QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende...

12
QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES A RESPEITO DO TEMA TRANGÊNERO/TRANSEXUALIDADE EM UMA ESCOLA DO BREJO PARAIBANO. Ronaldo Rodrigues Coelho Júnior (1); Ciro Caleb Barbosa Gomes (2) Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Agrárias, Campus II, [email protected]; [email protected] RESUMO: Diante das reflexões e da emergência de tratar sobre as questões de gênero no ambiente escolar esse trabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ministro José Américo de Almeida na cidade de Areia PB com relação ao entendimento de cada um deles(as) a respeito de pessoas que se apresentam como transgênero/transexual. Foi aplicado um questionário estruturado no período de 2(dois) dias, sendo aplicado no primeiro dia na turma do 3° “A” e no segundo dia tendo sido submetido às turmas do 3º “B” e “C”. O questionário apresenta a primeira questão direta com opção discursiva, a segunda questão exclusivamente objetiva e a terceira e última questão sendo apenas discursiva. Logo, o estudo feito abre espaço para muitos outros questionamentos que nascem da inquietação promovida pela pesquisa. Palavras-chaves: educação, identidade de gênero, sexualidade, travesti, identidade de gênero . INTRODUÇÃO Desde meados dos anos de 1960, deu-se início um processo de aprofundamento das mudanças sociais no que se refere as questões de comportamento humano e à sexualidade. Dois grandes movimentos sociais contribuíram diretamente para essas transformações: o movimento feminista e, mais tarde, o movimento gay e lésbico (CASTRO M.; ABRAMOVAY M. & SILVA, L. B.2004). Ainda nos dias de hoje, vivenciamos um momento de transição e de profundas mudanças dos paradigmas de comportamento sexual e afetivo da sociedade. Tendo em vista a compreensão dessas transmutações entende-se como sexualidade humana o conjunto de expressões de desejos e prazeres. Envolve preferências, predisposições e experiências físicas e comportamentais, orientadas a sujeitos do sexo oposto, do mesmo sexo ou de ambos os sexos (CARVALHO, M. E. P. de; ANDRADE, F. C. B. de; JUNQUEIRA, R.

Transcript of QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende...

Page 1: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

QUESTOtildeES DE GEcircNERO PERCEPCcedilOtildeES DE ESTUDANTES A

RESPEITO DO TEMA TRANGEcircNEROTRANSEXUALIDADE EM UMA

ESCOLA DO BREJO PARAIBANO

Ronaldo Rodrigues Coelho Juacutenior (1) Ciro Caleb Barbosa Gomes (2)

Universidade Federal da Paraiacuteba ndash Centro de Ciecircncias Agraacuterias Campus II juniorcrrhotmailcom

caleb_cirohotmailcom

RESUMO

Diante das reflexotildees e da emergecircncia de tratar sobre as questotildees de gecircnero no ambiente escolar esse

trabalho pretende analisar a visatildeo de alunos(as) de trecircs turmas de 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola

Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida na cidade de Areia PB

com relaccedilatildeo ao entendimento de cada um deles(as) a respeito de pessoas que se apresentam como

transgecircnerotransexual Foi aplicado um questionaacuterio estruturado no periacuteodo de 2(dois) dias sendo

aplicado no primeiro dia na turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm

ldquoBrdquo e ldquoCrdquo O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo discursiva a segunda

questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo apenas discursiva Logo o estudo

feito abre espaccedilo para muitos outros questionamentos que nascem da inquietaccedilatildeo promovida pela

pesquisa

Palavras-chaves educaccedilatildeo identidade de gecircnero sexualidade travesti identidade de gecircnero

INTRODUCcedilAtildeO

Desde meados dos anos de 1960 deu-se iniacutecio um processo de aprofundamento das mudanccedilas

sociais no que se refere as questotildees de comportamento humano e agrave sexualidade Dois grandes

movimentos sociais contribuiacuteram diretamente para essas transformaccedilotildees o movimento

feminista e mais tarde o movimento gay e leacutesbico (CASTRO M ABRAMOVAY M amp

SILVA L B2004) Ainda nos dias de hoje vivenciamos um momento de transiccedilatildeo e de

profundas mudanccedilas dos paradigmas de comportamento sexual e afetivo da sociedade

Tendo em vista a compreensatildeo dessas transmutaccedilotildees entende-se como sexualidade humana o

conjunto de expressotildees de desejos e prazeres Envolve preferecircncias predisposiccedilotildees e

experiecircncias fiacutesicas e comportamentais orientadas a sujeitos do sexo oposto do mesmo sexo

ou de ambos os sexos (CARVALHO M E P de ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R

D 2009) A sexualidade tem grande relevacircncia no desenvolvimento e amadurecimento da

vida psiacutequica dos indiviacuteduos sendo ldquoentendida como algo inerente que se manifesta desde o

momento do nascimento ateacute a morte de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento

Aleacutem disso sendo a sexualidade construiacuteda ao longo da vida encontra-se necessariamente

marcada pela histoacuteria cultura ciecircncia assim como pelos afetos e sentimentos expressando-se

entatildeo com singularidade em cada sujeitordquo (ABREU A R PEREIRA M C SOARES M

T NOGUEIRA N 2001)

Abordar e discutir as questotildees de sexualidade implica entender como ela se manifesta nas

relaccedilotildees de gecircnero e poder em uma cultura androcecircntrica e historicamente patriarcal Ainda

conforme Carvalho et al (2009) o gecircnero ldquoeacute uma estrutura de dominaccedilatildeo simboacutelica

materializada na organizaccedilatildeo social e nos corpos resultante de um processo de construccedilatildeo

sociocultural com base nas diferenccedilas sexuais percebidas Implica relaccedilatildeo (masculino x

feminino) dicotomia assimetria desigualdade polarizaccedilatildeo e hierarquiardquo

Desse modo ao ldquocontraacuterio da crenccedila adotada por algumas vertentes cientiacuteficas compreende-

se que a vivecircncia de um gecircnero (construccedilatildeo socialcultural) discordante com o que se

esperaria de algueacutem ou de determinado sexo (bioloacutegico) eacute uma questatildeo de identidade e natildeo

de transtornordquo (JESUS 2012) Logo todas as ldquopessoas cujas identidades de gecircnero satildeo

construiacutedas em conflito com as normas de gecircnero fundadas no dimorfismo sexual segundo o

qual soacute existiriam corpos naturalmente de machos ou de fecircmeasrdquo seriam incluiacutedas na

categoria comumente denominada de transgecircnero o qual eacute assim citada na por Carvalho et al

(2009) a qual ainda define que essa categoria ldquoinclui travestis transexuais intersexos

androacuteginos transformistas etcrdquo Trata-se de uma categorizaccedilatildeo e de um fenocircmeno social que

devem ser compreendidos a partir da percepccedilatildeo de identidade de gecircnero e natildeo confundidos

como expressotildees da orientaccedilatildeo sexual homossexual

Segundo Dias (2001) a homossexualidade ldquoeacute formada pela raiz da palavra grega homo que

quer dizer semelhante e pela palavra latina sexus passando a significar lsquosexualidade

semelhantersquo Exprime tanto a ideia de semelhanccedila igual anaacutelogo ou seja homoacutelogo ou

semelhante ao sexo que a pessoa almeja ter como tambeacutem significa a sexualidade exercida

com uma pessoa do mesmo sexordquo

Conforme citado por Barbosa (2010) em seu levantamento bibliograacutefico ldquotravestis e

transexuais tecircm sido objeto de diversos estudos no Brasil desde haacute pelo menos vinte anosrdquo

Diversos foram os temas abordados no que tange a este assunto Discutiu-se a violecircncia as

DSTacutes a prostituiccedilatildeo a relaccedilatildeo destas pessoas com o binarismo de gecircnero em voga em nossa

sociedade etc contudo os estudos natildeo buscaram apontar a percepccedilatildeo de estudantes a respeito

do tema transgecircnerotransexual no ambiente escolar Em face da literatura disponiacutevel eacute

perceptiacutevel a escassez de informaccedilotildees no assunto referido sendo necessaacuteria a pesquisa dessa

temaacutetica elucidando a compreensatildeo dessa questatildeo relativamente recente no meio acadecircmico

OBJETIVO

A intensatildeo e o objetivo deste estudo eacute discutir e buscar analisar mediante a leitura e o

referencial teoacuterico disponiacutevel algumas das respostas que obtivemos com a pesquisa realizada

com os(as) alunos(as) das turmas do 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida (E E E F M Ministro Joseacute

Ameacuterico de Almeida) com relaccedilatildeo ao entendimento dos mesmos sobre uma pessoa ser

transgecircnerotransexual

METODOLOGIA

Foi aplicado um questionaacuterio estruturado na E E E F M Ministro Joseacute Ameacuterico no mecircs de

agosto em dois momentos no periacuteodo de 2 (dois) dias sendo aplicado no primeiro dia na

turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm ldquoBrdquo e ldquoCrdquo A escola

alvo tambeacutem jaacute foi o preacutedio em que operava como a cadeia puacuteblica da cidade de Areia no

estado da Paraiacuteba situada na Av Hilton Souto Maior em frente a praccedila Joseacute Ameacuterico de

Almeida no Centro encontrando-se em uma aacuterea urbana com pouco mais de 23000

habitantes (IBGE 2014) A instituiccedilatildeo de ensino eacute popularmente conhecida pela populaccedilatildeo

como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em

escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da

cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas

provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo

discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo

apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino

Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou

satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso

escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas

transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante

a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto

a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um

desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou

deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade

criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos

humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite

e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes

Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade

de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo

tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no

que tange ao assunto

Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas

turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em

sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos

No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado

entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as

questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi

ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em

caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do

tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter

participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma

pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias

Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a

pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser

comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da

disciplina de CiecircnciasBiologia

Graacutefico 1

7 84

34

1216

0

10

20

30

40

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina

Sim Natildeo

Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da

sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando

em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir

um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as

normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na

convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam

talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos

referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e

conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a

apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou

desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da

educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de

tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo

receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro

(1997)

Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete

as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela

proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que

demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees

desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais

podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as

sexualidades dos sujeitos (p 81)

A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara

todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees

poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social

No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou

convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no

sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na

presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola

Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros

estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que

houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram

a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento

de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da

turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome

associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a

vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees

Graacutefico 2

2117

13

20

37

0

10

20

30

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se

apresenta como homossexualgay na escola

Sim Natilde0

Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve

transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam

por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se

apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu

entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela

dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica

enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 2: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

D 2009) A sexualidade tem grande relevacircncia no desenvolvimento e amadurecimento da

vida psiacutequica dos indiviacuteduos sendo ldquoentendida como algo inerente que se manifesta desde o

momento do nascimento ateacute a morte de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento

Aleacutem disso sendo a sexualidade construiacuteda ao longo da vida encontra-se necessariamente

marcada pela histoacuteria cultura ciecircncia assim como pelos afetos e sentimentos expressando-se

entatildeo com singularidade em cada sujeitordquo (ABREU A R PEREIRA M C SOARES M

T NOGUEIRA N 2001)

Abordar e discutir as questotildees de sexualidade implica entender como ela se manifesta nas

relaccedilotildees de gecircnero e poder em uma cultura androcecircntrica e historicamente patriarcal Ainda

conforme Carvalho et al (2009) o gecircnero ldquoeacute uma estrutura de dominaccedilatildeo simboacutelica

materializada na organizaccedilatildeo social e nos corpos resultante de um processo de construccedilatildeo

sociocultural com base nas diferenccedilas sexuais percebidas Implica relaccedilatildeo (masculino x

feminino) dicotomia assimetria desigualdade polarizaccedilatildeo e hierarquiardquo

Desse modo ao ldquocontraacuterio da crenccedila adotada por algumas vertentes cientiacuteficas compreende-

se que a vivecircncia de um gecircnero (construccedilatildeo socialcultural) discordante com o que se

esperaria de algueacutem ou de determinado sexo (bioloacutegico) eacute uma questatildeo de identidade e natildeo

de transtornordquo (JESUS 2012) Logo todas as ldquopessoas cujas identidades de gecircnero satildeo

construiacutedas em conflito com as normas de gecircnero fundadas no dimorfismo sexual segundo o

qual soacute existiriam corpos naturalmente de machos ou de fecircmeasrdquo seriam incluiacutedas na

categoria comumente denominada de transgecircnero o qual eacute assim citada na por Carvalho et al

(2009) a qual ainda define que essa categoria ldquoinclui travestis transexuais intersexos

androacuteginos transformistas etcrdquo Trata-se de uma categorizaccedilatildeo e de um fenocircmeno social que

devem ser compreendidos a partir da percepccedilatildeo de identidade de gecircnero e natildeo confundidos

como expressotildees da orientaccedilatildeo sexual homossexual

Segundo Dias (2001) a homossexualidade ldquoeacute formada pela raiz da palavra grega homo que

quer dizer semelhante e pela palavra latina sexus passando a significar lsquosexualidade

semelhantersquo Exprime tanto a ideia de semelhanccedila igual anaacutelogo ou seja homoacutelogo ou

semelhante ao sexo que a pessoa almeja ter como tambeacutem significa a sexualidade exercida

com uma pessoa do mesmo sexordquo

Conforme citado por Barbosa (2010) em seu levantamento bibliograacutefico ldquotravestis e

transexuais tecircm sido objeto de diversos estudos no Brasil desde haacute pelo menos vinte anosrdquo

Diversos foram os temas abordados no que tange a este assunto Discutiu-se a violecircncia as

DSTacutes a prostituiccedilatildeo a relaccedilatildeo destas pessoas com o binarismo de gecircnero em voga em nossa

sociedade etc contudo os estudos natildeo buscaram apontar a percepccedilatildeo de estudantes a respeito

do tema transgecircnerotransexual no ambiente escolar Em face da literatura disponiacutevel eacute

perceptiacutevel a escassez de informaccedilotildees no assunto referido sendo necessaacuteria a pesquisa dessa

temaacutetica elucidando a compreensatildeo dessa questatildeo relativamente recente no meio acadecircmico

OBJETIVO

A intensatildeo e o objetivo deste estudo eacute discutir e buscar analisar mediante a leitura e o

referencial teoacuterico disponiacutevel algumas das respostas que obtivemos com a pesquisa realizada

com os(as) alunos(as) das turmas do 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida (E E E F M Ministro Joseacute

Ameacuterico de Almeida) com relaccedilatildeo ao entendimento dos mesmos sobre uma pessoa ser

transgecircnerotransexual

METODOLOGIA

Foi aplicado um questionaacuterio estruturado na E E E F M Ministro Joseacute Ameacuterico no mecircs de

agosto em dois momentos no periacuteodo de 2 (dois) dias sendo aplicado no primeiro dia na

turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm ldquoBrdquo e ldquoCrdquo A escola

alvo tambeacutem jaacute foi o preacutedio em que operava como a cadeia puacuteblica da cidade de Areia no

estado da Paraiacuteba situada na Av Hilton Souto Maior em frente a praccedila Joseacute Ameacuterico de

Almeida no Centro encontrando-se em uma aacuterea urbana com pouco mais de 23000

habitantes (IBGE 2014) A instituiccedilatildeo de ensino eacute popularmente conhecida pela populaccedilatildeo

como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em

escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da

cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas

provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo

discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo

apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino

Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou

satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso

escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas

transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante

a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto

a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um

desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou

deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade

criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos

humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite

e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes

Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade

de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo

tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no

que tange ao assunto

Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas

turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em

sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos

No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado

entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as

questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi

ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em

caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do

tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter

participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma

pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias

Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a

pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser

comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da

disciplina de CiecircnciasBiologia

Graacutefico 1

7 84

34

1216

0

10

20

30

40

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina

Sim Natildeo

Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da

sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando

em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir

um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as

normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na

convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam

talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos

referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e

conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a

apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou

desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da

educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de

tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo

receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro

(1997)

Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete

as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela

proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que

demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees

desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais

podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as

sexualidades dos sujeitos (p 81)

A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara

todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees

poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social

No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou

convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no

sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na

presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola

Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros

estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que

houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram

a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento

de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da

turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome

associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a

vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees

Graacutefico 2

2117

13

20

37

0

10

20

30

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se

apresenta como homossexualgay na escola

Sim Natilde0

Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve

transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam

por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se

apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu

entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela

dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica

enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 3: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

semelhante ao sexo que a pessoa almeja ter como tambeacutem significa a sexualidade exercida

com uma pessoa do mesmo sexordquo

Conforme citado por Barbosa (2010) em seu levantamento bibliograacutefico ldquotravestis e

transexuais tecircm sido objeto de diversos estudos no Brasil desde haacute pelo menos vinte anosrdquo

Diversos foram os temas abordados no que tange a este assunto Discutiu-se a violecircncia as

DSTacutes a prostituiccedilatildeo a relaccedilatildeo destas pessoas com o binarismo de gecircnero em voga em nossa

sociedade etc contudo os estudos natildeo buscaram apontar a percepccedilatildeo de estudantes a respeito

do tema transgecircnerotransexual no ambiente escolar Em face da literatura disponiacutevel eacute

perceptiacutevel a escassez de informaccedilotildees no assunto referido sendo necessaacuteria a pesquisa dessa

temaacutetica elucidando a compreensatildeo dessa questatildeo relativamente recente no meio acadecircmico

OBJETIVO

A intensatildeo e o objetivo deste estudo eacute discutir e buscar analisar mediante a leitura e o

referencial teoacuterico disponiacutevel algumas das respostas que obtivemos com a pesquisa realizada

com os(as) alunos(as) das turmas do 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida (E E E F M Ministro Joseacute

Ameacuterico de Almeida) com relaccedilatildeo ao entendimento dos mesmos sobre uma pessoa ser

transgecircnerotransexual

METODOLOGIA

Foi aplicado um questionaacuterio estruturado na E E E F M Ministro Joseacute Ameacuterico no mecircs de

agosto em dois momentos no periacuteodo de 2 (dois) dias sendo aplicado no primeiro dia na

turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm ldquoBrdquo e ldquoCrdquo A escola

alvo tambeacutem jaacute foi o preacutedio em que operava como a cadeia puacuteblica da cidade de Areia no

estado da Paraiacuteba situada na Av Hilton Souto Maior em frente a praccedila Joseacute Ameacuterico de

Almeida no Centro encontrando-se em uma aacuterea urbana com pouco mais de 23000

habitantes (IBGE 2014) A instituiccedilatildeo de ensino eacute popularmente conhecida pela populaccedilatildeo

como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em

escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da

cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas

provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo

discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo

apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino

Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou

satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso

escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas

transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante

a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto

a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um

desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou

deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade

criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos

humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite

e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes

Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade

de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo

tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no

que tange ao assunto

Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas

turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em

sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos

No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado

entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as

questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi

ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em

caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do

tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter

participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma

pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias

Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a

pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser

comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da

disciplina de CiecircnciasBiologia

Graacutefico 1

7 84

34

1216

0

10

20

30

40

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina

Sim Natildeo

Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da

sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando

em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir

um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as

normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na

convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam

talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos

referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e

conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a

apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou

desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da

educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de

tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo

receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro

(1997)

Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete

as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela

proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que

demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees

desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais

podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as

sexualidades dos sujeitos (p 81)

A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara

todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees

poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social

No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou

convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no

sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na

presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola

Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros

estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que

houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram

a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento

de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da

turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome

associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a

vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees

Graacutefico 2

2117

13

20

37

0

10

20

30

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se

apresenta como homossexualgay na escola

Sim Natilde0

Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve

transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam

por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se

apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu

entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela

dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica

enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 4: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em

escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da

cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas

provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo

discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo

apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino

Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou

satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso

escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas

transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante

a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto

a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um

desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou

deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade

criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos

humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite

e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes

Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade

de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo

tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no

que tange ao assunto

Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas

turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em

sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos

No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado

entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as

questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi

ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em

caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do

tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter

participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma

pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias

Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a

pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser

comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da

disciplina de CiecircnciasBiologia

Graacutefico 1

7 84

34

1216

0

10

20

30

40

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina

Sim Natildeo

Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da

sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando

em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir

um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as

normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na

convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam

talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos

referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e

conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a

apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou

desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da

educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de

tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo

receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro

(1997)

Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete

as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela

proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que

demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees

desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais

podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as

sexualidades dos sujeitos (p 81)

A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara

todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees

poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social

No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou

convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no

sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na

presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola

Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros

estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que

houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram

a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento

de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da

turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome

associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a

vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees

Graacutefico 2

2117

13

20

37

0

10

20

30

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se

apresenta como homossexualgay na escola

Sim Natilde0

Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve

transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam

por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se

apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu

entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela

dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica

enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 5: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa

etaacuteria de 16 a 19 anos

No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado

entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as

questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi

ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em

caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do

tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter

participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma

pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias

Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a

pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser

comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da

disciplina de CiecircnciasBiologia

Graacutefico 1

7 84

34

1216

0

10

20

30

40

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina

Sim Natildeo

Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da

sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando

em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir

um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as

normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na

convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam

talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos

referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e

conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a

apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou

desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da

educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de

tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo

receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro

(1997)

Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete

as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela

proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que

demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees

desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais

podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as

sexualidades dos sujeitos (p 81)

A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara

todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees

poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social

No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou

convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no

sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na

presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola

Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros

estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que

houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram

a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento

de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da

turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome

associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a

vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees

Graacutefico 2

2117

13

20

37

0

10

20

30

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se

apresenta como homossexualgay na escola

Sim Natilde0

Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve

transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam

por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se

apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu

entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela

dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica

enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 6: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando

em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir

um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as

normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na

convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam

talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos

referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e

conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a

apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou

desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da

educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de

tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo

receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro

(1997)

Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete

as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela

proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que

demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees

desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais

podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as

sexualidades dos sujeitos (p 81)

A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara

todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees

poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social

No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou

convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no

sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na

presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola

Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros

estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que

houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram

a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento

de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da

turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome

associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a

vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees

Graacutefico 2

2117

13

20

37

0

10

20

30

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se

apresenta como homossexualgay na escola

Sim Natilde0

Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve

transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam

por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se

apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu

entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela

dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica

enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 7: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na

presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola

Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros

estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que

houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram

a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento

de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da

turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome

associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a

vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees

Graacutefico 2

2117

13

20

37

0

10

20

30

Turma A Turma B Turma C

Alu

no

s

Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se

apresenta como homossexualgay na escola

Sim Natilde0

Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve

transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam

por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se

apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu

entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela

dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica

enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 8: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento

sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi

questionado

O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade

vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para

que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no

ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa

identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e

masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los

(as) nesse sentido

No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na

internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e

orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e

sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido

internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de

pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)

que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm

242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a

grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento

superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute

verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da

transexualidade a homossexualidade

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo

ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem

que se relaciona com homemrdquo

Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram

e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 9: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na

Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume

expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa

se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira

transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser

trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino

meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota

Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem

algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para

readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito

superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma

lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem

impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua

discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens

adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)

ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros

processos capazes de mudar o seu corpordquo

ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do

seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo

ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e

usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser

Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo

ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo

A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois

esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu

meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 10: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui

caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo

ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo

ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso

dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por

conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que

achar melhor para sim mesmordquo

ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da

vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo

Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de

alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em

si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes

satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos

considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas

transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes

com a problemaacutetica

CONCLUSAtildeO

Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de

aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da

inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema

abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional

na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas

existentes socialmente e culturalmente construiacutedas

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 11: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

REFEREcircNCIAS

ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001

BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias

travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010

CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade

sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009

CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia

Unesco 2004

Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays

Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015

Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-

lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015

FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria

Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio

de Janeiro Graal 1988

DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira

de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em

lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr

Egt Acesso em 02 de setembro de 2015

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011

Page 12: QUESTÕES DE GÊNERO: PERCEPÇÕES DE · PDF filetrabalho pretende analisar a visão de alunos(as) de três turmas de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental

Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo

Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015

Brasiacutelia 2015

JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa

HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e

superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009

JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos

Brasiacutelia 2012

LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -

Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997

PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres

transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo

SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI

Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a

transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011