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VI SHMMT I XVIII ENTMH- 2001 -Rio de Janeiro/Brasil O DESEMPENHO DE MICLOCICLONES NA DESLAMAGEM DE POLPA NÃO-NEWTONIANA M. V. Possa 1 , J.R.B. Lima 2 1 Centro de Tecnologia Mineral, CETEM/MCT, Departamento de Tratamento de Minérios, Av. Ipê, 900, Ilha da Cidade Universitária, 21941-590, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Universidade de São Paulo, EPUSP, Departamento de Engenharia de Minas, Av. Prof. Mello Moraes, 2373,Cidade Universitária, 05508-900,São Paulo, SP, Brasil RESUMO Foram realizados ensaios com dois de microciclones, 25,4 e 50,8 mm de diâmetro interno, com pressões de alimentação da polpa variando de 25 a 65 psi em cinco tipos de polpa, 15%, 25% e 35% sólidos, em massa, em seu estado natural e 35% sólidos, em massa, dispersa com reagente químico até atingir média e baixa viscosidades. Foi utilizada um·a amostra de rocha fosfática, representativa da alimentação do circuito de deslamagem tinos naturais da Usina de Beneticiamento da Fertilizantes SERRANA S.A. - Complexo Ir1dustrial Ar afértil, apresentando uma distribuição de tamanhos de partículas 80% passante em 20 ]lm e um comportamento reológico da polpa, não- Newtoniano. O comportamento reológico das polpas foi caracterizado utilizando o modelo Ostwald de W aele que se adequou muito bem no ajuste dos resultados obtidos. Com os dados gerados nos ensaios foi realizado inicialmente o fechamento do balanço de sólidos e calculados o dsuc, o Rr e a eficiência de separação (parâmetro de nitidez de separação r-: utilizando a equação de Whiten. Os resultados mostraram que: a viscosidade influencia o desempenho dos microciclones; a variação da viscosidade, o tamanho do microciclone e a variação de pressão não afetam a eticiência de separação (parâmetro de nitidez de separação da curva de partição reduzida); e o fenômeno jlsh hook presente nos ensaios. Palavras-chave: microciclone, reologia, viscosidade, deslamagem, curva de partição. 61 INTRODUÇÃO A dificuldade no beneficiamento de partículas tinas deve-se ao decréscimo da ação das forças de caráter mecânico sobre as mesmas, passando a tornar significativas as forças referentes aos fenômenos eletrostáticos e aquelas devido à descontinuidade do meio. Neste momento, o estudo da reologia torna-se muito importante para o entendimento do comportamento das partículas numa polpa, razão pela qual tem-se verificado nos últimos anos um interesse cada vez maior em diagnosticar os efeitos da viscosidade na t1uidodinãmica das polpas, passando-se da fase de observação e constatação para a de estudo. Os estudos têm-se desenvolvido graças ao grande avanço tecnológico experimentado pelos instrumentos de medição e de análise para partículas até mesmo de tamanhos coloidais. De acordo com Bakshi; Kawatra (1996), estabelecer relações entre viscosidade/reologia de uma polpa e o desempenho dos processos tem sido o objetivo de estudo de muitos pesquisadores. Mas grande parte desses estudos foram realizados com polpas contendo baixas percentagens de sólidos e que apresentavam um comportamento reológico Newtoniano, onde a viscosidade independe da taxa de cisalhamento. A medida que aumenta a percentagem de sólidos a polpa pode passar a apresentar um comportamento não- Newtoniano, com a viscosidade sendo dependente da taxa de cisalhamento e apresentar um dos tipos de comportamento: dilatante; plástico de Bingham; pseudoplástico; e pseudoplástico com tensão limite de escoamento (yield stress). Outras variáveis principais que podem afetar o comportamento reológico de uma polpa são: forma e distribuição de tamanhos das partículas; ambiente químico da polpa; e temperatura. No processo de classificação de partículas finas tem sido desenvolvido nos últimos anos, a aplicação industrial de microciclones (ciclones com diâmetro interno menor que 75 mm (Lima, 1997)), mas que ainda

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VI SHMMT I XVIII ENTMH- 2001 -Rio de Janeiro/Brasil

O DESEMPENHO DE MICLOCICLONES NA DESLAMAGEM DE POLPA NÃO-NEWTONIANA

M. V. Possa 1, J.R.B. Lima2

1 Centro de Tecnologia Mineral, CETEM/MCT, Departamento de Tratamento de Minérios, Av. Ipê, 900, Ilha da Cidade Universitária, 21941-590, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

2 Universidade de São Paulo, EPUSP, Departamento de Engenharia de Minas, Av. Prof. Mello Moraes, 2373,Cidade Universitária, 05508-900,São Paulo, SP, Brasil

RESUMO

Foram realizados ensaios com dois de microciclones, 25,4 e 50,8 mm de diâmetro interno, com pressões de alimentação da polpa variando de 25 a 65 psi em cinco tipos de polpa, 15%, 25% e 35% sólidos, em massa, em seu estado natural e 35% sólidos, em massa, dispersa com reagente químico até atingir média e baixa viscosidades. Foi utilizada um·a amostra de rocha fosfática, representativa da alimentação do circuito de deslamagem tinos naturais da Usina de Beneticiamento da Fertilizantes SERRANA S.A. -Complexo Ir1dustrial Arafértil, apresentando uma distribuição de tamanhos de partículas 80% passante em 20 ]lm e um comportamento reológico da polpa, não­Newtoniano. O comportamento reológico das polpas foi caracterizado utilizando o modelo Ostwald de W aele que se adequou muito bem no ajuste dos resultados obtidos.

Com os dados gerados nos ensaios foi realizado inicialmente o fechamento do balanço de sólidos e calculados o dsuc, o Rr e a eficiência de separação (parâmetro de nitidez de separação r-: utilizando a equação de Whiten.

Os resultados mostraram que: a viscosidade influencia o desempenho dos microciclones; a variação da viscosidade, o tamanho do microciclone e a variação de pressão não afetam a eticiência de separação (parâmetro de nitidez de separação da curva de partição reduzida); e o fenômeno jlsh hook presente nos ensaios.

Palavras-chave: microciclone, reologia, viscosidade, deslamagem, curva de partição.

61

INTRODUÇÃO

A dificuldade no beneficiamento de partículas tinas deve-se ao decréscimo da ação das forças de caráter mecânico sobre as mesmas, passando a tornar significativas as forças referentes aos fenômenos eletrostáticos e aquelas devido à descontinuidade do meio. Neste momento, o estudo da reologia torna-se muito importante para o entendimento do comportamento das partículas numa polpa, razão pela qual tem-se verificado nos últimos anos um interesse cada vez maior em diagnosticar os efeitos da viscosidade na t1uidodinãmica das polpas , passando-se da fase de observação e constatação para a de estudo. Os estudos têm-se desenvolvido graças ao grande avanço tecnológico experimentado pelos instrumentos de medição e de análise para partículas até mesmo de tamanhos coloidais.

De acordo com Bakshi; Kawatra (1996), estabelecer relações entre viscosidade/reologia de uma polpa e o desempenho dos processos tem sido o objetivo de estudo de muitos pesquisadores. Mas grande parte desses estudos foram realizados com polpas contendo baixas percentagens de sólidos e que apresentavam um comportamento reológico Newtoniano, onde a viscosidade independe da taxa de cisalhamento. A medida que aumenta a percentagem de sólidos a polpa pode passar a apresentar um comportamento não­Newtoniano, com a viscosidade sendo dependente da taxa de cisalhamento e apresentar um dos tipos de comportamento: dilatante; plástico de Bingham; pseudoplástico; e pseudoplástico com tensão limite de escoamento (yield stress). Outras variáveis principais que podem afetar o comportamento reológico de uma polpa são: forma e distribuição de tamanhos das partículas; ambiente químico da polpa; e temperatura.

No processo de classificação de partículas finas tem sido desenvolvido nos últimos anos, a aplicação industrial de microciclones (ciclones com diâmetro interno menor que 75 mm (Lima, 1997)), mas que ainda

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M. V. Possa, J.R.B. de Lima

precisam apresentar uma melhor eficiência de separação (Vallebuona et ai. (1995)). Os estudos clássicos como os de Kelsall (1952), Bradley; Pulling ( 1959), Fahlstrom (1963), Lynch; Rao (1975) e Plitt (1976) foram todos realizados empregando ciclones com diâmetros internos maiores que 100 mm.

Uma importante conclusão de Lynch e Rao foi a de que a curva de partição reduzida independe das dimensões do ciclone e das condições operacionais, sendo esta invariabilidade expressa pelo parâmetro a (qualidade da separação ou nitidez da separação). No modelo proposto por Lynch e Rao foi empregado um tipo de solução desenvolvido por Whiten (1966) apud N apier-Munn et ai. ( 1996) sendo a equação dada por

e(ax) -1 Yi =R r+ (1- Rf) ----­

e(ax) +e(a) -2

onde:

(1)

Yi = partição reduzida da fração granulométrica i no underjlow;

Rr = fração de partículas que não sofre classificação -bypass;

X= d/dsoc; e

a= parâmetro de eticiência, qualidade da separação ou nitidez da separação. Quanto maior o valor de a, melhor a qualidade da classificação e varia normalmente de 1,5 a 3,5 (Napier-Munn et al. (1996)).

Kelsall (1953) sugeriu, e até hoje é muito bem aceita, que Rr fosse diretamente proporcional à fração de água alimentada presente no produto underjlow e a equação para a curva de partição corrigida sendo dada por

Yci= Yi-Rr 1- Rr

onde:

(2)

Yci = partição corrigida da fração granulométrica i no underjlow.

A invariabilidade do parâmetro a foi confirmada em trabalhos mais recentes de Vallebuona et al. (1995), Kawatra et al. (1996) c Nageswararao ( 1999), vindo a contrariar as conclusões de Hsieh; Raj amani ( 1991) onde afirmam que o parâmetro a diminui com o aumento da viscosidade da polpa.

O objetivo deste trabalho é dar uma contribuição aos estudos de otimização do processo de classificação com microciclones utilizando diferentes

62

tipos de polpas de uma amostra que apresenta um comportamento não-Newtoniano.

PROCEDUMENTOEXPERUMENTAL

Tipos de polpas estudadas

Com uma amostra de rocha fosfática, d = 3,43 t/m3

, representativa da alimentação do circuito de deslamagem dos finos naturais da Fertilizantes SERRANA S.A. e que apresenta uma distribuição de tamanhos apresentada na Tabela I, foram preparadas cinco tipos de polpas. Três delas em seu estado natural e diferentes percentagens de sólidos em peso e duas, com 35% de sólidos, foram moditicadas suas viscosidades com a adição de dispersante (Polysal A), conforme mostrado na Tabela II. Inicialmente foi medida a viscosidade de cada polpa e da glicerina comercial em um viscosímetro Brookfield (modelo RV) a 100 rpm. Para o estudo do comportamento reológico das polpas e da glicerina grau comercial, que apresenta um comportamento Newtoniano, foi empregado um reômetro Haake Rotovisco (modelo RS 100, sensor DO 41 (DIN 53018), tipo rotacional e de cilindros concêntricos) com variação de taxa de cisalhamento de até 4.000 1/s. Com esses valores e aqueles de tensão de cisalhamento foi caracterizado o tipo de comportamento reológico e estabelecida a equação do modelo Ostwald de Waele (lei de potência), com o auxílio do programa de ajuste de curvas STA TISTICA e calcular o coeticiente de determinação R2

.

O modelo Ostwald de W aele é dado pela equação:

't='to +Kyn (3)

onde:

't = tensão de cisalhamento (Pa);

'to= tensão limite de escoamento (Pa) sendo:

'to = O para 11uidos Newtoniano, pseudoplástico e dilatante;

K =índice de consistência do tluido sendo:

K = 11 para fluido Newtoniano;

K =!lar I (yt·1 para tluido não-Newtoniano;

11 =viscosidade absoluta (Pa); c

!lar= viscosidade aparente (Pa).

y= taxa de cisalhamcnto (1/s); c

n =índice do comportamento do fluido sendo:

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n = 1 para fluido Newtoniano e plástico de Bingham;

n < 1 para t1uido pseudoplástico; e

n > 1 para fluido dilatante.

Os resultados obtidos no estudo de comportamento reológico das polpas estão apresentados nas Figuras I e 2 e na Tabela III, o comportamento reológico das polpas e da glicerina comercial utilizando o modelo Ostwald de Waele.

Tabela I - Distribuição de tamanhos da amostra.

Tamanho (J.Un) % Passante

35,56 93,54

19,31 83,92

10,48 74,14

5,69 64,84

3,09 56,53

1,68 49,35

0,91 43,12

0,49 32,52

Tabela II -Características dos materiais utilizados.

% Sól. Tipo Vise. Modificador Polpa Brookfield Viscosidade

Massa mPa.s (massa/t fosf.)

15 natural 23-34 -25 natural 108-140 -35 natural 232-240 -35 dispersa 112-130 Polysal A

(946g/t)

35 dispersa 20-24 Polysal A (2,6kg/t)

glicerina com. 640

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Tabela III- Modelo Ostwald de Waele para os materiais.

% Sól. Tipo Modelo Rz Polpa 't=K"{'

15 natural 't = 0,0267 (y)0,6733 0,9929

25 natural 't = O, 1718 (y)o,s306 0,9782

35 natural 't = I ,4949 (y)o,3S6s 0,9534

35 dispersa 't = 0,3288 (y)0,4658 0,9547

35 dispersa 't = 0,0087 (Y)o.soss 0,9989

glicerina com. 't = 0,6418 (y)l ,0039 0,9999

Todas os cinco tipos de polpa mostraram um comportamento não-Newtoniano pseudoplástico, constratando com o comportamento Newtoniano da glicerina comercial.

Ensaios com microciclones

Foram realizados trinta e cinco ensaios com dois microciclones Krebs com diâmetros internos de 50,8 e 25,4 mm. As condições operacionais em que os ensaios foram realizados e outras dimensões dos microcilones estão apresentadas na Tabela IV.

Inicialmente foi determinada a curva de partição real (observada) para cada ensaio e calculados os parâmetros Rr, o. e d5oc da curva de partição reduzida com a equação (1), utilizando um programa de ajuste por regressão não-linear. Com a obtenção do parâmetro R1, foram determinadas a partição calculada para cada ensaio empregando a equação (2).

40

-;a !!:.. 35

o 1- 30 z w :o 25 <(

:i 20 <(

~ 15

o •< 10 cn i'5 5 1-

o

·-fi · 1S% sól. nat. baixa vise.

··<-· 35% só!. dlsp. baixa vise.

·<>- 25% só!. nat. média vise.

->< - 35% sól. disp. média vise.

REOLOGIA

-6-- 35% sól. nat. afta vise.

...... Glicerina Comercial --· ... _ ____ _ _ -& _______ _ _

- ~

soo 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

TAXA CISALHAMENTO (1/s)

Figura 1- Comport<unento reológico das polpas e da glicerina comercial.

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M. V. Possa, .T.R.B. de Lima

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1000

VISCOSIDADE ·~ · 15% sól. na.t. baixa vise.

..... 35% sõl. dlsp. baixa vise.

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' ..._.Glicerina. Comercial

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1+---------~------------------~--------~ 1 10 100 1000 10000

TAXA CISALHAMENTO (1/s)

Figura 2 - Viscosidade aparente das polpas e viscosidade absoluta da glicerina comercial.

Tabela IV - Condições operacionais dos ensaios e dimensões dos microciclones.

Pressões (psi) I Microciclones

50,8 mm diâmetro; 12,70 mm 25, 35 e 45 1 vortexfinder; 14,33 mm diâmetro

inlet equivalente e 9,52 diâmetro apex

25,4 mm diâmetro; 9,52 mm vortex 25 35 45 e 65 1 finder; 6,21 mm diâmetro inlet

' ' equivalente e 9,52 diâmetro apex

Em todos os ensaios foi realizado o fechamento do balanço de sólidos empregando o programa MAT.BAL (Laguitton, 1984).

RESULTADOS e DISCUSSÃO

Os efeitos da viscosidade da polpa e da pressão na obtenção do dsoc são mostrados na Figura 3. As polpas foram classificadas como sendo de alta viscosidade aquela com viscosidade aparenta de 230 a 240 mPa.s, de média viscosidade de 100 a 140 mPa.s e de baixa viscosidade de 20 a 30 mPa.s.

64

• 50,8 mm diâmetro

O 24.5 mm diâmetro 35 _ ........ ........................... ... ................. .. ............. ...... ............... ......... .

BAIXA VISCOSIDADE

30

25

" 20 15%sól. 35% sól. s: 'ti

15 NATURAL DISPERSA

• • • 10 • • • o o ·::> o o o o 5

o 25 35 45 65 25 35 45 65

psi

• 50,8 mm diâmetro I 025,4 mm diimotro I ALTA VISCOSIDADE

~I . MÉDIA VISCOSIDADE • 35% sól. :

30

25

25% sól. NATURAL

35% sól. DISPERSA •

o • • • .g 20 o · • ltJ

'ti • 15 • • o () o

o o o

o o o 10 o

5

0-~----------------------------~------------~ 25 35 45 65 25 35 45 65 25 35 45 65

psi

Figura 3 - dsoc para diferentes viscosidades aparentes e pressões.

Observa-se que com o aumento da percentagem de sólidos das polpas em estado natural, aumeta também o dsoc, enquanto que aumentando a pressão, diminui o dsoc- O efeito da viscosidade pode ser avaliado nos ensaios realizados com a adição de dispersante na polpa com 35% de sólidos. Quando a viscosidade diminui atingindo valores médios e baixos, o dsoc diminui também. Particularmente para a polpa com 35% sólidos dispersa até uma baixa viscosidade o dsoc é tão pequeno quanto àquele obtido com uma polpa com 15% sólidos em estado natural.

Quanto ao parâmetro de eticiência a, calculado pela equação ( 1 ), os valores encontrados para os cinco tipos de polpa estudado estão apresentados na Tabela V e Figuras 4, 5, 6, 7 e 8 e na Figura 9, o parâmetro a para todos os trinta c cinco ensaios realizados.

A equação Whiten se ajustou muito bem aos valores observados reduzidos, apresentando uma dispersão muito pequena, com valores de R2

,

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praticamente, acima de 0,97. Os valores do parâmetro de eficiência a , para os diferentes tipos de polpa, apresentaram um desvio máximo relativo de cerca de 16% ((2,07 -2,41 )/2,07) cm relação ao valor geral de a, 2,41, para os trinta e cinco ensaios. Pode-se considerar que a variação da viscosidade da polpa, em ensaios com microciclones de diferentes diâmetros, não promove uma variação no parftmetro de eficiência a, confirmando a hipótese de Lynch; R ao ( 1975) e seus seguidores, quanto a invariabilidade da curva de partição reduzida .

Tabela V - Parftmetro de eficiência a para os cinco tipos de polpa.

Tipo de Polpa Viscosidade a Rz

15% sól. natural baixa 2,17 0,9862

25% só!. natural média 2,07 0,9721

35% sól. natural alta 2,55 0,9810

35% sól. dispersa média 2,62 0,9687

359'r, sól. dispersa baixa 2,66 0,9726

Outra importante constatação é a existência de fish hook, que se refere ao não decréscimo contínuo de pontos da partição observada reduzida até zero, quando o tamanho das partículas tendem para "zero" , apresentando uma dispersão de pontos no formato de "perfil de anzol". Uma das hipóteses para justificar a presença de jlsh hook é devido ao arraste das partículas finas pela água que se dirige ao underjlow, conforme observado por Finch (1983) c Dei Villar; Finch (1992).

CONCLUSÜES

A realização deste trabalho permitiu concluir que, para as condições estudadas:

a viscosidade desempenha um papel muito importante no processo de deslamagem com microciclone.s, cm polpas contendo partículas finas , ultrafinas e coloidais;

demonstrou-se que é possível obter com uma polpa de 35% sólidos dispersa até uma baixa viscosidade, dsoc tão finos quanto àqueles obtidos com uma polpa de 15% sólidos natural;

65

CURVA DE PARTIÇÃO REDUZIDA BAIXA VISCOSIDADE (15% sól.) NATURAL

1oo ····-········ ··· ······· · ······T · ···························· : ·· · ·····~~<>······· ·l

90 H . · . S: • Valores Obs. Reduzidos I .o #

80 g o Equação Whlten I :j IL 70

I[ rY.=217 .. ~ ~ so+--~R2=--0--.. 98--62~~~~----~~~--------~ ~ so+--JL=~~~~--------~----------~

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10 ~------~~--~~~~---+----------~ ! ..... f>~" ~~1.· 0.01 0.1 10

dldSOc

Figura 4 - Parftmetro de eficiência a para polpa com 15% sólidos natural.

::: o -' IL I[ w c z ~

o •ct o-;::: I[ ct o.

100

90

80 1 70

60

50

40

30

20

10

o 0 .01

CURVA DE PARTIÇÃO REDUZIDA MÉDIA VISCOSIDADE (25% sól.) NATURAL

~~

• Valores Obs. Reduzidos I óf· <> Equação Whlten _j :lt

a= 2,07 ,.,~>

R2= 0.9721 •"

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0.1

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i

10

Figura 5 - Parftmetro de eficiência a para polpa com 25% sólidos natural.

CURVA DE PARTIÇÃO REDUZIDA ALTA VISCOSIDADE (35% sól.) NATURAL

100 ··- ····- -···--T ···· ·· ··----- -- - ..... --~

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Si. ... w 60

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R2= 0.9810 l~ z

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·~4-~ ..... ~ ... o 0.01 0.1 10

dld50c

Figura 6 - Parftmetro de eficiência a para polpa com 35% sólidos natural.

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M. V. Possa, J.R.B. de Lima

CURVA DE PARTIÇÃO REDUZIDA MÉDIA VISCOSIDADE (35% sól.) DISPERSA

100 0000000000000000000000000000000 •••••••••••••••••••••••••••••• ·········•$f:'O·············~ . : 3:: 90

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o O.o1 0.1 10

d/d50c

Figura 7 - Parâmetro de eficiência a. para polpa com 35% sólidos dispersa até média viscosidade.

CURVA DE PARTIÇÃO REDUZIDA BAIXA VISCOSIDADE (35% sól.) DISPERSA

100 ·······························r······························ ·······«·r<I>·O>········ 90

~ 80 U • Valores Obs. Reduzidos I : ~ li o Equação Whlten J b IL 70 ffi o:= 2,66 • o 60 2 :

~ 50 R = o gnfi ; o : ·~ 40 ~ : i= 30

~ 20 • _h ~ • • • & ~

10 • .. Jt tt l ~ ~ _f: • 1 o

O.o1 0.1 10

d/d50c

Figura X - Parâmetro de eficiência a. para polpa com 35% sólidos dispersa até baixa viscosidade.

100

90 3:: o 80 ~ IL 70 a: w

60 o z :::> 50 o

40 hc:( (.).

i= 30 a: <( 20 ~

10

o 0.01

CURVA GERAL DE PARTIÇÃO REDUZIDA COM TODOS OS TIPOS DE POLPA

0.1 1

d/d50c

10

Figura 9 - Paràmctro de eficiência a. para polpas com 15, 25 c 35% sólidos natural e 35% sólidos dispersa até

média e baixa viscosidades.

66

o modelo desenvolvido por Ostwald de W aele se adequou muito bem na caracterização do comportamento reológico das polpas estudadas;

além da percentagem de sólidos a ação do dispersante (Polysal A) foi determinante na variação da viscosidade aparente e no tamanho médio de partição corrigida (dsoc);

pode-se considerar que o parâmetro de eficiência de separação a. da curva de partição reduzida mantém­se constante com a variação das dimensões dos diâmetros dos microciclones, das pressões de alimentação e das viscosidades aparentes das diferentes polpas estudadas, confirmando a hipótese de Lynch e Rao; e

o fenômeno fish hook pôde ser observado em praticamente todos os ensaios realizados e a única explicação obtida para sua origem, foi devida ao arraste das partículas finas pela água que se dirige ao produto underflow.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao CNPq pelos recursos alocados neste estudo e a Fertilizantes SERRANA S.A. -Complexo Industrial Arafértil pela amostra cedida. Também, ao Prof. Dr. Luis Marcelo Tavares pelas sugestões e ao Leonardo Leite Garcia do Departamento de Engenharia Metalúrgica da UFRJ, ao Prof. Dr. Giulio Massarani e Eng. Químico Marcos Roberto Halasz do Departamento de Engenharia Química da COPPE/UFRJ pelas análise no Malvern c ao Eng. Químico Edimir Martins Brandão do CENPES/DIPLOT/SETEP­PETROBRAS pelas análises no reômetro HAAKE RSlOO.

REFERítNCIAS

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