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1 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL SUMÁRIO 1. Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agrope- cuária nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a modernização da eco- nomia goiana, as transformações econômicas com a construção de Goiâ- nia e Brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento..........4/5/7/9 2. Modernização da agricultura e urbanização do território goiano..............11 3. População goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade demográfica...........................................................................................3/14 4. Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comu- nicação......................................................................................................14 5. As regiões goianas e as desigualdades regionais......................................16 6. Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e rele- vo.................................................................................................................3 7. Aspectos da história política de Goiás: a independência em Goiás, o coro- nelismo na República Velha, as oligarquias, a Revolução de 1930, a ad- ministração política de 1930 até os dias atuais.........................................16 8. Aspectos da História Social de Goiás: o povoamento branco, os grupos indígenas, a escravidão e cultura negra, os movimentos sociais no campo e a cultura popular .....................................................................................21 9. Atualidades econômicas, políticas e sociais do Brasil, especialmente do Estado de Goiás.........................................................................................22

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL

HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL

POLÍTICA E ECONÔMICA DO

ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL

SUMÁRIO 1. Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agrope-

cuária nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a modernização da eco-

nomia goiana, as transformações econômicas com a construção de Goiâ-

nia e Brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento..........4/5/7/9

2. Modernização da agricultura e urbanização do território goiano..............11

3. População goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade

demográfica...........................................................................................3/14

4. Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comu-

nicação......................................................................................................14

5. As regiões goianas e as desigualdades regionais......................................16

6. Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e rele-

vo.................................................................................................................3

7. Aspectos da história política de Goiás: a independência em Goiás, o coro-

nelismo na República Velha, as oligarquias, a Revolução de 1930, a ad-

ministração política de 1930 até os dias atuais.........................................16

8. Aspectos da História Social de Goiás: o povoamento branco, os grupos

indígenas, a escravidão e cultura negra, os movimentos sociais no campo

e a cultura popular.....................................................................................21

9. Atualidades econômicas, políticas e sociais do Brasil, especialmente do

Estado de Goiás.........................................................................................22

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA,

GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-

NÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS.

1. ASPECTOS GERAIS

O Estado de Goiás, situado a Leste da Região Cen-

tro-Oeste, possui uma área de 340.103.467 km², corres-

pondendo 3,99% da área do território nacional e 21,17%

da área da Região Centro-Oeste, sendo assim o segundo

maior estado da região. Tem como Capital a cidade de

Goiânia.

De acordo com o censo 2010, realizado pelo IBGE, a

população do Estado está assim distribuída:

Total: 6.003.788 habitantes

Homens: 2.981.542

Mulheres: 3.022.503

Urbana: 5.421.069

Rural: 582.976

Densidade demográfica: 17,65 hab/km²

Fonte: IBGE 2012

O Estado encontra-se subdividido em 246 municí-

pios, 18 microrregiões e 5 mesorregiões.

Tem como limites geográficos:

ao Norte: o Estado do Tocantins;

a Leste: o Estado da Bahia;

a Leste e Sudeste: o Estado de Minas Gerais;

ao Sul com os Estados de Minas Gerais e Mato

Grosso do Sul;

a Sudoeste: o Estado de Mato Grosso do Sul;

a Oeste: o Estado de Mato Grosso.

Dentro do polígono geográfico do seu território en-

contra-se o Distrito Federal.

Goiás

Principal estado da região Centro-Oeste, com uma

superfície de 340.103.467 km², o estado de Goiás limita-

se ao norte com o estado de Tocantins; a leste com a Ba-

hia e Minas Gerais; ao sul com Mato Grosso do Sul e

Minas Gerais; e a oeste com Mato Grosso. Sua capital é

Goiânia. Em seu território encontra-se encravado o Dis-

trito Federal.

2. ASPECTOS FÍSICOS

Geologia e relevo.

A maior parte do território goiano se caracteriza pelo

relevo suave das chapadas e chapadões, entre 200 e

1.200 m de altitude. Consistem de grandes superfícies

aplainadas, talhadas em rochas cristalinas e sedimenta-

res. Cinco unidades compõem o quadro morfológico

goiano:

o alto planalto cristalino;

o planalto cristalino do rio Araguaia-Tocantins;

o planalto sedimentar do São Francisco;

o planalto sedimentar do Paraná; e

a planície aluvial do médio Araguaia.

O alto planalto cristalino situa-se na porção leste de

Goiás. Com mais de mil metros de altitude em alguns

pontos, forma o divisor de águas entre as bacias do Para-

naíba e do Tocantins. É a mais elevada unidade de relevo

de toda a região Centro-Oeste. O planalto cristalino do

Araguaia-Tocantins ocupa o norte do estado. Tem altitu-

des mais reduzidas, em geral de 300 a 600 m. O planalto

sedimentar do São Francisco, representada pela serra Ge-

ral de Goiás (no passado dito “Espigão Mestre”), vasto

chapadão arenítico, caracteriza a região nordeste do es-

tado, na região limítrofe com a Bahia. O planalto sedi-

mentar do Paraná, extremo sudoeste do estado, é consti-

tuído por camadas sedimentares e basálticas ligeiramente

inclinadas, de que resulta um relevo de grandes planuras

escalonadas. A planície aluvial do médio Araguaia, na

região limítrofe de Goiás e Mato Grosso, tem o caráter

de ampla planície de inundação, sujeita a deposição pe-

riódica de aluviões.

Clima

Dois tipos climáticos caracterizam o estado de Goiás:

o tropical, com verões chuvosos e invernos secos; e o

tropical de altitude. O primeiro domina a maior parte do

estado. As temperaturas médias anuais variam entre

23ºC, ao norte, e 20ºC, ao sul. Os totais pluviométricos

oscilam entre 1.800 mm, a oeste, e 1.500 mm, a leste,

com forte contraste entre os meses de inverno, secos, e

os de verão, chuvosos.

O clima tropical de altitude aparece apenas na região

do alto planalto cristalino (área de Anápolis, Goiânia e

Distrito Federal), onde, por efeito da maior altitude, se

registram temperaturas em geral mais baixas, embora o

regime pluvial conserve a mesma oposição entre as esta-

ções chuvosa de verão e seca de inverno.

Hidrografia

A rede hidrográfica divide-se em duas bacias: uma

delas é formada pelos rios que drenam para o rio Paraná;

a outra, pelos que escoam para o Tocantins ou para seu

afluente, o Araguaia. O divisor de águas entre as duas

bacias passa pelo centro do estado e o atravessa de leste

a oeste. O limite oriental de Goiás segue o divisor de

águas entre as bacias dos rios Tocantins e São Francisco

e o divisor de águas entre as bacias do Tocantins e do Pa-

ranaíba. Todos os rios apresentam regime tropical, com

cheias no semestre de verão, estação chuvosa.

Flora e fauna

A maior parte do território de Goiás é recoberta por

vegetação característica do cerrado. As matas, embora

pouco desenvolvidas espacialmente, têm grande impor-

tância econômica para o estado, de vez que constituem

as áreas preferidas para a agricultura, em virtude da mai-

or fertilidade do solo, em comparação com os solos do

cerrado.

A principal mancha florestal do estado se encontra no

centro-norte, na região chamada do Mato Grosso de Goi-

ás, situada a oeste de Anápolis e Goiânia. Essa área flo-

restal é de grande relevância econômica porque apresen-

ta solos férteis, derivados de rochas efusivas. Entre as

espécies vegetais predominantes estão o jatobá, a pal-

meira guariroba, que fornece um palmito amargo muito

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apreciado no estado, o óleo vermelho, ou copaíba, o ja-

carandá e a canela.

Outras manchas florestais ocorrem nos vales dos rios

Paranaíba, ao sul; Tocantins, a leste; e Araguaia, a oeste.

Boa parte dessas matas, especialmente no vale do rio

Araguaia, assume uma forma de transição entre o cerra-

do e a floresta denominada cerradão. Ocorrem aí espé-

cies arbóreas freqüentes na área do Mato Grosso de Goi-

ás e outras, como o angico, a aroeira e a sucupira-

vermelha. Nas áreas dominadas pelo cerrado ocorrem as

espécies típicas: lixeira, lobeira, pau-terra, pequi, pau-de-

colher-de-vaqueiro, pau-de-santo, barbatimão, quineira-

branca e mangabeira.

A fauna de Goiás tem diversas espécies ameaçadas

de extinção, quer pela ação predatória dos caçadores,

quer pelas queimadas e pelo envenenamento do solo com

agrotóxicos. Estão entre elas o lobo-guará, o cachorro-

do-mato-vinagre, o tamanduá-bandeira, o veado-

campeiro, o tatu-canastra, a ariranha e o cervo. Outras

espécies são a paca, a anta, o tatu-peludo, o tatu-galinha,

o tamanduá-mirim, a lontra, o cachorro-do-mato, a rapo-

sa-do-campo, a capivara, a onça, a suçuarana, a onça-

pintada, o bugio, a jaguatirica e diversos tipos de serpen-

tes, como a sucuri e a jibóia. Também entre as aves há

espécies em extinção, como o tucano-rei, o urubu-rei e

a arara-canindé. Há ainda várias espécies de tucanos e

araras, além de perdizes, emas, codornas, patos-

selvagens, pombas-de-bando, pombas-trocazes, jaós,

mutuns e seriemas.

População

A região Centro-Oeste caracteriza-se pela baixa con-

centração demográfica. No entanto, a partir da implanta-

ção de Brasília e da descoberta dos cerrados como nova

fronteira econômica, em etapas diferentes, dirigiram-se

para Goiás grandes fluxos de migrantes, sobretudo das

cidades muito populosas ou das regiões mais pobres do

país, em busca de ocupação ou de novas opções de vida.

A ocupação de mão-de-obra na montagem da infra-

estrutura do estado – rodovias e hidrelétricas – e na ins-

talação de novas indústrias permitiu que essa ocupação

se desse de maneira mais organizada, sem formar os bol-

sões de miséria e de populações marginais típicos das

grandes capitais brasileiras. Com o desmembramento

que deu origem ao estado de Tocantins, em 1988, a po-

pulação de Goiás reduziu-se, mas manteve suas taxas de

crescimento e de densidade demográfica. Verifica-se

maior concentração populacional na região central do es-

tado, a oeste do Distrito Federal.

A palavra Goiás, originada do tupi, que designa a no-

ção de “pessoas iguais, da mesma raça, parentes”, bem

se aplica à solidariedade e ao espírito comunitário do po-

vo goiano, comprovados pelas obras sociais abundantes

em praticamente todas as cidades do estado, destinadas a

socorrer a população carente.

3. FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A

MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII, A AGROPE-

CUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX, A ESTRADA

DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONO-

MIA GOIANA, AS TRANSFORMAÇÕES ECO-

NÔMICAS COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA

E BRASÍLIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, INFRAES-

TRUTURA E PLANEJAMENTO.

3.1. FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A

MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII, A AGROPE-

CUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX,

O Brasil constitui-se, no período colonial, em colônia

de exploração, ou seja, sua organização econômica visa-

va abastecer o mercado da metrópole e seus interesses.

Desde cedo nossa economia se baseou no tripé: Lati-

fúndio, monocultura e escravidão negra.

A economia então se caracterizava por ciclos econô-

micos: primeiro o do pau-brasil, seguindo-se o do açúcar

e depois o do ouro. Imperava o pacto colonial – espécie

de acordo implícito entre metrópole e colônia – que ti-

nha, como regra, que a colônia produziria o que a metró-

pole necessitava e nunca concorreria com a metrópole,

isso facilitava o processo de acumulação de capital e tor-

nava a economia brasileira complementar.

A base política fundamentou-se na centralização ad-

ministrativa, primeiro com as Capitanias Hereditárias e

depois com a implantação do Governo Geral, que acabou

por consolidar o pacto colonial, já que não promovia a

autonomia da colônia.

Durante os séculos XVI e XVII, as regiões interiora-

nas do país permaneceram quase no esquecimento. O li-

toral produzia o açúcar devido ao seu clima e solo propí-

cios e facilitava o transporte da mercadoria. O açúcar ti-

nha mercado consumidor garantido e tornou-se nosso

principal produto de exportação.

O declínio do açúcar se deu depois da invasão holan-

desa, quando os holandeses começaram a produzir nas

Antilhas e nosso produto perder mercado, mas para Por-

tugal a descoberta do ouro veio substituir em bom tempo

o produto perdido.

A conquista do interior se deu através das bandeiras –

expedições organizadas por particulares que desbrava-

vam o interior a procura de ouro, negros fugitivos e ín-

dios para escravizar.

A fase de conquista do território de Goiás ocorreu no

contexto do ciclo do ouro onde se desenvolveram ban-

deiras para verificar as reais possibilidades econômicas

da região.

A época do ouro em Goiás foi intensa e breve. Após

50 anos do seu início, verificou-se a decadência rápida e

completa da mineração. Por outro lado, só se explorou o

ouro de aluvião e a técnica empregada foi rudimentar.

Com o descobrimento do ouro no Brasil (século

XVII), os territórios das minas deveriam dedicar-se ex-

clusivamente à produção de ouro, sem desviar esforços

na produção de outros bens, que poderiam importar. Isto

explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuá-

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ria em Goiás nesta época. Goiás foi o segundo produtor

de ouro no Brasil, mas bastante inferior a Minas Gerais.

A maior concentração aurífera deu-se em torno das ser-

ras dos Pirineus e Dourada.

Em Goiás o ouro era explorado superficialmente,

sem nenhuma especialização. Viver aqui neste período

era muito arriscado em razão dos altos preços dos produ-

tos, todos importados, inclusive o escravo. Duas formas

principais de imposto eram cobradas: a capitação e o

quinto (imposto equivalente a 20% da produção).

Havia duas casas de fundição na Capitania de Goiás,

uma em Vila Boa e outra em São Félix (as casas de fun-

dição foram criadas para evitar o contrabando, já que

fundiam o ouro em barra, tirando os impostos. Só ouro

em barra poderia circular na colônia).

Goiás foi "descoberto" pelos paulistas que desceram

os rios procurando novos veios e era um terreno perten-

cente à capitania de São Paulo, até 1749, quando tornou-

se capitania independente, sendo dirigida pelo então go-

vernador e capitão geral, Conde dos Arcos.

A sociedade que se estrutura nas minas é caracteriza-

da pelo relaxamento dos costumes e pelos fugitivos por

dívidas ou por passado criminal que ali se refugiam. Os

casamentos são raros, predominam as ligações livres. O

grande número de escravos e a falta de mulheres brancas

conduzem à uma natural miscigenação com as negras.

Assim os brancos representam uma minoria no contexto

populacional. É proibido o casamento entre brancos e in-

dígenas, impedindo assim uma maior miscigenação.

A distinção fundamental era de homens livres e es-

cravos. No início da colonização, os escravos predomi-

navam em número, com a decadência da mineração, os

escravos diminuíram bastante, mas ainda assim a popu-

lação continuava composta por negros e mulatos na sua

maioria.

Ao tempo da descoberta, eram numerosas as tribos de

índios em Goiás, cobrindo todo o seu território. As mais

importantes eram: Caiapós, Xavante, Goiá, Crixá, Cara-

já, Acroa, Xerente, etc.

Durante o período da mineração, as relações entre ín-

dios e mineiros foram exclusivamente guerreiras e de

mútuo extermínio, onde os índios permaneciam à mar-

gem da sociedade sob todos os aspectos.

Atualmente a população indígena está reduzida ape-

nas a alguns grupos remanescentes, que vivem na misé-

ria, sofrendo alterações profundas na sua cultura, modo

de produção, além de perderem quase totalmente as suas

terras.

A inexistência de uma agricultura capaz de acompa-

nhar o rápido crescimento populacional da região e o di-

fícil transporte de suprimentos de outras regiões do país,

levaram a um extraordinário aumento dos preços dos gê-

neros alimentícios e a surtos periódicos de fome.

A decadência da mineração em Goiás se deu devido a

um conjunto de fatores:

as técnicas utilizadas eram rudimentares;

havia uma carência de mão-de-obra escrava;

a administração local era ineficiente;

os interesses escusos do governo central;

o esgotamento das minas de superfície.

Ao se evidenciar a decadência do ouro, várias medi-

das administrativas foram tomadas, mas sem alcançar

nenhum objetivo, nem resultado satisfatório.

A economia do ouro afetou a sociedade goiana, so-

bretudo na forma de ruralização e regressão a uma eco-

nomia de subsistência. Algumas consequências da deca-

dência da mineração:

diminuição da importação e comércio exteri-

or;

diminuição dos impostos e da mão-de-obra

empregada;

redução do comércio interno;

economia em regressão;

ruralização progressiva;

estagnação de cidades e vilas.

O desenvolvimento da agricultura torna-se necessá-

rio, não só para abastecer o mercado interno, mas tam-

bém como veículo de intensificação do comércio exter-

no.

Da instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro à

independência (1808-1822), a política geral delineia-se

rumo à integração e valorização dos domínios portugue-

ses: objetiva-se desenvolver as capitanias do Centro-

Oeste através da programação do aproveitamento técnico

das vias fluviais, das técnicas agropastoris e da pacifica-

ção do indígena como mão-de-obra.

Novo surto territorial se processa, determinado por

algumas novas descobertas agrícolas, progresso da pecu-

ária e pela necessidade de conter o indígena. Fracassam

as sucessivas tentativas de incremento da atividade mer-

cantil, seja pela carência de capital, seja pelas dificulda-

des geográficas ou pela natureza dos produtos, que não

atraem comerciantes mais interessados.

No Período monárquico busca-se uma solução para

os problemas financeiros e a pacificação social. A pecuá-

ria passa a representar o sustentáculo econômico da pro-

víncia, motivando novas migrações para o centro-oeste:

baianos, maranhenses, piauienses, mineiros e paulistas.

Desenvolve-se a indústria de couros. A província terá um

lento progresso, que não chega a representar dinamiza-

ção em sentido global.

Os fatores responsáveis pelo desenvolvimento da pe-

cuária em Goiás foram:

a província contava com terras devolutas e pasta-

gens nativas;

a atividade absorvia pouca força de trabalho;

o dispêndio do capital fixo era pequeno, pois a ex-

pansão do rebanho se fazia de através do processo natu-

ral de reprodução;

o gado era uma mercadoria capaz de transportar-se

a si mesma.

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3.2. A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FER-

RO DE GOIÁS E SUA IMPORTÂNCIA

As primeiras manifestações contundentes em favor

de dotar o Estado de Goiás de um meio de transporte fer-

roviário, à altura das necessidades locais, aconteceram,

na verdade, em 1890. O Decreto n. 862 de 16/10/1890

concretizou o primeiro Plano Ferroviário com as rotas a

serem construídas.

Em 1896, o Triângulo Mineiro recebeu os trilhos da

Estrada de Ferro Mogiana, ficando acertado que a cidade

de Araguari seria a sede do que anos depois viria a ser a

“Goiás”, facilitando-se a integração econômica entre os

estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Assim, a

Cia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação foi uma

das componentes da malha ferroviária estendida na regi-

ão do Triângulo Mineiro, ainda nos últimos anos do sé-

culo passado (1896). Dentro de outro processo e após di-

vergências políticas, foi determinado, pelo Decreto n.

5.394, de 18/10/1904, que o ponto inicial daquela que

viria a ser, então, a Estrada de Ferro Goiás, seria na cida-

de de Araguari e, o seu terminal, na capital de Goiás.

Para Goiás, a presença da Estrada de Ferro em seu

solo é também o resultado de um grande esforço feito

por alguns representantes da classe política e intelectual

da região. Todavia, é preciso assinalar que a ferrovia cor-

tava o cerrado goiano em função dos interesses do siste-

ma capitalista de produção, ou seja, ela nasceu de fora

para dentro do estado. Nesse sentido, os principais apoi-

adores políticos locais foram os Srs.

Henrique Silva, Leopoldo de Bulhões e o Marechal

Urbano Coelho de Gouvea. A formação da Companhia

Estrada de Ferro Goiás, em 3 de março de 1906, tinha

caráter privado e era apoiada pelo Governo Federal, pelo

Decreto n. 5.949, do então Presidente da República, Ro-

drigues Alves. A Estrada de Ferro surgiu como uma al-

ternativa para romper o estrangulamento da economia

goiana quanto à sua demanda por um meio de transporte

que viesse atender as necessidades de escoamento de sua

produção. Em 28 de março de 1906, a Estrada recebeu

esse nome – Estrada de Ferro Goiás – através do Decreto

Federal n. 5.949, pois até então ela se denominava Estra-

da de Ferro Alto Tocantins, autorizada para construir e

explorar o trecho de Catalão a Palmas, objetivando ligar,

então, a capital de Goiás a Cubatão, e estas à Rede Fer-

roviária do país.

Os trabalhados de construção da Estrada de Ferro

Goiás, em solo goiano, tiveram início em 27 de maio de

1911, dois anos após o começo da implantação do trecho

localizado na cidade de Araguari, no marco zero da fer-

rovia. Já em 1912, as obras avançaram 80 quilômetros,

chegando, dessa cidade mineira, muito próximas à cida-

de goiana de Goiandira. Em função de problemas de ca-

ráter financeiro e administrativo, a Companhia Estrada

de Ferro Goiás, por meio do Decreto n.13.936 de

05/01/1930, obteve concessão para explorar os serviços

ferroviários no Triângulo Mineiro e em Goiás, passando

sua administração à União, a qual levou adiante todas as

obras de construção. Assim, a Linha Araguari – Ronca-

dor, com 234 km de extensão, formou a nova Estrada de

Ferro Goiás.

Até 1952, a “Goiás”, percorria com os seus trilhos,

aproximadamente, 480 km, chegando ao seu ponto mais

distante em Goiânia. No total, 30 estações serviam à Es-

trada, onde se destacavam as de Araguari, Amanhece,

Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com

a Rede Mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Enge-

nheiro Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, Aná-

polis e Goiânia.

Ao discorrer a respeito das alterações no comércio

regional, provocadas pela chegada dos trilhos da estrada

em território goiano, fica evidenciado o seu importante

papel econômico. As cidades de Goiás, servidas pelos

trilhos, substituíram Araguari no domínio da economia

local, tornando-se significativos centros comerciais do

estado e controlando, assim, o comércio regional. Ara-

guari, que passara a dominar o comércio do estado a par-

tir de 1896, é alcançada pelos trilhos da Mogiana, mas

depois de 1915 perdeu grande parte deste domínio para

as cidades do sudeste goiano.

Atualmente, o território goiano é servido por 685 km

de trilhos, pertencentes à Ferrovia Centro-Atlântica

(FCA), subsidiária da VALE e sucessora da antiga Estra-

da de Ferro Goiás e da Rede Ferroviária Federal. Essa

concessionária ferroviária percorre com seus trilhos a re-

gião sudeste do estado, passando por Catalão, Ipameri,

Leopoldo de Bulhões, chegando até Anápolis, Senador

Canedo e indo até a Capital Federal. A Centro-Atlântica

promove o escoamento de boa parte da produção eco-

nômica goiana, embora tenha sua capacidade de trans-

porte limitada. A Ferrovia Centro-Atlântica, em seus

7.080 km de linhas, abrange os estados de Sergipe, Ba-

hia, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais

e o Distrito Federal. A FCA interliga-se as principais fer-

rovias brasileiras e os importantes portos marítimos de

Salvador (BA), Aratu (BA) e Angra dos Reis (RJ), além

de Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), no Rio São Francis-

co. A frota atual compõe-se, aproximadamente, de

12.000 vagões e 500 locomotivas.

Os principais produtos transportados pela FCA são

álcool, derivados de petróleo, calcário, produtos siderúr-

gicos, soja, farelo de soja, concreto, bauxita, ferro gusa,

clinquer, fosfato, cal e produtos petroquímicos. A FCA

tornou-se uma concessionária do transporte ferroviário

de cargas em setembro de 1996, a partir do processo de

desestatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).

Em Goiás o transporte rodoviário é o responsável pe-

lo volume mais expressivo de cargas, contando com uma

malha de 89.000 km onde, aproximadamente 11.400 km

são pavimentados. Em face desse total de vias, os trilhos

representam menos de 1%, o que demonstra a pouca ex-

pressão que as ferrovias têm em Goiás, embora seja re-

conhecida a sua importância para o crescimento e o es-

coamento da produção da economia local. Por se tratar

de um meio de transporte com um custo de operação in-

ferior ao transporte rodoviário, a ferrovia proporciona

um significativo ganho comercial para os produtos de

Goiás, tornando-os mais competitivos tanto no mercado

interno como no externo.

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

Quanto ao histórico da Ferrovia Norte-Sul, desde

1985, no Governo do Presidente José Sarney, a ideia bá-

sica era construir uma ferrovia ligando os Estados do

Maranhão, Tocantins e Goiás; o seu traçado inicial pre-

via a construção de 1.550 km. Entre inícios e paralisa-

ções da obra, já se passaram mais de 16 anos. Todo esse

quadro de incerteza provocou um prejuízo ao processo

de desenvolvimento das regiões envolvidas, pois a faci-

lidade de escoamento de suas produções, especialmente

a do agronegócio, a um custo menor irá resultar em sig-

nificativos ganhos de competitividade, tornando esses

produtos atrativos no mercado doméstico e no mercado

internacional. Com a Lei n. 11.297 de 09/05/2006, a Pre-

sidência da República incorporou o trecho Açailândia –

Belém (norte do Maranhão e o Estado do Pará) e poste-

riormente os trechos Anápolis – Estrela D´Oeste (Estado

de São Paulo) e Figueirópolis – Ilhéus (leste do Tocan-

tins e Estado da Bahia).

A Ferrovia Norte-Sul foi projetada para promover a

integração nacional, minimizando custos de transporte de

longa distância e interligando as regiões Norte e Nordes-

te às Sul e Sudeste, através das suas conexões com 5.000

km de ferrovias privadas. A integração ferroviária das

regiões brasileiras é o grande agente uniformizador do

crescimento autossustentável do país na medida em que

possibilitará a ocupação econômica e social do cerrado

brasileiro com uma área de, aproximadamente, 1,8 mi-

lhões de quilômetros, correspondendo a 21,84% da área

territorial do país, onde vivem 16% da população brasi-

leira, ao oferecer uma logística adequada à concretização

do potencial de desenvolvimento dessa região, fortale-

cendo a infraestrutura de transporte necessária ao escoa-

mento da sua produção agropecuária e agroindustrial do

cerrado setentrional brasileiro.

Inúmeros benefícios sociais estão surgindo com a

Ferrovia Norte-Sul. A articulação de diferentes ramos de

negócios proporcionada por sua implantação contribuirá

para o aumento da renda interna e para o aproveitamento

e melhor distribuição da riqueza nacional, a geração de

divisas e abertura de novas frentes de trabalho, permitin-

do a diminuição de desequilíbrios econômicos entre re-

giões e pessoas, resultando na melhoria significativa da

qualidade de vida da população da região.

A Ferrovia Norte-Sul é uma Concessão outorgada à

VALEC-Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., em-

presa controlada pela União e supervisionada pelo Mi-

nistério dos Transportes. O primeiro trecho da Norte-Sul

já está concluído e em operação comercial. Esses 226 km

de linha ferroviária, ligando as cidades maranhenses de

Açailândia, Imperatriz e Estreito, se conectam com a Es-

trada de Ferro

A Ferrovia Norte-Sul é uma Concessão outorgada à

VALEC-Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., em-

presa controlada pela União e supervisionada pelo Mi-

nistério dos Transportes. O primeiro trecho da Norte-Sul

já está concluído e em operação comercial. Esses 226 km

de linha ferroviária, ligando as cidades maranhenses de

Açailândia, Imperatriz e Estreito, se conectam com a Es-

trada de Ferro Carajás, permitindo assim o acesso ao

Porto de Itaqui na Ponta da Madeira em São Luiz. O sub-

trecho seguinte entre Estreito (MA), Guaraí e Palmas, no

Estado do Tocantins, com 570 km de extensão também

está concluído e concedido à VALE.

O subtrecho entre Palmas e Anápolis perfazendo 750

km, passando por Gurupi (TO), Porangatu, Uruaçu, Jara-

guá e Ouro Verde de Goiás, no Estado de Goiás, deverá

ser concluído em abril de 2012. As obras já foram inicia-

das na Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul, entre Ouro

Verde de Goiás e Estrela D´Oeste, com 600 km de exten-

são, e na Ferrovia de Integração Oeste – Leste, entre

Ilhéus e Correntina, perfazendo 700 km de extensão.

Em Goiás a Ferrovia Norte-Sul terá 540 km de exten-

são. Com os trilhos dessa estrada, será possível trazer pa-

ra o estado os mesmos benefícios socioeconômicos já

gerados no Maranhão, como, por exemplo, a criação de

emprego, diretos e indiretos, a promoção do desenvol-

vimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida

das populações locais, além de integrar as diversas regi-

ões goianas ao seu processo de desenvolvimento regio-

nal.

Podemos concluir este breve histórico indicando que

o nascimento da Estrada de Ferro Goiás serviu aos inte-

resses e desejos dos goianos que tiveram, nessa ferrovia,

um dos alicerces para os seus processos de crescimento.

Os trilhos colaboram para o aumento significativo da

produção econômica das regiões, expandindo suas rela-

ções comerciais, por meio de um forte incremento nas

importações e exportações. Contudo, esta Estrada nas-

ceu de fora para dentro, inteiramente identificada com o

sistema capitalista de produção, fruto, então, da divisão

internacional do trabalho.

Agora, passados quase 100 anos da chegada dos tri-

lhos em Goiás, a Ferrovia Centro-Atlântica, em operação

no território goiano e a Ferrovia Norte-Sul, em fase de

construção, continuam sendo alternativas viáveis de

transportes eficientes e de baixos custos de operação,

quando comparados com o rodoviário. Portanto, na me-

dida em que colaboram para a maior competitividade do

agronegócio local, as ferrovias tornam-se imprescindí-

veis, sendo de expressivo significado para as melhorias

nas relações comerciais, internas e externas, e para a so-

lidez da economia goiana como um todo. Compete aos

goianos, principalmente através das sociedades de clas-

ses e de seus representantes políticos, lutarem para o for-

talecimento desse modelo de transporte, pois, assim, es-

tarão dando passos firmes na direção do desenvolvimen-

to econômico e social da região do planalto central.

3.3. MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA GOIA-

NA

Ao longo do tempo, Goiás passou por transformações

significativas no que se refere a sua estrutura social e

econômica. Contudo, em nenhum momento de sua histó-

ria, desde o inicio da mineração no século XVIII, as mu-

danças foram tão intensas quanto nas três últimas déca-

das do século passado e neste começo de milênio. Neste

período o estado se tornou urbano e alcançou os primei-

ros lugares nos índices de urbanização do país. E em

Page 8: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

consequência disso surgiram diversos problemas sociais

e ambientais.

Segundo Arrais (2006):

Na genealogia do território goiano a década de

1970 aparece em destaque nas abordagens econômi-

cas e geográficas. Esse fato justifica-se, em certa

medida, pela observação dos resultados do censo

demográfico que apontou uma inversão no padrão

de localização e, por consequência, distribuição das

densidades demográficas e técnicas no território

goiano.

Tudo isso se deu no decorrer da modernização agrí-

cola gerada pela chegada das inovações da Revolução

Verde em nosso país por volta da década de 1960, atin-

gindo o nosso estado no início da de 1970, que mudou o

modelo de apropriação do espaço e, consequentemente, a

dinâmica econômica e territorial de Goiás.

Desde então, o estado tem recebido ainda mais imi-

grantes vindos de diversas unidades da federação brasi-

leira, de outras regiões ou do próprio Centro-Oeste, as-

sim como tem se intensificado as migrações internas no

sentido rural-urbano. Com isso tem se tornado claras as

mudanças do padrão populacional estadual, de majorita-

riamente rural – sertanejo, caipira, etc. – a majoritaria-

mente urbano, “moderno”, interligado à dinâmica eco-

nômica do capitalismo globalizado – verticalizado.

A chegada da soja, por volta de 1975, em Rio Verde,

seguida pela chegada da cana-de-açúcar, em Santa Hele-

na, cerca de dez anos mais tarde e o aumento da pecuária

intensiva na região sudoeste do estado neste mesmo pe-

ríodo, marcaram a virada na economia goiana. Assim,

Goiás se confirmou entre os estados potenciais de gran-

des produtores agrícolas do país, alcançando, em 2005, o

posto de 3º maior produtor nacional de soja, o de 1º de

sorgo, o de 1º de tomate, o 3º lugar de algodão herbáceo

(em caroço), o 5º de milho e o 6º de cana-de-açúcar.

Na pecuária os números não são diferentes, pois o es-

tado possui hoje o 2º maior rebanho de gado leiteiro, é o

2º maior produtor de leite, tem o 4º maior rebanho bovi-

no, o 6º avícola e o 8º suíno.

Contudo, todo esse aparente progresso não traz só

benefícios, pois de acordo com Matos (2006, p. 71),

“muito embora a modernização tenha atingido direta ou

indiretamente todo o país, esta se processou de forma es-

pacialmente concentrada e socialmente seletiva”, o que a

torna conservadora e excludente (GRAZIANO DA SIL-

VA, 1982). E isto gerou problemas sociais graves tanto

de âmbito rural quanto urbano.

Como exemplo disso, temos os processos de “metro-

polização” e “periferização” desenvolvidos na capital

goiana, que hoje já conta com mais de 1,2 milhões de

habitantes, chegando a mais de 1,6 milhões se incluirmos

na contagem a população total de sua região metropoli-

tana4. E em consonância com o que tem ocorrido em ní-

vel nacional, as cidades que compõem a Região Metro-

politana de Goiânia têm crescido em ritmo mais acelera-

do que a própria capital nas últimas duas décadas. Neste

processo Goiânia se tornou uma cidade desigual e segre-

dada, marcada pela diferenciação espacial entre o centro

e a periferia (GOMES, 2007).

Isso ocorre devido ao intenso processo de valorização

do solo na cidade, que segundo Carlos (1999) se dá por

que: “O espaço urbano aparece como movimento histori-

camente determinado num processo social. O modo de

produção do espaço contém um modo de apropriação,

que hoje está associado à propriedade privada da terra”.

Esse processo tem forçado, dia após dia, a população de

baixa renda a se direcionar para as áreas mais afastadas

das porções centrais de Goiânia ou mesmo para suas vi-

zinhas, como Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e

Trindade.

Ao se entrar no mérito do complexo processo de des-

territorialização e reterritorialização decorrentes do de-

senvolvimento da Região do Entorno de Brasília, os pro-

blemas se tornam ainda mais latentes. Neste espaço já se

encontram algumas das áreas mais violentas do país,

com desafios sociais e urbanos alarmantes, como os ob-

servados no bairro-cidade de Samambaia. Para Arrais

(2006) a atração/repulsão de grandes contingentes popu-

lacionais gerada por Brasília é o principal fator de expli-

cação do inchaço urbano da região de seu entorno.

Estas e outras consequências do processo de moder-

nização agrícola de Goiás e de sua urbanização, ampla-

mente induzida pelo primeiro processo, ocorrem, segun-

do Oliveira (2001), porque:

o progresso nos moldes ocidentais remete à

ideia de crescimento econômico, sendo me-

dido pelo acúmulo de riquezas materiais

produzidas ou apropriadas. Assim, um povo

desenvolvido seria aquele que acumularia

maior riqueza. Não há vinculação direta

com o bem-estar social e ambiental, muito

embora se espere que esses objetivos sejam

também atingidos através da riqueza eco-

nômica.

Diante de tudo isso, podemos dizer com base em

Freitas (2007) que:

devemos compreender o processo de urba-

nização menos como causa do que conse-

quência da modernização econômica do

território. Essa urbanização deriva portan-

to das novas necessidades de uso do territó-

rio no sentido de favorecer a circulação de

mercadorias e, por conseguinte, a realiza-

ção da mais-valia social nesse processo de

circulação. Toda a estrutura desenvolvida a

partir do processo de urbanização tem co-

mo objetivo primordial à organização do

território para absorver os processos en-

gendrados pela nova dinâmica econômica.

Sendo assim, podemos relacionar o que Morais

(2006) chamou de “captura do território goiano pelo ca-

pital”, com o processo de urbanização de nosso estado.

Isso porque, conforme Goiás foi se consolidando nas re-

lações de mercado, o seu papel na atual divisão nacional

e internacional do trabalho – o de produtor e exportador

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

de gêneros agropecuários, industrializados, semiindustri-

alizados e mesmo não-industrializados – foi também

dando forma ao seu processo de urbanização. As cidades

cresciam devido ao, cada vez mais intenso, êxodo rural,

condicionado pela modernização do campo.

O abandono forçado ou “espontâneo” do espaço

agrário goiano, somado ao aumento da migração inter-

regional em direção a nosso estado, teve papel importan-

te na consolidação da RMG e da Região do Entorno de

Brasília. Todos esses fatores condicionaram o desenvol-

vimento urbano de Goiás como um processo desigual e

concentrador tanto de renda, quanto de pessoas. O que se

expressa com clareza na produção do espaço da metró-

pole Goiânia, que possui num raio aproximado de 40 km

áreas com o absurdo valor de R$ 5 mil o metro quadrado

– em bairros como o Bueno, o Marista e o Jardim Goiás

– e outras com o módico valor de aproximadamente R$ 3

mil para um lote de cerca de 350 m².

Foi tudo isso que gerou a necessidade da adoção de

políticas de desenvolvimento urbano regional em nosso

estado, o que deveria cumprir o papel de reduzir as desi-

gualdades históricas construídas sob a égide do binômio

neoliberalismo/globalização, na atual dinâmica capitalis-

ta mundial.

Referências: CHAVEIRO, Egmar Felício. Goiânia, uma metrópole em traves-

sia. 2001. Tese. (Doutorado em Geografia Humana) – Departamento

de Geografia, USP, São Paulo, 2001. A práxis simbólica do Goiás

profundo. Goiânia: Mimeógrafo, 2007. ___.Símbolos das paisagens do cerrado goiano. In: ALMEIDA,

Maria Geralda (Org.). Tantos cerrados. Goiânia: Ed. Vieria, 2005. P.

47-62. __ . A captura do território goiano e a sua múltipla dimensão so-

cioespacial. Goiânia: Gráfica e Editora Modelo, 2005.

ESTEVAM, Luís. Tempo da transformação: estrutura e dinâmica econômica de Goiás. Goiânia: Ed.da UCG, 2004

3.4. AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS

COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA E BRASÍ-

LIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, INFRAESTRUTURA

E PLANEJAMENTO.

A construção de Goiânia

Na realidade, a ideia de mudar a capital de Goiás não

era um desejo só de Pedro Ludovico Teixeira - fundador

de Goiânia. Em 1830, o segundo governador de Goiaz

no Império, Marechal de campo Miguel Lino de Morais

já manifestava, pela primeira vez, esse desejo. 33 anos

depois, o 16º governador do Estado, José Vieira Couto

Magalhães, volta a falar na necessidade dessa mudança

em seu livro Primeira Viagem ao Araguaia. "Decaímos

desde que a indústria do ouro desapareceu, a situação da

cidade de Goiás era excelente quando a Província era au-

rífera. Hoje, porém, que está demonstrado que a criação

de gado e a agricultura valem mais do que tantas minas

de ouro que existam pela Província, continuar a Capital

aqui é condenar-nos à morte por inanição, assim como

morreu a indústria que indicou a escolha deste lugar.

Uma população de cinco mil almas, colocada em lugar

desfavorável, não pode nada mais produzir para a sua

nutrição".

Depois dele, a ideia foi sustentada por legisladores

goianos. A constituição do Estado de 1891, inclusive sua

reforma de 1898, e a de 1918 previam taxativamente a

transferência da sede do governo, havendo disposto esta

última, em seu artigo 5º: "A cidade de Goiás continuará a

ser a capital do Estado, enquanto outra coisa não liberar

o Congresso". Mas, a concretização da mudança da capi-

tal de Goiás só veio acontecer mesmo com o então Inter-

ventor destinado a vir para Goiás, Pedro Ludovico Tei-

xeira. Pedro tinha o objetivo de tirar o poder dos coro-

néis e a mudança da capital era parte importante dessa

estratégia política.

A Construção de Goiânia em 1933, é considerada o

marco da modernidade da Era Vargas.

Fatores para a construção de Goiânia

Integração do interior com o litoral (Marcha para

o Oeste)

Geografia plana, diferente de Vila Boa que tem

relevo irregular

Possibilidade de crescimento

Estratégia política para enfraquecer o coronelis-

mo, na época representado pelo Caiadismo. A

mudança do centro administrativo da área de in-

fluência dos Caiado.

Pedro Ludovico Teixeira

Nasceu na cidade de Goiás em 1891. Cursou medici-

na na Universidade do Brasil. Engajou-se na revolução

de 1930 em Rio Verde onde morava e exercia a profissão

de médico. Com o movimento vitorioso, ele, que havia

sido preso e estava sendo conduzido para a cidade de

Goiás, formou a junta governativa com três membros.

Logo em seguida, foi nomeado interventor federal

pela primeira vez. Idealizou a construção de Goiânia e a

mudança da Capital, cuja pedra fundamental foi lançada

dia 24 de Outubro de 1933. A Capital foi transferida em

Março de 1937. Pedro foi um dos fundadores do PSD em

Goiás. Foi eleito Senador em 1968. Morreu, em Goiânia

no dia 17 de Agosto de 1979, de ataque cardíaco.

Projeto de Goiânia

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

Obra do urbanista Atílio Correia Lima, o projeto de

Goiânia consistia de uma organização geral do traçado

da cidade, partindo de um núcleo central e se desenvol-

vendo em torno dele, com um plano diretor, compreen-

dendo sistema de logradouros públicos; zoneamento da

cidade; esgoto, luz e força; sistema de parques, jardins

ruas e avenidas; áreas para serviço de limpeza e regula-

mento das construções. Atílio Correia Lima ainda rece-

beu a incumbência de projetar os edifícios do Centro Cí-

vico: Palácio do Governo, Secretaria Geral do Estado,

Diretoria Geral da Segurança e Assistência Pública, Pa-

lácio da Justiça, Palácio da Instrução e Quartel da Força

Pública.

A cidade que nasceu da prancheta de Atílio Correia

Lima e transformou- se na metrópole de hoje, com mais

de 1.200.000 habitantes, foi plantada nos campos do

município de Campinas.

Pedra fundamental

A pedra fundamental de Goiânia foi lançada a 24 de

outubro de 1933, com o comparecimento de diversas ca-

ravanas chegadas do interior do Estado. Houve a missa

solene, realizada pelo padre Agostinho Foster e celebra-

da com acompanhamento do coro de Santa Clara, em

pleno altiplano, no local onde deveria ser construída a

Praça Cívica. Após a missa, foi dado início à roçagem do

lugar. E foi naquele momento que num vibrante discurso,

Pedro Ludovico enfatizou: "Prevejo que, dentro de cinco

anos, grande porção desta área destinada à futura cidade

estará coberta de luxuosas e alegres vivendas.

A 20 de novembro de 1935, em meio a uma grande

festa instalou-se o Município de Goiânia, onde Pedro

Ludovico já residia e afirmava: " Para melhor e mais rá-

pido adiantamento das obras de construção da nova me-

trópole, transferi para cá a sede do Governo do Estado,

trazendo comigo logo, a Secretaria-Geral que ficará tam-

bém definitivamente".

Nome e instalação

"Petrônia". Este foi o nome escolhido através de con-

curso em homenagem a Pedro Ludovico. Porém, pelo

decreto de número 237, de 2 de agosto de 1935, que cri-

ou o município e a comarca da nova Capital, ela recebeu

o nome de Goiânia.

História da Art. déco

O Art. déco é o termo atual para definir o estilo for-

malizado na Exposição Internacional de Artes Decorati-

vas e Industriais Modernas realizada em Paris em 1925,

a partir de quando se expande por cidades de todos os

continentes urbanizados.

O estilo Art déco, vertente decorativa do Modernis-

mo, busca inspiração na arte mesopotâmica e egípcia de

antes de Cristo, na arte cretense, etrusca e greco-romana,

na arte dos índios americanos (maias, astecas e marajoa-

ras), no gótico medieval.

Posteriormente, expressões estéticas do século XX

foram incorporadas ao estilo, como Cubismo, Construti-

vismo, Futurismo, Neo-plasticismo, Streamline.

A principal característica do estilo Art. déco é a ex-

plícita geometrização dos volumes e dos temas decorati-

vos, sejam figurativos ou abstratos.

Etapas da Construção de Goiânia

A mudança da capital não era apenas um problema na

vida de Goiás. Era também a chave, o começo de solu-

ção de todos os demais problemas. Mudando a sede do

governo para um local que reunia todos os requisitos de

cuja ausência absoluta se ressente a cidade de Goiás, te-

remos andado meio caminho na direção da grandeza des-

ta maravilhosa unidade central.

“O governo não considerava a construção de uma

nova capital um gasto, mas um investimento necessário

para o desenvolvimento.”

Nenhum obstáculo foi capaz de impedir a construção:

nem a forte oposição política, nem a dificuldade de cons-

truir uma cidade num lugar tão afastado, com pouco di-

nheiro, e sem contar com uma infraestrutura industrial. A

24 de outubro – como homenagem à revolução – teve

lugar o lançamento da primeira pedra. A partir deste

momento, a construção progrediu rapidamente. A 7 de

novembro de 1935, realizou-se a “mudança provisória”:

o governador Pedro Ludovico deixou Goiás para fixar

sua residência em Goiânia. Em Goiás, ficaram ainda a

Câmara e o Judiciário. A mudança definitiva, ocorreu em

1937, quando os principais edifícios públicos já estavam

concluídos. Cinco anos depois, em julho de 1942, foi re-

alizado o “batismo cultural” de Goiânia, com grandes

festas e a celebração de vários congressos de ordem na-

cional. A cidade contava com mais de 15.000 habitantes,

o dobro que a cidade de Goiás com seus 200 anos.

Goiânia e Desenvolvimento de Goiás

O problema do desenvolvimento é muito mais com-

plexo e de muito mais lenta solução do que supunham os

homens da Revolução de 30. Em 1942, com efeito, Goi-

ânia, “chave do desenvolvimento geral de todo o Esta-

do”, era uma cidade perfeitamente estabelecida, e o or-

çamento estadual subia já a 26.000 contos (mais de cinco

vezes o orçamento de 1930), mas o desenvolvimento do

Estado estava longe de ser satisfatório. Para tomar um

único índice: o censo de 1940 constatou que entre

563.262 pessoas de mais de 10 anos, só 148.937 sabiam

ler e escrever. As comunicações, a saúde, a instrução, a

carência de indústria, a baixa produtividade na agricultu-

ra e na pecuária, a descapitalização da economia, a estru-

tura da propriedade etc., etc., eram problemas ainda in-

tactos, trabalho para várias gerações. A Revolução de 30,

e sua obra principal em Goiás, a construção de Goiânia,

podem considerar-se começo de uma nova etapa pelos

rumos que marcaram mais que pelas realizações imedia-

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

tas. A construção de Goiânia, uma das grandes obras do

Brasil na época, devolveu aos goianos a confiança em si

mesmos. Em vez de pensar-se na grandeza do passado,

começou a pensar-se na grandeza do futuro. Ao mesmo

tempo, a construção de Goiânia significava um primeiro

grande impulso para a transformação da economia e da

política econômica. O governo, até então preocupado

quase unicamente em manter a ordem, promoveu, pela

primeira vez em Goiás, uma obra de grande envergadu-

ra, que mobilizou as energias latentes.

A partir de 1940, Goiás passa a crescer em ritmo ace-

lerado também em virtude do desbravamento do Mato

Grosso Goiano, da campanha nacional de “Marcha para

o Oeste” e da construção de Brasília. A população do Es-

tado se multiplicou, estimulada pela forte imigração, ori-

unda principalmente dos Estados do Maranhão, Bahia e

Minas Gerais.

A Construção de Goiânia, promoveu a abertura de

novas estradas, tornando-se centro de ligação dentro do

Estado e com outros Estados: favoreceu a imigração, e

consequentemente o povoamento, acelerando a coloniza-

ção do Mato Grosso goiano, zona de grande riqueza

agrícola; criou o primeiro centro-urbano, que se não che-

gou a constituir-se em centro industrial – como esperava

os construtores. Por isso, a Revolução de 30 e a constru-

ção de Goiânia, podem ser tomados como marco de uma

nova etapa histórica para Goiás.

4. MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E

URBANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO GOIANO.

Introdução

A partir da política de Estado de interiorização do de-

senvolvimento com a implantação de uma infraestrutura

de transporte nas primeiras décadas do século XX, das

mudanças político-institucionais após 1930 e da constru-

ção de Goiânia e Brasília, ocorreu a expansão da frontei-

ra agrícola de Goiás. Sua integração ao circuito do mer-

cado brasileiro apoiou-se no sistema ferroviário. Esses

eventos estimularam o crescimento e a especialização da

agropecuária em Goiás e o incremento da urbanização.

Já a integração regional foi favorecida pela construção

das rodovias que permitiram a circulação interna da pro-

dução.

Como resultado da política de modernização agrope-

cuária, viabilizada pela política de integração do territó-

rio nacional, a agricultura goiana passou por transforma-

ções significativas, tendo como principal objetivo estrei-

tar as relações entre o setor agrícola e o setor urbano-

industrial. Entretanto, tal objetivo começou a ser alcan-

çado no final da década de 1970 e início da década de

1980. Vários setores foram sendo absorvidos por esse

processo, tais como as relações sociais de trabalho, o pa-

drão tecnológico, a distribuição espacial da produção, as

relações intersetoriais, com a formação do complexo

agroindustrial e a inserção estatal.

Modernização da agricultura goiana

O Cerrado vai conhecer a modernização agrícola a

partir da década de 1970. A região passa a ser um atrati-

vo para a produção de soja, uma vez que se amplia a de-

manda pelo produto nos mercados internacionais. Assim,

esse período representa um marco histórico para a agri-

cultura brasileira, através da aliança entre o Estado e a

classe dominante rural, em que o Estado passa a interfe-

rir diretamente nas suas formas de organizações e na po-

lítica agrícola. Assim, o Estado fez investimentos em in-

fraestruturas, pesquisas agronômicas e programas de

crédito especiais. Todas as áreas do Cerrado foram con-

sideradas aptas à produção agrícola, consequentemente,

50,6 milhões de hectares de terras foram incorporadas no

processo produtivo, com as mais avançadas técnicas de

cultivo (LABAIG, 1995).

O projeto de colonização se tornou possível através

da infraestrutura viária que permitiu a penetração de uma

população rural migrante para o Centro-Oeste e a efetiva

integração da região ao comércio nacional, promovendo

a valorização das áreas ocupadas. As empresas coloniza-

doras, representantes do setor privado, promoveram sig-

nificativas transformações socioeconômicas e espaciais,

a partir de uma política desenvolvimentista definida pelo

poder público (ESTEVAM, 2004).

A mudança da capital do país para o Planalto Central,

com a construção de Brasília, a partir de 1956, no Go-

verno de Juscelino Kubsticheck, o projeto de integração

nacional promovido pela construção de rodovias, interli-

gando Brasília a todas as capitais estaduais, entre 1968 e

1980, integraram a região de Goiás ao tráfego rodoviá-

rio, criando condições para a expansão do sistema capita-

lista. Esses fatores foram responsáveis pela expansão

agrícola mais recente no Cerrado, resultando, a partir da

década de 1970, na expansão da agricultura comercial.

O governo federal e os estaduais elaboraram progra-

mas e projetos de intervenção, de investimentos em in-

fraestrutura e/ou financiamento através de crédito oficial

à produção. A partir de 1975, com o II Plano Nacional de

Desenvolvimento (PND), os programas federais apresen-

taram propostas mais objetivas e específicas de planeja-

mento regional. Dessa maneira, a expansão da fronteira

agrícola em Goiás dá-se a partir da incorporação de ex-

tensas áreas de Cerrado ao processo produtivo. As políti-

cas e os programas governamentais de ação direta sobre

a região foram o Programa de Desenvolvimento dos Cer-

rados (POLOCENTRO) e o Programa de Cooperação

Nipo-brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados

(PRODECER).

Para a expansão da fronteira agrícola no Estado fo-

ram necessários investimentos em pesquisas e atividades

agropecuárias, que oferecessem informações sobre a via-

bilidade técnica para a exploração dos solos do Cerrado,

a partir da aplicação de várias técnicas de cultivo e crédi-

tos rurais destinados à aquisição de tecnologias agrárias,

tanto para investimentos em maquinários, desmatamen-

tos, correção da acidez dos solos de Cerrado (adequação

do pH voltada às práticas de cultivos), como para custeio

na compra de insumos modernos. Essas políticas agríco-

las genéricas induzidas pelo Estado, tanto em nível naci-

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

onal como no próprio Estado de Goiás, criaram as condi-

ções necessárias para a expansão da agricultura através

da abertura e ocupação da região do Cerrado, “[...] pois

tudo estava por ser feito, ainda era uma fronteira agrícola

em implantação. [...].” (ARANTES ; BASTOS, 2004, p.

672).

A fronteira agrícola abriu-se, definitivamente, para o

Centro-Oeste, a partir da década de 1980. Com a implan-

tação do POLOCENTRO, houve a drenagem de recursos

para o aproveitamento intensivo de extensas faixas de

terras, destinadas, anteriormente, à criação extensiva. O

POLOCENTRO foi criado através do Decreto Federal nº

75.370, janeiro de 1975 com vigência até 1982. Conside-

ra-se o programa de maior impacto sobre o crescimento

da fronteira agropecuária do Centro-Oeste, abrangendo

70% das áreas territoriais dos estados de Mato Grosso e

Mato Grosso do Sul e 30% das áreas de Goiás e Minas

Gerais. Baseado na concepção de polos de crescimento

foram selecionadas doze áreas de Cerrado que apresen-

tavam certa infraestrutura e bom potencial agrícola.

As áreas selecionadas receberam recursos para inves-

timentos em melhoria da infraestrutura, totalizando

3.373 projetos aprovados, contabilizando um investi-

mento de US$ 577 milhões. Foi oferecido um generoso

sistema de crédito subsidiado para os proprietários que

desejassem investir na agricultura. O programa oferecia

linhas de crédito fundiário, de investimentos e de cus-

teio. As taxas de juros eram fixadas em níveis reduzidos,

sem correção monetária e oferecia, também, longos perí-

odos de carência. Como nesse período a taxa inflacioná-

ria do mercado financeiro era alta, o crédito foi compa-

rado a uma doação para seus usuários. (ARANTES;

BASTOS, 2004).

Segundo Labaig (1995, p. 54, grifo do autor), “o PO-

LOCENTRO foi a grande mãe do processo de desen-

volvimento capitalista da agricultura” na região dos Cer-

rados. Os potenciais beneficiários do programa foram os

produtores rurais tradicionais (proprietários de médios a

grandes estabelecimentos), pessoas físicas ou jurídicas e,

ainda, as cooperativas, os órgãos públicos e os empresá-

rios que se dedicaram à atividade agropecuária, assegu-

rando a expansão da agricultura comercial no Cerrado.

Entre os projetos aprovados, estão as fazendas com mais

de 200ha (41,32alq) e, principalmente, as fazendas com

mais de 1000ha (206,61alq).

O programa fixou como meta que 60% da área explo-

rada pelas fazendas fossem cultivadas com lavouras,

sendo o restante destinado a pastagens plantadas. No iní-

cio, o objetivo era incentivar a produção de alimentos.

Mas, posteriormente, foram contempladas, também, as

lavouras comerciais e o ‘brachiaria’ nas pastagens plan-

tadas.

Esse programa tornou-se referência na pesquisa e na

geração de novas tecnologias através de alocação de re-

cursos à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA). As tecnologias e as pesquisas desenvolvi-

das pela EMBRAPA estavam voltadas às necessidades

dos médios e grandes produtores, às pessoas de certo ní-

vel educacional e que gozassem de um espírito empreen-

dedor. É sob esse perfil, e através do crédito subsidiado,

que se dá a expansão do plantio de culturas de maior ren-

tabilidade.

O PRODECER foi sustentado de 1975 a 1979, depois

desse período houve constantes cortes orçamentários.

Em 1981, o crédito rural foi suspenso. Parte desses re-

cursos foi destinada para investimentos de infraestrutura

e como crédito em projetos agropecuários. O PRODE-

CER expandiu-se para Goiás em 1985, oferecendo o cré-

dito supervisionado. (PEREIRA, 2004). Foi através des-

se programa que os agricultores experientes do Sul e Su-

deste do país migraram para a região do Brasil Central.

Os empréstimos fundiários foram concedidos para cobrir

as despesas operacionais (aquisição de equipamentos,

tecnologias e de subsistência da propriedade), sendo que

o crédito era concedido a taxas de juros reais. Esse pro-

grama teve sua maior concentração em Minas Gerais.

Em Goiás ficou mais restrito ao entorno de Brasília, ge-

rando um grande impacto na implantação de irrigação

por “Pivô Central”.

O programa Cooperativo Nipo-brasileiro

para o Desenvolvimento do Cerrado

(PRODECER) promove o assentamento de

agricultores experientes do Sudeste e Sul do

país na região do Cerrado. Para tanto, o

programa é financiado com empréstimos da

Agência Japonesa de Cooperação e Desen-

volvimento Internacional (JICA), com con-

trapartida do governo brasileiro. (WWF,

1995, p. 21).

Tanto o PRODECER quanto o POLOCENTRO pro-

moveram a expansão da atividade agrícola para além de

suas áreas de abrangência, principalmente, nas áreas cir-

cunvizinhas. A partir de 1980, houve uma certa conten-

ção do crédito rural e eliminação gradativa do subsídio,

em função das pressões do Banco Mundial e do Fundo

Monetário Internacional (FMI). Diante disso, o governo

procurou adotar medidas internas que sustentassem as

áreas incorporadas na produção agropecuária, como pre-

ços mínimos diferenciados para cada região (diferencial

de preços criado pelos custos de transporte) e demanda

dos produtos cultivados com ajuda do PRODECER.

Segundo o WWF (1995), com base nos programas

governamentais, a agricultura comercial constitui uma

atividade econômica artificialmente rentável, uma vez

que é contemplada por incentivos creditícios.

As formas de intervenção com resultado mais signifi-

cativo no Cerrado foram a formação de pastagens plan-

tadas e a lavoura comercial. As lavouras que se destacam

na região são soja, milho, arroz, café, feijão e mandioca.

A soja foi a cultura que mais se expandiu. A produção de

soja era desprezível até a década de 1960, hoje ela repre-

senta cerca de um quarto da produção nacional de grãos

(WWF, 1995), com expressiva representação na produ-

ção do município de Catalão. O Brasil, na década de

1970, passa a ser o segundo produtor mundial de soja.

Até 1972, o país foi importador de óleo de soja, após

esse período passa a ser exportador, alterando os hábitos

alimentares da população. A soja, a partir de 1960, ad-

quire cada vez mais importância para a agricultura brasi-

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

leira em seu processo de internacionalização. A soja em

Goiás começa a ser produzida a partir de 1969.

Contudo, sua expressão comercial ocorreu a partir de

1975, com a venda ‘in natura’ desse produto para o mer-

cado do Sul e Sudeste do país. Essa cultura se adaptou

perfeitamente aos Cerrados do Sudoeste e Sul de Goiás.

O eixo Sul/Sudoeste do

Estado representou o início da produção e se sustenta

como o mais importante polo de cultivo.

Atualmente, a ênfase da economia goiana é a produ-

ção de grãos, principalmente, soja e milho e, a produção

de leite e carne. O Estado de Goiás ocupa lugar de desta-

que nessas atividades no contexto nacional. O Brasil dis-

põe de 15 milhões de hectares de Cerrado agricultável,

dos quais 5 milhões estão em Goiás.

Segundo dados da SEPLAN-GO (2003), a produção

goiana de grão tem crescido acima da média brasileira,

que nas duas últimas safras foi de 2.570kg/ha, enquanto

a produtividade do Estado foi de 3.072kg/ha, ou seja,

19,53% acima da média nacional.

Goiás saltou do 6º lugar no ranking nacional em 1995

para o 4º em 2002, perdendo somente para Paraná, Rio

Grande do Sul e Mato Grosso. Os produtos que mais se

destacaram na agricultura foram soja, cana, milho e café.

O Estado vem apresentando avanços importantes na

atividade pecuária, opondo-se à realidade das grandes

fazendas de criação extensiva de gado com baixa produ-

tividade, que dominou o Estado até a década de 1980. A

formação de pastagens plantadas e melhoradas permitiu

o crescimento da bovinocultura na região. A pecuária

goiana conquistou avanços importantes, posicionando o

Estado entre os maiores produtores brasileiros. O reba-

nho bovino representa 10,8% do rebanho nacional, le-

vando o Estado a ocupar o 4º lugar no ranking nacional.

O rebanho goiano permanece estável desde 1990. A

perspectiva, quanto a esse setor, é o aumento de produti-

vidade mediante a profissionalização e modernização

tecnológica da atividade, sem o aumento da área de pas-

tagens (SEPLAN-GO, 2003).

A produção de leite no Estado, a criação de suínos e

aves também se encontram em plena expansão no Estado

desde 1998. O crescimento da suinocultura é atribuído à

melhoria de investimentos realizados, à ampliação das

instalações e ao aumento da produtividade. Todo esse

aporte de crescimento decorre da instalação de empresas

voltadas ao setor em Goiás, como Perdigão (aves e suí-

nos), Nutrisa (aves), Laticínios (leite e derivados), entre

outras.

Diante do caráter da modernização agropecuária em

Goiás e no Brasil, ressaltam-se as mudanças estruturais

desse processo sobre a organização do trabalho. Geral-

mente, quando se fala em modernização da agricultura,

prevalece a tendência em reduzir esse processo apenas

aos aspectos relacionados às modificações ocorridas na

base técnica da produção, na substituição das técnicas

agrícolas, tradicionalmente usadas por técnicas ‘moder-

nas’ e/ou a partir do aumento dos índices de utilização

das máquinas e dos vários insumos agropecuários. Dessa

forma, torna-se importante a compreensão dos conceitos

sobre a questão agrária e a questão agrícola para a análi-

se do processo de modernização da agricultura brasileira

e seus reflexos sobre as relações sociais de trabalho.

Dessa maneira, pondera-se que os novos conheci-

mentos técnico-científicos, destinados ao setor agrícola,

refletiram na produtividade do trabalho e, também, nas

relações sociais de trabalho. Os proprietários das fazen-

das foram substituindo, gradualmente, as relações de tra-

balho como a parceria, o arrendamento (expulsando os

agregados) e incorporando a utilização do trabalhador

temporário (o boia-fria). A forma de pagamento se torna

cada vez mais assalariada e a organização da produção

segue os modelos empresariais. O meio urbano, o mer-

cado consumidor e de insumos agrícolas, as inovações

tecnológicas orientam as condições da produção agrope-

cuária.

Todavia, as políticas agrícolas e agrárias sustentaram

as distorções relativas ao regime de propriedade, posse e

uso da terra, através da manutenção da concentração

fundiária e a consequente exclusão de trabalhadores dos

meios de produção.

Com a integração da agricultura ao setor urba-

no/industrial ocorreu uma dinamização em todos os seto-

res da economia, o que refletiu sobre a dinâmica popula-

cional, através dos movimentos migratórios, contribuin-

do para o crescimento da população do Estado.

Considerações finais

A ocupação de Goiás caracterizou uma disputa por

espaço e poder entre São Vicente e Rio de Janeiro, de-

pois com Minas Gerais e, posteriormente, entre as de-

mais regiões. A incorporação de novas regiões ao eixo

mercantil em curso revela um contexto ineficiente da au-

tonomia político-administrativa dos Capitães-Generais

de São

Vicente e dos bandeirantes nos territórios ocupados e

anexados ao sistema colonial em vigência nesse período.

Através dessa incorporação/anexação territorial, os colo-

nos da vertente paulista promoveram a ocupação de todo

o Centro-Oeste. Os novos espaços representaram pers-

pectivas sociais, culturais e econômicas.

Verifica-se que a ocupação histórica de Goiás se deu

pela expansão de grandes fazendas para a criação exten-

siva de gado bovino, com baixo aproveitamento econô-

mico das terras, que foram sendo esfaceladas pela cadeia

vintenária.

Recentemente, com a implantação de inovações na

base técnica da agricultura, ocorreu novamente a concen-

tração das terras, agora nas mãos de grupos empresariais

que cultivam a terra para a produção de grãos, visando a

exportação, em um processo crescente de exploração dos

recursos naturais e humanos e, ainda, contribuindo para a

expulsão do homem da terra e, assim, eliminando as

condições de desenvolvimento socioeconômico e socio-

cultural da agricultura familiar.

A partir da implantação de novos padrões tecnológi-

cos de produção no estado goiano, assegurou-se a inser-

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

ção dos solos ácidos e topografia plana dos Cerrados no

circuito da produção nacional e internacional de produtos

agropecuários. A ‘abundância’ de terra tornava-a um

meio de produção relativamente barato, mas a ‘constru-

ção’ do solo, como ‘limpeza’ das propriedades, correção

e fertilização para cultivos exigiam um investimento de

capital considerável. Os financiamentos eram concedidos

a investimentos agropecuários de maior porte, como as

lavouras comerciais de arroz, milho e soja. Essa política

não interferiu de modo homogêneo nas unidades de pro-

dução no Estado de Goiás, assim, não houve as mudan-

ças necessárias que viabilizassem a modernização das

pequenas e médias propriedades.

As mudanças na base técnica da agricultura assegu-

ram o aumento da produtividade do trabalho e a substi-

tuição gradual das relações de trabalho, como a parceria,

o arrendamento pela utilização do trabalhador temporá-

rio, promovendo o agravamento dos problemas sociais

que essa região enfrenta através do aumento da concen-

tração das propriedades rurais. Em razão dos aspectos

apresentados, destaca-se o caráter conservador, exclu-

dente e concentrador da modernização agrícola goiana,

reproduzindo os aspectos gerais da política nacional. A

tendência geral é a incorporação cada vez maior dos re-

cursos técnico-científicos na agricultura. O meio urbano,

o mercado consumidor e de insumos agrícolas, as inova-

ções tecnológicas orientam as condições da produção

agropecuária, sugerindo uma crescente transferência se-

torial da renda agrícola para os setores urbanos.

***********************************************

5. POPULAÇÃO GOIANA: POVOAMENTO,

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E DENSIDADE

DEMOGRÁFICA.

Durante o século XIX a população de Goiás aumen-

tou continuamente, não só pelo crescimento vegetativo,

como pelas migrações dos Estados vizinhos. Os índios

diminuíram quantitativamente e a contribuição estrangei-

ra foi inexistente. A pecuária tornou-se o setor mais di-

nâmico da economia.

a) Correntes Migratórias

A maioria dos mineiros que aqui permaneceu, após o

desaparecimento do ouro como empresa pré-capitalista,

vai dedicar-se a uma agricultura de subsistência e criação

de gado. A pecuária trouxe como consequência o desen-

volvimento da população. Correntes migratórias chega-

vam a Goiás oriundas do Pará, do Maranhão, da Bahia,

de Minas, povoando os inóspitos sertões. No sudoeste

novos centros urbanos surgiram, sob o impulso da pecuá-

ria: Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia, Quirinópolis.

No norte a pecuária trouxe intensa mestiçagem com o

índio, que foi aproveitado como mão-de-obra na criação

de gado. Em menor escala, também ocorreu a mestiça-

gem com o negro. Os habitantes desta região dedicaram-

se não só a criação de gado, mas também a exploração

do babaçu, de pequenos roçados, do comércio do sal

(muito rendoso) e a faiscarão. Nasceram novas cidades e

outras já existentes tomaram novos impulsos sob o fluxo

da pecuária: Imperatriz, Palmas, São José do Duro, São

Domingos, Carolina, Arraias.

b) Cronologia do povoamento

Pelo exposto, viu se que a economia mineradora deu

início ao processo de colonização de Goiás. Coube à pe-

cuária desenvolver e aumentar sua população. A partir

dos anos 30 do século XIX foi a população aumentando,

sob os auspícios da pecuária:

1849 – 79.000 habitantes;

1856 – 122.000 habitantes;

1861 – 133.000 habitantes;

1872 – 149.000 habitantes;

1890 – 227.000 habitantes;

1900 – 255.000 habitantes.

c) População Indígena

Necessário se faz mencionar os aborígines, que con-

tribuíram sobremaneira para a formação do grupo goia-

no, principalmente no Norte do Estado.

Saint-Hilaire afirma que por ocasião de sua viagem,

Goiás era a Província que mais índios possuía “... a po-

pulação portuguesa derramada nesta capitania não fora

nunca suficientemente intensa para aniquilá-los todos.

Com muito custo conseguira-se reunir certo número em

aldeias; os outros viviam inteiramente selvagens nas ma-

tas e nos lugares mais desertos”. Infelizmente, nunca foi

possível precisar o número exato dos silvícolas goianos,

como de todo o Brasil. Com o passar dos anos a coloni-

zação trouxe o desaparecimento parcial dos naturais e a

extinção total de várias tribos.

d) Imigração estrangeira

Não podemos deixar de mostrar a problemática da

imigração europeia. Após a liberação do negro, grupos

locais, identificados com interesse agrário, lutaram pela

vida do imigrante europeu. O governo Montandom

(1886) adquiriu do Vice- Presidente da Província, José

Antônio Caiado, uma fazenda destinada a iniciar este ti-

po de colonização. Mas as terras eram muito ruins, e os

imigrantes italianos não chegaram nem a vir para o terri-

tório goiano. Em 1896, o governo republicano de Goiás

tentou mais uma vez impulsionar a imigração. Também

sem êxito. Somente nas primeiras décadas do século XX

se iniciou a imigração europeia em Goiás, em moldes

muito modestos.

Em 1920, três núcleos coloniais mais importantes de-

senvolveram-se em Goiás: um de italianos em Inhumas;

outro também de italianos no município de Anápolis

(Nova Veneza); o terceiro, de portugueses, na fazenda

Capim Puba no atual município de Goiânia. Em 1924,

organizou-se a colônia de Uvá. 300 famílias, num total

de 299 pessoas, instalaram-se no referido núcleo, as de-

mais se dispersaram. Em Anápolis, no ano de 1929 for-

mou-se um núcleo de 7 famílias japonesas. Nos anos se-

guintes juntaram-se outras famílias; estes pequenos gru-

pos prosperaram pelo seu trabalho sistemático e pelas

semelhanças de clima e solo. Foram estas as primeiras

levas de colonos europeus que vieram para Goiás.

As condições socioeconômicas do Brasil não possibi-

litaram uma ação administrativa satisfatória em Goiás,

durante o século XIX. A política goiana, por outra parte,

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

era dirigida por Presidentes impostos pelo poder central.

Somente no fim do período em referência, começou a

adquirir feições próprias. Coexistiu no aspecto cultural

um verdadeiro vazio.

6. ECONOMIA GOIANA: INDUSTRIALIZA-

ÇÃO E INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES E

COMUNICAÇÃO.

Atualmente, a composição da economia do estado de

Goiás está baseada na produção agrícola, na pecuária, no

comércio e nas indústrias de mineração, alimentícia, de

confecções, mobiliária, metalúrgia e madeireira. Agrope-

cuária é a atividade mais explorada no estado.

Em 2008, a contribuição de Goiás para o Produto In-

terno Bruto (PIB) brasileiro foi de 2,5% e, no âmbito re-

gional, sua participação foi de 27,6%.

A composição do PIB goiano é a seguinte:

Agropecuária: 11%

Indústria: 27%

Serviços: 62

Agricultura e pecuária

O setor agropecuário tem sido tradicionalmente a ba-

se da economia goiana. Nas três últimas décadas do sé-

culo XX, Goiás foi uma das regiões de fronteira agrícola

mais expressivas do país. Em muitas culturas, como soja,

milho, arroz, feijão, tornou-se, naquele período, um dos

maiores produtores do país. A principal área agrícola e

pastoril do estado é a região do Mato Grosso de Goiás,

onde se pratica uma agricultura diversificada, com arroz,

milho, soja, feijão, algodão e mandioca.

Apesar de possuir o segundo rebanho do país, Goiás

observa uma tradição de baixa produtividade, tanto em

nível de fertilidade quanto de idade de abate dos animais,

idade de primeira parição e produção leiteira. A bovino-

cultura de corte representa um segmento de importância

fundamental para a economia do estado, tanto como fon-

te de divisas, pelos excedentes exportáveis, quanto pelo

expressivo contingente de mão-de-obra ocupado nessa

atividade. Nos pastos plantados em antigos terrenos flo-

restais (invernadas) engordam-se bovinos, criados nas

áreas de cerrado, e mantém-se um rebanho de gado lei-

teiro. O vale do Paranaíba é a segunda região econômica

de Goiás e maior produtora de arroz e abacaxi. Culti-

vam-se também milho, soja, feijão e mandioca. É grande

o rebanho de leite e corte.

A soja é o principal produto agrícola do estado

Introduzida em 1980, a cultura foi aperfeiçoada pela

obtenção de sementes adaptadas ao cerrado e aplicação

de calcário e outros elementos para combater a acidez do

solo. Com o lançamento de novas variedades de grãos

mais resistentes à armazenagem e às pragas, registrou-se

forte aumento de produtividade. A cultura do milho é ge-

ralmente associada à criação de suínos e ao plantio de

feijão. A cana-de-açúcar e a mandioca têm caráter de la-

vouras de subsistência e servem ao fabrico de farinha,

aguardente e rapadura. O extrativismo vegetal inclui ba-

baçu, casca de angico, pequi e exploração de madeira,

principalmente mogno.

Energia e mineração

A produção e distribuição de energia elétrica no esta-

do está a cargo das Centrais Elétricas de Goiás (Celg).

As principais usinas hidrelétricas do estado são Cachoei-

ra Dourada, São Domingos, ambas da Celg, Serra da

Mesa e Corumbá I, ambas de Furnas. Parte da energia

produzida por Furnas supere o Distrito Federal e a região

Sudeste.

No subsolo de todo o estado existem importantes ja-

zidas de calcário, já medidas e em condições de abaste-

cer todos os municípios goianos, seja qual for o ritmo de

crescimento do mercado de corretivos do solo. Há ainda

jazidas consideráveis de ardósia, amianto, níquel, cobre,

pirocloro, rutilo e argila, além de quantidades menores

de manganês, dolomita, estanho, talco e cromita. Encon-

tram-se ainda ouro, cristal-de-rocha, pedras preciosas

(esmeraldas) e pedras semipreciosas. O estado possui

excelente infraestrutura para extração de minerais não

ferrosos, principalmente ouro, gemas, fosfato e calcário,

além de minérios estratégicos, como titânio e terras ra-

ras.

Indústria

Para tirar partido de sua vocação agrícola e de seus

recursos minerais, a indústria goiana concentrou suas

atividades inicialmente em bens de consumo não durá-

veis e, a partir da década de 1970, nos bens intermediá-

rios e na indústria extrativa. Em meados da década de

1990, o desenvolvimento industrial goiano era ainda in-

cipiente, vulnerável aos constantes impactos negativos

da conjuntura econômica nacional. Tal fragilidade redu-

zia significativamente o dinamismo do setor secundário,

incapaz de beneficiar-se devidamente das vantagens pro-

porcionadas pela agropecuária e pelas imensas reservas

minerais. Observava-se, porém, uma tendência à diversi-

ficação, principalmente em setores da siderurgia.

Aumentaram consideravelmente os setores da indús-

tria extrativa e da produção de minerais não-metálicos,

bens de capital e bens de consumo duráveis. Um dos

principais ramos industriais do estado, que, no entanto,

não acompanhou a tendência ascendente dos outros seto-

res nas três últimas décadas do século XX, foi o da pro-

dução de alimentos -- fabricação de laticínios, benefici-

amento de produtos agrícolas e abate de animais -- con-

centrado nas cidades de Goiânia, Anápolis e Itumbiara.

Setores novos dinamizaram-se nesse mesmo período,

como as indústrias metalúrgica, química, têxtil, de bebi-

das, de vestuário, de madeira, editorial e gráfica. Um

elemento coadjuvante de grande importância ao cresci-

mento econômico foi a implantação dos distritos indus-

triais, nos municípios de Anápolis, Itumbiara, Catalão,

São Simão, Aparecida de Goiânia, Mineiros, Luziânia,

Ipameri, Goianira, Posse, Porangatu, Iporá e Santo An-

tônio do Descoberto.

Transporte e comunicações

Na década de 1970, em consonância com as diretri-

zes federais, o estado de Goiás iniciou a implantação dos

primeiros corredores de exportação, conceito que definiu

rotas de transporte destinadas a ligar as áreas produtivas

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

a algum porto, com prioridade para os excedentes agríco-

las. Posteriormente, essas diretrizes foram aplicadas ao

abastecimento, visando a articular os sistemas de arma-

zenagem e escoamento de uma determinada área geográ-

fica, de forma a adequar os fluxos das fontes de produ-

ção até os centros de consumo ou terminais de embar-

que, com destino ao mercado externo ou a outras regiões

do país. No estado de Goiás estabeleceu-se uma rede ro-

doviária capaz de dar sustentação ao transporte das regi-

ões produtoras de grãos e minerais para os pontos de

captação de cargas ferroviárias de Goiânia, Anápolis,

Brasília, Pires do Rio e Catalão.

Tal como ocorreu no restante do país, o transporte

ferroviário e fluvial em Goiás foi relegado a segundo

plano, devido à opção pelo transporte rodoviário. Na

área de influência do corredor de exportação goiano, os

principais troncos utilizados para atingir os pontos de

transbordo ferroviário, sobretudo para a soja e o farelo,

são: a BR-153, principal eixo de escoamento do norte de

Goiás e de Tocantins, interligado ao ponto de transbordo

rodo-ferroviário de Anápolis; a GO-060, que liga Ara-

garças a Goiânia, numa distância de 388km; a BR-020,

que liga o nordeste de Goiás à região oeste da Bahia e a

Brasília, onde está instalado outro ponto de transbordo; a

BR-060, que liga Santa Rita do Araguaia/Rio Verde a

Goiânia; a BR-452, que liga Rio Verde a Itumbiara, im-

portante centro produtor e beneficiador de grãos, e segue

até Uberlândia MG, onde está instalada uma rede de ar-

mazenagem de grande capacidade; e a BR-364-365, que

liga Jataí a Uberlândia e atravessa a cidade de São Si-

mão, outra opção para o escoamento da produção do su-

doeste goiano.

Os jornais de maior circulação são O Popular, a Tri-

buna de Goiás, o Diário Oficial do Estado e o Diário do

Município, em Goiânia. Em Anápolis, circulam A Im-

prensa e Tribuna de Anápolis; na antiga capital, Goiás,

circula o Cidade de Goiás. Há várias emissoras de rádio

em AM e FM. A principal emissora de televisão é a TV

Anhanguera, pertencente à Organização Jaime Câmara.

7. AS REGIÕES GOIANAS E AS DESIGUAL-

DADES REGIONAIS.

O Brasil é um país de grandes diferenças regionais,

isso em todos os aspectos, não somente no econômico,

mas também no político, social e ambiental. Essas dife-

renças a nível nacional por vezes se reproduzem dentro

de uma região ou estado, como no caso do Goiás.

O estado do Goiás não tem uma configuração igual

em todas a suas regiões e algumas diferenças podem ser

apontadas como: grau de desenvolvimento econômico,

densidade demográfica e atividade e econômica.

Diversos estudos realizados sobre Goiás demonstram

a existência de dois modelos predominantes no uso da

terra; o patronal, identificado com as fazendas e empre-

sas-comerciais com a produção de mercadorias voltadas

para a exportação, altamente competitivas e tecnificadas;

e o familiar, voltado para atender as necessidades do

mercado local/regional e absorvedor de trabalhadores

(mão-de-obra intensiva).

Assim as mutações do trabalho assumiram formas di-

ferenciadas na agropecuária goiana. A primeira região do

Estado a sofrer esse processo foi o Sudoeste Goiano, que

apresentava condições locacionais favoráveis, tais como:

proximidade geográfica com o Centro-Sul;

tradição na atividade agropecuária com a presença

de latifúndios e de uma elite agrária voltada para a ab-

sorção das inovações;

pouco adensamento populacional no campo, o que

facilitou o processo de incorporação de terras, quase sem

resistência por parte de pequenos e médios produtores

rurais.

Esse fatores associados a vantagens de crédito e fis-

cais, faz dessa região o portal de entrada da moderniza-

ção agropecuária em Goiás e faz dela também a região

onde até hoje se pratica a agricultura de exportação.

A distribuição espacial da população do Estado de

Goiás mostra contrastes entre grandes adensamentos e

áreas pouco ocupadas. Essa desigualdade é reflexo da

dinâmica econômica, que produz economias na concen-

tração geográfica de atividades, privilegia tipos de ocu-

pação e de uso de fatores naturais, e predispõe certas

porções do território a determinadas atividades produti-

vas. Então o Sudoeste goiano e menos densamente po-

voado, assim como o norte do Estado; e as áreas mais

densamente povoadas são o sul do Estado para onde fo-

ram os fluxos migratórios atrás da fronteira agrícola e

mais recentemente a predominância de um fluxo migra-

tório com destino urbano, catalisado pelos municípios

próximos à capital do estado e o entorno de Brasília.

A concentração populacional no eixo Goiânia-

Anápolis-Brasília tem crescimento continuado, alto po-

der aquisitivo e educacional e vem atraindo grandes in-

vestimentos, porque se tornou um grande mercado con-

sumidor. Por exemplo, em Anápolis temos o maior polo

farmacêutico de medicamentos genéricos do Centro-

Oeste.

Os municípios onde predominam a população rural

estão no Norte e Nordeste do estado, nas áreas de menor

dinamismo econômico, onde se pratica a agricultura tra-

dicional, situando as mais baixas rendas do estado.

Um crescimento acelerado também se verifica nas

áreas dedicadas ao turismo, Goiás é um estado com ex-

celentes dotações naturais para a exploração do turismo

da natureza (Pirenópolis, São Jorge e Alto Paraíso, Cal-

das Novas, etc.) têm recursos hídricos (abriga 3 bacias

hidrográficas: Tocantins, Paraná e São Francisco), geo-

lógicos, de fauna e flora. Os projetos do governo procu-

ram integrar e elevar o morador das cidades em empresá-

rios do setor.

E no Norte do Estado temos jazidas de ouro (Crixás)

e Níquel (Niquelândia – onde estão 70% das nossas re-

servas)

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17

Realidade Étnica do Estado de Goiás

8. ASPECTOS DA HISTÓRIA POLÍTICA DE

GOIÁS: A INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS, O CO-

RONELISMO NA REPÚBLICA VELHA, AS OLI-

GARQUIAS, A REVOLUÇÃO DE 1930, A ADMI-

NISTRAÇÃO POLÍTICA DE 1930 ATÉ OS DIAS

ATUAIS.

8.1. A INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS

Assim como no Brasil, o processo de independência

em Goiás se deu gradativamente. A formação das juntas

administrativas, que representam um dos primeiros pas-

sos neste sentido, deram oportunidade às disputas pelo

poder entre os grupos locais. Especialmente sensível em

Goiás foi a reação do Norte que, se julgando injustiçado

pela falta de assistência governamental, proclamou sua

separação do sul.

a) O processo da independência do Brasil e seus

reflexos em Goiás

Após a volta de D. João VI para Portugal, o Brasil

viveu um período de profunda crise política, pois suas

conquistas econômicas e administrativas estavam sendo

ameaçadas pelas Cortes Portuguesas. Em Goiás a popu-

lação rural permaneceu alheia a essas crises. Mas, ele-

mentos ligados à administração, ao exército, ao clero e a

algumas famílias ricas e poderosas, insatisfeitos com a

administração, fizeram germinar no rincão goiano o re-

flexo das crises nacionais. A atuação dos capitães gene-

rais, às vezes prepotentes e arbitrários, fez nascer na ca-

pitania ojeriza pelos administradores.

A causa maior dos descontentamentos encontrava-se

na Estrutura da administração colonial. Os empregados

públicos eram os mais descontentes: a receita não salda-

va as despesas e os seus vencimentos estavam sempre

em atraso. Encontravam-se também entre estes elemen-

tos do clero, os mais intelectualizados da Capitania.

b) Primeiras manifestações contra a administra-

ção colonial

As insatisfações administrativas existiam, mas rara-

mente se manifestavam. Foram as Câmaras que se mani-

festavam em primeira linha contra os Capitães Generais,

representantes diretos da metrópole. Em 1770 por ocasi-

ão da morte do Capitão General João Manoel de Melo, a

Câmara elegeu uma junta governativa para substituí-lo.

Em 1803 desentendeu-se com o Capitão General e pre-

tendeu destituí-lo do poder. Nos dois casos, o Governo

Metropolitano repreendeu severamente estas atitudes,

sob a justificativa de que, “para se fazer eleições seme-

lhantes, são sempre necessárias ordens terminantes, e po-

sitivas de Sua Majestade”. Tempos depois (1820) por

ocasião da escolha dos representantes goianos à Consti-

tuinte Portuguesa, apareceram nas esquinas da cidade de

Goiás proclamações insubordinativas contra a ordem

constituída, sob a liderança do Padre Luiz Bartolomeu

Márquez.

c) Constituição das Juntas Governativas e a Pro-

clamação da Independência

Apesar da ação repressora do governador Sampaio,

que se colocou contra a idéia de criação de uma junta

Governativa, foi esse mesmo Governador obrigado pelas

pressões de grupos políticos locais a ordenar à Câmara a

eleição de uma junta Governativa, em cumprimento ao

decreto de 18 de abril de 1820. Nesta primeira eleição,

Sampaio trabalhou para ser eleito presidente da junta, o

que de fato conseguiu: grupos políticos locais, insatisfei-

tos com a sua administração, desejavam, afastá-lo, Surgi-

ram desentendimentos, brigas, que culminaram com sua

renúncia e retirada da Província. Elegeu-se nova junta

Governativa. Foram seus integrantes: Álvaro José Xavier

– Presidente, José Rodrigues Jardim, – Secretário, e os

membros, Joaquim Alves de Oliveira, João José do Cou-

to Guimarães e Raimundo Nonato Hyacinto, pe Luiz

Gonzaga de Camargo Fleury e Inácio Soares de Bulhões.

Processada a Independência do Brasil – 1822, esta não

trouxe transformações, quer sociais, quer econômicas pa-

ra Goiás. Operou-se teoricamente a descolonização. No

dia 16 de dezembro, fez-se juramento solene à aclama-

ção do Imperador Constitucional do Brasil – D. Pedro I.

O primeiro Presidente de Goiás, nomeado por D. Pedro,

foi Dr. Caetano Maria Lopes Gama, que assumiu o cargo

a 14 de setembro de 1824.

d) Movimento Separatista do Norte de Goiás

O movimento separatista do Norte representou uma

continuação do movimento revolucionário da capitania

de Goiás sob a liderança do mesmo Padre Luis Bartolo-

meu Márquez, cognominado “O Apóstolo da Liberdade”.

Os grandes proprietários afirmavam que apesar de pagar

os impostos, os benefícios do governo lá não chegavam.

O povo vivia em completa miséria.

e) Um movimento nacionalista

Após a independência política do Brasil, processou-

se uma luta surda entre brasileiros e portugueses pelo

poder político e econômico do Brasil; D. Pedro I, como

era português de nascimento, começou a ser favorável

aos portugueses, inclusive colocando-os nos melhores

cargos públicos e postos de confiança de seu governo.

Em Goiás como vimos, não houve mudanças marcantes

de Colônia para o Império. No aspecto econômico conti-

nuou o mesmo marasmo já registrado com a decadência

da mineração, somente mais tarde vai a pecuária oferecer

ligeiras modificações. No aspecto político, as transfor-

mações foram pequenas. Os goianos os identificavam

com os detestáveis Capitães Generais de um passado

próximo, que não se apagara. O segundo presidente de

Goiás, foi o português Miguel Lino de Moraes (1827-

1831), homem inteligente e que provocou fazer uma boa

administração. Impulsionou o ensino, lutou pelo renas-

cimento da mineração, criou uma empresa de exploração

de minérios (Companhia dos Seis Amigos) na cidade de

Goiás, fundou, também na mesma cidade uma fábrica de

tecelagem (1828), incentivou a agricultura e a pecuária.

De seu governo datam “as primeiras grandes exportações

de rebanhos, sobretudo de gado vacum e cavalar”. Com a

abdicação de D. Pedro I, rebentou em Goiás um movi-

mento de caráter nitidamente nacionalista, que alcançou

vitória pelas condições da política geral do Brasil. Os lí-

deres deste movimento foram o Bispo cego, D. Fernando

Ferreira, pe Luís Bartolomeu Marquez e Coronel Felipe

Antônio Cardoso. Recebendo adesão e apoio das tropas,

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

o movimento de 13 de agosto de 1831 alcançou seu obje-

tivo, que era depor todos os portugueses que ocupavam

cargos públicos em Goiás. A conseqüência deste movi-

mento de rebeldia foi a nomeação de três goianos para a

presidência de Goiás, embora a Regência de início ofici-

almente o desaprovasse. Foram estes os seguintes presi-

dentes Goianos: José Rodrigues Jardim, (1831-1837), pe

Luiz Gonzaga de Camargo Fleury (1837-1839) e José de

Assis Mascarenhas (1839-1845).

8.2. O CORONELISMO NA REPÚBLICA VE-

LHA, AS OLIGARQUIAS.

Os clãs que se formaram ao longo do império, já en-

tão depositários do poder econômico, dominam a política

e ascendem junto com a república. Os vícios eleitorais e

o coronelismo somados à "política dos governadores",

implantada por Campos Salles, dão origem às oligarqui-

as que se sucedem até 1930. Dentre eles podemos citar:

José Leopoldo de Bulhões Jardim, José Xavier de Al-

meida, Eugênio Rodrigues Jardim e Antônio Ramos Cai-

ado. O personalismo desses chefes, que se sobrepunham

aos poderes legislativo e judiciário, e as relações de vas-

salagem pelo voto caracterizam a política da época.

O poder da primeira república brasileira se apoiou

em grandes proprietários de terra, culpa da própria estru-

tura fundiária do Brasil desde o período colonial (lati-

fúndios). Esses proprietários apoiaram os militares no

advento da proclamação e depois foi no seu poder que se

assentou o Estado Brasileiro.

O presidente era escolhido de forma indireta pelos

deputados e senadores. Assim para perpetuar determina-

dos grupos no poder faziam-se acordos de apoio a de-

terminados candidatos. As oligarquias estaduais em troca

de favorecimentos do poder central apoiavam esse can-

didato e manipulavam as eleições através do voto de ca-

bresto (voto aberto).

Os coronéis eram os chefes políticos locais, normal-

mente grandes proprietários, que através dos seus jagun-

ços, "convenciam" a população a votar nos candidatos

dessas alianças políticas e escusas. Esse jogo politiqueiro

era chamado “política dos governadores”.

A oligarquia dos Bulhões mantinha vínculos estreitos

com os chefes políticos locais, feitos geralmente através

de seu líder principal, Leopoldo Bulhões, políticos então

já de projeção nacional. A representação se fortalecia

com a presença de coronéis, como Antônio José Caiado,

antigo tropeiro e então poderoso fazendeiro, membro do

“Centro Republicano”. Também ligado aos Bulhões es-

tava o coronel Hermenegildo Lopes de Moraes, próspero

fazendeiro e comerciante no sudeste do Estado. Tão

grande era sua influência que nenhuma decisão política

importante se tomava em Goiás sem que ele se pronunci-

asse antes.

A existência desta articulação da oligarquia dos Bu-

lhões com o governo federal e com os chefes políticos do

interior parece confirmar em Goiás a “teoria piramidal”

discutida por vários autores: no topo desta pirâmide, en-

contrava-se o governo federal; na base, os coronéis, do-

minando os municípios e fornecendo sustentação eleito-

ral às oligarquias. Estas, funcionavam como um elo de

ligação entre os dois polos – federal e municipal – con-

trolando os cargos políticos e moldando a situação esta-

dual à federal.

Em Goiás parece não ter existido o chamado “siste-

ma coronelístico não institucionalizado”. Goiás, na rea-

lidade embora fosse um estado atrasado economicamente

e com pouca expressão política a nível nacional, apresen-

tava internamente partidos políticos relativamente nume-

rosos e solidamente estruturados, através dos quais se

canalizavam e realizavam as articulações e movimentos

da sua vida pública. Nenhum político em Goiás, na épo-

ca, tinha condições de projetar-se fora do sistema parti-

dário, tão importante e envolvente era este; o partido

dominante representava o único canal possível de defesa

e manutenção dos interesses de classe.

Consequentemente, nenhum coronel goiano estabele-

cia comunicação direta com o poder central, passando

por cima dos partidos políticos estaduais. O caso do co-

ronelismo em Goiás, portanto, não parece se enquadrar

em muitas classificações. Trata-se de um estado econô-

mico e politicamente frágil, mas solidamente estrutura-

do, dentro de suas fronteiras, em termos políticos parti-

dários.

A organização e manutenção de um sistema político

sólido, ao invés de representar necessariamente uma rea-

lidade socioeconômica heterogênea, rica e multifacetada,

pode ser, ao contrário, expressão de uma sociedade sim-

ples em sua composição interna, com poder econômico,

social e político altamente concentrado. Este poder polí-

tico concentrado em Goiás, entretanto, apesar de ainda

muito forte, começará, a partir de 1901, a ter dificulda-

des em juntar os diversos setores emergentes da socieda-

de goiana, especialmente, os representantes das novas

áreas economicamente importantes do estado.

A partir de 1901 o sistema político em Goiás começa-

rá a sofrer mudanças. O lento declínio da oligarquia do-

minante aliado à política dos governadores, praticada a

nível nacional, abrirão uma brecha à maior articulação

das forças políticas de Goiás.

A oposição se estruturou em função das contradições

interpartidárias, da reação no plano nacional, pelos mo-

vimentos de 1922 e 1924 e do contato com o tenentismo

do sudoeste goiano. Sua liderança foi assumida por inte-

lectuais e liberais aliados aos políticos dissidentes. Coli-

garam-se os movimentos aliancistas, e, com a vitória da

revolução de 1930, a máquina eleitoral e administrativa

cheia de falhas, que dominava o estado havia mais de

trinta anos, começou a ser desarticulada. A intensificação

da interiorização e a dinamização econômica caracteriza-

ram o período posterior a 1930.

8.3. A REVOLUÇÃO DE 30

A revolução de 30, não se operou, imediatamente, no

campo social, mas no campo político. O governo passou

a propor como objetivo primordial o desenvolvimento do

Estado. A construção de Goiânia, pelas energias que mo-

bilizou, pela abertura de vias de comunicação que a

acompanhavam e pela divulgação do estado no país, foi

o ponto de partida desta nova etapa histórica.

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

a) Revolução de 30 em Goiás

A revolução de 30 foi uma revolução importada em

Goiás. Nem poderia ser outra maneira. Ela não foi uma

revolução popular, nem sequer uma revolução de mino-

rias com objetivos sociais. Foi, portanto, uma revolução

feita por grupos heterogêneos da classe dominante des-

contente (Minas e Rio Grande do Sul), de militares

(Grupos tenentista) e das classes médias, sem uma ideo-

logia determinada. Em Goiás, a revolução teve como

ponto de apoio parte da classe dominante descontente. A

falta de comunicações acentuava a impossibilidade do

surgimento de uma oposição organizada. Os pequenos

núcleos de oposição, que se tinham formado durante a

última década (em Rio Verde, em Inhumas e em Anápo-

lis), eram mais expressão de personalidades descontente

que uma verdadeira oposição. As eleições eram total-

mente controladas pelo Governo (o que tirava toda espe-

rança de derrubar o governo por meios legais). E a ação

da policia militar, tornando a vida difícil para os oposi-

cionistas mais recalcitrantes, completam a explicação da

inexistência de uma oposição consistente em Goiás. A

crise do 29, que foi o catalisador de todos os desconten-

tamentos para fazer eclodir a revolução, não fez sentir

efeitos aqui por falta de uma economia organizada e de-

pendente de um ativo comércio. Por todas estas razões, a

participação efetiva de Goiás na revolução limitou-se à

ação pessoal do Dr. Pedro Ludovico. Ao explodir a revo-

lução, a 4 de outubro de 1930, reuniu um grupo de 120

Voluntários no triângulo Mineiro, com que intentou in-

vadir a região do Sudoeste de Goiás. Pedro Ludovico foi

preso. Logo depois a revolução triunfava no resto do Pa-

ís. Uma coluna procedente de Paracatu, comandada pelo

coronel Quintino Vargas chegou até a cidade de Goiás e

o médico mineiro Carlos Pinheiro Chagas tomou o po-

der.

b) Governo revolucionário

A revolução colocou em Goiás um governo provisó-

rio composto de três membros: entre eles estava, o Dr.

Pedro Ludovico. Três semanas depois, foi nomeado in-

terventor. A revolução não provocou nenhuma mudança

social, no campo político um movimento moralizador: a

comissão. A comissão de sindicância devia apurar os

crimes contra o patrimônio do Estado, a coação contra os

“elementos Liberais”, a violência e abuso de autoridade e

fraude nas eleições. Com respeito a este objetivo, a revo-

lução trouxe para Goiás uma revolução política. Muitos

jovens, politicamente novos, mais desinteressados e an-

siosos em trabalhar pelo progresso do Estado, passaram

a ocupar os cargos de governo. Mas os longos anos de

ditadura, haveria de seguir-se. Há um aspecto, contudo,

em que as transformações foram profundas e decisivas: o

estilo de governo. O governo passou a propor-se como

objetivo primeiro de sua gestão: a solução dos problemas

do Estado em todas as ordens, dando especial ênfase ao

problema do desenvolvimento, exemplos: transporte,

educação, saúde pública, exportação. O grande empreen-

dimento do Estado, foi a construção de Goiânia.

8.4. A ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DE 1930

ATÉ OS DIAS ATUAIS.

a) A População

A alta taxa de natalidade da população do Estado e o

aumento da imigração determinaram, neste período, que

o crescimento da população se processasse num ritmo

acelerado. A imigração, durante a década de 1940-1950,

também alcançou um elevado índice, que determinou,

somado ao aumento vegetativo, um crescimento global

da população de 3,9 % anual. Mais rápido ainda foi o

crescimento da população na década seguinte, alcançan-

do a taxa de 4,9 %. Os fatores que influíram fortemente

foram: a construção de Brasília e a diminuição do índice

de natalidade.

Em 1970 a população de Goiás se aproximava já dos

três milhões. Estes dados indicam que a população de

Goiás se multiplicou por seis nos últimos cinquenta

anos. Este crescimento rápido da população, estimulado

pela forte migração, embora a longo prazo se traduza em

maior desenvolvimento; a curto prazo pode conduzir a

variados impasses. Segundo Otávio Lage: “As emigra-

ções trazem consigo boas e más consequências. Para a

economia da região, melhoram os índices de mão-de-

obra, ampliam as fontes de riquezas, etc., entretanto,

contribuem para o aumento da demanda insatisfeita de

serviços sociais, escolas, energia, estradas, saneamento e

habitação, sobrecarregando os governos”.

b) Distribuição da População

Na realidade, a distribuição da população é muito de-

sigual, quase a metade do Estado tem uma densidade en-

tre 1 e 2 hab./Km². As regiões homogêneas formadas de

Norte e Sul. Pois bem, as oito primeiras micro- regiões

com 61 % do território tem apenas 27 % da população,

enquanto o Mato Grosso Goiano, décima região, concen-

tra mais de um terço da população do Estado com 28,69

hab./Km². Também apresentam uma forte concentração

populacional as três regiões do extremo sul: Meia Ponte

(7,8 hab/Km²), Sudoeste Goiano (6,4) e Paranaíba (8,79).

As vias de comunicação e a proximidade maior ou me-

nor dos grandes centros econômicos tem determinado

uma distribuição da população totalmente diferente à

causada pela mineração no século XVIII e pela pecuária

no século XIX.

c) Urbanização

O processo de urbanização foi acelerado com a revo-

lução industrial. A concentração de mão-de-obra para as

indústrias determina o crescimento rápido das cidades.

Em Goiás, o censo de 1940, que foi o primeiro em fazer

a distinção entre população urbana e rural, dava para o

Estado 14,6% de população urbana 85,4% rural. Deve-

mos notar, contudo, que o índice de ruralidade era ainda

bastante mais elevado, pois o critério adotado pelo IBGE

de considerar população urbana a residente na sede dos

municípios computa como urbana a população de peque-

nas cidades e vilas. Apesar disto, havia municípios, co-

mo Goiatuba, onde o índice de ruralidade subia até

97,12%. Só quatro cidades passavam dos 7 mil habitan-

tes (Goiânia, 15 mil, Anápolis, 9.500, Goiás, 8 mil e

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

Ipameri 7 mil) e outros quatro (Rio Verde, Silvânia, Ca-

talão e Piracanjuba) excediam em poucos os três mil.

d) Economia: Predomínio do Setor Rural

Da população economicamente ativa, 83,69% esta-

vam ocupados em 1950 no “setor primário”, em sistema

de trabalho rudimentar: 4,17% no “setor secundário”, e

ainda incipiente: e 12,14% no “setor terciário”. A indús-

tria continua sendo de pouca expressão em Goiás para a

formação de riqueza e oferecimento de empregos: sua

participação na renda estadual é quatro vezes menor que

a média nacional. A agricultura e a pecuária, represen-

tam, 57% e 40% respectivamente do setor primário.

A agropecuária concentra 69% da mão-de-obra total.

A agricultura do Estado se baseia em três produtos prin-

cipais: arroz, milho e feijão.

e) Governo: Administração

A falta de capital e de uma tradição empresarial tor-

nava a ação do governo insubstituível para por em mar-

cha e ativar os mais variados aspectos do desenvolvi-

mento. O envolvimento do governo do Estado foi dando-

se gradualmente, a partir da construção de Goiânia; mais

intensamente na década de 50, com a criação do Banco

do Estado e a CELG. O governo Mauro Borges foi o

primeiro a propor-se como diretriz de ação um “Plano

de Desenvolvimento Econômico de Goiás” abrangen-

do todas as áreas: agricultura e pecuária, transportes e

comunicações, energia elétrica, educação e cultura, saú-

de e assistência social, levantamento de recursos natu-

rais, turismo, aperfeiçoamento e atualização das ativida-

des do Estado. Em Goiás a tributação per capita multi-

plicou-se por mais de seis, durante os quatro últimos

anos. Governo Mauro Borges levou a cabo a Reforma

Administrativa. Essa reforma criava, paralelamente ao

corpo administrativo do Estado, propriamente dito, os

serviços estatais autônomos e paraestatais. As autarquias

permanecem unidas ao governo através, das secretarias e

participam do orçamento estatal. As mais importantes

são: CERNE, OSEGO, EFORMAGO, CAIXEGO,

IPASGO, SUPLAN, ESEFEGO, CEPAIGO, IDAGO,

DERGO, DETELGO... Os serviços paraestatais são

constituídos pelas empresas públicas e sociedades de

economia mista, nas quais o governo é acionista majori-

tário. Entre elas encontram-se a METAGO, CASEGO,

IQUEGO, etc. Outro empreendimento importante que

nasceu do governo de Mauro Borges foi a tentativa de

reforma agrária.

f) Governo da Revolução.

Em primeiro lugar uma das razões da queda do go-

vernador foi porque ele tocou o ponto crucial, ele criou a

Metago. A Metago foi entregue ao Capitão Marcus

Fleury, antigo chefe do SNI em Goiás e braço direito da

Repressão no Estado.

O que fizeram os Governos da Revolução em Goiás?

Visando eleger o sucessor, Ribas Júnior fez um governo

visando o empreguismo e aumento do funcionalismo.

Nomeou praticamente todo mundo em Goiás. Foi a últi-

ma vez que o magistério recebeu verdadeiramente no Es-

tado. Talvez reconhecendo as suas limitações, não inter-

feriu na estrutura deixada pelos governos anteriores.

Otávio Lage de Siqueira, construiu postos de saúde e es-

colas no interior. Na capital ele foi ofuscado pela bri-

lhante Administração do então prefeito da capital o Sr.

Íris Resende Machado, que remodelou Goiânia. Como o

presidente gostava de estádios foi a época em que quase

todos os governadores construíram seus estádios. Aqui

foi construído o ESTÁDIO SERRA DOURADA e o

AUTÓDROMO, dinheiro desviado da Educação e obras

assistenciais. O professor passa a ganhar salários, os

mais capazes vão se evadindo da profissão. Era secretá-

rio de Educação neste período o Sr. Hélio Mouro.

Duas medidas importantes do governo Otávio Lage:

o Goiás rural e a Lei de Incentivos Fiscal, para as indús-

trias pioneiras em Goiás; a construção do CEASA, que

com seu sistema de intermediários, contribuiu para ele-

var o custo de vida em Goiás. Irapuan Costa Júnior

(1975 – 1979). Obras: Ginásio Rio Vermelho, Incentivo

à ginástica e competições esportivas; ponte sobre o Rio

Tocantins, devendo também ser mencionada a restaura-

ção do Teatro Goiânia.

Ary Ribeiro Valadão (1979 – 1983). Foi o último dos

governos escolhidos indiretamente pelo planalto. Eco-

nomicamente o governo procurou fazer obras de incenti-

vo no setor primário através dos projetos Rio Formoso,

Rio do Sono, Rio dos Bois e Alto Paraíso. No projeto

Rio Formoso o capital monopolista atuou em detrimento

do pequeno proprietário. Era um projeto ousado, objeti-

vando fazer de Goiás um celeiro do Brasil. No setor edu-

cacional, A única obra foi a construção do faraônico

“Colégio de Líderes” ou Colégio Hugo de Carvalho Ra-

mos. Dado o seu caráter elitista e irreal no contexto goi-

ano, o novo governo modificou a orientação do colégio e

o inseriu na realidade educacional do Estado.

Governo Íris Resende Machado (1982). Eleito majo-

ritariamente pelo voto direto, popular e universal, con-

tando com o apoio de uma “frente” de aposição ao ofici-

alismo. É um governo de conciliação entre o capital e o

trabalho. Socialmente, tem se caracterizando pelo apoio

às reivindicações populares, Destacam neste sentindo a

instituição do comodato, a integração do sudeste goiano

através da Rodovia JK e de outras vias, desejo antigo dos

produtores etc. Projeto de peso no governo Íris é a tenta-

tiva de resolver o problema dos marginalizados sociais,

frutos do êxodo rural. Contado com o apoio das prefeitu-

ras e dos proprietários. Inicialmente, o governo baixa o

chamado “Decretão” uma medida extrema. Com maior

critério, o Estado volta a absorver os funcionários, refor-

çando a função do “Estado de Obras”. O Estado torna-se

responsável pelo emprego, ainda que com altos e baixos

salários. No setor da Educação, está sendo providenciada

a aprovação do Estatuto do Magistério, reconsiderou sua

situação salarial e criou cursos complementares para alu-

nos carentes. De maneira geral é um governo de caráter

reformista que tenta recolocar o Estado nas vias de cres-

cimento econômico. Melhorou a arrecadação fiscal e

propiciou a regulamentação da folha de pagamento do

Estado. No campo social, Goiânia hoje é uma metrópole

com mais de 1.000.000 de habitantes, observa-se o fe-

nômeno do êxodo Rural, que criado uma população mar-

ginalizada do contexto socioeconômico. O menor aban-

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

donado tem feito proliferar as casas de “Caridade”, gran-

des construtoras, na construção de apartamentos luxuo-

sos com o dinheiro do FGTS, no entanto é o fundo de

garantia deste trabalhador que está garantindo uma parte

da construção civil. A fórmula que o governo descobriu

para absorver a mão-de-obra que emigra do campo para

as cidades. Este é rapidamente o quadro de Goiás hoje, o

que não é diferente do restante do Brasil.

Últimos 10 governadores do estado de Goiás.

Nome Período

Íris Rezende Machado 15 de março de 1983 a 13 de fevereiro de 1986

Onofre Quinan 13 de fevereiro de 1986 a 15 de março de 1987

Henrique Santillo 15 de março de 1987 a 15 de março de 1991

Iris Rezende Machado 15 de março de 1991 a 2 de abril de 1994

Agenor Rodrigues de Rezende 2 de abril de 1994 a 1 de janeiro de 1995

Maguito Vilela 1 de janeiro de 1995 a 4 de maio de 1998

Naphtali Alves de Sousa 4 de maio de 1998 a 3 de novembro de 1998

Helenês Cândido 3 de novembro de 1998 a 1 de janeiro de 1999

Marconi Perillo 1 de janeiro de 1999 a 31 de dezembro de 2002

Marconi Perillo 1 de janeiro de 2003 a 31 de março de 2006

Alcides Rodrigues 31 de março de 2006 a 31 de dezembro de 2006

Alcides Rodrigues 1 de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2010

Marconi Perillo 1 de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2014

Marconi Perillo 1 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2018

8.5. ASPECTOS DA HISTÓRIA SOCIAL DE

GOIÁS: O POVOAMENTO BRANCO, OS GRU-

POS INDÍGENAS, A ESCRAVIDÃO E CULTURA

NEGRA, OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAM-

PO E A CULTURA POPULAR.

A população de Goiás

A primeira informação sobre a população de Goiás

são os dados da capitação de 1736, havia mais de 10.000

escravos adultos. O total da população? Menos de

20.000, pois os escravos deviam constituir mais da me-

tade da população.

Entre 1750 e 1804, parece que a decadência da mine-

ração se traduziu numa diminuição da população. Não se

importavam mais escravos para suprir as mortes, bastan-

tes brancos e livres emigravam para outros territórios. O

censo de 1804 deu 50.000 habitantes para Goiás. Uma

diminuição de quase 20%.

No censo de 1940, só quatro cidades passavam dos 7

mil habitantes: Goiânia, 15 mil, Anápolis, 9.500, Goiás,

8 mil e Ipameri, 7 mil.

A sociedade mestiça

Ao mesmo tempo que diminuía o número de escra-

vos, aumentava, como é lógico, o número de pretos li-

vres ou “forros”. Na capitação de 1745, os negros “for-

ros”, que pagaram capitação, foram 120, e o número de

escravos chegava quase a 11.000. No recenseamento de

1804, os negros livres eram em número de 7.936, 28%

do total de pretos.

Maior era, ainda, a progressão dos mulatos. A ausên-

cia de mulheres brancas nas minas foi a determinante de

uma mestiçagem, em grande escala, entre branco e preto,

até então desconhecida no Brasil.

Depois de algum tempo, havia mulatos em todos os

níveis da sociedade: no exército, no sacerdócio, entre os

grandes proprietários. Mas nem o negro livre, nem o mu-

lato eram socialmente bem aceitos. Escravos, negros e

mulatos apareciam muitas vezes equipados nas expres-

sões correntes e mesmo nos documentos oficiais, como

formando a ralé da sociedade.

Classes Dirigentes - O povoamento branco

Os brancos foram sempre uma minoria, mas com a

decadência da mineração, esta minoria foi-se tornando

cada vez mais exígua. Ao acentuar-se a decadência, mui-

tas famílias brancas migraram para outras regiões. Em

1804, os brancos constituíam pouco menos de 14% da

população.

Os dias de apogeu da mineração foram breves. Então,

ser rico, “mineiro poderoso” era possuir 250 escravos ou

mais. Não faltaram mineiros que em Goiás possuíam es-

te número de escravos. Com a decadência, tornaram-se

raros os que tinham 12 escravos.

Mesmo entre os brancos a pobreza era geral, mas ser

branco continuava sendo uma honra e um privilégio,

contam os historiadores.

Os índios

Ao tempo da descoberta, eram numerosas as tribos de

índios em Goiás, cobrindo todo o seu território. Podemos

citar entre as mais importantes: Caiapó, Xavante, Goiá,

Crixá, Araés, Xerente, Carajá, Acroa...

Durante a época da mineração as relações entre ín-

dios e mineiros foram exclusivamente guerreiras e de

mútuo extermínio.

Page 22: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

22

Realidade Étnica do Estado de Goiás

Os movimentos sociais no campo e a cultura po-

pular

O desenrolar da história de Goiás propiciou o apare-

cimento de diversas atividades culturais no Estado, das

quais originaram legítimas manifestações do folclore

goiano. Apesar de boa parte delas estar relacionada ao

legado religioso introduzido pelos portugueses, o movi-

mento cultural que floresceu no Estado agregou tradições

indígenas, africanas e europeias de maneira a abrigar um

sincretismo não apenas religioso, mas de tradições, rit-

mos e manifestações que tornaram a cultura goiana um

mix de sensações que vão da batida do tambor da Con-

gada e dos mantras entoados nas orações ao Divino, até a

cadência da viola sertaneja ou o samba e o rock que por

aqui também fizeram morada.

As Cavalhadas talvez sejam uma das manifestações

populares mais dinâmicas e expressivas do Estado de

Goiás. A encenação épica da luta entre mouros e cristãos

na Península Ibérica é apresentada tradicionalmente por

diversas cidades goianas, tendo seu ápice no município

de Pirenópolis, quinze dias após a realização da Festa do

Divino. Toda a cidade se prepara para a apresentação,

travestida no esforço popular em carregar o estandarte

que representa sua milícia. O azul cristão trava a batalha

contra o rubro mouro, ornados ambos de luxuosos man-

tos, plumas, pedras incrustadas e elmos metálicos, dese-

nhando, por conseguinte, símbolos da cristandade como

o peixe ou a pomba branca – símbolo do Divino – e do

lado muçulmano o dragão e a lua crescente. Paralela-

mente, os mascarados quebram a solenidade junto ao

público, introduzindo o sarcástico e profano, em meio a

um dos maiores espetáculos do Centro-Oeste.

As Congadas dão outro show à parte. Realizadas tra-

dicionalmente no município de Catalão, reúnem milhares

de pessoas no desenrolar do desfile dos ternos de Congo

que homenageiam o escravo Chico Rei e sua luta pela li-

bertação de seus companheiros, com o bônus da devoção

à Nossa Senhora do Rosário. Ao toque de três apitos, os

generais dão início às batidas de percussão dos mais de

20 ternos que se revezam entre Catupés-Cacunda, Vilão,

Moçambiques, Penacho e Congos, cada qual com suas

cores em cerca de dez dias de muita festa.

A raiz e o sertanejo

Nem só de manifestações religiosas vive a tradicional

cultura goiana. Uma dança bastante antiga e muito repre-

sentativa do Estado também faz as vezes em apresentar

Goiás aos olhos dos visitantes. A Catira que tem seus

primeiros registros desde o tempo colonial não tem ori-

gem certeira. Há relatos de caráter europeu, africano e

até mesmo indígena, com resquícios do processo cate-

quizador como forma de introduzir cantos cristãos na

possível dança indígena. No entanto, seu modo de repro-

dução compassado entre batidas de mãos e pés, permea-

dos por cantigas de violeiros perfaz a beleza cadenciada

pela dança.

A viola, aliás, está presente em boa parte do cancio-

neiro popular goiano, especialmente nos gêneros caipira

e sertanejo, que em conjunto com sanfonas e gaitas têm

sido bastante divulgados, geralmente por duplas de can-

tores. Diferenças, no entanto, podem ser notadas quanto

à temática, uma vez que o sertanejo tem se apresentado

majoritariamente enquanto produto da indústria cultural

e a música de raiz ou caipira se inspirado nas belezas do

campo e do cotidiano do sertanejo.

Pluralidade de ritmos

Nem só de sertanejo vive o Estado de Goiás. Na ver-

dade, ritmos antes considerados característicos de eixos

do Sudeste do país têm demarcado cada vez mais seu es-

paço dentro do território goiano. Bons exemplos são a

cena alternativa e do rock, divulgados em peso por festi-

vais de renome como o Bananada e o Vaca Amarela, en-

quanto que, por outro lado, rodas de samba e apresenta-

ções de chorinho também têm angariado novos adeptos,

dentre outros tantos ritmos encontrados na cultura goia-

na.

9. ATUALIDADES ECONÔMICAS, POLÍTI-

CAS E SOCIAIS DO BRASIL, ESPECIALMENTE

DO ESTADO DE GOIÁS.

Prezado(a) candidato(a)!

A maioria das instituições responsáveis pela elabo-

ração e pela organização de concursos públicos, através

de suas bancas examinadoras, já adotou, como conteúdo

programático, o tópico “CONHECIMENTOS GERAIS

/ ATUALIDADES” com abordagem sobre domínio de

tópicos atuais e relevantes de diversas áreas, tais como:

política, economia, sociedade, educação, tecnologia,

energia, ralações internacionais, desenvolvimento sus-

tentável, ecologia, responsabilidade socioambiental, se-

gurança, artes, literatura com suas vinculações históricas

e geográficas. Esses conhecimentos podem estar ligados

a qualquer área do saber humano, seja em nível nacional,

como internacional.

É preciso atenção nesta área, por parte do candida-

to, uma vez que ele envolve um conteúdo muito amplo.

Aqui, o examinador tentará tirar do candidato conheci-

mentos em que abordará os temas atuais, relevantes e,

amplamente, divulgados nos últimos anos, conforme

consta no edital do concurso, não se esquecendo da rela-

ção do assunto com o seu passado histórico e geográfico.

Por se tratar de uma área ampla, o que torna impos-

sível a catalogação de tais acontecimentos numa apostila,

aconselhamos você a rever jornais e revistas que versem

sobre os assuntos-tema solicitados no programa. Acom-

panhe todo o noticiário que houver até o dia da prova e

faça uma sinopse de tudo o que chamar a sua atenção.

Professores de cursinhos, ouvidos pelo portal

<www.G1.globo.com>, são unânimes em dizer: “para

ter bom desempenho nas provas de atualidades dos con-

cursos públicos, o candidato precisa de estar sintonizado

com os assuntos mais importantes e recentes do Brasil e

do mundo. A solução é criar o hábito de acompanhar o

noticiário, seja por meio do rádio, da TV, da Internet,

dos jornais, das revistas ou dos livros”.

Page 23: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

23

Realidade Étnica do Estado de Goiás

Durante a preparação para a prova, o candidato de-

ve observar, atentamente, os fatos acontecidos até os úl-

timos dias. Recentemente, uma organizadora de concur-

so colocou uma questão que abordava um fato que tinha

acontecido na quarta-feira anterior à prova. Por isso, é

importante acompanhar o noticiário.

Outra observação é quanto ao alcance sobre o que

pode ser cobrado na prova ou não. Não basta ter a preo-

cupação sobre fatos ligados somente à política, econo-

mia, à relações internacionais, à saúde, à educação, etc.

Atualidade é um termo abrangente, o que dá direito à

banca organizadora do concurso de colocar uma questão,

abordando um fato, amplamente, divulgado na mídia,

bem como um fato que não tenha sido tão divulgado,

embora tenha sido noticiado. Temos, como exemplo,

uma prova aplicada que cobrava conhecimento do candi-

dato sobre o “reality show Big Brother”. Outra prova,

aplicada em 2007, perguntava o nome do livro da ex-

garota de programa Bruna Surfistinha, “O Doce Veneno

do Escorpião”. Em outra prova, considerada fácil, uma

questão perguntava o nome do atual técnico da seleção

brasileira de futebol, Dunga.

Outro fato importante é observar o edital, para ver

se o concurso abordará fatos de âmbito, apenas, nacional

ou, também, internacional. Há, também, concursos que

cobram fatos regionais.

Feito isso, procure memorizar os fatos, não descui-

dando você dos detalhes da notícia, tais como: época, lo-

cal, personagens envolvidos e, principalmente, a palavra-

chave do evento. Ex.: CPI do “Apagão Aéreo” – relaci-

onado com a crise e com os acontecimentos no setor aé-

reo dos últimos anos; “Infidelidade Partidária” – rela-

cionado ao troca-troca de partidos entre os políticos;

“Biodiesel” – relacionado com a proposta brasileira so-

bre um novo combustível, totalmente, ecológico; “Efeito

Estufa” – relacionado com a preocupação mundial com

os problemas do meio-ambiente e do aquecimento solar;

“Crise Econômica Mundial” e “Gripe Suína” – ou fa-

tos recorrentes e que estão na mídia nos últimos dias, ou

seja, procure uma palavra ou uma frase que o faça você

lembrar de determinado conjunto de acontecimentos re-

lacionados com um tema específico.

É importante, também, saber que toda atualidade

tem suas raízes históricas e geográficas; razões geopolí-

ticas e econômicas. Por isso, recomendamos um pouco

de leitura em livros de história e de geografia recentes,

para saber situar um determinado fato a um contexto do

assunto, para que o candidato consiga responder, com

mais segurança, a questão.

Lembre bem: “O hábito da leitura é fundamental.

Quanto mais a pessoa lê, mais ela assimila. Use todas as

fontes de informações, porque o mundo é da informação.

Existem formas de se atualiza:, é preciso achar o pró-

prio meio. O que não pode é prestar a prova alienado.”

Para ajudar você, relacionaremos alguns fatos que

foram destaques no noticiário, para servir de base, na sua

pesquisa. A seguir, arrolaremos algumas questões extraí-

das de provas de concursos em que são abordados temas

do assunto ATUALIDADES / CONHECIMENTOS

GERAIS.

*********************************************

PRINCIPAIS FATOS E ACONTECIMENTOS

NACIONAIS

O Governo Dilma;

A “Chuva” de Escândalos no Governo Federal;

As Crises no Senado Federal e na Câmara dos De-

putados;

As Eleições para as Mesas Diretoras do Senado Fe-

deral e da Câmara dos Deputados;

O Julgamento dos envolvidos no Escândalo do

“Mensalão”;

Os Acordos Políticos pela Governabilidade;

O Congresso Nacional e as Comissões Parlamenta-

res de Inquéritos (CPIs);

A atuação do Ministério Público e da Polícia Fede-

ral nos vários escândalos “estourados”;

O Supremo Tribunal Federal e suas decisões;

A questão da Liberdade de Imprensa no Brasil;

A questão dos Grampos Telefônicos nas Investiga-

ções Policiais;

Os processos de Cassação dos Parlamentares envol-

vidos em Esquemas de Corrupção;

As Renúncias de Parlamentares envolvidos em De-

núncias de Corrupção;

Os problemas partidários no Sistema Político Brasi-

leiro;

A prisão de membros da Alta Magistratura;

As reformas Previdenciária, Judiciária e Tributária;

Em debate, a Reforma Política;

A resposta do “NÃO” no Referendo sobre o Desar-

mamento;

O Brasil na frente dos Biocombustíveis;

As Novas Descobertas Petrolíferas no Brasil;

A polêmica dos Arquivos Secretos do Regime Mili-

tar;

A Crise Econômica Mundial e seus efeitos no Bra-

sil;

O Brasil no Grupo dos Credores do FMI;

As Projeções para a Retomada do Crescimento da

Economia;

O Dólar e seus Reflexos na Economia;

O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC;

Risco-Brasil Frente à Crise Econômica;

A Crescente Demanda das Exportações;

A Febre aftosa e seus Reflexos na Economia;

A Criminalidade nos principais centros;

A Violência Policial Brasileira;

Os Crimes que chocaram o país;

Os Problemas Ambientais e Ecológicos;

O Desmatamento na Amazônia;

O Problema da Água no Brasil;

A Transposição do rio São Francisco;

O Efeito Estufa e suas consequências para o Brasil;

A Guerra dos Transgênicos;

A Globalização Econômica e seus efeitos no Brasil;

A Queda nos Lucros das Principais Empresas Brasi-

leiras;

As Fusões no Mercado Econômico (a mais recente:

Perdigão e Sadia);

Page 24: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

24

Realidade Étnica do Estado de Goiás

As Fusões no Mercado Financeiro

As Tragédias com Aviões (GOL: voo 1907 e da

TAM: Voo 3054) e outros acidentes de grandes pro-

porções;

O Acidente nas Obras do Metrô de São Paulo;

As Tragédias Naturais Ocorridas nos Últimos Anos

(como as decorrentes das enchentes provocadas pe-

las chuvas);

As Principais Doenças de Massa como Aids, Den-

gue, Febre Amarela, Gripe Suína e Zica;

A Propagação da Gripe H1N1(Suína) e suas Varian-

tes;

O Novo Código Civil e suas Implicações na Socie-

dade Brasileira;

A Questão da Menoridade Penal;

A Questão do “Aborto”;

A Questão do Uso da “Célula-Tronco”

As Relações Diplomáticas entre o Brasil e Países da

América Latina;

A Disputa Comercial entre Brasil e Argentina;

A Questão Migratória entre o Brasil e os Países da

Europa;

O Comércio Informal;

O Comércio Externo do Brasil.

O Esporte e suas Influências;

A Máfia Envolvendo o Futebol Brasileiro;

A Música, a Arte, a Literatura e o Cinema Nacional;

O Roubo no Museu de Arte de São Paulo (MASP);

O Roubo na Petrobrás (caso de espionagem???);

As Revoluções Tecnológicas;

O Brasil na Era da TV digital;

O Brasil e seu Primeiro Astronauta;

A Violência no Trânsito;

A Polêmica da Lei-Seca nas Estradas Federais

O Trabalho Infantil e do Maior Escravo;

A Situação Carcerária e seus Efeitos;

A Reforma Agrária e os Sem-Terra;

Os Conflitos pelas Demarcações das Terras Indíge-

nas (caso da reserva Raposa Serra do Sol, em Ro-

raima);

A Miséria nas Favelas;

A Proposta de Unificação das Polícias Civil e Mili-

tar;

A União Civil entre Pessoas do mesmo Sexo;

O Turismo Sexual e a Prostituição Infantil;

A Luta Brasileira por uma Vaga no Conselho de Se-

gurança da ONU;

A Visita do Papa ao Brasil;

O Nordeste Brasileiro e seus problemas (antes seca;

hoje, chuva em excesso);

Os 200 anos da Vinda da Coroa Real Portuguesa pa-

ra o Brasil;

A Crise Diplomática entre Brasil e Itália, envolven-

do o refugiado Cesare Battisti;

O Caso da Brasileira que forja Ataque Neonazista

na Suíça;

Os Principais Fatos Ocorridos no Distrito Federal e

entorno;

Escândalo no Senado Federal (os 500 atos secretos);

Escândalo no DF;

A Violência no Rio de Janeiro;

As Mudanças Climáticas: aumento da temperatura,

chuvas e destruição em diversos estados brasileiros;

O Julgamento do Casal Nordonni;

Os Casos de Pedofilia no Brasil;

A Morte do Pedófilo de Luziânia-GO;

O Caso Bruno;

O calor intenso e o problema das queimadas;

Dilma é eleita a Primeira Mulher Presidente da Re-

pública;

A lei Ficha Limpa;

A Onda de arrastões no Rio leva pânico a popula-

ção;

Onda de ataques a Caixas Eletrônicos em todo país;

Tragédia na Escola Tasso da Silveira – Realengo;

Óxi – A nova droga mais legal que o Krack;

Operação Alquimia da Receita Federal e PF;

O Rock In Rio;

O Plano Nacional de Banda Larga;

A nova Lei do aviso prévio;

A descoberta de petróleo na Bacia de Campo;

As Olimpíadas de 2016;

O câncer do ex-presidente Lula;

O vazamento de óleo na Bacia de Campo (RJ);

A Queda de Ministros no Governo Dilma;

O Julgamento do Lindemberg;

Corrupção em Hospitais Federais no Rio;

O novo Código Florestal;

Os Apagões Afeta Norte e Nordeste do país;

A morte de Oscar Niemeyer;

A divisão dos royalties do petróleo;

O Assassinato do Executivo Yoki;

Tragédia em Santa Maria/RS, 242 pessoas são mor-

tas na Boate Kiss;

O programa Ciências sem Fronteiras

Onda de protestos em todo o país;

O Programa mais Médicos do Governo Federal;

A PEC 37;

A falta de água em São Paulo;

Eleições Municipais de 2016;

Preso suspeito de ser o assassino de mulheres em

Goiânia;

Homem anuncia ataque terrorista e faz refém dentro

de hotel em Brasília;

Corrução na Petrobrás;

A CPI da Petrobrás;

A Crise Econômica Brasileira;

O Ajuste Fiscal;

A PEC das Domésticas;

TCU rejeita contas da Dilma;

Processo de impeachment de Dilma Rousseff e o

seu afastamento;

Dengue, Chikungunya e Zica-vírus;

A preocupação com a Segurança nas Olimpíadas no

Brasil.

As prisões dos supostos envolvidos em terrorismo

no Brasil

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

EXERCÍCIOS

Nas questões de 01 a 78, marque uma única alterna-

tiva correta conforme pede seu comando.

01. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judiciá-

rio III/UEG/2008). As divergências térmicas que ocor-

rem entre o norte e o sul do estado de Goiás são determi-

nadas pelo seguinte fator:

A) Cobertura vegetal

B) Pluviosidade

C) Latitude

D) Maritimidade

02. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judiciá-

rio III/UEG/2008). Segundo dados do Instituto Brasilei-

ro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1940 e 2000 a

população brasileira deixou de ser predominantemente

rural passando a ser predominantemente urbana. No caso

do estado de Goiás, a população urbana que era de 18%,

na década de 1940, alcançou 88% no ano 2000. Esse rá-

pido processo de urbanização do estado de Goiás teve

como uma de suas consequências:

A) A concentração fundiária e a formação de latifún-

dios.

B) A mudança na estrutura econômica do estado, que

passou de agrícola a industrial.

C) A concentração da população em pequenas cidades.

D) O surgimento da região metropolitana de Goiânia.

03. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-

ário III/UEG/2008). A partir da década de 1970, o perfil

da economia goiana sofreu fortes alterações. De uma

economia agrícola com significativa produção de arroz e

milho destinada ao mercado interno, passou-se para uma

agricultura destinada à exportação, na qual a soja e os

derivados da cana-de-açúcar despontam como os princi-

pais produtos. Dentre as consequências dessa transfor-

mação destaca-se:

A) O aumento da biodiversidade

B) O aumento da arrecadação tributária estadual

C) A ampliação da utilização de mão-de-obra em vir-

tude da mecanização agrícola

D) A permanência da população no campo

04. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-

ário III/UEG/2008). Tradicionalmente, a economia bra-

sileira é vislumbrada historicamente por meio do concei-

to de “ciclos econômicos”, que indica a preponderância

de uma determinada atividade econômica em um dado

período. Sobre esse fenômeno, é CORRETO afirmar:

A) A extração do pau-brasil, iniciada com as capitanias

hereditárias, possibilitou o povoamento efetivo do

território brasileiro pelos portugueses.

B) A produção de ouro no século XVIII possibilitou

que Portugal desenvolvesse suas manufaturas, tor-

nando uma das principais potências econômicas da

época.

C) O processo de industrialização iniciado durante o

Estado Novo foi decorrência de uma conjuntura in-

ternacional favorável e de altos investimentos do

Estado.

D) Os lucros advindos da produção cafeeira foram res-

ponsáveis pela estabilidade social, econômica e po-

lítica do país durante a chamada República Velha.

05. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-

ário III/UEG/2008). Durante o início da implantação da

colonização portuguesa em Goiás, foi proibida a navega-

ção dos rios Araguaia e Tocantins. Pode-se afirmar

CORRETAMENTE que esta medida

A) visava impedir o contrabando de ouro produzido em

Goiás.

B) visava proteger os aldeamentos indígenas localiza-

dos às margens desses rios das incursões dos ban-

deirantes paulistas.

C) visava impedir o acesso dos emboabas às minas au-

ríferas de Goiás.

D) foi responsável direto pela estagnação econômica

de Goiás no século XIX.

06. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-

ário III/UEG/2008). Dentre as principais personalidades

religiosas de Goiás, destacam-se as figuras de Santa Dica

e Padre Pelágio.

Sobre elas, é INCORRETO afirmar:

A) O prestígio de Padre Pelágio contribuiu para a con-

solidação da Romaria de Trindade como a principal

festa católica de Goiás.

B) Apesar de seu prestígio entre a população, Santa

Dica enfrentou a resistência das elites goianas, che-

gando a ser combatida pelas forças armadas.

C) A veneração de ambas as personalidades demonstra

o quanto a religião é um fator de peso nos movi-

mentos sociais camponeses de Goiás das primeiras

décadas do século XX.

D) Santa Dica, em reconhecimento do seu esforço na

divulgação da fé católica, foi a primeira mulher ca-

nonizada no Brasil.

07. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe

– Prova A /UEG/2008). Leia o quadro a seguir.

Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e

2005

PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia:

Editora da UCG, 1994. <www.seplan.go.gov.br/s ep-

in/pub/serieEB/Port/Rev27/04-tab01.htm>. Acesso em: 13 out.

2008.

Os dados do quadro permitem comparar a produção

aurífera goiana do século XVIII e a produção contempo-

rânea. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar:

A) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía

um peso maior na economia portuguesa, no século

XVIII, do que possui atualmente na economia brasi-

leira, em virtude da política mercantilista de acumu-

lação de ouro e prata, naquela época.

B) a maior produção aurífera de 2005 pode ser expli-

cada pela utilização de recursos tecnológicos que

permitem a exploração de jazidas profundas, en-

Page 26: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

26

Realidade Étnica do Estado de Goiás

quanto, em 1753, explorava basicamente o chamado

ouro de aluvião.

C) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a

de 1753 precisa ser relativizada, pois a evasão fiscal

do minério era muito maior no século XVIII do que

no século XXI.

D) o peso proporcional da produção aurífera do ano de

2005 na arrecadação tributária total de Goiás é três

vezes maior do que o da produção aurífera do ano

de 1753.

08. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe

– Prova A /UEG/2008). Nas eleições municipais de

2008, o Superior Tribunal Eleitoral proibiu que os eleito-

res portassem celulares nas cabines de votação a fim de

evitar que tais aparelhos, por meio da filmagem ou foto-

grafia, servissem de instrumentos de coação sobre a li-

berdade de escolha do eleitor. Na história política de

Goiás, a privacidade do voto não era garantida pelo Es-

tado em qual situação?

A) Durante a ditadura militar, quando os militares im-

pediram a livre expressão dos eleitores.

B) Durante o Estado Novo, quando a privacidade do

voto foi cerceada pelo interventor Pedro Ludovico.

C) Durante a República Velha, quando o voto desco-

berto servia para perpetuação do poder dos grupos

oligárquicos.

D) Durante o período escravista, quando os escravos

eram obrigados a votar sob orientação política de

seus senhores.

09. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe

– Prova A /UEG/2008). A historiografia goiana consi-

dera que na década de 1970 houve uma modernização

das atividades agrícolas em Goiás. Como decorrência

dessa modernização, constata-se uma crescente mecani-

zação e utilização de insumos agrícolas, significando a

expansão e consolidação do capitalismo no meio rural. É

CORRETO identificar como consequência desse proces-

so:

A) o aumento da repressão autoritária por parte do Es-

tado aos movimentos sociais que lutavam por terra.

B) modificações na estrutura fundiária de Goiás, com a

consolidação da pequena propriedade rural, no esta-

do.

C) a implantação de um programa de reforma agrária,

como a Colônia Agrícola de Ceres, para atender aos

trabalhadores imigrantes.

D) o desenvolvimento do populismo nos anos 70 como

forma de conciliação de interesses contraditórios no

quadro político e econômico de Goiás.

10. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe

– Prova A /UEG/2008). Entre os séculos IV e VI, os

povos germanos, pressionados militarmente pelos hunos,

invadiram gradativamente porções de terras do Império

Romano. Em relação aos deslocamentos populacionais

para onde atualmente se localiza o estado de Goiás, apre-

senta causa similar à migração dos germanos:

A) a vinda de africanos para trabalhar como escravos

nas minas do século XVIII.

B) a migração dos Tupi do litoral para o interior, en-

trando em conflito com os Jê.

C) as bandeiras paulistas que adentraram o interior pa-

ra escravizar indígenas.

D) a vinda de nordestinos para trabalhar na construção

de Goiânia.

11. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª

Classe – Prova A / UEG/2008). Sobre a atual regionali-

zação estabelecida pelo IBGE, para o estado de Goiás, é

CORRETO afirmar:

A) baseia-se na área de abrangência dos elementos (na-

turais, econômicos, demográficos) utilizados como

referência para seu estabelecimento, desconsideran-

do, portanto, os limites das unidades administrati-

vas.

B) corresponde a recortes espaciais definidos a partir

de critérios (naturais, econômicos, sociais, entre ou-

tros) que permitem agrupar, numa região, locais

com características semelhantes, separando-os dos

demais.

C) representa as particularidades do estado de Goiás

em relação ao contexto nacional, uma vez que utili-

za critérios diferentes daqueles utilizados em outras

regiões brasileiras.

D) apresenta especificidade quanto à organização do

espaço, uniformidade de atributos, auto-suficiência

e unicidade em relação umas às outras.

12. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª

Classe – Prova A / UEG/2008). O povoamento branco

de Goiás, no século XVIII, foi caracterizado pela prodi-

galidade na construção de igrejas. Só em Vila Boa, capi-

tal da capitania, foram construídas, no espaço de 50

anos, oito igrejas. Esse grande número de igrejas, no iní-

cio do povoamento branco de Goiás, explica-se pelo fato

de os templos servirem

A) aos propósitos fiscais do Estado português, sendo

que os clérigos, encarregados de recolher os dízi-

mos e o quinto real, reservavam partes substanciais

desses rendimentos para a construção e o embele-

zamento das igrejas.

B) de principal instrumento da política indigenista

pombalina, sendo que elas visavam impressionar os

silvícolas, estimulando-os a abandonarem suas prá-

ticas religiosas e suas aldeias e virem trabalhar e

congregar em Vila Boa.

C) de locais de culto e de sepultamento de membros da

população que estivessem integrados nas inúmeras

irmandades existentes na época, sendo que os es-

cravos não-cristianizados eram sepultados num ce-

mitério rudimentar.

D) no contexto histórico da Contrarreforma, de símbo-

los da supremacia da fé católica sobre a fé dos pro-

testantes, sobretudo dos ingleses anglicanos, que

trabalhavam na exploração das minas de ouro em

Goiás.

13. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª

Classe – Prova A / UEG/2008). A característica funda-

mental do Estado para o sociólogo alemão Max Weber é

a monopolização da violência, implicando que apenas o

Page 27: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

27

Realidade Étnica do Estado de Goiás

aparelho estatal tem legitimidade na utilização dos meios

de violência e coerção. Na história de Goiás, um aconte-

cimento coerente com essa tese weberiana foi:

A) a repressão da polícia goiana aos seguidores de San-

ta Dica, culminando, em 1925, no chamado “Dia do

Fogo”, quando o grupo foi dispersado e alguns reli-

giosos morreram na ação policial.

B) a Revolução de 1909, quando um exército de mais

de mil homens, organizado por fazendeiros, depôs o

presidente do Estado, demonstrando a força e o

prestígio da aristocracia agrária goiana.

C) as sucessivas entradas da Coluna Prestes em Goiás,

na década de 1920, e a consequente organização da

Coluna Caiado, uma milícia destinada a proteger a

capital do estado da invasão dos revolucionários.

D) a criação, no período regencial, da Guarda Nacio-

nal, um instrumento fundamental para o fortaleci-

mento dos meios coercitivos do Estado goiano, já

que ampliou o número de homens armados à dispo-

sição do presidente da Província.

14. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª

Classe – Prova A / UEG/2008). A implementação do

regime militar em 1964 trouxe substanciais mudanças na

política goiana. A elite econômica e política local que,

desde o fim do Império controlava o poder político do

estado, teve que submeter as diretrizes centralizadoras do

governo federal. Um acontecimento da política goiana

durante o regime militar foi:

A) a nomeação, por meio de decreto presidencial, do

engenheiro Otávio Lage de Siqueira como governa-

dor de Goiás.

B) a nomeação de governadores desvinculados das fa-

mílias tradicionais que controlaram o poder político

em Goiás, tais como os Caiado e os Bulhões.

C) a cassação do governador Mauro Borges Teixeira,

em represália a sua atitude firme, em março de

1964, na defesa da permanência de João Goulart no

poder.

D) a eleição indireta de Ary Valadão para governador

de Goiás em 1978, o último governador do período

da Ditadura militar.

15. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª

Classe – Prova A / UEG/2008). O relevo goiano é ca-

racterizado por:

A) planícies aluviais localizadas nas regiões leste e

nordeste do estado em áreas próximas aos cursos

d´água mais importantes, como o Tocantins e o

Araguaia.

B) chapadas formadas em períodos geológicos recentes

(pré-cambriano) e sob condições climáticas simila-

res às atuais.

C) planaltos antigos intensamente erodidos em decor-

rência do processo de intemperismo físico-químico.

D) bacias sedimentares localizadas especialmente nas

regiões central e norte do estado.

16. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-

se – Prova A / UEG/2008). No dia 13 de maio de 1888,

o Governo Imperial assinou a Lei Áurea, acabando ofici-

almente com a escravidão no Brasil. Para Goiás, o fim da

escravidão negra gerou

A) o descontentamento entre a elite política, uma vez

que, por ser um local bastante afastado do litoral,

inexistia um movimento abolicionista em Goiás.

B) novos regimes de trabalho no campo, mas que man-

tiveram a violência e a desproporcionalidade de di-

reitos entre o empregado e o patrão.

C) a substituição da mão-de-obra negra pela indígena,

utilizada tanto nas minas como na agricultura e na

pecuária.

D) uma estagnação econômica, já que os escravos eram

a principal mão-de-obra utilizada na exploração au-

rífera.

17. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-

se – Prova A / UEG/2008). Durante praticamente todo o

século XIX, a navegação dos rios Araguaia e Tocantins

foi vista pelos administradores públicos como uma das

mais eficazes medidas para propiciar a integração socio-

econômica de Goiás com as demais regiões brasileiras.

Viabilizada por Couto de Magalhães na década de 1870,

a navegação desses rios representou para Goiás:

A) a integração efetiva entre as partes sul e norte da

Província, equalizando as disparidades econômicas

e demográficas entre as duas regiões.

B) uma via de transporte de baixo custo, já que a ele-

vada profundidade e a ausência de cachoeiras per-

mitem a navegabilidade constante o ano inteiro.

C) um modesto desenvolvimento comercial, já que as

trocas comerciais de Goiás eram maiores com a re-

gião Sudeste do país.

D) trocas comerciais intensas com o Pará, tornando es-

ta região o principal parceiro comercial de Goiás.

18. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-

se – Prova A / UEG/2008). Uma das funções primordi-

ais do Estado moderno é dispor de uma força policial

eficiente para garantir a paz interna entre os cidadãos.

No entanto, em grande parte da história de Goiás, pre-

dominou a privatização das funções de polícia, EXCETO

no caso dos:

A) coronéis da Guarda Nacional, responsáveis, dentre

outras coisas, pela preservação da ordem e pela

guarda dos prédios públicos.

B) sertanistas, responsáveis por combater as tribos in-

dígenas que faziam guerra contínua aos colonizado-

res.

C) capitães-do-mato, responsáveis pela apreensão de

escravos fugitivos e pela destruição de quilombos.

D) Dragões, responsáveis principalmente por vigiar as

minas de diamante e impedir o contrabando de ou-

ro.

Page 28: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

19. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-

se – Prova A / UEG/2008). A Revolução de 1930 pode

ser analisada pela visão modernizadora que apresentava,

em termos da Administração Pública no Brasil, críticas

ao modelo oligárquico, até então vigente. Em Goiás, a

revolução teve seus representantes, que assumiram o

comando do Estado em nome de tal modernização. Des-

de então, vários acontecimentos promoveram mudanças

na administração política de Goiás, de 1930 até os dias

atuais. Pode-se assim identificar, respectivamente, os se-

guintes grupos políticos, no comando do governo do Es-

tado nesse período:

A) ludoviquismo, irismo, governos militares e marco-

nismo.

B) ludoviquismo, governos militares, irismo e marco-

nismo.

C) governos militares, ludoviquismo, irismo e marco-

nismo.

D) governos militares, ludoviquismo, marconismo e

irismo.

20. (SANEAGO/GO – Advogado – UEG/2008).

Ao longo da história do estado de Goiás foram utilizados

vários critérios para dividi-lo em regiões. Inicialmente, a

organização das regiões obedecia a critérios principal-

mente naturais (vegetação, hidrografia e relevo, entre ou-

tros). A regionalização utilizada atualmente pelo IBGE

foi estabelecida em 1991 e tem como referência, princi-

palmente, as características econômicas dos diferentes

municípios. Por sua vez, o governo do estado de Goiás,

por meio da Secretaria de Planejamento, também criou

sua própria regionalização para o estado. A existência de

diferentes regionalizações para o estado de Goiás NÃO

pode ser explicada

A) pela escassez de informações científicas e estatísti-

cas, produzidas por universidades e órgãos de pes-

quisa, disponíveis sobre o estado de Goiás.

B) pelo fato de existirem diversas possibilidades de

agrupar os locais do estado, segundo objetivos defi-

nidos por cada órgão.

C) pela existência de uma grande diversidade cultural,

econômica e natural, que não poderia ser abarcada

utilizando-se um único critério de regionalização.

D) pela dificuldade de haver concordância entre os di-

ferentes órgãos, dada a multiplicidade de interesses

das diversas instituições que estabelecem regionali-

zações para fins de planejamento.

21. (SANEAGO/GO – Advogado – UEG/2008).

Os tropeiros

registram o nascimento

da já desaparecida

Roncador de Goiás.

Ali se registrava

o grosso comércio

da feira de burros

e das muladas

vindas das Minas Gerais.

VAZ, Coelho. Diário de tropeiro: poemas.

Goiânia: Kelps, 2002. p. 45.

O poema é sobre os tropeiros, os principais respon-

sáveis pelo transporte de mercadorias no século XIX e

parte do século XX em Goiás. Sobre a relação dos meios

de transportes com a economia goiana desse período, é

INCORRETO afirmar:

A) O principal produto de exportação era o gado vivo,

que, por se autotransportar, supria as carências de

meios de transporte da época.

B) Os principais produtos importados por Goiás, no

século XIX, eram o sal, o ferro e a pólvora, trans-

portados basicamente pelos tropeiros.

C) O papel decisivo dos tropeiros na economia durou

até a construção da estrada de ferro, no século XX,

quando se dinamizou a economia agropecuária goi-

ana.

D) As principais trocas comerciais de Goiás eram feitas

com o Pará, através dos rios Araguaia e Tocantins,

rios amplamente navegáveis.

22. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG

/2005). Os enunciados abaixo tratam da modernização

no campo em Goiás. Leia-os atentamente e marque a

CORRETA:

A) A modernização da agricultura em Goiás é resulta-

do da expansão do capitalismo no campo. Essa mo-

dernização aumentou o deslocamento migratório de

produtores rurais para o Estado, especialmente os

grandes fazendeiros das regiões Nordeste e Norte

do país.

B) A soja, tida como um dos principais produtos agrí-

colas goianos, foi introduzida junto com a moderni-

zação da agricultura e é cultivada em todo o estado,

especialmente, nas regiões norte e nordeste de Goi-

ás.

C) A modernização da agricultura goiana proporcio-

nou, no final do século XX, o reaparecimento das

antigas fazendas de engenho que dinamizaram o

comércio da terra e melhoram as condições salariais

do trabalhador no campo.

D) Nas atividades produtivas intensivas, a tecnologia

avançada, a ocupação de toda área de propriedade e

a utilização de mão-de-obra especializada são fato-

res que caracterizam a modernização no campo.

23. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG

/2005). Assinale a proposição que justifique o cresci-

mento da industrialização no Estado de Goiás:

A) A descentralização econômica e industrial brasileira

e a implantação em Goiás de infraestrutura (por

exemplo: ampliação e pavimentação de rede viária e

expansão de rede de energia elétrica) são os princi-

pais fatores que proporcionaram o desenvolvimento

da indústria em Goiás.

B) Os projetos do governo federal que incentivaram a

implantação industrial e a transformação das indús-

trias de extrativismo mineral e vegetal em indústria

de produtos alimentícios, especialmente aquelas lo-

calizadas no norte do Estado, são os fatores que

promoveram o aumento da industrialização em

Goiás.

Page 29: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

29

Realidade Étnica do Estado de Goiás

C) O alto índice de desemprego e a criminalidade im-

pulsionaram o governo do Estado de Goiás a criar,

nos anos de 1990, programas de incentivos para ins-

talação de indústrias nacionais e internacionais, com

a finalidade de geração de novos empregos.

D) A mão-de-obra especializada, o desenvolvimento

do setor econômico terciário e a criação de cidades

tecnopólos proporcionaram a implantação de indús-

trias em Goiás, especialmente aquelas ligadas ao tu-

rismo e ao lazer.

24. (IQUEGO/Assistente Administrativo/UEG

/2005). Sobre o fluxo migratório no Estado de Goiás é

INCORRETO afirmar:

A) Nos últimos anos, destacou-se em Goiás um consi-

derável fluxo migratório de sulistas, especialmente

os gaúchos, em busca de terras para produção de

grãos nobres, provocando mudança tecnológica e de

relação de trabalho no campo.

B) O fluxo migratório para Goiás dá-se também por

parte da população mais carente que se instala em

Goiânia, nas cidades circunvizinhas e no Entorno de

Brasília. Esse fenômeno migratório é impulsionado,

em grande medida, pela condição socioeconômica

do migrante.

C) Os fluxos migratórios para Goiás têm duas direções:

uma para as regiões pouco povoadas, como o vale

do Araguaia; e outra para regiões metropolitanas,

como o Entorno de Brasília e o Aglomerado Urbano

de Goiânia.

D) O processo migratório em Goiás foi anterior ao sé-

culo XX. Ainda nos séculos XV e XVI, havia mi-

gração de paulistas e, especialmente, paranaenses

para as regiões sul e sudeste do Estado de Goiás,

com a finalidade de produção de grãos.

25. (IQUEGO/Assistente Administrativo/UEG

/2005).

Meu Goiás, meu Goiás

Terra do Anhanguera

E dos Carajás

És um tesouro encantado

No coração do Brasil

És privilegiado

Por riquezas mil

Toda Pátria te bendiz, Goiás.

(Nini Araújo. Meu Goiás)

Sobre o povoamento branco de Goiás no século

XVIII, é CORRETO afirmar:

A) Bartolomeu Bueno da Silva, sertanista protetor dos

índios, foi o primeiro branco a chegar a Goiás.

B) Goiás ainda pode ser chamado de “Terra dos Cara-

jás”, tendo em vista a alta representatividade dos

indígenas na demografia goiana.

C) A busca de riquezas minerais estimulou os bandei-

rantes paulistas a ocuparem o Centro-Oeste brasilei-

ro.

D) Pode-se afirmar que a Igreja Católica e a Coroa Por-

tuguesa apoiaram as “guerras de extermínio” movi-

das contra os indígenas em Goiás.

26. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG

/2005). Entre 1920-1929, o gado vivo significou quase a

metade de todas as exportações e 27,69% da arrecada-

ção total do Estado.

MORAES, Maria Augusta de Sant´Anna; PALACIN, Luís. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG. p.

92.

Sobre a economia goiana, marque a alternativa

CORRETA.

A) A grande importância da pecuária em Goiás, na dé-

cada de 1920, deve-se principalmente à adoção da

pecuária intensiva por parte dos criadores, aumen-

tando, com isso, a produtividade.

B) O predomínio da pecuária na economia goiana no

século XIX e parte do XX foi acompanhado de re-

lações de trabalho arcaicas no campo, com predo-

mínio do clientelismo.

C) A pavimentação das rodovias na década de 1920

contribuiu para incrementar as exportações goianas

de carne bovina.

D) Ainda hoje, o gado vivo, principalmente do sudoes-

te, é o principal produto de exportação de Goiás.

27. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superi-

or/UEG/2005). Sobre os aspectos físicos do Estado de

Goiás, assinale a alternativa CORRETA:

A) O Araguaia é um dos principais rios goianos que

deságua no rio Tocantins, na região do Bico do Pa-

pagaio.

B) A bacia hidrográfica Paranaíba, localizada na região

nordeste de Goiás, é responsável pelo abastecimen-

to de água potável do estado.

C) O Sistema biogeográfico do Cerrado caracteriza-se

como mosaico e ocupa uma grande extensão de

Goiás.

D) Alguns dos relevos do Estado de Goiás têm forma-

ções exóticas que proporcionam o turismo ecológi-

co, como os da Serra dos Pirineus e os da muralha

de Paraúna.

28. (IQUEGO/Técnico de Nível Superi-

or/UEG/2005). Leia atentamente as questões abaixo e

marque a proposição INCORRETA:

A) A regionalização do Estado deu-se pelas mesorregi-

ões e microrregiões que englobam vários municí-

pios goianos e foram criadas para facilitar a implan-

tação e o desenvolvimento de políticas públicas em

Goiás.

B) Para regionalizar o Estado de Goiás, o Instituto Bra-

sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) criou cinco

mesorregiões e 18 microrregiões geográficas.

C) A Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás

(Seplan) regionalizou o estado em 10 áreas. Como

exemplo, podem-se citar: região metropolitana, sul,

noroeste e sudoeste goianos.

D) A regionalização de Goiás ocorrida nos anos de

1970 proporcionou o aparecimento de políticas pú-

blicas que solucionaram problemas socioeconômi-

cos, especialmente os das microrregiões do nordeste

do Estado.

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30

Realidade Étnica do Estado de Goiás

29. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superi-

or/UEG/2005). “[...] a mudança da capital não é ape-

nas um problema na vida de Goiás. É também a chave, o

começo da solução de todos os demais problemas. Mu-

dando a sede de Governo para um local que reúna os

requisitos de cuja ausência absoluta se [ressente] a ci-

dade de Goiás, teremos andado meio caminho na dire-

ção da grandeza desta maravilhosa unidade Central.”

(Relatório apresentado por Pedro Ludovico Teixeira

ao presidente Getúlio Vargas em 1934. In: PALACÍN, Luis. Fundação de Goiânia e desenvolvimento de Goi-

ás. Goiânia: Oriente, 1976. p. 44)

Com relação à mudança da capital de Goiás na dé-

cada de 1930, marque a alternativa INCORRETA:

A) De acordo com o texto citado, para Pedro Ludovico

o objetivo explícito da mudança da Capital era

promover o desenvolvimento de Goiás. No entanto,

implicitamente, visava criar um novo centro de po-

der, afastando-se de seus adversários políticos.

B) Em termos econômicos, a construção de Goiânia foi

uma estratégia utilizada por Pedro Ludovido Teixei-

ra para promover o desenvolvimento socioeconômi-

co do Estado de Goiás.

C) Ao afirmar que a cidade de Goiás não reunia condi-

ções para propiciar o desenvolvimento econômico

de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira equivocou-se.

No século XIX, graças à exploração aurífera, Goiás

era um dos estados mais desenvolvidos do Brasil.

D) A construção de Goiânia expressou o desejo reno-

vador advindo com a Revolução de 1930. Os revo-

lucionários aspiravam romper com o passado, com

as tradições e com o atraso representado pela cidade

de Goiás.

30. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superior/UEG/

2005).

PALACIN, GARCIA, AMADO. História de Goiás em documentos. (I. Colônia). Goiânia: Editora da UFG,

1995. p. 62.

A assertiva que interpreta CORRETAMENTE o

gráfico é:

A) O declínio demográfico, a partir de 1790, foi conse-

quência direta da redução da atividade aurífera em

Goiás, o que provocou a migração da população en-

volvida na atividade mineradora para outras regiões.

B) A diminuição da população em Goiás, a partir da

década de 1790, foi decorrente da participação de

Goiás na Guerra do Paraguai.

C) Na última década do século XVIII, Goiás foi afeta-

do pela epidemia de varíola, que provocou grande

mortandade em Meia Ponte e Jaraguá, explicando

assim a redução da população.

D) A redução da população no início do século XIX

explica-se pelo fato de Goiás ter perdido a populosa

região do Triângulo Mineiro para Minas Gerais.

31. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superior/UEG/

2005). Líder de um movimento messiânico que muitos

pesquisadores comparam a Canudos de Antônio Conse-

lheiro, Benedicta Cipriano, a Santa Dica, tem seu cente-

nário de nascimento comemorado nesta semana. Tida

como santa pelos moradores de Lagolândia, Dica reuniu

em torno de si, nos primeiros anos da década de 1920,

uma legião de seguidores e logo passou a ser vista como

uma ameaça pelo governo e pela Igreja. Ela já inspirou

filmes e livros e sua memória é lembrada no decorrer

desta semana em vários eventos.

O POPULAR, Goiânia, 10 abr. 2005.

Sobre esse importante movimento social ocorrido

em Goiás é CORRETO afirmar:

A) A Igreja Católica não apoiou o movimento político

em torno de Santa Dica, mas reconheceu seus mila-

gres, conseguindo sua canonização junto ao Vatica-

no.

B) O Movimento de Santa Dica foi consequência do

intenso processo de urbanização ocorrido em Goiás

na década de 1920.

C) Movimentos messiânicos expressam a religiosidade

do homem rural, entrando, assim, em contradição

com as práticas ortodoxas pregadas pela Igreja Ca-

tólica.

D) Santa Dica e seus adeptos auxiliaram a Coluna

Prestes na sua passagem por Goiás. Por isso, o mo-

vimento foi combatido pela Força Pública do Esta-

do.

32. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial

PM/UEG/ 2005). O coronelismo foi a expressão do po-

der local na Primeira República. Sobre a estrutura de po-

der nesse período analise as assertivas abaixo e escolha a

alternativa CORRETA:

I. O coronelismo apresentava-se como uma resposta à

ausência do Estado. O poder familiar e pessoal as-

segurava a dominação tradicional, uma vez que ine-

xistia uma ordem, propriamente, republicana.

II. A partir de 1912, o poder em Goiás esteve concen-

trado nas mãos do domínio familiar (Caiados), que

gerava, além de deputados e senadores, leis que

atendiam, sobretudo, aos interesses particulares.

III. A partir de 1937, iniciou-se uma renovação política

que afirmou a primazia do Estado diante dos inte-

resses particulares, mas sob um regime político di-

tatorial, incapaz, portanto, de afirmar o sentido de-

mocrático do ideário republicano.

A) São corretas apenas as assertivas I e II.

B) São corretas apenas as assertivas II e III.

C) São corretas apenas as assertivas I e III.

D) Todas as assertivas são corretas.

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31

Realidade Étnica do Estado de Goiás

33. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial

PM/UEG/ 2005). Hugo de Carvalho Ramos abriu cami-

nho para uma geração de escritores que pensaram Goiás

como região.

Nessa direção, a literatura elabora os elementos da

cultura e da identidade goiana. Analise as assertivas

abaixo e responda:

I. Hugo de Carvalho Ramos, em seus contos, apresen-

ta como elemento fundamental de sua obra as trans-

formações sociais ocorridas em Goiás com o avanço

da urbanização decorrente da presença dos tropei-

ros.

II. Bernardo Elis enfatiza a presença da violência e

da exploração sobre o trabalhador rural no romance

O tronco.

III. Cora Coralina, em sua poesia, evoca o passado co-

mo libertação, focalizando a vida que se desenvol-

via livre dos preconceitos e do moralismo próprios

da cidade grande.

A) São corretas apenas as assertivas I e II.

B) São corretas apenas as assertivas II e III.

C) São corretas apenas as assertivas I e III.

D) Apenas a assertiva II está correta.

34. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial

PM/UEG/ 2005). A cidade de Pirenópolis tem na Festa

do Divino uma das suas principais atrações. Na relação

entre festa e cultura pirenopolina, destaca-se

A) a preservação de uma tradição cultural recriada nos

festejos que atraem turistas de todas as partes do

Brasil.

B) o culto de tradições culturais seculares imunes às

influências do comércio e do turismo.

C) a ruptura com a tradição cultural marcada pela con-

tínua invenção de novos rituais voltados para o

mercado turístico.

D) a espontaneidade dos festejos que são recriados li-

vremente pela população sem apelo ao seu suposto

sentido original.

35. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial

PM/UEG/ 2005). Na década de 1960, o intenso clima de

disputa ideológica resultou no golpe que derrubou o go-

verno de João

Goulart, impondo um novo modelo político ao país.

Analise as assertivas abaixo e responda.

I. O compromisso do governo Goulart com as refor-

mas de base, principalmente a agrária, motivou a

mobilização militar para a derrubada do governo.

II. O movimento que derrubou o presidente Goulart

pode ser caracterizado como golpe militar, uma vez

que não contava com apoio algum da sociedade ci-

vil.

III. O governador Mauro Borges foi cassado por exi-

gência dos setores conservadores que identificavam

no planejamento econômico e no projeto de reforma

agrária (combinado agrourbano de Arraias) influên-

cias “esquerdistas”.

A) São corretas as assertivas I e II.

B) São corretas as assertivas II e III.

C) São corretas as assertivas I e III.

D) Todas as assertivas são corretas.

36. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial

PM/UEG/ 2005). Na década de 1980, a campanha das

Diretas Já empolgou o país. Acerca desse período é IN-

CORRETO afirmar que:

A) A campanha foi planejada como uma etapa do pro-

cesso de abertura, que propunha a progressiva reti-

rada dos militares do poder, conservando, por outro

lado, a integridade e o papel das forças armadas no

novo regime.

B) A campanha foi o resultado de forças heterogêneas

que buscavam, pelo voto, impulsionar o lento ritmo

do processo de abertura política.

C) A empolgação popular foi incapaz de garantir a

aprovação da emenda Dante de Oliveira, mas abriu

espaço para a negociação política em torno da elei-

ção do presidente Tancredo Neves.

D) Em Goiás, o retorno de antigas lideranças mobili-

zou o eleitorado, abrindo uma nova etapa de conso-

lidação do Partido do Movimento Democrático Bra-

sileiro (PMDB) em torno da figura de Íris Rezende.

37. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). Sobre

o povoamento do território goiano no século XX, é IN-

CORRETO afirmar:

A) O processo de ocupação do Mato Grosso Goiano foi

estimulado pela descoberta de veios auríferos na ci-

dade de Bela Vista de Goiás.

B) A estrada de ferro exerceu significativa influência

nas primeiras décadas do século XX, especialmente

no sul de Goiás.

C) A edificação de Brasília, durante a década de 1950,

provocou um intenso fluxo migratório para as regi-

ões que circundavam a Capital Federal.

D) A construção da Belém–Brasília favoreceu o surgi-

mento de inúmeras cidades no norte de Goiás.

38. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). De

acordo com os dados do quadro sobre as microrregiões

goianas selecionadas, assinale a alternativa INCORRE-

TA:

Page 32: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

32

Realidade Étnica do Estado de Goiás

A) A microrregião de Goiânia, entre as citadas, é a

mais povoada.

B) A microrregião da Chapada dos Veadeiros, entre as

citadas, é a menos povoada.

C) A microrregião de Porangatu, entre as citadas, é a

menos povoada.

D) A microrregião de Anápolis, entre as citadas, é a

segunda mais povoada.

39. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). As

microrregiões goianas têm importância econômica dife-

renciada no cenário regional do Estado de Goiás.

Sobre a importância das microrregiões, é INCOR-

RETO afirmar:

A) A microrregião do sudoeste Goiano destaca-se, en-

tre outros motivos, pela produção de grãos.

B) A microrregião de Goiânia destaca-se, entre outros

motivos, pela elevada produção de grãos.

C) A microrregião do Entorno de Brasília destaca-se,

entre outros motivos, pela concentração populacio-

nal.

D) A microrregião de Catalão destaca-se, entre outros

motivos, pela produção agrícola e pelo setor mine-

ral.

40. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). No

início dos anos 1930, a comissão organizada para anali-

sar um local adequado para ser construída a nova capital

de Goiás, escolheu o município de Campinas. Todos os

fatores a seguir foram relevantes para a escolha, EXCE-

TO:

A) Abundância de recursos hídricos

B) Topografia pouco acidentada

C) Proximidade do traçado previsto da estrada de ferro

D) Concentração demográfica elevada

41. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-

cólogo/UEG/2006). De acordo com a interpretação do

mapa sobre a oferta de produtos na Central de Abasteci-

mento de Goiás S.A. (Ceasa) e o conhecimento sobre a

agricultura goiana, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A elevada participação da microrregião do sudoeste

goiano na oferta da Ceasa confirma o seu forte peso

na produção de hortifrutigranjeiros do Estado de

Goiás.

B) Entre os produtos ofertados pela microrregião de

Goiânia, podem ser destacados: folhas, quiabo,

abobrinha, ovos de Bela Vista de Goiás, Guapó e

Inhumas, além de outros produtos.

C) O consumo de hortifrutigranjeiros é maior nos am-

bientes metropolitanos, fato que justifica a destaca-

da participação da microrregião de Goiânia na ofer-

ta da Ceasa.

D) A significativa participação da microrregião de

Anápolis na oferta da Ceasa está relacionada com a

produção de tomate, pepino, quiabo, entre outras

culturas.

42. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-

cólogo/UEG/2006). A Região Metropolitana de Goiânia

foi criada pela Lei Complementar n. 27, de 30 de de-

zembro de 1999. Entre seus objetivos estão aqueles de

pensar políticas governamentais para os municípios que

se encontram integrados social e economicamente a Goi-

ânia. Sobre a Região Metropolitana de Goiânia, é IN-

CORRETO afirmar:

A) O município de Aparecida de Goiânia é aquele que

se encontra mais integrado ao município de Goiâ-

nia, uma vez que as fronteiras dos dois municípios

chegam a se confundir, especialmente no limite sul

de Goiânia.

B) Os municípios de Senador Canedo e Trindade en-

contram-se integrados ao sistema de transporte co-

letivo da Região Metropolitana de Goiânia, o que

facilita o deslocamento de pessoas que moram nes-

Page 33: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

33

Realidade Étnica do Estado de Goiás

ses municípios e trabalham e/ou estudam em Goiâ-

nia.

C) O terminal Padre Pelágio, no extremo oeste da ave-

nida Anhanguera, integra Goiânia ao município de

Trindade, via transporte coletivo.

D) As políticas de uso e regulação do solo urbano na

Região Metropolitana de Goiânia são definidas e

executas em comum acordo com todos os municí-

pios.

43. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-

cólogo/UEG/2006). A partir dos anos 1980, incorpora-se

cada vez mais na sociedade goiana a consciência da im-

portância da proteção ambiental e do resgate das tradi-

ções históricas. Qual das alternativas abaixo NÃO está

relacionada a essa mudança de mentalidade?

A) A proliferação de hotéis-fazenda no entorno de

Goiânia, uma mistura do moderno (hotel) com o

tradicional (fazenda).

B) A proliferação dos shoping centers, uma forma de

aliar comércio, lazer e conforto, desvinculada do

consumismo capitalista.

C) O surgimento do Festival de Cinema e Vídeo Am-

biental na Cidade de Goiás (Fica), aliando tradição

histórica com ecologia.

D) A expansão dos condomínios horizontais fechados

em Goiânia, demonstrando a preocupação das clas-

ses altas em aliar segurança com qualidade de vida.

44. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-

cólogo/UEG/2006). No ano de 2001, a Cidade de Goiás

foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Huma-

nidade. Todas as alternativas a seguir foram importantes

para escolha do título, EXCETO:

A) O fato de o centro histórico ser um dos poucos

exemplos conservados da arquitetura colonial brasi-

leira no centro do país.

B) A mobilização da população da cidade em prol do

reconhecimento de suas tradições, destacando-se o

Movimento Pró-Cidade de Goiás.

C) A imponência e o luxo de sua arquitetura colonial,

idêntica à das cidades históricas mineiras, como

Ouro Preto e Vila Rica.

D) Os altos investimentos do poder público federal e

estadual na recuperação e manutenção dos monu-

mentos do centro histórico.

45. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-

balho/UEG/2006). Durante a República Velha, a políti-

ca goiana foi marcada pelo controle do poder político por

algumas famílias, destacando-se a família Bulhões e a

família Caiado. A sustentabilidade do poder dessas famí-

lias baseava-se

A) nas classes médias urbanas das principais cidades

goianas, como Catalão, Anápolis e a capital.

B) no regime do voto censitário, o que restringia o voto

de 90% da população goiana.

C) no equilíbrio entre os poderes Legislativo, Judiciá-

rio e Executivo, garantido pela Constituição Fede-

ral.

D) em uma aliança política com os fazendeiros do inte-

rior, os quais, em troca, indicavam os ocupantes dos

cargos de nível local (juiz-de-paz, juiz-de-direito,

promotor, delegado etc.).

46. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-

balho/UEG/2006). O acidente com o césio-137 (1987)

traumatizou a cidade de Goiânia. O governador de Goiás

na época era

A) Henrique Santillo.

B) Joaquim Roriz.

C) Íris Rezende Machado.

D) Maguito Vilela.

47. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-

balho/UEG/2006). O desenvolvimento econômico foi

um sonho sempre presente naqueles que administraram

Goiás nos últimos três séculos. No entanto, o desenvol-

vimento econômico feito à revelia dos cuidados com o

meio ambiente pode trazer riscos e custos sociais incal-

culáveis. Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar:

A) O fato de a economia pecuária do século XIX não

ter provocado danos ambientais em Goiás explica-

se pelo fato de o gado ser criado confinado, não

desgastando as pastagens naturais do Cerrado.

B) A cidade de Minaçu é destaque na produção inter-

nacional do amianto crisotila, mineral utilizado na

produção de telhas e caixas d´água, cujo uso é de-

fendido por ambientalistas por possibilitar a eco-

nomia do minério de ferro.

C) A atividade mineradora que se desenvolveu em

Goiás no século XVIII, além de utilizar o perigoso

mercúrio na purificação do ouro, ocasionou erosões

e assoreamento dos córregos auríferos.

D) A soja, produto largamente produzido em Goiás nos

últimos anos, é benéfica para o ambiente do cerra-

do, pois, além de oxigenar o solo, seu cultivo, dife-

rentemente do arroz, quase não necessita de fertili-

zantes e agrotóxicos.

48. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-

balho/UEG/2006). O povoamento do território goiano,

ao longo dos quatro últimos séculos, ocorreu de forma

esparsa e irregular, respondendo, de maneira geral, ao

impulso das atividades econômicas, com destaque para o

ouro, as atividades agropastoris e as políticas de inter-

venção territorial do Estado. Sobre o surgimento das ci-

dades goianas, é INCORRETO afirmar:

A) A cidade de Pirenópolis e a cidade de Anápolis ori-

ginaram-se da atividade mineradora, no período co-

lonial.

B) O surgimento da cidade de Goiás, antiga capital do

Estado, foi resultado direto da mineração do ouro

no período colonial.

C) A cidade de Piracanjuba, localizada na microrregião

do Meia Ponte, teve sua origem relacionada ao pou-

so de tropas, daí seu nome original “Pouso Alto”.

D) A cidade de Ceres, localizada no vale do São Patrí-

cio, teve sua origem relacionada à colonização agrí-

cola.

Page 34: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

34

Realidade Étnica do Estado de Goiás

49. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-

balho/UEG/2006). Sobre o bioma Cerrado, é INCOR-

RETO afirmar:

A) Os estratos inferiores do cerrado, constituídos por

gramíneas, são mais utilizados e adequados para a

pecuária.

B) A cobertura vegetal do Cerrado é heterogênea do

ponto de vista dos estratos arbóreos.

C) Em razão de sua fertilidade natural, os solos do Cer-

rado foram bastante utilizados para a agricultura in-

tensiva.

D) A gabiroba, o araticum, o gravatá, o pau-terra, a ca-

gaiteira são espécies típicas do Cerrado.

50. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006).

PREÇO MÉDIO DOS PRODUTOS PRATICADOS NO

ATACADO NA PROVÍNCIA DE GOIÁS – 1860-1865

BRETAS, Genesco Ferreira. História da instrução pública em Goiás. Goiânia: UFG, 1991. p. 242.

Levando em consideração o conhecimento da eco-

nomia goiana nos dois últimos quartéis do século XIX e

a tabela citada, assinale a alternativa CORRETA:

A) É possível afirmar que a produção pecuária goiana,

por causa das dificuldades de escoamento, era des-

tinada exclusivamente ao mercado interno.

B) O alto custo do sal derivava das dificuldades de im-

portação, visto que Goiás era uma província isolada

na época.

C) O baixo preço do arroz relacionava-se com a sua al-

ta produção, estimulada pela exportação desse pro-

duto pela ferrovia em Goiás.

D) O baixo preço dos subprodutos da mandioca de-

monstrava a sua pouca influência na dieta das ca-

madas mais pobres da população.

51. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006). O

Araguaia, o Berocan dos índios Carajá, ou Rio Grande

da época dos primeiros bandeirantes que o percorreram e

o exploraram, nasce no interior da grande depressão peri-

férica que constitui um dos contrafortes da Serra do Cai-

apó, na fronteira com Mato Grosso e Mato Grosso do

Sul a uma altitude de 800 metros, cerca de 200 metros

abaixo da linha de cumeada da superfície de Pratinha a

que se refere o geólogo Fernando de Almeida. Percorre

pouco mais de 1.800 quilômetros, em sentido Norte-Sul

até desaguar no Rio Tocantins, no Bico do Papagaio, em

frente às cidades de Esperantina, no Tocantins, e de São

João do Araguaia, no Pará.

Gomes, H.; Teixeira Neto, A. Geografia: Goiás – To-

cantins. 2.ed., Goiânia: Editora da UFG, 2004. p. 158.

O texto citado faz referências a dois dos principais

rios goianos. Com base no conhecimento da hidrografia

goiana, assinale a alternativa CORRETA:

A) O rio Araguaia sofre graves agressões ambientais

no território goiano, destacando-se o processo de

erosão e a poluição de suas nascentes, localizadas

no sudoeste goiano.

B) As feições do rio Araguaia mudam completamente

com as chuvas tropicais de verão, surgindo, nesse

período, inúmeras praias que impulsionam a ativi-

dade turística.

C) Um grande número de atividades econômicas são

desenvolvidas ao longo do rio Araguaia, entre as

quais podem ser citadas a produção de energia elé-

trica, com destaque para a hidroelétrica de Cana

Brava e Lajeado.

D) O Araguaia é caracterizado como um rio de planal-

to, ao contrário do Tocantins, que é um rio de planí-

cie.

52. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006).

A Igreja da Boa Morte, construída no final do sécu-

lo XVIII, funciona, atualmente, como Museu da Arte-

Sacra, sendo um dos importantes monumentos integran-

tes do centro histórico da Cidade de Goiás.

Disponível em : <www.eco.tur.br/.../ goi-

as/historia/default.htm>. Acesso em: 22 nov. 2005. [Adaptado].

Sobre essa construção é CORRETO afirmar que

A) a altura de sua fachada demonstra a influência exerci-

da pelo estilo goticomedieval em Goiás.

B) a sua dimensão horizontal demonstra o papel secundá-

rio que a população goiana relegava aos assuntos reli-

giosos.

Page 35: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

35

Realidade Étnica do Estado de Goiás

C) o seu nome, “Boa Morte”, indica o propósito de sua

construção: servir exclusivamente para o sepultamento

de membros da elite de Goiás.

D) os detalhes de sua fachada demonstram a influência

que o barroco exerceu em Goiás, embora sem o mes-

mo esplendor das igrejas barrocas mineiras.

53. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006). “Um

escravo de Francisco Manoel Vieira, negociante desta praça

[Cidade de Goiás], recolhido à Cadeia por ordem de seu

Senhor, em virtude de mau comportamento, na manhã de 7

de janeiro, vendo encaminhar-se para a mesma Cadeia um

neto daquele negociante, lança mão da faca de um preso sa-

pateiro que ali trabalhava, arroja-se a outro preso, que ainda

dormia, embebe-a no coração do infeliz, e o mata; dizem

que com vistas de ficar criminoso, permanecer na prisão, e

subtrair-se assim ao castigo que temia.”

Relatório apresentado à Assembleia Legislativa de

Goiás pelo presidente da província, dr. Antônio Joaquim da

Silva Gomes em 1851. In: TELES, José Mendonça. (Org.).

Memórias goianas 5. Goiânia: Editora da UCG, 1997.

Sobre a convivência entre negros e brancos em Goiás

por volta da metade do século XIX, o trecho supracitado re-

vela que

A) a legislação proibia os senhores de castigarem fisica-

mente os escravos, por isso os escravos eram recolhi-

dos às cadeias como forma de proteção.

B) a escravidão em Goiás incidiu exclusivamente na zona

rural: nas minas de ouro ou nas fazendas de gado.

C) a escravidão requeria um forte aparato coercitivo, pú-

blico e privado, reduzindo as possibilidades de resis-

tência dos escravos.

D) devido à pobreza, a criminalidade dos negros escravos

era infinitamente superior à dos brancos.

54. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/

2012) Iris Rezende recebeu uma formação política e uma

educação familiar que o diferencia dos políticos em ativida-

de no final da década de 1960. Com a disposição para co-

nhecer o novo, ele abriu-se à liderança inovadora de Mauro

Borges no comando do Estado, no início dos anos 60. Mau-

ro foi seu grande inspirador. Paralelamente, buscou em Pe-

dro Ludovico um mestre hábil, profundo conhecedor da arte

de fazer política, o que faltava em

CUNHA, Cileide Alves. A inserção de Iris Rezende na política

– entre o estilo político de Pedro Ludovico e a gestão inovado-

ra de Mauro Borges. In: FERREIRA, D. P; BEZERRA, H. D.

(Orgs). Panorama da política em Goiás. Goiânia: Ed. Da

UCG, 2008. p. 11 – 12.

relação política do ex-governador Iris Rezende Machado

com a família Ludovico foi marcada por aproximações e

distanciamentos. Dentre os episódios mais controversos,

destaca-se

A) o apoio de Iris Rezende, então Ministro da Agricultu-

ra, ao candidato Henrique Santillo, que disputou o go-

verno estadual contra Mauro Borges nas eleições de

1986.

B) o conflito interno no PMDB, motivado pela recusa de

Mauro Borges em aceitar a candidatura de Iris Rezen-

de ao governo estadual nas eleições majoritárias de

1982.

C) a aceitação de Iris Rezende ao convite de Dante Un-

garelli, presidente da UDN, partido de oposição a Pe-

dro Ludovico, para disputar um mandato de vereador

em 1953.

D) a cassação de Iris Rezende do cargo de prefeito de

Goiânia, realizada pelos militares em 1968, em repre-

sália à resistência de Mauro Borges ao Golpe Militar

de 1964.

55. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/ 2012)

Tentaremos mostrar a seguir porque foi preciso buscar fora

do estado a mão de obra para a construção civil, e a vida

dos operários na edificação de uma nova Capital que viria a

trazer o “progresso” para os proprietários de terra, para os

grupos oligárquicos e para os capitalistas em geral.

CHAUL, Nasr N. Fayad. A construção de Goiânia e a transfe-

rência da capital. Goiânia: CEGRAF, 1988. p. 111.

O fato de que parte considerável dos operários e técni-

cos que trabalharam na construção de Goiânia foi trazida de

fora do estado se explica porque

A) o projeto de construção de uma nova capital era im-

popular para os muitos entusiastas das tradições da an-

tiga Vila Boa de Goyaz.

B) o governo dos Caiado investia pouco na qualificação

de mão de obra, inexistindo instituições de Ensino Su-

perior em Goiás nos anos 1920.

C) o conflito gerado pela passagem da Coluna Prestes em

Goiás provocou a desarticulação das escolas de nível

técnico existentes no estado.

D) o maior contingente da população de Goiás era de tra-

balhadores rurais, sem a experiência e o conhecimento

técnico necessários para obras de maior vulto.

56. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/ 2012)

As minas eram, assim, uma espécie de colônia dentro da co-

lônia [...] isso nos explica o pouco desenvolvimento da la-

voura e da pecuária em Goiás, durante os cinquenta primei-

ros anos; todos os esforços de capital e de mão de obra de-

veriam concentrar-se na mineração. Tal sistema não se de-

via exclusivamente aos desejos e à política dos dirigentes;

era também decorrente da mentalidade do povo.

PALACÍN, Luís; MORAES, Maria Augusta de Sant’anna. His-

tória de Goiás (1722-1972). Goiânia: Ed. da UCG,1994. p. 16.

A sociedade goiana desenvolveu códigos sociais bas-

tante peculiares durante o Ciclo do Ouro. A profissão de um

indivíduo determinava seu prestígio, a partir das necessida-

des e prioridades específicas da época. De acordo com a

mentalidade popular do século XVIII

A) o vaqueiro era desprezado, pois tratava-se

apenas de um transportador das riquezas produzidas.

B) o roceiro era considerado importante, pois era o

único que produzia alimento na região das minas.

C) a profissão de mineiro era considerada a mais hon-

rosa, tendo o mais alto status social na capitania.

D) a atividade de coletor de impostos gozava de gran-

de popularidade, uma vez que representava a Coroa.

57. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/

2012) A partir da década de 1970, Goiás passou por um

intenso processo de urbanização, em decorrência da mo-

dernização da agricultura. A consequência foi uma con-

figuração territorial atualmente caracterizada por

A) existirem menos de dez cidades no estado que pos-

suem uma população superior a 100 mil habitantes.

B) concentrar nos 5 maiores núcleos urbanos de Goiás

mais de 70% da sua população total.

Page 36: REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, … · 3 Realidade Étnica do Estado de Goiás REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO-NÔMICA

36

Realidade Étnica do Estado de Goiás

C) concentrar na região metropolitana de Goiânia mais

de 70% da população total do estado.

D) existir ainda um alto índice de população rural, que

atinge cerca de 50% da população do estado.

58. (PM-GO/ Soldado Policial Militar/UEG/

2012) Goiás apresentou, a partir da década de 1970, um

acelerado aumento na produção agrícola, o que contribu-

iu para que o estado se tornasse um grande exportador de

grãos para o mercado exterior. Um fator que contribuiu

para isso foi

A) a criação de colônias agrícolas e assentamentos po-

pulares no estado, que passou a cultivar grãos em

larga escala.

B) a existência de grandes bacias hidrográficas que

permitiram a expansão das lavouras irrigadas no su-

doeste goiano.

C) a expansão do cultivo nas grandes extensões de so-

los sobre chapadões planos e o clima favorável aos

cultivos de verão.

D) a implantação de políticas públicas de incentivo à

produção agrícola voltadas principalmente para o

pequeno e médio produtor.

59. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). A in-

tensificação [modernização] é um processo que consiste

em se buscar ganhos via aumento de insumos, por uni-

dade de área cultivada, por meio do emprego maciço de

inovações técnicas. FARIA, M. E. Agricultura Moderna, Cerrados e Meio Ambiente. In: DU-

ARTE, L. M. G. e BRAGA, M. L. S. (Org). Tristes Cerrados: sociedade e

biodiversidade. Brasília: Paralelo 15, 1998. p.157.

O texto faz referência à modernização da agricultu-

ra, em que o uso das inovações técnicas constitui a base

da produção. Sobre a modernização da agricultura goia-

na, implementada a partir da “Revolução verde”, até o

ano de 1990, percebe-se que

A) o pouco avanço nas pesquisas que comprovassem a

eficácia dos insumos impediu seu uso imediato pe-

los pequenos proprietários.

B) o financiamento para compra de insumos agrícolas

concentrou-se entre os grandes proprietários, pro-

movendo aumento na produção.

C) a mecanização agrícola promoveu o aumento do

emprego e da renda dos trabalhadores, permitindo

sua fixação no campo.

D) a política governamental incentivou a mecanização

da pequena propriedade rural de trabalhadores as-

sentados.

60. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). Vários

são os motivos que determinaram o crescimento de Goi-

ânia e das cidades do entorno na década de 1990 [....],

dentre os quais se podem citar as políticas públicas que

serviram de atrativo para essa população migrante. O

crescimento da Região Metropolitana como um todo está

diretamente relacionado com a expansão de Goiânia,

principalmente entre o início da década de 1970 e final

da década de 1980.

FREITAS, C. A. L. L. Goiânia: as perspectivas do pla-

nejamento urbano e contradição com os espaços se-gregados. Revista Plurais. Anápolis-GO, v.1, n.2.

2005, p.85-86 (Adaptado).

O texto faz referência à expansão urbana da região

metropolitana de Goiânia a partir da década de 1990.

Sobre esse tema, o fator que contribuiu para a expansão

dessa região foi

A) a criação de políticas públicas pelo governo de Goi-

ás com o intuito de atrair mão de obra para a indús-

tria goianiense que se instalava na capital.

B) o grande fluxo populacional derivado do êxodo ru-

ral, com migração do homem do campo para a capi-

tal em busca de trabalho e moradia.

C) a existência de movimentos organizados de ocupa-

ção de áreas urbanas que conseguiram garantir a

posse das terras públicas devolutas.

D) o maior rigor da legislação goianiense sobre o par-

celamento do solo em Goiânia, promovendo o des-

locamento do capital imobiliário para os municípios

circunvizinhos.

61. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). O PT

goiano começou sua estruturação em um contexto bas-

tante adverso, pois havia uma polarização entre forças já

enraizadas na política estadual, de um lado o PMDB –

cuja vitória era tida como certa – e de outro, o PDS em

declínio. MIRANDA, Paulo Roberto. As bases do PT em Goiás: estrutura e recru-

tamento político. In: FERREIRA, D. P; BEZERRA, H. D. (Org.). Pano-

rama da política em Goiás. Goiânia: Ed. da UCG, 2008. p. 84

Com a redemocratização brasileira e o retorno do

voto direto, o PT (Partido dos Trabalhadores) quase

sempre foi o 3º colocado nas eleições para governador

em Goiás, durante as décadas de 1980 e 1990. Isso só

não ocorreu nas eleições de

A) 1982, quando Athos Magno assumiu a 2ª posição,

suplantando Otávio Laje.

B) 1986, quando Darcy Acorsi assumiu a 2ª colocação,

suplantando Mauro Borges.

C) 1994, quando Luiz Antônio perdeu a 3ª colocação

para Ronaldo Caiado.

D) 1990, quando Valdi Camarcio perdeu a 3ª coloca-

ção para Iran Saraiva.

62. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). A de-

fesa da construção de Goiânia feita por um de seus prin-

cipais responsáveis – Dr.Armando de Godói – evidencia

com clareza o que se pensava naquele período sobre o

planejamento, especialmente no que tange à obediência

do espaço à razão.

CHAVEIRO, E. F. A urbanização do sertão goiano e a criação de Goiâ-

nia. In. NETO, A. T.; et al. (Org.). O espaço goiano: abordagens geográ-

ficas. Goiânia, Associação dos Geógrafos Brasileiros, 2004. p.113.

O modelo de planejamento urbano proposto por

Armando de Godói para a construção da cidade de Goiâ-

nia foi fortemente influenciado

A) pela Carta de Atenas, manifesto proposto pelos ur-

banistas modernos em 1933, que entendia a cidade

como um organismo funcional, dividida em setores

e privilegiando a presença de áreas verdes.

B) pelo projeto varguista da Marcha para o Oeste,

apoiado por Pedro Ludovico, que considerava Goi-

ânia a capital do cerrado, construindo-a livremente

inspirada no traçado do Rio de Janeiro, então capital

federal.

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

C) pelo Darwinismo Social que dominava o cenário in-

telectual no início do século XX, segundo o qual a

ocupação urbana era entendida como racionalista,

sendo o espaço mais importante que o indivíduo.

D) pela forte presença da Igreja Católica na adminis-

tração pública da época, o que justifica o fato de o

traçado urbano de Goiânia ser inspirado nos traços

visualizados no manto de Nossa Senhora Aparecida.

63. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). No pe-

ríodo republicano, a causa separatista do norte de Goiás

voltou a se manifestar. O crescimento econômico das re-

giões sul e sudoeste, intensificado a partir da chegada

dos trilhos no estado, refletiu-se no aumento das diferen-

ças regionais.

ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás. Goiânia: Vieira, 2005. p. 139.

O texto refere-se aos esforços que culminaram na

criação do estado de Tocantins, em 1988. O novo estado

foi efetivado politicamente

A) pela aprovação de um projeto de lei na Assembleia

Legislativa Estadual, no momento em que a banca-

da de deputados do norte era numericamente supe-

rior à do sul.

B) pela realização de um plebiscito, sob a iniciativa do

governador Henrique Santillo, no qual a população

de Goiás votou favoravelmente à separação territo-

rial.

C) por intermédio de uma campanha suprapartidária,

liderada por Siqueira Campos, que conseguiu a

aprovação da emancipação na constituinte de 1988.

D) por meio de um acordo político-partidário entre os

principais partidos atuantes na época, pelo qual

Goiás ficou sob a hegemonia do PMDB e o Tocan-

tins sob a do PDS.

64. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). “Na

noite do terceiro dia avistamos as rancharias do gentio e

seus fogos: emboscamo-nos no mato para lhe darmos na

madrugada; mas sendo sentidos dos cachorros, que ti-

nham muitos e bons, quando avançamos, nos receberam

com seus arcos e flechas. Não demos um só tiro por or-

dem do cabo, do que resultou fugir-nos quase todo o

gentio, o investir um deles ao sobrinho do cabo com tal

ânimo, que lançando-lhe a mão à rédea do cavalo, to-

mou-lhe a espingarda da mão e da cinta o traçado, e dan-

do-lhe com ela um famoso golpe em um dos ombros e

outro no braço esquerdo fugiu levando-lhe consigo as

armas. [...] É para admirar que em todo este conflito não

fizesse mais ação o nosso cabo que o andar sempre ao

longe e gritando e requerendo-nos que atirássemos só ao

vento para não atemorizar o gentio. Foi Deus servido le-

varmos os ranchos, chovendo sobre nós as flechas e os

porretes”.

A bandeira do Anhanguera a Goyaz em 1722, segundo José Peixoto da Silva Braga. In. Memórias Goianas I.

Goiânia: Editora da UCG, 1982. p. 15.

O texto é um relato do alferes Silva e Braga, que

acompanhou a Bandeira do Anhanguera, no ano de 1722.

Como uma fonte histórica sobre o conflito entre bandei-

rantes e indígenas no século XVIII, a interpretação do re-

lato indica que

A) o uso dos cães domesticados por parte dos indíge-

nas avistados pelos bandeirantes era uma prática

exótica à sua cultura nativa.

B) os indígenas foram derrotados pelos bandeirantes

porque ficaram aterrorizados pelo cavalo e pelas

armas de fogo.

C) os bandeirantes desconheciam os costumes indíge-

nas e procuravam utilizar apenas a força militar pa-

ra subjugá-los.

D) o termo “gentio” denominava os indígenas que per-

tenciam a um aldeamento construído pelos jesuítas

em Goiás.

65. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Em 15

de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca

proclamou a república, colocando fim ao regime monár-

quico no Brasil. No que se refere a Goiás, o advento da

República significou

A) a instituição de eleições diretas para a escolha do

administrador público, sendo que Guimarães Natal

foi eleito o primeiro presidente do estado.

B) o acirramento do conflito entre liberais e conserva-

dores, sendo que a família dos Bulhões manteve a

hegemonia política nos primeiros anos do novo re-

gime.

C) a manutenção do oficialismo político, sendo que o

Governo Federal continuaria a indicar políticos de

outras regiões para administrar o estado de Goiás.

D) o predomínio de políticos conservadores, ligados à

Igreja Católica, sendo que grande parte dos presi-

dentes de estado pertenceria ao clero.

66. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). O es-

tado de Goiás possui uma rede hidrográfica constituída

por um conjunto de rios que drenam o território goiano

formando suas bacias hidrográficas. Esses rios, além de

constituírem fontes de recursos hídricos para o abasteci-

mento doméstico e industrial, muitas vezes servem ao

papel político. Nesse aspecto, observa-se que

A) o rio Araguaia, com suas nascentes no sudoeste goi-

ano, constitui o principal divisor geográfico entre

Goiás e Mato Grosso.

B) o rio Meia Ponte, formado pela junção dos rios dos

Bois e Corumbá, foi o divisor entre a antiga provín-

cia de Goiás e a província de Minas Gerais.

C) o rio Paranaíba, cujas nascentes localizam-se no en-

torno de Brasília, constitui-se divisor geográfico en-

tre Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

D) o rio Tocantins, formado pela junção dos rios das

Almas e Paranã, serve como principal divisor geo-

gráfico entre Goiás e Bahia.

67. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Embo-

ra Goiás esteja situado no core do domínio dos cerrados,

este não é o seu único tipo de vegetação. Sobre seu terri-

tório projeta-se também outro tipo específico de vegeta-

ção, que ocupa a segunda maior área em extensão. Esse

tipo fitofisionômico é denominado

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

A) Mato Grosso Goiano, situado na região central do

estado.

B) Floresta Amazônica, no norte e oeste goiano, na di-

visa com Mato Grosso.

C) Mata de cocais, nas proximidades de Minaçu até o

estado de Tocantins.

D) Mata Atlântica, no sul goiano próximo à divisa com

Minas Gerais.

68. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Ob-

serve o gráfico a seguir.

O gráfico mostra a atividade industrial de transfor-

mação no Brasil e em Goiás. Enquanto no Brasil, entre

os anos de 1995 e 2011, ocorreu uma desaceleração sig-

nificativa dessa atividade em relação ao PIB, em Goiás

houve uma ligeira elevação na participação desse setor

no PIB. Esse crescimento se deve principalmente

A) ao fraco desenvolvimento do setor primário, sobre-

tudo da pecuária e da agricultura, que, em virtude

da legislação ambiental, forçou a criação de novos

empreendimentos industriais ligados ao setor da

mineração.

B) ao declínio da atividade econômica internacional,

decorrente da queda da atividade industrial na Eu-

ropa, Ásia e América do Norte, que, em virtude da

transferência do capital produtivo para o setor fi-

nanceiro, descapitalizou o setor industrial.

C) aos incentivos fiscais proporcionados pelo estado

via programas de apoio industrial, possibilitando

importantes avanços em termos de estímulo a este

setor, promovendo a emergência de novas ativida-

des além de atrair novas indústrias.

D) aos acordos comerciais entre o governo de Goiás e

as empresas montadoras multinacionais, responsá-

veis pela criação de uma rede de empreendimentos

de apoio e consequente aumento na criação de no-

vos empregos.

69. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). O

governo Mauro Borges se firmou em diretrizes planeja-

das – foi o primeiro, em Goiás, a adotar critérios científi-

cos de planejamento, com base no diagnóstico do poten-

cial do Estado e de suas carências, e com respaldo de es-

tudos encomendados à Fundação Getúlio Vargas.

ROCHA, Hélio. Os inquilinos da Casa Verde. Goiânia:

Asa, 2004. p. 99.

O projeto de modernização administrativa de Mauro

Borges fomentou a criação

A) do Plano Mauro Borges, que estabelecia a necessi-

dade de o estado fomentar a iniciativa privada, evi-

tando a criação de estatais que fossem onerosas para

os cofres públicos.

B) de vultosos investimentos em obras de infraestrutu-

ra, como a construção do Autódromo Internacional

de Goiânia e do Estádio Serra Dourada.

C) de parcerias entre os governos federal e estadual,

facilitadas pelo fato de Mauro Borges ter apoiado a

candidatura de Jânio Quadros à presidência nas

eleições de 1961.

D) do Plano de Desenvolvimento, conhecido como

Plano MB, que previa a interferência do Estado em

atividades econômicas onde se sentia a ausência da

iniciativa privada.

70. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). A

guerra ofensiva perpetrada contra os Avá-Canoeiro du-

rou até a década de 1860 (praticamente 100 anos de con-

flitos contínuos entre colonos e indígenas), tendo como

consequência a redução da população.

PEDROSO, Dulce Madalena. Avá-Canoeiro. In. MOURA, Marlene de Castro Ossami de (Org.). Índios

de Goiás: uma perspectiva histórico-cultural. Goiânia:

UCG/Kelps/Vieira, 2006. p. 96.

O texto citado refere-se a um importante grupo in-

dígena de Goiás, os Avá-Canoeiro, praticamente dizima-

dos em decorrência da guerra com os colonizadores. O

motivo desse conflito é decorrente

A) da especificidade da língua macro-jê falada pelos

Avá-Canoeiro, que inviabilizava a sua catequização,

pois destoava da língua geral utilizada pelos jesuítas

para evangelização indígena.

B) do desejo dos colonizadores de apossar-se das terras

habitadas pelos Avá-Canoeiro, já que elas, situadas

na bacia do Rio Vermelho, eram ricas em ouro.

C) do deslocamento da exploração agropecuária para o

norte da Capitania, quando fazendas de gado foram

estabelecidas em território habitado pelos Avá-

Canoeiro.

D) da miscigenação étnica entre os Avá-Canoeiro e os

quilombolas, o que lhes possibilitou condições de

atacar engenhos, colocando em risco o sistema es-

cravista.

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

71. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). Os

120 alforriados e mulatos registrados na capitação de

1741 tinham crescido em 1804 até 23.577, deles 7.992

negros livres e 15.582 mulatos.

PALACIN, Luís. O século do ouro em Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 2001, p. 89.

O texto citado aborda o crescimento do número de

escravos libertos na Capitania de Goiás. O motivo para a

elevação do número de escravos alforriados decorreu da

A) incorporação dos escravos ao aparelho repressor do

sistema escravista, uma vez que os capitães do mato

e os feitores eram escravos libertos.

B) participação dos escravos nas guerras contra os in-

dígenas, o que permitiu que alguns fossem alforria-

dos por ato de bravura.

C) emancipação dos escravos batizados no catolicismo,

uma vez que a tradição religiosa não permitia um

cristão escravizar outro cristão.

D) brecha do sistema escravista, que possibilitava o

trabalho extra de alguns escravos para acumular re-

cursos e comprar a sua liberdade.

72. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). O

regime fluvial do Rio Araguaia [...] está condicionado às

chuvas tropicais de verão, época em que sua feição se

modifica completamente, porque ele transborda e inunda

muitas léguas de praias, reabastecendo lagos que secam

no inverno, alimenta canais, cria ilhas e muda constan-

temente de leito, numa procura constante para firmar-se

em um canal definitivo.

BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.

Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da UFG, 2004. p. 158.

O texto refere-se ao Rio Araguaia, que é caracteri-

zado por

A) apresentar difícil navegabilidade em decorrência da

redução no volume de água em períodos de estia-

gem, fato que compromete a viabilidade da hidrovia

Araguaia-Tocantins.

B) apresentar nascentes localizadas na fronteira entre

Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e per-

correr cerca de 1.800 quilômetros no sentido Leste-

Norte, tendo como exultório o Rio Tocantins.

C) ser denominado de “Rio Grande” pelos indígenas

Caiapó e ter sido explorado no tempo das bandeiras

para pesca e navegação.

D) ser um rio de planície que não apresenta nenhum ti-

po de barreira natural, como por exemplo cachoei-

ras, corredeiras ou bancos de areia.

73. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012).

Clima e vegetação são componentes da natureza associa-

dos entre si. Por isso, devem ser analisados juntos para

que se possa ter uma visão mais real da totalidade e, as-

sim, mais verdadeira do espaço geográfico estudado.

BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.

Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da UFG, 2004, 2. ed. p. 137.

Ao tratar da relação entre clima e vegetação, o texto

indica que

A) as diferenciações existentes na estrutura e na com-

posição da vegetação são decorrentes de alterações

no tipo de solo, relevo, no volume de precipitação e

nas formas de uso da terra.

B) a vegetação do Cerrado é composta de paisagens

uniformes, semelhantes àquelas encontradas na ve-

getação savânica.

C) as unidades fitogeográficas do Cerrado goiano são

resultantes de fatores e elementos ecológicos, tais

como: clima, solos e relevo.

D) a ideia de que a “vegetação é o espelho do clima”

remete à impossibilidade de associação da mesma

com os demais elementos ecológicos.

74. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). Ou-

tro empreendimento importante que nasceu do governo

de Mauro Borges foi a tentativa de reforma agrária atra-

vés de uma experiência-piloto: o Combinado Agrourba-

no de Arraias [...]. Nesse caso, talvez as intenções ultra-

passassem, de muito, os meios disponíveis humanos e

materiais.

PALACÍN, Luís; MORAES, Maria Augusta de

Sant‟anna. História de Goiás (1722-1972). Goiânia:

Ed. da UCG,1994. p. 121.

O governador Mauro Borges, procurando amenizar

os problemas do homem do campo, encampou em Goiás

uma experiência não muito bem-sucedida de socialismo

cooperativista com forte influência

A) do modelo de autogestão encontrado no socialismo

iugoslavo.

B) do estilo urbanístico dos bairros semirrurais france-

ses.

C) da estrutura administrativa dos campos de trabalho

poloneses.

D) da organização comunitária dos Kibutz israelenses.

75. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). As

intervenções [federais nos estados] estavam previstas no

artigo 6º da Constituição Federal. O pacto político naci-

onal conferia às situações (oligarquias) o direito de con-

trole estadual – não foi outra senão esta a diretriz política

de Campos Sales com a sua “política dos Estados”. [...]

Sendo uma forma de proceder a mudanças nos quadros

políticos estaduais, elas iam de encontro à autonomia es-

tadual, tida como um dos elementos caracterizadores do

período.

CAMPOS, F. Itami. O coronelismo em Goiás. Goiânia: Ed. Vieira, 2003. p. 49-50.

No tocante a Goiás, no período da República Velha,

o recurso da intervenção federal

A) foi utilizado pela família Bulhões para manter-se no

poder, já que Leopoldo de Bulhões, usando o seu

prestígio como Ministro da Fazenda, conseguiu des-

tituir o grupo de Xavier de Almeida, em 1905.

B) não foi utilizado, apesar de várias solicitações, uma

vez que Goiás era um estado periférico, com baixa

densidade demográfica e fraca economia, tornando-

o pouco significante para o Governo Federal.

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40

Realidade Étnica do Estado de Goiás

C) não foi utilizado, já que, por conta da precariedade

dos meios de transportes, não havia tropas federais

estacionadas no estado para promover a destituição

do governo local.

D) foi utilizado apenas em 1927, quando o Governo

Federal destituiu o presidente do estado Brasil Ra-

mos Caiado, por causa do conflito entre o poder

executivo e o Superior Tribunal de Justiça de Goiás.

76. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). Se

aqueles feitos extraordinários da santa foram o bastante

para renovar a fé dos sertanejos, criando para eles a espe-

rança de um mundo novo, despertaram também a preo-

cupação e o ressentimento dos coronéis e fazendeiros,

classe dominante, com as possíveis consequências que

poderiam advir daquele ajuntamento.

VASCONCELOS, Lauro de. Santa Dica: encantamento do povo. Goiânia: UFG, 1991. p. 91.

Apesar das desconfianças da elite política goiana,

em alguns momentos, Santa Dica e seus seguidores fo-

ram convocados para participar das disputas políticas

que afetaram Goiás. Nesse sentido, Santa Dica

A) auxiliou o governo de Brasil Ramos Caiado ao im-

pedir que a tropa dos revolucionários da Coluna

Prestes adentrasse o território goiano.

B) incorporou-se à Coluna Artur Bernardes, contribu-

indo para a destituição dos representantes da Repú-

blica Velha em Goiás, na chamada Revolução de

1930.

C) recrutou voluntários para participar, junto com os

legalistas da Revolução Constitucionalista de 1932,

enfrentando inclusive vários combates armados.

D) usou o seu prestígio para se tornar uma protagonista

política na região de Pirenópolis, sendo eleita pre-

feita do município por duas vezes, na década de

1970.

77. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). O

bioma do cerrado distribuído pelo território nacional (1/3

da biota brasileira), no contexto da globalização da eco-

nomia, está sofrendo violento processo de impactos am-

bientais em termos de degradação e destruição de signi-

ficativos ecossistemas do território do país.

BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H. Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da

UFG, 2004, 2. ed. p. 144.

Os impactos ambientais nas áreas de vegetação na-

tural dos cerrados goianos são causados pela

A) ampliação das áreas de produção agrícola, o que

promoveu o desmatamento e a degradação ambien-

tal, decorrente das práticas da agricultura intensiva.

B) redução nos índices de precipitação pluviométrica e

pelo aumento da temperatura do ar, decorrentes do

aquecimento global.

C) expansão urbana, responsável pelos maiores índices

de desmatamento e de extinção de espécies da fauna

e da flora do cerrado.

D) inexistência de legislação estadual e federal que re-

gulamente as políticas de preservação ambiental em

áreas de cerrado.

78. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). A

geomorfologia do território goiano resulta de três pro-

cessos naturais, sendo eles: o aplainamento do relevo

primitivo por meio de sucessivos ciclos erosivos, a in-

tensa deposição de sedimentos que formou as nossas ba-

cias sedimentares e o entalhamento dos diferentes níveis

de relevo mediante a rede de drenagem instalada no mo-

delado.

BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.

Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da UFG, 2004. 2. ed. p. 151.

Nesse sentido observa-se que o relevo goiano é ca-

racterizado por

A) apresentar diferenciações altimétricas bruscas, com

cotas que variam entre 400 e 2000 metros.

B) constituir-se por cristas de estrutura inclinada rela-

tivas a escarpas suaves de um lado e encostas ab-

ruptas do outro.

C) apresentar como área mais extensa a Planície do

Araguaia, onde se encontra a Ilha do Bananal.

D) constituir-se das seguintes unidades geomorfológi-

cas: o Planalto Central Goiano, a Depressão do

Araguaia e o Chapadão de Rio Verde.

GABARITO OFICIAL

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