Racismo ótimo
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REFLEXÃO, AÇÃO E EDUCAÇÃO:
REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS www.icsh.com.br/revista
ISSN: 2316-5936
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DISCRIMINAÇÃO RACIAL: a visão do professor mediante o
racismo na escola
Alex Leonardo Ribeiro1
“A indiferença moral em relação ao destino social dos
indivíduos negros é tão generalizada que não ficamos
constrangidos com a constatação das desigualdades raciais
brasileiras.” (Sales Augusto – artigo,Salto para o futuro).
RESUMO
Nesta pesquisa irei retratar o preconceito, racial nas escolas e as conseqüências daquelas/es
que sofrem com esse tipo de estigma e segregação por motivo étnico-racial, dentre tantas
questões imbricadas que coadunam juntas no contexto escolar na inclusão e na exclusão de
alunas/os. Partimos do pressuposto que essa problemática – Como o professoras/es atuam na
prática docente mediante preconceito racial no âmbito escolar? – faz parte do nosso
cotidiano e que de certa forma afeta a relação entre alunas/os e professoras/es e também
afeta o desenvolvimento de alunas/os que sofrem com esse tipo de exclusão, preconceito
racial. Como objetivos de pesquisa pretendo investigar, quais os ações educativas e
afirmativas que professoras/es executam em sua prática pedagógica para combater o
preconceito racial em sua unidade escolar; analisar como os docentes percebem, notam,
experimentam e atuam junto a realidade do preconceito racial. Para realizar essa pesquisa
proponho uma abordagem qualitativa e como instrumento utilizei entrevista, observação de
campo e diálogos informais. Essa abordagem deve ser feita coerentemente, sendo um estudo
construído, mediante as leituras feitas pelo pesquisador e as práticas empíricas da
comunidade pesquisada, dessa forma, essa unificação requer equidade e equilíbrio para
resultado encontrado e soluções de problemas a serem resolvidos.
Palavras Chave: Discriminação, preconceito racial, prática pedagógica.
ABSTRACT
This research will portray the prejudice, racial schools and the consequences of those / s
who suffer with this type of stigma and segregation by ethnic-racial reason, among many
issues that are consistent intertwined together in the school context on inclusion and
exclusion of students / the. We assume that this problem - How do teachers / s work on
teaching practice by racial prejudice in the school? - Is part of our daily life and that
1 RIBEIRO, Alex Leonardo. Graduado em pedagogia com habilitação em magistério das séries
iniciais do ensino fundamental e gestão escolar (2007) Uni-Brasilia, especialista em educação e promoção da saúde (2010) UnB, especialista em educação para diversidade e cidadania (2012) UFG, especializando em análise política e políticas públicas (2012) UnB, atua em educação superior, educação informal em ONG, atendimento psicossocial com adolescentes em regime socioeducativo e desenvolve trabalho com assessoria legislativa em educação.
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somehow affects the relationship between students / teachers and the / s and also affects the
development of students / those who suffer from this type of exclusion, racial prejudice. As
research objectives intend to investigate, what educational and statements that teachers / s
run in their practice to combat racial prejudice in their school; examine how teachers
perceive, notice, and work experience with the reality of racial prejudice. To conduct this
research propose a qualitative approach and used as an instrument interview, field
observation and informal dialogues. This approach should be done consistently, and a study
built upon the readings taken by the researcher and the researched community empirical
practices, thus, this unification requires fairness and balance to results found solutions and
problems to be solved.
Keywords: Discrimination, racial, educational practice.
1. INTRODUÇÃO
Nesta pesquisa, irei retratar o preconceito racial, nas escolas e as conseqüências
daquelas e daqueles que sofrem com esse tipo de estigma e segregação por motivo étnico-
racial, dentre tantas questões imbricadas que coadunam no contexto escolar na inclusão e na
exclusão de alunas/os. Dessa forma, o artigo pretende responder algumas inquietações sobre
as relações de preconceito racial, na vida escolar dos alunos/as vítimas de tais ações. Busco
verificar principalmente como professoras/es atuam na prática docente mediante as relações
e a postura de alunas/os que promovem preconceito racial no âmbito escolar. Para tal, a
pesquisa tem como interlocutores as/os docentes de uma escola de ensino médio da Diretoria
Regional de Ensino (DRE) do bairro de Santa Maria em Brasília, Distrito Federal.
Diante de minha trajetória acadêmica e escolar, sendo minha formação inicial em
Pedagogia, sempre notei muito relevante a falta da discussão no âmbito escolar sobre as
questões inerentes a diversidade, direitos humanos e cidadania. Comecei então a me
questionar sobre identidade de gênero, sexualidade e questões étnico-raciais, além de outras
questões no tocante às discriminações, preconceitos, no entanto nesse artigo vamos tratar de
discriminação por questões étnicorraciais.
Como educador, tenho em conta a necessidade de aplicação da lei federal
10.639/03, que prevê a educação das relações étnicorraciais, hoje Lei Federal 11.645/08, que
inclui educação indígena. Além disso, outro fator que motivou a escolha do tema e eleição
da escola como foco de pesquisa foram as experiências como aluno e como professor ao
perceber a prática do racismo pelo alunado no ambiente escolar.
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Assim, pretendo dialogar com docentes a respeito da temática discutida. Percebo
que pesquisamos o que nos causa sofrimento e, como educador, projeto uma escola que seja
mais plural e aberta à diversidade.
Preconceito e discriminação relacionada à raça na escola são assuntos cuja
abordagem é muito delicada, tanto pelo corpo discente, quanto pelo corpo docente da escola.
Percebo o quanto é difícil trazer essa discussão para sala de aula e focarmos em um assunto
que é tabu em rodas de conversas familiares, no meio social, na comunidade religiosa e em
diversos âmbitos da sociedade. Sabemos que todas essas dificuldades para falar sobre tal
questão são oriundas de investimentos na formação de professoras/es, falta de interesse pela
temática, e poucos estudos dirigidos a questão do negro no Brasil. Sabemos também que o
preconceito influência uma causa intimidativa na vida das pessoas, sendo que, as chacotas
sobre negros têm estreita relação com marcadores sociais de classe, sendo a. Dessa forma
em relação à raça Nogueira (1985) afirma que
Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou atitude)
desfavorável, culturalmente condicionada em relação aos membros de uma
população aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência,
seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou
reconhece. Quando o preconceito de raça se exerce em relação à aparência,
isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações os traços
físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de
marca; quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo
grupo étnico, para que sofra as conseqüências do preconceito, diz-se que é
de origem (NOGUEIRA, 1985, p. 78-79).
A prática de preconceito racial na escola é um fator relevante na disseminação do
preconceito. Esse espaço, a escola que está inteiramente ligado com a sociedade é um elo de
colaboração, reforço e manifestação de preconceitos, ou seja, um lugar que deveria ser de
libertação e emancipação é em muitos momentos local de segregação e reforço dos
estereótipos das vitimas dos preconceitos e discriminações.
Entendo que pesquisas sobre preconceito racial e discriminação não devem focar
somente o que é o preconceito racial, mas devem discutir e analisar as conseqüências de
quem sofre com esse tipo de agressões.
Investiguei quais são as ações educativas e afirmativas que professoras/es executam
em sua prática pedagógica para combater o preconceito racial em sua unidade escolar.
Dentro dessa proposta, procurei verificar atitudes e conhecimentos de professoras/es frente
às questões e práticas de preconceito racial no cotidiano escolar, analisar como os docentes
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percebem o notam, experimentam e atuam junto a realidade discriminatória na escola
pesquisada.
Ademais, também é propósito deste estudo levantar argumentos para desmistificar
o branqueamento social como marcadores sociais de excelência, pois, percebo em toda
minha trajetória profissional e acadêmica que, para o cidadão ser politicamente aceito ele
deve ser branco-heterossexual-masculinizado-cristão classifica claramente que as
identidades são institucionalizadas, estigmatizadas por diversas questões, políticas,
religiosas, familiares, de comportamento social, educacional e com rigor moldada por
padrões capitalistas heterogêneos (LOURO, 2008).
Desenvolvi a pesquisa partindo do pressuposto que essa problemática – Como o
professoras/es atuam na prática docente mediante preconceito racial no âmbito escolar? – o
racismo faz parte do cotidiano escolar e afeta a relação entre alunas/os e professoras/es e
também afeta o desenvolvimento das/os alunas/os que são cometidas/os por preconceito
racial. Em minhas experiências educacionais, em vários momentos as/os estudantes
referiam-se a alunas/os negros como: macaco, negra maluca, negra/o safada/o, só podia ser
coisa de negra/o, negra/o quando não caga na entrada caga na saída e outros colóquios que
fazem parte do cotidiano escolar, são representações do grau de preconceito reproduzidas
em diversas instituições sociais tais como família, escola, igreja e Estado.
Contudo, Freire (2007) alerta sobre as questões do oprimido, que nesse estudo são
negras/os acometidas/os por preconceito racial. A/O oprimida/o deve tomar frente a sua
própria libertação, desenvolver consciência crítica e, ao tomar ação coletiva, libertar-se e
libertar o opressor que, por sua vez, também é vítima da herança opressora aprendida inter e
entre gerações.
As formas de opressão de qualquer natureza não têm o seu nascedouro na escola,
porém, o racismo, as desigualdades e as discriminações correntes na sociedade perpassam
por ali e geram algumas seqüelas que seguem a baixo.
Nesse sentido, a pesquisa destacou a postura do professorado que convive com a
diversidade em sala de aula em seu cotidiano e sua prática pedagógica. Busquei verificar
como as intervenções feitas pelas/os docentes, como elas/es agem e reagem a situações de
preconceito racial em sala de aula. São diferentes limites e fronteiras, visto a
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responsabilidade de professoras/es como educadoras/es, visto a necessidade que suas
práticas pedagógicas devam ser elaboradas conforme a realidade local e suas necessidades.
2. A INTER-RELAÇÃO ENTRE: NEGROS E AMBIENTE ESCOLAR
Na vida em sociedade existem processos que implicam na construção e na
reelaboração de parâmetros para conduta social dos sujeitos. Esses processos indicam uma
relação hierarquizada e entre seres humanos e que sofre interferência de instituições como
igreja, escola, partidos políticos e Estado.
Nesse estudo, o foco são as relações de preconceito racial na escola, ou seja, a
repressão, hierarquização construção e desconstrução dessa prática na escola, pois, tal
prática reproduz desigualdade social.
Dentro da realidade da educação brasileira inserida em um contexto político, social,
cultural e religioso, são enfrentados pelas/os professoras/es diversas barreiras para realizar
um trabalho coerente acerca da visão dos direitos humanos. Há diversas dificuldades
enfrentadas e questionadas por familiares, coordenadoras/es, diretoras/es e professoras/es
quando se fala em temáticas da sexualidade, relação de gênero, relação racial, visto a
prevalência de uma política de poder capitalista, heteronormativa, machista e patriarcal,
sendo que o estudo está dirigido a relações etinicorraciais.
A diversidade no Brasil deve ser entendida como fator de políticas públicas,
emancipação de sujeitos que clamam por um lugar na sociedade seja negras/os, indígena,
deficiente físico/mental sendo que a cada dia são percebidas/os e vistas/os como margem da
sociedade. Assim como toda margem social sofre por discriminação seja pobre, morador de
rua, índio, homossexual e entre outros, negras/os passam por situações vexatórias e
constrangedoras no que tange discriminações e preconceito. Em diversos momentos a escola
fortalece e pensamento de uma forma falaciosa superioridade branca.
A ausência de negros/as ou a exposição como inferiores em livros
didáticos, cartazes, vídeos e em outros recursos utilizados, reforça a
estigmatizarão da população negra e dos/as estudantes negros. Por outro
lado há um reforço na construção do imaginário acerca da superioridade
branca. A meta deve ser o respeito aos valores culturais e aos indivíduos de
diferentes grupos, o reconhecimento desses valores e a convivência. A
convivência com a diversidade implica em experimentar o respeito à
diferença. Esses são os passos essenciais para a promoção da igualdade de
direito. (RIBEIRO, SOUZA, 2008, p. 95).
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Dessa forma, o preconceito racial se dá mediante as práticas e o convívio com
pessoas que manifestam esse sentimento de intolerância e desrespeito com o diferente.
O conhecimento da história, a valorização racial, respeito à diversidade e ações
educativas fazem diferença na formação de cidadãos que repudiam as discriminações raciais
e os outros diversos modos de preconceito. Para que as instituições de ensino desempenhem
a contento o papel de educar, é necessário que constituam em espaço democrático de
promoção e divulgação de conhecimentos e de posturas que visam uma sociedade justa,
digna e soberana.
A escola deve efetivar sua prática pedagógica com ações afirmativas para o
rompimento de preconceito, sendo que, essas ações devem desconstruir atitudes e ações
excludentes, racistas, existentes no cenário escolar. A escola deve ser um local de produção
de conhecimento, de práticas democráticas, onde o negras/os devem também ser autoras/es
das práticas de diversidades educativas.
Existem pedagogias e experiências que visam eliminar a manifestação de
preconceito racial no âmbito escolar, pois servem como subsídios para essas novas
concepções pedagógicas. Para que essa prática seja efetivada na escola, devem-se
proporcionar a professoras/es e demais seguimentos formação para o conhecimento sobre
essa questão social acerca dos estigmas que são criados em escolas. Essas formações devem
ter como base os direitos humanos, que estão nas Diretrizes do Plano Nacional de Educação
Para os Direitos Humanos onde consta que:
Educar em direitos humanos é fomentar processos de educação formal e
não-formal, de modo a contribuir para a construção da cidadania, o
conhecimento dos direitos fundamentais, o respeito à pluralidade e à
diversidade sexual, étnica, racial, cultural, de gênero e de crenças religiosas
(BRASIL, 2003, p. 7).
A conscientização nas práticas educacionais sobre as diferenças deve favorecer
práticas que resistem ao preconceito racial na escola. No enriquecimento da leitura de
mundo é que agem efetivamente no ser humano e em seu comportamento social. Conforme
Tomaz Tadeu (2004), é através do vinculo entre conhecimento, identidade e poder que os
temas de raça, classe, diversidade ganham seu lugar no currículo escolar e nas relações
multidisciplinares em sala de aula. Quando houver visibilidade de tais temáticas em livros
didáticos, vídeos, folders e conhecimento acerca será possível caminhar juntos a uma prática
educativa capaz de romper a discriminação.
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Partindo da premissa de que nossa sociedade reproduz as desigualdades ao longo
dos séculos com ampla participação da população, quer intencional, quer inconscientemente,
seja através de ações discriminatórias ou da omissão frente às práticas discriminatórias.
Dessa forma, uma reflexão sobre nossos próprios valores, crenças e condutas é fundamental
para a compreensão das desigualdades na sociedade brasileira. Se, de uma forma ou de
outra, dá-se sustentação a essa sociedade, também está em mãos às possibilidades de
transformá-la.
Seria a diferença, ou melhor, dizendo, a diversidade, algo negativo? Por que, em
função dela, os seres humanos se envolvem em conflitos às vezes menores, como os que
ocorrem entre vizinhos, outras vezes de proporções enormes, como as sangrentas guerras
entre povos? Cada cultura, cada civilização tem suas obras, suas invenções, suas conquistas.
A civilização moderna, atribuída freqüentemente à Europa, na verdade construiu-se com
base em contribuições de diferentes povos, de diversas regiões do mundo. Essa construção
das discriminações, preconceito racial é fator histórico, Garcia contextualiza que
Quanto aos brancos não havia duvida. Eram os descendentes de europeus
que ocupavam os melhores postos na sociedade escravocrata imperial.
Existiam também os brancos miseráveis. Esses se negavam a fazer “fazer
serviço de negro” dos ex-escravizados. (...) Um sistema que combinava
definições e graduações sociais baseadas em estado, funções, identidades
corporativa, religião cultura e cor, a tendência foi a formulação de um pré-
conceito a cerca de cada individuo (GARCIA, 2007, p. 29).
Como esse fator classificatório de pessoas permeia a sociedade até os dias de hoje,
e como a escola em seu cotidiano reproduz tais fatores de exclusão, ou seja, as ironias,
deboches, agressões, tidas como brincadeiras acerca de negras/os esses são fatores que
estimulam a evasão escolar e se manifesta na opressão social que tais sujeitos passam na
vida escolar. Nilma Lino (2001) nos fala que não há como negar que a educação é um
processo amplo e complexo de construção de saberes culturais e sociais que fazem parte do
acontecer humano, sendo que, não é contraditório que tantos educadores concordem com
essa afirmação e, ao mesmo tempo, neguem o papel da escola no trato com as questões
ligadas a diversidade cultural.
Os saberes para a prática pedagógica onde se pode combater o preconceito racial
converte-se em uma questão para qual a escola deve esta aberta afim de produzir
conhecimento em forma de credenciar as/os professores no combate e tais práticas, ou seja, a
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escola deve ser a principal base de combate na luta. Inverter esse quadro no cotidiano
escolar deve ser para a escola e o educador um marcador de divisão.
3. RACISMO: LONGO CAMINHAR
Nessa pesquisa, investi em uma abordagem qualitativa. Essa abordagem deve ser
feita coerentemente, sendo um estudo construído, mediante as leituras e as práticas
empíricas junto à comunidade pesquisada, dessa forma, essa unificação requer equidade e
equilíbrio para resultado encontrado e soluções de problemas a serem resolvidos, pois, o ser
humano tem olhares diferenciados para o mesmo assunto já que sua história de vida e suas
experiências acadêmicas podem influenciar nesse olhar para a efetivação de uma pesquisa.
Dessa forma, Gonçalves nos ensina que:
A questão metodológica é bem mais ampla e implica um processo de
construção, um movimento que o pensamento humano realiza para
compreender a realidade social. Isso significa que, ao registrar seu
procedimento metodológico, você está evidenciando sua postura como
pesquisador, ou seja, você deixará pistas de como está concebendo a
relação sujeito-objeto do conhecimento (2003, p. 61).
Portanto é fundamental vivenciar a realidade a ser pesquisada, a relação sujeito
objeto deve ser abrangente, pois, no decorrer da pesquisa, tanto pesquisador/a quando
pesquisanda/o reconhecerão a necessidade de uma mudança nesse estado de
desenvolvimento pessoal e coletivo. Conforme Lüdke e André (2004).
Para que se torne um instrumento válido e fidedigno de
pesquisa científica, a observação precisa ser antes de tudo controlada e
sistemática, isso requer a existência de um planejamento cuidadoso do
trabalho e uma preparação rigorosa do observador (LÜDKE, ANDRÉ,
2004).
Para que essa abordagem tenha êxito, é necessário que haja confronto os dados
obtidos com o referencial teórico, além de crítica ao tema pesquisado. Como procedimentos
para pesquisa foram realizadas entrevistas e, ainda, observações da prática pedagógica em
campo.
As observações realizadas no período da pesquisa na escola de ensino médio da
Gerência Regional de Ensino (GRE) da cidade de Santa Maria, no Distrito Federal.
Permaneci na escola por uma semana, o que totaliza 40 horas de observação.
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A pesquisa teve quatro docentes como interlocutoras/es, sendo, professoras/es do
ensino médio, tais interlocutoras/es, serão conhecidos neste texto como Cristina, Nivaldo,
Kesia e Ângelo.
As perguntas apresentadas durante as entrevistas foram abertas, o que
proporcionou maiores esclarecimentos e informações que permitissem obter dados mais
precisos e relevantes – o que às vezes não se consegue com questões fechadas. Procurei
contemplar perguntas sobre a atuação da/o professor/a no contexto de racismo em sala de
aula e no contexto escolar.
4. DO DESRESPEITO PARA O RESPEITO: UTOPIA OU REALIDADE
No caminhar dessa investigação percebi em diversos momentos que todo tipo de
discriminação e preconceito está dentro de cada uma e da cada um de nós. Dentro da escola
a cada momento que eu verbalizava sobre o tema percebia reações, tais como olhares
espantados, expressão faciais, “caras e bocas, bicos, bochechas infladas. Também foi notório
diversas contradições nas falas de educadoras/es da mesma.
Cristina, mulher de interface branca, é evangélica fervorosa, a mesma diz com
orgulho, e moradora da Cidade de Santa Maria, Distrito Federal. Formou-se em Jornalismo
e um pouco decepcionada com a profissão cursou faculdade de Filosofia. Concursada para
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE-DF), leciona há 4 anos para as
turmas do ensino médio da escola e no período da entrevista atuava em oito turmas.
Nivaldo, homem de interface negra, verbaliza ser consciente de sua origem e do
que passou para chegar onde está. Leciona Sociologia para turmas de ensino médio.
Concursado há 2 anos, é morador da Cidade de Santa Maria, no Distrito Federal.
Ângelo, homem de interface branca, militante partidário do Partido dos
Trabalhadores (PT) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), é membro de movimentos
sociais de base. Professor de Filosofia há 16 anos e um dos nomes mais polêmicos da escola,
mora na cidade de Santa Maria, Distrito Federal.
Késia, mulher de interface negra, professora de Língua Portuguesa há 19 anos,
moradora do bairro do Gama, Distrito Federal. Verbaliza que educação para ela já algo que
está na vida, na sua pele, afirma gostar do que faz e que tem entusiasmo.
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A fim de verificar a relevância da consciência sobre a discriminação racial eno
contexto escolar, destaco as seguintes falas das/os prefessoras/es.
CRISTINA - As temáticas da diversidade racial na escola são trabalhadas
por cada professor por si mesmo, cada um faz esse trabalho por si, em sua
sala de aula, não existe um projeto uniforme. Eu trabalhei a temática com o
filme “Homens de Honra” em minhas turmas de 2º ano e com o outro
Professor de Filosofia. Colocamos cartazes em toda escola contra o racismo
e sobre a consciência negra. Em questão do material didático acerca da
temática, a escola e a rede pública não fornecem esse material para atuação,
ou seja, não existe ao menos aqui na escola um material disponível. Se o
professor quiser fazer um debate mais profundo sobre temas transversais
em geral ele tem que buscar recursos. Eu gosto de fazer as abordagens
como filmes e depois trazer em rodas uma vivência sobre o filme.
ÂNGELO - O tema racial não são tratados. Na verdade somente nas aulas
de filosofia e sociologia e em pouquíssimo tempo. O material que tenho
para trabalhar questões raciais, combatendo racismo são as matérias que
consigo nos movimentos sociais de esquerda.
NIVALDO - A temática sobre as questões raciais foi trabalhado por mim
em sala de aula, mas é muito complicado, sendo que existem várias
limitações, tanto por parte dos alunos que não gostam muito da temática –
foram criados para serem intolerantes e preconceituosos – e por parte dos
professores por falta de conhecimento. Percebo várias limitações. E sobre
as questões raciais, os alunos têm noção que é feio ser racista, porém, não
temos material didático para trabalhar, muito menos recursos, no entanto a
Escola de Aperfeiçoamento Profissionais da Educação (EAPE) oferece
cursos on-line para professores e servidores da educação. Eu mesmo fiz
duas formações com eles, ou seja, às vezes os professores reclamam, mas
não buscam o conhecimento necessário.
KÉSIA - A escola não oferece material didático, mas cada professor
quando trabalha essa temática deve ter o seu material. Eu uso uns vídeos.
Na fala das/os professoras/es é perceptível que não existe na escola um projeto um
que trabalhe as temáticas sobre preconceito racial, além disso, a Secretaria Estado de
Educação (SEE-DF) não fornece material. Contudo, existe uma formação na Escola
Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação (EAPE) que oferece formação continuada
curso de extensão na modalidade EAD sobre o tema das relações étnico-raciais. Há também
um Espaço Afrobrasilidade, uma sala com material de pesquisa sobre relações raciais.
Conforme Cavalleiro (2005), silêncio sobre o racismo, o preconceito a
discriminação raciais nas diversas instituições educacionais contribui para que as diferenças
de fenótipo entre negros e brancos sejam entendidas como desigualdades naturais. O silêncio
quanto a materiais didáticos e projetos quanto ao trabalho em relação à temática referente à
raça pode ser verificado também no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. No
documento que tive acesso não constava nenhum elemento que remetia às questões raciais.
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Enquanto no documento há um explicito investimento com relação a aspectos com ecologia,
violência e drogas, nada consta sobre preconceito e discriminação relacionados à racismo.
Trabalhar no combate à prática de preconceito racial é acreditar na atuação do/a
docente como sujeito transformador, como agente provocador de uma sociedade que está em
transformação constante. No Brasil, racismo é crime2 e em certos contextos inclusive
repudiado. Porém, o racismo continua existindo seja velado ou maquiado.
Cabe a escola educar o cidadão para a vida, quebrando paradigmas e rompendo
barreiras. O acolhimento de homossexuais e negras/os é condição as/os mesmas/os se sintam
emancipadas/os e donatárias/os de direitos.
CRISTINA - E possível sim trabalhar a temática. Toda vez que em minhas
turmas surgem temas polêmicos como é a questão do racismo, eu faço um
trabalho em circulo trazendo para a realidade as dores de cada um, ou seja,
trago uma reflexão associada ao tema provocado por eles. Acredito que a
troca de experiência e o olhar para o sofrimento do outro ajudam esses
alunos a serem menos preconceituosos. As possibilidades de trabalho
contra o racismo decorrem de uma serie de fatores: primeiro, uma boa
formação para professores; e, depois, os recursos de áudio, vídeo, TV,
computador, internet e o principal material didático para pesquisa, tanto
para professores quanto para alunos.
ANGELO - As possibilidades de trabalho são distantes. Os limites
começam com a própria não vontade de professores em trabalharem com
esse tema, dizem que não tem formação para tal, porém, a Escola de
Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação (EAPE) fornece cursos
sobre relações raciais em modalidade a distância. Aqui na escola existe uma
tentativa de fazer o debate de forma aberta e sincera o que também me
transforma em alvo, ou seja, os professores têm resistência.
KÉSIA - É possível pensar sim em uma escola, sociedade ou mundo mais
humanizado, mas a meu ver, esse trabalho deve ser feito com a família,
pois, o aluno aprende a ser preconceituoso no seio familiar. Essa questão
sobre racismo é trabalhada na Semana da Vida, uma semana que são
trabalhados temas transversais. Essa semana é realizada no mês de maio
que está contido no Projeto Político-Pedagógico da escola.
NIVALDO - Sempre é possível pensar em um processo de humanização
sim, mas, como disse anteriormente, as resistências são muitas. Se essa
causa não começar pelo professorado, vai começar por quem? Hoje a escola
não oferece possibilidades alguma de trabalho sobre questões raciais até
mesmo sexualidade. Os poucos trabalhos que são efetivamente feitos são
por conta da Filosofia professor Ângelo e comigo pela Sociologia e esse
trabalho é feito em sala de aula, pois, projeto fixo não existe.
Ao mesmo tempo em que existe certa disposição das/os docentes em trabalhos com
a temática relacionada a racismo, há elementos que dificultam tais ações. Na fala das/os
2 Lei 7.716/1989, conhecida como Lei Caó, que classifica o racismo como crime.
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professoras/es, existem contradições explicitas, sendo que, alguns buscam trabalhar essa
discussão sobre o racismo e de certa forma são boicotados por outros colegas.
É injusto que a alguns indivíduos e grupos seja negada a condição de
parceiros integrais na interação social simplesmente em virtude de padrões
institucionalizados de valoração cultural, de cujas construções eles não
participaram em condições de igualdade e os quais depreciam as suas
características distintivas ou as características distintivas que lhes são
atribuídas. Deve-se dizer então que o não reconhecimento é errado porque
constitui uma forma de subordinação institucionalizada e, portanto, uma
séria violação da justiça (FRASER, 2007, p.112).
A escola como ambiente de inter-relação e também como ambiente de educação
formal deve ter um espaço onde se favoreça aspectos relacionados à amizade, respeito,
dialogo e que eduque pessoas autônomas e politizadas. Dessa forma, a interação das/os
professoras/es e alunas/os, alunas/os e alunas/os, alunas/os e comunidade, alunas/os e
família deve ser fundamentada no respeito à diversidade. Nesse contexto, o professorado
deve auxiliar a desconstruir normatizações de classe, raça, gênero e sexualidade, portanto,
nesse estudo estamos focando as relações raciais que estão imbricadas em outros diversos
fatores.
CRISTINA - Aqui na escola existe muito bulling, muita “brincadeira” sobre
negros e outros, portanto nesse contexto da relações raciais o preconceito
também envolve a classe do aluno, ex: chamam o aluno ou aluna de negro
pobre e outros. A relação entre professor e aluno aqui na escola é muito
boa, amigável, com respeito e dialogo. Eu particularmente tenho alguns
alunos com postura de bandido que me dão medo e confesso que tenho
medo de alguns alunos. Sei que isso dificulta alguma aproximação. Entre os
alunos existe uma segregação conforme os gostos de cada um e modo de
ver o mundo.
ÂNGELO - A relação de professor e aluno “publicamente” é de
tranqüilidade, mas na verdade o preconceito é generalizado. Inclusive
negros que não gostam de gays e vice-versa. Dessa forma acredito que
combater o racismo e homofobia na escola é algo extremamente necessário.
É preciso mostrar que aquela “brincadeira” reforça um comportamento
preconceituoso.
KÉSIA - Quando percebo tal desrespeito, faço uma abordagem no geral
sobre a questão do racismo. Se o preconceito e a discriminação forem mais
profundos, a direção entra em contato com a família. Mas, sinceramente, eu
não vejo racismo na escola. Vejo a convivência deles super tranqüila. Aqui
na escola existe uma relação amistosa entre esses alunos, tanto entre eles e
eles e professores. Vejo com tanta tranqüilidade, pois, até temos professores
negros.
NIVALDO - Acredito que para começar um trabalho efetivo é necessário
percebermos que todos os tipos de preconceitos estão contidos dentro do
ambiente escolar, pois, a escola é um estado social contido por pessoas.
Vejo claramente um racismo maquiado, burlado, escamoteado..
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Na fala das/os professoras/es é notório que o preconceito racial acontece na escola,
mesmo de forma velada. Porém, é notório também que as/os professoras/es que estão mais
abertas à temática e que investem na formação em tais temas estão mais aguçadas/as para
perceber o racismo nas praticas discentes. Paralelamente, professoras/es nem tão
preparadas/os têm outra avaliação sobre tal violência, inclusive fazendo menção ao
preconceito racial de bulling.
A formação continuada de professores para a lida de assuntos pertinentes ao
contexto é primordial para que se alcance o referencial de uma educação com diálogos
emancipatório. A postura pedagógica, a prática educativa, o olhar para outro é necessário
para o combate do racismo e outros preconceitos e opressões.
CRISTINA - É preciso sim de um trabalho mais efetivo no combate a todo
tipo de preconceito e discriminação, porém, é preciso também abertura por
parte do professorado, abertura por porte da direção e coordenação
pedagógica. Eu acredito que o professor deve se sentir livre para trabalhar o
tema. É necessário que esse tema seja tratado nas semanas de estudo. A
escola hoje deve ser menos tecnicista e mais humana. Quando acontece a
discriminação gritante em minha sala eu paro tudo e falo sobre tais questões
e sobre cidadania. Porém, quando vejo que é uma simples brincadeira entre
eles, fico na minha. Você sabe, né, que um fica chamando o outro de negro,
gordo, quarto olhos e tal de uma forma de brincadeira entre eles. Eu só faço
intervenção quando vejo que é algo mais grave. Quando é grave eu faço um
atendimento mais específico. Eu defendo que na escola deve ter
profissionais mais preparados para essas temáticas e para esses
entendimentos. Eu não me sinto tão preparada.
ANGELO - Um aluno negro é tratado por mim da mesma maneira que
qualquer outro. A não ser quando ele sofre ataques, aí eu o defendo; ou
quando ele diz que vai desistir aí eu incentivo o mesmo a ir a luta e batalhar
por seus ideais. Eu trabalho com o tema de racismo, religiões afro-
brasileiras e sinto muita perseguição por parte de meus colegas de trabalho
por diversas questões, principalmente às de cunho religioso.
KÉSIA - Eu busco combater o preconceito racial com dialogo. Quando vejo
os apelidos tento conversar e pontuar e quando o caso é muito acentuado os
pais são chamados na escola.
NIVALDO - Relação professor-aluno é algo tranqüilo, ou seja, uma
tranqüilidade em tese. Entre alunos é bem conflituosa. Vários adolescentes
juntos cada um com uma ideologia diferente. É necessário trabalhar a
questão do racismo não só nas escolas, mas nas regionais de ensino com
professores. Existem vários profissionais racistas. Já presenciei piadas e
brincadeiras de tal tema em sala de professores.
Nas falas, os êxitos e problemas no trabalho quanto o racismo na escola aparecem
de maneira latente. O despreparo, a falta de profissionais, um atendimento pedagógico
qualificado e até mesmo a falta de entusiasmo para buscar algo novo. Em muitos momentos
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durante as entrevistas eu percebia um discurso vazio, seco, sem entusiasmo; em outros,
percebia claramente um preconceito escondido, questões religiosas priorizadas em relação à
humanização ou olhar humanizado.
Ao se destacar identidade distinta de outra que é tida como padrão é fundamental
um olhar sensível que permita o diálogo a fim da construção de uma sociedade justa. Sendo
assim, as/os educadoras/es têm no debate relacionado ao combate ao racismo um expressivo
desafio para que se efetive o propósito da convivência em sociedade que tenha o respeito às
diferenças como um fundamento para sua cidadania.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa, busquei perceber o olhar do professorado perante as práticas de
racismo existentes no contexto escolar e social da escola, bem como estas relações se
permeiam no cotidiano escolar.
Ao final dos debates desenvolvidos no texto, é possível sinalizar que um dos
aspectos que mais prejudicam os trabalhos de combate ao racismo é o fato de não existirem
um projeto institucional fixo que possibilite ações referentes a temáticas que possibilite um
trabalho multidisciplinar sobre relações raciais . Além disso, a falta de material didático e
uma preocupação de caráter secundário para essas questões também são aspectos que
dificultam o debate sobre racismo, história da áfrica e outros.
Por outro lado, percebe-se professoras/es com disposição para trabalhar a temática,
se esforçam, mas sentem-se isoladas/os sem o apoios das/os demais. Também se percebe
evidente a carência de aporte teórico e metodológico para o trabalho com o tema em sala de
aula. Saliento que a falta de formação, o desinteresse por parte da gestão escolar, o
desinteresse dos alunas/os e professorado no atento combate ao racismo podem gerar a
impressão de que não é relevante o racimo na escola. Portanto, é notório que na fala do
professorado fica claro que nesse contexto pesquisado é relevante o trabalho de alguns
professore, que mesmo com dificuldades norteiam suas turmas com o foca na temática de
relações raciais e outras que é de muita valia na vida desse alunado que recebe tal formação
no combate ao racismo.
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Espero que esse artigo sirva de aporte teórico e incentivo para professoras/es,
discentes e gestoras/es implantem ou ampliem projeto de emancipação e politização
fundamentados no combate ao racismo.
6. REFERÊNCIAS
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Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humano.
Ministério da Educação, 2003.
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Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola. Brasília: Agare. 2008.
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