

34ºC).

A hipotermia é definida como a condição em que a temperatura central do corpo baixa do

valor normal de 37ºC. A diminuição da temperatura altera todos os sistemas fisiológicos,

provocando alterações na microcirculação e consequente diminuição da oxigenação tecidular,

levando a stress oxidativo. Apesar dos efeitos nocivos da hipotermia, esta é usada na prática

clínica para proteger contra lesões pós-isquémicas. A hipotermia ligeira melhora a

sobrevivência durante o choque hemorrágico e protege o cérebro hipóxico em episódios de

isquemia cerebral e coronária.

Na conferência de 2005 do ILCOR, o papel da hipotermia moderada como técnica de

melhoramento do estado neurológico dos doentes não ficou totalmente esclarecido para

outros ritmos de paragem que não a FV. Poucos eram os estudos publicados sobre esta

matéria, nessa altura.

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Actualmente, existem já vários estudos sobre esta temática, ainda que sejam necessários mais

para compreendermos ainda melhor o papel da hipotermia.

A hipotermia deve ser induzida até uma temperatura de 32-34ºC e mantida durante 12 a 24h.

O método mais utilizado actualmente é a indução por utilização de 30ml/kg de solução salina a

4ºC e gelo para manutenção da temperatura-alvo durante o período aconselhado.

Ristagno et al. conduziram um estudo com miócitos de ratos para determinar os efeitos da

hipotermia na contractilidade das células cardíacas.(31) Observou-se uma maior contractilidade

do músculo cardíaco quando se reduzia dos 37ºC para os 34ºC antes e após período de

isquemia. A hipotermia levou a uma aumento significativo na dinâmica do Ca2+ intracelular e

da sensibilidade ao Ca2+ extracelular, o que pode explicar a maior contractilidade dos miócitos.

Durante a RCR e após a recuperação de circulação espontânea, normalmente utilizam-se

infusões de fluidos.(32) Jacobshagen et al. estudaram o efeito de infusões de fluidos

intravenosos gelados na função cardiorespiratória em 52 vítimas de paragem cardíaca.(33) A

infusão rápida de fluido gelado estava associada a uma pequena, mas não estatisticamente

significativa, deterioração da oxigenação e da preservação da função miocárdica. Nordmark et

al. estudaram o efeito da infusão de fluidos no volume intravascular usando a ecocardiografia

transtorácica.(34) Apesar da infusão de 30ml/kg de fluidos gelados para induzir a hipotermia,

não foram encontrados valores fora da escala normal. Estes estudos sugerem que estes

doentes toleram grandes volumes de fluidos intravenosos, quando integrados nos cuidados de

pós-reanimação.

A melhor opção para a rápida indução e manutenção da hipotermia terapêutica ainda

permanece por descobrir. Há vários métodos diferentes que os clínicos podem escolher, desde

pacotes de gelo até aos aparelhos mais sofisticados controlados por computador que reduzem

e mantêm a temperatura-alvo.

Um estudo internacional multicêntrico de Howes et al. (2010) utilizou o princípio de

arrefecimento superficial por convecção-imersão em vítimas comatosas de paragem cardíaca

com retorno da circulação espontânea.(35) Este estudo utilizou o sistema ThermoSuit® que

recorre a um chuveiro contínuo de água a 2ºC para induzir rapidamente a hipotermia. Apesar

de não haver grupo de controlo, este estudo demonstrou que se pode atingir a temperatura-

alvo (<34ºC) em pouco mais de meia-hora, a um ritmo de 3ºC/h. Este estudo demonstrou um

aspecto interessante. Uma vez induzida a hipotermia terapêutica até à temperatura desejada,

os doentes mantinham-se na temperatura-alvo mesmo estando exposto ao ar ambiente.

Outros métodos de arrefecimento superficial são simples de implementar, mas têm o

inconveniente de demorar um longo período de tempo (em média 2-8h).(36) A questão

principal é se este método de indução da hipotermia (convecção-imersão) será superior aos

outros métodos e técnicas mais comuns, uma vez que não existiu nenhum grupo controlo

neste estudo.

Heard e tal. (2010) publicaram um ensaio clínico comparando o sistema Arctic Sun® com o

arrefecimento standard por mantas de hipotermia e gelo.(37) Neste estudo ensaio, o sistema

Arctic Sun conseguiu atingir a temperatura de 34ºC uma média de 54min mais rápido que as

mantas de hipotermia e o gelo. No entanto, esta maior rapidez de arrefecimento não se

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repercutiu no melhoramento do estado neurológico, que foi semelhante nos dois grupos. A

relevância clínica da rapidez de arrefecimento, da diminuição das flutuações de temperatura e

do reaquecimento controlado continua incerta. Apesar dos resultados em modelos animais

darem ênfase a estas condicionantes, este estudo não foi capaz de o demonstrar em humanos.

A indução de hipotermia terapêutica pode ser alcançada e mantida recorrendo a infusões

salinas geladas (4ºC) e pacotes de gelo apenas, como foi demonstrado por Larsson et al.

(2010).(38) Neste estudo, utilizando em média 42ml/kg de solução salina gelada e pacotes de

gelo, a temperatura-alvo de 32-34ªC foi atingida, em média, 3,4h após o início da indução da

hipotermia. Este método foi também eficaz no controlo do reaquecimento.

A escolha do melhor método de indução de hipotermia terapêutica é determinada pelas

vantagens e desvantagens do método em questão. Por vezes, a melhor opção é usar uma

combinação de vários métodos para se conseguir uma rápida indução e controlo apertado da

temperatura, essenciais a um resultado neurológico favorável.

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