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QUESTOtildeES DE GEcircNERO PERCEPCcedilOtildeES DE ESTUDANTES A
RESPEITO DO TEMA TRANGEcircNEROTRANSEXUALIDADE EM UMA
ESCOLA DO BREJO PARAIBANO
Ronaldo Rodrigues Coelho Juacutenior (1) Ciro Caleb Barbosa Gomes (2)
Universidade Federal da Paraiacuteba ndash Centro de Ciecircncias Agraacuterias Campus II juniorcrrhotmailcom
caleb_cirohotmailcom
RESUMO
Diante das reflexotildees e da emergecircncia de tratar sobre as questotildees de gecircnero no ambiente escolar esse
trabalho pretende analisar a visatildeo de alunos(as) de trecircs turmas de 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida na cidade de Areia PB
com relaccedilatildeo ao entendimento de cada um deles(as) a respeito de pessoas que se apresentam como
transgecircnerotransexual Foi aplicado um questionaacuterio estruturado no periacuteodo de 2(dois) dias sendo
aplicado no primeiro dia na turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm
ldquoBrdquo e ldquoCrdquo O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo discursiva a segunda
questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo apenas discursiva Logo o estudo
feito abre espaccedilo para muitos outros questionamentos que nascem da inquietaccedilatildeo promovida pela
pesquisa
Palavras-chaves educaccedilatildeo identidade de gecircnero sexualidade travesti identidade de gecircnero
INTRODUCcedilAtildeO
Desde meados dos anos de 1960 deu-se iniacutecio um processo de aprofundamento das mudanccedilas
sociais no que se refere as questotildees de comportamento humano e agrave sexualidade Dois grandes
movimentos sociais contribuiacuteram diretamente para essas transformaccedilotildees o movimento
feminista e mais tarde o movimento gay e leacutesbico (CASTRO M ABRAMOVAY M amp
SILVA L B2004) Ainda nos dias de hoje vivenciamos um momento de transiccedilatildeo e de
profundas mudanccedilas dos paradigmas de comportamento sexual e afetivo da sociedade
Tendo em vista a compreensatildeo dessas transmutaccedilotildees entende-se como sexualidade humana o
conjunto de expressotildees de desejos e prazeres Envolve preferecircncias predisposiccedilotildees e
experiecircncias fiacutesicas e comportamentais orientadas a sujeitos do sexo oposto do mesmo sexo
ou de ambos os sexos (CARVALHO M E P de ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R
D 2009) A sexualidade tem grande relevacircncia no desenvolvimento e amadurecimento da
vida psiacutequica dos indiviacuteduos sendo ldquoentendida como algo inerente que se manifesta desde o
momento do nascimento ateacute a morte de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento
Aleacutem disso sendo a sexualidade construiacuteda ao longo da vida encontra-se necessariamente
marcada pela histoacuteria cultura ciecircncia assim como pelos afetos e sentimentos expressando-se
entatildeo com singularidade em cada sujeitordquo (ABREU A R PEREIRA M C SOARES M
T NOGUEIRA N 2001)
Abordar e discutir as questotildees de sexualidade implica entender como ela se manifesta nas
relaccedilotildees de gecircnero e poder em uma cultura androcecircntrica e historicamente patriarcal Ainda
conforme Carvalho et al (2009) o gecircnero ldquoeacute uma estrutura de dominaccedilatildeo simboacutelica
materializada na organizaccedilatildeo social e nos corpos resultante de um processo de construccedilatildeo
sociocultural com base nas diferenccedilas sexuais percebidas Implica relaccedilatildeo (masculino x
feminino) dicotomia assimetria desigualdade polarizaccedilatildeo e hierarquiardquo
Desse modo ao ldquocontraacuterio da crenccedila adotada por algumas vertentes cientiacuteficas compreende-
se que a vivecircncia de um gecircnero (construccedilatildeo socialcultural) discordante com o que se
esperaria de algueacutem ou de determinado sexo (bioloacutegico) eacute uma questatildeo de identidade e natildeo
de transtornordquo (JESUS 2012) Logo todas as ldquopessoas cujas identidades de gecircnero satildeo
construiacutedas em conflito com as normas de gecircnero fundadas no dimorfismo sexual segundo o
qual soacute existiriam corpos naturalmente de machos ou de fecircmeasrdquo seriam incluiacutedas na
categoria comumente denominada de transgecircnero o qual eacute assim citada na por Carvalho et al
(2009) a qual ainda define que essa categoria ldquoinclui travestis transexuais intersexos
androacuteginos transformistas etcrdquo Trata-se de uma categorizaccedilatildeo e de um fenocircmeno social que
devem ser compreendidos a partir da percepccedilatildeo de identidade de gecircnero e natildeo confundidos
como expressotildees da orientaccedilatildeo sexual homossexual
Segundo Dias (2001) a homossexualidade ldquoeacute formada pela raiz da palavra grega homo que
quer dizer semelhante e pela palavra latina sexus passando a significar lsquosexualidade
semelhantersquo Exprime tanto a ideia de semelhanccedila igual anaacutelogo ou seja homoacutelogo ou
semelhante ao sexo que a pessoa almeja ter como tambeacutem significa a sexualidade exercida
com uma pessoa do mesmo sexordquo
Conforme citado por Barbosa (2010) em seu levantamento bibliograacutefico ldquotravestis e
transexuais tecircm sido objeto de diversos estudos no Brasil desde haacute pelo menos vinte anosrdquo
Diversos foram os temas abordados no que tange a este assunto Discutiu-se a violecircncia as
DSTacutes a prostituiccedilatildeo a relaccedilatildeo destas pessoas com o binarismo de gecircnero em voga em nossa
sociedade etc contudo os estudos natildeo buscaram apontar a percepccedilatildeo de estudantes a respeito
do tema transgecircnerotransexual no ambiente escolar Em face da literatura disponiacutevel eacute
perceptiacutevel a escassez de informaccedilotildees no assunto referido sendo necessaacuteria a pesquisa dessa
temaacutetica elucidando a compreensatildeo dessa questatildeo relativamente recente no meio acadecircmico
OBJETIVO
A intensatildeo e o objetivo deste estudo eacute discutir e buscar analisar mediante a leitura e o
referencial teoacuterico disponiacutevel algumas das respostas que obtivemos com a pesquisa realizada
com os(as) alunos(as) das turmas do 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida (E E E F M Ministro Joseacute
Ameacuterico de Almeida) com relaccedilatildeo ao entendimento dos mesmos sobre uma pessoa ser
transgecircnerotransexual
METODOLOGIA
Foi aplicado um questionaacuterio estruturado na E E E F M Ministro Joseacute Ameacuterico no mecircs de
agosto em dois momentos no periacuteodo de 2 (dois) dias sendo aplicado no primeiro dia na
turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm ldquoBrdquo e ldquoCrdquo A escola
alvo tambeacutem jaacute foi o preacutedio em que operava como a cadeia puacuteblica da cidade de Areia no
estado da Paraiacuteba situada na Av Hilton Souto Maior em frente a praccedila Joseacute Ameacuterico de
Almeida no Centro encontrando-se em uma aacuterea urbana com pouco mais de 23000
habitantes (IBGE 2014) A instituiccedilatildeo de ensino eacute popularmente conhecida pela populaccedilatildeo
como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em
escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da
cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas
provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo
discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo
apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino
Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou
satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso
escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas
transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante
a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto
a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um
desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou
deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade
criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos
humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite
e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes
Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade
de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo
tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no
que tange ao assunto
Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas
turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em
sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos
No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado
entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as
questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi
ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em
caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do
tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter
participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma
pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias
Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a
pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser
comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da
disciplina de CiecircnciasBiologia
Graacutefico 1
7 84
34
1216
0
10
20
30
40
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina
Sim Natildeo
Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da
sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando
em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir
um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as
normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na
convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam
talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos
referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e
conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a
apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou
desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da
educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de
tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo
receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro
(1997)
Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete
as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela
proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que
demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees
desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais
podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as
sexualidades dos sujeitos (p 81)
A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara
todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees
poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social
No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou
convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no
sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na
presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola
Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros
estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que
houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram
a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento
de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da
turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome
associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a
vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees
Graacutefico 2
2117
13
20
37
0
10
20
30
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se
apresenta como homossexualgay na escola
Sim Natilde0
Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve
transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam
por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se
apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu
entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela
dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica
enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
D 2009) A sexualidade tem grande relevacircncia no desenvolvimento e amadurecimento da
vida psiacutequica dos indiviacuteduos sendo ldquoentendida como algo inerente que se manifesta desde o
momento do nascimento ateacute a morte de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento
Aleacutem disso sendo a sexualidade construiacuteda ao longo da vida encontra-se necessariamente
marcada pela histoacuteria cultura ciecircncia assim como pelos afetos e sentimentos expressando-se
entatildeo com singularidade em cada sujeitordquo (ABREU A R PEREIRA M C SOARES M
T NOGUEIRA N 2001)
Abordar e discutir as questotildees de sexualidade implica entender como ela se manifesta nas
relaccedilotildees de gecircnero e poder em uma cultura androcecircntrica e historicamente patriarcal Ainda
conforme Carvalho et al (2009) o gecircnero ldquoeacute uma estrutura de dominaccedilatildeo simboacutelica
materializada na organizaccedilatildeo social e nos corpos resultante de um processo de construccedilatildeo
sociocultural com base nas diferenccedilas sexuais percebidas Implica relaccedilatildeo (masculino x
feminino) dicotomia assimetria desigualdade polarizaccedilatildeo e hierarquiardquo
Desse modo ao ldquocontraacuterio da crenccedila adotada por algumas vertentes cientiacuteficas compreende-
se que a vivecircncia de um gecircnero (construccedilatildeo socialcultural) discordante com o que se
esperaria de algueacutem ou de determinado sexo (bioloacutegico) eacute uma questatildeo de identidade e natildeo
de transtornordquo (JESUS 2012) Logo todas as ldquopessoas cujas identidades de gecircnero satildeo
construiacutedas em conflito com as normas de gecircnero fundadas no dimorfismo sexual segundo o
qual soacute existiriam corpos naturalmente de machos ou de fecircmeasrdquo seriam incluiacutedas na
categoria comumente denominada de transgecircnero o qual eacute assim citada na por Carvalho et al
(2009) a qual ainda define que essa categoria ldquoinclui travestis transexuais intersexos
androacuteginos transformistas etcrdquo Trata-se de uma categorizaccedilatildeo e de um fenocircmeno social que
devem ser compreendidos a partir da percepccedilatildeo de identidade de gecircnero e natildeo confundidos
como expressotildees da orientaccedilatildeo sexual homossexual
Segundo Dias (2001) a homossexualidade ldquoeacute formada pela raiz da palavra grega homo que
quer dizer semelhante e pela palavra latina sexus passando a significar lsquosexualidade
semelhantersquo Exprime tanto a ideia de semelhanccedila igual anaacutelogo ou seja homoacutelogo ou
semelhante ao sexo que a pessoa almeja ter como tambeacutem significa a sexualidade exercida
com uma pessoa do mesmo sexordquo
Conforme citado por Barbosa (2010) em seu levantamento bibliograacutefico ldquotravestis e
transexuais tecircm sido objeto de diversos estudos no Brasil desde haacute pelo menos vinte anosrdquo
Diversos foram os temas abordados no que tange a este assunto Discutiu-se a violecircncia as
DSTacutes a prostituiccedilatildeo a relaccedilatildeo destas pessoas com o binarismo de gecircnero em voga em nossa
sociedade etc contudo os estudos natildeo buscaram apontar a percepccedilatildeo de estudantes a respeito
do tema transgecircnerotransexual no ambiente escolar Em face da literatura disponiacutevel eacute
perceptiacutevel a escassez de informaccedilotildees no assunto referido sendo necessaacuteria a pesquisa dessa
temaacutetica elucidando a compreensatildeo dessa questatildeo relativamente recente no meio acadecircmico
OBJETIVO
A intensatildeo e o objetivo deste estudo eacute discutir e buscar analisar mediante a leitura e o
referencial teoacuterico disponiacutevel algumas das respostas que obtivemos com a pesquisa realizada
com os(as) alunos(as) das turmas do 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida (E E E F M Ministro Joseacute
Ameacuterico de Almeida) com relaccedilatildeo ao entendimento dos mesmos sobre uma pessoa ser
transgecircnerotransexual
METODOLOGIA
Foi aplicado um questionaacuterio estruturado na E E E F M Ministro Joseacute Ameacuterico no mecircs de
agosto em dois momentos no periacuteodo de 2 (dois) dias sendo aplicado no primeiro dia na
turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm ldquoBrdquo e ldquoCrdquo A escola
alvo tambeacutem jaacute foi o preacutedio em que operava como a cadeia puacuteblica da cidade de Areia no
estado da Paraiacuteba situada na Av Hilton Souto Maior em frente a praccedila Joseacute Ameacuterico de
Almeida no Centro encontrando-se em uma aacuterea urbana com pouco mais de 23000
habitantes (IBGE 2014) A instituiccedilatildeo de ensino eacute popularmente conhecida pela populaccedilatildeo
como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em
escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da
cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas
provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo
discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo
apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino
Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou
satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso
escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas
transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante
a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto
a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um
desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou
deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade
criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos
humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite
e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes
Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade
de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo
tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no
que tange ao assunto
Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas
turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em
sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos
No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado
entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as
questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi
ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em
caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do
tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter
participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma
pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias
Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a
pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser
comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da
disciplina de CiecircnciasBiologia
Graacutefico 1
7 84
34
1216
0
10
20
30
40
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina
Sim Natildeo
Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da
sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando
em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir
um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as
normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na
convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam
talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos
referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e
conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a
apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou
desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da
educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de
tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo
receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro
(1997)
Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete
as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela
proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que
demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees
desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais
podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as
sexualidades dos sujeitos (p 81)
A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara
todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees
poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social
No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou
convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no
sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na
presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola
Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros
estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que
houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram
a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento
de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da
turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome
associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a
vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees
Graacutefico 2
2117
13
20
37
0
10
20
30
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se
apresenta como homossexualgay na escola
Sim Natilde0
Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve
transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam
por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se
apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu
entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela
dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica
enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
semelhante ao sexo que a pessoa almeja ter como tambeacutem significa a sexualidade exercida
com uma pessoa do mesmo sexordquo
Conforme citado por Barbosa (2010) em seu levantamento bibliograacutefico ldquotravestis e
transexuais tecircm sido objeto de diversos estudos no Brasil desde haacute pelo menos vinte anosrdquo
Diversos foram os temas abordados no que tange a este assunto Discutiu-se a violecircncia as
DSTacutes a prostituiccedilatildeo a relaccedilatildeo destas pessoas com o binarismo de gecircnero em voga em nossa
sociedade etc contudo os estudos natildeo buscaram apontar a percepccedilatildeo de estudantes a respeito
do tema transgecircnerotransexual no ambiente escolar Em face da literatura disponiacutevel eacute
perceptiacutevel a escassez de informaccedilotildees no assunto referido sendo necessaacuteria a pesquisa dessa
temaacutetica elucidando a compreensatildeo dessa questatildeo relativamente recente no meio acadecircmico
OBJETIVO
A intensatildeo e o objetivo deste estudo eacute discutir e buscar analisar mediante a leitura e o
referencial teoacuterico disponiacutevel algumas das respostas que obtivemos com a pesquisa realizada
com os(as) alunos(as) das turmas do 3ordm ano do Ensino Meacutedio da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Meacutedio Ministro Joseacute Ameacuterico de Almeida (E E E F M Ministro Joseacute
Ameacuterico de Almeida) com relaccedilatildeo ao entendimento dos mesmos sobre uma pessoa ser
transgecircnerotransexual
METODOLOGIA
Foi aplicado um questionaacuterio estruturado na E E E F M Ministro Joseacute Ameacuterico no mecircs de
agosto em dois momentos no periacuteodo de 2 (dois) dias sendo aplicado no primeiro dia na
turma do 3deg ldquoArdquo e no segundo dia tendo sido submetido agraves turmas do 3ordm ldquoBrdquo e ldquoCrdquo A escola
alvo tambeacutem jaacute foi o preacutedio em que operava como a cadeia puacuteblica da cidade de Areia no
estado da Paraiacuteba situada na Av Hilton Souto Maior em frente a praccedila Joseacute Ameacuterico de
Almeida no Centro encontrando-se em uma aacuterea urbana com pouco mais de 23000
habitantes (IBGE 2014) A instituiccedilatildeo de ensino eacute popularmente conhecida pela populaccedilatildeo
como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em
escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da
cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas
provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo
discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo
apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino
Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou
satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso
escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas
transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante
a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto
a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um
desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou
deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade
criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos
humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite
e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes
Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade
de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo
tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no
que tange ao assunto
Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas
turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em
sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos
No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado
entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as
questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi
ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em
caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do
tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter
participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma
pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias
Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a
pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser
comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da
disciplina de CiecircnciasBiologia
Graacutefico 1
7 84
34
1216
0
10
20
30
40
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina
Sim Natildeo
Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da
sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando
em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir
um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as
normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na
convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam
talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos
referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e
conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a
apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou
desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da
educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de
tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo
receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro
(1997)
Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete
as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela
proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que
demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees
desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais
podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as
sexualidades dos sujeitos (p 81)
A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara
todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees
poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social
No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou
convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no
sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na
presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola
Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros
estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que
houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram
a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento
de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da
turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome
associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a
vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees
Graacutefico 2
2117
13
20
37
0
10
20
30
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se
apresenta como homossexualgay na escola
Sim Natilde0
Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve
transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam
por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se
apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu
entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela
dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica
enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
como Escola Estadual A maioria dosas estudantes areienses concluem o ensino meacutedio em
escolas puacuteblicas sendo a escola fonte do estudo um dos principais centros de ensino da
cidade Seu contingente geralmente satildeo alunosas da proacutepria cidade e alguns alunosas
provenientes da regiatildeo rural O questionaacuterio apresenta a primeira questatildeo direta com opccedilatildeo
discursiva a segunda questatildeo exclusivamente objetiva e a terceira e uacuteltima questatildeo sendo
apenas discursiva A motivaccedilatildeo da escolha deste puacuteblico de alunos(as) do 3ordm ano do Ensino
Meacutedio ocorreu em virtude do fato de que a totalidade desses(as) discentes jaacute atravessou
satisfatoriamente as seacuteries de ensino podendo porventura em algum momento deste percurso
escolar ter tido contato seja atraveacutes de aulas palestras debates ou eventos com os temas
transversais direta ou indiretamente relacionados a sexualidade eou transexualidade
RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Considerando o Art 5ordm da ldquoConstituiccedilatildeo Federalrdquo que estabelece a igualdade de todos perante
a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza ndash entendendo-se aqui inclusive as diferenccedilas quanto
a sexo orientaccedilatildeo sexual e identidade de gecircnero (CNCDLGBT Resoluccedilatildeo nordm 12 2015) Um
desses acircmbitos da sociedade organizada eacute o ambiente educacional uma vez que apresenta ou
deveria se propor a apresentar-se como instrumento para a construccedilatildeo de uma sociedade
criacutetica pautada no desenvolvimento de praacuteticas pelo respeito agrave diversidade e aos direitos
humanos (JUNQUEIRA et al 2009) Isto posto eacute importante destacar que a escola transmite
e constroacutei conhecimento na medida que reproduz roacutetulos sociais dominantes
Diante da problematizaccedilatildeo nota-se que os direitos relativos as questotildees de gecircnero e identidade
de gecircnero tecircm sido suprimidas do tratamento com pessoas transexuaistransgecircneros sendo
tratada como um tabu no ambiente escolar onde verifica-se quase total desconhecimento no
que tange ao assunto
Na tentativa de visualizar essas questotildees em evidecircncia submetemos um questionaacuterio nas
turmas dos 3ordm (ano) ldquoA B Crdquo do periacuteodo da tarde do Ministro Joseacute Ameacuterico composta em
sua totalidade de Turma ldquoArdquo 41 Alunos identificados 25 meninos e 16 meninas na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos
No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado
entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as
questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi
ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em
caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do
tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter
participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma
pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias
Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a
pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser
comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da
disciplina de CiecircnciasBiologia
Graacutefico 1
7 84
34
1216
0
10
20
30
40
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina
Sim Natildeo
Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da
sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando
em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir
um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as
normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na
convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam
talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos
referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e
conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a
apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou
desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da
educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de
tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo
receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro
(1997)
Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete
as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela
proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que
demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees
desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais
podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as
sexualidades dos sujeitos (p 81)
A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara
todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees
poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social
No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou
convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no
sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na
presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola
Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros
estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que
houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram
a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento
de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da
turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome
associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a
vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees
Graacutefico 2
2117
13
20
37
0
10
20
30
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se
apresenta como homossexualgay na escola
Sim Natilde0
Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve
transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam
por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se
apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu
entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela
dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica
enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoBrdquo 20 Alunos identificados meninos 14 e meninas 6 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos Turma ldquoCrdquo 20 Alunos identificados meninos 7 e meninas 13 na faixa
etaacuteria de 16 a 19 anos
No primeiro momento foi necessaacuterio colher dados sobre as percepccedilotildees do alunado
entrevistado dentro do cotidiano da escola quando se fala em sexualidade assunto essencial as
questotildees de gecircnero Tendo essa visatildeo em mente a primeira pergunta dirigida a turma foi
ldquoDurante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em
caso positivo em que disciplina rdquo As respostas demonstram a deficiecircncia na abordagem do
tema em sala de aula como podemos observar no Grafico1 Os estudantes afirmaram nunca ter
participado de ambientes de discussatildeo ligados a sexualidade humana enquanto apenas uma
pequena parcela das turmas declararam ter tido contato com o assunto em aulas de Ciecircncias
Bioloacutegicas Eacute importante destacar que esses estudantes que responderam positivamente a
pergunta realizada ligaram o termo sexualidade a praacutetica sexual em virtude de assunto ser
comumente abordado nas aulas de reproduccedilatildeo humana no conteuacutedo programaacutetico da
disciplina de CiecircnciasBiologia
Graacutefico 1
7 84
34
1216
0
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40
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Durante a sua vida escolar houve alguma auladebate sobre sexualidade em sala de aula Em caso positivo em que disciplina
Sim Natildeo
Segundo Foucault (1988) ldquoo sexo e as praacuteticas sexuais se comportavam como dispositivos da
sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando
em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir
um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as
normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na
convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam
talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos
referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e
conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a
apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou
desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da
educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de
tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo
receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro
(1997)
Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete
as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela
proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que
demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees
desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais
podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as
sexualidades dos sujeitos (p 81)
A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara
todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees
poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social
No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou
convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no
sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na
presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola
Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros
estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que
houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram
a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento
de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da
turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome
associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a
vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees
Graacutefico 2
2117
13
20
37
0
10
20
30
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se
apresenta como homossexualgay na escola
Sim Natilde0
Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve
transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam
por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se
apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu
entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela
dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica
enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
sexualidade pois o que estava em jogo seria uma rede estabelecida de saber-poder atuando
em corpos e sujeitos o sexo era usado como um discurso sistecircmico que poderia tanto produzir
um discurso verdadeiro sobre o sexo como por sua vez poderia se calar produzindo assim as
normalizaccedilotildees e modos de vidardquo Nesse sentido ao se pensar no ambiente escolar atual e na
convivecircncia de diferentes grupos sociais No que se refere agrave sexualidade as discussotildees sejam
talvez as mais polecircmicas por envolverem muito mais que conceitos cientiacuteficos diversos
referem-se muitas vezes a conceitos dogmaacuteticos especulativos preconceituosos limitados e
conservadores que aliados a uma formaccedilatildeo incipiente por parte dasos educadorases gera a
apropriaccedilatildeo de um curriacuteculo que geralmente ignora trata com superficialidade ou
desconsidera tal perspectiva Geralmente torna-se comum entre asos profissionais da
educaccedilatildeo um posicionamento se natildeo oposto pelo menos neutro a respeito da abordagem de
tais assuntos E isso se justifica pela falta de conhecimento pelos valores arraigados eou pelo
receio de que o resultado do trabalho seja interpretado negativamente De acordo com Louro
(1997)
Eacute indispensaacutevel que reconheccedilamos que a escola natildeo apenas reproduz ou reflete
as concepccedilotildees de gecircnero e sexualidade que circulam na sociedade mas que ela
proacutepria as produz Podemos estender as anaacutelises de Foucault que
demonstraram o quanto as escolas ocidentais se ocuparam de tais questotildees
desde seus primeiros tempos aos cotidianos escolares atuais nos quais
podemos perceber o quanto e como se estaacute tratando (e constituindo) as
sexualidades dos sujeitos (p 81)
A escola eacute um dos locais para a discussatildeo da homossexualidade Eacute certo que ela natildeo ampara
todos os aspectos da vida sexual mas essa discussatildeo pode ter consequecircncias e ramificaccedilotildees
poliacuteticas e pedagoacutegicas nesta e em outras dimensotildees da vida social
No segundo instante da entrevista foi realizada a segunda pergunta Vocecirc jaacute conviveu ou
convive com algum (a) colega que se apresenta como homossexualgay na escola E feita no
sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na
presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola
Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros
estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que
houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram
a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento
de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da
turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome
associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a
vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees
Graacutefico 2
2117
13
20
37
0
10
20
30
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se
apresenta como homossexualgay na escola
Sim Natilde0
Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve
transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam
por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se
apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu
entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela
dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica
enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
sentido de analisar as relaccedilotildees entre os alunos e sua posiccedilatildeo afirmativa ou negativa na
presenccedila ou ausecircncia de colegas que se apresentam enquanto homossexuaisgays na escola
Foi de consenso quase que majoritaacuterio o contato dos(as) entrevistados(as) com outros
estudantes homossexuais onde maioria responderam SIM (com exceccedilatildeo da turma A que
houve um importante parcela que disseram natildeo) a esse tipo de convivecircncia e poucos negaram
a convivecircncia com homossexuais como vemos no graacutefico 2 O motivo desse comportamento
de negaccedilatildeo natildeo foi questionado Eacute possiacutevel que o alto percentual de respostas negativas da
turma A dos alunos tenha sido motivado pelo medo ou receio dos mesmos de ter o seu nome
associado a identidade homossexual jaacute que isso sempre esteve historicamente coligado a
vergonha a depravaccedilatildeo a doenccedila ou comportamento anormal e fora dos padrotildees
Graacutefico 2
2117
13
20
37
0
10
20
30
Turma A Turma B Turma C
Alu
no
s
Vocecirc jaacute conviveu ou convive com algum(a) colega que se
apresenta como homossexualgay na escola
Sim Natilde0
Dos temas mais difiacuteceis de serem trabalhados eacute sem duacutevida a questatildeo que envolve
transexuais e travestis a que gera mais polecircmica e obscurantismo Todas as discussotildees acabam
por redundar de fato no reconhecimento ou natildeo da forma como esses(as) sujeitos(as) se
apresentam Isso eacute comprovado nos resultados do terceiro questionamento ldquoQual seu
entendimento sobre uma pessoa ser transgecircnerotransexual rdquo Quando uma grande parcela
dos(as) estudantes apresentam alguma opiniatildeo sobre o que eacute uma pessoa que se identifica
enquanto travestitransexual Entretanto esta questatildeo em foco foi a que mais obtivemos
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
respostas sobre o assunto contundo alguns alunos responderam natildeo possuir conhecimento
sobre o assunto referido ou deixaram de responder o motivo da resposta negativa natildeo foi
questionado
O natildeo reconhecimento da identidade das(os) travestis e transgecircnero como uma identidade
vaacutelida mas como algo desnecessaacuterio aponta para aquilo que talvez seja a maior barreira para
que esse segmento consiga alcanccedilar o exerciacutecio pleno de seus direitos e conquistas no
ambiente escolar Se ser travestitransexual eacute algo desnecessaacuterio se natildeo eacute algo seacuterio ou se essa
identidade natildeo eacute reconhecida entatildeo natildeo faz sentido pensar no uso do banheiro feminino e
masculino no nome social na chamada e em nenhuma reivindicaccedilatildeo que venha atendecirc-los
(as) nesse sentido
No esforccedilo de contemplar essa demanda o portal do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) na
internet lanccedilou uma nota no dia 24 de agosto de 2015 em que apoia a inclusatildeo de gecircnero e
orientaccedilatildeo sexual nos Planos Nacionais de Educaccedilatildeo reafirmando que ldquoos estudos de gecircnero e
sexualidade formam um campo de pesquisa e produccedilatildeo de conhecimento reconhecido
internacionalmente apropriado no Brasil desde a deacutecada de 1970 Haacute mais de 1000 grupos de
pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Teacutecnico (CNPq)
que tem gecircnero como um eixo de estudo (hellip) rdquo (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota Teacutecnica nordm
242015) Essas ideias satildeo elucidadas no terceiro questionamento deste trabalho quando a
grande maioria dos(as) estudantes entrevistados demonstram em suas respostas conhecimento
superficial diante da pergunta jaacute citada acima Esse conhecimento obsoleto sobre o tema eacute
verificado em vaacuterias afirmaccedilotildees dos(as) estudantes onde alguns fazem analogia da
transexualidade a homossexualidade
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que gosta de outra do mesmo sexordquo
ldquoUma pessoa que gosta da mesma pessoa do mesmo sexo ou seja um homem
que se relaciona com homemrdquo
Essa necessidade de esclarecimento revela que ldquodiferentes aacutereas de conhecimento investiram
e seguem investimento nos conceitos de gecircneros e orientaccedilatildeo sexual como categoria de
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
anaacutelise na Histoacuteria na Ecologia na Ciecircncias Poliacuteticas na Economia No Direito na
Geografia nas Ciecircncias Bioloacutegicas e das Sauacutede entre outras Isso significa que haacute um volume
expressivo de conhecimento jaacute produzido a partir destes conceitos conhecimento que precisa
se incorporado ao curriacuteculo escolar nos seus diferentes componentes e de maneira
transversal Haacute conteuacutedos e competecircncias relacionados ao conceito de gecircnero que pode ser
trabalhados de maneiras distintas nas educaccedilatildeo infantil no ensino fundamental e no ensino
meacutedio em todas as suas diferente modalidadesrdquo (CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota
Teacutecnica nordm 242015) Uma consideraacutevel parte da amostragem revela que algum aluno tem
algum conhecimento sobre transexualidade e sabem de alguma forma os procedimentos para
readequaccedilatildeo sexual de uma pessoa transexual mesmo que este conhecimento seja muito
superficial As opiniotildees dos(as) estudantes vem confirmar que lsquoa transexualidade eacute uma
lsquoproblemaacuteticarsquo antiga mas a atual possibilidade legal e eacutetica de lsquomudar de sexorsquo tem
impulsionado a transexual a buscar intensamente a realizaccedilatildeo do sonho de extinguir sua
discordacircncia sexual Estimativas sugerem que no mundo cerca de um em cada 30000 homens
adultos buscam a cirurgia de transgenitalizaccedilatildeordquo (PINTO 2008)
ldquoUma pessoa transgecircnero eacute a pessoas que passa por cirurgias e outros
processos capazes de mudar o seu corpordquo
ldquoTransgecircnero eacute quando um indiviacuteduo tem um sexo e por natildeo gostar muito do
seu jeito de vida eles mudam oacutergatildeo genitalrdquo
ldquoUma pessoa que nasce homem ou mulher mais que natildeo aceita como ela eacute e
usa determinados meacutetodos para se transformar no que ela realmente que ser
Poreacutem muitas vezes eacute alvo Violecircnciasrdquo
ldquoSatildeo aqueles que optam por cirurgias para mudar seu oacutergatildeo sexualrdquo
A cirurgia de adequaccedilatildeo sexual responde a expectativa do sexo desejado e idealizado pois
esses sujeitos percebem que podem alcanccedilar a aceitaccedilatildeo de si proacuteprios a integraccedilatildeo em seu
meio familiar e o reconhecimento da sociedade (SOARES M et al 2011)
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
ldquoTransexual uma pessoa que nasce de em um gecircnero e vive ou possui
caracteriacutestica do gecircnero opostos rdquo
ldquoTransgecircnero eacute uma pessoa que muda de sexo eacute o mesmo que transexualrdquo
ldquoNa minha opiniatildeo ou ponto de vista cada um tem a sua escolha eu posso
dizer que isto porque natildeo sou contra a sua opccedilatildeo de vida digo isto por
conviver com uma pessoa assim transexual Cada pessoa vive da maneira que
achar melhor para sim mesmordquo
ldquoUma pessoa que nasce com um sexo e tenta mudar durante o decorrer da
vida e alguns fazem shows em casa noturnas para ganha a vida amigosrdquo
Os uacuteltimos conhecimentos em anaacutelise demonstram uma noccedilatildeo relativamente aprofundada de
alguns estudantes com o tema constatando que os(as) alunos(as) entrevistados(as) vivem em
si mesmos uma (des)construccedilatildeo do sistema social heteronormativo com valores que por vezes
satildeo agregados e que por muitas vezes natildeo tem suas subjetividades entendidas Podemos
considerar esse comportamento observado como resultado da vivecircncia ou natildeo com pessoas
transgecircnerotransexuais tornando possiacutevel a empatia ou o afastamento desses (as) estudantes
com a problemaacutetica
CONCLUSAtildeO
Logo o conhecimento sobre as questotildees ligadas a gecircnero e sexualidade ainda carecem de
aprofundamento no ambiente escolar assim muitos outros questionamentos nascem da
inquietaccedilatildeo promovida pela pesquisa Concluiacutemos que a busca por respostas dentro do tema
abordado eacute incessante e devido a isso continua movendo o discurso pedagoacutegico e educacional
na tentativa de construir de forma plural e democraacutetica as categorias incompreendidas
existentes socialmente e culturalmente construiacutedas
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
REFEREcircNCIAS
ABREU A R PEREIRA M C SOARES M T NOGUEIRA N Orientaccedilatildeo Sexual -
Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Brasiacutelia 2001
BARBOSA Bruno Ceacutesar Nomes e Diferenccedilas uma etnografia dos usos das categorias
travesti e transexual Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e
Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2010
CARVALHO M E P ANDRADE F C B de JUNQUEIRA R D Gecircnero e diversidade
sexual um glossaacuterio ndash Joatildeo Pessoa Ed Universitaacuteria UFPB 2009
CASTRO M ABRAMOVAY M amp SILVA L B Juventudes e Sexualidade Brasiacutelia
Unesco 2004
Conselho Nacional de Combate agrave Discriminaccedilatildeo e Promoccedilotildees dos Direitos de Leacutesbicas Gays
Travestis e Transexuais ndash CNCDLGBT Resoluccedilatildeo Ndeg 12 16 de Janeiro de 2015
Disponiacutevel em lthttpwwwsdhgovbrsobreparticipacao-socialcncd-
lgbtresolucoesresolucao-012gt Acesso em 02 de setembro de 2015
FOUCAULT Michel Histoacuteria da Sexualidade A vontade de Saber Traduccedilatildeo de Maria
Thereza da Costa Albuquerque revisatildeo teacutecnica de Joseacute Augusto Guilhon Albuquerque Rio
de Janeiro Graal 1988
DIAS Maria Berenice Uniatildeo homossexual aspectos sociais e juriacutedicos Revista brasileira
de direito de famiacutelia n 4 p 7-13 2001
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estaacutetica Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=250110ampsearch=||infogr
Egt Acesso em 02 de setembro de 2015
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo Diversidade e
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011
Inclusatildeo Diretoria de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo em Direitos Humanos e Cidadania Coordenaccedilatildeo
Geral de Direitos Humanos - CGDHDPEDHUCSECADIMEC Nota acuteTeacutecnica nordm 242015
Brasiacutelia 2015
JUNQUEIRA Rogeacuterio Diniz CHAMUSCA Adelaide BRANDT Maria Elisa
HENRIQUES Ricardo (Orgs) Gecircnero e diversidade sexual reconhecer diferenccedilas e
superar preconceitos Brasiacutelia MEC 2009
JESUS Jaqueline Gomes de Orientaccedilotildees sobre identidade de gecircnero conceitos e termos
Brasiacutelia 2012
LOURO Guacira Lopes Gecircnero sexualidade e educaccedilatildeo Guacira Lopes Louro -
Petroacutepolis RJ Uma perspectiva poacutes-estruturalista Vozes 1997
PINTO Maria Jaqueline Coelho A vivecircncia afetivo-sexual de mulheres
transgenitalizadas 2008 Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo
SOARES Milene FEIJOacute Marianne Ramos VALEacuteRIO Nelson Iguimar SIQUIERI
Carmem Luacutecia S Maia PINTO Maria Jaqueline Coelho O apoio da rede social a
transexuais femininas Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) v 21 n 48 p 83-92 2011