Reality shows
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Escola secundária de penafiel
Reality Shows
Argumentos a favor
Entretenimento;
Argumentos contra
Conclusões
Em conclusão, tal como referiu Baudrillard em 2001, o século XX presenciou toda a sorte de crimes: Auschwitz, Hiroshima e genocídios, mas o único e verdadeiro crime perfeito foi a queda do homem na banalidade, violência mortífera, que, justamente pela indiferença e pela monotonia, é a forma mais sutil de exterminação. Vivemos hoje numa sociedade que mistura todos num imenso ser indivisível, em total promiscuidade. Segundo o mesmo, o Big Brother (e programas do género) é o espelho e o desastre de toda uma sociedade presa da insignificância que se curva diante da sua própria banalidade. É uma farsa integral, uma imagem reflexa da sua própria realidade. Para o autor, a audiência é grande graças à debilidade e nulidade do espetáculo: ou as pessoas assistem porque ali se reconhecem e/ ou assistem para se sentirem menos idiotas que os protagonistas.
Tal como disse Novaes (1996), somos atraídos pelo fútil, pela curiosidade ávida de sensacionalismo e pela excitação banal, deixando de lado a nossa potência de pensar e agir. Os "reality shows" proporcionam-nos tudo isso, adormecendo a nossa capacidade crítica já tão abalada pela alienação das nossas consciências.
Reafirmando essas colocações, pode-se dizer que, num estilo "fast food", engolimos as ações-reações de personagens vazios, que lutam cegamente por sua sobrevivência individual.
Consumimos a exposição de pessoas que, ávidas por se exibirem e ganharem fama, ainda que fugaz, submetem-se à superexposição. O narcisismo explícito promove o aparecimento de relações imaturas, permeadas pela escotomização (que é, por outras palavras, o
mecanismo de exclusão inconsciente através do qual o sujeito suprime momentos desagradáveis ou situações traumáticas da memória) e pela negação das experiências emocionais mais profundas.
Enquanto espectadores, também retornamos a um funcionamento psíquico primitivo, na medida em que ter acesso à vida de outras pessoas em tempo integral confere-nos a realização da omnipresença, da omnipotência e da omnisciência, qualidades essas inerentes às experiências emocionais dos bebês, que mimetizam os atributos imanentes dos deuses. Se, na infância, encarnamos os super-heróis com os seus ilimitados poderes, nesse momento, tornamo-nos os "super-espectadores", que realizam o desejo de participar em tudo, negando a exclusão e o limite.
Segundo Gullo (2004), os "reality shows" são a versão moderna dos grandes circos romanos. Exploram a necessidade do ser humano de ver e participar dos problemas alheios, movido pela sua incessante curiosidade, muitas vezes mórbida. Para o autor, quando o quotidiano é retratado nesses programas, torna-se uma farsa, porque tudo é programado, planejado e racionalizado: "o reality show" é o mais baixo nível do quotidiano, mostrado com tecnologia altamente elaborada com o objetivo de captar o telespectador para interesses da produção que visam ao lucro"
O prazer de assistir também advém da crença de que o outro vive o drama da sobrevivência no nosso lugar: tornamo-nos ingênuos e infantis, por um lado, e sádicos e triunfantes, por outro.
Diante do que foi dito, tais programas são retratos fiéis do mundo em que vivemos. A morte do sujeito, a fugacidade das experiências, a desvalorização da história e o culto à imagem são difundidos sem crítica ou reflexão.
O sucesso do "Big Brother" confirma a volatilidade da experiência humana pós-moderna: não queremos sentir, pensar ou agir, abdicamos da angústia existencial para que outros, nem atores e nem personagens, vivam por nós, hipomaniacamente, o que restou do verdadeiro e profundo sentido da nossa existência.
A subjetividade desvalorizada e satirizada é substituída pela superficialidade do real in natura, em que a imagem é soberana.
Portanto, a função desse tipo de programa é aprofundar a alienação, impedindo os processos de pensamento crítico. Para isso, mobilizam-se aspectos primitivos do psiquismo humano através da sedução do espectador, ou seja, acreditando-se poderoso e capaz de decidir o destino dos participantes, o público deixa-se levar pela imagem narcísica refletida na tela. O prazer advém do triunfo e da omnipotência, o que acaba por criar um ciclo vicioso de consumo e audiência.
Herbert Thomas Luckmann “Não podemos esquecer-nos que uma emissora de televisão é uma empresa, que visa ao lucro. Os jogos, que atribuem ser parte da vida real, são apenas mais um aspeto diante da péssima qualidade da programação da televisão.”
Jorge Forbes: “Com a globalização, as pessoas não sabem como agir, não têm um claro padrão de comportamento, perderam os limites, o que gerou uma crise de identidade. As pessoas querem ver como as pessoas se viram na vida diante de uma série de adversidades.”
Coordenadora pedagógica do Colégio Santa Maria, Tiyomi Misawa: “O nível dos programas é muito baixo. Não só pela ausência de informações como pelos conceitos que transmitem aos jovens. Dois aspetos chamam a atenção e procuramos trabalhar com os alunos: a competição desleal e a exclusão.”
Maria Abgail de Souza: “Os adolescentes procuram modelos, a adolescência por essa razão é uma fase delicada.”
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932006000200003&script=sci_arttext