Química Aplicada - UDESC - CCT · biotecnologia. Fermentação Conjunto de reações enzimáticas,...
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Química Aplicada
QAP0001
Licenciatura em Química
Profa. Dra. Carla Dalmolin
Bebidas Fermentadas
Histórico
A utilização de processos fermentativos para
obtenção de bebidas alcoólicas é conhecida
desde a antiguidade.
Séc. IV, Monges beneditinos: adição do lúpulo
na cerveja
Séc. XIV, Baviera: Lei da Pureza
Uso apenas de água, cevada e lúpulo para a
produção da cerveja
Séc. XVIII e XIX
Refrigeração artificial
Descoberta dos microorganismos -
biotecnologia
Fermentação
Conjunto de reações enzimáticas, controlada por microorganismos, através das
quais uma molécula orgânica é degradada em compostos mais simples, liberando
energia.
Processos fermentativos eficientes:
A ação de um microorganismo leva ao produto final
Matérias-primas baratas para o substrato (ex.: amido)
Rendimentos aceitáveis
Fermentação rápida
Facilidade de purificação e recuperação do produto
Leveduras e Fermentação
Fungos microscópicos unicelulares
Cerca de 160 espécies
Processos industriais: gênero Saccharomyces
Utilizam a fermentação da glicose para produzir energia
Excretam o álcool como subproduto como ação defensiva
Demais microorganismos reduzem o álcool para mais uma etapa de obtenção
de energia
A excreção do álcool pelas leveduras é tóxica para demais microorganismos
C6H12O6 2 CH3CH2OH + 2 CO2 + ENERGIA
Glicose Etanol (álcool) H < 0
Bebidas Fermentadas
Fonte de Carboidrato Bebida
Cevada Cerveja
Uísque* (whiskey)
Uva Vinho
Brandy*
Batata Vodca* (Rússia)
Arroz Saquê (Japão)
Milho Bourbon (EUA e Canadá)
Uísque*
Manguey (algave) Pulque (México)
Tequila*
Cana-de-açúcar Cachaça *(Brasil)
Grãos de cereais
ou frutosCarboidratos
(açúcar)EtanolFermentação
alcoólica
* Destilados após a fermentação
Produção de Cerveja no Brasil
Pequenas cervejarias
Cervejarias artesanais: microcervejarias
1888 Manufatura de Cerveja Brahma Villigier e Cia.
1888 Companhia Antártica Paulista
Maior cervejaria em
volume de produção
mundial
Classificação das Cervejas
Matérias-Primas
Alemanha: “Lei da Pureza”
Água
Malte
Lúpulo
Demais países
Adjunto
Água
Componente em maior quantidade na cerveja
O sabor da cerveja pode ser influenciado por algumas características da
água utilizada na sua fabricação
Pilsen, antiga Tchecoslováquia: água de baixa salinidade – originou a cerveja tipo
Pilsen
Em tese, a água pode ser tratada para se adequar a qualquer característica
desejada.
Alto custo
A qualidade da água disponível ainda é um fator determinante na escolha da
localização de uma cervejaria
Brasil: águas suaves e adequadas à produção das cervejas Larger
Lúpulo
Confere o sabor amargo à cerveja
Retardar o surgimento de sabores desagradáveis decorrentes da oxidação e
multiplicação de microorganismos
Quantidade e variedade de lúpulo utilizado varia de acordo com a
cervejaria
Acrescentado ao líquido em fermentação na razão 0,5 – 5,0 g/L
Malte
Termo utilizado para indicar cereais que passaram pelo processo de
malteação
Transformação dos grãos para deixá-los com uma carga grande de enzimas,
responsáveis pela redução do amido em açúcar
Para a fabricação da cerveja, utiliza-se o malte da cevada
O malte é produzido pela interrupção da germinação dos
grãos (fase em que as cadeias de amido são pequenas e
fáceis de quebrar)
A germinação é interrompida por secagem, reduzindo a
umidade
Açúcar (Sacarose)
O açúcar será
o alimento da
levedura
Malteação
Malte claro: a digestão do amido é reduzida
Malte escuro: processo prolongado, com temperatura entre 60 – 80 oC
O grão é mergulhado em
água fria até germinar
Embrião Enzimas capazes de decompor o amido
Dissolução das paredes celulares
Digestão do amido
Sacarose
Secagem
Estocagem
Moagem
Extrato de Malte
Fermento / Levedura
Microorganismos capazes de transformar o açúcar em álcool
Gênero Saccharomyces, espécies: S. cerevisiae ou S. uvarum
Cada cervejaria possui sua própria cepa
Levedura de alta fermentação (Ales)
A levedura sobe para a superfície durante a fermentação
Geralmente é a S. cerevisiae
Levedura de baixa fermentação (Larger)
A levedura decanta no final do processo de fermentação
Geralmente é a S. uvarum
Adjuntos
Maltes de outros cereais que subtituem parte do malte de cevada
Redução de custo
Produção de cervejas mais leves
Qualquer fonte de amido pode ser utilizada como adjunto
Arroz e milho são os mais utilizados
Fabricação da Cerveja
Produção do Mosto
Fermentação
Acabamento
Moagem do malte
Mosturação
Filtração
Fervura e Clarificação do mosto
Fermentação e Maturação do mosto
Filtração
Carbonatação
Ajuste de aroma e cor
Pasteurização
Produção do Mosto
Moagem
Mistura (mosturação)
Filtração
Fervura
Resfriamento
Moagem do malte para expor o interior do grão
O malte é misturado com água quente
Ativação das enzimas no interior do grão
Redução do amido por processos bioquímicos
Produção de açúcar
Confere estabilidade biológica
Extração das substâncias aromáticos do lúpulo, adicionado
nessa fase
Coagulação de proteínas ainda presentes do malte
Processo rápido para evitar contaminação por microorganismos
Resfriado imediatamente de 100 oC para 10 oC por um trocador
de calor
O mosto é aerado para promover o crescimento da levedura
Fermentação e Maturação
A levedura é inoculada no mosto após
seu resfriamento e oxigenação (10 a
30 milhões de células de levedura /
mL)
Dois caminhos metabólicos
Via respiratória: início do processo,
para promover o crescimento das
leveduras
Fermentação primária (4 a 14 dias)
Maturação: resfriamento a 0 oC
(média de 15 dias)
Via fermentativa (anaerobiose):
promove a transformação do mosto em
cerveja
Acabamento
Fluxograma de Produção da Cerveja
Cevada
Brotação, 5 – 9 dias água
Secagem
Malte
Maceração; aquecimento a 54 –
70 oC, 2 horas águaAdjuntos (cereais)
Filtragem
Resíduos de cereais
Mosto doce
Mosto doce
Fluxograma de Produção da Cerveja
Fervura
Resfriamento, centrifugação
lúpulo
Mosto amargo
Fermentação a 21 oC, 2
– 7 dias
levedura
Saccharomyces cerevisiae
Maturação (dias)
Ale
Fermentação a 8 oC, 6 –
10 dias
levedura
Saccharomyces uvarum
Maturação (semanas)
Larger
Clarificação,
filtragem
Pasteurização BarrilEngarrafamentoCerveja Chope
Vinhos
Definido como uma bebida alcoólica produzida a partir da fermentação do sumo de
uva
A qualidade da uva é avaliada em função do grau de amadurecimento e do estado
sanitário (inexistência de grãos podres)
Lei Brasileira:
Vinhos de mesa: uvas de variedades americanas
Vinhos finos: variedades vitis vinífera
Uvas Viníferas
Determinam a qualidade do vinho
Açúcares: alimento das leveduras que serão convertidos em álcool
20 - 30% (glicose e frutose)
Ácido tartárico e málico: impedem a multiplicação de microorganismos durante a
fermentação e principais componentes do sabor do vinho
Taninos e outros componentes fenólicos: sensação de adstringência
Pigmentos
Uvas vermelhas: antocianinas
Uvas brancas: flavonóis
Compostos aromáticos: quimicamente ligados aos açúcares e são liberados
pelas enzimas das leveduras, apenas após o processo de fermentação
Uvas Viníferas
Uvas Viníferas
Componentes
Taninos:
Estrutura geral de polifenóis
Flavonóides
Classificação dos Vinhos
Fabricação do Vinho
Fermentação do
suco de uva
Maceração
Fermentação Alcoólica
Envelhecimento
A coloração depende da
presença das cascas
Esmagamento
Processo realizado para provocar o rompimento dos grãos, liberando o suco
rapidamente, sem esmagar as sementes e engaços
Compressão (esmagadeira de cilindros)
Choque (esmagadeira centrífuga)
Ocorre a aeração do mosto para tornar o suco mais favorável ao
desenvolvimento das leveduras
Esmagamento
Mosto:
70 – 85% água
12 – 27% de açúcar
1% ácidos
Vinhos brancos: as cascas são removidas antes da fermentação
Pouca pigmentação e taninos
Vinhos tintos e rosé: as cascas estão presentes durante a fermentação
Cor mais profunda e sabor adstringente
Casca:
Compostos fenólicos
Taninos
Ácidos
Polpa: água e açúcares
Sementes: taninos, óleo e resinas
(não são rompidas durante a prensagem)
Encubagem
O mosto é enviado para uma “cuba” onde irá ocorrer a fermentação
Primeiramente há a adição de SO2(g): sulfitagem
Adicionado simultaneamente ao mosto na cuba
Remoção de “leveduras selvagens” presentes nas uvas
Legislação brasileira: dose máxima de 350 mg/L em SO2 total no vinho
Sulfitagem
Antisséptico : inibe a ação de leveduras acéticas e láticas (transformam
alcoóis em ácidos)
Em baixa concentração estimula ativa leveduras que transformam o
açúcar em álcool
Antioxidante (reage facilmente com o oxigênio)
Facilita a dissolução de taninos (substâncias que dão cor ao vinho)
Tóxico
Alteração do sabor e aroma
Pode ser substituído por
metabissulfito de potássio:
K2S2O5
Fermentação
Adição de leveduras selecionadas
Teor ~5oGL: Kloeckera apiculata e Hansenniasopora uvarum
Teor até 16 oGL: Saccharomyces ellipsoideus e Saccharomyces bayanus
C6H12O6 2 C2H5OH + CO2 H = - 28 kcal
glicose etanol
Temperatura de fermentação: entre 20 – 30 oC
É mantida o mais baixo possível dentro da faixa, através do resfriamento do
mosto
Aumento do rendimento do etanol (reação exotérmica)
Redução de perdas do produto por evaporação
Fermentação tumultuosa: a liberação de CO2 causa a formação do “chapéu”:
aglomerado de cascas que boiam na superfície
Processo de maceração: extração dos taninos pela ação do etanol (dois a cinco
dias)
Descubagem Separação dos resíduos sólidos e fermentação complementar
Correção do mosto: adição de substâncias que visam otimizar a fermentação
Permitido pela legislação brasileira
Chaptalização
Adição de sacarose (açúcar) para corrigir a insuficiência da maturação da uva por motivos climáticos
Teoricamente, 17g de sacarose por litro de mosto aumenta o teor alcoólico em 1 oGL
Diminui a acidez do vinho
Acidificação
Adição de ácido tartárico (tartaragem)
Teoricamente, 1,53g de ácido aumenta a acidez total em 20 meq/L
Utiliza-se ácido em excesso (até 2,00 g /L) formando bitartarato de potássio, que precipita
Prensagem de Bagaços Vinho tinto: após a fermentação
Vinho branco: antes da fermentação
Fermentação Malolática
Ocorre após a fermentação alcoólica, no período de decantação do vinho
Transformação do ácido málico em ácido lático por bactérias dos gêneros
Lactobacillus, Leuconostoc e Pediococcus
Decantação da borra
Trasfega
Adição de SO2(g)
Adição de CaCO3 ou
da própria borra
(aumentar pH)
Inoculação de
bactérias
Redução da acidez
Estabilização biológica
Aumento do aroma
Envelhecimento
Após a fermentação, o vinho deve ser
mantido em ambiente hermeticamente
fechado
Tonel de carvalho
Tonel de concreto revestido por epóxi e
posterior pipa de madeira
De 6 meses a 5 anos
Clarificação e Filtração
Remoção de impurezas suspensas
Envase: o vinho é engarrafado e deixado
em repouso para envelhecer na garrafa
Fluxograma