Rastros 9.3
-
Upload
necom-nucleo-de-estudos-em-comunicacao -
Category
Documents
-
view
213 -
download
0
description
Transcript of Rastros 9.3
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
18
Apontamentos epistemológicos para uma discussão conceitual na pesquisa de recepção – campo da comunicação
Resumo
O texto apresenta operadores iniciais para
a discussão epistemológica de alguns conceitos
na pesquisa de recepção. Assim, discutir e re-
fletir esses conceitos no campo da comunicação
(como disciplina), onde o teórico e metodológi-
co se articulam, e avançar na fundamentação
da comunicação nos estudos de recepção. As
sistemáticas observações realizadas permitem
a discussão sobre confusões importantes entre
disciplina, objeto de pesquisa e objeto empíri-
co. Dessa forma, recuperam-se determinadas
inquietações relacionadas aos processos de
conhecimento científico e fundamentos do saber
metodológico na comunicação. Assinalo, pelo
viés epistemológico, algumas linhas (critérios,
princípios, idéias) para aprofundar o trabalho
científico da pesquisa em comunicação. As
linhas de pensamento, observações e leituras
apresentadas operacionalizam associações para
a discussão e estabelecem caminhos e regula-
ridades do fenômeno a ser discutido.
1 - Professor na Faculdade de Comunicação (FAC) – graduação e pós-graduação em Ciências da Comunicação na Universidade de Brasília (UnB). E-mail: [email protected] / [email protected]
Pedro Russi-Duarte
Palavras-chave:
Epistemologia
Comunicação
Metodologia
Objeto de pesquisa
Recepção
1
19
Ano IX - Nº 9 - Agosto 2008
Resumen
Este texto presenta operadores iniciales
para una discusión epistemológica de algunos
conceptos en la investigación de recepción.
De esa forma, poder discutir esos conceptos
en el campo de la comunicación (como disci-
plina) donde lo teórico y lo metodológico son
articulados y avanzan en el fundamento de la
comunicación en los estudios de recepción. Las
observaciones sistemáticas realizadas, permiten
la discusión sobre las confusiones importantes
entre disciplina, objeto de investigación y ob-
jeto empírico. Así se recuperan determinadas
inquietudes relacionadas a los procesos de co-
nocimiento científico y fundamentos del saber
metodológico en la comunicación. Señalo, por
el lado epistemológico, algunas líneas (criterios,
principios, ideas) para profundizar en el trabajo
científico de investigación en comunicación. Las
líneas de pensamiento, observaciones y lecturas
presentadas, permiten articular asociaciones
para la discusión, estableciendo caminos y re-
gularidades del fenómeno a ser discutido.
Palavras-chave:
Epistemología
Comunicación
Metodología
Objeto de investigación
Recepción
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
20
Notas iniciais para entrar na discussão
Proponho-me, neste texto, encaminhar à arena
alguns operadores que venho pensando no decorrer
deste tempo. Posso entender através da epistemologia
semiótica peirceana que tal decisão é provocada porque
a realidade pugna por revelar-se como ela é. Ditos ope-
radores não estão isolados, quer dizer que não começam
nem se esgotam neste artigo. Portanto, peço ao leitor
a generosidade de entender e desafiar a reflexão aqui
articulada. Assim como o xadrez necessita do outro para
ser jogo, neste momento trago algumas provocações
com viés científico, isto é, um touché às idéias que
não querem ser questionadas porque no refúgio do
estabelecido e autoritariamente perpetuado, qualquer
questionamento é perverso ou, até, retrógrado. Assim o
relativismo voa vagarosamente no singular entendimento
de que “vale tudo”, esquecendo, talvez, que “se tudo
vale… todo permanece”.
Nessa linha, em diferentes instâncias científico-
acadêmicas2 paira a idéia de que determinados conceitos
epistemológicos e metodológicos com relação à pesquisa
em comunicação (objeto de pesquisa, objeto empírico,
campo-disciplina, problema de pesquisa, “neutralidade
axiológica”, interdisciplina…) já estão claros ou a dis-
cussão está saldada. Isso acontece também nas espe-
cificidades das pesquisas, por exemplo, de recepção.
Mas, as observações realizadas mostram o contrário;
portanto, incentivam a retomar a discussão para avan-
çar e problematizar as pesquisas de recepção. Daí que
o espírito do texto, bachelardianamente falando, seja o
de acentuar a discussão teórica conceitual sobre alguns
dos processos entendidos importantes na pesquisa de
recepção no campo da comunicação.
Essa consideração permite afastar-nos de um
empirismo e de aplicações de modelos categoricamente
(cegueira involuntária) antagônicos à reflexão epistemo-
lógica e metodológica da pesquisa científica. O empirismo
é obstinado e entende o mundo como fixo e imutável.
Daí que vale destacar o outro extremo, a postura solip-
sista que a tornaria impossível porque torna impossível
qualquer ciência. Portanto, as instâncias de reflexão aqui
propostas distam de ambos os extremos porque visam
avançar, a partir de problematizações, na fecundidade
de novos atos de pesquisa e descobrimentos.
Nesse sentido, pode-se recuperar determinados
pontos com relação aos processos do conhecimento
científico, às fundamentações do saber metodológico nas
pesquisas em comunicação — neste caso, a especifici-
dade de recepção. Destaco campo da comunicação
porque, não são poucas as vezes em que as pesquisas
de recepção adentram em outros campos (antropologia,
sociologia, gênero…) em detrimento da área de comuni-
cação. Entendo isso como “esquecimento” das diferenças
essenciais dos objetos de pesquisa característicos dos
campos disciplinares, deformando-o.
Assim, busca-se problematizar para focalizar o
comunicacional nos fenômenos a serem estudados, pela
relação entre teorias e o desenho de métodos tensio-
nando à enganosa dicotomia entre ambos os conceitos.
A reflexão conceitual permite entender que o método de
abordagem e os métodos de procedimento são escolhas
que devem ser explícitas ao pesquisador, caminhos a
seguir e opções tomadas com relação ao saber da ciência
na qual se encontra. No decorrer do texto, voltarei nesse
ponto essencial do trabalho.
2 - O texto está ancorado a outras reflexões realizadas em congressos, seminários, encontros da área [Compós, Intercom 2007; “I+C: Investigar la Comunicación”], assim como nas discussões em sala de aula (pesquisa em comunicação – graduação e pós-graduação); participação em defesas de graduação e pós-graduação. Além disso, a reflexão sustenta-se na pesquisa que venho desenvolvendo com apoio do CNPq, no PPG em Ciências da Comunicação na UnB, que trata sobre o saber metodológico configurado e dinamizado nas disciplinas comumente denominadas como “métodos, metodologia…”.
21
Ano IX - Nº 9 - Agosto 2008
Pretende-se, por conseguinte, levantar alguns
pressupostos básicos de viés epistemológico, que per-
mitam entender as características (critérios, princípios,
idéias) do trabalho científico da pesquisa de recepção
em comunicação. Entenda-se por perspectiva crítica a
possibilidade do que posso chamar de “desconfiança”
intelectual. Isso vai permitir, parafraseando Popper, en-
tender e situar os princípios lógicos da metodologia da
ciência; entender aqueles princípios que são internos e
especificamente relacionados ao conhecimento científico
(os fundamentos lógicos, o método, as classificações, o
objeto), pois de alguma forma temos que começar a fazer
frente à situação crítica do cenário em discussão.
As observações e leituras apresentadas não
querem ser hipóteses, muito pelo contrário: trata-se
de operadores de associações que podem ser estabe-
lecidos através da observação criativa e cotidiana de
regularidades no fenômeno da recepção a ser discutido,
como fundamentos para reflexão. Vale destacar que
as espontaneidades resgatadas pela observação não
exibem menos regularidade do que um memorando
impessoal dentro de instâncias burocráticas, daí que se
tornam importantes como fontes iniciais e indicadoras
que possibilitam a análise científico-teórica dos empreen-
dimentos investigativos que desenhamos nas pesquisas
de recepção.
O intuito deste texto tem base na provocação de
Popper (2006, p. 106), para quem uma das tarefas princi-
pais da crítica científica deve ser a de expor as confusões
de valores e separar as questões puramente científicas
das extracientíficas, isto é, a liberdade e exigência da
vigilância epistemológica.
Nesse sentido, uma aplicação matemática das
observações não pode garantir o rigor reflexivo à si-
tuação, como sim pode a dinâmica de abdução. Esta
perspectiva é inspirada na proposta de Peirce e se refere
a uma forma de raciocínio que nasce da observação de
algum fenômeno que surpreende, de experiências que
frustram, de alguma forma, expectativas. Ato criativo
de levantar conjeturas para pensar sobre um fato e de
possíveis respostas para entendê-lo. Dinâmica que não
deixa de ser e ter uma forma lógica; é instintivo e prin-
cipalmente um processo vivo (PEIRCE apud SANTAELLA,
2001, p.112).
Os pontos para reflexão são escolhas que buscam
diferenciar-se (não se distanciar) de outros processos
também importantes para a discussão teórico-metodo-
lógica da pesquisa de recepção. Porém, não são inse-
ridos neste trabalho, não por isso menos interessantes
e essenciais na reflexão3 pretendida. São processos e
dados significativos porque através dos apontamentos
que venho realizando, como observação consciente,
posso sistematizar e entender o comum e o ordinário
nas discussões sobre o tema em questão.
Acompanho o que diz Weber (2002, p.34):
De qualquer forma, as idéias nos surgem quando não as esperamos e não quando, sentados a nossa mesa de trabalho, cansamos o cérebro a procurá-las. Entretanto, é positivo que elas não nos ocorreriam se, anteriormente, não houvéssemos refletido longamente em nossa mesa de estudos e não houvéssemos, com devoção entusiasmada, buscado uma resposta.
É nessa dinâmica que sustento a possibilidade de
levantar os questionamentos para pensar a discussão
conceitual sobre a interdisciplinaridade, objeto de pes-
quisa/ objeto “real” na pesquisa de recepção; visando
iniciar um processo de inquietações relacionadas ao
princípio de que a pesquisa é um trabalho consciente
3- Por exemplo, refiro-me à aplicação de modelos definidos por outras áreas, não re-desenho de técnicas das técnicas de investigação, não estudo das hipóteses, confusão entre “juízo de valor”, “neutralidade” e “neutralidade axiológica”; não distinção entre o “homem volitivo” e “homem pensante” (weber); recepção – percepção. Destacando alguns.
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
22
dos métodos científicos para progressão do próprio pen-
samento científico. Entendê-lo na dinâmica e articulação
com o saber comunicacional, portanto, com os processos
epistemológicos.
Iniciando os questionamentos
Quando se analisa ou se discute sobre disciplina,
na maior parte das vezes se subentende o significado,
mas isso não permite destacar que se pode estar discu-
tindo sobre bases de significação distintas com relação
aos sentidos do termo. É necessário sempre, em toda
discussão-reflexão, deixar claros os conceitos que são
introduzidos em pauta. Esse ato poupará conflitos inú-
teis e, certamente, pouco produtivos intelectualmente.
Daí que o termo disciplina pode ser compreendido
de formas diversas. Destaco aqui algumas das mais
significativas neste trabalho. Isso permitirá avançar na
distinção entre o instrumentalismo, que é o uso dos
conceitos, e o significar dos conceitos científicos por
parte do pesquisador.
Para Wittgenstein a família de significados
possibilita entender que o significado de um termo é a
associação da família de seus sentidos. O conceito se
associa ao emprego do termo como família de concep-
ções. O conceito é significativo quando, com relação ao
objeto, classifica, agrupa por semelhanças como base
dessa classificação na qual se associa significativamente
àquilo que denomina. Dessa maneira, a classificação
tem por objetivo evidenciar as relações que devem ser
levadas em consideração.
Os conceitos científicos têm a função de indicar
para deixar mais claro aquilo que se está indicando. Se
considerarmos que o significado de todo termo articula-se
como processo para conceituar o objeto, com relação ao
termo disciplina posso distinguir aqui quatro sentidos.
Considero o primeiro deles mais ajustado para a reflexão
proposta.
(1) Saber que configura uma ciência, por definir
um objeto de estudo para contribuir, pelo saber, com o
conhecimento humano.
(2) Ação de dizer alguma coisa a alguém, de
instruir, de educar.
(3) Sistema de ordem-castigo. O exemplo mais
significativo é “vigiar e punir”, de Foucault, que trouxe
uma discussão interessante, porém muitas leituras
reduziram a disciplina nesse conceito. Então toda dis-
cussão foi “estigmatizada” conceitualmente pelo sentido
foucaultiano do termo. O autor não é responsável pelas
apropriações feitas.
(4) Princípios de moral que normalizam os indi-
víduos.
A primeira definição permite tensionar as leituras
realizadas em contra das possibilidades de entender a
comunicação como disciplina. O discurso e repercussões
das epistemologias pós-modernas buscam estigmatizar
como hegemônico e punitivo, através do viés ideológico
de especulações partidárias, todo o que seja uma mínima
busca para compreender as limitações de uma disciplina
(objeto de pesquisa e saber). Dessa forma, utilizam-se
as discussões epistemológicas como base para conflitos
pertinentes à plataforma política, weberianamente fa-
lando. O fato de entender o objeto de pesquisa de uma
disciplina não quer dizer, porque não está em discussão,
o desconhecimento dos outros significados, especialmen-
te o mais inquietante: o de “vigiar e punir”.
23
Ano IX - Nº 9 - Agosto 2008
Portanto, ao estudar a recepção não se pode
desconhecer que, como estudo, ancora-se em uma
disciplina (ou ciência) entendida como o conjunto de
conhecimentos sistematizados sobre uma determinada
matéria. Do contrário não se atende à articulação da
tríade: o conteúdo teórico, o campo de atuação e os
procedimentos como formas de atuação. Considerar
a provocação de Poincaré — “a Ciência é construída
a partir de fatos, assim como a casa é construída com
pedras; mas a acumulação de fatos não é uma Ciência
da mesma forma que uma pilha de pedras não é uma
casa” (POINCARÉ, 1988, p.40) —, permite entender
que a ciência não é formada por fatos e sim por idéias.
Sem dúvida, captar a realidade conceitualmente através
do método científico permite estudar cientificamente um
objeto no cerne de um campo determinado. Por meio da
dinâmica de objetivação o objeto passa (pelos recortes da
construção) de empírico para objeto de pesquisa.
Nesse sentido, ao problematizar sobre a pes-
quisa de recepção é necessário entender de antemão
a comunicação como disciplina, inferindo que não é
um adendo a outras disciplinas-ciências; isto é, captar
a estreita e precisa relação entre objeto de pesquisa e
disciplina, já que ambos se desenham e determinam. É
nessa direção que Braga (2004) chama a atenção para a
situação de quando o estudo da comunicação é reunido
com outra disciplina, esta sofre a fagocitose da segunda
(Comunicação e Economia, por exemplo), por ser um
campo de mais tradição e estudo. Chamado de atenção
que permite problematizar a solução — assimilada por
muitos — da interdisciplinaridade porque as conjunções
resultam em um efeito de disseminação para o campo
da comunicação.
Como pano de fundo há discussões entorno ao fato
de que a comunicação é um campo em desenvolvimento,
necessitando das outras áreas para seu desenho. Porém,
quero fortalecer e trazer à superfície a necessidade de
entender o desenho desse campo científico no cenário
da pesquisa de recepção. Nessa linha, Martino apresenta
elementos que permitem entender a problemática, à
luz de notar o desenvolvimento bastante particular do
saber comunicacional com relação a outras disciplinas.
Fato que possibilita aprofundar mais ainda na reflexão
aqui apresentada, ao nos perguntar a cerca do saber
comunicacional na pesquisa sobre recepção.
Ora, o saber comunicacional parece ter se desenvolvido numa direção diferente da de outros saberes e de forma bas-tante curiosa. Enquanto que outras disciplinas tiveram que aguardar um estado de maturidade de sua elaboração teórica para justificar os correlatos desenvolvimentos institucionais (revistas, cadeiras universitárias, faculdades, associações representativas, institutos de pesquisas...), a Comunicação, por sua vez seguiu um caminho inverso, de tal sorte, que as instituições foram criadas antes mesmo deste saber ter alcançado sua maturidade teórica (MARTINO, 2004, p.9).
Note-se a distinção e particularidades entre a
interdependência das ciências-disciplinas por um lado, e
ser adendo de outra disciplina, por outro. Compreendo,
com Peirce (apud SANTAELLA, 1992, p.26) , a interde-
pendência como as relações que uma ciência qualquer
mantém com outras. Significa que, nessas relações, é
preciso entender quanto uma (outra) ciência pode con-
tribuir para o conhecimento, quais as ciências que vão
fornecer princípios às outras, e quais as que fornecem
sugestões e dados a quais outras. Mas, as características
próprias da ciência se mantêm, isto é, o objeto de pes-
quisa guarda as referências e focalização da disciplina
que o estuda. Dessa forma, a relação interdependente
não trabalha na dinâmica que poderia ser chamada “de
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
24
anexar” e sim de reforçar as qualidades particulares das
disciplinas pelo fato da relação não se estabelecer no
nível do objeto de pesquisa.
Nesse caminho, cabe ressaltar uma a atitude na-
tural e espontânea que entende o “mundo em si como
objeto de pesquisa”; parece haver aflito para entender
a importância da escolha epistêmica no metodológico,
instância básica para diferenciar o objeto comum (olha-
do) do objeto científico (construído) e pensar a prática
científica além de uma seqüência de operações de pro-
tocolos sinalizados, estandardizados e automáticos em
operações. Situar a pesquisa científica em um campo
epistêmico é entender a objetividade científica (pro-
cesso de objetivação) para não negligenciar a pesquisa
em proveito de manipulações técnicas extracientíficas,
aplicação de moldes-modelos e, até, nalguns casos de
intuito “terapêutico”.
Avançar na reflexão sobre a pesquisa de recepção
é aceitar a válida provocação de Peirce, a “ciência não se
confunde com o conhecimento acumulado (este é apenas
a resina ou excremento da ciência), mas é aquilo que os
cientistas vivos fazem. É, portanto, um modo peculiar
de ação e de conduta” (SANTAELLA, 1992, p.28). Nesse
sentido, a ciência não é resultado de revelações, nem da
graça de um profeta ou de um visionário que a houvesse
recebido para assegurar o conhecimento, acreditar nisso
será o “sacrifício do intelecto” (WEBER, 2002, p.56).
Anotações conceituais que possibilitam a
discussão e reflexão
Mas do que definir soluções, a intenção é levantar
questões conceituais relacionadas à pesquisa de recep-
ção. Nesse ponto, para avançar na viabilidade e fecun-
didade investigativas deve-se aprofundar e re-discutir
buscando os princípios epistemológicos que permitam
sair do plano das propostas; isto é, saber o que se está
desenhando através do conjunto das pesquisas de re-
cepção. O fato de entrelaçar os desenhos das pesquisas
demanda pensar nas elaborações teórico-metodológicas
que justificam as relações com os desenvolvimentos do
campo da comunicação.
Durkheim no livro “O suicídio”, após apresentar as
principais linhas de sentido para a palavra suicídio, aponta
uma questão importante do saber epistemológico central,
“se definirmos o fato desta maneira, será de interesse
do sociólogo?”; por meio da qual se deve entender a
Sociologia e seu lugar ao lado das outras ciências. Não
poderia ser essa uma das questões centrais que pode-
ríamos fazer ao pensar na comunicação as pesquisas
sobre recepção? Na arquitetura da questão percebe-se a
importância do âmbito disciplinar como saber configurado
e configurador do campo.
Avançada a metade do século XX começa uma
rápida ascensão de uma corrente, mais difícil de delinear,
mas nem por isso menos influente na orientação das
pesquisas e na própria imagem que fazemos de nossos
domínios de conhecimento: o pensamento interdiscipli-
nar. A presença desse domínio de conhecimento, que
não soluciona a discussão sobre o campo, demanda um
sério aprofundamento sobre o campo da comunicação
e especialmente nos estudos de recepção. Embora se
apresente em muitas oportunidades como a solução pelo
simples efeito do entrecruzamento das disciplinas, o que
resulta em uma encruzilhada de linhas gerais que não
respondem às exigências mínimas do próprio objeto de
25
Ano IX - Nº 9 - Agosto 2008
pesquisa. Sabendo que o objeto empírico não deve ser
apagado na configuração do objeto de pesquisa, porque
aquele tem que manter a importância como empírico de
observação.
Essa dinâmica denota um cruzamento importante
de interdependência e unidade entre o real e a idéia,
portanto, com base nisso e no que venho apontando
posso perguntar: como se constrói interdisciplinarmente
o objeto de pesquisa de recepção? Uma rápida resposta
será “várias disciplinas analisando”, porém a resposta
conserva como pano de fundo a disciplina, já que cada
uma delas analisa um ponto (ponto de vista) do objeto de
pesquisa; isto é, a particularidade dos campos com seus
saberes correspondentes, específicos e autonomias.
Nesse sentido, é importante o entendimento das
limitações (particularidades das disciplinas) e não dos
limites das disciplinas. Note-se bem a diferença entre es-
ses conceitos porque nela radica um dos riscos na crítica
feita à focalização do saber e especificidade do campo. A
diversidade teórica que caracteriza esta área de conheci-
mento deve ser entendida no movimento mais geral das
ciências humanas, cujas fronteiras foram obscurecidas,
acabando por se confundirem com as humanidades, ao
mesmo tempo em que vêem seu elemento propriamente
teórico se dissolver e se fazer substituir por uma práxis
social (MARTINO, 2006).
Andacht (2005, p.1), com uma leitura mais crítica,
entende a predisposição ao interdisciplinar como um
movimento centrípeto, gravitando o específico da co-
municação — recente ciência — em torno de um centro
onde o especificamente comunicacional estaria sendo
absorvido por ciências mais antigas. Uma encruzilhada
sem objeto, método e objetivos próprios — requisitos
básicos para o crescimento de uma disciplina. Tal pro-
vocação insere diretamente uma outra questão para
pensar como estamos construindo os objetos de pesquisa
de recepção. Movimento de diluição que pode levar à
adoção não reflexiva, automática de modelos tão abertos
que acabam sendo reducionistas ao extremo. Note-se a
diferença chave entre especialidade (que aponta para o
específico — objeto de pesquisa) e reducionismo (limitar-
se, subjugar-se, submeter-se).
Toda disciplina gera um olhar sobre o mundo e
não só a respeito de um objeto qualquer. Assim o olhar
está concentrado em assuntos que lhe parecem perti-
nentes e relevantes na contribuição e compreensão do
universo humano a partir do viés especialista da mesma,
denotando a singularidade (especificidade) do objeto de
pesquisa. É dessa forma que a reflexão teórica — en-
quanto processo — tem o papel de construir seu objeto
através dos recortes epistemológicos do saber da disci-
plina. Pode-se dizer então que o objeto de pesquisa é
abstrato e não palpável ou que pode ser captado pelos
sentidos, diferenciando-o do objeto empírico. Lembre-
se que o problema de pesquisa também é construído e
não descoberto ou percebido por uma conscientização
do mesmo. A não clareza de tal situação leva à comum
e arriscada mistura entre o sujeito receptor (com nome
e sobrenome) e os processos de recepção, isto é, pa-
rafraseando Park, não é perguntando ao migrante que
vamos conhecer a migração. Dessa forma, no meio dessa
confusão, o pesquisador sai perguntando aos receptores
como é a recepção delimitando-a às manifestações,
muitas vezes, ainda incipientes. Nesse ponto, manifesta-
se (ou se configura) um outro risco: a indistinção entre
percepção e recepção.
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
26
O problema ancora-se em discutir o capital episte-
mológico que atua como pano de fundo e que vem sendo
mobilizado para pesquisar os fenômenos de recepção.
Isto é, situar a operação reflexiva sobre aquilo que é
pretendido e entendido no campo da comunicação. Um
dos primeiros desafios é questionar-nos sobre o saber
em jogo de cada pesquisa diretamente ligado ao “como
fazer” no plano epistemológico. É necessário, portanto,
avançar na discussão para começar a esclarecer, nesse
mundo das relações teórico-metodológicas, a visão do
lugar-comum que confunde mais do que elucida. A leitura
vulgar sobre o científico o considera como uma soma de
fatos acumulados, definitivos, certos, inquestionáveis e
de significado auto-evidente (GOODE; HATT, 1989).
Por isso, avançando no que foi assinalado ao início
do texto, deve-se problematizar as situações nas quais
o teórico e metodológico são apresentados como ações
postiças, o teórico apresentado como “simples” retórica
e o metodológico reduzido a aplicações ferramentais.
Confunde-se, dessa forma, o metódico (processo de
articulação do instrumental na coleta de dados) com o
metodológico que são as lógicas subjacentes do processo
da pesquisa. Isto é, pensar a práxis científica para não
falar de entrecruzamentos metódicos quando se quer
dizer processos metodológicos.
Nesse sentido, se confunde também a problemá-
tica, que é interdisciplinar porque a realidade perceptível
não é de uma disciplina, com problema de pesquisa,
que é disciplinar porque é construído — como o objeto
de estudo. Uma coisa é o objeto “real” ou empírico (o
fato do mundo em si), e outra, o objeto a ser estudado
pelo ponto de vista de um saber disciplinar, nosso caso
a comunicação. Notar criticamente esses pontos permite
começar a discutir o epistemológico e, por conseguinte,
o metodológico na pesquisa científica, neste caso de
recepção.
Ao avançar na reflexão, pode-se compreender que
os movimentos (escolhas, objetivações…) específicos na
pesquisa de recepção desenham as linhas do cenário
maior, o campo da comunicação. Martino (2004, p.7)
aponta para um problema bastante habitual, a confusão
na definição do conceito comunicação entre o processo e
a disciplina — o plano do empírico e domínio de conhe-
cimento. A confusão é induzida pela designação de uma
mesma palavra que mistura fenômenos comunicacionais
com campo da comunicação. Isso igualmente se apre-
senta entre receptor e processos de recepção, objeto de
pesquisa e objeto empírico. Nesse sentido e dinâmica, é
importante inferir que os processos comunicacionais não
são definidos a partir do saber específico, por tal motivo
se faz necessário o recorte para construir o objeto de
pesquisa.
É preciso entender que nessa confusão, a comu-
nicação, na especificidade das pesquisas de recepção,
pode ser proposta e exposta como uma máscara que
serve para esconder outros objetos alheios ao campo
em si (políticos, administrativos, burocráticos…), como
ilusão de autêntico. O pesquisador mexicano Fuentes
Navarro, citando Peters, apresenta alguns operadores
como possíveis esclarecedores dessa situação de lugares
comuns — que pode bem ser estendida à recepção.
es porque “comunicación” ha llegado a ser propiedad de po-líticos y burócratas, tecnólogos y terapeutas, todos ansiosos por demostrar su actitud como buenos comunicadores […] Aquellos que buscan hacer teóricamente preciso el término para el estudio académico han terminado a veces sólo for-malizando el miasma a partir de la cultura más en general (PETERS apud FUENTES NAVARRO, 2003, p.24).
4- Bachelard, G; 1996.
27
Ano IX - Nº 9 - Agosto 2008
Nota-se um ato eclético em que as idéias são
iguais a todo — escolha do que parece melhor — tal
mistura não é produtiva cientificamente. O não escla-
recimento (obstáculos epistemológicos4) atua como
desajuste diante da situação de que cada ciência vai
configurar o desenvolvimento de procedimentos meto-
dológicos da maneira que lhe é própria e relevante para
as aplicações de acordo com a área (SANTAELLA, 2001,
p.128). Se isso não está claro, por exemplo, no cenário
específico da pesquisa, é de esperar que tampouco o
esteja no macro. Ergue-se uma dispersão na disciplina
porque, parafraseando Peirce, cada ciência se define
pelo tipo de conhecimento que desenvolve (PEIRCE apud
SANTAELLA, 2001, p.129).
Nessa linha, venho refletindo na articulação do
epistemológico, metodológico e método cientifico no ce-
nário e objeto de pesquisa da comunicação. Do contrário,
se constrói um laisser faire conceitual e metodológico
da área.
A situação é importante já que tais confusões
surgem conforme a comunicação, como ciência, se
desenvolve nos atos micro das pesquisas específicas. As-
sim, pode-se entender claramente o desafio provocador
proposto por Demo, ao assinalar que “a despreocupação
metodológica coincide com o baixo nível acadêmico, pois
passa ao largo da discussão sobre modos de explicar,
substituindo-a por expectativas ingênuas de evidências
prévias. Nada favorece mais o surgimento do discípulo
“copiador” que a ignorância metodológica” (DEMO,
1990, p.24).
Dessa forma, se fortalece a problematização nos
procedimentos de atuação científica nas pesquisas em
comunicação (recepção) que podem ser apontadas em
duas esferas interligadas. As técnicas, como sendo pro-
cessos de atuação concretos e particulares, relacionados
aos momentos da pesquisa científica. O método, como
procedimento geral de conhecimento científico que é
comum e fundamental em todas as ciências. Este seria
uma instância mais abrangente do que as técnicas, aliás,
incorpora-as.
Não compreender tal situação é nocivo à pesquisa
científica de recepção, agravando-se quanto mais in-
conscientes, abrangentes e desajustados se apresentem
entendimentos de recorte sobre o objeto de pesquisa. Tal
estado não deixa entender que o método configura-se
pelas decisões estratégicas relacionadas às operações
metódicas e técnicas da pesquisa e, metodologia a
direção lógica epistêmica subjacente às realizações no
método proposto.
Portanto, é por meio do método que os novos
resultados são constantemente incorporados às produ-
ções acadêmicas das diversas ciências, articulando-se,
ao mesmo tempo, com conhecimentos anteriores, a his-
tória dessa disciplina, e sendo constantemente revistos,
modificados com relação às investigações mais recentes.
Tomando como base a linha de Nogueira (1968), com-
preendo as provocações do autor ao referir-se sobre o
método científico nas ciências em geral, portanto, permi-
tindo progredir também nas especificidades da recepção;
qual o lugar (científico) proposto ao formular as questões
e problemas de pesquisa? Como executar observações
para que não se tornem meras constatações de per-
cepções espontâneas e imediatas do ato da recepção?
Nesse cenário como são pensados os entrelaçamentos
dos procedimentos metódicos conforme a área? Como
pensar e articular a interdependência com as outras
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
28
ciências para que os estudos de recepção se assegurem
no campo da comunicação e simultaneamente permitam
desenhá-lo?
Nessa perspectiva, Fausto Neto (2005, p.18)
discute que há estilos metodológicos da pesquisa em
comunicação relacionados à condição receptora das
matrizes de teorias metodológicas instituídas em outras
disciplinas ou áreas, movimento associado à falta de
base espitêmico-teórica da própria comunicação. Con-
sequentemente, essa demanda se traduz na apropriação
automática e sem reflexões (desconhecendo que as téc-
nicas são teorias em ato) de formulações metodológicas
reduzindo-as à categorias de instrumentos técnicos. O
método tem uma relação complexa com o campo científi-
co e o objeto de pesquisa demanda a sua especificidade,
movimento que requer vigilância epistemológica para
entender as relações entre as várias singularidades do
objeto de pesquisa, das próprias técnicas e do problema
de pesquisa na configuração do saber científico que o
constrói nos estudos de recepção.
No entanto, por outro lado, cada fenômeno e cada
objeto de estudo a ser pesquisado, com relação a sua
própria natureza e pelas condições em que se apresenta
e manifesta, circunscreve uma adaptação do método
de estudo em vista (NOGUEIRA, 1968, p.77). Exigindo
adaptações (refletidas) que não sejam mecânicas que,
em muitas oportunidades, causam justaposição com o
saber da disciplina.
Processos que estão sob marcas-matrizes de
cientificidade (regras, rigor científico) que permitem
constituir a pesquisa como científica e constituinte de
uma disciplina específica. É nesse contexto que entram
em jogo as interligações do saber comunicacional, como
arquitetura sobre a qual se estabelece o científico, com
os saberes específicos das pesquisas particulares como
as de recepção.
Anotações para continuar pensando e
discutindo
Para pensar e levantar problemas sobre a pesquisa
de recepção, não se pode partir da matriz solipsista, isto
é, separá-la do cenário científico da configuração de um
saber, neste caso o comunicacional. É nessa linha que
caminham as inquietações levantadas no texto através de
operadores mais abrangentes da dinâmica da pesquisa
científica. Assim, quer-se problematizar as respostas
que fixam a crença e não dá passo à dúvida conforme
a provocação peirceana,
quando uma avestruz enterra a cabeça na areia assim que um perigo se aproxima, muito provavelmente toma a decisão mais feliz. Esconde o perigo e depois calmamente diz que o perigo não existe; e se se sente perfeitamente segura de que não existe nenhum perigo, para quê levantar a cabeça para ver? Um homem pode atravessar a vida, sistematicamente mantendo fora do seu campo de visão tudo o que poderia causar uma mudança nas suas opiniões (…) Ele não se propõe ser racional, e, na verdade, falará freqüentemente com desprezo da razão fraca e ilusória do homem (PEIRCE, 1877, p.7)
Esse destaque de Peirce situa diante de nos uma
questão: como re-desenhar os estudos de recepção
para sair do já feito e mantido como não problemático?
Penso que necessitamos construir métodos científicos,
percursos e abordagens diferentes para cada novo obje-
tivo, que se apresenta na escolha de cada caminho. Isso
ao tempo em que são retomadas, não pela nostalgia e
sim pela reflexão sobre o campo, a linhas de base que
configuram um saber da comunicação. O metodológico
avança no conhecimento, mediante o reconhecimento de
29
Ano IX - Nº 9 - Agosto 2008
operadores lógicos para compreender as condições da
pesquisa e saber construído. Dessa forma, sistematizar
e explorar, aprofundar e entender os conceitos, propo-
sições, matrizes, idéias dos raciocínios configurados na
dinâmica e especificidades da pesquisa na linha episte-
mológica do saber comunicacional.
Por conseguinte, recupero a idéia destes espaços
de discussão científica como pontos de reinícios na busca
de matrizes fundamentais para o pensar metodológico-
epistemológico da pesquisa de recepção. Assim, podem
ser notadas e anotadas lacunas que re-aparecem e se
aprofundam nos vários estudos sobre o tema. Vale des-
tacar, embora seja demais dizer, que o campo da comu-
nicação como disciplina de conhecimento não é indistinto
a esse processo, aliás, não pode ser separado dele.
Nas pesquisas, as abordagens e procedimentos
são escolhas, caminhos a seguir e opções que o pes-
quisador toma com base na arquitetura epistêmica dele
próprio. Portanto, as escolhas não podem ser ao acaso, já
que se sustentam na ação e processos articulados como
operadores teóricos re-desenhando a episteme que lhe
permite deslocamentos dinâmicos buscando percorrer os
mapas através das decisões feitas. Isso porque,
a essencial relação entre teoria (noções, postulados, hi-póteses, conceitos, proposições, argumentos e problemas teóricos) e construção de métodos continua atualmente muito pouco compreendida; na prática, estabelece-se uma falsa dicotomia entre teoria e método formulando problemá-ticas teóricas críticas, divorciadas do desenho metodológico definido para desenvolver a pesquisa.(…) integrando-as em uma práxis criativa de conhecimento, que precisa de uma perspectiva teórica na fase de construção dos métodos e de uma metodologia teórica para estruturar os pensamentos (MARTIN-BARBERO apud MALDONADO, 2001, p. 101).
Nessa opção epistemológica, entende-se a pes-
quisa como construção e entrecruzamentos nas práticas
que a redesenham com relação ao objeto pesquisado,
processos produtores de sentido que “concedem” uma
determinada cultura de pesquisa.
O saber comunicacional é pensado conjuntamente
ao metodológico. Deste modo, a metodologia sustenta
a dinâmica epistemológica para refletir sobre a comu-
nicação como um campo que “guarda” as pesquisas
específicas que, ao mesmo tempo, o configuram; con-
trariando a doxologia5 que não busca entender desse
modo, isto é, uma posição que entendo que a lógica do
metodológico das pesquisas específicas e o teórico da
comunicação não caminham conjuntamente.
É importante entender o teórico-metodológico
como fornecedor dos princípios para compreender a
pesquisa de recepção dos fenômenos comunicacionais.
É nesse cenário teórico — de sínteses — onde se ancora
e constrói o problema gerador da pesquisa porque,
em todos os casos, sem exceção, é o caráter e a qualidade do problema — junto obviamente com a ousadia e a ori-ginalidade da solução sugerida — que determinam o valor ou o desvalor de um feito científico. O ponto de partida é, sempre, portanto, o problema (…) [partindo] da observação criadora de problema (POPPER, 2006, p.95).
Entretanto, como enfrentar a situação diante da
qual nos encontramos se não paramos para nos distan-
ciar e pensar sobre ela sem buscar “enriquecer-nos” com
inovações que não o são?
5-Segundo Leibniz (1646-1716), compreensão meramente superficial da realidade, já que se restringe a uma reprodução irreflexiva de sua aparência. [dicionário eletrônico Houaiss]. Conceito trabalhado e discutido por P. Bourdieu no livro organizado por Thiollent, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo: Polis, 1987.
Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
30
Bibliografia
Andacht, F. – A Síndrome de Prometeu: Um obstáculo no desenvolvimento do campo da Comunicação.
Revista Intexto - Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da UFRGS, Rio Grande do Sul,
2005/02. Disponible en: http://www.intexto.ufrgs.br/andachdt_art.html [24/7/2007]
Bachelard, G. – A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
Braga, J.L – Os estudos de interface como espaço de construção do Campo da Comunicação. In: Encontro
Nacional Compós, 8, 2004, São bernardo do Campo. Anais…Compós 2004 1CD-ROM. 15p.
Demo, P. – Princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 1990.
Fabri, Paolo. O giro semiótico. Espanha: Gedisa, 1998.
Fausto Neto, A. – Dos sintomas aos programas de estudo. São Paulo: Volume XXVIII, nº 1, janeiro/junho de
2005; 25p.
Fuentes Navarro, Raúl. – La producción social de sentido sobre la producción social de sentido: hacia la cons-
trucción de un marco epistemológico para los estúdios de la Comunicación. In: Lopes, Maria Immacolata V.
(Org) – Epistemologia da Comunicação. São Paulo: Loyola, 2003. p.15-40.
Geertz, Clifford. – A interpretação das culturas. Rio de janeiro: Zahar, 1978.
Goode, W. J. e Hatt, P. K. – Métodos em pesquisa social. São Paulo: Ed. Nacional, 1989.
Lopes, Maria Immacolata V. de – Pesquisa em comunicação. São Paulo: Loyola, 2001.
Lopes, Maria Immacolata V. de – Pesquisa de comunicação: questões epistemológicas, teóricas e meto-
dológicas. In: Revista Brasileira de ciências da comunicação. São Paulo – Vol. XXVII, nº1, janeiro/junho
– 2004. p.13-39.
Maldonado, E. – Percursos metodológicos de Jesús Martín-barbero. In: Revista Fronteiras – Estudos midiá-
ticos. Vol. III, Nº1 - junho; São Leopoldo: Unisinos, 2001.
Martino, L. C. – As epistemologias contemporâneas e o lugar da Comunicação. In: Lopes, Maria Immacolata V. (Org)
– Epistemologia da Comunicação. São Paulo: Loyola, 2003. p.69-101.
Martino, L. – História e identidade: apontamentos epistemológicos sobre a fundação e fundamentação
do campo comunicacional. In: ENCONTRO NACIONAL COMPÓS, 8, 2004, São Bernardo do Campo. Anais...
São Bernardo do Campo: Compós, 2004. 1 CD-ROM.
Martino, L.C. – Teorias da Comunicação: O Estado da Arte no Universo de Língua Espanhola. Texto apre-
sentado no NP – Teorias da Comunicação; INTERCOM 2006 – Universidade de Brasília (UnB). 1 CD-ROM.
Martino, Luiz C. – De Qual Comunicação Estamos Falando? In: A. Hohlfeldt; L. Martino; V.França (orgs.)
– Teorias da Comunicação. Vozes. Petrópolis, 2001. p.11-25.
Craig, R.T. – Por que existem tantas Teorias da Comunicação? In: martino, Luiz C. (Org) – Teorias da Comuni-
31
Ano IX - Nº 9 - Agosto 2008
cação; muitas ou poucas? São Paulo: Ateliê, 2007.
Nogueira, Oracy. Pesquisa social. Introdução às suas técnicas. SP: Nacional e USP, 1968.
Otero, Edison. B. – El ‘estado del arte’ en teoría de la comunicación: un ejercício khuniano. Intercom
– Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. São Paulo, v.29, n.I, p.57-83, jan./jun. 2006. [p.61; 73]
Peirce, C.S. – A fixação da Crença. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/peirce-charles-fixacao-crenca.
pdf [acesso em 2006]
Poincaré, Henri. – A ciência e a hipótese. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1988.
Popper, K.R. – A lógica das ciências sociais. In: Em busca de um mundo melhor. SP: Martins Fontes, 2006.
p.92-115.
Russi-Duarte, Pedro. – A dinâmica da pesquisa como processos e interações comunicacionais… re-
flexões. Revista de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul – v. 4, n. 8, jul./dez. 2005, p.69-80.
Russi-Duarte, Pedro. – O lugar do pesquisador, processos epistemológicos. Revista de Estudos da Comuni-
cação. Curitiba: Champagnat. Revista da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – v. 4, n. 8, jul./dez. 2003,
p.33-43.
Russi-Duarte, Pedro. – Angulações reflexivas sobre um “não saber metodológico”. Texto apresentado no
NP – Teorias da Comunicação; Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM),
2007 – Santos – São Paulo. 1 CD-ROM.
Santaella, L. – Comunicação e pesquisa. São Paulo: Hacker, 2001.
Santaella, L. – A assinatura das coisas. Peirce e a literatura. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
Weber, M. – A ciência como vocação. In: Ciência e política. Duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2002.