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UFOP - CETEC - UEMG REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP – CETEC – UEMG Dissertação de Mestrado "Processamento e estudo de ortoniobatos de terras raras e ortotungstatos de metais alcalinos terrosos” Autor: Kisla Prislen Félix Siqueira Orientador: Prof. Anderson Dias Maio de 2010

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UFOP - CETEC - UEMG

REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – CETEC – UEMG

Dissertação de Mestrado

"Processamento e estudo de ortoniobatos de terras

raras e ortotungstatos de metais alcalinos

terrosos”

Autor: Kisla Prislen Félix Siqueira

Orientador: Prof. Anderson Dias

Maio de 2010

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UFOP - CETEC - UEMG

REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – CETEC – UEMG

Kisla Prislen Félix Siqueira

"Processamento e estudo de ortoniobatos de terras raras e

ortotungstatos de metais alcalinos terrosos”

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da

REDEMAT, como parte integrante dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Engenharia de

Materiais

Área de concentração: Processos de Fabricação

Orientador: Prof. Anderson Dias

Ouro Preto, maio de 2010

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Catalogação: [email protected]

S618p Siqueira, Kisla Prislen Félix.

Processamento e estudo de ortoniobatos de terras raras e ortotungstatos de

metais alcalinos terrosos [manuscrito] / Kisla Prislen Félix Siqueira. – 2010.

Xii, 68f. : il. color., grafs., tabs.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Dias.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de

Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais.

Área de concentração: Processos de fabricação.

1. Microondas - Teses. 2. Análise espectral - Teses. 3. Terras raras - Teses.

I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 661.863/.868

CDU: 669.162.16

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Dedico este trabalho à minha Família, pelo

incentivo e amor, requisitos fundamentais

para a realização deste trabalho.

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Agradecimentos

Aos meus pais, Paulo e Sandra, meu alicerce, por estarem sempre ao meu lado, me

apoiando em tudo. Ao meu irmão e também amigo Kédeller, que sempre está disposto a me

ajudar. O amor de vocês faz com que tudo seja mais simples, e me dá coragem para seguir em

frente.

Ao professor Anderson, pela orientação, aprendizado, confiança, amizade e tamanha

dedicação, sem os quais este trabalho não seria realizado.

Aos meus amigos, pelo companheirismo e amizade. Em especial à Karla, Patrícia e

Thaísa, pelo carinho, conselhos, incentivo e companhia em todos os momentos que precisei.

A todos os colegas do laboratório, àqueles que por aqui passaram e aos que aqui agora estão.

Aos professores Roberto Luiz Moreira e Márcio Martins Lage Júnior pelas

contribuições tão significativas ao trabalho.

Ao Prof. Geraldo Magela da Costa pelas medidas de DRX e ao Prof. Marcelo

Valadares pelas medidas de PL. Ao Centro de Microscopia da UFMG pelas imagens.

Ao CNPq, FAPEMIG, FINEP e CAPES pelo apoio financeiro.

A Deus que tornou tudo isso possível.

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“Pensar é o trabalho mais difícil que existe;

provavelmente, essa é a razão pela qual tão

poucos se aventuram a fazê-lo”

Henry Ford

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Sumário

Capítulo 1. Introdução ................................................................................................................1

Capítulo 2. Objetivos .................................................................................................................3

Capítulo 3. Revisão Bibliográfica ..............................................................................................4

3.1) Ortoniobatos de terras raras – RENbO4 .........................................................................5

3.2) Ortotungstatos de metais alcalinos terrosos – MWO4 (M=Ca, Sr, Ba) .........................9

3.3) Síntese hidrotérmica assistida por microondas ............................................................11

Capítulo 4. Materiais e métodos ..............................................................................................13

4.1) Preparação dos compostos RENbO4 ............................................................................13

4.2) Preparação dos compostos MWO4 ..............................................................................13

4.3) Caracterização dos materiais .......................................................................................15

4.3.1) Difração de raios-X (DRX) ..............................................................................15

4.3.2) Espectroscopia na região do infravermelho (FTIR)..........................................16

4.3.3) Espectroscopia Raman ......................................................................................17

4.3.4) Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ....................................................19

4.3.5) Microscopia eletrônica de transmissão (MET) .................................................21

4.3.6) Espectroscopia de fotoluminescência (PL) .......................................................23

Capítulo 5. Resultados e Discussão .........................................................................................25

5.1) RENbO4 .......................................................................................................................25

5.2) MWO4 ..........................................................................................................................42

Capítulo 6. Conclusões ............................................................................................................58

Capítulo 7. Contribuições originais ao conhecimento e relevância dos resultados..................59

Capítulo 8. Sugestões para trabalhos futuros............................................................................60

Referências ...............................................................................................................................61

Anexos .....................................................................................................................................68

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Lista de Figuras

Figura 3.1: Distribuição estatística dos grupos espaciais mais prováveis para os compostos

com estrutura do tipo ABO4, com suas respectivas estruturas cristalinas

.....................................................................................................................................................5

Figura 3.2: Transição de fase estrutural de monoclínico para tetragonal nos compostos do tipo

RENbO4 .....................................................................................................................................7

Figura 3.3: Estrutura cristalina do CaWO4 em perspectiva na célula unitária convencional ..10

Figura 3.4: Espectro eletromagnético ilustrando as relações com frequência e energia .........11

Figura 4.1: Desenho esquemático da instrumentação típica utilizada nas medidas de FTIR...17

Figura 4.2: Diagrama energético para o espalhamento Rayleigh e o espalhamento Raman

Stokes e Anti-Stokes.................................................................................................................18

Figura 4.3: Desenho esquemático da coluna do MEV .............................................................20

Figura 4.4: Desenho esquemático do feixe incidente de elétrons ............................................21

Figura 4.5: Microscópio eletrônico de transmissão esquemático.............................................22

Figura 4.6: Etapas envolvidas no processo de emissão de um material...................................24

Figura 5.1: Difratogramas das amostras de LaNbO4 calcinadas em diferentes temperaturas

pelo tempo de 2 horas. A seta indica o pico característico da fase secundária La3NbO7 ........26

Figura 5.2: Difratogramas das cerâmicas RENbO4 referentes aos planos cristalográficos (040),

(200) e (002), enfatizando o deslocamento ao longo da série La-Lu devido ao fenômeno da

contração lantanídea .................................................................................................................27

Figura 5.3: Representação dos orbitais 4f ao longo dos eixos x, y e z, ilustrando sua forma

assimétrica.................................................................................................................................28

Figura 5.4: Microscopia eletrônica de varredura do composto LaNbO4 sintetizado

convencionalmente a 1150°C e 2hs: (a) SEI e (b) BEC...........................................................30

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Figura 5.5: Medidas (quadrados em preto) e ajuste teórico (linha vermelha), espectro de

refletividade infravermelha para a cerâmica sinterizada NdNbO4............................................32

Figura 5.6: Parte imaginária das funções dielétricas direta ( "( ) , curva à esquerda) e

recíproca ( "( ) , curva à direita), obtidas pela análise de Kramers-Krönig dos dados de

reflectância do composto NdNbO4...........................................................................................33

Figura 5.7: Espectros Raman para todos os compostos RENbO4. A sequência apresentada

corresponde à ordem decrescente de raio iônico: (a) La-Gd; (b) Tb-Lu..................................35

Figura 5.8: Espectro Raman para a cerâmica EuNbO4 na região 80-900cm-1

: (a) 80-260cm-1

;

(b) 260-500cm-1

; e (c) 550-900cm-1

. Em preto se encontra o dado experimental e em

vermelho a curva resultante após ajuste matemático. As linhas verdes representam as bandas

ajustadas com curvas Lorentzianas...........................................................................................38

Figura 5.9: Número de onda dos modos ativos Raman em função dos raios iônicos de todos os

materiais RENbO4, indicando a tendência das bandas com o aumento do raio iônico: (a) 80-

200cm-1

; (b) 200-450cm-1

; (c) 400-840cm-1

.............................................................................40

Figura 5.10: Espectro Raman polarizado para a cerâmica sinterizada de GdNbO4. As

configurações em paralelo (//) e perpendicular () estão indicadas em vermelho e azul,

respectivamente. Os 10 modos Bg favorecidos pela polarização perpendicular estão indicados

por asteriscos azuis, enquanto os 8 modos Ag foram identificados por “x” vermelho.............42

Figura 5.11: Padrões de DRX para as amostras sinterizadas de BaWO4, SrWO4 e CaWO4

processadas em forno microondas à 110°C por 5min...............................................................43

Figura 5.12: Imagens de MEV para as amostras sintetizadas por rota hidrotérmica assistida

por microondas à 110°C e 10min: (a) BaWO4; (b) SrWO4 e (c) CaWO4.................................45

Figura 5.13: Imagens de MET para o material BaWO4 sintetizado por processo hidrotérmico

assistido por microondas a 110°C: (a) 5min; (b) 20min..........................................................46

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Figura 5.14: Imagens de MET para o material SrWO4 produzido a 110°C por 5min (lado

esquerdo) e 20min (lado direito). Parte superior: típicas imagens de MET mostrando as

nanopartículas. Mediana: imagens MET de alta resolução mostrando as franjas e

espaçamentos interplanar. Inferior: imagens de MET de alta resolução mostrando os

espaçamentos interplanares e o padrão de DEAS (anexo) confirmando a natureza

policristalina das partículas.......................................................................................................47

Figura 5.15: Espectros Raman das cerâmicas MWO4 sinterizadas a 1250°C por 3hs após

processamento no forno microondas a 110°C-5min.................................................................48

Figura 5.16: Espectros Raman da amostra de BaWO4 sintetizada em diferentes tempos no

forno microondas à 110°C........................................................................................................49

Figura 5.17: Evolução da frequência Raman como uma função da massa molecular dos metais

alcalinos terrosos. As diferentes cores indicam as atribuições dos modos: 3Ag (azul), 5Bg

(verde), e 5Eg (vermelho)..........................................................................................................51

Figura 5.18: Medidas de Raman polarizado para a amostra sinterizada de BaWO4. As

configurações paralelo () e perpendicular () estão indicadas em preto e vermelho,

respectivamente. Os cinco modos Eg isolados no espectro Raman polarizado na configuração

perpendicular são indicados em vermelho................................................................................52

Figura 5.19: PL da amostra de BaWO4 mostrando a evolução das bandas de emissão com o

tempo de processamento...........................................................................................................55

Figura 5.20: PL da amostra de SrWO4 mostrando a evolução das bandas de emissão com o

tempo de processamento...........................................................................................................56

Figura 5.21: PL da amostra de CaWO4 mostrando a evolução das bandas de emissão com o

tempo de processamento...........................................................................................................56

Figura 5.22: Representação dos chamados defeitos superficiais e profundos presentes na

amostra de BaWO4....................................................................................................................57

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Lista de Tabelas

Tabela 3.1: Parâmetros estruturais dos arranjos tetragonal e monoclínico.................................8

Tabela 5.1: Parâmetros de rede das cerâmicas RENbO4 .........................................................29

Tabela 5.2: Parâmetros de dispersão dos fônons “ungerade”, calculados pelo ajuste do

espectro de refletividade infravermelha do NdNbO4................................................................33

Tabela 5.3: Números de ondas (cm-1

) determinados pelos ajustes dos dados experimentais

Raman obtidos por Lorentzianas para todas as cerâmicas

RENbO4....................................................................................................................................37

Tabela 5.4: Parâmetros de rede das cerâmicas MWO4.............................................................43

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Lista de Notações

ASTM: American Society for Testing and Materials

BC: Banda de condução

BEC: Backscattering electron (elétrons retroespalhados)

BV: Banda de valência

CCD: Dispositivo de detecção

DEAS: Difração de elétrons por área selecionada

DRX: Difração de raios-X

FTIR: Fourier transform infrared (espectroscopia infravermelha)

ICDD: International Comitee of Diffraction Data

MET: Microscopia eletrônica de transmissão

MEV: Microscopia eletrônica de varredura

PEEK: poli(eter-eter-cetona)

PL: Photoluminescence (espectroscopia de fotoluminescência)

PTFE: politetrafluoretileno

PVA: álcool polivinílico

SEI: Secondary electron (elétrons secundários)

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Resumo

Duas classes de compostos ortocerâmicos, de estrutura geral ABO4, foram

investigadas neste trabalho. O primeiro grupo abrange os ortoniobatos de terras raras

(RENbO4, RE = La-Lu, exceto Pm), que foram sintetizados por rota convencional a 1150°C

em diferentes condições de tempo, até que se obtivesse fases puras. Os ortotungstatos de

metais alcalinos terrosos (MWO4, M = Ca, Sr, Ba) constituem o outro grupo de compostos

aqui investigados, os quais foram obtidos a partir de síntese hidrotérmica assistida por

microondas. As condições utilizadas no processamento hidrotérmico foram mais brandas em

relação às já reportadas na literatura, envolvendo uma temperatura fixa de 110°C e tempos de

5 a 20 minutos. Em ambas as sínteses foram obtidas fases puras e cristalinas, as quais foram

comprovadas pelas técnicas de difração de raios-X e espectroscopia Raman. Todos os

compostos RENbO4 exibiram estrutura monoclínica (C2/c, #15), enquanto os MWO4

apresentaram estrutura tetragonal (I41/a, #88). O número de modos ativos em Raman, 18 e 13

bandas para niobatos e tungstatos, respectivamente, como previsto pelo cálculo da Teoria de

Grupos, puderam ser visualizados nos espectros. Para os niobatos, observou-se que o número

de onda apresentou uma tendência a diminuir à medida que o raio iônico da terra-rara

aumentava ao longo da série lantanídea. Para os tungstatos, os espectros obtidos nas

diferentes condições de tempo foram praticamente idênticos e, para diferentes metais (Ca, Sr

ou Ba), observou-se apenas o deslocamento das bandas em função do tamanho do cátion que

ocupava o sítio A. Através de medidas de Raman polarizado nas cerâmicas produzidas, foi

possível fazer as atribuições de cada um dos modos ativos nesses materiais. Através das

medidas de microscopia eletrônica foram obtidas informações sobre a morfologia e

microestrutura dos compostos MWO4. Foram observadas partículas nanoestruturadas com

diferentes morfologias. Além disso, medidas de fotoluminescência nas amostras de tungstatos

apresentaram emissões na região do visível, desde o azul ao vermelho. Essas emissões foram

atribuídas aos defeitos introduzidos na banda de valência e condução, resultante do

agrupamento entre o oxigênio, o cátion metálico e o tungstênio e são características de cada

material, dependendo tanto dos parâmetros sintéticos quanto das condições de análise.

Palavras-Chave: ortoniobatos, ortotungstatos, estrutura cristalina, processo

hidrotérmico, microondas, luminescência, espectroscopia Raman.

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Abstract

Two classes of orthoceramic compounds of general formula ABO4 were investigated

in this work. The first group includes the lanthanide orthoniobates (RENbO4, RE = La-Lu,

except Pm), which were synthesized by conventional solid-state route at 1150°C in different

conditions of time aiming the production of crystalline, single phase materials. Alkaline-

earth-metal tungstates (MWO4, M = Ca, Sr, Ba) constitute the other group of compounds

investigated here, which were obtained by using the microwave-hydrothermal process. Mild

conditions of temperature and time were employed for the synthesis of metal tungstates:

110°C and times from 5 to 20 minutes. Crystalline, single-phase materials were obtained in all

syntheses, as verified by X-ray diffraction and Raman spectroscopy techniques. All RENbO4

ceramics exhibited a monoclinic structure (C2/c, #15), while MWO4 presented a tetragonal

structure (I41/a, #88). According to group-theory calculations, the number of Raman-active

modes is 18 and 13 for niobates and tungstates, respectively, as also observed in the

experimental spectra. For the orthoniobates, it was verified that the wavenumber presented a

tendency to decrease for increasing ionic radii along the lanthanide series. For the

orthotungstate materials, the spectra obtained in various processing conditions were quite

similar. For different metals (Ca, Sr or Ba), it was observed band shifts that could be related

to the cation occupying the A-site. Polarized Raman scattering was carried out in the

produced ceramics, which allow us to discern and assign the active bands. Scanning and

transmission electron microscopies were used to investigate the morphologies and

microstructure of the MWO4 compounds. Nanostructured particles were observed with

different morphologies as a function of the alkaline-earth metal. Besides, photoluminescence

measurements in these metal tungstates showed emissions in the visible light region, from

blue to red. Those emissions were attributed to defects introduced in the valence and

conduction bands, which resulted in the formation of clusters between oxygen, metallic cation

and the tungsten atom. These defects are characteristic of each material, and depend on the

synthetic parameters as well as on the analysis conditions.

Keywords: orthoniobates, orthotungstates, crystalline structure, hydrothermal, microwave,

luminescence, infrared, Raman spectroscopy.

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Capítulo 1. Introdução

A origem da palavra cerâmica está intimamente ligada ao processo de transformação

envolvido na produção dos materiais cerâmicos: “keramikos” – palavra grega que significa

“algo queimado”[1]

. Os materiais cerâmicos podem ser definidos de várias maneiras, levando

em consideração o tipo de material que os constituem ou o processamento que caracteriza a

sua formação. Um conceito amplo, inspirado pela definição da Sociedade Americana para

Testes e Materiais (American Society for Testing and Materials – ASTM)[1]

, seria: “um

material formado pelo agrupamento de compostos que possuem estrutura cristalina,

parcialmente cristalina ou vítrea, sendo estes compostos inorgânicos e não metálicos,

formados por processos térmicos e agrupados em corpo sólido consistente a partir do seu

resfriamento”. Dentre as propriedades macroscópicas das cerâmicas, pode-se destacar a

resistência mecânica e elétrica, a condutividade térmica e a estabilidade química. A habilidade

de se obter cerâmicas com propriedades macroscópicas adequadas, aliada ao baixo custo e

facilidade de processamento, permitiu a utilização desses materiais em várias áreas

tecnológicas. Este fato foi intensificado a partir da década de 1960, e resultou no

desenvolvimento de novas aplicações para esses materiais. Atualmente, a extensa gama de

materiais cerâmicos com aplicações em áreas militares, médicas e tecnológicas inclui as

chamadas “cerâmicas eletrônicas”, dentre as quais podemos destacar as cerâmicas

ferroelétricas e piezoelétricas utilizadas em capacitores e aparelhos de ultrassom, cerâmicas

supercondutoras utilizadas para produção de altos campos magnéticos e em equipamentos de

ressonância magnética nuclear, cerâmicas de urânio utilizadas como combustível em usinas

nucleares e cerâmicas de alta qualidade óptica utilizadas como meio ativo para lasers[1]

. Esses

exemplos nos fornecem uma noção da importância econômica e o interesse em pesquisa e

desenvolvimento desses materiais.

Os ortoniobatos de terras raras (RENbO4) e os ortotungstatos de metais alcalinos

terrosos (MWO4) fazem parte da classe dos materiais cerâmicos avançados conhecidos como

eletrocerâmicas. Hoje, o foco das pesquisas em cerâmicas eletrônicas é em nanoescala ou

nanotecnologia, que buscam um novo nível de domínio da matéria criando novas estruturas

organizadas a partir da escala molecular. Na pesquisa em materiais nanoestruturados,

particularmente os materiais cerâmicos, cada vez mais se busca utilizar métodos através dos

quais se possam obter relações ótimas entre a composição, a estrutura e a propriedade desses

compostos. Para o caso das cerâmicas eletrônicas, sabe-se que o pó produzido inicialmente

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tem consequência direta nas propriedades finais dos componentes, por isso, vários métodos de

síntese de pós nanoestruturados têm sido desenvolvidos nos últimos anos como alternativa aos

processos convencionais ou mesmo não-convencionais. Na literatura, se tem observado o

crescente uso dos chamados métodos químicos, para a obtenção destas nanoestruturas. Assim,

o domínio e aplicação desses métodos têm permitido um avanço notável no que diz respeito à

síntese de novos materiais com as mais diferentes morfologias (nanopartículas, nanotubos,

nanofios, nanofitas e nanobastões). Sobre esses métodos, muito se tem discutido em relação à

sua capacidade de produzir pós quimicamente puros e com estreita distribuição de tamanho.

No entanto, questões sobre temperatura de trabalho durante a síntese e também nas etapas

posteriores onde se pretende obter materiais cristalinos, reagentes utilizados incluindo tipo,

quantidade e custo e seus impactos em relação ao homem e ao meio-ambiente têm sido pouco

discutidos[2]

. É imprescindível que a discussão sobre o processo de produção de materiais,

incluindo as facilidades e dificuldades relativas levem em consideração os aspectos

tecnológicos, econômicos e ambientais[3]

. É com essa visão que o presente trabalho propõe o

estudo de dois diferentes grupos de eletrocerâmicas com o objetivo de investigar o

comportamento estrutural, vibracional, morfológico e funcional dos materiais. Ao mesmo

tempo, é objetivo deste trabalho a comparação do processo convencional com uma rota

sintética menos impactante ao meio ambiente, que é o caso da síntese hidrotérmica assistida

por microondas, a qual está dentro do contexto atual da chamada “química verde”. Espera-se

com este trabalho agregar conhecimento na área de síntese de materiais, assim como em

relação às propriedades morfológicas e estruturais das ortocerâmicas investigadas.

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Capítulo 2. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo a síntese dos materiais ortoniobatos de terras raras

RENbO4 (RE = La-Lu, exceto Pm) e ortotungstatos de metais alcalinos terrosos MWO4 (M =

Ca, Sr e Ba) por processamento sintético convencional e hidrotérmico assistido por

microondas, respectivamente, abordando vantagens e desvantagens de cada rota processual.

Além disso, pretende-se investigar as propriedades desses materiais através da caracterização

estrutural, morfológica e vibracional, fazendo uso de técnicas como difração de raios-X

(DRX), espectroscopias Raman, infravermelha (FTIR) e de fotoluminescência (PL),

microscopias eletrônicas de varredura (MEV) e de transmissão (MET).

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Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

Os óxidos ternários de estrutura ABO4 têm sido alvo de inúmeras pesquisas nos

últimos anos devido à gama de propriedades e aplicações desses materiais, o que lhes confere

uma importância tanto no aspecto teórico quanto tecnológico. Vários trabalhos revisam e

discutem as características comuns dos compostos com estrutura ABO4[4-7]

. Alguns exemplos

de aplicações destes compostos são: cristais cintilantes[8]

, lasers para Raman[9]

,

fotocatalisadores[10]

, dentre outros. Do ponto de vista tecnológico, existe uma frente

interessada na produção de nanocristais de diferentes compostos ABO4 principalmente por

rota hidrotérmica, com o objetivo de melhorar as propriedades desses materiais. Uma

importante aplicação tecnológica desses compostos é o possível desenvolvimento de materiais

de alta resistência mecânica por meio de tratamentos à alta pressão e temperatura, e o

desenvolvimento de métodos sintéticos que possam ser facilmente transferidos para a

indústria[6]

, visando uma produção em grande escala. Quanto ao aspecto teórico, estudos

estruturais possibilitam compreender a resposta dos materiais em função de suas

propriedades, isto porque o comportamento dos materiais está intimamente ligado à sua

estrutura. Os estudos à alta pressão têm contribuído de maneira significativa para o

conhecimento das propriedades dielétricas dos materiais de estrutura do tipo scheelita, que é

uma das formas assumidas pelas ortocerâmicas do tipo ABO4, e esse estudo tem sido

intensamente utilizado no desenvolvimento dos sistemas de telecomunicação móvel[11]

.

Depero et al.[4]

mostraram que um número expressivo de compostos com estrutura

cristalina do tipo ABO4, é formado por tetraedros BO4 com número de coordenação quatro e

dodecaedros AO8 com coordenação oito, os quais podem ser vistos como dois poliedros

interpenetrantes, caracterizando a estrutura de uma ortocerâmica. Estes compostos podem

sofrer transições estruturais sejam por alterações nos parâmetros pressão ou temperatura

seguindo a sequência: I41/amd (zircão) → I41/a (scheelita) → I2/a (fergusonita) → P21/n

(BaWO4-tipo II) → fases ortorrômbicas (Cmca) → fases amorfas. A Figura 3.1 apresenta um

gráfico de distribuição dos grupos espaciais que são estatisticamente mais prováveis para os

compostos do tipo ABO4, juntamente com suas respectivas estruturas cristalinas. A maioria

das estruturas (cerca de 62%) pertencem aos seguintes grupos espaciais colocados em ordem

decrescente de probabilidade: #14, 60, 88, 62 136 e 216[4]

. Neste trabalho, serão abordados

dois grandes grupos desta classe de compostos ABO4, os ortotungstatos de estrutura MWO4,

mais precisamente os ortotungstatos dos metais alcalinos terrosos (M = Ca, Sr e Ba), e o

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grupo dos ortoniobatos de terras raras RENbO4 (RE = La-Lu, exceto Pm). Os MWO4

estudados possuem estrutura tetragonal (I41/a, # 88), enquanto os RENbO4 possuem estrutura

monoclínica (C2/c, # 15).

Figura 3.1: Distribuição estatística dos grupos espaciais mais prováveis para os compostos

com estrutura do tipo ABO4 com suas respectivas estruturas cristalina[4]

.

3.1) Ortoniobatos de terras raras – RENbO4

Os niobatos pertencem a um grupo importante de materiais eletro-ópticos ou

dispositivos foto refratários os quais têm ganhado considerável atenção, especialmente depois

de estudos realizados na cerâmica LiNbO3[12,13]

. Os niobatos quando dopados com elementos

lantanídeos, ou seja, terras raras, apresentam características como a estabilidade química e

eletroquímica, atividade fotoeletrônica[14-17]

, condutividade iônica[18-20]

além das propriedades

luminescentes[21-28]

e ferroelásticas[29]

. Essas características fazem com que os RENbO4 se

destaquem em aplicações relacionadas ao meio ambiente e energia, como por exemplo,

fotocatálise para degeneração de contaminantes e regeneração de H2, condutores iônicos para

baterias de lítio ou células combustíveis de óxidos sólidos[29]

. A estabilidade química dos

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compostos RENbO4 pode ser vista como uma vantagem em diversos aspectos, mas por outro

lado, essa natureza inerte limita as rotas sintéticas adotadas na produção desses materiais e

impede o uso de mecanismos simplificados através dos quais seria mais fácil investigar as

estruturas e novas fases presentes nestes sistemas, trazendo contribuições ao conhecimento.

Por isso, a técnica mais usual na síntese desses materiais é o processo cerâmico convencional,

que consiste na mistura dos sólidos, em geral óxidos, seguidos de moagens e queimas

intermitentes em elevadas temperaturas (de ordem superior a 1000°C) até que se obtenha a

fase almejada.

Os elementos lantanídeos possuem importantes propriedades físicas e por isso o

estudo envolvendo estes elementos juntamente com os niobatos formando os compostos

RENbO4 tem sido alvo de inúmeros trabalhos[30-38]

. Os íons de terras raras são caracterizados

por possuírem o orbital 4f incompleto, o que faz com que o elemento possa absorver energia

passando para o estado excitado e posteriormente retornar ao estado fundamental através de

emissão na região do visível[39]

; essa transição característica, dentro da configuração 4f n, foi

de grande aplicação em tubos de TV[25]

. Existem na literatura vários trabalhos sobre os

ortoniobatos das terras raras La,[17,29,31,33,34,37,40,41]

Ce,[34,42,43]

Pr,[34]

Nd,[29,44,45]

Sm,[29,34]

Eu,[34,36]

Gd,[36,37,45,46]

Tb,[36]

Dy,[29,34]

Ho,[34]

Er,[29,47-49]

Yb[50]

e Lu,[29,36,51,52]

seja investigando

propriedades, estrutura, síntese ou aplicações. Já para o composto TmNbO4, nenhum trabalho

abordando a síntese desse material foi encontrado, sendo assim, é a primeira vez que um

trabalho se propõe a apresentar um estudo envolvendo toda a série lantanídea para os

materiais RENbO4.

Os compostos RENbO4 possuem estrutura monoclínica (C2/c) à temperatura ambiente,

com grupo espacial listado como #15 pelo “International Tables of Crystallography” e célula

unitária constituída por 4 unidades RENbO4[29]

. Esses materiais sofrem uma transição

ferroelástica reversível com a mudança de temperatura, e em temperaturas mais elevadas

possuem estrutura tetragonal ( 14 /I a ). A temperatura de transição depende do íon de terra

rara e aumenta ao longo da série La-Lu. Segundo estudos realizados por Jian et al.[53]

, a

transição de fase monoclínica para tetragonal no LaNbO4 ocorre em uma faixa de temperatura

entre 490°C e 525°C. Quando se varia a pressão ou a temperatura em um cristal pode-se

mudar a sua estrutura cristalina. Como em toda transição de fase, essa mudança ocorre com o

objetivo de minimizar a energia livre do sistema. Geralmente, a fase estável à maior

temperatura possui uma maior simetria quando comparada com a fase de menor temperatura.

As transições estruturais de fase podem ser classificadas em reconstrutivas e distorcivas[54]

.

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As transições reconstrutivas ocorrem quando novos parâmetros de rede são construídos de

modo tal que não há relação grupo e subgrupo entre as fases (como ocorre no grafite e

diamante); já as transições distorcivas são aquelas onde o protótipo da rede na fase de baixa

simetria se encontra um pouco distorcido em relação à fase mais simétrica. A transição

estrutural observada nos compostos RENbO4 são do tipo distorciva, que resultam de um leve

deslocamento do átomo na célula unitária, tipicamente causando pequenas mudanças no

comprimento dos eixos da célula e entre seus ângulos. A Figura 3.2 ilustra as estruturas de

compostos do tipo RENbO4 quando ocorre a transição de monoclínico para tetragonal, onde

se observa claramente a distorção da rede dos átomos na estrutura monoclínica. Segundo Jian

et al.[53]

há evidências de que essa transição seja de segunda ordem, o que é consistente

quando se vê a transição como um leve deslocamento dos átomos e não uma reconstrução

mais drástica da rede. As transições classificadas como de segunda ordem são contínuas, ou

seja, o parâmetro de ordem se anula continuamente, diferentemente das transições de primeira

ordem que são descontínuas, ou seja, o parâmetro de ordem exibe um salto. A fase tetragonal

em alta temperatura corresponde ao estado paraelástico[55]

e também exibe importantes

características; porém, neste trabalho, foram estudados apenas os ortoniobatos à temperatura

ambiente com estrutura monoclínica, cujos parâmetros de rede estão apresentados na Tabela

3.1.

Figura 3.2: Transição de fase estrutural de monoclínico para tetragonal nos compostos do tipo

RENbO4.

Monoclínico Tetragonal

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Estudos feitos em ortoarsenatos,[56,57]

ortofosfatos[58,59]

e ortovanadados[60,61]

mostraram que, diferentemente dos ortoniobatos, esses compostos apresentam duas estruturas

cristalinas em função da terra-rara que ocupa o sítio A. Assim, o cristal possui estrutura

monoclínica para as terras-raras pertencentes à primeira metade da série dos lantanídeos (La-

Nd) e tetragonal para os elementos pertencentes à segunda metade da série (Sm-Lu), com

exceção dos REVO4, onde apenas lantânio (La) e cério (Ce) apresentam estrutura monoclínica

e os demais possuem estrutura tetragonal. Nos ortoniobatos ocorre um perfeito

empacotamento das unidades aniônicas NbO4 ao redor dos cátions (RE), além disso, existe

uma relação (A/B) entre o raio da terra-rara (A) e do ânion (B) que determinará a estrutura

cristalina. Em termos qualitativos, é comum aceitar que pequenos cátions levam a um menor

número de coordenação enquanto cátions grandes tendem a um número maior, ou seja, os

cátions maiores preferem a estrutura monoclínica com 9 oxigênios coordenados do que a

estrutura tetragonal com número de coordenação 8.

Tabela 3.1: Parâmetros estruturais dos arranjos tetragonal e monoclínico.

Fase Estrutura Grupo Espacial Célula Unitária Sítios

LaNbO4*

monoclínica C2/c a = 5,567Å

b = 11,52Å

c = 5,205Å

β = 94,05°

La = 4e

Nb = 4e

O = 8f

CaWO4[6]

tetragonal I41/a a = 5,2429Å

b = 5,2429Å

c = 11,3737Å

Ca = 4b

W = 4a

O = 16f

*De acordo com a ficha #022-1125 do “International Committee of Diffraction Data”(ICDD).

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3.2) Ortotungstatos de metais alcalinos terrosos – MWO4 (M = Ca, Sr, Ba)

O nome scheelita é utilizado para descrever a estrutura cristalina comum da classe dos

materiais MWO4 (M = Ca, Sr, Ba). Esse nome é devido ao mineral scheelita, CaWO4, que foi

utilizado pela primeira vez por Thomas A. Edison no ano de 1896 em detectores de raios-X[6]

.

Kröger, em 1948, reportou as propriedades luminescentes de materiais com estrutura

tetragonal do tipo scheelita e, a partir do seu trabalho, um enorme legado de pesquisas

abordando as propriedades luminescentes nesses materiais tem sido realizadas[62-67]

. Os

ortotungstatos constituem o grupo de compostos ABO4 mais estudados nos últimos tempos

devido ao seu potencial de aplicações. O grande interesse nesses materiais se deve às suas

propriedades ópticas e estruturais, que formam a base para seu largo uso como fósforos, fibras

ópticas, sensores, catalisadores, lasers, amplificadores, detectores cintilantes, dispositivos

fotoluminescentes e de aplicação na região de microondas[67]

.

A estrutura dos tungstatos é dependente do raio iônico dos cátions, onde raios maiores

(r > 0,99Å = Ca, Sr, Ba, Pb) favorecem a estrutura scheelita e os menores (r < 0,77Å = Fe,

Mn, Co, Ni, Mg, Zn) favorecem a estrutura wolframita[68]

. Na literatura, existem várias

maneiras de se descrever a estrutura scheelita. Na Tabela 3.1 foram apresentados os

parâmetros de rede para o composto CaWO4, que como os demais materiais MWO4,

apresentam grupo espacial I41/a (# 88). Nos ortotungstatos de metais alcalinos terrosos aqui

estudados, os cátions maiores (Ca2+

, Sr2+

, Ba2+

) possuem número de coordenação 8, com o

oxigênio na rede em uma aproximação dodecaédrica e os cátions menores (W6+

) com número

de coordenação 4, tendo uma aproximação tetragonal em relação aos oxigênios. A estrutura

pode ser visualizada em termos de seus dois poliedros de cátions constituintes, ou seja, o sítio

do metal alcalino com coordenação oito e o sítio tetraédrico do tungstênio. A Figura 3.3

ilustra a estrutura cristalina do CaWO4 em perspectiva na célula unitária convencional,

indicando os eixos “a”, “b”, “c” e as ligações entre W e O, e entre Ca e O. Cada vértice do

sítio do Ca é composto de um átomo de oxigênio e compartilha seus vértices com oito

tetraedros de WO42-

adjacentes. Cada tetraedro é ligado a oito sítios de cálcio, sendo dois para

cada oxigênio[6]

.

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Figura 3.3: Estrutura cristalina do CaWO4 em perspectiva na célula unitária convencional.

A propriedade dos tungstatos que desperta maior atenção dos pesquisadores é a

luminescência. Nesse sentido, muitos estudos investigando a resposta óptica no visível,

ultravioleta próximo e regiões do infravermelho tem sido realizados. Os materiais

luminescentes conhecidos como “fósforos” são sólidos que convertem certo tipo de energia

em radiação eletromagnética nas regiões do ultravioleta, visível e infravermelho. Esses

materiais consistem de uma rede hospedeira inerte e um ativador opticamente excitado, como

por exemplo, metais de transição (3d) ou lantanídeos (4f)[39]

. O estado excitado é considerado

um estado de transferência de carga, em que um elétron é excitado de um orbital não ligante

do oxigênio para o orbital antiligante do íon metálico. Barendswaards e van der Waals[69]

mostraram que o estado excitado é fortemente distorcido devido ao efeito Jahn-Teller , pois,

quando a molécula não linear se encontra num estado degenerado ela tende a se distorcer para

remover a degenerescência e atingir uma menor energia. As emissões no comprimento de

onda curto desses compostos, ou seja, emissões nos comprimentos de onda de alta energia

(alta frequência) como raios-X e raios gama, foram atribuídas a transições dentro do grupo

WO4 e à natureza da emissão no comprimento de onda longo, em outras palavras, emissões

nos comprimentos de onda de baixa energia (baixa frequência) foram atribuídas ao grupo

WO3. A estabilidade dos tungstatos juntamente com sua característica estrutural têm sido

investigadas sob influência da temperatura e da pressão[70]

, por meio de espectroscopia

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Raman, onde suas propriedades ópticas têm revelado vantagens essenciais para aplicação em

lasers para Raman.

Várias têm sido as rotas sintéticas reportadas na literatura para obtenção de tungstatos

como através de precursores poliméricos[65,71]

, reação no estado sólido[72]

, sal fundido[73]

,

método hidrotérmico assistido por microondas[66,74,75]

e precipitação[76]

sendo que neste

trabalho adotou-se a rota hidrotérmica assistida por microondas para a síntese dos materiais.

3.3) Síntese hidrotérmica assistida por microondas

Para a síntese dos tungstatos o processamento utilizado foi rota hidrotérmica assistida

por microondas, a mesma adotada por autores como Thongtem[75,77,78]

, Varela[66,67,74]

e

Wang[79]

, os quais têm aplicado com frequência essa metodologia para a produção dos

tungtatos de Ca, Sr e Ba. Chamam-se microondas as ondas eletromagnéticas com

comprimentos de onda variando entre 1mm e 1m. Sendo assim, são ondas que se situam entre

as regiões do rádio e do infravermelho como mostra a Figura 3.4 que também ilustra as

diversas regiões do espectro eletromagnético e as relações com frequência e energia [80]

.

Figura 3.4: Espectro eletromagnético ilustrando as relações com frequência e energia.

A tecnologia de circuitos de microondas foi desenvolvida para se ampliar o intervalo

de frequências utilizadas para telecomunicações. Microondas têm sido empregadas como

instrumento militar (Radar) desde o início da década de 1940; em meados da década de 1970

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foi empregado na área alimentícia (forno microondas) e somente na década de 1980 começou

a ser aplicado nos laboratórios científicos.

O fenômeno observado nesta rota processual é denominado de “efeito de microondas”,

que envolve a interação das microondas com os materiais e os elementos da tabela periódica.

A síntese de sólidos inorgânicos utilizando microondas foi estudada por Rao et al.[81]

, onde

eles verificaram que além da síntese ser limpa, rápida e de baixo custo energético, é uma rota

mais econômica perante as queimas em fornos convencionais. Na fabricação de diversos

materiais, em processos realizados em temperaturas de até 250°C, o forno de microondas é

útil devido a uma série de propriedades. Quando submetidas à radiação microondas,

substâncias polares se aquecem, já as substâncias apolares são transparentes às microondas e

não se aquecem sob radiação, portanto, podem ser usadas como refrigeradores ou

estabilizadores da temperatura numa reação química. O aquecimento no forno microondas é

volumétrico, e não a partir da superfície, como nos fornos convencionais de calor radiante,

porque o calor é gerado no próprio material a ser aquecido. As paredes do recipiente ficam

mais frias que o interior, pois, embora haja geração de calor próximo a elas, há também

radiação para o ambiente, o que não ocorre no interior do volume. Aproveitando essas

características, os fornos de microondas são utilizados no processamento químico de novos

materiais, devido as suas inúmeras vantagens com relação ao forno convencional como: maior

rapidez nos processos, devido ao aquecimento mais efetivo do material; redução no

desperdício de calor; produção mais uniforme, pois é possível controlar melhor a temperatura

da reação; pureza do produto e seletividade na produção.

Todos os fornos de microondas funcionam sobre o mesmo princípio; fornecendo

energia diretamente às moléculas através da interação da molécula com o campo

eletromagnético. Como as microondas podem penetrar o material provendo energia, calor

pode ser gerado ao longo de todo o volume do material resultando em um aquecimento

volumétrico. Em um meio reacional, os dipolos (como os que existem nas moléculas de água)

oscilam para se alinharem com o campo elétrico gerado pelo microondas a uma frequência de

2,45GHz. Esses movimentos das moléculas perturbam as outras moléculas não excitadas, de

modo que o conjunto é aquecido através das colisões geradas. Assim, através desse

conhecimento da interação das microondas com as moléculas é possível entender a rapidez

das reações químicas submetidas ao aquecimento por microondas quando comparadas àquelas

processadas pela metodologia convencional.

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Capítulo 4. Materiais e métodos

4.1) Preparação dos compostos RENbO4

A rota sintética adotada para a produção dos ortoniobatos foi a reação em estado

sólido ou método cerâmico, como também é conhecido. Esse processamento consiste

basicamente na mistura física dos reagentes em forma de pó, seguidos de trituração e

calcinação, apresentando como desvantagem o gasto energético (já que envolve temperaturas

superiores a 1000°C) e o longo tempo de síntese. Assim, os reagentes foram pesados em

quantidades estequiométricas e macerados no grau com uma pequena quantidade de acetona

(C3H6O – Synth) para facilitar a homogeneização. Os precursores foram óxidos de terras raras

RE2O3 (RE = La, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, Lu), CeO2, Pr6O11, Tb4O7 e Nb2O5,

todos reagentes Sigma-Aldrich com alto grau de pureza (>99%). A mistura dos pós foi

calcinada em um forno tipo tubular (Quimis), em uma faixa de temperatura de 800-1300°C e

tempos variáveis, com intervalos intermitentes de maceração, até que fases puras fossem

obtidas. Para as amostras de Gd e Nd, foram preparadas pastilhas sinterizadas, com dimensões

de aproximadamente 12,5mm de diâmetro e 5,0mm de espessura. Utilizou-se uma prensa

manual, carga de 150MPa pelo tempo de 3 segundos. Para o preparo da pastilha de NdNbO4,

foi adicionado 1% em peso de álcool polivinílico (PVA – Sigma-Aldrich) dissolvido em água

destilada. A pastilha foi queimada em um forno microondas (Milestone) à 1000°C por 60min

para que todo o PVA fosse expelido e, em seguida, a sinterização foi feita no forno tubular

por 9hs à 1200°C. Já a pastilha de GdNbO4, foi sinterizada diretamente no forno tubular à

1250°C por 4hs. Após o preparo das amostras, essas foram submetidas à caracterização, onde

se utilizou técnicas como difração de raios-X (DRX), espectroscopia Raman e no

infravermelho (FTIR), cujo detalhamento será apresentado mais adiante.

4.2) Preparação dos compostos MWO4

Para a síntese dos tungstatos, utilizou-se a rota hidrotérmica assistida por microondas,

que consiste na utilização de fornos microondas após a coprecipitação dos reagentes. Os

compostos foram sintetizados a partir dos nitratos dos metais alcalinos terrosos

(Ca(NO3)2.4H2O, Sr(NO3)2 e Ba(NO3)2) e tungstato de sódio bihidratado (Na2WO4.2H2O),

todos reagentes Sigma-Aldrich de alta pureza (>99%). Os precursores foram

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estequiometricamente pesados, solubilizados em água destilada, misturados e levados ao

forno. Não foi feito nenhum ajuste no pH da solução, assim, elas foram levadas ao

microondas no pH resultante da coprecipitação, ou seja, 7.2, 7.6 e 7.9 para as amostras de Ca,

Sr e Ba, respectivamente. Com o auxílio de uma proveta mediu-se o volume de 50mL de

solução e verteu-se em frascos específicos (100mL de capacidade) cujo revestimento interno é

feito de politetrafluoretileno (Teflon, PTFE) e recobrimento externo de poli(eter-eter-cetona)

PEEK , e levou-os ao forno. Todos os frascos foram fechados com o auxílio de um

torquímetro para garantir que o sistema fosse realmente vedado, livre de qualquer vazamento,

garantindo o perfeito controle de pressão. O forno utilizado foi um equipamento Milestone

BatchSYNTH com frequência de 2.45GHz, os frascos foram colocados sobre o rotor giratório

no interior do forno. Esse equipamento opera sob condições controladas de potência,

temperatura e pressão, o que garante alta confiabilidade e reprodutibilidades dos resultados.

Os parâmetros potência, pressão e temperatura adotados na síntese dos tungstatos foram

1000W, 1.2bar e 110°C respectivamente, e faixas de tempo variáveis de 5 a 20min. Foi

utilizado o programa “EasyControl Software” o qual permite acompanhar o andamento do

processo através da comparação entre os parâmetros reais e ideais, onde se observou as

respectivas variações de temperatura e pressão da ordem de 110±1°C e 1.2±0.2 bar. Dentro de

cada frasco foi colocado um agitador magnético já que o módulo de agitação magnética foi

ativado, possibilitando, assim, uma agitação constante dentro de cada recipiente.

Após o término do processamento de acordo com os respectivos tempos de síntese (5,

10, 15 e 20min), as soluções foram lavadas com água destilada, filtradas e o produto seco na

estufa a 80°C. Para as amostras sinterizadas, foi feito um aquecimento prévio no forno

microondas à 1000°C por 2,5hs, com uma rampa de aquecimento de 5,6°C/min para evitar

qualquer tipo de dano nas pastilhas, que foram prensadas em condições semelhantes às

adotadas para os ortoniobatos, porém não utilizou-se o PVA. Após o pré-tratamento térmico,

as pastilhas foram levadas ao forno tubular por 3h a 1250°C para que as amostras fossem

então sinterizadas. A caracterização das amostras foi feita utilizando as técnicas de difração

de raios-X, espectroscopia Raman, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e de

transmissão (MET), difração de elétrons em área selecionada (DEAS) e medidas de

fotoluminescência (PL).

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4.3) Caracterização dos materiais

Após a síntese de cada composto, este foi submetido ao processo de caracterização

visando à confirmação da fase presente e determinações de caráter estrutural e propriedades

específicas. As técnicas utilizadas serão brevemente descritas a seguir.

4.3.1) Difração de raios-X (DRX)

A técnica de difração de raios-X é utilizada na determinação de fases cristalinas a

longa distância para determinar a periodicidade do sistema. Através dessa técnica, pode-se

acompanhar a evolução das fases e determinar o tipo de arranjo ou estrutura cristalina do

material. Para que ocorra a difração dos raios-X, é necessário que a equação de Bragg seja

satisfeita[82]

:

nλ = 2dsenθ (4.1)

Admitindo-se que um feixe monocromático de determinado comprimento de onda (λ) incida

sobre um cristal a um ângulo θ, chamado de ângulo de Bragg, d será a distância entre os

planos dos átomos e n a ordem da difração. A técnica de difração de raios-X foi utilizada para

caracterização estrutural básica e avaliação de parâmetros estruturais relevantes em função

das condições de síntese. Assim, foi feita a determinação das fases existentes nos compostos

cerâmicos para comprovar a cristalinidade e ausência ou não de contaminantes. Os

difratogramas foram obtidos usando-se um equipamento SHIMADZU D-6000 (40kV,

20mA), com monocromador de grafite e filtro de níquel em uma escala de varredura 2θ

variando de acordo com a necessidade da análise e intervalo requerido. A radiação utilizada

foi de Fe-K (λ = 1,93604Å), com tempo de contagem de 15s e passo de 0,02° 2θ. Os

resultados foram convertidos automaticamente para radiação Cu-K (λ = 1,54059Å) para que

os dados pudessem ser trabalhados. A análise das fases presentes foi feita através de

comparações com os padrões do banco de dados (fichas do ICDD - International Committee

of Diffraction Data) através do software Jade 9.0.

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4.3.2) Espectroscopia na região do infravermelho (FTIR)

A presença de determinados grupos funcionais pode ser inferida pela espectroscopia

na região do infravermelho. A luz infravermelha provoca a excitação vibracional das ligações

nas moléculas. As ligações químicas das substâncias possuem frequências de vibração

específicas, as quais correspondem a níveis vibracionais da molécula. Cada vibração

corresponde a uma banda de absorção e essas vibrações devem produzir uma variação no

momento dipolar da ligação (logo, uma variação no campo elétrico da ligação), que irá

interagir com as ondas eletromagnéticas da luz provocando absorção. Vibrações simétricas

que não levam à variação dos momentos dipolares não provocam absorção de radiação

infravermelha. Os espectros são medidos em número de onda (inverso do comprimento de

onda). Assim, a técnica de absorção na região do infravermelho foi utilizada para identificar

as unidades estruturais dos compostos, com base nas frequências vibracionais das moléculas.

As bandas registradas são decorrentes da absorção da radiação eletromagnética resultante dos

movimentos de torção, deformação, rotação e vibração dos átomos numa molécula[76]

. Foram

utilizados dois equipamentos com configurações diferentes para as medidas na região do

infravermelho médio e distante. O equipamento empregado para a coleta dos espectros na

região do infravermelho médio (500 - 4000cm-1

) foi um Nexus 470 (Nicolet) equipado com

fonte de SiC (Globar), divisor de feixe de KBr e detetor de HgCdTe (telureto de cádmio e

mercúrio). Os espectros foram obtidos sob atmosfera de nitrogênio com resolução espectral

de 4cm-1

e 64 varreduras. Para essa configuração, as amostras foram depositadas sobre uma

base de alumínio e analisadas em um microscópio Centaurus (objetiva de 10X, região

analisada de 150x150µm2) no modo de reflexão. Um segundo conjunto de dados foi coletado

em um equipamento Bomem, modelo DA8-02 também para a obtenção de espectros na região

do infravermelho médio (500-4000cm-1

), com fonte de SiC, divisor de feixes de KBr e detetor

resfriado com nitrogênio líquido de HgCdTe. Para a obtenção dos espectros de infravermelho

distante (50-600cm-1

), foi utilizada a mesma fonte de SiC, divisor de feixe apropriado (Mylar

hypersplitter,

6m) e detetor de Si resfriado a hélio líquido (bolômetro). As amostras foram

preparadas na forma de pastilhas (150MPa) contendo apenas o material a ser analisado e

colocado em um acessório de reflectância especular de ângulo fixo (SpectraTech, 11,5° de

incidência). Todas as medidas realizadas nesse equipamento foram mantidas sob pressão de

10-4

bar e resolução de 4cm-1

. A Figura 4.1 apresenta um esquema da instrumentação típica

utilizada nas medidas de absorção infravermelha- FTIR.

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Figura 4.1: Desenho esquemático da instrumentação típica utilizada nas medidas de FTIR.

4.3.3) Espectroscopia Raman

A Espectroscopia Raman é uma técnica de caracterização de materiais que se baseia

na observação do fenômeno do espalhamento inelástico da luz pela matéria, este é o chamado

efeito Raman, o qual permite identificar as entidades químicas com base nos modos

vibracionais. O efeito Raman é observado quando um feixe de radiação monocromática passa

através de uma amostra que contém ligações suscetíveis a alterações em sua polarizabilidade à

medida que vibram. Essa variação na polarizabilidade ocorre quando a densidade eletrônica

do átomo se contrai e se alonga alternadamente, resultando na modulação da luz espalhada na

frequência da vibração. É importante destacar que a frequência de radiação excitante na

espectroscopia Raman deve ser inferior às energias eletrônicas do composto, para que não

ocorra qualquer absorção da luz incidente. Quando a substância absorve na região de

excitação, ocorre uma reabsorção dos sinais Raman tornando muito difícil a detecção dos

mesmos. É de fundamental importância a escolha da frequência de excitação, ela deve situar-

se abaixo da maior parte das transições eletrônicas e acima da maior parte das frequências

vibracionais fundamentais. Na espectroscopia Raman, a amostra é irradiada por um feixe de

laser na região do visível e a luz espalhada também é observada nesta região[83]

.

No espalhamento Raman, um fóton ao incidir sobre a amostra e ser absorvido, pode

excitá-la a um estado cuja energia é muito maior que a energia do modo de vibração. Porém,

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esses estados excitados são muito instáveis e rapidamente ocorre o decaimento para estados

de menor energia. Por exemplo, ao voltar para o estado fundamental, um fóton é reemitido

com a mesma energia do fóton incidente, o que para todos os efeitos, o fóton incidente foi

simplesmente espalhado, sem perder nada de sua energia inicial; esse processo é chamado de

espalhamento Rayleigh. Outra possibilidade é a molécula não retornar ao estado fundamental

e depois de decair, ela fica num estado vibracional com parte da energia. Nesse caso, o fóton

que é reemitido terá sua energia diminuída, a molécula e sua vibração retiram energia do

fóton, esse é o tipo de espalhamento Raman denominado Stokes. Há também a possibilidade

de a molécula já estar vibrando com uma determinada energia (devido à agitação térmica, por

exemplo) e assim, quando o fóton incide sobre ela, pode levá-la a uma energia bem mais alta

e desse estado a molécula decai, só que agora para o estado fundamental. Nesse processo, um

fóton é emitido com maior energia; esse espalhamento é chamado de anti-Stokes. Portanto, o

processo Raman pode produzir fóton com energia maior ou menor que a energia do fóton

incidente, sendo que quando a energia do fóton diminui, gerando uma vibração da molécula, o

processo é chamado de Stokes e no caso em que a energia do fóton aumenta, retirando energia

de vibração da molécula, o processo é chamado de anti-Stokes. A Figura 4.2 ilustra

esquematicamente o que foi descrito aqui. É importante ressaltar que no caso das amostras

estudadas neste trabalho, não se tratam de compostos moleculares. Assim, apesar de toda a

explicação para o entendimento da técnica de espectroscopia Raman e anteriormente da

infravermelha serem feitas embasadas nas vibrações moleculares, no nosso caso as vibrações

observadas são em relação à rede cristalina.

Figura 4.2: Diagrama energético para o espalhamento Rayleigh e os espalhamentos Raman

Stokes e Anti-Stokes.

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Experimentalmente as amostras foram analisadas em dois equipamentos diferentes.

Um espectrômetro monocromador triplo Jobin-Yvon T64000 com um microscópio confocal

Olympus (objetiva de 80X), linhas de excitação de 488 e 514,5nm, laser de Ar+ (com potência

de 10 a 50mW na superfície da amostra) e um dispositivo de detecção (CCD) por

resfriamento com nitrogênio líquido. A resolução das medidas foi melhor que 2cm-1

e os

tempos de acumulações foram 10 coletas de 30s , sendo que estes parâmetros foram alterados

durante as medidas de acordo com a relação sinal-ruído de cada material. O outro

espectrômetro utilizado foi um Horiba/Jobin-Yvon LABRAM-HR com linha de excitação de

632,8nm e laser de He-Ne, com potência nominal de 18mW (canhão na superfície da

amostra). A radiação emitida pela amostra foi coletada pelo microscópio confocal Olympus

(objetiva de 100X) e analisada por um espectrógrafo com grades de difração de 600 e 1800

grades/mm e um detetor (CCD) de resfriamento por Peltier. A resolução experimental foi de

1cm-1

para 10 acumulações de 30s com parâmetros variáveis de acordo com a relação sinal-

ruído. Além disso, foi utilizado um filtro “edge” para rejeitar o espalhamento elástico tipo

Rayleigh. Todos os espectros obtidos foram corrigidos pelo fator de Bose-Einstein[84]

.

4.3.4) Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura é uma técnica que permite obter informações

acerca da morfologia e tamanho dos grãos das amostras analisadas, fornecendo informações

da textura, topografia e de superfície de pós ou de filmes. É baseada na interação de um feixe

de elétrons de alta energia com a superfície da amostra, gerando novos elétrons que de

maneira semelhante a um tubo de raios catódicos, resulta em uma imagem que pode ser

tratada de diferentes maneiras[85]

. A resolução do equipamento depende, dentre outros fatores,

do número de elétrons que se consegue retirar do filamento, mantendo a área de emissão a

menor possível. Nesse sentido, a fonte de emissão dos elétrons é uma variável de grande

importância para esse tipo de microscopia. Dentro da coluna de alto vácuo, que está

apresentada na Figura 4.3, os elétrons gerados a partir de um filamento termiônico de

tungstênio, por aplicação de corrente, são acelerados por uma diferença de potencial entre

catodo e anodo entre 0,3kV e 30kV. O feixe gerado passa por lentes condensadoras que

reduzem o seu diâmetro e por uma lente objetiva que o focaliza sobre a amostra. Logo acima

da lente objetiva existem dois estágios de bobinas eletromagnéticas responsáveis pela

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varredura do feixe sobre a amostra. O feixe interage com a região de incidência da amostra até

uma profundidade que pode variar de 1µm a 6µm, dependendo da natureza da amostra. Essa

região é conhecida por volume de interação, o qual gera sinais que são detectados e utilizados

para a formação da imagem e para a micro-análise. A Figura 4.4 apresenta o desenho

esquemático do feixe incidente de elétrons. Para a formação da imagem, o fluxo de

informações do microscópio para o computador consiste na localização dos pontos de

varredura no plano xy com conjunto de intensidades correspondentes, originadas pelo detector

de elétrons retroespalhados (BEC) ou pelo detector de elétrons secundários (SEI), que estão

localizados dentro da câmara de vácuo. Quando a amostra é investigada, a tela do computador

exibe uma simultânea correspondência de posições utilizando as intensidades dos detectores

para cada ponto. Neste trabalho, as amostras foram caracterizadas utilizando um microscópio

eletrônico Quanta 200 FEI com 30kV, com o objetivo de investigar os parâmetros

morfológicos em função do processamento. Para esta análise foi necessário o preparo das

amostras através da metalização com ouro, a fim de tornar a amostra condutora.

Figura 4.3: Desenho esquemático da coluna do MEV

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Figura 4.4: Desenho esquemático do feixe incidente de elétrons.

4.3.5) Microscopia eletrônica de transmissão (MET)

O conhecimento detalhado da microestrutura dos materiais permite o entendimento e,

em muitos casos, até a previsão das propriedades e do comportamento dos mesmos. A MET

permite a análise de características microestruturais, particularmente morfologia e

propriedades estruturais quando em alta resolução. Um microscópio eletrônico de transmissão

consiste de um feixe de elétrons e um conjunto de lentes eletromagnéticas que controlam o

feixe, encerrados em uma coluna evacuada com uma pressão cerca de 10-5

mmHg. O sistema

de vácuo remove o ar e outras moléculas de gás da coluna do microscópio, evitando assim

que ocorra erosão do filamento e propiciando a formação de uma imagem com excelente

qualidade e contraste. A Figura 4.5 ilustra um microscópio eletrônico de transmissão

esquemático. Os microscópios modernos possuem cinco ou seis lentes magnéticas, além de

várias bobinas eletromagnéticas de deflexão e aberturas localizadas ao longo do caminho do

feixe eletrônico. Dentre esses componentes, destacam-se os três seguintes pela sua

importância com respeito aos fenômenos de difração eletrônica: lente objetiva, abertura

objetiva e abertura seletiva de difração. A função das lentes projetoras é apenas a produção de

um feixe paralelo e de suficiente intensidade incidente na superfície da amostra. Os elétrons

saem da amostra pela superfície inferior com uma distribuição angular dos feixes eletrônicos

difratados. Após esse processo importante da lente objetiva, as lentes restantes servem apenas

para aumentar a imagem ou diagrama de difração para futura observação na tela ou chapa

fotográfica. Na MET, a imagem observada é a projeção de uma determinada espessura do

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material, havendo uma diferença com relação ao observado numa superfície. Ocorre uma

projeção das linhas, áreas e volumes de interesse, podendo ocorrer superposição. O contraste

nas imagens formadas tem diversas origens, tais como diferença de espessura, diferença de

densidade ou de coeficiente de absorção de elétrons (contraste de massa), difração e campos

elásticos de tensão. Geralmente, as regiões mais densas espalham mais intensamente os

elétrons, de modo que resultam em regiões mais escuras na imagem[86]

.

Figura 4.5: Microscópio eletrônico de transmissão esquemático.

A microscopia eletrônica de transmissão foi obtida em um equipamento Tecnai G2-

20-FEI, e foi utilizada para o estudo do tamanho de partícula e aspectos cristalinos dos pós.

As amostras foram previamente preparadas colocando uma pequena porção do material sólido

em “vials” juntamente com acetona para dispersão das partículas em ultrassom (USC 1450-

Unique). Em seguida, com o auxílio de uma micro-pipeta o sobrenadante foi coletado e

depositado em grades específicas de cobre-carbono (300 mesh) para análise no microscópio

operado em 200kV. Também foram obtidas microscopias eletrônicas de transmissão de alta

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resolução e difração de elétrons em área selecionada (DEAS) neste mesmo equipamento

(Tecnai G2-20) com voltagens de aceleração de 200kV. A DEAS em MET ocorre devido ao

fenômeno da dualidade (onda-partícula) do elétron, possibilitando assim o estudo de

microregiões da ordem de 1µm por difração de elétrons. Toda marca ou mancha (“spot”) de

difração em MET representa um ponto do espaço recíproco que, por sua vez, corresponde a

um plano (hkl) no espaço real. Um ponto (h,k,l) da rede recíproca é obtido traçando-se pela

origem do espaço real uma perpendicular ao plano (hkl) e marcando-se sobre esta reta um

segmento igual ao inverso do espaçamento d entre os planos (hkl) do espaço real. O diagrama

de difração de um cristal corresponde aproximadamente a uma secção plana através do espaço

recíproco, perpendicular ao feixe incidente. Assim, através da análise da difração, pode-se

determinar a estrutura cristalina, os respectivos parâmetros do reticulado e a orientação da

microregião analisada.

4.3.6) Espectroscopia de fotoluminescência (PL)

A luminescência é um termo utilizado para a emissão de radiação eletromagnética

(fótons) ou radiação não térmica, pela absorção de energia proveniente de uma fonte de

excitação e consequentemente gerando a emissão de luz. A fotoluminescência tem sido

utilizada como uma técnica eficaz de caracterização de materiais, e pode ser definida como, a

emissão de radiação eletromagnética (fótons) por um material, após este ter sido submetido a

uma excitação luminosa. Ela fornece informação simultânea de defeitos e da formação de

novos estados na região do “gap” em níveis superficiais e profundos de muitos

semicondutores. Estes podem também apresentar defeitos intrínsecos que influenciam as

propriedades eletrônicas e ópticas. O processo de emissão espontânea em um semicondutor

ocorre em quatro etapas: excitação, relaxação, termalização e recombinação, como pode ser

observado na Figura 4.6. A excitação é a incidência de luz com energia maior que o “gap” de

um semicondutor, que cria pares elétron-buraco mediante a promoção de elétrons de seus

estados fundamentais na banda de valência (BV) para níveis desocupados na banda de

condução (BC). Em seguida, ocorre a relaxação, na qual o excesso de energia adquirido pelos

portadores é cedido à rede cristalina por emissão de fônons. Com a termalização que ocorre

em seguida, os pares elétron-buraco tendem a ocupar os estados de mais baixa energia

possível nos fundos das bandas. Depois de um intervalo de tempo que é em geral

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extremamente curto (entre 10-9

e 10-12

segundos), o elétron retorna para seu nível fundamental

recombinando com o buraco, e a recombinação radiativa gera um fóton (luz), que será

emitido, dando origem ao espectro de emissão do material. É nesse processo geral que se

baseia a técnica de fotoluminescência (PL)[87]

. Experimentalmente, os espectros de

fotoluminescência foram obtidos a temperatura ambiente e a partir dos pós das amostras. Foi

utilizado um equipamento Q-switched Nd:YAG emitindo laser a 355nm (20mW) como fonte

de excitação. As emissões PL foram focadas dentro de um espectrômetro Ocean Optics

USB2000 Miniature.

Figura 4.6: Etapas envolvidas no processo de emissão de um material.

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Capítulo 5. Resultados e Discussão

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através da caracterização

estrutural, morfológica e espectroscópica para cada um dos materiais sintetizados, além disso,

serão feitos levantamentos e discussões relevantes a respeito dos dados obtidos.

5.1) RENbO4

Após a síntese de cada material, a primeira técnica de caracterização utilizada foi a

DRX. Através dela pôde-se observar a cristalinidade e pureza das fases, que é primordial

quando se trabalha com síntese seja de novos compostos ou não. Para as cerâmicas RENbO4,

as quais foram sintetizadas de maneira convencional, fez-se um ensaio preliminar, onde se

utilizou diferentes temperaturas partindo de 800°C, com intervalos de 50°C, até a temperatura

de 1300°C. O tempo de calcinação foi fixado em 2 horas e a terra-rara escolhida foi o

lantânio. A Figura 5.1 apresenta os difratogramas obtidos neste ensaio para as diferentes

temperaturas, onde se acompanhou a evolução da fase LaNbO4. Analisando a Figura 5.1,

observa-se que a 850°C o ortoniobato já é formado; porém, coexistem fases secundárias como

La3NbO7 e Nb2O5, sendo que a primeira é concomitante ao produto principal e a segunda é o

próprio precursor ainda não reagido. Ambas as fases secundárias desaparecem com o aumento

da temperatura e, a partir de 1150°C, somente existe a fase ortoniobato. Assim, 1150°C foi o

valor adotado para as sínteses de toda a série lantanídea por ser a menor temperatura onde a

fase RENbO4 se encontrou estável, garantindo cristalinidade das amostras e menor gasto

energético no processo. Todos os picos do difratograma a 1150°C foram indexados de acordo

com a ficha #22-1125 do “International Committee of Diffraction Data” (ICDD). O destaque

superior na Figura 5.1 mostra o desaparecimento do pico central a aproximadamente 28° 2θ, o

qual é característico da fase RE3NbO7. Esse detalhe auxiliou na análise imediata do

difratograma onde se pretendia obter a fase RENbO4 pura.

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10 20 30 40 50 60

2 (°)

850°C

950°C

1250°C

Inte

nsid

ad

e (

U.

A.)

1050°C

1150°C

Figura 5.1: Difratograma das amostras de LaNbO4 calcinadas em diferentes temperaturas pelo

tempo de 2 horas. A seta indica o pico característico da fase secundária La3NbO7.

A Figura 5.2 apresenta o difratograma de todos os compostos RENbO4 na região 30-

36° 2θ. Para todas as cerâmicas, foram obtidas fases puras e cristalinas. A Figura mostra os

picos referentes aos planos (040), (200) e (002), onde se pode observar claramente o

deslocamento ao longo do eixo x, no sentido de maiores ângulos, ou seja, menores

espaçamentos d. Esse deslocamento foi observado ao longo da série La-Lu, já que esses

elementos constituem os extremos da série lantanídea, com o maior raio iônico (La = 1,032Å)

e o menor raio (Lu = 0,861Å). Este resultado já era esperado, devido ao fenômeno da

contração lantanídea. Todos os elementos das terras raras apresentam esse fenômeno, que

consiste numa significativa diminuição de tamanho dos átomos e dos íons com o aumento do

número atômico. A causa do aparecimento dessa contração é uma blindagem imperfeita de

um elétron por outro no mesmo orbital[88]

. Quando se percorre a série, a carga nuclear e o

26.0 26.5 27.0 27.5 28.0 28.5 29.0 29.5 30.0

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número de elétrons 4f aumentam escalonadamente de uma unidade. Nos elementos de

transição existe o fenômeno da blindagem eletrônica, pelo fato dos elétrons serem

adicionados a uma camada mais interna (n-1, onde n representa o período, ou a camada do

elétron de valência). Esse fato faz com que haja um balanceamento entre a atração exercida

pela carga nuclear efetiva e a repulsão que ocorre entre os elétrons, fazendo com que a

diminuição do raio seja menos significativa nesses elementos. Os lantanídeos pertencem aos

chamados elementos de transição; porém, diferentemente dos demais há uma diminuição

significativa do raio ao analisarmos a série. Isso acontece porque nesses elementos existem os

orbitais f, diferentemente dos demais elementos de transição onde há o orbital d. A blindagem

de um elétron 4f por outro é imperfeita, devido às formas dos orbitais, de modo que a cada

novo elétron 4f adicionado a carga nuclear efetiva aumenta, causando a redução em tamanho

do volume da configuração inteira 4fn. A acomodação dessas contrações sucessivas contribui

para a contração total dos lantanídeos[88]

. A Figura 5.3 apresenta as diversas formas assumidas

pelos orbitais 4f ao longo dos eixos x, y e z, ilustrando sua assimetria, a qual justifica a

blindagem imperfeita dos elementos que possuem esse orbital.

30 31 32 33 34 35 36

La

2 (°)

(002)

(200)

(040)

Lu

Inte

nsid

ade (

U.A

.)

Figura 5.2: Difratograma das cerâmicas RENbO4 referentes aos planos cristalográficos (040),

(200) e (002), enfatizando o deslocamento ao longo da série La-Lu devido ao fenômeno da

contração lantanídea.

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Figura 5.3: Representação dos orbitais 4f ao longo dos eixos x, y e z, ilustrando sua forma

assimétrica.

Todas as cerâmicas produzidas se cristalizaram na estrutura monoclínica.(C2/c, #15).

As distâncias interplanares, ou seja, a distância entre os planos adjacentes (hkl), podem ser

calculadas a partir da Equação 4.1, apresentada anteriormente, também conhecida como “Lei

de Bragg”. Já os parâmetros de rede a, b, c e o ângulo β podem ser encontrados pela Equação

5.1, relacionando a distância interplanar com os respectivos planos (hkl).

ac

hl

c

l

b

senk

a

h

send

cos2112

2

2

22

2

2

22 (5.1)

Essa equação é característica da geometria cristalina, sendo que a Equação 5.1 é específica

para os materiais de estrutura monoclínica. Os parâmetros a, b e c, são vetores que

representam o tamanho e a forma da célula unitária e são chamados de eixos cristalográficos

da célula os quais juntamente com os ângulos entre eles (α, β e γ) formam as constantes de

rede ou simplesmente parâmetros de rede da célula unitária[82]

. Com o auxílio do software

Jade 9.0, foram calculados os parâmetros de rede para todos os compostos RENbO4, os quais

estão apresentados na Tabela 5.1. Essa tabela mostra claramente que os parâmetros aumentam

ao longo da sequência de Lu a La. Esse resultado só evidencia mais uma vez o fenômeno já

discutido da contração lantanídea. Porém, deve-se considerar que essa tabela ilustra apenas a

“tendência” observada, pois os valores expressos não incluem os possíveis desvios

instrumentais, o que conduz a uma margem de erro nos valores que estão sendo apresentados.

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Tabela 5.1: Parâmetros de rede das cerâmicas RENbO4.

Após a confirmação das fases puras e cristalinas, as amostras foram submetidas às

análises microscópicas para que informações a respeito de sua morfologia fossem obtidas. A

Figura 5.4 (a e b) apresenta imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura para a

amostra de LaNbO4. A Figura 5.4a foi feita utilizando elétrons secundários (SEI), nesse caso

a imagem é proveniente de interações inelásticas entre os elétrons e a amostra, com perda de

energia com pequena mudança de direção. Essa figura mostra que as partículas se encontram

agregadas e com um tamanho relativamente grande da ordem de aproximadamente 10µm. A

Figura 5.4b mostra uma micrografia utilizando elétrons retroespalhados (BEC). Esta imagem

por sua vez, provém de interações elásticas entre os elétrons e a amostra. As interações

elásticas são aquelas onde há mudança de direção sem perda apreciável de energia. A Figura

5.4b mostra que o material LaNbO4 sintetizado convencionalmente possui composição

homogênea já que não foi observado nenhuma diferença de contraste na imagem. Os elétrons

retroespalhados contribuem fortemente para o contraste na imagem, que é resultado da

diferença de composição devido ao efeito do número atômico.

Lantanídeo a(Å) b(Å) c(Å) β(°)

Lu 5,225 10,814 5,037 94,42

Yb 5,241 10,841 5,044 94,48

Tm 5,262 10,867 5,046 94,58

Er 5,278 10,906 5,060 94,54

Ho 5,296 10,945 5,069 94,54

Dy 5,323 10,998 5,082 94,62

Tb 5,352 11,037 5,087 94,70

Gd 5,370 11,097 5,104 94,58

Eu 5,392 11,097 5,104 94,58

Sm 5,418 11,170 5,119 94,67

Nd 5,452 11,262 5,133 90,05

Pr 5,491 11,326 5,155 94,56

Ce 5,356 11,376 5,118 93,31

La 5,555 11,505 5,198 94,05

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30

a)

b)

Figura 5.4: Microscopia eletrônica de varredura do composto LaNbO4 sintetizado

convencionalmente a 1150°C e 2hs: (a) SEI e (b) BEC.

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31

Medidas espectroscópicas foram utilizadas para um estudo mais aprofundado dos

ortoniobatos de terras-raras. Foi feita medidas de FTIR na amostra sinterizada de NdNbO4.

O espectro de refletividade infravermelha está apresentado na Figura 5.5. Esse espectro foi

analisado pelo modelo dos quatro parâmetros[91]

, utilizando um programa desenvolvido por

Meneses et al.[92]

. De acordo com esse modelo, a contribuição infravermelha dos fônons para

a função dielétrica complexa ( ) é dada por:

2 2

, ,

2 21 , ,

( ) ,

Nj LO j LO

j j TO j TO

i

i (5.2)

Onde, é a constante dielétrica devido à contribuição da polarização eletrônica,

,j LO

,j TO e , ,j LO j TO são a frequência e a largura dos modos ópticos longitudinais e

transversais, respectivamente. Na incidência quasinormal, a função dielétrica é relacionada

com a refletividade óptica (R) pela fórmula de Fresnel:

2

( ) 1

( ) 1R

(5.3)

As Equações 5.2 e 5.3 foram usadas no ajuste matemático dos dados experimentais e o

resultado está apresentado na Figura 5.5 (curva vermelha). Assim, foi possível obter os

números de onda e as larguras dos modos transversais (TO) e longitudinais (LO), os quais

estão listadas na Tabela 5.2. De acordo com a Teoria de Grupos (Eq. 5.6), são esperados 18

modos ativos ungerade; porém, como os modos Au 2 Bu são acústicos, serão vistos apenas

15 modos no espectro de infravermelho, como pode ser observado na Figura 5.5, onde todos

esses modos foram identificados. Visando corroborar com os resultados obtidos com o ajuste

matemático, a parte imaginária de (função dielétrica) e de 1/ = foram calculadas

independentemente, usando análise de Kramers-Krönig[84]

. Esses resultados estão

apresentados na Figura 5.6. Essas funções ópticas foram estudadas porque elas fornecem

respectivamente os valores dos modos de frequência TO (transversal óptico) e LO

(longitudinal óptico). Esses valores podem ser comparados com aqueles obtidos pelo ajuste

dos dados experimentais (sem tratamento matemático) da Figura 5.5, com a vantagem de

estudar a contribuição individual do fônon sem nenhuma inconsistência física. Assim, existe

uma boa coerência entre os modos polares observados por Kramers-Krönig (Figura 5.6) e

aqueles calculados através do ajuste matemático com o modelo oscilatório de quatro

parâmetros (Tabela 5.2).

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32

Uma vez que os modos ativos em infravermelho foram determinados, a contribuição

individual dos modos transversais podem ser obtidos por:

2 2

, ,

2 2 2, , ,

.

k LO j TO

kj

j TO k TO j TO

k j

(5.4)

Então, a constante dielétrica estática (infravermelha), a qual corresponde à constante dielétrica

microondas intrínseca, pode ser obtida pelo somatório das forças de osciladores de todos os

modos, isto é:

1

N

r j

j

. (5.5)

Os valores de j , r , e para NdNbO4 foram dados na Tabela 5.2, juntamente com os

parâmetros dos fônons polares. Embora as medidas tenham sido realizadas em cerâmicas

densas (amostras sinterizadas), foi observado um baixo valor para r ( r =11.1), se

comparado com o valor reportado por Kim et al.[29]

( r =19.6). Kim et al. atribuiram o baixo

valor de r à presença de defeitos extrínsecos (porosidade, por exemplo) nas amostras

preparadas, os quais diminuem substancialmente o valor de r .

200 400 600 800 1000 1200 1400

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

Refletivid

ade

Numero de onda (cm-1)

Figura 5.5: Medidas (quadrados em preto) e ajuste teórico (linha vermelha) do espectro de

refletividade infravermelha para a cerâmica sinterizada NdNbO4.

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33

150 300 450 600 750 9000

2

4

6

8

10

"

Número de onda (cm-1)

0.0

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

2.4

2.8

"

Figura 5.6: Parte imaginária das funções dielétricas direta ( "( ) , curva à esquerda) e

recíproca ( "( ) , curva à direita), obtidas pela análise de Kramers-Krönig dos dados de

reflectância do composto NdNbO4.

Tabela 5.2: Parâmetros de dispersão dos fônons “ungerade”, calculados pelo ajuste do

espectro de refletividade infravermelha do NdNbO4.

Phonons j,TO (cm-1

) j,TO (cm-1

) j,LO (cm-1

) j,LO (cm-1

) j

1 150.3 17 183.5 16 6.6839

2 185.3 11 192.9 8 0.1446

3 193.1 7 196.2 19 0.0080

4 200.1 19 211.6 29 0.2525

5 212.0 13 247.3 93 0.0198

6 270.9 15 271.4 23 0.0055

7 333.7 28 343.2 19 0.2266

8 350.4 28 356.5 86 0.0498

9 405.5 54 408.2 33 0.0446

10 453.0 29 462.3 29 0.1500

11 540.2 33 544.7 18 0.0963

12 589.0 26 599.7 28 0.2904

13 627.9 34 713.7 39 0.5834

14 721.3 35 748.2 101 0.0144

15 820.5 45 829.9 17 0.0216

r

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34

Espectros Raman foram obtidos a temperatura ambiente para todas as amostras

produzidas. Estes resultados estão apresentados na Figura 5.7 (a e b), em ordem decrescente

de raio iônico (La-Lu)[89]

. Os espectros apresentaram grandes semelhanças, como esperado, já

que os materiais possuem a mesma estrutura cristalina. Porém, algumas exceções para o

LaNbO4 e CeNbO4 foram notadas. Os espectros dessas duas cerâmicas possuem bandas mais

largas e deslocadas para a região de menor frequência, indicando que a temperatura de

transição de fase para esses compostos está próxima. Outra diferença que também deve ser

ressaltada nos espectros dos ortoniobatos é a tendência das bandas entre 316 e 343cm-1

de se

dividirem (split) à medida que o raio iônico diminui. As amostras foram submetidas a

diferentes linhas de excitação Raman por causa de fortes transições eletrônicas que

apareceram em algumas condições. O espectro final mostrado na Figura 5.7 apresenta os

melhores resultados obtidos usando a linha azul (488nm) para Eu, Gd, Er e Lu; linha verde

(514,5nm) para Ho e Yb; e linha vermelha (632,8nm) para os demais elementos, ou seja, La,

Ce, Pr, Nd, Sm, Tb, Dy e Tm. Porém, em alguns espectros ainda pode-se observar defeitos.

Por exemplo, para as amostras de Er, Tm e Yb, bandas extras são observadas e podem ser

atribuídas à natureza química das amostras, que fazem com que esses materiais absorvam a

luz incidente.

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35

120 240 360 480 600 720 840

(a)

Inte

nsid

ade R

am

an

(U

. A

.)

Gd

Eu

Sm

Nd

Pr

Ce

La

Número de onda (cm-1)

120 240 360 480 600 720 840

(b)

Inte

nsid

ad

e R

am

an

(U

.A.)

Lu

Yb

Tm

Er

Ho

Dy

Tb

Número de onda (cm-1)

Figura 5.7: Espectros Raman para todos os compostos RENbO4. A sequência apresentada

corresponde à ordem decrescente de raio iônico: (a) La-Gd; (b) Tb-Lu.

As transições espectroscópicas podem ser permitidas ou proibidas e são identificadas

pelos critérios de simetria para que o momento de transição entre os estados inicial e final não

seja nulo. Essas são as chamadas regras de seleção, sendo que para a espectroscopia Raman a

regra de seleção de uma vibração é que a polarizabilidade da molécula deve mudar durante a

vibração. À temperatura ambiente, RENbO4 se cristaliza na estrutura monoclínica C2/c (#15),

com quatro unidades por célula unitária (Z = 4). Para esses sistemas, o cátion RE e o Nb

ocupam os sítios 4e, enquanto os íons oxigênio ocupam os sítios 8f. Os sítios 4e e 8f são as

chamadas posições de Wyckoff dos átomos na estrutura, que juntamente com os grupos

espaciais formam o conjunto de dados necessários para fazer o cálculo por Teoria de Grupos e

encontrar o número de modos vibracionais ativos no Raman e infravermelho. A Teoria de

Grupos para os materiais RENbO4 foi feita utilizando os recursos de Kroumova et al. [90]

onde

se encontrou a seguinte representação irredutível:

= 8 Ag 10 Bg 8 Au 10 Bu (5.6)

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36

Os modos g “gerade” são os modos ativos em Raman, enquanto os modos u

“ungerade” são ativos no infravermelho. Assim, são previstas 18 bandas para o Raman, as

quais foram identificadas através de ajuste matemático realizado com curvas Lorentzianas nos

dados experimentais. Os resultados evidenciando as 18 bandas para cada uma das amostras

estão resumidamente apresentados na Tabela 5.3 em ordem crescente de raio iônico (Lu-La).

A Figura 5.8 mostra o ajuste detalhado para a amostra de EuNbO4, dividida em três diferentes

regiões de número de onda (a, b e c) e com bandas numeradas para uma melhor visualização.

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37

Tabela 5.3: Números de onda (cm-1

) determinados pelos ajustes dos dados experimentais Raman obtidos por Lorentzinas para todas as cerâmicas

RENbO4.

Bandas Atribuição Lu Yb Tm Er Ho Dy Tb Gd Eu Sm Nd Pr Ce La

1 Ag 117.1 117.6 122.5 118.9 121.1 121.6 127.3 121.6 121.6 122.0 119.8 119.4 95.8 109.6

2 Ag 118.5 122.0 124.7 121.6 124.2 124.2 130.4 123.8 124.2 125.1 122.9 122.5 103.0 115.4

3 Bg 124.7 127.8 128.2 126.0 127.3 127.8 134.4 128.2 129.1 129.6 130.0 130.9 120.2 126.9

4 Ag 183.2 183.2 185.9 181.5 183.2 183.2 188.1 181.0 181.5 182.8 181.9 182.3 156.6 169.9

5 Bg 197.9 196.5 198.3 193.0 194.3 193.4 197.4 189.0 187.7 187.0 185.9 185.4 168.1 178.8

6 Bg 230.7 227.6 230.2 226.7 226.3 224.9 228.0 220.0 218.3 218.3 212.1 210.7 199.6 201.0

7 Ag 238.2 238.2 240.0 236.5 237.8 237.8 241.8 235.1 232.5 233.8 229.8 228.5 207.2 224.0

8 Bg 315.8 304.3 307.9 311.9 310.5 318.5 308.8 316.7 312.7 310.1 303.0 297.2 268.7 286.6

9 Ag 327.4 316.3 330.5 327.8 331.4 332.3 338.0 331.4 329.2 331.8 330.9 328.7 310.5 327.4

10 Bg 342.5 334.5 341.1 339.8 340.7 337.6 343.3 337.1 336.3 335.8 335.0 334.9 328.3 332.3

11 Bg 390.4 362.4 386.8 424.1 382.4 379.7 381.0 362.4 366.4 367.0 358.9 357.1 347.3 346.5

12 Bg 429.0 385.0 425.8 442.7 424.5 422.3 425.0 417 412.1 413.4 409.4 406.3 390.4 392.6

13 Bg 450.2 418.3 445.4 471.1 442.3 439.2 441.4 432.5 426.7 426.3 418.8 417.4 396.6 399.7

14 Ag 480.0 444.5 487.1 508.3 470.2 468.9 468.0 459.1 450.7 452.9 444.5 443.6 454.7 427.2

15 Bg 672.9 681.3 668.5 661.8 660.0 656.0 656.9 648.5 639.2 639.2 633.0 634.3 653.8 628.1

16 Ag 684.4 723.5 677.8 676.9 674.2 671.1 674.2 667.1 662.3 660.5 657.4 656.5 677.3 658.3

17 Bg 710.6 741.7 707.1 699.1 698.6 695.5 696.4 688.0 676.5 678.2 673.3 673.3 687.1 667.1

18 Ag 816.6 816.2 816.6 812.6 814.0 813.1 817.1 812.2 810.0 810.0 807.7 807.3 801.1 807.3

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38

80 120 160 200 240

7

6

5

4

3

2

1 (a)In

ten

sid

ad

e R

am

an

(U

. A

.)

Número de onda (cm-1)

270 315 360 405 450 495

1413

1211

10

9

8

(b)

Inte

nsid

ade R

am

an

(U

.A.)

Número de Onda (cm-1)

560 640 720 800 880

18

17

1615

(c)

Inte

nsid

ade R

am

an

(U

. A

.)

Número de onda (cm-1)

Figura 5.8: Espectro Raman para a cerâmica EuNbO4 na região 80-900cm-1

: (a) 80-260cm-1

;

(b) 260-500cm-1

; e (c) 550-900cm-1

. Em preto se encontra o dado experimental e em

vermelho a curva resultante após ajuste matemático. As linhas verdes representam as bandas

ativas ajustadas com curvas Lorentzianas.

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39

A Figura 5.9 apresenta os números de onda para as bandas ativas no Raman em função

dos raios iônicos para todos os materiais estudados. Foi observado que a maioria dos números

de onda diminuem com o aumento do raio iônico, exceto para as bandas numeradas como 1 e

3, em cerca de 117 e 125cm-1

(Figura 5.9a). Esse comportamento, observado para a maioria

das bandas, já era esperado e pode ser explicado pelo fenômeno da contração lantanídea

(diminuição do raio do íon terra-rara com o aumento do número atômico). Esse fenômeno

conduz a um maior empacotamento das unidades NbO4-3

desde La a Lu, o que reduz a

distância da ligação Nb–O para o campo de altas frequência nos íons terras-raras pequenos.

As bandas de menor número de onda são frequentemente interpretadas como modos externos,

e para essas bandas foi observado um fenômeno inverso, que pode ser atribuído ao efeito

massa. Para os ortoniobatos as bandas identificadas como 1 e 3 correspondem às vibrações

das terras raras com relação ao grupo NbO4 (modos externos), observou-se que o número de

onda aumentava à medida em que aumentava-se o raio iônico, isso porque quanto maior o

raio do elemento, menor é a sua massa e assim, a frequência das vibrações (entre a terra rara e

o grupo NbO4) aumenta, resultando no deslocamento para o lado de maior número de onda.

As bandas 2, 4, 8, 9 e 10 mostradas nas Figuras 5.9 (a e b), permanecem praticamente

inalteradas para a variação dos íons RE, o que pode ser entendido considerando um balanço

entre a contração lantanídea (tendência a maiores números de onda para diminuição do raio

iônico) e o efeito massa (diferença entre as massas da unidade NbO4 em relação à massa da

RE). É importante notar também o decaimento súbito dos modos de baixo número de onda,

em particular, em cerca de 200cm-1

para LaNbO4 e CeNbO4 (Figura 5.9a). Esse resultado

pode estar associado à baixa temperatura de transição de fase desses dois materiais em

comparação aos demais. Segundo a literatura, a temperatura de transição para o LaNbO4 é

entre 490°C e 525°C[53]

, enquanto que para o CeNbO4 nenhuma informação a este respeito foi

encontrada. Acredita-se que a temperatura de transição para a cerâmica de Ce seja menor que

para o La, isso porque o espectro do Ce se encontra mais deslocado para o sentido de menor

número de onda do que o espectro do La. Porém, outros fatores também podem estar

relacionados ao fato do espectro do Ce apresentar bandas tão largas quando comparadas com

os espectros das demais terras raras. Alguns destes fatores podem estar relacionados com o

tamanho do grão ou desordem no sistema. Assim, estudos a este respeito precisam ser feitos e

ficam propostos como investigações futuras.

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40

0.84 0.87 0.90 0.93 0.96 0.99 1.02 1.05

100

110

120

130

170

180

190

200

#2

#4

#3

me

ro d

e o

nd

a (

cm

-1)

Raio iônico (A)

(a)

#1

0.84 0.87 0.90 0.93 0.96 0.99 1.02 1.05

200

250

300

350

400

450

#8

#10

#9

(b)

me

ro d

e o

nd

a (

cm

-1)

Raio iônico (A)

0.84 0.87 0.90 0.93 0.96 0.99 1.02 1.05

400

450

500

640

680

720

760

800

840

(c)

me

ro d

e o

nd

a (

cm

-1)

Raio iônico (A)

Figura 5.9: Número de onda dos modos ativos Raman em função dos raios iônicos de todos os

materiais RENbO4, indicando a tendência das bandas com o aumento do raio iônico: (a) 80-

200cm-1

; (b) 200-450cm-1

; (c)400-840cm-1

.

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41

Os resultados da espectroscopia Raman polarizado para a cerâmica GdNbO4 estão

apresentados na Figura 5.10. Toda a predição da teoria de grupos permanece válida quando se

trata de medidas polarizadas em cerâmicas, e não em cristais simétricos; porém, os modos de

simetria nas cerâmicas são geralmente misturados devido à orientação aleatória dos pequenos

grãos cristalinos. Neste trabalho, foi utilizado um microscópio confocal com uma objetiva de

magnitude de 100X, a qual permite a seleção de pequenas regiões de observação, como 2µm

na superfície da amostra. É importante notar que não se tem informações sobre os eixos

cristalográficos nos grãos, os quais possuem também orientação aleatória ao longo da

amostra. Através de medidas no micro-Raman com luz polarizada, foi feito o deslocamento

da amostra sob o microscópio até que se observassem mudanças no espectro. Foi verificado

que para alguns grãos os espectros nas configurações paralela e perpendicular eram diferentes,

como ilustra a Figura 5.10. Para diferentes grãos, sempre foi observado o fortalecimento na

intensidade das bandas em 128, 189, 220, 317, 337, 362, 417, 433, 649 e 688cm-1

, com a luz

polarizada perpendicularmente, acompanhada do enfraquecimento relativo das bandas em

122, 124, 181, 235, 331, 459, 667 e 812cm-1

. Sendo assim, pode-se atribuir esses modos como

possuindo simetrias Bg e Ag, respectivamente. Essa atribuição foi feita para todas as

cerâmicas, e os resultados foram apresentados na Tabela 5.3.

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42

150 300 450 600 750 900

*****

*

***

*

x

xx

x

xx

x

T

//

x Ag (8)

* Bg (10)

x

Inte

nsid

ade R

am

an

(U

. A

.)

Número de onda (cm-1)

Figura 5.10: Espectro Raman polarizado para a cerâmica sinterizada de GdNbO4. As

configurações em paralelo (//) e perpendicular () estão indicadas em vermelho e azul,

respectivamente. Os 10 modos Bg favorecidos pela polarização perpendicular estão indicados

por asteriscos azuis, enquanto os 8 modos Ag foram identificados por “x” vermelho.

5.2) MWO4

A Figura 5.11 representa o padrão de DRX para os compostos BaWO4, SrWO4 e

CaWO4 processados pelo método hidrotérmico assistido por microondas à 110°C por 5

minutos. Essa condição representa a menor temperatura e tempo já usados na produção de

tungstatos metálicos em microondas, onde foram obtidos materiais cristalinos e com fases

puras. Os padrões de DRX foram indexados pela estrutura scheelita, 14 /I a de acordo com as

respectivas fichas do ICDD, #43-0646 (BaWO4), #85-0587 (SrWO4), e #77-2234 (CaWO4).

Os padrões de DRX obtidos para as cerâmicas em tempos superiores (10, 15 e 20min) foram

semelhantes e por isso não foram mostrados. O fato dos difratogramas estarem deslocados

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43

para o lado de maiores ângulos (do Ba para o Ca), é resultado da diminuição do raio iônico,

como já era previsto. Correspondentemente, os parâmetros de rede diminuem na mesma

ordem de BaWO4 para SrWO4, e finalmente CaWO4. Esses parâmetros de rede foram

calculados com o auxílio do software Jade 9.0 e estão apresentados na Tabela 5.4.

10 20 30 40 50 60

(30

1)

(21

3)

(22

0)(2

04

)

(10

5)

(21

1)

(20

0)

(00

4)

BaWO4

2 (°)

CaWO4

Inte

nsid

ade (

U.A

.)

(11

2)

110°C

5 min

SrWO4

(10

1)

Figura 5.11: Padrões de DRX para as amostras sinterizadas de BaWO4, SrWO4 e CaWO4

processadas em forno microondas à 110°C por 5min.

Tabela 5.4: Parâmetros de rede das cerâmicas MWO4.

Metal a(Å) b(Å) c(Å)

Ca 5,216 5,216 11,3130

Sr 5,4168 5,4168 11,9510

Ba 5,6123 5,6123 12,7059

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44

A morfologia dos compostos BaWO4, SrWO4 e CaWO4 foi examinada por

microscopias eletrônicas de varredura e de transmissão. O conhecimento detalhado da

microestrutura dos materiais está intimamente ligado às etapas posteriores de processamento.

Informações a respeito da morfologia e tamanho estão diretamente relacionados com a

reatividade dos materiais, e consequentemente com várias de suas propriedades, como por

exemplo, fotocatálise e propriedades ópticas em geral, que são algumas das aplicações dos

materiais aqui estudados. A Figura 5.12 apresenta as micrografias das amostras produzidas a

110°C por 10min. Como pode ser visto, diferentes morfologias podem ser obtidas

dependendo do metal alcalino terroso utilizado: para BaWO4 foram obtidos partículas

octaédricas semelhantes a “grãos de arroz”, para SrWO4 partículas próximas à esferas e para

CaWO4 partículas esféricas bem dispersas. Resultados semelhantes para BaWO4 foram

obtidos por Cavalcante et al.[66,67]

, os quais também verificaram a evolução da morfologia do

tipo octaédrica por longos tempos de processamento. A Figura 5.13 apresenta as micrografias

(MEV) para as amostras de BaWO4 processadas por 5 e 20min, ilustrando uma tendência de

se agregar formando octaedros facetados. Para as amostras de SrWO4 e CaWO4 não foi

verificado essa tendência em formar partículas do tipo octaédricas, mas partículas bem

regulares puderam ser identificadas por MET. Esses resultados são semelhantes aos

observados por Thongtem et al[78]

. A Figura 5.14 representa imagens de MET (parte

superior), MET de alta resolução (imagens medianas), e DEAS (parte inferior) obtidas para a

amostra de SrWO4 produzidas por 5min (lado esquerdo) e 20min (lado direito) a 110C, nas

quais podem ser visualizadas nanopartículas bem dispersas. A presença de franjas

bidimensionais ilustra claramente que as partículas obtidas em 5min já são pequenos

policristais sem defeitos ou deslocações. O espaçamento interplanar observado foi de cerca de

3.33Å, para o plano correspondente (112), para a amostra de SrWO4 sintetizada por 5min.

Para as amostras produzidas a 20min, o espaçamento interplanar foi de 3.27Å e 4.54Å para os

planos identificados como (112) e (101), respectivamente. O padrão de difração de elétrons

apresentado anexo na Figura 5.14 (parte inferior), se assemelha a anéis concêntricos,

caracterizados como policristais devido à difração de elétrons pelos produtos. Anéis difusos

mostram que as amostras são compostas de um número de nanocristais com diferentes

orientações.

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45

a)

b)

c)

Figura 5.12: Imagens de MEV para as amostras sintetizadas por rota hidrotérmica assistida

por microondas à 110°C e 10min: (a) BaWO4; (b) SrWO4 e (c) CaWO4.

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46

a)

b)

Figura 5.13: Imagens de MET para o material BaWO4 sintetizado por processo hidrotérmico

assistido por microondas a 110°C: (a) 5min; (b) 20min.

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47

Figura 5.14: Imagens de MET para o material SrWO4 produzido a 110°C por 5min (lado

esquerdo) e 20min (lado direito). Parte superior: típicas imagens de MET mostrando as

nanopartículas. Mediana: imagens MET de alta resolução mostrando as franjas e

espaçamentos interplanar. Inferior: imagens de MET de alta resolução mostrando os

espaçamentos interplanares e o padrão de DEAS (anexo) confirmando a natureza

policristalina das partículas.

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48

As propriedades ópticas dos compostos MWO4 foram estudadas por espectroscopia

Raman e fotoluminescência (PL). Estes compostos possuem estrutura do tipo scheelita 14 /I a

(#88) com Z=4. Os íons Ba, Sr e Ca ocupam a posição de Wyckoff 4b, enquanto W ocupa o sítio 4a

e os íons O ocupam os sítios 16f. Assim, utilizando os recursos de Kroumova et al.[90]

, foi

feita a Teoria de Grupos para as cerâmicas MWO4, onde se encontrou a seguinte

representação irredutível:

Γ = 3Ag 5Au 5Bg 3Bu 5Eg 5Eu . (5.7)

Como os modos Bu são silenciosos, após subtrair os modos acústicos (Au Eu), são

esperados 13 modos ativos em Raman (3Ag, 5Bg and 5Eg) e 8 modos (4Au and 4Eu) para o

infravermelho. A Figura 5.15 apresenta o espectro Raman para as três amostras processadas a

110°C e 5min, sinterizadas à 1250°C por 3hs.

150 300 450 600 750 900

Inte

nsid

ade (

U. A

.)

Número de onda (cm-1)

Sr

Ca

Ba

Figura 5.15: Espectros Raman das cerâmicas MWO4 sinterizadas a 1250°C por 3hs após

processamento no forno microondas a 110°C-5min.

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49

Os espectros obtidos para os diferentes períodos de tempo foram semelhantes, como

pode ser visto na Figura 5.16, a qual representa as medidas Raman para a amostra de BaWO4

processada nos quatro diferentes tempos. Esse resultado indicou que com o tempo de

processamento de apenas 5min no forno, já é o suficiente para se produzir materiais

cristalinos com alto grau de ordem, de curto e longo alcance. É importante ressaltar também,

que nenhuma banda extra foi observada, ao contrário do que foi verificado por Cavalcante et

al.[66]

em suas cerâmicas de CaWO4, que atribui uma banda extra a cerca de 830cm-1

como

sendo uma distorção do tetraedro WO4. Os autores atribuíram essa distorção como sendo uma

forte interação entre as radiações microondas e o átomo de tungstênio que ocorre durante a

síntese. Nas condições de processamento que foram utilizadas em nosso estudo, não foi

observado nenhuma distorção ou banda extra, o que nos leva a acreditar que tais discrepâncias

observadas por Cavalcante et al.[66,67]

possam estar relacionadas ao equipamento utilizado por

eles na síntese. Esse, por ser um equipamento adaptado, pode ter gerado pontos de calor ou

regiões de aquecimento localizado, os quais resultaram em tais distorções. Em condições de

temperatura não homogêneas o reator pode conduzir a nucleações insatisfatórias produzindo

partículas defeituosas.

150 300 450 600 750 900

Número de onda (cm-1)

5 min

10 min

Inte

nsid

ade R

am

an

(U

. A

.)

15 min

BaWO4

20 min

Figura 5.16: Espectros Raman da amostra de BaWO4 sintetizada em diferentes tempos no

forno microondas à 110°C.

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50

Todas as 13 bandas foram identificadas para cada um dos compostos, e construiu-se

um gráfico do número de onda em função do metal alcalino terroso, enfatizando a evolução

das bandas em função da massa molecular. Esse gráfico está apresentado na Figura 5.17.

Nessa figura, estão também indicadas as atribuições dos modos, as quais foram baseadas nas

atribuições reportadas para o BaWO4 segundo Ran et al.[93]

e Basiev et al.[94]

. Foram

observados três comportamentos distintos dos modos ativos com a mudança do cátion

metálico. O primeiro deles pode ser visto na Figura 5.17, que mostra a diminuição

momentânea para a maioria das bandas como um resultado da influência predominante da

massa do cátion (Ba>Sr>Ca); em particular esses modos são denominados de modos de

vibração externa (baixa frequência). O segundo comportamento observado é a razoável

diminuição verificada em alguns modos internos, aparentemente não perturbados pela

mudança do cátion; sendo assim, essa perturbação pode estar relacionada pela diferença na

constante de força devido a variações na distância interiônica. Por último, o relevante

aumento na frequência dos modos (Ag) em cerca de 925cm-1

, o que pode estar relacionado

com o efeito de tamanho ou o caráter parcialmente covalente da ligação entre o cátion

metálico (Ba, Sr ou Ca) e os íons oxigênio no complexo 2

4WO . Devido a esse caráter

covalente das ligações entre os metais e o oxigênio, que aumenta de acordo com o tamanho

do cátion, há a diminuição das ligações M_O, o que resulta em uma maior frequência de

vibração e consequentemente no deslocamento para o lado de maior número de onda.

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51

30 60 90 120 150

80

160

240

320

400

800

840

880

920

Bg

me

ro d

e o

nd

a (

cm

-1)

Massa molecular (g/mol)

Ca

Sr

Ba

Ag

Eg

Figura 5.17: Evolução da frequência Raman como uma função da massa molecular dos metais

alcalinos terrosos. As diferentes cores indicam as atribuições dos modos: 3Ag (azul), 5Bg

(verde), e 5Eg (vermelho).

A Figura 5.18 mostra o espectro Raman polarizado para a amostra sinterizada de

BaWO4. Esse resultado foi semelhante para as demais cerâmicas de estrutura do tipo scheelita

estudados neste trabalho, porém, a cerâmica de Ba apresentou um melhor resultado, o que

pode estar relacionado com o maior tamanho de grãos (cerca de 30m) se comparado com os

demais (5m para o SrWO4 e 2m para o CaWO4). Pelos espectros das medidas no micro-

Raman com luz polarizada, foi feita a mudança da amostra sob o microscópio até que se

observassem mudanças espectrais. Foi observado que para alguns grãos, os espectros em

paralelo e perpendicular eram muitos diferentes. Para diferentes grãos foi sempre observado o

fortalecimento relativo das bandas 80, 107, 196, 359 e 800 cm-1

com a luz perpendicular,

acompanhado pelo enfraquecimento relativo das bandas a 68, 139, 156, 338, 351, 839 e 928

cm-1

. Através da observação das variações das intensidades Raman, das bandas mencionadas

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52

pela polarização da luz em diferentes regiões da amostra, foi feita as atribuições dos modos o

que ficou de acordo com Ran et al.[93]

e Basiev et al.[94]

. Assim, as primeiras cinco bandas

(perpendicular) podem ser atribuídas a modos Eg, enquanto as outras sete bandas são

designadas como modos Bg, Bg, Ag, Bg (superposta a uma banda Ag), Bg, Bg e Ag,

respectivamente.

150 300 450 600 750 900

Eg

Eg

Eg

Eg

320 340 360 380

Wavenumber (cm-1

)

80 120 160 200 240

Wavenumber (cm-1

)

Inte

nsid

ade R

am

an

(U

. A

.)

Número de onda (cm-1)

//

T

BaWO4E

g

Figura 5.18: Medidas de Raman polarizado para a amostra sinterizada de BaWO4. As

configurações paralelo () e perpendicular () estão indicadas em preto e vermelho,

respectivamente. Os cinco modos Eg isolados no espectro Raman polarizado na configuração

perpendicular são indicados em vermelho.

As propriedades luminescentes dos materiais (Ba,Sr,Ca)WO4 obtidos pelo

processamento hidrotérmico assistido por microondas, utilizando temperatura de 110°C e

tempos variáveis de 5 a 20min, foram estudadas à temperatura ambiente. Os espectros

resultantes estão apresentados nas Figuras 5.19, 5.20 e 5.21, os quais mostram faixas de

emissão bastante largas e complexas. Para esses compostos, existem várias teorias na

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53

literatura usadas para explicar esse comportamento complexo, as quais incluem transições de

transferência de cargas dentro dos grupos 2

4WO [39], distorções tetraédricas pela influência do

efeito Jahn-Teller[95]

, e a presença de defeitos do tipo Frenkel e/ou Schottky[96]

. Essas teorias

emergem de diferentes espectros obtidos pelas mudanças nas condições processuais, as quais

podem influenciar a simetria da rede local (o que é facilmente detectado por medidas de PL).

A Figura 5.19 apresenta os resultados de PL para as amostra de BaWO4, as quais mostram

bandas de emissão variando na região do visível, desde o azul ao vermelho para a amostra de

5min, com o pico central na região do verde. Foram utilizadas cinco bandas (Voigt) para

ajustar matematicamente o espectro. Com o aumento no tempo de processamento (10 e

15min) bandas na região do azul podem ser vistas e para 20min de processamento, o pico

central volta novamente para a região do verde. Diferentemente das amostras de BaWO4, os

compostos SrWO4 (Fig. 5.20) e CaWO4 (Fig. 5.21) não exibiram bandas de emissão na região

do vermelho, mas sim mudanças contínuas de emissão entre o azul e o verde em função do

tempo de processamento.

Dentre as teorias disponíveis na literatura para explicar o fenômeno da PL nos

compostos do tipo scheelita, é bem estabelecido que o domínio da faixa de emissão verde,

pode ser atribuída principalmente às transições de transferência de carga dentro do tetraedro

do grupo WO4[96]

. Porém, as Figuras 5.19-5.21 sugerem que o mecanismo de emissão seja um

processo complexo (multi-fônons), nos quais a relaxação acontece por meio de vários

caminhos, envolvendo participação de vários estados de energia dentro do gap do material.

Assim, os dados de PL das amostras investigadas neste trabalho indicam que o fenômeno da

emissão não é um fenômeno singular, isolado, mas acontece com fenômenos simultâneos que

alargam as faixas de emissão. Há uma recente teoria reportada por Cavalcante et al.[66]

que

considera as distorções no tetraedro provenientes do uso das microondas. Nesse caso, as

interações entre a radiação microondas e os átomos de tungstênio resultam em um rápido

processo de aquecimento, e consequentemente, significantes distorções no tetraedro. Os

autores verificaram que essas distorções podem causar o aparecimento de bandas extras no

espectro Raman, as quais são um indicativo da forte deformação dentro do cristal. No nosso

caso, essas distorções não foram observadas experimentalmente, já que nos espectros Raman

dessas amostras (Figura 5.15) não foi visualizada nenhuma banda extra. O resultado de

Cavalcante et al.[66]

pode ser decorrente de pontos de aquecimento gerados durante a síntese

devido ao equipamento utilizado por eles ter sido um forno adaptado, como já discutido

anteriormente. Outras teorias incluindo a deformação no tetraedro pelo efeito Jahn-Teller ou

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54

outras interações entre elétron e fônons também podem resultar em bandas extras no espectro

Raman[95,97]

. Os espectros obtidos não apresentaram qualquer modo extra, o que nos fornece

uma indicação de que as estruturas dos materiais estão bem organizadas. Assim, a explicação

para a série de defeitos de curto alcance ou defeitos superficiais evidenciados pelos dados de

PL foram baseados nos estudos de Sinelnikov et al.[98]

, Lou e Cocivera[99]

, Laguta et al.[100]

e

mais recentemente por Campos et al.[101]

e Longo et al.[102]

. De acordo com esses autores, as

bandas de emissão no azul e vermelho podem ser atribuídas a defeitos centrais associados

com vacâncias de oxigênio e transições intrínsecas no tetraedro de tungstênio. Longo et al.[102]

discutiram a origem dessas emissões em amostras ordenadas e desordenadas de CaMoO4.

Para os materiais desordenados, um mecanismo baseado em vacâncias de oxigênio dá origem

a níveis adicionais na banda de valência. Nos compostos scheelita vacâncias de oxigênio

podem ser criadas nos grupos WO4. Segundo a notação de Kröger-Vink esses defeitos podem

ser escritos como [WO3●Z

OV ], onde os grupamentos complexos podem ser formados por

espécies carregadas positivamente ou neutras. Similarmente, os cátions do metal são rodeados

por oito átomos de oxigênio na rede, os quais podem também gerar grupamentos do tipo

[BaO7●Z

OV ]. Os cátions metálicos tendem a ligar-se a oito átomos de oxigênio, mas também

podem apresentar número de coordenação diferente da configuração ideal, originando

grupamentos complexos. Nesse processo, novos estados na banda de valência aparecem como

defeitos superficiais. Longo et al.[102]

encontraram que níveis eletrônicos localizados na banda

de valência são criados quando esses defeitos superficiais estão presentes, os quais são

modulados pelo deslocamento do oxigênio no grupamento [BaO7●Z

OV ]. Se ocorrerem

desarticulações entre os átomos de oxigênio nos grupamentos [WO3●Z

OV ], defeitos chamados

“profundos” irão surgir e novos níveis de energia são introduzidos na banda de valência,

reduzindo assim o gap de energia para essas transições[102]

. A Figura 5.22 ilustra os chamados

defeitos superficiais e profundos presentes na amostra de BaWO4.

Para as amostras de BaWO4 aqui produzidas utilizando um tempo de 5min no forno

microondas, foram observadas bandas de emissão no vermelho. Com o aumento do tempo de

processamento para 10 e 15min, esses materiais passaram a emitir no azul com uma leve

evolução das bandas de emissão para a região do verde com o tempo de 20min. Esses

resultados mostram que grupamentos [WO3●Z

OV ] estão provavelmente presentes na amostra

obtida a 5min, o que resulta a emissão no vermelho, como pode ser observado na Figura 5.19.

Para esses materiais a emissão no verde é frequentemente presente nas estruturas mais

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55

ordenadas, e também é a emissão esperada para as amostras obtidas em condições de tempo e

temperatura superiores, como foi observado para a amostra de BaWO4 processada por 20min

no microondas.

Para os compostos SrWO4 e CaWO4 foi observado comportamento semelhante, já que

ambos os materiais apresentaram bandas de emissão na região do azul para tempos até 10min,

com um aumento substancial de bandas na região do verde para tempos de processamentos

superiores, como pode ser visualizado nas Figuras 5.20 e 5.21. Esses resultados confirmam a

presença de grupamentos complexos [SrO7●Z

OV ] e [CaO7●Z

OV ], nas amostras sintetizadas a 5

e 10min, além de uma clara tendência ao ordenamento com tempos superiores de

processamento (15 e 20min), o que conduziu a bandas de emissão no verde.

350 420 490 560 630 700 770

5 min

Comprimento de onda (nm)

10 minInte

nsid

ad

e P

L (

U.A

.)

15 min

BaWO4

20 min

Figura 5.19: PL da amostra de BaWO4 mostrando a evolução das bandas de emissão com o

tempo de processamento.

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56

350 420 490 560 630 700 770

5 min

Comprimento de onda (nm)

10 minInte

nsid

ad

e P

L (

U.A

.)

15 min

SrWO4

20 min

Figura 5.20: PL da amostra de SrWO4 mostrando a evolução das bandas de emissão com o

tempo de processamento.

350 420 490 560 630 700 770

5 min

Comprimento de onda (nm)

10 minInte

nsid

ad

e P

L (

U.A

.)

15 min

CaWO4

20 min

Figura 5.21: PL da amostra de CaWO4 mostrando a evolução das bandas de emissão com o

tempo de processamento.

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57

Figura 5.22: Representação dos chamados defeitos superficiais e profundos presentes na

amostra de BaWO4.

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58

Capítulo 6. Conclusões

As cerâmicas do tipo RENbO4 foram sintetizadas em condições ótimas de temperatura

e tempo, utilizando-se o método convencional. Foram obtidas fases puras e cristalinas para

toda a série lantanídea de La a Lu, excluindo Pm. Os compostos apresentaram estrutura

monoclínica C2/c (#15, Z=4). Os estudos espectroscópicos permitiram visualizar as 18 bandas

ativas em Raman, e também investigar o efeito da massa e do raio iônico, na variação do

número de onda das amostras. A maioria das bandas apresentou uma tendência a diminuir o

número de onda à medida que se aumentava o raio iônico; esse fato foi atribuído à contração

lantanídea. Medidas de espectros de infravermelho também complementaram nosso estudo,

trazendo resultados ainda não reportados na literatura.

Os materiais do tipo MWO4 foram produzidos por síntese hidrotérmica assistida por

microondas, em condições de temperatura de 110°C e tempos variáveis de 5 a 20min. Essas

condições sintéticas são mais brandas do que as existentes na literatura para o processamento

desses compostos. Foram obtidos nanopartículas, puras e cristalinas, com estrutura do tipo

scheelita I41/a (#88, Z =4). Análises por microscopia eletrônica (varredura e transmissão)

foram utilizadas para investigar as diferenças morfológicas apresentadas nos compostos, em

função do metal alcalino presente na estrutura. Através da investigação por espectroscopia,

feita por medidas Raman, foram visualizadas as 13 bandas ativas, como o previsto pela teoria

de grupos. Não foi observada nenhuma banda extra nos espectros dessas amostras,

diferentemente do que foi relatado por outros autores. A atribuição dos modos ativos foi

possível através de medidas de Raman polarizado feitas nas amostras sinterizadas. Medidas

de fotoluminescência também foram feitas, e foi constatado que as amostras emitem em

diferentes regiões do visível.

Comparando os dois métodos sintéticos utilizados para a produção das ortocerâmicas,

pôde-se observar que o método hidrotérmico assistido por microondas apresentou vantagens

em relação ao processo convencional, apesar desse último possuir uma química simples

baseado na mistura de óxidos sólidos. Os ortotungstatos produzidos no microondas exibiram

uniformidade estrutural e menores tamanhos de partícula, além de tempo e temperaturas de

processamento inferiores. Enquanto utilizou-se 5min à temperatura de 110°C para obter

MWO4 cristalinos, foram necessárias cerca de 2hs à 1150°C para a obtenção de RENbO4.

Assim, há uma grande economia energética quando se faz uso dessa rota hidrotérmica, o que

faz com que esse seja um processo “ambientalmente correto”.

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Capítulo 7. Contribuições originais ao conhecimento e relevância dos

resultados

Este trabalho proporcionou agregar conhecimento na área de síntese e caracterização

de materiais cerâmicos do tipo ABO4. Foram utilizados diferentes métodos sintéticos:

convencional e hidrotérmico assistido por microondas; vantagens e desvantagens processuais

foram vivenciadas. Além disso, o conhecimento de várias técnicas experimentais pôde ser

somado, como por exemplo, difração de raios-X, espectroscopias Raman e infravermelho,

microscopias eletrônicas de varredura e de transmissão, e fotoluminescência.

É a primeira vez, que um trabalho reporta a síntese de toda a série das terras-raras para

os ortoniobatos, tornando inéditos vários dos resultados de espectroscopia vibracional obtidos.

Além disso, ainda não foi encontrado na literatura nenhum trabalho sobre a síntese do

composto TmNbO4. Para os ortotungstatos de metais alcalinos terrosos, aqui sintetizados,

apesar desses materiais já serem bastante estudados, foi a primeira vez que a síntese em

microondas foi feita em condições brandas de temperatura e tempo. Os parâmetros utilizados

por nós (110°C e tempos mínimo de 5mim e máximo de 20min) são inferiores a todos aqueles

já reportados. Além disso, o nosso equipamento garante confiabilidade e reprodutividade dos

resultados, diferentemente dos fornos adaptados utilizados por outros pesquisadores. O

equipamento utilizado pode ter trazido consequências no produto da síntese; um exemplo

disso foi a presença de bandas extras nos espectros das amostras de outros autores,

diferentemente dos nossos materiais que não apresentaram nenhuma banda extra em seus

espectros.

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Capítulo 8. Sugestões para trabalhos futuros

Investigação detalhada do espectro Raman da amostra de CeNbO4, particularmente

um estudo acerca do alargamento significativo das bandas se comparado aos

observados em outras amostras (presença provável de Ce+4

ou temperatura de

transição inferior à amostra de La).

Estudos sob pressão e/ou temperatura para verificar a temperatura de transição de fase

nas amostras de LaNbO4 e CeNbO4, já que em compostos semelhantes utilizando

fósforo, vanádio e arsênio no lugar do nióbio as primeiras terras raras apresentam

estruturas diferentes em relação ao restante da série lantanídea. Como os espectros

Raman dessas amostras são bem deslocados em relação aos demais, há um forte

indicativo de que a temperatura de transição de fase dessas amostras estaria próxima.

Sinterização de todas as amostras de ortoniobatos para que se obtenham os espectros

vibracionais no infravermelho, já que esse estudo foi realizado apenas para a amostra

contendo Nd.

Realizar medidas de fotoluminescência nas amostras dos ortoniobatos, para investigar

as propriedades de emissão ao longo da série lantanídea.

Investigar a fase secundária RE3NbO7 formada em algumas condições durante o

processamento dos ortoniobatos.

Produzir os RENbO4 por rota química assistida por microondas para obter compostos

com menor tamanho e morfologia diferentes. Dessa forma, pretende-se avaliar a

influência do tamanho e morfologia dos pós nas propriedades luminescentes dos

materiais.

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Anexos

1) Artigo publicado na Chemistry of Materials: DOI 10.1021/cm100173p

2) Artigo aceito no Journal of Materials Science: DOI10.1007/s10853-010-4694-y