Quintal produtivo gera renda e garante sobrevivência no Semiárido.

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Ano 7 • nº1263 Novembro/2013 Pendências Quintal produtivo gera renda e garante sobrevivência no Semiárido. Seu Hélio e dona Zilda Seu Francisco Hélio dos Santos Silva, 42 anos e dona Maria Zilma da Silva Oliveira, 39 anos, são agricultores, residem há 12 anos, com o filho Eduardo, 15 anos, a filha Maria Zilda, 17 anos, e o genro José Bruno, no Projeto de Assentamento Mulungu, distante 29 km do município de Pendências/RN. Sempre investindo na agricultura familiar produziam um pouco de hortaliças para o consumo da família. Seu Hélio, um homem forte, trabalhador e como chefe, para dar de comer a família, trabalhava como vigilante em uma empresa de produção de camarão em viveiros, e nas folgas plantava canteiros de hortaliças. Como não tinha tempo para cuidar, a esposa e o filho encarregavam-se em mantê-los. E para aumentar a renda da família o filho que na época tinha apenas dez anos vendia a produção de porta em porta em uma bicicleta. Nesta mesma época seu Hélio descobriu que estava doente do coração e teve que pedir demissão do emprego, pois estava sempre doente e isso o impedia de trabalhar. A partir daí passou a dedicar-se totalmente as plantações, o único desafio a vencer era a falta de água, para manter a produção, como ainda não tinha água encanada carregavam água no lombo de um burro para regar as hortas. No ano de 2009 foram contemplados através do SEBRAE, com o programa de reaplicação de tecnologias sociais, um PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável). Foram sete famílias contempladas no assentamento, mas somente a família de seu Hélio conseguiu prosperar no programa. Seu Hélio disse que já recebeu vários projetos no assentamento, mas somente este deu certo. Com uma caixa de cinco mil litros de água recebida através do programa o problema com a falta de água amenizou um pouco, pois facilitou no armazenamento. Hoje, a água que abastece o assentamento vem de um poço comunitário que é encanada para as casas e cada assentado paga uma taxa pelo seu consumo. A família de seu Hélio produz coentro, alface, cebolinha, pimenta, pimentão, hortelã, mastruz, capim santo, romã, none, limão, acerola, goiaba, ciriguela, banana e coco, só não produz mais devido a água ser pouca. Este ano a família foi contemplada com uma cisterna-enxurrada através do programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro

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Ano 7 • nº1263

Novembro/2013

Pendências

Quintal produtivo gera renda e garante sobrevivência no Semiárido.

Seu Hélio e dona Zilda

Seu Francisco Hélio dos Santos Silva, 42 anos e dona Maria Zilma da Silva Oliveira, 39 anos, são agricultores, residem há 12 anos, com o filho Eduardo, 15 anos, a filha Maria Zilda, 17 anos, e o genro José Bruno, no Projeto de Assentamento Mulungu, distante 29 km do município de Pendências/RN. Sempre investindo na agricultura familiar produziam um pouco de hortaliças para o consumo da família. Seu Hélio, um homem forte, trabalhador e como chefe, para dar de comer a família, trabalhava como vigilante em uma empresa de produção de camarão em viveiros, e nas folgas plantava canteiros de hortaliças. Como não tinha tempo para cuidar, a esposa e o filho encarregavam-se em mantê-los. E para aumentar a renda da família o filho que na época tinha apenas dez anos vendia a produção de porta em porta em uma bicicleta. Nesta mesma época seu Hélio descobriu que estava doente do coração e teve que pedir demissão do emprego, pois estava sempre doente e isso o impedia de trabalhar. A partir daí passou a dedicar-se totalmente as plantações, o único desafio a vencer era a falta de água, para manter a produção, como ainda não tinha água encanada carregavam água no lombo de um burro para regar as hortas.

No ano de 2009 foram contemplados através do SEBRAE, com o programa de reaplicação de tecnologias sociais, um PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável). Foram sete famílias contempladas no assentamento, mas somente a família de seu Hélio conseguiu prosperar no programa. Seu Hélio disse que já recebeu vários projetos no assentamento, mas somente este deu certo. Com uma caixa de cinco mil litros de água recebida através do programa o problema com a falta de água amenizou um pouco, pois facilitou no armazenamento. Hoje, a água que abastece o assentamento vem de um poço comunitário que é encanada para as casas e cada assentado paga uma taxa pelo seu consumo. A família de seu Hélio produz coentro, alface, cebolinha, pimenta, pimentão, hortelã, mastruz, capim santo, romã, none, limão, acerola, goiaba, ciriguela, banana e coco, só não produz mais devido a água ser pouca.

Este ano a família foi contemplada com uma cisterna-enxurrada através do programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

Realização Patrocínio

(ASA), com patrocínio da Petrobras, esta cisterna tem capacidade de armazenar 52 mil litros de água, seu Hélio tem esperança de que com esse água possa aumentar a produção e também a renda da família. Hoje a família consegue em torno de R$ 50 reais por semana, vendendo de porta em porta e entregando em mercadinho, tem final de semana que consegue uma renda de R$ 150 reais. “Depois destas hortas nunca mais faltou dinheiro aqui em casa, sempre tem R$ 5 ou R$10 reais por dia que vendemos aqui na porta de casa”, diz dona Zilda. Com o SISMA (Sistema de Manejo Simplificado de água para produção), seu Hélio aprendeu a produzir biofertilizante e composto para auxiliar no controle de pragas, tornando sua produção cada vez mais saudável e própria para a saúde humana. Com o Caráter produtivo seu Hélio planeja aumentar a produção, pois receberá mais mangueiras e micro aspessores.

A família de seu Hélio é pioneira na produção de hortaliças no assentamento com a produção que brota do quintal, seu Hélio e dona Zilda conseguem manter todas as despesas da casa. Mais uma família que consegue renda e sustentabilidade com força, dedicação, trabalho em uma pequena propriedade com um pouco de água no quintal de casa no Semiárido brasileiro.

Bruno, genro, seu Hélio, dona Zilda e a filha Zilma.