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JOGOS POPULARES: DESAFIOS E VIVÊNCIA LÚDICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Prof. Me. Jurandi Fernandes Cavalcante

Prof. Esp.Helton Bernardino Lima

Prof. Esp.Fernando de Castro Sales

RESUMO

Este artigo apresenta que a Educação Física Escolar é responsável na formação do homem, consciente do seu papel social e que compreende o movimento humano nos seus aspectos social, histórico e cultural. O Objetivo Geral visa analisar como a Educação Física pode atender a aplicação dos jogos populares no cotidiano escolar. A metodologia é do tipo revisão bibliográfica com abordagem de cunho qualitativo. Como resultados observou-se que pela relevância que a infância concebe na formação da personalidade do sujeito, esses estudos necessitam estar respaldados por uma práxis pedagógica que conduza a uma organização didática, transformando a percepção de aulas de educação física em baseamentos empíricos, para um olhar científico, evitando-se um choque entre teoria e prática o que poderá refletir negativamente na formação de nossos jovens. Conclui-se que a Educação Física procura a autonomia do discente, proporcionando benefícios, buscando a responsabilidade de assegurar sua formação e disposições biológicas.

Palavras-Chave: Cotidiano Escolar. Educação Física. Infância. Jogos Populares.

POPULAR GAMES: CHALLENGES AND LIVING LIVING IN PHYSICAL EDUCATION

ABSTRACT

This article presents that the Physical School Education is responsible in the formation of the man, conscious of its social role and that understands the human movement in its social, historical and cultural aspects. The General Objective aims to analyze how Physical Education can meet the application of popular games in school everyday. The methodology is of the bibliographic review type with a qualitative approach. As results it was observed that because of the relevance that childhood conceives in the formation of the personality of the subject, these studies need to be supported by a pedagogical praxis that leads to a didactic organization, transforming the perception of physical education classes into empirical bases for a look Avoiding a clash between theory and practice which may negatively reflect the formation of our young people. It is concluded that Physical Education seeks the autonomy of the student, providing benefits, seeking the responsibility to ensure their training and biological provisions.

Keywords: School daily. Physical Education. Childhood. Popular Game

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1 INTRODUÇÃO

Na proporção que tornamos melhor os bons predicados de nossas ligações interpessoais

e sociais, se molda nossas competências para originar meios favoráveis para problemas comuns e

aprimora-se a qualidade de vida na perspectiva de melhorá-la para todos.

A Educação Física procura a autonomia do aluno que é promovida com a sabedoria do

valor da educação física e as benfeitorias que são proporcionadas, as mudanças advindas em

razão do exercício saudável de atividades físicas e o discernimento do seu corpo. Na educação

física escolar não se deve apenas instruir a técnica, é necessário apresentar ao aluno o conceito

da atividade que consiste não somente no sua formação física, mas na integração social.

O educador, enquanto responsável pela escola, necessita encará-la como um desafio

permanente no exercício da sua profissão, requerendo compromisso e competência para cumprir

o seu papel educativo, ético e político em meio a um entrelaçado de componentes de ordem

teórica, afetiva, relacional, epistemológica, didática, linguística e estética, constantes no processo

ensino-aprendizagem.

O colóquio da Educação Física Escolar se apresenta diversificado em sua técnica.

Inúmeros esportes como jogos e várias brincadeiras fazem parte do cotidiano desta disciplina, a

quem propõe vários objetivos que buscam auxiliar na formação de sujeitos, críticos para a nossa

sociedade, haja vista que a Educação Física é uma atividade humana. Explana-se no meio social

por intermédio de métodos sociais com empenhos filosóficos, científicos e pedagógicos

distinguidos, que podem ser avaliados epistemologicamente em consequência das concepções,

explicita ou implicitamente.

Sabe-se que a garantia de uma aprendizagem significativa acontece somente quando o

aprendente participa efetivamente do processo, construindo o saber a partir de um currículo

contextualizado, que considere o seu conhecimento prévio.

O tema em questão refere-se pelo fato de que enquanto profissional do saber, o

professor de educação física deve reunir habilidades e competências didáticas que serão

utilizadas na concentração da ação educativa, como o saber planejar, o saber ensinar e o saber

avaliar. Mais que isso, ao professor fica também a tarefa de saber retomar as ações desenvolvidas

a partir dos resultados finais de seu trabalho, ou do processo de ensino e aprendizagem.

A Educação Física Escolar passou por inúmeros processos de transformações,

percepções e approaches, sendo um dos mais polêmicos objetos curriculares da escola, e esteve

sempre a cargo da casta dominante e talvez umas das maiores vantagens, e desvantagens da

Educação Física, seja o contato lúdico que possui com o aluno, haja vista que o aluno e a maior

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parte das pessoas, gostam de jogar e brincar, mesmo sem ter um entendimento concreto de como

isso pode interferir em sua vida.

Na revisão de literatura, para subsidiar o estudo em questão, se pesquisou autores

ligados ao tema, como Darido (2012), Morais (2013), dentre tantos outros ligados a pesquisa.

Os capítulos desenvolvidos neste artigo têm na sua composição questões referentes em

suas diferentes modalidades, focando a participação e os princípios que o regem. Estão divididos

da seguinte forma: Introdução conforme já apresentada. No primeiro momento apresentou-se

“Aspectos Históricos da Educação Física”. No segundo momento versou-se sobre “Jogos

Populares na Educação Física”. No terceiro momento abordou-se “Os Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCN’s” e por último as Conclusões.

2 Aspectos Históricos da Educação Física

A história da Educação Física, teve sua origem quando o homem primitivo percebeu a

necessidade de lutar, evadir-se ou caçar para sua sobrevivência. Desta forma o homem à luz da

ciência realiza os seus movimentos corporais fundamentais e naturais. Os homens pré-históricos,

pela sua qualidade de vida, pelo risco a que sempre se sujeitavam, pelas lutas de morte a que se

condicionava a sua própria sobrevivência, tinham excelente porte físico.

As atividades físicas das sociedades pré-históricas, dentro dos aspectos naturais,

utilitários, guerreiro, ritual e recreativo, objetivavam a luta pela vida, os ritos e cultos, a

preparação guerreira, as ações competitivas e as práticas recreativas (Ramos, 1982, p. 17), mas

com o decorrer do tempo, as atividades de correr ou lutar, careceram de um regramento, na

medida em que se consubstanciavam já em disputas. A competição, portanto, passou a fazer

parte da vida em sociedade. Nessa época já existiam atividades em forma de jogo, que

desempenharam um papel social, onde as crianças faziam parte de uma forma de se dispor para a

vida adulta, copiando as atividades dos mais velhos.

Na pré-história, no período paleolítico, existiam expressões de jogos utilitários e recreativos, e sempre tiveram seu próprio cerimonial, regras estabelecidas e tanto os vencedores como os vencidos aceitavam os resultados desportivamente. As atividades físicas das sociedades pré-históricas, dentro dos aspectos naturais, utilitários, guerreiro, ritual e recreativo, objetivavam a luta pela vida, os ritos e cultos, a preparação guerreira, as ações competitivas e as práticas recreativas (RAMOS, 1982, p. 17).

A Educação Física no período do renascimento foi um movimento intelectual, estético e

social, que concebeu uma nova compreensão do homem e sua subjetividade. De Feltre fundou,

no ano de 1423, em Mântua, a célebre escola “La Casa Giocosa”, em que na sua programação

abrangiam-se exercícios físicos, começando a Educação Física aos conteúdos escolares.

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No período colonial, o currículo abrangia a leitura, a escrita e a aritmética, não havia

espaço para jogos ou recreação. Embora as escolas não praticassem desportos e jogos, os

adolescentes exercitavam a natação, futebol, patinagem e outros.

Marinho (1980 p. 26) afirma que “a Escola de Dummer foi a primeira a aceitar a ideia

de que os exercícios e os jogos eram necessários para o próprio desenvolvimento da mocidade, e

que era responsável tanto pela Educação Física como pela intelectual”.

Conforme Moraes (2013, p. 2) “a Índia iniciou no primeiro milênio e os exercícios

físicos eram vistos como um princípio, devido as "Leis de Manu", uma qualidade de código civil,

político, social e religioso”. Eram necessárias às obrigações militares e do caráter fisiológico.

Buda adjudicava aos exercícios a direção correta do vigor física, singeleza dos sentimentos,

afabilidade e sabedoria das ciências para a soberana ventura do Nirvana.

Ainda Moraes (2013) no Japão a narrativa do crescimento das civilizações prende-se na

relevância advinda da Educação Física, e consecutivamente conectada aos embasamentos

médicos-higiênicos, fisiológicos, éticos, contemplativos e bélicos.

Observou-se frente à literatura pesquisada que os regulamentos assim como as

expressões halteres, atleta, ginástica, dentre vários que existem, são um legado grego. As

operações sociais e físicas eram um costume e hábito até a idade avançada, abarrotando os

estádios designados a esta prática.

A ginástica egípcia já valorizava o que se conhece hoje como qualidades físicas tais como: equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. A civilização que marcou e desenvolveu a Educação Física foi a grega através da sua cultura. Nomes como Sócrates, Platão, Aristóteles, e Hipócrates contribuíram e muito para a Educação Física e a Pedagogia atribuindo conceitos até hoje aceitos na ligação corpo e alma através das atividades corporais e da música. É de Platão o conceito de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente (MORAES, 2013, p. 2).

Afiança Santos (2010) que a burguesia europeia assegurou que a força física de um povo

intervém na sua abastança, os donos dos órgãos de produção compreendiam que a forçar física

dos trabalhadores era primordial para o progresso de verbas. Necessário seria habilitá-los,

capacitá-los, sua força física bem cedo.

No século XIX, para manter sua hegemonia a burguesia necessitava investir na construção de um homem novo, que pudesse suportar uma nova ordem política, econômica e social. Essa construção cuidaria igualmente dos aspectos mentais, intelectuais, culturais e físicos. A educação fica como uma disciplina necessária em todas as instâncias, em todos os espaços, no campo, na fabrica, na escola e na família (SOARES, 2007, p. 5-6).

Na Suécia a ginástica aparece no século XIX, volvida para erradicar as desmoralizações

da sociedade, como o vício do álcool, e se assentava como ferramenta apta de instituir sujeitos

vigorosos, liberto de vícios e sadios.

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Na França ela agrega a imagem de uma Educação volvida para o desenvolvimento social,

por isso não eram apenas militares, mas também para toda a população. Essa prática tornava o

homem mais sensível, flexível, habilidoso e corajoso. A partir de 1850 a ginástica indicada por

Amoros na França, unificava os currículos das escolas primárias, e era indispensável para as

escolas normais, ainda que não tivesse indivíduos qualificados para administrar referidas aulas.

De acordo com o MEC (1997) a Educação Física tem uma narrativa de pelo mais de um

século no mundo ocidental atual, tem uma história e tem procurado a formulação de um recorte

epistemológico próprio. Assim, a área de Educação Física hoje contempla múltiplos

conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento.

Entre eles, se consideram essenciais as atividades culturais de movimento que têm desígnios

como lazer, estimas e sentimentos, e com probabilidades de promoção e qualidade de vida.

Aludindo a época histórica que abrange o final da época Imperial e o começo da época

Republicana, mencionamos os ditames de Rui Barbosa, pois são de uma relevância significante

para o entendimento das relações ideológicas, políticas e econômicas que dirigiram a introdução

e desta forma estabelecendo a educação física no Brasil.

Referidos ditames sugerem as reformas no ensino primário, secundário e superior no

Brasil. Estes ditames ou pareceres permaneceram paralisados ao ideal de “liberdade de ensino”.

Rui Barbosa indicava a ideia de se instituir de um sistema nacional de educação,

recomendando uma reforma que teria seu princípio no jardim de infância e se ampliaria até as

universidades. Os ditames de Rui Barbosa eram representações da dedicação, assinalados por

esse gênio intelectual brasileiro.

Rui Barbosa, relevando a Educação Física, defendeu suas ideias, no imaginário dos

antigos gregos, que por sua vez se inspirou no pensamento do filósofo grego Platão, que

aderindo seus ideais, uma educação de qualidade era função do Estado e deveria harmonizar as

forças físicas com as espirituais.

Para Barbosa (1942, p. 175): “O grego não idealizava o antagonismo que as raças

arcaicas imaginavam entre a energia do corpo e do espírito”.

Em sua visão o essencial e fundamental conteúdo da educação física nas escolas deveria

ser a ginástica. A ginástica nas escolas irá proporcionar benefícios não somente físicos e intelectuais, mas também morais, haja vista que a utilização do tempo livre com atividades ginásticas produz certo cansaço entre os estudantes, evitando pensamentos ou atos indesejáveis e promíscuos. (BARBOSA, 1946, p. 71).

Para Rui Barbosa, a importância de educar o físico dos aspirantes ao magistério nas

escolas normais era de suma relevância, pois o mesmo inspirado nos pensamentos de Baudouin

referente à Educação Física na Europa, que para ele o professor somente poderia exercer se

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tivesse um porte físico equilibrado, no intuito de gerar influências positivas para a educação das

crianças.

3 Jogos Populares na Educação Física

O brincar é rico quando a situação imaginária e a arte permeiam a cultura infantil. A

imaginação típica da ação lúdica revela as mesmas características da arte quando cores, texturas,

formas, sabores, cheiros, sons, gestos, povoam o imaginário daqueles que se expressam no

desenho, na pintura, na dança, na música ou na escultura.

O lúdico está presente na ação livre daquele que brinca com várias linguagens

expressivas como o som, o movimento, o gráfico e o significado. Basta olhar o prazer do

movimento repetitivo do balançar de uma criança ou o de rabiscar um papel.

Nesse contexto a criança é considerada uma espécie de livro com “páginas em branco”,

ou segundo John Locke (1632-1704), Pai do empirismo. ”Tábula Rasa” onde a mente humana

necessitava da sabedoria do adulto para ser preenchida e de ensinamentos para a criança fazer

tudo, até mesmo a pensar. Analisando a criança historicamente, é possível perceber concepções

diversas.

Com base nesses princípios as escolas têm como objetivo oferecer atividades

pedagógicas, nas quais a criança tenha um espaço amplo, atraente e que sejam desenvolvidos

jogos, dinâmicas, brincadeiras e contos de fada que levem a criança do mundo real ao mundo da

fantasia, onde ocorra a intervenção do professor no processo ensino-aprendizagem, que se

proporcione a interação com o grupo social, pois o aluno é sujeito da aprendizagem, mas não

aprende sozinho, ele depende do que o grupo social produz de valores, linguagem e cultura e que

as atividades apresentem uma intencionalidade.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998) a partir

da relevância da ludicidade o professor deverá considerar jogos, brinquedos e brincadeiras, como

regulamento direcionado as atividades didático-pedagógicas, permitindo à criança uma

aprendizagem prazerosa.

Na visão de Piaget (1998) numa expressão mais ampla o que importa na atividade

lúdica para a criança é o movimento vivido por ela, que deve lhe proporcionar o contato com a

fantasia pelo faz de conta, pela imaginação e também pela satisfação do brincar, pois o educando

precisa de interações lúdicas para seu crescimento e desenvolvimento emocional, onde a criança

caminha na direção do aprendizado de forma autônoma, livre e segura.

Dessa forma, cabe ao educando buscar a sua aprendizagem não só no âmbito escolar,

mas também junto à família, espaço de convivência humana em que os valores, os hábitos e a

cultura são assimilados e aprendidos.

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Além disso, o aluno representa um elo de ligação entre a escola e a família, devendo

exercer seu papel de fazer o intercâmbio de informações de ambas as partes, contribuindo para

que a dinâmica escola flua da melhor maneira possível.

Através dos jogos e brincadeiras a criança experimenta situações diferentes,

relacionadas com o outro, aprende a dominar regras, confrontar-se com emoções e medos,

negociar e tomar decisões. Brincando as crianças transformam a si e o mundo que desejam

conquistar.

O coloquial da Educação Física escolar se apresenta diferenciado em sua prática.

Esportes, jogos e brincadeiras fazem parte do cotidiano dessa ciência, que se mostra, dependendo

da teoria educacional em que se embasa, com finalidades que buscam auxiliar na formação de

sujeitos críticos para a sociedade.

A Educação Física tem como um de seus objetivos o estudo do corpo em movimento, seus limites e desafios. Entretanto sua importância se deve também ao desenvolvimento integral do aluno, que descobrirá seus limites e os diferentes modos de executar seus movimentos físicos, desenvolver sua criatividade e compreender conceitualmente as atividades corporais produzidas pelos seres humanos ao longo de sua história cultural, com liberdade de expressão de seus sentimentos. Assim, esta disciplina deve proporcionar ao aluno diferentes práticas corporais, desenvolver a sociabilização, respeitar características próprias e dos outros indivíduos do grupo, adotando atitudes de respeito, dignidade e solidariedade, conhecendo, valorizando, respeitando e desfrutando da cultura corporal, adotando hábitos saudáveis de higiene, educação alimentar, para assim solucionar problemas de ordem corporal, conhecendo a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética, reconhecendo-as como uma necessidade básica do ser humano e um direito do cidadão (BRASIL, 1997, p. 45b).

Para a criança a brincadeira não é somente um passatempo. Os jogos estão relacionados

com um aprendizado essencial e seu conhecimento de universo por meio das suas simétricas

emoções. Por intermédio de jogos, cada criança designa um encadeamento de explorações em

relação à vida.

O jogo, elemento criativo e lúdico de nossa civilização, tem, na escola, e principalmente nessa disciplina, uma das formas para a sua assimilação e divulgação. Ele demarca elementos de convívio entre grupos, que interagem no cotidiano da escola. Cria laços de amizade, estabelece "rixas" entre turmas, motiva olimpíadas escolares e contribui na formação da personalidade daqueles que mergulham na atividade (RIBEIRO, 2005, p. 1).

É fundamental para os professores criar um bom ambiente na sala de aula que leve à

aprendizagem. Para isso, têm que pensar previamente no que “querem que aconteça, com quem

vai acontecer, quando vai acontecer e como vai acontecer” (CRUZ, 2012, p. 31).

Os jogos são constantes na visão de alguns teóricos e é apreciado como um dos

inúmeros conteúdos que deve estar evidente nas aulas de Educação Física Escolar.

Compartilhando da mesma ideia vemos nos jogos a probabilidade de diversificar os tipos de

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experiências que as crianças podem obter nas aulas de Educação Física Escolar procurando desta

forma sublimar o repertório da cultura do movimento desses sujeitos.

Acredita-se também que além de contribuir com a estimulação e enriquecimento da

cultura do movimento, os jogos possam auxiliar na construção de valores sociais mais

democráticos, íntegros e mais empenhados com a vida em grupo, usou-se para refletir essa

explicação que Huizinga (1980) faz do jogo quando diz que este é:

[...] uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência do ser diferente da vida cotidiana (HUIZINGA, 1980, p. 33).

Um conhecimento observado por Pontes e Magalhães (2003) delineia que:

Algumas brincadeiras são típicas de determinados gêneros. Em nossa cultura, pular corda, brincar de macaca (amarelinha) e de elástico são brincadeiras tipicamente de meninas, enquanto jogar peteca e empinar papagaio (pipa, pandorga, arraia, etc) são tidas como brincadeiras de meninos. Porém, tal tipificação parece estar se modificando. Esse dado a nosso ver é muito interessante, pois demonstra uma quebra ou pelo menos uma minimização dessa segregação por sexo em tais atividades e isso pode ser um pequeno passo para transferir tal compreensão para outras situações da vida cotidiana, em que ainda presenciamos essa segregação (PONTES; MAGALHÃES, 2003 p. 120).

Outra importância dos jogos populares diz respeito à cultura regional de um grupo.

Pontes e Magalhães (2003, p. 242) afirmam, com base nos estudos de Friedmann (1990) que os

“Jogos tradicionais infantis caracterizam uma cultura local. É interessante observar a existência

de certos padrões lúdicos universais, mesmo com diferenças regionais, variações da designação

ou na existência ou supressão de regras”.

Jogo para Ferreira (2003) é uma atividade física e/ou mental que beneficia a

socialização, e é feito correspondendo a um preceito de regras, apontando um deliberado

objetivo. Na visão do autor é aludida a demanda da autonomia do aluno que deve ser acatada,

sobretudo, se referindo a crianças, tornando-se preciso ressaltar o respeito a sua espontaneidade

no instante de compartilhar as brincadeiras, competindo ao docente estar cauteloso para não criar

traumas e o receio que afetem o desenvolvimento.

Entende-se que os pretextos que levaram ao desenvolvimento desta pesquisa foram os

debates em relação aos paradigmas tradicionais, orientando as práticas das aulas de Educação

Física que permanecem em realizar a exclusão e a escassez de criatividade no meio de suas

aulas. E advertir o reconhecimento do educador físico, colaborando na formação do sujeito nas

escolas, pretendendo converter esta realidade.

Acredita-se que o jogo seja um determinante que motiva e como componente recreativo

e lúdico, impulsionando fatores psicológicos como auto-estima, confiança, afinidades, além dos

fatores físicos e sociais.

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Para Darido et al (2001) o professor deveria chamar atenção para as dessemelhanças de

habilidades motoras e físicas, como cognitivas e afetivas sociais. Esclarecer que todos estão na

escola desfrutando o mesmo privilégio de educação e de movimento e que nem por isso precisam

ser similares. Distinguir os limites e expectativas individuais e de outrem compõe um intento

ético para a compostura mútua, pois por intermédio destes pode-se proclamar anseios e emoções

aceitando ambiguidades sem receio de se tornar ridículo.

Durante a execução de um jogo comumente surgem dúvidas, discussões e inclusive brigas entre os participantes a respeito da validade ou não de um gol ou ponto. Ao refletir e discutir sobre problemas encontrados durante a atividade as crianças pode expressar opiniões, questionamentos, dúvidas e retornar a pratica que adquire um maior significado para as mesmas. Muitas vezes, as regras presentes nas modalidades esportivas, quando não adequadas à realidade escolar, discriminam e excluem alunos (DARIDO, et al, 2001, p. 23).

Ressalta-se que as circunstâncias de desmoralização como agressões físicas ou verbais,

alcunhas, discriminações, necessitariam ser identificadas e rejeitadas. Ações alusivas à violência

deveriam ser protestadas, pois se observa o estímulo constante nas vias de comunicação até

mesmo dentro da escola.

O conceito do jogo foi e continua a ser o mais difundido entre os estudos, quer sejam

sociólogos, psicológicos, filosóficos ou pedagógicos. Para Caillois (1990), o termo é tão

complexo que a ciência muitas vezes o fraciona, deixando-o à mercê de “pseudodonos”.

A Educação Física, ao classificar o jogo como conteúdo, contribui para que o mesmo

permaneça a ser conduzido de geração a geração, embasando esse patrimônio cultural que é

relevante para todo o mundo.

Os jogos como conteúdos escolares podem ser considerados como um dos que

apresentam maiores facilidades de aplicação por diferentes razões, como afirma Neira (2008):

Não são conhecidos da criança, uma vez que a maioria já participou de diferentes jogos e brincadeiras; Não exigem espaço ou material sofisticado; Podem variar em complexidade de regras, ou seja, desde pequeno pode-se jogar com poucas regras de altíssimo nível de complexidade; Podem ser praticados em qualquer faixa etária; São divertidos e prazerosos para os seus participantes; Aprende-se o jogo pelo método global, diferente do esporte, que é aprendido e ensinado por partes. Em um grande jogo aprendemos jogando. Os jogos coletivos foram criados desta maneira, as pessoas aprendiam jogando, somente mais tarde, com a técnica e a ciência é que se passou a ensinar com decomposição das partes (NEIRA, 2008, p.33).

Existe um falso pressuposto de que os jogos infantis só se consagram a crianças na

educação infantil, o que não é verdade, ainda que alguns cuidados necessitam ser tomados. Por

exemplo, a brincadeira de corre-cotia e batata-quente, muito apreciada no mundo infantil, são

mais adequadas para crianças pequenas, por causa do baixo nível de imposição. Existem jogos e

brincadeiras como escravo-de-jó que podem ser interessantes e motivantes para crianças e

adolescentes.

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Considerando o panorama histórico da Educação Física, compreende-se que os jogos de

uma maneira ou outra consecutivamente permaneceram constantes na essência escolar. Essa

constância permaneceu praticamente atrelada ao saber fazer, ao realizar, a entender a função dos

jogos, e a não entender suas definições e os valores embutidos que ficam escondidos.

Desta forma, no meio de uma probabilidade de educação de Educação Física e de jogos,

seria essencial apreciar as metodologias, ocorrências, opiniões, posturas e os valores, como

conteúdos, todos em um único grau de relevância.

O jogo como um conteúdo da Educação Física não deve proposto na escola somente

como um meio de recreação e lazer. Para Freire (1989) o jogo deve estar vinculado aos objetivos

físicos e sociais da disciplina de Educação Física.

4 Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s

Nas últimas décadas o debate sobre a Educação Física tem sido pesquisado, ampliando

as discussões acerca do tema, haja vista haver inúmeras controvérsias sobre a Educação Física

numa probabilidade cultural, e é a partir desse indicador que se considera a Educação Física

componente da cultura humana. É nesse aspecto que se fala atualmente de uma cultura corporal,

ou cultura física.

Conforme os PCN”s a Educação Física enquanto disciplina escolar cumpre um papel fundamental no processo de desenvolvimento dos alunos, propondo-se a oferecer caminhos e possibilidades de aprendizagem, de aspectos como motricidade humana, psico-afetivo-social, à interação com o meio político-cultural e age decisivamente na transmissão de elementos informativos sobre hábitos saudáveis, preventivos e positivos para a melhoria da qualidade de vida, e saúde como forma de incentivar a manutenção de um estilo de vida ativo quando adulto (BRASIL, 1998, p. 22).

Porém, tem de se trabalhar no intuito para que estas transformações, ainda que

arrastada, possam estar acontecendo, pois acomodar-se com a cultura escolar percebendo-se

ineficaz perante às forças adversas, irá somente colaborar para a conservação e uma eterna

cultura não almejada.

Resgatar a história de jogos tradicionais infantis, como a expressão da história e da cultura, pode nos mostrar estilos de vida, maneiras de pensar, sentir e falar, e, sobretudo, maneiras de brincar e interagir, configurando-se em presença viva de um passado no presente (FANTIM, 2000, p. 55).

Observou-se a possibilidade de a Educação Física, a partir dos elementos da cultura

corporal, contribuir significativamente com a formação das crianças. Desta forma, no decorrer do

processo pedagógico a experiência das crianças com os Jogos não está tão distante do que foi

colocado pela literatura com a qual foi estabelecido diálogo. A Educação Física Escolar significa

um componente independente ou associado, na precaução e controle da obesidade infantil, entre

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as crianças de classes socioeconômicas menos beneficiadas, devendo ser assim, incluída nas

discussões das políticas públicas de promoção de saúde, nos âmbitos do poder público federal

estadual e municipal.

Como matéria de ensino da escola, está organizada numa estrutura curricular educacional, pois trata-se de um conjunto de conhecimentos advindos dos campos das Ciências Humanas, Naturais e Exatas que são utilizados para subsidiar e atualizar em caráter interdisciplinar: 1:o estudo das diferentes temáticas advindas da pesquisa da corporeidade no contexto histórico-cultural do jogo, da ginástica, da expressão corporal, que inclui dança, o esporte e as lutas corporais, na qualidade de objetos de conhecimento da área; 2:a formação filosófica e científica do professor; 3:sua ação profissional na realidade concreta (SEVERINO, 2002, p.44).

Analisando as regras da equipe que estabeleceu os Parâmetros Curriculares Nacionais,

constatamos que estes documentos têm como desempenho principal auxiliar na preparação

curricular dos estados e municípios, versando com as propostas e conhecimentos que existem,

influenciando o debate pedagógico interno às escolas e a preparação de projetos educativos, bem

como convir de material de reflexão para a prática de professores.

O Ministério da Educação e do Desporto, através da Secretaria de Ensino Fundamental, inspirado no modelo educacional espanhol, mobilizou a partir de 1994 um grupo de pesquisadores e professores no sentido de elaborar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Em 1997, foram lançados os documentos referentes aos primeiro e segundo ciclos (1ª ao 5º. ano do Ensino Fundamental) e no ano de 1998 os relativos aos terceiros e quarto ciclos (6º. Ao 9º. ano), incluindo um documento específico para a área da Educação Física (BRASIL, 1998ª, p. 19).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais compõem um referencial de gabarito para a

educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e assegurar a lógica dos

investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações,

subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, especialmente daqueles que se

deparam sozinhos, com relação ínfima a produção pedagógica contemporânea (MEC/SEF, 1997,

p. 126)

Para Darido (2007) os PCNs são conciliados por relatórios introdutórios, temas

transversais como o bem-estar, meio ambiente, moral, cultura, orientação sexual e trabalho e

consumo e apontamentos que versam o tratamento a ser ofertado em cada um dos distintos

elementos curriculares.

A nomenclatura específica “temas transversais” aparece pela primeira vez no Brasil nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), lançados pelo governo federal, inspirada no modelo de reforma curricular realizada na Espanha. Todavia, é preciso deixar claro que tanto na área da Educação, como na Educação Física muitos autores defendiam nas suas propostas a tentativa de relacionar os grandes problemas sociais com as disciplinas específicas (DARIDO, 2012, p. 14).

Parafraseando Darido (2012), trabalhar atitudes é bastante complicado e compreende

em primeiro lugar, a contradição entre o que o professor bem intencionado pretende na escola e o

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sistema social vivenciado pelo aluno, assim como as influências da mídia. Em segundo lugar,

existe empecilho em encontrar metodologias explicitamente constituídas para trabalhá-los, já que

não existe conhecimento em ensinar valores de forma clara e intensa.

Algumas críticas atribuíram um caráter utilitarista aos temas transversais que

acompanham os PCN’s, acreditando que retiram das matérias curriculares uma finalidade em si

mesmas. Contudo, é necessário compreender que tais temas devem se atrelar às matérias, e não

substituí-las (SOUZA, 1998).

Na área de Educação Física, apenas o documento destinado ao Ensino Médio parece

relacionar-se a uma tendência tecnicista e utilitária. Isto se deve às relações associativas entre a

escolarização e o mercado de trabalho no texto. Nesse segmento, a Educação Física está inserida

na área denominada “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”, assim como a Língua

Portuguesa e Estrangeira.

A preocupação com o pleno exercício da cidadania, expressa nos PCNs, permite

considerá-los uma abordagem cidadã para a Educação Física. No documento para o terceiro e

quarto ciclos (BRASIL, 1998), é possível perceber essa influência nas características esperadas

da formação dos alunos em cidadãos críticos, destacando-se as seguintes, de acordo com Darido

et al. (2005):

Participação em atividades corporais, adotando atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade;Conhecimento, valorização, respeito e apropriação da pluralidade como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis e relacionando-os com os efeitos sobre a saúde individual e coletiva;Conhecimento acerca da diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que permeiam os diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção na cultura em que são produzidos e analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia;Reivindicação, organização e interferência no espaço, sobretudo público, de maneira autônoma, por exemplo, requerendo locais adequados para promover atividades corporais de lazer (DARIDO, 2005, p. 40).

Conforme o MEC (1997) os Parâmetros Curriculares Nacionais e as propostas das

Secretarias devem ser observados como materiais que ajudarão à escola na constituição de sua

proposta educacional, num processo de interlocução em que se partilham e mencionam os

valores e finalidades que norteiam o trabalho educacional que se quer gerar e a construção do

currículo apto de satisfazer as necessidades dos discentes.

A proposta trazida pelos PCN’s fortalece o que vem estabelecido na LDB 9394/96,

dando então uma maior abertura ao professor no que se refere à sua participação na construção

do projeto pedagógico, na organização do currículo, na adoção de metodologias inovadoras e,

especialmente citando, no modo de como deve ser elaborado o seu planejamento, ou seja,

compartilhado, coletivo, contextualizado, flexível, dinâmico e interativo, que possa permitir ao

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educador e ao educando uma aprendizagem mútua através da vivência cotidiana e da troca de

saberes e experiências de ambas as partes.

Essa valorização do conhecimento trazido pelo aluno, construído em outros espaços de

vivência social, externos à escola promove, ao ser estabelecido pelas políticas públicas de

maneira legalizada, a adoção de novos valores a serem trabalhados na escola e na sociedade,

garantindo ao individuo uma formação integral na medida em que se responsabiliza a família,

dificilmente, pela educação do ser humano, e não tão somente o Estado.

O Artigo 2º da LDB 9394/96 reza que: “A educação, dever da família e do Estado,

inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o

pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996).

Os PCN’s, especialmente os destinados aos dois últimos ciclos do Ensino Fundamental

indicam uma possibilidade de aproximação entre as abordagens já propostas para o elemento

curricular Educação Física.

Os documentos seguem a LDB, Lei n.° 9394/96 (BRASIL, 1996), que estabelece, em

seu artigo 26.°, os rumos que a Educação Física escolar deve seguir. No parágrafo terceiro,

define-se a Educação Física como elemento curricular da Educação Básica, em que a oferta

deverá estar associada à proposta pedagógica da escola, moldando-se às faixas etárias e as

situações da categoria escolar, e sendo facultativa nos disciplinas noturnas.

Os PCN’s orientam que a Educação Física como componente curricular aprecie

os blocos de conteúdos como: jogos, esportes, lutas e ginásticas, ciência sobre o corpo,

atividades rítmicas e expressivas, e dos temas transversais, alterando num encadeamento

pedagógico do mais simples para o mais envolvido e modificando suas temáticas conforme com

os graus de ensino.

O Conselho Nacional de Educação enfoca os PCN’s como uma proposta curricular

dentre outras, uma proposta significativa, porém não obrigatória, e uma alternativa às propostas

curriculares dos estados e municípios”. Em análises sobre o processo de elaboração dos PCN’s, a

qualidade dos documentos para o Ensino Fundamental pareceu aceitável (DARIDO et al., 2001;

SANCHES NETO, 2003).

A Constituição Federal de 1988 dedica o seu capítulo III à Educação, Cultura e

Desporto e em sua seção I, que abrange os artigos 205 a 214 trata de aspectos do sistema

educacional, envolvendo em seu texto, o ensino, a aprendizagem, a docência, a gestão, a família,

o Estado, a sociedade, todos voltados para a promoção de uma educação onde os aspectos

qualitativos se sobressaiam aos aspectos quantitativos.

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Pode-se observar que a exemplo do Artigo 2º da LDB 9394/96, o texto constitucional de

1988, Artigo 205, enfatiza o direito de todos os cidadãos à educação, assim como o dever da

família e do Estado na concretização da formação plena do indivíduo, sua finalidade expressa em

ambas às leis.

Chamando então a atenção para os direitos e deveres pertencentes a todos os envolvidos

no trabalho educativo, é preciso destacar o momento do planejamento do professor como

também pertencente aos alunos e aos pais, assim como a outros professores que fazem parte da

comunidade escolar, desmistificando a ideia de que o planejamento diz respeito somente ao

professor que o executa, até porque o que é planejado deve ser a priori, aquilo que ajudará no

desenvolvimento do aluno, centro do processo de ensino e aprendizagem.

A Educação Física na escola deve promover o princípio da inclusão, com a inserção e integração dos alunos à Cultura Corporal de Movimentos, por meio de vivências que problematizem criticamente os conteúdos: jogos, esportes, danças, ginásticas, lutas e conhecimento sobre o corpo (DARIDO, 2005, p. 65).

Ainda Darido (2005, p. 66) “Os conteúdos da educação Física para o Ensino

Fundamental estabelecidos pelo PCNs (1998) propõem uma organização em três blocos: a)

“Esportes, jogos, lutas e ginásticas”; b) “Atividades rítmicas e expressivas”; c) “Conhecimento

sobre o corpo”.

Os conteúdos da Educação Física são apresentados por Freire (2003, p. 24) “como toda

e qualquer manifestação cultural que deve corresponder à dimensão corporal, categorizados em

atividades rítmicas e expressivas, conhecimento do corpo, esportes e fitness”.

Quanto às funções da escola, a escolarização ou “Educação Formal” tem algumas

intenções que nem sempre são explícitas para os participantes diretos nos processos de ensino e

aprendizagem.

Além disso, deve-se compreender que a Educação Física, atualmente, deve se integrar

aos diferentes níveis englobados pela Educação Básica, que são a Educação Infantil, o Ensino

Fundamental e o Ensino Médio.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que o profissional de Educação Física ao se dedicar na área de educação

fundamental deve saber os exercícios do desenvolvimento dessa etapa, no intuito de oferecer e

proporcionar os estímulos apropriados a cada etapa. Atuando desta maneira, o desenvolvimento

tende a ser condizente e harmonioso no domínio motor, cognitivo e afetivo-social. 

O professor de Educação Física que atua na Educação Fundamental, não deve possuir

apenas ciências e conhecimentos característicos de sua área de atuação e sim somá-los aos

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conhecimentos do aluno que está laborando. Necessita-se então, estar rotulando, observando e

analisando as perspectivas de desenvolvimento, a forma de aprender, seus conhecimentos

prévios, e ter consciência do desempenho da escola, que está fundamentada em vivenciar o atual,

proporcionando experiências que tenham desígnios sólidos para o cotidiano da criança.

A atuação do professor de Educação Física, num local onde se institua uma influência

social do tipo professor/orientador/treinador-aluno, consolida-se por intermédio de um método

de comunicação social. Este é mediatizado por uma relação ensino-aprendizagem, através do

planejamento e da aplicação de procedimentos de ensino que podem ser vinculados a ações

problematizadoras de caráter amplo (formação para a cidadania) e/ou restrito (tecnicismo), como

é o caso do treinamento de habilidades específicas.1

A contribuição do Educador Físico e da Escola são fundamentais, sendo eles capazes de

possibilitar uma Educação baseada na promoção de saúde, sensibilizando e motivando os alunos

sobre a importância da Atividade Física regular como principal forma de prevenção de doenças,

garantindo assim um maior equilíbrio corporal, mental e emocional (BRASIL, 1998).

Assim, a intencionalidade do ato educativo envolve uma gama de fatores em busca de

se oferecer uma educação de qualidade para todos, que traduzem a visão de futuro, de homem,

de novidade, de mundo que a escola possui.

Observa-se a resistência dos professores em fazerem uso dos PCN's e dos temas

transversais atrelados aos conteúdos disciplinares ministrados em sala de aula. Além disso,

somente uma pequena parte do professorado domina os conhecimentos da legislação

educacional, talvez pelas inovações pedagógicas que as mesmas propõem, como a participação

do professor na construção da proposta pedagógica da escola, a autonomia do aluno a ser

conquistada, a prática da pedagogia de projetos e a promoção humana em todas as suas

dimensões, dentre outras tantas ações dinamizadoras da prática docente sugeridas e que são

referencias importantes para a consecução de uma educação de qualidade.

Essa postura reflexiva e crítica do educador não devem incidir somente sobre o universo

da aula, mas ampliá-la ás questões da escola, do sistema educacional e dos condicionantes

sociais, obtendo uma visão de totalidade da realidade, com a finalidade de conhecer além das

limitações e potencialidades do contexto pedagógico.

A Educação Física, na visão histórico-social, vem se conservado longínqua da

responsabilidade de desenvolver e de se garantir com a tarefa educacional de formação do

discente, pois sempre esteve vinculada ao entendimento de atividades, privilegiando as

1PCTP/EF: Planejamento Coletivo do Trabalho Pedagógico. Estratégia de Intervenção crítica utilizada no processo de formação continuada de professores/as de Educação Física das redes públicas de ensino, em desenvolvimento desde 1993. Disponível em: <http://www.nepecc.faefi.ufu.br/PDF/321_conceito_ef.pdf>. Acesso em: 03.Ago.2017.

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necessidades de disposição biológica dos discentes, atinentes à capacidade física, às atividades

lúdicas e aos jogos.

Observou-se que ao aprender, o aluno aumenta suas possibilidades de mudanças, ele

evolui enquanto ser humano, aos poucos ele se descobre em sua complexidade e passa a se

compreender melhor, a entender melhor o outro, estabelecendo relações com o seu meio social.

Também se analisou que o jogo por seu caráter lúdico tem demonstrado eficiência no

processo de aprendizagem. O jogo tem sido utilizado nesse processo, que chegamos até mesmo a

temer pelo que se denomina “didatização do jogo”, ou melhor, com o escopo de instruir distintos

conteúdos, poderá acontecer uma minimização desse acontecimento cultural.

Frente a literatura consultada, percebeu-se que nas escolas a falta de tempo próprio para

a prática de atividades lúdicas que devem oferecer ao aluno o resgate e vivências de jogos

populares, já que as aulas de Educação Física, em sua maioria, são voltadas para a prática de

esportes. O que vemos são os jogos populares sendo trocados por atividades exercitadas no

mundo, que não exibem atributos da cultura regional.

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