Resumo por: Raian

Capítulo I

Olá, sou o Quincas Borba. Não me transformo em mutantes como o Ben 10 e

não sou tão grande quanto o Clifford. Mesmo assim, possuo uma das melhores

qualidades que um dono procura em um cachorro: O companheirismo.

Fui acolhido em uma casa muito grande, parecia um palácio. Meu dono, ah, ele

era muito rico! Mas além de ser rico, como o riquinho dos desenhos animados,

ele era muito legal e me amava como um papai. Não sabia que ele estava

dodói. Mas logo ele iria partir. Seu amigo, meu padrasto Rubião, cuidou de mim

quando papai foi ao Rio de Janeiro visitar um amigo do coração. Não entendi

direito, mas após muitos dias que meu papai, Quincas Borba, não apareceu,

Rubião me mandou pra uma casinha muito distante, os cachorros de lá viviam

querendo brincar comigo. Queria ir embora. Queria voltar pra minha casa, pra

meu papai... Passaram-se alguns dias, achava que estava em uma colônia de

férias, pensava que ele um dia iria vir e logo me buscar e dizer que tá tudo

bem, que iríamos voltar. E não é que ele chegou? Fiquei tão feliz que não

parava de pular em suas pernas! Queria voltar ao meu papai. Mas quem disse

que ficamos lá em casa? Rubião me levou foi pra um trem, e me avisou que

não iríamos mais voltar pra minha velha casa, nem iríamos ver meu papai de

novo. Fiquei triste,

muito triste.

Enquanto voltava

olhava pela janela do

trem, e Rubião foi

conversando com um

casal. Disseram se

chamar Cristiano e

Sofia Palha, me

pareceu nome de

gente fina. A moça,

ah, ela era linda! Mas

não parecia as

princesas dos bailes,

ela era diferente. Ela

se vestia como as

princesas de vestido

de contos de fadas,

mas seus ombros

andavam sempre descobertos mostrando seus braços. Deu pra perceber que

Rubião tinha mesmo gostado da moça. O seu marido, pra falar a verdade,

parecia mais era o malvado dos desenhos animados.

Capítulo II

Eles e Rubião ficaram amigos tão

rápido, que marcaram até de viajar

pra Europa... Até que seria legal

conhecer a Europa. Quando

descemos do trem, Cristiano, o

malvado, convidou Rubião pra ir

jantar na casa dele... Achei um

máximo! Mas fomos primeiro pôr

nossas malas na nossa nova casa,

pensem em como a casa era

enorme! Era um palácio, um castelo

digno de princesas de contos de

fadas... Mas Rubião se arrumou e

logo foi embora. Eu fui junto, claro,

mas não pude ficar atento em todas

as conversas que rondavam aquele

jantar. Só sei que Rubião estava com

uns olhares bem suspeitos pra Sofia... Mas as carnes em cima da mesa me

deixavam com a atenção totalmente dividida! Só sei que uma moça, que

parecia ser uma solteirona à procura de um marido, ficou bem afim de meu

padrasto. Sofia chamou todo mundo pra ir ver a lua do jardim... Mas ninguém

pode ir, ou quis ir. Foram os dois sozinhos ver a lua... Essa era a hora que eu

deveria ter seguido ele. Mas os pratos de carnes que me serviram me deixaram

bastante feliz e entretido. Não aguentei. Só sei que deu foi um babado grandão

naquela corte. Quando voltei pra casa, percebi que Rubião estava meio

diferente, meio triste, confuso... Mas ele não me entende, tentei perguntar o

que aconteceu, mas ele estava meio longe... Meio aéreo... Então continuei

minha vida normal, tentando reanima-lo, estando ao lado dele. Na hora de

dormir, senti vontade de subi na sua cama, e foi ai que ele me confessou que

tinha se declarado a Sofia! Aquela mesma mulher do trem... Fiquei espantado!

Como ele teve tamanha coragem? Ela era casada!

Capítulo III

Algum tempo se passou, e Rubião sumiu da casa da família Palha, sou suspeito

pra falar: Mas foram os melhores tempos que já passei na corte com meu

padrasto. Até que um dia, Cristiano, o malvado, resolve visitá-lo. Nesse dia,

Rubião estava conversando com Camacho, seu amigo do jornal que aqui pra

nós: Tinha seus interesses nessa amizade ai. Esse moço era dono de um jornal

que Rubião dava a grana, então, ele tinha que marcar presença sempre que

podia lá na casa do seu financiador... Né não? Cristiano vai dar aquela velha

visita a Rubião, jogando o H que sentia sua falta... Resta apenas perguntar se

era falta dele, ou falta do dinheiro dele... Meu padrasto era muito bobo, queria

falar, mas ninguém me ouvia. Sabia de tudo, mas não sabia como contar! Foi

nesse dia que entretido com a conversa do pessoal, soube que Rubião ia viajar

a Minas, quase comecei a latir como revolta, pensei que ele iria pra nunca mais

voltar como meu papai... Sem ele quem cuidaria de mim? Teria que voltar pra

aquela casa cheia de cachorro doido que queria viver 24 horas brincando?

Quero carne! Nesses dias de falta familiar, fiz greve de comida. Até a volta de

Rubião em segurança,

não aceitava essa vida

de órfão total!

Finalmente, ouvi a voz

de Rubião na porta do

palácio, ele chegou!

Fiquei tão orgulhoso do

meu papai, sabem

porque? Tá bom, eu vou

contar pra vocês, só

porque são meus

amiguinhos. Meu papai salvou a vida de um garotinho travesso que queria

pegar uma bola no meio da rua, ele é meu Herói igual ao Superman ou o

Batman... Só faltava o Batmóvel ou a capinha pra ficar completo! Ficou até

famoso nos dias que se passaram depois pela publicação que Camacho fez no

jornal Atalaia... Mas voltando, no mesmo dia, antes de voltar pra casa, Rubião

me contou tudo o que aconteceu. Vocês querem mesmo saber? Senta que lá

vem história. Rubião viu Sofia e uma moça na rua, uma tal Maria Benedita.

Resolveu que iria lá casa deles lá em Santa Teresa. E não é que o doido foi? E

lá estava Rubião agora, sentado, desabafando comigo, e se arrumando pra

esse baile que prometia grandes emoções... Tive que ir junto, mas me

prenderam no jardim da casa de Palha e Sofia, só me restava olhar pela janela

tudo, bem de longe... Observando tudo, mas sem poder fazer nada... Era esse

o problema.

Capítulo IV

Meu padrasto estava com essa ideia na cabeça, sonhava com o casamento

como um conto de fadas, onde existiam carruagens, belas mulheres de belos

vestidos, um castelo bem grande e brilhante, onde a sua princesinha linda e

amada era a Sofia. Desabafava comigo, sempre alisando meus pelos, queria lhe

aconselhar, mas realmente não podia. Era tudo muito estranho, Rubião parecia

ter sido enfeitiçado por uma bruxa... Eu até tentava ajudar, mas à medida que

os dias iam se passando, Rubião me inventava de dar uma visita na casa desse

pessoal, toda vez com o pretexto de que era ‘’conversa’’ de negócios... Aham,

cai bem nessa conversa ai. Ah, não contei a vocês! Em uma dessas visitas,

Rubião se atreveu a dar um beijo, isso mesmo! Um beijo em Sofia! Sofia o pôs

pra fora da casa dela, não queria mais vê-lo nem pintado de ouro... O bicho

pegou! Mas teve um jantar de comemoração, aquela moça, a Maria Benedita

iria se casar com um homem chamado: Carlos Maria, e como meu padrasto era

sócio do marido dela, da Sofia, eles tiveram que se encontrar nesse jantar ai.

Eu como sempre de tiracolo, percebi que no fundo, Sofia gostou de tê-lo visto

lá, naquele jantar... Apesar de não

demonstrar, claro... Mas aprendam

uma coisa: Cachorros leem olhares, e

aquele ali foi fatal! Sofia e Rubião

conversaram e resolveram deixar

aquele assunto como encerrado.

Parecia que tudo estava indo nos

conformes... Mas só parecia.

Rubião amava Sofia, disso todo mundo

já sabe, quero é novidade! Mas nunca

iria desconfiar que ele ia ficar louco,

doidão, por causa dela. Foi por esse

tempo ai, que Rubião me deu um

susto! Na verdade, não foi um susto só

em mim, mas em todos os seus

‘’amigos’’. Resolveu se barbear como o

Napoleão III, um rei ai muito famoso e

com uma barba muito da engraçada.

Só sei que Sofia ficou espantada,

coitadinha! Nessa altura do campeonato, Rubião já tinha decidido que sua cara

limpa nem lhe caia tão mal assim... Mas o pior é que não foi só a barba que o

doido cortou! Ele resolveu se declarar a Sofia como o Rei Napoleão III se

declarou a sua amante. O cara ficou totalmente loucão de amor. Eu assistia de

camarote, claro, comendo minha velha e suculenta carne!

Capítulo V

Meses foram se passando, e as crises do meu padrasto que pra mim no início

eram apenas brincadeiras para rir, começaram a se tornar sérias. Até Sofia

sentia pena dele, o caso tinha ficado sério. A sua fortuna, ah, O Cristiano que

se dizia seu amigo, fez questão de roubar! Os negócios que eles tinham,

Cristiano tirou muito dinheiro dele... Os negócios de Cristiano Palha começam a

crescer, ele e Sofia passam a ser um casal rico e muito elegante, sua casa

recebia o melhor pessoal da sociedade da época. Cristiano não queria ser visto

com o ‘’malvado’’ da história, então sabe o que ele faz? Manda a gente pra uma

casa perto do mar, com o moço que era nosso ajudante, fiquei do lado de

Rubião, mesmo sabendo que ele estava meio tantã das ideias...

Foi um longo tempo nessa casa ai de saúde, e em um momento de realidade,

Rubião chama seu ‘’amigo’’ Cristiano Palha pra dizer que já pode sair de lá.

Naquele meu refletor de realidade que é o olhar, percebi que Palha não queria

isso. Deu o dinheiro pra o médico cuidar de Rubião, o médico fugiu e deixou,

eu e o coitadinho lá... Voltamos até pra Barbacena, dormimos muitos dias na

frente uma igrejinha local... A mãe do

menino que ele salvou que nos acolhe,

e meu padrasto vai pro céu por causa

da febre alta. Sinto muita saudade dele,

e acho que não vou aguentar. No

fundo, no fundo, já estou indo embora.

O bom é que contei minha história pra

todo mundo antes de ir, essa é a hora

que vou deitar ao lado do meu dono e

que iremos nos encontrar logo!

Então Quincas Borba fecha os olhos e

dorme profundamente, seu dono e ele

estão no céu, finalmente juntos.