Quero saber fevereiro 2016
Transcript of Quero saber fevereiro 2016
ciência ambiente tecnologia transportes História espaço
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a revista que desperta a sua mente
De que modo cria padrões magníficos no céu noturno?
A MAgiA do fogo de ArTifício
Os gadgets e a tecnologia mais avançada no combate ao crime
Polícia high-tech
A ciênciA e A tecnologiA incríveis que podem tornAr-nos mAis fortes e prolongAr A nossA vidA
especiAl
colisões cósmicAs
o que acontece quando os Planetas chocam?
AcrobAciAs AéreAs
As exibições espetaculares que desafiam a morte
Como conseguem estas criaturas iluminar-se na escuridão?
animais que brilham
O cOrpO humanO dO futurO
O cOrpO humanO dO futurO
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Estamos a ganhar cada vez maior controlo sobre a nossa biologia, com a ciência a oferecer-nos o potencial para nos tornarmos
mais saudáveis, bem adaptados, rápidos, fortes e inteligentes – ou seja, para levar o corpo humano além do que a própria natureza planeou, desafiando as regras da seleção natural e alterando a rota da evolução. Mas será que, graças à medicina, à genética e à biónica, vamos mesmo transformar-nos em super-humanos?
A ficção sugere outras propostas para minimizar a exposição a ameaças, tratar doenças incuráveis e até adiar a morte. Basta lembrar filmes como A Ilha, em que clones são criados com o único propósito de doarem órgãos e tecidos aos seres humanos que lhes deram origem consoante as suas necessidades; ou Os Substitutos – não o filme de 2000 com Keanu Reeves a jogar futebol americano, mas sim Surrogates, no original, um filme de 2009 com Bruce Willis em que homens e mulheres vivem isolados, fechados em casa, interagindo socialmente através dos seus substitutos robóticos.
Para já, a realidade mostra que queremos fazer avançar a ciência e a tecnologia no sentido de defender, melhorar e reparar os corpos que temos e com que nascemos – desde a investigação em regeneração para curar lesões outrora irreversíveis, ao retardamento ou até reversão do envelhecimento, passando pelos órgãos artificiais e próteses biónicas. Se vamos ou não ter um Homo sapiens 2.0, só o futuro o dirá…
As secções explicadas
Composto por especialistas altamente qualificados nas suas respetivas áreas de conhecimento, ajuda-nos a produzir uma edição melhor para os nossos leitores.
Conselho Científico
“desperte a sua mente!”
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Correio: Quero SaberAv. Infante D. Henrique n.º 306, Lote 6, R/C
1950-421 Lisboa
Rita Hasse FerreiraDiretora
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A enorme quantidadede informação que encontra
em cada edição daQuero Saber
está organizadanestas seis secções.
As secções explicadas
Antero Abrunhosa Química
Investigador no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da Universidade de Coimbra, é doutorado em Ciências Biomédicas e dedica-se atualmente à Radioquímica, Imagiologia Molecular e Tomografia por Emissão de Positrões.
José Eduardo Barroso Ciências da Terra
Licenciado em Engenharia do Ambiente, desempenhou vários cargos públicos de relevo. Fundou e administra a empresa E.Value, onde coordena as áreas de energia, mercado regulado do carbono e avaliação de políticas públicas.
Fernando Ribeiro Eletrónica e Sistemas Digitais
“Pai” da primeira equipa de futebol robótico portuguesa a entrar numa competição, é professor associado na Universidade do Minho em Guimarães, onde fundou, em 1997, o Laboratório de Robótica. É doutorado em Tecnologia Avançada de Produção.
Ricardo Jardim Gonçalves Eletrónica e Sistemas Digitais
Docente na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, é licenciado em engenharia informática e doutorado em sistemas de informação industriais, tendo desenvolvido projetos científicos e industriais na área de sistemas de informação.
Luís Urbano Afonso História
Historiador e docente na Universidade de Lisboa, desde 1997, leciona temas de Arte Medieval, Iconografia/Iconologia, Estudos de Pintura e Mercados da Arte. É autor de cinco livros sobre arte medieval e do Renascimento.
Carla SilvaTransportes
Investigadora auxiliar no IDMEC (IST) e doutorada em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico, os seus interesses incluem, entre muitos outros, a modelação das novas tecnologias de propulsão e a análise de ciclo de vida dos combustíveis.
Rui Jorge Agostinho Espaço
O diretor do Observatório Astronómico de Lisboa é doutorado em Física/Astrofísica, professor auxiliar no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (UL), e investigador e fundador do Centro de Astronomia e Astrofísica da UL.
Edgar Almeida Saúde
Doutorado em Medicina, diretor do Serviço de Nefrologia do Hospital Beatriz Ângelo (Loures) e professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, interessa-se, em particular, pelo estudo dos rins poliquísticos, das nefropatias hereditárias e da doença renal crónica.
António Miguel Morgado Física
Doutorado em Física (especialidade Física Tecnológica), dá aulas de Instrumentação Médica e Optoeletrónica e é investigador no Instituto Biomédico de Investigaçãoda Luz e Imagem da Faculdade de Medicinada Universidade de Coimbra.
Sara Barrento Biologia
Licenciada em Biologia Marinha e Pescas pela Universidade do Algarve, o seu interesse pela comunicação levou-a a apostar em formação específica no Cenjor – Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas.
Bem-vindEdição 65
A revista que desperta a sua mente!
ambienteO mundo natural revelado.
ciênciaAs aplicações da ciência no mundo contemporâneo.
transPortesSe anda em terra, no ar ou no mar, encontra-o aqui.
esPaçoDa exploração, ao sistema solar, ao espaço profundo.
tecnologiaAs maravilhas da engenharia
e dos gadgets modernos.
históriaRespostas a questões
sobre o passado.
www.querosaber.sapo.pt
TECNOLOGIA12 Polícia high-tech
l Headsets à la RoboCop l Lasers não letais l Vigilância com drones l Robôs de combate ao crime l Reconstrução facial l ...e muito mais!
19 Carregamento sem fios por indução
19 Como atuam as borrachas?
20 As caixas multibanco22 GoPro HERO4 Session24 Canalização doméstica26 Ventiladores sem pás26 Secadores de mãos27 Como se constroem
os guindastes?27 Tinta eletrónica
CIÊNCIA28 Corpo humano
de próxima geração A tecnologia incrível que vai tornar-nos mais fortes, saudáveis e permitir-nos viver mais.
34 Os antioxidantes34 O cheiro dos livros novos35 A ciência da ira36 LHC 2.038 O que é a queratina?38 No interior do pó39 Como se faz o pão?40 A síndrome
do “pescoço de SMS”40 Como atua a fita-cola?41 Como é que o fogo
de artifício cria formas?42 Ciência ao microscópio
TRANSPORTES44 Acrobacias aéreas
A tecnologia e a perícia extraordinárias por detrás
destas exibições arriscadas, que desafiam a morte.
54 Como os carros podem ver nos cruzamentos
54 Drones de transporte pessoal
56 A Raleigh Roker Race58 Controlo de tração58 Porsche elétrico59 O ar na cabina do avião
ESPAÇO60 Mundos em colisão
Hoje, o Sistema Solar pode parecer calmo, mas houve tempos de violência e caos...
65 Mapear a galáxia a 3D66 Rochas espaciais
AMBIENTE68 Animais que brilham
no escuro Todos os segredos da bioluminescência.
75 Como crescem as plantas na direção da luz?
75 Plantas carnívoras76 O labirinto esculpido
de Tsingy de Bemaraha
HISTÓRIA78 As tipis dos índios
norte-americanos Como estas ecocasas móveis resistiam ao vento, chuva e neve.
80 Motores Stirling80 O “monstro
do Mar Cáspio”81 Disparar um arco longo83 Os drones da II GM84 Curandeiros africanos84 Evolução das tatuagens85 Numa casa vitoriana
Carros que veem nos cruzamentos
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Plantas assassinas
44 Acrobacias aéreas
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41 A magia do fogo de artifício© T
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12 Polícia high-tech
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SUMÁRI
06 Olhar Global As notícias e as imagens mais incríveis dos reinos da tecnologia, ciência, espaço e ambiente.
86 Mente Aberta O local onde respondemos às questões mais curiosas.
92 Lista de Desejos A tecnologia por detrás dos gadgets obrigatórios mais recentes: equipamento para o seu automóvel.
94 Como… Construir um abrigo nuclear para o proteger da explosão e da radiação, e criar um modelo de uma câmara cardíaca.
98 Próximo Mês Saiba o que a Quero Saber seguinte lhe reserva.
REGULARES
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A ciência e a tecnologia incríveis que podem tornar-nos mais fortes e prolongar a nossa vida.
O corpo humano do futuro
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36 LHC 2.0
68 Animais que brilham no escuro
84 História das tatuagens
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60 Colisões cósmicas
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Água em Marte pode suportar vidaO que significa esta descoberta para a esperança de colonizar o Planeta Vermelho?
A erosão em Marte sugere a existência de vastos lagos há cerca de 3.500 milhões de anos.
OLHAR GL BALDescubra o incrível mundo em que vivemos
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT006 | Quero Saber
Uma incrível nova descoberta da NASA permite-nos dar mais um
passo na busca por vida em Marte. Novas informações da nave Mars
Reconnaissance Orbiter (MRO) forneceram a mais forte evidência de sempre de que existe água líquida a fluir em Marte – e, onde há água, existe a possibilidade de haver vida.
Há muito que se julga ter havido água no passado do Planeta Vermelho e este pode até ter sido parecido com a Terra aquando da sua formação. No entanto, as condições de Marte tornaram-se mais hostis, e os rios e lagos terão secado, deixando restos de água congelada por baixo da superfície.
Agora, os cientistas da NASA descobriram que o planeta ainda é parcialmente molhado, com líquido salgado a fluir nos declives das suas crateras. Embora intermitente, esta água tem o potencial de dar suporte a organismos vivos. No entanto, é mais provável que se trate de micróbios capazes de sobreviver ao adverso ambiente marciano do que de formas de vida alienígenas como as sugeridas pela ficção científica.
Mesmo que não seja encontrada vida em Marte, esta descoberta continua a ser uma boa notícia para o futuro de uma expansão da Humanidade. Embora a água tenha de ser dessalinizada para se tornar potável, pode ser usada para suportar futuras colonizações humanas no Planeta Vermelho.
Como a NASA descobriu água em MarteA NASA começou a suspeitar da existência de água em Marte quando foram detetadas uma misteriosas estrias escuras nos declives da superfície do planeta. Estas estrias, cada uma com o comprimento aproximado de um campo de futebol profissional, aparecem nos meses mais quentes, mas esbatem-se nas estações frias – o que sugere que sejam provocadas por um fluxo intermitente.
Com recurso aos instrumentos do MRO para estudar os minerais na superfície do planeta, a NASA descobriu sais hidratados nos declives onde ocorrem as estrias. Estes sais podem baixar o ponto de congelação da água para -70 graus Celsius, permitindo mantê-la líquida nos verões frios do planeta, mas em estado sólido nos invernos – o que fornece a evidência de que as estrias são formadas pela passagem de água nos declives.
No entanto, ainda não se sabe de onde vem esta água, havendo a especulação de que possa estar armazenada num reservatório subterrâneo.
Estrias escuras e estreitas com cem metros de comprimento foram descobertas na superfície de Marte em 2010.
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Representação artística do impacto duplo de meteoritos na Terra.
Defletir asteroides com lasersSalvar a Terra de rochas vindas do espaço com um feixe de laser gigante parece uma cena tirada de um filme apocalíptico, mas está longe de ser ficção científica. Estudantes da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara estão a simular em laboratório a forma como um laser poderia defletir asteroides em pequena escala. Focaram o laser num bloco de basalto em rotação – o basalto é uma rocha com uma composição similar à dos asteroides conhecidos – até este aquecer ao ponto de ficar branco. Este processo chama-se sublimação ou evaporação. O calor do laser transforma a rocha num gás, o que provoca uma nuvem ou uma ejeção de massa que gera propulsão. Isto permitiu-lhes desacelerar a rocha, pará-la e alterar a direção da rotação. No espaço, este processo retiraria o asteroide da sua rota, salvando a Terra.
Um laser focado num bloco de basalto em rotação pode alterar o seu movimento.
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Há cerca de 458 milhões de anos, dois enormes meteoritos colidiram com a Terra ao mesmo tempo, a uma distância um do outro de apenas
16 quilómetros. Pensa-se que terá sido o resultado de uma colisão de dois grandes asteroides entre Marte e Júpiter, dez milhões de anos antes, que enviou fragmentos de rocha espacial em direção à Terra.
Depois de atravessarem a atmosfera do nosso planeta, os meteoritos aterraram numa região do atual condado sueco de Jämtland, local que na época estava submerso a 500 metros de profundidade. A força do impacto terá empurrado a água, deixando crateras no fundo do mar que ficaram completamente secas durante cerca de cem segundos antes de serem novamente inundadas pela água.
A maior cratera tem um enorme diâmetro de 7,5 quilómetros, enquanto a outra tem um décimo deste tamanho, cerca de 700 metros. Ao escavar estas crateras, geólogos da Universidade de Gotemburgo descobriram que a sequência de sedimentos acima dos pontos de impacto é idêntica e tem a mesma idade, o que faz com que fique provado o primeiro impacto duplo de meteoritos na Terra.
Ataque duplo de meteoritosFoi encontrada a única cratera de duplo impacto na Terra.
O projeto conceptual da NBBJ propõe uma
forma mais eficiente e divertida de viajar
no Metro de Londres.Andar (a pé) no MetroOs comboios do Metro de Londres podem ser substituídos por passadeiras rolantes.
Para reduzir o congestionamento da Circle Line – uma das linhas mais usadas do Metro de Londres – a empresa de arquitetura NBBJ
propõe uma solução radical. A proposta consiste em substituir os comboios por três passadeiras eletrónicas, que se movem a velocidades variáveis. As pessoas entram na passadeira à velocidade mais baixa e vão passando para outras mais rápidas, chegando a uma velocidade máxima de 24 km/h, ao acelerarem as passadas. A NBBJ acredita que a solução poderia ser mais rápida do que viajar de comboio, visto que dispensaria a paragem em todas as estações, além de ser muito mais saudável para os passageiros.
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A impressora pode criar estruturas básicas de argila em áreas com escassos recursos de construção.
Quero Saber | 009WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
Construir uma habitação acessível e sustentável pode ser muito mais fácil graças à impressora BigDelta 3D.
Desenvolvido pela empresa de engenharia italiana WASP, o protótipo funcional consiste numa plataforma de metal de 12 metros de altura e seis de largura, com um bico extrusor suspenso, que pode construir camadas de argila para criar a estrutura básica de uma casa. As Nações Unidas estimam que nos próximos 15 anos cem mil novas casas terão de ser construídas por dia – e a impressão 3D pode ser uma solução eficiente.
A maior impressora 3D do mundo
Estradas recarregam carrosO governo britânico vai testar rodovias elétricas capazes de recarregar automóveis, sem fios, em andamento. Cabos elétricos sob o pavimento gerarão campos eletromagnéticos, que poderão ser captados por uma bobina no interior dos veículos e convertidos em eletricidade.
Há aranhas que fazem queda livre Aranhas tropicais conhecidas como aranhas-caranguejo foram observadas a atirarem-se da copa de árvores e a pairarem pelo ar. Ao contrário da maioria das aranhas, que descem de grandes alturas através de fios de seda, estes aracnídeos temerários preferem lançar-se de cabeça e até conseguem ajustar o ângulo das patas anteriores para guiar a descida. A técnica é utilizada para se moverem através das florestas húmidas do Peru e do Panamá, evitando os predadores no solo.
ADN pode armazenar dados digitais Uma equipa de engenheiros acredita que o ADN pode oferecer uma melhor forma de armazenamento de longo prazo do que os discos rígidos. A teoria foi testada codificando 83 quilobytes de texto digital em ADN e aquecendo-o até 71 graus Celsius durante uma semana – o equivalente a mantê-lo a 10º C por dois mil anos. Quando o descodificaram, a informação estava intacta.
Drones estão a stressar ursos Um novo estudo revelou ursos com sinais de stress quando drones voam na sua proximidade. Os investigadores colocaram monitores de saúde em coleiras em seis ursos-pretos e depois fizeram voar drones várias vezes sobre os animais. Os resultados mostraram que a frequência cardíaca de todos os ursos aumentou quando os drones passavam a 20 metros de distância ou menos, colocando-os em risco de fuga e de se colocarem numa situação perigosa.
Um rosto largo pode valer-lhe um empregoNovos estudos sugerem que os homens com rostos mais amplos parecem mais dominantes e poderosos, o que os ajuda a conseguir melhores empregos. Crê-se que um queixo quadrado resulte de níveis mais elevados de testosterona, algo que também acentua a procura pelo domínio. Foi até encontrado um elo entre a forma do rosto de alguns CEO e os lucros das suas empresas!
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OLHAR GL BAL
10 REALIDADES EXTRAORDINÁRIAS QUE DESCOBRIMOS NESTE MÊS…
Robôs podem construir os próprios“filhos” Uma equipa de investigadores na Universidade de Cambridge (Reino Unido) criou um “robô-mãe” capaz de construir de forma independente os seus “robôs bebés” e depois testá-los para verificar qual apresenta o melhor desempenho. Esta informação é então utilizada para transmitir os melhores “traços” aquando da conceção da nova geração – tudo sem intervenção humana ou qualquer simulação informática após o comando inicial.
Corujas ajudam a silenciar aerogeradoresDe modo a voarem silenciosamente e surpreenderem as presas, as corujas conseguem suprimir de forma ativa a vibração das asas, para reduzir o ruído do bater das mesmas. Fazem-no convertendo a energia mecânica das vibrações em calor, o que lhes permite manterem-se em silêncio e também ajuda à estabilidade durante o voo. Os engenheiros esperam agora conseguir aplicar este mecanismo a turbinas eólicas e outras máquinas barulhentas.
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Encontrada (nova) flor mais antigaUma planta de água doce chamada Montsechia vidalii foi identificada como uma das primeiras plantas floríferas conhecidas na Terra. Crescia em lagos de Espanha há mais de 125 milhões de anos, quando os dinossáurios vagueavam pelo planeta, e dava frutos com apenas uma semente.
Pranchas elétricas não precisam de ondasA empresa espanhola Onean desenvolveu uma série de pranchas de surf a jato que permitem “cavalgar” até as águas mais tranquilas. As pranchas 100% elétricas são propulsadas por motores elétricos sem escovas, que acionam uma bomba de água axial, e integram baterias facilmente amovíveis que demoram 120 minutos a carregar. A velocidade pode ser controlada através de um comando de mão sem fios.
A atmosfera da Lua contém néon A sonda Lunar Atmosphere and Dust Environment Explorer da NASA confirmou que a atmosfera rarefeita da Lua contém néon. Não existe em quantidade suficiente para fazer a Lua brilhar de forma visível mas é relativamente abundante, atingindo o ponto máximo por volta das 4h (tempo lunar). Crê-se que a maioria do néon provém dos ventos solares.
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Câmaras robóticas arremessáveis e drones de alta velocidade são apenas algumas das tecnologias revolucionárias
de combate ao crime que estão a chegar. O desenvolvimento destes equipamentos avançados torna-se crucial para ajudar os agentes policiais a investigar e resolver casos face aos cortes de orçamento. Nos últimos anos, um pouco por toda a Europa, as forças policiais têm sofrido cortes nos seus orçamentos. Além disso, em alguns países, o número de forças policiais tem também diminuído, ao longo dos anos.
É pouco provável que os chefes de polícia de todo o mundo venham a ter mais agentes ou dinheiro nos tempos mais próximos, mas estão a ser feitos investimentos em novas tecnologias em quase todos os departamentos, na esperança de que isto aumente a velocidade e a precisão do seu trabalho. Estas inovações são
a chave para cortar os custos e reduzir a necessidade da presença física da polícia.
Um exemplo de inovação no combate ao crime é o ShotSpotter, um sistema de deteção de tiros que está a tornar-se comum nos EUA. Trata-se de uma série de microfones que deteta o fogo armado com base num algoritmo. Se houver um disparo, é enviado um alarme para a polícia.
Os agentes estão também a utilizar um novo tipo de software que serve para prever e evitar o crime nas suas comunidades. Conhecido por PredPol, este software funciona com recurso a apenas três tipos de informação para evitar o crime: os tipos de criminalidade anteriormente cometidos naquela zona, a localização precisa e a hora do dia. Este software é uma ferramenta inestimável para as forças policiais que o utilizam e ajuda os agentes a otimizar o seu tempo e a combater o crime antes de acontecer.
Considera-se que a simples presença policial em áreas identificadas reduz a possibilidade de ocorrerem crimes. Até agora, o Departamento de Polícia de Los Angeles tem tido bastante sucesso com o PredPol, e diz ter reduzido a atividade criminal em oito a dez vezes por semana.
Tendo em conta que os criminosos estão sempre atentos às práticas policiais, a tecnologia inteligente é fundamental. Reconhecimento facial, mapeamento laser e aplicações policiais seguras estão a ser implementados em forças policiais de todo o mundo.
Ainda não chegámos ao ponto de prender os criminosos antes do crime acontecer como Tom Cruise no filme Relatório Minoritário ou de ver surgir um ciborgue super-humano como RoboCop, mas iremos começar a ver as forças policiais mais equipadas com ferramentas com tecnologia de ponta.
TECNOLOGIA DE COMBATE
AO CRIMEOS GADGETS POLICIAIS
QUE ABREM GUERRA CONTRA OS VILÕES.
TECNOLOGIA
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT012 | Quero Saber
Na Tailândia, os agentes mal comportados são castigados, sendo obrigados a usar uma banda rosa da Hello Kitty no braço?
Os gadgets inteligentes que vão tornar os agentes mais seguros.
Polícia do futuro Headset ao estilo de RoboCop
O Dazzler faz mais do que cegar temporariamente os bandidos; pode mesmo detê-los. Desenvolvido pela Intelligent Optical Systems Inc para o Departamento de Segurança Interna dos EUA, esta lanterna mede a distância para os olhos do alvo com um grande alcance, para depois ajustar a intensidade da luz que irá disparar, garantindo que não são causadas lesões permanentes. Estes diodos de emissão de luz ultrabrilhantes (LED) incapacitam a pessoa de duas maneiras. Os flashes provocam cegueira temporária como qualquer outra luz forte, mas a verdadeira inovação está nos efeitos psicofísicos, que vão de vertigens a desorientação e náuseas que tipicamente duram alguns minutos.
O ofuscante laser não letal
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A função de sensor de calor ajuda a encontrar suspeitos escondidos quando não há muita visibilidade.
Relógio inteligenteRelógios inteligentes poderão dar acesso mais rápido a informação, incluindo fotografias ou tweets publicados numa dada localização.
Proteção de grafenoO supermaterial grafeno poderá ser utilizado para criar uma armadura corporal resistente, mas leve. É 200 vezes mais robusto do que o aço, mas pesa seis vezes menos.
Farda inteligente
Os medidores de frequência cardíaca
e pressão arterial podem alertar os serviços de
urgência quando um agente precisa de
ajuda, e existe ainda um dispositivo que
identifica quando o agente cai ou
é derrubado.
TaserNem todos os agentes têm um destes equipamentos, mas eles são comuns nos EUA e detêm os suspeitos através de um choque elétrico.
Câmara corporalEstas câmaras já são
utilizadas em dez bairros de Londres, e espera-se que possam acelerar as
condenações e identificar más práticas da polícia.
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O Golden-i é um novo headset que dá aos agentes policiais capacidades sobre-humanas. Este headset dá ao seu utilizador acesso a informação importante mais rápida e facilmente, e é controlado por comando de voz e movimentos de cabeça, deixando as mãos dos agentes livres. Fornece informação situacional em tempo real através do acesso ao CCTV mais próximo e a feeds de vídeo ao vivo enviados por outros headsets presentes na mesma zona.
A aplicação complementar Police Pro tem software de reconhecimento facial para identificar suspeitos já conhecidos pela polícia, e pode aceder a plantas de edifícios e coordenadas GPS de locais de interesse. Mas o mais impressionante é a capacidade de ver através das paredes com recurso a tecnologia de infravermelhos, o que é excelente para encontrar um suspeito escondido, quando combinado com a aplicação de visão térmica.
A câmara de 14 MP do Golden-i tem estabilização inercial, permitindo a um agente em movimento gravar um vídeo fluido do crime em andamento. Foram já projetadas versões ligeiramente diferentes do Golden-i para bombeiros e paramédicos.
1 CCTVEstima-se que haja
perto de seis milhões de câmaras CCTV no Reino Unido – cerca de uma câmara por dez pessoas – o que o torna um dos países mais vigiados do mundo. A polícia tem acesso a todas as câmaras CCTV, e muitas vezes encontra evidências em vídeo que podem ser apresentadas em tribunal.
3 Esquadras de polícia
As esquadras de polícia compilam toda a informação disponível para decidir a resposta apropriada. Recebem também chamadas de emergência do público em geral a que podem responder o mais depressa possível, o que muitas vezes requer a presença policial no local.
5 Imagem térmicaPara as patrulhas noturnas
da polícia, a visibilidade é sempre um problema. As câmaras de imagem térmica dão aos agentes visão noturna de um helicóptero, o que é perfeito para encontrar um suspeito na escuridão. Os sistemas avançados permitem uma visão de 360 graus em torno do veículo, graças às suas funções panorâmicas e de inclinação.
2 Média sociaisO boom relativamente
recente dos média sociais não passou despercebido à polícia. Existe software para procurar em todos os canais de média social palavras-chave relacionadas com crimes em investigação, sendo possível identificar o momento e o local de ofensivas específicas. É surpreendente o número de pessoas que se incriminam a si mesmas no Facebook.
4 Vigilância com drones
Os drones de vigilância da polícia podem ser controlados remotamente, o que permite seguir um suspeito em fuga sem riscos envolvidos. Os drones atuais podem fazer streaming de vídeo ao vivo para os carros da polícia ou para as esquadras, para que a localização e atividade do suspeito possam ser seguidas em tempo real.
Saiba como a tecnologia pode ajudar a fazer uma detenção.Deter criminosos
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Estima-se que 65 por cento dos utilizadores globais da Internet já tenham sido vítimas de cibercrime?
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9 SupersirenesA necessidade de
sirenes melhoradas levou muitas forças policiais a experimentarem um novo e poderoso sistema que pode alertar os condutores com a música demasiado alta nos seus carros. Os grandes woofers nas rodas podem produzir um som que pode ser ouvido de até 61 metros de distância.
8 Câmaras de matrícula
Os scanners automáticos de matrículas estão a ser instalados em cada vez mais carros da polícia. Eles gravam a informação das matrículas de todos os carros (podem ver milhares de matrículas por hora) e enviam-na para o computador a bordo para detetar carros com interesse para a polícia.
6 Desativação remota OnStar
Um novo serviço de subscrição chamado OnStar permite monitorizar o seu carro se for roubado, e até desativá-lo desligando o motor remotamente. Isto foi usado recentemente nos EUA para localizar um ladrão de carros. A polícia espera que o sistema permita reduzir a necessidade de perseguições a alta velocidade no futuro, que podem ser perigosas e dispendiosas.
7 Dardo com GPSO sistema de dardos
com GPS é um novo conceito para os carros de polícia de todo o mundo. Este sistema laser dispara um pequeno dardo com GPS, do tamanho de um telemóvel, que se cola aos carros através de um revestimento aderente. Isto permite à polícia monitorizar remotamente a rota do veículo e planear a detenção do suspeito.
10 Algemas tecnológicas
Embora pareçam sinistras, as algemas tecnológicas estão a ser impulsionadas por muitas forças policiais. As contrário das simples algemas de aço, estas podem dar choques aos prisioneiros se eles desobedecerem à polícia ou se se tornarem agressivos.
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O robô de combate ao crime K5
Drones na cena do crime
Chegou o Knightscope K5, o primeiro robô de segurança do mundo, cujos inventores acreditam poder reduzir a criminalidade em cerca de 50 por cento nas áreas patrulhadas. O K5 tem uma altura de mais de 1,5 metros e inclui várias tecnologias, desde o reconhecimento múltiplo de matrículas à imagem térmica. Tem até um detetor de odores que pode monitorizar a poluição.
O K5 está projetado para ser inteiramente autónomo a patrulhar e a carregar a bateria sem intervenção humana. Apesar do seu aspeto ameaçador, ele não está armado, e funciona principalmente na prevenção do crime e como fonte de informação extra para a polícia. Inicialmente, o K5 será utilizado como parte da segurança de universidades ou empresas que ocupem grandes espaços. No entanto, não há razão nenhuma para não passarem depois para as ruas.
Poucos podem negar que compreender a cena do crime é essencial para resolver qualquer delito. Normalmente, isto requer um investigador na cena do crime que tira muitas fotografias, o que pode ser um processo demorado e suscetível de contaminar ou até destruir provas. No entanto, com recurso a um drone, toda a zona pode ser fotografada, sem problemas, em apenas 15 minutos.
Estas imagens podem ser utilizadas depois para criar um modelo tridimensional da cena do crime, que será examinado na esquadra da polícia e até enviado para o tribunal sob a forma de provas. As fotografias de alta resolução de impressões digitais podem ser rapidamente enviadas para bases de dados e comparadas com os registos policiais. Potencialmente, isto pode identificar um criminoso sem que seja necessária a presença
de agentes no local.Um drone pode também gravar
vídeos, identificando rapidamente pontos de interesse para posterior análise. As cenas de crime mais perigosas para a presença das equipas forenses tornam-se assim acessíveis, e estas máquinas autónomas podem voar e identificar provas antes que estas sejam danificadas pelas condições adversas.
Apesar de os drones poderem servir no combate ao crime, é preciso que sejam monitorizados para evitar invasões de privacidade e utilizações impróprias. Os drones armados da polícia não serão permitidos em muitas partes do mundo, embora tenha sido aprovada uma lei no North Dakota, nos EUA, para permitir à polícia aplicar choques com drones. As potenciais aplicações dos drones são vastas, mas ainda não sabemos até onde a polícia poderá utilizá-los.
Pode esta máquina mudar a forma como as cidades são policiadas?
LIDARO K5 pode medir distâncias e mapear locais em 3D, iluminando o alvo com um laser e analisando a luz refletida com uma tecnologia conhecida por Light Image Detection and Ranging (LIDAR).
No ar em segundosO seu design dobrável permite-lhe
estar numa base quando não está em funcionamento. Pode ser rapidamente
preparado para voar sem montagem extra.
AlimentaçãoA unidade de bateria no topo alimenta quatro motores, permitindo ao drone voar continuamente por até 50 minutos.
Robusto e confiável
O drone pode suportar ventos de 65 km/h e temperaturas
de -33 a 50° C.
Imagens inteligentesA câmara de alta resolução pode fazer streaming de vídeo HD para o quartel e tirar fotografias de 15 MP.
AterragemAs quatro pernas flexíveis ajudam o drone a sobreviver a aterragens difíceis, protegendo a câmara e os equipamentos eletrónicos.
Botão de emergênciaUm botão de emergência no K5 permite aos transeuntes contactar imediatamente os
serviços de emergência.
GPS precisoO GPS do K5 tem uma precisão de 2,5 metros e pode ser detetado em menos de um segundo.
Reconhecimento de letrasDepois de verificar as imagens da câmara e converter o texto em código, o K5 pode pesquisar por palavras-chave relacionadas com crimes numa base de dados.
Luzes potentes
Trinta LED e seis
infravermelhos dão ao
K5 uma iluminação excelente,
o que o ajuda a ver com clareza na escuridão.
Microfones sensitivos
Com um software de deteção de
eventos áudio, o K5 identifica sons com
significado, como buzinas ou vidros a partirem, o que pode depois ser
investigado.
Imagem multidirecionalA sua câmara de 360 graus de alta definição permite-lhe captar vídeo em todas as direções.
1901O grupo sanguíneo humano é descoberto por Karl Landsteiner. Este sistema foi depois adotado para analisar manchas de sangue em cenas de crimes.
1910Edmond Locard, um pioneiro da ciência forense, abriu o primeiro laboratório de investigação criminal oficial em Lyon, França.
Anos 30Carros e motos começam a ser usados regularmente pela polícia.
1932O FBI abre o seu Laboratório Técnico para oferecer suporte forense.
Anos 60A análise auditada é
utilizada para identificar os intervenientes de
gravações comparando “assinaturas” de voz.
Descubra porque o Aeryon SkyRanger é o drone ideal para a polícia em todo o mundo.
Aeryon SkyRanger
TECNOLOGIA
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT016 | Quero Saber
Há décadas que existem vários métodos de reconstrução facial, mas nenhum é tão impressionante como a fenotipagem Snapshot DNA. Esta técnica pode ser utilizada na ausência de evidências fotográficas ou de vídeo, e pode criar uma previsão do rosto do suspeito com uma amostra do seu ADN. Este determina o tom da pele, do cabelo e dos olhos, além do contorno do rosto e dos antecedentes
biogeográficos. Quando a polícia não tem mais nada, esta informação é valiosa e pode rapidamente reduzir uma lista de suspeitos. Espera-se que com o aumento da nossa compreensão do ADN seja possível recolher outras características que permitam criar reconstruções faciais com ainda maior detalhe.
Em 1902, a impressão digital foi utilizada pela primeira vez no Reino Unido para condenar o meliante Harry Jackson?
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Reconstrução facial
1985É criado o Home Office Large Major Enquiry System (HOLMES), com sistemas computorizados para dar apoio a grandes investigações.
1988Colin Pitchfork torna-se o primeiro condenado por assassinato com base em provas de ADN.
2006As armas elétricas
taser começam a ser utilizadas pela PSP e pela
GNR em Portugal.
2008É aprovada a lei sobre a Base de Dados de Perfis de ADN portuguesa, mas só em 2010 é inserida a primeira informação. Em 2015, as amostras ainda são muito poucas.
2020?Espera-se que os avanços da nanotecnologia levem ao desenvolvimento de novas técnicas forenses que ajudem a acelerar a análise de ADN.
Este incrível sistema pode criar um rosto apenas com o código genético.
3 Correspondência?Se a base de dados
encontrar então uma correspondência, é feita uma detenção. Caso contrário, a amostra de ADN é enviada para análise.
1 Recolha da amostra
A amostra de ADN é recolhida da cena do crime. Pode ser uma amostra de sangue, pele, sémen ou saliva.
2 Extração do ADN
Os cientistas extraem a amostra de ADN da cena do crime e correm-na na base de dados para encontrar correspondências.
4 Perfil SNPO laboratório de genotopia cria uma assinatura
de ADN conhecida por perfil SNP (polimorfismo de nucleotídeo único), antes de enviá-la para a empresa de tecnologia ADN Parabon para processamento.
5 FotografiaA Parabon
produz um relatório com os resultados e envia-o para a polícia para ajudar na investigação.
6 Fotografia usada para gerar ligações
A polícia usa o relatório da Parabon para fazer ligações, identificar pistas ou excluir suspeitos da investigação.
Amostras de ADN retiradas da cena do crime podem ser utilizadas para obter uma aparência aproximada do suspeito.
SABIA QUE…
Quero Saber | 017WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
agora também em versão digital!
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Se alguma vez teve de se debater com uma confusão de cabos, provavelmente considera bem-vinda a introdução
do carregamento de telemóveis sem fios – mas esta útil tecnologia não é realmente nova.
O físico Nikola Tesla concluiu pela primeira vez que se pode transmitir energia entre dois objetos através de um campo eletromagnético no final do século XIX e, na década de 1990, os cabos e equipamentos eletrónicos tornaram-se
suficientemente pequenos para permitir o carregamento sem fios de dispositivos como corações artificiais e escovas de dentes elétricas.
Hoje, o método de carregamento por indução pode ser utilizado em smartphones, tablets e até carros elétricos; mas se é assim tão prático, porque não estamos a recorrer mais a este método? Uma das razões é o facto de não ser muito eficiente, já que se perde muita energia sob a forma de calor – o que significa que
o dispositivo demora mais tempo a carregar. Além disso, requer que o equipamento esteja muito próximo do carregador, por isso ainda o “amarra” a uma fonte de alimentação tal como um carregador com cabo.
Todavia, tudo isto pode mudar com um novo método chamado carregamento sem fios por indução, já em desenvolvimento, que permite a transferência de energia entre distâncias maiores.
A tecnologia fantástica que pode ditar o fim dos cabos e das fichas.
Carregadores sem fios
Como funciona o carregamento sem fios por induçãoDescubra como uma corrente elétrica pode ser enviada através do ar.
1 Fonte de energia A energia que vem das tomadas nas paredes é uma corrente alternada, que muda de direção várias vezes por segundo.
6 BateriaA corrente contínua, que flui apenas numa direção, pode por fim ser utilizada para carregar a bateria do dispositivo.
2 Transmissor A corrente é enviada para o circuito transmissor
no carregador wireless, que depois a envia para uma bobina transmissora.
3 Campo magnéticoÀ medida que
a corrente alternada flui através da bobina
cria um campo magnético variável.
4 Recetor O campo magnético gera uma corrente
elétrica no interior da bobina recetora do dispositivo quando este se encontra
a uma distância próxima.
Algumas borrachas contêm vestígios da rocha vulcânica pedra-pomes, para torná-las mais abrasivas.
Saiba porque já não utilizamos pão para apagar os nossos enganos.
Para perceber como as borrachas de apagar removem as marcas de lápis, temos antes de saber um pouco mais sobre o próprio lápis. Ao
contrário da crença popular, os lápis já não são feitos com chumbo; em vez disso, consistem numa mistura de grafite (um mineral mole composto por uma forma cristalina de carbono) e argila. Quando se escreve numa folha de papel, flocos desta mistura aderem às fibras do papel, tornando as marcas invisíveis. As borrachas conseguem remover estas marcas porque são mais aderentes do que as fibras do papel, o que faz com que a grafite e a argila se colem à borracha.
Na realidade, qualquer substância mais aderente do que o papel pode ser utilizada como borracha e, até à década de 1770, o pão húmido era o material de eleição para este propósito. Alegadamente, quando o cientista Joseph Priestly pegou acidentalmente num bocado de látex em vez de pão, descobriu que esta substância também removia as marcas do lápis – e foi aí que teve origem a designação borracha. Hoje, dado que o látex natural é dispendioso e causa alergia a algumas pessoas, as borrachas de apagar são produzidas tipicamente com borrachas sintéticas à base de petróleo, como o policloreto de vinilo.
Como atuam as borrachas?
5 Corrente contínua A corrente alternada que flui pela bobina recetora é então convertida em corrente contínua pelo circuito recetor.
Ilustração por Adrian Mann
A indução eletromagnética foi descoberta por Michael Faraday, a 29 de agosto de 1831?Sabia Que…
Quero Saber | 019www.querosAber.sApo.pt
“A banda magnética na parte posterior do cartão é composta por milhões de minúsculos ímanes.”
Saiba como as caixas automáticas lhe dão acesso ao seu dinheiro, salvaguardando os seus dados pessoais.
Como funcionam as caixas multibanco?
TecladoO teclado serve para os utilizadores introduzirem o código de quatro dígitos (PIN, acrónimo de personal identification number). Este código é então enviado para o banco emissor do cartão de forma codificada, para não ser intercetado por terceiros.
Ranhura do reciboOs detalhes da transação são impressos em papel térmico, que utiliza calor em vez de tinta para escrever o texto necessário.
Caixa de rejeiçãoSe a máquina puxar o
número errado de notas ou detetar que alguma está danificada, as notas são
rejeitadas para um compartimento próprio e o
processo é repetido.
Compartimentos do dinheiro
Cada compartimento ou caixa monetária suporta centenas de notas. A maioria das máquinas guarda cada denominação de acordo com a moeda utilizada
no país onde se situa.
EcrãO ecrã, normalmente um LCD nas máquinas mais
recentes, orienta o utilizador num formato de passo a passo. Pode tratar-se de um ecrã tátil ou ter
botões em cada um dos lados.
DispensadorQuando se termina a transação, o montante requerido vem do cofre, por um mecanismo de rolamentos, até ao dispensador, onde é recolhido pelo utilizador.
RolamentosOs rolamentos verificam a espessura de cada nota para assegurar que estas não se colam umas às outras e que, assim, o utilizador recebe o montante correto.
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VentosasAs notas são recolhidas individualmente por ventosas, antes de serem processadas pelos rolamentos.
Caixa de depósitoQuando são depositados cheques ou notas, ficam
guardados na caixa de depósito. O banco recolhe esse dinheiro mais tarde.
Ranhura do cartão
Após ser inserido o cartão, a banda
magnética ou chip são lidos para
autenticar a identidade do
titular do cartão.
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT020 | Quero Saber
TECNOLOGIA
As caixas automáticas Gold to Go dispensam barras e moedas de ouro em vez de notas?
Édifícil imaginar o nosso mundo sem as caixas automáticas, mas estas máquinas só começaram a tornar-se comuns
durante a década de 1970. A primeira caixa a dispensar dinheiro foi inventada por John Shepperd-Barron e instalada do lado de fora de uma agência do banco Barclays, em Enfield, na área metropolitana de Londres, em 1967.
Hoje, estas caixas fornecem-nos acesso ao nosso dinheiro 24 horas por dia, em múltiplas localizações, e são muito mais convenientes do que uma deslocação a um balcão. Todavia, há alguns desafios a ultrapassar para que forneçam o nível de serviço requerido. Têm de verificar a legitimidade do utilizador e do cartão, e efetuar a transação, protegendo os milhares de euros guardados no cofre.
A banda magnética na parte posterior do cartão pode parecer apenas uma faixa preta, mas é composta por milhões de minúsculos ímanes, cada um magnetizado no sentido norte ou sul; dois leitores magnéticos interpretam a informação como código binário. O primeiro leitor confirma que o cartão é real, enquanto o segundo lê o número de conta e o PIN, comparando esta informação com o código que inserimos no teclado. Depois de confirmado o PIN, a máquina
liga-se à rede do banco do titular do cartão, que emite um sinal de volta para o cofre incorporado, com uma série específica de instruções. A caixa completa depois a transação requerida. Se por alguma razão nos esquecermos do dinheiro, a caixa recolhe-o depois de um curto período de tempo.
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O aumento das burlas nas caixas multibancoHoje, as caixas multibanco estão constantemente ameaçadas pelo crime organizado e há várias técnicas para, rapidamente e de forma barata, ter acesso aos dados do cartão. Um dos esquemas mais conhecidos consiste em encaixar um pequeno dispositivo na máquina, que pode ler e gravar a informação contida no cartão. Associada a este método existe muitas vezes uma câmara escondida nos painéis na parte de cima da caixa ou noutro local onde possa captar o código que inserimos no teclado. Estão também a tornar-se populares dispositivos que retêm o cartão na máquina, para que o autor da burla o possa recolher depois. Para combater estes problemas, a polícia recomenda vigilância enquanto se utiliza a caixa multibanco. Ao verificar se existe algo fora do comum, conseguirá detetar a maioria das tentativas de roubá-lo, especialmente se utilizar a mesma caixa com alguma frequência. Cubra sempre a mão com que insere o PIN e esteja atento a pessoas que estejam na proximidade.
A cobertura por cima do teclado serve para reduzir a hipótese de o seu código ser visto por terceiros ou
registado por uma câmara enquanto o digita.
Há várias formas fraudulentas de adulterar as máquinas, desde câmaras escondidas a leitores que roubam a informação do cartão.
Quero Saber | 021WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
SABIA QUE…
Como a GoPro HERO4 Session funcionaComo é o interior da câmara de ação GoPro menor e mais leve de sempre?
AGoPro tornou-se rapidamente sinónimo de câmaras de ação, permitindo aos adeptos do desporto e atividades
radicais capturar as melhores manobras a partir de novas perspetivas dinâmicas. O mais recente modelo da gama, a GoPro HERO4 Session, torna este tipo de imagens ainda mais fácil, graças ao seu corpo pequeno mas resistente. Com um peso de apenas 74 gramas, a Session é 50 por cento menor e 40 por cento mais leve do que outras câmaras GoPro HERO4, não precisando de uma caixa estanque para se tornar à prova de água.
É completamente impermeável, o que permite a sua utilização a uma profundidade de até dez metros. Além disso, sem uma caixa volumosa a atrapalhar, os dois microfones conseguem captar um áudio com maior qualidade, e a câmara pode alternar entre o microfone da frente e o de trás para gravar o melhor som com redução do ruído do vento.
A câmara em forma de cubo é compatível com a maioria dos suportes da GoPro, podendo ser acoplada ao capacete, à bicicleta e à prancha de surf, entre outros. Tem ainda uma nova fivela de junta esférica, que permite inclinar e rodar a câmara a 360 graus, enquanto a autorrotação de imagem assegura que a captação é efetuada no sentido certo.
Com apenas um botão, a Session é muito fácil de usar, mas tem uma vasta gama de opções, desde a gravação de vídeo com resolução 1440p à filmagem em câmara lenta a 100 fotogramas por segundo. Também é possível tirar fotografias, com um modo de lapso de tempo para cenas lentas e um modo de disparo rápido para ação veloz.
Como funciona esta câmara à prova de água sob as ondas?
Dentro da Session
BateriaA bateria fixa recarregável de iões de lítio permite gravar vídeos de alta qualidade durante duas horas com carga completa.
Chip de comunicaçõesA conectividade Bluetooth e Wi-Fi permite controlar a câmara com um comando da GoPro ou uma aplicação grátis no smartphone.
Sensor de imagem O sensor de oito megapíxeis capta fotografias de alta resolução e vídeo a até 1440p, a 30 fotogramas por segundo.
Anel em “O”Esta selagem à prova de água protege a lente e outros componentes internos sob a tampa removível da objetiva.
A Session ajusta automaticamente a
orientação da captura se acidentalmente a montar ao
contrário, por isso as imagens sairão sempre bem.
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT022 | Quero Saber
TECNOLOGIA
A primeira GoPro, lançada em 2004, era uma câmara de película de 35 mm? A versão digital foi lançada em 2006.
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LenteA lente de vidro fornece um campo de visão ultra grande angular, mas com com distorção reduzida, para combater o efeito olho-de-peixe.
Controlos externos Um único botão liga e desliga a câmara e inicia e para a gravação; um pequeno ecrã indica o modo de gravação.
Tampa da lenteSe for danificada, a tampa da lente de vidro pode ser desaparafusada para ser substituída ou reparada.
Revestimento impermeável Um revestimento exterior em borracha encontra-se colado a uma caixa de plástico interior para garantir uma proteção estanque aos componentes internos.
Placa-mãeEsta placa de circuitos eletrónicos contém o processador de imagem e vídeo, a memória interna da câmara e a unidade de gestão de energia.
LigaçõesEscondidas sob uma tampa articulada, a porta microSD permite a gravação das imagens, enquanto a Micro USB possibilita o carregamento e a transferência de ficheiros.
Surfar as ondas A edição Surf da Session vem com suportes para prancha de surf incluídos e uma alça especial, para que possa usá-la com segurança entre as ondas. Há ainda um acessório opcional, o Floaty, que impede a câmara de se afundar caso se solte.
Gravar a ação
Seja criativo Além de poder gravar vídeo de alta resolução à velocidade normal ou em câmara lenta, pode fotografar uma série de imagens a 10 fotogramas por segundo ou criar um vídeo em time-lapse, captando em intervalos de 0,5 a 60 segundos.
Perspetiva pessoal O design pequeno e em forma de cubo da câmara, e o suporte de baixo perfil incluído permitem usá-la o mais perto possível do nível dos olhos – o que ajuda a captar a sua visão única da ação, para guardar e partilhar.
“A Session é muito fácil de usar, mas tem uma vasta gama de opções.”
Peso: 74 g
Resolução das fotos: 8 MP
Resolução do vídeo: Até 1920 x 1440z
Preço: € 219,99
Dimensões: 38 x 38 x 36,4 mm
À prova de água: Até 10 m de profundidade
Campo de visão: 170 graus
Características
Quero Saber | 023WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
SABIA QUE…
Saiba como um complexo sistema de canos faz circular a água numa casa.
Canalização doméstica
Conduta principal É um cano de plástico por norma com 7,6 a 10,2 centímetros de diâmetro, que leva os resíduos para a fossa séptica ou para o sistema de esgotos.
A viagem da água dentro de casa é impulsionada pela pressão e pela gravidade.
Do cano à torneira e à drenagem
Tubo de ventilaçãoUm tubo de ventilação sobe desde a conduta principal de esgotos até ao telhado, permitindo o escape dos maus cheiros.
Canos de esgotosOs despejos passam por canos de plástico, verticais ou angulados, deixando que a gravidade os leve para a conduta principal.
Controlo de pressãoO tubo de ventilação também
permite a passagem de ar para os canos de esgoto,
evitando a formação de vácuo, para que os resíduos
fluam livremente.
Sempre que abre uma torneira, espera ver um fluxo de água a correr, mas
alguma vez se interrogou de onde ela vem? A sua viagem começa através da chuva que cai do céu, recolhida em lagos, rios e no solo, e que depois passa por uma estação de tratamento para purificação. Daí, viaja para as nossas casas, passando por um contador que regista quanta água usamos, antes de chegar a um sistema inteligente de canalização que a leva até onde é precisa.
Por ser necessário chegar aos andares de cima e de baixo das casas, a pressão empurra a água pelos canos com força. É por isso que, quando um cano se rompe, o poderoso jato pode inundar rapidamente uma casa. Para evitar acidentes, é boa ideia saber onde estão as válvulas para desligar o fluxo de água em sua casa. A válvula principal desliga todo o fornecimento e está, normalmente, perto do contador, mas se o problema estiver confinado a uma zona em particular, a maioria dos lavatórios, banheiras e duches tem as suas próprias válvulas para travar fornecimentos individuais de água.
No entanto, a viagem da água não termina na torneira, visto que os excedentes que não usamos voltam a sair da casa. É por isso que todas as casas têm um sistema de drenagem/esgotos completamente separado do sistema de fornecimento que permite a entrada da água. Este sistema utiliza a gravidade, em vez da pressão, para mover a água, por isso os canos devem estar corretamente angulados para manter o fluxo à velocidade certa. Se a água correr muito devagar ou muito depressa, pode deixar detritos, como cabelos, sujidade ou papel, que podem mais tarde entupir os canos.
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT024 | Quero Saber
TECNOLOGIA
Os sifões evitam que o mau cheiro dos esgotos escape através da canalização?
Canalização doméstica Se olhar por baixo do lava-louça da cozinha, verá que o cano se dobra em U por baixo do ralo. Chama-se a isto um sifão e pode ser encontrado na maioria dos canos de esgoto de uma casa, com o papel fundamental de evitar que qualquer coisa suba através da canalização. Quando a água escoa do lava-louça, há força suficiente para empurrá-la através daquela dobra em direção ao cano de esgoto. No entanto, alguma da água fica para trás, enchendo e sifão e formando um “tampão”. Isto impede que os gases dos esgotos escapem pelo cano, evitando os maus cheiros e o transporte de bactérias nocivas pelo ar. Os sifões podem ser removidos para limpar quaisquer bloqueios. Nalguns casos, existe uma tampa no sifão que pode ser removida facilmente.
O papel do sifão Na canalização moderna é muitas vezes utilizado o chamado sistema DWV (drain-waste-vent) como parte do sistema de esgotos. O componente da ventilação é essencial para permitir a drenagem dos resíduos: sem a entrada de ar pelo telhado, formar-se-ia um vácuo no sistema de esgoto, que teria um efeito similar a colocar o dedo em cima de uma palhinha antes de a retirar de uma bebida. Até retirar o dedo, o vácuo mantém o líquido na palhinha, tal como o vácuo no sistema de esgoto reteria a água dentro do cano.
Sistema de ventilação
No interior de uma caldeira
Fornecimento de água A água é bombeada de uma conduta principal local, com pressão suficiente para viajar até aos andares de cima e não perder força nas curvas dos canos.
Linhas de fornecimentoSão, normalmente, feitas de cobre, com um diâmetro de 2,5 cm ou menos. Quanto mais largo for o cano, melhor é o fluxo.
Água fria Um cano leva a água fria diretamente para onde é necessária, como a sanita, as torneiras de água fria e as máquinas de lavar.
Água quenteUm segundo cano leva alguma da água fria para uma caldeira, que a aquece, sendo depois disponibilizada onde é necessária.
Tubo imersorA água fria entra
através da base do depósito, pelo cano
de fornecimento.
Vareta de ânodoUma vareta substituível de magnésio ou alumínio com
um núcleo de aço evita a corrosão do depósito.
TermóstatoControla a temperatura da água para que não
fique demasiado fria ou quente.
Elementos de aquecimentoAs caldeiras elétricas
têm elementos de aquecimento dentro
do depósito, enquanto as a gás têm um bico de gás ou queimador
na base.
Cano de água quente
Quando a água aquecida se eleva acima
da água fria, mais densa, atinge o cano que a leva para fora
da caldeira.
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Quero Saber | 025WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
SABIA QUE…
Apesar da sua aparência, uma ventoinha sem pás tem na mesma um pequeno ventilador escondido no corpo
principal. No entanto, a forma como produz um fluxo de ar fresco é bastante diferente da dos modelos comuns.
As pás de uma ventoinha tradicional entrecortam o ar enviado, criando um fluxo turbulento e muito ruído. Já o
ventilador sem pás produz um fluxo de ar suave e constante, que refresca de forma silenciosa. Além do fluxo de ar, este tipo de ventoinha
tem outras vantagens. São mais eficientes do ponto de vista energético do que o ar condicionado ou as ventoinhas tradicionais, e
são muito mais fáceis de limpar. Por não terem pás externas a girar, também não podem magoar
crianças curiosas.
A tecnologia inteligente que seca as mãos em segundos com jatos de ar a alta velocidade.
Alguns secadores de mãos expelem ar na sua direção a 640 km/h.
Amaioria dos secadores de mãos mais recentes contém um elemento de aquecimento que é ativado quando
se carrega num botão, ou através de um sensor de infravermelhos. As versões com infravermelhos são muito mais ecológicas porque evitam que o aquecedor fique a funcionar sem necessidade quando o utilizador se vai embora, poupando energia e dinheiro.
O elemento de aquecimento dentro do secador de mãos é composto por nicrómio (uma liga de níquel e crómio), que aquece o ar até 50 graus Celsius. Quando se forma o ar quente, este é rapidamente canalizado por um tubo e expelido a alta pressão para as mãos molhadas. A pressão do ar é suficiente para tirar a água das mãos, enquanto o calor seca a humidade.Existem preocupações sobre a higiene dos
secadores de mãos. As versões mais recentes têm filtros de partículas de ar altamente eficientes para remover 99,97 dos germes causadores de doenças do ar expelido. No entanto, alguns estudos demonstram que os secadores podem passar bactérias das mãos do utilizador para outras pessoas nas proximidades, caso este não as tenha lavado de forma adequada.
Entrada de arDentro do corpo principal do ventilador há um motor elétrico que suga o ar através de pequenas aberturas na base.
Como pode um círculo sem partes móveis criar uma brisa?
Ventiladores sem pás Secadores de mãos
Ilustração por Nicholas Forder
Cavidade de HelmholtzEste compartimento capta e dissipa o ruído do motor, mantendo o ventilador silencioso.
ImpulsorO impulsor de fluxo misto obriga o ar a fluir rapidamente e a alta pressão, aumentando a potência do ventilador.
Fluxo de ar amplificadoQuando o ar é expulso pela frente do ventilador, “puxa” mais ar da parte de trás e para os lados, amplificando o fluxo.
Propulsão O ar é disparado através de uma fenda de 1,3 mm, que o acelera a 88,5 km/h.
Silencioso mas potenteAs grandes ventoinhas convencionais são muitas vezes potentes, mas ruidosas. A última geração de ventiladores sem pás é silenciosa e potente; o melhor de dois mundos.
O segredo por detrás da tecnologia.
Como são por dentro?
As ventoinhas sem pás são mais eficientes do ponto de vista energético do que as tradicionais.
Tecnologia
www.QUEROSABER.SApO.pt026 | Quero Saber
Os guindastes são uma presença habitual nas cidades e um elemento essencial em qualquer construção, mas alguma
vez se interrogou sobre como chegam ao local? A única coisa capaz de construir uma estrutura com altura é um guindaste, por isso estas maravilhas da engenharia tem de se instalar no local da obra, apenas com alguma ajuda humana e mecânica.
A primeira fase da instalação de um guindaste implica colocar 180 toneladas de betão no solo para formar a base onde é cravado o mastro de aço. Isto ajuda a garantir a estabilidade da estrutura, que não deve abanar com o vento. Depois de assente o betão, um pequeno guindaste móvel é instalado como a primeira secção do mastro vertical e que liga no topo o braço horizontal, ou lança. A partir
daqui, o guindaste vai crescendo ao inserir novas secções até chegar à altura desejada.
Sem suporte, um guindaste típico pode atingir cerca de 80 metros de altura, mas podem registar-se a alturas superiores se o guindaste tiver o suporte do edifício. Quando a obra termina, este é desmantelado pelo processo inverso no próprio local.
O maior guindaste do mundo é o Kroll K10000 e foi concebido para construir centrais nucleares?
Os leitores de e-books utilizam papel eletrónico que contém tinta também eletrónica. Esta tinta é composta
por milhões de microcápsulas minúsculas, cada uma com o diâmetro de um cabelo humano, encerradas entre duas camadas de película transparente e elétrodos. Cada microcápsula contém partículas brancas positivamente carregadas e partículas pretas negativamente carregadas, suspensas num fluido claro. Quando o elétrodo por baixo das microcápsulas aplica uma carga elétrica negativa, as partículas pretas são repelidas do topo da cápsula, tornando a película por cima preta. Depois,
quando é aplicada uma carga positiva, as partículas brancas são repelidas, fazendo a película ficar branca. Ao aplicar a carga correta em diferentes pontos do ecrã, o texto preto e as imagens podem ser formados, com as microcápsulas a agirem como píxeis num ecrã de computador.
A maior vantagem de um ecrã de tinta eletrónica face a um LCD é não precisar de retroiluminação, visto que só é necessária energia quando o ecrã muda. Isto ajuda a prolongar o tempo de vida da bateria e ainda evita o cansaço dos olhos, tipicamente causado pela longa exposição a ecrãs retroiluminados.
A incrível engenharia que permite que os guindastes sejam instalados no local.
Como se fazem os guindastes?
Conheça o ecrã inteligente do seu leitor de e-books.Tinta eletrónica
Como um guindaste cresce com o edifício em construção.
Plataforma escalávelUm guindaste móvel monta a base do mastro e suporta no topo uma plataforma hidráulica escalável.
Lança e cabinaA cabina do operador e a lança são ligadas no topo da plataforma hidráulica escalável.
Peso aumentadoA nova secção desliza através da plataforma escalável e é aparafusada pelos trabalhadores da construção.
Conectores hidráulicos Quando o guindaste tem de crescer, os conectores hidráulicos sobem a plataforma escalável, criando espaço para uma nova secção no mastro.
Nova secção O guindaste levanta a nova secção à altura da plataforma escalável.
Chegar mais alto
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Uma micrografia colorida de tinta eletrónica mostra as microcápsulas (verde) numa camada de película (laranja).
Os maiores guindastes podem levantar cargas de até 20 toneladas.
Quero Saber | 027www.querOsaber.sapO.pt
SABIA QUE…
A TECNOLOGIA INCRÍVEL QUE VAI TORNAR-NOS MAIS FORTES, SAUDÁVEIS E PERMITIR-NOS VIVER MAIS.
DE PRÓXIMACORPO HUMANO
GERAÇÃO
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT028 | Quero Saber
CIÊNCIA
Restos mortais encontrados na Etiópia, com cerca de 195 mil anos, correspondem aos primeiros homens modernos?
Não satisfeitos com a espera pela seleção natural dos seres humanos mais resistentes a agentes patogénicos
mortais, desenvolvemos o saneamento, aprendemos como funciona o sistema imunitário e inventámos as vacinas. Criámos implantes de baixa fricção feitos de ligas metálicas e plásticas para substituir articulações desgastadas, pacemakers que mantêm a frequência cardíaca e um arsenal de técnicas cirúrgicas para reparar o corpo quando algo não funciona corretamente. Mudámos completamente os nossos ambientes com tecnologia e infraestruturas e, neste processo, alterámos a rota da evolução, desafiando as regras da seleção natural. Mas será que todos estes avanços técnicos impediram os seres humanos de evoluírem completamente?
Este é um tópico de debate na comunidade científica. Em 2013, David Attenborough disse ao Radio Times que considerava que os seres humanos não iam mudar: “Somos a única espécie que pôs um travão à seleção natural por livre vontade.” E justificou, dizendo que somos hoje capazes de garantir que até 99 por cento dos bebés sobrevivem, o que significa que os normais processos de seleção natural já não dominam. Alguns cientistas sugerem que,
neste novo ambiente, feito para os seres humanos, estamos a adaptar-nos cultural e não geneticamente.
No entanto, em muitas parte do mundo, a sobrevivência à infância é mais escassa e muitos argumentam que, nesses locais, a pressão da seleção natural ainda funciona. Por exemplo, estima-se que a malária tenha matado 584 mil pessoas em 2013, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Noventa por cento destas pessoas viviam em África e a maioria tinha menos de cinco anos de idade. Em zonas onde o paludismo é endémico, há uma maior incidência de uma doença genética chamada anemia falciforme e pensa-se que o paludismo será a sua causa. A anemia falciforme é provocada por uma deficiência no gene para a hemoglobina – o pigmento vermelho que transporta o oxigénio no sangue. As pessoas com duas cópias defeituosas do gene ficam muito doentes, mas as que só têm uma ficam protegidas contra a malária, o que as ajuda a sobreviver até à idade adulta e a passarem os genes.
Mas o que vai acontecer no futuro? Chegaremos ao dia em que a tecnologia será tão avançada que poderemos defender, melhorar e reparar os nossos corpos? Nas próximas páginas, mergulhamos na ciência do corpo humano da próxima geração.
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Como mudou o homem?Os seres humanos têm uma longa história evolutiva mas, mesmo nos últimos cem mil anos, houve algumas mudanças significativas. Há 60 mil anos, um homem típico media cerca de 1,83 metros de altura, mas há dez mil anos, este número já tinha baixado para 1,63 metros. As alterações climáticas e a introdução da agricultura colocaram uma pressão evolutiva sobre a população humana, e só os que se adaptaram ao novo estilo de vida sobreviveram.
O ambiente desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da nossa história evolutiva à medida que as pessoas se espalharam pelo mundo, com diferentes cores de pele, formas faciais e tipos de cabelo a provarem as suas vantagens em cada tipo de habitat. Até a migração para as cidades modelou a evolução humana; a vida em proximidade aumentou o potencial de transmissão de doenças, matando alguns membros da população antes que estes tivessem a possibilidade de transmitir os seus genes para as gerações seguintes.
Hoje, com cuidados de saúde e dieta melhorados, os seres humanos estão novamente a ficar mais altos e as vacinas
permitem controlar algumas doenças infecciosas. Surpreendentemente, talvez, os nossos cérebros estão menores do que antes. Perdemos cerca de um décimo do tamanho do cérebro e a maioria deste decréscimo ocorreu nos últimos seis mil anos.
Estes fragmentos de caveira humana encontrados na Etiópia têm mais
de cem mil anos.
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SABIA QUE…
A molécula da juventude
Ligar neurónios
Os segredos do envelhecimento são perseguidos por cientistas de todo o mundo, e parece que alguns estão perto de obter respostas. Quando envelhecemos, as nossas células estaminais tornam-se disfuncionais e menos capazes de reparar tecidos lesados. Investigadores da Universidade da Califórnia em Berkeley estão a tentar descobrir porquê e creem que um dos culpados será uma molécula chamada TGF-beta1. Ao usar um pequeno fármaco molecular para bloquear a TGF-beta1 em ratinhos, as células estaminais nos músculos e cérebros dos animais comportaram-se de forma mais rejuvenescida.
Cientistas da Universidade de Stanford descobriram o que pode ser um “interruptor” de on/off para o crescimento de novas ligações no cérebro. A molécula, chamada PirB, existe à superfície dos neurónios e, em condições normais, nada acontece. Mas quando outras moléculas aderem à PirB, esta envia um sinal que impede a formação de novas ligações. A equipa fez uma versão “de engodo” da PirB para captar as moléculas em ligação, reativando a formação de sinapses.
Avanços na biologia estão a permitir aos cientistas modificarem o corpo humano.
COMO A CIÊNCIA PODE FORMAR SUPER-HUMANOS
Antes da era da medicina moderna, não éramos impotentes face às falhas do corpo humano, mas hoje podemos intervir nelas. De alguma forma, já somos super-humanos. Doenças que foram pragas para os nossos antepassados são hoje mortas à nascença por vacinas e milhões de pessoas vivem com tecnologia implantada nos ouvidos, olhos ou coração. A precisão cirúrgica pode reparar delicadas estruturas interiores do corpo e as técnicas genéticas começam a permitir-nos prever e prevenir doenças, além de criar novos tratamentos.
Com o avanço da tecnologia, as oportunidades de melhorar a nossa biologia
estão a crescer a uma velocidade sem precedentes e as tecnologias do futuro têm o potencial de levar o corpo humano além do que a própria natureza planeou. Os investigadores da ciência do envelhecimento esperam poder atrasar, deter ou até reverter este processo e os cientistas que trabalham em regeneração e reparação estão a desenvolver formas de curar lesões outrora irreversíveis.
Ainda não sabemos se estas ambições serão possíveis de concretizar, mas estamos a ganhar cada vez maior controlo sobre a nossa biologia, ao passo que a ciência continua a ter potencial para nos tornar mais adaptados, rápidos, fortes e inteligentes do que antes.
Se o “engodo” da PirB funcionar no ser humano, poderá ser usado para restaurar a visão ou ajudar a regenerar o cérebro após um AVC.
Músculos de laboratórioCientistas da Universidade Estadual do Ohio e do Centro de Terapia Genética do Nationwide Children’s Hospital (EUA) estão a observar os efeitos de duas moléculas envolvidas no crescimento muscular. Normalmente, a miostatina inibe o crescimento muscular e a folistatina bloqueia a sua ação, promovendo o desenvolvimento dos músculos.
As pessoas e animais com falhas genéticas no gene da miostatina têm músculos maiores do que o normal, por isso os cientistas quiseram saber se aumentar a quantidade de folistatina para inibir a miostatina teria o mesmo efeito. Usaram terapia genética para
injetar genes de folistatina nos músculos de macacos, e estes cresceram em força e tamanho na ordem dos 25 por cento.
A superforça é boa, mas a super-regeneração é muito melhor. Investigadores da Universidade de Duke estão a criar técnicas para desenvolver músculos em laboratório; com uma atenção especial na recriação do ambiente único onde as células estaminais podem sobreviver, o seu tecido é capaz de se autorreparar quando lesado. O próximo passo é descobrir se consegue obter o seu próprio fornecimento de sangue e ligar-se aos nervos de um recetor vivo.
O que acontece aos nossos músculos quando envelhecemos – e podemos travá-lo?
Reverter o processo de envelhecimento
1. LesãoAs lesões nos músculos libertam sinais químicos que alertam células na área em redor.
Geração de fibras musculares
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2. Células estaminaisO músculo tem a sua própria população de células estaminais (células satélite), que podem dividir-se para formar novas células musculares.
4. EnvelhecimentoAs células satélite deixam de funcionar. Já não se dividem em resposta a lesões e os músculos não podem ser reparados.
5. Reverter o declínioCientistas em Espanha identificaram o interruptor molecular responsável e descobriram que bloqueá-lo em ratinhos faz com que as células estaminais retomem a regeneração.
3. ReparaçãoAs células satélite formam novas células musculares, ajudando a reparar a fibra muscular lesada.
A TGF-beta1 é uma proteína envolvida no crescimento e divisão das células.
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Células estaminais
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CIÊNCIA
Antes de haver uma vacina, 2,6 milhões de pessoas morriam de sarampo todos os anos? Hoje são menos de 200 mil.
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Alterar os genesA terapia genética, que permite corrigir genes defeituosos, tem o potencial de mudar as nossas vidas. No entanto, ainda é preciso ultrapassar alguns obstáculos científicos e éticos.
Na década de 1990, cientistas desenvolveram um vírus que, em vez de causar doença, podia introduzir cópias saudáveis de um gene no corpo de crianças com Imunodeficiência Combinada Severa. Testes preliminares demonstraram que o tratamento podia combater a doença com sucesso, mas algumas das crianças a quem foi administrado o tratamento desenvolveram leucemia. Tal aconteceu porque quando um
vírus introduz um gene numa célula humana, aloja-o no ADN existente. Todavia, a posição que escolhe não é sempre previsível. Se o gene for inserido no meio de uma região importante de ADN, pode causar sérios problemas de saúde.
Temos ainda muito a aprender sobre a ciência e tecnologia de manipulação dos genes, mas será mais fácil alterá-los no futuro. No entanto, as consequências deste avanço científico são desconhecidas e existe muito debate académico, ético e político sobre a manipulação dos nossos genes ou dos de crianças ainda por nascer.
O futuro da medicinaA esperança média de vida do ser humano rondou os 40 anos durante centenas de anos até ao século XIX, quando algo mudou. A Revolução Industrial avançou e a ciência e a tecnologia transformaram a forma como vivemos.
Já melhorámos a nossa realidade com saneamento, vacinação, antibióticos, imagiologia médica e um enorme conjunto de outras inovações; e, à medida que a tecnologia
se desenvolve e a nossa compreensão do corpo humano aumenta, há lugar para mudanças ainda mais drásticas.
Por exemplo, a tecnologia wearable está apenas a começar, mas os gadgets que hoje contam os passos e os batimentos do coração podem um dia ajudar a monitorizar todos os sinais vitais. Estão a ser desenvolvidos sensores biométricos para usar dentro da roupa, ou implantados, que um dia
poderão fornecer informação em tempo real sobre o estado da nossa saúde. A tecnologia de laboratório está também a mudar a forma como desenvolvemos medicamentos. Com as últimas técnicas genéticas para identificar e assinalar causas de doenças, os cientistas estão a desenvolver “fármacos de precisão”. No futuro, espera-se que os doentes recebam tratamentos baseados nos seus próprios genes.
Ciência salva-vidas
Estão a decorrer enormes projetos internacionais para
desenredar as ligações entre a genética e a doença.
CurasAs vacinas protegem milhões contra infeções como o sarampo e o HPV (que provoca cancro) e já erradicaram a varíola em todo o mundo. Os cientistas estão a desenvolver vacinas para erradicar a poliomielite, o VIH, a malária e muitas outras doenças.
EducaçãoAvanços na investigação
médica e na tecnologia de comunicações fazem com que tenhamos acesso a mais
informação do que nunca. Quanto mais sabemos sobre o funcionamento do corpo, mais
bem preparados estamos para cuidar dele.
Melhores medicamentos
Quanto mais aprendemos sobre o corpo humano, melhores
nos tornamos a adequar os fármacos a problemas
específicos. Com os avanços da genética, cientistas
e médicos estão a projetar medicamentos personalizados
para cada doente.
DietaEnormes estudos populacionais – como o estudo internacional EPIC, que monitoriza 521 mil pessoas – analisam os efeitos da dieta no risco de incidência de várias doenças, ajudando as pessoas a tomarem decisões informadas sobre o que comem.
“Quanto mais sabemos sobre o funcionamento do corpo, mais bem preparados estamos para cuidar dele.”
Técnicas cirúrgicas
avançadasSistemas de cirurgia robótica
sofisticados estão a ser desenvolvidos para permitir
procedimentos complexos sem que o cirurgião esteja
na presença do doente, e avanços na tecnologia
de imagem permitem uma precisão minuciosa.
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Em 2012, o Governo Federal dos EUA gastou $ 580 milhões em investigação médica e protética para veteranos de guerra?
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As moléculas que ajudam a proteger o corpo.
Os antioxidantes explicados
Os antioxidantes fazem bem porque combatem o excesso de moléculas conhecidas por radicais livres,
presentes nas células. Trata-se de moléculas instáveis produzidas durante os processos celulares naturais, mas também oriundas de fontes externas, como o fumo do tabaco e os alimentos processados. Os radicais livres desempenham um papel muito importante na nossa biologia, mas em excesso não são bons. Têm um número instável de eletrões e, para compensar, tentam retirá-los de outras moléculas na célula. O resultado são mais moléculas instáveis, criando um efeito de dominó. Quando moléculas importantes como o ADN são alteradas, pode haver problemas.
Para combater este efeito, existem os antioxidantes – teoricamente, estas substâncias conseguem neutralizar os radicais livres fornecendo os eletrões necessários para estabilizar as moléculas ou decompondo e eliminando os radicais. O nosso corpo contém enzimas que atuam como antioxidantes, mas não consegue sintetizar todas, por isso obtemos os restantes da dieta.
Como os antioxidantes criam o equilíbrio perfeito no interior das células do corpo.
Neutralizar os radicais livres
OxidaçãoOs radicais livres são
um subproduto natural da metabolização de
substâncias pelas células para produzir energia.
Ladrões de eletrõesQuando os radicais livres alteram de forma adversa lípidos, proteínas ou ADN, podem surgir doenças.
Tipos de antioxidantesOs antioxidantes endógenos são os criados pelo corpo. Os exógenos são os que vêm dos alimentos que ingerimos.
AtuaçãoOs antioxidantes estabilizam o radical livre ou fornecendo um eletrão, ou eliminando por completo o radical.
Equilíbrio delicadoSe a produção de radicais livres sobrecarregar de forma drástica os antioxidantes que os removem, o organismo entra em stress oxidativo.
Stress oxidativoPode contribuir para diversas patologias, incluindo a doença de Parkinson e outras perturbações neurológicas.
Processo de envelhecimento
Uma teoria explica o envelhecimento pela
acumulação de lesões causadas pelos radicais
livres nas nossas células ao longo
do tempo.Os antioxidantes encontram-se em vários alimentos,
e até no café e no chocolate negro.
Goste ou não, saiba como se produz este odor distintivo.A que cheiram os livros novos?
Não há nada como comprar um novo livro e sentir aquele cheiro vindo das páginas. Mas o que é esse cheiro?
Em volumes que acabam de ser impressos, este odor é causado pelos químicos utilizados na produção. Estes químicos reagem uns com os outros e com o ambiente, libertando compostos orgânicos voláteis que são aquilo que cheiramos.
É difícil determinar os fatores exatos que provocam o cheiro dos livros novos, visto que são utilizados milhares de químicos diferentes.
Quando o papel é produzido, é tratado para acabamentos específicos; por exemplo, é utilizado peróxido de hidrogénio para branquear as fibras e hidróxido de sódio para intensificar o pH.
Na impressão, a tinta para as letras e imagens também deixa a sua assinatura química. Depois quando o livro é montado, são usadas colas, como acetato de etileno-vinilo, para juntar as páginas. Todos estes químicos contribuem para o aroma distintivo dos livros novos.
O cheiro dos livros novos é um complexo cocktail de compostos químicos.
www.QUEROSABER.SApO.pt034 | Quero Saber
ciência
Estudos sugerem que quem se encoleriza com frequência sofre um maior risco de ataque cardíaco?SABIA QUE...
Ao que sabemos, a ira é uma das emoções mais antigas e primitivas. Crê-se que foi “programada” no nosso cérebro há
muitos milhares de anos, para ajudar-nos a sobreviver nos tempos difíceis. Nessa época, recursos como abrigo, alimentos e potenciais parceiros eram relativamente escassos. A ira era, assim, uma emoção vital, dando aos nossos antepassados o impulso e o poder necessários para sobreviverem quando a sua segurança ou as hipóteses de acasalar eram ameaçadas.
Embora as nossas vidas não estejam em perigo com tanta frequência como a dos nossos antepassados, o cérebro ainda reage a certos
Como se sobrepõe esta emoção primária aos processos de pensamento normais?
A ciência da ira
Descubra como o cérebro processa a ira e o que acontece ao corpo como resultado.
No interior do cérebro
Muitos veem a ira como uma emoção negativa que gasta energia e não traz benefícios. Mas tal como todas as emoções humanas, a ira desenvolveu-se para servir um propósito evolutivo.
Dito isto, enfurecer-se só terá um efeito positivo se usado da forma correta. Se nos sentarmos e debatermos a razão pela qual algo ou alguém nos encolerizou, então a ira está a funcionar do modo certo; já se não conseguirmos regular a nossa resposta, é improvável que a situação melhore no longo prazo.
Estudos mostram que libertar a ira de modo racional é realmente salutar. Por outro lado, sabe-se que acumular ira afeta negativamente algumas pessoas, podendo conduzir à depressão. A ira constante, crónica, pode causar hipertensão e outras doenças cardiovasculares.
Sentir ira pode ser benéfico?
desencadeadores da ira, como ser tratado injustamente. Assim que alguém nos grita ou lança um olhar enfurecido, a amígdala no cérebro faz soar o alerta, induzindo a libertação de duas hormonas chave – adrenalina e testosterona –, que preparam o corpo para a agressão física.
Tal como a amígdala, o córtex pré-frontal também é ativado pelo evento desencadeador. Esta área do cérebro é responsável pela tomada de decisões e pelo raciocínio, garantindo que não reagimos de forma irracional. Segundo alguns estudos, o tempo entre a ira inicial e a resposta mais ponderada do córtex pré-frontal
é de menos de dois segundos – o que explicaria a popularidade do ancestral conselho para contar até dez se sentirmos o sangue a ferver…
É amplamente aceite que homens e mulheres sentem a ira de forma diferente. As mulheres são mais suscetíveis de sentirem a ira a acumular-se lentamente, o que leva tempo a difundir-se, enquanto os homens são mais suscetíveis de descreverem o sentimento como um incêndio a grassar dentro de si, que se acalma rapidamente. Crê-se que esta diferença se deve ao facto de o homem ter uma amígdala maior do que a mulher e que seja por isso que, estatisticamente, é mais propenso à agressão.
Explicar porque é que algo nos encolerizou é muito mais passível de resolver o problema do que explodir de raiva.
Ranger os dentesToda a gente tem respostas físicas diferentes à ira, mas as reações mais comuns incluem ranger os dentes, cerrar os punhos e retesar os músculos.
Córtex pré-frontalA área do cérebro responsável pela tomada de decisões também é ativada e atua para contrabalançar a reação potencialmente precipitada promovida pela amígdala.
Rubor O aumento de adrenalina, ou epinefrina, provoca a dilatação dos vasos sanguíneos, para melhorar o fluxo sanguíneo. A dilatação das veias da face pode fazer-nos corar.
AmígdalaA amígdala
alerta o corpo, preparando-o para
uma potencial ação. Envia sinais
às glândulas suprarrenais para
que produzam adrenalina.
Evento desencadeadorObservar ou ouvir um evento desencadeador pode provocar uma resposta de ira por parte da amígdala em apenas um quarto de segundo.
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Quero Saber | 035www.quErosabEr.sapo.pt
Oacelerador de partículas mais potente do mundo está de volta – e melhor do que nunca. Depois de ter sido
desligado por dois anos para reparações e manutenção, o Large Hadron Collider (LHC) – Grande Colisor de Hadrões, em português – está a acelerar partículas com uma energia total recorde de 13 teraeletrões-volts (TeV), quase o dobro da utilizada em 2013.
Investigadores do CERN, a organização responsável pelo LHC, esperam que este vasto incremento de energia permita estudos mais intricados do bosão de Higgs – uma partícula que poderá explicar porque é que a matéria tem massa –, descoberto em 2012. O aumento da energia dos feixes de partículas deverá significar que os bosões de Higgs são gerados com mais frequência (dez vezes mais do que com o LHC de primeira geração), ajudando os investigadores a medi-los com maior precisão e a examinar os seus raros decaimentos. Além disso, os cientistas esperam que um acelerador mais potente permita conduzir com segurança experiências mais extremas, que possam simular melhor as condições dos primórdios do Universo.
Em julho de 2015, foi descoberta (mais) uma nova classe de partículas no LHC: os pentaquarks. Além do caráter inédito, a observação deu aos investigadores uma nova forma de agrupar os quarks (as partículas constituintes dos protões e dos neutrões) num novo padrão – o que, por seu turno, poderá ajudar-nos a compreender como se formam estas partículas subatómicas.
Os físicos também têm na mira a descoberta da matéria escura, que compõe 85% de toda a matéria do Universo, mas cuja natureza é desconhecida – só sabemos que existe devido aos seus efeitos gravitacionais, que suportam o Universo. Os cientistas têm teorias sobre as características das partículas requeridas pela matéria escura, mas pode ser que encontrem algo completamente diferente. É isto que torna as experiências do LHC tão entusiasmantes; ninguém sabe realmente o que se vai descobrir até 2018, altura em que haverá novos upgrades.
Os upgrades e as descobertas do acelerador de partículas mais potente do planeta.
Large Hadron Collider 2.0
Sistema de refrigeração melhoradoOs magnetos especializados do LHC têm de ser mantidos muito frios, o que levou a um melhoramento do sistema criogénico responsável pela refrigeração.
Ligações mais robustasMais de dez mil derivações de metal foram instaladas nas muitas interligações elétricas entre os magnetos do LHC, protegendo-os em caso de falhas.
Vácuo seguroPara evitar que nuvens de eletrões interfiram com os feixes, o “tubo” por onde passam tem um revestimento especial de uma substância não evaporável capaz de absorver eletrões.
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT036 | Quero Saber
CIÊNCIA
“ Espera-se que este vasto incremento de energia permita estudos mais intricados do bosão de Higgs.”
Quando o túnel de 27 km foi escavado, as duas extremidades encontraram-se com um erro de apenas 1 cm?
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Feixes de energia mais elevadaUm dos melhoramentos mais significativos é a energia das colisões, que é hoje de 13 teraeletrões-volts, face a oito teraeletrões-volts em 2012.
Feixes mais estreitosComo a largura dos feixes diminui quando se aumenta a energia, os feixes do LHC são agora mais estreitamente focados para permitir um maior número de colisões e interações durante as experiências.
Há vários layouts possíveis para os cinco quarks de um pentaquark; é precisa mais investigação para determinar a sua estrutura exata.
Quero Saber | 037WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
SABIA QUE…
O segredo por detrás de um dos materiais mais resistentes da Natureza.
O que é a queratina?
Aqueratina é uma proteína presente tanto no ser humano como noutros animais. Existem dois tipos principais e cada
um tem uma estrutura ligeiramente diferente. A alfa-queratina, principal componente estrutural do cabelo, pele, unhas, cascos e da lã dos animais tem uma forma helicoidal; a beta-queratina, mais forte, presente nos bicos das aves e nas escamas dos répteis, é composta por camadas paralelas. Ambas são constituídas por aminoácidos – os blocos de construção de todas as proteínas que formam uma grande proporção das nossas células, músculos e outros tecidos.
A flexibilidade da queratina depende da proporção dos diferentes aminoácidos presentes. Um em particular, a cisteína, é responsável pela formação de pontes de dissulfeto que ligam a queratina e lhe conferem força. Quanta mais cisteína a queratina contiver, mais fortes serão as ligações, pelo que existe em maior quantidade nos cascos e unhas do que no cabelo, macio e flexível. É o enxofre no interior da cisteína que cria o odor forte do cabelo ou unhas queimados.
O cabelo encaracolado tem mais ligações entre os aminoácidos da cadeia proteica que compõe a queratina.
Como esta proteína forma o cabelo.
Hélice alfaA queratina é composta por hélices de aminoácidos unidos por ligações peptídicas, formando cadeias polipeptídicas.
Alfa-queratina
ProtofibrilaTrês hélices alfa enrolam-se para formar uma protofibrila, o primeiro passo na criação de uma fibra de cabelo.
MicrofibrilaUma fibrila de 11 feixes é formada por nove protofibrilas que se juntam num círculo em torno de mais dois feixes de protofibrilas.
MacrofibrilaCentenas de microfibrilas reúnem-se numa estrutura irregular para criar uma macrofibrila.
Célula capilarEstas macrofibrilas unem-se no interior das células capilares, formando o corpo principal da fibra capilar, chamado córtex.
De células cutâneas a rochas espaciais, uma longa lista de partículas jaz em sua casa.
No interior do pó
Éum mito que o pó das nossas casas seja composto apenas por pele morta. Na realidade, contém em média nove mil
espécies diferentes de micróbios, juntamente com uma poção poeirenta de pelos de animais, pólen, insetos em decomposição, fibras de tecido e muito mais. E a maioria vem do exterior, soprada através de janelas e portas abertas ou transportada na nossa roupa e sapatos. O resto vem diretamente das pessoas, animais e objetos dentro da casa.
Milhares de espécies diferentes de bactérias e fungos estão por norma presentes no pó, assim como criaturas minúsculas chamadas ácaros do pó, que produzem alergénios. Todavia, também é possível encontrar algo mais precioso: descobriu-se que o pó contém partículas minúsculas de poeira espacial chamadas micrometeoritos, outrora parte de cometas e asteroides – que deverá conseguir recolher usando um íman muito potente.
Micrografia a cores, captada por um microscópio eletrónico
de varrimento, de pó doméstico contendo pelo de
animais de estimação, restos de insetos e pólen.
O pó doméstico é maioritariamente inofensivo e 80% pode ser removido com uma limpeza regular.
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ciência
038 | Quero Saber
A massa lêveda é feita com levedura captada do ar e mantida viva numa mistura de água e farinha? Sabia QUE...
Os hieróglifos dos antigos egípcios mostram que os seres humanos fazem pão
há milhares de anos. As primeiras tentativas consistiam numa mistura de trigo moído e água que era deixada a endurecer ao Sol. É possível que uma mistura tenha sido deixada por mais tempo do que o habitual, permitindo que fermentos naturais levassem o pão a levedar. O crescimento do pão terá levado os egípcios a tentar isolar a levedura, de forma a que pudesse ser acrescentada a todas as “fornadas”. Este ingrediente chave é apenas uma parte dos incríveis processos químicos e biológicos que criam um alimento apreciado em todo o mundo. Saiba como produzi-lo em sua casa.
Descubra como a química e a biologia ajudam a criar o pão perfeito.
Como se faz o pão?
Passo a passo para aproveitar o poder do fermento para criar uma textura leve e fofa.
Misturar os ingredientes Deite farinha, fermento, sal e água num recipiente e misture-os para criar a massa. A farinha contém proteínas chamadas glutenina e gliadina que, quando combinadas com água, se ligam para formar glúten. Este dá à massa a sua elasticidade e ao pão a sua textura relativamente densa.
Amassar Coloque a massa numa superfície polvilhada de farinha e pressione-a com a palma da mão antes de a dobrar num ângulo de 90 graus. Repita o processo várias vezes. Isto ajuda a formar o glúten, garantindo que a água e a farinha são misturadas de forma homogénea. Pode parar de amassar quando a massa estiver suave e elástica.
Deixar crescerColoque a massa num recipiente limpo e cubra-o com película aderente ou um saco de plástico apertado. A levedura – um organismo vivo unicelular – alimenta-se do açúcar da farinha e produz dióxido de carbono como subproduto. O dióxido de carbono, no estado gasoso, fica retido na estrutura do glúten na massa e forma bolhas, fazendo-a crescer.
Voltar a amassarQuando a massa duplicar de tamanho, retire-a do recipiente e amasse-a gentilmente. Isto irá eliminar as maiores bolhas de ar dentro da massa e assegurar que as bolhas mais pequenas são distribuídas de forma homogénea. Agora, deixe a massa repousar novamente para duplicar outra vez de tamanho enquanto o fermento continua a atuar.
Cozer no fornoNo forno, o calor acelera a atividade do fermento e faz com que os gases se expandam, criando mais bolhas de ar e aumentando o seu tamanho. Por fim, a levedura morre e o glúten e o amido solidificam, impedindo que a massa cresça mais. O centro do pão fica leve e fofo, ao passo que os açúcares à superfície caramelizam, formando uma côdea acastanhada.
Fazer pão com ciência
O que é o fermento?
Por norma, a levedura ou fermento de padeiro é uma espécie chamada Saccharomyces cerevisiae, também usada na cerveja.
Componentes básicos que atuam em conjunto para criar o pão.
Ingredientes do pão
FermentoA levedura utiliza o açúcar para produzir dióxido de carbono, que dá ao pão uma textura leve e arejada.
FarinhaA farinha reage com a água para formar glúten e fornece açúcar ao fermento para dar energia.
SalO sal adiciona sabor, mas se for em excesso, diminui a atividade da levedura.
ÁguaA água ativa o fermento e ajuda a ligar as proteínas da farinha para formar glúten.
Quero Saber | 039www.querosAber.sApo.pt
É estranho pensar que se adiciona um organismo vivo à massa do pão, principalmente se considerarmos que se trata de um fungo. No entanto, os pacotes de fermento que compramos no supermercado contêm uma espécie diferente daquelas que causam infeções! Muitas vezes, o fermento de padeiro vem em cápsulas compostas por levedura seca. Quando estas cápsulas entram em contacto com a humidade, o revestimento dissolve-se para libertar a levedura viva no interior. A levedura começa a atuar alimentando-se do açúcar criado pelas enzimas que digerem o amido da farinha. Além de dióxido de carbono, este processo produz álcool, que queima durante a cozedura, deixando um sabor ligeiramente amargo. O fermento funciona melhor em temperaturas altas, por isso a massa deve ser deixada a crescer num local quente. Todavia, deve ser tapada, para evitar que a humidade evapore.
Esteja a tentar chegar ao nível seguinte de Angry Birds ou a enviar mensagens cheias de smileys para os seus amigos, olhar para
o smartphone por longos períodos de tempo pode provocar sérias lesões no pescoço.
Tendemos a segurar no telemóvel à altura do tórax ou da cintura, por isso inclinamos a cabeça para a frente para ver o ecrã. Isto não causa nenhum problema se for ver uma mensagem ocasional ou a app da meteorologia, mas a situação piora quando pensamos que os utilizadores de smartphones usam-nos de duas a quatro horas por dia – o equivalente a um ou dois meses por ano.
O peso médio da cabeça de um ser humano é de 5,4 quilogramas, mas quando inclinada para baixo, o peso efetivo aplicado sobre a coluna
vertebral aumenta – o que pode colocar imensa tensão sobre o pescoço, contraindo os músculos e comprimindo os nervos, o que provoca dores intensas e espasmos. Os médicos recomendam pausas regulares na utilização do smartphone e alongamentos do pescoço, ou mesmo trocar as mensagens por chamadas.
Como olhar para o smartphone pode afetar a coluna.
Descubra a física que permite colar o papel de embrulho.
Como o peso aplicado na coluna
muda à medida que inclina a cabeça.
Micrografia captada por um microscópio eletrónico de varrimento do lado adesivo de uma fita-cola.
Olhar para baixo ao utilizar o telemóvel ou tablet coloca uma
surpreendente tensão sobre o seu pescoço.
Dores no pescoço
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27,2 kgPeso aplicado sobre a coluna
Como funciona a fita-cola?
“Os médicos recomendam pausas na utilização do smartphone e alongamentos do pescoço.”
A síndrome do “pescoço de SMS”
ciência
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Oadesivo da fita-cola é um material viscoelástico, o que significa que se comporta como um sólido e como um
líquido em simultâneo. Quando lhe aplica pressão, flui como um líquido, encontrando pequenas falhas na superfície a que se cola. Quando liberta a pressão, volta a atuar como um sólido, o que lhe permite “fixar-se” a essas falhas da mesma forma que as peças de um puzzle se encaixam no devido local.
No entanto, ainda antes de aplicar pressão, há outra força que já está a ser aplicada. As moléculas do adesivo são dipolares, o que significa que têm um lado com carga positiva e outro com carga negativa. Isto faz com que as moléculas atuem como minúsculos ímanes, criando uma atração eletrostática quando entram em contacto com outra superfície. Estas fracas ligações de aderência são conhecidas como forças de van der Waals, e também são usadas pelos gecos para aderirem às paredes. Quando puxa a fita, a ligação é quebrada, mas continua a funcionar uma e outra vez até que a superfície adesiva fique demasiado saturada de pó e impurezas.
A maior imagem de fogo de artifício já criada era uma réplica da bandeira dos EAU com 65,5 m2, em março de 2015?
Os atuais fogos de artifício podem explodir sob a forma de corações, caras sorridentes ou até representações do
planeta Saturno. A forma vem do invólucro do fogo de artifício e da organização das estrelas explosivas/pirotécnicas no respetivo interior. Muitas vezes, os invólucros são esféricos, por isso tendem a explodir de forma simétrica. Organizar as estrelas na forma desejada numa folha de cartão dentro do invólucro faz com que expludam nesse padrão.
Os fabricantes também utilizam invólucros com vários compartimentos dentro, muitas vezes com estrelas de várias cores e composições. Quando colocadas e detonadas numa ordem específica, elas explodem numa sequência para criar padrões reconhecíveis no céu. No entanto, esta não é uma ciência exata; muitas vezes são disparadas cópias do mesmo fogo até que pelo menos um crie a forma desejada na linha de vista da audiência.
A química por detrás destes espetaculares padrões no céu.
Como é que o fogo de artifício cria formas?
Os metais pulverizados reagem com o oxigénio para produzir óxidos metálicos, que queimam com cores específicas.
A composição química do fogo de artifício consiste em três importantes componentes: um oxidante, um aglutinante e um combustível metálico. Estas três substâncias estão ligadas numa pasta, que vai revestir o ferro que forma o corpo principal do fogo de artifício.
É essencial que haja um metal pulverizado porque ajuda a produzir as faíscas que provocam o efeito de brilho cintilante e proporcionam as cores. O alumínio, o titânio e o magnésio produzem centelhas brancas e brilhantes, enquanto o ferro queima num tom laranja característico. Quando ferro e titânio são combinados, formam uma liga chamada ferrotitânio, que produz faíscas douradas.
Para outras cores, podem ser adicionados sais de vários metais, o que é uma técnica comum para criar fogos de artifício coloridos. Os sais de cobre criam um verde azulado, os de bário criam verde e os de estrôncio criam vermelho.
Ciência cintilante
Os primeiros fogos de artifício com padrões surgiram no início da década de 1990 para dar
as boas-vindas às tropas norte-americanas.
Saiba como o design interno afeta a forma da explosão.Dentro de um fogo de artifício
Organização das estrelasSão adicionados diferentes químicos para criar diversas cores, enquanto a forma é determinada pela organização das pequenas estrelas combustíveis.
PólvoraTambém conhecida por pólvora preta, fornece a força explosiva que inflama as estrelas e as lança em todas as direções.
Detonador O detonador inicial inflama um outro, mais pequeno, dentro do fogo de artifício. Em exibições públicas, são acesos por contactos elétricos.
Carga de elevaçãoA explosão inicial atira o invólucro ao ar sem detonar o compartimento principal.
Carga explosivaEsta estrutura central produz uma grande e rápida explosão, que rebenta todo o compartimento.
Detonador temporizadoEsta secção inflama a carga explosiva quando o fogo de artifício atinge a altitude adequada.
Alumínio e magnésio
Titânio Ferrotitânio
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Sabia Que…
Quero Saber | 041www.qUErosAbEr.sApo.pt
Ferro
Ver mais de perto alguns dos mais comuns objetos pode revelar uma beleza desconhecida. Para ajudar
a expor alguns destes segredos de cortar a respiração, a Real Sociedade Fotográfica Grã-Bretanha desafiou o grande público a fotografar aquilo que tivesse à mão, em nome da ciência. A edição de 2015 do concurso International Images For Science recebeu participações de cientistas, estudantes e até crianças, que exibiram imagens espantosas de partículas subatómicas, galáxias distantes e um pouco de tudo. Aqui fica uma seleção destas incríveis participações.
Incríveis imagens muito aproximadas revelam o mundo escondido à nossa volta.
Ciência ao microscópio
Os prémios International Images for Science (IISE) são organizados pela Royal Photographic Society e patrocinados pela Siemens. Para saber quem ganhou a edição de 2015 e como participar em 2016, visite o endereço www.rps.org.
Saiba mais
Recetores nervosos Camadas concêntricas de finas células com um nervo sensorial no centro compõem dois corpúsculos de Pacini. Estes detetam a compressão sobre a pele das palmas das mãos e das solas dos pés.
Penso adesivoÉ incorporada prata nas fibras de pensos adesivos devido às suas propriedades antibacterianas, que podem ajudar a cicatrizar as feridas.
Traqueia das lagartas Os invertebrados, como esta lagarta do bicho-da-seda, não têm pulmões. O ar é difundido por uma rede em árvore de tubos no seu sistema traqueal, levando o oxigénio a cada célula dos seus corpos.
Areia da praiaA areia de muitas praias tropicais contém resíduos microscópicos de corais e outros invertebrados marinhos.
CIÊNCIA
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Os dentes da lapa são compostos por um mineral à base de ferro chamado goetite, capaz de perfurar rocha?
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Os dentes da lapa Os dentes (a preto) das lapas são compostos do material natural mais resistente conhecido pelo Homem.
Erva-limãoRepresentado a azul, o intrincado detalhe de uma erva-limão é revelado com uma ampliação de 100x.
A pele do pepino-do-marPequenos fragmentos de osso na pele de um pepino-do-mar lembram âncoras quando vistos ao microscópio.
Tronco da palmeiraO corte transversal de um tronco de um coqueiro revela três “caras” de tecido vascular, com xilemas que transportam água a fazer de “olhos”.
SABIA QUE…
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A TECNOLOGIA INCRÍVEL POR DETRÁS DESTAS EXIBIÇÕES ALTAMENTE ARRISCADAS.
ACROBACIAS AÉREAS
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TRANSPORTES
Os Red Arrows, cujo lema é “Éclat”, que significa brilhantismo, estão sediados na RAF Scampton, em Lincolnshire?
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ACROBACIAS AÉREAS
Qualquer pessoa que já tenha visto uma exibição dos Red Arrows ou dos Blue Angels saberá porque estes pilotos são
considerados os melhores do mundo. Executam acrobacias aéreas a velocidades vertiginosas, que desafiam a morte, voando próximo do solo e experimentando forças g que fazem com que as suas cabeças pareçam pesar 20 quilogramas. Conseguem não só controlar o seu avião, como trabalhar perfeitamente em equipa, levando-se a si próprios e às suas aeronaves ao limite.
Os Blue Angels, o esquadrão de demonstrações aéreas da Marinha dos EUA, e os Red Arrows, Grupo de Acrobacias Aéreas da Força Aérea Real britânica (RAF), têm origens muito interessantes. Após o fim da II Guerra Mundial, o chefe de operações navais norte-americano, o almirante Chester Nimitz, quis manter o alto nível de interesse público na aviação naval. Receando vir a perder financiamento significativo para outras áreas do exército norte-americano, concebeu um plano para criar uma equipa de exibições aéreas. Durante as décadas seguintes, os Blue Angels voaram em diferentes aviões, incluindo o F6 Hellcat, o F-4 Phantom e o A-4 Skyhawk. Finalmente, optaram pelo Boeing F/A-18 Hornet, em 1986, no 40.º aniversário da sua conceção, utilizando-o até hoje. O Blue Angels fazem agora exibições em toda a América, em espetáculos aéreos que se realizam entre março e novembro.
Os Red Arrows ganharam o seu nome de duas equipas de acrobacias aéreas que os precederam, os Red Pelicans e os Black Arrows. A primeira equipa dos Red Arrows foi formada em 1964, após algumas preocupações com o facto de os pilotos estarem a negligenciar o seu treino de combate por preferirem praticar as acrobacias aéreas. Os primeiros Red Arrows oficiais voaram no Folland Gnat, que tinha sido usado pelos Yellowjacks nos anos anteriores. A equipa original voou com sete aviões, até que em 1968 decidiram adotar a agora icónica formação “Diamond Nine”. Em 1979, o BAE Systems Hawk – uma versão modificada do jato de treino da RAF – foi escolhido para substituir o Gnat. Os Red Arrows já fizeram quase cinco mil exibições e celebraram a sua 50.ª temporada em 2014.
Quero Saber | 045WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
SABIA QUE…
Tanto os Blue Angels como os Red Arrows usam o fumo como uma ajuda visual para os espetadores, permitindo-lhes seguir um rasto de cada avião durante a exibição. Os Red Arrows são conhecidos pelo fumo branco, vermelho e azul, enquanto os Blue Angels só usam fumo branco nas suas performances.
Adicionar pequenas quantidades de gasóleo ao escape do avião permite produzir os rastos de vapor. Assim que o gasóleo encontra as altas temperaturas do escape, vaporiza-se instantaneamente, criando um fumo branco denso e visível. Os pilotos dos Red Arrows mudam a cor do fumo adicionando corantes vermelhos ou azuis, que alternam através da coluna de controlo.
Embora adicionem algum extra visual à exibição, estes rastos de vapor têm uma função mais importante. Permitem aos pilotos avaliar a velocidade e a direção do vento, e tornam possível aos líderes da equipa e de sincronização verem-se um ao outro mesmo quando estão separados por longas distâncias. O fumo é, por isso, uma parte essencial da segurança em voo.
Cores no céu
Exibições que desafiam a morte
Tanto os Red Arrows como os Blue Angels atualizam a rotina das suas exibições todos os anos, que normalmente duram de 20 a 30 minutos. Preparam três exibições diferentes e escolhem aquela que vão executar consoante o estado do tempo. A exibição “completa” é executada quando o tempo está bom e quando a base das nuvens está a mais de 1.372 metros de altitude. Estas condições permitem levar a cabo uma exibição de voo em espiral completa e significa que, mesmo no topo de cada volta, os aviões se mantêm visíveis.
Se a base das nuvens estiver mais baixa ou o tempo estiver nublado, é feita uma exibição “rolante” ou “baixa”. Quando o tempo está particularmente mau e a base das nuvens está abaixo de 762 metros, é feita uma exibição “plana”. Isto inclui principalmente voos de formatura e viragens acentuadas, visto serem as únicas manobras que se mantêm visíveis nestas condições.
Os primeiros cinco aviões dos Red Arrow (Reds 1 a 5) são a parte da frente de toda
Saiba como os pilotos de acrobacias aéreas realizam as suas incríveis manobras com precisão e coordenação.
a formação, conhecida por “Enid”. Os restantes três aviões, Reds 6 a 9, compõem a secção traseira e são conhecidos por “Gypo”. Os Reds 6 e 7 são o “Synchro Pair” e executam manobras opostas durante a segunda parte da exibição. Os Blue Angels têm um par similar – os Blues 5 e 6.
O piloto do Blue Angel 5 Mark Tedrow descreve a manobra mais desafiante que já executou: “Chama-se ‘inverted tuck over roll’ e acontece quando tento esconder o meu avião por trás do Blue 6, de forma a que
a multidão só veja um avião. Em 2014 fizemo-la na vertical, mas em 2015 decidimos dificultar e fizemos a manobra invertida”.
Ser disciplinado nas manobras é vital para todos os pilotos de exibições aéreas. Horas de treino permitem aos Red Arrows mover nove aviões como se fossem um. O piloto do Red 2, Mike Bowden, revela como os Red Arrows conseguem este feito visual: “Há uma posição
perfeita em todas as manobras e, para consegui-la, temos de triangular uma
posição no avião do líder da equipa”, explica. “Usamos dois pontos de
referência para nos colocarmos na parte certa do céu, o que nos ajuda a garantir que não nos
aproximamos demasiado. 1,8 metros é a proximidade suficiente quando
temos nove aviões nas proximidades”.
Os Red Arrows podem produzir um rasto de vapor por
sete minutos numa exibição de meia hora.
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TRANSPORTES
Os Blue Angels devem o seu nome a um bar de Nova Iorque que se chamava The Blue Angel?
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“Os primeiros aviões dos Red Arrows (Reds 1 a 5) são a parte da frente de toda a formação.”
Vixen BreakTodos os aviões voam na direção da multidão, antes de virarem em diferentes direções, para cima e afastando-se da audiência, atingindo 7 g. Esta é uma das manobras favoritas do público, mas também uma das mais simples.
Rotação em espelhoOs Red Arrows recuperaram a “rotação em espelho” em 2015, que implica que o Red 6 faça uma rotação barrel roll invertida a -2,5 g, enquanto os Reds 7, 8 e 9 se mantêm em formação.
ReviravoltasO Red 2 separa-se da formação Diamond Nine e efetua uma rotação completa de 360 graus em torno do Red 4, e depois sobre si mesmo em torno do Red 4. Ao mesmo tempo, o Red 3 faz a manobra idêntica em torno do Red 5. A dificuldade é manter a rotação o mais “estreita” possível e temporizar as rotações para que tenham a mesma velocidade e pareçam iguais para a audiência.
Veja algumas das manobras executadas em 2015.
RemoinhoA Whirlwind (remoinho) é uma nova manobra apresentada em 2015 pelos Red Arrows e coloca os nove jatos a fazer uma rotação seguida de um loop Blackbird.
Spitfire invertidoPara assinalar o 75.º aniversário da Batalha da Grã-Bretanha, a exibição dos Red Arrows de 2015 incluiu um voo em forma de Spitfire.
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Sabia Que…
No interior das manobrasTodas as manobras executadas pelos Blue Angels são difíceis à sua maneira, mas algumas das que parecem mais complicadas são, na realidade, mais simples. Um exemplo
é a manobra de cruzamento a alta velocidade, que é mais fácil do que rodar em formação. Parece gracioso, mas requer muita mais perícia para aperfeiçoar.
Descubra o que faz funcionar estas manobras impressionantes.
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COMBUSTÍVEL CONSUMIDO POR HORA
NÚMERO DE EXIBIÇÕES AGENDADAS EM 2015
IDADE MÉDIA DE UM PILOTO DOS BLUE ANGELS
Todas as exibições requerem um enorme esforço de bastidores. Os Blue Angels usam um C-130 Hercules para transportar peças sobresselentes e dar suporte ao pessoal. Conhecido carinhosamente por “Fat Albert”, tem um alcance de 3.862 quilómetros e pode transportar uns colossais 20.412 quilogramas de carga.
Fat Albert
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TRANSPORTES
4.542LITROS
Os Blue Angels realizam uma média de 70 exibições por ano, em mais de 30 locais diferentes?
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Para executar esta manobra, dois aviões voam na direção do mesmo ponto a alta velocidade, antes de repentinamente alteraram a suas posições e passarem um pelo outro. Pode ser efetuada a apenas 15,24 metros de altitude.
Esta manobra envolve os primeiros quatro Blue Angels. Efetuam uma passagem em formação
de diamante muito apertada enquanto dois dos aviões, os Blue Angels 1 e 4,
estão invertidos.
Esta é a manobra mais lenta das exibições dos Blue Angels e implica que dois dos jatos desacelerem até 193 km/h, levantando os narizes dos aviões para cima num ângulo de 45 graus.
Double Farvel Passagem Section High-Alpha
“A manobra de cruzamento a alta velocidade é mais fácil do que
rodar em formação.”
ESPETADORES POR ANO (QUASE EQUIVALENTE
À POPULAÇÃO DA GRÉCIA)
11 MIL
HÕES
Passagem “Knife Edge”
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WWW.QUEROSABER.SAPO.PT050 | Quero Saber
TRANSPORTES
Os cinco Red Arrows da frente da formação são chamados de “Enid” – alusão a Enid Blyton, autora de Os Cinco?
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Quero Saber | 051WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
SABIA QUE…
O objetivo dos Red Arrows e dos Blue Angels é surpreender milhares de espetadores por ano, mas sem comprometer a segurança dos pilotos. Devido à natureza dos seus voos e ao grande número de espetáculos que dão, acontecem por vezes acidentes, embora sejam menos regulares do que quando apareceram as primeiras equipas acrobáticas. Ao estudar os pilotos e os próprios aviões, ambas as equipas sabem exatamente até onde podem pressionar os homens e as máquinas. Tanto os pilotos dos Blue Angels como os dos Red Arrows vestem equipamento de segurança que lhes permitem realizar exibições fantásticas com um risco mínimo.
ESTAR SEGURONO CÉUSão dados vários passos para manter “inteiros” os pilotos de acrobacias aéreas.
Medimos a gravidade em termos da quantidade de aceleração que uma força exerce sobre um objeto. Durante algumas das manobras, os pilotos de acrobacias aéreas são expostos a forças gravíticas extremas – que direcionam o sangue para longe do cérebro e em direção aos pés, fazendo com que o coração deixe de bombear sangue suficiente para o cérebro, o que pode levar o piloto à perda de consciência.
Os pilotos têm duas formas de contrariar este problema. Os Red Arrows usam um fato com um sistema de ar comprimido, que comprime as pernas e o abdómen, reduzindo a probabilidade de um desmaio ao limitar a quantidade de sangue que flui para longe do cérebro.
Já os Blue Angels passam por treinos específicos que lhes permitem voar sem fatos antiforças g – que não poderiam usar, já que repousam os antebraços nas pernas e usam os joelhos como pontos de apoio. Assim, aprendem a colocar tensão nos músculos inferiores do corpo e a expirar com força, o que diminui a taxa do fluxo de sangue para longe do cérebro. Os Blue Angels têm de treinar pelo menos seis vezes por semana, o que os deixa em forma e ajuda o corpo a lidar com as forças g. Todos os anos treinam também numa centrifugadora que os expõe a forças g extremas e lhes permite treinar para combater os seus efeitos.
Combater as forças g
CapaceteAlém da função principal de proteger a cabeça do piloto, o capacete aloja também os equipamentos de comunicação.
Máscara de oxigénioTodos os pilotos dos Red Arrows usam máscaras de oxigénio com um microfone. Os pilotos dos Blue Angels não usam estas máscaras porque tipicamente não voam acima de 4.572 metros de altitude.
Fato de vooOs Red Arrows e os Blue Angels têm os seus próprios fatos com as cores correspondentes às equipas. Estes fatos não são usados nos treinos. Conector de
equipamento pessoalOs Red Arrows usam-no para ligarem-se ao avião.
Fornece oxigénio e insufla as calças antiforças g.
Colete salva-vidas
O salva-vidas está equipado com ajudas
à sobrevivência, como um transmissor de localização
e minifoguetes de sinalização.
Calças antiforças g
Ao contrário dos Blue Angels, os Red Arrows
vestem calças antiforças g para impedir que o sangue aflua em excesso às pernas
durante manobras que envolvam forças g
elevadas.
Os Blue Angels são famosos pelo seu capacete amarelo,
mas não usam máscaras de oxigénio nas exibições.
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT052 | Quero Saber
TRANSPORTES
Com apenas três vagas disponíveis por ano, ganhar um lugar numa equipa de acrobacias aéreas exige capacidades muito específicas.
A experiência necessária
RED ARROWSEducação
Experiência
Horas de voo
Muitos pilotos são licenciados, mas este não é um requisito obrigatório.
Para candidatar-se a “Team Leader” ou “Boss”, um piloto deve completar um tour de três anos com os Red Arrows no princípio da sua carreira, o que limita o número de pessoas aptas para este cargo. O pessoal da Força Aérea Real seleciona o oficial que acredita estar mais preparado para desempenhar as amplas funções esperadas de um “Team Leader”.
1.500MÍNIMO DE
HORAS EXIGIDAS
n Ter completado uma comissão de serviço na linha da frente.
n Avaliação acima da média das aptidões para o seu papel enquanto piloto.
n Excecional registo de voo que inclua relatórios sobre voos operacionais.
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Tornar-se “Team Leader”
BLUE ANGELS
Horas de voo
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1.250MÍNIMO DE
HORAS EXIGIDAS
Muitos pilotos são licenciados, mas este não é um requisito obrigatório.
O chefe do Treino Aéreo e Naval seleciona o “Boss”, que é o oficial comandante dos Blue Angels. Este deve ter pelo menos três mil horas de voo tático em caça e já ter comandado um esquadrão tático. O Oficial Comandante pilota o jato número um e lidera todas as formações.
n Experiência de pilotagem de um F/A-18.
n Ser piloto de caças táticos de carreira e no ativo da Marinha ou dos fuzileiros.
n Experiência em combate, normalmente a aterrar e descolar de porta-aviões.
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Tornar-se “The Boss”
Os jatos dos Blue Angels podem ficar prontos para combate em menos de 72 horas?
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Como seria de esperar, o processo de entrevista para selecionar um novo membro de uma equipa de exibição é incrivelmente duro. No caso dos Blue Angels, tem de haver um voto unânime (16-0) a favor do candidato.
Os Red Arrows fazem uma shortlist de novos potenciais pilotos através de um quadro de pré-seleção, que depois são convidados para uma entrevista de sete dias. Durante este período de tempo, os candidatos passam por um teste de voo, conhecem a equipa, acompanham um piloto dos Red Arrows durante um treino para uma exibição e são formalmente entrevistados. Terminado este processo, a equipa reúne-se para decidir o candidato escolhido.
O tenente de voo Mike Bowden, que pilota o Red 2, explica como os recrutas são formados para voar em conjunto: “Quando se voa em formação na linha da frente, espera-se que o avião ao pé de nós se mova e copia-se o que ele faz”, explica. “Se fôssemos fazer isto nos Red Arrows, faria com que toda a formação parecesse quebrada, e é por isso que ensinamos a seguir a voz de comando do ‘Boss’ (‘Team Leader’). Pretendemos aperfeiçoar a formação em voo antes de passarmos às manobras complexas”.
Depois de responderem aos critérios iniciais, os candidatos aos Blue Angels, ou recrutas, como a eles se referem, seguem os pilotos em várias exibições, normalmente de abril a junho. Veem tudo o que a equipa faz, assistem às reuniões e vão aos compromissos sociais. A lista de candidatos é depois reduzida, com os potenciais pilotos a serem submetidos a uma entrevista de um para 16, em que os pilotos e oficiais dos Blue Angels colocam, à vez, uma pergunta ao candidato.
Depois, a equipa decide que candidatos se juntarão à equipa no ano seguinte. Falámos com Mark Tedrow, o piloto a solo líder dos Blue Angels, que revelou como é a formação: “Os Blue Angels são tão únicos e o seu voo é tão diferente de tudo o que se faz no exército, que é quase como reaprender a pilotar”, explica. “Entre o fim de uma temporada e o início da seguinte, pretendemos acumular 120 voos de treino. Isto significa que normalmente voamos 15 vezes por semana, com um calendário apertado. Assim podemos executar as nossas manobras praticamente de memória.”
O que é preciso para ser pilotoConheça o rigor da entrevista e dos treinos que um aspirante a piloto enfrenta.
Os recrutas dos Blue Angels têm de passar por vários desafios de
sobrevivência antes de serem qualificados para
voar com a equipa.
Quero Saber | 053WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
SABIA QUE…
A nova tecnologia de câmara da Ford pode reduzir acidentes em pontos cegos.
Como os carros podem ver nos cruzamentos
Ativação simplesEm vês de esticar o pescoço para ver o cruzamento, o condutor carrega no botão da câmara na consola central.
Ecrã tripartidoDentro do carro, o ecrã tátil de 20 cm (oito polegadas) mostra claramente o trânsito de ambos os sentidos.
Visão de 180 grausA visão de 180 graus do trânsito reduz o risco de acidentes, que são comuns em cruzamentos e locais de visibilidade reduzida.
Os condutores vão deixar de correr o risco de colidirem em pontos cegos.
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Câmara montada na grelhaCom apenas 3,3 cm de comprimento, a câmara de 1 MP fica na grelha frontal do carro.
Para qualquer pessoa ao volante de um automóvel, mudar de faixa numa curva pode ser perigoso.
Até agora, o único método prático para os condutores era curvarem-se para a frente e esticarem o pescoço para tentar ver o trânsito, ciclistas e peões.
No entanto, o novo sistema da Ford pode mudar isto. A Front Split View Camera fica localizada na grelha frontal e proporciona uma vista de 180 graus em tempo real num monitor dentro do veículo. O condutor só tem de carregar num botão para ver uma imagem panorâmica de um megapíxel das suas redondezas no ecrã tátil da consola. A câmara até tem um sistema de lavagem para limpar a lente, que se liga automaticamente quando os para-brisas são ativados.
Para já, a Front Split View Camera só está disponível, a título opcional, no Ford S-MAX e no Galaxy, mas espera-se que seja compatível com a maioria dos modelos da Ford em 2020.
Várias utilizaçõesOs condutores podem usar a câmara para ver peões, ciclistas, árvores caídas ou quaisquer outros obstáculos.
O Flytrex Sky pode transportar pequenos itens para amigos e família.
OFlytrex é o primeiro drone do mundo ligado à “nuvem”. Capaz de transportar encomendas de até um quilograma
de peso, o Flytrex Sky inclui um módulo 3G que lhe permite manter -se ligado à Internet durante o voo. Para pilotar manualmente o Sky, pode ligá-lo a várias aplicações disponíveis em terminais iOS e Android.
Se não quiser controlá-lo, este quadcóptero inteligente inclui também um sistema de autopiloto. Para transportar uma encomenda do ponto A ao B, de forma autónoma, recorre ao GPS para determinar a sua localização exata. Funciona da mesma forma que qualquer equipamento com GPS, através da receção de sinais rádio por satélite. Há cerca de 30 satélites a orbitar a Terra, e cada um transmite informação sobre a sua posição e hora atual. Com base nesta informação, o drone pode determinar, com exatidão, onde está e ajustar a sua rota.
Quando o drone chega ao destino, o destinatário pode deixá-lo aterrar ou assumir o controlo manual para pilotá-lo até ao chão.
Drones de transporte pessoal
Para pilotar o Sky pode ligar-se a várias apps.
TransporTEs
www.QUEROSABER.SApO.pt054 | Quero Saber
No Jardim Zoológico, a nossa vida é proteger a vida dos animais. Por isso, temos como principal missão, a conservação, reprodução e reintrodução de espécies em vias de extinção. Neste espaço com milhares de animais em habitats renovados, várias apresentações diárias e atracções, descobre sempre algo de novo a cada visita que faz. Ao fim de tantos anos, nunca estivemos com tanta vida. www.zoo.pt
VENHA DESCOBRIRUMA NOVAESPÉCIEDE ZOO.
ARaleigh fabrica bicicletas há 25 anos e conseguiu estabelecer-se como uma verdadeira marca icónica neste
segmento. As suas bicicletas são apreciadas em todo o mundo por pessoas de todas as idades, desde crianças da pré-escola a ciclistas profissionais que ambicionam competir na Volta a França. Além de inovadoras e com uma construção soberba, cada uma destas bicicletas tem uma boa relação de preço e qualidade, ponto no qual o fabricante se foca desde o seu começo.
A Roker Race é a última novidade adicionada à série Gravel Road. Além de confortável na estrada, este modelo mostra o seu real potencial quando chega à gravilha, onde lida com o terreno irregular de uma forma que deitaria abaixo uma bicicleta tradicional. A atenção aos detalhes tem em conta a funcionalidade e o conforto no design da bicicleta.
Os travões hidráulicos SRAM Force são uma característica revolucionária. Fornecem um poder de travagem e modulação bastante bom, o que permite levar a bicicleta ao limite, mas não além disso. O sistema único de embraiagem elimina a folga da corrente, providenciando uma viagem mais fluida, silenciosa e segura.
Com esta nova bicicleta radical de carbono, pode domar as estradas e caminhos de gravilha mais difíceis.
Raleigh Roker Race
Saiba porque o último lançamento da Raleigh está a entusiasmar tantos ciclistas “de gravilha”.
Na estrada com a Roker Race
Sistema de mudanças inteligenteEsta melhoria dá um controlo máximo da corrente– crucial em corridas todo-o-terreno – e permite mudanças mais suaves e silenciosas.
Viagem confortávelA Roker Race tem um selim Fizik Aliante R5, que proporciona uma viagem confortável, mesmo a longas distâncias.
Quadro especialistaA bicicleta tem o novo quadro Carbon Gravel da Raleigh, projetado para manter a bicicleta rápida e estável, mesmo em superfícies difíceis.
Pneus dinâmicosOs pneus de gravilha fornecem uma aderência excelente e proteção contra furos em superfícies irregulares, mas também permitem um bom desempenho em estrada.
PneumáticosA armação tem muito espaço para pneus pneumáticos, garantindo que a lama e a gravilha não provocam obstruções perigosas.
Desempenho da rodaA roda Hurricane da American Classic proporciona força, responsividade e durabilidade, além de robustez a praticamente qualquer coisa que surja.
TRANSPORTES
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT056 | Quero Saber
Frank Bowden criou a Raleigh ao comprar uma pequena empresa de bicicletas em 1887?SABIA QUE...
Quando a Raleigh lançou a Maverick em 2015, pensou-se que esta seria uma adição bem-vinda à atual gama de estrada, preenchendo uma lacuna e proporcionando aos ciclistas uma opção para qualquer tipo de estrada. No entanto, rapidamente foi necessário avançar para uma bicicleta para o quotidiano. Quando surgiu a necessidade de redesenhar a gama de endurance, a Raleigh optou por uma bicicleta para estrada de gravilha, e assim nasceu a nova série.
Os discos de travões fortes e os pneus pneumáticos foram adicionados à gama Endurance da Raleigh, tornando estas bicicletas de estrada bastante versáteis. Seja na gravilha, nas planícies campestres ou em estrada, estas bicicletas são rápidas e confortáveis o suficiente para utilizar todos os dias. Foram adicionados pneus de grande volume para oferecer um excelente equilíbrio entre aderência ao pó e velocidade em estrada; as embraiagens tornam as bicicletas rápidas em estrada, mas também compatíveis com montanha.
A gama Maverick é complementada com quatro Mustangs e a mais recente bicicleta de estrada de gravilha, a Roker Race.
A série Gravel RoadCabos ocultosOs cabos estão escondidos no quadro da bicicleta, tornando-a segura.
Forquilhas de carbonoAs forquilhas frontais de
carbono ajudam a absorver as vibrações, ao mesmo tempo
que mantêm a frente da bicicleta rígida e responsiva.
Peso: 8,1 kg
Tamanho das rodas: 700 C
Pedais: Road cage
Travões: Discos hidráulicos SRAM Force
Material do quadro: Carbono
Os números
Todas as bicicletas da gama Gravel Road dominam os terrenos mais irregulares.
Quero Saber | 057WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
Pode ser algo obrigatório no mais recente filme de James Bond, mas a derrapagem das rodas pode ser muito perigosa,
visto que potencialmente reduz a capacidade de acelerar, provocando a perda do controlo do carro. Para combater este problema, a Buick desenvolveu o sistema de controlo de tração, que surgiu pela primeira vez nos seus carros de produção em 1971.
Os sistemas de controlo de tração recentes utilizam sensores para medir constantemente a velocidade das rodas; sensores estes que
fazem parte do sistema ABS dos carros. Isto permite-lhes reconhecer imediatamente quando uma das rodas está a girar mais depressa do que as outras – um sinal de perda de tração – e reduzir a potência de rotação dessa roda, até que a velocidade não destoe das outras. Isto permite endireitar o carro se ele aquaplanar ou derrapar numa superfície escorregadia.
O controlo de tração parece um sistema perfeito, mas há situações em que não funciona. A maioria destes sistemas falha
no gelo, porque quando duas rodas tentam recuperar a tração, o sistema confunde-se e piora a situação. Dito isto, há muito poucas situações em que queremos desligar o sistema de controlo de tração: apenas quando ficamos presos na neve ou planeamos competir!
Como este sistema inteligente evita as derrapagens.
Controlo de tração
Perda de traçãoQuando a roda acelera numa superfície molhada ou escorregadia, pode haver uma rotação mais rápida do que a da roda adjacente, fazendo o carro despistar-se.
Velocidade equivalenteQuando ambas as rodas giram à mesma velocidade, há menos risco de perder o controlo.
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O Porsche Mission E tem apenas 1,3 m de altura,
mas tem quatro lugares e dois compartimentos de bagageira.
APorsche está atenta ao fabricante de carros elétricos Tesla e ao seu Modelo S, e criou um carro
integralmente elétrico, com 600 cv, apelidado de “Mission E”. Embora seja, para já, meramente conceptual, a Porsche planeia colocá-lo em produção, tal como fez com o 918 Hybrid, em 2013. Este desportivo de quatro lugares deverá ir dos 0 aos 100 km/h em 3,5 segundos sem uma gota de petróleo, e pode recarregar em 15 minutos.
Entre as suas inovações técnicas, há uma que se destaca de forma particular: uma câmara focada no rosto do condutor
em todos os momentos. Isto permite ao painel de controlo 4K destacar informações específicas, passando outras para segundo plano. Esta câmara, que segue o movimento dos olhos, pode ainda reconhecer a disposição do condutor e exibir um emoticon para partilhar nas redes sociais.
A Porsche ainda precisa afinar os detalhes finais; tudo o que lhes interessa por agora é seduzir os entusiastas com as possibilidades que trazem as novas tecnologias. Teremos de esperar mais alguns anos para descobrir se este é ou não o melhor carro elétrico de sempre.
Um conceptual ultrarrápido que lê as suas emoções.
Porsche elétrico
Diferencial Diferencial
Sistema de tração avançadoAlguns sistemas sofisticados de tração às quatro rodas controlam a potência atribuída a cada roda.
Ativar os travõesO controlo de tração é inverso ao ABS; desacelera a roda aplicando ação nos travões.
Saiba como este sistema evita que as rodas girem sem controlo.
Tração em ação
É mais provável o carro derrapar na chuva ou quando os pneus não estão cheios.
Com rotação
Sem rotação
Sem rotação Com rotação
Superfície escorregadia
Binário Binário
Sem ConTrolo de Tração
Com ConTrolo de Tração
Não é todo-o-terrenoO controlo de tração não é eficiente em condições de gelo ou neve. Por vezes a rotação da roda pode até ajudar a desbloquear o carro preso na neve.
TransporTEs
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A12 mil metros de altitude, a pressão do oxigénio é tão baixa que, mesmo que se respirasse este gás no seu estado mais
puro, não se transferiria de forma suficiente para o sangue. É por isso que as cabinas dos aviões são pressurizadas e precisam de uma fonte de ar para manter em funcionamento o nosso processo biológico mais vital.
Se a cabina for despressurizada, tem aproximadamente 15 segundos para colocar a máscara de oxigénio antes de ficar inconsciente. O compartimento de carga também é altamente pressurizado para evitar que os itens dentro das bagagens encolham, expandam ou expludam.
Num sistema standard de circulação de ar de um avião comercial, o ar que é bombeado é composto em 50 por cento pelo ar exterior e o resto por ar recirculado. O segundo não é simplesmente rebombeado para a cabina; passa por um processo de purificação complexo, para remover bactérias, fungos, pó, fibras e odores.
Esta mistura de 50/50 garante que a hipótese de disseminação de germes é muito baixa, além de assegurar uma economia otimizada do consumo de combustível do avião. O componente exterior desta mistura é fornecido pelos motores, que absorvem algum do ar envolvente e comprimem-no.
Esta compressão aquece o ar, que é depois arrefecido e filtrado antes de ser misturado com o fornecimento reciclado da cabina.
Existem sensores que regulam a taxa a que o ar exterior é adicionado à cabina, de forma a manter uma pressão otimizada no avião, permitindo aos passageiros e à tripulação respirar normalmente.
A cabina recebe uma mistura de 50/50 de ar exterior e ar recirculado.
Quando o ar exterior passa pelos compressores do motor é aquecido a mais de 200° C, matando qualquer bactéria?Sabia que...
Saiba como o ar circula para chegar a centenas de passageiros.
O ar na cabina de um avião
Entrada de arO ar entra pelos motores e fica incrivelmente quente à medida que é pressurizado.
Coletor de mistura
Quando o ar exterior chega ao coletor da mistura, é combinado com o ar purificado recirculado
da cabina, numa mistura de 50/50.
Ar descartadoQuando o ar exterior
entra no avião, uma quantidade
equivalente de ar usado é expelida
para manter o equilíbrio.
Ar novo constanteO ar da cabina é mudado
aproximadamente 20 a 30 vezes por hora; 50 por cento
é reciclado de cada vez através de filtros especiais.
Ar circulanteO ar deixa o coletor da mistura e entra na cabina, onde é fornecido pelos ventiladores acima dos assentos.
Unidade de ar condicionadoQuando o ar quente e comprimido chega à unidade de ar condicionado, é arrefecido drasticamente.
As pessoas têm medo de voar por várias razões, entre elas a claustrofobia e o receio de acidentes. Um medo surpreendentemente comum é também o de ficarem doentes, mas será o ar da cabina tão mau como se pensa? Não. Estudos recentes demonstram que um avião não tem mais germes do qualquer outro típico espaço fechado; na realidade, é possível que o ar dos aviões
seja mais limpo. Esta possibilidade deve-se parcialmente aos filtros de partículas de alta eficiência (HEPA) que os seus fabricantes dizem ter qualidade hospitalar. A Boeing afirma que 99,9 por cento dos micróbios são capturados e removidos do ar nos seus aviões, e que o ar é substituído muito mais frequentemente do que num escritório, sala de aula ou cinema.
A verdade sobre o ar nos aviões
Veja como o avião suga o ar exterior, purifica-o e dissemina-o pela cabina.
Dentro do sistema
Os filtros de ar de um avião são muito eficientes a captar bactérias e vírus, evitando que circulem continuamente na cabina.
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Quero Saber | 059www.Querosaber.sapo.pt
Os planetas do nosso Sistema Solar orbitam hoje o Sol em órbitas estáveis, sempre suficientemente longe de outros
planetas para evitar colisões. No entanto, nem sempre é assim. Os planetas podem colidir e colidem mesmo, normalmente quando são muito jovens ou muito antigos.
Os planetas formam-se através de colisões; as estrelas jovens estão rodeadas por discos de gás e partículas de pó que colidem e se juntam umas às outras, formando agregados cada vez maiores. Um sistema planetário jovem pode ter dúzias de protoplanetas a voar em órbitas instáveis. Quando chocam e colidem uns contra os outros, os detritos resultantes das colisões coalescem em corpos cada vez maiores. A Terra é provavelmente resultado de muitas colisões violentas, sendo que a última formou a Lua. Cientistas que utilizam o telescópio espacial Spitzer, da NASA, testemunharam nuvens de detritos que são destroços de uma colisão em torno da estrela HD 172555, em que dois planetas colidiram a 36 mil quilómetros por hora.
Alguns planetas crescem tanto que começam a sugar o hidrogénio do disco de gás e poeira em torno da sua jovem estrela-mãe. Rapidamente o seu crescimento acelerado faz com que se transformem em planetas gasosos gigantescos, como Júpiter. No entanto, ao roubar gás do disco que os envolve, este planetas perdem momento angular e começam a migrar na direção da sua estrela-mãe, levando tudo à frente. Os planetas mais pequenos que estão no caminho deste gigante gasoso podem ser lançados em todas as direções: alguns colidem entre si ou com a sua estrela, enquanto outros são expulsos
do sistema planetário. Avançando milhares de milhões de anos até à morte destas estrelas, a maioria termina as suas vidas transformando-se em gigantes vermelhas, antes de libertarem as suas camadas exteriores numa nebulosa planetária, deixando para trás uma estrela anã branca. À medida que a estrela se transforma em gigante vermelha, “engole” os planetas mais próximos, enquanto os mais distantes veem as suas órbitas aumentadas por causa da menor massa da gigante. Este processo pode provocar a colisão de planetas, cometas e asteroides.
As evidências estão nos detritos resultantes destas colisões que contaminam a superfície da anã branca.
Para lá da escala do Sistema Solar, ocorrem verdadeiras colisões cósmicas entre galáxias inteiras. A galáxia Andrómeda está atualmente a dirigir-se na direção da nossa Via Láctea e devem colidir daqui a cerca de quatro mil milhões de anos. Pode parecer produto da ficção científica, mas fusões como esta são comuns no Universo e essenciais para a evolução das galáxias.
Hoje, o Sistema Solar pode
parecer calmo, mas houve
tempos de violência e caos...
ESPAÇO
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QUANDOQUANDO
OS MUNDOS
OS MUNDOS
COLIDEMCOLIDEM
Particle problemsUrano tem uma inclinação de 90º, provavelmente devido à colisão com um protoplaneta há muitos milhões de anos?
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2 FusãoQuando Teia colidiu
com a Terra a alta velocidade num ângulo de cerca de 45 graus, o protoplaneta foi pulverizado e o seu núcleo de ferro afundou-se numa Terra fundida, aquecida pelo choque do impacto, que criou um oceano global de lava.
3 Adeus, manto terrestreEnquanto a maioria de Teia
era absorvida pela Terra – que neste processo cresceu em massa –, algum do manto e da crusta terrestre foram “arrancados” do planeta e atirados para o espaço sob a forma de fragmentos fundidos. O impacto alterou a rotação da Terra, acelerando-a de forma a que um dia durava apenas algumas horas.
4 Anel fundidoDepois do impacto,
a Terra tinha um anel, mas ao contrário dos de Saturno, este era muito quente, composto por rocha fundida. Alguns fragmentos voltaram à Terra, mas a maioria permaneceu em órbita e arrefeceu.
5 Formação da LuaGradualmente, durante
alguns milhares de anos, os destroços no anel começaram a juntar-se em corpos maiores, que se combinaram para formar a Lua – o resultado de detritos do manto terrestre combinados com os de Teia.
1A grande colisãoOs cientistas acreditam que a nossa Lua se formou quando
um pequeno protoplaneta com o tamanho aproximado de Marte – a que os astrónomos chamaram Teia (ou Téia) – chocou contra a então jovem Terra. Esta colisão aconteceu menos de
cem milhões de anos após o nascimento do Sistema Solar. O impacto destruiu Teia e enviou algum do manto da Terra
para o espaço, formando um anel de detritos em torno do nosso planeta, que coalesceu formando a Lua.
A maior evidência de que a Lua se formou devido a um gigantesco impacto vem de rochas lunares trazidas para a Terra durante as missões Apollo. Estas rochas contêm rácios de isótopos (átomos de um dado elemento com um número diferente de neutrões) de oxigénio que são quase exatamente iguais aos encontrados no manto terrestre, o que indica que a Lua é feita de alguma matéria do nosso planeta. Também se descobriu que a matéria da Lua esteve um dia fundida, há muito tempo, e um impacto teria providenciado a energia necessária para efetivamente fundir rocha.
Embora a teoria do impacto seja hoje amplamente aceite, mantêm-se algumas questões por explicar. Por exemplo, alguns acreditam que deveria haver mais evidências de detritos de Teia nas amostras de rocha lunar. Além disso, estas rochas contêm elementos voláteis (que evaporam facilmente a temperaturas relativamente baixas) como a água, que se infiltrou nas rochas quando se formaram e que deveria ter evaporado devido ao calor causado pelo impacto. No entanto, estas questões são apenas pormenores e não ameaças reais à teoria do impacto.
Este pedaço de rocha lunar em forma de bola de golfe com 77 gramas foi recolhido pelo astronauta Dave Scott durante a missão Apollo 15.
A hipótese do impacto gigante
“Os planetas podem colidir e colidem mesmo,
normalmente quando são muito jovens ou
muito antigos.”
SABIA QUE…
Quero Saber | 061WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
1Rota de colisãoNormalmente, as galáxias estão
a milhões de anos-luz de distância, mas as suas enormes gravidades podem provocar uma atração, fazendo-as mover-se umas na direção das outras.
3 Cauda de maréPode estender-se
por centenas de milhares de anos-luz e o gás no seu interior pode formar muitas novas estrelas, longe da galáxia original.
4 GravidadeEmbora as duas galáxias
passem uma pela outra, a sua gravidade mútua impede-as de escapar e “puxa-as” para trás. Isto pode acontecer várias vezes, para trás e para a frente, até que se movam suficientemente devagar para se fundirem.
5 EstrelasDurante a fusão,
enormes nuvens de gás colidem, formando novas estrelas. No entanto, numa colisão de galáxias, as estrelas raramente colidem porque as distâncias entre elas são muito vastas.
6 Galáxia elípticaSe duas galáxias espirais
colidirem, os seus braços característicos ficam distorcidos. As galáxias fundem-se numa galáxia combinada em forma de gota chamada elíptica e os seus buracos negros supermassivos também se fundem.
2 Primeiro contactoAo princípio, o momento
de cada galáxia pode fazer com que passem uma pela outra, mas as suas gravidades irão “arrancar” feixes de estrelas e gás uma da outra, chamados caudas de marés.
Representação artística da colisão de asteroides em torno da estrela NGC 2547-ID8, que libertou uma nuvem gigantesca de poeira.
O que acontece quando estes sistemas de estrelas em rotação se encontram?
O embate de rochas espaciais acontece uma vez por ano na Cintura de Asteroides.
COLISÕES DE ASTEROIDES
COLISÕES DE GALÁXIAS
Esqueça a sequência dos asteroides do filme O Império Contra-Ataca – a Cintura de Asteroides é relativamente vazia; poderíamos estar em cima de um asteroide e não conseguir ver outro! Mesmo assim, isto não os impede de chocarem uns com os outros e, quando isso acontece, é de forma drástica.
Em 2010, o telescópio espacial Hubble detetou algo misterioso na Cintura de Asteroides: um objeto estranho, em forma de X, com uma longa cauda, como a de um cometa. A cauda era feita de poeira de asteroide e acredita-se que tenha sido libertada quando um asteroide com 122 metros de largura colidiu
com um mais pequeno, de cerca de 4,6 metros, a uma velocidade de 17.700 quilómetros por hora. Os astrónomos suspeitam que impactos como este entre corpos asteroides menores na Cintura de Asteroides possam ocorrer uma vez por ano, em média.
Alguns asteroides aglomeram-se em grupos ou famílias, que poderão ser conjuntos de fragmentos do membro maior da família, despedaçado num impacto. Vesta – um dos maiores asteroides do Sistema Solar – tem uma família de asteroides mais pequenos e um tipo raro de meteorito encontrado na Terra, chamado meteorito de HED (howarditos
eucritos e diogenitos) pode vir também desta família. Por vezes, as colisões podem enviar na nossa direção asteroides maiores do que estes pequenos meteoritos e, quando isso acontece, a vida na Terra pode ser colocada em risco.
As colisões de asteroides ocorrem também em torno de estrelas. Em 2012, uma estrela chamada NGC 2547-ID8 ficou repentinamente com mais poeira à sua volta, libertada por um impacto gigantesco de asteroides. O telescópio espacial Spitzer detetou a emissão de infravermelhos deste pó, que contém grãos do tamanho de areia que se partem em partículas ainda mais pequenas.
ESPAÇO
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AtualmentePodemos ver a Via Láctea e a galáxia Andrómeda a abarcar três graus no céu. No entanto, Andrómeda tem um desvio para o azul, logo, está a dirigir-se para nós.
Explosão de estrelasDurante a fusão, enormes nuvens de gás colidirão, criando as condições para uma explosão de novas estrelas em formação. No céu noturno ver-se-á mais nebulosas e aglomerados de estrelas cintilantes.
Começa o encontroCom a aproximação, a galáxia Andrómeda vai tornar-se maior no nosso céu. A sua força gravitacional invisível vai começar a distorcer a forma da Via Láctea.
Buracos negrosOs buracos negros de cada galáxia irão também fundir-se. Da Terra, ver-se-á dois núcleos galácticos cada vez mais próximos até se fundirem.
Colisão!Quando os braços espirais das duas galáxias entrarem uns nos outros, as suas estruturas serão totalmente perturbadas. Da Terra, ver-se-á a Via Láctea tornar-se disforme e emaranhada.
Resultado finalPor fim, terminará a formação de novas estrelas, os buracos negros fundir-se-ão e os braços espirais serão destruídos. As duas galáxias formarão uma mancha de estrelas chamada galáxia elíptica.
Menage à troisA Galáxia do Triângulo, a cerca de três milhões de anos-luz de distância, também irá eventualmente fundir-se com a nova galáxia elíptica “Milkomeda”.
A galáxia AndrómedaAtualmente a 2,5 milhões de anos-luz de distância, a galáxia Andrómeda move-se na nossa direção a 400.000 km/h.
ColisãoDaqui a quatro mil milhões de anos a galáxia Androméda vai fundir-se com a Via Láctea e formar uma gigantesca galáxia elíptica.
Sobrevivência do SolDurante estas colisões, é raro as estrelas colidirem, mas o Sol pode ser ejetado para a periferia da nova galáxia.
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O que vamos ver?
Particle problemsO Departamento de Defesa dos EUA mantém um catálogo dos detritos espaciais maiores do que uma bola de ténis?
A nossa galáxia, a Via Láctea, está condenada, presa numa rota de colisão com Andrómeda.
O céu noturno da Terra vai mudar drasticamente nos próximos quatro mil milhões de anos.
NOVA GALÁXIATal como os amantes num último abraço, a Via Láctea e a galáxia Andrómeda estão presas numa atração gravitacional mútua, aproximando-se uma da outra a 112 quilómetros por segundo. Daqui a quatro mil milhões de anos, irão finalmente entrar em contacto e poderão ver-se as mesmas interações entre a nossa galáxia e Andrómeda que se viram noutras colisões de galáxias no Universo. É improvável que estrelas individuais colidam (se o Sol ainda existir, deverá estar a salvo), mas os braços espirais das galáxias serão empurrados, e estrelas e gases serão lançados em caudas de marés. O buraco negro no coração da nossa galáxia irá então fundir-se com o de Andrómeda, possivelmente tornando-se ativo durante algum tempo, enquanto enormes quantidades de gás serão sugadas pelas forças gravitacionais da colisão. O resultado final será uma gigantesca galáxia elíptica que alguns astrónomos apelidam de “Milkomeda”. Alguns suspeitam também que uma outra galáxia espiral vizinha, a Galáxia do Triângulo, venha a ter um papel nesta fusão.
SABIA QUE…
Quero Saber | 063WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
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O objetivo da nave Gaia é criar um mapa tridimensional da Via Láctea.
Mapear a galáxiaA viagem da Gaia até às estrelas.
LançamentoA Gaia foi lançada de Kourou, na Guiana Francesa, a 19 de dezembro de 2013.
Órbita estacionária
A Gaia esteve primeiro numa
“orbita estacionária” em
torno da Terra – uma órbita
temporária até estar em
condições de ativar os motores e
dirigir-se ao seu destino.
Órbita de transferênciaPara chegar ao destino, a Gaia passou para uma órbita de transferência, que a levou da órbita da Terra ao ponto de Lagrange L2.
Para lá da órbita da TerraA Gaia tem de estar posicionada de forma a que o brilho da luz da Terra, da Lua ou do Sol não interfiram no seu trabalho.
RotaçãoPara medir as estrelas, a Gaia gira lentamente a um grau por minuto.
Ponto de Lagrange L2A Gaia está posicionada no ponto de Lagrange L2, onde as forças gravitacionais que atuam sobre a nave (devidas ao Sol e à Terra) se equilibram para criar uma órbita estável.
Em órbita
As estrelas são pouco mais do que pontos de luz num fundo negro, por isso, medir as suas distâncias é bastante difícil. O método utilizado pela nave Gaia consiste na técnica da paralaxe, que é muito comum. Levante o polegar com o braço esticado à sua frente e olhe para lá com um olho fechado. Depois, abra esse olho e feche o outro. O que vai ver é que o polegar parece mover-se no seu fundo. Isto acontece porque cada olho vê o polegar de um ângulo ligeiramente diferente. A distância entre os olhos é chamada de base de referência e, quanto maior for, maior é o ângulo de paralaxe que se pode medir. A nave Gaia não vê com olhos, mas pode “ver” as estrelas de ângulos diferentes e em lados opostos da órbita da Terra em torno do Sol, o que tem uma base de referência de cerca de 300 milhões de quilómetros. Se conhecer a base de referência e o ângulo de paralaxe, pode usar a trigonometria para calcular a distância.
O que é a paralaxe?
Os lados opostos da órbita da Terra criam uma grande base de referência para medir os ângulos de paralaxe.
A Gaia vai mapear mil milhões de estrelas, o que representa apenas um por cento do total de estrelas da galáxia.
Anave Gaia, da Agência Espacial Europeia, é o último grito da cartografia. O sua missão de cinco
anos é criar um mapa tridimensional de mil milhões de estrelas da nossa galáxia, com a maior precisão de sempre. A Gaia, que foi lançada em dezembro de 2013, consegue medir as distâncias e as posições das estrelas com uma precisão de seis milésimos de milionésimos de um grau no céu.
Esta suprema sensibilidade pode dar aos astrónomos informação sobre como as estrelas se movem na galáxia e, conhecendo as suas verdadeiras distâncias, torna-se possível determinar o brilho de cada uma. Espera-se que esta informação permita aos cientistas construírem modelos mais precisos da evolução das estrelas. A Gaia será também capaz de descobrir milhares de novos
asteroides, exoplanetas e quasares. Para efetuar estas medidas, a nave está equipada com um telescópio de 1,45 metros e três instrumentos científicos. O Instrumento Astrométrico mede a distância e o movimento das estrelas, enquanto o Instrumento Fotométrico estuda os espetros para determinar com precisão a sua luminosidade. Por fim, o Espectrómetro de Velocidade Radial determina o movimento de cada objeto na linha de vista da Gaia, medindo o efeito de Doppler no espetro de cada objeto.
Para uma precisão otimizada, não há partes móveis a bordo. A antena é controlada de forma eletrónica e não mecânica, e parte do chassis da nave é uma plataforma de carboneto de silício, altamente resistente à contração ou dilatação causadas pelas variações de temperatura no espaço.
1 UA 1 UA
SolTerra
ParalaxeLinha de vista em julho
Linha de vista em janeiro
1 UA = 150 milhões de km
Quero Saber | 065www.querosaber.sapo.pt
Sabia Que… a Gaia tem 10 m de largura, com os painéis solares abertos, e o seu peso no lançamento era de 2.030 kg?
Quando os planetas se formaram, há 4.500 milhões de anos, nasceram a partir de materiais rochosos e gelados
que se condensaram de um disco gasoso em torno do Sol. Este processo confuso deixou o Sistema Solar cheio de detritos de vários tamanhos, desde pequenos grãos de poeira a protoplanetas meio acabados e montanhas de gelo que se deslocam em direção ao Sol a partir das profundezas geladas do espaço. Hoje, conhecemos estes detritos como cometas, asteroides e planetas anões. Muitos deles estão relativamente intactos desde a sua formação e, através do estudo da sua química e composição, os cientistas podem aprender muito sobre as condições do Sistema Solar na altura em que os planetas, incluindo a Terra, se formaram.
O plano do Sistema Solar, conhecido como eclíptica, está cheio de uma fina neblina de poeira. Por vezes, conseguimos ver este pó a refletir a luz do Sol, aparecendo como um ténue brilho chamado luz zodiacal. Alguma desta poeira vem da decomposição de grandes corpos rochosos que entram em colisão. Estes grandes corpos são os asteroides. Embora a maioria resida na Cintura de Asteroides, entre Marte e Júpiter, existem muitos que se movem entre os planetas. O maior asteroide é Ceres e ganhou o título de planeta anão, a mesma designação atribuída a Plutão. Os cientistas consideram que se trata de um protoplaneta que numa conseguiu formar-se totalmente. Quando os asteroides colidem, enviam pequenos fragmentos em rotação para o espaço. Estes pequenos pedaços de rocha são os meteoroides. Por vezes, dirigem-se à Terra e caem através da atmosfera, sendo vistos como meteoros. Quando não se deterioram e chegam ao solo, são chamados de meteoritos.
Os cometas vêm de mais longe, do exterior do Sistema Solar, onde é mais frio e existe mais gelo. A maioria dos cometas tem origem na Cintura de Kuiper, além de Neptuno, ou na mais distante Nuvem de Oort.
Guia para assassinos de planetas, cometas e meteoros, entre outros.
Rochas espaciais
O Sistema Solar está repleto de todos os tipos de detritos que sobraram do nascimento dos planetas.
Cintura de AsteroidesA Cintura de Asteroides, entre Marte e Júpiter, tem milhões de asteroides. A maioria é minúscula, mas cerca de 200 têm mais de 100 km de extensão.
Colisões de asteroidesA Cintura de Asteroides é quase “desabitada”, mas por vezes há colisões de asteroides. As suas superfícies ficam com crateras e fragmentos mais pequenos são lançados como resultado do impacto.
ProtoplanetaO planeta anão Ceres e Vesta, o segundo maior asteroide, com 500 km de largura, são considerados protoplanetas que, por alguma razão, não se desenvolveram em planetas “de corpo inteiro”.
CometaO equivalente gelado de um asteroide é um cometa. Vêm do Sistema Solar exterior e cintilam, formando caudas de gás e poeira quando se aproximam do Sol.
O mundo dos detritos espaciais
A superfície de Vesta fotografada pela sonda Dawn, da NASA; Vesta é o segundo maior objeto da Cintura de Asteroides.
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ESPAÇO
MeteoritoSe um meteoroide for suficientemente grande, irá sobreviver à passagem pela atmosfera terrestre e atingir a superfície sob a forma de um meteorito.
MeteoroQuando um meteoroide cai através da atmosfera terrestre e arde, vemos uma estrela cadente. O termo técnico para estes corpos é meteoro.
MeteoroidesQuando as colisões entre asteroides enviam fragmentos mais pequenos para o espaço, estes pedaços têm o nome de meteoroides. Por vezes, os cometas podem deixar para trás pequenos meteoroides.
Cometa extintoO Sistema Solar interior está repleto de núcleos de cometas extintos, que perderam todo o seu gelo e gases e já não conseguem formar caudas.
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Em 2016, a NASA vai lançar uma das suas missões mais ambiciosas, chamada OSIRIS‑REx. Este nome é um acrónimo de Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security, Regolith Explorer. O plano é enviar esta missão para um asteroide conhecido por 101955 Bennu, onde tentará extrair uma amostra de 60 gramas com o mecanismo Touch‑And‑Go Sample Acquisition, ou TAGSAM.
A OSIRIS‑REx vai aproximar‑se do asteroide até tocar na sua superfície (este é demasiado pequeno para ter gravidade para a nave “aterrar”). Depois, a nave irá disparar jatos de azoto gasoso para “liquidificar” a poeira à superfície (o termo técnico para estes detritos é “rególito”), permitindo que o dispositivo de captura retire uma amostra e a guarde numa cápsula. Quando a OSIRIS-REx voltar à Terra, em 2023, a cápsula será ejetada e lançada para a Terra num paraquedas, para que a amostra possa ser estudada em laboratório.
Trazer rochas espaciais para a TerraA OSIRIS-REx pretende trazer 60 gramas de um asteroide para a Terra.
“ O Sistema Solar está cheio de detritos de diferentes tamanhos.”
Quero Saber | 067WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
Cerca de 4.700 asteroides virtualmente perigosos, com mais de 100 m de diâmetro, poderão colidir com a Terra?SABIA QUE…
BRILHAM NO
ESCURO
ANIMAIS QUE
MedusaAlgumas espécies de alforrecas afastam potenciais predadores com flashes de luz.
SepiolidaEsta ordem de cefalópodes usa bactérias bioluminescentes para efeitos de camuflagem.
Recife de coralMuitas criaturas dos recifes de coral recorrem à fluorescência para sobreviver.
EscorpiãoAlguns escorpiões ficam
fluorescentes sob luz UV, mas ninguém sabe porquê.
PirilampoUm órgão emissor
de luz no abdómen deste inseto produz
os seus flashes distintivos.
Prepare os seus olhos para o mundo multicolor da luz natural.
AMBIENTE
068 | Quero Saber
Charles Darwin testemunhou a bioluminescência a bordo do Beagle, notando o rasto leitoso que seguia o navio?
Imagine-se a caminhar numa floresta à noite quando encontra um enxame de luzes dançantes a flutuar no ar. Pode parecer
um truque de magia, mas é um dos fenómenos do mundo natural mais espantosos: a bioluminescência. As luzes cintilantes no ar são uma reação química exibida por pequenos pirilampos, que se iluminam à noite para encontrar um parceiro. A bioluminescência encontra-se no reino animal, e não só, e o mais extenso conjunto de criaturas que brilham no escuro vivem nos oceanos. Já em habitats de água doce quase não existem organismos bioluminescentes.
Embora a ciência moderna nos permita explorar os mecanismos que fazem esta incrível biologia funcionar, a bioluminescência fascina o ser humano há milhares de anos. As referências a criaturas da natureza que brilham no escuro surgem no folclore de diferentes culturas, na Escandinávia, na China e na Índia, por exemplo. No século IV a.C., o filósofo grego Aristóteles afirmava que “algumas coisas parecem produzir luz, embora não sejam fogo na sua natureza”. De forma similar, durante o primeiro século d.C., o erudito romano Plínio, o Velho, documentou ter retirado o muco de uma medusa da Baía de Nápoles para o esfregar na sua bengala – iluminando o caminho “como uma tocha”.
Tal como Aristóteles assinalou, a bioluminescêcia é uma “luz fria”, o que significa que, ao contrário da luz produzida por uma lâmpada elétrica, que liberta energia sob a forma de calor, a reação bioluminescente é quase cem por cento eficiente e produz muito pouco calor. Há duas formas que permitem aos animais produzir esta luz: possuindo os meios biológicos certos para a criar por si mesmos, ou hospedando bactérias bioluminescentes que trabalham em conjunto com o animal para fornecer os flashes de luz. Estas bactérias bioluminescentes também podem ser parasitas, fixando-se a um hospedeiro e fazendo-o brilhar involuntariamente.
Um animal que tem uma relação mutuamente benéfica com estas bactérias é a minúscula “lula-de-rabo-cortado”, um cefalópode da ordem Sepiolida com apenas alguns centímetros de comprimento, que pode ser encontrado nas águas costeiras do Pacífico. A lula usa o brilho azul esverdeado das bactérias para se camuflar na coluna de água, fazendo-o corresponder à luz do luar – uma técnica chamada contra-iluminação. Em troca, o corpo da lula proporciona às bactérias uma solução açucarada de que se podem
alimentar. Todas as manhãs, a lula expele 95% das bactérias bioluminescentes, assegurando que para de brilhar enquanto descansa. Quando a noite cai, as bactérias repovoam a lula, atingindo uma concentração suficiente para que recomece a brilhar. Esta é uma interessante utilização da bioluminescência como camuflagem em vez de meio para iluminar o caminho na escuridão.
As criaturas bioluminescentes que não dependem de bactérias luminosas criam a sua própria luz através de reações químicas. Muitas vezes, têm órgãos específicos, chamados fotóforos, em que moléculas conhecidas por
luciferinas reagem com o oxigénio para produzir fotões de luz visível. Estas
reações podem ser ativadas por fatores químicos, mecânicos
ou neurológicos, entre outros. A bioluminescência não é o
único método utilizado no reino animal para brilhar no escuro. Muitos animais brilham através de fluorescência, um fenómeno em que a luz é absorvida e depois emitida
num comprimento de onda diferente. O escorpião, por
exemplo, quando exposto à luz UV, exibe uma cor de néon
turquesa. Várias espécies de corais, medusas e crustáceos têm também
propriedades fluorescentes, assim como a enguia japonesa – um dos únicos vertebrados conhecidos a apresentar esta característica.
Os animais podem ainda utilizar a fosforescência, que é quimicamente similar à fluorescência, com a diferença de que a luz é absorvida e (ao contrário da fluorescência) continua a brilhar depois de removida a fonte luminosa. Muitas criaturas marinhas apresentam uma combinação dos três métodos, mas a fosforescência é muitas vezes demasiado fraca para ser vista a olho nu; pode também ser ofuscada pelos outros dois métodos de iluminação natural, muito mais brilhantes.
No oceano, muitas vezes o espetáculo de cores inclui tons néon de azul e verde. Isto acontece porque estes são os comprimentos de onda que viajam mais longe nas profundezas, garantindo que a luz das criaturas serve o seu propósito. No entanto, as cores são também adequadas às suas funções específicas. Os animais usam o brilho para se defenderem dos predadores. A luz ajuda também a atrair alimento e parceiros, e pode até servir de camuflagem. Pode mesmo ser útil a seres oceânicos não luminosos como os cachalotes, que nadam tão fundo para caçar que os cientistas creem que dependem da bioluminescência das suas presas para as detetar.
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A bioluminescência é produzida por uma reação química que envolve uma molécula chamada luciferina.
5Subprodutos da reação
A reação bioluminescente resulta em subprodutos: dióxido de carbono e um composto chamado oxiluciferina – o nome que se dá à luciferina depois de oxidada.
4Produção de luz
Quando a luciferina reage ao oxigénio, são libertados fotões de luz. Se esta reação ocorrer coletivamente nos fotóforos de uma criatura, é produzido um espantoso espetáculo natural de luz.
3 OxidaçãoA luciferase
fornece a via para que o oxigénio possa combinar-se mais facilmente com a luciferina. Depois, o oxigénio oxida a luciferina, acrescentando-lhe moléculas de oxigénio.
2 Catalisador Um catalisador
é uma substância que aumenta o ritmo de uma reação química. Neste caso, o catalisador chama-se luciferase. Em termos gerais, este termo designa uma enzima que ajuda à reação que provoca a emissão de luz.
1IngredientesEm geral, para
ocorrer uma reação bioluminescente, um organismo precisa de uma molécula de luciferina, luciferase (o catalisador que promove a reação) e oxigénio, para oxidar a luciferina.
A ciência por detrás da bioluminescência
SABIA QUE…
Quero Saber | 069WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
Por ser um fenómeno que ocorre naturalmente e que, na sua forma mais simples, requer apenas oxigénio, a bioluminescência pode ter várias aplicações no quotidiano. Podemos aproveitar este espantoso processo de emissão de luz para utilizações médicas, militares e comerciais. A fluorescência natural também está a ser desenvolvida como uma ferramenta cada vez mais útil. Os cientistas conseguem utilizar proteínas naturalmente fluorescentes para monitorizar a disseminação de vírus e doenças em roedores, e para observar o desenvolvimento de tecido celular. O objetivo é permitir-nos compreender melhor e tratar doenças humanas.
Podemos ainda manipular geneticamente plantas de forma a que brilhem. Embora ainda esteja numa fase embrionária, esta utilização da bioluz pode permitir, por exemplo, adaptar árvores para brilharem no lugar de postes de iluminação públicos. Cientistas da Universidade de Edimburgo já criaram batatas que se iluminam sob uma luz negra quando estão desidratadas, funcionando como uma marca para os agricultores monitorizarem de forma precisa as culturas. Apesar da controvérsia sobre os alimentos geneticamente modificados, a ciência por detrás destes desenvolvimentos não deixa de ser incrível.
Pode ainda haver utilizações militares para a bioluminescência. Algumas espécies de plâncton ativam este processo quando são perturbadas, o que pode denunciar o paradeiro de submarinos escondidos ou interromper operações navais secretas. Há ainda as aplicações comerciais. Por exemplo, a empresa de biotecnologia BioLume, na Califórnia do Norte, espera desenvolver uma gama de incríveis guloseimas luminosas – chupa-chupas, pastilhas e bebidas –, além de produtos de higiene pessoal, como pastas dentífricas, sabonetes e espumas de banho que brilham no escuro.
Como a iluminação natural pode ajudar-nos
Iluminar as profundezas
Ratos luminosos
Vegetação brilhante
Uma proteína fluorescente derivada das medusas, conhecida por Proteína Verde Fluorescente (GFP, na sigla em inglês), revolucionou a biologia celular. Tem um brilho verde sob luz azul e UV, e pode ser utilizada como uma marca versátil para destacar um enorme conjunto de processos biológicos. A proteína pode ser clonada (para não ter de ser extraída da medusa) e a sua sequência genética pode ser acrescentada ao genoma de um organismo. Isto faz com que áreas celulares específicas (aquelas que os cientistas pretendem estudar) “brilhem”. Desta forma, os cientistas podem testemunhar e compreender o crescimento de tecido, desde as células nervosas no cérebro até ao alastramento de tumores cancerígenos, o que tem um enorme potencial na investigação médica.
A empresa Bioglow está a trabalhar numa alternativa aos postes de iluminação pública para poupar energia, através do desenvolvimento de uma planta que brilha. Com o nome Starlight Avatar, foi adicionado ao genoma de uma planta de vaso chamada Nicotiana alata um gene de bactéria bioluminescente – o que permitiu criar uma planta que, de forma autónoma, emite uma luz amarela esverdeada.
A bioluminescência encontra-se por toda a coluna de água, desde a superfície até às profundezas dos oceanos. À medida que a luz se esbate, a quantidade de iluminação biológica aumenta. Pensa-se que cerca de 90% dos animais do mar profundo utilizem alguma forma de bioluminescência para caçar, para defesa ou para atrair parceiros.
Os ratos luminosos podem ajudar os cientistas a
combater muitas doenças.
As plantas que brilham podem abrir caminho a mais iluminação botânica.
Água-viva-de-penteEstas criaturas têm apêndices parecidos com remos que as impulsionam e que emitem flashes com as cores do arco-íris durante o movimento. Isto acontece quando a luz incidente se dispersa pelos cílios em movimento, mas muitas espécies têm também bioluminescência e brilham num tom azul esverdeado.
TamborilA maioria das espécies desta criatura tem um grande brilho bioluminescente, como uma cana de pesca luminosa. Esta propriedade ajuda as fêmeas a atrair as suas presas. Os machos são muito mais pequenos e não brilham; “colam-se” às fêmeas como parasitas e fornecem esperma para a reprodução.
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Na I GM, um submarino alemão no Mediterrâneo perturbou plâncton bioluminescente, denunciando a sua posição?
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Porque brilham os animais?
DEFESAA bioluminescência defensiva é utilizada para dissuadir predadores. Criaturas como certas lulas recorrem a uma repentina explosão de luz para assustar os seus atacantes; alguns animais utilizam ainda um “efeito de cortina de fumo” para permitir uma fuga rápida.
ATAQUEA bioluminescência também pode ser utilizada para atacar as presas ou para as detetar. Alguns sifonóforos e o peixe-lanterna usam a sua bioluminescência para ofuscar as suas presas e caçá-las.
ATRAÇÃOA bioluminescência desempenha um papel importante no acasalamento dos pirilampos, que têm órgãos emissores de luz no baixo ventre. Os machos emitem um espetáculo de luz para atrair as fêmeas, que respondem com flashes se também se sentirem atraídas.
Esta lula emite uma explosão de luz para dissuadir
potenciais predadores.
Diferentes espécies de pirilampos podem ser
identificadas pelos padrões de flashes de luz que emitem.
O peixe-lanterna usa órgãos superluminosos sob os olhos para atrair e iluminar as presas.
Peixe-dragão--negroEsta criatura de aparência ameaçadora tem células emissoras de luz a todo o seu comprimento e pode iluminar-se repentinamente quando perturbada. No entanto, este peixe tem outra carta na manga: uma luz quase infravermelha que muitas outras espécies marinhas não conseguem ver, o que lhe permite atacar as suas presas.
TomopterisEstas bonitas criaturas são um género de poliquetas planctônicas marinhas. Têm células bioluminescentes que lhes permitem emitir cores brilhantes, e são espécies que podem produzir luz amarela, o que é raro nas profundezas. Também podem disparar partículas bioluminescentes que lhes permitem escapar aos predadores.
Pelagia noctilucaEm alemão, o nome desta água-viva traduz-se como “luz noturna”, o que reflete as suas incríveis capacidades bioluminescentes. Quando é ameaçada ou encurralada, responde com uma reação química que liberta um rasto luminoso de muco enquanto tenta escapar.
“Podemos aproveitar este espantoso
processo de emissão de luz para utilizações
médicas, militares e comerciais.”
SABIA QUE…
Quero Saber | 071WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
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072 | Quero Saber
Pensa-se que a bioluminescência pode ser a forma de comunicação mais comum do planeta?
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Quero Saber | 073
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As plantas dependem de um processo chamado fotossíntese para se alimentarem. Este processo converte a água do solo e
o dióxido de carbono do ar em oxigénio e glucose (açúcar). A luz do Sol é crucial para esta conversão química e, na sua ausência, as plantas verdes não sobrevivem.
As células das plantas contêm uma proteína chamada fototropina, que é ativada quando absorvem o comprimento de onda azul da luz. Isto leva a uma distribuição heterogénea da hormona auxina (que regula o crescimento) no caule. Os mecanismos exatos por detrás deste processo não são completamente compreendidos, mas existe a teoria de que a luz solar destrói ou inibe a auxina, e os níveis hormonais do lado exposto ao Sol decrescem. Uma outra teoria dita que as moléculas de auxina sejam capazes de se mover de célula para célula ao longo do caule, afastando-se da zona onde a luz foi detetada pelas fototropinas. A auxina provoca a dilatação das células, por isso a zona não iluminada do caule – que contém maiores níveis da hormona – é alongada, obrigando a planta a dobrar-se na direção da luz.
Os girassóis levam ao extremo a sua busca por luz solar. Estas plantas seguem o Sol ao longo do dia, fisicamente rodando as suas folhas e flores para aproveitarem o máximo da luz solar. À noite abrem-se, voltando à posição inicial ao nascer do Sol. Ninguém sabe porque as flores seguem o Sol para além das folhas, mas pensa-se que o calor extra as ajuda a criar mais sementes.
Uma hormona garante que a planta tenha luz solar suficiente para sobreviver.
Não satisfeitas com o alimento fornecido pela fotossíntese, estas cinco plantas carnívoras capturam, matam e comem presas vivas.
Auxina A auxina é uma hormona
que regula o crescimento da planta. O lado não exposto ao Sol contém mais auxina
do que o lado iluminado.
Alongamento celularA auxina encoraja o crescimento das células das plantas “amolecendo” as paredes celulares e absorvendo mais água por osmose – o que, por sua vez, faz alongar o lado que não está exposto ao Sol.
Forma dobradaO maior crescimento de um
lado do rebento faz com que a planta se dobre na
direção da fonte de luz.
Crescimento lentoAs células do lado iluminado
contêm níveis menores de auxina, por isso este lado
alonga-se menos.
Com a ajuda da hormona auxina, as plantas aproveitam o máximo possível de luz.
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Os girassóis seguem os raios do Sol ao longo do dia, rodando as suas
folhas e flores.
DioneiaQuando um inseto ou aracnídeo pousa em mais do que um dos cílios dos maxilares da planta, é desencadeada uma reação violenta. A boca articulada fecha-se, aprisionando a presa dentro da planta. São segregadas enzimas digestivas e a planta pode demorar vários dias até voltar a abrir-se.
NepenthesEstas plantas ludibriam os insetos e até ratazanas para os seus jarros através de um cheiro atrativo. Quando capturam a presa, esta afunda-se no líquido no jarro e é decomposta pelo suco digestivo, o que permite à planta absorver os nutrientes vitais à sua sobrevivência.
PinguiculaEsta planta apanha as presas através das suas folhas pegajosas. A substância está cheia de enzimas digestivas que decompõem os insetos. Quando chega o inverno, algumas espécies de Pinguicula ficam dormentes e cessam as suas atividades carnívoras.
SarraceniaTal como as Nepenthes, as plantas do género Sarracenia têm a forma de um jarro. Os insetos são atraídos pelas suas cores e pelo cheiro doce. Quando pousam no jarro, caem, visto que é muito escorregadio. Lá dentro já não há como escapar, já que as paredes do jarro são lisas e íngremes.
DróseraHá mais de cem espécies de drósera que parecem constantemente cobertas de orvalho. Estas gotas minúsculas são, na realidade, enzimas aderentes que armadilham e começam a digerir a presa assim que ela aterra nas suas folhas.
Luz solar
Como crescem as plantas na direção da luz?
No fototropismo, o agente excitador do movimento é a luz?SABIA QUE…
Quero Saber | 075www.querosaber.sapo.pt
Plantas assassinas
De cima, os formidáveis picos denteados de Tsingy de Bemaraha parecem uma floresta de pedra. Localizado na costa
ocidental de Madagáscar, este é um feito incrível de escultura natural. As formações rochosas são um sistema cársico – termo geológico usado quando uma paisagem é composta por rocha solúvel, como o calcário, que é desgastada e dissolvida ao longo do tempo pela água.
Há cerca de dois milhões de anos, esta zona era uma lagoa sobre um leito profundo de calcário. Durante milénios, a atividade tectónica e a descida do nível da água do mar fez com que esta rocha se elevasse sobre a água, expondo 0 frágil calcário aos elementos. À superfície, o vento e as chuvas erodiram o calcário e gradualmente eliminaram as camadas cimeiras mais moles, mantendo as áreas mais duras sob a forma de grandes agulhas – o que originou os
pináculos. Muito abaixo da camada superficial, a água subterrânea disseminou-se através de falhas na rocha, erodindo-a e criando grutas horizontais que cortam o planalto de Tsingy de Bemaraha. A água subterrânea também se infiltrou verticalmente através de fendas, formando grutas maiores. À medida que as grutas se expandiram em camadas diferentes, a rocha que lhes dava suporte enfraqueceu e desabou, criando fendas enormes – desfiladeiros vastos e abruptos que se afundam na rocha e podem chegar aos 122 metros de profundidade.
Este processo vertical, em conjunto com o desgaste horizontal, criou uma intricada rede de grutas, túneis e pontes, que se alastram num labirinto rochoso. Os seus tamanhos variam muito, o que faz com que este ambiente seja difícil de explorar pelo Homem, embora vivam aqui muitos animais e plantas.
Altaneiras agulhas de calcário dominam esta reserva natural de Madagáscar, esculpidas durante milénios pela força da água.
O labirinto de Tsingy de Bemaraha
A água é o arquiteto deste implacável ambiente rochoso.
FraturasO movimento tectónico empurrou o calcário para cima, formando fraturas na rocha.
Lençol freático As diferenças de altura
do lençol freático aumentaram ou
diminuíram o volume de água que erodiu a rocha.
Lagoa
Água subterrâneaA água sob a superfície da Terra fluiu entre as formações rochosas, esculpindo à medida que ia avançando.
Grutas fundidasAs grutas que se formaram umas por cima das outras colapsaram e criaram fendas profundas.
Calcário
Chuvas de monçãoEsculpir uma
floresta de pedra
Graças às rochas denteadas e às fendas mortalmente profundas, a vida selvagem de Tsingy quase não foi perturbada pelos seres humanos. Através dos milénios, foi recolhida muita matéria orgânica nos desfiladeiros profundos, fornecendo uma excelente fonte de nutrientes, bem como abrigo e proteção para toda a espécie de plantas exóticas. As árvores altas sobem em direção ao céu entre os pináculos, que também albergam muitas espécies de lémures.
As aves coloridas escalam as rochas e incontáveis espécies de insetos povoam as grutas altaneiras. Os lagartos expõem-se ao Sol nas muitas saliências e, abaixo da superfície, criaturas aquáticas nadam no labirinto de canais. Pensa-se que há muito a descobrir sobre este refúgio de vida selvagem. Estima-se que até 85 por cento desta vida seja endémica (só existente em Madagáscar), e destes, 45% serão localmente endémicos (só existentes na Reserva Natural de Tsingy).
A vida em Tsingy
Tsingy dá refúgio a um enorme conjunto de espécies, como o peneireiro-de- -Madagáscar.
AMBIENTE
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT076 | Quero Saber
“Tsingy é um incrível feito de escultura natural.”
Ponte naturalUm grande pedregulho caído liga dois picos.
FendasDesfiladeiros profundos com encostas direitas e abruptas cortam a rocha.
PicosA chuva dissolveu a rocha formando a floresta de agulhas.
Superfícies recortadasCristas nas paredes do desfiladeiro mostram que foram esculpidas por água subterrânea carregada de sedimentos, e não por chuva.
Canal-base
Entalhes
Gruta rotunda
Ponte natural
0 metros
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6 m
9 m
12 m
15,2 m
18,2 m
21,3 m
24,3 m
27,4 m
A chuva dissolveu vários metros de camadas cimeiras.
A maioria de Tsingy surgiu sob a forma de grutas, chegando a atingir 122 m de profundidade.
Água
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Madagáscar
Tsingy de Bemaraha
Na língua malgaxe, a palavra “Tsingy” significa “onde ninguém pode andar descalço”?SABIA QUE…
Quero Saber | 077WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
subterrânea
Éum erro comum considerar que todos os índios norte-americanos viviam nestas icónicas tendas em forma de cone;
na realidade, só os povos indígenas das Grandes Planícies e das Pradarias Canadianas construíam tipis. Estas tribos dependiam dos bisontes selvagens para se alimentarem e para produzirem roupa, abrigos e ferramentas, por isso seguiam a sua rota migratória ao longo das planícies norte-americanas, movendo regularmente os seus acampamentos de um lado para o outro. Para isso, era essencial que as suas habitações pudessem ser erguidas e desmanteladas rapidamente, de modo a adequarem-se ao seu estilo de vida nómada.
A solução era a tipi, que hoje está em desuso, exceto em cerimónias. Estas casas móveis eram feitas de postes de madeira com um revestimento em pele de búfalo, e tinham aberturas no topo para deixar sair o fumo das fogueiras que faziam
lá dentro. Estas aberturas eram posicionadas nos ângulos certos para se protegerem do vento, e esta característica distinguia a tipi de todas as outras tendas icónicas. Os postes podiam ser usados para formar uma espécie de trenó, que podia depois ser amarrado a um cavalo e arrastado juntamente com mantimentos e pessoas ao mesmo tempo – ideal para os caçadores, que estavam sempre em movimento.
As tipis eram construídas para serem portáteis, mas também para se adaptarem às diferenças drásticas das estações na América do Norte. As coberturas de peles de animais mantinham a tenda quente no inverno e fresca no verão, e resistiam a ventos fortes e chuvas intensas. A base das peles era fixada ao chão com uma abertura em baixo nas estações mais quentes, para permitir o fluxo de ar. No inverno, era colocado um forro dentro da tipi, que podia ser engrossado com relva para melhorar o isolamento.
Descubra como estas ecocasas móveis resistiam ao vento, chuva e neve.
Tipis dos índios norte-americanos
PostesPodiam medir de 3,7 a 7,6 metros de comprimento e, historicamente, eram feitos de pinho ou cedro vermelho.
CarneDepois de caçado o bisonte, a sua carne era cortada às tiras, pendurada e secada para conservar.
A tribo Lakota Oglala era uma das que construíam tipis.
HISTÓRIA
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT078 | Quero Saber
Cada tenda era construída para ser confortável e prática.
EntradaAs tipis ficavam voltadas para o sol nascente. Quando a porta estava fechada, os visitantes tinham de fazer-se anunciar e esperar por autorização para entrar.
JuntarOs postes de madeira eram atados no topo com pele ou uma corda.
Animais de estimaçãoCom o passar do tempo, os lobos evoluíram para cães domesticados, usados para a caça, transporte e como animais de companhia.
FogueiraO fogo era usado para cozinhar, aquecer a água e manter o calor no inverno.
Forma e tamanhoAs tipis podiam ter um diâmetro pequeno, de dois metros, ou grande, de 12 metros. A estrutura cónica resistia aos ventos fortes.
Abertura para fumoA aba da abertura para o fumo estava fixada à pele que cobria o exterior da tenda. Permitia a saída do fumo e a circulação do ar.
PelesAs peles de bisonte eram esticadas, a carne removida e o pelo rapado. Eram depois curtidas usando os cérebros dos bisontes.
Anatomia da tipi
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Muitas vezes confundidos com as tipis, os wigwams (ou wickiups) tinham uma forma de redoma criada com postes de madeira arqueados. Ao contrário das tipis, eram amiúde construídos como habitações permanentes para as tribos norte-americanas, já que demoravam mais tempo a erguer e não eram portáteis. A sua forma curvada tornava-os ideais para resistir a diferentes condições climáticas, desde ventos fortes a chuvas torrenciais. A estrutura era feita com troncos de árvores jovens de três a 4,6 metros de comprimento, que eram cortados enquanto estavam suficientemente maleáveis para se dobrarem. Eram utilizados materiais locais para fazer o telhado, como relva, cascas, canas, peles ou tecidos. Quando o wigwam chegava ao fim do seu tempo de vida, era queimado e construía-se um novo no mesmo local.
O wigwam
Os wigwams eram considerados habitações mais permanentes do que as tipis.
Pele de animaisAs tipis históricas tinham um revestimento de pele de bisonte, que mantinha a tenda fresca no verão, quente no inverno e seca nas estações chuvosas.
A tipi era normalmente construída pelas mulheres da tribo e demorava cerca de 30 minutos a erguer?SABIA QUE…
Quero Saber | 079WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
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Como é que este projeto com 200 anos converte o calor em energia mecânica?
Motores Stirling
U m clérigo escocês chamado Robert Stirling inventou o motor Stirling em 1816. Ele esperava criar um motor mais seguro
e eficiente do que os seus rivais a vapor, que já existiam há aproximadamente um século. O lançamento do motor Stirling foi recebido com muito entusiasmo, mas o aparecimento dos motores de combustão superaram-no em muitas fábricas.
Os motores Stirling funcionam ao arrefecer e aquecer repetidamente o mesmo volume de gás, utilizando a sua expansão e compressão para mover dois pistões e ativar um motor. Este mecanismo está a ser alvo de algum revivalismo, visto que é perfeito para centrais de energia solar, onde pode produzir continuamente energia com o Sol que aquece os painéis. Pode até ser usado para criar super-refrigeradores para utilização em investigações de supercondutividade e eletrónicas.
Saiba porque este monstruoso avião russo preocupou o Ocidente por tantos anos.O monstro do Mar Cáspio
O gigantesco avião atingia velocidades de 500
quilómetros por hora.
Apelidado de “Monstro do Mar Cáspio” pelos serviços secretos norte‑americanos, este ekranoplano
(uma mistura de avião com hovercraft) russo de 92 metros de comprimento foi detetado no pico da Guerra Fria, em 1966, por um satélite espião dos EUA, enquanto vigiava o Mar Cáspio. Inicialmente, deixou o Ocidente perplexo com a sua estranha forma e o seu tamanho intimidador, já que não parecia muito adequado ao tradicional voo do mar para o ar.
A verdadeira função deste “monstro marinho” era voar muito perto da água ou do chão, produzindo uma almofada de ar
que aumentava a sua impulsão e o tornava mais eficiente do que um avião tradicional. Este fenómeno é conhecido por “efeito solo” e permitia ao veículo voar suficientemente baixo para não ser detetado pelos radares inimigos da época, transportando centenas de tropas e veículos armados por mar, em segredo.
O único modelo do Monstro do Mar Cáspio despenhou‑se em 1980 devido a uma falha do piloto. Havia planos para construir cem aviões semelhantes durante a década de 1990, mas o fim da Guerra Fria acabou com estes desenvolvimentos, sobrando apenas uma mão‑cheia de ekranoplanos.
Fonte de calorO calor entra pelo cilindro direito, expandindo o gás
e empurrando o pistão de serviço.
Pistão de serviço
Todos os motores Stirling têm dois
pistões; o de serviço ativa o motor
rodando as manivelas que
movem o volante.
Compressão de ar quenteO cilindro direito comprime-se, forçando o ar aquecido para o outro compartimento, que o arrefece.
Regeneração de ar quenteAgora que o ar está mais frio, é mais fácil de comprimir, forçando-o para a secção aquecida onde fica mais quente e ganha pressão, reiniciando o ciclo.
Pistão de deslocamentoEste move o gás entre os compartimentos aquecido e arrefecido.
Comutador de calorEste otimiza a eficiência
do motor mantendo algum do calor quando o gás
é arrefecido, adicionando-o depois quando é
novamente aquecido.
HistóriA
www.QUEROSABER.SApO.pt080 | Quero Saber
Na Batalha de Azincourt, Henrique V teria tantos arqueiros que terão sido disparadas mil flechas por segundo?
Nos tempos medievais, o arco longo estava entre as armas mais mortais que poderíamos enfrentar num campo
de batalha, mas este artefacto ainda é usado para desporto e até caça. Tal como no século XV, disparar um arco longo requer muita força e um método disciplinado. Um arqueiro experiente era tipicamente capaz de disparar dez flechas por minuto, a uma distância de cerca de 230 metros.
Mark Stretton, recordista mundial do Guinness do disparo com arco longo tradicional, fez algumas experiências com estas armas e descobriu que podiam ser tão
mortais para um alvo à distância como quando disparadas à queima-roupa. “Para uma flecha percorrer uma distância de 200 metros, deve ser disparada a uma trajetória de 43 graus”, diz Stretton. “Isto significa que a flecha atinge uma determinada altitude antes de voltar ao solo. Ao chegar a esta altitude, a flecha vai cair a uma velocidade terminal, por isso, na verdade, não pode descer mais depressa, independentemente do zénite que atinge.”
Na Batalha de Azincourt, em 1415, Henrique V empregou três arqueiros por cada homem do seu exército. Isto fez com que o exército francês fosse obrigado a avançar por entre saraivadas
atrás de saraivadas de flechas. Os arqueiros ingleses literalmente dispararam o seu rei para a fama naquele dia em Azincourt, já que o inimigo não teve capacidade de responder à precisão e potência do arco.
Saiba como dominar uma das mais mortais armas medievais.
Como disparar um arco
Como preparar e disparar uma seta com um arco longo inglês.
2 Puxar a corda Com o entalhe da flecha para segurá-la ao arco fixado na corda,
puxe a corda com os dedos indicador, médio e anular. Mantenha a frente da seta em repouso sobre a mão que segura o arco.
3 Preparar e dispararCom a corda puxada até perto do queixo ou bochecha, estabilize
a pontaria focando-se no alvo, e não na seta. Quando largar a seta, continue a puxar a mão para trás, como se estivesse a afagar a corda ao disparar.
1 Assumir a posturaMantenha-se de pé, direito, de lado para o alvo, com as pernas
afastadas à largura dos ombros e o arco virado para baixo. Posicione a primeira flecha por cima do dedo indicador no arco e fixe-a à corda.
4 Manter a posiçãoMantenha a sua posição até que a flecha chegue ao seu destino
que, esperamos, será o alvo! Ao manter a posição do corpo, poderá fazer com que o disparo seguinte seja tão certeiro como o primeiro.
Dispare a sua primeira flecha
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Uma recriação moderna de um
arco inglês, completo com setas e aljava.
Um arqueiro experiente podia
disparar dez flechas por minuto.
“Disparar um arco longo requer muita força e um
método disciplinado.”
Quero Saber | 081www.querosaber.sapo.pt
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Em 1952, a Radioplane Company foi comprada pela Northrop Grumman, que ainda lidera a tecnologia de UAV?SABIA QUE...
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Hoje são controlados por pilotos que sobrevoam campos de batalha que nunca vão ver ao vivo, mas as raízes
dos sofisticados veículos aéreos não tripulados (UAV) começaram a surgir há quase um século.
A I Guerra Mundial (1914-1918) abriu caminho à inovação tecnológica, e foi nesta altura que as experiências de voo não tripulado começaram. O resultado foi um “torpedo aéreo” norte‑americano chamado Kettering Bug. Sendo um antecessor do atual míssil teleguiado, este carregava uma cabeça explosiva a uma velocidade de até 80 quilómetros por hora. Podia ser-lhe instalado um temporizador que desligava o engenho e recolhia as asas para poder cair como uma bomba, mas os estrategas militares eram cautelosos ao fazer voar estes explosivos imprecisos sobre as suas próprias linhas de guerra.
Na corrida à II Guerra Mundial (1939-1945), a Marinha Real Britânica fez experiências com biplanos de madeira controlados por rádio
que serviriam de treino – fornecendo capacidades para o conflito que se avizinhava, em que a superioridade aérea poderia desempenhar um papel fundamental.
Em 1933, um hidroavião modificado chamado Fairey Queen foi testado como o primeiro drone de voo raso. Despenhou‑se em dois de três testes, mas em 1934 o Queen Bee, um avião Tiger Moth modificado, obteve grande sucesso.
Treinar atiradores neste modelos rudimentares não era uma simulação muito realista, mas surgiu uma solução vinda dos EUA, na forma do ator britânico Reginald Denny e a sua empresa, a Radioplane Company. Depois de anos a tentar suscitar o interesse da Marinha dos EUA no Radioplane‑1, Denny obteve sucesso em 1939 e, durante a guerra, foram construídos 15.374 modelos.
Rápidos, ágeis e duráveis, os Radioplanes eram equipados com controlo de rádio e tinham melhor capacidade de imitar a velocidade e a agilidade dos aviões inimigos.
Como os UAV tomaram de assalto os céus há 70 anos.Os drones da II GM
Drones combatentes
Os primeiros UAV
Antes de se tornar Marilyn Monroe, Norma Jeane
montava Radioplanes numa fábrica, na década de 1940.
Explosões!Muitos navios de guerra tinham catapultas para lançar aviões de reconhecimento na era pré-radar. Era o ideal para o Fairey Queen, porque reduzia o trabalho do piloto para lançar o seu UAV.
Enquanto os “torpedos aéreos” representavam a capacidade destrutiva da tecnologia de drones – tendo como resultado os foguetes nazis V-1 e V-2 – as sementes do conceito dos atuais UAV eram lançadas por trás dos faixas vermelhas do Terceiro Reich. Fritz Gosslau propôs o Fernfeuer em 1939 – uma visão de um avião com controlo remoto, que podia largar a sua carga e retornar à base. Os planos para o Fernfeuer foram cancelados em 1941, mas estava aberto o caminho para o desenvolvimento da bomba voadora V-1.
Em março de 1944, a marinha dos EUA implementou o drone de assalto TDN-1 na guerra contra o Japão. A 19 de outubro de 1944 este lançou bombas em alvos do Pacífico. Ao contrário do planeado Fernfeuer e mesmo dos drones atuais, o TDN-1 não voltava à base.
Cockpit vazioO cockpit do Fairey Queen da Marinha Real Britânica tinha uma bomba na traseira que ativava os atuadores pneumáticos. Eram motores alimentados por ar comprimido que moviam remotamente os controlos.
Problemas de pilotagemSem controlos sofisticados suficientes para guiá-los, os ailerons – abas na asa usadas para virar ou aterrar o avião – ficavam trancados numa posição neutral e o piloto tinha de controlar o avião apenas com o leme.
Controlo remotoEm vez de um moderno joystick, era usado um disco como os dos telefones antigos para transmitir comandos via rádio. Diferentes números representavam as ações de subir, descer, virar à esquerda e à direita, ignição e acelerar.
AsasAs asas do Fairey Queen tinham um ângulo diedro maior – o ângulo para cima da asa em relação ao chão –, tornando o avião mais estável. No entanto, este despenhou-se quatro vezes em cinco tentativas.
Inteligência artificialO sucessor produzido em massa do Fairey Queen – o Queen Bee – aterrava sozinho se perdesse o contacto por rádio. Um cabo de antena conseguia detetar quando o avião estava perto do chão e automaticamente iniciava a aterragem. Podia até disparar um sinal de fogo para dar a conhecer ao piloto a sua localização!
Quero Saber | 083
Os curandeiros africanos existem há cerca de cinco mil anos e não são nem feiticeiros, nem médicos. As suas
funções e títulos podem variar entre regiões e tribos, mas estes curandeiros agem, muitas vezes, como ervanários, divindades, ou ambos. Eles foram e ainda são membros respeitados da sociedade, cuja missão é curar as doenças e manter os espíritos maus afastados, com a ajuda de várias poções e tradições.
No entanto, os cientistas esperam aprender mais sobre a eficiência da medicina tradicional destes curandeiros, visto que esta não está bem estudada. Alguns acreditam ser possível que alguns remédios com ervas possam ser benéficos nos tratamento dos sintomas do VIH.
A verdade por detrás dos chamados curandeiros espirituais.
Curandeiros africanos
Saiba como evoluiu o uso e o design das tatuagens.A evolução das tatuagens
Com chapéus vibrantes e piercings faciais, os curandeiros
são temidos e respeitados.
ChapéuFeito de penas,
dentes e pele de animais, o chapéu
foi pensado para impressionar
e intimidar.
Pintura facialA pintura facial
de um curandeiro tem um significado oculto;
os círculos em torno dos olhos indicam a
capacidade de ver doenças e o mal.
Piercing facialGrandes piercings faciais indicam estatuto e são tradição da maioria das civilizações tribais do mundo.
TangaAlém de manter a sua dignidade,
a tanga é uma parte essencial do traje do curandeiro, e muitas
vezes contém um saco com remédios.
Nkondi Estas pequenas estatuetas de madeira eram usadas pelo povo do Kongo. As pessoas acreditavam que as estatuetas albergavam um espírito capaz de derrubar os inimigos.
BastãoEsta simples
ferramenta servia para mexer
remédios herbais ou remover sujidades.
Traje tradicional
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Cerca de 3200 a.C.Ötzi, o Homem da Neve, foi encontrado bem preservado nos Alpes em 1991, exibindo as mais antigas tatuagens descobertas na Europa. Tinha 61 tatuagens de carbono, essencialmente grupos de linhas retas.
Cerca de 800 - 500 a.C.Os gregos e os romanos usavam tatuagens para identificar escravos e criminosos, além de mercenários, e assim encontrá-los se desertassem. A tatuagem também era utilizada como forma de punição.
1769O capitão James Cook, o explorador britânico que completou a primeira circum-navegação à Nova Zelândia, descobriu as tatuagens polinésias depois de navegar para o Tahiti. Aprendeu também que a palavra que designava a forma de arte da ilha era “tatau”.
1891Samuel O’Reilly patenteou a máquina rotativa para tatuagem. Foi o primeiro equipamento do género a eletricidade, e muitas das suas funcionalidades mantêm-se na versão atual, que é utilizada globalmente.
HojeA arte corporal permanente é hoje socialmente aceite na maior parte do mundo; nos EUA, cerca de um quarto das pessoas com idades entre os 18 e os 50 anos tem tatuagens; número este que está a aumentar.
Dependendo do tipo de procedimento, os curandeiros podem utilizar uma máscara.
HistóriA
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As famílias da classe trabalhadora viviam em condições de pobreza, com dez a 12 pessoas a partilharem um quarto?
Com a Revolução Industrial em curso, muitos britânicos beneficiavam do crescimento da manufatura, do consumo
e do comércio internacional. A riqueza crescente afastava-os da classe trabalhadora, e originava uma faixa de população de classe média, baseada no sucesso individual e não no estatuto herdado da aristocracia.
Com profissões que iam dos advogados e professores aos donos de lojas e bancários, os homens da classe média podiam mudar-se
com as suas famílias para os subúrbios e ir à cidade apenas para trabalhar. Tipicamente as suas casas tinham grandes terraços, com jardins frontais e traseiros, e espaço suficiente para as suas esposas, filhos e empregados viverem com conforto. O número de empregados de uma família era um grande indicador da sua riqueza, e a maioria das casas tinha, pelo menos, uma empregada de limpeza, uma cozinheira e um jardineiro. A família dava aos empregados roupa, comida e alojamento, e em troca estes
trabalhavam muitas horas por um salário baixo. Normalmente, gerir o pessoal era uma tarefa
da senhora da casa, já que as mulheres não saíam para trabalhar como os seus maridos. Em vez disso, passavam o tempo a entreter os convidados, a fazer compras e a comparecer em eventos sociais, enquanto a governanta cuidava das crianças. A governanta era contratada para ensinar aos mais novos boas maneiras e para lhes dar a educação básica, para que estes depois pudessem seguir o exemplo dos seus pais.
Saiba como a classe média vivia na Grã-Bretanha do século XIX.
Dentro de uma casa vitoriana
SalãoAqui eram recebidos os
convidados, por isso o espaço era decorado sumptuosamente para
indicar o estatuto da família.
Exterior elegante Com a Revolução Industrial chegou a produção em massa e os produtos importados com que as pessoas podiam embelezar as suas casas.
Quarto da criadaOs empregados tinham o seu quarto,
normalmente no andar de cima ou no sótão, que normalmente era frio
no inverno e quente no verão.
Iluminação As velas e os candeeiros a gás
iluminavam a casa, porque as luzes elétricas não foram muito usadas
até ao fim da era vitoriana.
Empregados Os empregados passavam a maior parte do tempo no andar de baixo a preparar
refeições e a limpar.
Casa de banho
As famílias da classe média tinham o luxo de uma casa de banho interior e água corrente. As
casas mais pobres só tinham casas de
banho exteriores.
BerçárioA governanta tomava conta
das crianças no berçário. Ensinava-lhes a ler,
escrever e matemática, além de outras coisas
como música e desenho.
Buraco do carvãoO carvão para as lareiras era fornecido por este buraco, que o levava diretamente à cave.
AquecimentoSem aquecimento central, muitos quartos tinham lareira, por isso a chaminé tinha de ser limpa regularmente.
Decoração Papel de parede florido e carpetes eram muito populares entre a classe média. Os ornamentos e as pinturas davam o toque final.
Os salões vitorianos eram decorados de forma
extravagante para exibir a riqueza da família.
Grandes projetos
O Museu Geffrye, em Londres, explora as casas e a vida ao longo dos séculos, desde 1600 até hoje, refletindo mudanças na sociedade, comportamentos, moda e sabores. Para saber mais, vá a www.geffrye-museum.org.uk.
Saiba mais
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Viagem a uma casa tradicional com terraço.
Quero Saber | 085www.querosAber.sApo.pt
Sabia Que…
quarto da criada
quartodos arrumos
berçário
quarto
quarto
estufa
anexo
toalhas
sanitários
cozinha
cave
átrio
sala de estar
copa
lavandaria
jardim
marquise
jardim frontal
buraco do carvão
Porque morrem as abelhas depois de picarem alguém?n Más notícias para quem gosta de piqueniques: os zangões e as vespas sobrevivem após várias picadas. Só as abelhas trabalhadoras morrem depois de darem uma picada. Isto deve-se à própria forma do ferrão, parecida com um arpão. Quando aplicado no alvo, é tão eficiente que a abelha não consegue libertá-lo. Ao tentar escapar, a abelha fica amputada, sem o ferrão, e isto remove parte do seu sistema digestivo, além de células nervosas e músculos. Infelizmente a abelha não pode sobreviver a este trauma e morre. EC
As células nervosas do cérebro são suportadas
por células da glia.
As abelhas trabalhadoras protegem a colmeia, mesmo que isso signifique terem de se sacrificar.
n Aos dois anos, o cérebro de uma criança tem cerca de 80 por cento do tamanho do de um adulto, mas este continua a crescer até aos vinte e poucos anos. No entanto, a maioria deste crescimento não é alimentada pelas células nervosas. Os bebés nascem com quase todas as células nervosas de que irão precisar ao longo da vida, e o aumento do tamanho deve-se ao crescimento do número de
células de suporte, conhecidas por células da glia. Estas preenchem os espaços entre as células nervosas e desempenham um papel vital na limpeza de resíduos, além de fisicamente suportarem e isolarem os neurónios no cérebro. Com o desenvolvimento da criança, são feitas novas ligações entre as células nervosas vizinhas, o que contribui para o crescimento do cérebro. LM
O que faz o cérebro parar de crescer?
ESPECIALISTAS
MENTE ABERTAPara quem quer saber ainda mais…
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Envie-nos as suas questões e nós tentaremos responder.
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SarahBankesLicenciada em Inglês, é jornalista e editora há mais de uma década.
Fascinada pelo mundo em que vivemos, gosta de escrever sobre tudo, desde ciência e tecnologia até história e natureza.
Laura MearsEstudou ciência biomédica no King’s College de Londres e tem um mestrado da Universidade de
Cambridge. Fugiu aos laboratórios para seguir uma carreira na comunicação de ciência. Passa os tempos livres a desenvolver videojogos pedagógicos.
Luis VillazonLicenciado em Zoologia e Computação em Tempo Real, há anos que escreve
sobre ciência e tecnologia. O seu romance de ficção científica A Jar of Wasps é editado pela Anarchy Books.
Shanna FreemanShanna descreve-se como alguém que sabe um pouco de muitas coisas diferentes. É
o resultado de escrever sobre tudo, desde viagens no espaço até como se faz o queijo. Diz que o seu trabalho é muito útil para quizes!
Alexandra CheungCom licenciaturas da Universidade de Nottingham e do Imperial
College, trabalhou para várias organizações científicas, incluindo o CERN, o Museu de Ciência de Londres e o Instituto de Física.
n Os detetores de fumo mais simples usam compostos de paládio e molibdénio para ficarem pretos quando expostos a monóxido de carbono. No entanto, este é apenas um sinal visual. Para existir um alarme sonoro, alguns detetores usam um gel claro que reage com o monóxido de carbono, tornando-se opaco. Uma luz LED brilha sobre o gel e uma fotocélula dispara o alarme quando este fica demasiado escuro. Outros sistemas recorrem à forma como o monóxido de carbono pode reduzir a resistência num circuito, reagindo com um minúsculo semicondutor de dióxido ou dissolvendo-o no fluido eletrólito de uma bateria especial. Um circuito mede a mudança de resistência e dispara o alarme. LV
Como funcionam os detetores de fumo?
n O efeito do brilho do Sol no cabelo é resultado da luz ultravioleta. Os tons castanho e vermelho da pele e do cabelo são provocados por pigmentos conhecidos por melanina. Os comprimentos de onda de alta energia dos raios UV colidem com os pigmentos de melanina e oxidam-nos. Esta alteração da sua estrutura química torna-os incolores.
Na pele, as células vivas respondem a esta lesão produzindo mais melanina, mas não existem células vivas no cabelo. Quando a melanina se perde e não pode ser substituída, o resultado é um clareamento gradual. Outras moléculas do cabelo podem também ser oxidadas pela luz UV, mudando a sua estrutura química e tornando o cabelo áspero e quebradiço. LM
Porque fica o cabelo mais claro no verão?
n É importante esclarecer que os papagaios não “falam” na verdadeira aceção da palavra; eles limitam-se a imitar o nosso discurso. No entanto, o papagaio é membro de um grupo muito pequeno de animais capazes de aprender sons e repeti-los. Por muito tempo os cientistas pensaram que isto se devesse ao tamanho dos seus cérebros e ficaram atentos a um padrão genético ligado à aprendizagem vocal nos seres humanos e nas aves com a capacidade de aprender sons. Em junho de 2015, investigadores da Universidade Duke, na Carolina do Norte, EUA, procuraram uma marca genética nos cérebros de várias espécies de papagaios, e descobriram que estes têm uma estrutura cerebral única. Tal como os colibris e outras aves que cantam, os papagaios têm um centro de aprendizagem local nos cérebros chamado “núcleo”. No entanto, ao contrário de outras aves que imitam sons, os papagaios têm uma concha que o envolve. Esta concha é maior nos papagaios conhecidos pela sua capacidade de aprender e repetir o discurso humano. SF
Porque falam os papagaios?
Há arcos-íris noutros planetas?n Para produzir um arco-íris, outros planetas teriam de ter dois ingredientes essenciais: luz direta e uma atmosfera que contivesse gotas de um líquido capaz de refratar a luz. Na Terra, vemos arcos-íris quando a luz do Sol se distribui dentro e fora de gotas de água, mas na lua de Saturno, Titã, eles poderiam formar-se quando a luz atingisse gotas de metano líquido. No entanto, a sua atmosfera espessa tornaria raros os arcos-íris visíveis, embora pudessem ser comuns arcos-íris infravermelhos. Titã é o único local do Sistema Solar com condições de formar um arco-íris como este é conhecido, mas é possível que este fenómeno possa ocorrer noutras localizações no Universo. AC
De que tamanho é o Sistema Solar? O Sistema Solar termina no ponto em que a gravidade do Sol já não é dominante. Este ponto fica além da Nuvem de Oort, uma esfera de objetos gelados a uma distância de cerca de cem mil unidades astronómicas. AC
Os papagaios verdes têm uma estrutura cerebral maior e mais complexa.
MENTE ABERTA
Quero Saber | 087WWW.QUEROSABER.SAPO.PT
Porque é que o telemóvel perde sinal em locais onde este existia antes?As torres de centrais de telefonia móvel podem reduzir a área geográfica com cobertura em momentos de picos de utilização para manter a largura de banda. Se ficar fora da ligação com a nova torre, o sinal pode cair repentinamente. LV
n O chocolate negro é melhor para a saúde do que o de leite porque, de uma forma geral, tem mais componentes bons do que maus. Noutras palavras, tem ácidos gordos monossaturados saudáveis e, por isso, menos hidratos de carbono. Tem também muito mais ferro, magnésio, fósforo e potássio, e menos sódio e colesterol. Tem ainda teobromina, que ajuda a baixar a frequência cardíaca. Além disso, o cacau que se encontra no chocolate negro é rico em antioxidantes. Isto minimiza as inflamações, o que é excelente para reduzir o risco de doença cardiovascular. Há ainda compostos bioativos que podem melhorar o fluxo do sangue para a pele e até protegê-la de lesões causadas pelo Sol. SB
O chocolate negro é melhor do que o de leite?
Beijar permite-nos avaliar quão diferentes somos do
ponto de vista genético.
n Várias teorias explicam a origem do beijo e o facto de este não ser comum em todas as culturas humanas sugere que é aprendido e não um comportamento inato. Existe a ideia de que beijar vem da prática dos nossos antecedentes de alimentar os bebés diretamente a partir da boca da mãe. Outra teoria vê o beijo como uma forma de
avaliar quem pode ser um possível parceiro. Ter um contacto próximo permite-nos sentir o cheiro do parceiro e ter pistas subconscientes da sua informação genética. Finalmente, alguns acreditam que beijamos simplesmente porque sabe bem: os nossos lábios têm muitas terminações nervosas, o que faz do beijo um ato intensamente aprazível. AC
Quais as origens do beijo?
MENTE ABERTA
WWW.QUEROSABER.SAPO.PT088 | Quero Saber
Quanto tempo demoraram a construir as pirâmides do Egito? Os egiptólogos modernos acreditam que a Grande Pirâmide foi construída num período de 20 a 40 anos, por isso foram precisos cerca de 80 anos para construir as três pirâmides, além de outros monumentos em Giza. SF
Os germes sobrevivem num sabonete?Sim. A maioria dos sabonetes não mata as bactérias; ajuda apenas a limpá-las da pele. Os micróbios também podem sobreviver no sabonete líquido, por isso é vital limpar os dispensadores. LM
É possível aceder à Internet em Marte?
n Ainda não. Marte é tão distante que teríamos de esperar até 40 minutos para ver uma página a carregar
após clicarmos num link – e o carregamento seria muito lento. A Curiosity da NASA só pode receber e enviar dados a 256 kilobits por segundo. A esta
velocidade, demoraria dois minutos a carregar uma só fotografia, ou 34 horas para fazer o download de um
filme! No entanto, a NASA está a fazer experiências com feixes de laser com largura de banda muito superior à
dos sinais rádio, e novos protocolos poderão melhorar os atrasos de comunicação através do espaço. Estas experiências estão a ocorrer na Estação
Espacial Internacional. LV
n Os umbigos são raros no reino animal, mas a maioria dos mamíferos tem-nos. Tendo em conta que os mamíferos são gerados na placenta das suas mães, eles nascem com o cordão umbilical ainda ligado. Depois de nascerem as crias, as mães roem o cordão umbilical para quebrar a ligação, o que costuma deixar uma cicatriz plana ou uma pequena saliência menos visível do que o umbigo humano. Mais tarde, o pelo do animal cobre essa zona, tornando o umbigo difícil de encontrar. No entanto, há exceções entre os mamíferos. Os ornitorrincos põem ovos, por isso não existe um cordão umbilical para formar um umbigo. Os marsupiais têm cordão umbilical, mas este costuma soltar-se ainda no ventre materno. Por serem muito pequenos nesta fase, nunca chega a desenvolver-se uma cicatriz visível. AC
Alguns animais têm umbigo?
Os gatos são mais inteligentes do que os cães?
n Não funciona com todas as pessoas, mas para algumas, os objetos ficam mais focados quando os olhos são ligeiramente fechados. Isto deve-se à forma como o olho foca a luz.
Uma lente flexível dobra a luz quando esta passa pelo olho, focando-a num ponto altamente sensível da retina chamado fóvea. A lente muda de forma consoante a distância do objeto, garantindo que a luz está sempre concentrada nesse ponto.
Quando envelhecemos, a lente torna-se menos flexível e não foca a luz tão bem. Ao fechar metade das pálpebras, colocamos alguma pressão no globo ocular, mudando manualmente a sua forma e ajudando a focar a luz. LM
Porque vemos melhor se fecharmos ligeiramente os olhos?
Fechar ligeiramente os olhos pode ajudar a focar a luz se esta não estiver bem alinhada.
A Curiosity não tem largura de banda suficiente para enviar para a Terra todas as fotos que tira em alta resolução.
n Os cães podem ser treinados para desempenharem várias tarefas úteis, mas será que isto significa que são mais inteligentes, ou simplesmente mais predispostos a agradar? Em 2010, um estudo da Universidade de Oxford descobriu que o rácio relativo do tamanho do cérebro para o peso corporal dos cães aumentou constantemente desde que estes foram domesticados há oito a dez mil anos. Isto não aconteceu com os gatos, embora eles tenham sido domesticados há quase o mesmo tempo. Isto pode dever-se ao facto do cão ser um animal social; a capacidade cerebral extra requerida para manter interações sociais complexas faz com que as espécies sociais sejam quase sempre mais inteligentes do que as solitárias. No entanto, os gatos têm quase o dobro dos neurónios dos cães no córtex cerebral – a região associada à aprendizagem e inteligência. Algumas experiências demonstraram que os gatos são igualmente bons a resolver puzzles, mas é muito difícil testá-lo porque eles não são tão motivados como os cães. LV
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MENTE ABERTA
Quero Saber | 089
n Vejamos: só os porcos domesticados têm a cauda enrolada. Os porcos selvagens têm a cauda direita. Há várias teorias para explicar isto. A menos interessante é não haver nenhuma razão para isto acontecer. O grau em que a cauda se enrola varia no sentido em que alguns porcos domesticados têm um enrolamento ligeiro, enquanto outros têm a cauda com mais do que uma volta. Outra teoria sugere que a cauda enrolada é uma forma de evolução porque é mais difícil de agarrar quando os porcos lutam entre si. No entanto, a crença mais aceite é a de que a cauda enrolada foi artificialmente criada por agricultores chineses por uma questão estética. Esta é uma teoria muito popular e provável, dado que a domesticação dos porcos ocorreu na China há oito mil anos, pouco depois da primeira domesticação ter acontecido. SB
n Muitos organismos venenosos e tóxicos podem ser perigosos, por vezes até mortais, mas a diferença reside na forma como as toxinas são libertadas. Um organismo venenoso injeta o seu veneno noutros organismos pelo ferrão ou pelos dentes caninos, que estão ligados a uma glândula que produz o veneno. Este é injetado para imobilizar as presas ou para proteção contra predadores e é quase sempre intencional. Os organismos tóxicos são diferentes no sentido em que grande parte deles, ou mesmo todo o organismo, contém toxinas. Ingeri-los ou apenas tocá-los pode ser perigoso. SB
Porque é que os porcos têm a cauda enrolada?
Qual a diferença entre venenoso e tóxico?
n O nome médico para as dores de crescimento é “dores nocturnas benignas da infância”, traduzindo-se na sensação de dor e cãibra quase sempre sentida à noite na parte inferior das pernas.
Costuma dizer-se às crianças e pré-adolescentes que estas dores e cãibras se devem ao crescimento, mas isto não é verdade. Se a dor fosse de facto causada pelo crescimento, os médicos teriam de observar as crianças em períodos de crescimento súbito, mas não parece haver nenhuma ligação entre o crescimento rápido dos ossos e as dores em causa.
A dor não se localiza nos ossos e nas ligações, mas sim nos músculos e tecidos moles. Uma das melhores explicações é esta dor ser o resultado de um uso excessivo dos músculos e das ligações durante o dia. LM
O que são dores de crescimento?
De onde vem a expressão “assalto à luz do dia”?É um mito originado no século XVII por um imposto decretado no Reino Unido, em que as pessoas tinham de pagar por cada janela da casa. Refere-se à ousadia de cometer um assalto durante o dia. SB
Há muitas teorias para explicar porque os porcos têm a cauda enrolada; a mais popular é terem sido criados artificialmente,
As dores de crescimento não têm nada a ver com o crescimento em si.
MENTE ABERTA
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n Infelizmente, cerca de metade das aves que chocam contra janelas morre por lesões causadas pela colisão ou por outros animais, quando a ave fica atordoada e incapacitada de voar. Os ornitologistas acreditam que as aves, muitas vezes de pequeno porte, provavelmente veem o reflexo das árvores e voam contra as janelas, pensando que o caminho está livre. A sua sociedade ornitológica local pode dar-lhe dicas de como tornar as janelas seguras para as aves e sobre o que fazer se encontrar uma ave atordoada por ter ido contra uma janela. SF
Porque voam as aves na direção das janelas?
n Alguns hábitos são extremamente benéficos; os que fazem parte da rotina matinal antes de ir para o trabalho são um bom exemplo. Outros hábitos ativam os centros de prazer do cérebro, desencadeando a libertação de um químico chamado dopamina. Este químico não distingue se o hábito é bom ou mau, e a repetição de comportamentos que libertam dopamina acabam por mudar a forma como o cérebro funciona. É por isso que um vício chega a ser classificado como um distúrbio ou uma doença em vez de uma falha de caráter da pessoa. Saber que o hábito não é bom não impede o cérebro de procurá-lo. SF
Porque é que os maus hábitos são difíceis de perder?
n As grutas proporcionam aos morcegos um abrigo onde podem dormir ou hibernar com o mínimo de distúrbios. Quando se penduram do alto dos tetos e em paredes, eles estão fora do alcance da maioria dos predadores, mas conseguem também fugir rapidamente se for necessário. As grandes grutas dão espaço a colónias inteiras que pousam lado a lado, conservando energia. A temperatura estável das grutas e as condições húmidas são também ideais para a hibernação. Tipicamente os morcegos mudam os pousos ao longo do ano consoante as suas necessidades de comer, hibernar ou criar os mais novos. Mas nem todos os morcegos vivem em grutas; muitas espécies pousam em árvores e outras adaptaram-se a viver em celeiros, casas, túneis e pontes. AC
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A mosca comum pode esconder-se nos locais
mais inacessíveis, como o teto.
n O que parece ser uma superfície lisa, como o teto, por exemplo, está na realidade coberto por minúsculas falhas e saliências que não se podem ver a olho nu. Isto pode fornecer a insetos como as moscas sítios para se agarrarem. As patas das moscas terminam em segmentos chamados tarsos, que têm pulvilli, ou grandes superfícies na base. Os pulvilli são cobertos de pelos duros que produzem um fluido pegajoso que permite às moscas aderirem facilmente a superfícies lisas sem ficarem lá coladas. SF
Como andam as moscas de cabeça para baixo?
Porque vivem os morcegos em grutas?
Roer as unhas, um hábito comum,
chama-se onicofagia.
n A Austrália esteve isolada dos outros continentes por cerca de 80 milhões de anos. Foi o tempo suficiente para lá terem evoluído muitas espécies únicas de animais e plantas que não têm resistência natural a bactérias e fungos de outras partes do mundo. Mesmo países não tropicais têm muitas doenças que podem ameaçar a Austrália. Por exemplo, se levar um animal de estimação de Portugal para a Austrália, ele tem de fazer testes à raiva, carrapatos, gripe canina, vermes, brucelose, leptospirose, leishmaniose e erliquiose. Ao chegar, ainda tem de ficar em quarentena durante dez dias. LV
Porque são as leis de transporte de animais para a Austrália tão restritivas?
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Revista Quero Saber www.querosaber.sapo.pt [email protected]
Gadgets para o carroMelhore a experiência de conduzir com este simples kit que pode mantê-lo seguro e entretido na estrada.
1 Fazer café no caminho n Handpresso Auto € 149www.handpresso.pt Se sentir a falta de cafeína durante uma longa viagem de carro e não estiver próxima uma estação de serviço, a Handpresso pode dar uma ajuda. Esta pequena máquina liga-se ao isqueiro do carro e faz um café expresso perfeito em apenas dois minutos. Terá de estar preparado com os ingredientes necessários, por isso assegure-se de que tem no carro garrafas de água e cápsulas de café compatíveis, ou um saco do seu café preferido. A máquina aquece a água e força-a pelas bases onde está o café a alta pressão. Pode pará-la mais cedo dependendo da sua preferência de temperatura e intensidade, ou esperar que o sinal sonoro indique que o café está pronto. Depois basta virar a máquina e verter o café para o copo incluído. Não se esqueça de parar o carro para fazer o café!
Café perfeito O Handpresso cabe no porta-copos do carro e produz 50 ml de café expresso de cada vez.
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4 Monitorize um carro roubadon SPOT Trace€ 119www.ciclonatur.ptO seu carro pode ser uma das suas posses mais caras e, infelizmente, isso torna-o atrativo para os ladrões. O SPOT Trace pode ajudá-lo a ter a certeza de que o seu carro está são e salvo ou a monitorizá-lo se tiver sido roubado. Depois de ligar o sistema de monitorizar com GPS ao carro, pode ver as suas coordenadas entrando numa área pessoal num site ou numa aplicação para telemóvel. O sensor de vibração integrado permite ainda detetar se o carro está em movimento e enviar de imediato um e-mail ou SMS a alertá-lo dessa situação.
3 Saiba se é seguro conduzirn AlcoSense Elite£ 59,99 (aprox. € 80) www.amazon.co.uk / www.alcosense.co.ukSaber se tem uma taxa de alcoolemia superior ao limite permitido pode ser difícil se tiver bebido uns copos a mais ou na manhã seguinte. Ao soprar para o balão pessoal AlcoSense Elite pode confirmar em minutos se é seguro conduzir. O dispositivo mede a concentração de vapor de álcool na expiração para avaliar, de forma precisa, a taxa de alcoolemia no sangue. Pode ser configurado para diferentes limites permitidos, consoante o país, e mostra claramente se bebeu demais para conduzir, passando a cor do ecrã de laranja para vermelho.
5 Gravar colisõesn Garmin Dash Cam 35€ 199www.garmin.ptAo gravar constantemente a vista do para-brisas do seu carro, a Dash Cam 35 assegura uma testemunha fiável, em caso de acidente. O sistema Automatic Incident Detection significa que a câmara sabe que gravações guardar, e assinala-as com a hora, localização, velocidade e direção da viagem. A objetiva grande-angular capta vídeo de alta resolução de toda a estrada em boas e más condições de iluminação, e pode ser removida do para-brisas para tirar fotografias aos danos no veículo. A Dash Cam até o avisa se estiver a conduzir muito perto do carro da frente e alerta-o quanto à presença de radares e sinais vermelhos.
6 Tenha Wi-Fi no carron EE Buzzard 2Preço sob consultawww.ee.co.ukMantenha os seus passageiros entretidos nas viagens aborrecidas de carro com o seu próprio hotspot Wi-Fi. O Buzzard 2 liga-se ao isqueiro do carro para converter a Internet móvel 4G em Wi-Fi. Suporta até dez dispositivos, por isso todos podem fazer streaming de vídeo e música; serve ainda de carregador USB quando a bateria está a acabar. No Reino Unido, e quando adquirido com uma fidelização de 30 dias custa cerca de € 26, mas passa a gratuito se fizer um contrato de um ano.
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Construir um abrigo nuclear
1Escolha a localizaçãoO seu abrigo nuclear deverá ficar numa
zona de rápido acesso, longe de quaisquer materiais inflamáveis. As armas nucleares emitem grandes quantidades de radiação térmica durante a explosão, o que pode causar danos a distâncias muito vastas da área da explosão. Se não puder cavar num sítio que reúna estes critérios, assegure-se de que tem um extintor para combater quaisquer fogos e limpe a área de materiais inflamáveis.
3 Construir o telhadoToros de madeira ou placas de metal
devem servir de fundação ao telhado; devem ter pelo menos mais 30 centímetros de comprimento do que o necessário, para que tapem confortavelmente o buraco escavado. Revista a estrutura com uma lona resistente, e depois cubra-a com terra. Recomendamos que a camada de terra por cima tenha pelo menos 50 centímetros de espessura para fornecer a melhor proteção possível contra a radiação.
2 Cavar a trincheiraCom as ferramentas adequadas,
pode começar a cavar. A trincheira pode ter a profundidade que quiser, mas idealmente deve ter espaço para que consiga ficar de pé e mover-se à vontade, visto que pode ficar lá preso por algum tempo se o pior acontecer. Quanto mais profundo for o fosso, melhor a proteção contra a explosão; vale a pena perder uma horas extra para cavar bastante. Lembre-se de escavar túneis separados para entrar e sair do abrigo.
Criar um modelo de câmara cardíaca1Encha o frasco
Encha de água até meio uma proveta de tamanho médio ou um frasco com um bocal grande. Depois, vai precisar de um balão grande, que irá servir para selar o bocal da proveta. Corte o balão na parte imediatamente antes do elástico. Não deite fora a parte que sobrou, visto que vai precisar dela mais tarde para construir uma das válvulas.
2 Ligue o balãoColoque o balão sobre o bocal
do frasco ou da proveta garantindo que o tapa de forma apertada, sem sair do sítio. Quanto mais plana ficar a superfície do balão, melhor. Com um espeto afiado, faça dois buracos na superfície plana do balão, com uma distância de aproximadamente 2,5 centímetros entre eles, em lados opostos do frasco.
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LIMITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE: A Goody não pode ser responsabilizada por potenciais lesões ou efeitos indesejados decorrentes da execução destes projetos. Tenha sempre cuidado ao lidar com equipamento potencialmente perigoso ou ao trabalhar com componentes eletrónicos e siga as instruções do fabricante.
Construa um abrigo para se proteger de explosões e desastres nucleares.
4 Reforçar o abrigoQuando a estrutura básica e o telhado
estiverem completos, vale a pena investir algum tempo a equipar o abrigo. Pode ser vantajoso ter uma zona separada de casa de banho, bem como uma cama de madeira. É boa ideia colocar ombreiras de madeira nas saídas para fortalecê-las e impedir que colapsem sob o peso do solo.
5 MantimentosSe houvesse uma explosão nuclear, teria
de estar no abrigo durante pelo menos duas semanas, ou até mais. É, por isso, essencial manter um armazenamento de mantimentos; água potável e comida são essenciais, bem como fontes de energia e meios de comunicação com o mundo exterior. Se quiser ir mais longe, pode instalar um sistema de filtro de ar, embora seja dispendioso e exija uma grande fonte de energia.
Em resumo…Apesar de serem escassas as hipóteses de realmente precisar de um abrigo nuclear, é bom ter um plano no caso de acontecer um desastre. Se não puder ter um abrigo como este, pode usar uma divisão da casa – de preferência, uma cave sem acesso ao exterior para fornecer a melhor proteção possível contra a radiação.
Veja como os músculos do coração bombeiam sangue para todo o corpo.
3 Termine a bomba Insira uma palhinha em cada um dos
buracos, garantindo que ficam bem fixas. O ar deve conseguir entrar ou sair pelas palhinhas. Cole a pequena parte que cortou anteriormente do balão à volta de uma das palhinhas. Coloque o frasco num tabuleiro para o caso de haver salpicos, dobre as palhinhas para baixo e pressione ligeiramente o centro do balão. A água irá ser empurrada dentro das palhinhas, simulando o coração a bombear sangue.
Em resumo…Esta experiência simples simula uma das quatro câmaras do coração. O balão na extremidade de uma das palhinhas atua como uma válvula, impedindo o sangue de voltar a entrar na câmara de onde saiu. Sem as válvulas, o coração não poderia transportar sangue de uma câmara para outra e depois para o corpo com sucesso.
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apoio administrativoTânia Rodrigues e Catarina Martins
coordEnador EditorialFernando Mendes
dirEtoraRita Hasse Ferreira
Edição E rEdaçãoMónica Marques, Rita Hasse Ferreira
traduçãoMaxmedia
rEvisãoCatarina Almeida
rEsponsávEl GráFicaSusana Berquó
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coordEnador dE produção ExtErnaAntónio Galveia
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coordEnador dE circulaçãoCarlos Nunes
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