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1 MARATONA DE QUÍMICA: UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL 15 DE NOVEMBRO RAFAELA LOPES COUTINHO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ ABRIL 2015

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    MARATONA DE QUÍMICA:

    UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL 15 DE NOVEMBRO

    RAFAELA LOPES COUTINHO

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

    CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

    ABRIL – 2015

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    MARATONA DE QUÍMICA:

    UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL 15 DE NOVEMBRO

    RAFAELA LOPES COUTINHO

    Monografia apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Química.

    Orientadora: Prof. Drª Rosana Giacomini

    CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ 2015

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    MARATONA DE QUÍMICA:

    UMA EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL 15 DE NOVEMBRO

    RAFAELA LOPES COUTINHO

    Monografia apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Química.

    Aprovada em 1º de Abril de 2015

    Banca Avaliadora:

    .......................................................................................................................................

    Prof.ª. Drª. Rosana Aparecida Giacomini/UENF

    Orientadora

    .......................................................................................................................................

    Prof.ª. Drª. Larissa C. Crespo/IFF Campus Campos dos Goytacazes

    .......................................................................................................................................

    Prof. Dr. Marlon Freitas de Abreu/Pós-Doc UENF LAMAV

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente aos meus familiares e amigos, que sempre apoiaram e

    incentivaram minhas decisões, colaborando para a minha formação, não apenas

    acadêmica, mas também pessoal em especial aos meus pais Rosane e Márcio por

    serem o meu maior apoio nessa trajetória.

    Ao meu parceiro de vida Gabriel, pela lealdade, ajuda, companheirismo e

    alegria que tem me proporcionado nos últimos anos, a toda sua família e aos seus

    pais, Viriato e Ana, que me acolhem com tanto carinho sempre.

    A professora e orientadora Rosana, por idealizar e me trazer para esse

    projeto desde o início e me guiar através desta etapa decisiva.

    À professora Josimary, pela significativa contribuição na estruturação deste

    trabalho.

    Ao PIBID Química da UENF e a CAPES pelo apoio prestado a esse projeto.

    Aos nossos colegas de curso, que compartilharam do mesmo caminho que

    percorri nesses últimos anos e aqueles que fazem e farão parte por toda minha vida.

  • 5

    "Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior. E

    mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua

    intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer

    se tornar. Tudo o mais é secundário."

    (Steve Jobs)

  • 6

    RESUMO

    A busca pela solução dos problemas relacionados ao processo de ensino-

    aprendizagem e a procura de alternativas que melhorem o rendimento escolar é um

    desafio para os professores e as escolas. Os professores necessitam do

    desenvolvimento de metodologias diversificadas para contornar os vários fatores

    que contribuem para o fracasso escolar, como o desinteresse, a desmotivação e o

    descompromisso. A utilização de uma metodologia diferenciada de ensino-

    aprendizagem desperta a curiosidade e o interesse dos alunos. A química está

    presente no nosso cotidiano em diversas formas, por isso, se abordada, em sala de

    aula, de forma contextualizada e lúdica, aumentará as chances de despertar o

    interesse do aluno em relação a disciplina tornando o processo de aprendizagem

    mais significativo, atrativo e interessante. Neste projeto, propomos a realização de

    uma Maratona Química no Colégio 15 de Novembro como uma metodologia

    diferenciada de ensino-aprendizagem e avaliação durante o 3º bimestre de 2014,

    afim de explorar o lúdico para a construção significativa do conhecimento em clima

    de alegria e prazer. A análise da proposta foi feita através da aplicação de dois

    questionários, da verificação das notas bimestrais e de observações da

    pesquisadora. A Maratona foi proposta como uma atividade voluntária e teve 100%

    de adesão dos alunos. Todos os alunos obtiveram a média bimestral, mostrando que

    a Maratona de Química desempenhou muito bem o papel como motivadora do

    conhecimento, da pesquisa, do compromisso e cooperação dos alunos pela busca

    do conhecimento científico.

    Palavras-chave: ensino de química, maratona, competição, aprendizagem.

  • 7

    ABSTRACT

    The search for the solution of problems related to the teaching-learning process and

    the search for alternatives to improve school performance is a challenge for teachers

    and schools. Teachers need the development of different methodologies to

    circumvent the various factors that contribute to school failure, such as lack of

    interest, lack of motivation and lack of commitment. Using a different methodology of

    teaching and learning arouses curiosity and the interest of students. The chemical is

    present in our daily lives in many ways, so if discuss in the classroom, in context and

    playful way, increases the chances of arousing the interest of students regarding

    discipline making the most significant learning process, attractive and interesting. In

    this project, we propose to hold a Chemistry Marathon in November 15 College as a

    different methodology of teaching-learning and assessment during the 3rd quarter of

    2014 in order to explore the playful to the significant construction of knowledge in an

    atmosphere of joy and pleasure. The analysis of the proposal was made by applying

    two questionnaires, the verification of bimonthly and observations of the researcher

    notes. The marathon was proposed as a voluntary activity and had 100%

    participation of students. All students had the bimonthly average, showing that the

    chemical marathon played very well the role as a motivating knowledge, research,

    commitment and cooperation of the students by the pursuit of scientific knowledge.

    Keys-word: chemistry teaching, marathon, competition, learning.

  • 8

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Professora da turma aplicando o jogo didático Bingo Atômico Fonte

    própria. ...................................................................................................................... 55

    Figura 2: Cartela do jogo sendo preenchida pelos alunos. Fonte própria..... 56

    Figura 3: Quadro de estrelas com os nomes dos alunos em vertical versus

    as etapas 1,2 e 3 da segunda fase - gincana. Fonte própria .................................... 61

    Figura 4 : Um dos grupos resolvendo os exercícios do Caça a Pista. Fonte

    própria ....................................................................................................................... 61

    Figura 5: Alunos se organizando para realizarem o Cada um por si ............ 62

    Figura 6: Leitura da pergunta sorteada do Quizz. Fonte própria. ................. 63

    Figura 7: Alunas resolvendo a questão do Quizz. Fonte própria .................. 63

    Figura 8: Aluna acionando a campainha durante o Quizz. Fonte própria ..... 64

    Figura 9: Presença dos bolsistas do PIBID da Licenciatura da UENF na

    Maratona. Fonte própria ............................................................................................ 64

    Figura 10: Presença dos bolsistas do PIBID da Licenciatura da UENF e

    Professora de química da classe auxiliando nas atividades da Maratona. Fonte

    própria ....................................................................................................................... 65

    Figura 11: Prêmios comprados com a verba da CAPES para da Maratona de

    Química. Fonte própria .............................................................................................. 65

    Figura 12: Alunos escolhendo seus prêmios. Fonte própria ......................... 66

    Figura 13: Alunos com seus prêmios escolhidos. Fonte própria .................. 66

    Figura 14: Alunos com seus prêmios escolhidos. Fonte própria .................. 67

    Figura 15: Comidas e Bebidas do coquetel de confraternização. Fonte

    própria ....................................................................................................................... 67

  • 9

    LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1: Gráfico percentual de participantes da Maratona. Fonte própria . 58

    Gráfico 2: Nota do 3º bimestre dos alunos que concluíram a maratona. Fonte

    própria ....................................................................................................................... 59

    Gráfico 3: Nota bimestral do alunos que não concluíram a maratona. Fonte

    própria ....................................................................................................................... 59

    Gráfico 4: Percentual das respostas da pergunta 1 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona. Fonte própria ............................................. 69

    Gráfico 5: Porcentagem das respostas da pergunta 2 do questionário dos

    alunos concluintes da maratona. Fonte própria......................................................... 70

    Gráfico 6: Percentual das respostas da pergunta 2 do questionário dos

    alunos que concluíram a maratona. Fonte própria .................................................... 71

    Gráfico 7: Percentual das respostas da pergunta 3 do questionário dos

    alunos que concluíram a maratona. Fonte própria .................................................... 72

    Gráfico 8: Percentual das respostas da pergunta 4 dos alunos que

    concluíram a maratona. ............................................................................................. 74

    Gráfico 9: Percentual das respostas da pergunta 6 dos alunos que

    concluíram a maratona. Fonte própria ...................................................................... 76

    Gráfico 10: Percentual das respostas da pergunta 7 do questionário dos

    alunos que concluíram a maratona. Fonte própria. ................................................... 78

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Quadro de medalhas brasileiras na Olimpíada Iberoamericana de

    Química(OIAQ). ......................................................................................................... 29

    Quadro 2: Algumas competições de Química em redes públicas e privadas

    do ensino no Brasil .................................................................................................... 31

    Quadro 3: Resumo da avaliação bimestral no 3º bimestre. .......................... 44

  • 10

    Quadro 4: Resultado de cada lista dos alunos que concluíram a maratona . 56

    Quadro 5: Percentual de acerto dos alunos que concluíram a maratona e

    que não acertavam tudo na primeira correção .......................................................... 57

    Quadro 6: Frequência das respostas da pergunta 1 do questionário dos

    alunos que concluíram a maratona. .......................................................................... 69

    Quadro 7: Categoria das respostas da pergunta 2 do questionário dos alunos

    que concluíram a maratona. ...................................................................................... 71

    Quadro 8: Categorias e porcentagens das respostas da pergunta 3 dos

    alunos que concluíram a maratona. .......................................................................... 73

    Quadro 9: Categorias, frequência e percentual das respostas da pergunta 4

    do questionário dos alunos que concluíram a maratona ........................................... 74

    Quadro 10: Categorias, exemplos e percentual das respostas da pergunta 5

    do questionário dos alunos que concluíram a maratona. .......................................... 75

    Quadro 11: Categorias e exemplos das respostas da pergunta 7 do

    questionário dos alunos que concluíram a maratona ................................................ 77

    Quadro 12: Percentual das respostas a pergunta 1 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 79

    Quadro 13: Percentual das respostas da pergunta 1 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 79

    Quadro 14: Percentual das respostas da pergunta 2 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona .................................................................... 80

    Quadro 15: Percentual das respostas da pergunta 3 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 81

    Quadro 16: Percentual das respostas da pergunta 4 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 82

    Quadro 17: Percentual das respostas da pergunta 5 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 83

    Quadro 18: Percentual das respostas da pergunta 6 do questionário dos

    alunos que não concluíram a maratona. ................................................................... 84

  • 11

  • 12

    APÊNDICES

    APÊNDICE A- CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES ................................. 94

    APÊNDICE B- PROPOSTA E REGRAS DA MARATONA ENTREGUE

    AOS ALUNOS ....................................................................................................... 96

    APÊNDICE C- AS LISTAS DE EXERCÍCIO DA PRIMEIRA FASE .......... .99

    APÊNDICE D – EXERCÍCIOS E PISTAS DO CAÇA PISTA.................. 112

    APÊNDICE E- CADA UM POR SÍ E AVALIAÇÃO PARA OS ELIMINADOS

    ............................................................................................................................. 115

    APÊNDICE F- EXERCÍCIOS DO QUIZZ ................................................ 118

    APÊNDICE G- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE CONCLUÍRAM

    A MARATONA ..................................................................................................... 122

    APÊNDICE H- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE NÃO

    CONCLUÍRAM A MARATONA ............................................................................ 125

    ANEXOS

    ANEXO 1: Habilidades e competências e conteúdos programáticos para

    o 3º Bimestre do 2º ano do Ensino Médio. Fonte: SEEDUC...........................126

  • 13

    LISTA DE SIGLAS

    ABQ Associoação Brasileira de Química

    CAPES Coordenação de Aperfeiçoamente Pessoal do Ensino Superior

    IChO International Chemical Olympiad

    IMO International Mathematical Olympiad

    IPhO International Physics Olympiad

    IQ-USP Instituto de Química da Universidade de São Paulo

    OBF Olimpíada Brasileira de Física

    OBQ Olimpíada Brasileira de Química

    OIAQ Olimpíada Internacional Ibero-americana de Química

    OPM Olimpíada Paulista de Matemática

    PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência

    SEEDUC Secretaria de Estado de Educação

    UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense

    UFC Universidade Federal do Ceará

    UFPI Universidade Federal do Piauí

  • 14

    SUMÁRIO

    LISTA DE FIGURAS ...................................................................................... 8

    LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................... 9

    LISTA DE QUADROS .................................................................................... 9

    APÊNDICES ................................................................................................ 12

    ANEXOS ...................................................................................................... 12

    LISTA DE SIGLAS ....................................................................................... 13

    1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 18

    2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 20

    2.1. As Olimpíadas do Conhecimento ....................................................... 20

    2.1.1. Olimpíada Brasileira de Química ................................................. 23

    2.1.2. As Olimpíadas Internacionais de Química e a participação dos

    estudantes brasileiros ........................................................................................ 28

    2.2 Outras competições de conhecimento em Química ........................ 31

    2.2.1 Maratona de Química ................................................................... 32

    2.2.2 Maratonas Regionais de Química .................................................... 33

    3. A COMPETIÇÃO NO ÂMBITO EDUCACIONAL ................................... 35

    3.1. Discussão teórica sobre as Competições de Conhecimento ............. 35

    3.1.2. Investigação sobre a motivação e o sucesso alcançado pelas

    Competições do Conhecimento ............................................................................. 35

    3.1.3 A questão da Competitividade na educação .................................... 38

    4. JUSTIFICATIVA .................................................................................... 40

    5. OBJETIVOS .......................................................................................... 41

    5.1 Objetivos Gerais .................................................................................. 41

    5.2 Objetivos Específicos .......................................................................... 41

    6. METODOLOGIA ................................................................................... 42

  • 15

    6.1 Planejamento da Maratona ................................................................. 43

    6.1.1 As Regras ........................................................................................ 43

    6.2 Preparação do material ....................................................................... 44

    6.2.1 As Listas de exercícios .................................................................... 44

    6.3 A Realização da Maratona de Química ............................................... 46

    6.3.1 Apresentação do Projeto aos aluno ................................................. 46

    6.3.2 O início – Primeira Fase ................................................................... 46

    6.3.3 A aulas ............................................................................................. 47

    6.3.4 – A Segunda fase - Gincana ............................................................ 48

    6.3.5 A Confraternização e Premiação ..................................................... 51

    6.4- Coleta e Análises de dados ............................................................... 52

    7. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 55

    7.1 Análise dos questionários ................................................................... 68

    7.1.1 Análise dos questionários respondidos pelos alunos que concluíram

    a Maratona ............................................................................................................. 68

    7.1.2. Análise dos questionários dos alunos que NÃO concluíram

    Maratona. ............................................................................................................... 78

    8- CONCLUSÃO .......................................................................................... 86

    9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 88

    APÊNDICES ................................................................................................ 94

    APÊNDICE A- CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES ................................. 94

    APÊNDICE B- PROPOSTA E REGRAS DA MARATONA ENTREGUE

    AOS ALUNOS ....................................................................................................... 96

    APÊNDICE C- AS LISTAS DE EXERCÍCIO DA PRIMEIRA FASE ........... 99

    APÊNDICE D – EXERCÍCIOS E PISTAS DO CAÇA PISTA .................. 112

    APÊNDICE E- CADA UM POR SÍ E AVALIAÇÃO PARA OS ELIMINADOS

    ............................................................................................................................. 115

    APÊNDICE F- EXERCÍCIOS DO QUIZZ ................................................ 118

  • 16

    APÊNDICE G- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE CONCLUÍRAM

    A MARATONA ..................................................................................................... 122

    APÊNDICE H- QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS QUE NÃO

    CONCLUÍRAM A MARATONA ............................................................................ 125

    ANEXO ................................................................................................... 126

    ANEXO 1: Habilidades e competências e conteúdos programáticos para

    o 3º Bimestre do 2º ano do Ensino Médio. Fonte: SEEDUC ............................ 126

  • 17

  • 18

    1. INTRODUÇÃO

    Nos tempos atuais, onde o avanço da ciência e da tecnologia estão em

    ênfase, sentimos uma necessidade em compreender os fenômenos naturais desse

    mundo moderno que estamos envolvidos, porém, a maioria dos estudantes não se

    interessam pelo estudo das ciências, principalmente pela Química, o que pode gerar

    a formação de indivíduos mal preparados para enfrentar as diversas situações

    relacionados ao cotidiano.

    A Química é, basicamente, a ciência responsável pelo estudo da matéria,

    suas propriedades e transformações assim como sua relação com a energia e os

    impactos que ela pode gerar (PCN Ensino médio, 2000). Haja vista que a Química é

    de extrema importância para a humanidade, é necessário promover uma maior

    aproximação do aluno com essa ciência em questão.

    De acordo com um estudo feito por Silva e Del Pino (2003), as limitações

    que alguns professores encontram relacionado aos métodos de ensino-

    aprendizagem, impede que eles possam desenvolver sua criatividade para

    aproximar o conteúdo aplicado em sala de aula com o cotidiano dos seus alunos.

    Estes também trazem consigo uma metodologia carente de recursos que possam

    estimular o desenvolvimento e associação do conhecimento prévio dos estudantes,

    a chamada bagagem cultural que cada um carrega consigo. Esse conjunto de

    fatores agrava ainda mais as dificuldades dos estudantes em relação ao conteúdo

    de Química desestimulando-os a aprender mais sobre essa ciência.

    Dessa forma, fica claro que no processo de ensino-aprendizagem, a

    motivação do estudante é o ponto fundamental. Por esse motivo, diversos são os

    recursos “motivacionais” que estão sendo desenvolvidos no meio da educação,

    como por exemplo as Olimpíadas Científicas, que nos dias de hoje envolvem

    diversas áreas como: Matemática, Física, Química, Informática entre outras. Essas

    competições escolares, onde muitas existem a nível internacional, são realizadas

    para estudantes do ensino fundamental até o superior que tem como objetivo,

    incentivar o empenho nos estudos e também encontrar talentos nas diversas áreas

    de conhecimento.

  • 19

    Embora exista toda essa movimentação em torno das olimpíadas científicas

    e sua organização, poucos trabalhos foram publicados até hoje buscando investigar

    as consequências dessas olimpíadas para o ensino, resultando em uma bibliografia

    bem escassa nesta área do conhecimento (ALVES, 2010, p.15). Os materiais a

    respeito tratam-se apenas de citações sobre tal assunto, até mesmo os sites

    utilizados para a divulgação dos eventos não retratam nenhum embasamento teórico

    defendendo a prática como metodologia incentivadora do ensino.

    Em consequência desse deficit de pesquisa a respeito dos aspectos

    positivos relacionados a metodologia em questão, alguns pesquisadores, como

    Jafelice (2005) afirmam que as competições não são adequadas para uma

    educação que é voltada para a formação de um cidadão, isso porque ela incentiva a

    competitividade entre os alunos e promove o individualismo.

    Por outro lado, defendendo um segundo ponto de vista, encontram-se

    diversos professores, organizadores e participantes das competições científicas, que

    evidenciam diversos objetivos, como mostrar aos estudantes onde se encaixa

    determinadas áreas da ciência nos seus desafios diários, como ela pode ser útil na

    solução dos problemas do cotidiano, como ela está envolvida no seu ambiente

    natural, gerando assim um maior interesse em conhecer melhor esse conteúdo a ser

    trabalhado, e dependendo da forma que essa competição for desenvolvida, ela pode

    atuar como metodologia motivadora do trabalho em grupo e de comportamentos

    cooperativos, proporcionando aos alunos uma oportunidade de desenvolver sua

    autoconfiança e estimulando-os a criar um vínculo prazeroso com a escola, e como

    consequência, descobrir novos talentos e estimular que esses jovens estudantes

    sigam a carreira científica (NASCIMENTO, PALHANO e OEIRAS, 2007).

    Por fim, diante dessas duas linhas de pensamento sobre as competições no

    meio educacional, desenvolveremos um método de ensino-aprendizagem

    inicialmente inspirado nas diversas olimpíadas científicas já existentes, entretanto,

    com algumas modificações nas regras que julgamos serem interessante para

    desenvolver diversas habilidades que discutiremos com detalhes neste trabalho,

    tendo a Química como tema principal, o qual foi intitulado de “Maratona de Química”.

  • 20

    2. REFERENCIAL TEÓRICO

    Afim de que haja melhor compreensão dos requisitos necessários para a

    elaboração do trabalho em questão é importante relatar neste capítulo os conceitos

    relevantes ao desenvolvimento do mesmo.

    2.1. As Olimpíadas do Conhecimento

    Desde os primórdios da origem humana até os dias atuais, a competição

    encontra-se presente, seja ela na conquista de um território, de um alimento, da

    fêmea ou atualmente quando se deseja conseguir uma promoção na empresa onde

    trabalha até mesmo na disputa para síndico de onde mora. Essa disputa é um fator

    fundamental na seleção natural e social, onde somente sobrevive, e tem sucesso,

    aqueles indivíduos que tornam-se adaptados ao meio que o envolve (REVERDITO,

    2008).

    O tema competição, de um modo geral, sempre é discutido com base em

    argumentos tanto positivos quanto negativos e, quando tratado em um ambiente

    escolar, essas discussões ganham um grande destaque baseada na fragmentação

    de opiniões dentre os favoráveis daqueles não-favoráveis. Esse conflito de teorias

    pode acarretar um difícil diálogo que poderia colocar em contraposto os pontos

    positivos e negativos da competição no âmbito escolar, para que assim fosse

    possível fazer sua adaptação em novas abordagens, estimulando mais o trabalho de

    construção do conhecimento em equipe, do que o individualismo (REVERDITO,

    2008).

    Nos dias atuais, as competições mais populares presente no meio

    educacional são as Olimpíadas de conhecimento.

    O termo “Olimpíada” tem como origem os tradicionais jogos gregos que

    surgiram a aproximadamente 2.500 a.C. na cidade de Olímpia, que tinha como

    principal objetivo homenagear aos deuses através de competições esportivas. De

    acordo com Gulzman (1992), para os gregos, a importância das Olimpíadas era tão

    grande que após o acordo decretado entre os dirigentes das cidades-estado,

    durante a realização dos jogos era obrigatório que houvesse uma trégua nas guerras

    e até mesmo a Guerra do Peloponeso foi suspensa durante a realização dos jogos.

  • 21

    Até os dias atuais, os Jogos Olímpicos são uma das competições esportivas

    mais importante do mundo, que são realizadas a cada 4 anos em um país escolhido

    como cede, reunindo esportistas de diversas nacionalidades e praticantes de

    modalidades variadas (GULZMAN, 1992).

    Inspirado nas Olímpiadas tradicionais, com algumas semelhanças, porém,

    com um foco diferente, surgiram as olimpíadas científicas, onde a competição exige

    habilidades intelectuais ao invés de físicas como nas olimpíadas esportivas.

    Existem estudos indicando que desde o século XVI algumas disputas eram

    realizadas por meio de competições de conhecimento. Segundo Maciel (2009),

    alguns matemáticos se desafiavam em troca de prestígio, dinheiro ou até mesmo por

    um cargo ilustre nas universidades. O vencedor da disputa, que geralmente era

    realizada em duelos, seria aquele que solucionasse o maior número de problemas.

    A primeira competição de conhecimento registrada com o nome de

    Olímpiada aconteceu na Hungria em 1894, onde ocorreu a primeira Olimpíada de

    Matemática. Essa competição escolar na área de matemática foi aplicada aos

    alunos do último ano da escola secundária, que é referente no Brasil como o terceiro

    ano do ensino médio. Esse tipo de competição teve grande sucesso em toda Europa

    e por isso, em 1959 foi criada a primeira Olimpíada de Matemática Internacional, a

    chamada IMO sigla relacionada a Intenacional Mathematical Olympiad

    (ALVES,2010). Desde então essa competição vem sendo realizada anualmente.

    Mediante as consequências positivas da IMO, culminou-se a organização de

    diversas Olímpiadas de conhecimento em outras áreas, sendo as principais: IPhO –

    Internacional Physics Olympiad, a Olímpiada de Física Internacional que nasceu em

    1967 na Polônia e a Olimpíada de Química Internacional, conhecida como IChO cuja

    sigla significa Internacional Chemistry Olympiad que foi organizada pela primeira vez

    1968 na Checoslováquia (ALVES, 2010).

    O Brasil iniciou-se com a Olimpíada de Matemática. As primeiras

    aconteceram durante o Movimento de Matemática Moderna, em 1967 no estado de

    São Paulo, que tiveram apenas duas edições, uma em 1967 e outra em 1969 que,

    posteriormente, deu espaço a criação da Olimpíada Paulista de Matemática (OPM)

    em 1979 (ALVES, 2010).

  • 22

    No mesmo ano do surgimento da OPM, sob organização da Sociedade

    Brasileira de Matemática, eclodiu a primeira Olimpíada Brasileira de Matemática. Em

    consequência, as demais sociedades cientificas deram início a organização de suas

    próprias olímpiadas, tais como Olimpíadas Brasileira de Química (1986) e

    Olimpíadas Brasileira de Física (1999) (ALVES, 2010).

    Independente das diferenças entre todas as olimpíadas cientificas na sua

    forma organizacional, nos ideais das pessoas envolvidas e dos objetivos

    diversificados de cada uma, existe inúmeras características importantes e

    semelhantes entre elas como no setor ideológico e organizacional. De um modo

    geral, as olimpíadas de conhecimento foram criadas com o objetivo de ser um

    processo educacional e não somente uma competição para eleger e premiar os

    melhores alunos.

    Tomando como exemplo a Olimpíada Brasileira de Física (OBF), é possível

    abordá-la como um processo educacional não formal pois existe uma intenção do

    ensino durante o processo (SÁ, 2009). Essa intenção referida faz parte dos objetivos

    da maioria das olimpíadas de conhecimento existente em todo território nacional.

    Uma das características em comum entre a maioria dessas competições é a

    motivação que elas geram nos alunos, que diante dos desafios e premiação

    propostos, se sentem mais dispostos a estudar, e também influencia o professor a

    sempre inovar seu método de ensino e a manter-se atualizado sobre os assuntos

    abordados (ALVES, 2010).

    Uma semelhança no modo de avaliação dos alunos que aderem a

    competição também é uma característica comum entre as diversas olímpiadas

    cientificas existente. A maioria delas optam por utilizar em seu processo de

    classificação um conjunto de provas escritas, algumas delas utilizam até provas

    práticas. De um modo geral, as provas são divididas em fases, que são realizadas

    em dias e horários pré-definidos em todo país, e conforme os alunos vão se

    classificando, eles vão avançando as fases (MACIEL,2009).

    As avaliações de cada olimpíada traz inúmeros desafios, uns que se

    baseiam somente em conhecimento e outros em raciocínio lógico, alguns são

    simples e outros de soluções mais complexas, mas que de um modo geral, tem

  • 23

    como objetivo incentivar os alunos e professores a dar uma maior atenção a área

    que a competição é voltada, podendo até encontrar novos talentos, afinidades e

    futuros profissionais da área.

    Esse trabalho foca-se na área de Química, por isso será descrito aqui

    algumas competições didáticas na área, já realizadas a nível nacional e

    internacional.

    2.1.1. Olimpíada Brasileira de Química

    Como a química é a ciência que estuda as diversas transformações do

    Universo, pode se dizer que o primeiro contato com essa área se dá a partir da

    vivência com fenômenos da natureza cotidiana. Já em termos de estudo da

    disciplina, tomando como base o Curriculum Mínimo elaborado pela Secretaria do

    Estado do Rio de Janeiro, o processo de aprendizagem de química dá-se início na

    sexta série, ainda integrada a disciplina de Ciências e só ganha foco principal como

    uma disciplina a partir da primeira série do Ensino Médio (SEEDUC,2015).

    Mesmo estando tão presente no dia a dia de todos seres humanos, a

    química está entre os conteúdos que causa mais aversão aos alunos. De um modo

    geral os estudantes de ensino médio apresentam uma dificuldade na compreensão

    de conceitos científicos especialmente nas disciplinas que compõem as ciências

    exatas, que é a Química, Física e Matemática (MALDANER,1995).

    A disciplina química é vista com pouco interesse pelos alunos,

    possivelmente resultado do método de ensino tradicional que ainda é muito usado

    pelos docentes, incentivando a memorização de fórmulas, informações e

    conhecimento.

    Comumente há o questionamento dos alunos sobre a necessidade de

    estudar Química quando não conseguem relacionar o que aprendem na escola com

    seu cotidiano. Apesar de alguns não compreenderem a sua real importância, o

    estudo da Química é essencial para o desenvolvimento de uma visão crítica de

    mundo, podendo analisar, compreender, e principalmente utilizar o conhecimento

    construído em sala de aula para resolução de problemas sociais, atuais, e

    relevantes para a sociedade (MALDANER,1995).

  • 24

    A motivação para estudar e aprender química, pode ser alcançada com a

    elaboração de diferentes metodologias educacionais, e tomando esse como uns dos

    principais objetivos, surgiu a Olimpíada Brasileira de Química.

    Devido a motivação de obter uma nova ferramenta educacional e também de

    enviar alunos para as Olimpíadas Internacionais de Química (IChO), em 1986

    nasceu a Olimpíada Brasileira de Química, organizada a princípio pelo Instituto de

    Química da Universidade de São Paulo(IQ-USP). Porém, esta Olimpíada deixou de

    existir pouco tempo depois, ficando suspensa durante 7 anos. Em 1996, sob

    organização da Universidade Federal do Ceará, a Olimpíada foi retomada,

    acontecendo anualmente até hoje (OBQUIMICA, 2015).

    A estrutura desta competição é um pouco diferente das demais existentes no

    país. As primeiras fases dessa olimpíada acontecem de forma descentralizadas, nas

    Olimpíadas Estaduais de Química e nas fases mais avançadas, ocorrem as provas

    nacionais centralizadas destinadas aos melhores alunos de cada estado. Ao fim do

    processo são selecionados os alunos para a Olimpíada Internacional de Química

    (IChO).

    A Olimpíada Brasileira de Química (OBQ) é promovida pela Universidade

    Federal do Ceará (UFC) em conjunto com a Universidade Federal do Piauí (UFPI),

    por meio de suas Pró-Reitorias de Extensão, e é realizada pela Associação

    Brasileira de Química (ABQ) (OBQUIMICA, 2015).

    A OBQ tem como objetivos1 gerais:

    • Descobrir jovens com talento e aptidão para o estudo da Química,

    estimulando a curiosidade científica e incentivando-os a tornarem-se futuros

    profissionais químicos;

    • Incentivar na população jovem o interesse para o estudo desta ciência, e

    permitir aos estudantes aplicar seus conhecimentos e suas habilidades em um

    espírito olímpico;

    1 Os objetivos foram retirados diretamente do regulamento da olimpíada

  • 25

    • Promover, através das Olímpiadas de Química, o entrosamento entre

    Professores das Universidades e Professores e Estudantes das escolas de Ensino

    Médio e Fundamental, objetivando enriquecer suas formações;

    • Estimular o ensino, o estudo e a pesquisa no campo da Química

    capacitando-os a promover os benefícios que esta ciência pode oferecer para toda

    humanidade;

    • Contribuir para a formação de profissionais na área de Química, com o

    consequente aumento no número de alunos dos cursos de pós-graduação e do

    quantitativo de docentes e de pesquisadores nesta área.

    A OBQ tem como objetivos2 específicos:

    • Identificar os melhores estudantes de Química do ensino médio,

    estimulando-os com premiações e cursos de aprofundamento, quando houver

    disponibilidade;

    • Selecionar e capacitar os estudantes para compor as delegações que

    representarão o Brasil nas competições internacionais relacionadas com a Química.

    Aqueles estudantes de escolas técnicas, públicas ou particulares, que o

    curso tenha duração de quatro anos poderão participar desde que atendam ao

    critério de idade mínima e tenham participado das olimpíadas estaduais, nas

    respectivas modalidades. Para estes alunos, especificamente, a OBQ será dividida

    da seguinte forma: Modalidade A – alunos do 1º e do 2º ano e Modalidade B –

    alunos do 3º e do 4º ano.

    A OBQ é composta de duas etapas. Cada etapa é dividida em 3 (três) fases:

    a primeira etapa é encerrada no mês de novembro do ano em que se realiza a

    olimpíada com a premiação dos estudantes mais destacados nesta etapa e a

    segunda etapa são selecionados os estudantes que representarão o Brasil nas

    olimpíadas internacionais de Química. Ela é realizada no primeiro semestre do ano

    seguinte à realização da primeira etapa. (OBQUIMICA,2015).

    2 Os objetivos específicos foram retirados diretamente do regulamento da olimpíada

  • 26

    A primeira etapa é composta pelas Fases I, II e III. A fase I é realizada

    internamente na própria escola do aluno e, com critérios próprios, realizam a seleção

    de seus alunos interessados em participar da fase II, que é a Olimpíada Estadual. A

    fase II é realizada, promovida e elaborada pela Coordenação Estadual com o auxílio

    da Coordenação Nacional das Olimpíadas de Química e os critérios determinadas

    para essa fase é determinada pela Coordenação Estadual. Aqueles estudantes que

    foram classificados na Olimpíada Estadual, assim como os detentores de medalhas

    de ouro e prata da Olimpíada Brasileira de Química Júnior que fora realizada

    imediatamente anterior, estarão adeptos a participar da fase III. A inscrição destes

    alunos é de total responsabilidade da Coordenação Estadual, sendo que o número

    máximo de inscritos por Estado é de 50 alunos (OBQUIMICA,2015).

    Nesta fase III, o método de avaliação é feita a partir de exames teóricos

    distintos para cada modalidade com 10 questões do tipo múltipla-escolha

    (pontuação máxima 40 pontos) e 6 questões analítico-expositivas (pontuação

    máxima 60 pontos), podendo uma ou mais delas versar sobre técnicas laboratoriais

    habituais para um estudante pré-universitário. O tempo máximo de duração do

    exame desta fase é de 4 (quatro) horas. O local da realização desta fase será

    indicado pela Coordenação Estadual, e a data de realização deste exame será

    indicada anualmente, quando da divulgação do calendário no sítio eletrônico da

    OBQ (OBQUIMICA,2015).

    Ao final da fase III, encerrando a primeira fase, os quatro estudantes

    portadores das maiores notas em cada modalidade serão considerados os

    vencedores da Olimpíada Brasileira de Química do ano em curso. Os vencedores

    receberão medalhas de ouro em solenidade convocada pela Coordenação Nacional,

    para esta finalidade. Os oito seguintes receberão medalhas de prata e os 12

    seguintes medalhas de bronze no mesmo evento. Os demais aprovados com

    pontuação acima de cinquenta receberão Menção Honrosa (OBQUIMICA, 2015).

    A segunda etapa, que também é composta de três fases (IV, V e VI) e tem por

    objetivo selecionar os estudantes que representarão o Brasil na Olimpíada

    Internacional de Química (IChO) e na Olimpíada Ibero-Americana de Química

    (OIAQ), respeitando os regulamentos internacionais de idade mínima e máxima para

    participar. Participam dessa etapa, unicamente, os estudantes da Modalidade A

  • 27

    agraciados com medalhas (ouro, prata e bronze), no ano anterior. Esta etapa tem as

    seguintes fases: Fase IV, Fase V e Fase VI (OBQUIMICA, 2015).

    Na fase IV, os alunos serão submetidos a uma prova prática, onde será

    avaliado suas habilidades em laboratório, na forma de videoconferência ou com uso

    de mídia eletrônica encaminhada com antecedência para os locais de aplicação do

    exame, que serão indicados pelas Coordenações Estaduais (OBQUIMICA, 2015).

    Os quinze primeiros classificados na fase anterior (Fase IV) participarão do

    Curso de Aprofundamento e Excelência em Química, que será ministrado em uma

    das universidades participantes do projeto. Essa quantidade pode ser aumentada

    quando houver empate ou diferença de pontuação menor que 1% entre os dois

    últimos colocados (OBQUIMICA, 2015).

    A última fase (VI), visa selecionar os estudantes que representarão o Brasil

    nas Olimpíadas Internacionais, onde, após a conclusão do Curso de

    Aprofundamento e Excelência em Química (Fase V), os estudantes serão

    submetidos a uma nova avaliação, de caráter analítico-expositiva, onde o resultado

    final trará os nomes dos quatro estudantes da equipe olímpica brasileira, para as

    olimpíadas internacionais (IChO e OIAQ) (OBQUIMICA,2015).

    De um modo geral, a “premiação palpável” oferecida por esses eventos,

    limitam-se por honra ao mérito, medalhas e alguns premiam em quantias de

    dinheiro, mas, as mais importantes expandem-se por experiências adquiridas,

    autoestima elevada, vocações aguçadas e diversas outras consequências que

    somente cada participante pode descrever. Por esse motivo, é válido trazer à tona

    um trecho do depoimento da Giovana Pertuzzatti Rossato, o qual o intitulou como

    “Olimpíada de Química: uma nova vida”, onde a autora, ganhadora de uma medalha

    de ouro, assumiu o posto de segunda colocada na OBQ 2014. A seguir, Giovana

    descreve suas emoções e as consequências de sua participação no evento.

    A OBQ entrou na minha vida de forma inesperada, mas trouxe resultados incríveis. Fiquei sabendo que iria fazer a prova no mesmo dia em que ela seria aplicada, então não tive preparação nenhuma. Mas, felizmente, consegui passar do ponto de corte. A partir de então resolvi me preparar para a segunda fase com muita dedicação. Embora estudasse em escola pública estadual e não tivesse professor de Química por um bom tempo durante o ano, minha vontade de aprender aquele conteúdo tão curioso e desconhecido até o momento, prevaleceu. [...] Após um mês de estudo, o

  • 28

    resultado: ouro, segundo lugar nacional. [...] Que experiência sensacional, que privilégio conhecer tantos intelectuais, tantas pessoas importantes e ao mesmo tempo tão simples e acessíveis. Quantas amizades feitas, quantos lugares lindos pude conhecer, quanta diversão. Inexplicável. Foram cinco dias que me fizeram sentir uma pessoa privilegiada e que me incentivaram a continuar a estudar mais [...] Em suma, o Programa Nacional de Olimpíada de Química transformou a minha vida. Descobri que posso chegar aonde quiser com estudo e dedicação. Hoje posso dizer que tenho outra visão de mundo, outros ideais. Meus objetivos vão muito além, quero chegar a uma Olimpíada Internacional. E tenho certeza de que isso é possível, basta querer. (ROSSATO,2014).

    2.1.2. As Olimpíadas Internacionais de Química e a participação dos

    estudantes brasileiros

    Na OBQ, os objetivos específicos tem como foco o recrutamento de alunos

    com os melhores desempenho na área de química durante as etapas da olimpíada

    nacional, para a participação de duas Olimpíadas Internacionais principais, sendo

    elas as: Olimpíada Internacional de Química (IChO) e Olimpíada Ibero-Americana de

    Química (OIAQ) (OBQUIMICA, 2015).

    A participação do Brasil nas olimpíadas internacionais na área de química se

    iniciou no ano de 1995, quando foi realizada na Argentina, mais precisamente na

    cidade de Mendonza, a Primeira Olimpíada Ibero-Americana de Química.

    A OIAQ é uma competição anual que se realiza num país iberoamericano.

    Essa é uma competição entre jovens estudantes Iberoamericanos cujos objetivos

    primordiais são:

    Promover o estudo da Química;

    Estimular o desenvolvimento de jovens talentos nesta ciência;

    Contribuir para estreitar os laços de amizade entre os países

    participantes;

    Criar um espaço propício para fomentar a cooperação, o

    entendimento e o intercâmbio de experiências. (OBQUIMICA,2015).

  • 29

    A Olimpíada Internacional de Química (IChO), teve início em 1968, na

    Checoslováqia, reunindo desde então, a cada ano, aproximadamente 250

    estudantes oriundos de diferentes nações. Cada país pode competir com o máximo

    de quatro estudantes não-universitários, recrutados de acordo com seus critérios. Os

    estudantes que participam da IChO são submetidos a exames teóricos e práticos

    durante o período do evento. Seu objetivo principal é estimular as atividades de

    estudantes interessados em química, incentivá-los a resolver os problemas químicos

    de forma mais criativa. As competições IChO ajudam a reforçar as relações de

    amizade entre os jovens de diferentes países e que assim eles se sintam

    incentivados a participar de forma cooperativa do evento (OBQUIMICA,2015).

    As provas aplicadas são elaboradas por um júri internacional formado por

    mentores e profissionais da área do país organizador. Ao final do evento, os mais

    destacados estudantes recebem prêmios que consistem em medalhas de ouro,

    prata e bronze (OBQUIMICA,2015).

    A primeira participação do Brasil, com seus estudantes, na Olimpíada

    Internacional de Química aconteceu em sua 31º edição no ano de 1999, que

    aconteceu na Tailândia. (OBQUIMICA,2015).

    Em ambos eventos internacionais, o Brasil já conquistou várias medalhas,

    inclusive, algumas medalhas de ouro. A literatura e as fontes de pesquisa não

    divulgam o desempenho anual do Brasil nas competições de IChO, e com escassez,

    a de OIAQ. Por isso, segue abaixo um quadro resumindo as medalhas brasileiras

    em algumas edições da OIAQ:

    Quadro 1: Quadro de medalhas brasileiras na Olimpíada Iberoamericana de Química(OIAQ).

    Ano Edição Ouro Prata Bronze

    2011 XVI 3 1 0

    2012 XVII 2 2 0

    2013 XVIII 1 2 1

    2014 XIV 0 2 2

    Fonte: Olimpíada Brasileira de Química

  • 30

    De acordo com a OBQ-UFC(2004), já se soma um número significativo de

    estudantes que, após a participação no Programa Nacional Olimpíadas de Química,

    que lhe permitiu participar da OBQ e alguns também da IChO e OIAQ, decidiram

    prosseguir nos estudos da área de química nos cursos de graduação e de pós-

    graduação. Esta é a principal vitória do programa: identificar talentos para a indústria

    e a academia. Um exemplo é o estudante Victor Tsuneichi Chida Paiva, que já

    participou de várias competições de conhecimento na área de química, medalhista

    na 40ª International Chemistry Olympiad (Medalha de Bronze), XIII Olimpíada

    Iberoamericana de Química (Medalha de Prata), XIII Olimpíada Brasileira de

    Química (Medalha de Prata), XII Olimpíada Brasileira de Química (Medalha de

    Ouro), XIV Olimpíada Norte-Nordeste de Química (Medalha de Ouro), XIV Olimpíada

    Cearense de Ciências (Medalha de Ouro) e na IX Maratona Cearense de Química

    (Medalha de Ouro), e que optou por ingressar no curso de Bacharel em Química

    pela UNICAMP. Segue um trecho de seu depoimento para a OBQ-UFC (2009):

    A Olimpíada de Química foi a experiência mais determinante para traçar meu futuro acadêmico e profissional. Entrei despretensiosamente na então 7ª série, participando da Maratona de Química, depois trilhando o caminho através da Olimpíada Cearense, Brasileira, Seletiva, IChO e Iberoamericana. Ao longo desse processo conquistei bem mais do que medalhas e certificados, consegui amigos, conhecimento e uma paixão. A paixão pela Química e pelo aprendizado me tirou do sistema viciado de estudar “para passar nas provas”, sejam de colégio ou mesmo de vestibular, e me colocou na busca por conhecer e entender as coisas que me cercam e maravilham. A oportunidade de entrar em contato com a Química de excelência e com práticas laboratoriais me permitiu decidir seguir carreira nessa área. Os constantes desafios que as Olimpíadas de Química me propunham foram capazes de me motivar a aprender mais e buscar novas fontes de conhecimento, muitas vez estranhas ao Ensino Médio, a fim de expandir meus conhecimentos sobre Química. Se hoje faço bacharelado em Química e estou desenvolvendo um projeto de Iniciação Científica é graças à semente que o Programa Nacional implantou em espírito. Tive grande oportunidade também ao poder participar da Olimpíada Internacional e da Iberoamericana de conhecer outros países e culturas e de me tornar amigo de grandes mentes que certamente serão destaque na Ciência em alguns anos. Hoje vejo que os cinco anos que investi da minha vida nas Olimpíadas de Química, mostraram-se bastante recompensadores. (PAIVA,2009)

    A partir dessa declaração é possível notar que esses programas que utilizam

    uma ferramenta de cunho competitivo, oferecendo experiências variadas e diversos

  • 31

    prêmios, geram uma motivação nos participantes em estudar mais, participar de

    mais eventos científicos e até encontrar uma carreira profissional.

    Este método motivacional conta com uma perspectiva da psicologia

    comportamental, pois a preocupação do aluno com seu desempenho na competição

    e sua vontade em conquistar um prêmio acabam sendo uma motivação para que ele

    estude os conteúdos visando a prova (NERI,1980).

    2.2 Outras competições de conhecimento em Química

    Além das Olímpiadas Brasileira de Química (OBQ), em nosso território

    nacional, existem muitas outras competições de conhecimento em química (e em

    outras áreas) localizadas, muitas delas organizadas por escolas e universidades.

    Além do mais, fora a OBQ, a Associação Brasileira de Química (ABQ) também

    promove a Maratona de Química. Abaixo segue algumas dessas competições

    principais que acontece no Brasil promovida por redes públicas e privadas (quadro

    2):

    Quadro 2: Algumas competições de Química em redes públicas e privadas do ensino no Brasil

    Fonte: As informações foram retiradas dos sites de cada organizador citado

    Ano surgimento Evento Cidade Organizadores

    2011 Gincana de Química Natal/RN Instituto Federal do

    Rio Grande do Norte

    2013 Gincana de Química Santa Maria/RS Colégio Estadual

    Coronel Pilar

    2013 I Maratona Experimental de

    Química

    João

    Pessoa/PB

    Instituto Federal de

    Ensino da Paraíba –

    IFPB

    2014 Maratona de Química Caxias/MA Colégio Estadual

    Thales Ribeiro

    2014 I Maratona de Química Vitória/ES Colégio Crescer

    PHD

  • 32

    2.2.1 Maratona de Química

    Maratona é o nome dado a prova mais longa de atletismo dos Jogos

    Olímpicos. Segundo a lenda, no ano 490 a.C., um mensageiro do exército de Atenas

    teria corrido entre o campo de batalha de Maratona até Atenas para avisar aos

    cidadãos atenienses a vitória de seu exército na batalha contra os persas. Se a

    lenda é verdadeira, não se sabe, mas até a atualidade, muitos são os atletas

    amadores que participam de maratonas, não em busca da premiação e sim de uma

    superação em seu próprio tempo (FERNANDES,1979).

    A Maratona de Química, instituída pela Associação Brasileira de Química,

    teve início no ano de 1992, e que ocorre anualmente desde então, em paralelo com

    o Congresso Brasileiro de Química (CBQ) (ABQ-CE, 2015).

    A Maratona visa estimular a participação de alunos do ensino médio no

    contexto educacional do ensino de química, ampliando o horizonte desses

    estudantes sobre a aplicabilidade dessa ciência na natureza e seus fenômenos

    relacionando com seu cotidiano e assim despertar o interesse dos mesmos a

    seguirem a carreira (ABQ-CE, 2015).

    Para participar, o aluno deve, em primeira instância, preencher uma ficha de

    inscrição disponibilizada no site da ABQ3, onde ele também encontra todo o

    regulamento e informações para a participação do evento (ABQ-CE, 2015).

    A primeira fase se dá pela elaboração de uma redação com um tema já

    proposto pela organização do evento, que deve ser enviado até uma data limite, via

    correio para a Coordenação da Maratona. Após a avaliação das redações, são

    selecionados até 40 participantes para se apresentarem no Congresso Brasileiro de

    Química (CBQ) a ser realizado no ano corrente. Os selecionados devem pagar uma

    quantia em dinheiro para a validação da inscrição no evento (ABQ-CE, 2015).

    A segunda fase, que ocorre durante a CBQ, os finalistas irão presenciar a

    demonstração de experimentos químicos que será realizada em laboratórios de

    química escolhidos definidos pelo evento. Em seguida, eles serão submetidos a

    uma avaliação escrita sobre os experimentos observados. Cabe à Comissão

    3 Associação Brasileira de Química

  • 33

    Avaliadora Local propor os experimentos que serão apresentados aos alunos na

    ocasião da segunda etapa de avaliação, bem como o questionário de avaliação,

    gabaritos e a pontuação atribuída a cada questão (ABQ-CE, 2015).

    A Banca de Jurados, formada por profissionais escolhidos pelo

    Coordenador da Maratona, leêm todas as respostas das avaliações, uma a uma, e,

    ao final, serão selecionados os dez melhores trabalhos apresentados. A

    classificação final será divulgada na Solenidade de Encerramento do Congresso

    Brasileiro de Química (ABQ-CE, 2015).

    Quanto a premiação, os dez primeiros classificados receberão um

    Certificado de menção honrosa, sendo que os cincos primeiros receberão

    certificados indicando sua classificação e os três primeiros colocados receberão

    prêmios especiais. Todos os classificados recebem um certificado de participação

    (ABQ-CE, 2015).

    2.2.2 Maratonas Regionais de Química

    Algumas competições de química brasileiras tem caráter exclusivo das

    comunidades escolares e/ou universitárias como é o caso da Maratona Cearense de

    Química, que é restrita aos estudantes das escolas públicas do estado.

    A Maratona Cearense de Química teve sua primeira edição no ano de 1997,

    em Fortaleza, capital do estado Ceará e, desde então, é realizada anualmente

    (OBQ-CE, 2015).

    Sob direção da ABQ-CE4, a Maratona Cearense de Química conta com a

    participação dos alunos do Ensino Fundamental que estejam matriculados nas

    turmas de 8º ano5 ou 9ºano6 ou em qualquer ano do Ensino Médio7 do estado do

    Ceará.

    Em depoimento ao site de inscrição da Maratona, a coordenadora do evento,

    Renata Chastinet, afirma que a ideia de promover essa competição de química

    4 Associação Brasileira de Química regional do Ceará 5 Antiga sétima (7º) série do ensino fundamental 6 Antiga oitava (8º) série do ensino fundamental 7 Antigo segundo grau que é composto pelos 1º, 2º e 3º ano

  • 34

    surgiu a partir da experiência de uma graduanda em química estudante da UFC8,

    que ao lecionar em salas de aula de colégios da região, ela percebeu a necessidade

    de se ensinar a química mais voltada para situações práticas (ABQ-CE, 2015).

    Essa competição é dividida em duas etapas onde, na primeira etapa,

    considerada como uma etapa eliminatória, os participantes terão que fazer uma

    prova composta de quinze (15) questões objetivas. Essas provas são aplicadas não

    somente na capital Fortaleza como também em outras cidades cearenses como

    Sobral, Iguatu e Juazeiro (ABQ-CE, 2015).

    Na segunda etapa, participará no total de vinte (20) candidatos de cada ano

    que foram classificados com as maiores notas. Em caso de empate na 20ª

    colocação, os candidatos com a mesma nota serão classificados. Os finalistas

    observarão a demonstração de experimentos químicos que serão realizados no

    Laboratório de Química determinado pela Comissão. Em seguida, serão submetidos

    a uma avaliação escrita sobre os experimentos observados (ABQ-CE, 2015).

    A Maratona Cearense de Química oferece certificados, medalhas e livros

    como premiação a aqueles que conquistaram as maiores notas, ocupando os

    primeiros, segundos e terceiros lugares de cada ano. Os demais participantes

    recebem certificados com menção honrosa e livros. (ABQ-CE, 2015).

    Os organizadores da Maratona afirmam que estudantes de todo o Ceará

    podem participar da avaliação, mas que por dificuldade de locomoção para

    realizarem a segunda fase que ocorre na capital, a maioria dos estudantes que se

    inscrevem são de Fortaleza. Segundo a organização, cada vez mais aumenta a

    participação dos estudantes no evento. Até o presente momento, a última edição da

    Maratona que aconteceu no mês de Abril de 2014, 1834 estudantes se inscreveram

    na competição (NOIC,2014).

    Com um grande número de participantes e amplamente divulgada, a

    Maratona Cearense de Química é a maratona que mais se encontra informações

    bibliográfica, apesar de se ter relatos de outras Maratonas como as descritas no

    quadro 2 (pág. 31).

    8 Sigla referente a Universidade Federal do Ceará

  • 35

    3. A COMPETIÇÃO NO ÂMBITO EDUCACIONAL

    3.1. Discussão teórica sobre as Competições de Conhecimento

    Ainda que diversas competições de conhecimento como as olimpíadas e

    maratonas sejam idealizadas com um propósito educacional, ambicionando

    principalmente a motivação dos estudantes, alguns pesquisadores discordam de sua

    eficácia educacional. Jafelice (2005) por exemplo, questiona sobre os possíveis

    efeitos que essas competições podem provocar sendo elas opostas as atuais metas

    educacionais podendo prejudicar a formação social do aluno. Em objeção a esses

    estudiosos, estão muitos participantes e principalmente os organizadores desses

    eventos, que alegam resultados que descrevem as vantagens educacionais dessas

    competições, as quais apresentaremos a seguir.

    3.1.2. Investigação sobre a motivação e o sucesso alcançado pelas

    Competições do Conhecimento

    Conforme já discutido anteriormente, a maioria das competições do

    conhecimento visam motivar o participante a estudar a área visada pelo evento,

    descobrir novos talentos e incentivar a escolha de uma profissão.

    Por esse motivo, convém abordar teoricamente as ferramentas utilizadas

    para que estes objetivos sejam atingidos.

    Como a primeira ferramenta motivacional, podemos destacar o desafio

    gerado pelas competições. Como exemplo, pode-se aludir a pequena declaração da

    Professora Lílian Siqueira, intitulado “Motivação é a tônica nas escolas”, para a

    sessão de depoimentos do “Programa Nacional Olimpíadas de Química”9, onde a

    autora, que leciona a disciplina de Química no Colégio Bandeirantes, de São Paulo e

    onde há diversos adeptos ás Olimpíadas de Química, alega que tais competições

    motivam a participação dos estudantes voluntariamente:

    A mobilização que essa Olimpíada de Química gera nos alunos e em todos os seus colegas é imensa e extremamente positiva para nós, educadores. Saber que nesta juventude atual uma olimpíada acadêmica desperta muito mais vontade do que qualquer coisa errada que esta turminha poderia

    9 http://www.obq.ufc.br/depoimentos2005

  • 36

    pensar em fazer é simplesmente fabuloso. Todo o retorno que tenho da parte dos alunos é muito maior do que eu poderia sequer imaginar (SIQUEIRA,2005).

    Com base nessa declaração, pode-se notar que a satisfação de alguns

    discentes é positiva quanto as consequências que as competições de ensino pode

    trazer. Essa vontade que move os alunos a participarem desses eventos parte

    exclusivamente da motivação causada pelo evento em si.

    Em busca de justificativas para demonstrar a motivação dos alunos a

    participarem de competições de conhecimento, deparo-me com um texto de um sitio

    da internet escrito por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho, denominado “Olimpíadas

    Científicas”10, na sessão designado “Por que participar de Olimpíadas Científicas”,

    onde o autor, estudante de Ensino Médio e integrante de múltiplas olimpíadas até a

    presente data, alega que olimpíadas motivam a participação dos alunos

    principalmente pelo desafio que estes encontram nas provas. Segue abaixo o trecho

    dessa argumentação:

    São desafiadoras. Não adianta negar: desafios são divertidos. Lembra um jogo que você jogou muitas e muitas vezes tentando passar de uma determinada fase? Se ele fosse muito fácil, você não teria gostado tanto dele e provavelmente sequer se lembraria dele (FILHO, 2011).

    Com base nessa argumentação podemos observar que os estudantes são

    motivados, além da premiação, também pelo desafio que as disputas proporcionam.

    De acordo com a matéria “Os impactos das olimpíadas científicas” para o

    Jornal da Ciência11, com base nos argumentos de alguns especialistas

    entrevistados, as olimpíadas científicas geram um impacto bastante positivo.

    É inegável que o Brasil alcançou um nível de sucesso em relação as

    competições levando em consideração as conquistas dos prêmios. Os participantes

    brasileiros conquistaram primeiros lugares nessas competições e mais de 400

    medalhas internacionais, porém existe um “tipo de sucesso” mais relevante. De

    acordo com o João Batista Garcia Canelle, Professor Adjunto da UERJ12 e também

    10 http://www.olimpiadascientificas.com 11 Jornal criado em 1985 pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e

    disponível somente online desde Agosto de 2011. 12 Sigla da Universidade Estadual do Rio de Janeiro

  • 37

    coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), que fez

    uma declaração para essa mesma matéria jornalística defendendo que a conquista

    do pódio não é o prêmio mais valioso. Segue abaixo uma passagem de sua

    declaração:

    Se alguém decide participar de uma olimpíada de forma voluntária, como é o caso da OBA, então o participante se prepara para a prova, pois pretende ganhar uma medalha. Isso mostra que, se estudou mais do que faria sem a presença da olimpíada, então, já estamos causando um impacto sobre ele, pois estudou mais, e isso é o que mais queremos que os alunos façam. E veja que estudaram mais por livre e espontânea vontade, e é assim que mais se aprende (CANELLE,2013).

    Baseada nessa declaração, pode-se afirmar que no ponto de vista dos

    discentes envolvidos nesses eventos educacionais, as vitórias não são o prêmio

    mais vantajoso. Os prêmios são importantes pois são a representação do

    reconhecimento de tanta dedicação e estudo feito pelos estudantes e professores

    para alcançar tais resultados. O resultado disso é o crescimento da dedicação por

    parte dos alunos, de forma espontânea, e isso é o mais importante (VIDEIRA, 2013).

    Afim de discutir a importância de estimular, não só os alunos, como também

    os professores brasileiros nessas competições Canelle (2013) afirma que as

    Olimpíadas Brasileiras Científicas influencia-os de forma positiva pois, para preparar

    e ajudar os alunos, o professor precisa estudar um pouco mais, e neste processo ele

    estará sendo induzido pela olimpíada a se atualizar e, portanto, essa é outra

    consequência positiva gerada pelas competições.

    Além do mais, a probabilidade dos bons resultados promoverem o nome das

    escolas participantes também é uma forma de motivação para que se sinta

    estimulada a investir na capacitação dos profissionais nas área promovida por essas

    competições. O envolvimento das escolas na preparação dos alunos gera várias

    oportunidades para a produção de atividades cujos efeitos educacionais podem

    positivos.

    A partir das experiências obtidas após a participação de colégios em

    algumas disputas didáticas, alguns deles se motivam a realizar outras atividades

    diferenciadas, tais como feiras de ciências, gincanas, festivais, etc., como descreve

    Gouveia e Pazetto (2009).

  • 38

    3.1.3 A questão da Competitividade na educação

    Alguns pesquisadores defendem como prejuízo aos alunos e ao cidadão que

    ele virá a ser, a utilização de competições no ensino. De acordo com Jafelice (2005),

    a prática de competições de conhecimento está associada a uma ideologia

    capitalista neoliberal que, segundo o autor, acarretam sequelas incalculáveis para a

    formação dos alunos, tanto científica quanto social.

    Os argumentos de Jafelice (2005) estão associadas ao provável incentivo à

    competitividade e ao individualismo que essas atividades podem gerar. Para ele,

    embora esse tipo de competição estimule o interesse dos estudantes para a ciência,

    os efeitos sociológicos sucedido desses eventos seriam muito impactante e as

    consequências sociais seriam graves de mais para dar continuidade a essa prática,

    argumentando que a utilização desse método favorece a exclusão quanto as

    relações sociais. Segundo o autor, as competições no ensino deveriam ser

    substituídas por métodos mais democráticos e inclusivos, que propicie a coletividade

    e a cooperação.

    As competições escolares, seja ela de qualquer disciplina, se inspiram nas

    diversas competições esportivas que visam à seleção de vencedores, e que tem

    também em consequência, os perdedores nas mais variadas modalidades

    esportivas.

    Nós criamos uma relação com o esporte desde o início de nossas vidas,

    quando crianças através de brincadeiras e até a vida adulta, onde todo mundo em

    algum momento torceu para algum time, participou das aulas de Educação Física na

    escola ou de um jogo qualquer. Como o esporte é tão ligado com o cotidiano das

    pessoas e tem um vínculo direto com a ideia de competição, tomaremos uma breve

    discussão sobre a competição. As competições esportivas seriam “boas” ou “más”?

    (REVERDITO, 2008).

    Tomando como ponto de vista que nas competições esportivas, no intuito de

    obter sucesso e conquistar o prêmio, seus participantes criam uma rivalidade entre

    si, pode-se definir essas competições como “más”. Porém, se abordarmos em outro

    panorama, essas competições propiciam a interação das pessoas para alcançar um

    objetivo em comum, que é o caso das competições feitas em grupos. Essa interação

  • 39

    é responsável pelo caráter formativo do cidadão, e é por esse motivo que muitos

    Projetos Sociais tomam o esporte como um recurso de cunho inclusivo e sócio

    educativo (FERRAZ, 2002).

    Na obra de Reverdito et al. (2008), os autores afirmam que as competições

    não podem ser definidas como más nem boas em sua natureza própria e mas pode

    assumir alguma dessas definições a partir de como elas são realizadas. Ainda,

    segundo os autores, quando se adere as competições no ambiente escolar elas

    deverão ter características diferenciadas das esportivas assumindo um perfil próprio

    voltado para a educação do indivíduo.

    Portanto, com uma abordagem apropriada, transmitindo os valores

    desejados de forma correta, o estímulo a prática das competições de conhecimento

    pode ser tomada como uma ferramenta educacional. Justamente pelos inúmeros

    projetos do tipo já existente em todo território nacional, e internacional, levamos a

    crer que se os resultados negativos superasse os positivos ou se só houvesse

    resultados negativos, esses projetos deixariam de existir.

    Assim como nas competições esportivas, o tratamento feito nas competições

    de conhecimento pode interferir muito nos resultados finais. Dessa forma, deve-se

    analisar minuciosamente a abordagem adotada, de como ela será tratada pela

    própria escola, assim como ela será apresentada para os alunos e trabalhada pelos

    professores, pois tudo isso determinará os impactos dessas competições.

    Por fim, acreditando que “a competição em si não é boa ou má, ela é o que

    fazemos dela”, segundo Ferraz (2002), propomos, neste trabalho, uma reflexão das

    competições no interior da escola, sustentadas na ação, e apresentamos uma

    proposta pedagógica em que acreditamos e defendemos, enquanto referencial para

    as competições pedagógicas.

  • 40

    4. JUSTIFICATIVA

    No momento atual, as estratégias de ensino que facilitam o processo de

    ensino-aprendizagem são muito discutidas. Tal discussão é decorrente da realidade

    em que o ensino se encontra. O Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo,

    mostra que o desempenho dos estudantes brasileiros está muito abaixo dos padrões

    adequados (NARDIN, 2011).

    Como bolsista do PIBID Química da UENF, já tendo exercido várias

    atividades em algumas escolas públicas em que o projeto atua, a autora pôde notar

    que havia muitos alunos desmotivados com a disciplina de química, talvez devido as

    metodologias pouco motivadoras adotadas. Assim, a coordenadora do projeto PIBID

    que também é a orientadora desta monografia, propôs a realização de uma

    maratona diferenciada visando desenvolver diversas habilidades. Ao todo, a

    maratona foi realizada quatro vezes, em escolas diferentes e com conteúdos

    diferentes. As duas primeira experiências foram menos produtivas e serviram de

    suporte para que algumas regras fossem modificadas a fim de otimizar a atividade.

    A atual experiência relatada nesta monografia contempla as modificações propostas

    e foi bem sucedida, conforme o planejamento.

    Com base nos levantamentos que fiz, as consequências positivas que as

    competições de química têm gerado entre os adeptos se sobrepõem aos

    argumentos negativos de alguns pesquisadores sobre a prática de atividades de

    cunho competitivo na educação. Com o apoio financeiro da Coordenação de

    Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), foi possível colocar em

    prática esse projeto que compensava os alunos, não só com os prêmios comprados

    com a verba, mas também com a possibilidade de uma avaliação diferenciada, a

    realização de atividades que motivaram a aprendizagem na disciplina de química,

    além do desenvolvimento de diversas outras habilidades, tais como: a cooperação, a

    persistência, o compromisso, a pesquisa e a busca pelo conhecimento.

    Dessa forma, iniciamos esse trabalho desenvolvendo para a “Maratona de

    Química” um regulamento próprio que se adequasse aos objetivos pretendidos e

    que pudesse valorizar as habilidades propostas.

  • 41

    5. OBJETIVOS

    5.1 Objetivos Gerais

    Desenvolver e realizar uma maratona de Química em um colégio

    público.

    5.2 Objetivos Específicos

    Estimular o ensino e estudo da Química.

    Otimizar o método de ensino através da avaliação continuada.

    Valorizar a cooperação entre os alunos.

    Despertar o interesse pela Química.

    Estimular o compromisso e a responsabilidade.

    Estimular a persistência de cada um.

    Incentivar a pesquisa e a busca pelo conhecimento.

    Potencializar o aprendizado da ciência Química.

    Valorizar a participação dos alunos.

  • 42

    6. METODOLOGIA

    Para esse trabalho, planejou-se uma Maratona de Química com duração de

    8 semanas envolvendo os conteúdos obrigatórios previstos no currículo mínimo

    referente ao terceiro bimestre do 2º ano do ensino médio do turno da manhã da

    Escola Estadual 15 de Novembro, localizado no município de Campos dos

    Goytacazes/RJ. O processo foi realizado no 3º Bimestre do ano letivo de 2014 com

    início no dia 31 de Julho e término no dia 2 de Outubro, com 20 alunos que

    compunham a turma 2001 pois, a professora titular dessa turma já conhecia o

    projeto e o aceitou prontamente.

    No total, foram utilizadas 12 aulas trabalhando os conteúdos obrigatórios,

    uma para apresentar a proposta de trabalho e outras duas para a realização da

    gincana, sendo que eram duas aulas por semana com duração de 50 minutos cada.

    A Maratona foi dividida em duas fases, sendo que cada fase era constituída

    em algumas etapas.

    A primeira fase foi dividida em 6 etapas, onde a cada semana o aluno

    recebia uma lista de exercício com o conteúdo trabalhado no dia e a devolvia

    respondida na semana seguinte para que pudesse pegar a lista seguinte e continuar

    na maratona. Essa fase teve caráter eliminatório e preparatório.

    A segunda fase foi a da gincana, dividida em 3 etapas: Caça pista, Cada um

    por si e Quizz

    A metodologia do trabalho se dividiu da seguinte forma:

    6.1 Planejamento da Maratona;

    6.2 Preparação do material;

    6.3 Realização da Maratona

    6.4 Coleta e Análises dos dados.

    Cada um dos itens da metodologia será descrito com detalhes, a seguir.

  • 43

    6.1 Planejamento da Maratona

    O primeiro momento deste trabalho consistiu na elaboração das regras da

    maratona e no levantamento das habilidades e competências sugeridas pelo

    Currículo Mínimo proposto pela SEEDUC, que deveriam ser desenvolvidas ao se

    trabalhar os conteúdos do 3º Bimestre para as turmas do 2º ano do Ensino Médio

    6.1.1 As Regras

    Aprender com alegria e vontade é muito importante. As metodologias que

    envolvem o lúdico fazem com que os alunos aprendam com prazer, alegria e

    entretenimento, sendo importante ressaltar que a educação lúdica não pode ser

    confundida com passatempo ou apenas divertimento (ALMEIDA, 1995).

    O lúdico aguça o interesse e estimula o aprendizado, pois essas atividades

    incentivam o aluno a desenvolver o pensamento, a desenvolver habilidades,

    conhecimentos e criatividade, a compreender o meio e estabelecer contatos sociais.

    As interações que essas atividades oportunizam favorecem o desenvolvimento a

    solidariedade e empatia (ROSAMILHA, 1979).

    Portanto, a maratona de química teve o cuidado de não estimular o caráter

    competitivo, por isso, as regras criadas, pretendiam valorizar a cooperação, pois os

    alunos podiam discutir as questões entre si, o compromisso (cumprimento dos

    prazos estabelecidos nas normas), a persistência (realização de todas as etapas), a

    pesquisa (a busca pela resposta correta e oportunidade de refazer as respostas

    erradas) e valorização (no final, todos os alunos participantes foram premiados)

    esperando assim, potencializar o aprendizado. A maratona foi dividida em duas

    fases com algumas etapas. Na primeira fase, preparatória e eliminatória, eram 6

    etapas e na segunda fase – a gincana (classificatória) - continha 3 etapas (Caça a

    pista, Cada um por si e Quizz).

    As etapas da maratona foram usadas como instrumentos de avaliação para

    a obtenção da nota bimestral.

    As regras da Maratona de Química encontram-se no Apêndice B.

    Segue na tabela abaixo, o resumo da avaliação bimestral:

  • 44

    Quadro 3: Resumo da avaliação bimestral no 3º bimestre.

    Avaliação Bimestral Aluno Participante Aluno NÃO Participante

    6 listas contendo 5

    exercícios/cada

    3,0 pontos 2,0 pontos

    Caça Pista contendo 10

    exercícios

    1,0 ponto 2,0 pontos (TESTE)

    Cada um por sí contendo 5

    exercícios

    4,0 pontos 6,0 pontos (PROVA)

    Quizz contendo 10 exercícios 1,0 ponto

    Participação 1,0 ponto

    Total 10 pontos 10 pontos

    Após a elaboração das regras, foi feito um cronograma de atividades

    (Apêndice A) que dividia em semanas o conteúdo a ser trabalhado na turma

    escolhida, baseado nas habilidades e competências sugeridas pelo Currículo

    Mínimo proposto pela SEEDUC (Anexo 1) e um material informativo contendo as

    regras e uma breve descrição sobre os propósitos da maratona (Apêndice B).

    6.2 Preparação do material

    O material de apoio que deu suporte a primeira fase da maratona foi

    composto por 6 listas de exercícios elaboradas pela autora da monografia, cada uma

    contendo 5 questões contextualizadas com o cotidiano dos alunos (Apêndice C).

    Baseado nos exercícios contidos nessas listas, foram elaboradas as avalições

    utilizadas na segunda fase: Caça Pistas (10 questões), Cada um por si (5 Questões)

    e Quizz (10 questões) presente, respectivamente, nos apêndices D, E e F

    6.2.1 As Listas de exercícios

    Com o objetivo de iniciar a alfabetização científica dos alunos, esperava-se

    que os exercícios selecionados induzisse a resolução e a discussão de problemas

  • 45

    referentes às ciências e às suas tecnologias, permitindo que em diferentes

    momentos da investigação, eles pudessem estabelecer uma discussão entre si e

    com o professor, propiciando o levantamento de hipóteses, a construção de

    argumentos para dar credibilidade a tais hipóteses, e que eles pudessem justificar

    suas afirmações buscando reunir argumentos capazes de conferir consistência a

    uma explicação para o tema proposto. (SANSSERON E CARVALHO, 2011).

    Conforme os alunos tentavam compreender e solucionar os exercícios, eles

    construíam seu conhecimento permitindo que as listas de exercícios fossem usadas

    como um instrumento de avaliação de aprendizagem.

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio (2002)

    afirmam que avaliação deve ter um sentido formativo e ser parte permanente da

    interação entre professor e aluno.

    De acordo com Perrenoud (1999), a avaliação não é, em princípio, um

    objetivo em si, mas um meio de verificar se os alunos adquiriram os conhecimentos

    visados. De acordo com ele, no decorrer do ano de orientação, a avaliação é

    polivalente; as mesmas avaliações devem servir para fins muito diferentes. A rigor,

    não se deveria coletar as mesmas informações, nem processá-las da mesma

    maneira, ao visar a uma avaliação:

    - formativa, que é uma regulação da ação pedagógica;

    - cumulativa, ou certificativa, que faz balanço dos conhecimentos;

    - prognóstica, que fundamenta uma orientação;

    - incitativa, cujo propósito é por os alunos a trabalhar;

    - repressiva, que previne ou contém eventuais excessos;

    - ou ainda informativa, destinada, por exemplo, aos pais. (PERRENOUD,

    1999, p.56-57).

    O autor considera como formativa toda prática de avaliação contínua que

    pretenda contribuir para melhorar as aprendizagens em curso, qualquer que seja o

    quadro e qualquer que seja a extensão concreta da diferenciação do ensino.

    (PERRENOUD, 1999, p.78).

  • 46

    Baseado nisto, este trabalho usou a avaliação formativa para avaliar a

    aprendizagem dos alunos.

    6.3 A Realização da Maratona de Química

    6.3.1 Apresentação do Projeto aos aluno

    A Maratona de Química foi apresentada aos alunos como uma proposta

    diferente de avaliação e que resultaria na nota do 3° bimestre, entretanto, o aluno

    poderia aderir ou não, já que a participação era voluntária. No caso os alunos que

    não aderissem a maratona também foi informado neste momento, os critérios de

    avaliação.

    Nesta mesma reunião, foi entregue aos alunos os materiais informativos

    (Apêndices A e B) contendo os objetivos da Maratona, suas regras, os prazos e as

    etapas, esclarecendo todas as dúvidas que apresentaram. Todas estas informações

    também foram fixadas no quadro de avisos da sala de aula.

    6.3.2 O início – Primeira Fase

    Na semana seguinte da apresentação da Maratona de Química, foram

    trabalhados os primeiros conteúdos do planejamento e entregue a primeira lista de

    exercícios aos alunos que deveriam resolver e devolver na próxima aula.

    Conforme os alunos iam entregando as listas, elas eram corrigidas pela

    autora deste trabalho. Caso o aluno não acertasse todas questões da lista, ele tinha

    a oportunidade de refaze-la e devolvê-la na semana seguinte. Aqueles que

    acertavam todas questões logo na primeira correção, ganhavam uma estrela que foi

    usada como critério de classificação no final da maratona. Este procedimento foi

    adotado com todas as listas, exceto com a última lista (6ª lista), em que os alunos

    não tiveram oportunidade de refazer os exercícios para entregar na próxima semana

    pois, na semana seguinte, já se iniciaria a gincana (segunda fase).

    A primeira fase teve fim no dia 18 de Setembro de 2014 quando foram

    devolvidas todas as 6 listas aos alunos que haviam entregue nos prazos

    estabelecidos, proporcionando a estes o direito de participarem da segunda fase da

  • 47

    maratona (a gincana) e a oportunidade de se prepararem para as próximas

    avaliações, visto que estas seriam baseadas nos exercícios resolvidos na primeira

    fase.

    Quanto aos alunos que foram eliminados por não cumprirem os prazos da

    entrega das listas de exercícios, estes teriam, como última oportunidade, o direito de

    entregar todas as listas no dia 18 de Setembro, e realizar um teste baseado nos

    exercícios resolvidos. Tanto a entrega das listas acumuladas como o teste, foram

    utilizados como instrumento de avaliação para os alunos não participantes da

    maratona.

    6.3.3 A aulas

    Os conteúdos trabalhados nas aulas durante todo 3º Bimestre do 2ºano do

    Ensino Médio foram baseados no currículo mínimo elaborado pela Secretaria

    Estadual da Educação (SEEDUC) do estado do Rio de Janeiro. Tal documento

    serviu como referência das competências e habilidades que foram trabalhadas nas

    aulas de química durante o desenvolvimen