Rádios Cognitivos

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Instituto Nacional de Telecomunicações CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA RÁDIOS COGNITIVOS Antonio Augusto Lemos Pereira Henrique Iemini Azzi Goz Ribeiro Luca Freire de Rezende Marcos Vinicius Pereira Junho de 2011

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Este é um trabalho de conclusão de curso que faz uma breve introdução à tecnologia de Rádios Cognitivos, informando sua importância para o futuro das telecomunicações, os estudos para o desenvolvimento da tecnologia, os desafios e possíveis soluções para a sua implementação e suas aplicações.

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Instituto Nacional de Telecomunicações

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

RÁDIOS COGNITIVOS

Antonio Augusto Lemos Pereira

Henrique Iemini Azzi Goz Ribeiro

Luca Freire de Rezende

Marcos Vinicius Pereira

Junho de 2011

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DO INATEL

Antonio Augusto Lemos Pereira

Henrique Iemini Azzi Goz Ribeiro

Luca Feire de Rezende

Marcos Vinicius Pereira

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Nacional de Telecomunicações, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Engenheiro Eletricista.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Luciano L. Mendes

Santa Rita do Sapucaí 2011

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P436r

Rádio Cognitivo / Antonio Augusto Lemos Pereira, Henrique Iemini Azzi Goz Ribeiro,

Luca Freire de Rezende, Marcos Vinicius Pereira. – Santa Rita do Sapucaí, 2011.

45 p.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Leonel Mendes

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica – Instituto Nacional de

Telecomunicações – INATEL.

Inclui anexo e bibliografia.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado em XX / YY / 2011 pela

comissão julgadora:

Luciano Leonel Mendes / Inatel – Orientador e Presidente da Comissão Julgadora

Nome / Inatel – Membro da Comissão Julgadora

Nome / Inatel – Membro da Comissão Julgadora

__________________________________________

Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica

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v

Dedicamos este trabalho aos nossos familiares pelo amor e incentivo proporcionado a

nós durante todos estes anos.

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vi

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao nosso orientador Professor Dr. Luciano Leonel Mendes por todo

apoio, confiança, paciência e pelos ensinamentos. Aos professores e funcionários do Instituto

Nacional de Telecomunicações por proporcionar um ambiente propício ao estudo e com toda

infra-estrutura necessária para execução das atividades acadêmicas. Aos familiares por

depositar em nós toda confiança ao longo do curso e nos apoiar nos momentos mais difíceis.

Aos colegas da graduação que estiveram sempre presentes ao longo do curso, e a todos

aqueles que de alguma forma contribuíram para o sucesso desta jornada. A todos vocês o

nosso sincero agradecimento pela oportunidade e ajuda recebida.

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RESUMO

Este trabalho sobre Rádios Cognitivos tem início com uma introdução que ressalta a

importância desta tecnologia para o futuro das telecomunicações e a motivação para o estudo

deste assunto. Em seguida é apresentado um histórico sobre Rádios Cognitivos, a definição de

cognição e as expectativas e funcionalidades esperadas deste modelo de rádio. Posteriormente

é descrito os desafios para implementação do sistema seguido de uma síntese para a solução

destes problemas. Então são explanados as diversas aplicações de Rádios Cognitivos,

mostrando as grandes vantagens da implementação deste sistema para eficiência espectral,

segurança pública, facilidade de acesso banda larga e interatividade com o usuário.

Palavras-chaves: Rádio Cognitivo; Espectro; Implementação; Usuário; Modulação.

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ABSTRACT

This essay on Cognitive Radios starts with a introduction that highlights the importance

of the technology to the future of telecommunication and the motivation to the studies. Then

is presented a historic about the technology, the definition of cognition and the expectations

and functionalities of this radio model. Later is described the challenges to the

implementation of the system followed of a summary to the solution to these problems. Then

are explained the several applications of the Cognitive Radios, showing the greats advantages

of this system implementation for the spectral efficiency, public security, accessibility to the

broadband and interactivity to the user.

Keywords: Cognitive Radio; Description; Implementation; User; Modulation.

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ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. 11

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. 12

LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................... 13

LISTA DE SÍMBOLOS .............................................................................................................. 15

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 16

1. MOTIVAÇÃO ................................................................................................................... 18

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 18

3. ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 19

CAPÍTULO 2. COGNIÇÃO E RÁDIO COGNITIVO .......................................................... 20

1. HISTÓRICO ...................................................................................................................... 20

2. DEFINIÇÃO DE COGNIÇÃO ......................................................................................... 22

3. DIFICULDADES, FUNCIONALIDADES E EXPECTATIVAS DO RC ....................... 23

3.1 SENSORIAMENTO ESPECTRAL .................................................................................. 24

3.1.1 DETECÇÃO BASEADA EM INTERFERÊNCIA ........................................................... 25

3.1.2 DETECÇÃO BASEADA EM TRANSMISSOR .............................................................. 26

3.1.3 DETECÇÃO COOPERATIVA ......................................................................................... 27

3.2 GERENCIAMENTO ESPECTRAL ................................................................................. 27

3.3 COMPARTILHAMENTO ESPECTRAL ......................................................................... 28

3.4 MOBILIDADE ESPECTRAL ........................................................................................... 28

4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 28

CAPÍTULO 3. DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE RC ....................................... 30

1. PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAIS - DSP ......................................................... 30

2. DISPOSITIVO LÓGICO PROGRAMÁVEL - FPGA ...................................................... 31

3. COMPONENTES ADAPTATIVOS ................................................................................. 31

3.1. CONVERSÃO A/D E D/A ................................................................................................ 32

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x

3.2. FILTRAGEM ADAPTATIVA .......................................................................................... 33

3.3. AMPLIFICAÇÃO ............................................................................................................. 34

4. CONVERSÃO DE FREQUÊNCIA .................................................................................. 35

5. ANTENAS DE FAIXA LARGA ...................................................................................... 35

6. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 36

CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE RÁDIOS COGNITIVOS .............................................. 38

1. ACESSO DINÂMICO DO ESPECTRO ........................................................................... 38

2. ACESSO BANDA LARGA EM REGIÕES DE BAIXA DENSIDADE POPULACIONAL ..................................................................................................................... 39

3. RECURSOS PARA GUERRA TECNOLÓGICA ............................................................ 40

4. UTILIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA ................................................................. 41

5. INTERATIVIDADE COM USUÁRIOS .......................................................................... 41

6. CARACTERÍSTICAS DO RC PARA ATENDER AS APLICAÇÕES ........................... 42

CAPÍTULO 5. CONCLUSÃO ................................................................................................. 43

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 44

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução dos RDS para os RC. ...................................................................... 20

Figura 2 - Diagrama Básico de um RDS. ........................................................................ 21

Figura 3 - Diagrama de Arquitetura RDS. ...................................................................... 21

Figura 4 - Diagrama de Rádio Cognitivo. ....................................................................... 22

Figura 5 - Fluxograma do Processo de Cognição. .......................................................... 24

Figura 6 - Fluxograma de Sensoriamento Espectral. ...................................................... 25

Figura 7 - Estrutura básica de um rádio analógico ajustável. ......................................... 32

Figura 8 - Diagrama básico de uma antena inteligente. .................................................. 36

Figura 9 - RC alocado em faixa disponível do espectro aguardando solicitação............ 38

Figura 10 - Sinal de TV solicita faixa de espectro disponível ao RC. ............................ 39

Figura 11 - RC libera espectro para o sinal de TV e se aloca em outra parcela. ............ 39

Figura 12 - Reuso do Espectro em Redes Cognitivas. .................................................... 40

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LISTA DE TABELAS

Nenhuma entrada de índice de ilustrações foi encontrada.

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LISTA DE ABREVIATURAS

A/D Analógico/Digital

AGC Aautomatic Gain Control

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

AP Amplificador de Potência

CGP Circuito de Gerência de Potência

D/A Digital/Analógico

DC Down-converter

DD Dispositivos Duplexing

DSP Digital Signal Processor

FCC Federal Communications Commission

FR Figura de Ruído

FFT Fast Forrier Transform

FPGA Field Programmable Gate Array

GHz Giga Hertz

IEEE Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

ISM Industrial, Scientific and Medical

LNA Low Noise Amplifier

LTCC Low Temperature Co-Fired Ceramics

MAC Controle Médio de Acesso

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MHz Mega Hertz

MIMO Multiple-Input and Multiple-Output

NF Noise figure

OFDM Orthogonal Frequency Division Multiplexing

Out-of-Band Fora de Banda

PDA Personal Digital Assistent

RC Rádio Cognitivo

RDS Rádio Definido por Software

RF Rádio Frequência

SI Sintetizador de Impedâncias

SNR Signal-to-Noise Ratio

SM-MIMO Spatial Multiplexing – MIMO

STC-MIMO Space Time Coding – MIMO

TV Televisão

UC Up-converter

UHF Ultra Hight Frequency

UWB Ultra-Wideband

VHF Very Hight Frequency

VSWR Voltage Standing Wave Radio

Wi-Fi Wireless Fidelity

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LISTA DE SÍMBOLOS

Β Largura de banda

fc Frequência central.

K Constante de Boltzmann.

Pi Poder de interferência média.

Τι Temperatura de interferência.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

Atualmente na engenharia de telecomunicações, um dos grandes desafios enfrentado

nas áreas de pesquisa é o de solucionar as limitações impostas pela escassez da faixa de

utilização comercial do espectro eletromagnético, visando assim atender as perspectivas dos

usuários em relação ao serviço prestado. Um dos pontos a ser analisado é a telefonia móvel,

que vem crescendo de maneira acelerada já que o mercado oferece preços cada vez mais

acessíveis. O crescente interesse dos consumidores vem tomando conta deste mercado de

forma surpreendente com: celulares, smartphones, notebooks, entre outros. Isso gera um

acúmulo de usuários que implica em uma necessidade de ampliação na rede de cobertura.

Para que todas as funções desses dispositivos sejam atendidas as operadoras precisam buscar

novas tecnologias para uma otimização do espectro eletromagnético, a fim de aumentar a

velocidade de transferência de dados e a área de cobertura.

O acesso ao espectro eletromagnético é algo de grande valor econômico e motivo de

muita discussão em todo o mundo. Segundo [2], em um leilão realizado nos Estados Unidos

em 2009, o valor para uma largura de faixa de 1MHz (Mega Hertz) chegou a US$

200.000.000,00 (Duzentos milhões de Dólares). Por isso a necessidade de investimentos cada

vez mais elevados em pesquisas de otimização do uso espectral.

A tecnologia que surge prometendo ser uma das soluções para os problemas citados

anteriormente é o conceito de RC (Rádio Cognitivo). Os RC são rádios que podem utilizar da

tecnologia de Rádios Adaptativos e RDS (Rádios Definidos por Software) que têm como

principal vantagem o uso otimizado do espectro eletromagnético. Mas esta tecnologia busca

não só solucionar problemas de uso do espectro, como também proporcionar uma melhor

utilização dos sistemas de telecomunicações e um melhor suporte ao usuário.

O conceito de Rádio Cognitivo foi proposto por um cientista chamado Joseph Mitola III

em 1998, e foi definido pelos fóruns do RDS e IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e

Eletrônicos) [3] em 2007 como Radio 7, sendo:

• Rádios em que os sistemas de comunicação estão conscientes do seu ambiente e

estado interno, podendo tomar decisões sobre seu comportamento operacional de radio

com base em informações e objetivos pré-definidos. A informação ambiental pode ou

não incluir a informação de localização relacionada com o sistema de comunicação.

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• Rádio Cognitivo (como definido no parágrafo 1) que usa RDS, Rádio Adaptativo, e

outras tecnologias para ajustar automaticamente o seu comportamento ou as operações

para alcançar os objetivos desejados.

Os principais objetivos de um RC são:

• Gestão e otimização do espectro eletromagnético;

• Interface com uma ampla variedade de redes sem fio já existentes;

• Interface com o usuário.

Ou seja, um RC deve ser capaz de identificar as faixas de frequências livres e utilizá-las

de maneira correta sem que haja interferência nos sistemas operantes. Deve ser capaz de

reconhecer sua localização e estado interno, detectar a presença de outros rádios através de

medições ou consultas a bancos de dados e ainda, modificar seus parâmetros de transmissão e

recepção para utilizar as oportunidades de acesso na faixa em questão. Deve tomar decisões

em tempo real para maximizar a taxa de transmissão e/ou a qualidade do serviço.

Porém, nem mesmo um rádio com tal capacidade consegue sanar todas as necessidades

e carências em todo espectro eletromagnético. Existem regras e normas rigorosas que devem

ser utilizadas e seguidas. Normas estas que são impostas por órgãos de inspeção que

determinam as faixas de frequências liberadas para cada tipo de aplicação, no caso do Brasil,

coordenada pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).

Uma área de atuação do RC que está sendo pesquisada é a de gerenciamento de dados e

execução do artifício de cognição existente no mesmo. Tal aplicação seria um grande avanço

na área e ofereceria muitas funções possíveis para dispositivos móveis que hoje não são

aproveitadas. Tomando como base os aparelhos celulares, todos eles possuem microfones e a

maioria possui câmera de vídeo, porém eles não falam, não ouvem e não enxergam. Ou seja,

eles não possuem recursos necessários para interagirem automaticamente com o usuário. A

tecnologia RC tornará possível esta interação.

Um exemplo prático seria o seguinte: Quando você chega em casa, você aciona um

aparelho que, automaticamente abre o portão da sua casa para que você entre. Este aparelho

envia um sinal de rádio para a central de controle que identifica este sinal e abre o portão.

Então, o aparelho celular seria capaz de identificar a frequência e amplitude deste sinal,

reconhecer sua garagem e aprender o procedimento de modo que, sempre quando você

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chegasse em casa, o aparelho móvel reconheceria sua garagem e perguntaria se é desejado que

ele abra o portão. Claro que todo esse processo seria protegido com um sistema de

reconhecimento de voz, assim como todas as aplicações possíveis de RC devem ter um

sistema de segurança para o usuário.

O RC será capaz de realizar complexas funções como a de encontrar lugares ou pessoas

e fornecer informações pertinentes aos mesmos. Será capaz de entender um comando de voz,

obedecer este comando e responder com uma mensagem de áudio. Será capaz de traduzir

idiomas, identificar placas, realizar tarefas à distância e muitas outras coisas.

Esta tecnologia RC, terá um grande impacto positivo na sociedade, proporcionando ao

usuário uma maior demanda, capacidade, velocidade e um menor custo pela utilização. Os

setores ligados a telefonia móvel que oferecem serviços de dados e voz tem grande interesse

para o desenvolvimento do mesmo, pois o seu crescimento implicara no aumento da

capacidade de atendimento e, como consequência, um aumento da oferta de serviços.

MOTIVAÇÃO 1.

Como a maior parte dos enlaces está na faixa entre 80 MHz e 3 GHz (Giga Hertz),

considerados enlaces troposférico de visada direta, temos uma faixa de espectro pequena

tendo em vista que os sinais modulados nessa faixa de frequência necessitam de uma banda

em alguns casos relativamente grande, tal como os canais de TV (Televisão) que precisam de

uma banda de 6 MHz desconsiderando a faixa de guarda entre portadoras. Tomando como

base as faixas de freqüência outorgadas pela ANATEL e assimilando com a capacidade de

informação transmitida, pode-se notar que em grandes centros urbanos tem-se uma escassez

de espectro, em especial nas faixas citadas a cima.

OBJETIVOS 2.

O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é realizar um estudo e uma análise

qualitativa da tecnologia de Rádio Cognitivo. O estudo será baseado em fontes bibliográficas,

artigos publicados e outros meio de informação, no intuito de apresentar conceitos e

definições desta tecnologia e desafios relacionados quanto a sua implantação e seu encaixe no

cenário das telecomunicações. A equipe espera através da realização de estudos e pesquisas

fornecer a sociedade, um conjunto de informações que contribua e acrescente conhecimentos

a este assunto. Os resultados obtidos neste trabalho podem ser resumidos em uma descrição

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detalhada dos sistemas de rádio cognitivo, suas principais aplicações, seus desafios para

implementação e os benefícios que essa tecnologia trará para evolução das telecomunicações.

ESTRUTURA DO TRABALHO 3.

O capítulo 1 foi uma introdução com o propósito de mostrar ao leitor os problemas

relacionados ao uso do espectro eletromagnético e a necessidade de solucioná-los. Apresentou

também o conceito de Rádios Cognitivos e os benefícios que o mesmo trará a sociedade. O

capítulo 2 traz um histórico sobre Rádio Cognitivo, incluindo a origem do termo, sua

definição e evolução até hoje. Traz também os requisitos para que um rádio possa ser

considerado cognitivo, as expectativas e as funcionalidades esperadas em um Rádio

Cognitivo. O capítulo 3 traz as principais dificuldades para a implementação de Rádios

Cognitivos e uma síntese para a solução destes problemas. Também serão abordados temas

como processamento digital de sinais, dispositivos lógicos programáveis, conversão A/D

(Analógico/Digital) e D/A (Digital/Analógico), amplificação, filtragem e conversão de

frequência. O capítulo 4 apresenta exemplos de casos onde o Rádio Cognitivo poderá ser

empregado, sua utilização para prover acesso banda larga em regiões de baixa densidade

populacional ou para servir como uma unidade de gerenciamento espectral pessoal.

Finalmente o capítulo 5 traz as conclusões do trabalho, enfatizando as contribuições

apresentadas.

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CAPÍTULO 2. COGNIÇÃO E RÁDIO COGNITIVO

HISTÓRICO 1.

Com o passar dos tempos as necessidades de avanços em áreas de telecomunicações são

cada vez maiores. Com isso nota-se um foco no desenvolvimento de novas tecnologias de

comunicações móveis e sem fio. Uma das áreas de pesquisa que se encontra em grande

crescimento é a de uma possível mudança no funcionamento dos rádios.

Nos dias de hoje pode-se notar a transição dos rádios controlados apenas por hardware

para rádios que são controlados por uma combinação de hardware e software [2]. Com isso

tem-se um interesse no estudo de DSP (Digital Signal Processor) que proporciona uma

melhoria nos sistemas de comunicação digital, trazendo mais confiabilidade e um aumento na

capacidade dos rádios digitais. A Figura 1 mostra as funcionalidades de um RDS e sua

evolução para um RC.

Figura 1 - Evolução dos RDS para os RC.

No ano de 1993, Joseph Mitola III denominou os rádios controlados pela combinação de

hardware e software como RDS. A Figura 2 mostra um diagrama básico de um RDS [1] [3].

Para o funcionamento de um RDS, os conversores A/D e D/A são conectados a antena para

que o os sinais sejam modulados e demodulados pelo software, e amostrado. O processador

deve executar o software, fazendo com que o rádio seja configurado baseando-se nas

necessidades e nos compromissos para o seu bom desempenho. O processo simplificado de

transmissão pode ser visualizado no diagrama da Figura 3 [1] [4].

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Figura 2 - Diagrama Básico de um RDS.

Figura 3 - Diagrama de Arquitetura RDS.

Na figura 3, a camada MAC (Controle de Acesso ao Meio) junto às outras camadas de

rede tem por objetivo ordenar a informação na forma de pacotes de dados que irão passar pela

codificação de canal. O bloco Código Corretor de Erros tem função de inserir bits de

redundância junto aos bits de informação, para se obter uma maior robustez na decodificação

do sinal no receptor. Em seguida o sinal passa por um entrelaçamento, que tem por objetivo

misturar os bits de informação, para que na recepção quando houver o desentrelaçamento, os

bits errados estejam de forma espaçada entre si. Logo após o bloco de entrelaçamento, o sinal

passa por um modulador que terá como objetivo adequar o sinal a banda do espectro que será

ocupada. O conversor de frequência faz a multiplexação do sinal que está na frequência de FI

com um oscilador local variável, e essa variação será importante para fazer com que essa

informação possa ser transladada para a faixa de alta frequência para assim ser transmitida.

Em seguida o sinal é amplificado e logo depois, o filtro passa faixa servirá para anular os

espúrios e a frequência imagem após o translado de frequência.

Joseph Mitola III, motivado com o sucesso de suas pesquisas, desenvolveu um estudo

que defendia a idéia de um RDS com inteligência artificial onde o sistema envolvido decide

automaticamente os seus parâmetros de funcionamento. Surgia a partir deste momento o

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termo Rádio Cognitivo. Para Mitola, “o Rádio Cognitivo identifica o ponto em que o PDA

(Personal Digital Assistent) sem fio e suas redes relacionadas são computacionalmente

inteligentes para: detectar as necessidades de comunicação dos usuários em função do

contexto de uso; disponibilizar recursos de rádio e serviços sem fio mais apropriados às

necessidades do usuário [4].”

Mitola, no ano de 1999, concluiu que o Rádio Cognitivo teria plena capacidade de

selecionar automaticamente o melhor serviço a ser transmitido, sendo ele capaz de atrasar ou

acelerar a transmissão através dos recursos disponíveis, de acordo com as necessidades de

comunicação dos usuários. Para que isto seja possível, são necessárias algumas tarefas

básicas, sendo o ciclo do RC dividido em três tarefas. Na Figura 4 tem-se um diagrama de um

Rádio Cognitivo exemplificando essas tarefas que são:

Figura 4 - Diagrama de Rádio Cognitivo.

• Sensoriamento RF: Responsável em fazer o monitoramento de uma ampla faixa de

frequência e fazer a detecção de canais livres (white spaces), e por fazer um

mapeamento do nível de interferência e quais são os serviços presentes.

• Identificação do Canal: Faz as previsões de condições atuais do canal e de sua

capacidade.

• Alocação de Recursos: A tarefa deste bloco é realizar o controle de potência e o

gerenciamento dinâmico do espectro.

DEFINIÇÃO DE COGNIÇÃO 2.

A definição básica de cognição é a aquisição de conhecimento. Ou seja, processo de

conhecer, poder de percepção, capacidade de entender uma informação. É uma derivação da

palavra latina cognitione, que nada mais é que a aquisição de conhecimento através da

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percepção ou captação de uma informação. A palavra cognição aplicada a este trabalho tem

por conotação o reconhecimento e a compreensão que faz do rádio capaz de julgar através do

julgamento e da memorização de atos qual deve ser a atitude tomada em relações

semelhantes, na busca de soluções de problemas que possam satisfazer os usuários de setores

ligados a comunicação.

A cognição vai além da simples aquisição de conhecimentos. É na verdade, a aquisição

de conhecimento e aplicação do mesmo em ações inteligentes. Pode-se dizer que é um

processo de conhecimento que possui como material a informação do meio e o que já está

registrado na memória, neste caso na memória do RC. Visando uma forma de maior

entendimento, alguns filósofos substituem o termo cognitivo por intelectual. Isto não quer

dizer que o termo inteligência ou intelecto seja simples ou que seja menos confuso que o

termo cognição. A atitude filosófica se justifica pelo uso mais comum no cotidiano das

pessoas, por serem palavras mais usadas no dia a dia, proporcionando, assim, mais segurança

ao leitor na questão do entendimento.

Resumindo, cognição é a capacidade de aquisição, processamento, interpretação,

assimilação e memorização de uma informação captada. Na Figura 5 pode-se acompanhar o

processo de cognição natural (homem) e artificial (máquina).

DIFICULDADES, FUNCIONALIDADES E EXPECTATIVAS DO RC 3.

As dificuldades na funcionalidade de um RC estão relacionadas ao seu comportamento,

capacidade, inteligência, percepção, concepção e ações a serem tomadas. Muito desses

comportamentos poderão ou não ser perceptíveis ao usuário. O RC deverá fazer uma

constante observação nos fatores interno (forma de onda, consumo de bateria, poder

computacional, nível do sinal, etc.) e externo (condições do canal, outros rádios, tipos de

sinal, tipos de rede, etc.) a fim de sentir e recolher informações do ambiente de rádio. Após o

recolhimento dessas informações, o RC possuirá um núcleo inteligente que aprenda e registre

tais informações. Compreenderá como aplicar o conhecimento adquirido para que no futuro

ele antecipe aos acontecimentos do meio. Ou seja, toda vez que o RC perceber ações

repetitivas de comportamento de rádio, ele poderá ou não realizá-las automaticamente, de

acordo com o gosto do usuário. Explicará suas decisões e comportamento fornecendo uma

base racional, uma vez que nem todas as ações de um RC deverão agradar usuário. Respeitará

as restrições políticas, policiais e de segurança (Hospitais, Aeroportos, etc.). E por fim, deverá

Page 24: Rádios Cognitivos

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ter um mecanismo de otimização e adaptação que altere o comportamento do rádio, para que

ele se adapte as exigências do meio.

Figura 5 - Fluxograma do Processo de Cognição.

A quantidade de situações que o sistema poderá criar deve ser ampliada, tomando

cuidado para não comprometer a segurança do sistema. Tudo isso será possível sem a

necessidade de menus complexos, sem sequências de ativação e sem processos de instalação.

Em tese, as principais funcionalidades dos Rádios Cognitivos são:

• Sensoriamento espectral;

• Gerenciamento espectral;

• Compartilhamento espectral;

• Mobilidade espectral;

• Comunicações militares.

Essas questões serão abordadas mais detalhadamente a seguir (nas próximas seções).

3.1 SENSORIAMENTO ESPECTRAL

O sensoriamento espectral permite a um RC procurar, analisar e saber usar a melhor

banda de frequência disponível, de tal modo a usar o espectro de frequência de maneira

otimizada e sem causar interferências nos usuários primários. O sensoriamento pode ser

realizado no domínio do tempo ou no domínio da frequência. As faixas onde se têm as

maiores oportunidades de uso do espectro são as faixas de canais de TV-VHF (very high

frequency), UHF (ultra high frequency), faixas ISM (Industrial, Scientific and Medical) e

canais de serviço público.

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Na Figura 6, pode-se ver a varredura de frequência para a detecção.

Figura 6 - Fluxograma de Sensoriamento Espectral.

3.1.1 DETECÇÃO BASEADA EM INTERFERÊNCIA

A segmentação do espectro no Brasil, como já foi abordada no Capitulo 1, é realizada

pela ANATEL, que por sua vez realiza concessões para utilização das faixas aos usuários

chamados de usuários primários. Os usuários primários têm total prioridade sobre a faixa

adquirida, porém essa utilização ocorre de maneira ineficiente dependendo da hora e do dia.

Os chamados usuários secundários são usuários que usarão da tecnologia RC para utilização

das oportunidades no espectro. Como a prioridade do uso do espectro é dos usuários

primários, a utilização dos usuários secundários deve ocorrer sem provocar nenhuma

interferência prejudicial aos usuários primários. Então, o RC deverá ajustar o nível de

potência de transmissão do rádio de modo a minimizar ou até mesmo anular a interferência

causada no usuário primário.

Para que seja considerado um espectro livre para utilização por um usuário secundário,

a potência do sinal primário medido em uma determinada faixa de frequência deve estar

abaixo de um limiar de potência definido. Esse nível de interferência foi proposta pela FCC

(Federal Communications Commission) e é chamada de temperatura de interferência, dada

por onde ��(�� ·, ) é potência média de interferência de ruído medido em watts centrada em

��, K é a constante de Boltzmann e B é a largura de banda.

��(�� , ) =��(�� , )

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Se a temperatura de interferência estiver abaixo do limiar, o usuário secundário está

liberado para utilizar o canal para fazer sua transmissão. Caso contrário o usuário secundário

deve manter sua potência somada ao ruído abaixo do limiar de interferência.

3.1.2 DETECÇÃO BASEADA EM TRANSMISSOR

Na detecção baseada em transmissor, existem diferentes formas de sensoriamento, umas

mais complexas que outras na questão de tecnologia usada para se fazer o sensoriamento e da

presença de um sinal em uma determinada banda espectral. Geralmente as técnicas mais

usadas na detecção são: detecção por filtro casado, detecção de energia e detecção ciclo

estacionária.

• Detecção por Energia: A maneira mais fácil de fazer o sensoriamento espectral é

realizar a detecção da energia do sinal, que é feito em cima do nível médio de energia

observado nas amostras medidas em um determinado instante de tempo, e analisar se a

relação sinal ruído desse sinal está abaixo ou acima de um limiar pré-estabelecido.

Uma das desvantagens da detecção por energia é que o limiar de detecção depende da

potência do ruído, e por ele ser variante no tempo é difícil medir com precisão em

tempo real.

• Detecção com filtro casado: Tendo a priori as informações do sinal do usuário

primário a detecção com o filtro casado é uma das técnicas mais eficientes. A ação é

composta pela correlação do sinal recebido com a sua réplica no correlator, com isso

irá ocorrer uma maximização da relação sinal-ruído.

Detecção de ciclo estacionário: A detecção ciclo estacionária surgiu da necessidade de

se ter uma maior confiabilidade na detecção dos sinais em relação ao ruído, pelo fato da

detecção por energia ser susceptível a erros. A detecção ciclo estacionária vem da análise das

amostras periódicas do sinal. Todas essas amostras o receptor tem condições de fazer uma

correlação ótima do sinal e conseguir fazer a detecção do sinal transmitido. Esse tipo de

detecção se torna mais robusta contra ruídos e interferências, ao contrário da detecção por

energia que usa o domínio do tempo para fazer suas aferições da energia. O detector de ciclo

estacionário primeiramente faz uma FFT (Fast Fourier Transform) e em seguida faz a sua

análise baseado (A análise – baseadA, o melhor seria: baseando-se) na função de auto

correlação e na densidade de potência desses sinais.

Page 27: Rádios Cognitivos

27

3.1.3 DETECÇÃO COOPERATIVA

A detecção cooperativa vem da troca de informações de múltiplos RCs, onde juntos

podem dar uma maior precisão no momento da detecção do sinal de um usuário primário em

uma determinada banda. Da detecção cooperativa surgiram à solução para os problemas da

percepção do espectro devido às incertezas na detecção do ruído, sombreamento e múltiplos

percursos. Há duas formas de detecção cooperativa, a detecção centralizada e a detecção

distribuída. Na detecção centralizada uma base secundaria reúne as informações dos usuários

secundários e detecta com segurança os espectros vagos. Na detecção distribuída os RCs

devem sempre trocar informação entre eles com o objetivo de sempre estarem de fazerem o

monitoramento, que na detecção centralizada esse processamento de informação era feito

numa central.

3.2 GERENCIAMENTO ESPECTRAL

O gerenciamento espectral é uma etapa que ocorre após a varredura espectral. Nela,

todas as informações obtidas das faixas de frequências vagas são comparadas com as do RC

para que posteriormente seja feita a alocação dos usuários secundários. O RC deverá perceber

as faixas disponíveis para que possa saber como e quando serão ocupadas. Com isso, o RC

poderá transmitir e receber informações numa variedade de frequências de modo a atender aos

parâmetros configurados pelo usuário.

No gerenciamento, outro fator relevante é a qualidade do sinal, que é estipulada por um

conjunto de vários parâmetros, sendo:

• Grau de interferência;

• Perda de propagação;

• Taxa de erro de bit;

• Capacidade do canal;

Assim, se atendidas às necessidades de cada usuário do RC, o acesso ao espectro deverá

ser negociado com os detentores da licença do espectro, se houverem, e só então será liberada

a faixa de frequência para o mesmo.

Page 28: Rádios Cognitivos

28

3.3 COMPARTILHAMENTO ESPECTRAL

O conceito de compartilhamento espectral vem da prática de vários usuários

secundários compartilharem a banda de um usuário primário. Para que isso aconteça, técnicas

de compartilhamento, para usuários licenciados e não licenciado são impostas. No

compartilhamento com usuários não licenciados no domínio da frequência, o RC faz o uso das

faixas de guarda para alocar o usuário secundário. No domínio do tempo os canais de mesma

frequências ficam distantes entre si para manter uma baixa interferência entre eles, sendo

necessário o usuário secundário respeitar o nível de potência para que junto com o ruído não

degrade a relação sinal ruído do usuário principal.

Em contra partida o usuário primário em locais onde seu espectro é ocioso, é leiloado

seu espectro nesse local para que usuários secundários façam o uso desse espectro nessa

região, sem precisar preocupar com o sinal principal.

3.4 MOBILIDADE ESPECTRAL

O RC deverá estar ciente de sua localização geográfica e perceber o que está

acontecendo, quando está acontecendo e sempre que necessário, determinar os parâmetros de

operação apropriados a serem utilizados. Deverá conhecer todas as redes sem fio disponíveis

como: WRANs (Wireless Regional Area Networks), WMANs (Wireless Metropolitan Area

Networks), WLANs (Wireless Local Area Networks). Necessitará ter uma interface de acesso

que compatibilize todos os tipos de tecnologias, respeitando aos protocolos de cada uma. Para

se ter o melhor desempenho do canal, esse sinal sempre terá que se adaptar aos parâmetros

para uma utilização otimizada dessa banda espectral, tais como potência de transmissão, da

frequência da portadora, do tipo de modulação e das operadoras disponíveis, com isso será

obtida uma melhor comunicação. Dando ao usuário a liberdade de escolha por um menor

custo, ou por uma melhor qualidade da ligação. Essa mobilidade dentro da banda espectral

deverá acontecer com a menor latência possível para que não haja degradação na

comunicação.

CONCLUSÃO 4.

Neste capítulo descrevemos a história dos RCs, como surgiram, os estudos e pesquisas

sobre esta nova tecnologia. Demonstramos de forma simplificada o funcionamento de um

RDS, sua aplicação e a importância desta tecnologia para o desenvolvimento dos RCs.

Page 29: Rádios Cognitivos

29

Definiu-se o significado de cognição e mostramos as dificuldades, funcionalidades e

expectativas dos RCs, tendo-se uma idéia clara da importância desta tecnologia, sua aplicação

e os desafios que terão que ser vencidos.

Page 30: Rádios Cognitivos

30

CAPÍTULO 3. DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE RC

Este capítulo trará uma abordagem sobre os desafios para a implementação dos RC,

mostrando as principais dificuldades e possíveis soluções. Um desafio é a necessidade de

trabalhar com largura de faixa relativamente alta se comparada com as tecnologias atuais, o

que exige um sensoriamento em larga faixa do espectro. Para realizar tal sensoriamento, deve-

se levar em consideração elementos como amplificadores, filtros, antenas, conversores A/D e

D/A, técnicas de DSP e FPGA (field programmable gate array). A determinação de quais

softwares e hardwares devem ser aplicados na implementação destes elementos, é uma

questão de total influência no desempenho do sistema. Os elementos deverão ter uma elevada

gama de sintonia, pois o aumento de largura de banda provoca uma degradação da SNR

aumentando as dificuldades de implementação.

As próximas seções deste capítulo tratam-se dos elementos fundamentais para

implementação do RC. Elementos estes que são: DSP, FPGA, componentes adaptativos,

conversores A/D e D/A, filtros, amplificadores, conversores de frequência e antenas.

PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAIS - DSP 1.

O processamento digital de sinais utiliza dispositivos microprocessados que possuem

como especialidade o processamento digital de sinais, dispositivos estes que são capazes de

processar sinais de áudio, vídeo e dados, sendo em tempo real ou não. Como qualquer

processador, seu funcionamento é baseado em operações de adição, multiplicação e

transferência de memória, no entanto possuem algoritmos capazes de executar a uma alta

velocidade, instruções complicadas como operações matriciais, convoluções, FFT (Fast

Fourier Transform) e outros [15]. Outra vantagem do uso de DSP é a sua programação, uma

vez que o dispositivo pode ser programado tanto em linguagem de baixo nível quanto em

linguagem de alto nível. Vale ressaltar que cada família de DSP possui suas próprias

ferramentas de desenvolvimento e sua própria linguagem de baixo nível, que são

disponibilizadas pelo fabricante. Uma maneira interessante de criação de projetos de DSP é

através diagramas em blocos utilizando Matlab, Simulink e LabView desde que se tenha um

compilador compatível para ser usado em conjunto e executar o projeto de maneira

satisfatória [23].

Page 31: Rádios Cognitivos

31

Devido ao baixo consumo de energia, baixo preço e alta velocidade de processamento

que os DSP proporcionam em relação a outros microcontroladores, eles são muito utilizados

nas áreas de telecomunicações. A compressão e descompressão de sinais permitem ao RC

administrar varias chamadas simultâneas. Os filtros digitais permitem maior seletividade do

sinal desejado, possuem a vantagem de serem programáveis, não sofrem alterações com a

temperatura, trabalham bem com sinais de baixa frequência e estão sendo a aprimorados para

trabalharem com altas frequências. Uma característica importante de filtros que utilizam DSP

é a capacidade de se adaptar automaticamente às características de cada sinal, tornando-o um

elemento de grande relevância no processo de implementação de rádios cognitivos [10].

DISPOSITIVO LÓGICO PROGRAMÁVEL - FPGA 2.

O FPGA é constituído basicamente de um chip composto por um conjunto de portas

lógicas programáveis e flip-flops, é configurável por software, mas seu processamento é em

hardware. Pode suportar uma implementação de circuitos lógicos relativamente grandes e

complexos e podem ser aplicados na construção dos filtros digitais utilizados pelo RC. Os

pinos de entrada e saída são conectados em chaves programáveis de modo a permitir uma

reconfigurabilidade do sistema, pois com isso a disposição dos blocos pode ser alterada. Essa

reconfigurabilidade é o ponto chave dos FPGA para a aplicação em RC, pois a realização do

processamento em hardware muitas vezes é mais importante devido ao melhor desempenho e

esse processamento ocorre sem comprometer sua flexibilidade e agilidade [14].

COMPONENTES ADAPTATIVOS 3.

O RC baseando-se em uma plataforma de rádio analógico ajustável necessita de um

fron-end analógico, flexível e ajustável para o tratamento das diversas informações recebidas.

O front-end é a própria plataforma de rádio analógico ajustável, ele é uma interface entre as

informações de rádio recebidas e a plataforma de rádio digital reconfigurável (back-end). Ou

seja, ele é responsável por adequar tais informações à plataforma de rádio digital

reconfigurável para que a mesma possa processá-las. Para que esse processamento seja

possível, os elementos que compõem a plataforma de rádio analógico ajustável como filtros,

LNA (Low Noise Amplifier), AP (amplificador de potência) e as antenas, devem ser ajustados

para conseguir operar com todas as restrições impostas pela plataforma de rádio digital

reconfigurável [18].

Page 32: Rádios Cognitivos

32

A Figura 7 mostra o diagrama básico de uma plataforma de rádio analógico ajustável.

Nesta estrutura, os conversores A/D e D/A fazem parte da plataforma de rádio digital

reconfigurável. Já os filtros, os amplificadores, o sistema de antenas múltiplas ajustável, os

DD (dispositivos duplexing), o CGP (circuito de gerência de potência) e o SI (sintetizador de

impedância) fazem parte da plataforma de rádio analógico ajustável.

Figura 7 - Estrutura básica de um rádio analógico ajustável.

Na Figura 7, o bloco AP é responsável por amplificar o sinal a ser transmitido, esse

bloco será mais detalhado na Seção 3.3 deste capítulo; o DD é usado para separar os sinais de

transmissão dos sinais de recepção, ele exerce o papel de um circulador; o SI é usado para

adaptar as impedâncias das antenas; o CGP realiza o controle do nível dos sinais de saída e o

controle do ganho dos LNA.

As próximas subseções trazem uma abordagem mais detalhada dos conversores A/D e

D/A, dos filtros e dos amplificadores.

3.1. CONVERSÃO A/D E D/A

Conversores AD e DA são usados para converter sinais analógicos em sinais digitais e

digitais em analógicos. A construção do RC só é possível com a utilização de conversores

A/D e D/A de alta reconfigurabilidade. Para isso, esses dispositivos devem ser capazes de

realizar a conversão pelo método da superamostragem, onde amostras do sinal são amostradas

a uma taxa bastante elevada, capaz de digitalizar sinais na faixa de frequência de GHz. Além

da digitalização das amostras em faixas de frequências elevadas, outros obstáculos impostos

por esse hardware no desenvolvimento de Rádios Cognitivos tornaram-se agravantes, como o

Jitter de abertura, ruído térmico, ruído de quantização, distorções, etc. Esses limitantes

Page 33: Rádios Cognitivos

33

aumentam proporcionalmente com o aumento da taxa de amostragem, tornando os

conversores A/D e D/A um dos dispositivos de maior complexidade na configuração de um

Rádio Cognitivo [14].

Uma característica importante em conversores é sua taxa de amostragem que de acordo

com Nyquist, a taxa de amostragem deve ser duas vezes maior que a maior frequência do

sinal original. Sendo o RC um equipamento que trabalha com uma largura de faixa alta, é

notória a dificuldade de se conseguir conversores para operar nesta tecnologia. Problemas

como a capacidade de se obter a taxa de amostragem necessária para a recuperação do sinal

após a sua conversão e processamento que atenda a velocidade que o sistema de RC necessita.

Como o RC recebe diferentes ondas, com frequências de operação distintas e diferentes

larguras de faixa, necessita que se tenha a possibilidade de reconfiguração dinâmica dos

conversores para atender os diferentes sinais que chegam a ele. A taxa de amostragem pode

ser alterada com o uso de um clock de gestão, que é responsável pela geração e

disponibilização de qualquer tipo de sinal de clock. É necessário também que o sinal de clock

gerado esteja sem alterações pois desempenha um papel de extrema importância no rádio,

logo é necessário que este sinal satisfaça o nível de ruído mínimo exigido para o

funcionamento do RC.

Os conversores A/D e D/A aplicados em RC exigem uma monitorização dos parâmetros

relacionados a resolução, taxa de amostragem máxima, faixa dinâmica e distorção de fase.

Portanto nota-se a necessidade de um feedback para que o desempenho dos conversores

atendam as necessidades de transmissão adaptativa exigido pelos RC, sendo então capazes de

se reconfigurar corretamente de acordo com o sinal a ser amostrado e quantizado [18].

3.2. FILTRAGEM ADAPTATIVA

Em sistemas de RC são usados filtros adaptativos para a filtragem dos sinais, isso

devido a sua característica de modificar sua resposta automaticamente para aprimorar seu

desempenho durante o processo de operação. O parâmetro de desempenho desejado de tais

filtros no RC é baixa perda por inserção e excelente rejeição “fora da banda” (out-of-band).

Projetar tais filtros com as tecnologias atuais é uma tarefa desafiante, entretanto há algumas

aproximações bem sucedidas para este objetivo como o filtro ajustável eletronicamente [18].

Estes filtros são implementados usando a tecnologia LTCC (Low Temperature Co-Fired

Page 34: Rádios Cognitivos

34

Ceramics) que é utilizada para a produção de circuitos integrados híbridos, densamente

encapsulados em cerâmica [19].

3.3. AMPLIFICAÇÃO

Quando se fala em comunicação sem fio deve-se levar em consideração que quanto

maior o percurso, maior a degradação do sinal. Os AP são dispositivos utilizados com o

objetivo de amplificar o sinal a ser transmitido fazendo assim com que uma dada SNR

(relação sinal-ruído) desejada chegue a receptores distantes. Basicamente os AP são divididos

em dois grupos: Lineares e não-lineares.

• AP lineares são vantajosos quando o que se procura é uma linearidade de sinais com

vasta gama de valores de amplitude. Por outro lado, tem baixa eficiência energética

limitando suas aplicações em sistemas de comunicação sem fio.

• AP não-lineares podem alcançar uma melhor eficiência energética, mas com uma

péssima linearidade. Essa não linearidade provoca vários problemas como distorção e

produtos de intermodulação.

Uma das soluções para problemas com a ampla faixa dinâmica do sinal é a utilização da

técnica power back-off. Entretanto essa técnica aumenta o consumo de energia e sacrifica a

eficiência do sistema. Outra solução é o uso de técnicas para linearização digitais, que utiliza

algoritmos de linearização para adaptar os sinais a serem transmitidos [18].

Os amplificadores utilizados no processo de recepção de sinais, os LNA, assim como

nos demais sistemas de rádio, devem possuir uma boa FR (figura de ruído). Sua função é

amplificar o sinal recebido, inserindo o mínimo de ruído possível, uma vez que o sinal

recebido possui uma baixa SNR.

Um problema encontrado no processo de amplificação de é que quando se executa a

demodulação simultânea de diferentes sinais, as amplitudes que chegam ao LNA podem

possuir variações consideráveis de amplitude. Logo, a presença de um sinal no receptor com

alta amplitude seguido de outro sinal com baixa amplitude, causará um problema de

amplificação. Pois como LNA amplificará os dois sinais, o sinal com maior amplitude poderá

causar a sua saturação e/ou do conversor A/D. Esse fenômeno é conhecido como “blocking”

que é a impossibilidade de executar a demodulação correta do sinal de mais baixa amplitude

[2].

Page 35: Rádios Cognitivos

35

CONVERSÃO DE FREQUÊNCIA 4.

Os conversores UC (upconverters) e DC (downconverters) são idênticos, então esta

seção será baseada em cima do UC. Um UC básico é composto de um mixer (misturador) em

um software sintetizador de frequência ajustável. Esse misturador deve operar em uma ampla

faixa de frequência de entrada e também é desejável que o misturador tenha uma boa

capacidade de rejeição de frequência imagem. Além disso, as principais características dos

sintetizadores de frequência ajustáveis são ruído de fase extremamente baixo e a alta precisão

dos sintonizadores (tamanho reduzido do passo).

A principal fonte de ruído de fase é o clock de referência, este é gerado a partir de um

relógio ajustável e necessário para gerar sinais de clock com baixíssimo ruído de fase. O

sintetizador de detecção de sinal é geralmente monitorado pelo rádio digital que se certifica se

o sintetizador está travado na frequência desejada. Em caso de emprego de único estágio de

conversão, o oscilador local do sintetizador é necessário suportar uma larga faixa de

frequência.

Alternativamente, os conversores de múltiplos estágios podem ser empregados nos RC.

Com o emprego de múltiplos estágios de conversão, os requisitos mínimos para um bom

funcionamento do mixer e dos sintetizadores de frequência são diminuídos. Por exemplo,

osciladores locais podem ter faixa de frequências menores para converter o sinal para

qualquer portadora de frequência. Além disso, o desempenho do RC pode ser melhorado

através da supressão de harmônicos na saída dos UC com múltiplos passos.[18]

ANTENAS DE FAIXA LARGA 5.

As antenas são componentes essenciais de todo o sistema de rádio. Muitas das antenas

atuais são projetadas para operar em uma largura de faixa específica, entretanto no RC é

importante que a antena tenha características uniformes sobre uma larga escala de

frequências. Ou seja, a antena deve estar preparada para operar nas várias faixas de

frequências fornecidas pelo meio de comunicação. É nesse cenário que entra as antenas

inteligentes, antenas UWB (ultra-wideband) e os sistemas de antena MIMO (Multiple-Input e

Multiple-Output). Essas antenas fazem parte de uma nova gama de antenas reconfiguráveis

que hoje em dia já estão sendo empregadas em sistemas de comunicações atuais e certamente

também serão empregadas nos sistemas RC [18].

Page 36: Rádios Cognitivos

36

As antenas inteligentes (ou smart antennas) reduzem o nível da interferência

significativamente explorando a dimensão espacial. A idéia básica atrás da tecnologia de

antena inteligente é dar forma ao feixe da antena de tal maneira que o lóbulo principal seja

direcionado apenas ao usuário desejado [18]. A implementação deste método de transmissão e

recepção utiliza múltiplos elementos de antenas, onde na recepção cada elemento é acoplado a

um conversor A/D e cada conversor é acoplado a um DSP como mostra a Figura 8.

Figura 8 - Diagrama básico de uma antena inteligente.

O mesmo ocorre para a transmissão, o DSP é acoplado aos conversores D/A e cada

conversor é acoplado a cada elemento da antena. Os elementos da antena são capazes de

reconhecer e explorar o melhor canal de comunicação disponível no momento e adaptar este

canal ao usuário. Esta é a grande diferença em relação às antenas convencionais [20].

Os sistemas de antenas múltiplas são usados para explorar a dimensão espacial do

espectro através de transmissores e receptores múltiplos. Essencialmente, os sistemas de

antenas múltiplas podem ajudar a encontrar oportunidades espectrais e isso ajudará a explorar

inteiramente estas oportunidades aumentando então a capacidade e melhorando a eficiência

do sistema. Em alguns casos, em que uma determinada faixa do espectro não é tão ocupada e

disputada, as antenas múltiplas podem ser usadas para aumentar a taxa de transmissão. Além

disso, estes sistemas podem ser usados para compensar o efeito de sombreamento, a fim de

expandir a cobertura da rede e melhorar a eficiência de potencia [18].

CONCLUSÃO 6.

Neste capítulo foram abordados questões sobre os desafios para a implementação dos

RC, mostrando as principais dificuldades como: a necessidade de se realizar o sensoriamento

Page 37: Rádios Cognitivos

37

espectral em uma larga faixa de frequência; a utilização de DSP e FPGA; a necessidade de

uma alta reconfigurabilidade dos conversores A/D e D/A; as dificuldades de implementação

dos componentes ajustáveis da plataforma de rádio analógico ajustável como filtros,

amplificadores e conversores de frequência; e a necessidade de utilizar antenas com larga

faixa de operação.

Mostraram-se também as possíveis soluções para cada um destes fatores: os conversores

A/D e D/A devem trabalhar utilizando o método da superamostragem e sua taxa de

amostragem deve obedecer ao critério de Nyquist; os filtros devem utilizar a tecnologia de

filtro ajustável eletronicamente que são implementados usando a tecnologia LTCC; os

amplificadores devem utilizar da técnica de power back-off ou da técnica de linearização

digital; os conversores de frequência utiliza a técnica de múltiplos estágios de conversão,com

isso os requisitos mínimos para um bom funcionamento do mixer e dos sintetizadores de

frequência são diminuídos; e as antenas utilizam as tecnologias de antenas inteligentes,

antenas UWB e os sistemas de antena MIMO.

Page 38: Rádios Cognitivos

38

CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES DE RÁDIOS COGNITIVOS

Neste capítulo serão explanadas algumas aplicações do RC, tais como: acesso dinâmico

do espectro, acesso banda larga em regiões de baixa densidade populacional, recursos para

guerra tecnológica, utilização em segurança pública e interatividade com os usuários.

ACESSO DINÂMICO DO ESPECTRO 1.

Atualmente, como já foi abordado, o espectro é dividido a partir de leilões e as faixas de

frequência são designadas a diferentes tipos de serviços para que não haja interferência entre

os sinais transmitidos. Como exemplo pode se dizer que a faixa de frequência é como uma

propriedade privada, isso implica que o proprietário do espectro é o único com poder de

transmissão nesta faixa. A fiscalização deste espectro é feita rigorosamente pela ANATEL

para que não existam sinais interferentes de outros prestadores de serviço degradando o sinal

de direito desta faixa.

Com conceitos de RDS, antenas múltiplas e técnicas com o uso de multiportadoras,

surge uma tecnologia na área de comunicação que tem como principal foco sanar a escassez

do espectro eletromagnético. Tecnologia esta chamada de Rádio Cognitivo. Com o uso de RC

a perspectiva de uso do espectro muda completamente, deixando os proprietários de faixas do

espectro capazes de negociar frequências inutilizadas em determinados momentos em um

mercado secundário. Não existindo assim uma utilização exclusiva da porção do espectro que

possui, aumentando relativamente à possibilidade de novos serviços de comunicação

operando em faixas de frequência que pertenciam a outro serviço. O rádio será responsável

por uma varredura do espectro, sendo o mesmo capaz de adequar o sinal em potência,

modulação e frequência para que seja possível sua transmissão em uma frequência

desconhecida para o gerador primário do sinal. A Figura 9, Figura 10 e Figura 11, mostram

passo a passo a detecção dinâmica do espectro.

Figura 9 - RC alocado em faixa disponível do espectro aguardando solicitação.

Page 39: Rádios Cognitivos

39

Figura 10 - Sinal de TV solicita faixa de espectro disponível ao RC.

Figura 11 - RC libera espectro para o sinal de TV e se aloca em outra parcela.

ACESSO BANDA LARGA EM REGIÕES DE BAIXA DENSIDADE POPULACIONAL 2.

O serviço de banda larga disponível atualmente atende em especial grandes centros

urbanos e suburbanos, não tendo disponibilidade de serviço para população rural e de locais

com pequena densidade populacional. Mesmo em lugares precários que possuem a

disponibilidade do serviço, o custo para o usuário ainda é alto, o que gera uma baixa procura

do consumidor pelo serviço. Para reverter este quadro, pretende-se usar os canais de TV

vagos na faixa de VHF e UHF, ocupando frequências entre 54MHZ e 862MHZ, fornecendo

assim uma possibilidade de implantação de sistemas Wi-Fi (Wireless Fidelity), em áreas

rurais e de densidade populacional baixa.

O uso de canais de TV foi escolhido por manter uma alta relação sinal ruído, esta alta

relação simplifica a detecção do espectro sobre canal ocupado/desocupado, facilitando assim

a escolha do rádio por uma faixa de frequência disponível. Outro fator é que a maioria das

emissoras de TV opera em regime contínuo, não mudando de posição geográfica ou de canal

de frequência facilitando a detecção de faixas livres no espectro de frequência. A Figura 12

mostra uma planta de como seria a utilização de canais de TV para implantação de Banda

Larga e Telefonia em áreas de baixa densidade populacional.

Page 40: Rádios Cognitivos

40

Figura 12 - Reuso do Espectro em Redes Cognitivas.

RECURSOS PARA GUERRA TECNOLÓGICA 3.

Outro campo que pode ser beneficiado com aplicações de RC é o de comunicações

militares, isto ocorre devido as suas características cognitivas e seu alto nível de

reconfigurabilidade. O alto nível de reconfiguração deste tipo de rádio garante uma facilidade

maior nos seus parâmetros de operação.

Um requisito importante a ser dito sobre o RC é sua alta capacidade de sigilo e

confiabilidade da informação, o que para comunicações militares é de grande importância

para se obter uma comunicação segura. Além de confiabilidade o RC pode ser usado para

interceptar sinais de comunicação do inimigo devido as suas funções de sensoriamento.

Atualmente, as comunicações sem fio são de grande valor em áreas de conflito. A

capacidade de se comunicar em sigilo e de destruir a comunicação do inimigo é de muita

importância para as forças armadas. Este tipo de ataque é chamado de Guerra Eletrônica, que

possui como objetivo destruir as comunicações inimigas, quebrar o sigilo das informações do

Page 41: Rádios Cognitivos

41

rival e o mais importante que é garantir uma comunicação segura para a sua base. Estes

pontos podem ser solucionados com o uso da tecnologia RC devido as suas características que

são: capacidade de gerenciar dispositivos que podem impedir um possível bloqueio das

comunicações, ajustes das formas de onda da informação, ajustes na frequência e na potência.

Assim evitando uma possível interceptação do inimigo e aumentando a confiabilidade da

comunicação entre os membros de uma mesma equipe.

UTILIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA 4.

Duas aplicações têm destaque no uso de RC para segurança pública. A primeira é a

capacidade cognitiva do rádio de reconhecer a disponibilidade de espectro e se reconfigurar

para utilização do mesmo proporcionando uma comunicação eficiente. A segunda é o grande

poder de interoperabilidade entre os sistemas de comunicação. Como exemplo pode-se

analisar um cenário de desastre natural, onde acontecesse um problema com as comunicações

de centros de alta prioridade como: hospitais, bombeiros, polícia, governo. Ao reconhecer esta

situação o rádio imediatamente usaria sua capacidade de se reconfigurar para liberar a

comunicação entre estes centros, sendo eles analisados pelo rádio como de alta prioridade.

INTERATIVIDADE COM USUÁRIOS 5.

O mercado de tecnologia hoje em dia está cada vez mais inovador, a interatividade entre

usuário e equipamentos eletrônicos é explorada cada vez mais. A TV Digital, por exemplo, o

telespectador possui recursos de interação como: informações sobre o programa que será

transmitido, compra pelo controle remoto de produtos que são apresentados na programação,

visualiza páginas de internet e troca de informações entre ele e a emissora.

Com o uso da tecnologia RC em aparelhos celulares a interação se tornaria viável, já

que a procura por smartphones e a busca por se manter conectado a internet o tempo todo é

cada vez mais freqüente entre os usuários. O rádio agiria de forma a listar maneiras de

estabelecer a comunicação como: uso de Skype, ligação tarifada, mensagem de texto, e-mail;

oferecendo também informações sobre a qualidade e custo sobre cada serviço de comunicação

disponível. Deixando o usuário responsável, por exemplo, pela escolha de uma comunicação

mais barata ou mais eficiente naquele determinado momento.

Page 42: Rádios Cognitivos

42

CARACTERÍSTICAS DO RC PARA ATENDER AS APLICAÇÕES 6.

Este tipo de rádio possui uma capacidade de alterar sua frequência de operação,

podendo assim aumentar seu desempenho de comunicação, aperfeiçoando o uso do espectro

de frequência. Tem a habilidade de sensoriar sinais de transmissores próximos, conseguindo

assim escolher o ambiente ótimo de operação, possibilitando então a seleção dinâmica de

freqüência. Consegue explorar melhor o uso do espectro devido a sua característica de mudar

a forma de onda do sinal, adaptando a modulação de maneira a deixar o sistema mais robusto

para comunicação. Tem capacidade de controlar a potência de transmissão, transmitindo

potências mais altas quando necessário e restringindo a potência a níveis mais baixos quando

possível, permitindo o compartilhamento do espectro. Determina a sua localização e a de

outros rádios através do reconhecimento de posição geográfica, podendo assim determinar se

é permitido ou não a transmissão de determinados sinais.

Page 43: Rádios Cognitivos

43

CAPÍTULO 5. CONCLUSÃO

Nos dias atuais a preocupação com a melhoria das comunicações, faz com que novas

tecnologias sejam desenvolvidas para que ocorra uma melhora na transmissão de dados, voz e

vídeo. Em 1998, Mitola, baseado em seus estudos propôs uma nova e interativa tecnologia,

que proporcionaria um grande avanço em diversas áreas dentre elas o aproveitamento do

espectro magnético. No entanto outras tecnologias e modelamentos matemáticos foram

fundamentais e de grande valia para que pudesse ser tirados conceitos de aplicação e

desenvolvimento dos RCs. Tais tecnologias como RDS, filtro casado, multiplexação OFDM,

salto de frequência, transformadas de Fourier e outros. Somente então podemos descrever a

cronologia histórica dos Rádios Cognitivos, seus conceitos sobre suas características, seu

funcionamento e suas aplicações.

O RC por ser uma tecnologia recente, tem em seus estudos e pesquisas, a proposta para

ser a solução dos problemas de escassez do espectro de radiofreqüência, na melhoria da

qualidade das comunicações sem fio e na diminuição de interferências entre os dispositivos de

rádios, e como conseqüência, um menor custo pela utilização desse serviço. Mesmo tendo

como base à otimização do espectro de frequência, a implantação dos RCs vai além,

proporcionando para cidades com baixa densidade populacional, onde se têm espectros de

frequências ociosos, serem unidas ao acesso a banda larga entre outros serviços que trará uma

maior flexibilidade e inter-conectividade aos usuários. Sobretudo a tecnologia dos RCs virá

para ser um marco no crescimento da capacidade de tráfego de informação. Onde um passo

errôneo em qualquer parte do sistema pode trazer a tona grandes problemas para os usuários

primários que fazem o uso preferencial desse espectro. Sendo que a tecnologia dos RCs seja

uma tecnologia confiável e inteligente, é possível um avanço em todas as áreas relacionadas a

comunicação.

Page 44: Rádios Cognitivos

44

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