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INVESTIMENTO SOCIAL PRIVADO
(ISP) - QUESTÕES ATUAIS
Fernando Albano Carriço (Petrobras - UFF LATEC)
Ana Maria Kirshner (UFF-LATEC)
O artigo apresenta debates atuais em torno da gestão do Investimento
Social Privado (ISP) no Brasil, preocupado com uma possível retração
dessa modalidade de investimentos em decorrência da crise econômica
e financeira deflagrada em setembrro de 2008. Questionamos se a
crise teria sido um pretexto para acelerar condutas de monitoramento
que dão ênfase aos critérios de avaliação econômico-financeira do ISP
em detrimento do social e dos seus valores e objetivos intangíveis
inerentes. A abordagem faz um contraponto àquela tendência, trazendo
à luz o debate em torno da construção de metodologias de
monitoramento e avaliação que buscam expressar resultados dos
projetos sociais de difícil quantificação. Os autores aproveitam a
oportunidade que a crise oferece para empreender uma reflexão ética,
assim como uma atualização da importância da Responsabilidade
Social das Empresas.
Palavras-chaves: Gestão do Investimento Social Privado. Modalidades
de Investimento
5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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Introdução
Este artigo tem por objetivo apresentar uma reflexão, a partir de uma pesquisa
bibliográfica, sobre a gestão do Investimento Social Privado (ISP) no Brasil, em meio à crise
econômico-financeira deflagrada em setembro de 2008. Debates atuais em torno da
Responsabilidade Social da Empresa (RSE) vêm apresentando uma apreensão em relação ao
volume de recursos financeiros disponibilizados para o Investimento Social Privado (ISP).
Após o desmoronamento do mercado de hipotecas dos Estados Unidos, onde sólidos
bancos e instituições financeiras possuíam papéis ligados às hipotecas de alto risco
("subprime"), foi deflagrada uma "crise geral de confiança" na economia mundial globalizada.
Diante da incerteza, o dinheiro para de circular afetando em cadeia outras economias, de
países desenvolvidos ou não.
A literatura pesquisada é voltada para autores que tratam da RSE e analisam a atual
crise sob o prisma da ética e da política econômica. A pesquisa exigiu um acompanhamento
diário de matérias econômicas na mídia impressa e eletrônica, nos clips de instituições
representativas da responsabilidade social das empresas (Gife, Instituto ETHOS, FIDES e
IDIS)1,e em artigos de revistas empresariais, universitárias e de organizações sociais
2.
Percebemos efeitos preocupantes da crise no debate sobre Investimento Social Privado (ISP).
O artigo busca avaliar na primeira parte se a crise foi um veículo para acelerar
condutas de avaliação do ISP já propostas, ou em construção, com um viés de gestão
empresarial do “negócio social”. Apresentamos um contraponto a essa tendência: a busca de
modelos de avaliação e indicadores que tornem mais palpáveis os resultados alcançados, já
1 Grupo de Institutos Fundações e Empresas – Gife; Fundação Instituto de Desenvolvimento
Empresarial e Social – FIDES; Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS. 2 São fontes bibliográficas os livros (de leitura corrente ou de referência, tais como dicionários,
enciclopédias, anuários, etc.), as publicações periódicas (jornais, revistas, panfletos, etc.), fitas
gravadas de áudio e vídeo, páginas de web sites, relatórios de simpósios/seminários, anais de
congressos, etc. A utilização total ou parcial de quaisquer destas fontes é o que caracteriza uma pesquisa como bibliográfica. (SANTOS, 1999, p. 29-30).
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que no investimento social os projetos se diferenciam pelos objetivos intangíveis e se referem
a realidades que muitas vezes são de difícil quantificação.
Na segunda parte, fazemos uma breve análise de depoimentos de gestores
empresariais e do terceiro setor sobre o impacto da crise de setembro de 2008 no ISE. A
conclusão leva a uma reflexão sobre considerações éticas geradas a partir de um estado de
crise nas economias. A nosso ver, a crise pode ser uma oportunidade para a atualização da
importância da Responsabilidade Social da Empresa.
O Investimento Social Privado (ISP): o monitoramento e a avaliação em
pauta
A crise do mercado econômico financeiro global, desde setembro de 2008, obrigou
empresas a repensarem suas estratégias de investimento para os próximos anos, em especial o
ano de 2009. A questão desenvolvida neste artigo, vale lembrar, é que a ênfase nos critérios
de avaliação econômico-financeira para o processo decisório do ISP já vinha sendo adotada
antes de setembro de 2008.
Não restam dúvidas que, na evolução da RSE, o caminho gradativamente perseguido
nos últimos anos é buscar uma estratégia alinhada aos objetivos empresariais. Basta lembrar
que o Instituto Ethos foi criado em 1998 com o objetivo de auxiliar as empresas a analisarem
suas práticas de gestão e aprofundarem seu compromisso com a responsabilidade social e o
desenvolvimento sustentável, e o Gife foi criado em 1995 e tornou-se uma referência no
Brasil para o ISP.
Em termos conceituais, a preocupação com o planejamento, o monitoramento e a
avaliação dos projetos foi desde o início da prática do ISP um dos elementos fundamentais,
inclusive na diferenciação entre essa prática e as ações assistencialistas. Filantropia não tem
uma preocupação teórica e metodológica de monitorar os resultados alcançados.
Outro fator já colocado na pauta do gestor empresarial, antes da crise deflagrada em
2008, é que o ISP seja aplicado em projeto que possa se autossustentar evitando dependência
futura da empresa para sua continuidade. A autossustentação implica que a instituição gestora
demonstre um potencial para buscar outros parceiros financiadores de projetos visando
ampliar a sua escala social configurando referências, inclusive, para tornarem-se políticas
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públicas. Ou seja , o ISP pode ser a tal ponto transformador, apresentando indicadores e
dando a conhecer o aspecto público de uma iniciativa empresarial, que sua execução passaria
a ser compartilhada e extendida a esferas governamentais. A autossustentação, importa
ressaltar, também se refere à conquista de autonomia financeira das organizações sociais e/ou
indíviduos participantes.
Gradativamente, a Responsabilidade Social Empresarial veio também sendo
considerada parte da visão estratégica dos negócios da empresa e seus gestores passavam a
sentir a cada dia a necessidade de utilizar instrumentos de gestão próprios da análise
empresarial de investimentos econômicos (PORTER; KRAMER, 2006, apud CARRIÇO
2008, p. 43). Para tanto, seria preciso construir uma metodologia onde o projeto social
pudesse ser avaliado nos seus objetivos previstos e, posteriormente, nas realizações,
delineando, inclusive, indicadores quantitativos.3 Contudo, os aspectos de natureza qualitativa
não deveriam, a nosso ver, perder importância pois são, no mais das vezes, os principais
fundamentos na defesa do projeto social.
O problema que se coloca é o fato dos dados quantitativos passarem a ser considerados
não só necessários para mensurar resultados do ISP, o que facilitaria à empresa um cálculo do
retorno gerado pela execução do projeto, mas serem vistos também como a melhor referência
para o processo de avaliação para a escolha de projetos de responsabilidade social.
Outro argumento reforça a importância da análise quantitativa do investimenso social,
com foco em resultados econômicos e financeiros: o fato do gestor empresarial ter o dever de
apresentar aos acionistas e agentes financeiros relatórios demonstrando a sustentabilidade
econômica de sua carteira de projetos. Por conseguinte, muitos gestores passaram a acreditar
que a carteira de ISP não poderia ser excluída dessa lógica. Mas convém lembrar a
3 O processo de adotar uma avaliação econômica do ISP pode estar inclusive, influenciado pelas regras
estabelecidas, em 2003, pelo International Finance Corporation (IFC), instituição vinculada ao Banco
Mundial. O conjunto de regras e exigências ficaram conhecidas como "Princípios do Equador"
visando assegurar às instituições financeiras que os projetos financiados acima de 10 milhões de dólares “sejam desenvolvidos de forma socialmente e ambientalmente responsável”. Ao tomador do
empréstimo exige-se o fornecimento de relatórios anuais contendo indicadores de melhoria dos
padrões de responsabilidade socioambiental, o que gerou metodologias de aferição quantitativa para
estes grandes inestimentos. No correr dos anos, a metodologia dos Princípios teria sido expandida para avaliar não apenas grandes somas investidas, mas também a posição financeira de todas as carteiras de
investimento da empresa, independente do volume de recursos requerido e da natureza do
investimento, donde, a meu ver, podemos supor, que também tenha se propagado para avaliações das aplicações no ISP, nem sempre servindo aos objetivos e à natureza dessa modalidade de investimento.
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dificuldade dessa empreitada considerando a intangibilidade de resultados alcançados nos
projetos sociais. O artigo de Queiroz e Gonçalves (2007) dá uma idéia da dificuldade de se ter
um modelo capaz de atender às necessidades da carteira de projetos sociais de uma empresa.
Dowbor (apud QUEIROZ; GONÇALVES, 2007, p. 25) ressalta que enquanto as áreas
produtivas da empresa dispõem de um sólido acúmulo teórico sobre a sua gestão, a área social
não dispõe dos paradigmas de gestão correspondentes.
No caso da análise estritamente social o que prevalece são informações de natureza
intangível onde o grau de incerteza de um retorno previsto é maior e a avaliação, nesse caso,
vem sendo empreendida através de relatórios de observação. Surgiram assim o que se
denominou “micro-indicadores”, criados pelo educador Sebastião Rocha (Tião Rocha) através
do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPDCD) (ROCHA, 2004)4, visando
avaliar mudanças sobre o comportamento dos indivíduos beneficiados pela ação de um
projeto no sentido de novas condutas cidadãs ou de inclusão social, nas comunidades focais.
Sebastião Rocha sublinha que esse problema aflige e desafia o trabalho das
organizações que gerenciam a grande maioria dos projetos sociais e de intervenção
comunitária e que a avaliação dos “objetivos intangíveis” passou a ser um desafio
permanentemente enfrentado pelas equipes executoras para fazer frente às exigências de
mensuração dos resultados dos ISP:
A equipe do CPCD sempre trabalhou seus programas de educação popular
e de desenvolvimento comunitário, como processos de permanente
apreensão, compreensão e devolução. Uma das maiores dificuldades enfrentadas era em relação ao quesito “indicadores de avaliação” dos
projetos. [...] Entre as muitas questões, destacamos algumas: • Se entre os
objetivos específicos de nossos projetos apareciam desenvolvimento de auto-estima, socialização, aprendizagem lúdica, alegria, como podíamos
medir (mensurar ou aferir) concretamente o alcance (ou não) desses
objetivos? • Se houve aumento ou diminuição da auto-estima. • O grau e a
qualidade de socialização alcançada. Não havia indicadores elaborados e concretos para medir os objetivos intangíveis. Havia (e ainda há) por parte
das agências financiadoras de projetos uma crítica à falta de critérios
palpáveis e tangíveis nos projetos sociais. Para se defender, a maioria das ONGs se escondia atrás do discurso dos objetivos intangíveis dos projetos
sociais. Resolvemos enfrentar esse desafio. Foi por isso que começamos a
4 ROCHA Sebastião. Indicadores de qualidade de projeto: projeto Sementinha - Curvelo 2004. Belo
Horizonte, 2004. Disponível em: <http://www.cpcd.org.br/extras/iqps/SM/Curvelo%20(2004).pdf>. Acesso em: 10 jan. 2010.
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construir os nossos próprios indicadores - IQP - e nosso plano de trabalho e avaliação - PTA. (ROCHA, 2005)
5
Devido a esses aspectos intangíveis, adotar um critério estritamente gerencial de
planejamento econômico na tomada de decisão e avaliação dos projetos sociais é tarefa de
difícil execução, e fonte de graves equívocos. Esse processo é capitaneado por empresas de
grande porte, com objetivo de subsidiar a gestão dos projetos, otimizar a alocação dos
recursos e propiciar a prestação de contas para agentes financiadores das empresas, seus
acionistas e sociedade em geral, no sentido de maximizar resultados com menos recursos
financeiros e ganhos em escala. Trata-se, portanto, de buscar uma análise do risco econômico
e financeiro embutido no ISP, e acredita-se, também, que para empreender tal avaliação há
que se investir na qualificação de pessoal e na criação de métodos para este fim.
Para a Fundação Itau Social (2005), a implementação da responsabilidade social na
gestão dos negócios atendendo ao planejamento estratégico da empresa demandaria um
esforço, um tempo de amadurecimento relativamente longo e envolveria, inclusive, a
capacitação da alta direção. Desde 2005, existe um exemplo do peso dado à avaliação
econômica como instrumento de gestão para projetos sociais, o Programa de Avaliação
Econômica de Projetos Sociais dessa Fundação, em parceria com a Área de Controles de
Riscos e Financeiro do Banco Itaú, que busca trazer as competências da área econômica do
Banco para o campo social. oferecendo o curso de Avaliação Econômica de Projetos Sociais
para gestores de projetos sociais e de políticas públicas. O seu conteúdo aborda a
importância da avaliação financeira do custo-benefício dos processos, com informações
necessárias para empreendê-la, inclusive para as análises dos impactos gerados e, por
fim, do retorno econômico do projeto social:
A avaliação de projetos sociais e políticas públicas é um tema que, cada vez mais, ganha destaque e importância na busca de aprimoramento das ações e
investimentos sociais. Nesse contexto, a avaliação econômica é mais um
instrumento disponível que vem fornecer subsídios à complexa tarefa de avaliar um projeto social. O primeiro passo de uma avaliação econômica é
estimar o impacto dos projetos sociais, isto é, determinar os benefícios que o
projeto proporcionou para seus participantes. O segundo passo é medir em
5 ROCHA Sebastião. IQP-Indicadores de Qualidade de Projetos e PTA-Plano de Trabalho e
Avaliação. [Rio de Janeiro]: Fundação Banco do Brasil, 2005. Disponível em: <http://www.tecnologiasocial.org.br>. Acesso em: 5 mar. 2010.
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termos monetários este benefício para podermos compará-lo com os custos do projeto e ter uma medida do seu retorno econômico. Embora
esta seja uma medida estritamente financeira, seu uso pode ser de grande
valia para os gestores de projetos sociais, uma vez que a determinação do impacto e da rentabilidade de um projeto social oferece importantes
informações para o aprimoramento da gestão dos projetos e para as
necessárias tomadas de decisão. (FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL, 2005, grifo
nosso)6.
Em resposta a correntes que praticamente rivalizam o ISP com os investimentos do
capital produtivo, importa ressaltar que há um progresso na construção de critérios por parte
das organizações do terceiro setor. Metodologias sofisticadas visam acertar o ponto de mira
da avaliação dos projetos sociais construindo indicadores mensuráveis a partir observação de
todos os elementos palpáveis e perceptíveis no dia-a-dia do projeto. Os chamados Indicadores
de Qualidade de Projeto do CPCD, anteriormente mencionados neste artigo, permitem a
elaboração de relatórios técnicos de avaliações relativos a cada objetivo específico, por
exemplo, através do registro de memórias de campo nos projetos sociais voltados para a
criança e o adolescente: a aprendizagem, a socialização, a cidadania, a participação...
Setubal (2009), ao abordar o tema “Desafios para a Educação” 7, afirmou que a
avaliação é de fato um desafio da política educacional e uma “estratégia indispensável no
monitoramento das reformas das políticas educacionais e na sua implantação nos municípios”.
Ressaltou que há resistência nos educadores em fazer avaliações descoladas de avaliações de
processos e vê caminhos para superar essa resistência propondo ampliar o campo das
avaliações e a melhor visibilidade do trabalho deste setor:
Quando olhamos os resultados de avaliações em Educação buscamos
compreendê-los do ponto de vista pedagógico. (Mas) As avaliações do
sistema educacional devem produzir aprendizagem para todos os agentes de
Educação. Os resultados escolares precisam chegar ao território – à escola e à comunidade, porém, não bastam apenas avaliações quantitativas para
6 FUNDAÇÂO ITAÚ SOCIAL. Programa de Avaliação Econômica de Projetos Sociais, 2005. São
Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.fundacaoitausocial.org.br/frame/fr_menu.htm>. Acesso em:
20 nov. 2009. 7 SETUBAL Maria Alice. Desafios para a Educação. In: SEMINÁRIO ITAÚ INTERNACIONAL DE
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS SOCIAIS, 4., 2007, Rio de Janeiro. [Anais...]. Rio de
Janeiro: ITAU, 2007. Disponível em:
<http://ww2.itau.com.br/itausocial/site_fundacao/Biblioteca/Tema.aspx?id=5>. Acesso em: 30 mar.
2009.
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compreender resultados e impactos. Para além de monitorar os dados
educacionais, as avaliações devem traduzir suas diversas dimensões:
pedagógica, econômica e social. (SETUBAL, 2007, grifo nosso).
Quanto à ênfase da avaliação nos indicadores financeiros, a consultora e professora de
avaliação de projetos sociais corporativos Maria Cecília Rodrigues (2010) ressalta a
fragilidade da metodologia para avaliar os projetos sociais corporativos sob essa perspectiva,
uma vez que os impactos nem sempre podem ser traduzidos em dados monetários confiáveis:
[...] em projetos sociais, o uso do critério de eficiência, baseado na análise do
custo-benefício, só é viável mediante a adoção de uma série de hipóteses.
Evidentemente que se deve levar em consideração as experiências e o bom senso do avaliador. Mas há de se reconhecer que, por mais competente que
ele seja, existem pressupostos estatisticamente “fortes” e com razoável
margem de erro.
A autora reconhece como legítima a preocupação dos gestores empresariais em
buscarem uma avaliação dos projetos sociais e sugere a adoção do custo-efetividade por
considerar mais compatível com a lógica da avaliação social, “pois, nesse caso, não há a
necessidade de monetizar os resultados sociais atingidos. O que é feito é comparar os custos
unitários incorridos em projetos com objetivos finais e níveis de eficácia semelhantes. A
possibilidade de erro torna-se muito menor” (RODRIGUES, 2010).
Reforçando a importância da busca da legitimidade do gasto social Flávio Comim
(2009) 8 afirma que a empresa que investe em projetos sociais tem a obrigação de verificar se,
de fato, estão promovendo transformações significativas e perenes nas comunidades
beneficiadas.
Quando os projetos não são avaliados, o investimento social realizado
assemelha-se a um tiro no escuro, muitas vezes representando apenas gasto
de publicidade disfarçado. A avaliação é importante para a legitimidade do gasto social e para a „accountability‟ das empresas perante a sociedade.
(COMIM, 2009)9.
8 Flávio Comim, pesquisador brasileiro na St. Edmund‟s College, Universidade de Cambridge,
reponsável pela divulgação do IDH no Brasil, a convite do PNUD e revisor dos Relatórios Regionais
sobre as Metas do Milênio no Brasil para a ONU. 9 COMIM, Flávio. O Desafio de Avaliar. Revista Idéia Sócioambiental, 2009. Disponível em:
<http://www.ideiasocioambiental.com.br/revista>. Acesso em: 28 mar. 2010.
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Este economista reconhece que o mais comum é o gestor empresarial adotar uma
metodologia econômica e subjetiva, ao invés de decidir por uma abordagem focada na
dimensão do desenvolvimento humano. Acentua que a avaliação de um projeto social durante
e ao final da sua execução é a tarefa mais difícil da ação, mas indispensável. Nesse sentido,
desafia: “As abordagens econômica e subjetiva possuem falhas metodológicas e já deixaram
de ser usadas no mundo inteiro há décadas. No entanto, continuam a ser aplicadas no Brasil
ainda hoje, por alguma razão inexplicável. O melhor caminho, na minha visão, é o do
desenvolvimento humano” (COMIM, 2009). A diferença desta abordagem para as outras é
que a econômica se foca no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para medir impactos
positivos ou negativos, e a subjetiva contabiliza critérios como “felicidade”, ambas
demasiadamente amplas e imprecisas.
De forma didática, Flávio Comim (2009) explica: é necessário montar uma estrutura
com todos os possíveis impactos da iniciativa em questão; elaborar um questionário para
gestores e demais participantes do projeto, com o objetivo de compreender melhor o seu
funcionamento; aplicar e transformar as respostas do questionário através de tabelas
estatísticas; e, por fim, analisar os resultados com base na experiência prática do projeto.
A preocupação em adotar uma abordagem apropriada às avaliações dos projetos
sociais alcança empresas de grande porte, como a Petrobras (2008), que buscou criar uma
Sistemática de Investimentos Sociais da Petrobras - uma adaptação das tecnologias de gestão
desenvolvidas em seu negócio para a área social. Neste sentido, solicitou de Comim (2009)
uma revisão do documento buscando aprimorar os objetivos de definir “metodologia, critérios
e indicadores padronizados para a análise, seleção, aprovação, acompanhamento e avaliação
dos projetos sociais apoiados em todo o Brasil”. Inspirado nas práticas de gerenciamento de
projetos, como as do Project Management Institute (PMI), este documento está alinhado ao
Plano Estratégico, ao Plano de Negócios e à Disciplina de Capital da Petrobras
(PETROBRAS, 2009)10
.
Mas o debate em torno do assunto ganha novas tintas durante a crise deflagrada no
último ano. Ao analisar os desafios para o trabalho social das empresas. (TANCREDI,
10
PETROBRAS. A Petrobras tem resultados para mostrar também na área social. Petrobras – Fatos e
Dados, Rio de Janeiro, 22 jun. 2009. Disponível em: <http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=1046>. Acesso em: 5 mar. 2010.
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2009)11
pensa que é preciso separar o que ocorrerá durante e depois da crise. Acreditando que
o setor privado tende a reduzir seus investimentos (os sociais de forma proporcional), afirma
que um maior rigor deve pautar as ações do investimento social privado (ISP): “O ISP não irá
mudar o mundo. Deve financiar iniciativas criativas, inovadoras e replicáveis para a
sociedade. De que adianta um trabalho com 50 jovens a um custo de milhares de reais por
mês? Ninguém dará escala a isso, pois não há relação custo-benefício” (TANCREDI, 2009).
Percebendo nessa citação anterior uma ampla significação ética, e a existência de
riscos sociais a depender da postura e do preparo técnico dos gestores empresariais no campo
da RS, abordaremos o debate em torno dos ISP no contexto dessa crise deflagrada em 2008.
Ressaltamos que a falta de critérios palpáveis e tangíveis para avaliar projetos sociais
não significa que os mesmos não sejam importantes, e a nosso ver há que buscá-los sem
prejuízo de sua sustentação. Interrupções injustas e mal avaliadas podem provocar efeitos
indesejáveis em processos da vida comunitária e do desenvolvimento social, e até mesmo para
o futuro da empresa e das políticas públicas.
O Investimento Social Privado (ISP) - O que fazer diante das crises?
Nos embaraços criados pela crise conjuntural, diante da questão do que fazer, muitos
gestores empresariais anunciaram a necessidade da adoção de procedimentos de controle mais
rigoroso sobre o ISP.
No contexto de incentezas, percebemos que decisões empresariais foram marcadas
pela preocupação de investir em processos de produção mais eficientes visando a redução de
custo operacional e maior volume de faturamento e, no caso do ISP, dar continuidade,
prioritariamente, aos investimentos em iniciativas diretamente ligadas à estratégica dos
negócios. Pesquisa editada pela Revista Guia Exame12
mostrou que a venda de produtos e
serviços que economizavam recursos energéticos e reduziam custos foi favorecida com a
crise, citando a Siemens alemã que, desde 2007, vinha investindo no desenvolvimento de
produtos com apelo verde.
11
TRANCREDI, Francisco. Investimento social precisa ser mais rigoroso. Rumo Sustentável, mar.
2009. Disponível em: <http://www.rumosustentavel.com.br>. Acesso em: 30 maio 2009. 12
CARNEIRO, Felipe. O Grande Teste de Resistência. Guia Exame, São Paulo, p.19, nov. 2009.
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Assim é que muitos projetos que já estavam em execução foram reavaliados, e os que
mostraram no cálculo de seu retorno econômico poder resistir aos novos tempos foram
incentivados a continuar, mas nem todos. Pesquisa realizada pelo jornal O GLOBO por Villas
Boas e Beck (2009) junto a companhias brasileiras e multinacionais revelou que o
agravamento da crise financeira mundial, a partir de setembro de 2008, fez com que projetos
de investimento no país fossem adiados ou cancelados. Em valor significava que R$ 65
bilhões deixariam de ser investidos ao longo dos próximos quatro anos, segundo levantamento
do jornal envolvendo setores de: mineração e siderurgia; energia; papel e celulose; químico;
agro-negócio; construção civil; logística e transporte; e moveleiro. Dos R$ 65 bilhões, a
estimativa seria de que R$ 18 bilhões teriam sido cancelados. Em consequência à estimativa,
70 mil empregos deixariam de ser gerados.
Nos primeiros dias do ano de 2009, ainda sob o clima de incerteza, o Gife, através do
seu colaborador Rodrigo Zavala (2009), trouxe a público o resultado de depoimentos de
gestores empresariais, respondendo à pergunta sobre o que esperar do ISP em 2009. Alguns
são destacados a seguir, visando dar consistência à nossa abordagem de que a crise alimentou
o debate em torno da tendência que já vinha sendo mostrada nos investimentos sociais dentro
da lógica do negócio, ao mesmo tempo em que diversos gestores adotaram uma postura de
cautela em novos investimentos.
A Fundação ArcelorMittal do Brasil, através de seu gerente geral, Leonardo Gloor
(apud ZAVALA, 2009), declarou que a empresa passava por um forte efeito da crise
internacional, tendo que enfrentar os desafios das turbulências resultantes, e que, nessas
circunstâncias, buscaria com maior intensidade parcerias com o setor público ou com outras
empresas e ONGs para a realização dos seus programas sociais. Em sua opinião, seria
necessário “evidenciar que a ação social bem estruturada e compartilhada gera resultados
positivos para todos os envolvidos. Isto implica em planejamento e monitoramento dos
projetos e desenvolvimento de indicadores consistentes”.
Ana Toni da Fundação Ford (apud ZAVALA, 2009), por sua vez, enfatizou que “a
crise econômica vai sim afetar a fundações filantrópicas e o ISP, pois o orçamento da maioria
das organizações depende ou de um endownment ou de uma percentagem do lucro da empresa
com a qual a organização está atrelada. Neste sentido, “não tenho dúvidas que no ano que
vem (2009) teremos menos recursos dessas organizações e, consequentemente, menos
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recursos para os diversos projetos sociais que dependem das parcerias com estas
organizações”.
Infelizmente, os grupos sociais mais pobres e excluídos serão não só
afetados pela diminuição destes projetos sociais, mas serão
provavelmente duplamente afetados, pois serão os primeiros a perder seus empregos com a recessão econômica. Espero, entretanto, o ano de
2009 possa também ser um ano de oportunidades. [...] Mas talvez a maior
oportunidade desta crise financeira seja nos levar a rever e refletir sobre a
sustentabilidade ambiental, social e econômica dos modelos de desenvolvimento que apoiamos com nossas ações. Esta claro que esta crise
revela que já não podemos continuar no "business as usual" (TONI, apud
ZAVALA, 2009, grifo nosso).
Dos depoimentos colhidos pelo Rodrigo Zavala (2009) o que se pode inicialmente
perceber é que a crise de 2008 vem dando oportunidade ao gestor empresarial de repensar ou
aprimorar o seu planejamento estratégico do ISP na ótica do negócio, evitando
irresponsabilidades.
Na opinião de Cenise Monte Vicente (2009), diretora da Oficina de Idéias e consultora
do Gife, “os investidores passarão a pensar até que ponto é possível levar um programa com
menos recursos e sabendo que um possível desligamento (da ação social financiada) é visto
como irresponsabilidade”. Para ela os gestores empresariais têm “capacidade de lidar com as
adversidades pensando nas oportunidades”, ao que chamou de resiliência, que no sentido
figurado seria a capacidade de resistir ao choque. Mas corre-se o risco de também repetir
fórmulas demonstrando a imaturidade do setor privado nas questões de RS, como explicitou a
coordenadora do Instituto BM&F, Sônia Bruck (2009): “As empresas não farão ao contrário,
o mais fácil, o que não precisa de muito planejamento?”
O conteúdo desses depoimentos podem sugerir uma tendência da política de empresas
que seguem o corolário „todos fazem, então vamos fazer‟, se não dão a conhecer uma análise
mais consistente do efeito da crise tanto nos negócios a longo prazo da empresa como nos
custos sociais, morais e de sustentabilidade que os cortes do ISP poderiam provocar. Mas,
outros depoimentos, como o do diretor presidente da Fundação Telefônica e membro do
Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Sérgio Mindlin, sugerem a existência de tendência
mais segura para os mesmos projetos, baseada em análises dos programas empresariais. Diz
ele: “o estágio do Investimento Social Privado no Brasil de hoje permite supor que não haverá
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cortes drásticos, pois as empresas têm programas estruturados e de longo prazo, e não ações
filantrópicas pontuais” (ZAVALA, 2009). Também para Paulo de Castro, Diretor-Presidente
do Instituto C&A, o Investimento Social Privado já teria alcançado um estágio de
consolidação perante a sociedade que não permitiria retorno, salvo rediscutir o seu grau de
intensidade nos próximos anos (ZAVALA, 2009).
A exemplo desses últimos depoimentos mais alentadores quanto a não redução do ISP
a política do investimento social, com seus princípios e critérios éticos, deveria impulsionar as
decisões, em quaisquer circunstâncias, menos em função do risco econômico embutido em
cada projeto e mais em função do custo humano, colocando a responsabilidade e a
criatividade empresarial em questão.
A Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FBDS), em parceria com o
Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
realizou uma pesquisa junto a empresas que têm o conceito de sustentabilidade corporativa na
sua gestão. São empresas que atuam na dimensão social e ambiental aliada a boas práticas de
governança, incorporadas à estratégia de seus negócios. Buscando entender como estas
empresas líderes em sustentabilidade reagiram à crise econômico-financeira a pesquisa teve o
objetivo de "mapear os impactos reais da crise na agenda de sustentabilidade corporativa”.
Segundo a diretora executiva daquela Fundação e coordenadora do estudo, Clarissa Lins
(2009), das 45 empresas contatadas e consideradas líderes em sustentabilidade, apenas 25
aceitaram fornecer os dados. A pesquisa, na visão da sua coordenadora, mostrou que a crise
global teve impacto reduzido na agenda de sustentabilidade.
Em um cenário de restrição global ao crédito, a maior parte das empresas
entrevistadas optou por conter custos e gerir seu fluxo de caixa de maneira mais prudente. Tais revisões, entretanto, foram feitas de forma
proporcional em todas as áreas da empresa, não afetando de forma
diferenciada os projetos de sustentabilidade. [...] Ao analisar especificamente
o impacto da crise global sobre os projetos de sustentabilidade, os resultados foram animadores. As empresas que sinalizaram haver algum tipo de
alteração focaram apenas na velocidade de desembolso, ao passo que poucas
foram as empresas que afirmaram ter havido algum tipo de redução efetiva ou cancelamento de projetos ou atividades. (grifo nosso).
O vice-presidente do Conselho Deliberativo do Instituto para o Desenvolvimento do
Investimento Social (IDIS), Ubrig (2009), busca atenuar o impacto das medidas de corte
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afirmando intenções: acredita que apesar dos cortes, inclusive em relação ao investimento
social, os gestores das empresas não foram radicais a ponto de desistir da sustentabilidade e
de seu papel social. Embora tenham sido levados a tomar medidas difíceis e de correções
internas para a sobrevivência, inclusive no caso de demissão de trabalhadores, diz ele: “a
empresa está tendo um raciocínio de sobrevivência e precisa analisar todos os seus custos:
mão-de-obra, recursos, entre outros. Essa é uma lição de casa que deveria ser feita sempre,
não apenas em tempos de crise”.
Efeitos restritivos são apontados por Ely Harasawa (2009), então secretária-executiva
adjunta da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI), que acredita que "diante da
crise econômica, o investimento social privado é a primeira coisa que acaba sendo cortado,
porque não faz parte do core business da empresa. E isso significa um abalo direto no terceiro
setor”. "Estamos observando na prática uma grande retração por parte das empresas, seja
porque estão sendo diretamente afetadas pela redução de lucros, seja porque estão perdendo
dinheiro em aplicações no mercado financeiro, seja por cautela em relação ao futuro da
economia mundial", completa Harasawa (2009). No Brasil, o financiamento das organizações
do terceiro setor tem uma fonte relevante em recursos repassados pelas empresas através de
patrocínios ou doações, entre outras modalidades.
Quando existem dificuldades no presente e dúvidas quanto ao futuro da empresa, o
que ocorre é uma retração no repasse financeiro para novos projetos, e até para os que estão
em andamento. Se há atraso no repasse de recursos contratados previamente por parte da
empresa para as instituições que implementam um projeto social em andamento, ou em fase
de captação e/ou de renovação de patrocínio, estas instituições ficam de mãos atadas para
cumprir compromissos assumidos. Por vezes, são forçadas a reduzir e até a adiar suas ações,
com inevitável prejuízo aos indivíduos que são participantes dos projetos e às suas
comunidades. Harasawa (2009) afirma que os valores repassados para os projetos sociais caso
renovados, sofrem por vezes reduções no valor patrocinado de 10 a 30%, podendo chegar a
percentuais maiores. Ela acredita que o momento é oportuno para que as organizações do
terceiro setor façam uma reflexão sobre seu modelo de gestão. “A médio prazo, a situação é
de muita cautela. Para ganharem fôlego para atravessar o momento de crise, as instituições
terão que cortar gastos e, com isso, ser muito eficientes, com poucas verbas e uma estrutura
enxuta”, conclui.
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15
Segundo Maria Elena Pereira Johannpeter (2009), em artigo publicado no Gife
Online13
, existem cerca de 300 mil organizações sociais que, no conjunto do Terceiro Setor,
têm uma participação econômica muito expressiva representando 5% do PIB nacional. A
força de trabalho incorporada em suas atividades pode ser afetada da mesma forma que
trabalhadores de outros setores da economia. Segundo a autora, a crise tornará as empresas
doadoras mais exigentes quanto aos resultados e à prestação de contas. Apesar desse aperto,
em sua opinião, há um aspecto positivo nisso, pois “quem ganha com isso é a própria
instituição – que a cada trabalho poderá desenvolver e aperfeiçoar sua metodologia de
avaliação - e a comunidade ou público beneficiado - que receberá um serviço ainda melhor e
terá mais transparência no relacionamento”.
Aperfeiçoar as metodologias de monitoramento de desempenho e de avaliação de
resultados dos projetos, a meu ver, deve ser um objetivo a ser perseguido por empresas e por
instituições executoras, mas o pressuposto de Johannpeter (2009) leva a crer que as empresas
vão comprimir o volume de recursos dos seus programas de investimento social em função do
momento de crise, sem talvez dar tempo às instituições beneficiadas de atrair e gerar novas
parcerias, ou novas possibilidades de se autossustentar. A crise, sem dúvida, realça a
importância do monitoramento.
Na opinião de Luis Merege (2008)14
seria prioritário para o terceiro setor adotar a
estratégia de diversificação das suas fontes de receitas. Aquelas instituições cuja receita
depende unicamente de uma fonte sofrem um impacto grave durante as crises econômicas.
Para evitar essa dependência, acrescenta como essencial para a sustentabilidade econômica
das organizações a geração de renda própria através da produção de bens e serviços: “Esta é a
maior lição que estamos aprendendo neste momento e que não pode ser esquecida jamais!”,
concluindo o seu artigo - “O impacto da crise no Terceiro Setor”.
O fato é que diversas instituições no país, no ano de 2009, sentiram a redução no apoio
financeiro dos tradicionais investidores sociais nacionais, e mais ainda dos internacionais,
gerando uma situação de incerteza aos coordenadores e profissionais envolvidos.
13
JOHANNPETER, Maria Elena Pereira. As organizações sociais e a crise econômica. Rede Gife
Online, Brasília, 2 mar. 2009. Disponível em:
<http://www.Gife.org.br/redegifeonline_noticias.php?codigo=8399>. Acesso em: 02 mar. 2009. 14
MEREGE, Luiz Carlos. O impacto da crise no terceiro setor. Integração, São Paulo, n. 89, out. 2008. Disponível em: <http://integracao.fgvsp.br/ano11/10/editorial.htm>. Acesso em: 8 mar. 2009.
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16
O impacto imediato é justamente a crise de financiamento para as organizações do
terceiro setor requerendo maior profissionalismo por parte dos seus gestores, na opinião de
Rubens Naves, compartilhada por Maria Laura Canineu 15
, advogados e especialistas da área
do terceiro setor.
A diminuição dos incentivos e retração das doações na área social, provenientes de
agentes internacionais ou nacionais é realidade imediata em épocas de crise econômica. As
empresas repensam suas políticas de destinação de recursos, o que significa menor
financiamento para o “setor voluntário” (NAVES; CANINEU, 2009).
Diante da incerteza e fragilidade do mercado, gestores de empresa, muitas vezes,
adotam uma posição conservadora e de cautela. Tal conduta pode se tornar a receita prescrita,
que é avessa a correr risco e evitar “se aventurar” além dos investimentos sociais já em
andamento. Mas o que a ética da responsabilidade social está a exigir é competência decisória
a partir de análises combinadas com valores sugerindo a manutenção dos projetos, ainda que
as linhas de financiamento bancário fiquem na conjuntura de crise mais seletivas e onerosas.
Tudo dependerá de não seguir “mandamentos corporativos” genéricos, mas, sim, analisar
princípios, a legislação sobre proteção social, evitar possíveis erros de gestão da própria
empresa, avaliar efeitos da crise na estrutura da empresa, e vislumbrar as possibilidades de
aguentar as dificuldades do curto prazo. Há que se ter argumentos para fazer sentido à
manutenção do ISP. Bom senso, princípios éticos enraizados nas comunidades e no futuro dos
indivíduos, das organizações sociais, e dos ambientes envolvidos, e, também, consistência
teórica, deveriam orientar a avaliação sobre a duração das mudanças e o horizonte da
sustentabilidade.
Gestores empresariais comprometidos com a ética da justiça social, apesar das
inseguranças e surpresas que enfrentam nessa crise internacional, procuram manter postura
responsável na condução de suas decisões. Segundo o secretário-geral do Gife, Fernando
Rossetti:
O ano de 2009 iria dizer se os investimentos sociais fazem parte da cultura
ou é apenas gordura dentro das empresas. É uma oportunidade para o setor
15
NAVES Rubens; CANINEU Maria Laura. Crise financeira é um fantasma para o terceiro setor.
Consultor Jurídico, São Paulo, 28 fev. 2009. Disponível em: < http://www.conjur.com.br/2009-fev-28/crise-financeira-tornou-fantasma-terceiro-setor >. Acesso em: 8 mar. 2010.
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mostrar que se consolidou que é forte e dinâmico. Também vai evidenciar quem está realmente comprometido com o bem comum e quem não está.
(ZAVALA, 2009)
Embora a crise tenha afetado menos o Brasil e mais os países desenvolvidos (pois
aqui, por exemplo, o setor bancário não sofreu retaliações ou processo de reestruturação), para
Tatiana Gouveia, diretora da ABONG16
. – Associação Brasileira de Organizações Não-
Governamentais – os recursos externos já estavam sendo captados em menor montante. A
razão disso seriam as demandas crescentes dos países africanos e, avalia-se, com a crise, que
os recursos devem cair ainda mais para serem destinados a países mais vulneráveis. Segundo
Cândido Grzybowski, diretor geral do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
(Ibase), o Brasil vem sendo considerado potência emergente deixando de ser prioridade da
cooperação internacional, embora as ONG‟s do país tenham nesses recursos importante fonte
de sustentação de suas atividades. Há que admitir que, muitas delas, indiscutivelmente, são
verdadeiras fontes de criação e elaboração de políticas públicas de caráter social.
Lembramos que nas últimas décadas a gradativa redução da ação do Estado na
regulamentação do mercado e na intervenção social deixou a empresa em situação vulnerável
diante das críticas da sociedade civil (ASHLEY, 2006), fator relevante no movimento da
responsabilidade social das empresas. Mas a crise contemporânea colocou em pauta uma
atualização do papel do Estado, pois nos países geradores da crise ele foi relevante no seu
enfrentamento. Seria um sinal de uma gradativa mudança no modo de pensar e propor a sua
gestão de regulador de mercado, revendo sua atuação e propostas de parcerias. 17
Dito isso, voltemos a nosso foco com uma reflexão final sobre a Responsabilidade
Social das Empresas do país, através do Investimento Social Privado.
Reflexão Final
16
ALMEIDA, Cássia. Com menos dinheiro, ONG‟s apertam orçamento. O Globo, Rio de Janeiro, 14
dez. 2008. Economia, p. 34. 17
Eis uma oportunidade que a crise gera de rever o foco das políticas governamentais de
desenvolvimento social e econômico, reforçando parcerias empresariais e novos compromissos
sociais, e não apenas visando ajustes na economia nacional. Este tema mereceria ser a pauta para um
outro artigo.
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A responsabilidade social (RS) vem atravessando um momento especial. Se há setores
que sempre tentaram reduzir sua importância e a crise pode atuar a seu favor, é exatamente
neste momento de vulnerabilidade das economias que se pode tentar firmar novos
compromissos, “mais adequados às condições econômicas contemporâneas”.
Assim, a responsabilidade social insere-se entre as diversas iniciativas
reativas, dirigidas à necessidade de cunhar um novo espírito capitalista, no intuito de despertar um compromisso que não seja apenas material para
manter seu poder de mobilização. Ela surge como uma forma contemporânea
de conter o ímpeto desmedido pelo lucro individual socialmente autodestrutivo. (ASHLEY, 2006, p. 68).
Novas exigências acentuadas na conjuntura da crise trazem à pauta as considerações
éticas, impondo criatividade e ousadia políticas, investimento em pesquisa teórica para
enfrentar com êxito as instabilidades, e há que se prosseguir o debate visando construir
orientações para boas decisões. Se a crise financeira e econômica atua também sobre o
processo do investimento social servindo de instrumento para uma revisão nos critérios de
aplicação do ISP, vimos que esta revisão já vinha sendo proposta por setores empresariais
importantes, anos antes da deflagração da crise. Mas este processo de revisão deve ser visto
com compromisso. É uma reflexão ética que este artigo quer provocar.
O refinamento na metodologia de aprovação, avaliação e monitoramento do ISP com
maior enfoque na análise econômica empresarial em detrimento da social pode acarretar um
equívoco: tratar como negócio lucrativo um investimento que tem uma natureza
completamente diferente do que busca lucro financeiro nos demais projetos da sua atividade
de negócio. Ainda que o ISP vá favorecer a imagem da empresa não se trata de perdas e
ganhos. Trata-se de potencializar a responsabilidade social empresarial e os ganhos para
todos.
Nas crises conjunturais, por que não compreender a manutenção e o fortalecimento do
ISP como aspecto de grande importância na estabilidade socioeconômica do País e da própria
empresa? Alesina e Perrotti (1994 apud HOFFMANN, 2001, p. 72) se fundamentam nos
dados internacionais para sustentar a tese de que a desigualdade elevada causa instabilidade
social e política, a qual, por sua vez, dificulta o crescimento econômico. Embora haja efeitos
diretos na forma da distribuição da renda sobre o crescimento econômico, a relação entre
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essas variáveis seria devida, pelo menos em parte, ao fato de maior desigualdade favorecer
maior instabilidade político–social.
Podemos supor que restrições aos projetos sociais sustentados por empresas, devido à
ausência de análises atualizadas, ou devido à menor ênfase na análise social levando em conta
valores quantitativos e qualitativos combinados, acarretariam decisões equivocadas levando
empresas e organizações a desperdiçarem oportunidades. Isso porque envolveriam indivíduos
e comunidades carentes com pouca oportunidade de compensação, provocando perdas
pessoais e locais irreparáveis, gerando desdobramentos que podem comprometer, inclusive, o
futuro de uma geração e o desemprego de bons gestores sociais.
Através de avaliações consistentes e coerentes com critérios éticos da justiça social e,
por vezes, até com indicadores econômicos, pode-se mesmo buscar vislumbrar que a
manutenção de projetos sociais não afetaria negativamente os negócios das empresas mais
sólidas. Ao contrário, uma análise responsável dos ISP poderia até mesmo compensar os
valores financeiros investidos, através da detecção de valores intangíveis, humanitários e
éticos. Trata-se, a nosso ver, de uma necessária mudança de mentalidade.
Uma questão, pois, deveria permanecer na pauta de todos os gestores: o retorno do ISP
deve ser visto essencialmente em seu caráter social e humanitário. O impacto que o ISP irá
gerar deve ser medido, sim, deve ser monitorado através de indicadores preferencialmente
qualitativos, numa ótica social, na medida em que a sua proposta ética é possibilitar uma
transformação da vida dos indivíduos na comunidade, a curto, médio e longo prazos.
A ética da responsabilidade supõe, e é consenso entre os gestores, que o investimento
social empresarial, quando compreendido em seu papel transformador na comunidade, venha
a se tornar uma política pública ao longo do tempo, e para tal sugere um planejamento com
rigor e competência, diagnosticando a demanda da comunidade e a escala que se quer atender.
O Brasil é um país com grande potencial criativo, inovador, e projetos genuínos podem ser
replicáveis para a sociedade. As metodologias de avaliação devem ser desenvolvidas e para
isso também se necessitaria de uma parcela do ISP, propiciando projetos de pesquisa para
identificação de metodologias, aperfeiçoamento dos processos de monitoramento e execução
para que os resultados sejam alcançados e tornados visíveis.
A crise nos impõe arrancar propostas ao futuro e as instituições gestoras dos projetos
sociais têm também seus deveres de casa: além de buscar criatividade e inovação nas suas
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propostas de intervenção social e profissionalismo na condução das suas ações devem ter
presteza nos relatórios de prestação de contas. Muitos estão cientes dessa responsabilidade.
Trata-se de uma ação conjunta.
Um dever de casa para os gestores sociais é evitar pensar como fatalidade que “os
grupos sociais mais pobres sejam duplamente afetados”, como vimos no depoimento de Ana
Toni anteriormente citado, para que não sejam os primeiros a perder suas oportunidades, ou
seus empregos na conjuntura da crise. Uma contracultura deveria estar em curso. O futuro de
grupos sociais carentes, de uma comunidade, ou mesmo do ambiente é objeto da
responsabilidade social e a empresa é sujeito ativo neste processo. As propostas de supressão
do ISP, de restrições ou os questionamentos dessa carteira deveriam apresentar previsões das
perdas sociais resultantes da interrupção ou negação do projeto, com indicadores de impacto
na vida dos participantes do projeto. Enquanto não se desenvolverem metodologias capazes
de demonstrar a justeza de uma retração do ISP, que sejam mantidos e ampliados os projetos
sociais da empresas, e suas parcerias, sob a ética da responsabilidade.
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