Rádio: ondas da informação
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Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes
RÁDIO Ondas de informação
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São Paulo
2009
Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes
RÁDIO Ondas de informação
Aline Preto
Aline Trevisani,
Carlos Nicola
Eduardo Marcondes
Felipe Watanabe
Fernando Tabone
Gustavo Kume
Taruman de Andrade
Trabalho de graduação apresentado à disciplina
Teoria e Técnica da Publicidade II (CRP426) do
Curso Superior de Comunicação Social com
Habilitação em Publicidade e Propaganda na Escola
de Comunicações e Artes da USP.
Orientador: Prof. Dr. Eneus Trindade Barreto Filho
São Paulo
2009
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
2. HISTÓRIA DO RÁDIO .................................................................................................... 3
2.1. FÍSICA: A GÊNESE DO RÁDIO ............................................................................. 3
2.2. A INVENÇÃO DO RÁDIO ....................................................................................... 4
2.3. A POPULARIZAÇÃO DO MEIO ............................................................................. 5
2.4. HISTÓRIA DO RÁDIO NO BRASIL ....................................................................... 7
2.4.1. OS ANOS DOURADOS .................................................................................. 10
3. CARACTERÍSTICAS DO MEIO .................................................................................. 12
4. LINGUAGEM ................................................................................................................. 13
5. PAPEL PSICOLÓGICO ................................................................................................ 14
6. EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO ................................................................................... 15
7. MATRIZES SÍGNICAS ................................................................................................. 16
8. CUSTOS E FORMATOS.............................................................................................. 17
9. ANÁLISE DOS ANÚNCIOS ......................................................................................... 18
9.1. SAVEIRO VOLKSWAGEN .................................................................................... 18
9.2. PEUGEOT .............................................................................................................. 19
10. DESAFIOS DO RÁDIO .............................................................................................. 20
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 22
12. ANEXOS ...................................................................................................................... 23
3
1. INTRODUÇÃO
Consolidado como um aparelho de nosso cotidiano, o rádio foi pioneiro dentre
as mídias eletrônicas e, assim que popularizado, tornou-se onipresente na rotina de
qualquer pessoa. Muito antes do nascimento da televisão e da internet, o rádio foi a
primeira mídia focada em comunicação que se destacou pela realização tecnológica
e pelas possibilidades de interação instantânea com os ouvintes. Assim,
procuraremos demonstrar como o rádio foi uma mídia essencial para o avanço da
comunicação e passo fundamental para a construção de diversas outras mídias
através de conceituações históricas, análises do meio, de propagandas e, também,
uma discussão sobre os futuros desafios do rádio perante a realidade da era da
informação.
2. HISTÓRIA DO RÁDIO
A história do rádio tem seu início muito antes da atividade radiofônica em si e
está fundamentalmente baseada em décadas de pesquisa, experimentos e
inovações tecnológicas a respeito das ondas de rádio e dos instrumentos capazes
de interagir com elas. Ao longo do século XIX e XX, foram muitos os responsáveis
por trabalhar em função do que viria a se transformar no rádio como o conhecemos
atualmente, e, mesmo hoje, o modo de fazer rádio ainda se desenvolve
continuamente, acompanhando o passo de nossa própria evolução, tanto social
quanto tecnológica.
2.1. FÍSICA: A GÊNESE DO RÁDIO
Durante seus primeiros passos, o rádio era conhecido como "telegrafia sem
fio" visto que era considerado apenas um aprimoramento tecnológico sobre o já
conhecido telégrafo. Sua incapacidade de transmitir voz ou ruídos era determinante
à atribuição desse caráter mais simplista ao rádio.
No entanto, muitas décadas foram necessárias até mesmo para que se
4
desenvolvesse essa tecnologia telegráfica livre de fios. Não existe uma data definida
que indique as primeiras descobertas que culminariam no desenvolvimento do rádio,
porém podemos remontar esse cenário a partir de Hans Christian Ørsted, físico e
químico dinamarquês, que em 1820 realizou um experimento envolvendo uma
bússola e filamentos por onde circulavam correntes elétricas em que provou a
relação entre eletricidade e magnetismo. A partir de então, vários outros indivíduos
estiveram envolvidos em pesquisas envolvendo os dois temas e sua inter-relação.
Os estudos de Michael Faraday, realizados a partir de 1831, sobre os
fenômenos da indução eletromagnética, serviram como base experimental para
pesquisas futuras de outro cientista: James Clerk Maxwell. Maxwell, entre as
décadas de 1860 e 1870, formulou teorias fundamentais sobre a relação entre
eletricidade e magnetismo, mas a comprovação prática de suas descobertas viria
mais tarde, por estudos de Heinrich Rudolph Hertz, durante a década de 1880.
Hertz, através de seus experimentos, provou o que previa a teoria de
Maxwell, tendo sido o primeiro homem capaz de promover a transmissão e recepção
de ondas eletromagnéticas intencionalmente. Ficava provado, também, o fato de
que luz e eletricidade são, em última instância, fenômenos idênticos: manifestações
provocadas pela ação dos campos eletromagnéticos. Em homenagem à Hertz, as
ondas de rádio passaram a ser conhecidas como "Ondas Hertzianas" e a unidade
"hertz" adotada para quantificar a frequência destes tipos de onda.
2.2. A INVENÇÃO DO RÁDIO
Não existe real consenso a respeito de quem seria, de fato, o inventor do
rádio. O título é disputado entre vários indivíduos, sendo que todos eles podem ser
considerados, em menor ou maior nível, co-inventores do sistema por terem
participado na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia que deu origem à prática
da radiodifusão. Entre eles destacam-se Guglielmo Marconi, Nikola Tesla, Alexander
Popov, Jagadish Chandra Bose e Roberto Landell de Moura.
Guglielmo Marconi e Nikola Tesla, no entanto, são os mais reconhecidos
entre estes, sendo que – usualmente – nos EUA o título é atribuído a Tesla e, na
5
Inglaterra, a Marconi. A contestação ao mérito de Marconi dá-se fundamentalmente
pois seu invento está em grande parte apoiado sobre descobertas essenciais
anteriores, como o coesor de Popov e muitas outras invenções cujas patentes são
atribuídas a Tesla. Apesar de tudo isso, a patente sobre o invento do rádio foi
garantida ao italiano em 1896, na Inglaterra, tendo ele, desde então, recebido a
maior parte dos créditos sobre a realização.
Voltado mais à área acadêmica, Tesla apresentava suas descobertas mais
como experimentos do que como aparatos práticos. Diferentemente agia Marconi, o
qual manteve um forte viés prático sobre aquilo que pesquisava, tendo realizado
incessantemente experiências a fim de comprovar e aprimorar a eficácia da
transmissão e recepção de mensagens sem fio.
A despeito das dúvidas, o fato é que o rádio é fruto do trabalho e da
persistência de diversos pesquisadores interessados nas grandes possibilidades
associadas à comunicação sem fio, algo que viria a mudar radicalmente o panorama
comunicacional a partir do início do século XX.
2.3. A POPULARIZAÇÃO DO MEIO
O aprimoramento dos equipamentos e tecnologias envolvidas na prática da
radiodifusão fez com que o rádio deixasse os laboratórios e invadisse gradualmente
o cotidiano da sociedade.
Um momento capital a favor dessa popularização foi a invenção do Alternador
de Alta Frequência, por Ernst Alexanderson entre 1904 e 1906, que, associado a
outros inventos, tornava capaz a transmissão de voz e outros sons através das
ondas de rádio, fazendo da comunicação sem fio algo muito mais interessante,
prático e passível de integração ao dia-a-dia do homem comum.
A Primeira Guerra Mundial foi marcada pelo papel decisivo do rádio como
meio de comunicação, e posteriormente – após o término dos conflitos –, o estoque
remanescente de equipamentos de rádio produzidos pela indústria americana
Westinghouse Electric Co., que seriam destinados à guerra, encontrou seu destino
6
nos lares próximos à fábrica da indústria que regularmente transmitia, via ondas de
rádio, música para os seus trabalhadores e para a vizinhança.
O final da década de 1910 e o início da década de 1920 ficaram marcados
pelo início das atividades de radiodifusão direcionadas ao grande público
(broadcasting). Apesar de ter havido emissoras anteriores, a KDKA - patrocinada
pela própria Westinghouse - foi a primeira estação comercial a ser licenciada pelo
governo dos EUA. A partir de então surgiram diversas outras emissoras comerciais
de rádio, o que estimulou fortemente o uso e a popularização do meio. O avanço
tecnológico permitiu o barateamento dos equipamentos, tanto de produção quanto
de recepção das ondas de rádio, colaborando, também, para a difusão da atividade.
Entre 1920 e 1950 o rádio viveu sua idade áurea, tornando-se a principal
fonte de entretenimento dos lares em grande parte do mundo onde as transmissões
de rádio se faziam presentes.
Um marco de grande importância para o rádio data de 1933, quando Edwin H.
Armstrong apresentou ao mundo o conceito de freqüência modulada (FM) associado
à transmissão radiofônica. A prática que antes se valia do conceito de amplitude
modulada (AM) ganhou um companheiro que garantia maior fidelidade e qualidade
na transmissão de ondas de rádio; isso porque ao invés de trabalhar o envio de
ondas através da mudança na amplitude destas – que assim ficavam mais
facilmente dispostas a interferências –, trabalhava este envio com mudanças no
valor de freqüência das ondas, estas que sob esse sistema oscilavam com maior
intensidade e carregavam maior quantidade de energia. O ponto fraco do sistema
FM, no entanto, reside no fato de que seu alcance é muito mais limitado do que o do
sistema AM: enquanto o primeiro (sem o uso de replicadores) possui alcance
limitado à linha do horizonte visível, o segundo pode alcançar enormes distâncias
devido à sua interação entre o solo e camadas da atmosfera através de fenômenos
eletromagnéticos reflexivos.
Apesar de tantas vantagens e da já habituação da população com o meio, o
rádio passou a perder importância a partir da década de 1950 quando a televisão
passou a ganhar espaço e a competir com o rádio, levando vantagem nesta disputa
por associar o estímulo visual ao já presente estímulo sonoro. Nos EUA, só 0,5%
7
dos lares possuía um aparelho televisor em 1946, número que saltou para 90% a
19621.
O meio, no entanto, está ainda fortemente presente em nosso dia-a-dia,
sendo impossível ignorá-lo como um fundamental e diferenciado meio de
comunicação.
2.4. HISTÓRIA DO RÁDIO NO BRASIL
A primeira transmissão de rádio verificada no Brasil ocorreu durante as
festividades do centenário de independência do País, onde foi instalada a Exposição
Nacional; uma série de pavilhões contendo diversos eventos objetivando demonstrar
o avanço tecnológico do Brasil, assim prosperidade e modernidade. Puderam ser
ouvidos os discursos do presidente Epitácio Pessoa (então presidente da República)
e trechos da opera O Guarany, de Carlos Gomes que estava sendo apresentada no
Teatro Municipal.
O rádio brasileiro era privado, mas ao mesmo tempo subordinado ao governo,
responsável pela liberação de concessão para o funcionamento das emissoras. De
inicio, as rádios formavam-se em torno de sociedades, que recebiam colaborações
financeiras de seus membros. Até então essa era a única fonte de renda das
emissoras. Para a programação musical, tais rádios recebiam doações de discos de
seus ouvintes e associados, que depois eram citados durante a transmissão.
A primeira emissora oficial de transmissão de rádio em território nacional foi a
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada em esforços conjuntos por Roquette
Pinto e Henrique Morize com pretensões de uma programação estritamente cultural
e educativa. Podemos destacar que as emissoras paulistas e cariocas tiveram uma
posição de destaque no cenário radiofônico nacional, refletindo a realidade sócio-
econômica do Brasil.
Uma das dificuldades da implantação do rádio em território nacional foi a
escassez de aparelhos receptores, importados e caros, incompatíveis com a
realidade social do país. Diante da falta de verbas e de ouvintes, as emissoras
limitavam a sua programação para o início e o final do dia.
1 http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_television
8
No que diz respeito à publicidade, o principal problema era a falta de uma
clara regulamentação envolvendo os chamados reclames. O decreto lei número
16.657 (15.11.1924) dizia que “O Governo reserva para si o direito de permitir a
difusão radiotelefônica (broadcasting) de anúncios e reclames comerciais”. Mesmo
diante de tal proibição, as emissoras ainda podiam ter seus programas patrocinados
por grandes companhias, tendo seu nome citado durantes as transmissões. Porém,
tal oportunidade de erguer fundos era limitada pela descrença corrente na sociedade
da época quanto à eficácia do rádio como um veículo capaz de estimular o consumo
e atrair novos clientes.
Nos Estados Unidos o rádio rapidamente passou a ser o veículo receptor de
maior parte da verba publicitária. E essa experiência foi trazida ao Brasil aos poucos,
por meio da instalação de agências norte-americanas e empresas multinacionais no
país, inevitavelmente estimulando o investimento no meio rádio.
Figura 1 – Criação das emissoras de rádio 1923-1940 (CALABRE, página 15)
A turbulenta estrutura política observada no país principalmente durante a
década de 1920 também foi um fator que impediu um maior desenvolvimento do
meio radiofônico. No contexto de diversos confrontos políticos envolvendo revoltas
armadas, o rádio era um poderoso aliado de qualquer grupo que conseguisse sua
utilização. Para evitar qualquer tipo de problema em 1924 o governo emitiu um
decreto determinando que toda informação de caráter político deveria obter
permissão dele para serem divulgadas.
Podemos destacar o poder político do rádio citando sua utilização na
Revolução Constitucionalista de 1932. Rádios que antes transmitiam em conjunto,
como a Philips, do Rio de Janeiro e a Record, de São Paulo, passaram a transmitir
sua programação separadamente, ocupando campos opostos na batalha instaurada.
9
As emissoras empenhavam-se em desqualificar qualquer informação dada pelo
“inimigo”.
Várias formas de tentar atrair a atenção dos públicos para o rádio foram
executadas. Uma delas foi colocar alguns alto falantes em pontos da cidade, de
modo a transmitir o que se escutava no próprio rádio.
“Em 1927, em São Paulo, por exemplo, a Rádio Educadora Paulista, conhecedora do
interesse dos seus ouvintes pelos jogos de futebol, transmitiu do Rio de Janeiro para
São Paulo uma partida do campeonato brasileiro entre paulistas e cariocas. Para
permitir que um número grande de ouvintes pudesse acompanhar a façanha, foram
instalados alto-falantes na Sorveteria Meia Noite, na Ladeira Brilhante em frente à
sede do jornal A Gazeta. No dia seguinte, os jornais publicavam fotos e comentários
das multidões que se reuniam nos três locais para ouvir a transmissão. Era uma
forma de atrair a atenção da população para as potencialidades do rádio.”
(CALABRE, 2004)
Em 1931 e 1932 o então presidente Getúlio Vargas promulgou dois decretos
que liberavam, no máximo, 10% do total da programação veiculada para espaços
comerciais. Também nestes decretos, o programa “a Hora Nacional” foi designado
para ser retransmitido por todas as emissoras do país, claramente sendo mais uma
utilização política do rádio. Também durante o governo de Vargas, mais
especialmente na época do Estado Novo, a censura era regra e censores eram
destacados para ouvir as emissoras e emitir seus pareceres quanto à programação.
O universo que envolvia o rádio pode ser comparado ao que é hoje o da
televisão. Era um lugar reconhecido pela fama e pela ascensão social, porém, ao
mesmo tempo, local dos marginais, proibido às pessoas “de família”. A prática do
“rádio-vizinho” também era conhecida na época; famílias que possuíssem aparelhos
de rádio partilhavam o aparelho com os vizinhos para que acompanhassem parte da
programação. Vários estabelecimentos comerciais mantinham os aparelhos ligados
o dia inteiro como forma de atrair a clientela.
Mesmo com o desenvolvimento tecnológico observado na década passada, o
país entrou na década de 1940 com uma visível desigualdade no que diz respeito a
posse de aparelhos radiofônicos.
10
Figura 2 - Domicílios com rádio - Brasil (CALABRE, página 27)
Figura 3 - Domicílios com rádio – Distrito Federal - na época, Rio de Janeiro (CALABRE,
página 28)
Dispensando a descrença inicial, o rádio foi um ótimo veículo para divulgação
de novos hábitos de consumo em todo o país. A ligação deste para com o mercado
pode ser facilmente observada a partir dos nomes dos programas: Radio Almanaque
Kolinos, Acontecimento Aristolino, Repórter Esso e Cancioneiro Royal.
2.4.1. OS ANOS DOURADOS
A Rádio Nacional do Rio de Janeiro estreou suas transmissões em 12 de
setembro de 1936. Era mais um empreendimento do capitalista norte-americano
Percival Farquhar, que era dono também do jornal A Noite e das revistas Carioca, A
Noite Ilustrada e Vamos Ler. Além de transmissores mais potentes, a rádio possuía
um corpo de profissionais de alto nível.
11
A Nacional permaneceu como a emissora de maior penetração e audiência
por todo país na era de ouro do rádio. Especialmente durante o período
compreendido entre os anos de 1945 e 1955 tornou-se uma espécie de referência,
sendo seu modelo seguido por rádios em todo país.
O modelo de programação do rádio brasileiro, desde sua criação e vigorando
até meados da década de 1960 se baseava em quatro núcleos: a música, a
dramaturgia, o jornalismo e os programas de variedades
As telenovelas em especial deveriam conter uma temática simples que
sensibiliza-se o ouvinte, promovendo o consumo do universo imaginário. Um
exemplo de uma rádio-novela que gerou uma grande repercussão foi a “O direito de
nascer”, um drama cubano. Possuía uma audiência tão grande que nos seus últimos
capítulos as lojas fechavam mais cedo, as partidas de futebol mudavam de horário e
até os cinemas começavam suas sessões mais tarde, após a transmissão da
novela. É interessante observar que, na televisão, a novela não obteve tanto
sucesso quanto sua versão radiofônica. Ao longo da década de 1950 as novelas
foram migrando para a televisão e paulatinamente desaparecendo do rádio.
No setor musical, o grupo de maior destaque junto à população era composto
por cantores populares. A maioria das apresentações era feita em programas ao
vivo e com a presença de auditório. Um ato comum era o lançamento de marchinhas
populares por meio de tais programas, desse modo testando e verificando sua
aceitação por parte do grande público.
Em se tratando do radio jornalismo, inicialmente os noticiários eram extraídos
dos jornais escritos; as emissoras limitavam-se a comentar o que já havia sido
previamente noticiado pela mídia impressa. A partir do crescimento do setor
radiofônico, as emissoras iniciaram seus próprios noticiários. Dentre vários
programas jornalísticos podemos destacar o Repórter Esso.
O Repórter Esso foi produzido pela McCann-Erickson, contratada pela
Standard Oil. O noticiário era abastecido pelas notícias vindas da United Press
International – UPI, seguindo os padrões norte-americanos. A voz escolhida foi a de
Heron Domingues, que permaneceu em seu posto até a década de 1960. Com o
objetivo de atingir a quase totalidade dos ouvintes brasileiros, a McCann-Erickson
12
escolheu os principais centros urbanos para a transmissão do programa. O noticiário
era “o primeiro a dar as últimas” e a “testemunha ocular da história”. Possuía quatro
emissões diárias com cincos minutos de duração cada. Segundo Calabre (2004): “o
programa foi um dos principais responsáveis pela criação do hábito cotidiano de se
ouvir noticiários, por transformar em necessidade a prática de manter-se informado”.
De outro lado, havia os programas humorísticos, que normalmente eram
escritos na forma de crônica, retratando e criticando o cotidiano. Um desses
programas era o Balança mas não cai, uma sátira do cotidiano dos moradores de
um edifício.
No final da década de 1950, com o advento da televisão o rádio teve de iniciar
uma reformulação em seu quadro de programas. Dividir a verba publicitária com o
meio recém surgido não era fácil e o rádio foi perdendo progressivamente seu cast
de atores e atrizes. Vários programas radiofônicos foram passando para a televisão
e, ao mesmo tempo, ensinando aos novos profissionais o processo de produzir e
televisionar.
3. CARACTERÍSTICAS DO MEIO
O radio obedece a características específicas que o tornam um meio de
grande relevância na atualidade. Sua oralidade confere ao meio a possibilidade de
contato mais intimista com a audiência contribuindo, assim, para o estabelecimento
de uma comunicação mais próxima e emocional com o público.
Em meio ao contexto midiático atual o radio apresenta-se como uma
ferramenta de extrema relevância e imediatismo à medida em que permite o acesso
continuo e em altíssima velocidade à informação. Nesse sentido coloca-se, em certa
medida, como um concorrente direto da internet. Ganha, no entanto, um escopo
totalmente diferenciado na medida em que é responsável pelo desenvolvimento de
uma relação emocionalmente mais próxima com a audiência. Não se pode deixar de
citar, ainda, contextos modernos como o apagão ocorrido no inicio de novembro em
que a ausência de energia elétrica tornou o radio não apenas o mais importante
meio de comunicação em atividade, mas, sim, o único capaz de fornecer
informações à população de inúmeros estados brasileiros atingidos pelo evento.
13
Tendo em vista que o público majoritário desse meio encontra-se em transito
ou com parte de sua atenção desviada (aspecto que caracteriza e reflete o contexto
moderno de interação com o meio), a informação, necessita de paradigmas e
estruturação específicas. O radio não assume, portanto, os mesmo parâmetros de
jornais impressos, por exemplo, já que atrela-se fortemente à diversão como recurso
intrínseco e indispensável para a manutenção da atenção do público.
Vale ressaltar, ainda, que o meio pode ser entendido como naturalmente
inclusivo à medida que necessita da participação pública como modo de manter a
interatividade e atenção do público em geral.
O radio possui em sua natureza a capacidade de dar voz a população abrindo
o dialogo midiático de forma democrática e financeiramente acessível à população
de baixa renda, já que necessita de baixos investimentos contínuos e iniciais.
4. LINGUAGEM
Devido à natureza especifica do meio a linguagem apresenta-se não apenas
como a ferramenta de comunicação entre o locutor e, portanto, a equipe responsável
por programas e mídias voltadas a esse meio, como também como o grande ponto
de contato e reconhecimento entre audiência e locutor.
A percepção inicial de todo e qualquer programa desenvolvido e produzido
para tal meio, advém da interação inicial com a linguagem, voz e temática abordada
pelo locutor e, desse modo apresenta-se como de suma importância para a
efetivação de uma relação profunda entre meio e públicos. E, sendo assim,
necessita de um cuidado especial de modo a garantir o melhor aproveitamento
desse medium.
Alguns dos aspectos imprescindíveis à essa características possuem
finalidades específicas:
linguagem simples e direta - como já mencionado é a clara responsável pela
efetividade e acuracidade do relacionamento entre locutor e audiência.
14
repetição de conceitos – a repetição continua e sistematizada de conceitos e
mensagens específicas é de extrema importância para a fixação da
informação, visto que grande parte da audiência do meio encontra-se em
meio à atividades diversas e, portanto, com sua atenção e foco divididos com
outras atividades.
dinamicidade – esse aspecto é de extrema importância para a manutenção do
interesse do público no contexto moderno, visto que, sendo um meio
naturalmente limitado (à medida que estimula e utiliza-se de um único
sentido) necessita do contato constante a fim de minimizar as possibilidades
de monotonia e aumento do desinteresse.
expressão natural – a expressão e colocação dos locutores envolvidos em
dado programa ou emissora é responsável pela identificação com dado
público que deve, naturalmente, identificar-se com esse espaço claro de
interação e de efetivação de toda e qualquer discussão estabelecida na
esfera pública da sociedade.
Sendo assim, pode-se entender o radio como um meio que,embora dinâmico,
possui alta dependência da oralidade e, portanto, do locutor que apresenta-se como
a figura central do relacionamento com um público específico.
5. PAPEL PSICOLÓGICO
O radio possui um importante papel psicológico nas relações sociais
estabelecidas no espaço publico. O contato intimista estabelecido através desse
meio é responsável por um forte envolvimento emocional com o locutor e a
programação.
O radio, por privilegiar o uso de um único sentido para o estabelecimento da
comunicação, favorece e estimula de forma constante o uso da imaginação e do
subconsciente, aspecto que contribui para o entendimento da relação intima e
pessoal estabelecida com as figuras que representam o ponto de contato com o
meio, os locutores. Um grande exemplo da intimidade estabelecida através do meio
é o desenvolvimento natural de diálogos estruturados e contínuos com essa figura.
15
Tais características devem ser entendidas como uma possibilidade de
interação e intimidade com a audiência pretendida de forma muito mais efetiva e
clara do que a permitida por qualquer outro meio de comunicação. O radio, portanto,
quando bem utilizado, cumpre o papel de aproximador entre anunciantes diversos e
seu target.
Parte desse envolvimento se dá, obviamente, através e a partir do próprio
locutor que, em geral, apresenta características específicas que contribuem para a
identificação, aproximação e companheirismo desenvolvidos. Devo citar, como
maiores destaques dessa relação a altura da voz (sempre em um tom agradável e
aberto), a dicção (responsável pelo entendimento claro de todas as colocações),
interpretação e concisão dadas pelo próprio locutor à textos e noticias (é o caráter
humanizador do meio e de sua interface), o nível cultural (que deve, invariavelmente,
aproximar-se do nível de sua audiência, aumentando a possibilidade de
identificação) e a segurança com que se apresenta (fator indispensável ao
estabelecimento da relação de confiança mutua estabelecida).
6. EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO
Tendo em vista o formato específico do radio, o meio necessita, claramente,
de uma estrutura clara e concisa para a exposição e priorização de conteúdos.
Dessa forma, alguns aspectos técnicos devem ser apontados como indispensáveis à
efetivação de uma comunicação clara com a audiência.
A hierarquização da informação, por exemplo, obedece à preocupação e
critérios específicos: as noticias de maior importância devem ser, invariavelmente,
apresentadas no inicio ou final de cada programa, uma vez que esses são os dois
momentos de maior destaque da programação. Além disso, a compreensão da
mensagem transmitida liga-se de forma estreita ao lead anunciado, uma vez que seu
impacto determina a captação da atenção e curiosidade do ouvinte ou não.
Em um meio exclusivamente oral, a música assume um papel diferenciado e,
além de diversão, passa a representar uma interrupção de mensagens que permite
a alteração de temas, focos e até mesmo opiniões sem gerar estranheza ou
confusão por parte dos ouvintes.
16
Tendo em mente todas as características do meio e a necessidade captação
da atenção do ouvinte torna-se imprescindível o entendimento da importância de
cada noticia e/ou mensagem de modo à hierarquizá-la corretamente, mantendo o
nível e a qualidade de informação intactos ao longo da programação.
7. MATRIZES SÍGNICAS
Serão usados para análise das matrizes sígnicas da mídia rádio estudos que
enriqueceram a teoria semiótica greimasiana, que apenas despendia seus esforços
no entendimento da geração de sentido no plano do conteúdo, deixando de lado o
papel do plano da expressão nesse processo.
Como as ferramentas de análise utilizadas pela semiótica francesa no plano
do conteúdo são universais (é possível usá-las independentemente da mídia
estudada), este trabalho se dedicará a entender a veiculação de sentido no rádio por
meio da análise de seu plano da expressão.
Partindo dos conceitos de significado e significante, criados por Saussure
para o estudo da palavra (dicotomia de que Greimas se apropriaria para a criação da
semiótica de linha francesa), os discursos podem ser entendidos como signos
formados pela conjunção do plano do conteúdo com o da expressão. Este pode ser
dividido, tendo em mente o objeto aqui estudado: o rádio, em expressão verbal e
não-verbal, as quais, por sua vez, abarcariam, respectivamente, as seguintes
instâncias:
1. VERBAL: instância verbal falada;
2. NÃO-VERBAL: instância musical.
A instância verbal falada apresenta as seguintes diferenças prosódicas a
serem analisadas no radio (CARMO Jr, 2002):
1. Altura: grave x agudo;
Duração: longo x breve;
Intensidade: forte x fraco; e
17
Aceleração: acelerado x desacelerado.
A instância musical pode ser estudada de acordo com três categorias (TATIT,
1994):
2. Tematização (andamento rápido);
Passionalização (andamento lento); e
Figurativização (ruído - sonoplastia).
Espera-se que uma boa utilização do plano da expressão, além de expressar
o sentido gerado no plano do conteúdo, reforce-o e, mesmo, agregue-lhe novos
significados, pois, “Colocando uma camada sensível (função emotiva) sobre a
superfície inteligível (função referencial) [...], os oradores nos emocionam”,
explorando “a arte da música que subjaz em cada palavra”.
O que será feito na análise das duas propagandas escolhidas é confirmar a
existência dessa relação não arbitrária (semi simbólica) entre o plano da expressão
e do conteúdo, gerando o signo – gerando sentido.
8. CUSTOS E FORMATOS
A rádio é uma mídia que precisa de muita freqüência para que o seu alcance
seja realmente eficaz, por esse motivo mesmo que o valor médio unitário da
inserção seja baixo, o custo total de uma programação de rádio acaba sendo maior
do que uma programação de outras mídias.
Devido à proximidade com o target a rádio é uma mídia muito utilizada para a
veiculação de propagandas. Existe uma grande diversidade de formatos onde é
possível divulgar determinada marca ou produto. A inserção na rádio pode ser
chamada de Spot ou texto cabide. Chamamos de Spot a veiculação que o material
já vem pronto da agência ou do cliente, as emissoras precisam apenas veicular o
material nos horários programados. O texto cabide é o nome que é dado à
veiculação que a agência passa apenas o roteiro para o apresentador da rádio
gravar com a sua própria voz, esse tipo de veiculação é mais caro na medida em
que a influência do apresentador trás credibilidade à marca.
18
A duração dos Spots de rádio é variada, os spots podem ser de 15, 30, 40 e
60 segundos. Geralmente, as tabelas das rádios têm o custo de 30 segundos e
índice de conversão para que seja feito o cálculo (exemplo tabela anexa da rádio
105 FM). O merchandising, que é comum na televisão, também pode ser feito na
rádio, ele é chamado de testemunhal podendo ter a duração de 60 ou 120
segundos. Além dos spots e dos testemunhais, existem outros tipo de ações que
podem ser feitas nas emissoras de rádio, como os patrocínios e as blitz.
9. ANÁLISE DOS ANÚNCIOS
9.1. SAVEIRO VOLKSWAGEN
Nessa propaganda, há um primeiro narrador que, depois de respirar fundo,
começa a listar, em alta velocidade, uma série de objetos que, apesar de à primeira
vista serem do gênero „turismo de aventura‟ (bote, tenda, balão de oxigênio etc),
pertencem a agrupamentos variados (cama elástica, skate, cachorro, carneiro,
trombone, casa de cachorro etc). Após essa primeira listagem, enquanto o primeiro
narrador toma fôlego novamente, um segundo, numa velocidade de fala contrastante
com a anterior (dicotomia), anuncia: “Nova Saveiro Volkswagen. Carregada de
aventura”. Quando o segundo narrador termina a frase, o primeiro já retomou o
fôlego e começa, mais uma vez em alta velocidade, uma nova listagem: agora de
objetos de um mesmo gênero: as características do carro (censor de
estacionamento, nova suspensão, gancho deslizante, porta da caçamba com chave
etc).
É evidente na propaganda que seu tema principal é o tamanho do carro. A
nova Saveiro Volkswagen é um carro grande (valor positivo), que, além de suas
várias funcionalidades (segunda listagem), tem a capacidade de carregar uma série
de objetos (primeira listagem). Isso, no entanto, em nenhum momento do anúncio é
afirmado literalmente. A essa conclusão é possível chegar, porém, principalmente
por meio da diferença prosódica aceleração x desaceleração.
O significado dos objetos listados em si não diz nada sobre o tamanho do
carro e não há, com certeza, justamente pela alta velocidade em que são
apresentados e pela curtíssima duração do anúncio, a intenção do enunciador de
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que o ouvinte os tente distinguir. O que garante a relação do veículo Saveiro com a
categoria grande espaço é a listagem desse grande número de objetos em alta
velocidade. São tantas coisas que o primeiro narrador tem de tomar fôlego para
apresentá-las aos ouvintes em 30 segundos. É sugerida uma relação entre muitos
objetos, grande espaço e alta velocidade. É sugerida uma relação entre o tema
grande espaço (figurativizado pelos vários objetos listados), no plano do conteúdo, e
entre a característica aceleração, no plano da expressão. Ou seja: está-se diante de
uma relação não arbitrária (semi simbólica), gerando sentido.
No único momento em que há uma desaceleração na propaganda, para o
segundo narrador apresentar o produto anunciado com a sugestiva chamada:
“Carregada de aventura”, a intenção é que o ouvinte se concentre no conteúdo
narrado e possa o distinguir. Logo em seguida, o primeiro narrador inicia, novamente
em alta velocidade, a listagem das várias funcionalidades do veículo, o que também
sugere seu grande porte.
Conclui-se, então, que a propaganda da Saveiro Volkswagen utiliza de forma
competente a linguagem própria da mídia rádio, conseguindo, em 30 segundos, por
meio do inusitado numa propaganda da listagem em alta velocidade de uma grande
quantidade de objetos, chamar a atenção de um enunciatário que, no caso do rádio,
geralmente, além de ouvi-lo, está fazendo outras atividades; e conseguindo
transmitir-lhe uma simples mensagem: a nova Saveiro Volkswagen é um carro
grande, que pode carregar muitas coisas. Tudo isso feito graças ao sentido
agregado pelo plano da expressão, que, assim, deixa de ser simplesmente o suporte
do que é gerado no plano do conteúdo.
9.2. PEUGEOT
O comercial da Peugeot é um exemplo de spot de rádio mal executado. Nele
observamos uma propaganda de rádio tipicamente adaptada de um comercial
televisivo regional. São passadas duas ofertas de modelos diferentes (Peugeot 206;
Peugeot 307) e não ocorre repetição das informações, fato necessário nesse gênero
de propaganda radialística.
O spot selecionado não consegue realizar nenhuma ligação com o ouvinte,
falhando em prender sua atenção. Ele cai, no que podemos chamar, de propaganda
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clichê do rádio: Utiliza uma música na trilha sonora sem relação com o conteúdo da
propaganda, tenta atrair a atenção com números e promoções trazendo o
consumidor ao produto/serviço e utiliza um tom “animado” para tentar realizar uma
ligação com o público alvo.
No entanto, temos um spot que falhou em conseguir captar a atenção do
ouvinte. E, mesmo se conseguisse, o ouvinte ficaria confuso com o excesso de
dados são passados em trinta segundos. São expostas duas promoções totalmente
diferentes e complexas, passando características do produto, os motivos e
vantagens de compra e condições e preço.
Em relação à propaganda da Saveiro, que consegue prender atenção do
consumidor para o spot e para o produto, deixando as informações concretas e
factuais em um plano secundário, o comercial da Peugeot situa-se em um patamar
mais baixo pois falha tanto em prender a atenção quanto em passar informações do
modo claro.
Finalizando, vemos que a linguagem e a mídia do rádio não foi devidamente
utilizada no spot da Peugeot, falhando em atingir as expectativas do anunciante e do
ouvinte. O uso de formatos típicos da mídia televisiva no rádio, infelizmente, ocorre
frequentemente no Brasil. No entanto, graças a diferença de linguagem entre as
mídias (televisiva trabalhando com o som e com a imagem enquanto o rádio utiliza
somente o som), os efeitos que causam no público são totalmente distantes e,
frequentemente, causam resultados insatisfatórios como o estudado.
10. DESAFIOS DO RÁDIO
À primeira vista, os obstáculos por que o rádio tem de passar para se manter
como mídia atuante no contexto do mundo globalizado são enormes: após conseguir
sobreviver ao surgimento da televisão, depara-se com a concorrência da Internet,
tão interativa e móvel quanto ele. Justamente essas características em comum,
porém, é que podem fazer com que o rádio se adapte melhor ao desenvolvimento
dessa nova mídia, seguindo sua evolução.
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A necessidade da obtenção de informação em tempo real (cuja satisfação o
rádio já oferecia antes do surgimento da internet) é cada vez mais urgente no mundo
de hoje. E o rádio, seja por meio de um aparelho próprio, do site de alguma
emissora na internet ou do aparelho celular, pode continuar satisfazendo-a com
alguns diferenciais: a confiança na fonte, possível graças à consciência de que
existe uma equipe trabalhando, na emissora ou na rua, em busca de notícias, não só
globais, mas locais; a comunicação oral (musicada ou não), mais humana e próxima
dos receptores do que a comunicação verbal escrita; e a possibilidade de
comunicação e interação em contextos em que o acesso à informação por meio do
texto escrito ou audiovisual na internet ainda é difícil (dentro do carro e no ônibus,
por exemplo).
A humanidade e a sugestão de direcionamento exclusivo da mensagem
radiofônica para cada ouvinte em particular também são características que outras
mídias ainda não apresentam tão eficientemente quanto o rádio. Com carisma,
tornando acessível, atrativa e agradável a comunicação, seu locutor parece estar
dialogando com cada destinatário, que pode, de fato, participar da transmissão e
contribuir com seu conteúdo, tendo a certeza de que sua informação está sendo
recebida, não só pelo radialista, mas por outros ouvintes (o que, às vezes, não é
muito claro na interação via internet). Interessante notar que essa participação hoje
é levada a cabo com ferramentas dos novos meios: SMS, ligação pelo celular,
mensagem por e-mail etc. Ou seja: aquilo que aparentemente surgiria para inutilizar
o rádio acaba potencializando suas funções.
Portanto, assim como o rádio acabou complementando com suas
características próprias a ação comunicativa da televisão (e vice-versa), a internet
também irá assimilá-las (e vice-versa), potencializando a função inerente a todas
essas mídias: comunicação.
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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://www.ipv.pt/forumedia/4/16.htm>. Acesso em: 20 nov. 2009.
CALABRE, L. A Era do Rádio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2004.
CARMO Jr, J. R. Plano da expressão verbal e musical: uma aproximação
glossemática. São Paulo, 2002. Dissertação (Mestrado) – FFLCH, USP.
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Professional, 1990.
GARRAT, G.R. M. The early history of radio: from Faraday to Marconi. Herts:
IET, 1994.
MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. 8. ed.
Cultrix, 1996.
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Marketing. Disponível em <http://www.ipv.pt/forumedia/f2_idei6.htm>. Acesso em:
20 nov. 2009.
PEREZ, C. & BARBOSA, I. S. Hiperpublicidade 1. Fundamentos e interfaces. São
Paulo, 2007.
PEREZ, C. & BARBOSA, I. S. Hiperpublicidade 2. Atividades e tendências. São
Paulo, 2007.
SANTAELLA, L. Matrizes da Linguagem e do Pensamento. São Paulo: imago,
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TATIT, L. Semiótica da canção. São Paulo: Escuta, 1994.
Wikipedia.org. History of Television . Disponível em
<http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_television>. Acesso em: 22 nov. 2009.
Wikipedia.org. History of Radio .Disponível em
<http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_radio>. Acesso em: 22 nov. 2009.
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12. ANEXOS
Tabela de preços da Rádio 105FM